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Universidade Federal do Paraná

Setor de Ciências Exatas


Departamento de Química
Curso de Química

TENSÃO SUPERFICIAL DE SOLUÇÕES – Parte II

CQ051 Físico-Química Experimental II


Prof.ª Liliana Micaroni

Alunos:
Leonardo Pegoraro
Marcos Antônio da Silva
Thomas A. C. Martins

Curitiba
Agosto de 2018
Objetivos:

Determinar o excesso superficial, o valor de CMC (concentração micelar crítica)


do SDS (dodecilsulfato de sódio) em água e a área ocupada por uma molécula de SDS a
partir do método da massa da gota realizado com a água na parte I do experimento e
através do gráfico obtido nessa parte do experimento.

Resultados e discussão:

Através do método da massa da gota, com os dados de r e f obtidos na parte 1


do experimento (a partir de uma substância padrão que foi a água):


= 1,910.10-3 ;

e f a partir da seguinte equação (f = 0,6458).

Nesse experimento foi utilizada uma metodologia semelhante, agora com


soluções de SDS em água, em diferentes concentrações, para a determinação das
tensões superficiais. A partir desses dados, será obtido um gráfico da isoterma de
Gibbs x ln[SDS], que deverá ter o seguinte comportamento:

Figura 1: Variação da tensão superficial de um líquido em função


da concentração de surfactante (ou qualquer soluto cujo potencial
químico na superfície é menor que no seio da solução.

Do gráfico é possível observar o ponto de CMC, sendo este o ponto em que é


possível observar a invariabilidade da tensão superficial com a adição de soluto. A
partir do CMC a superfície da gota de água estará saturada de SDS (que se direciona à
superfície por ser majoritariamente apolar); as moléculas irão aglomerar-se no seio da
solução, ocorrendo a formação de micelas (a fim de reduzir as repulsões soluto
majoritariamente apolar-solvente polar).
Figura 2: Esquema ilustrativo mostrando a organização molecular de um
surfactante em uma micela direta.

Figura 3: Esquema ilustrativo mostrando o comportamento do surfactante na


superfície do líquido.

Para cada concentração há um número que determina o excesso de moléculas


de soluto na superfície da solução em relação às moléculas de soluto no seio. Essa
grandeza é denominada excesso superficial (), sendo calculada por:

 = -(1/RT)(d/d ln c)

O excesso superficial é a capacidade limitada da superfície de um líquido, no caso a


água, de acomodar moléculas do surfactante (SDS), sendo essa a medida da
quantidade de matéria (mol) do surfactante por unidade de área da superfície. 
assume valores positivos ou negativos dependendo da surfactante utilizado, quando
esta propriedade for negativa o interior da solução é mais concentrado que a
superfície. Caso positiva, existirá um excesso do soluto na superfície. Um efeito dessa
propriedade positiva é o abaixamento da tensão superficial do líquido, sendo este o
caso para a solução de SDS em água.

Por fim será calculada a área A (Å2) ocupada por uma única molécula:

A 
Dados experimentais obtidos pelo método da massa da gota:

[SDS]/ Nº Massa gotas Massa por γ /


(10-3mol.L-1) gotas 1 1/(10-3kg) gota 1 / (N.m-1)
(10-5kg/gota)
0,05 17 0,989 5,81765 0,07356
0,1 17 0,929 5,46471 0,0691
0,2 17 0,935 5,5 0,06955
0,4 19 1,020 5,35789 0,06775
1,0 18 0,959 5,32778 0,06737
2,0 22 0,943 4,28636 0,0542
5,0 28 1,080 3,85714 0,04877
6,0 30 1,040 3,46 0,04375
7,0 35 1,010 2,88857 0,03653
8,0 33 0,743 2,25152 0,02847
8,5 32 0,987 3,08438 0,039
Tabela 1: Dados da primeira tomada
[SDS]/ Nº Massa gotas Massa por γ /
(10-3mol.L-1) gotas 2 /(10-3kg) gota 2 / (N.m-1)
2 (10-5kg/gota)
0,05 16 0,949 5,93125 0,08683
0,1 18 1,240 6,86667 0,06906
0,2 18 0,983 5,46111 0,06708
0,4 19 1,010 5,30526 0,06768
1,0 19 1,020 5,35263 0,06373
2,0 20 1,010 5,04 0,0419
5,0 30 0,994 3,31333 0,04042
6,0 29 0,927 3,19655 0,03679
7,0 32 0,931 2,90937 0,03812
8,0 34 1,020 3,01471 0,03793
8,5 34 1,020 3,0000 0,075
Tabela 2: Dados da segunda tomada

[SDS]/ ln[SDS] γ /(N.m-1)


(10-3mol.L-1)

0,05 -9,90349 0,07428


0,1 -9,21034 0,07796
0,2 -8,51719 0,0693
0,4 -7,82405 0,06742
1,0 -6,90776 0,06753
2,0 -6,21461 0,05897
5,0 -5,29832 0,04533
6,0 -5,116 0,04209
7,0 -4,96185 0,03666
8,0 -4,82831 0,0333
8,5 -4,76769 0,03847
Tabela 3: Dados para plotagem do gráfico
Nota:
Os valores médios das tensões superficiais encontradas nas tabelas 1 e 2 foram
utilizados para obtenção dos valores de tensão superficial apresentados na tabela 3
(para cada concentração de SDS). As medidas para determinação das tensões
superficiais foram realizadas em dois dias, tendo-se temperaturas diferentes em cada
dia para o calculo de , sendo T1=293,15K e T2=296,15K.

Foram destacados cinco valores de em amarelo e em vermelho. Esses valores


foram denominados pelos integrantes do grupo como ‘’valores suspeitos’’, os valores
destacados em vermelho foram valores que após a média entre as suas respectivas
duplicatas apresentaram valores inconsistentes, devido a isso foram descartados,
juntamente com os valores em amarelo que os geraram, sendo usado apenas suas
duplicatas nesse caso, as quais apresentavam comportamento adequado. Tais valores
descartados foram causados por erros experimentais como:
 Operacionais: contagem das gotas e da quantidade de volume despejada
serem feitas, respectivamente, visualmente e manualmente.
 Proveniente de equipamentos: Bureta ter apresentado o problema de ter uma
bolha de ar que variava de tamanho a cada tomada, tornando as medidas
imprecisas dessa forma.

Legenda

▪ -- Gráfico de γxln[SDS]

▪ -- Dados utilizados para a linearização


do gráfico

-- Reta de Linearização

Gráfico 1: obtido a partir dos dados do experimento.


Resultados encontrados:

A partir da linearização da parte do gráfico que apresenta comportamento de


reta (do ponto de início de decrescimento da tensão superficial com a adição de SDS
até o CMC), foi obtido a equação da reta y1=-0,01494x-0,03485, sendo calculado o
valor de excesso superficial (), considerando T2=296,15 e R=8,31447. A partir de , foi
calculada a área que uma molécula de SDS ocuparia, de acordo com os dados obtidos:

 = -(1/RT)(d/d ln c)

= 6,068 .10-6

A 

A =27,37 Å2

Valor de CMC:

Esse valor seria obtido pelo gráfico 1; é o valor de concentração do soluto a


partir de qual a tensão superficial não é alterada com a adição de mais soluto (maiores
concentrações de SDS não afetam a tensão superficial). No entanto, seria preciso de
maiores concentrações para a observação desse comportamento ([SDS] > 8,5 mmol.L-
1
), já que o gráfico não apresentou o comportamento de reta constante após a faixa
que foi linearizada. Como não houve tempo na prática para a determinação da tensão
superficial em concentrações maiores, devido a problemas relacionados à bureta, foi
considerado que a partir de [SDS] = 8,5 mmol.L-1 obteriamos um valor de ln[SDS]
constante, dessa forma tendo sido deconsiderado o valor de [SDS] = 8,0 mmol.L-1
obtemos simplesmente a equação y2=0,03847, para [SDS] a partir da qual não ocorre
variação de . Dessa forma temos que y1=y2, logo:
x=-4,90763
Como ln[SDS] = ex, tem-se e-4,90763 = 7,38; deste modo CMC = 7,38 mmol.L-1.

Os dados obtidos no experimento se mostraram coerentes com o esperado


para as tensões superficias das [SDS] e as massas das gotas, ocorrendo algumas
variações e alguns valores sendo descartados devido a erros, considerando
principalmente problemas na bureta durante a prática, assim como erros operacionais.
O gráfico observado a partir dos dados coletados se mostrou razoável, houve a queda
linear da tensão superficial com o aumento da concentração do soluto mas não foi
verificado a linearidade da tensão superficial após o ponto de CMC devido a falta de
dados nas concentrações de 9 e 10 mmol.L-1, sendo os dados desses pontos
estipulados para que o calculo do valor de CMC pudesse ser feito. Quanto aos valores
de excesso superficial e área que uma molécula de SDS ocuparia, não é possível se
comparar os valores com nenhuma referência devido a variação dos valores
encontrados quando se varia o raio da bureta utilizado na prática.
Conclusão:

Os valores encontrados para as massas das gotas nas concentrações de SDS


entre 0,05 e 8,5 mmol/L e o cálculo feito para as tensões superficiais a partir desses
valores obtidos de massa permitem uma análise da relação entre essas duas
propriedades. À medida que mais moléculas do surfactante se agrupam na superfície
da solução – ou seja, quanto maior a concentração de SDS – menor a massa dessas
gotas. Isso se observa até o momento que a superfície do líquido se satura de
moléculas – ocorrendo a formação de micelas – quando a massa das gotas é
praticamente constante e consequentemente, a tensão superficial. O comportamento
do gráfico não foi exatamente como o esperado, mas isso é razoável, dada a
vulnerabilidade a erros do experimento, provenientes principalmente da bureta. O
resultado, no entanto, não deixa de ser satisfatório, apresentando a queda linear da
tensão superficial com o aumento de concentração do soluto.

Bibliografia:

 Introdução à tensão superficial,Instituto de Química - UNICAMP; Martínez,


Leandro;
http://leandro.iqm.unicamp.br/leandro/shtml/didatico/apoio/tensao_superficial_apoi
o.pdf
 O mundo da química, bollha de sabão;
http://www.omundodaquimica.com.br/curiosidade/bolha-sabao
 PubliSBQ, Sufactantes sintéticos e biossurfactantes: vantagens e desvantagens;
http://qnint.sbq.org.br/novo/index.php?hash=tema.102

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