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HUMANOS
DIREITOS HUMANOS • PROF. JOÃO ROBERTO • ESTUDO DIRIGIDO - UNIBRA 2
CAPÍTULO 03
NATUREZA, CLASSIFICAÇÃO E GERAÇÃO (DIMENSÕES) DOS DIREITOS HUMANOS
Existe uma classificação positiva pela CF/88, em relação aos direitos fundamentais, e várias classi-
ficações doutrinárias. No Título II (Dos Direitos e Garantias Fundamentais), a Constituição de 1988
classifica os direitos fundamentais em 05 capítulos:
Capítulo I – dos direitos e deveres individuais e coletivos;
Capítulo II – dos direitos sociais;
Capítulo III – da nacionalidade;
Capítulo IV – dos direitos políticos;
Capítulo V – dos partidos políticos.
Cada doutrinador, entretanto, costuma fazer sua própria classificação, daí a dificuldade em
se adotar esta ou aquela, até porque nenhuma ganhou, ao longo do tempo, um destaque maior.
Por isso, a seguir serão destacadas aquelas mais importantes e didáticas.
Classificação de José Carlos Vieira de Andrade:
Gerações (a doutrina está evoluindo para abandonar a expressão “gerações”, substituindo por
“dimensões”, justamente para evitar a falsa impressão de que uma geração substui a outra,
quando na verdade a completa).
Surgidos influenciados pelas revoluções burguesas do final do século XVIII, especialmente aquelas
ocorridas nos Estados Unidos e na França, são conhecidos como direitos civis e políticos. Ligados
à liberdade, surgiram em oposição ao Estado para limitar seus poderes absolutos. Exigia do Es-
tado uma abstenção, daí o caráter negativo, próprio das constituições garantia (ou constituições
quadro). Seu titular é o indivíduo, e são conhecidos como direitos negativos, ou direitos de defesa.
Exemplos: liberdades físicas, liberdades de expressão, liberdades de consciência, direitos de pro-
priedade privada, direitos da pessoa acusada e as garantias de direitos (“habeas corpus”, mandado
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Surgidos no século XX, estão ligados à igualdade, já que se referem aos direitos sociais, econômicos
e culturais conquistados pela luta do proletariado (saúde, educação, segurança, habitação, cultura,
esporte etc.). Visam a igualdade material (na lei). Têm caráter positivo, porque exigem uma presta-
ção do Estado, e não só uma abstenção, para que sejam reduzidas as desigualdades, próprios das
constituições dirigentes.
A consciência de que o mundo, cada vez mais, estava se dividindo até perigosamente entre na-
ções desenvolvidas e nações subdesenvolvidas, surge a consciência de que o mundo precisa de
solidariedade, de fraternidade. Daí porque os principais direitos de 3ª geração são os direitos ao
desenvolvimento, a paz, o meio ambiente, a autodeterminação dos povos, à comunicação, ao
patrimônio comum e histórico da humanidade.
São direitos relacionados ao futuro da sociedade, com o futuro da própria cidadania, como é o
caso do direito à democracia, à informação e ao pluralismo, além das questões éticas relacio-
nadas com a biotecnologia (engenharia genética), ainda um campo sem fronteiras seguras. Refe-
rem-se à possibilidade de regulamentação jurídica da globalização política.
Paulo Bonavides considera o Direito à Paz como um direito fundamental de 5ª geração.
A concepção da paz no âmbito da normatividade jurídica configura um dos mais notáveis progres-
sos já alcançados pela teoria dos direitos fundamentais. Karel Vasak, o admirável precursor, ao
colocá-la no rol dos direitos da fraternidade, a saber, da terceira geração, o fez, contudo, de modo
incompleto, teoricamente lacunoso.
O abalizado publicista da Unesco assinala naquele estudo “a emergência da paz como norma jurí-
dica”; enunciado que por si só representava indubitavelmente um largo passo avante. Contudo não
foi assim percebido ou conscientizado sequer pelo próprio autor.
O direito à paz é concebido ao pé da letra qual direito imanente à vida, sendo condição indispen-
sável ao progresso de todas as nações, grandes e pequenas, em todas as esferas. É de assinalar na
Declaração do Direito dos Povos, o direito à Paz, contido na Resolução 39, da ONU, de 12 de no-
vembro de 1984: “os povos de nosso planeta têm o direito sagrado à paz” e, empregando a mesma
linguagem solene, acrescenta que “proteger o direito dos povos à paz e fomentar sua realização é
obrigação fundamental de todo Estado.”
O novo Estado de Direito das cinco gerações de direitos fundamentais vem coroar, por conseguin-
te, aquele espírito de humanismo que, no perímetro da juridicidade, habita as regiões sociais e
perpassa o Direito em todas as suas dimensões.
A dignidade jurídica da paz deriva do reconhecimento universal que se lhe deve enquanto pressu-
posto qualitativo da convivência humana, elemento de conservação da espécie, reino de seguran-
ça dos direitos. Tal dignidade unicamente se logra, em termos constitucionais, mediante a elevação
autônoma e paradigmática da paz a direito da quinta geração. Eis o que intentaremos fazer ao
longo das subsequentes reflexões em busca de uma legitimação teórica imprescindível.
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Para tanto, faz-se mister acender luzes, rasgar horizontes, pavimentar caminhos, enfim descerrar o
véu que encobre esse direito na doutrina ou o faz ausente dos compêndios, das lições, do magis-
tério de sua normatividade; lacuna, pois, que impende desde logo preencher.
Como fazê-lo, porém? Colocando-o nas declarações de direitos, nas cláusulas da Constituição (qual
se fez no art.4º, VI da Lei Maior de 1988), na didática constitucional, até torná-lo, sem vacilação,
positivo, e normativo e, uma vez elaborada a consciência de sua imprescindibilidade, estabelecê-lo
por norma das normas dentre as que garantem a conservação do gênero humano sobre a face
do planeta.