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Capítulo

Língua e cultura
3
Literatura como meio Ouro Preto – patrimônio

LÍNGUA PORTUGUESA • GRUPO 2 •


SER HUMANO E SOCIEDADE
de denúncia social cultural da humanidade
No final do século XVIII, a população Ouro Preto, com seu conjunto urba-
brasileira ainda era explorada pela metró- no barroco conservado como no século
pole portuguesa, sofrendo com os abusos XVIII, exibe, entre ruas estreitas e ladei-
políticos e com a cobrança de impostos, ras tortuosas, uma arquitetura religiosa
principalmente em relação à extração e civil magnífica.
do ouro. Influenciados pelas ideias ilumi- Muitas de suas igrejas apresentam obras
nistas, intelectuais, fazendeiros e outros de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho,
membros da sociedade brasileira começa- sendo a igreja de São Francisco de Assis pro-
ram a se reunir para conquistar a indepen- jetada por ele. Observe a imagem a seguir.
dência do Brasil.
Joaquim José da Silva Xavier, mais co-
nhecido como Tiradentes, foi líder de um
movimento emancipacionista promovido
pelos chamados “Inconfidentes”, em Mi-
nas Gerais.
O movimento teve origem em Vila
Rica, atual Ouro Preto, cidade que, em
1980, foi considerada Patrimônio His-
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tórico e Cultural da Humanidade pela


Unesco e faz parte das chamadas cida-
des históricas mineiras, as quais exalam
história e belezas arquitetônicas barro-
cas. Aleijadinho, artista mineiro, ficou
muito conhecido por suas esculturas e
sua arquitetura barroca, principalmente
em Congonhas do Campo.

Sede de um dos mais importantes mo-


vimentos políticos pela independência do
Brasil – a Inconfidência Mineira, de 1789
– a ex-Vila Rica brilha entre as montanhas,
contando nosso passado de ouro e de mui-
ta luta pela liberdade dos brasileiros.
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CRÉDITO DAS IMAGENS: MUSEU DA INCONFIDÊNCIA, SÉRIE MUSEUS


BRASILEIROS, RUBENS CHAVES / PULSAR IMAGENS, VITORIANO JR. /
SHUTTERSTOCK, ROGÉRIO REIS / PULSAR IMAGENS
10 Capítulo 3 – Língua e cultura \ Grupo 2

Professor(a), Portugal
explorava muito suas
Informações sobre o texto

LUCIANA WHITAKER / PULSAR IMAGE N S


colônias nessa época,
e o Brasil não era exce- O trecho do poema a ser lido foi publi-
ção. Minas Gerais sofria cado anonimamente, mas sua autoria é
muito com a exploração atribuída a Tomás Antônio Gonzaga, poeta
do ouro, por isso a in- pertencente ao movimento literário cha-
fluência das ideias re-
volucionistas europeias
mado Arcadismo, que surgiu no Brasil por
(Revolução Francesa) e volta de 1768.
a independência das 13 Rodrigues Lapa explica que as Cartas
Colônias inglesas gerou chilenas, escritas por Tomás Antônio Gon- Reflita sobre a importância do exército
uma série de revoltas zaga sob o pseudônimo “Critilo”, tinham brasileiro na sociedade atual.
no Brasil, principalmen- o objetivo de criticar o governador de Mi-
te em Minas Gerais,
sendo a mais famosa a
nas Gerais, Cunha Meneses, que queria
aumentar o efetivo militar para apoiar as Informações complementares
Inconfidência Mineira. Tomás Antônio Gonzaga nasceu em
suas imposições e seus atos corruptos. Do-
1744, em Portugal, mas veio ao Brasil
roteu seria o amigo e poeta Cláudio Ma- a fim de exercer os cargos de ouvidor
nuel da Costa. e de juiz. Acabou sendo preso por
participar da Inconfidência Mineira e
condenado ao exílio em Moçambique,
Cartas chilenas onde se casou com uma mulher rica,
porém sem muita cultura.
Carta IX (fragmento)

P E ARSON EDUCATION
A desordem, amigo, não consiste
em formar esquadrões, mas sim no
[excesso.
Um reino bem regido não se forma
somente de soldados; tem de tudo;
Os PCNs (1998, tem milícia, lavoura e tem comércio.
p. 63) recomendam a: O poeta
“Descrição de fenôme-
Se quantos forem ricos se adornarem
nos linguísticos com os das golas e das bandas, não teremos
quais os alunos tenham um só depositário, nem os órfãos Vocabulário
operado, por meio de terão também tutores, quando nisto Esquadrão: s.m. 1. seção de um regimento
agrupamento, aplica- interessa igualmente o bem do de cavalaria cujo comando compete a um
ção de modelos, com- [Império. capitão.
parações e análise das
formas linguísticas, de
Carece a Monarquia dez mil homens Reger (regido): 1. ter o poder administra-
modo a inventariar ele- de tropa auxiliar? Não haja embora tivo de um território = administrar, dirigir,
mentos de uma mesma de menos um soldado, mas os outros governar; 2. ter poder sobre = dominar; 3.
classe de fenômenos e vão à pátria servir nos mais empregos, exercer a regência de um reino em caso de
construir paradigmas pois os corpos civis são como os menoridade ou ausência do rei.
contrastivos em diferen- [nossos, Adornar: 1. pôr adornos em = embe-
tes modalidades de fala
e escrita, com base no
que, tendo um membro forte e outros lezar, enfeitar. 2. [figurado] enriquecer.
papel funcional assumi- [débeis, 3. disfarçar.
do pelos elementos na se devem, Doroteu, julgar enfermos. Tutor: 1. pessoa a quem é ou está con-
estrutura da sentença LAPA, M. Rodrigues. As cartas chilenas – fiada uma tutela. 2. [figurado] protetor;
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ou nos sintagmas cons- um problema histórico e filológico. Rio conselheiro.


tituintes (sujeito, pre- de Janeiro: MEC/INL, 1958. p. 178. Carecer: 1. não ter o que é preciso.
dicado, complemento,
adjunto, determinante,
quantificador) [...]."
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Predicado b) um estado ou característica do su- Como se trata de uma


obra produzida no pe-
jeito. Nesse caso, será considerado verbo ríodo barroco, a ordem
Observe que a oração ficaria incom- de ligação ou estado, como ocorre em: indireta (sujeito pos-
pleta se disséssemos “As cartas chile- “Se quantos forem ricos...” posto) é constante. No
nas”, pois falta informação sobre elas, ou caso citado no fim da
seja, falta o predicado. Assim, “As cartas Tipos de predicado coluna anterior, o sujei-
to é “a monarquia”.
chilenas criticam o então governador O tipo de predicado será definido de
mineiro”: nessa oração, foi informado acordo com o tipo de verbo.
o que se fala sobre “As cartas chilenas”; 1) Predicado verbal: ocorre quando há
há, portanto, o predicado: a informação verbo significativo (ou de ação), como em:
dada sobre o sujeito. O Poder Executivo governa e adminis-
Predicado é a declaração que se faz do tra o povo!
sujeito ou a informação que se dá sobre 2) Predicado nominal: ocorre quando
ele. Nele, encontra-se a ação ou o estado há verbo de ligação, como em:
referente ao sujeito. O Planalto é muito bonito! Professor(a), explicar
Para identificar o predicado, basta re- a diferença entre os
tirar o sujeito; todo o restante da oração verbos de ligação e os
constituirá o predicado. significativos, também
denominados lexicais
“Os Inconfidentes mineiros foram con- ou nocionais. Verbos
denados ao exílio.” significativos (lexicais

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Tirando-se o sujeito “Os Inconfidentes ou nocionais): dotados
mineiros”, tem-se o predicado: foram con- de conteúdo semân-
denados ao exílio. tico, que remetem a
Atenção: Nos casos das orações sem ações do nosso univer-
so, como: comer, andar,
sujeito ou quando este estiver oculto (de- falar, gostar etc. Ligação
sinencial ou elíptico), toda a oração será o (também chamados de
predicado. gramaticais ou de es-
Na oração “NÃO PERCA TEMPO, EXPE- Palácio do Planalto tado): não têm sentido
RIMENTE JÁ!”, o sujeito é “você” (não per- em si e servem apenas
ca tempo você!). Como ele não está explí- O núcleo do predicado verbal é sempre para ligar o sujeito à
característica, indican-
cito, toda a oração constitui o predicado: o verbo significativo. do estado ou mudança
“não perca tempo, experimente já!”. O núcleo do predicado nominal será de estado. Para que o
Há oração sem sujeito, mas não há ora- sempre a característica relacionada ao aluno perceba que o
ção sem predicado (sem verbo). sujeito. A palavra que indica esta carac- verbo de ligação/estado
terística é chamada de predicativo do é “vazio de sentido, sig-
Predicação dos verbos sujeito. nificado”, exemplifique:
eu sou, sou o quê? Não
Para entender os tipos de predicado, é ne- tem sentido, o qual será
cessário conhecer a predicação dos verbos. determinado pela pa-
Predicação é a maneira como o verbo Atenção: os verbos ser e estar nem lavra que vem depois:
relaciona-se com o sujeito. sempre são verbos de ligação. Quando "sou alegre, sou triste,
Assim, o verbo pode relacionar-se com relacionam o sujeito a uma circunstân- sou estudiosa, sou alta"
etc. Deixar bem claro
o sujeito, indicando: cia (tempo, modo, lugar etc.) são signi- que, quando o verbo for
a) uma ação cometida por este, caso ficativos, como em: significativo, o predica-
em que ocorrerá o verbo significativo ou “Estou em casa todo sábado”. do será verbal. Quando
de ação, conforme o exemplo: Nesse caso, é considerado significa- o verbo for de estado
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“Carece a Monarquia dez mil homens tivo e o predicado será verbal. ou ligação, o predicado
de tropa auxiliar?” será nominal.
12 Capítulo 3 – Língua e cultura \ Grupo 2

3) Predicado verbo-nominal
Ocorre quando há um verbo significativo e um predicativo como núcleos do predica-
do. Desta forma, possui dois núcleos, o verbal, que transmite informações sobre ações
do sujeito, e o predicativo do objeto ou do sujeito.

A diretora da organização concluiu o relatório exausta.

Sujeito simples verbo objeto predicativo


significativo do sujeito

Predicado verbo-nominal: “concluiu o relatório exausta.”


Núcleo do PV: concluiu
Núcleo do PN: exausta
Exausta: predicativo do sujeito (a diretora estava exausta.)

A organização fechou o acordo satisfeita.

Sujeito simples verbo objeto predicativo


significativo do sujeito

Predicado verbo-nominal: “fechou o acordo satisfeita.”


Núcleo do PV: fechou
Núcleo do PN: satisfeita
Satisfeita: predicativo do sujeito (a organização estava satisfeita.)

Predicado

é
a declaração que se faz do sujeito.
Possui
Verbo

Significativo Significativo e
de ligação Predicativo
VTD, VTI, VI, VTDI

Predicado Predicado Predicado


verbal nominal verbo-nominal
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Núcleo Núcleo 2 núcleos

Verbo e
Verbo Predicativo Predicativo
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Complementos verbais: Classificação dos


os objetos objetos: OD e OI
Releia alguns versos de Cartas chilenas Agora observe como ocorre a comple-
e observe como os verbos se relacionam mentação do verbo:
com outros termos.
“A desordem, amigo, não consiste em
formar esquadrões, mas sim no excesso. Consiste em formar esquadrões
Um reino bem regido (...) tem milícia,
lavoura e tem comércio.”
Se retirarmos os termos relacionados aos verbo preposição objeto
verbos, o texto ficará sem sentido; observe: transitivo
“A desordem, amigo, não consiste.
Um reino bem regido (...) tem e tem.” Tem milícia
Isso ocorre porque os verbos transiti-
vos precisam de palavras para completar
seu sentido.
verbo objeto
Atenção: verbos transitivos são aque-
transitivo
les que precisam de um termo ou expres-
são para completar o seu sentido.
De acordo com a maneira como se rela-
um resfriado. cionam aos verbos, os objetos podem ser
seus documentos. assim classificados:
Eu peguei
nossas roupas. • objeto direto (OD): liga-se direta-
minha prova. mente aos verbos, sem preposi-
ção; completa sempre um verbo
Verbo Complementos transitivo direto ou bitransitivo;
transitivo verbais (objetos) • objeto indireto (OI): liga-se ao
Observe que o sentido do verbo “pegar” verbo por meio de uma preposi-
transita para outros termos, chamados “ob- ção; completa sempre um verbo
jetos”. Os objetos são fundamentais para transitivo indireto ou um bitran-
completar o sentido dos verbos transitivos, sitivo.
dando o sentido à frase: “Peguei seus docu-
mentos”; “Peguei um trânsito” etc. Morfossintaxe do objeto
Os termos que completam o verbo são
chamados de objetos.
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Na língua portuguesa, objeto é um termo


técnico que não se refere a elementos do
cotidiano, mas sim a termos que completam
o sentido dos verbos transitivos. Carta: gênero textual muito
utilizado há algumas décadas.
14 Capítulo 3 – Língua e cultura \ Grupo 2

Professor(a), expli-
car aos alunos que, na
Leia o diálogo abaixo: Você conhece o poeta Tomás Antônio Gonzaga?
língua falada, as pesso- – Mas diga-me, o que você achou das
as usam os pronomes Cartas chilenas?
retos para completar – Acabei lendo-as muito rapidamente, Verbo Objeto direto (OD)
os verbos, como em mas achei muito interessante. transitivo
“ajudei ele”, porém, se- – Conte-me, quero ouvir sua opinião. direto (VTD)
gundo a norma-padrão,
para completar os ver-
Observe os verbos: dizer, achar, ler,
bos, deve-se usar os contar, ouvir, no texto. As palavras que Sim, conheço-o, pois, lemos parte de sua obra
pronomes oblíquos, completam o sentido desses verbos são, [na aula de ontem.
pois os retos exercem respectivamente, “me”, “das” “Cartas chi-
apenas a função de su- lenas”, “as”, “muito interessante”, “me” e
jeito. Assim, somente “sua opinião”. Pronome oblíquo átono: substitui o OD:
os pronomes oblíquos
podem desempenhar a
Diversas classes gramaticais podem o poeta Tomás Antônio Gonzaga
função de objeto. Por desempenhar a função sintática de ob-
isso, é importante fazer jeto e completar o sentido de verbos, Em situações informais, como uma
uma breve revisão so- por exemplo: pronomes oblíquos, como conversa entre amigos, por exemplo, é co-
bre os pronomes pesso- “me”, “as”; substantivos – podem estar mum o uso da norma popular ao invés da
ais retos e oblíquos. acompanhados de adjetivos, pronomes padrão, isto é, da norma culta estipulada
e outros determinantes – e palavras pelas gramáticas.
substantivadas. A linguagem popular, coloquial ou infor-
– Você já lavou e passou a roupa? mal, frequentemente, não segue as regras
– Sim, já fiz os dois. estipuladas pela norma. É o que acontece
O exemplo demonstra que um numeral com o uso dos pronomes para substituir os
também pode exercer a função sintática objetos. Embora a norma-padrão estipule
de objeto. que se deva usar os pronomes oblíquos
Classes gramaticais que podem desem- átonos para substituir os objetos diretos,
penhar a função sintática de objeto: na linguagem popular é comum usar os
• substantivos: Ele só pensa em co- pronomes pessoais retos (ele(s), ela(s))
Explicar que “de que mida. para completar os verbos, como em:
me ajude” é uma ora- • numerais: Ele só pensa nos dois. "Ajudei ele" — linguagem informal, co-
ção que desempenha a • pronome substantivado: Nunca loquial.
função de objeto indi- encontrei isso. "Ajudei-o" — linguagem-padrão, culta.
reto, no caso. Posterior-
mente, eles aprenderão
• uma oração: Necessito de que me
as orações subordina- ajude agora! Atenção
das substantivas. • uma palavra substantivada: Ele re- A linguagem deve estar adequada
A maioria das classes cebeu um grande não. ao contexto, assim, nas situações que
gramaticais pode ser exigem formalidade, deve-se usar a
substantivada quando Neste exemplo, o advérbio “não” foi norma-padrão ou culta.
se coloca um artigo an-
tes. Exemplo: O cantar
substantivado e é o núcleo do objeto; o O uso da linguagem informal ou co-
dos pássaros alegrou- adjetivo “grande” e o artigo indefinido loquial é aceito apenas em situações co-
-me. “um” são adjuntos adnominais do núcleo tidianas, que não exigem formalidade.
do objeto. Assim, em resposta a um bilhete de
Os pronomes oblíquos átonos: o, os, sua mãe, no qual ela lhe perguntava se
a, as (e suas variantes: lo(s)/la(s), no(s)/ já havia pegado o livro de que precisa-
na(s)) sempre serão objeto direto. va e você lhe diz por escrito: “sim, mãe,
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Dessa forma, segundo a norma culta, já peguei ele”, tal uso é aceito.
padrão que estabelece o uso adequado Porém, se você tiver que escrever
da língua, ao substituir um nome que uma carta de reclamação a uma em-
desempenha a função sintática de obje- presa, por exemplo, deverá priorizar a
to direto, deve-se utilizar um pronome norma-padrão ou culta: “já o peguei”.
oblíquo átono:
Língua Portuguesa \ Ser humano e sociedade 15

Você viu a minha


irmã? Atenção
Ih, não vi ela Assim como no sujeito, o objeto
hoje não! também terá núcleo, que pode ser ex-
presso por um substantivo ou por uma
palavra substantivada. Observe:
“Entendo toda sua grande dificuldade”
Neste exemplo, o objeto é consti- Professor(a), é neces-
sário abordar a variação
tuído de quatro palavras: toda (prono- linguística, de acordo
me), sua (pronome), grande (adjetivo), com a recomendação
dificuldade (substantivo). O núcleo é o dos PCNs.
substantivo: “dificuldade”; as demais
palavras são adjuntos adnominais.

Você viu o Silva


hoje?
Sim, encontrei-o
pela manhã no
setor de mídia.

Objetos
são
complementos dos
verbos transitivos
Classificam-se Classificam-se
Os pronomes oblíquos átonos: lhe, lhes
em: em:
serão sempre objeto indireto.
Já os pronomes me, te, se, nos, vos po- objeto direto objeto indireto
dem ser tanto objeto direto como indireto, (OD) (OI)
dependendo da regência do verbo.
Observe os exemplos: liga-se liga-se
“O caso me interessava”. diretamente ao indiretamente ao
Para saber se “me” é objeto direto ou verbo, sem verbo, por meio
indireto, substitua-o por um substantivo: preposição. de preposição: de,
“O caso interessava a João.” A substituição com, por, em, a etc.
mostra que o verbo “interessar” é transitivo Pode ser
substituído Pode ser
indireto, isto é, exige a preposição “a”; algo substituído
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interessa a alguém, portanto, “me” é OI. pelos:


pelos:
Já em“Ele não me convidou para a in-
vestigação”, o “me” será objeto direto por- pronomes oblíquos pronomes oblíquos
que convidar é transitivo direto, portanto átonos: o(s), a(s) e átonos
não exige preposição. Quem convida, con- suas variações lhe e lhes
vida alguém! “Ele convidou João”.
16 Capítulo 3 – Língua e cultura \ Grupo 2

Produção de uma cação, à cultura, ao esporte, ao lazer,


ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à
crônica descritiva dignidade, ao respeito e à convivência
Leia o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741, familiar e comunitária.
de 1º de outubro de 2003), que, como Parágrafo único. A garantia de
muitos dos estatutos, originou-se dos ide- prioridade compreende:
ais da Revolução Francesa. I – atendimento preferencial ime-
diato e individualizado junto aos ór-
gãos públicos e privados prestadores
de serviços à população;
REPRESENTAÇÃO DA DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO DE 1789

II – preferência na formulação e na
execução de políticas sociais públicas
específicas;
III – destinação privilegiada de re-
cursos públicos nas áreas relacionadas
com a proteção ao idoso;
IV – viabilização de formas alter-
nativas de participação, ocupação e
convívio do idoso com as demais ge-
rações;
V – priorização do atendimento do
idoso por sua própria família, em de-
trimento do atendimento asilar, exceto
dos que não a possuam ou careçam de
condições de manutenção da própria
sobrevivência;
VI – capacitação e reciclagem dos
recursos humanos nas áreas de geria-
tria e gerontologia e na prestação de
serviços aos idosos;
Disposições preliminares VII – estabelecimento de meca-
Art. 1.º É instituído o Estatuto do nismos que favoreçam a divulgação
Idoso, destinado a regular os direitos de informações de caráter educativo
assegurados às pessoas com idade sobre os aspectos biopsicossociais de
igual ou superior a 60 (sessenta) anos. envelhecimento;
Art. 2.º O idoso goza de todos os di- VIII – garantia de acesso à rede de
reitos fundamentais inerentes à pessoa serviços de saúde e de assistência so-
humana, sem prejuízo da proteção in- cial locais;
tegral de que trata esta Lei, asseguran- IX – prioridade no recebimento da
do-se-lhe, por lei ou por outros meios, restituição do Imposto de Renda (in-
todas as oportunidades e facilidades, cluído pela Lei nº 11.765, de 2008).
para preservação de sua saúde física e Art. 4.º Nenhum idoso será objeto
mental e de seu aperfeiçoamento mo- de qualquer tipo de negligência, dis-
ral, intelectual, espiritual e social, em criminação, violência, crueldade ou
condições de liberdade e dignidade. opressão, e todo atentado aos seus di-
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Art. 3.º É obrigação da família, da reitos, por ação ou omissão, será puni-
comunidade, da sociedade e do Poder do na forma da lei.
Público assegurar ao idoso, com abso- § 1º É dever de todos prevenir a ame-
luta prioridade, a efetivação do direito aça ou violação aos direitos do idoso.
à vida, à saúde, à alimentação, à edu- § 2º As obrigações previstas nesta
Língua Portuguesa \ Ser humano e sociedade 17

Lei não excluem da prevenção outras ções de liberdade e dignidade”. Nos exercí-
decorrentes dos princípios por ela cios, você lerá uma notícia que mostra que
adotados. direitos garantidos por lei não são cumpri-
Art. 5.º A inobservância das normas dos na prática.
de prevenção importará em responsa- Depois de ter lido as leis, que poderão
bilidade à pessoa física ou jurídica nos ajudar no tema, veja, a seguir, alguns as-
termos da lei. pectos formais importantes.
Art. 6.º Todo cidadão tem o dever Para escrever um texto, são necessários
de comunicar à autoridade competente muitos conhecimentos, desde os gramati-
qualquer forma de violação a esta Lei cais, como ortografia, pontuação, concor-
que tenha testemunhado ou de que te- dância, entre outros, até os aspectos tex-
nha conhecimento. tuais. Nesta primeira produção textual, o
Art. 7.º Os Conselhos Nacionais, foco é a pessoa verbal.
Estaduais, do Distrito Federal e Mu- A primeira pessoa (uso do "eu") torna
nicipais do Idoso, previstos na Lei no o texto mais pessoal e subjetivo, possibi-
8.842, de 4 de janeiro de 1994, zelarão litando ao autor colocar suas impressões
pelo cumprimento dos direitos do ido- pessoais. Observe a diferença:
so, definidos nesta Lei. Primeira pessoa: Vi pessoas doentes,
Disponível em: <http://www.planalto. fracas, abatidas, contorcendo-se de dor,
gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.741. largadas em um corredor frio e desumano.
htm>. Acesso em: 30 abr. 2012. Terceira pessoa: Viam-se pessoas doen-
tes, fracas, abatidas, contorcendo-se de
O Estatuto expõe os direitos do idoso dor, largadas em um corredor frio e desu-
“para preservação de sua saúde física e mano. Ou: Havia pessoas doentes...
mental e de seu aperfeiçoamento moral, A terceira pessoa torna o texto impes-
intelectual, espiritual e social, em condi- soal e mais objetivo.
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Capítulo

3 Língua e cultura

Atividades 19 e 20 • Literatura como


LÍNGUA PORTUGUESA • GRUPO 2 •
SER HUMANO E SOCIEDADE

meio de denúncia social


Exercícios de Aplicação
O poeta mineiro Tomás Antônio Gon- A Constituição brasileira é o conjunto
zaga denunciou, por meio da poesia, em de normas do Brasil; além disso, ela espe-
Cartas chilenas, os abusos do poder do go- cifica os direitos e os deveres do cidadão.
vernador Luís da Cunha Meneses. Por isso, A Constituição em vigor foi promulgada
seu livro teve de ficar no anonimato; na em 1988 e é chamada de “Constituição ci-
época, não havia liberdade de expressão dadã”, devido aos avanços na área social,
como hoje e o autor poderia ser punido. como o direito ao voto dos analfabetos.
Como cidadãos, temos o dever de cum- Leia a seguir pequenos trechos desse do-
prir nossas obrigações, respeitando as pes- cumento tão importante.
soas, as leis e o meio ambiente, mas temos
também nossos direitos. Texto 2 – Constituição brasileira
Reflita sobre a sociedade atual e discu-
ta com seus colegas as seguintes questões: Preâmbulo
– Os direitos garantidos pela Constitui-
ção Federal são garantidos a todos os cida- Nós, representantes do povo brasi-
Professor(a), sugere- dãos brasileiros? leiro, reunidos em Assembleia Nacional
se organizar um debate
comparando o exposto
– Os brasileiros, por sua vez, cum- Constituinte para instituir um Estado
na Constituição à real prem seus deveres? Aliás, quais são seus Democrático, destinado a assegurar o
situação do país. deveres? Exercer a cidadania não é sim- exercício dos direitos sociais e indivi-
Propor uma reflexão plesmente votar, mas respeitar desde as duais, a liberdade, a segurança, o bem-
sobre os deveres, que leis mais básicas, como as do trânsito, -estar, o desenvolvimento, a igualdade e
vão muito além de vo- por exemplo. a justiça como valores supremos de uma
tar, também é impor-
tante para que os alu-
Dê um salto histórico para a sociedade sociedade fraterna, pluralista e sem pre-
nos se conscientizem. atual e compare as Cartas chilenas aos tex- conceitos, fundada na harmonia social
Tal atividade é reco- tos reproduzidos a seguir. e comprometida, na ordem interna e in-
mendada pelos próprios ternacional, com a solução pacífica das
PCNs (p. 1) (Parâmetros Texto 1 – charge controvérsias, promulgamos, sob a pro-
Curriculares Nacionais). teção de Deus, a seguinte CONSTITUI-
Os Parâmetros Cur-
riculares Nacionais in-
ÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA
dicam como objetivos DO BRASIL.
do ensino fundamental (...)
BENETT

que os alunos sejam ca-


pazes de: TÍTULO II
• compreender a ci- Dos Direitos e Garantias Funda-
dadania como partici-
pação social e política,
mentais
assim como exercício CAPÍTULO I
de direitos e deveres DOS DIREITOS E DEVERES IN-
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políticos, civis e sociais, DIVIDUAIS E COLETIVOS


adotando, no dia a dia, Gazeta do povo
atitudes de solidarie-
dade, cooperação e
repúdio às injustiças,
respeitando o outro e
Língua Portuguesa \ Ser humano e sociedade 19

exigindo para si o mes-


Art. 5.º – Todos são iguais perante ou para prestar socorro, ou, durante o mo respeito;
a lei, sem distinção de qualquer na- dia, por determinação judicial; • posicionar-se de
tureza, garantindo-se aos brasileiros (...) maneira crítica, res-
e aos estrangeiros residentes no País LXXIV – o Estado prestará assistên- ponsável e construtiva
a inviolabilidade do direito à vida, à cia jurídica integral e gratuita aos que nas diferentes situa-
liberdade, à igualdade, à segurança e comprovarem insuficiência de recursos; ções sociais, utilizando
o diálogo como forma
à propriedade, nos termos seguintes: LXXV – o Estado indenizará o de mediar conflitos e
condenado por erro judiciário, assim de tomar decisões co-
I – homens e mulheres são iguais como o que ficar preso além do tempo letivas.
em direitos e obrigações, nos termos fixado na sentença;
desta Constituição; LXXVI – são gratuitos para os reco-
II – ninguém será obrigado a fazer nhecidamente pobres, na forma da lei:
ou deixar de fazer alguma coisa senão a) o registro civil de nascimento;
em virtude de lei; b) a certidão de óbito;
III – ninguém será submetido a tor- (...)
tura nem a tratamento desumano ou Art. 6.º – São direitos sociais a edu-
degradante; cação, a saúde, a alimentação, o traba-
IV – é livre a manifestação do pen- lho, a moradia, o lazer, a segurança, a
samento, sendo vedado o anonimato; previdência social, a proteção à mater-
V – é assegurado o direito de res- nidade e à infância, a assistência aos
posta, proporcional ao agravo, além da desamparados, na forma desta Cons-
indenização por dano material, moral ou tituição. (Redação dada pela Emenda
à imagem; Constitucional no 64, de 2010).
VI – é inviolável a liberdade de cons- Disponível em: <http://www.planalto.gov.
ciência e de crença, sendo assegurado o br/ccivil_03/constituicao/constituicao.
livre exercício dos cultos religiosos e ga- htm>. Acesso em: 11 set. 2013.
rantida, na forma da lei, a proteção aos
locais de culto e a suas liturgias; 01) Qual é o significado comum de VIP?
VII – é assegurada, nos termos da lei, Quem seriam os “VIPs” brasileiros?
a prestação de assistência religiosa nas
entidades civis e militares de internação “VIP” (very important people): pessoa muito
importante. Resposta pessoal: Os VIPs são
coletiva; as pessoas que têm privilégios.
VIII – ninguém será privado de direi-
tos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se
as invocar para eximir-se de obrigação
legal a todos imposta e recusar-se a cum-
prir prestação alternativa, fixada em lei;
IX – é livre a expressão da ativida- 02) O que a charge critica?
de intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de Critica o fato de que os direitos presentes na
Constituição são apenas para os privilegia-
censura ou licença; dos, para os ricos, os “VIPs” (very important
X – são invioláveis a intimidade, a people): pessoas muito Importantes, pois os
vida privada, a honra e a imagem das menos favorecidos não têm direitos.
pessoas, assegurado o direito à inde-
EF8P-14-22

nização pelo dano material ou moral


decorrente de sua violação;
XI – a casa é asilo inviolável do in-
divíduo, ninguém nela podendo penetrar
sem consentimento do morador, salvo
em caso de flagrante delito ou desastre,
20 Capítulo 3 – Língua e cultura \ Grupo 2

03) Discuta a seguinte questão com seus 04) Em quais aspectos a charge pode
colegas: quais direitos os cidadãos represen- ser relacionada às Cartas chilenas?
tados na charge poderiam ter solicitado?
Ambas fazem uma crítica à sociedade.
Resposta pessoal. Discutir o direito a mora-
dia, a educação etc.

Exercícios Propostos
Releia o fragmento de Cartas chilenas 05) Transcreva do poema um trecho que
para responder às questões. comprove a crítica que Tomás Antônio
Gonzaga faz ao governador mineiro da
Cartas chilenas época em relação ao Exército e explique-a.
“A desordem, amigo, não consiste/ em for-
Carta IX (fragmento) mar esquadrões, mas sim no excesso” – Ele
pensa que se deve formar um esquadrão,
A desordem, amigo, não consiste mas não pode ter excesso ou exagero, como
Professor(a), explicar que
Doroteu era, na verdade,
em formar esquadrões, mas sim no o governador queria.
o escritor e amigo Cláu- excesso. Outro trecho: "Carece à Monarquia dez mil
Um reino bem regido não se forma- homens/ de tropa auxiliar?"
dio M. da Costa.
somente de soldados; tem de tudo;
mais à direita tem milícia, lavoura
[tem comércio.
Se quantos forem ricos se adorna-
rem das golas e das bandas, não
teremos um só depositário, nem
os órfãos terão também tutores,
quando visto interessa igualmente
[o bem do Império.
Carece à Monarquia dez mil homens
de tropa auxiliar? Não haja embora 06) O autor utiliza a descrição para defen-
de menos um soldado, mas os outros der sua opinião. Localize o trecho descriti-
vão à pátria servir nos mais empregos, vo e explique-o.
pois os corpos civis são como os nos-
sos, que, tendo um membro forte e "Um reino bem regido não se forma
outros débeis, se devem, Doroteu, somente de soldados; tem de tudo;
[julgar enfermos. tem milícia, lavoura e tem comércio".
EF8P-14-22

Neste trecho, o autor descreve como é um


reino bem regido a fim de defender sua
Lapa, M. Rodrigues. As cartas chilenas opinião: ele acredita que, para ser um bom
– um problema histórico e filológico. governo, não deve haver somente Exército,
Rio de Janeiro: MEC/INL, 1958. p.178. mas também deve haver comércio e lavou-
ra, ou seja, trabalho para as pessoas.
Língua Portuguesa \ Ser humano e sociedade 21

07) A carta sempre é dirigida a um des- 08) Tiradentes, líder da Inconfidência Mi-
tinatário. Especifique o interlocutor de neira, foi preso e enforcado, acusado de
Cartas chilenas. traição à Corte, mas, na verdade, ele luta-
va pela liberdade do povo brasileiro. Você
É o amigo Doroteu. acha que vale a pena sacrificar a própria
vida por um bem comum? Justifique sua
resposta.
Resposta pessoal.
MUSEU HISTÓRICO NACIONAL, BRASIL

Óleo sobre tela de Leopoldino de Faria –


A leitura da sentença de Tiradentes

Atividade 21 • Predicado (I)


Exercícios de Aplicação
Leia o trecho de uma carta de uma lei- 01) Qual é o principal desejo da autora da
tora a uma revista semanal. carta?

Pessoal O principal desejo é que haja uma mudan-


ça no mundo, que a alegria e o espírito de
Acho que os Jogos Olímpicos são amor e de garra alcancem os governantes
emocionantes e lindos! Fico mui- para que mudem a realidade dos países que
to impressionada com o esforço dos dirigem.
atletas, com a garra que demonstram,
com o amor à pátria, enfim, é uma
linda comunhão entre os diversos
países. Penso apenas que esta comu-
nhão, este espírito esportivo de garra
e amor deveriam se estender para além
dos estádios olímpicos. Deveriam al-
cançar os países em guerra, deveriam
alcançar a economia que esmaga al- 02) Qual é o objetivo da carta?
EF8P-14-22

guns países e favorece outros, deve-


riam alcançar os governantes para que É expor a opinião da autora.
procurassem resolver os problemas
sociais de seus países, como a fome,
por exemplo.
22 Capítulo 3 – Língua e cultura \ Grupo 2

03) Separe o sujeitos e o predicado das Predicado


orações a seguir. Lembre-se de fazer a se-
paração das orações de acordo com o nú- a) 1. Acho
mero de verbos. 2. são emocionantes e lindos
a. Acho que os Jogos Olímpicos são
emocionantes e lindos!
b. Fico muito impressionada com o b) Fico muito impressionada com o esfor-
esforço dos atletas (...) ço dos atletas
c. Penso apenas que esta comunhão,
este espírito esportivo de garra e
amor deveriam se estender além c) 1. Penso apenas...
dos estádios olímpicos. 2. deveriam se estender além dos está-
d. Deveriam alcançar os países em dios olímpicos...
guerra, deveriam alcançar a eco-
nomia (...).
d) Deveriam alcançar os países em guer-
Sujeito
ra/ 2ª: deveriam alcançar a economia...

a) Oração 1: Sujeito elíptico (eu)


Oração 2: os Jogos Olímpicos

04) Classifique o predicado das orações


Professor(a), destacar
aos alunos que onde há
do exercício anterior em verbal, nominal
verbo há uma oração e, b) Sujeito elíptico (eu) ou verbo-nominal.
portanto, a separação
a) Acho: PV
adequada é importante
são emocionantes e lindos: PN
para a localização do su-
c) Oração 1: sujeito elíptico (eu) b) Fico muito impressionada com o esforço
jeito e do predicado.
Oração 2: esta comunhão, este espírito dos atletas (...): PN
esportivo de garra e amor c) Penso apenas: PV
Deveriam se estender além dos estádios
olímpicos: PV
d) Deveriam alcançar os países em guerra: PV
d) Sujeito elíptico: eles (os espíri- deveriam alcançar a economia (...): PV
tos de garra e de amor)

Exercícios Propostos
05) Analise as informações a seguir e mar- ( F ) A classificação do predicado inde-
que se são (V) verdadeiras ou (F) falsas. pende do tipo de verbo.
( F ) Para achar o predicado, é muito
simples: basta retirar o sujeito e o 06) Assinale a alternativa em que só há
verbo e todo o restante da oração predicado verbal.
constituirá o predicado. a. O trem chegou atrasado.
( V ) Nos casos das orações sem sujeito b. Não se é capaz de respeitar os ou-
EF8P-14-22

ou quando este estiver oculto (de- tros.


sinencial ou elíptico), toda a ora- R.: C c. Quem espera sempre alcança.
ção será o predicado. d. Os países europeus continuam ricos.
( V ) Há oração sem sujeito, mas não há e. Estamos muito contentes.
oração sem predicado (sem verbo).
Língua Portuguesa \ Ser humano e sociedade 23

07) Justifique sua resposta. 08) Escreva um parágrafo afirmando o


R.: C que é uma sociedade mais humana e sepa-
a. O predicado é verbo-nominal, pois o re-o em duas colunas, uma para o sujeito e
verbo é significativo. outra para o predicado.
b. Em "não se é capaz", o predicado é no-
minal, pois o verbo é de ligação. Resposta pessoal.
d. O predicado é nominal (verbo de liga-
ção).
e. O predicado é nominal (verbo de liga-
ção).

Atividade 22 • Predicado (II)

SUJEITO PREDICADO NOMINAL

A vida feliz
O dia cansada
Ela VERBO DE LIGAÇÃO bonito
Esta casa grande
Eu desligado

está continua
é parece ando

Exercícios de Aplicação
01) Assinale a alternativa correta sobre c. O verbo “caíam” refere-se ao sujei-
este período: “A chuva, a neve, o granizo to ele.
ou o gelo mais forte só podiam se gabar de d. O termo “bonitos” funciona como
levar vantagem sobre ele em uma coisa: objeto direto.
muitas vezes eram bonitos quando caíam.” e. O termo “bonitos” funciona como
R.: A a. O verbo “podiam” refere-se ao su- objeto indireto.
jeito composto “A chuva, a neve,
o granizo ou o gelo mais forte”. 02) Certos verbos, dependendo das rela-
O termo “bonitos” é predicativo ções sintáticas que estabelecem na oração,
EF8P-14-22

desse sujeito composto. podem ser significativos ou de ligação. Em


b. O verbo “podiam” refere-se ao su- cada grupo de frases a seguir, classifique
jeito composto “A chuva, a neve, os verbos destacados como significativos
o granizo ou o gelo mais forte”. O ou de ligação de acordo com a sigla:
termo “bonitos” é predicativo do VL: verbo de ligação
sujeito “ele”. VS: verbo significativo
24 Capítulo 3 – Língua e cultura \ Grupo 2

a. 1. Enquanto ouviam as explicações 03) Com base na classificação dos verbos


sobre o museu, as crianças perma- (significativos ou de ligação), especifique
neciam atentas e admiradas. ( )
VL os tipos de predicado de cada oração dos
2. Com o fim das férias, poucos tu- verbos destacados no exercício anterior:
ristas permanecem na cidade. ( )VS PN: predicado nominal
b. 1. Diz a lenda que o lobisomem PV: predicado verbal
anda pelas estradas nas noites
a. 1. PN
de lua cheia. ( )
VS
2. PV
2. Quando a namorada o deixou, b. 1. PV
ele andou triste por uns tempos. 2. PN
( )
VL c. 1. PN
c. 1. Nas mãos hábeis do velho ar- 2. PV
tesão, simples pedaços de ma-
deira viraram barcos. ( )
VL
2. Durante o temporal, as imensas
ondas viraram barcos e invadiram
casas de praia. ( )
VS

Exercícios Propostos

04) Classifique os verbos quanto à sua e. Os animais obedecem a seus ins-


predicação. tintos.
a. O carteiro entregou a carta ao mo-
rador do prédio. Verbo significativo: predicado verbal.

Verbo significativo: predicado verbal.

f. As estrelas parecem pequenas.

b. A população encontra-se satisfeita. Verbo de ligação: predicado nominal.

Verbo de ligação: predicado nominal.

g. Os pássaros são lindos.

c. A população encontra-se do lado Verbo de ligação: predicado nominal.


de fora da fábrica.
Verbo significativo: predicado verbal.
05) Classifique os tipos de predica-
dos do exercício anterior.

d. Uma brisa suave soprava do lado


Respostas dadas junto com as do exercício
da praia. anterior.
EF8P-14-22

Verbo significativo: predicado verbal.


Língua Portuguesa \ Ser humano e sociedade 25

06) Analise a tirinha.


Professor(a), destacar
que a regência do verbo
“desobedecer”, de acor-
do com a norma-padrão,
FENANDO GONZALES

é indireta: desobedeça a
ele. A tirinha mostra um
exemplo do uso infor-
mal.

a. Explique o humor da tirinha.


O cão achou que não estava mais tão submisso, porque, ao fingir que estava morto, ele
estava desobedecendo à ordem do dono, já que estava apenas desmaiado.

b. Copie da tirinha:
– três predicados verbais, isto é, que tenham verbos significativos;
– três predicados nominais, isto é, que tenham verbos de ligação/estado.
– Três predicados verbais, isto é, que tenham verbos significativos: "Desafie seu dono. Desobedeça
ele. Finja de morto".
– Três predicados nominais, isto é, que tenham verbos de ligação/estado: "Não deve ser tão obedien-
te. Não seja cordeirinho. Estou só desmaiado".

Atividade 23 • Complementos verbais: os objetos


Exercícios de Aplicação
Escreveu (VTD); OD: “O cão dos Baskerville”.
01) Leia o resumo abaixo e faça o que se Conta (VTD); OD: a história do solar dos
pede. Baskerville
Arthur Conan Doyle escreveu O Investigam: VTD; OD: a maldição que há no
lugar.
cão dos Baskerville, publicado em Traz (VTD); OD: uma das melhores histórias
1902. O livro conta a história do so- do detetive mais famoso do mundo
lar dos Baskerville, em que Sherlock Inspirou (VTD); OD: filmes
e seu inseparável companheiro Watson
investigam a maldição nessa mansão.
O clássico traz uma das melhores 02) Observe com atenção os elementos
histórias do detetive mais famoso do destacados em “Mas não foi a visão do
mundo e inspirou até filmes. corpo dela, nem tampouco a do corpo de
a. Copie e identifique os verbos e Hugo Baskerville que jazia perto dela, que
seus respectivos objetos, classifi- arrepiou os cabelos desses três fanfarrões
EF8P-14-22

cando-os. temerários” e assinale a alternativa que os


classifica corretamente.
a. Ambos são termos essenciais da
oração.
b. Ambos são objetos indiretos.
26 Capítulo 3 – Língua e cultura \ Grupo 2

c. “jazia” e “arrepiou” têm como ob- 03) Explique por que “de casa” não é con-
jeto direto “os cabelos”. siderado objeto indireto em: “Ele saiu de
R.: D d. “jazia” tem como adjunto adver- casa”.
bial “perto dela” e “arrepiou” tem “Sair” é um verbo intransitivo, isto é, tem
como objeto direto “os cabelos”. sentido completo. O lugar de onde saiu é
e. Ambos são verbos bitransitivos e uma informação circunstancial, então, em-
possuem um objeto direto e um bora haja uma preposição, “de casa” é ad-
indireto. junto adverbial e não objeto indireto. Os
objetos completam apenas o sentido dos
verbos transitivos.
"jazia" é intransitivo e, por isso, não exige
complemento verbal. Dessa maneira, "perto
dela" é adjunto adverbial de lugar. Arrepiou
é transitivo direto, por isso "os cabelos" é
objeto direto.

Exercício Proposto

04) Classifique os verbos usando as siglas:


VI (verbo intransitivo); VTD (verbo transiti-
vo direto); VTI (verbo transitivo indireto); e. Não lhe afirmei isso.
VTDI (verbo transitivo direto e indireto) e
VL (verbo de ligação). VTDI

a. Peça-lhe o livro.
VTDI
f. O pai levou-os à escola.
VTD

b. Não há rios por aqui.


VTD
g. O caminhão transporta areia para
o porto.
VTD
c. Você já pensou nisso?
VTI

h. Algumas pessoas choravam, outras


EF8P-14-22

riam à beça.
VI (“chorar” e “rir”, ambos são intransitivos.)
d. Avisaram-me de tudo.
VTDI
Língua Portuguesa \ Ser humano e sociedade 27

i. Na mocidade aprendemos; na ve- m. O pai perdoou a traquinagem ao


lhice compreendemos. filho.
VI (“aprendemos” e “compreen- VTDI
demos” são intransitivos)

n. O pai perdoou ao filho depois de


conversar com a mulher.
j. Entreguei-lhe todo o dinheiro: fi- perdoou: VTI
quei pobre. conversar: VTI

Entregar: VTDI/ fiquei: VL

o. Alguns alunos se tornaram alegres


após ouvirem a notícia.
se tornaram: VL
ouvirem: VTD
k. Luís pagou a dívida, portanto está
quite comigo.
Pagou/está: VTD/VL p. Os ausentes nunca têm razão. Com-
partilho essa opinião.

têm: VTD
compartilho: VTD

l. Luís pagou a dívida ao comercian-


te. q. Comprei um carro zero-quilômetro.
VTDI VTD

Atividade 24 ● Produção de crônica descritiva


Exercícios de Aplicação
Leia o texto para responder às ques- entubada por insuficiência respirató-
tões de 1 a 3. ria.
Ela deu entrada no Pronto Atendi-
Idosa morre em Campinas após es- mento São José no dia 17 e foi inter-
perar 36 horas por vaga em hospital nada no dia seguinte. Desde então os
médicos tentavam transferi-la para um
Uma mulher de 74 anos morreu hospital, mas o sistema estava lotado.
EF8P-14-22

nesta quinta-feira (19) em Campinas Josefa ficou aguardando a libera-


(93 km de SP) após esperar uma vaga ção de uma vaga de UTI (Unidade de
de hospital por 36 horas. Terapia Intensiva), mas acabou mor-
Josefa Araújo Andrade estava rendo após 36 horas de espera.
com diarreia e vômito, mas sofreu A Secretaria de Saúde de Cam-
uma piora do quadro e teve que ser pinas nega falha no atendimento ou
28 Capítulo 3 – Língua e cultura \ Grupo 2

negligência médica. Segundo o secre-


tário Fernando Brandão, Campinas en-

GUSTAVO ROTH / FOLHAPR E S S


frenta um estrangulamento de vagas,
já que no ano passado eles perderam
77 leitos que funcionavam em esque-
ma de convênio com outros hospitais.
Brandão afirma que a secretaria
planeja inaugurar mais 90 leitos no
hospital Ouro Verde e que, com isso, a Idosos na fila do INSS
situação deve ser normalizada.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.
com.br/cotidiano/1079173-idosa-morre-em- 03) Você considera que a população bra-
campinas-apos-esperar-36-horas-por-vaga- sileira exige seus direitos? Os cidadãos se
em-hospital.html>. Acesso em: 30 abr. 2012. unem a fim de cobrar do governo melhorias
na saúde, educação e transporte, serviços
01) Como se sentiram os familiares da que devem ser garantidos por lei? A que fato
idosa? você atribui isso?
Resposta pessoal Resposta pessoal

02) Qual é sua opinião sobre


o fato narrado no texto?
Resposta pessoal

Professor(a), suge-
rimos que os alunos
leiam a crônica produ-
zida por eles para toda
a classe. Durante a lei-
tura, você pode fazer
intervenções corrigindo
o texto. Assim, melhora
o aluno enquanto es-
critor e não faz apenas Exercício Proposto
uma simples correção
do texto. Após leitura e
correção, sugerir que o 04) Com base na notícia “Idosa morre em ção do lugar, das pessoas e das suas im-
aluno reescreva o texto
não apenas passando-o
Campinas após esperar 36 horas por vaga pressões, uma discussão (como Colasanti
a limpo, mas modifican- em hospital”, escreva uma crônica descriti- fez em “Achadas e perdidas”) sobre os di-
do todos os aspectos va em primeira pessoa, como se fosse um reitos dos idosos garantidos por lei e a rea-
(coesão, coerência, dis- idoso que esperou dois dias no hospital lidade. Retome os artigos do Estatuto do
EF8P-14-22

cussão do tema, norma para conseguir uma vaga. Você, diferen- Idoso para produzir seu texto.
culta etc.). temente da idosa de Campinas, teve sor-
te e se recuperou. Após essa experiência, Atenção: a escrita é um processo de
resolveu escrever. Relate tudo o que viu, o reflexão e interação; portanto, realize as
que sentiu e o que pensou durante esses atividades propostas a seguir.
dias no hospital. Faça, em meio à descri-
Língua Portuguesa \ Ser humano e sociedade 29

Organizar essa leitura


Assim que terminar de escrever a crô- • A descrição está criativa ou foi uma da melhor forma que
nica solicitada sobre o idoso no hospital, simples enumeração de caracte- convier: os alunos po-
releia seu texto e avalie os seguintes itens. rísticas? Você descreveu o básico, dem ser organizados
• Observe se ele ficou claro. o óbvio ou conseguiu descrever o em dupla (cada um lê
• Verifique a coesão e a coerência. particular? Falar que uma sala é o texto do outro e faz
• Analise se está adequado à norma composta de paredes e sofá não observações); podem
ler o texto para a classe;
(isto é, se usou os sinais de pontu- tem nada de emocionante, por pode-se fazer uma ex-
ação, acentuação, ortografia, con- exemplo. posição de crônicas (em
cordância e outros aspectos grama- • O que você escreveu é capaz de mural) etc.
ticais importantes corretamente). emocionar, fazer refletir ou rir? Os PCNs (pág. 69)
• Você fez uma crônica em primeira também destacam a
pessoa? Feitas as correções, passe seu texto a importância dessa ati-
vidade: “possibilidades
• Deu um título interessante para limpo e, de acordo com as orientações do de organização de situa-
seu texto? professor, leia-o para seus colegas. ções didáticas de escuta
de textos: escuta orien-
tada de textos produ-
zidos pelos alunos. De
preferência a partir da
análise de gravações
em vídeo ou cassete.
Para a avaliação das ati-
vidades desenvolvidas,
buscando discutir tec-
nicamente os recursos
utilizados e os efeitos
obtidos. Tomar o texto
do aluno como objeto
de escuta é fundamen-
tal, pois permite a ele o
controle cada vez maior
de seu desempenho".
EF8P-14-22
Capítulo

4 Predicação verbal e tópicos textuais

Descrição na música
LÍNGUA PORTUGUESA • GRUPO 2 •
SER HUMANO E SOCIEDADE

Informações complementares
O ser humano, normalmente, passa Sérgio de Britto Álvares Affonso
a maior parte de sua vida trabalhando e nasceu no Rio de Janeiro, em 18 de
cumprindo os deveres sociais e, quando setembro de 1959. É carioca e filho
para a fim de refletir sobre o que fez da do político Almino Affonso. Morou
vida, já é tarde! no Chile e na Argentina dos seis
Em alguma etapa de sua vida, você já aos 14 anos. Até os 13 anos, queria
parou para refletir sobre suas atitudes? ser pintor. Aos 14 anos, voltou para
É comum o homem já experiente olhar o Brasil, estudou piano e depois
para trás, traçar seu perfil, perceber que violão. A primeira música que lhe
não viveu como deveria e tomar alguma chamou a atenção foi "Help", dos
decisão. Beatles. Conheceu grande parte dos
amigos da banda Titãs na escola,
quando cursava o colegial.
DUDAREV MIKHAIL / SHUTTERSTOCK

ANA OTTONI / FOLHAPRESS


Tecladista e vocalista da banda
paulistana Titãs, ícone do rock brasileiro

Leia atentamente a letra da música Sérgio Britto, o compositor de


"Epitáfio", de Sérgio Britto. "Epitáfio", disse a seguinte frase,
Professor(a), após a
leitura, ouvir com os alu-
que ficou famosa para descrever os
nos a música "Epitáfio" Devia ter amado mais, ter chorado Titãs: “Somos um bando, não uma
e, se possível, propor a [mais banda”, porque eles não são apenas
todos cantá-la juntos. Ter visto o sol nascer um conjunto de músicos pertencen-
Observar com eles como Devia ter arriscado mais e até erra- tes à mesma instituição, mas sim
era a personalidade do [do mais um grupo unido, que “pertence ao
narrador-personagem.
Depois, separá-los em
Ter feito o que eu queria fazer mesmo partido”, troca experiências
grupos para que resol- Queria ter aceitado as pessoas e defende as mesmas ideologias.
vam os exercícios. [como elas são Muitas vezes, a sociedade acaba
Cada um sabe a alegria e a dor que tornando o homem uma pessoa fria
[traz no coração... e tímida, como a personagem da
música, que criticava as pessoas e se
EF8P-14-21

Vocabulário preocupava com banalidades. Vivia


Epitáfio: (s. m.) elogio após a morte; para o trabalho e não enxergava a
inscrição tumular. beleza da natureza e da vida; porém,
No contexto, seria um balanço de vida sempre há tempo para mudar!
do autor, até aquele momento.
Língua Portuguesa \ Ser humano e sociedade 31

A letra da música "Epitáfio" não faz uma Essa afirmação é incoerente, isto é, sem
descrição clara da personagem, mas enu- sentido, pois a Lagoa da Pampulha fica em
mera as atitudes que ela deveria ter tomado Belo Horizonte, local onde não neva, prin-
ao longo da vida. Como não narra nenhum cipalmente em janeiro, época em que é
episódio nem discute um assunto, deve- verão no Brasil. Assim, a frase é incoeren-
-se considerá-la uma descrição dos desejos te, pois não neva em Belo Horizonte.
da personagem da música. Nessa música, O exemplo dado ilustra a importância
a descrição não é direta, mas pode ser de- do conhecimento de mundo para a atri-
preendida por meio das ações e reflexões buição de coerência a um texto. Se o lei-
da personagem. Assim, pode-se descrever tor não tiver o conhecimento de mundo
de modo direto, como em: "ele é agitado", necessário para a interpretação de deter-
ou de modo indireto, por meio das ações, minado texto, não atribuirá coerência às
como em "ele não para, faz muitas ativida- afirmações que fizer a respeito dele.
des ao mesmo tempo". Quando um texto está sem sentido, diz-
Assim como nos demais textos, a descri- -se que é incoerente. Portanto, a coerên-
ção nas letras de música pode ser pessoal cia está relacionada ao sentido das ideias
(subjetiva) ou impessoal (objetiva). do texto, explicitada por relações lógicas e
Os compositores usam a criatividade não contraditórias.
para chamar atenção e criar imagens e ex- A coerência é um dos princípios de in-
pressões interessantes. terpretabilidade, isto é, o texto é coerente
para as pessoas que conseguem interpre-
Coerência textual tá-lo, atribuir sentido a ele. Por isso, para
No dia a dia, o termo coerência é usado estabelecer a coerência, isto é, para que
para fazer referência às mais diversas situ- o texto tenha sentido, são necessários al-
ações, como em: “João não é coerente aos guns fatores, tais como:
seus ideais”; “Só tomo atitudes coerentes • conhecimento de mundo;
em meu trabalho”. • conhecimento da língua;
Assim, a coerência pode ser basicamente • reconhecimento da intencionalida-
definida como um princípio de não contra- de do texto (intenção);
dição e de entendimento, pois se refere às • conhecimento de fatores de con-
ideias lógicas que dão sentido ao texto. textualização;
Se alguém disser: “Fui ao cinema por- • reconhecimento da intertextuali-
Professor(a), destacar
que não gosto de filmes”, facilmente se dade, entre outros. a importância dos ele-
percebe que não há coerência, isto é, não Para a interpretação e compreensão de mentos de coesão para
há sentido: se a pessoa não gosta de fil- textos literários, isto é, para a atribuição de o sentido do texto. Se
mes, não faz sentido ir ao cinema! coerência a gêneros como poesia, música, substituirmos “porque”
Agora, observe a imagem e relacione-a pintura, entre outros, o conhecimento de por “mas”: Fui ao cine-
à frase: “A lagoa da Pampulha amanheceu mundo é um dos principais fatores. ma, mas não gosto de
filmes”, a frase fica com
coberta de gelo nesta manhã de janeiro”. Inúmeros textos só podem ser com- sentido, pois o mas ex-
preendidos se o leitor possuir conhecimen- pressa justamente con-
to prévio sobre o assunto. Como exem- tradição.
ROGÉRIO REIS / PULSAR IMAGENS

plo, pode ser citada a música “Rosa de


Hiroshima”, escrita por Vinícius de Moraes
e Gerson Conrad. De maneira poética, os
compositores induzem a refletir sobre as
EF8P-14-21

vítimas do ataque nuclear a Hiroshima. Se


o leitor não tiver conhecimento prévio so-
bre os fatos históricos da Segunda Guerra
Mundial, em que as cidades de Hiroshima
Visão parcial da Lagoa da e Nagasaki foram bombardeadas com a
Pampulha, Minas Gerais
32 Capítulo 4 – Predicação verbal e tópicos textuais \ Grupo 2

Professor(a), utilizar
as diferentes lingua-
tão temível bomba atômica, dificilmente
atribuirá coerência à música.

DMITRY KALINOVSKY / SHUTTERSTOCK


gens: verbal, musical,
matemática, gráfica, No texto, os autores não fazem referên-
plástica e corporal como cia direta a esse fato histórico e retratam a
meio para produzir, bomba de forma poética, como, por exem-
expressar e comuni- plo, “a anti-rosa atômica”, “rosa estúpida”.
car ideias, interpretar
e usufruir produções
Assim, se não tiver conhecimento sobre
culturais, em contextos este triste episódio, o leitor não atribuirá
públicos e privados, coerência à poesia, que diz ainda: “Pensem
atendendo a diferentes nas crianças/mudas telepáticas (....) Mas
intenções e situações não se esqueçam da rosa de Hiroshima”.
de comunicação. A música nos leva a pensar “nas meni-
nas cegas inexatas". Como você interpreta- A maioria das pessoas tem
ria estes versos? Qual é a coerência deles? um conselho a dar.
Discuta o assunto com seu professor.
O trabalho com as
diferentes linguagens,
Portanto, se você quiser melhorar sua A intertextualidade é um dos mais im-
como a musical e as interpretação, leia mais para adquirir mais portantes elementos de coerência textual,
imagens (textos não conhecimento de mundo! pois é muito usada em textos literários,
verbais) é importante. anúncios publicitários, charges, obras de
Por isso, discuta as le- arte, entre outros gêneros textuais. Se o
gendas com os alunos. leitor não reconhecê-la, pode não atribuir
Se possível, traga a mú-
sica para os alunos ou-
coerência ao texto.
virem. A intertextualidade é muito importante
K RASOWIT / SHUTTERSTOCK

Ao discutir os versos para o estabelecimento da coerência. Ela


da música, explique ocorre quando um texto faz referência direta
que a radioatividade ou indireta a outro texto que já existe.
causa doenças, como Os dois tipos básicos de intertextuali-
o câncer, por exem-
plo, a várias gerações.
dade são a paráfrase e a paródia.
As bombas lançadas Na paráfrase, o autor retoma a mesma
contra Hiroshima e Na- ideia do texto original, porém com pala-
gasaki, em 1945, mata- "A rosa estúpida e inválida" vras diferentes. Na paródia, a forma e a
ram aproximadamente estrutura do texto podem ser semelhantes
300.000 pessoas. Elementos de coerência às do original, mas o conteúdo é diferente.
Além dos fatores já vistos, necessários A paródia questiona o conteúdo do
para conferir sentido ao texto, existem ou- texto original e a paráfrase mantém o con-
tros elementos de coerência, tais como: teúdo do “texto base”, mudando apenas
situacionalidade, intencionalidade, inter- sua estrutura e forma.
textualidade, foco, entre outros. Leia um dos exemplos mais conhecidos
Leia atentamente os versos da música de texto que foi parodiado e parafraseado:
“Ouça um bom conselho”, de Chico Buarque: “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias. Este
“Ouça um bom conselho, que eu lhe dou poema serviu de base para inúmeros escri-
de graça, inútil dormir que a dor não passa”. tores criarem seus textos.
Para atribuir coerência a esses versos
de “Ouça um bom conselho”, é importan- Minha terra tem palmeiras,
te perceber que essa música ironiza, por Onde canta o Sabiá;
EF8P-14-21

meio da intertextualidade, os provérbios As aves que aqui gorjeiam,


populares. Nesses versos, o autor afirma o Não gorjeiam como lá.
oposto do que o ditado diz: “Durma que a Nosso céu tem mais estrelas,
dor passa”. De forma muito crítica, o autor Nossas várzeas têm mais flores,
sugere a inversão: “inútil dormir que a dor Nossos bosques têm mais vida,
não passa”. Nossa vida mais amores
Língua Portuguesa \ Ser humano e sociedade 33

Em cismar, sozinho, à noite, Leia a seguir uma versão do poema, es-


Mais prazer encontro eu lá; crita pela professora Maria Beatriz Gamei-
Minha terra tem palmeiras, ro, que não exalta as qualidades do país,
Onde canta o Sabiá. como fez Gonçalves Dias, mas sim critica-o,
apresentando aspectos negativos, como
Minha terra tem primores, fome e miséria. Trata-se, portanto, de uma
Que tais não encontro eu cá; paródia, pois retoma o texto de Gonçalves
Em cismar – sozinho, à noite – Dias, questionando seu conteúdo.
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras, Canção do exílio
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem a Amazônia
Não permita Deus que eu morra, Que está sendo desmatada
Sem que eu volte para lá; O que provoca insônia
Sem que desfrute os primores Em quem tem a consciência aguçada
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras, Minha Terra tem um povo honesto e
Onde canta o Sabiá. trabalhador
Que ama e respeita esse país
Mas tem também um povo devastador
Que só provoca dor
MARIA SKALDINA / SHUTTERSTOCK

Explorando o pobre
Desmatando o meio ambiente
Enriquecendo ilicitamente
Roubando a vida de muita gente...

Esse é o meu país!

Não permita Deus que eu morra


Vendo-o corroído
Com o verde destruído
E o povo não instruído!

Palmeiras: símbolos da beleza


da flora brasileira
BASEL101658 / SHUTTERSTOCK

Informação complementar
Esse poema foi elaborado por
Gonçalves Dias (1823-1864) durante
o primeiro momento do Romantismo
brasileiro, época em que havia exal-
tação à pátria e nacionalismo exacer-
bado. Nessa época, o poeta estava
EF8P-14-21

em Portugal para estudar e, portan-


to, com saudade do Brasil. Por isso, o
poeta demonstra aversão aos valores
portugueses e ressalta as belezas na-
turais brasileiras. O desmatamento já destruiu grande
parte de nossas florestas.
34 Capítulo 4 – Predicação verbal e tópicos textuais \ Grupo 2

Intencionalidade discursiva ou ideias fixas e preconcebidas (normal-


Reconhecer a intencionalidade dis- mente baseadas em preconceitos) de pes-
cursiva de um texto significa entender as soas, coisas ou situações. Como exemplo,
intenções comunicativas do outro. Muitas pode-se citar a visão preconceituosa de
vezes, a intenção é justamente expressar o que o português é burro, o carioca é ma-
oposto do que está escrito. landro, jogadores não têm cultura etc. A
A palavra discursiva refere-se à língua tirinha de Hagar brinca com o estereótipo
na prática. do homem folgado, que não compartilha
o trabalho doméstico com a mulher, fica
Leia a tira de Hagar, de Chris Browne. bebendo cerveja sentado no sofá, ou seja,
a visão estereotipada do famoso machão.

Predicativo
© 2012 KING FEATURES SYNDICATE / IPRESS

É um termo que caracteriza o sujeito


ou o objeto por intermédio de um verbo
(de ligação ou não), conferindo-lhes uma
qualificação.
Temos, assim:
1) predicativo do sujeito – caracteri-
za o sujeito, sendo o verbo de ligação ou
significativo. Neste último caso, o verbo
de ligação estará implícito. Em: “Chega-
mos exaustos ao topo”, há duas informa-
ções importantes: chegamos e estávamos
exaustos!

Exemplos:
– Já estamos puros.
Verbo de ligação: estamos
Predicativo do sujeito: puros
Sujeito: (nós).

A fala de Helga: “pão e água ou ir jan- – Os romeiros sobem a ladeira esperan-


tar fora” não significa exatamente que o çosos.
casal tenha essas opções para o jantar, Verbo significativo: sobem
pois “pão e água” não é uma refeição Predicativo do sujeito: esperançosos
muito apetitosa. Na verdade, sua inten- Sujeito: romeiros
ção era dizer que não tinha nada para Verbo de ligação implícito: “estavam”
jantar. esperançosos.
Da mesma forma, a fala de Hagar não
significa exatamente o que ele disse, pois, – O poeta sonha cansado com outra
na realidade, não havia escolha, portanto humanidade.
ele foi irônico. Verbo significativo: sonha
Assim, reconhecer a intencionalidade Predicativo do sujeito: cansado
discursiva é uma habilidade fundamental Verbo de ligação implícito: “está” cansado.
EF8P-14-21

de leitura, pois auxilia o leitor a compreen-


der o texto. – Os romeiros, agradecidos, trazem flo-
Além de brincar com a intencionalida- res a Jesus.
de e a ironia, outro recurso comum para Verbo significativo: trazem
construir o humor nos textos é a criação de Sujeito: romeiros
estereótipos. Os estereótipos são imagens Predicativo: agradecidos
Língua Portuguesa \ Ser humano e sociedade 35

Verbo de ligação implícito: “estavam” Verbos impessoais


agradecidos.
Leia as orações.
DINGA / SHUTTERSTOCK

Entardece mais tarde no verão.


Faz muito frio no inverno.
Chove muito no verão.

Perceba que não é possível identificar as


pessoas ou o objeto sobre os quais as ora-
ções fazem uma afirmação, a quem elas se
referem, isto é: “quem entardece, quem faz
frio, quem chove”? Tais orações não fazem
Aprendeu a localizar o predicativo? referência a ninguém, pois se trata simples-
mente de fenômenos naturais.
2) predicativo do objeto – nas orações Quando o verbo não faz referência a
em que a característica (estado/qualida- nenhum sujeito, a nenhum ser específico,
de) não se referir ao sujeito, ela definirá o é considerado impessoal, isto é, não se re-
objeto (direto ou indireto); nesse caso, o fere a nenhuma pessoa.
verbo será significativo.

Exemplos:

MAUGLI / SHUTTERSTOCK
– A caminhada deixou os romeiros can-
sados.
Verbo transitivo direto: deixou
Objeto: os romeiros
Predicativo do objeto: cansados
Sujeito: a caminhada

– O poeta sonha com outra humanida-


de, mais evoluída.
Verbo transitivo indireto: sonhar
Objeto: com outra humanidade Faz muito calor no verão.
Predicativo do objeto: evoluída
Sujeito: o poeta Leia as orações que podem descrever
a foto.
Pode ocorrer tanto no Ocorre com a. Está entardecendo na praia.
verbo de b. Venta no alto do morro.
predicado nominal ligação (expresso c. Não há muitas pessoas à beira-
como no
verbo-nominal
ou não) ou verbo -mar.
significativo d. É uma tarde maravilhosa.
e. Faz um tempo agradável.
f. Quase não há pessoas no mar.
g. É possível que anoiteça logo.
predicativo h. Com certeza, em breve vai escu-
EF8P-14-21

expressa recer.
i. Por trás das montanhas, parece
característica,
qualidade ou haver uma bela paisagem.
estado do: Veja que todos esses verbos destaca-
sujeito objeto
dos não se referem a nenhum sujeito, fato
próprio dos chamados verbos impessoais.
36 Capítulo 4 – Predicação verbal e tópicos textuais \ Grupo 2

Atenção às características dos verbos


impessoais: Observe os exemplos:
• não têm sujeito; a. O pai trovejou com o filho. (su-
• são conjugados apenas na 3ª pes- jeito: o pai).
soa do singular, como em “Anoi- b. Choveram protestos contra a
tece”; exceto o verbo “ser” que, decisão do governo. (sujeito:
mesmo estando na terceira pessoa protestos).
do plural, ainda pode ser conside-
rado impessoal, como ocorre em:
“Seriam talvez dez horas”; 2) Os verbos “fazer”, “estar” e “ser”,
• em locuções verbais e em tem- quando se referem a qualquer fenômeno
pos compostos, os auxiliares se natural ou ao tempo.
“contaminam” com a impessoa-
lidade do verbo principal, como Exemplos:
em “deve haver muitas pessoas” a. Amigo, como está calor hoje!
(verbo auxiliar “deve” + verbo im- b. Costuma fazer verões incríveis em
pessoal “haver”). nossa cidade, não é?
c. É cedo!
Veja mais características dos verbos im- d. Já faz meia hora que estou aqui.
pessoais.
1) Exprimem fenômenos naturais. Veja que, nos exemplos acima, os ver-
bos "fazer", "estar" e "ser" não estão usa-
Exemplos: dos no sentido “comum”, mas referem-se
Entardecia quando o amigo chegou. a fenômenos naturais cuja ocorrência não
Já escurecia quando foi embora. é atribuída a nenhum sujeito.
Só então notei que trovejava. Os verbos impessoais, conjugados na
Iria chover, pois nuvens negras co- terceira pessoa do singular, “contaminam”
briam o céu. o seu auxiliar nas locuções e tempos com-
postos, isto é, transmitem essa impessoa-
Os verbos “entardecer”, “escurecer”, lidade para os auxiliares (“Costuma fazer
“trovejar” e “chover” dos exemplos cita- verões...”).
dos são todos característicos de fenôme-
nos naturais. Note que todos eles estão 3) Verbos auxiliares também se tornam
na terceira pessoa do singular e não se re- impessoais.
ferem ao sujeito da ação que expressam; • Vai fazer três semanas que che-
isso é próprio de verbos impessoais. guei.
As orações em que eles estiverem se- • Tem feito frio nos últimos dias.
rão sempre chamadas de orações sem • Já está fazendo dez anos que nos
sujeito. mudamos para cá.

Atenção Atenção
As palavras podem ser usadas em Quando o “haver” é o auxiliar de
sentido diferente do que consta no di- um verbo principal pessoal, ele deverá
cionário, isto é, podem ser usadas em ir para o plural, como ocorre em:
EF8P-14-21

seu sentido figurado, conotativo. Eles haviam chegado cedo.


Quando os verbos impessoais são Eles haviam discutido o problema
usados com sentido figurado, apre- há alguns anos.
sentam sujeito, deixando de ser im-
pessoais.
Língua Portuguesa \ Ser humano e sociedade 37

4) O verbo “haver”, com os significados Predicação verbal


de “existir” e “ocorrer” ou indicando tem- Predicação verbal é a força significativa
po decorrido. do verbo.
Quanto à predicação, os verbos podem
Exemplos: ser significativos (intransitivos e transiti-
a. Houve um sorriso amarelo por par- vos) e não significativos (verbos de liga-
te do dono da casa. ção, que não têm significado em si, apenas
b. Há tanto tempo não via o amigo! ligam ao sujeito as características que os
c. Havia uma bagunça total pela casa. acompanham).

Veja que, no primeiro exemplo, o verbo


"haver" possui o significado de ocorrer. É,
portanto, impessoal e torna a oração sem Mas era legal
sujeito.
No segundo exemplo, o verbo "haver"
está sendo usado com o sentido de tempo
já decorrido. Temos outra vez uma oração Verbo de Predicativo
ligação (característica)
sem sujeito, pois esse verbo com tal signi-
ficado é impessoal.
No terceiro exemplo, "haver" significa Os verbos significativos têm um senti-
existir. É igualmente impessoal, e a oração do em si, como “caminhar”, “sorrir”, “ver”
em que está não tem sujeito. etc. Eles são divididos em:
• intransitivos: têm o sentido com-
Outros exemplos: pleto em si, não necessitando
Não houve comunicação entre os ami- de complemento. Os verbos tra-
gos... dicionalmente considerados in-
haver = ocorrer, acontecer transitivos, isto é, que têm senti-
Há muito tempo não lia uma crônica do completo, são: nascer, morrer,
tão curta... sair, chorar, delirar, entre outros.
haver = tempo decorrido Assim, basta dizer: “Ele chorou”.
Houve paciência por parte do dono da
casa...
haver = existir Atenção
Há uma categoria especial de ver-
bos intransitivos que são completados
Atenção por circunstâncias. Essas circunstâncias
O verbo “existir” não é impessoal. são realizadas pelos adjuntos adverbiais.
Ele apresenta sujeito, diferentemente Veja:
do “haver”. Assim, quando se substi- Moro no Brasil.
tui “haver” por “existir”, o verbo con- Vou sempre a São Paulo, nas férias.
Note que “no Brasil” e “a São Paulo”
cordará com o sujeito.
indicam circunstâncias de lugar, por isso,
Houve problemas. Existiram pro- tais substantivos, aliados às respectivas
blemas. preposições, exercem a função sintática
Haverá mais crises. Existirão mais de adjunto adverbial de lugar.
crises.
EF8P-14-21

“Problemas e crises” são objetos


do verbo “haver”, mas sujeito do ver- • transitivos: precisam de um termo
bo “existir”! para completar seu sentido. São di-
vididos em:
a. transitivos diretos: ligam-se ao
complemento sem preposição.
38 Capítulo 4 – Predicação verbal e tópicos textuais \ Grupo 2

Observe: O verbo precisar exige a preposição de


para se ligar ao seu complemento: meio
“O homem não respeita o meio am- ambiente. Portanto, precisar é classificado
biente.” como transitivo indireto porque se liga ao
O verbo respeitar precisa de um ter- seu objeto com uma preposição.
mo para completar seu sentido, pois, se c. transitivos diretos e indiretos:
disséssemos apenas “o homem respeita”, possuem dois complementos, um
o sentido ficaria incompleto. O que o ho- sem auxílio de preposição e outro
mem respeita? “O meio ambiente”. Esses ligado ao verbo por meio de pre-
três termos constituem o complemento do posição.
verbo “respeitar” e se ligam a ele sem pre-
posição. Portanto, nessa oração, respeitar I. Já enviei o relatório ao setor res-
é classificado como transitivo direto por- ponsável.
que se liga ao seu objeto – complemento
– sem preposição. “Enviar” pede dois complementos, um
objeto direto, sem preposição (o relató-
b. transitivos indiretos: ligam-se ao rio), e um objeto indireto, com preposição
complemento por meio de pre- (a quem: ao setor responsável).
posição.
II. Encaminhei o e-mail para o Órgão
do Consumidor.
Veja: “Encaminhar” pede dois complemen-
tos, um objeto direto, sem preposição (o
“O homem precisa do meio ambiente e-mail), e um objeto indireto, com prepo-
para viver em sociedade.” sição (para o Órgão Consumidor).

Veja um esquema dos verbos bitransitivos:

PEDIA:

o quê? paz Objeto direto


(sem preposição)

a quem? a todos Objeto indireto


(com preposição)

Empresário DOA

o quê? alimento Objeto direto


(sem preposição)
EF8P-14-21

a quem? aos necessitados Objeto indireto


(com preposição)
Língua Portuguesa \ Ser humano e sociedade 39

Intransitivos: não possuem objeto, mas


não precisam de podem vir acompanhados
complemento de circunstâncias
Verbos
significativos
diretos:
sem preposição
Transitivos:
precisam de
indiretos:
complemento
com preposição
(objeto)
diretos e indiretos:
dois objetos, um sem
preposição e outro
preposicionado

Produção de texto Desfile (fora) de moda – você pode


Você já observou que a descrição pode torcer o nariz, mas em outros lugares
ser utilizada no cotidiano para os mais di- ela faz sucesso a DIETA... DE EN-
versos fins: desde o entretenimento até o GORDA
trabalho? Local : Mauritânia
Leia o texto com atenção e pense na Padrão: Obesidade
função da descrição. Neste país da África Ocidental,
Após a leitura e discussão do texto, pro- quilinhos a mais são sinal de status
duza o seu próprio texto descritivo. para a mulherada: indicam que elas
Quais países têm os padrões de não têm de trabalhar, porque o marido
beleza mais estranhos? é rico. Para se adequar, algumas me-
Depende do que você considera es- ninas são mandadas aos cinco anos a
tranho. Se, no Ocidente, estamos acos- campos de engorda, onde consomem
tumados a ver pessoas loiras e magras 16 mil calorias por dia! O menu inclui
nas revistas, em outras partes do mun- dois copos de manteiga e 20 litros de
do, a beleza pode ter a ver com peso, leite de camelo!
tatuagens e acessórios. "Os referenciais
de beleza estão ligados à visão de mun-
do de cada cultura. Como as socieda-
des são diferentes umas das outras, eles
também são", explica a antropóloga
LUCIAN COMAN / SHUTTERSTOCK

Mirela Berger, pós-doutoranda e pro-


fessora colaboradora da Unicamp. Mas,
vale lembrar: como a cultura é dinâmi-
ca, nada é para sempre. Gostos e hábi-
tos mudam. "Na sociedade ocidental
moderna, por exemplo, a facilidade de
EF8P-14-21

comunicação entre os povos favorece a


aculturação, que é quando um povo ab-
sorve um modelo cultural de outro", diz
a socióloga Flávia Mestriner Botelho,
mestranda em ciências da Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto da USP.
40 Capítulo 4 – Predicação verbal e tópicos textuais \ Grupo 2

Professor(a), explicar
aos alunos que o texto
Síndrome de girafa
Local: Mianmar

ELDAD YITZHAK / SHUTTERSTOCK


descreve o padrão de
beleza em diversos pa- Padrão: Longos pescoços
íses do mundo. Nele, Neste país asiático, as mulheres da tribo dos ka-
a descrição serve para renis são famosas por alongar o pescoço com anéis
transmitir informações de metal – eles forçam o ombro para baixo e dão a
de maneira clara e ob-
jetiva.
ilusão de que o pescoço é mais comprido. O ritu-
al, que é gradativo e começa aos cinco anos, está
caindo em desuso: sem as argolas, os músculos não
conseguem mais suportar a cabeça.
Boa parte das "pescoçudas" de hoje vive ile-
galmente em campos de refugiados na Tailândia,
onde atuam como "atração turística".

Napa à mostra
Local : Irã

OMER N RAJA / SHUTTERSTOCK


Padrão: nariz ocidental
Responda rapidamente: qual é o lugar onde
mais se faz plástica no nariz? Errou quem disse
Los Angeles ou alguma cidade brasileira. A cam-
peã é Teerã, no Irã. O nariz é estratégico para as
mulheres de lá porque é uma das poucas partes que
seus trajes e véus não escondem. A busca por um
look ocidentalizado também faz muito machão ira-
niano passar pelo bisturi.
A febre por um visual ocidental também se alas-
trou pela Coreia do Sul, onde cirurgias criam olhos
mais redondos e com a dobra da pálpebra. [...]
Disponível em: <mundoestranho.abril.com.br>. Fragmento.

GROENLÂNDIA
ALASCA (EUA) NORUEGA SUÉCIA
CANADÁ RÚSSIA
ALEMANHA
FRANÇA CAZAQUISTÃO MONGÓLIA
ESTADOS PORTUGAL ESPANHA TURQUIA JAPÃO
UNIDOS IRÃ CHINA
ARGÉLIA LÍBIA
MÉXICO EGITO ÍNDIA MIANMAR
MAURITÂNIA MALI NIGER
SUDÃO TAILÂNDIA VIETNÃ
OCEANO PACÍFICO VENEZUELA ETIÓPIA SOMÁLIA
COLÔMBIA CAMARÕES
EQUADOR GABÃO QUÊNIA
BRASIL TANZÂNIA
PERU ANGOLA
BOLIVIA MADAGASCAR
PARAGUAI NAMÍBIA AUSTRÁLIA
CHILE
URUGUAI ÁFRICA DO SUL
EF8P-14-21

ARGENTINA OCEANO ATLÂNTICO OCEANO ÍNDICO

0 1.000 2.000
Capítulo
Predicação verbal e tópicos textuais
4
Atividades 25 e 26 ● Descrição na música

LÍNGUA PORTUGUESA • GRUPO 2 •


SER HUMANO E SOCIEDADE
Exercícios de Aplicação
Leia um trecho da música “Pra te fazer 02) A respeito do assunto tratado na mú-
uma canção de amor “, de Leo Damásio. sica, está correto afirmar que o eu lírico:
a. faz um apelo para sua amada vol-
Pra te fazer tar para os seus braços.
uma canção de amor R: B b. fala como faz para se inspirar e es-
Deixar dormir crever uma canção de amor.
teu sorriso na memória c. tenta levar a vida mesmo longe da
amada, mas sofre muito.
entender nossos silêncios d. deseja viver em um lugar isolado,
sair de mãos dadas por aí sozinho, para escrever a canção.
E na tua ausência e. mostra sua tristeza por ter perdido
e na sua ausência sorrir a amada e escreve para homena-
geá-la.
pra te fazer uma canção de amor
pra te fazer uma canção de amor 03) Justifique sua resposta.
(...)
A letra revela que, para fazer uma canção de
Disponível em: <http://www. amor, o eu lírico precisa ficar com o sorriso
vagalume.com.br>. da amada na memória e, mesmo que ela es-
teja distante, deve ficar feliz, manter o sorri-
01) Analise as informações dadas a res- so. Precisa passear, contemplar a natureza,
peito da letra da música: assim conseguirá fazer uma canção de amor.
I. A música não faz uma descri-
ção típica, mas sim apresenta os
sentimentos e pensamentos do
eu lírico.
II. A música constitui um exemplo tí-
pico de descrição, pois o eu lírico
descreve como se sente.
III. A música constitui um exemplo de 04) Releia a primeira estrofe: “Pra te fazer /
narração, pois o personagem con- uma canção de amor/Deixar dormir /teu
ta como se escreve uma canção de sorriso na memória” e coloque V (verda-
amor. deiro) ou F (falso) para as informações:
IV. Por meio dos pensamentos e sen- I. A palavra “dormir” foi usada no
timentos do eu lírico, é possível seu sentido literal (denotativo).
construir uma imagem a seu res- II. A palavra “dormir” foi usada em
peito. sentido figurado (conotativo).
Estão corretas as afirmações feitas em: III. A primeira estrofe significa que é
a. I, apenas. necessário guardar na memória o
b. II, apenas. sorriso da pessoa que se ama.
EF8P-14-22

c. III, apenas. IV. A primeira estrofe afirma que é


d. IV, apenas. necessário deixar a pessoa amada
R: E e. I e IV. dormir e sorrir.
A música não é descritiva, mas, pelo que o autor
fala, pode-se construir uma imagem a seu respeito. R: I (F); II (V); III (V); IV (F)
42 Capítulo 4 – Predicação verbal e tópicos textuais \ Grupo 2

05) Como você interpreta o verso: “en- 06) Com base nas ações e nos pensamen-
tender nossos silêncios”? tos do eu lírico, é possível construir uma
imagem a seu respeito, ou seja, descrevê-
Resposta pessoal.
lo? Que imagem dele a música transmite?
A música permite imaginar que o eu lírico é
uma pessoa tranquila, calma, que gosta do
contato com a natureza e, sobretudo, preza
o romantismo.

Exercícios Propostos
Leia a informação.

07) Para escrever uma música considera-


da descritiva, os compositores inspiram-se
em diferentes sons, seres ou ambientes
naturais, como o som dos pássaros, o ba-
rulho do vento, do trovão etc. Assim, são
capazes de levar o leitor a criar imagens
mentais. Com base nessas informações,
faça o que se pede.
a. Com a orientação de seu profes-
sor, pesquise a música “As quatro
estações”, de Vivaldi, ouça-a em
um ambiente tranquilo e escreva
as sensações que teve ao ouvi-la.

Resposta pessoal.
EF8P-14-22
Língua Portuguesa \ Ser humano e sociedade 43

Professor(a), o im-
b. Escreva um texto descritivo de 08) Pesquise uma letra de música que portante é ler os vários
acordo com o que sentiu ao ouvir faça uma descrição objetiva e clara e copie textos produzidos pelos
a música “As quatro estações”, de a letra para levar à sala de aula e discuti- alunos e mostrar a eles
Vivaldi. la com o(a) professor(a) e com os demais que, provavelmente,
alunos. cada um lembrou-se
Professor(a), verificar se os alunos trouxe- de um fato: casamento,
Resposta pessoal. ram músicas de fato descritivas. natureza, tranquilida-
de etc. Dessa maneira,
como cada um produziu
Resposta pessoal. um texto descritivo com
base nas próprias sen-
sações, trata-se de uma
descrição subjetiva.

c. Agora, faça uma imagem com base


na música.

Atividade 27 ● Coerência textual


Exercícios de Aplicação
Leia com atenção a charge a seguir para 01) Outro gênero textual que demonstra
responder às questões de 1 a 6. a importância do conhecimento de mundo
para atribuição da coerência é a charge.
JUSTO QUEM TÁ
Isso ocorre porque, normalmente, as char-
DESDE QUANDO
AMIJUBI, FULECO OU RECLAMANDO! ges fazem referência irônica ou satírica a
ZUZECA SÃO NOMES? algum fato social em destaque no momen-
to em que o cartunista escreve, estando,
SAULO MICHELIN

portanto, ligada a uma época específica.


Com base nesses dados e em seu co-
nhecimento de mundo, analise as informa-
ções a seguir a respeito da charge.
EF8P-14-22

I. A charge assemelha-se a uma fá-


bula, pois apresenta animais con-
versando para transmitir uma mo-
ral: as crianças não devem discutir
nomes.
44 Capítulo 4 – Predicação verbal e tópicos textuais \ Grupo 2

II. Essa charge, diferentemente das R: A a. O autor satiriza a escolha do nome


outras, não faz referência a ne- da bola e do mascote do Campeo-
nhum episódio social; apenas mos- nato Mundial de Futebol, demons-
tra duas personagens discutindo trando sua opinião a respeito.
nomes estranhos. b. O autor é imparcial, mostrando
III. Essa charge refere-se à escolha dos apenas que algumas pessoas não
nomes oficiais do mascote e da gostaram da escolha do nome da
bola do Campeonato Mundial de bola.
futebol. c. O autor apenas relata a história do
nome da bola e do mascote para
Estão corretas as afirmações feitas em: que os leitores do jornal possam
a. I, apenas. opinar sobre a escolha.
b. II, apenas. d. O autor apenas informa o nome da
R: C c. III, apenas. bola e do mascote para que os leito-
d. I e II. res do jornal possam conhecê-los.
e. I e III. e. O autor revela a opinião de muitos
Tanto o nome do mascote quanto o nome brasileiros, que ficaram insatisfei-
da bola do Campeonato Mundial a ser reali- tos com a escolha do nome da bola
zado em 2014 estão gerando polêmica. e do mascote.
O autor satiriza a escolha dos nomes, tanto
da bola como do mascote, revelando, por-
02) Explique a importância do “conhe- tanto, sua opinião. Segundo o autor, tanto o
cimento de mundo” para atribuição da nome da bola como o do mascote não estão
adequados, pois a bola critica os nomes do
coerência. tatu (mascote) e este, por sua vez, revela in-
Se não souber que o mascote do satisfação: “justo quem tá reclamando” com
campeonato Mundial de Futebol a ser rea- o nome da bola.
lizado no Brasil é o tatu-bola e que a bola
recebeu um nome que gerou polêmica no 04) Leia os significados de “Brazuca”: 1.
momento da escolha, o leitor não entende- expressão usada para se referir aos bra-
rá a crítica feita na charge, isto é, não atri- sileiros, às pessoas nascidas no Brasil; 2.
buirá coerência a ela. termo informal, utilizado pelos brasileiros
para descrever o orgulho nacional pelo
estilo de vida do país. Simboliza emoção,
orgulho e boa vontade. Por que você acre-
dita que a escolha do nome para a bola ge-
rou polêmica?
A polêmica decorre do fato de “Brazu-
ca” ser escrito com “z”, pois, já que se
refere ao brasileiro, ao orgulho nacio-
nal, a palavra deveria ser escrita com "s",
como em Brasil, e não com “z”, como se es-
creve em inglês.

03) Reconhecer a intencionalidade de um


texto também constitui importante fator de
EF8P-14-22

coerência e, para tanto, é necessário reco-


nhecer as características do tipo e do gênero.
Com base nesses dados, assinale a al-
ternativa que aponta a verdadeira inten-
ção do autor da charge:
Língua Portuguesa \ Ser humano e sociedade 45

05) Analise as informações a seguir e jul- é adequada a situações informais,


gue se são verdadeiras (V) ou falsas (F). como a que foi retratada na charge.
I. O termo “Brazuca” gerou polêmica b. As personagens utilizam a norma-
porque os brasileiros não têm orgu- -padrão ou formal, que é adequa-
lho da pátria, e sim preferem os EUA. da a situações formais, como a re-
II. Como o termo “Brazuca” se refere tratada na charge.
ao orgulho de ser brasileiro, deve- c. As personagens da charge utilizam
ria ser escrito com -s e não com -z, a norma coloquial ou informal,
como se escreve “Brasil” em inglês. que, mesmo em situações infor-
III. As cores vermelha e azul, na bola, mais, é inadequada.
demonstram a influência cultural d. As personagens da charge utilizam
dos EUA sobre o Brasil. a norma-padrão ou formal, que é
IV. A polêmica não faz sentido algum, adequada a todas as situações, até
pois, em português, a letra sempre mesmo às mais informais.
representa o som e “Brazuca” tem e. A bola representada na charge
som de “z” e não de “s”. utiliza a norma-padrão, que é ade-
R: I(F) ; II(V); III(V); IV(F) quada a situações formais, como
06) Assinale a alternativa que analisa cor- a charge retrata, já o tatu usa a in-
retamente a linguagem usada na charge. formal para simbolizar as pessoas
R: A a. As personagens da charge utilizam que não têm escolaridade.
a norma coloquial ou informal, que

Exercícios Propostos
07) Para haver coerência, só não é 08) Explique a incoerência (falta de sen-
necessário(a): tido) da frase: “A educação é o maior pro-
a. harmonia de sentido de modo a blema do Brasil”.
não ter nada ilógico, nada desco-
nexo. A incoerência ocorre porque há contradição,
b. relação entre as partes do texto, falta de senso, já que a educação não é um
criando unidade de sentido. problema para o país, mas sim a solução. Ela
c. que as partes estejam inter-rela- minimiza problemas como desigualdade so-
cial, saúde pública, criminalidade etc.
cionadas.
d. desenvolver ideias de uma forma
lógica, sem contradições.
R: E e. haver intertextualidade obrigato-
riamente.
Frisar para os alunos que a intertextuali-
EF8P-14-22

dade é um fator para atribuir coerência ao


texto, isto é, dar sentido às ideias. Isso não
significa que todo o texto, para ser coeren-
te, precisa de intertextualidade.
46 Capítulo 4 – Predicação verbal e tópicos textuais \ Grupo 2

09) Especifique as incoerências das frases c. A escala de alerta à poluição pos-


que seguem. sui quatro níveis, sendo o amare-
a. A ONU apresentou hoje a primeira lo o segundo menos importante.
universidade global com matrícula Ontem, a prefeitura estabeleceu o
gratuita, assim pretende impulsio- alerta amarelo – o nível intermediário
nar o acesso à educação superior de uma escala de três – para a ci-
dos estudantes das regiões menos dade.
desenvolvidas do mundo. Os estu- Falta de sentido: a escala não pode ser de
dantes apenas gastarão com a ma- três e quatro níveis simultaneamente.
trícula.

Contradição: se a matrícula é gratuita,


como os estudantes terão de pagá-la?

10) A incoerência também pode ser cau-


sada pelo contexto. Assim, quando alguém
está em um contexto informal, entre ami-
gos, e utiliza uma linguagem muito formal,
está sendo incoerente com o contexto,
com a situação. Reescreva a frase tornan-
do-a coerente ao contexto: “Por obséquio,
senhor garçom, traga-me um refrigerante
a temperatura de 5 0C”.
b. A gripe suína já se alastrou além O aluno deve perceber que, em restauran-
do continente americano. O Reino tes ou bares, com amigos ou familiares,
Unido, o Japão e a Austrália, além pode-se usar uma linguagem mais próxima
do Chile, na América do Sul, já de- do cotidiano, pois nem sempre o formalis-
tectaram casos da doença. mo é adequado a essas situações. Sugestão:
por favor, garçom, me traga um refrigerante
Falta de conhecimento de mundo: a Améri- gelado.
ca do Sul não está situada fora do continen-
te americano.

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Língua Portuguesa \ Ser humano e sociedade 47

Atividade 28 ● Elementos de coerência


Exercícios de Aplicação

Sem o conhecimento da “Canção do 03) Sabendo que as interjeições demons-


exílio” original, de Gonçalves Dias, fica- tram sentimentos, quais são os sentidos
ria mais difícil compreender, atribuir co- de “ah!” e “bah!” no poema?
erência ao texto reproduzido a seguir, de
“Ah!” representa um suspiro de saudade, de
Beatriz Gameiro. Porém, com esse conhe- alegria quando o eu lírico pensa num país
cimento prévio, a coerência é facilmente ideal; já “bah” representa um sentimento
estabelecida. ruim, quando se pensa nos aspectos nega-
tivos do Brasil.
Canção do exílio invertida

Aqui?
Bah!

Mensalão...
Queimada...
Lixo...
Insegurança...
Falta de educação...

Lá?
Ah!

01) Explique por que essa canção do exí-


lio é invertida.

A versão do autor é invertida porque, ao in-


vés de exaltar as características da pátria, o
autor enfatiza os aspectos negativos. 04) Indique o que cada substantivo do
poema simboliza.
• Mensalão: corrupção

02) Os advérbios “aqui” e “lá” represen- • Queimada: desmatamento


tam quais lugares?
• Lixo: falta de investimento
em reciclagem
“Aqui” representa o Brasil, país ainda em
desenvolvimento que não recicla seu lixo,
que não tem uma educação fundamental
de qualidade, onde há muita corrupção etc. • Insegurança: violência, roubos,
“Lá” pode referir-se a algum país de primei- mortes, falta de políticas de segurança
ro mundo, onde a corrupção é menor e o
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governo realmente investe na sociedade e


no ambiente. • Falta de educação:
qualidade do ensino público brasi-
leiro, principalmente na educação
fundamental.
48 Capítulo 4 – Predicação verbal e tópicos textuais \ Grupo 2

Exercícios Propostos

05) O humor da piada a seguir explora jus- b. Ele estudava.


tamente a falta de coerência. Explique-a. Ele apresentava melhor desempe-
– Eu gosto tanto de frango, mas te- nho nos concursos.(relação de pro-
nho medo de gripe aviária. porção)
– Ah, mas só dá na Ásia, respon- Quanto mais ele estudava, melhor desem-
deram. penho apresentava nos concursos.
– Justo na parte de que eu mais gosto?
Folha de S.Paulo, 18 mar. 2006.
O humor decorre da má interpretação de
um dos interlocutores, pois, ao invés de
entender “Ásia”, ele compreendeu “asa”, e
também da falta de conhecimento de mun-
do ao afirmar que a gripe "só dá na Ásia".

c. Meus amigos vieram conhecer meu


filho.
06) Transforme os períodos simples em Cheguei da maternidade.
compostos, estabelecendo a relação de (relação de tempo)
sentido entre parênteses. Faça as altera-
ções necessárias. Meus amigos vieram conhecer meu fi-
lho assim que (logo que, quando) che-
a. Resolvemos economizar. guei da maternidade.
Queremos trocar de carro.
1º (sentido de explicação)
2º (sentido de finalidade)

Resolvemos economizar, pois queremos tro-


car de carro.
Resolvemos economizar para trocar de carro.
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Língua Portuguesa \ Ser humano e sociedade 49

Atividade 29 ● Intencionalidade discursiva


Exercícios de Aplicação

Leia o texto com atenção. 02) Como a senhora interpretou a fala do


O mendigo se aproxima de uma mendigo?
madame, cheia de sacolas de compras,
no centro da cidade e diz: A senhora achou que ele estivesse fazendo
— Senhora, estou sem comer faz regime, isto é, que estivesse sem comer por
quatro dias… vontade própria.
— Meu Deus! Gostaria de ter sua
força de vontade!
Disponível em: <http://piadasengracadas.net/
piada/44/mendigo-faminto/>.
Acesso em: 18 out. 2009.

01) Explique a intencionalidade da fala do


mendigo.
O mendigo queria, na verdade, pedir comida.

03) Assinale a alternativa incorreta.


a. A intencionalidade discursiva ocorre em todas as situações de comunicação, pois
sempre há uma intenção, clara ou subentendida.
R: B b. A maneira como nos expressamos revela exatamente o que queremos dizer ou
saber, sempre.
c. Quando alguém diz “Tem horas?”, na verdade, sua intenção é perguntar: “Que
horas são?”
d. Em algumas situações, as pessoas entendem o que dizemos ou escrevemos de
maneira diferente do que era o nosso objetivo.
e. A intencionalidade está ligada tanto à capacidade de quem fala de se expressar
claramente como também à disposição e conhecimento do receptor.
Nem sempre o que falamos ou escrevemos é interpretado corretamente, porque nem sempre fala-
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mos aquilo que queremos expressar.


50 Capítulo 4 – Predicação verbal e tópicos textuais \ Grupo 2

Exercícios Propostos
04) O eufemismo, figura de linguagem 05) Os ditados populares também trazem
em que se suaviza uma expressão desa- intenções implícitas; assim, especifique a
gradável, mostra que devemos perceber a intencionalidade do provérbio: “Água mole
intencionalidade discursiva para interpre- em pedra dura tanto bate até que fura”.
tar o texto corretamente. Assim, explique
o eufemismo em: “Ele partiu desta para Quem persiste consegue alcançar seu ob-
melhor”. jetivo.

A intencionalidade é dizer que “ele faleceu,


morreu, foi para um lugar melhor”.

06) Invente ou conte uma piada que mos-


tre a intencionalidade discursiva. Explique-a
Resposta pessoal

Atividades 30 e 31 ● Predicativo
Exercícios de Aplicação
Leia a tira.
FENANDO GONZALES

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Língua Portuguesa \ Ser humano e sociedade 51

01) Por que os alunos acham que a histó- 03) Assinale a alternativa correta.
ria contada pelo professor está cheirando a. Só há predicativo do sujeito em ora-
lavagem cerebral? ções em que há verbo de ligação.
Porque são formigas e estão sendo ensina- b. O predicativo do sujeito só ocorre
das a trabalhar. O professor conta a história em orações em que há verbos sig-
para convencê-las de que trabalhar é melhor, nificativos.
visto que a cigarra ficou infeliz, por isso pa- c. Os verbos de ligação não podem
rece-lhes uma lavagem cerebral. ser usados como significativos.
R: D d. O predicativo do sujeito pode ter
um núcleo.
e. Com os verbos significativos, nun-
ca ocorre o predicativo do objeto.
02) Identifique o verbo, o sujeito e os pre-
dicativos, quando houver, das orações pre- 04) Identifique e classifique os predica-
sentes na tirinha. dos das orações seguintes. Identifique
também o núcleo de cada predicado.
1ª oração: A formiga que trabalhou a. Os gigantes sobrevivem.
Sujeito: A formiga
Predicado verbal: trabalhou (verbo de ação)
Predicado verbal: sobrevivem
2ª oração: ficou feliz/sujeito elíptico: A for- Núcleo: sobrevivem (verbo intransitivo)
miga que trabalhou
Predicado nominal: Ficou feliz (verbo ficar:
verbo de ligação) b. Os gigantes sobrevivem entusias-
Predicativo do sujeito: feliz mados.
3ª oração: E a cigarra ficou infeliz.
Sujeito: A cigarra
Predicativo do sujeito: infeliz Predicado verbo-nominal: sobrevivem entu-
Verbo de ligação: ficou siasmados
Núcleos: sobrevivem (verbo intransitivo) e
4ª oração: Gostaram? entusiasmados (predicativo do sujeito)
Predicado verbal: gostaram
Sujeito elíptico ou desinencial: vocês

5ª oração: Isso está me cheirando lavagem


cerebral.
Sujeito simples: isso c. Os gigantes viram atração do circo.
Predicado verbal: está me cheirando lava-
gem cerebral.
Predicado nominal: viram atração do circo
Núcleo: atração
Predicativo do sujeito: atração do circo

d. Um gesto diz muito sobre você.


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Predicado verbal: diz muito sobre você


Núcleo: diz
52 Capítulo 4 – Predicação verbal e tópicos textuais \ Grupo 2

e. A elegância é a soma de pequenos gestos.


Predicado nominal: é a soma de pequenos gestos
Núcleo : soma
Predicativo do sujeito: a soma de pequenos gestos

Exercícios Propostos

05) Faça como no modelo. 07) Coloque 1 nos predicados verbais e 2


nos predicados nominais.
As flores são belas. ( 2 ) O Sol é um falso touro espanhol
Predicado nominal: são belas domado.
Predicativo do sujeito: belas ( 1 ) Outros planetas restam para ou-
Verbo de ligação: são tras colônias.
( 2 ) O homem estará equipado para tal
a. O dia está frio. viagem?
( 1 ) Ele inventa uma roupa insiderável.
Predicado nominal: está frio
Predicativo do sujeito: frio ( 2 ) Suas próprias entranhas são explo-
Verbo de ligação: está radas.

08) Pesquise, em revistas, jornais ou na


b. O carro e o ônibus são rápidos. Internet, exemplos de predicados verbo-
Predicado nominal: são rápidos nominais.
Predicativo do sujeito: rápidos
Verbo de ligação: são Professor(a), corrigir as respostas dos alu-
nos de acordo com a teoria apresentada.

c. A passageira parecia desconfiada.


Predicado nominal: parecia desconfiada
Predicativo do sujeito: desconfiada
Verbo de ligação: parecia

06) Assinale a alternativa correta sobre


esta oração: “Mas esse Scrooge era um
mão-fechada”.
a. O verbo “era” é significativo. O pre-
dicado é verbal.
R: B b. O verbo “era” é de ligação. O predi-
cado é nominal.
c. O verbo “era” é de ligação. O predi-
cado é verbo-nominal.
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d. O termo “mão-fechada” funciona


como complemento nominal.
e. O termo “mão-fechada” funciona
como sujeito.
"mão-fechada" é predicativo do sujeito
Língua Portuguesa \ Ser humano e sociedade 53

Atividade 32 ● Verbos impessoais


Exercícios de Aplicação

01) Assinale as alternativas que apresentam e. No quarto, havia várias fotos de


verbos no sentido figurado e que têm sujeito. nossa infância.
a. O policial trovejou contra o bandi- No quarto, existiam várias fotos de nossa
do, só assim ele se acalmou. infância.
b. Durante a tempestade, trovejou
muito. f. Ainda haverá guerras.
c. Choveu dias e noites na fazenda. Ainda existirão guerras.
d. Choviam insultos entre os candi-
datos.
e. Choveram aplausos após o térmi- 03) Atenção: quando o verbo “haver”
no da apresentação. está em uma locução e o verbo principal
f. Naquele dia, relampejou demais. não é impessoal, ele deverá ir para o plu-
g. Nos tiroteios nas favelas do Rio de ral, a fim de concordar com o sujeito, como
Janeiro, chovem balas. em: “Haviam saído para o trabalho.” Cons-
R: A–D–E–G trua três frases em que o verbo haver seja
02) O verbo “haver” é impessoal quan- auxiliar de um verbo pessoal.
do indica existência, mas o verbo “existir” “Haviam caminhado horas e não encontra-
não é considerado impessoal. Substitua o vam a saída”; “Haviam falado sobre o assun-
verbo “haver” por “existir” e faça as alte- to várias vezes”. Professor(a), desde que o
rações necessárias. aluno use um verbo que não seja impessoal
a. Há esperanças de um mundo me- como principal, deverá colocar o haver no
plural.
lhor.
Ao substituir haver por existir, o verbo deve
ir para o plural, pois apresenta sujeito, dife-
rentemente de haver:
Existem esperanças.

b. Ainda há pessoas boas no mundo.


Ainda existem pessoas boas no mundo.

c. Pode haver recursos mais baratos.


Podem existir recursos mais baratos.
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d. Havia mais estrelas no céu de anti-


gamente.
Existiam mais estrelas no céu de antigamente.
54 Capítulo 4 – Predicação verbal e tópicos textuais \ Grupo 2

Exercícios Propostos
04) Coloque os verbos “haver” ou “exis- 05) Preencha os espaços com verbos im-
tir” no lugar do *. pessoais, cujo sentido esteja de acordo
a. * muitas pessoas ilustres na aber- com cada oração a seguir.
tura da Rio+20. a. Não ____ há dinheiro para a presta-
Há/Existem (atenção, mesmo que o aluno ção da televisão.
use outros tempos, deve-se observar a con- b. Já ____
era hora do banho matinal.
cordância: Havia/Existiam) pessoas ilustres c. ______
Fazia dias que essa prestação os
na abertura da Rio+20. preocupava.
d. Fariam de conta que não ________
havia
ninguém em casa.
e. Ainda _____
era muito cedo.
f. _______
Ventou fortemente e a porta fe-
chou-se.
b. Eles * viajado de barco pelo mundo. g. O homem nu afligiu-se e parecia
Eles haviam viajado de barco pelo mundo.
ter ________
chovido na sua cabeça, tal era
o suor.
h. Dentro do elevador, ainda _______havia
em seu íntimo a esperança de não
ser isto.
c. * bons alunos na escola. i. ________
Fazia calor dentro do elevador.
Há/havia (existem/existiam) bons alunos na j. A essas alturas, já __________
deviam ser
escola. umas nove horas.
k. ______
Faz muitos anos que Sabino
escreveu essa crônica.
l. _________
Deve fazer cinquenta anos que Sa-
bino escreveu "O homem nu".
d. * dias não tenho notícia deles.

SHUTTERSTOCK
Há dias não tenho notícia deles.

PICTUREGUY /
e. * muitos lugares na primeira fileira
do teatro. Casa da fazenda
Há muitos lugares na primeira fileira do tea-
tro. 06) Observe a imagem. Você já conhece
Existem muitos lugares na primeira fila do os verbos impessoais. Escolha, entre eles,
teatro. os que se adaptam a cada trecho.
a. Há
_____ uma casa de fazenda com
telhado envelhecido.
KAMIRA / SHUTTERSTO C K

b. Que chão seco no terreiro!


___________
Parece fazer muito calor ali.
c. __________
Vai chover mais tarde?
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d. __________________________na
Está amanhecendo ou amanheceu
fazenda.
e. ________
Venta um pouco hoje.
f. Quase nunca _____
faz frio.
Verbo haver com sentido de existir é g. __________________
Deve haver/ há outras casas
impessoal, isto é, a oração não tem sujeito. nas redondezas.
Língua Portuguesa \ Ser humano e sociedade 55

07) Procure, em revistas e jornais, seis frases com verbos impessoais e leve-as à sala de aula.
Faça uma relação dos verbos impessoais que você encontrou.

Professor(a), verificar se os exemplos são do verbo “haver” indicando existência ou tempo; se são
de verbos que indicam fenômeno da natureza ou se são do verbo “fazer” indicando tempo, entre
outros.

Atividades 33 e 34 ● Predicação verbal (I)


Exercícios de Aplicação
Leia a tirinha para responder às questões.

© 2012 KING FEATURES SYNDICATE / IPRESS

01) Explique o humor da tirinha, pois ele é construído a partir de um estereótipo. Explique.
Hagar detesta fazer compras, como muitos homens, portanto, em vez de dar uma pena tradicional,
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condená-lo à prisão, por exemplo, ele terá de fazer compras com a mulher. Os estereótipos são: mu-
lher gasta e demora demais fazendo compras, adora comprar. Homem não gosta de lojas etc.
56 Capítulo 4 – Predicação verbal e tópicos textuais \ Grupo 2

02) Explique a importância dos comple- b. Anunciar:


mentos verbais para o sentido da tirinha. Anunciar: VTD, “o veredicto de seu caso”:
OD
Se os complementos fossem omitidos, a tiri-
nha ficaria sem sentido: “dê”o que, anunciar c. Pilhar:
o quê...planejei sentenciar quem... etc. Pilhar: VTD, “lojas locais de departamen-
to”: OD

d. Planejei sentenciá-lo:
Locução verbal: planejei sentenciá-: VTD,
“lo”: OD

e. Vá fazer:
Locução verbal: Vá fazer: VTD,
“efeito”: OD
03) Classifique os verbos a seguir da ti-
rinha em transitivos diretos, indiretos, bi- 04) Na linguagem informal, como as pes-
transitivos ou intransitivos e seus respec- soas diriam: “eu o sentencio”.
tivos objetos. Utilize as siglas: VTD, VTI,
VTDI, VI, OD, OI. Eu sentencio ele.
a. Dê:
Dê: VTD, “um passo”: OD

Exercícios Propostos

05) Encontre o verbo e seus complemen- c. Diminuição de juros acelera com-


tos; verifique se os verbos se ligam ao com- pras parceladas
plemento com ou sem preposição, isto é, acelera: VTD – compras parceladas: comple-
se são transitivos diretos ou indiretos. mento do verbo (OD)
a. O encontro Rio+20 recebeu repre-
sentantes de vários países.
recebeu: VTD – representantes de vários paí-
ses: complemento do verbo (OD) d. Os verbos transitivos diretos pedem
complemento sem preposição.
pedem: VTD – complemento sem preposi-
ção: complemento do verbo (OD)

b. Ele sempre implica com meu jeito.


e. O presidente limitou-se ao seu dis-
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implica: VTI – com meu jeito – complemen- curso.


to do verbo (OI) limitou-se (VTI) – ao seu discurso – comple-
mento do verbo (OI)
Língua Portuguesa \ Ser humano e sociedade 57

06) Em relação à predicação das orações, 07) Corrija as demais alternativas do


os verbos podem ser de ligação – não têm exercício anterior.
carga significativa – e significativos – tran-
a) VTD
sitivos e intransitivos. Assinale a alterna- b) VTD
tiva que apresenta a correta classificação c) VTDI
das formas verbais destacadas na oração. d) VTD
a. Façam a tarefa. – verbo intransitivo e) VL
b. Minha casa tinha um imenso quin-
tal. – verbo intransitivo
R: C c. Entreguei-lhe o caderno. – verbo
bitransitivo
d. Ele o recebeu com alegria. – verbo
de ligação
e. Escrever é simples. – verbo transi-
tivo
Frisar aos alunos que o verbo entregar é
bitransitivo, por isso exige objetos direto e
indireto.

Atividade 35 ● Predicação verbal (II)


Exercícios de Aplicação
Professor(a), se hou-
ver tempo e disponi-
Leia o texto “Robô fantasiado” para bilidade, os exercícios
responder às questões. podem ser feitos em
A Mitsubishi desenvolveu um grupo. Aproveitar para
robô com camuflagem. É claro que ti- sistematizar o conceito
ao corrigir as respostas.
nha que ser em Hiroshima, no Japão!
ADRIAN DENNIS / AFP
Bem, mas o que interessa é o robô!
Ele tem a forma de um peixe (cha-
mado aqui de vermelho-Henrique)
e consegue nadar por até 1 hora e
meia a uma velocidade de 15 metros
por minuto, movido a bateria. Mede
60 centímetros e pesa 2,6 quilos. O
corpo do peixe e as escamas são de
silicone. Não se trata de um brinque-
do, mas sim de um robô espião, por-
que, pelos seus olhos, duas câmeras
de vídeo captam imagens embaixo Este não é o robô japonês, mas uma nova
d'água. A empresa só não explicou a versão desenvolvida por cientistas britânicos.
aplicação comercial do protótipo – ou
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a quem quer enganar com o perfeito


disfarce de silicone.
Época
58 Capítulo 4 – Predicação verbal e tópicos textuais \ Grupo 2

Leia a diferença entre notícia e repor- a. desenvolveu:


tagem. desenvolveu: VTD (complemento: OD, um
Notícia: relata um fato de maneira ob- robô)
jetiva e clara, sem apresentar muitos de-
talhes.
Reportagem: apresenta um fato ou as-
sunto de maneira detalhada, pode apre- b. tem:
sentar opinião de especialistas, depoimen-
to de envolvidos, dados de pesquisa, entre tem: VTD (complemento: OD, a forma de
um peixe)
outros recursos que detalhem o texto.

01) Com base na definição, “Robô fanta-


siado” deve ser considerado uma notícia c. consegue nadar:
ou reportagem?
O texto apresenta a notícia do novo robô, consegue nadar: locução verbal, VI (o senti-
elaborado no Japão, de maneira clara, ob- do é do verbo principal “nadar”)
jetiva e imparcial; não traz muitos detalhes,
opiniões de especialistas etc. Apenas relata
o fato, portanto é uma notícia. d. mede:

mede: VTD (OD: 60 centímetros)

e. captam:
captam: VTD (OD: imagens)
02) Há algum trecho em que o autor de-
monstra sua opinião? Especifique-o.
Há dois, os trechos são: "É claro que tinha f. explicou:
que ser em Hiroshima, no Japão!" (opinião
implícita: país da tecnologia). “A empresa só explicou: VTD (OD: a aplicação comercial do
não explicou a aplicação comercial do pro- protótipo)
tótipo — ou a quem quer enganar com o
perfeito disfarce de silicone”. (opinião: autor
acha que o protótipo pode ser espião etc.)
g. quer enganar:

quer enganar: VTD (OD: quem) quer enga-


nar alguém...

h. são:
são: VL (predicativo: de silicone)
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03) Com base nas orações do texto, clas- 04) Observe que os verbos mudam até de
sifique os verbos abaixo em VI: verbo in- sentido quando mudam a transitividade,
transitivo; VTD: verbo transitivo direto; um mesmo verbo pode ser transitivo ou
VTDI: verbo transitivo direto e indireto e intransitivo, dependendo da oração. Clas-
VL: verbo de ligação. sifique os verbos em transitivos (VT) ou in-
Língua Portuguesa \ Ser humano e sociedade 59

transitivos (VI), usando as siglas, e indique f. Transmita meus cumprimentos a


um sinônimo para eles. toda a família.
a. Quem está falando?
Quem está falando? Locução verbal (consi- Transmita meus cumprimentos a toda a fa-
derar sempre o verbo principal, o segundo mília. VTDI/ comunicar.
verbo) / conversando

g. Ele está sempre cantando.


b. Não nos falaram a verdade. Ele está sempre cantando. VI / cantarolar,
Não nos falaram a verdade. VTD /contaram formar sons com a voz.

h. É um poema que canta as glórias


passadas do povo português.
É um poema que canta as glórias passadas
c. Vários alunos faltaram hoje. do povo português. VTD / exaltam.
Vários alunos faltaram hoje. VI / estão au-
sentes, se ausentaram, não compareceram

i. Não tinha coragem de cantar aos


presentes.
d. Faltou-me determinação hoje. Não tinha coragem de cantar aos presen-
Faltou-me determinação hoje. VTDI / não tes: VI/o ato de cantar.
dispor do que é preciso.

j. Cantou suas mágoas a todos que o


e. Certos mosquitos transmitem ouviam.
doenças.
Cantou suas mágoas a todos que o ou-
Certos mosquitos transmitem doenças. viam. VTDI cantou/ OD: mágoas/ a quem:
VTD/ propagam. VTDI: a todos que o ouviam: VI/ expôs.

Exercícios Propostos

05) Os aviões voam muito alto. O verbo 06) O governo ficou contente com o re-
grifado é: sultado da queda dos juros. O verbo grifa-
a. verbo de ligação. do é:
b. verbo transitivo direto. R: A a. verbo de ligação.
c. verbo transitivo indireto. b. verbo transitivo direto.
R: D d. verbo intransitivo. c. verbo transitivo indireto.
e. verbo bitransitivo. d. verbo intransitivo.
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e. verbo bitransitivo.
Prezado(a) professor(a), ao corrigir os exer-
cícios, justificar os motivos que tornam as
demais alternativas incorretas.
60 Capítulo 4 – Predicação verbal e tópicos textuais \ Grupo 2

07) Assinale a opção correta quanto à c. "As máquinas removeram os es-


predicação atribuída ao verbo sublinhado combros rapidamente" – transitivo
na passagem do texto. direto e indireto
a. "A casa fica numa planície coberta d. "Só comparo chocolate a outro
de verde!" – ligação doce" – intransitivo
b. "Aqui não há trabalho." – intransi- R: E e. "As plantas estavam em torno da
tivo casa" – intransitivo

Atividade 36 ● Produção de texto


Exercícios de Aplicação

Quais lugares têm padrões de beleza para baixo a fim de dar a ilusão de
esquisitos? que o pescoço é mais comprido. A
sessão tortura também começa cedo
Essa pergunta é muito relativa, por lá, desde os cinco anos, as me-
pois depende do que é esquisito ninas já colocam as argolas no pes-
para você. Essa questão está rela- coço! Mas, graças a Deus, esse ritual
cionada à nossa cultura e à visão de está caminhando para o desuso, pois
mundo. Por exemplo, para minha se retirarem as argolas, os músculos
mãe, que é mais conservadora, um não conseguem mais suportar a cabe-
piercing é esquisito, mas para mim ça. Dá para imaginar?
não! Irã: padrão de beleza – nariz oci-
Aqui no Ocidente, o padrão de be- dental
leza com o qual estamos acostumados Nesse país, a moda é ter “nariz oci-
é de mulheres loiras, magras, altas, dental”, portanto o índice de plásticas
cabelos lisos... Mas devemos destacar no nariz em Teerã é altíssimo! Essa
que, como tudo muda, os padrões de moda tem a ver com a cultura, pois a
beleza também podem ser alterados... burca, veste que mostra poucas partes
Quem sabe daqui a alguns anos não do rosto, permite enxergar o nariz da
seja moda a celulite? mulher!
Para mostrar como gosto não se
discute, listamos a seguir o que é moda Julia Moioli
em alguns países, veja: Disponível em: <http://mundoestranho.
Mauritânia: padrão de beleza – abril.com.br.> Fragmento.
obesidade.
Nesse país da África Ocidental, as 01) Transcreva do texto uma frase essen-
crianças são, desde cedo, levadas a co- cialmente descritiva.
mer muito, chegando a consumir 16
mil calorias por dia. Na dieta, ingerem, Há vários trechos, como por exemplo: “pes-
soas loiras e magras”. "Essa questão está
por exemplo, dois copos de manteiga relacionada à nossa cultura e à visão de
e 20 litros de leite de camelo! Já ima- mundo. Por exemplo, para minha mãe que é
ginou? mais conservadora, um piercing é esquisito,
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Tudo isso porque os quilos a mais mas para mim não!". “quilos a mais são sinal
são sinal de status para a mulherada. de status para a mulherada”.
Mianmar – padrão de beleza –
longos pescoços
Nesse país asiático, mulheres da
tribo dos karenis forçam o ombro
Língua Portuguesa \ Ser humano e sociedade 61

02) Explique por que o texto é considera- 04) Você faria sacrifícios para ficar mais
do utilitário, isto é, não literário. bonito(a) ou se adequar aos padrões de
beleza? Justifique sua resposta.
O texto não é literário porque utiliza uma
linguagem objetiva para transmitir deter- Resposta pessoal
minada informação. Não utiliza figuras de
linguagem e conotação, mas sim as palavras
em seu sentido real (denotação).

05) Quais são os problemas decorrentes


03) Qual é o padrão de beleza que você dos padrões de moda da Mauritânia e de
mais achou estranho? Justifique sua res- Mianmar?
posta.
O problema na Mauritânia é que muitas
Resposta pessoal mulheres se tornam obesas (o que causa vá-
rias doenças: diabetes, aumento de pressão
etc.) e, em Mianmar, o pescoço sem argolas
não consegue mais suportar o peso da ca-
beça.

Exercício Proposto

Antes de redigir seu texto, é necessário Quem vai ler minha


saber que a escrita é um exercício árduo. reportagem sobre o Brasil?
Onde ela vai ser veiculada?
Escrever não é simplesmente colocar uma
série de informações no papel, mas sim
refletir sobre elas e organizá-las de modo
claro, coeso e coerente, de acordo com o
objetivo proposto. Portanto, o primeiro
passo para a produção de um texto é pen-
sar nas seguintes questões:

01. Qual é o objetivo do texto? Para


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que ele serve?


02. Qual é o tema central?
03. Qual é o público-leitor?
04. Que gênero textual é solicitado?
62 Capítulo 4 – Predicação verbal e tópicos textuais \ Grupo 2

Esses questionamentos são essenciais, pois o objetivo, o público, o tema e o gênero de-
terminam a linguagem a ser utilizada no texto: formal ou informal, entre outros aspectos.
Por exemplo, o texto lido “Quais países têm os padrões de beleza mais estranhos?” ob-
jetiva transmitir informações de maneira clara e objetiva, pois é uma reportagem publicada
em uma revista destinada a um público jovem, que gosta de ciências, curiosidades etc.

Produção de Texto
Professor(a), o tema 06) Imagine que você seja um(a) jornalista de uma revista sobre ciências e curiosida-
é uma sugestão. O alu- des destinada a um público jovem. Você deverá escrever na ficha de redação, uma re-
no pode também fazer portagem descrevendo o padrão de beleza brasileiro. Para tanto, antes de começar a
uma pesquisa sobre redigir seu texto, faça uma pesquisa sobre o tema, a fim de colher informações precisas.
uma região turística, Lembre-se: faça apenas uma pesquisa, pois as informações coletadas não podem ser
descrever as caracterís-
ticas do povo brasilei-
copiadas em seu texto.
ro, os costumes etc. A Após terminar o texto, leia-o com cuidado, veja se está coeso, se obedeceu à ortogra-
turma pode ser dividi- fia, se ficou claro, objetivo, se o tema foi bem explorado etc. Dê um título interessante à
da; cada grupo deverá sua reportagem.
descrever determinada
região do país, seus cos-
tumes, hábitos etc.

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Língua Portuguesa \ Ser humano e sociedade 63

Nome _______________________________________________________________________ nº ____


A avaliação da redação deverá obedecer a cinco critérios: gênero; ortografia e pontuação; gramaticalidade; textualidade e
discursividade.

1) GÊNERO
• Estrutura: O texto segue a estrutura do gênero estudado?
• Interlocução: Avaliação da referência aos textos de apoio, do diálogo, quando necessário, da cópia do texto de apoio, do uso
expressivo de paráfrases.

2) ORTOGRAFIA E PONTUAÇÃO
• Ortografia: Apenas palavras mais complexas não estão escritas de acordo com as normas ortográficas em vigor? (Ver repe-
tição de casos)
• Acentuação: O uso ou a falta dos acentos revela desconhecimento das regras elementares da língua escrita?
• Pontuação: É recorrente o uso inadequado dos pontos e da vírgula?

3) GRAMATICALIDADE
• Morfologia: Há palavras malformadas ou inexistentes na língua portuguesa?
• Colocação pronominal: A colocação dos pronomes revela desconhecimento das regras ou incorporação de construções
orais? (Ver quando elas são mais ou menos aceitas)
• Regência verbal e nominal: É recorrente o uso ou a ausência de regências equivocadas?
• Concordância verbal e nominal: Tanto em nível de locuções (próxima) quanto de frases (distante), é significativa a realização
inadequada da concordância?

4) AVALIAÇÃO DA TEXTUALIDADE
• Coerência: estrutura e organização textual: o texto como unidade de sentido que progride e informa não se contradiz?
• Coesão: existe amarração inter e intrafrásica entre as partes do texto?
• Unidade temática: articulação entre as ideias e unidade textual.

5) AVALIAÇÃO DA DISCURSIVIDADE
• Pertinência ao tema proposto.
• Criatividade/originalidade: senso comum versus informatividade. (atenção para os fragmentos)
• Adequação semântica: o vocabulário é adequado e promove a clareza textual?
• Argumentação: o texto possui um conceito de autoria? Há uma boa seleção dos exemplos e das ilustrações? As ideias cons-
truídas têm início, meio e fim?

Critérios e Pontuação
1. Gênero: estrutura, interlocução = 1
2. Grafia: ortografia, acentuação, pontuação = 1
3. Gramaticalidade: morfologia, colocação pronominal, regência verbal, regência nominal = 2
4. Textualidade: organização textual, unidade temática, coesão = 3
5. Discursividade: significação, argumentação, originalidade = 3
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64 Capítulo 4 – Predicação verbal e tópicos textuais \ Grupo 2

Ficha de Autoavaliação
Adequado(a)
Competências avaliadas
Sim Não
Tema

Gênero

Coesão/coerência

Norma-padrão

Registro formal

Registro coloquial

Avaliação textual
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3

1.1 Estrutura
1 Gênero
1.2 Interlocução

2.1 Ortografia
2 Grafia 2.2 Acentuação
2.3 Pontuação

3.1 Morfologia
3.2 Colocação pronominal
3 Gramaticalidade
3.3 Regência verbal
3.4 Regência Nominal

4.1 Progressão textual


4.2 Coerência interna
4 Textualidade 4.3 Coerência externa
4.4 Coesão – períodos
4.5 Coesão – parágrafos

5.1 Adequação ao tema


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5 Discursividade 5.2 Argumentação


5.3 Originalidade

Refazer texto: Professor(a): Nota Final:

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