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Entrevista Na Pesquisa PDF
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Resumo
Dentre os diversos métodos de coletas de dados na pesquisa social, a entrevista é uma das
formas que permite uma maior interação entre o pesquisador e o pesquisado, considerando as
entrevistas estruturadas, semi-estruturadas e não estruturadas ou, entre um pesquisador e um
grupo de pessoas, no caso das entrevistas em grupo ou focais. Naturalmente é uma
metodologia que também possui algumas limitações como, por exemplo, o gasto de tempo e
de dinheiro para a sua realização. Dentro deste contexto, o objetivo deste trabalho é apresentar
os tipos de entrevistas, suas características e os cuidados na utilização de cada uma das
técnicas, além de indicar uma maneira que se julga adequada de conduzir uma entrevista e de
analisá-la. O texto apresenta ainda um exemplo de aplicação prática da técnica de grupos de
foco, em uma pesquisa realizada junto a alunos ingressantes nas licenciaturas de uma
universidade do sul do país, no ano de 2008, com o objetivo de descobrir como é o processo
de escolha de um curso superior. Foram realizados três grupos de foco, com um total de 29
alunos, dos cursos de Pedagogia, Ciências Biológicas, Artes Visuais, História, Letras,
Geografia e Matemática. Por meio deste relato foi possível a Instituição conhecer melhor o
processo de escolha do curso superior, nas licenciaturas e adotar ações estratégicas para
melhor comunicar-se com futuros estudantes e oportunizar melhores condições de acesso ao
ensino superior. O presente texto é uma síntese dos principais conceitos apresentados na
disciplina Seminários Teórico-Metodológicos II, do Programa de Estudos Pós-Graduados em
Educação: Psicologia da Educação ainda em processo.
Introdução
Dentre as diversas técnicas de pesquisa social, a entrevista caracteriza-se pela
interação entre pesquisador e pesquisado (ou pesquisados), ou seja, formulam-se perguntas ao
respondente com o objetivo de coletar informações que possam ou ajudem a resolver o
problema de pesquisa, em um determinado estudo. Para Gil (1999, p. 117) “é a técnica em
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que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo
de obtenção dos dados que lhe interessam a investigação”. May (2004, p. 145) afirma que “as
entrevistas geram compreensões ricas das biografias, experiências, opiniões, valores,
aspirações, atitudes e sentimentos das pessoas”. O objetivo deste texto, portanto, é apresentar
os tipos de entrevistas, suas características e os cuidados na utilização de cada uma das
técnicas, alem de indicar uma maneira que se julga correta de conduzir uma entrevista e de
analisá-la. O texto apresenta ainda um exemplo de aplicação prática da técnica de grupos de
foco, em uma pesquisa realizada junto a alunos ingressantes nas licenciaturas de uma
universidade do sul do país, no ano de 2008, com o objetivo de descobrir como é o processo
de escolha de um curso superior.
TIPOS DE ENTREVISTAS
Entrevista estruturada
ato de perceber realizado entre duas pessoas” mas, seguindo um rigor metodológico e
científico.
Entrevista semi-estruturada
Entrevista não-estruturada
Diferentemente das demais técnicas, esta pressupõe que a atividade seja realizada em
grupo, que de acordo com May (2004, p. 151), compõem-se de “8 a 12 pessoas que, guiadas
por um entrevistador, discutem o(s) tópico(s) em pauta”. Novamente percebe-se que é uma
técnica que não permite facilmente que o pesquisador utilize diversos entrevistadores mesmo
porque, deve-se ter um bom domínio sobre o assunto pesquisado para poder conduzir o
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processo. Pode-se constatar que na maior parte da vida, as pessoas passam em interação com
os outros, ou seja, não é nenhuma surpresa que suas opiniões e concepções sejam modificadas
de acordo com a situação social na qual se encontram. Neste sentido, Richardson (1999, p.
207) afirma que “a melhor situação para participar na mente de outro ser humano é a
interação face a face”.
Para que se possa analisar o conteúdo de uma entrevista, faz-se necessário que tenha
sido previamente registrado, sendo que, para Gil (1999, p. 125) “o único modo de reproduzir
com precisão respostas é registrá-las durante a entrevista, mediante anotações ou com o uso
de um gravador”. Sugere-se que seja solicitada ao entrevistado, autorização para gravação,
todavia, Seltiz (1987, p. 37) ressalta que uso de um gravador pode “inibir respostas”. Deve-se
observar ainda que o pesquisador, principalmente em se tratando de entrevistas semi e não
estruturadas ou nas focais, onde o respondente tem mais liberdade de expressar-se segundo
seus padrões, deve considerar o contexto em que foram feitas as perguntas e o comportamento
expresso pelo respondente, por meio de sua linguagem não verbal. Neste sentido, May (2004,
p. 164) ratifica o uso de um gravador, “pois permite que o entrevistador concentre-se na
conversa e registre os gestos não-verbais do entrevistado durante a entrevista”.
O conteúdo das gravações deve ser transcrito e analisado, sendo que, atualmente já
existem softwares que facilitam esse trabalho considerando que, na visão de Biklen e Bogdan
(1994, p. 139) “os entrevistadores têm que ser detetives, reunindo partes de conversas,
histórias pessoais e experiências, numa tentativa de compreender a perspectiva pessoal do
sujeito”.
os indivíduos decifram o seu mundo social e nele agem”, mas suas vantagens e desvantagens
devem ser observadas.
Em se tratando das entrevistas estruturadas, devido a possibilidade de utilizar
entrevistadores para auxiliar na pesquisa, Selltiz (1987, p. 19) afirma que “a entrevista quase
sempre produz uma melhor amostra da população em estudo” pelo seu caráter face a face,
principalmente na comparação com um questionário, quando este é enviado pelo correio, pois
índice de respostas de uma entrevista é bem maior.
Richardson (1999, p. 207) salienta ainda que “é uma técnica importante que permite o
desenvolvimento de uma estreita relação entre as pessoas”, ou seja, ressalta-se novamente a
interação entre entrevistado e entrevistador, a criação de um contato próximo e estimulador.
Dentro de uma abordagem mais prática, Gil (1999, p. 118) afirma que na entrevista
“os dados obtidos são suscetíveis de classificação e de quantificação”, naturalmente referindo-
se principalmente as entrevistas estruturadas.
Por fim, avaliando-se aspectos favoráveis a esta metodologia, nota-se que a
possibilidade de entrevistar grupos, no caso da técnica de entrevista focal pode ser bastante
interessante quando, conforme May (2004, p. 151), deseja-se explorar “as normas e dinâmicas
grupais ao redor de questões e tópicos”.
Por outro lado as entrevistas também têm as suas limitações, como por exemplo, o
tempo necessário para sua execução, “os custos com treinamento de pessoal e a aplicação das
entrevistas” (GIL, 1999, p. 119) ou no caso das técnicas onde se faz necessário que o próprio
pesquisador realize as entrevistas, a concentração da atividade em apenas uma única pessoa.
Além disso, May (2004, p. 169) chama a atenção para o fato de que “as entrevistas
estruturadas não refletem o positivismo simplesmente, nem as não-estruturadas refletem uma
abordagem de construção social associada ao idealismo”.
Por caracterizar-se por uma forte interação social, podem surgir respostas erradas ou
imprecisas, pois de acordo com Gil (1999), pode ocorrer alguma influência pelo aspecto
pessoal do entrevistador sobre o entrevistado ou por suas opiniões pessoais.
calouros, localização, etc, foram realizados três grupos de foco com ingressantes nos cursos
de licenciatura da Instituição. Compareceram alunos de Pedagogia, Ciências Biológicas, Artes
Visuais, História, Letras, Geografia e Matemática em um total de 29 participantes. Foi
elaborado um questionário estruturado, composto de 12 perguntas e apresenta-se a seguir a
síntese das respostas para cada pergunta, a partir da análise dos registros gerados durante o
processo.
Pergunta 1 - A Universidade era o que vocês esperavam? A maioria dos calouros
demonstrou estar muito satisfeito. Utilizaram expressões como: “é mais do que esperava”, “é
um outro mundo”, “é um mundo todo tecnológico” e “estou fascinada”. Surgiram alguns
comentário quanto a acharem os cursos “puxados”.
Pergunta 2 - Como vocês foram recebidos na Universidade? Todos se sentiram bem
recebidos e, os que participaram acharam o trote mais interessante do que a “gincana do
calouro” (evento oficial da universidade), mais integrativa com o curso e os veteranos.
Pergunta 3 - Por que escolheram essa universidade? Em alguns casos, por ser a única
da região a ter determinado curso, porém, reconhecem que é a melhor instituição da cidade
(por ser Universidade / pela estrutura / pelos professores).
Pergunta 4 - E os seus colegas, como escolheram onde estudar? Primeiro escolhem o
curso, depois a Instituição. Verificam a imagem (conceituação) e depois localização e preço.
Percebe-se que na ótica deste grupo, quem deseja se destacar, quem “está interessado”, vai
para uma Universidade. Este grupo demonstrou valorizar muito estar em uma Universidade.
Pergunta 5 - Qual é a melhor e a pior Instituição de Joinville? Sem dúvida nenhuma a
melhor é a A, com algumas referências à B (Engenharias). As piores são as que oferecem o
ensino à distância, a C e o D, estes últimos pela banalização do ensino (principalmente o
acesso – “o vestibular é uma redação”)1.
Pergunta 6 - Por que escolheram uma licenciatura? Vocação, esta é a palavra chave
para este grupo. Esta vocação surge em função de exemplos em casa (pais professores) ou na
escola (professores brilhantes e incentivadores).
Pergunta 7 - Como as pessoas reagiram a sua escolha? A pergunta que sempre surge,
por parte de amigos, no local de trabalho e, em algumas famílias é “Vai ser professor?!”
Excetuando as famílias de professores (em alguns casos), na grande maioria os candidatos são
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Optou-se por preservar os nomes das Instituições citadas neste relato.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio da pesquisa realizada junto aos ingressantes foi possível conhecer melhor o
processo de escolha do curso superior, mais especificamente nas licenciaturas e adotar ações
estratégicas para melhor comunicar-se com os futuros estudantes e também oportunizar
melhores condições de acesso ao ensino superior. A universidade desenvolveu uma nova
política de comunicação junto aos concluintes do ensino médio, demonstrando as
possibilidades profissionais que os cursos de licenciatura geram aos candidatos e, em paralelo,
promoveu uma reestruturação da matriz curricular que possibilitou a redução do valor da
mensalidade. Estas ações foram adotadas no decorrer do ano de 2008 e que já surtiram um
bom efeito na relação candidato / vaga no vestibular de verão do ano de 2009.
Percebe-se assim, que a entrevista em grupo ou focal, como uma das formas de coleta
de dados na pesquisa social, é uma técnica que possibilita alcançar bons resultados, apesar de
suas limitações, citadas no texto, como por exemplo, a dificuldade de reunir os participantes e
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o tempo gasto para sua realização. Estas limitações são compensadas pela riqueza de dados
que podem ser obtidos.
REFERÊNCIAS
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1999.
MAY, Tim. Pesquisa social: questões, métodos e processos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa Social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.
SELTIZ, Wrightsman e Cook. Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo: EPU,
1987.