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ESTUDANTE: LILIAN FERREIRA MAGALHÃES

FICHA DE LEITURA DE TEXTOS

REFERÊNCIA: COSTA, Maria Eugênia Belczak. Grupo Focal. In: BARROS,


Antônio. DUARTE, Jorge. (Org.) Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação.
São Paulo: Atlas, 2006. P. 180 – 192.

1. Objetivos do texto/da obra:


O texto tem como objetivo explicar, detalhadamente, como funciona uma
pesquisa com o método do Grupo Focal. Ao longo do artigo, a autora explicita o passo a
passo para um bom uso dessa metodologia, com dicas sobre o comportamento do
moderador do teste, como as pessoas convocadas para participarem dessa pesquisa
devem ser escolhidas, qual é o formato da reunião em que o teste deve ser feito e como
montar um questionário que se encaixe neste modelo de avaliação.

2. Argumentos principais do autor/definição de termos e conceitos:


A autora defende que o modelo do Grupo Focal se sustenta com pertinência em
empresas de publicidade, projetos de marketing e quaisquer sistemas onde exista uma
necessidade de retorno do público usuário do produto oferecido, como por exemplo em
uma empresa jornalística, podemos usar o Grupo Focal para saber qual é a opinião dos
assinantes sobre uma editoria digital após a adição de uma nova equipe nas reportagens.
Para realizá-la, o pesquisador precisa formular um questionário com perguntas
discursivas cujo roteiro de perguntas deve induzir o participante a descrever sua
opinião, “tem um ritmo que começa com perguntas amplas, divergentes,
desestruturadas; na metade do roteiro, perguntas focais, convergentes e estruturadas; e
perguntas genéricas, amplas, na finalização do roteiro” (p. 184)
Desta forma, o participante será incitado a não responder ao teste de forma
superficial, com “sim/não”. Este participante em questão estará junto de outras 10
pessoas, como recomendado pela autora, e cabe ao moderador estabelecer uma boa
relação entre os outros entrevistados, que devem estar sentados em um círculo, sem dar
foco para um participante específico, evitando com que ele guie a resposta dos outros.
Costa (2006) explica sobre como as respostas do teste influenciam na análise das
informações coletadas pelo moderador:
Respostas espontâneas, que refletem de forma mais fiel a percepção do
participante; respostas socialmente aceitas, que refletem a pressão do grupo, a
conformidade; e respostas pistas, que ensejam continuidade da investigação,
possivelmente a realização de mais Grupo Focais, que levam à análise de
manifestações do inconsciente, do simbólico do grupo (COSTA, p. 190)
Ainda de acordo com a autora, a metodologia do Grupo Focal possui potencial
dentro do ramo da pesquisa, mas são poucos os cuidados com a preparação do método,
principalmente dentro dos projetos acadêmicos que exigem interpretação de dados
coletados nas pesquisas (p. 182). Desta forma, o texto trabalha com a intenção de
explicar o conceito teórico e prático de como produzir uma pesquisa utilizando desta
metodologia.

3. Citações destacadas e a que se referem:


- Usos do grupo focal
 A autora cita Morgan (1998) para explicar como funciona o Grupo Focal:
Na identificação de problemas, busca-se definir o objetivo da pesquisa, os
pesquisadores estão interessados em explorar e descobrir, o que faz com que
as discussões sejam relativa e necessariamente desestruturadas. No
planejamento, a preocupação principal é saber como atingir os objetivos
determinados no estágio anterior. Na fase de implementação, o objetivo é
ajustar os planos originais em vez de esperar pelo sucesso ou pelo fracasso.
Na fase de avaliação, procura-se entender o que aconteceu com o projeto e
aprender lições para o futuro (MORGAN, 1998) (p. 181)
 Notificar padrões é uma das vantagens dessa metodologia: “Na área de
marketing, o seu potencial foi descoberto entre 1950 e 1980 e até hoje é
utilizado em larga escala para identificar tendências, preferências, hábitos e
percepções do consumidor” (p. 182)

- Vantagens e desvantagens
 A autora aconselha que o moderador do teste saiba conduzir a reunião para que
ela aconteça de forma imparcial, sem valorizar mais ou menos a opinião de um
dos participantes: “A possibilidade de circunstancialmente as opiniões serem
influenciadas pelo comportamento de um integrante mais exuberante do grupo”
(p. 183)
 Ao produzir o teste, o pesquisador deve pensar nas possibilidades de novas
questões surgindo espontaneamente e, se precisar, inverter a ordem das
perguntas também: “Deve-se ter flexibilidade para mudar a ordem das
perguntas/temas propostos no roteiro e mesmo para introduzir novos temas” (p.
183)

- Elaboração de um roteiro de entrevista


 Neste tópico, a autora indica que o questionário não possua perguntas das quais
a resposta possa ser simplória ou superficial: “O primeiro item deve ser o
objetivo da entrevista; questões que provocam respostas sim/não devem ser
evitadas; deve-se ter flexibilidade para introduzir ou alterar questões” (p. 183)

- Tipos de questões
 Continuando na tipificação das perguntas, é indicado que o questionário siga
uma ordem de perguntas abrangentes para, apenas no final, se tornar mais
objetivo: “Recomenda-se que o roteiro de perguntas tenha um ritmo que começa
com perguntas amplas, divergentes, desestruturadas; na metade do roteiro,
perguntas focais, convergentes e estruturadas; e perguntas genéricas, amplas, na
finalização do roteiro” (p. 184)

- Definição do público-alvo
 A escolha dos participantes é muito importante, uma vez que eles devem ter
características comuns entre si de acordo com a necessidade da pesquisa: “O
grupo deve ter nível socioeconômico e acadêmico semelhante, para evitar
inibições e constrangimentos. Não devem ser chamados repetidas vezes; a
diversidade de perfis enriquece o grupo focal” (p. 185)

- Perfil do moderador/facilitador
 Novamente, a autora traz recomendações para o comportamento do moderador
que cuidará da sala onde o questionário será realizado:
As competências recomendáveis do moderador são: conhecimento geral do
tema que vai ser alvo da pesquisa, habilidade de integrar os participantes, de
interromper com delicadeza e objetividade os que estão monopolizando a
entrevista coletiva, atitude discreta, low profile, sem manifestar sua posição,
isto é, aprovando ou reprovando algumas falas; capacidade de assegurar que
todos participem, flexibilidade e atenção para redirecionar o tema (p. 186)

 Este exemplo é interessante, pois muitas vezes, assuntos mais polêmicos podem
gerar constrangimento e as pessoas fogem para respostas consideradas
socialmente aceitáveis:
O moderador deve ficar atento ao movimento de conformidade dentro do
grupo, em que o participante procura dar uma resposta socialmente aceitável
- exemplo são os Grupos Focais com adolescentes e perguntas sobre vida
sexual/consumo de ilícitos (p. 186)

- Realização da reunião
 Reitera-se na obra sobre a importância de manter a integridade e privacidade dos
participantes durante todo o processo:
A reunião deve ocorrer em local neutro. No caso de gravação, obter
autorização dos participantes, lembrar que os nomes não serão divulgados e
eles serão identificados por um número. A disposição da sala deve ser em
círculo e o registro em modelo de planilha (p. 187)

- O relatório - análise das respostas


 A autora explica que existem várias formas de analisar as respostas dos
participantes e como elas influenciam nos resultados de uma pesquisa
dependendo da forma em que as informações são interpretadas:
Respostas espontâneas, que refletem de forma mais fiel a percepção do
participante; respostas socialmente aceitas, que refletem a pressão do grupo, a
conformidade; e respostas pistas, que ensejam continuidade da investigação,
possivelmente a realização de mais Grupo Focais, que levam à análise de
manifestações do inconsciente, do simbólico do grupo (p. 190)

- Recomendações e tendências
 O feedback dentro da própria equipe que utilizará do método faz parte do
processo do Grupo Focal:
Investimento no planejamento, principalmente numa cuidadosa elaboração do
roteiro, assim como na análise do material coletado, deve ser a orientação dos
pesquisadores. A prática do feedback entre os observadores, moderadores e
documentadores é muito eficaz para o aperfeiçoamento do processo (p. 191)

 Finalizando o texto, a autora traz novas perspectivas para a metodologia e como


ela pode colaborar com diversas pesquisas até mesmo de forma virtual:
Tendências futuras: teleconferências, grupos bilaterais que permitem que um
grupo-alvo ouça e aprenda com o outro. O Grupo Focal é uma alternativa
valiosa para quem quer ouvir, perceber e compreender as experiências e
crenças dos participantes de um grupo (p. 192)

4. Relação com outros autores/obras:


Consigo associar o texto à prática da Crítica de Mídia, mais especificamente no
que Silva e Soares (2016) trazem como categoria da crítica que, no caso dos receptores,
se expressam em blogs sobre práticas e produtos. Não limitado à essa comunicação
digital, o Grupo Focal tem a ação de buscar participantes que estejam dispostos a
responderem um formulário sobre hábitos, comportamentos, entre outros diversos
fatores, e esse retorno não pode ser “sim/não”, o pesquisador precisa que o participante
se expresse, dê a sua opinião, disserte sobre o assunto.
Sendo assim, tomei como ponto de referência a disciplina da Crítica de Mídia,
onde pratica-se o ato de refletir e questionar para poder se expressar sobre um assunto, o
que de acordo com a teoria do Grupo Focal, é a ação necessária para que a metodologia
possa funcionar de acordo com as demandas de um pesquisador.

5. Comentário/Análise geral da obra:


Em razão do Grupo Focal ser uma metodologia da qual eu não havia estudado de
maneira aprofundada anteriormente, considero que a obra seja uma leitura fácil para um
primeiro contato na teoria do método, pois todos os processos se complementavam na
leitura.
Por outro lado, senti falta no que diz respeito ao elemento essencial para que o
Grupo Focal possa existir: os participantes. Pouco se falou sobre o processo de
convocação ou anúncio da pesquisa e como definir uma categoria de participantes, mas
talvez, por ser algo muito subjetivo, a autora optou por não aprofundar tanto nesse
elemento.
Entretanto, a leitura foi extremamente didática e, devido à sua linguagem
simples e exemplos comuns, foi fácil de compreender a teoria do método Grupo Focal,
deixando com a curiosidade de participar e/ou produzir uma pesquisa em que a
metodologia possa ser aplicada.

6. Argumentação e justificativa de um possível uso da obra no projeto de pesquisa


individual:
Minha ideia de projeto para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é traçar o
perfil sociocultural de bailarinos de Ponta Grossa em um determinado período, com
delimitação de um ano em atividade nas escolas de ballet clássico da cidade. Como a
autora cita na obra, é possível agregar o método do Grupo Focal em pesquisas quali-
quantitativas, onde tanto os dados objetivos quanto a descrição interpretativa das
informações são importantes para uma pesquisa.
Desta forma, imagino que seria interessante para a minha pesquisa que seja feito
um exercício de Grupo Focal com questionário sobre o repertório cultural dos bailarinos
de diferentes academias para ter uma resposta sobre como cada escola de dança trabalha
na inclusão dos alunos, espaço para o ensino teórico e prático da dança e
profissionalização dos bailarinos.

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