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INFORMATIVO esquematizado

Informativo 674 – STF


Márcio André Lopes Cavalcante
Processos excluídos deste informativo esquematizado por não terem sido concluídos em virtude de pedidos de
vista ou de adiamento: HC 108715/RJ; RE 368090/PR.

Julgado excluído por ter menor relevância para concursos públicos ou por ter sido decidido com base em
peculiaridades do caso concreto: HC 111587/SP.

“MENSALÃO”
Obs: ao longo dos Informativos serão divulgadas as principais informações sobre o julgamento da
Ação Penal 470, conhecida como “Mensalão”, tendo sempre como foco somente o que for estritamente
relevante para fins de concursos públicos.

O fato de um Ministro ter que se ausentar durante a sustentação oral feita pelo advogado não é
motivo para suspender a sessão nem impede que o referido Ministro participe do julgamento.
Isso porque ele terá acesso à gravação do que exposto e discutido na sessão, pelo que não
haveria prejuízo à defesa.
Comentários Entre os dias 06 a 10/08, os advogados fizeram as sustentações orais em favor de seus
clientes.
No dia 07/08, a Min. Cármen Lucia teve que se ausentar da sessão em que os advogados
faziam a sustentação oral, a fim de participar de compromissos no TSE, onde é Presidente.
Um dos advogados requereu, então, que fosse suspensa a sessão.
O pedido foi indeferido.
Argumentou-se que a Ministra teria acesso à gravação do que exposto e discutido na
sessão, pelo que não haveria prejuízo à defesa.
Além disso, registrou-se que os Ministros, mesmo sem presenciar sessão em que as partes
houvessem proferido sustentações orais, poderiam participar do julgamento, caso se
considerassem aptos a fazê-lo.
Observou-se, ainda, que havia o quórum mínimo previsto na lei e no regimento interno
para que o julgamento prosseguisse, haja vista bastar a presença de 6 Ministros em Plenário
para que isso ocorresse.
Processo Plenário. AP 470/MG, rel. Min. Joaquim Barbosa, 6 a 10.8.2012.

DIREITO PENAL
Prescrição

Nos termos do art. 389 do CPP, a sentença será publicada quando entregue em mão do
escrivão. Logo, a publicação não se confunde com a intimação.
A publicação é o ato de tornar pública a decisão (independentemente da publicação no Diário
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Oficial), e daí em diante, imutável por seu próprio prolator, enquanto a intimação ocorre comumente
com a divulgação da sentença na imprensa oficial.

www.dizerodireito.com.br
Comentários Imagine a seguinte situação (adaptada do caso concreto):
“X” foi condenado a uma pena de 6 meses.
A sentença foi assinada com a data de 03/12/2007, tendo sido divulgada na imprensa oficial
em 18/12/2007.
“X” recorreu contra a sentença e o MP não.
Desse modo, houve trânsito em julgado para a acusação.
A apelação interposta pela defesa foi julgada em 09/12/2009, tendo o Tribunal mantido a
condenação e a pena imposta, decisão contra a qual a defesa não recorreu, o que acarretou
o fim do processo e o trânsito em julgado nesta data.

Houve prescrição nesse caso?


R: SIM, conforme prevista no art. 110, § 1º do CP:
§ 1º A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a
acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não podendo,
em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data anterior à da denúncia ou queixa.

Qual é o prazo de prescrição no caso?


Se a condenação foi em 6 meses, o prazo de prescrição é de 2 anos, nos termos do art. 109,
VI, do CP:
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no §
1º do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade
cominada ao crime, verificando-se:
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. (Redação dada pela Lei
nº 12.234, de 2010)

Mas o art. 109, VI, do CP não fala que o prazo prescricional, nesses casos, é de 3 anos?
Sim, no entanto, a redação atual foi dada pela Lei n. 12.234, de 2010. Antes dessa Lei, o
prazo era de 2 anos. Como essa Lei é mais gravosa (lex mitior), ela não retroage para
alcançar crimes praticados antes de sua vigência.

Quando ocorreu a prescrição?


Nos termos do § 1º do art. 110, deve-se contar quanto tempo se passou entre o trânsito em
julgado (para a acusação) da sentença condenatória e o fim do processo, com o trânsito em
julgado para a defesa.

Quando ocorreu o trânsito em julgado da sentença penal condenatória para a acusação?


Como o MP não recorreu, o trânsito em julgado para a acusação ocorreu no dia em que a
sentença foi publicada.

Quando a sentença é considerada publicada? No dia em que ela é divulgada na imprensa


oficial?
NÃO! O Código de Processo Penal prevê quando a sentença é publicada:
Art. 389. A sentença será publicada em mão do escrivão, que lavrará nos autos o respectivo
termo, registrando-a em livro especialmente destinado a esse fim.

“Em mão do escrivão”: o que significa isso?


“Em mão do escrivão” significa quando a sentença sai do gabinete do juiz e é entregue ao
escrivão ou diretor de secretaria, sendo isso consignado nos autos por termo.
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Normalmente, é o mesmo dia em que a sentença é assinada ou um dia depois no máximo.


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INFORMATIVO esquematizado
Publicação da sentença não se confunde com intimação da sentença:
Publicação Intimação
A publicação é o ato de tornar pública a A intimação é o ato de formalmente dar
decisão, e daí em diante, imutável por seu ciência, de maneira específica às partes
próprio prolator. Isso ocorre quando a acerca do julgado. A intimação da sentença
sentença é entregue “em mão do será feita ao réu, pessoalmente, se estiver
escrivão”, ou seja, quando é assinada pelo preso (art. 392, I, do CPP), ou, se estiver
juiz e entregue na Secretaria da Vara para solto pode ser realizada ao seu advogado
os procedimentos cabíveis. Nesse constituído por publicação na imprensa
momento, a sentença é pública. oficial (art. 370, § 1º, CPP). Para maiores
detalhes sobre a intimação no processo
penal, veja o Informativo 660-STF.

Em nosso exemplo, quando ocorreu a publicação e a intimação?


 A publicação ocorreu em 03/12/2007 (quando a sentença foi assinada e foi entregue
em mão do escrivão).
 A intimação se deu em 18/12/2007 (com a publicação na imprensa oficial).

Por que isso tem tanta importância?


O art. 117 do CP traz os momentos em que o prazo da prescrição é interrompido.
Interrupção do prazo significa que ele é zerado e recomeça a ser contado a partir daquela data.

Art. 117. O curso da prescrição interrompe-se:


I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
II - pela pronúncia;
III - pela decisão confirmatória da pronúncia;
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis;
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
VI - pela reincidência.

Em nosso exemplo, o prazo prescricional começou quando o crime se consumou (art. 111, I, CP).
Depois, quando a denúncia foi recebida (art. 117, I), este prazo foi interrompido, ou seja, foi
zerado e começou a correr novamente.
Quando a sentença condenatória foi publicada (art. 117, IV), o prazo foi mais uma vez
interrompido.

Desse modo, para saber se houve prescrição é necessário contar o tempo que se passou
entre a publicação da sentença condenatória e o fim do processo, com o trânsito em
julgado para a defesa.

 Publicação da sentença: 03/12/2007


 Trânsito em julgado: 09/12/2009 (com a publicação do acórdão confirmando a sentença
e contra o qual a defesa não recorreu).

Logo, conclui-se que se passaram mais de 2 anos entre o último marco interruptivo e o fim
do processo, estando, portanto, prescrita a pretensão punitiva.

Se tivéssemos considerado, de forma indevida, a publicação da sentença como sendo a data


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de sua divulgação na Imprensa Oficial (18/12/2007), não teria havido a prescrição.


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Processo Primeira Turma. HC 103686/RJ, rel. Min. Dias Toffoli, 7.8.2012.

INFORMATIVO esquematizado
Roubo circunstanciado pelo emprego de arma
É necessário que a arma utilizada no roubo seja apreendida e periciada para que incida a
majorante do art. 157, § 2º, I, do Código Penal?
NÃO. O reconhecimento da referida causa de aumento prescinde (dispensa) da apreensão e da
realização de perícia na arma, desde que provado o seu uso no roubo por outros meios de prova.
Comentários O art. 157 do Código Penal prevê o crime de roubo:
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou
violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
resistência:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.

O § 2º do art. 157 prevê cinco causas de aumento de pena para o roubo. Desse modo, se
ocorre alguma dessas hipóteses, tem-se o chamado “roubo circunstanciado” (também
conhecido como “roubo agravado” ou “roubo majorado”):
§ 2º A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal
circunstância.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Estado ou para o exterior;
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.

Repare na hipótese prevista no inciso I:


§ 2º A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;

Veja agora uma série de perguntas de prova sobre esse inciso:

1) O que pode ser considerado “arma”?


Para os fins do art. 157, § 2º, I, podem ser incluídas no conceito de arma:
 a arma de fogo;
 a arma branca (considerada arma imprópria), como faca, facão, canivete;
 e quaisquer outros "artefatos" capazes de causar dano à integridade física do ser
humano ou de coisas, como por exemplo uma garrafa de vidro quebrada, um garfo, um
espeto de churrasco, uma chave de fenda etc.

2) Se o agente emprega no roubo uma “arma” de brinquedo, haverá a referida causa de


aumento?
NÃO. Até 2002, prevalecia que sim. Havia até a Súmula 174 do STJ afirmando isso. Contudo,
essa súmula foi cancelada, de modo que, atualmente, no crime de roubo, a intimidação
feita com arma de brinquedo não autoriza o aumento da pena.

3) É necessário que a arma utilizada no roubo seja apreendida e periciada para que incida a
majorante?
NÃO. O reconhecimento da causa de aumento prevista no art. 157, § 2º, I, do Código Penal
prescinde (dispensa) da apreensão e da realização de perícia na arma, desde que provado o
seu uso no roubo por outros meios de prova.
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Se o acusado alegar o contrário ou sustentar a ausência de potencial lesivo na arma


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empregada para intimidar a vítima, será dele o ônus de produzir tal prova, nos termos do
art. 156 do Código de Processo Penal.

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4) Se, após o roubo, foi constatado que a arma empregada pelo agente apresentava defeito,
incide mesmo assim a majorante?
Depende:
 Se o defeito faz com que o instrumento utilizado pelo agente seja absolutamente
ineficaz, não incide a majorante. Ex: revólver que não possui mecanismo necessário
para efetuar disparos. Nesse caso, o revólver defeituoso servirá apenas como meio para
causar a grave ameaça à vítima, conforme exige o caput do art. 157, sendo o crime o de
roubo simples;
 Se o defeito faz com que o instrumento utilizado pelo agente seja relativamente
ineficaz, INCIDE a majorante. Ex: revólver que algumas vezes trava e não dispara. Nesse
caso, o revólver, mesmo defeituoso, continua tendo potencialidade lesiva, de sorte que
poderá causar danos à integridade física, sendo, portanto, o crime o de roubo
circunstanciado.

5) O Ministério Público que deve provar que a arma utilizada estava em perfeitas condições
de uso?
NÃO. Cabe ao réu, se assim for do seu interesse, demonstrar que a arma é desprovida de
potencial lesivo, como na hipótese de utilização de arma de brinquedo, arma defeituosa ou
arma incapaz de produzir lesão (STJ EREsp 961.863/RS).

6) Se, após o roubo, foi constatado que a arma estava desmuniciada no momento do crime,
incide mesmo assim a majorante?
NÃO. A utilização de arma desmuniciada, como forma de intimidar a vítima do delito de
roubo, caracteriza o emprego de violência, porém, não permite o reconhecimento da
majorante de pena, já que esta está vinculada ao potencial lesivo do instrumento,
pericialmente comprovado como ausente no caso, dada a sua ineficácia para a realização de
disparos (STJ HC 190.067/MS).

7) Além do roubo qualificado, o agente responderá também pelo porte ilegal de arma de fogo
(art. 14 ou 16, da Lei n. 10.826/2003)?
Em regra, não. Geralmente, o crime de porte ilegal de arma de fogo é absorvido pelo crime
de roubo circunstanciado. Aplica-se o princípio da consunção, considerando que o porte
ilegal de arma de fogo funciona como crime meio para a prática do roubo (crime fim),
sendo por este absorvido.

Você poderá encontrar assim no concurso:


(Promotor/MPRO – 2010) O delito de roubo majorado por uso de arma absorve o delito de
porte de arma (afirmativa CORRETA).

“A conduta de portar arma ilegalmente é absorvida pelo crime de roubo, quando, ao longo
da instrução criminal, restar evidenciado o nexo de dependência ou de subordinação entre
as duas condutas e que os delitos foram praticados em um mesmo contexto fático,
incidindo, assim, o princípio da consunção” (STJ HC 178.561/DF).

No entanto, poderá haver condenação pelo crime de porte em concurso material com o
roubo se ficar provado nos autos que o agente portava ilegalmente a arma de fogo em
outras oportunidades antes ou depois do crime de roubo e que ele não se utilizou da arma
tão somente para cometer o crime patrimonial.
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Ex: “Tício”, às 13h, mediante emprego de um revólver, praticou roubo contra “Caio”, que
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estava na parada de ônibus (art. 157, § 2º, I, CP). No mesmo dia, por volta das 14h 30min,

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em uma blitz de rotina da polícia (sem que os policiais soubessem do roubo ocorrido),
“Ticio” foi preso com os pertences da vítima e com o revólver empregado no assalto. Em um
caso semelhante a esse, a 5ª Turma do STJ reconheceu o concurso material entre o roubo e
o delito do art. 14, da Lei n. 10.826/2003, afastando o princípio da consunção.

Veja trechos da ementa desse julgado mencionado acima:


1. O princípio da consunção é aplicado para resolver o conflito aparente de normas penais
quando um crime menos grave é meio necessário ou fase de preparação ou de execução do
delito de alcance mais amplo, de tal sorte que o agente só será responsabilizado pelo
último, desde que se constate uma relação de dependência entre as condutas praticadas
(Precedentes STJ).
2. No caso em apreço, observa-se que o crime de porte ilegal de arma de fogo ocorreu em
circunstância fática distinta ao do crime de roubo majorado, porquanto os pacientes foram
presos em flagrante na posse do referido instrumento em momento posterior à prática do
crime contra o patrimônio, logo, em se tratando de delitos autônomos, não há que se falar
em aplicação do princípio da consunção. (...)
(HC 199.031/RJ, Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, julgado em 21/06/2011)

Outro julgado recente do STF no mesmo sentido:


1. Caso no qual o acusado foi preso portando ilegalmente arma de fogo, usada também em
crime de roubo três dias antes. Condutas autônomas, com violação de diferentes bens
jurídicos em cada uma delas.
2. Inocorrente o esgotamento do dano social no crime de roubo, ante a violação posterior da
incolumidade pública pelo porte ilegal de arma de fogo, não há falar em aplicação do
princípio da consunção. (...)
(RHC 106067, Relatora Min. Rosa Weber, Primeira Turma, julgado em 26/06/2012)
Processo Primeira Turma. HC 108034/MG, rel. Min. Rosa Weber, 7.8.2012.

DIREITO PROCESSUAL PENAL


Citação por edital e produção de provas urgentes

Existe divergência de entendimentos entre a 2ª Turma do STF e a jurisprudência majoritária


do STJ a respeito da prova testemunhal como prova urgente de que trata o art. 366 do CPP.

 2ª Turma do STF: decidiu que a limitação da memória humana e o comprometimento da


busca da verdade real são motivos que justificam a determinação da antecipação de prova
testemunhal.

 STJ: a simples afirmação de que as testemunhas possam esquecer de detalhes inerentes aos
fatos lançados nos autos, em razão do decurso do tempo, não tem o condão de legitimar a
utilização de tal medida, sendo indispensável, para tanto, a concreta justificação da parte
solicitante, devidamente convalidada pelo órgão julgador, sob pena de ofensa à garantia ao
devido processo legal.
Comentários O CPP prevê o seguinte rito no procedimento comum ordinário:
 O Ministério Público oferece a denúncia;
 O juiz analisa se é caso de receber ou rejeitar a denúncia;
 Se o magistrado receber a denúncia, ele determina a citação do acusado para
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responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 dias (art. 396 do CPP);


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 Em regra, a citação do acusado é feita pessoalmente, por meio de mandado de citação,


que é cumprido pelo Oficial de Justiça;

INFORMATIVO esquematizado
 O que acontece, no entanto, se o réu não for encontrado para ser citado pessoalmente,
mesmo tendo se esgotado todos os meios disponíveis para localizá-lo (buscou-se, sem
sucesso, o endereço atual do acusado em todos os bancos de dados)?
 Nessa hipótese, ele será citado por edital, com o prazo de 15 dias (art. 361 do CPP).

Como é a citação por edital?


É feito um edital de citação contendo, dentre outras informações, o nome do juiz, a
qualificação do réu, a finalidade da citação, o juízo, o dia, a hora e o lugar em que o réu
deverá comparecer (art. 365 do CPP).
Este edital é afixado na porta do edifício onde funcionar o juízo e publicado pela imprensa,
onde houver.
A citação por edital é considerada como uma espécie de citação ficta, considerando que,
como não foi realizada pessoalmente, apenas se presume que o acusado dela tomou
conhecimento.

Se o acusado é citado por edital, mesmo assim o processo continua normalmente?


O art. 366 do CPP estabelece que:
- se o acusado for citado por edital e
- não comparecer ao processo nem constituir advogado
- o processo e o curso da prescrição ficarão suspensos.

Se o réu comparecer ao processo ou constituir advogado, o processo e o prazo prescricional


voltam a correr normalmente.
O objetivo do art. 366 é garantir que o acusado que não foi pessoalmente citado não seja
julgado à revelia.

Qual é o prazo máximo que o prazo prescricional pode ficar suspenso caso o réu não apareça?
O art. 366 somente fala que o processo e o prazo prescricional ficam suspensos, sem
estabelecer um limite de tempo.

O STJ, no entanto, entende que, mesmo sem haver previsão de tempo máximo na lei, o
prazo de prescrição não pode ficar suspenso para sempre, sob pena do crime que o acusado
estiver respondendo se transformar em imprescritível.

Para o STJ, apenas a CF (e não a lei) pode estabelecer casos de imprescritibilidade, o que ela
fez somente em dois casos:
a) crime de racismo (art. 5º, XLII);
b) crime de ação de grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado Democrático
(art. 5º, XLIV).

Seguindo esse entendimento, o STJ editou uma súmula dizendo que o período máximo que
o prazo prescricional pode ficar suspenso é o tempo da prescrição da pretensão punitiva em
abstrato do crime descrito na denúncia.

Súmula 415-STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da


pena cominada.

A súmula não é tão fácil de entender, mas com um exemplo fica melhor:
“João” foi acusado de estelionato (art. 171 do CP). O juiz recebeu a denúncia e determinou
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sua citação. Como “João” não foi encontrado, realizou-se sua citação por edital. Citado por
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edital, “João” não compareceu ao processo nem constituiu advogado. Logo, o juiz
determinou a suspensão do processo e do curso do prazo prescricional.

INFORMATIVO esquematizado
Por quanto tempo o prazo prescricional poderá ficar suspenso?
- A pena do estelionato é de 1 a 5 anos.
- O prazo prescricional do estelionato, considerando o máximo da pena cominada
(imposta), é de 12 anos (art. 109, III, do CP).
- Assim, o prazo prescricional neste processo de “João” ficará suspenso aguardando ele
ser encontrado pelo prazo de 12 anos.
- Se, passados os 12 anos, ele não for localizado, o prazo prescricional volta a correr (o
que é bom para “João”).
- Depois de 12 anos contados do dia em que o prazo prescricional voltou a tramitar, o juiz
deverá declarar a prescrição da pretensão punitiva.
- Em suma, neste exemplo, para que ocorra a prescrição, deverão ser passados 24 anos:
12 anos em que o prazo prescricional ficará suspenso e mais 12 anos que correspondem
ao prazo para que a prescrição ocorra.

Obs: a 1ª Turma do STF possui um julgado afirmando que o prazo prescricional no caso do
art. 366 do CPP ficaria suspenso de forma indefinida (indeterminada): RE 460.971, Re. Min.
Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, julgado em 13/02/2007.
Na prática forense e em provas de concurso, contudo, tem prevalecido a Súmula 415-STJ.

Produção antecipada de provas urgentes e prisão preventiva:


O art. 366 do CPP afirma, ainda, que se o acusado, citado por edital, não comparecer nem
constituir advogado, o juiz poderá determinar:
 a produção antecipada de provas consideradas urgentes e
 decretar prisão preventiva do acusado se estiverem presentes os requisitos do art. 312
do CPP (o simples fato do acusado não ter sido encontrado não é motivo suficiente para
decretar sua prisão preventiva).

Produção antecipada das provas consideradas urgentes:


No caso do art. 366 do CPP, o juiz poderá determinar a produção antecipada de provas
consideradas urgentes.
Para que o magistrado realize a colheita antecipada das provas, exige-se que seja
demonstrada a real necessidade da medida.
Assim, toda produção antecipada de provas realizada nos termos do art. 366 do CPP está
adstrita à sua necessidade concreta, devidamente fundamentada.

Nesse sentido, existe, inclusive, entendimento sumulado do STJ:


Súmula 455-STJ: A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no
artigo 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o
mero decurso do tempo.

A oitiva de testemunhas pode ser considerada prova urgente para os fins do art. 366 do CPP?
Sim, desde que as circunstâncias do caso concreto revelem a possibilidade concreta de
perecimento. Ex: testemunha com mais de 70 anos.

No julgado noticiado neste Informativo, a 2ª Turma do STF decidiu que a limitação da


memória humana e o comprometimento da busca da verdade real são motivos que
justificam a determinação da antecipação de prova testemunhal.

Para que haja anulação das provas antecipadas eventualmente produzidas é indispensável
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que o réu prove alguma espécie de prejuízo por conta do ato, sendo causa de nulidade
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relativa.

INFORMATIVO esquematizado
Vale ressaltar, no entanto, que a jurisprudência tem entendido que as provas
antecipadamente produzidas não causam prejuízo para a defesa do réu, tendo em vista que
tais provas são produzidas com o acompanhamento do ato por um defensor dativo ou
Defensor Público, que realizará a defesa técnica do acusado, formulando perguntas,
fazendo objeções etc.

Além disso, a 2ª Turma do STF afirma que também não há prejuízo porque se o acusado
comparecer ao processo, poderá requerer a realização de provas, inclusive a repetição
daquela praticada em antecipação, desde que apresente argumentos idôneos para esse
pedido.
Tema ainda Esse entendimento da 2ª Turma ainda é polêmico, não havendo consenso. O STJ possui
polêmico inúmeros julgados em sentido contrário e que podem ser cobrados na prova. Veja:
(...) Esta Corte de Justiça firmou entendimento de que a simples afirmação de que as
testemunhas possam esquecer de detalhes inerentes aos fatos lançados nos autos, em razão
do decurso do tempo, não tem o condão de legitimar a utilização de tal medida, sendo
indispensável, para tanto, a concreta justificação da parte solicitante, devidamente
convalidada pelo órgão julgador, sob pena de ofensa à garantia ao devido processo legal.(...)
(HC 232.523/SP, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, julgado em 05/06/2012)

1. O Superior Tribunal de Justiça firmou compreensão no sentido de que a alegação do


decurso do tempo não é suficiente, por si só, para se ter por urgente a produção da prova,
antecipando sua realização à regular instrução, diante da suspensão do processo, devendo a
decisão acautelatória basear-se em elementos concretos dos autos que demonstrem a
premente necessidade do meio probatório.
2. Na hipótese, o decisum impugnado não apresentou nenhuma situação de urgência,
limitando-se a abstrações no sentido de que as testemunhas poderiam falecer ou mudar de
endereço, colocando-se em confronto com o entendimento firmado pela Súmula nº 455/STJ.
3. Ordem concedida para anular a decisão que determinou a antecipação de provas, assim
como os atos subsequentes, sem prejuízo de nova determinação, se devidamente
fundamentada.
(HC 193.332/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Quinta Turma, julgado em 17/04/2012)
Processo Segunda Turma. HC 110280/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, 7.8.2012.

Nulidade (falta de intimação de Defensor Público)

I – A escolha do advogado é um direito do acusado, sendo nulo o julgamento no qual a


Defensoria Pública peticiona nos autos informando que irá fazer a defesa do réu e esta petição
é indeferida pelo juízo sob o argumento de que não houve comprovação de que o acusado
procurou a Instituição.

II – O STF possui entendimento pacífico no sentido de que a Defensoria Pública deve ser
intimada, pessoalmente, dos atos processuais.
Comentários A situação foi a seguinte:
“X” estava respondendo a um processo criminal, sendo sua defesa realizada por um
defensor dativo.
“X” foi absolvido em 1ª instância. O MP recorreu.
“X” procurou a Defensoria Pública e pediu que a Instituição fizesse sua assistência jurídica
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no recurso.
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A Defensoria protocolizou uma petição ao juízo informando haver assumido o patrocínio do réu.
Ocorre que o pedido foi indeferido. O juiz argumentou que a Defensoria Pública não provou
INFORMATIVO esquematizado
que o acusado solicitara assistência do órgão. Desse modo, determinou que a defesa
continuasse a ser feita pelo defensor dativo.
A Defensoria Pública não foi, contudo, nem intimada desta decisão.
Ao ser julgado o recurso do MP, o Tribunal reformou a sentença absolutória e condenou o réu.

A questão chegou até o STF por meio de habeas corpus impetrado pela Defensoria.

O que decidiu a Corte?


R: A 2ª Turma do STF anulou o julgamento do recurso e determinou que outro fosse
realizado com a Defensoria Pública apresentando contrarrazões em favor do réu.

Os dois principais argumentos utilizados na 2ª Turma foram os seguintes:


 A escolha do advogado é um direito do acusado e esse direito não foi respeitado
considerando que, apesar de o réu ter procurado a Defensoria, o juiz determinou que
ele continuasse sendo assistido pelo defensor dativo;
 A Defensoria não foi intimada da decisão que inadmitiu seu ingresso no feito. Vale
ressaltar que o STF possui entendimento pacífico no sentido de que a Defensoria
Pública deve ser intimada, pessoalmente, dos atos processuais, o que não ocorreu.
Procuração Obs: apesar de não ter sido mencionado no julgado, uma questão que merece ser
ressaltada é que uma das prerrogativas dos Defensores Públicos é que eles representam a
parte, em feitos administrativos ou judiciais, independentemente de mandato, ressalvados
os casos para os quais a lei exija poderes especiais (arts. 44, XI, 88, XI e 128, XI, da LC 80/94).

Em outras palavras, em regra, o Defensor Público não precisa de procuração para atuar em
favor da parte, seja em processos administrativos ou judiciais.
Exceção: somente será necessária procuração se o ato a ser praticado exigir poderes
especiais (exs: ajuizar queixa-crime; formular arguição de falsidade documental).

Para defender o réu em processo criminal, como no caso julgado, não era necessária
procuração por parte do Defensor Público. Logo, foi ilegal a exigência formulada de que a
Defensoria Pública provasse que o acusado solicitou a assistência do órgão. O Defensor
Público quando vai a juízo na defesa de seu assistido não precisa provar de nenhum modo
que o réu procurou a Instituição. Basta que o Defensor Público afirme que atua na defesa
do assistido. Exigir comprovação seria o mesmo que, por via transversa, afirmar que seria
necessária procuração, o que mitigaria a prerrogativa do membro da Defensoria Pública.

Em suma, quando Defensor Pública apresenta uma petição em favor do réu ele não precisa,
em regra, juntar procuração nem qualquer outro documento que comprove que o assistido
procurou a Instituição.
Processo Segunda Turma. HC 111532/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 7.8.2012.
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INFORMATIVO esquematizado
Habeas corpus

A jurisprudência admite a utilização do habeas corpus como substitutivo


de recurso próprio (o chamado “habeas corpus substitutivo”)?

Trata-se de tema extremamente polêmico, estando o STF dividido.

Panorama da jurisprudência atual:


 STJ e 1ª Turma do STF: mostram-se contrários ao HC substitutivo.
Sustentam que não é possível a impetração de habeas corpus substitutivo de recurso
próprio, mas que, se a ilegalidade exposta for flagrante, ou então a decisão combatida for
teratológica, é possível que Tribunal conceda habeas corpus de ofício.

 2ª Turma do STF: afirma que a eventual existência de recurso cabível não constitui óbice à
impetração de habeas corpus, desde que o direito-fim se identifique direta ou
imediatamente com a liberdade de locomoção física do paciente.

Tão logo haja uma posição mais segura para ser adotada nas provas, eu avisarei a vocês.
Por enquanto, é importante conhecer os argumentos das duas posições existentes.

Essa questão não deveria ser cobrada em provas objetivas, mas se o for, penso que a posição que
prevalece é a da 1ª Turma do STF (e do STJ). É como eu responderia, mas não há consenso ainda.
Habeas Habeas corpus substitutivo consiste na possibilidade de o impetrante optar por impetrar
corpus habeas corpus, dirigido à instância superior, ao invés de interpor o recurso próprio.
substitutivo Na prática, os advogados preferem valer-se do HC substitutivo, sendo este mais simples e
rápido que o recurso.
1ª Turma É inadmissível impetração de habeas corpus quando cabível recurso ordinário
do STF constitucional. O habeas corpus substitutivo de recurso ordinário não tem previsão legal e
não está abrangido pela garantia do art. 5º, LXVIII, da CF. Além disso, o seu uso enfraquece
a Constituição, especialmente por tornar desnecessário recurso ordinário constitucional
previsto nos arts. 102, II, a, e 105, II, a.
(Primeira Turma. HC 109956/PR, rel. Min. Marco Aurélio, 7.8.2012).

O habeas corpus impetrado como substitutivo de recurso ordinário revela sua utilização
promíscua e deve ser combatido, sob pena de banalização da garantia constitucional, tanto
mais quando não há teratologia a eliminar, como no caso sub judice. (...)
(HC 110423, Relator Min. Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 03/04/2012)

(...) Este Supremo Tribunal assentou não ser possível o conhecimento de habeas corpus quando
não interposto o recurso cabível para provocar o reexame da matéria objeto da impetração. (...)
(HC 110152, Rel. Min. Cármen Lúcia, Primeira Turma, julgado em 08/05/2012)
5ª Turma Conquanto o uso do habeas corpus em substituição aos recursos cabíveis - ou
do STJ incidentalmente como salvaguarda de possíveis liberdades em perigo - crescentemente fora
de sua inspiração originária tenha sido muito alargado pelos Tribunais, há certos limites a
serem respeitados, em homenagem à própria Constituição, devendo a impetração ser
compreendida dentro dos limites da racionalidade recursal preexistente e coexistente para
que não se perca a razão lógica e sistemática dos recursos ordinários, e mesmo dos
excepcionais, por uma irrefletida banalização e vulgarização do habeas corpus.
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(HC 202.960/SP, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, julgado em 03/05/2012)
6ª Turma 1. É imperiosa a necessidade de racionalização do habeas corpus, a bem de se prestigiar a
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do STJ lógica do sistema recursal. As hipóteses de cabimento do writ são restritas, não se
admitindo que o remédio constitucional seja utilizado em substituição a recursos ordinários
INFORMATIVO esquematizado
(apelação, agravo em execução, recurso especial), tampouco como sucedâneo de revisão
criminal.
2. Não é possível a impetração de habeas corpus substitutivo de recurso próprio. Para o
enfrentamento de teses jurídicas na via restrita, imprescindível que haja ilegalidade
manifesta, relativa a matéria de direito, cuja constatação seja evidente e independa de
qualquer análise probatória. (...)
(HC 198.934/MG, Rel. Min. Maria Thereza De Assis Moura, Sexta Turma, julgado em 19/06/2012)
2ª Turma do A eventual existência de recurso cabível não constitui óbice à impetração de habeas corpus,
STF desde que o direito-fim se identifique direta ou imediatamente com a liberdade de
locomoção física do paciente.
(Segunda Turma. HC 108994/MG, rel. Min. Joaquim Barbosa, 15.5.2012)

Obs: neste mesmo Informativo 674, há notícia de julgado da 2ª Turma afirmando que deve
ser aceita a impetração de habeas corpus substitutivo de recurso: Segunda Turma. HC
111210/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 7.8.2012.
Atualizar o Este Informativo atualiza os comentários ao julgado HC 108994/MG, noticiado no
Info 666 STF Informativo Esquematizado 666 do STF. Se você já imprimiu o Informativo 666, faça uma
observação para que leia este Informativo 674.
Processo Primeira Turma. HC 109956/PR, rel. Min. Marco Aurélio, 7.8.2012.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Julgue os itens a seguir:
1) (Delegado/PB – 2009) No crime de roubo, se a arma não é apreendida e, consequentemente, não pode
ser submetida à perícia, o autor do crime responde por roubo simples, pois, tratando-se de crime não
transeunte, a prova testemunhal não supre a ausência da perícia, mesmo que tenha havido disparo da
arma de fogo. ( )
2) (Promotor/MPRN – 2009) Conforme jurisprudência unânime do STF, para a caracterização da
majorante no delito de roubo exercido com o emprego de arma, exige-se a apreensão da arma para
que seja periciada, a fim de se constatar a sua potencialidade lesiva. ( )
3) (Promotor/MPRO – 2010) O delito de roubo majorado por uso de arma absorve o delito de porte de
arma. ( )
4) A simples afirmação de que as testemunhas possam esquecer de detalhes inerentes aos fatos lançados
nos autos, em razão do decurso do tempo, não tem o condão de legitimar a utilização de tal medida,
sendo indispensável, para tanto, a concreta justificação da parte solicitante, devidamente convalidada
pelo órgão julgador, sob pena de ofensa à garantia ao devido processo legal. ( )
5) O STF possui entendimento pacífico no sentido de que a Defensoria Pública deve ser intimada,
pessoalmente, dos atos processuais. ( )
6) A escolha do advogado é um direito do acusado, sendo nulo o julgamento no qual a Defensoria Pública
peticiona nos autos informando que irá fazer a defesa do réu e esta petição é indeferida pelo juízo sob
o argumento de que não houve comprovação de que o acusado procurou a Instituição. ( )

Gabarito
1. E 2. E 3. C 4. C 5. C 6. C
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