A filariose linfática causada pela Wuchereria bancrofti constitui um
problema de saúde pública, de magnitude significativa, que atinge pessoas de todas as idades e de ambos os sexos em mais de 80 países, distribuídos principalmente nas regiões tropicais e subtropicais em todo o mundo. Essa parasitose tem como vetores as fêmeas de mosquitos hematófagos, principalmente do gênero Culex, largamente difundido. No Brasil, a Região Metropolitana do Recife (PE) é considerada o principal foco ativo e em expansão de filariose linfática, sendo a área de maior transmissibilidade, seguida por Maceió (AL). Belém (PA), outro foco importante no passado recente, está em vias de ser considerada uma área no Brasil onde a endemia encontra-se sob controle. A transmissão da filariose ocorre devido à presença das formas embrionárias, chamadas de microfilárias. Estas se encontram no sangue humano, que são sugadas pelo mosquito no momento do repasto. As microfilárias desenvolvem-se no interior do vetor, por um período de 14 a 21 dias, evoluindo em três fases larvais e tornando-se larvas infectantes (L3), que são transmitidas a outros indivíduos na oportunidade de um novo repasto sanguíneo. A W. bancrofti é um parasita exclusivamente do ser humano que se desenvolve no sistema linfático, até formar vermes adultos (machos e fêmeas) sexualmente maduros. Os vermes adultos produzem novas microfilárias, dando continuidade ao ciclo biológico do parasita. Desde a década de 50, pesquisas e ações de controle da filariose vêm sendo desenvolvidas no Brasil. Nesse contexto, o Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM), da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), em Recife, particularmente o Departamento de Parasitologia, vem desenvolvendo pesquisas, assessorias e treinamentos de recursos humanos relacionados ao agravo da filariose desde a década de 80. O Ministério da Saúde do Brasil, por meio da Portaria n.º 410, de 12 de setembro de 2002, credenciou as atividades do CPqAM como Serviço de Referência Nacional em Filariose (SRNF), tornando-se o único serviço de referência no Brasil a abranger atividades multi e interdisciplinares nas áreas clínica, epidemiológica e laboratorial. DESENVOLVIMENTO
A filariose é uma doença parasitária. Ela também é conhecida
por filariose linfática ou elefantíase. A Filariose Linfática (Elefantíase) é uma doença parasitária crônica, considerada uma das maiores causas mundial de incapacidades permanentes ou de longo prazo. É causada pelo verme nematoide Wuchereria Bancrofti e transmitida basicamente pela picada do mosquito Culex quiquefasciatus (pernilongo ou muriçoca) infectado com larvas do parasita. É reconhecida como uma doença tropical, ou seja, típica das regiões tropicais e subtropicais do planeta. No Brasil, a cidade de Recife possui o maior número de casos de doentes do país. A doença também já foi notificada nos estados do Amazonas, Alagoas, Bahia, Maranhão, Pará e Santa Catarina.
TRANSMISSÃO DA FILARIOSSE
A filariose é causada por várias espécies de vermes. No Brasil, o
principal causador da doença é o nematódeo Wuchereria bancrofti. A transmissão não ocorre de pessoa para pessoa, é necessário um vetor, o qual pode ser um mosquito ou mosca. O vetor mais conhecido no Brasil é o Culex quiquefasciatus (pernilongo ou muriçoca). Também são vetores da doença a Chrysomya (mosca varejeira) e algumas espécies do mosquito Anopheles, infectados pelas larvas do verme.
Quando ocorre a picada do mosquito fêmea, as larvas penetram na pele
e migram até os linfonodos, onde ficam até chegar a fase adulta. Ao atingir a sua maturidade, os vermes adultos já diferenciados em machos e fêmeas, irão originar microfilárias, as quais também habitarão a corrente sanguínea. O mosquito se contamina ao picar as pessoas infectadas, iniciando um novo ciclo de transmissão. SINTOMAS DA FILARIOSE
Na fase aguda podem aparecer fenômenos inflamatórios, entre eles
inflamação dos vasos linfáticos e linfadenites, além de sintomas gerais, como febre, dor de cabeça, mal estar, entre outros. Mais tarde, por um período que pode levar meses ou anos, os pacientes podem apresentar inchaço de membros, e/ou mamas no caso das mulheres, e inchaço por retenção de líquido nos testículos no caso dos homens. Doenças infecciosas da pele são frequentes e presença de gordura na urina são outras possíveis manifestações. Pode ainda haver a evolução para formas graves e incapacitantes de elefantíase (aumento excessivo do tamanho de membros).
COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DA FILARIOSE
O diagnóstico da Filariose Linfática (Elefantíase) deve ser bem
específico e detalhado, para descartar a hipótese de outras doenças. Os testes laboratoriais que comprovam a presença do verme parasita causador da doença são:
exame direto em lâmina;
hemoscopia positiva;
testes imunológicos, especialmente apoiados em cartões ICT;
ultrassonografia, que pode demonstrar a presença de filarias nos
canais linfáticos.
TRATAMENTO DA FILARIOSE
Quando descoberta no início, a filariose tem cura e o tratamento consiste
no uso de medicamentos prescritos pelo médico. O medicamento destrói grande parte das microfilárias presentes no sangue. Em casos mais avançados não é possível a cura da doença. Entretanto, o tratamento é fundamental para evitar a proliferação dos vermes e consequentes inchaços e deformações. Ainda existem casos em que os vermes adultos precisam ser retirados do organismo através de cirurgia.
PREVENÇÃO DA FILARIOSE
A melhor forma de prevenir a filariose é interromper a sua transmissão.
Assim, deve-se evitar o contato com o mosquito transmissor da doença, através do uso de mosquiteiros e repelentes, instalação de telas em portas e janelas das casas e evitar a exposição prolongada em áreas de risco de contaminação. O tratamento das pessoas doentes também é fundamental para evitar novas transmissões, interrompendo o ciclo de transmissão da doença. REFERÊNCIAS
NASCIMENTO, A et al. Filariose Linfática: Terapêutica Cirúrgica, Resultados
preliminares. Hospitais da Universidade de Coimbra. 2006
ROCHA, A et al. Manual de Coleta de Amostras Biológicas para Diagnóstico de
Filariose Linfática por Wuchereria bancrofti. 2008