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MATERIAIS DE

REVESTIMENTO E
ACABAMENTO

PROFESSORA
Me. Carla Prado Vieira Verdan

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MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação
Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


VERDAN, Carla Prado Vieira.
Materiais de Revestimento e Acabamento. Carla Prado Vieira Verdan
Maringá - PR.:Unicesumar, 2019.
222 p.
“Graduação em Design - EaD”.
1. Materiais. 2. Revestimento. 3. Acabamento 4. EaD. I. Título.

ISBN 978-85-459-1942-1 CDD - 22ª Ed. 671.73


CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828

Impresso por:

DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor
Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio
Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia
Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Produção
de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima,
Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Gerência
de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas,
Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo.
Coordenador(a) de Conteúdo Larissa Siqueira Camargo, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração
Robson Yuiti Saito, Designer Educacional Bárbara Neves, Revisão Textual Silvia Caroline Gonçalves,
Ilustração Marta Sayuri Kakitani, Bruno Cesar Pardinho Figueiredo, Fotos Shutterstock.

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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos IGC 4 em 8 anos consecutivos. Estamos entre os 10
com princípios éticos e profissionalismo, não maiores grupos educacionais do Brasil.
somente para oferecer uma educação de qualidade, A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão soluções inteligentes para as necessidades de todos.
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- Para continuar relevante, a instituição de educação
nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
e espiritual. coragem e compromisso com a qualidade. Por
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro do ensino presencial e a distância.
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. do conhecimento, formando profissionais cidadãos
Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais que contribuam para o desenvolvimento de uma
de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos sociedade justa e solidária.
pelo MEC como uma instituição de excelência, com Vamos juntos!
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à A apropriação dessa nova forma de conhecer


Comunidade do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores de
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas tecnologia que temos e que está disponível.
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
atemporal, global, democratizado, transformado pelas modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, que não as portas para melhores oportunidades. Como já disse
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Kátia Solange Coelho


Janes Fidélis Tomelin Diretoria de Graduação
Pró-Reitor de Ensino de EAD
e Pós-graduação

Débora do Nascimento Leite Leonardo Spaine


Diretoria de Design Educacional Diretoria de Permanência

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autores

Me. Carla Prado Vieira Verdan


Graduada em Letras - Língua Portuguesa pela Universidade Estadual de Maringá (2007)

e em Design de Interiores pelo Centro de Ensino Superior de Maringá (2013). Especialista

em Gestão de Pessoas pelo Instituto Paranaense de Ensino (2009). Mestre em Análise

do Discurso pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Estadual de

Maringá (UEM), pesquisadora do grupo de estudos GEDUEM/UEM.

http://lattes.cnpq.br/3571160271625730
apresentação do material

MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO


Me. Carla Prado Vieira Verdan

Caro(a) aluno(a) do curso de Design de Interiores, seja bem-vindo(a)! Nas pró-


ximas páginas, você vai conhecer e se aventurar pelos materiais e revestimentos
que, aliás, já são nossos conhecidos de longa data, pois é a partir deles que reco-
nhecemos o mundo à nossa volta. As cores, as texturas e os sons dos elementos do
nosso dia a dia vêm dos diversos materiais e revestimentos, naturais ou artificiais,
que nos rodeiam em nossos ambientes. A maciez do algodão, a rigidez dos vidros,
as texturas das madeiras, as cores das tintas, a transparência do acrílico, o ruído
de uma bolinha quicando em um chão de cerâmica... enfim, como você pôde
perceber, todos esses exemplos conectam nossas sensações aos materiais! Neste
livro, vamos conhecer as características sensoriais dos materiais para aplicá-las de
maneira correta e aproveitar ao máximo essa relação física que temos com eles a
fim de melhorar a nossa qualidade de vida.
Os materiais e revestimentos possuem uma grande importância na questão
da segurança dos nossos ambientes e, consequentemente, das nossas vidas. De-
vemos compreender que existem diversos tipos de produtos para se utilizar em
um ambiente, porém cada um deles deve ser aplicado no seu local adequado. Por
quê? Vamos imaginar que seja necessário selecionar um tipo de material para
uma sala de banho, banheiro, ou mesmo um lavabo. Sabemos que são ambientes
molháveis e molhados, e que, portanto, a escolha do piso deve ser segura, para
evitar escorregões e acidentes. Neste sentido, vamos estudar as características
técnicas dos materiais e revestimentos e, assim, estaremos, ao final desta jornada,
aptos para desenvolver projetos com responsabilidade em nossas especificações.
Além disso, é importante ressaltar que devemos também considerar todas as
questões econômicas e ambientais que nos cercam atualmente e, desta maneira, evi-
tamos utilizar materiais e revestimentos que possuam matéria-prima em escassez, ou
que contenham elementos tóxicos, ou ainda que demandem gastos de energia e água
em excesso. Esses conteúdos estão inseridos neste livro para que você compreenda e
reconheça que um ambiente pode ser esteticamente adequado, mas também funcional
e de acordo com as discussões contemporâneas sobre diversas questões ambientais.
Todos esses conteúdos apresentados têm por bases bons e atuais referenciais,
selecionados do ponto de vista do profissional de design de interiores, ou seja,
adequado especialmente para que você desfrute desses conhecimentos em sua
formação como profissional da área! Estamos juntos nesta jornada?
Na primeira unidade, iniciamos nossos estudos com as pedras naturais, mate-
riais que são conhecidos pelo ser humano desde sua existência e, talvez, por este
motivo são reconhecidos por nos conectar às nossas origens, e as pedras artificiais.
Em seguida, iremos estudar a Cerâmica e o Vidro, materiais essenciais que nos
surpreendem com suas características de adaptação e transformação. Logo após, as
Madeiras e as Fibras, materiais que se mostraram versáteis servindo para diversos
fins em nossas ambientações contemporâneas. Neste tópico adiciona-se os papéis
de parede, elementos decorativos populares na Europa e, hoje, apresentam-se em
grande quantidade e variedade.
Posteriormente, vamos aprender sobre os Polímeros, materiais descobertos
recentemente, em relação aos anteriores, e que fazem parte da revolução atual da
tecnologia; nós os conhecemos popularmente como os plásticos e as borrachas.
Também veremos os metais que foram o destaque do Movimento Modernista,
utilizados em diversos produtos desenvolvidos pela Bauhaus e, ainda hoje, chamam
atenção no nosso dia a dia.
Por último, vamos apresentar as tintas, os esmaltes, os vernizes, as lacas e as
resinas, em suas diversidades de cores e tipos, materiais populares e que possuem,
como veremos, mais funções do que a da estética. Estudaremos também alguns
materiais que advêm dos animais e a sua relação com o mercado.
Em todas as unidades serão abordados os conteúdos sobre a história desses
materiais, suas definições, classificações e aplicabilidades.
Finalmente, caro(a) aluno(a), convido você para iniciar esta caminhada! Seja
bem-vindo(a)!
sum ário

UNIDADE I 120 Considerações Finais


PEDRAS NATURAIS E ARTIFICIAIS
125 Referências
14 Conhecer os Principais Ambientes Residenciais e
127 Referências
as suas Definições
129 Gabarito
24 Pedras Naturais
32 Pedras Artificiais
UNIDADE IV
36 Sustentabilidade METAIS E POLÍMEROS
46 Referências 133 Metais
48 Gabarito 140 Polímeros
144 Acrílico (PMMA)
UNIDADE II
148 Sustentabilidade
VIDRO E CERÂMICA
157 Referências
54 Vidro
161 Referências
64 Cerâmica
163 Gabarito
74 Sustentabilidade
78 Considerações Finais
UNIDADE V
83 Referências RESINAS E OUTROS MATERIAIS
84 Referências 164 Tintas
85 Gabarito 175 Produtos Animais
178 Outros Materiais
UNIDADE III
182 Sustentabilidade
MADEIRAS E FIBRAS
185 Considerações Finais
90 Madeira
193 Referências
105 Bambu
196 Referências
108 Fibras (Têxteis e Papéis)
198 Gabarito
116 Sustentabilidade

201 CONCLUSÃO GERAL


UNIDADE I

PEDRAS NATURAIS E
ARTIFICIAIS

Professora Me. Carla Prado Vieira Verdan

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Agregados, aglomerantes e misturas
• Pedras naturais
• Pedras artificiais
• Sustentabilidade

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer o uso dos agregados e aglomerantes, entender o que esses
elementos compõem e onde estão aplicados e sua importância dentro do
sistema da construção.
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade das pedras
naturais.
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade das pedras
artificiais.
• Apresentar como esses materiais se comportam em relação ao conceito de
sustentabilidade.
unidade

I
INTRODUÇÃO

C
aro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à primeira unidade do nos-
so livro! Nesta unidade, estudaremos, as pedras e as diversas
formas e funções que esta matéria-prima apresenta na área da
construção civil e, portanto, no design de interiores. As pedras
estão presentes na ambientação desde sua parte estrutural, e não estamos
falando apenas das estruturas antigas, em que existiam as paredes de pe-
dras. Estamos falando das edificações modernas com os seus novos ma-
teriais e paredes leves (ou montantes leves). É que todas essas tecnologias
novas apresentam, em sua constituição,o uso dos minerais que compõem
as pedras naturais e também as artificiais.
Para compreender a importância desses elementos, iniciamos conhe-
cendo os aglomerantes, os aglomerados e as suas misturas. Esses materiais
possuem diversas funções, e dentre as mais conhecidas está a de “colar” as
estruturas, revestimentos ou acabamentos. Entretanto, a partir dessas fun-
cionalidades iniciais, esses materiais vão adquirindo novas possibilidades,
e, além de preparar as estruturas para receber seus acabamentos, podem,
às vezes, tornarem-se o próprio acabamento, como é o caso do concreto
aparente e do cimento queimado.
Veremos também, na segunda e terceira partes da unidade, as pedras
naturais e as pedras artificiais, o que são, como são aplicadas nos ambien-
tes e quais as relações entre elas. As pedras artificiais aparecem nas am-
bientações com muito destaque e são assim denominadas pela similarida-
de do seu uso e também da sua estética. Na quarta parte, estudaremos a
sustentabilidade e como os materiais vistos anteriormente são compreen-
didos quando relacionados a essa questão.
Ótimo estudo!
MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO

Conhecer os Principais Ambientes


Residenciais e as suas Definições

Quando entramos em um ambiente que nos fascina têm como finalidade produzir as argamassas e o con-
pela sua beleza, pelo seu conforto e funcionalidade, creto (que são as misturas). Estas misturas, por sua
reparamos em cada detalhe, desde as cores das tintas vez, são utilizadas na estrutura da construção. Suas
ou o desenho dos papéis de parede até as cortinas e os aplicações vão desde revestimentos de piso, parede
estofados e, também, no piso e nos materiais dos mobi- e teto, argamassas para assentar os azulejos e as pla-
liários. Contudo dificilmente pensamos nos elementos cas cerâmicas, e podem até fazer diferentes tipos de
que asseguram a existência de todos esses acabamen- reparos. Sua aplicação se estende até as fundações e
tos, aqueles que estão longe de nossa visão, mas que, canalizações e estas são apenas algumas, dentre mui-
mesmo assim, são fundamentais para a correta am- tas outras, aplicações que esses elementos, possuem.
bientação de um espaço. Alguns desses elementos são Essas misturas, formadas por estes dois elementos,
os que chamamos de agregados e aglomerantes. denominados agregados e aglomerantes, possuem
De acordo com Ambrozewicz (2012), esses ma- origem natural e seus componentes são os minerais
teriais – os agregados e os aglomerantes – juntos, que existem nos nossos solos, como a argila e a areia.

14
DESIGN

SAIBA MAIS SAIBA MAIS

A partícula mineral do solo varia em tamanho, A argila expandida também é utilizada no pai-
desde a argila microscópica às rochas de mui- sagismo em pequenos vasos e bonsais. Serve
tos metros. Os fragmentos com mais de 75 como material que drena a água e absorve os
mm de diâmetro são denominados pedras. nutrientes, bem como o cascalho.

Fonte: Troeh e Thompson (2007, p. 18). Fonte: adaptado de Cinexpan ([2019], on-line)1.

OS AGREGADOS OS AGLOMERANTES

Materiais que podem ser de origem natural, como a Ambrozewicz (2012) nos informa que os aglome-
areia ou, ainda, como nos informa o estudioso Am- rantes são materiais que, misturados à água, formam
brozewicz (2012), o cascalho – conhecido também pastas e, portanto, fazem a integração com os agre-
como pedregulho – e a brita são extraídos de jazidas gados, sejam miúdos ou graúdos, transformando-se,
e/ou minas e sofrem outros processos até sua apli- como dito anteriormente, em argamassas e concreto.
cação na construção civil. No entanto os agregados Os exemplos que o estudioso cita de aglomerantes
podem ser materiais artificiais, como a argila expan- são: cal, gesso, cimento Portland e outros materiais
dida ou o concreto reciclado de demolições. Ainda, chamados betuminosos. A seguir, suas definições:
em relação às suas classificações, podem ser leves, • A cal é utilizada para diversas aplicações, por
normais ou pesados e, sobre suas medidas, o autor exemplo, na produção de argamassas para as-
sentamento de revestimentos e produção de
nos informa que podem ser classificados como mi- tijolos.
údos ou graúdos. Explicando de forma simplista, a • O Cimento Portland possui este nome por-
finalidade do agregado, quando parte da mistura do que foi inventado na Inglaterra na mesma
concreto e da argamassa, é dar-lhes resistência. época em que era modismo utilizar em cons-
truções pedras de cores acinzentadas vindas
de uma ilha de Portland, logo, pela caracte-
rística de semelhança de cores, o construtor/
inventor nomeou o material de Portland. Sua
definição é “[...] um pó bem fino com pro-
priedades aglomerantes, que endurece sob a
ação da água. Depois de endurecido, perma-
nece estável, mesmo que submetido à ação da
água” (AMBROZEWICZ, 2012, p. 76).
Figura 1 - Argila Expandida

15
MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO

• Os aglomerantes betuminosos são aqueles


SAIBA MAIS
que possuem partes orgânicas em sua com-
posição. Podem se originar na natureza ou
Também existe o Cimento Portland Branco não são desenvolvidos pela indústria. Nós reco-
Estrutural, e seu uso é voltado apenas para as- nhecemos alguns deles: o asfalto (origina-se
sentamentos e desenvolvimentos de produtos do petróleo) e o piche (obtido de asfalto). É
como ladrilhos hidráulicos, entre outros.
interessante saber que o ser humano usa, des-
Fonte: adaptado de Ambrozewicz (2012). de a antiguidade, esses materiais. Conforme
afirma Ambrozewicz (2012), temos exemplos
na Mesopotâmia, no Egito (presentes na mu-
mificação), e têm-se referências desses mate-
SAIBA MAIS
riais até na Bíblia, quando se trata da Arca de
Noé. Em épocas menos remotas, as aplica-
O piso de Cimento queimado consiste na ções de betumes datam do século XVIII.
“aplicação de cimento seco na forma de pol- • O gesso é um dos aglomerantes que nós co-
vilhamento sobre a superfície [...] do concreto” nhecemos um pouco mais, pois o vemos qua-
(RECENA, 2014, p. 85). Este é um procedimento
se que diariamente e, desde algum tempo, na
que pode ser feito na obra, o que acaba tornan-
do um produto econômico em sua instalação. casa de nossos avós ou familiares, se não em
nossa própria residência. Presente nos deta-
Fonte: adaptado de Recena (2014).
lhes dos forros (quando não é o próprio forro),
aplicados como sancas e molduras diversas até
os adornos mais clássicos, como os florões.
Atualmente, esse material é um ótimo aliado
dos designers de interiores, utilizado com fre-
quência em nossos projetos. Os motivos que
nos levam a gostar tanto do gesso são as suas
características principais, conforme apresenta
Ambrozewicz (2012): são resistentes, são iso-
lantes térmicos e acústicos, apresentam resis-
tência ao fogo considerável, são moldáveis e,
como o gesso é leve, também são leves as suas
estruturas finais.

SAIBA MAIS

Placas de gesso com conteúdo reciclado aju-


dam a diminuir os resíduos de gesso acarto-
nado nos aterros.

Fonte: Moxon (2012, p. 103).

Figura 2 - Cimento Portland Cinza

16
DESIGN

Figura 3 - Ornamento de gesso, espátula, o perfil de estanho, drywall em um fundo branco

Por todos os dados anteriores, os profissionais selecio- 2. Resistente à umidade RU – para áreas que
nam o gesso para solucionar diversos problemas de podem vir a sofrer com umidade, mas de for-
ma limitada em quantidade pequena.
acordo com as necessidades do projeto. Podemos citar
3. Resistentes ao fogo RF – para áreas secas
como exemplo: divisórias internas para ambientes, re- com necessidade de resistência ao fogo.
baixamento do pé direito com o uso do forro de gesso,
liberdade no desenvolvimento de projetos de ilumina- Estes três tipos de placas de gesso acartonado são indi-
ção, criação de nichos, estantes e muito mais. Essas di- cados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas,
visórias de gesso, hoje, são denominadas cartonadas, cuja norma é denominada ABNT NBR 14715-1:2010.
ou ainda, elo nome drywall, “[...] possuem um núcleo
de gesso coberto com papel ou outro material” (BIN- SAIBA MAIS

GGELI; CHING, 2013, p. 308).


Os novos estudos e a tecnologia ajudaram ainda Hoje, o gesso acartonado (painel rígido feito à
mais o avanço deste material em sistemas de placas, base de gesso) é um material extremamente
difundido para a construção de paredes in-
e podemos encontrar três tipos de placas de gesso ternas leves e pode ser revestido de camadas
cartonado para a execução de paredes, forros e re- finas de gesso (lisas ou texturizadas), papel de
vestimentos que sejam internos e não estruturais. parede, painéis decorativos e tinta.

São elas: Fonte: Farrelly e Brown (2014, p. 153).


1. Standart ST – para áreas secas.

17
MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO

AS MISTURAS

Caro(a) aluno(a), no começo deste tópico, entendemos que os agre-


gados e aglomerantes, juntos, formam o que chamamos de misturas.
Estas misturas possuem diversas aplicações na construção civil e são
de extrema importância para nossa ambientação, pois são esses ma-
teriais que preparam, fixam e asseguram a qualidade e a resistência
dos revestimentos de acabamento de nossas ambientações. Enfim,
sua correta aplicação resulta em materiais sem problemas de instala-
ção e de aparência satisfatória.
A argamassa é o material que liga, cola ou prende todos os ele-
mentos de uma construção, é responsável por evitar o desgaste de
acabamentos e, portanto, mantê-los com aparência bela, além de
seguros. Deve ser levada em consideração no momento da especi-
ficação dos produtos, pois uma escolha errada pode deixar seu pro-
jeto insatisfatório ao usuário/cliente. De acordo com o estudioso
Azeredo (2000), podemos dividir as argamassas em diversos tipos
que se referem à função. A seguir, a classificação do autor:

Figura 4: Argamassa
18
DESIGN

Argamassa de junta Argamassa de aderência – chapisco

Argamassa de regularização Argamassa de acabamento

• Argamassa de junta: serve para unir os elementos construtivos, exemplo: os


blocos ou tijolos. Para a estrutura, atua como distribuidor das cargas que a
construção recebe.
• Argamassa de aderência – chapisco: serve para preparar uma superfície mais
lisa (que pode ser a parede, por exemplo) para receber outros materiais. Essa
argamassa é jogada, e seu formato adequado pode parecer bem inadequado –
quanto mais irregular, melhor. Deste jeito, podemos criar uma superfície com
aspereza necessária para que suporte os próximos materiais.
• Argamassa de regularização – emboço: serve como um impermeabilizante
da edificação, evita a água, a infiltração e a umidade. Seu aspecto aplicado já
é mais regular e uniforme. Como afirma Azeredo (2000), atua como alinha-
mento das paredes.
• Argamassa de acabamento – reboco: quando a superfície está pronta para
receber a pintura, o que vemos é o reboco, isto é, a aplicação de uma arga-
massa de pequena espessura com teor de cal alto. Entretanto, este reboco
também pode ser o próprio acabamento.

19
MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO

SAIBA MAIS

Argamassa de acabamento – Massa tipo travertino”


“[...] é também, um reboco especial, seu acabamento
não requer o acabamento de pintura. Geralmente,
essas massas são industrializadas [...] com o reboco
ainda bem molhado, comprime-se com uma ‘boneca’
de estopa limpa ou mesmo de pano seco, de maneira
que deixe na superfície pequenos sulcos típicos do
mármore [...]”.
Fonte: Azeredo (2000, p. 76).

O concreto é a mistura de cimento (aglomerante), pedra,


areia (agregados) e água, além de, se necessário, possuir
outros componentes que chamamos de aditivos, os quais
melhoram suas características. Aliás, as características
que o concreto deve possuir são: resistência, durabilidade,
boa aparência e também deve ser um material econômi-
co. Esse material é fornecido em diversos tipos, como o
convencional, de alto desempenho, alta resistência, pe-
sado, leve, fluido etc. Ambrozewicz (2012) cita 17 tipos
de concreto que, na maioria das suas aplicações, servem
como elemento estrutural. Entretanto, existe, por exem-
plo, o concreto colorido, usado para destacar fachadas, ou
mesmo, na coloração das calçadas, “as vantagens são: eli-
mina a pintura e pode ser usado como marcador de áreas
específicas” (AMBROZEWICZ, 2012, p. 125).

SAIBA MAIS

O concreto faz parte de um grupo de materiais “[...]


com alta capacidade térmica para gerar inércia tér-
mica. A inércia térmica armazena o calor ou o frio e
os transfere lentamente para o ambiente mantendo
sua temperatura interna razoavelmente constante,
reduzindo a necessidade de aquecimento ou de res-
friamento artificial”.
Fonte: Moxon (2012, p. 69).

20
DESIGN

Vamos, agora, conhecer algumas das aplicações do concreto em design de interiores:


Como superfície de acabamento para o piso: de acordo com os auto-
res Binggeli e Ching (2013), os acabamentos de concreto precisam estar
bem nivelados e lisos, e podem receber coloração (corantes) para deixá-
-los mais atrativos, porém devem possuir resistência a manchamentos.
O concreto aceita, ainda, a adição de outros agregados, como pedaços
pequenos ou grandes de mármores, granitos e outras rochas, técnica de
revestimento reconhecidas como granitina e granilito, afirma o estudioso
Azeredo (2000). Sua vantagem é que pode ser encontrado como peças ou,
ainda, executado na própria obra e, o mais importante, evita a utilização
de outro material para o acabamento de piso. Ou seja, reduz a quantidade
de materiais na ambientação, sendo, assim, econômico!
Enfim, “[...] é um pavimento contínuo, apesar de ter juntas, o que não
significa que o pavimento não é contínuo. Chamamos de granilito ou ro-
cha artificial, devido à aparência que fica após sua execução - uma imita-
ção do granito” (AZEREDO, 2000, p. 108).

Bloco e placas de concreto para piso: de acordo com Abbud (2006),


é muito utilizado, em jardins e calçadas, o paver, definido pelo autor
como “pequeno bloco de concreto [...] dispensa contrapiso de concreto
e seu assentamento é feito com areia sobre terra compactada” (ABBUD,
2006, p. 140). O paver, em alguns projetos, também aparece como ban-
cos. Ainda para essas aplicações, existem placas de diversos tipos com
acabamentos específicos a cada situação, alguns bem utilizados em am-
Figura 5: Paver bientes com piscina, como exemplo, alguns materiais da Castelatto.

Como revestimento de parede: atualmente, está se tornando comum


usar as paredes de concreto, aparente, sem o revestimento final. Farrelly
e Brown (2014) nos apresentam também as placas de concreto para re-
vestimento, a empresa Girli Concrete, além de desenvolver esse material,
apresenta, como inovação, a integração do concreto com outros tipos de
materiais, como o tecido. As autoras explicam, “[...] um de seus produtos
[...] integra as tecnologias têxteis à produção de materiais de construção
(como o concreto), para criar superfícies de edificação ‘macias’ e inovado-
ras” (FARRELLY; BROWN, 2014, p. 46). E quanto mais a tecnologia evolui,
mais produtos vão surgindo, como o Litracon, concreto leve e translúci-
do. E, por fim, podemos encontrar elementos vazados (paredes que pos-
suem “buracos” em que se pode ver o outro lado) coloridos ou não, mais
conhecidos como Cobogós, desenvolvidos a partir do concreto.
21
MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO

SAIBA MAIS

De acordo com Abbud (2006), o concreto tam-


bém é a matéria-prima do ladrilho hidraúlico,
muito utilizado em nosso passado, normalmen-
te, feito de forma artesanal a partir de um molde
de metal que é preenchido e estampado, levado
à prensa e, por fim, seco naturalmente em local
sombreado. Este tipo de material, hoje, é ampla-
mente difundido. Quando artesanais possuem
estampas diversas e coloridas, são peças lindas
e o centro de destaque de uma ambientação
pela sua estética.
Fonte: adaptado de Abbud (2006).

REFLITA

Aluno(a), uma das qualidades importantes do


concreto é que ele é moldável. Desta forma,
será possível, como designer de interiores,
desenvolver, dentro da necessidade do pro-
jeto, um mobiliário desse material?

22
DESIGN

23
MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO

Pedras Naturais

Quando os antigos obtiveram conhecimentos para o manuseio das pedras encon-


tradas na natureza, eles iniciaram a sua aplicação em diversas áreas a partir de suas
necessidades vitais. Por isso, essas matérias-primas encontram-se no grupo dos
mais antigos elementos utilizados em nossos ambientes, seja como parte estrutu-
ral das construções ou como revestimentos e peças decorativas.
As autoras Farrelly e Brown (2014) nos explicam que todos os materiais pos-
suem propriedades sensoriais e subjetivas, as primeiras propriedades levam em
consideração os nossos sentidos, sendo os mais comuns o olfato, o tato, o paladar,
a visão e a audição. Esses sentidos reagem tanto ao nosso corpo físico quanto ao
nosso estado emocional, e a relação que temos do mundo e dos materiais está
diretamente ligada à forma como vivenciamos as experiências a partir de nossos
sentidos.

24
DESIGN

O que isso significa quando falamos das pedras que o uso das pedras naturais como revestimento de
naturais? Bom, o uso das pedras naturais como recur- paredes internas e fachadas na sociedade brasileira
sos estéticos na ambientação pode ser explicado, por possui um caráter luxuoso porque retoma o passado
exemplo, pela retomada do contato do homem com histórico brasileiro – a cidade de Ouro Preto, antiga
a natureza, estimulando-o pelo tato, audição e visão. Vila Velha, foi uma das mais ricas cidades do Brasil,
Como isso poderia acontecer? Observe o crescente pela extração, obviamente, de suas pedras naturais.
uso das pedras como revestimentos dentro de salas A sua utilização, entretanto, não é apenas rela-
de banho. Tal contato entre água e pedras pode nos cionada às questões dessas ordens. As qualidades
relembrar as cachoeiras naturais, ou seja, uma ques- funcionais destes materiais são diversificadas e po-
tão sensorial do uso do material na ambientação. dem variar muito de acordo com o tipo de pedra.
Portanto, abordaremos, agora, algumas informações
técnicas.
Troeh e Thompson (2007) apresentam três tipos
de rochas (lembrando que as pedras são fragmentos
de rochas que possuem cerca de 75 mm de diâme-
tro), sendo elas: rochas ígneas, rochas sedimentares
e rochas metamórficas. As ígneas são formadas pelo
esfriamento do magma (massa pastosa que existe
abaixo da superfície da terra), sendo o granito uma
rocha ígnea. Rochas sedimentares são formadas
pelo endurecimento de diversos materiais carrega-
dos pela água e vento. Um exemplo desse tipo de ro-
cha utilizado na ambientação é a pedra São Tomé e o
Travertino. Por fim, as rochas metamórficas são for-
madas pela transformação de outras rochas quando
estão sob muito calor e pressão, sendo o mármore
uma rocha que está nesta classificação. É importante
retomar que essa classificação nos ajuda a entender
um pouco mais de suas qualidades, mas, ainda as-
Figura 6 - Ouro Preto sim, os diversos tipos de rochas possuem inúmeras
características, e ao desejar especificá-las em um
Sobre as questões subjetivas, tal relação funciona projeto, é necessário e importante buscar suas carac-
quando conectamos a nossa percepção dos mate- terísticas específicas.
riais às nossas experiências de mundo, à nossa cultu- Vamos observar algumas características do gra-
ra, religião, tradição, comunidade, isto é, todos esses nito, do mármore, do Travertino e da Pedra São
são elementos que influenciam como “compreende- Tomé, de acordo com as pesquisadoras Farrelly e
mos” os materiais. Para exemplificar, podemos dizer Brown (2014):

25
GRANITO

MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO

Granito: muito indicado para área molháveis, como cozi-


nhas e banheiros, para revestimento de piso e parede, também é
utilizado como bancadas por ser um material duro, resistente e
muito sólido.
Mármore: material poroso, não indicado para áreas mo-
lhadas. Por ser mais macio que o granito, não é apropriado
para pavimentações, no entanto, sua especificação depende
MÁRMORE de um estudo mais aprofundado, levando em consideração as
necessidades do ambiente e as propriedades da pedra para sua
aplicação no projeto. Já os autores Guerra et al. (2013) nos in-
formam que são pedras facilmente esculpidas e polidas.
Travertino: por possuir muitas reentrâncias, não é indicado
para ambientes como cozinha e ambientes que possuem um nível
alto de pó. Ultimamente, tanto o mármore quanto o Travertino são
materiais utilizados como painel decorativo aliado a jogos de luzes.
Pedra São Tomé: “corresponde a um quartzito encontra-
do nas cores branca, amarela, rósea e verde, sendo utilizada
em construções, como piso, revestimento de paredes, alve-
TRAVERTINO naria estrutural e até como telha” (FERNANDES; GODOY;
FERNANDES, 2003, p. 129).
As pedras naturais possuem muita qualidade, durabilidade
e beleza. Existem em infinitas cores e texturas e, seu toque é, ge-
ralmente, de sensação fria. Além disso, algumas podem receber
tratamentos de acordo com as necessidades da aplicação, confor-
me nos apresenta a autora Ribeiro (2002). Temos o jateamento,
tratamento que consiste em deixar a peça fosca; há, também, o
apicoamento, este apresentando textura esburacada por martela-
mento; o flameamento, que torna as pedras antideslizantes e, por
final, o polimento, que consiste em deixá-las brilhantes.

PEDRA SÃO TOMÉ


SAIBA MAIS

A pedra São Tomé recebeu este nome porque, no Brasil,


a sua principal extração fica na cidade de São Tomé das
Letras, estado de Minas Gerais.

Fonte: adaptado de Fernandes, Godoy e Fernandes (2003).

26
DESIGN

SAIBA MAIS

Uma pedra natural utilizada em grande escala no Brasil Colonial, especificamente em Ouro Preto, antiga
cidade de Vila Velha, no estado de Minas Gerais, é a conhecida pedra sabão. Sua aplicação decorativa em
interiores se deu como acabamento ornamentado de paredes, colunas e outros, transformando a am-
bientação com esculturas. Por ser uma pedra macia, pode ser esculpida e, assim, tornou-se o material de
destaque das obras de Aleijadinho, artista que representou o Estilo Barroco no Brasil, e está presente em
grande parte das igrejas da cidade e sua região.
É também de pedra sabão a maior obra a céu aberto do artista Antônio Francisco Lisboa - o Aleijadinho, em
Congonhas, ainda no estado de Minas Gerais, onde estão em exposição os 12 profetas.

Fonte: adaptado de Congonhas (2011, on-line)2.

Figura 8 - Santuário do Bom Jesus do Matosinho, em Congonhas-MG

27
MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO

Figura 9 - Obra de Aleijadinho

PEDRAS NATURAIS PARA REVESTIMENTO dependendo da forma escolhida para aplicação,


DE PAREDES podem resultar em peças muito pesadas. Portanto,
todo cuidado na escolha da argamassa é relevante
Aplicadas nas paredes, possuem diversos modos, para evitar as quedas de peças durante ou depois
tais como irregular ou regular, em formatos gran- de sua instalação. Ainda em relação ao seu peso, é
des, médios e pequenos, no tipo canjiquinha (file- necessário verificar a questão estrutural da edifica-
tada), ou ainda, tijolinho. Os mármores e grani- ção com um profissional responsável (geralmente,
tos são, normalmente, aplicados como placas. Na os desenvolvedores do edifício ou da construção),
instalação, deve-se limpar as pedras poucas horas porque o peso extra pode afetar a estrutura. Quan-
após seu assentamento, para evitar os manchamen- do aplicadas em ambientes internos, deve-se levar
tos pela argamassa. O uso de produtos químicos em consideração os espaços dos interruptores, das
fortes também machuca a pedra e deve ser evitado. tomadas, do quadro de energia e outros mais, para
É importante verificar o uso de argamassas espe- que não se apresentem problemas, tais como inter-
ciais, que secam rápido e/ou para revestimentos ruptores profundos demais ou sem fixação devido
pesados, pela segurança da obra, porque as pedras, à espessura da pedra.

28
DESIGN

Observe que existem muitos tipos de pedras. É im-


portante ressaltar a necessidade de buscar quais são
os tipos de rochas de determinados locais e regiões,
e quais as pedras que possuem maior abundância,
para especificar, em seu projeto, materiais da eco-
nomia e cultura local, tendo em vista a responsabi-
lidade ambiental. Aqui deixo algumas opções bem
Figura 10 - Pedra polida assentada em placas na lareira utilizadas em ambientações pelos designers de inte-
riores: mármore, granito, ardósia, travertino, pedra
São Tomé, lagoa santa, seixos, pedra madeira, Mira-
cema, pedra goiás, pedra de ferro ou vulcânica etc.

PEDRAS NATURAIS PARA PAVIMENTAÇÃO

“Desde a antiguidade, o homem percebeu que as ro-


chas eram materiais duráveis e atraentes para cons-
truir e revestir pisos, caminhos, ruas e calçadas”
(ABBUD, 2006, p. 130).
Aplicadas nos pisos, também apresentam di-
versidade de formatos e cores. Mármores e granitos
quase sempre estão cortados em placas. Azeredo
(2000) informa que, em se tratando de mármore,
é necessário observar incrustações, ou seja, outros
Figura 11 - Filetada
materiais acoplados em seu “corpo”, pois diminuem
a qualidade desse e podem originar trincas ou que-
bras. Outros tipos de pedras possuem diversas for-
mas e podem ser instaladas como quebra-cabeças,
possuindo, em seu resultado, normalmente, uma
estética rústica.
A instalação, conforme afirma Abbud (2006),
evoluiu durante a história humana. É muito provável
que as pedras, inicialmente, fossem aplicadas soltas,
então, veio o conhecimento sobre as argamassas, e
na atualidade, existem bases plásticas ou de metais
que fixam as pedras sem a necessidade das argamas-
sadas, sendo apenas por encaixe.

29
Figura 12 - Seixos
MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO

Figura 13 - Petit pavé em pavimento - Calçada de Copacabana, Rio de Janeiro

Existe, ainda, a pedra portuguesa, conhecida tam-


bém como petit pavé, muito utilizada em calçamen-
tos. Conforme explica Azeredo (2000), essas pedras
são quebradas em tamanhos menores, de cinco cen-
tímetros, às vezes, oito centímetros, podendo ser
encontradas nas cores vermelha, branca, marrom,
preta, creme, cinza e rosa. Com elas podem ser exe-
cutados desenhos diversos, como exemplo, temos as
calçadas de Copacabana, no Rio de Janeiro.

SAIBA MAIS

Quando aplicado na parede em assenta-


mento irregular, o petit pavé pode receber
uma iluminação direcionada e transformar
a ambientação com um efeito dramático e
único de luzes e sombreamentos, servindo
até como ponto de destaque do espaço. Esse
efeito também pode ser aplicado em outros
tipos de pedras, e fica melhor quando elas
possuem reentrâncias para que existam as
sombras, isto é, em acabamentos rústicos.

Fonte: a autora.

30
DESIGN

SAIBA MAIS

A normativa da ABNT (Associação Brasileira de Normas e Técnicas) que trata das rochas para reves-
timentos de edificações é a NBR 15012. De acordo com a matéria do site oficial da Associação, esta
norma apresenta e define os termos geológicos das rochas, destaca alguns de seus tipos petográficos,
compreendidos como os principais, além de suas texturas e estruturação.

Fonte: adaptado de ABNT ( 2013, on-line)3.

REFLITA

Algumas pedras, como o mármore, possuem “veios” ou “estampas naturais”. Ao mesmo tempo em que
podem nos limitar na criação, podem servir para transformar certos elementos e diferenciar o projeto
de modos audaciosos!

31
MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO

Pedras Artificiais

Aluno(a), pas páginas de anteriores, estudamos as Com a evolução tecnológica, a sociedade conseguiu
rochas, aquelas que são utilizadas pela construção desenvolver, a partir do manuseio dos elementos
civil e aplicadas como revestimentos de paredes, pi- minerais encontrados nas rochas naturais, materiais
sos e como mobiliários. Elas podem ser rústicas (em que, nomeou de pedras artificiais.
estado natural) ou tratadas para que, por exemplo, Assim como existe grande diversidade de tipos
apresentem-se polidas, isto é, com o aspecto bri- e classificações de pedras naturais, também existe
lhante. Essas rochas e pedras são extraídas da na- variedade de pedras artificiais. Veremos, a seguir, al-
tureza, portanto são denominadas pedras naturais. gumas dessas novas opções.

32
DESIGN

PÓ DE MÁRMORE E VIDRO RESINA ACRÍLICA E ALUMINA

O pesquisador Lima (2010), em sua dissertação de Também podemos encontrar, no mercado atual, um
mestrado, nos apresenta o material denominado produto de grande qualidade, beleza e resistência.
marmoglass, desenvolvido industrialmente a partir Conforme dados da empresa desenvolvedora, esse
do mineral sílica. O resultado é de qualidade supe- material é composto de resina acrílica e minerais,
rior, com dureza única e resistência, principalmente sendo o mineral TriHidrato de Alumina (ATH)
à abrasão, maior que o granito. o principal em sua composição. Tal material é co-
Desta forma, o marmoglass pode ser utilizado nhecido no mercado como Corian. De acordo com
para revestimento de paredes externas e internas, os dados comerciais, ele não é poroso, é maciço e
pavimentação interna, bancadas, tampos de mesas, maleável porque é termomodável, isto é, torna-se
soleiras, rodapés, entre outros. modável quando exposto a altas temperaturas, acei-
ta reparações e pode até ser reaproveitado após seu
SAIBA MAIS descarte. Apesar de artificial, não é tóxico, e recebeu
o certificado Green Guard Indoor Air Quality.
A resistência à abrasão representa a resistên-
cia ao desgaste de superfície, causado pelo
movimento de pessoas e objetos. A sujeira
trazida nos sapatos acelera o desgaste nas
vias preferenciais de circulação.

Fonte: Ambrozewicz (2012, p. 341).

SAIBA MAIS

“Produtos que não prejudicam a qualidade


do ar interno são certificados pelos selos da
GreenGuard” (MOXON, 2012, p. 101).
Essa organização faz parte de um grupo de
instituições que tem como objetivo avaliar os
materiais, bem como produtos e ambientes
que não agridam o meio ambiente.

Fonte: adaptado de Moxon (2012).

33
MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO

Em relação às suas propriedades e resistências,


deve-se ressaltar a resistência aos agentes químicos
apontados pelas informações comerciais: o material
possui ótima resistência a produtos como álcool,
acetona, café, batom, gasolina, óleo de cozinha, suco
de limão e vinho. Portanto, é indicado para todos
os ambientes internos residenciais, comerciais e até
hospitalares, e também é indicado seu uso em facha-
das.

SUPERFÍCIES COM MINERAL QUARTZO

Estes materiais são conhecidos no mercado por di-


versos nomes, como silestone, caesarstone, dekton,
entre outros. Possuem em sua composição, de acor- Figura 15 - Silestone
do com os dados comerciais, cerca de 90% do mi- Fonte: Mundo das Pedras ([2018] on-line)4.

neral quartzo associado a outros elementos diversos


(que os diferenciam), materiais cerâmicos, vidros ou SUPERFÍCIES CRISTALIZADAS DE VIDRO
materiais existentes pelo manuseio do petróleo. COM NANOTECNOLOGIA
Essas superfícies são oferecidas em diversas co-
res. As cores de destaque em uso nas ambientações Marghussian (2015) explica que a nanotecnologia
possuem brilho e são chamadas, por exemplo, de consiste em manusear os átomos e as moléculas dos
“branco diamante” ou “preto estrelar”. Possuem tex- materiais. Essa tecnologia possibilitou o desenvolvi-
turas que vão do liso ao áspero. mento de novos materiais, como o que conhecemos
As características mais relevantes encontradas como nanoglass. Ou seja, a partir da manipulação
no meio comercial sobre esses materiais são referen- nuclear do vidro e das cerâmicas, aliada a um proce-
tes à proteção contra bactérias (evitando sua propa- dimento controlado em alta temperatura, é possível
gação). Possuem alto nível de resistência a impactos obter como resultado um material durável, que pode
(não são facilmente quebrados ou trincados), e boa ser ou não transparente. As informações comerciais
resistência a líquidos, como vinho e café. A maioria do material revelam sua aplicação em revestimento
destes materiais é indicada pelas empresas desen- de parede e piso, desenvolvimento de bancadas e la-
volvedoras para ambientes externos e internos, mo- vatórios de banheiro, assim como bancadas de cozi-
lhados e molháveis, como revestimentos de piso e nhas. Sobre suas propriedades técnicas, as empresas
parede e de mobiliários. desenvolvedoras apresentam que, na Escala Mohs, o
nanoglass atinge o número cinco.

34
DESIGN

SAIBA MAIS

A “Escala de Mohs” foi criada por Friedrich Mohs (1773-1839). Ele organizou dez minerais por ordem de
dureza, sendo o número um utilizado para o mais mole, e dez, para o mais duro.

Fonte: Millidge (1998, p. 15).

Figura 16 - Nanoglass
Fonte: Alicante ([2019], on-line)5.

CIMENTO COM GRANITO OU MÁRMORE

A mistura de agregados e aglomerantes descrita no


início da unidade também pode ser considerada uma
pedra artificial, conforme descreve Azeredo (2000). O
granilito é a mistura de cimento branco e pedaços de
granito ou mármore (marmorite) e pode receber, tam-
bém, a adição de corantes e ser aplicado como reves-
timento de parede e de piso. Ao final do processo de
instalação, o material deve receber um polimento para
deixar seu acabamento com aspecto brilhante. O mate-
rial, normalmente, é desenvolvido na obra, mas já exis-
tem algumas empresas desenvolvendo-o em placas.

35
MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO

Sustentabilidade

A sustentabilidade consiste no repensar todo o processo industrial de forma que esse se


torne menos nocivo para o meio ambiente e os seres vivos. De acordo com Moxon (2012),
esse repensar deve existir desde o momento inicial do processo industrial, por exemplo, da
extração ou captação da matéria-prima, até o final deste processo, que é o descarte do ma-
terial/produto produzido, passando por etapas como transporte, armazenagem, aplicação,
vida útil, manutenção etc.
A sustentabilidade também considera as questões de ordem econômica e social, pre-
ocupa-se com as relações entre as comunidades e a indústria. Ou seja, essa empresa está
respeitando o ser humano que a sustenta, está valorizando suas culturas e tradições e seu
meio ambiente?

36
DESIGN

Sustentabilidade é suprir as necessidades atu- -primas finitas, porque demoram muito para serem
ais sem comprometer a capacidade das futu- desenvolvidas pela natureza – questão de milênios.
ras gerações suprirem as suas necessidades, Portanto, estamos utilizando produtos que, no nos-
Segundo a omissão Mundial sobre Meio Am-
biente e Desenvolvimento das Nações Unidas
so futuro, não existirão.
(MOXON, 2012, p. 14). O autor ainda afirma que esses materiais, quan-
do escassos, geram conflitos entre os homens, au-
Qual é a importância do(a) designer de interiores mentando a preocupação pela segurança mundial.
que trabalha no âmbito da construção civil, a qual, Além disso, ao extraírem as rochas por escavações,
aliás, é uma das áreas que mais agridem o meio am- os homens produzem enorme alteração no meio
biente? De acordo com o autor Siân Moxon (2012), ambiente local, uma “cicatriz”, como o pesquisador
somos profissionais envolvidos completamente com nos informa, que afeta os animais e até o homem da
a sustentabilidade. Por quê? São os designers de in- região.
teriores que, em seus projetos, definem o que será Também é preciso pensar na questão social, pois
reutilizado e o que será descarte, que especificam os o trabalho com a extração de rochas é perigoso ao
novos materiais para os ambientes, tanto os novos ser humano, sendo assim, é muito importante re-
quanto aqueles que serão reformados. São esses os pensar sua aplicação ou seu descarte em um projeto
profissionais que vão acompanhar a obra e observar de interiores.
se a separação e a destinação dos materiais de des- Moxon (2012) continua nos alertando sobre o
carte são feitos corretamente e se não há desperdício uso das pedras naturais, nos apresentando os se-
de materiais. O(a) designer de interiores deve com- guintes dados: as rochas, além de extraídas, devem
preender e atuar com a postura de responsabilidade ser carregadas à fábrica, onde se transformarão em
socioambiental. placas que, por sua vez, serão novamente transpor-
O assunto desta primeira unidade de estudo se tadas até a obra, onde ocorrerá sua instalação (pen-
destinou a tratar das pedras, sendo elas naturais e sando ainda em um projeto de uso simples, caso haja
artificiais, com as funções de revestimento e aca- necessidade, ainda é possível a peça passar por mais
bamento, e também aquelas que servem como ins- processos – por exemplo, o manuseio da placa por
trumento de assentamento, reboco e emboço e até um artesão antes da entrega na obra). Após a insta-
falamos sobre aquelas que fazem parte da estrutu- lação, o material demandará manutenção e limpeza.
ra da edificação em si, como o concreto. Pensando Finalmente, para seu descarte ou reciclagem, ainda
nisso, como esses materiais são analisados pela vi- será transportada. Isso significa que o processo “gas-
são da sustentabilidade? ta” muito combustível, contribuindo para os proble-
O primeiro fato que Moxon (2012) aponta em mas de emissão de carbono na atmosfera – mais um
seus estudos é que as pedras naturais são matérias- ponto negativo.

37
MATERIAIS DE REVESTIMENTO E ACABAMENTO

Existem, porém, pontos positivos. Se confrontarmos


o processamento das pedras naturais e das artificiais,
observaremos que aquelas possuem menor energia
incorporada, que é o uso em excesso de energia para
sua fabricação, alteração ou transformação. Entre-
tanto, este ponto funciona apenas se considerarmos
o uso de pedras que não precisem de importação. Ou
seja, a melhor opção é utilizar produtos regionais,
evitando maior gasto de transporte.
Outro ponto positivo para as pedras naturais é
que elas são de alta qualidade. Quando aplicadas de
forma correta, são altamente duráveis e recicláveis. SAIBA MAIS
Enfim, após todas estas explicações, Moxon (2012)
afirma que as pedras naturais, quando locais, podem [...] esse material (o gesso) tem baixa energia
ser consideradas sustentáveis. incorporada e pode contribuir com o isola-
Ao tratar especificamente do concreto, o autor mento térmico, mas é responsável por um
desperdício significativo, tanto durante a
anteriormente citado nos informa que é um mate- instalação quando ao final de sua vida útil, e
rial com inércia térmica. Ou seja, quando utilizado contém sulfatos poluentes. Placas de gesso
corretamente, ajuda a manter a temperatura am- com conteúdo reciclado ajudam a diminuir
os resíduos de gesso acartonado nos aterros.
biente de um local interno sempre constante e evita
a necessidade do uso de ar-condicionado ou de de Fonte: Moxon (2012, p. 103).

aquecedores constantemente, diminuindo, assim,


o gasto de energia da construção. Como piso, po-
de-se destacar, como outra qualidade do concreto, REFLITA
o fato de ele evitar o gasto com outro material de
revestimento. Se é verdade que as ameaças ambientais mais
Moxon (2012) retoma que o concreto vem da graves advêm do consumismo indiscriminado
matéria-prima finita, e que a extração de seus com- de matérias-primas e do acúmulo de materiais
não degradáveis descartados como lixo, então
ponentes pode causar muito impacto na natureza. o aperfeiçoamento de sistemas de reciclagem
Contudo existem vários estudos desenvolvendo ma- e de reaproveitamento deve se tornar uma
teriais que reciclam produtos descartados, inclusive, prioridade para o design em nível industrial.
para serem adicionados à composição do concreto, Fonte: (Rafael Cardoso)
como os plásticos.

38
DESIGN

Figura 17 - O uso de concreto como revestimento diminui o consumo de mais materiais para a obra

39
considerações finais

N
esta unidade, aluno(a), você iniciou seus estudos acerca dos mate-
riais e pôde observar como este é um assunto rico, complexo e, ao
mesmo tempo, instigante. Os estudos acerca dos materiais no design
de interiores sempre estarão relacionados à estética, à técnica e às tec-
nologias. Da mesma forma, também possuirão relação com a sociedade nos seus
aspectos sociais, econômicos e subjetivos.
O estudo das rochas, pedras e minerais já nos antecipou algo muito frequente
em todas as próximas unidades; agora, você sabe que os materiais possuem di-
versidade, variedade e que cada um deles possui sua própria beleza, mas também
possuem significado para sociedade. Você viu algumas propriedades físicas das
pedras, porém também pôde compreender como refletir acerca da aplicabilidade
delas por meio de nossos estudos de caso.
Você viu também que a tecnologia e a evolução do saber científico do ser hu-
mano nos proporcionam materiais artificiais semelhantes às pedras naturais, na
aparência (em alguns casos), na qualidade e resistência. Por fim, assim como as
pedras naturais, estes materiais tecnológicos também possuem imensa variedade.
Na ordem da sustentabilidade, você pôde observar a “indústria” das rochas
que são utilizadas como ferramentas de estrutura, revestimento e acabamento, e
qual o impacto desse comércio no meio ambiente, analisando o processo desde
sua extração, seu transporte, processamento, instalação e descarte até a sua reci-
clagem. E, ainda, sobre as ditas pedras sintéticas e/ou artificiais, qual é o verda-
deiro sentido delas em relação ao que se entende por sustentabilidade.
Enfim, você compreendeu os pontos positivos e negativos de toda a situação
que envolve a questão do uso das rochas decorativas ou, caso prefira, das pedras
naturais e das pedras artificiais na prática do design de interiores, e poderá espe-
cificar de forma consciente o material estudado.

40
atividades de estudo

1. Os agregados e aglomerantes, quando mistu- 2. O gesso está presente em nossas ambienta-


rados, transformam-se em materiais como o ci- ções, seja como reboco de gesso, forro, pare-
mento e o concreto. Estes, por sua vez, possuem
des de gesso (muitas vezes, denominadas mon-
diversas finalidades, dentre elas, servir como
tante leve), ou seja, como decorativos diversos
preparação de uma superfície para receber um
(roda-meio, molduras, roda-tetos). Sobre esse
acabamento e, ainda, para a fixação desse, po-
dendo ser, também, até o próprio acabamento. material, leia as afirmativas a seguir:
Neste contexto, assinale a alternativa correta. I. O gesso é um agregado que necessita ser mis-
a) Os aglomerantes são os pedregulhos, e os turado com algum aglomerante para que pos-
agregados são as argamassas, o cimento e o sa ser utilizado na construção civil.
concreto. II. O gesso é um aglomerante e possui, como
b) Os aglomerantes são as pedras naturais que, uma de suas maiores qualidades, a leveza.
em placas, servem de revestimento de parede III. Quando o gesso é utilizado como montante
ou piso e, a partir delas, os designers podem leve ou parede divisória, possui, em sua com-
desenvolver até mobiliários. posição, papel ou outros materiais.
c) As misturas são pastas de concreto artificiais IV. A tecnologia desenvolveu diversos tipos de pla-
desenvolvidas na obra, e transformam-se em cas de gesso cartonado, que são especificadas
cimento queimado. de acordo com suas funcionalidades: áreas
d) Os agregados são as pedras naturais e in- secas, resistentes à umidade e resistentes ao
dustrializadas, como a argila expandida, que, fogo.
misturadas aos aglomerantes e à água, trans-
Assinale a alternativa correta:
formam-se nas misturas, possuindo diversas
a) Apenas I e II estão corretas.
funcionalidades na construção civil.
b) Apenas II e III estão corretas.
e) Os agregados são pedras que, no final do pro-
jeto, fazem a diferença por conseguirem exibir c) Apenas I está correta.
uma estética muito atraente. Já os aglomeran-
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
tes são apenas produtos que se inserem nos
materiais de liga das paredes. e) I, II, III e IV.

41
atividades de estudo

3. Em relação às pedras naturais, sabemos que mina possui certificação de qualidade do ar


possuem diversas propriedades: as funcionais emitido pela instituição Green Guard.
e técnicas, as econômicas e subjetivas. Sobre
( ) Os materiais conhecidos como superfícies de
tal assunto, leia as afirmativas a seguir:
quartzo evitam a proliferação de bactérias.
a) Os mármores podem possuir um valor sub-
( ) Uma mistura de agregado e aglomerado pode
jetivo de riqueza e nobreza em determinadas
também formar um revestimento conhecido
sociedades e são as pedras naturais que po-
como pedra artificial, ou ainda,marmorite ou
dem ser aplicadas como revestimentos de pa-
granilite.
rede, piso e teto, principalmente porque são
duras e impermeáveis. ( ) O material composto de resina acrílica e alu-
mina possui certificação de qualidade do ar
ENTRETANTO
emitido pela instituição ABNT.
b) B. As pedras conhecidas como travertinos são
( ) Os materiais conhecidos como superfícies de
materiais ainda mais resistentes ao sofrerem
quartzo evitam a proliferação de fungos e mi-
a ação do impacto dos pés ou de móveis cain-
croplantas.
do, sendo indicadas para ambientes molha-
dos, mas possuem um aspecto rústico que ( ) Uma mistura de agregado e aglomerado pode
pouco agrada esteticamente. também formar um revestimento conhecido
como argila expandida, ou ainda, aglomerado
Assinale a alternativa correta:
ou aglomerante.
a) As asserções A e B são proposições verdadei-
ras, mas a B não é uma justificativa correta da A. 5. Assinale a alternativa correta:
a) V; V; V; V; V; V.
b) As asserções A e B são proposições verdadei-
ras, e a B é uma justificativa correta da A. b) F; F; F; F; F; F.
c) A asserção A é uma proposição verdadeira, e c) F; V; F; F; F.
a B é uma proposição falsa.
d) V; V; V; F; V; F.
d) A asserção A é uma proposição falsa, e a B é
e) V; V; V; F; F; F.
uma proposição verdadeira
e) As asserções A e B são proposições falsas. 6. Após a leitura do tópico que trata da sustentabi-
lidade, reflita e defina como o(a) profissional de
4. Acerca dos materiais estudados, assinale Ver- design de interiores deve analisar a especificação
dadeiro (V) ou Falso (F): de pedras naturais e artificiais em seu projeto.
( ) O material composto de resina acrílica e alu-

42
LEITURA
COMPLEMENTAR

LEVANTAMENTODEDADOSANTROPOMÉTRICOSPARAODIMENSIONAMENTO
DE ARMÁRIOS DE GUARDAR ROUPA PARA CADEIRANTES
DESIGN DE PRODUTOS COM ROCHAS: PARADORES DE PORTA, CASTIÇAIS, BANDEJAS E MUITO MAIS

O design de rochas teve início com empresas italianas nos anos 60. Desde então, novas tecnolo-
gias, como o CNC e o jato d’água, abrem portas para uma produção em escala mais barata. Nos
últimos cinco anos, vários países realizaram investimentos significativos para conquistar mercado,
incentivar profissionais a atuar na área e ampliar as vendas de materiais/tecnologias que favore-
cem o design de rochas. A Turquia, por exemplo, investiu muito dinheiro para atrair os estudantes
e os profissionais de design a trabalharem com os mármores e os travertinos do país. Na China,
a empresa UMGG começou a organizar concursos de design. O WorldStone Congress, durante a
Feira Xiamen, tem a “Tarde do Design”.

O design de produtos com utilização de rochas naturais cria objetos de uso cotidiano feitos de
mármore, granito, etc. O princípio básico de tais criações é demonstrado na Foto 1: as nadadeiras
de tubarão feitas em mármore Carrara não são meros objetos de decoração – são aparadores de
porta. O designer James Irvine criou as peças produzidas pela empresa italiana Marsotto Edizioni.
A inspiração para este design é fácil de entender: aparadores de porta precisam ser pesados, por-
tanto, rocha é o material apropriado para tal utilização. Outro exemplo é o aparador de Raffaele
Familar (Foto 2): o objeto tem até uma alça que facilita o seu manuseio e a utilização do mármore
e da madeira em sua composição dão a ele um aspecto de valor e nobreza. Portanto, vemos que
as rochas podem ser utilizadas onde o peso é requerido. Neste caso, uma quantidade infinita de
objetos é possível: pés de abajures (Foto 3), suportes para laptops ou castiçais, entre outros.

Ao desenvolver um design de produto utilizando rochas, o designer deve se perguntar: o que a ro-
cha possibilita? E, com isso, ele automaticamente coloca a pergunta: o que a rocha não possibilita?

A maioria das pessoas diz que rocha “pode” tudo e que é bonita em qualquer circunstância. Isto é
pretensioso e tem uma consequência fatal: o mundo do design de rochas tem muitos objetos que
não conseguem ser utilizados. São, na melhor definição, objetos de arte, ou, na pior, bobagens.
Tais artigos são cadeiras ou mesas, feitos inteiramente de rochas. Banheiras maciças também
fazem parte dessa categoria. Outra peculiaridade da rocha é a sua dureza. O revestimento tradi-
cional das ruas tem explorado essa característica durante milhares de anos. A calçada portuguesa,
por exemplo, é uma versão sofisticada do antigo paralelepípedo. Com tecnologia moderna, as ino-
vações são possíveis (Foto 4): muitas cidades trocam os antigos paralelepípedos por outros, com
superfície plana e uniforme. Isto preserva o aspecto antigo, porém faz com que os passeios de pe-
destre fiquem mais confortáveis para os idosos ou pais com carrinhos de bebê. Outras inovações
podem ser verificadas, por exemplo, nos jogos infantis de rua desenhados pela empresa italiana
Animum Ludendo Coles. O da foto (Foto 5) pode ser encontrado nas ruas laterais de Verona. Po-

43
LEITURA
COMPLEMENTAR

rém, o maior mercado para tais revestimentos será provavelmente encontrado nos condomínios
ou jardins particulares.

“Forma segue função” é a regra básica em design de produto com rochas: primeiro, a funciona-
lidade do objeto e, em segundo lugar, a beleza (a forma). O desafio para o designer é apurar o
olhar e identificar outras características positivas da rocha que aliadas ao fato de serem pesadas
e duras, podem inspirar criações inovadoras, belas e funcionais. A beleza das rochas é uma das
suas propriedades e conta muito a seu favor. Por isso, elas têm sido frequentemente utilizadas
por designers: o italiano Manuel Barbieri criou relógios de parede feitos em rocha para a empresa
Scandola Marmi. Outros tipos de relógios também foram criados pelos designers escandinavos
Note e Norm (Foto 6). Um dos exemplos mais marcantes nesta categoria vem do Brasil: para a
Feira de Vitória em 2014, Renata Malenza, do Grupo Corcovado Brasigran, iniciou uma parceria
com o designer Ronaldo Barbosa para descobrir maneiras de utilizar as chamadas rochas exóticas
(Foto 7). Produziram mesas que têm um design minimalista, mas destacam maravilhosamente a
beleza desses tipos de rochas, que somente são encontradas no Brasil. Essas mesas não tiveram
produção em série, são peças únicas, infelizmente. Isso nos leva a uma consequência do design de
produtos: podem ser utilizados como ferramentas promocionais.

Então, se o setor de rochas pudesse criar objetos funcionais para uso residencial, estas peças fa-
riam a promoção (gratuita) para o material. A Lundhs, empresa norueguesa produtora de blocos,
já está indo nesta direção: ela convida designers a utilizarem seus granitos e expõe os objetos em
feiras para arquitetos e designers. Um exemplo é a esfera de madeira e rocha de Kristine Bjaadal,
exibida em Milão durante uma feira de móveis (Foto 8). A essa altura, fica claro que objetos do
cotidiano elaborados com rochas provavelmente não teriam sua demanda aumentada. O objeto
de design, mesmo produzido com rejeitos, certamente aumentará a lucratividade da mina ou da
indústria de beneficiamento. Em resumo, pode-se dizer que o design de produto com rochas na-
turais permite:

• • formar um mercado contínuo para mármores, granitos etc;

• • associar as rochas a uma imagem de criatividade;

• • criar novos empregos;

• • aumentar a demanda por tecnologia de ponta.

Alunos(as), para visualizar as imagens referentes ao texto disponibilizado, acesse: http://abirochas.


com.br/wp-content/themes/abirochas-theme/assets/files/Abirochas-em-noticia-5_WEB-nova.pdf.

Fonte: Becker (2016; 2017, on-line)6.

44
material complementar

Indicação para Acessar

Guia de aplicação de Rochas para Revestimento.


Neste guia, há possibilidade de conhecimento acerca das rochas indicadas como revestimento pela Abiro-
chas, a Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais.
Web: http://www.sindirochas.com/arquivos/guia-de-aplicacao-de-rochas-em-revestimentos.pdf

Indicação para Acessar

Vídeo sobre o ladrilho hidráulico, uma arte, um piso.


Nas mãos do ladrilheiro, o cimento se transforma em piso, em recordações, em arte. O documentário des-
venda sua fabricação e passeia pela magia da produção de um ladrilho.
Web: https://vimeo.com/36099572

45
referências

ABBUD, B. Criando Paisagens: Guia de trabalho em arquitetura paisagística. São Paulo:


Senac, 2006.
AMBROZEWICZ, P. H. L. Materiais de construção: normas, especificações, aplicação e
ensaios de laboratório. São Paulo: Pini, 2012.
AZEREDO, H. A. O edifício e seu acabamento. São Paulo: Blucher, 2000.
BERNI, R. dos S. Uso do gabião para proteção de margens de cursos d’água: o caso do
Rio Tietê. 2007. 72 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil)
– Curso de Engenharia Civil, Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2007.
BINGGELI, C.; CHING, F. D. K. Arquitetura de interiores ilustrada. Tradução de Ale-
xandre Salvaterra. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
CARDOSO, R. Uma introdução à história do design. 3. ed. São Paulo: Blucher, 2011.
FARRELLY, L.; BROWN, R. Materiais para o design de interiores. Tradução de Alexan-
dre Salvaterra. Barcelona: Gustavo Gilli, 2014.
FERNANDES, T. M. G.; GODOY, A. M.; FERNANDES, N. H. Aspectos geológicos e
tecnológicos dos quartzitos do centro produtor de São Thomé das Letras (MG). Revista
Geociências, São Paulo, v. 22, n. 2, p. 129-141, 2003.
GUERRA, V. et al. Fundamentos da engenharia de edificações: Materiais e Métodos. 5.
ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
LIMA, R. P. D. Uso e aplicação de materiais artificiais como rocha ornamental. 2010.
127 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mineral) – Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Mineral, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2010.
MARGHUSSIAN, V. Nano-Glass Ceramics: processing, properties and applications.

46
referências

Amsterdã: Elsevier Science, 2015.


MILLIDGE, J. Gemas: guia prático. Tradução de Marina Appenzeller. São Paulo: No-
bel,1998.
MOXON, S. Sustentabilidade no design de interiores. Tradução de Denise de Alcântara
Pereira. Espanha: Gustavo Gili, 2012.
RECENA, F. Retração do concreto. Porto Alegre: Edipucrs, 2014.
RIBEIRO, C. C. Materiais de construção civil. Belo Horizonte: UFMG, 2002.
TROEH, R. F.; THOMPSON, L. M. Solos e fertilidade do solo. São Paulo: Andrei, 2007.

REFERÊNCIAS ON-LINE

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Em: http://www.cinexpan.com.br/argila-expandida-cinexpan.html. Acesso em: 6 maio 2019.
2
Em: http://www.congonhas.mg.gov.br/index.php/o-mestre-aleijadinho/. Acesso em: 7
maio 2019.
3
Em: http://www.abnt.org.br/imprensa/releases/1478-abnt-lanca-nova-versao-da-nor-
ma-sobre-rochas-para-revestimentos. Acesso em: 7 maio 2019.
4
Em: https://www.mundodaspedras.com.br/silestone-magenta-energy/. Acesso em: 7
maio 2019.
5
Em: http://www.alicante.com.br/galeria-de-fotos. Acesso em: 7 maio 2019.
6
Em: http://abirochas.com.br/wp-content/themes/abirochas-theme/assets/files/Abiro-
chas-em-noticia-5_WEB-nova.pdf. Acesso em: 7 maio 2019.

47
gabarito

1. D.
2. D.
3. C.
4. E.
5. Roteiro de resposta - O(a) aluno(a) deve citar e contextualizar, ao menos,
quatro dos seguintes assuntos: o gasto de energia no processamento das
pedras artificiais; a questão do transporte de pedras naturais como aumento
da emissão de gás carbônico; a relação das pedras naturais extraídas e o
impacto que isso causa no meio ambiente; as pedras naturais como fontes
finitas devido ao tempo que a natureza leva para originá-las. E a questão da
possibilidade de utilizar materiais recicláveis na composição de agregados
para as misturas na construção civil.

48
UNIDADE
II
UNIDADE II

VIDRO E CERÂMICA

Professora Me. Carla Prado Vieira Verdan

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Vidro
• Cerâmica
• Sustentabilidade

Objetivos de Aprendizagem
• Abordar história, definição e aplicabilidade do vidro.
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade da cerâmica.
• Apresentar como esses materiais comportam-se em relação ao conceito de
sustentabilidade.
unidade

II
INTRODUÇÃO

C
aro(a) aluno(a), estamos na segunda unidade de nosso livro!
O assunto, agora, envolverá materiais há muito tempo des-
cobertos pela humanidade, que fizeram grande diferença em
nossas vidas por serem materiais em abundância no solo do
planeta e de fácil acesso. Ao conseguir manuseá-los, a sociedade des-
cobriu suas qualidades, inicialmente, para o armazenamento de obje-
tos, comida e água, depois, sua eficiência como material construtivo.
A cerâmica, além de servir como utensílio doméstico, também pôde
carregar as histórias das antigas culturas e, por elas, também sabemos
como eram nossos antepassados. O vidro, material transparente que
encanta ainda hoje, criou uma das profissões mais promissoras para os
homens no passado europeu e condicionou toda uma nação a voltar-se
ao ofício de vidraceiro.
Para o design de interiores, os dois materiais são importantes, e sua
aplicação tornou-se essencial ao ser humano. Entre vários motivos, os
vidros e as cerâmicas desenvolveram-se, melhorando em relação à ques-
tão econômica e chegando às diversas classes sociais. São materiais po-
pulares, mas, ao mesmo tempo, podem ser “elitizados” para a utilização
pelas classes com maior poderio financeiro, tornando-se, desta forma,
produtos que se encaixam em projetos de ambientações diversos.
Nesta unidade, conheceremos melhor os vidros, suas características,
seus tipos, aplicabilidades e algumas de suas normativas (que regem o
seu uso e a sua segurança). Em um segundo momento, descobriremos
os materiais cerâmicos, sua definição, classificações, seus tipos, aplicabi-
lidades, e também, alguns pontos de sua extensa normativa, que envolve
todos os estudos acerca dos materiais cerâmicos adequados a cada tipo
de uso. Você também conhecerá as questões referentes à sustentabilida-
de desses materiais, como estão envolvidos e de qual forma podemos
adequá-los a essa necessidade mundial.
Bom estudo!


Vidro

Caro(a) aluno(a), neste início de unidade, quero lhe SAIBA MAIS


perguntar: você já reparou como o vidro é um ma-
terial atraente? Muitas vezes, surpreendi-me, parada,
Vitral é o conjunto formado por pedaços ir-
observando suas características, a curiosidade diante
regulares de vidro em diversos tamanhos e
de como a sua reflexo e transparência alteram a per-
cores, montados e rejuntados num mesmo
cepção dos espaços, além de sempre me encantar com plano, formando peças regulares para se-
os vitrais coloridos de algumas construções, fascino- rem aplicados em caixilhos, com finalidade
-me com os jogos de luzes que algumas composições ornamental.
de vidros criam, tão belos que parecem brincar com Fonte: Azeredo (2000, p. 132).
a luz do sol ou com as luzes artificiais dos ambientes.

54
DESIGN

Figura 1 - Vitrais

O vidro possui propriedades subjetivas inúmeras.


Por exemplo, o fato de ser um material transparente
pode influenciar o seu uso em ambientes comerciais
que desejam aparentar honestidade aos seus clien-
tes. A preferência da realeza e da nobreza, nos sé-
culos passados, pelos adornos de cristais, pode ca-
racterizar a utilização do vidro como elemento de
poderio financeiro. Com a chegada da industriali-
zação e a descoberta de novas formas de produção
do vidro, temos o seu uso de forma moderna, na ar-
quitetura, como elemento estrutural, e implicando
em uma mudança na relação dos espaços internos
com os externos. Hoje, o vidro é um elemento-chave
na procura da integração com a natureza, exercendo
um papel unificador fundamental.

55


Figura 2 - Produção artesanal do vidro

ATENÇÃO Em relação à composição do vidro, Ambrozewicz


(2012) diz ser um material inorgânico, homogê-
Dialogar com o vidro é poder pendurar uma neo, porém sem formas, composto por areia e ou-
gota de cor no vazio da transparência, é cap-
tros minerais fundidos (transformados de sólidos
turar o entorno, é mudar com a luz do sol e o
brilho da lua, é sonhar na imagem sempre re- a líquidos) e, posteriormente, resfriado até voltar à
novada e mutante desse material apaixonante. rigidez. Após a sua fusão, o processo que fará seu
Fonte: Pimentel, 2012, p. 102. resfriamento pode possuir diversas tecnologias que
produzirão vidros diferenciados. O autor pontua,
como a maior qualidade do material, o fato de esse
SAIBA MAIS ser transparente e duro, porém é importante res-
saltar que o vidro não é um material absorvente.
É normal pensar que o vidro e o cristal são Atualmente, a produção do vidro se desenvolveu e
materiais bem diferenciados pela forma que atingiu boa redução de seu custo, entretanto, é um
a sociedade expõe o cristal, enaltecendo o
produto, considerando-o de maior qualidade, material utilizado desde a idade antiga, com a pro-
transformando-o em um material que significa dução artesanal.
poder. É claro que estes conceitos têm uma
construção, que se relaciona com o modo de Além de possuírem diversas formas de produ-
produção e o resultado do produto, compa- ção, que os caracterizam de forma diferente, suas
rado ao vidro em um passado não distante.
aplicações no mundo do design de interiores tam-
Entretanto, é importante compreender que o
cristal “é o vidro transparente cuja faces são bém são amplas. Lembramo-nos com maior facili-
absolutamente paralelas”. dade do seu uso nas janelas, mas também podemos
Fonte: adaptado de Azeredo (2000). citar os espelhos e as divisórias de ambientes (o
boxe do banheiro), nos mobiliários, temos mesas

56
DESIGN

de jantar com tampo de vidro, mesas de centro e Nas normativas de número ABNT NBR 14698
de canto, prateleiras de vidros, frentes de armários (2001) e ABNT NBR 14697 (2001), é possível en-
de cozinha, de quarto ou de banheiro em vidro, e contrar informações específicas, respectivamente,
esses próprios armários podem ser desenvolvidos para os vidros temperados e laminados.
apenas com esse material.
SAIBA MAIS
CLASSIFICAÇÃO
Compreender alguns conceitos é muito im-
Diante de tanta funcionalidade e aplicação, devemos portante para o(a) profissional de design de
ter em mente quais são os tipos de vidros disponíveis interiores. Durante todo o estudo na relação
com os materiais, alguns deles serão repetidos
ao uso. Tanto Azeredo (2000) quanto Ambrozewicz constantemente e fazem grande diferença para
(2012) citam mais de dez tipos de vidros. Devido à a especificação. Sob este ponto de vista, enten-
variedade, já afirmada anteriormente, e de acordo da que a resistência mecânica é a medida da
tensão exigida para romper o material.
com os autores, temos as seguintes classificações:
a. Quanto ao tipo. Fonte: adaptado de Ambrozewicz (2012).

b. Quanto à forma.
c. Quanto à transparência.
d. Quanto à superfície. Ainda, há os vidros que absorvem os raios UV (cer-
e. Coloração. ca de 20% de absorção) e o vidro composto, quando
f. Colocação. duas folhas de vidro são separadas por um espaço
com adição de gás desidratado, cuja função é de
Da classificação quanto ao tipo, tem-se o vidro reco- isolamento térmico e acústico do ambiente, este ge-
zido, que é sem tratamento diferenciado; os de segu- ralmente apresentado como uma unidade pré-fabri-
rança, que evitam as quebras grandes e também os cada (janelas). O autor Ambrozewicz (2012) acres-
estilhaços, sendo eles os temperados (processo de centa, também, o vidro termorrefletor, quando ele
tratamento térmico), os laminados (duas ou mais fo- reflete os raios solares.
lhas de vidro que recebem uma película adesiva) e o
aramado (desenvolvido sob uma tela de arame que SAIBA MAIS
segura os pedaços dos vidros ao se romperem).
Afirma Ambrozewicz (2012) que o vidro de A partir da ideia de utilizar duas chapas de
segurança foi descrito pela ABNT NBR 7210, cujo vidro com algum material encapsulado entre
elas, bem como o laminado, apareceram, no
título é “Terminologia dos vidros de segurança”, e
mercado, diversos tipos de opções ornamen-
esses materiais devem possuir resistência mecânica tais de encapsulamento. Um belo exemplo é
superior a dos vidros comuns, sendo indicados para o vidro com tecido encapsulado da coleção
floral Deko, da empresa Cast.
portas de vidro, boxe, janelas baixas e envidraça-
mentos em grande escala, por serem mais suscetí- Fonte: a autora.

veis a acidentes.

57


Em relação à forma, existem os vidros planos, cur-


vos, perfilados e ondulados. Os planos utilizados
na construção civil possuem a tecnologia float, que
“consiste basicamente na formação de lâmina sobre
chumbo derretido, dando uma superfície sem im-
perfeições” (AMBROZEWICZ, 2012, p. 365). Ainda
sobre essa tecnologia, é interessante dizer que:

[...] mesmo a mais simples vidraça é o resulta-


do de uma inovação tecnológica radical - qua-
se todo o vidro de janelas que temos hoje no
mundo é feito com o sistema de vidro float, de
Pilkington, que livrou a indústria do processo
demorado de lixar e polir até se conseguir uma
superfície plana (TIDD; BESSANT, 2015, p. 24).

Quanto à transparência, existe o transparente, de fato,


que deixa a luz atravessar e permite a plena visuali-
zação através de seu corpo; também se desenvolveu
o translúcido, no qual a visão já não é nítida mesmo
Figura 3 - Vidro Floral
com a transmissão da luz; e, por fim, os opacos, os
Fonte: Artezanal (2016, on-line)1. quais não permitem a passagem de luz e visualização.

58
DESIGN

Quando se trata do seu acabamento de superfí-


cie, o mais conhecido, atualmente, é o vidro polido,
aquele que não distorce as imagens. Ainda podemos
citar o liso, que também é transparente mas, ao con-
trário do anterior, permite a distorção das imagens.
Entretanto, existem mais diversidades: impresso,
fosco (translúcido), espelhado, gravado, esmaltado
e o termorrefletor (colorido em um processo em alta
temperatura que possui a característica de reduzir o
calor transmitido).

SAIBA MAIS

Os vidros impressos podem ter sua aparência


alcançada pelo uso de ácidos ou pelo jatea-
mento de areia, são ótimos para manter a O ESPELHO
iluminação enquanto oferecem privacidade.

Fonte: a autora. Azeredo (2000) afirma que o vidro espelhado é


constituído de tratamentos químicos em sua super-
fície, normalmente, com adição de algum tipo de
A penúltima classificação apontada pelo autor metal (como exemplo, a prata), que faz o material
Azeredo (2000) é relativa à coloração do material, refletir a luz e, assim, recriar as imagens.
na qual os vidros podem ser incolores (os mais Pelo fato de repetir as imagens, o espelho é mui-
utilizados) ou coloridos. O autor Ambrozewicz to aplicado em design de interiores para ampliar os
(2012) adiciona a informação de que “os vidros espaços (dar a impressão de ser maior do que se é),
coloridos (termoabsorventes), além do aspecto além de iluminar os ambientes internos por refletir
estético, podem reduzir o consumo energético a luz recebida. Desta forma, é um elemento muito
de uma construção” (AMBROZEWICZ, 2012, utilizado em ambientes considerados pequenos, por
p. 390). Tal fato torna-se interessante quando o evitar a sensação de enclausuramento, que pode ser
ambiente do projeto é muito quente. Entretanto, angustiante para alguns indivíduos.
quando o clima é frio, a indicação do pesquisador É claro que os profissionais devem considerar va-
é aproveitar da transparência para receber a ilu- riadas situações ao indicar este tipo de material, in-
minação e o calor solar. clusive, porque, assim como qualquer outro, seu uso
O autor Azeredo (2000) explica a classificação em excesso ou inadequado pode prejudicar ainda
quanto à colocação do vidro, que pode ser em caixi- mais a ambientação. Enfim, é importante considerar
nhas (enquadrado), autoportante (o vidro é susten- que os materiais lisos, brilhosos e refletivos podem
tado por encaixes de metal) ou misto. ser compreendidos como impessoais.

59


,,

Figura 4 - Mostra CASA COR SP 2012 - Suíte Master


Fonte: Ver, viver e sonhar (2012, on-line)2.

Se antes da facilidade da industrialização, os espe- tipos de acabamento de borda, de acordo com Azeredo
lhos faziam parte, na maioria das vezes, de peque- (2000): corte limpo, filetado, lapidado (garante a segu-
nos elementos decorativos, hoje, preenchem toda a rança, evitando os ferimentos, podendo este tratamento
parede, estão nas portas dos roupeiros e armários ser utilizado como mobiliários), redondo ou chanfrado
em geral, nos fundos dos nichos das estantes e em e bisotê (este último é muito utilizado nas ambienta-
todos os lugares. Nos últimos anos, são utilizado até ções, apresentando um acabamento diferenciado).
no teto, caracterizando-se por ser, quando aplicada
corretamente, uma ferramenta de ampliação do pé-
SAIBA MAIS
-direito de um recinto.
As cores dos espelhos não se restringem ao pra-
Pé-direito refere-se à distância vertical entre
teado, como de costume. Os designers de interiores
o piso e a parte inferior do, teto ou forro. Um
contam com algumas tonalidades e cores para os es- pé-direito baixo seria uma medida próxima
pelhados, como champanhe, bronze, ou ainda, mar- a 2,40 m, e pé-direito considerado alto vai de
3 m até alturas maiores de 6 m.
rom e chocolate.
O espelho pode ser aplicado na ambientação com a Fonte: adaptado de Gurgel (2007).

moldura como acabamento, ou ainda, com os seguintes

60
DESIGN

Figura 6 - Bloco de vidro


Figura 5 - Espelhos
Fonte: Peres (2011, on-line)3.

PASTILHAS DE VIDRO
BLOCOS DE VIDRO
Para uso como revestimento de parede, também é
Os blocos de vidro também fazem parte de recursos possível utilizar um produto denominado pastilha
que podem ser utilizados pelo(a) designer de inte- de vidro, que são pequenos pedaços de vidro atre-
riores como divisórias de ambientes e outras funções lados em uma tela que os mantêm unidos durante
diversas. É importante apontar que, se em dimen- transporte e armazenamento. Suas características
sões grandes, precisam de cálculo para a estrutura são as mesmas do vidro e o material é indicado para
se manter, não devendo, portanto, ser especificados diversos ambientes internos, tais como cozinha, ba-
sem o aval de um profissional especializado. De nheiro e outros, podendo também serem aplicados
acordo com Ambrozewicz (2012), esse produto faz em ambientes externos, visto que possuem resistên-
isolamento térmico e acústico. cia ao calor.

61


Alguns profissionais especificam detalhes em piso correto procedimento de desinstalação. Esse manu-
também feitos de pastilhas de vidro, e o resultado es- al está disponibilizado na página oficial da Abravi-
tético pode ser muito agradável. De acordo com o site dro ([2019], on-line)5, gratuitamente.
Vitrum Cristal ([2019], on-line)4, é possível encontrar Ao se tratar da acessibilidade, para o correto
pastilhas aplicadas no piso, como soleiras, ou para de- aproveitamento e higienização pessoal, os espelhos
marcar os setores do ambiente. Sua aplicação no chão dos banheiros acessíveis possuem especificidades de
deve levar em consideração a segurança, pois o vidro instalação regulamentadas pela NBR 9050:
é um material liso. Na instalação desses materiais, é
importante considerar cola e rejuntes específicos de Os espelhos podem ser instalados em paredes
sem pias. Podem ter dimensões maiores, sen-
acordo com o fabricante do material escolhido.
do recomendável que sejam instalados entre
0,50m até 1,80m em relação ao piso acabado
SEGURANÇA E ACESSIBILIDADE (ABNT, 2015, p. 105).

Quando pensamos em ambientar os espaços inter- E, ainda, de acordo com o texto:


nos com vidros e espelhos, é importante conside-
rar a segurança de seus usuários. Os vidros, apesar Quando o espelho for inclinado em 10º em
relação ao plano vertical, a altura da borda in-
de sua resistência, são materiais cortantes e devem
ferior deve ser de, no máximo, 1,10m, e a da
ser aplicados com muita responsabilidade. Quando borda superior de, no mínimo, 1,80m do piso
esses materiais estão em ambientes molhados, seu acabado (ABNT, 2008, p. 12).
risco é ainda maior. Com isto em vista, a Associação
Brasileira de Normas Técnicas desenvolveu a NBR A NBR 9050 ainda apresenta diversos regulamentos
14207, que trata especificamente dos boxes de ba- para a segurança do uso dos vidros na acessibilida-
nheiro fabricados com vidros de segurança. E, con- de, tais como a maneira como devem ser aplicadas
cordando com a normativa, mas também pensan- as faixas de segurança e as barras laterais dos boxes.
do em seus clientes finais, a Abravidro (Associação
Brasileira de Distribuidores e Processadores de Vi- SAIBA MAIS
dros Planos) desenvolveu uma cartilha denominada
“Manual de utilização, limpeza e manutenção dos
A NBR 9050 é disponibilizada gratuitamente
boxes de banheiro”, a qual apresenta informações pelo site da Secretaria Nacional de Promoção
aos usuários de como utilizar e manter seus boxes, dos Direitos da Pessoa com Deficiência, na aba
Normas da ABNT, item de numeração 16.
com dados importantes de como fazer a avaliação
da instalação para evitar a possibilidade de aciden- Fonte: a autora.

tes, além de como executar a manutenção e qual o

62
DESIGN

63


Cerâmica

SAIBA MAIS fácil e abundantemente encontrada na natureza,


sendo, geralmente, o primeiro material encontrado
De acordo com a Anfacer – Associação Nacional nas escavações. Desta forma, a sociedade primitiva
dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimen-
tos, Louças Sanitárias e Congêneres – o termo
rapidamente aderiu ao uso da cerâmica como mate-
cerâmica vem da palavra grega kéramos, que, rial estrutural com os tijolos e como material para
por sua vez, significa terra queimada. utensílios domésticos.
Fonte: Anfacer ([2019], on-line)6. A argila misturada em água torna-se moldável,
atingindo, após secar, certa rigidez. Entretanto, para
se estabilizar no formato desejado, ela deve ser quei-
A evolução tecnológica permitiu um desenvolvi- mada. Inicialmente, era apenas exposta ao sol, mas,
mento inimaginável da indústria de placas de ce- com o passar do tempo e com a aquisição de conhe-
râmicas para uso na construção civil. Apesar de ser cimentos, os homens perceberam que ela se tornava
um material amplamente utilizado na atualidade, a mais firme se levada ao fogo. Aliás, é curioso o fato ci-
cerâmica, no entanto, remonta ao passado distante tado pelo autor Zabalbeascoa (2014), de que as cerâ-
da humanidade. Como nos informa Ambrozewicz micas aparecem como uma das melhores fontes para
(2012), ela é constituída de materiais argilosos, é a Antropologia sobre como se vivia na Antiguidade,

64
DESIGN

junto com as pinturas, textos e construções. Foi a mesa e parede e adornos diversos, que podem ser
partir de desenhos aplicados em utensílios cerâmicos artesanais ou industriais. Há, também, os utensílios
que a sociedade atual conheceu o mobiliário grego, domésticos, como panelas, tigelas, travessas, potes,
como a poltrona chamada Klismos, cujo desenho foi canecas, acessórios de banho, entre outros.
recuperado, posteriormente, pelo império francês. Existem, ainda, as louças sanitárias e os revesti-
Smith e Hashemi (2012) afirmam que os mate- mentos de piso e de parede. Por fim, também pode-
riais cerâmicos são inorgânicos e que possuem ca- mos incluir os elementos vazados, como os tijolos
racterísticas gerais como: rigidez, baixa resistência especiais, com a função de possibilitar ventilação e
mecânica e ductilidade (flexibilidade), são bons iso- iluminação aos ambientes, diversas vezes aplicados
lantes elétricos e térmicos. Os autores ainda infor- como divisórias de ambientes e não apenas nos arti-
mam que a composição das cerâmicas tradicionais fícios arquitetônicos.
incluem minerais como a argila, a sílica e o feldspato, Caro(a) aluno(a), conheceremos, a partir de
e seus exemplos são as telhas, os tijolos e vidros. agora, as cerâmicas e suas aplicações mais impor-
Em design de interiores, os materiais cerâmicos tantes no design de interiores, iniciando com as
possuem diversas aplicações. No que tange à deco- placas cerâmicas e finalizando com as louças sa-
ração, temos os vasos, os jarros, os decorativos de nitárias.

SAIBA MAIS

Os vidros são considerados materiais cerâmicos, pois sua composição também inclui materiais minerais os
como a sílica, além de também necessitarem de queima para a solidificação.

Fonte: a autora.

65


AZULEJO E/OU PLACAS CERÂMICAS terística sensorial, tendo em vista o clima tropical
nacional.
A Anfacer – Associação Nacional dos Fabricantes O pesquisador Ambrozewicz (2012, p. 340) de-
de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitá- fine que os “azulejos são placas de louça, de pouca
rias e Congêneres – afirma que o uso do “azulejo” espessura, vidrados em uma das faces, onde levam
foi desenvolvido e difundido pelos islâmicos, che- corante”, e que os pisos cerâmicos “são obtidos com
gou à Espanha pelas navegações e se espalhou por massa quase vitrificada, [...] são feitos com argila de
toda a Europa. A Associação relata ainda que, ini- grês, com teor bem pequeno de ferro” .
cialmente, esses materiais eram utilizados apenas Ching e Binggele (2013) complementam que as
nas ambientações internas e que se restringiam ao cerâmicas “de argila natural não são vítreas e apre-
uso como se fossem “tapetes” ou aplicações apenas sentam suaves cores terra; as de porcelana podem
“decorativas”, em pequenos espaços. Acredita-se ter cores vibrantes e são vítreas, tornando-se den-
que o motivo era o alto custo das peças, entretanto, sas e impermeáveis” (CHING; BINGGELE, 2013, p.
com o advento das manufaturas e, posteriormente, 294).
o desenvolvimento industrial, o uso dos azulejos É importante destacar que a característica de
ampliou-se para o piso inteiro de um ambiente ou vitrificação da argila, ou seja, sua capacidade de se
espaço, e também ao seu uso externo. transformar em vidro, é o que eleva a sua qualidade.
Ching e Binggeli (2013) defendem que a cerâ- Há, ainda, outras variedades de materiais cerâmicos,
mica apresenta uma sensação fria e, de fato, seu como os porcelanatos e as cerâmicas especiais para
sucesso no Brasil pode ter relação com esta carac- fachadas e piscinas.

66
DESIGN

Figura 7 - Cerâmica vermelha

De fato, como enfatiza Ambrozewicz (2012), tem-se: SAIBA MAIS


a) O material de argila, ou a cerâmica verme-
lha (Anfacer), constituída quase ou unica- O que o mercado de consumo denomina que
mente de argila. Possui cor avermelhada e porcelanato, na realidade, é uma placa de reves-
suas características incluem a grande absor- timento cerâmico produzido com matéria-prima
ção de água e a fraca resistência mecânica. de maior pureza, com menor teor de óxido de
b) A cerâmica grês ou cerâmica branca (como ferro (ou seja, argila branca), com tecnologias
denomina a Anfacer), que possui uma alta de produção diferenciadas, que fazem com que
vitrificação, menor quantidade de ferro o produto final possua uma qualidade dita su-
(por isso sua cor não é avermelhada) e uma perior ou diferenciada. Pela ABNT NBR 13818
qualidade superior. (1997), o porcelanato é classificado como ma-
terial do grupo de absorção Bla, que apresenta
absorção de água igual ou menor que 0,5%.
Aluno(a), é muito importante que fique bem cla-
Fonte: a autora.
ra a diferença entre azulejo e ladrilho hidráulico.
Retomando o assunto estudado na unidade ante-
rior, ladrilho hidráulico é um material para re-
vestimento de piso e de parede, que também se
apresenta em placas, entretanto, sua composição é
basicamente de cimento e, em sua produção, é le-
vado à prensa, ao descanso e imerso em água (que
garante a sua qualidade). Tal método se difere do
azulejo, material argiloso que é levado ao fogo e
possui a característica de se vitrificar durante o
processo de produção.

67


Algumas definições são importantes. Ao se tratar de SAIBA MAIS


placas cerâmicas, a ABNT NBR 13816 (1997) afirma
que são materiais de argila e outras matérias inorgâ- Existem alguns termos que são utilizados no
meio comercial, dentre eles, o termo “porcelana-
nicas que podem ser produzidas por diversos pro- to técnico”, que significa apenas a placa cerâmica
cessos comuns ao material cerâmico, e então quei- que não recebeu a finalização em esmalte.
madas, podendo ser vitrificadas ou não. Fonte: adaptado de Anfacer ([2019], on-line)7.

As partes da placa cerâmica são o esmalte e o en-


gobe de cobertura. O esmalte refere-se à superfície
vitrificada (as placas podem ser esmaltadas ou não), e Além destas informações, é importante ressaltar
o engobe de cobertura refere-se à “cobertura argilosa que a placa cerâmica, como exposto anteriormente,
com um acabamento fosco, que pode ser permeável pode ou não ser esmaltada (denominada “GL”, do
ou impermeável, branca ou colorida” (ABNT, 1997, inglês glazed). Quando não esmaltada (denomina-
p. 2). Por fim, há o suporte ou biscoito, que é o corpo da “UGL”, do inglês unglazed), ela pode ser polida.
da peça. A normativa explica que o polimento é um “acaba-
Os processos de fabricação descritos pela norma mento mecânico aplicado sobre a superfície de um
distinguem-se em extrudados ou prensados. Quan- revestimento não-esmaltado, resultando em uma
do extrudada, a peça é colocada em espaço com ape- superfície lisa, com ou sem brilho, não constituído
nas uma saída, e quando pressionado, o material sai por esmalte”. (ABNT, 1997, p. 2). Por fim, é também
do espaço moldando-se no formato desta abertura. importante compreender que o revestimento cerâ-
Quando prensada, a peça passa por prensas para de- mico é um conjunto formado pelas placas cerâmi-
senvolver o seu formato. cas, pelo rejunte e pela argamassa de assentamento.

68
DESIGN

Resistências SAIBA MAIS

Tendo em vista toda a variedade existente, tanto re- O PEI 5 é considerado o mais resistente ao teste
de abrasão superficial, então, de acordo com
lacionada ao material que desenvolve a placa cerâmi- as Normas da ABNT, deve ser indicado para
ca, quando no seu processo de produção, quanto ao as áreas públicas. É comum que este material
também acabe com seu valor comercial maior
seu acabamento, o(a) designer de interiores carrega, em relação aos outros produtos.
como sua responsabilidade, a especificação adequa- A importância de compreender a classificação
é válida para especificar o material correto para
da, baseada em questões tanto funcionais como de cada situação de projeto. Assim como os re-
segurança e, claro, da ordem estética. vestimentos de grupo 0 (zero) só devem ser
especificados para parede, os revestimentos
Desta forma, é possível encontrar as informa-
de PEI 5 (cinco) não precisam ser aplicados em
ções necessárias nas Normas Técnicas que contro- ambientes como banheiros residenciais.
lam esses materiais. Veremos, agora, as informações Fonte: a autora.
que orientam as especificações desses materiais.

Resistência à Abrasão Absorção de Água

O autor Ambrozewicz (2012) apresenta a classifica- A NBR 13817:1997, cujo título é “Placas Cerâmi-
ção de Resistência à Abrasão, isto é, a resistência que cas para Revestimento - Classificação”, também nos
o material apresenta em relação ao desgaste de sua apresenta a classificação referente à absorção de
superfície em contato com o movimento dos pés e água, sendo a que define o porcelanato com absor-
o atrito constante e em grande quantidade, como já ção menor ou igual a 0,5%. Esta característica da
visto na primeira unidade deste livro. Enfim, refere- peça se relaciona com muitas outras questões que
-se aos materiais esmaltados. influenciam a escolha da placa. Pense que a absor-
De acordo com a NBR 13818 (1997), a classi- ção de água está diretamente ligada à sua porosi-
ficação de resistência à abrasão é denominada PEI dade. Sendo muito porosa, a placa também possui
e apresenta seis grupos, que vão de zero até cinco, menor resistência ao manchamento e, de acordo
sendo o grupo zero desaconselhável à utilização em com o Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia,
qualquer piso, e o quinto grupo, PEI 5, o mais re- Qualidade e tecnologia (1998) – maior facilidade
sistente e aconselhável para aplicação em pisos para de quebra, ou seja, menor resistência mecânica.
áreas públicas e outros.

69


O Instituto ainda defende que: Resistência a ataque químico e a manchamento

[...] as placas cerâmicas classificadas como BIII, O Inmetro (1998), de acordo com as normativas
com absorção de água acima de 10%, são reco-
da ABNT, ainda apresenta as classificações de resis-
mendadas para serem utilizadas como reves-
timento de parede (azulejo), justamente por tências das placas cerâmicas aos agentes químicos
possuírem alta absorção e, portanto, resistência e aos manchamentos, sendo que o manchamento
mecânica reduzida (INMETRO, 1998, on-line)8. possui relação com a facilidade de limpeza do ma-
terial, isto é, facilidade em remover manchas. A
Observe que, aqui, há uma separação de termos, em classificação do manchamento caracteriza-se pela
que azulejo passa a ser considerado, então, como re- classe A, classe B e classe C, a classe A é de ótima
vestimento cerâmico de parede, e o “piso” é que carac- resistência às manchas, e a C, com resistência baixa.
teriza o revestimento cerâmico para pavimentação. A resistência aos agentes químicos é aquela que
A classificação da absorção de água apresenta classifica os revestimentos cerâmicos em relação a
cinco grupos, que são: Ia, Ib, IIa, IIb e III, sendo “Ia” alguns produtos que, em contato com a placa, po-
o de absorção menor entre todos, e “III”, o de maior dem danificar sua superfície, como álcool e ácidos.
absorção.

70
DESIGN

A classificação dos agentes químicos vai do número Usos específicos e características de avaliação
1 ao 5, sendo o número 1 caracterizado como não
remoção da mancha, e o 5, como melhor facilidade A NBR 13818 (1997) ainda apresenta as resoluções
de remoção da mancha química. acerca de características como:
a) Expansão por umidade - aumento da di-
mensão da placa de cerâmica em contato
SAIBA MAIS com água;
b) Resistência ao impacto - resposta da placa
cerâmica ao impacto de materiais diversos;
A urina é composta por um ácido denominado
c) Dilatação térmica - aumento de dimensão
ureia. Em contato com um piso de porcelanato, com exposição ao calor;
o líquido não mancha instantaneamente, entre- d) Choque térmico - a cerâmica é um isolan-
tanto, a limpeza não pode ser demorada, pois te elétrico, portanto, em algumas situações,
o material exposto durante muito tempo ao
pode ser necessário uso de materiais con-
dutores ou antiestáticos;
ácido pode vir a causar danos no revestimento.
e) Carga de ruptura e módulo de resistência
Fonte: adaptado de Archtrends Portobello ( [2019], on-line)9. à flexão;
f) Resistência ao congelamento - importante para
uso em ambientes com baixa temperatura;
g) Resistência ao gretamento (aparecimento de
fissuras) para as placas cerâmicas esmaltadas;
Coeficiente de Atrito h) Resistência à abrasão profunda para placas
não esmaltadas (o porcelanato deve ser me-
nor ou igual a 175mm3);
A ABNT, com a NBR 13181 (1997), define a ques- i) Determinação da presença de chumbo e
tão relacionada ao deslizamento da placa de reves- cádmio solúveis (caso exista contato com
alimentos).
timento para piso e apresenta duas classificações:
coeficiente de atrito menor que 0,4 – placas que são É possível compreender essas questões em situações de-
indicadas para ambientes “normais”, e coeficiente de terminadas, ou seja, o conhecimento destas normativas
atrito maior ou igual a 0,4 – placas indicadas para deve ser aplicado de forma responsável pelos profissio-
ambientes que necessitam de maior resistência ao nais envolvidos na especificação dos materiais de acor-
escorregamento. do com as necessidades do projeto em questão. Sobre
Na especificação de piso, independentemente esses usos específicos, de acordo com as Normativas
de sua matéria-prima, deve-se levar em considera- Brasileiras, como a ABNT NBR 13818 (1997), temos:
ção a necessidade do projeto. Ambientes molhados a) Para o uso em piscinas, fachadas e saunas, é
e até molháveis que possuem, principalmente, usu- necessário que o profissional saiba das carac-
terísticas da expansão por umidade da peça.
ários idosos ou crianças, precisam de segurança e
b) Uso para pisos industriais, pesquisar as ca-
de revestimentos que evitem quedas. Existem pisos racterísticas de resistência ao impacto.
cerâmicos de alta qualidade com o coeficiente de c) Antiderrapante, verificar o coeficiente de atrito.
atrito indicado a estas situações. Deve-se lembrar, d) Uso em lareiras, ou em ambientes propen-
no entanto, que, geralmente, possuem a superfície sos ao calor, estudar as características de
dilatação térmica e choque térmico da peça.
mais áspera, o que pode dificultar sua limpeza.

71


e) Em pisos, situações comuns em ambientes


molháveis, observar a carga de ruptura e a ser previstas juntas de dilatação em áreas superiores a
expansão por umidade. vinte 20 m2, ou quando um dos lados for maior que 5
f) Para uso em ambientes externos de regiões m e em paredes com área superior a 24 m2” (AMBRO-
sujeitas ao frio extremo, neve e geadas, ou
ainda, em câmaras de frigoríficos, buscar a ZEWICZ, 2012, p. 344).
característica de resistência ao congelamento.
g) Materiais que podem estar em contato com
matérias químicas industriais, a caracterís-
tica importante a ser observada pelo pro-
fissional é a de resistência química de alta
concentração.
h) E, por fim, materiais que terão contato com
alimentos, é necessário saber a presença de Bacia convencional
chumbo e de cádmio solúveis.

Levantamentos de Obra

O autor Ambrozewicz (2012) informa, em seu estudo,


alguns cuidados que os profissionais devem manter du-
rante a especificação, o recebimento e a armazenagem
dos produtos. Ao receber os materiais, é importante
efetuar a verificação, observar em suas descrições se são Bacia com caixa acoplada
produtos do mesmo lote (o que pode influenciar a sua
tonalidade) e verificar a variedade de dimensão das pe-
ças (ou conferir a bitola), se também são compatíveis.
Durante o processo de fabricação, as peças po-
dem apresentar variação de medidas, por causa da
queima do material. Entretanto, a variação é mínima.
Algo semelhante acontece com a tonalidade das peças
Lavatório com coluna
– as peças de lotes diferentes possuem tons diferentes.
Na atualidade, algumas empresas estão oferecendo
a impressão digital, que possui muita qualidade e sua
aparência consegue imitar outros materiais, como ma-
deiras e pedras. Entretanto, esses produtos são natural-
mente diferentes em suas tonalidades e padrões de de-
senhos, sendo, neste caso, comum este tipo de variação.
Na questão da quantidade, deve-se considerar,
conforme aponta Ambrozewicz (2012), de 5% a 10% Tanque com coluna
Figura 10 - Louças sanitárias para sistemas prediais (bacias, lavatórios
de sobras, que devem ser armazenadas para futuros e tanques)
reparos. É importante informar também que “devem Fonte: Construnormas ([2019], on-line)10.

72
DESIGN

LOUÇAS exposta horizontal, bacia sanitária com a caixa acopla-


da e saída exposta horizontal, de entrada horizontal e
As louças sanitárias fazem parte do trabalho de es- saída embutida, caixa acoplada e saída embutida verti-
pecificação do(a) designer de interiores, seja no pro- cal, tanque, bidê e minilavatório de fixação na parede.
jeto de uma construção nova ou em caso de uma Em relação às normativas vigentes sobre louça
reforma. A seleção do tipo de louça sanitária, como sanitária com material cerâmico, tem-se a ABNT
bacia sanitária, cubas e lavatórios, tanques e acessó- NBR 15097-1 (2011) - Aparelhos sanitários de ma-
rios diversos, está diretamente ligada à ambientação terial cerâmico, Parte 1: Requisitos e métodos de
que se procura desenvolver, seja pela sua coloração, ensaios e ABNT NBR 15097-2 (2011) - Aparelhos
forma e, também, funcionalidade.
Define-se louças sanitárias de forma que: SAIBA MAIS

[...] os artigos de louça são feitos de pó de lou- De acordo com informações comerciais, as
ça, ou seja, uma pasta feita com o pó de argilas cubas de sobrepor, que são aquelas embuti-
das na bancada, porém com bordas aparentes
brancas (caulim quase puro), dosadas com exa-
acima do tampo, possuem menor profundi-
tidão, que darão produtos resistentes [...] com dade. Neste caso, a bancada deve ser maior
a superfície normalmente vidrada (AMBRO- que a cuba.
ZEWICZ, 2012, p. 338). Em contrapartida, as cubas de embutir são
aquelas que ficam completamente embuti-
das na bancada, e suas medidas precisam ser
As louças sanitárias também possuem diversificados compatíveis com a bancada e com o armário
inferior (se houver).
tipos e formatos. No caso de lavatórios (ou cubas),
Enfim, as cubas de apoio são as instaladas com-
existem os de embutir, os de sobrepor e os, de apoio pletamente acima da bancada.
ou, ainda, os que se fixam à parede. No caso da bacia Fonte: adaptado de Leroy Merlin ([2019], on-line)11.
sanitária, pode-se citar a de entrada horizontal e saída

73


Sustentabilidade

sanitários de material cerâmico, Parte 2: Procedi-


mento para instalação.
A sustentabilidade considera as questões de or-
dem econômica e social, preocupa-se com as rela-
ções entre as comunidades e a indústria.

74
DESIGN

VIDRO priadas nos espaços ensolarados e não bloqueie o sol


desnecessariamente” (MOXON, 2012, p. 68).
O vidro é um material extraído da natureza e, por- A maior preocupação em relação aos fechamen-
tanto, é muito comum pensar que, desde o princí- tos de vidro em tamanhos gigantes, principalmente
pio, sua extração é compreendida negativamente. em ambientes residenciais, estava na falta de priva-
Entretanto, sua matéria-prima ainda é abundante cidade. Contudo existem diversas técnicas – antigas
no planeta. Em sua obra, Moxon (2012) afirma que e provenientes da evolução tecnológica – que permi-
o gasto energético é médio e que o material pode ser tem ao vidro oferecer, ao mesmo tempo, a ilumina-
reciclado, pontos positivos, uma vez que reduzem os ção e a privacidade. Como exemplo, temos os vidros
resíduos e descartes. estampados, jateados, e até os tipos mais modernos.
Uma das contribuições do vidro em relação É, de fato, relevante perceber que muitas das so-
à sustentabilidade é a sua transparência e a con- luções para se desenvolver uma construção eficiente
sequente capacidade de oferecer um fechamento (sustentável) estão relacionadas ao projeto arquite-
que permite a entrada da luz natural na ambien- tônico e, assim, muitos(as) designers de interiores
tação, evitando, assim, o gasto com luz artificial. poderiam retirar as suas responsabilidades sobre es-
Mas não é apenas essa característica que torna o tas questões, o que é errôneo e irresponsável, pois as
uso do vidro interessante em alguns casos, para atribuições desses profissionais afetam diretamente
um projeto de cunho sustentável. Existem, ainda, a ordem arquitetônica da instalação ambientada, al-
outras qualidades desse material que devem ser terando os resultados finais e podendo potencializar
consideradas. ou destruir as soluções sustentáveis aplicadas pelos
O pesquisador Moxon (2012), ao apresentar, em outros profissionais.
seu livro, o projeto bioclimático (como o estudo ar-
quitetônico pode aproveitar as qualidades do meio SAIBA MAIS
ambiente que o cerca e diminuir a necessidade de
A luz solar possui diversos benefícios para o ser
processos artificiais que contribuem para o consumo humano. A medicina, bem como outras ciên-
exacerbado da própria natureza), aponta alguns usos cias, comprova este fato – vitaminas, iluminação,
calor são características que agem no corpo e
do vidro. Dentre eles, o vidro absorve o calor – as-
na mente humana, resultando no bem-estar.
sim sendo, em ambientes com o clima frio, pode ser Portanto, “assim como reduz o consumo de
eficiente para evitar o consumo de energia por meio energia, a luz do sol controlada pode gerar um
efeito positivo sobre nosso estado de espírito”
do uso de aquecimento artificial. Desta forma, o autor (MOXON, 2012, p. 68).
informa que “os designers de interiores devem asse-
Fonte: a autora.
gurar que o layout interno abrigue atividades apro-

75


CERÂMICA os estudiosos chamam de “produção do berço ao


berço”. Esta ideia consiste, basicamente, em um pro-
Alguns pontos negativos que Moxon (2012) aponta cesso de vida circular dos materiais. Ou seja, eles são,
acerca da cerâmica são: alta energia incorporada, inicialmente, extraídos da natureza, sofrem todo o
isto é, consumo abusivo de água e eletricidade em processo de industrialização, considerando, inclusi-
sua produção; e na especificação, a prática comum ve, as etapas de transporte e armazenamento e, en-
de comprar mais materiais do que o necessário tão, ao final ou quando for descartado, o material
para receber desconto, ou a fim de evitar o risco de se transforma novamente em matéria-prima, sendo
se esgotarem e não ser possível encontrar a mesma reutilizado pela mesma indústria e, futuramente, o
peça, ou ainda, pela demora entre a encomenda e objetivo é que essas indústrias não precisem mais
a fabricação das peças (lembrando da questão de extrair a matéria-prima natural e trabalhem apenas
tonalidade da peça que muda com o lote). Também com a reciclada.
é discutido entre os profissionais, e foi muito bem O conceito do berço ao berço já é, na verdade,
lembrado por Moxon (2012) em seu estudo a cons- uma prática realizada, inclusive, com certificação, e
tante necessidade dos profissionais em demolir, re- também apresenta melhorias para as etapas de pro-
tirar os produtos cerâmicos mesmo quando estão cessos. Como exemplo, durante a etapa de produção,
em perfeitas condições, apenas para uma adequa- compreende-se a redução de emissão de pó (desper-
ção à estética do novo ambiente projetado. dício de materiais), da emissão de carbono, do con-
Esta atividade é comum não apenas com o ma- sumo de água e de energia. Durante o transporte, a
terial em discussão, mas em diversos casos. Muitas preocupação de trabalhar com produtos certificados,
vezes, é normal observar a retirada de um material de como os paletes de madeira reutilizada, embalagens
extrema qualidade para outro com menor qualidade, de papel reciclável e, como dito anteriormente, a pre-
mas que está ligado à estética do projeto. Essa atitude ocupação com a coleta dos resíduos e descartes das
deve ser questionada, levando em consideração todas obras para reutilização em novas peças.
as questões ambientais levantadas atualmente, sendo Apesar dos aspectos negativos, existem procedi-
de responsabilidade do(a) designer de interiores tra- mentos que as indústrias e os(as) designers de interio-
balhar com consciência ambiental. res podem tomar para se enquadrar ao ideal de sus-
Para Moxon (2012), uma solução possível para tentabilidade, e como Moxon (2012, p. 87) ressalta, os
melhorar a situação das indústrias cerâmicas na materiais “[...] cerâmicos são duradouros, mantendo o
questão da sustentabilidade é sua adaptação ao que seu desempenho e aparência por muitos séculos”.

76
DESIGN

77
considerações finais

C
aro(a) aluno(a), finalizamos mais uma unidade de nosso livro! Este estudo se
moveu em torno de dois materiais: o vidro e a cerâmica – materiais ampla-
mente utilizados na construção civil e popularmente aceitos pela sociedade,
pela sua estética, funcionalidade, praticidade de uso e pelo acesso econômico.
Sobre o vidro, concluímos juntos que sua aparência é muito atrativa. Desde os
primórdios, sua transparência e reflexo encantam a sociedade. Um material que deve
ser especificado apenas após um amplo estudo do caso, da situação e das tipologias
de vidro existentes e adequadas ao projeto. O vidro possui normativas que devem
ser estudadas e levadas em consideração para o uso responsável com segurança e
funcionalidade.
A relação do vidro com as questões que permeiam o meio ambiente são positi-
vas, uma vez que é um material não tóxico, podendo, portanto, ser reciclado. Tal fato
acontece na realidade e evita o desperdício e a produção de resíduos.
E a cerâmica, que se apresenta, também, como uma mutante, auxiliada pela evo-
lução da tecnologia humana, multiplica-se em diversos usos e aplicações. A cerâmica
nos comunicou com o passado, sendo fonte de informação sobre as sociedades pri-
mitivas e, hoje, transformada, cria o mundo em que vivemos. A partir desse uso tão
popular, a cerâmica precisou de normas e regras de produção e instalação.
Os profissionais sérios buscam nas instituições reguladoras as formas de melhor
especificar esses produtos, e é uma incansável busca pelo conhecimento, impulsiona-
da também pelas indústrias dos artigos de cerâmica. Mas esse material também pre-
cisou se adaptar para atender à nova demanda da sustentabilidade, e com todas essas
informações, aliadas com a criatividade e perspicácia do(a) designer de interiores, a
cerâmica vive e se inova cada vez mais.

78
atividades de estudo

1. O vidro e a cerâmica, respectivamente, são ma- IV. O espelho não é um vidro; é um produto de-
teriais compostos de: rivado da areia que, produzido no calor, tem
a. Alumina e detritos de concreto. características de luminescência.
b. Detritos de concreto e sílica. V. O vidro conhecido como float é um produto
c. Aglomerantes betuminosos e alumina. que possui aplicação de um tratamento de
aplicação de prata.
d. Areia e argila.
De acordo com as alternativas apresentadas, as-
e. Argila e gesso. sinale a resposta correta:
2. A partir dos estudos acerca das características a. Apenas I e II estão corretas.
do vidro e dos materiais cerâmicos, leia as afir- b. Apenas II e III estão corretas.
mativas a seguir:
c. Apenas I está correta.
I. Resistência à abrasão é a resistência do mate-
rial em relação ao desgaste de sua superfície. d. Apenas II, III e IV estão corretas.
II. Resistência ao ataque químico é a resistência e. Nenhuma das alternativas está correta.
do material à quebra.
4. Os ladrilhos hidráulicos e os azulejos são, nor-
III. Resistência ao impacto é a resistência do mate- malmente, utilizados como revestimento de pa-
rial em relação ao desgaste de sua superfície. redes e, em alguns casos, de pisos. Sobre esses
IV. Resistência à abrasão é a resistência do mate- revestimentos, qual é a afirmativa correta?
rial em relação ao ataque de produtos quími- a. O azulejo é um material extremamente re-
cos em sua superfície. sistente que pode ser utilizado como revesti-
mento de piso.
Assinale a alternativa correta:
b. O ladrilho hidráulico é um material de muita
a. Apenas I e II estão corretas. qualidade e resistência. Normalmente, em sua
b. Apenas II e III estão corretas. produção, é levado à queima, fazendo com
que adquira essas propriedades.
c. Apenas I está correta.
c. O ladrilho hidráulico é um material desenvol-
d. Apenas II, III e IV estão corretas. vido a partir do cimento e também pode ser
e. Nenhuma das alternativas está correta. instalado como revestimento para piso.
d. O azulejo é um material composto de argila.
3. Em relação às tipologias dos vidros, leia atenta- Deve ser especificado apenas como revesti-
mente as afirmativas a seguir: mento de parede, porque, em sua produção,
I. O vidro conhecido como float é o produto fi- não vai para a queima.
nal de um processo que consegue produzir e. Nenhuma das afirmativas anteriores está correta.
um vidro plano sem imperfeições.
5. Escolha entre os materiais apresentados nesta
II. O espelho é um vidro que recebe um tipo de unidade, estude, pesquise sobre ele e desenvolva
tratamento em um de seus lados, geralmente, uma aplicação criativa desse material em um am-
com implantação de tecnologia LED. biente interno, uma sala de jantar que deve aten-
der a um casal com um filho de dois anos de ida-
III. O vidro conhecido como float é um produ- de. Então, justifique como esse produto pode ser
to que possui aplicação de um tratamento à utilizado para essa nova criação a partir das suas
base de jateamento de areia. características técnicas e estéticas.

79
LEITURA
COMPLEMENTAR

O retorno dos grandes painéis

A 32ª edição da Casa Cor São Paulo, maior mostra de arquitetura, decoração e paisagismo
das Américas, teve duração do dia 22 de maio até 29 de julho. E se em anos anteriores o
uso de vidros e espelhos foi mais pontual, em 2018 eles foram verdadeiros protagonistas
no evento, com grandes painéis em aplicações tão diversificadas quanto chamativas.
Isso fez todo o sentido, uma vez que o tema da mostra desta edição (Casa viva) teve o ob-
jetivo de ressaltar a harmonia entre o homem e a natureza – afinal, qual forma poderia ser
melhor para isso do que produtos que permitem visibilidade plena do lado de fora ou que
a refletem para o lado de dentro?
A seguir, veja alguns dos destaques envidraçados da Casa Cor 2018. E, se chegar ao final
querendo mais, é só buscar o vídeo “O Vidroplano – Cobertura da Casa Cor 2018” na inter-
net e conferir uma galeria cheia de fotos desses e outros ambientes!

Inclusão de toda a equipe

Um ambiente de trabalho acolhedor pode contribuir muito para o rendimento dos fun-
cionários. E o Templo Coworking, de Camila Bevilacqua e Fernando Brandão, é o espaço
perfeito nesse sentido, graças ao uso de peças variadas da Cebrace. Brises de laminados
incolores 4+4 mm (foto) trazem o aproveitamento pleno da iluminação natural para os
dias de Sol (se chover, eles bloqueiam a água devido às variações em seu espaçamento),
enquanto espelhos prata 4 mm fazem o local parecer ainda mais extenso. Nosso material
também se faz presente nas divisórias de temperado 8 mm nos dois lados da grande mesa,
levando aos cubículos e à sala do café.

Sim, vidro e água combinam!

Um dos ambientes mais grandiosos da mostra de 2018 sem dúvidas foi A Cisterna de Deca:
projetada pelo escritório Tenório Studio, ocupava duas salas e uma área extensa entre elas. O

80
LEITURA
COMPLEMENTAR

uso do vidro foi tão grandioso quanto a área do local, incluindo uma parede com cascata arti-
ficial feita com um único painel incolor 10 mm (foto), com 3,7 m de largura e 4,5 m de altura! A
vidraçaria Starke Glas foi responsável por essas e todas as outras aplicações do nosso material
neste ambiente, incluindo o teto todo revestido com espelhos fumê 6 mm nas grandes rampas
entre uma ala e outra, refletindo o espelho d’água com a logomarca da Deca logo abaixo.

Um só com a natureza

O Refúgio Urbano, de Marina Linhares, usou nosso material para uma integração plena
entre o ambiente e a vegetação ao seu redor. Quase todo o fechamento do espaço foi feito
com grandes painéis laminados 5+5 mm, da Cebrace, e houve ainda um piso com tempera-
dos laminados 10+10+10 mm, da mesma fabricante, permitindo apreciar as belas plantas
abaixo do piso (foto). A instalação foi feita pela Vidro Laser.

Jogo de imagens com espelhos

A Sala de Jantar, de Naomi Abe, usa Espelho Guardian prata 5 mm, fornecidos pela Silvestre
Vidros, de forma bastante diferente. As paredes do ambiente são revestidas com esse ma-
terial (foto). Porém, na frente delas, existem outras paredes, feitas de cerâmica, totalmente
vazadas. Os buracos permitem ver os espelhos na parte de trás – com isso, um jogo de refle-
xões ajuda a ampliar o espaço.
Aluno(a), para visualizar as imagens referentes ao texto disponibilizado, acesse a Revista da
Abravidro, o Vidro Plano - on-line, 2018, entre as páginas 14 e 21.
Fonte: O Vidroplano (2019).

81
material complementar

Indicação para Ler

Projeto e Execução de Revestimento Cerâmico


Luciana Leone Maciel Baia e Edmilson Freitas Compante
Editora: O Nome da Rosa
Sinopse: este livro aborda, de forma bastante prática, os principais aspectos en-
volvidos na elaboração do projeto e na execução de revestimento cerâmico, de
paredes internas e externas, incluindo as atividades de execução e controle do
revestimento, os detalhes construtivos e os equipamentos e ferramentas empre-
gados, além de analisar algumas patologias. Os temas abordados visam a con-
tribuir para a adequada produção e os melhores resultados de desempenho do
revestimento e do edifício como um todo. Edição revisada e ampliada em 2017.

Indicação para Acessar

No site EcoEficientes, você poderá encontrar muitas informações a respeito de projetos diversos que le-
vam em consideração a questão da sustentabilidade.
Web: http://www.ecoeficientes.com.br/.

Indicação para Acessar

A Revista da Associação Brasileira de Distribuidores e Processadores de Vidro Plano oferece reportagens e en-
trevistas com informações ricas acerca de seu material. É uma ótima fonte de conhecimento da área e de seu
mercado. Segue o link para o infográfico sobre a reciclagem no Brasil e as etapas para a reciclagem do vidro.
Web: http://www.abividro.org.br/reciclagem-abividro/reciclagem-no-brasil.

82
referências

AMBROZEWICZ. P. H. L. Materiais de construção: normas, especificações, aplicação e ensaios de laborató-


rio. São Paulo: Pini, 2012.
ABNT. NRB 7210: Vidro na construção civil: Terminologia dos vidros de segurança. Rio de Janeiro: ABNT,
1989.
ABNT. NRB 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro:
ABNT, 2008; 2015.
ABNT. NRB 13816: Placas cerâmicas para revestimento: terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 1997.
ABNT. NRB 13817: Placas cerâmicas para revestimento: classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 1997.
ABNT. NRB 13818: Placas cerâmicas para revestimento: especificação e métodos de ensaio. Rio de Janeiro:
ABNT, 1997.
ABNT. NRB 14207: Boxes de banheiro fabricados com vidros de segurança. Rio de Janeiro: ABNT, 2009.
ABNT. NBR 14697: Vidro laminado. Rio de Janeiro: ABNT, 2001.
ABNT. NBR 14698: Vidro temperado. Rio de Janeiro: ABNT, 2001.
ABNT. NBR 15097-1: Aparelhos sanitários de material cerâmico – Parte 1. Rio de Janeiro: ABNT, 2011.
ABNT. NBR 15097-2: Aparelhos sanitários de material cerâmico – Parte 2. Rio de Janeiro: ABNT, 2011.
AZEREDO, H. A. O edifício e seu acabamento. São Paulo: Blucher, 2000.
CHING, F. D. K.; BINGGELI, C. Arquitetura de interiores ilustrada. Tradução de Alexandre Salvaterra. 3.
ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
GURGEL, M. Projetando espaços: design de interiores. São Paulo: Senac, 2007.
MOXON, S. Sustentabilidade no design de interiores. Tradução de Denise de Alcântara Pereira. Espanha:
Gustavo Gili, 2012.
O VIDROPLANO. O retorno dos grandes painéis. Revista Abravidro, São Paulo, v. 61, n. 547, p. 14-21, jul. 2018.
Disponível em: https://abravidro.org.br/revistapdf/?urlpdf=18910. Acesso em: 14 maio 2019.
PIMENTEL, T. et al. Aspectos do design. São Paulo: Senai, 2012. 2v.
SMITH, W. F.; HASHEMI, J. Fundamentos de engenharia e ciência dos materiais. 5. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2012.
TIDD, J.; BESSANT, J. Gestão da inovação: integrando tecnologia, mercado e mudança organizacional. 5. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2015.
ZABALBEASCOA, A. Tudo sobre a casa. São Paulo: GG Brasil, 2014.

83
referências

REFERÊNCIAS ON-LINE
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Em: http://artezanalnet.com.br/blog/Escadas-e-Acessorios-Florais. Acesso em: 8 maio 2019.
2
Em: http://verviveresonhar.blogspot.com/2012/06/cores_25.html. Acesso em: 9 maio 2019.
3
Em: http://veridianaperes.com.br/site/espelhos/. Acesso em: 9 maio 2019.
4
Em: http://vitrumcristal.com.br/. Acesso em: 9 maio 2019.
5
Em: http://abravidro.org.br/fique-por-dentro/de-olho-no-boxe/. Acesso em: 9 maio 2019.
6
Em: http://www.anfacer.org.br/#!historia-ceramica/c207w. Acesso em: 9 maio 2019.
7
Em: https://www.porcelanatocertificado.com.br/. Acesso em: 9 maio 2019.
8
Em: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/revestimentos.asp. Acesso em: 9 maio 2019.
9
Em: https://archtrends.com/blog/como-limpar-porcelanato/. Acesso em: 10 maio 2019.
10
Em: http://construnormas.pini.com.br/engenharia-instalacoes/instalacoes-hidrossanitarias/imagens/
i490314.jpg. Acesso em: 10 maio 2019.
11
Em: http://www.leroymerlin.com.br/cubas-de-sobrepor?term=cuba+sobrepor;
http://www.leroymerlin.com.br/cubas-de-apoio?term=cuba+apoio;
http://www.leroymerlin.com.br/cubas-de-embutir?term=Cuba+de+Embutir. Acesso em: 14 maio 2019.

84
gabarito

1. D.
2. C.
3. C.
4. C.
5. Atividade livre de criação, fixação e aprofundamento do conteúdo aplicado.
O aluno deverá justificar a aplicação do material na ambientação de forma
racional, com a explicação sobre as características e/ou propriedades do ma-
terial escolhido para determinadas função e estética.

85
MADEIRAS E FIBRAS

Professora Me. Carla Prado Vieira Verdan

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Madeira
• Bambu
• Fibras (Têxteis e Papéis)
• Sustentabilidade

Objetivos de Aprendizagem
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade dos
materiais de madeira.
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade dos
materiais de bambu.
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade dos
materiais baseados em fibras.
• Apresentar como esses materiais comportam-se em relação ao
conceito de sustentabilidade.
unidade

III
INTRODUÇÃO

C
aro(a) aluno(a), já estamos na terceira unidade do livro que abor-
dará dois temas bem amplos: as madeiras e as fibras. Não saímos
completamente do campo dos minerais, porém, agora, aden-
tramos o campo dos vegetais e animais. Os materiais derivados
destes seres vivos possuem características, propriedades e funcionalidades
diferenciadas. Sua beleza estética é única, e suas aplicações, diversas.
As madeiras são materiais realmente vivos. Possuem durabilidade
e convivem, quando bem mantidas, com gerações e gerações humanas.
Trabalham de acordo com o clima, suas formas se adaptam de acordo
com o uso e seu cheiro pode fazer parte de uma lembrança de vida. A
madeira é parte da vivência, transforma um simples espaço em um lugar
de conteúdo emocional.
Com as fibras naturais vegetais e animais, a sociedade primitiva de-
senvolveu diversos utensílios trançados. As folhas, caules e diversas partes
das árvores nos oferecem suas formas e força, transformam-se em móveis,
biombos, decorativos d Sobre o forro de madeira, Azeredo (2000) indica
que e parede e outros produtos do dia a dia humano, proporcionando ao
homem o contato com a natureza. Das madeiras também é possível extrair
fibras, que se transformam em papel; assim, é escrita a história da humani-
dade e os nossos ambientes internos são protegidos e decorados.
Do papel nascem estruturas fortes. O papelão, que, por sua vez, con-
segue oferecer mais resistência e se tornar um produto ou mobiliário de
rápido acesso que atende às necessidades básicas dos seres humanos em
situações temporárias. Os bambus, velhos conhecidos dos orientais, renas-
cem, visto que possuem muitas qualidades e se apresentam à construção
civil e aos seus ramos afins como um produto capaz de surpreender os
profissionais mais céticos com muita beleza, qualidade e funcionalidade.
E, para finalizar a unidade, veremos como esses materiais se compor-
tam frente à sustentabilidade e frente à prática do design de interiores.


Madeira

É comum, em nossa cultura, acreditar que três bati- industrializados, já não temos tanto contato com
dinhas em qualquer artefato feito de a madeira afasta a madeira, a madeira de lei e tantos outros nomes
pensamentos ruins. Ao lembrar desse costume, você que a denominam e a classificam. Entretanto, existe,
pode achar engraçado, mas nunca, sequer uma vez, sim, um retorno de seu uso. A moda das madeiras
sentiu vontade de dar essas três batidinhas? Coisas de demolição vigoram já há algum tempo na área de
dos nossos avós ou apenas uma vaga lembrança de design, tanto de produto quanto de interiores. Esse
alguém que tinha esse costume que, no entanto, nos reuso é popular, cresceu entre a sociedade e está vol-
rodeia ainda hoje. tando às nossas residências e aos nossos ambientes
Pensar sobre madeira nos leva ao passado, não diversos, como mobiliários, produtos, painéis deco-
muito distante, das casas tradicionalistas, das fazen- rativos etc. Até a sua textura é copiada, transforman-
das, dos donos da terra e dos nossos parentes mais do-se na imagem de acabamento de outros materiais
idosos. A madeira, em nossas memórias, é escura, da construção civil. Como exemplo, nos revestimen-
com tonalidade preta ou vermelha, tem um cheiro tos cerâmicos, nas lojas de revestimento, é muito fá-
forte e parece ser bem robusta, pesada. cil encontrar peças que exibem as cores e os veios
Atualmente, com esta diversidade de materiais tão característicos da madeira.

90
DESIGN

Figura 2 - Casa de Palafita

Para conseguir aproveitar ao máximo as característi-


Figura 1 - Pastilha de cerâmica com imitação de madeira cas desse material, nossos antepassados eram criativos
e sofisticados em suas aplicações, e como o aprendi-
SAIBA MAIS zado sobre o manuseio do material era transferido de
geração para geração via oral (pela fala), é importante
A expressão "Madeira de Lei" teve origem em reconhecer a eficiência e sabedoria de suas técnicas e
uma lei promulgada no tempo do Império. estruturas, principalmente das que resistiram até os
Não se tratava de uma definição técnica, pois nossos dias. Estuqui Filho (2006) cita as edificações
se referia apenas às madeiras, cujos cortes
eram proibidos naquela época. primitivas de Nova Guiné, China e Brasil (as casas de
palafitas), as edificações de troncos da Romênia e No-
Fonte: Antônio Filho Neto (IBDA [2019], on-line)1.
ruega, as edificações características da Indonésia, as
edificações coloniais do Japão, e muitas outras.

Assim como os materiais das unidades anteriores, a SAIBA MAIS


madeira faz parte deste grupo de materiais de cons-
As casas de palafitas são originárias das co-
trução utilizados pela humanidade desde os seus munidades da Amazônia, feitas de madeiras
primórdios. Extraída das árvores, espécies do reino roliças. Toda a estrutura é levantada e não
vegetal, era um material em abundância no plane- toca o solo, evitando, assim, a umidade, já que
o clima é muito chuvoso e úmido, recebendo,
ta e de fácil acesso e, como informa Estuqui Filho então, muita ventilação. Sabe-se que algumas
(2006), a pedra era pesada e muito dura, portanto, podem ser erguidas até cinco metros do chão.
difícil de cortar. Logo, o uso da madeira se tornou Fonte: adaptado de Estuqui Filho (2006).
fundamental para a construção civil.

91


Na história do nosso país, a madeira possui desta- terial adequado à construção civil.
que principal, afinal, fez parte do primeiro ciclo eco- Em relação ao seu uso na ambientação, sempre
nômico nacional e, conforme relata Estuqui Filho foi considerada como um material maravilhoso e
(2006, p. 14): “O próprio nome Brasil é originário cheio de possibilidades, transformando-se em inú-
de uma espécie de madeira, o pau brasil (caesalpi- meros tipos de mobiliários, que vão de camas, armá-
na echinata)”. É certo que, de acordo com o autor rios e mesas até cadeiras – como exemplo, a cadeira
anteriormente citado, nossos colonizadores também de numeração 14 de Thonet, a qual é “uma das pri-
implantaram outras técnicas de construção com pe- meiras cadeiras produzidas em série, feita de madei-
dras e alvenaria, e que o uso do barro veio de nossas ra vergada, e que vem sendo produzida desde 1859
raízes africanas. E, mesmo com esse enorme reper- (mil oitocentos e cinquenta e nove)” (FARRELLY;
tório, o uso da madeira como material de constru- BROWN, 2014, p. 25).
ção no país é relevante. Servindo como painel de parede, pode ser forro e
Bauer (1994) considera que a madeira possui piso, estando presente até em luminárias. É usada em
certa vulnerabilidade na questão de sua durabilida- áreas internas e externas e, recebendo o tratamento
de, característica que a deixou em segundo plano adequado, pode ser aplicada em ambientes molha-
na engenharia e na arquitetura até a tecnologia con- dos, molháveis e secos. Também empregada no pai-
seguir desenvolver técnicas e tratamentos para po- sagismo, pode transformar-se em portões, pórticos,
tencializar suas características positivas e, também, bancos, muretas, decks, brinquedos, balanços, pisa-
minimizar suas fragilidades. Essas novas tecnologias das, aproveitando-se até suas lascas e cascas na deco-
e descobertas reposicionaram a madeira como ma- ração dos jardins, em ambientes internos e externos.

92
DESIGN

A madeira também é a matéria-prima dos pa- Veremos agora, caro(a) aluno(a), como podemos
péis. Em ambientações, é comum utilizar os papéis compreender a madeira, elemento natural, e como
de parede, sendo sua composição da celulose, pro- aplicá-la nas ambientações.
duto da fibra da madeira.
Com tantas aplicações, é importante conhecer as QUESTÕES BOTÂNICAS E RELAÇÕES
características técnicas mais relevantes das madeiras: COM A CONSTRUÇÃO CIVIL

Apresenta resistência mecânica tanto a esforços A classificação botânica das madeiras nos apresen-
de compressão como aos esforços de tração na
flexão: foi o primeiro material de construção a ser ta, como informa Bauer (1994), as árvores ou "ve-
utilizado tanto em colunas como em vigas e ver- getais superiores’" as endógenas (possuem germi-
gas; tem resistência mecânica elevada, superior nação interna), como as palmeiras e bambus, que
ao concreto, com a vantagem do peso próprio
reduzido; resiste excepcionalmente a choques e possuem aplicação menor na construção civil; e as
esforços dinâmicos: sua resiliência permite ab- exógenas (germinação externa) que são popular-
sorver impactos que romperiam ou estilhaçariam mente usadas na construção civil e possuem uma
outros materiais; apresenta boas características
de isolamento térmico e absorção acústica; seco subclassificação: as exógenas gimnospermas (sem
é satisfatoriamente dielétrico; tem facilidade de frutos) e as angiospermas, consideradas mais com-
afeiçoamento e simplicidade de ligações: pode ser pletas e popularmente conhecidas no Brasil por
trabalhado com ferramentas simples; tem custo
reduzido de produção, reservas que podem ser “madeiras de Lei”.
renovadas e, quando convenientemente preserva- A classificação de Ambrozewicz (2012) resume
do, perdura em vida útil prolongada à custa de in- madeiras duras (angiospermas) e moles (gimnosper-
significante manutenção; em seu estado natural,
apresenta uma infinidade de padrões estéticos e mas). No caso das madeiras duras, o autor cita: ipê,
decorativos (BAUER, 1994, p. 437-438). jacarandá, cedro, eucalipto; e das madeiras moles:
o pinho do paraná, utilizado em construções tem-
O autor Ambrozewicz (2012) pondera e apresenta as porárias ou que devem ser protegidas.
desvantagens do material. A madeira é proveniente Ao se tratar de sua estrutura, o caule da árvore
de uma estrutura viva e, neste ponto, possui algumas é a parte utilizada na construção civil, e este é divi-
características semelhantes a todos os corpos vivos: dido em partes. A primeira que vemos é a casca ou
é combustível, é heterogênea, tem sensibilidade às cortiça, elemento que protege as outras partes dos
variações de temperatura e umidade, sendo possí- excessos ambientais e dos agentes de destruição. A
vel até se degradar. É sensível aos agentes biológicos, cortiça de algumas espécies possuem quantidades
podendo se deteriorar e se deformar. No entanto, se maiores que podem ser retiradas como lâminas. Este
ressalta que essas características podem, também, material tem propriedades termoacústicas e pode
ser tratadas e transformadas a partir de modernas ser aplicado em processo de isolamentos de paredes
técnicas de tratamento, desenvolvimento e acaba- e forros, e também em contrapisos como "recheio",
mento do material. afirma Bauer (1994).

93


SAIBA MAIS

A cortiça é reconhecida como um material


autossustentável porque pode ser retirada
sem a necessidade do corte da árvore. Além
disso, a árvore pode ser descortiçada (ou po-
dada) muitas vezes durante toda a vida, pois
se regenera naturalmente.

Fonte: adaptado de Valério (2014).

Após a casca (externa e interna), tem-se o câmbio,


e é nele que podemos ver os anéis anuais de cresci-
mento da árvore. No câmbio, temos o lenho, parte
que sustenta a árvore e de onde é extraída a madeira
da obra estrutural (subdividido em alburno e cerne
interior). A seguinte parte chama-se medula, ou ain-
da, miolo central, não utilizada para a construção. E,
por fim, os raios medulares, vistos na transversal do
tronco. Para Bauer (1994, p. 444), algumas possuem
um “bonito efeito estético e decorativo”.

Figura 4 - Partes do tronco da árvore


Figura 3 - Cortiça Fonte: adaptada de Gonçalves (2011).

94
DESIGN

NA CONSTRUÇÃO CIVIL Na ambientação, é utilizada de muitas maneiras


e, agrupadas, podem se transformar em divisórias
Ambrozewicz (2012) propõe categorias básicas de ambientes, decorativos, painéis de parede, mobi-
de madeiras para a construção civil: madeira roli- liários, esculturas e muito mais, dependendo apenas
ça; madeira serrada; madeira beneficiada; madeira da criatividade do designer de interiores.
em lâminas; madeira compensada; chapas de fibra
(subdividem-se em chapa dura, chapa de densidade SAIBA MAIS
média); chapa de partículas (aglomerado); chapa de
partículas orientadas (OSB). Permacultura:
[...] é um sistema de ‘design’ para a
Vejamos as categorias proposta pelo autor citado:
criação de ambientes humanos sus-
tentáveis e produtivos em equilíbrio e
Madeira Roliça harmonia com a natureza. Foi desen-
volvida no início dos anos 1970 (mil
novecentos e setenta) na Austrália por
Pouco processada, em muitos casos, apresenta até Bill Mollison.
a casca, podendo ser utilizada como escoras, geral- (Marcos Ninguém, em entrevista para
mente, com uso temporário, sendo, entretanto, em o Spot Boletim Acadêmico de Design
de Interiores, 5. ed., 2015, p. 14).
casas rurais, muito aplicada como telhado.
Ecodesign é um processo que considera rele-
Atualmente, esse tipo de madeira está voltan- vante os aspectos ambientais, desta forma,
do às ambientações, principalmente nos ambientes projetando produtos, ambientes e oferecendo
inclinados ao tema da sustentabilidade, ecodesign serviços que diminuem o impacto ambiental
durante este processo, além de prezar pela
e permacultura, inclusive com o reaproveitamento redução do uso dos recursos não renováveis.
das madeiras roliças dos antigos postes de ilumi-
Fonte: adaptado de Ministério do Meio Ambiente
nação, ponto positivo para uma sociedade que está ([2019], on-line)2.
preocupada com o meio ambiente e com os exces-
sos nos descartes de materiais de qualidade. Porém,
também marca sua presença em outros ambientes
por possuir uma estética rústica caracterizada pelo
retorno às raízes rurais, além de se adaptar ao estilo
de vida despojado, inovador e, muitas vezes, contes-
tador desse novo corpo social do terceiro milênio.

95


Madeira Serrada plos: pranchão, prancha, viga, vigote, caibro, tábua,


sarrafo, ripa, dormente, pontalete, bloco.
A tora de madeira que conhecemos, arredondada,
é processada, então cortada em formato quadrado, Madeira Beneficiada
ou retangular. Neste caso, ocorre o pré-tratamento,
como Ambrozewicz (2012) explica: É a madeira usinada e tratada para diversos usos,
como assoalho, forro, batentes, rodapés, tacos. Apli-
[...] tem por objetivo proteger a madeira re- cada no que Ambrozewicz (2012) chama de cons-
cém-serrada [...] é realizado, normalmente, por
trução civil leve, de utilidade geral ou decorativa.
meio da imersão das pranchas em um tanque
com uma solução contendo um produto pre- É muito comum escolhermos utilizar os revestimen-
servativo de ação fungicida e outro de ação in- tos cerâmicos ou outros tipos de materiais para a espe-
seticida (AMBROZEWICZ, 2012, p. 302). cificação de piso nas ambientações, porém sabe-se que
há um crescimento da aplicação dos pisos de madeira.
Utilizada, na maioria das vezes, em funções estru- Chega a ser contraditório que alguns indivíduos esco-
turais, como estrutura de telhados, em interiores, os lham retirar seus antigos pisos de madeira enquanto ou-
profissionais podem sugerir seu uso para fins deco- tros estão aplicando-os como primeira opção. Quando
rativos e/ou funcionais. Pode ser pintada ou pode-se seu uso é legalizado, a qualidade e a durabilidade de um
aproveitar as suas características naturais, sem que piso desenvolvido em madeira, hoje, é superior e con-
interfiram na estrutura, desenvolvendo, assim, ele- segue superar expectativas. Ao se tratar de portas, por
mentos decorativos como detalhes de parede, teto, exemplo, a madeira ainda é o principal material aplica-
divisórias internas, prateleiras e outros. do. Mesmo com as opções novas de uso de vidro, metal e
É claro que existem outras categorias de madeiras até plásticos, a madeira continua sendo a escolha segura
e, até mesmo, outros materiais para esses fins, o que dos usuários de interiores. Cabe aqui refletir em relação
não limita o uso da madeira serrada nessas ocasiões, aos motivos dessas escolhas. A madeira possui diversas
principalmente quando se trata de reaproveitamento qualidades e cabe ao profissional conseguir aproveitá-las.
de material da obra, evitando descarte de produtos. Azeredo (2000) registra em seu livro como pavi-
O importante é analisar as situações de cada projeto e mentos de madeira beneficiada:
encontrar a maior quantidade de soluções. No quesi- 2. O soalho de tábua corrida, de peroba, com
cerca de 20 centímetros de largura. Para tal, é
to estética, a maioria dessas peças não deixa a desejar.
convencional aplicar utilizando tarugamento
Enfatizo que a madeira, com suas cores, texturas e pa- de caibros, o que significa colocar, entre a ar-
dronagens é, hoje, um material em destaque. Em pai- gamassa, pedaços de madeira em formato de
sagismo, estruturas como pergolados utilizam a ma- trapézio, e a tábua é fixada com pregos nestes
“tarugos”, ou seja, pequenos pedaços de ma-
deira serrada. As serrarias produzem diversos tipos deira fixados no contrapiso com argamassa.
de produtos que se diferenciam pela espessura, pela Informações comerciais ainda apresentam
largura e pelo comprimento. Seguem alguns exem- instalação por colagem e por grampeamento.

96
DESIGN

3. Os tacos de madeira, que podem ser instala- O revestimento de parede de madeira é reconhe-
dos com pedrisco e argamassa ou cola. cido pelo nome lambri. Quando o painel é de madeira
4. O parquete, que são placas de madeira maciça, é importante lembrar do peso e sua instalação
com desenhos decorativos que, geralmen- – conforme sugere Azeredo (2000), deverá contar com
te, possuem dimensões como 50 x 50 cm
os caibros assim como o piso. A fixação das tábuas de
ou 25 x 25 cm. Assim como os tacos, pode
ser instalado com cola. É de muita impor- madeira, no entanto, leva aos encaixes macho e fêmea,
tância ressaltar que, para toda aplicação de assim como também é executada nos pisos. Para aca-
revestimento de piso, é necessário que o bamento, pode ser necessário cera para brilho.
contrapiso esteja finalizado, nivelado e sem
umidade. Apenas assim pode ser feita a ins- Madeira em Lâminas
talação de qualquer revestimento de forma
satisfatória.
De acordo com Ambrozewicz (2012), quando a tora é
Sobre o forro de madeira, Azeredo (2000) indica que cozida e cortada em lâminas, a partir do torneamento
sua aplicação é a mesma que a do piso. Como recurso ou faqueamento, as lâminas são utilizadas para desen-
estético, o autor sugere aplicar o forro em níveis dife- volver o que chamamos de compensado, e são aplica-
rentes ou deixar a viga da estrutura do forro aparente, das como revestimento de paredes, desenvolvimento
no entanto, só quando o ambiente possuir amplitude. de mobiliários, ou ainda, como elemento decorativo.

Figura 5 - Paginação de pisos


Fonte: adaptado de Azeredo (2000).

97


Figura 7 - Mobiliário desenvolvido por Char-


Figura 6 - Compensado les e Ray Eames (1952)

Compensado Chapas de fibra

Constitui-se de lâminas de madeira, de quantidade As chapas de fibras são produtos que resultam de um
ímpar, unidas por adesivo ou cola, organizadas per- processo que separam as fibras da madeira, seus resí-
pendicularmente, para fortalecer e estabilizar o ma- duos fibrosos são utilizados como matéria-prima, for-
terial. Assim como apontado anteriormente, desen- mando as chapas. Seguem os tipos elencados por Am-
volvem-se mobiliários diversos com esse material. brozewicz (2012):

SAIBA MAIS

Charles e Ray Eames (1952), grandes ícones do Design, desenvolveram diversos mobiliários reconhecidos
até os dias atuais. Possuíam algumas posturas no desenvolvimento hoje consideradas como pontos da
sustentabilidade, o uso de produtos de maior qualidade para uma maior vida útil. É o caso, por exemplo,
da sua “[...] família de cadeiras de madeira compensada moldada, ainda fabricada”.

Fonte: adaptado de Farrelly e Brown (2014, p. 24).

98
DESIGN

Chapa dura: também chamadas de hardboards, são processadas a


partir da madeira de eucalipto. De acordo com Ambrozewicz (2012),
quando prensadas com a lignina (um tipo de aglutinante da própria
madeira), elas se transformam em chapas rígidas.
Chapa de densidade média: conhecidas pela sigla MDF (me-
dium density fiberboard) muito utilizadas no Brasil para desenvolvi-
mento de móveis planejados, geralmente, possuem valor econômico
alto. Ambrozewicz (2012) informa que são compostas de fibras de
madeira aglutinadas com uma resina sintética (funciona como aglu-
tinante) prensada a quente, transformando-se em um material de
muita qualidade. Ambrozewicz (2012) ainda afirma que o material
aceita diversos tipos de processo de instalação e acabamento, como
lixamento, torneamento, pintura, impressão, aplicação de outros re-
vestimentos para acabamento, uso de pregos e parafusos, além de
cola. Normalmente, no mercado, o MDF possui acabamento de um
material chamado laminado melanímico de baixa pressão (BP), ou
com uma película celulósica do tipo finish foil (FF), ou ainda, ao
natural. Sobre a matéria-prima específica para o MDF, o uso, geral-
mente, é o da madeira pinus ou outra que possua as mesmas carac-
terísticas.
Chapa de densidade alta: ou HDF (high density fiberboards). Essas
chapas transformam-se nos pisos laminados e são produzidas da mes-
ma forma que o MDF, o que as difere realmente é a densidade da massa,
isto é, a quantidade de massa do produto em determinado volume, ou
seja, no caso do HDF, a quantidade dessa massa é maior do que a do
MDP se considerar o mesmo volume para os dois. Ambrozewicz (2012,
p. 306) relata que essa densidade do HDF é “acima de 800kg/m3”.
A indústria atual apresenta enorme diversidade de texturas e
tipos de pisos laminados, para diversos tipos de ambientes. As va-
riantes possuem relação com o tipo de acabamento aplicado ou tipo
de resina utilizado como aglutinador. Esses pisos podem ser aplica-
dos em ambientes de alto, médio ou baixo tráfego, especificando-os
de acordo com as suas características.
Em relação à instalação, os procedimentos evoluíram muito. Uti-
liza-se instalação com colagem, ou apenas com o encaixe, chamado
click, isto é, sem cola, apenas com o uso do encaixe, macho e fêmea
travado, conforme é descrito pelas informações comerciais.

99


Chapas de partículas ou aglomerado

São, de certa forma, resíduos finos de madeira, às ve-


zes, pinus, ou talvez, eucalipto, agrupados com resi-
nas sob pressão e altas temperaturas. As chapas que
se formam são, geralmente, aplicadas com acaba-
mento em finish foil (FF), ou ainda, laminado mela-
mínico de alta pressão (BP), bem como os materiais
anteriores. Ambrozewicz (2012) ressalta que o aglo-
merado não é resistente à umidade e à água, por-
tanto, devem ser aplicadas em ambientes internos e
secos. Também é um material muito utilizado para
a fabricação de mobiliários diversos, normalmente,
no setor de móveis padronizados, com menor cus- Chapas de partículas orientadas (OSB)
to econômico, atendendo, na maioria dos casos, às
classes sociais com menor potencial de compra na Constituem-se de pedaços de fibras de madeira so-
sociedade. mados à resina e prensados. São muito utilizadas nos
Estados Unidos da América para construção civil, pois
possuem resistência mecânica, trabalhabilidade e ver-
satilidade. Ultimamente, a sua estética ganhou destaque
e passou a ser desejada em alguns tipos de ambienta-
ções descontraídas, inovadoras, joviais e contestadoras.
Além disso, o material pode ser especificado para mo-
biliários em geral, painéis decorativos de parede, forro,
divisórias de ambientes e até como piso. Possui um cus-
to mais baixo do que todas as opções anteriores, por-
tanto, também é muito bem empregada em ambientes
temporários ou sazonais (montagem da ambientação
ou produto sempre na mesma época do ano).

100
DESIGN

Em relação aos acabamentos, é importante res- PROPRIEDADES DA MADEIRA


saltar, caro(a) aluno(a), a necessidade dos cuidados
na aplicação de vernizes e tintas, pois alguns desses Vejamos, agora, as propriedades físicas e mecâ-
materiais possuem substâncias tóxicas ao seres vivos nicas da madeira. No entanto, cabe salientar que
e podem provocar diversas reações, como alergias, existem muitas variantes, causadas pelas diversas
queimaduras, problemas respiratórios e até lesões espécies botânicas de madeira: sua massa (ou a
pulmonares. De acordo com Ambrozewicz (2012), concentração desse material), a localização da
alguns desses produtos, por serem tóxicos, destroem peça de madeira retirada do lenho, a presença
a possibilidade de uma possível reciclagem de alguns de nós, fendas, fibras torcidas, que são chamadas
tipos de madeiras. Além disso, quando o produto é de defeitos e, por fim, a variação na presença ou
mal aplicado, ou mal especificado, pode danificar a não da umidade na peça. De acordo com o autor
peça (AMBROZEWICZ, 2012). Bauer (1994), seguem algumas das propriedades
físicas:
SAIBA MAIS Teor de umidade - A madeira possui presença
de água, condição de ser vivo, entretanto, pode-se
A Associação Nacional dos Produtores de Pi- classificar a madeira em verde (acima de 30%), se-
sos de Madeira Maciça (ANPM) informa que as
Normas para pisos de madeira já publicadas misseca (acima de 23% até 30%), comercialmente
pela ABNT são, por exemplo: a de Termino- seca (entre 18% e 23%), seca ao ar (13% até 18%),
logia (NBR 15798:2010) e a de Padronização dessecada (0%-13%) e completamente seca (0%).
e Classificação (NBR 15799:2010).
Para o uso na área de construção civil e, portan-
Fonte: adaptado de ANPM (on-line)3. to, no design de interiores, é muito importante a
secagem. Dentre diversos aspectos, a secagem evi-
ta o seu empenamento (um tipo de deformação),
REFLITA
que nos leva à próxima propriedade.
Há milhares de materiais que oferecem uma A Retratilidade - Casos de alterações de volu-
incrível gama de características e desempe- me e dimensões. Conhecemos esta característica
nhos que um designer pode explorar logo
no início do processo de design apenas para pela frase popular “a madeira trabalha”. Em rela-
estimular as ideias. ção a isso, temos: a madeira forte, a média e a fraca
Fonte: (Richard Morris)
(esta última indicada para marcenaria e pisos, por
apresentar pequenas fendas).

101


A Densidade - O cálculo do peso (unidade) pelo Quanto maior a espessura, menor é a propagação do
volume (aparente). Neste caso, temos que, quanto fogo. De acordo com Ambrozewicz (2012), as ma-
maior a densidade, maior a resistência da madeira. deiras são resistentes às questões mecânicas, como
Cita-se a relação entre o MDF e o HDF. resistência à tração ou resistência à compressão ou
Condutibilidade Elétrica - Se a madeira estiver ao cisalhamento, mesmo quando se considera as va-
seca, é isolante. Quando úmida, é condutora. riantes existentes por ser um material vivo.
Condutibilidade Térmica - De acordo com
Bauer (1994), compreende-se que a madeira não SAIBA MAIS
conduz satisfatoriamente bem o calor.
Condutibilidade Sonora e Absorção Acústica - Resistência mecânica, de acordo com Am-
A madeira não é uma boa condutora de som, sen- brozewicz (2012, p. 33), “é a propriedade que
tem o material de não ser destruído sob a
do, por este motivo, muito indicada para ambientes
ação de cargas [...] as cargas, agindo sobre o
onde é necessária a absorção de ruído apresentando material, podem causar esforços de tração,
uma diminuição de até 5dB (cinco decibéis). Po- compressão, flexão e ao cisalhamento”.
rém deve-se levar em consideração diversos fatores, Desta forma: 1. Atração é a carga que “estica”
a peça; 2. A compressão é a carga que com-
como o acabamento dado para a madeira, que pode prime a peça; 3. A flexão é a carga que, ao
auxiliar ou atrapalhar a absorção. mesmo tempo em que comprime uma parte
Resistência ao Fogo - As madeiras são classi- da peça, traciona a outra; 4. A torção é a carga
que torce a peça e, por fim, 5. O cisalhamento
ficadas em dois grupos: as que possuem espessura
é a carga que corta a peça.
inferior a vinte milímetros (20 mm), que são pro-
Fonte: adaptado de Ambrozewicz (2012, p. 33).
pagadoras do fogo, e as que possuem espessura su-
perior a 25 mm diminuem o risco de propagação.

102
DESIGN

Figura 8 - Cinco tipos de resistência mecânica


Fonte: adaptado de Resistência dos Materiais ([2019], on-line)4.

103


104
DESIGN

Bambu

O bambu, como explicado no início da unidade, é to utilizado pelos índios brasileiros, ficando, assim,
um vegetal classificado como endógeno e também é restrito a apenas algumas construções antigas in-
aproveitado na construção civil. dígenas e, atualmente, a construções desenvolvidas
De acordo com Marçal (2008), o bambu é da fa- por defensores da permacultura.
mília das gramíneas, ou seja, das gramas, e possui O bambu, entretanto, possui diversas qualidades.
cerca de 1.250 espécies conhecidas em todo o mundo. Conforme aponta Marçal (2008), não é um material
Dele pode-se extrair o lenho e a fibra. Logo, Shepherd poluente, em seu processamento, não há gastos de
(2014) cita o material como matéria para diversas uti- grandes quantidades de energia, é uma fonte renovável
lizações, tais como comida, forragem animal, revesti- e de baixo custo, seu crescimento é rápido (em cerca
mentos de parede e pisos, mobiliários, instrumentos de quatro anos, já pode ser utilizado), e sequer precisa
musicais, polpa de papel, entre outros. ser replantado após o corte, uma vez que possui raízes
Souza (2004) acrescenta que o bambu é um ma- longas e resistentes, que são capazes de se recuperar
terial explorado há milênios pelas sociedades asiá- sozinhas. É leve, portanto, de fáceis transporte, arma-
ticas e, como afirma o livro Dicionário de Símbolos, zenagem e manuseio do material, atualmente, conta
escrito por Lexicon (1998), o bambu, para os orien- com evoluídas técnicas de processamento que poten-
tais, possui o significado de boa sorte: nas religiões cializam as suas qualidades e resolvem alguns dos seus
como o Budismo e o Taoísmo, os nós, que separam “pontos negativos”. Estes são: quando em ambientes
o bambu em partes, somados ao seu crescimento rá- secos demais, pode pegar fogo, em ambientes úmidos
pido e vertical, simbolizam a evolução espiritual, a demais, pode apodrecer, está propenso ao ataque de
alma que possui um caminho, mas também possui insetos e pode rachar, fissurar e contrair-se, de acordo
as suas etapas de evolução. com o que Souza (2004) apresenta.
Conforme afirma Souza (2004), nas culturas Assim como a madeira, as resistências do bambu
ocidentais, os materiais mais utilizados foram as pe- variam de acordo com alguns fatores, como: “espé-
dras e as madeiras. Portanto, como o Brasil foi uma cie, idade, tipo de solo, condições climáticas, época
colônia de Portugal, não existe, em nossa sociedade, da colheita, teor de umidade das amostras” (MAR-
o conhecimento popular e a cultura do uso e signi- ÇAL, 2008, p. 14). Entretanto, os estudos apontam
ficados do bambu, apesar de ser um material mui- que o bambu possui propriedades mecânicas óti-
mas, tais como tração, compressão, flexão, etc.

105


106
DESIGN

Marçal (2008) afirma que, em comparações efe- tos, divisórias, mobiliários diversos, utensílios e deco-
tuadas com o aço, o bambu apresenta-se mais seguro rativos e, inclusive, na iluminação.
em relação ao uso em construções, podendo aguentar No que tange às suas cores, pode ser encontrado
até abalo sísmicos. Quando não tratado, em ambiente nas cores naturais ou pode ser tonalizado, possui
coberto, o bambu pode durar de dez a 15 anos. Sou- padronagens, dependendo do tipo de bambu e de
za (2004) informa que o material é um bom isolan- como foi processado. Seu uso está em crescimento,
te acústico e térmico, podendo receber tratamentos não só pela sua beleza e qualidade, mas também,
como a impermeabilização. A autora ainda afirma pelo apelo ambiental que esse produto possui.
que o material pode ser utilizado em praticamente O bambu é um material que sempre foi muito
quase toda a estrutura da construção. explorado. Durante muito tempo esquecido pela
No design de interiores, a aplicação dos produtos sociedade, voltou a ser ponto de destaque no mo-
desenvolvidos com bambu são inúmeras. Em relação mento em que nasceu a preocupação ambiental. Aos
à estética, ele possui padronização, textura e colora- designers de interiores, basta ampliar o olhar para as
ção únicas e que agradam, é utilizado como elemento possibilidades do material, já que sua beleza estética
de design de interiores de fato, em pisos, revestimen- é única e suas qualidades são inquestionáveis.

REFLITA

Thomas Edison, um dos maiores inventores do mundo, sugeriu que as ideias são fáceis em compara-
ção a fazer as coisas funcionarem. Ele é o autor da famosa declaração que postula que o sucesso é 1%
inspiração e 99% transpiração.

Fonte: (Richard Morris)

107


Fibras (Têxteis e Papéis)

Fibras são matérias-primas finas e alongadas que podem ser agrupadas, for-
mando fios, cordas e até mantas. São elas que produzem o papel e o tecido;
falamos, novamente, de um material milenar. A sociedade conhece as fibras,
mas, durante muito tempo, as usamos sem fiar, sendo, em vez disso, pren-
sada, porém a evolução permitiu que o ser humano desenvolvesse novas
“tecnologias” de processamento. Por exemplo, a madeira é fonte da fibra de
celulose, que desenvolve o papel e o raiom, um tipo de tecido similar à seda.

108
DESIGN

De acordo com Pezzolo (2013), as fibras, antes so- forma, como os agregados que conhecemos no início
mente naturais, hoje podem ser artificiais químicas e deste livro. De fato, esses estudos acabarão abrangen-
artificiais sintéticas, isto é, compostas por matéria-pri- do o design de interiores, e isto pode ser uma verten-
ma natural processada industrialmente e compostas te de estudos para os(as) designers. O uso das fibras
por materiais sintetizados de petróleo, carvão e outros. em outras funções pode, sim, estar presente em nossa
Ainda de acordo com Pezzolo (2013), as fibras na- área, talvez como um elemento que agrega resistência
turais vegetais são: o linho, o algodão, a juta, o sisal e o ou economia em materiais superprocessados, como
coco. Em relação às fibras naturais animais, podemos o MDF e o MDP. Entretanto, no design de interiores,
citar a lã, a seda e o cashmere. É importante ressaltar tem-se a maior relação desses elementos em seus pro-
que, por serem de origem viva, esses materiais pos- dutos têxteis e, quando processados, como papéis (os
suem diversas variáveis, tais como a questão do clima papéis de parede). A partir desta perspectiva, vamos,
e da alimentação, sendo, portanto, fatores externos que agora, caro(a) aluno(a), adentrar no mundo das fibras
definem como será a qualidade e o aspecto estético do no design de interiores.
material. Em alguns casos, como o da seda, o produto
final pode ser influenciado até pelas fases da lua, por- FIBRAS TÊXTEIS
tanto, todo o processo, desde o seu início, deve ser me-
ticulosamente planejado e cuidado, somente assim se A extração da fibra pode acontecer de diversas manei-
chegará em um resultado de qualidade. ras, dependendo de sua origem. Para se transformar
Outro ponto que deve ser exaltado é que as fibras propriamente nas fibras, as matérias-primas passam
naturais são abundantes no planeta, possuindo, então, por alguns processos, podendo ser sovadas, desmem-
um custo mais baixo. Em alguns casos, são materiais bradas, lavadas (algumas precisam ficar de molho por
autossustentáveis, portanto, estão paralelas aos con- algum tempo), torcidas e secas. Para as fibras se trans-
ceitos da sustentabilidade em ascensão na sociedade formarem em fios, acontece a torção. De acordo com
atual. Além das aplicabilidades anteriormente citadas, Fajardo, Colage e Joppert (2002), os fios, por sua vez,
a fibra natural, hoje, está na construção civil, utilizada também podem se converter em cabos, como os bar-
na mistura com cimentos, ou ainda, atuando como bantes, produzidos a partir da torção de vários fios.
reforço nesses produtos, por sua sustentabilidade: Conforme apresenta Pezzolo (2013), seguem algu-
mas informações sobre algumas fibras naturais vegetais:
As fibras naturais, como reforço de matrizes • O cânhamo, que produz fibras rústicas que
frágeis à base de materiais cimentícios, têm des- podem ser comparadas ao linho.
pertado grande interesse nos países em desen-
• A juta, cujo país de origem é a Malásia, usada
volvimento, por causa de seu baixo custo, dis-
para desenvolvimento de sacaria, cordas, te-
ponibilidade, economia de energia e também no
que se refere às questões ambientais (PEZZOLO, cidos de revestimento de parede e tapetes de
2013, p. 1). baixo custo, pois não possuem elasticidade e
resistência.
Essas novas aplicações das fibras fazem parte de estu- • O rami, de origem asiática, é uma fibra rús-
dos mais recentes, que trazem à tona as diversas qua- tica e forte, pode ser usada na tecelagem, en-
lidades desses materiais, acabando por atuar, de certa tretanto, é melhor aplicada ao trançado, pro-
duzindo até mobiliários.
109


• A ráfia, muito empregada em chapéu, bolsas tratamentos, como o tingimento e o envernizamento.


e calçados, aparecendo também, às vezes, em Entre as duas fibras naturais (a vegetal e a animal),
toalhas de mesa. a mais antiga a ser explorada pela humanidade foi a
• O sisal, originário do México. Por ser fibra rí- animal. O uso da lã e dos pelos de cabra e de camelo
gida, é utilizado para cordas, barbantes e na
possuem registro em pedras de milhares de anos e, ain-
tecelagem de tapetes rústicos, isto é, não são
da hoje, são reconhecidas como os materiais nobres,
fibras para tecelagem. Como relatam Fajardo,
Colage e Joppert (2002), são fibras para tran- sendo um exemplo claro disto, a valorização da seda.
çar e também não possuem muita elasticidade.
• A fibra de bananeira, basho (Japão), suas fi-
bras mais externas ao caule são aplicadas no
desenvolvimento de tecidos para decoração e
revestimentos.
• O vime, fibra flexível, é muito comum como
material para biombos, cestas, baús e peças
de acabamento, além de possuir, de acordo
com Fajardo, Colage e Joppert (2002), esté-
tica rústica.
• O algodão talvez seja uma das fibras mais
populares. Conforme afirmam os autores ci-
tados, o material apresenta boa resistência e
flexibilidade e pode ser tingido.
• As fibras das palmeiras, muito empregadas
no trançado artesanal brasileiro pela abun-
dância de variedades.

As fibras têxteis, ou seja, as utilizadas na produção de


tecidos, precisam apresentar algumas características,
Figura 9 - Palha de seda tingida
como: finura (quanto mais fina, mais agradável ao to- Fonte: Borges ( 2012, on-line)5.
que, relação com a espessura), elasticidade (se alon-
SAIBA MAIS
gadas pela ação da tração, possuem a capacidade de
voltar ao estado original), resistência (se amarrotadas, A palha de seda é um fio desenvolvido dos
casulos do bicho da seda, que a indústria não
possuem a capacidade de voltar ao estado original),
aproveita, ou seja, desenvolvido a partir de
toque (sensação de conforto); hidrofilidade (capacida- material de descarte das indústrias, esses
de de absorção de água); hidrofobilidade (capacidade casulos são descartados porque possuem
algumas irregularidades que não se ajustam
de repelir a água, ou demorar a absorvê-la); resistên- ao processo do maquinário industrial, po-
cia ao ataque químico (avaliação da reação da fibra rém uma produção artesanal desenvolve fios
diferenciados que possuem a característica
em contato com componentes químicos) e desgaste rústica de beleza.
(relação com a resistência mecânica). Além disso, de
Fonte: a autora.
acordo com Pezzolo (2013), as fibras podem sofrer

110
DESIGN

Conforme apresentam Fajardo, Colage e Joppert SAIBA MAIS


(2002), seguem algumas informações sobre as lãs e a
seda, fibras naturais animais: É interessante poder compreender todos os
fatos, simbologias e histórias sobre as coisas à
• As lãs, de carneiro, de cabra e de camelo pos- nossa volta. O entendimento destes detalhes
suem muita elasticidade, esticam-se em prati- nos ajuda a criar nosso repertório e perceber
camente 30% de comprimento sem estourar, o universo criativo, que pode ser encontrado
em qualquer situação. Veja este exemplo: o
e fixam facilmente a coloração. É importan-
nome da fibra artificial Nylon é a junção dos
te ressaltar que as lãs provindas de animais nomes das cidades de New York e London.
mortos possuem características diferentes de Fonte: adaptado de Fajardo, Colage e Joppert (2002, p. 34).
quando são extraídas de animais vivos. Nor-
malmente, as de animais mortos são mais
rústicas e de menor qualidade, portanto, com Conforme apresenta Pezzolo (2013), seguem infor-
valor econômico mais acessível. mações sobre algumas fibras artificiais:
• A seda, o fio mais leve e de maior resistência • Viscose: extraída da celulose, semelhante
entre os fios naturais, possui elasticidade su- ao algodão na característica de absorção de
perior ao algodão, porém inferior à lã. Pro- água, resistência à tração, tem caimento e
vém do casulo do bicho da seda, uma lagarta maciez, entretanto, queima com facilidade.
que se alimenta da folha da amora. Animal • Elastano: fibra química, obtida de etano, possui
muito frágil, não suporta muito calor e muita muita elasticidade, por isso, é utilizada em rou-
umidade, e seu desenvolvimento é muito sen- pas para praia e esportes. Possui muita resistên-
sível às variações climáticas e às fases da lua. cia à abrasão, não se deteriora facilmente, tam-
bém é resistente à ação de agentes químicos.
Pezollo (2013) afirma que o desenvolvimento da tec- • Microfibra: obtida do acrílico, poliamida ou
nologia, quando somada à indústria têxtil, elevou o poliéster (materiais denominados polímeros,
patamar das confecções de baixo custo com extrema que veremos mais profundamente nas próxi-
rapidez. Portanto, as fibras químicas (matéria-prima mas unidades). Os pontos positivos são seca-
gem rápida, toque macio, fácil manutenção,
vegetal, animal ou mineral como base) ascenderam
caimento bom, não amassa etc.
ao mercado e chegaram ao apogeu quando nasceram
as chamadas fibras sintéticas (carvão e petróleo). São Fajardo, Colage e Joppert (2002), entretanto, ressal-
exemplos desses materiais: o nylon, o raiom (a primei- tam que, em relação às fibras naturais, as sintéticas
ra fibra sintética apresentada ao mundo), o raiom ace- ainda deixam a desejar, pois não deixam o corpo “res-
tato (extraído da celulose, a fibra da madeira), o poliés- pirar”, ou seja, não permitem a passagem da transpi-
ter, a poliamida, a viscose, o elastano, a microfibra etc. ração como os tecidos obtidos das fibras naturais.

111


No design de interiores, também encontramos os têxteis como materiais


de tapetes, cortinas de tecidos, estofados e carpetes. Estes são um reves-
timento para piso têxtil que tomam todo o piso de uma ambientação,
diferentemente do tapete, que fica concentrado, normalmente, apenas em
alguns locais específicos.
Os carpetes já foram amplamente utilizados pelos consumidores bra-
sileiros, mas sofreram um declínio nas últimas décadas. A indústria atual
vem trabalhando com novos materiais para reverter esse fato.
Pezzolo (2013) apresenta a classificação de três tipos de carpete: aque-
les feitos à mão, os industrializados e os carpetes de argola – mais recentes
e constituídos de fibras químicas, podendo ser lavados com água e sabão.

REFLITA

Conforme Fajardo, Colage e Joppert (2002), são inúmeras as possibilidades


de criar objetos artesanais combinando o uso de fibras e fios com outros
materiais. Como designer, de qual maneira você poderia trabalhar esses
materiais em interiores?

112
DESIGN

PAPÉIS pel em chapas). Esta estrutura resulta em um pro-


duto com certa resistência, ao mesmo tempo em
O papel é desenvolvido a partir da fibra da madei- que também apresenta a leveza. O produto pode ser
ra – a celulose – e de outros materiais orgânicos. obtido de celulose “virgem”, ou ainda, de material
Conforme afirmam Farrelly e Brown (2014), o papel reciclado. Hoje, sua maior aplicação é no desenvol-
pode ser utilizado nas ambientações como papéis de vimento de embalagens, mas já é possível encontrar
parede, como divisórias de ambientes (os biombos profissionais trabalhando com esses materiais em
japoneses são um belo exemplo dessa aplicação), mobiliários, brinquedos, luminárias e diversos ou-
podem ser utilizados como decorativos diversos e, tros produtos.
agora, com a redescoberta do papelão, está se trans- Carvalho (2012) afirma que os motivos que levam
formando em mobiliários diversos, estruturas que se ao uso do papelão como material para mobiliário e
transformam até em forros e paredes leves. outros produtos são seu custo acessível, sua consciên-
Em relação ao desenvolvimento e à especificação cia ambiental (quando originário de reciclagem), pra-
de mobiliários, o papelão é um ótimo material para ticidade na montagem e desmontagem e ocupação de
ambientes em que não é necessária uma durabilida- pouco espaço quando armazenado. Contudo o autor
de longa, de acordo com Moxon (2012). Segundo também afirma que é necessário a compreensão de
as informações da ABPO - Associação Brasileira do que o produto tem vida útil menor que outros ma-
Papelão Ondulado ([2019], on-line)6, esse produto teriais e, portanto, precisa de cuidados especiais, por
constitui-se de miolo (papel ondulado) e capas (pa- exemplo, quando se trata de umidade.

Figura 10 - Poltrona de papelão


Fonte: Eco-Nautas (2010, on-line)7.

113


SAIBA MAIS beascoa (2014) afirma que os papéis de parede fo-


ram muito utilizados na Europa por serem a melhor
O sistema softwall + softblock, desenvolvido
pela Molo Design, é constituído de papel kraft opção contra o frio, visto que os tecidos absorvem
e tecidos. Esse sistema é adequado aos am- mais os cheiros, as sujeiras e as gorduras e, poste-
bientes efêmeros por possuir montagem e
desmontagem prática, configurar o layout,
riormente, com o tempo, se desenvolveu como um
apresentar layouts dinâmicos e diferencia- elemento decorativo. Porém, de acordo com Almei-
dos, além de contribuir para a acústica e a
da (2011), a história mais antiga sobre o uso dos pa-
iluminação destes espaços.
péis de parede retoma à China, com papéis pintados
Fonte: adaptado de Farrelly e Brown (2014).
à mão, que chega ao mundo ocidental e começa a se
popularizar na época da Revolução Industrial, que
Papéis de Parede mecanizou o processo de desenvolvimento desse
material. “O século XXI tem testemunhado o res-
Os papéis de parede não eram muito populares na surgimento dos interiores profusamente decorados
sociedade brasileira. A crescente demanda pelo seu e muito envolventes” (FARRELLY; BROWN, 2014,
uso aconteceu mais recentemente, após a indústria p. 73).
apresentar produtos economicamente mais aces- Nos dias atuais, a aplicação de papéis de parede
síveis e de qualidade. Entretanto, esses elementos está tão ampliada que é possível encontrar profis-
eram as referências do luxo e da ornamentação que sionais indicando sua aplicação em forros, mobili-
conhecíamos dos países europeus. As casas nobres e ários e em outros tipos de elementos decorativos. É
tradicionais do velho mundo eram as que que reu- importante ressaltar, também, que a indústria des-
niam muito vidro, tecidos e papéis de parede. Zabal- ses produtos evoluiu ainda mais, e podem ser en-

114
DESIGN

de, pode ser aplicado em locais secos, úmidos


contrados papéis de parede para diversos tipos de e em paredes irregulares. É lavável com deter-
aplicações. Um salto em qualidade, pois, de acordo gente neutro e, em sua aplicação, utiliza-se de
com Gubert (2011), um dos maiores pontos nega- cola aplicada sobre a parede. A retirada deve
tivos desse material era a sua não adequação aos ser efetuada a seco.
ambientes molháveis e, de acordo com dados co- 3. Papel vinílico: constituído de material viníli-
co (PVC), possui maior resistência e é imper-
merciais, existe, hoje, um tipo de papel de parede
meável. Pode adotar aspecto brilhante, mati-
impermeável. Suas composições podem apresentar ficado, metálico e com relevo, sendo indicado
materiais vinílicos, PVC e emborrachados, e mui- para locais secos e úmidos. Pode ser aplicado
tos outros, como vidro, materiais metálicos, super- em parede irregular – inclusive, camufla al-
fícies sensitivas e até eletrônicos. gumas irregularidades. É indicado para locais
de intensa circulação, é lavável com detergen-
Sobre os papéis de parede comuns, as informa-
te neutro e pode sofrer esfregamento com
ções comerciais apontam três tipos: os denominados moderação. Sua aplicação ocorre com cola
TNT (tecido não tecido), vinílico e tradicional. A se- sobre o papel, e sua retirada deve ser a seco
guir, suas características: ou por abrasão.
1. Papel tradicional: constituído de celulose, pos- Esses materiais sofrem diversos tratamentos para me-
sui um aspecto liso, indicado para locais secos lhorar suas características de resistências à ilumina-
e sem grande circulação. Deve ser instalado em ção, à umidade e aos ataques químicos, para admitir
parede lisa e, em sua aplicação, utiliza-se a cola
a lavagem ou a manutenção. Ademais, “os revesti-
sobre o papel. Caso seja necessária a sua retira-
da, deve-se umedecer o material. mentos de parede vinílicos [...] são feitos para serem
2. Papel tecido não tecido: constituído de fibras resistentes e duradouros e são testados quanto à resis-
de poliéster e celulose, resiste bem à umida- tência ao fogo” (BINGGELI; CHING, 2013, p. 310).

115


Sustentabilidade

A madeira é uma matéria-prima renovável. No Existem, porém, as políticas atuais, que desenvol-
entanto, após milhares de anos de extração sem o veram leis normativas do uso da madeira e a exigência
compromisso com reflorestamento, esse material do uso de madeiras de reflorestamento. Entretanto, de
beira a extinção. De fato, algumas árvores, hoje, já acordo com Moxon (2012), as perdas ainda são gran-
estão extintas, portanto, existem, no uso da madeira, des e existe uma imensa preocupação em minimizar
grandes pontos negativos. Soma-se a isso o fato de os danos existentes. Mas as madeiras são materiais de
que a exploração da madeira afeta diretamente o ha- muita durabilidade quando aplicadas corretamente e
bitat do local, causando erosão do solo e diminuição mantidas de acordo com as suas características. Al-
da absorção do dióxido de carbono da atmosfera, o guns teóricos da sustentabilidade sugerem que, quan-
que, por sua vez, altera o clima, deixando em risco do há necessidade de especificar materiais de longa
também os animais e vegetais. Em alguns casos, são duração, é mais correto utilizar os produtos naturais
retiradas árvores até das matas ciliares (árvores que certificados do que alguns novos materiais que não
ficam nas beiras dos rios), o que causa danos como o possuem durabilidade e precisam ser substituídos
acúmulo de detritos (sujeiras) nessas fontes de água, após alguns poucos anos de uso. Outro ponto positi-
ressecamento etc. vo importante, no entanto, é que:

116
DESIGN

[...] ao final de sua vida útil, a madeira se decom-


põe naturalmente, ou pode ser queimada para naquela ou em outra ambientação. A popularização
gerar energia térmica. O dióxido de carbono dessas pequenas atitudes conscientes é a ajuda que o
emitido é considerado igual ao dióxido de car- meio ambiente tanto necessita. Outra opção que pode
bono absorvido durante seu processo de cresci-
mento, o que a torna um material com emissão ser tomada pelo(a) designer de interiores é a adequa-
de carbono neutro (MORRIS, 2010, p. 115). ção desse material em outras partes da ambientação,
como um piso de taquinhos de madeira que pode se
Em relação ao MDF, MDP e OSB, é importante res- transformar em um lindo painel de parede.
saltar que esses produtos podem levar, em sua cons- O usuário, muitas vezes, não compreende quais
tituição, produtos tóxicos (resinas), com a finalidade os reais benefícios e qualidades que os produtos na-
de agirem como colas. Esses resíduos, se realmente turais possuem em relação aos produtos artificiais, e
tóxicos, problematizam o descarte desses materiais, já esse desconhecimento pode ser sanado pelo(a) de-
que não podem ser queimados por exalarem fuma- signer de interiores, evitando o desperdício de mate-
ça tóxica, isto é, não podem ser reaproveitados como riais duráveis e o consumo desnecessário de produ-
fonte de energia ou calor em outras empresas. Sendo tos, o que diminui o valor total da obra e contribui
assim, o descarte do material e de seus resíduos de para um mundo ecologicamente melhor.
processamento torna-se algo preocupante. Conforme Como afirma Moxon (2012, p. 36), “não há des-
Morris (2010, p. 115), “a desvantagem desses tipos de perdício no mundo natural, que opera em ciclos
madeira é a natureza química das colas e resinas ge- contínuos e equilibrados.” O bambu, como afirma
ralmente utilizadas como aglutinantes”. Souza (2004), é um vegetal de crescimento muito
Atualmente, com o apelo consumista do merca- rápido e fácil, pois aceita quase qualquer tipo de ter-
do, é comum verificar que os indivíduos escolhem a reno e, em três anos, está adequado para extração. É
retirada de materiais naturais já preexistentes de uma importante sempre utilizar os tipos de bambu da re-
construção, no ato de uma reforma, para a colocação gião para evitar o transporte desse material e o gasto
de outros materiais mais novos ou “mais modernos”. É, de energia, além da emissão de gás carbônico.
de fato, responsabilidade do(a) designer de interiores Ao tratar dos materiais que produzem as fibras
verificar a possibilidade de reutilização desses mate- têxteis naturais vegetais, devemos pensar em diversas
riais, como os tacos e tábuas de madeiras, se podem ser questões. Podemos citar o algodão como exemplo –
revitalizados e, com a estética renovada, continuarem sua plantação gera impacto ambiental no meio em

117


que se encontra, as dimensões destes campos de pro- assunto: “[...] mal sabem eles que, desde 1997, peças
dução são enormes, afetando diretamente a vida ani- desenvolvidas de reciclados estão presentes nas lojas
mal e vegetal do local. Além disso, é uma plantação e com ótimo desempenho” (PEZZOLO, 2013, p. 257).
precisa de grande demanda de água. Moxon (2012) Sobre as novas adaptações das indústrias de car-
afirma que a produção do algodão apresenta 3% do pete, Moxon (2012) apresenta como pode ser o passo
consumo total de água mundial. a passo da vida útil do carpete em empresas que pro-
Também não se pode esquecer o uso de diversos curam se adequar à sustentabilidade. O ciclo se inicia
produtos químicos para evitar as pragas nesses campos. na obtenção da matéria-prima, que pode ser originá-
Contudo existem diversas possibilidades se considerar- ria de produtores locais quando for necessário o uso
mos o uso de materiais têxteis reciclados. Farjado, Cola- de fios novos ou pode ser originária de fios reciclados.
ge e Joppert (2002) informam que existe, por exemplo, Durante todo o processamento do material, dentro da
o fio de trapo, que consiste no uso de fios “desfiados” de empresa, pode existir um controle e uma preocupação
roupas e de outras peças de tecido já usadas. com os resíduos da produção e com o uso conscien-
O maior desafio consiste na aceitação dos te- te de água e energia para os tratamentos do material.
cidos reciclados por parte dos consumidores, que Em sua fase de instalação, já no cliente final, a cola
acreditam ser peças com qualidade inferior. Pezzolo utilizada pelo instalador deve ser de baixa emissão de
(2013) ressalta que 36% dos consumidores, no Brasil, COV (compostos orgânicos voláteis), para promover
compreendem reciclado como algo inferior, porém a qualidade do ar. Esteticamente, algumas empresas
muito do que é vendido, atualmente, no mercado, defendem o uso de placas padronizadas de carpete,
provém de fios reciclados e, muitas vezes, o consu- diminuindo, assim, o desperdício do material no mo-
midor acaba por adquirir esses produtos sem saber mento de adequação às dimensões do ambiente e, de
que são reutilizados. Segue frase da autora sobre o certa forma, proporciona ao designer de interiores a

118
DESIGN

possibilidade de criação de desenhos diversos. Além é reutilizado, após o uso, é reciclado. Portanto, te-
disso, esse sistema permite a manutenção do carpete mos os seguintes benefícios: reduz perdas de pro-
com a retirada apenas da placa que está desgastada dutos diversos por estarem embalados pelo papelão
ou que sofreu alguma alteração. Para finalizar o ciclo, ondulado, é saudável ao uso, pois é um material de
quando esses materiais forem descartados, podem ir descarte instantâneo e, como é biodegradável, seu
novamente para a fábrica, tornando-se um novo pro- descarte não afeta o meio ambiente, podendo, além
duto e diminuindo cada vez mais a necessidade de disso, ser reciclado.
extração de matéria-prima virgem.
Ao se tratar de matérias-primas das fibras natu- SAIBA MAIS
rais animais, deve-se relembrar que essas são de maior
Embora seja importante reconhecer o valor
qualidade quando extraídas do animal vivo, evitando, prático dos materiais e construções tradicio-
assim, sua morte. Em alguns casos, a tosa destes pe- nais, isso não precisa ditar a aparência de
um projeto ou limitar, o projeto sustentável
los é benéfica ao animal, sendo, esse tipo de material,
a um estilo particular. [...] materiais tradicio-
denominado autossustentável. A lã de carneiro é um nais e naturais podem ser utilizados de um
exemplo, bem como a cortiça (origem vegetal). modo moderno, inovador ou combinados
com materiais mais novos para um conjunto
O papel tem origem na fibra da madeira – a celu- mais equilibrado.
lose, e também possui um apelo muito grande em re-
Fonte: Moxon (2012, p. 26).
lação às políticas de uso do reflorestamento, é portan-
to, necessário estimular o uso de materiais reciclados.
Além disso, de acordo com Moxon (2012), os(as) pro-
fissionais de design de interiores e áreas afins devem
conhecer os produtos que aplicarão junto ao papel de
parede e outros materiais recicláveis, para evitar que a
mistura com os materiais tóxicos ou poluentes conta-
minem os recicláveis de modo que não possam mais
ser admitidos à recuperação.
No caso do papelão ondulado, material em des-
taque hoje para os designers, a Associação Brasileira
do Papelão Ondulado ([2019], on-line)6 afirma que
ele provém de fontes renováveis, evitando o alto im-
pacto ambiental e, ainda, defende que isso se alas-
tra para todo o ciclo de vida do material, que possui
uma estrutura fechada, ou seja, cíclica – o papelão Figura 11 - Luminária de papelão ondulado reciclado

119


120
considerações finais

N
esta unidade, estudamos materiais que ofereceram segurança, seja no as-
pecto espacial, no que tange às ambientações e construções que assegura-
vam a sobrevivência em um mundo impetuoso, seja em um âmbito mais
próximo, corporal, protegendo a pele e o corpo desse mesmo mundo e
seus climas, muitas vezes, cruéis.
Percebemos como a madeira é diversificada e, assim, são, também, as suas apli-
cações. Observamos como o homem conseguiu descobrir outras formas de usar essa
mesma matéria-prima, produtos que resultam de diferentes processos que ele desen-
volveu ao longo de sua existência para melhorar, em diversos aspectos possíveis, a
aplicabilidade desses materiais naturais em seu meio urbano.
Estudamos também o bambu, material que, igualmente, possui qualidades nu-
merosas, sendo utilizado na construção civil como elemento estrutural (vigas, cabos)
e no design de interiores, com sua aplicabilidade se movimentando em torno de
muitas possibilidades, que vão desde o revestimento de piso e parede, como material
estrutural ou acabamento de mobiliários, a elementos de iluminação e decorativos.
Das fibras, como a celulose, obtém-se o papel, que é um produto separador de
águas para a humanidade, pois, por meio dele, a escrita pôde ser transportada e, de-
pois, multiplicada. O papel tem a sua função nos interiores, protegendo a alvenaria,
oferecendo uma sensação calorosa e, logo, um elemento de potencial decorativo pre-
sente nas ambientações, com suas estampas. Do papel delicado passamos ao estudo
do papelão, produto mais rústico e resistente que, hoje, pode ser utilizado como ma-
terial para mobiliários. Das fibras naturais, conhecemos as que provêm dos animais,
desde os primórdios atuando na proteção contra as intempéries naturais e então,
aplicadas como tapete, carpete e cortinas, revestimentos de móveis, iluminação e
decorativos.
E, por último, obtivemos a compreensão de todos estes conteúdos, somados às
questões da ordem da sustentabilidade e da prática profissional, fechando mais uma
unidade de aprendizado.

121
atividades de estudo

1. Considerando todo o conteúdo que pudemos es- III. O bambu é completamente sustentável por-
tudar em relação às madeiras e a todos os seus que não possui nenhuma energia incorpora-
tipos de aplicações, analise as afirmativas a se- da e, como não há necessidade de transporte
guir: de longa duração, não emite gás carbônico na
I. A madeira roliça é pouco processada e possui atmosfera.
uma estética bem rústica. IV. Descoberto recentemente pela sociedade, o
II. A madeira serrada é aquela utilizada nas estru- bambu ainda não possui muitas aplicações,
turas de pergolados. sendo apenas material para desenvolvimento
de utensílios e decorativos.
III. O compensado constitui-se de lâminas de ma-
deira, unidas por adesivo ou cola. Assinale a alternativa correta:
IV. A chapa de densidade média constitui-se de f) Apenas I e II estão corretas.
pedaços de fibras de madeira somados à resi- g) Apenas II e III estão corretas.
na e prensado.
h) Apenas I está correta.
V. Os aglomerados são, de certa forma, resídu-
i) Apenas II, III e IV estão corretas.
os finos de madeira, às vezes, pinus, ou talvez,
eucalipto, agrupados com resinas sob pres- j) Nenhuma das alternativas está correta.
são e altas temperaturas.
3. De acordo com o conteúdo exposto sobre o
VI. Na madeira laminada, a tora é cozida e corta- papel, o papelão e o papel de parede, leia as
da em lâminas. afirmativas, reflita, retome o conteúdo se ne-
cessário e assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
Assinale a alternativa correta:
( ) O papel e o papelão possuem matéria-prima
a) Todas as afirmativas estão corretas.
diferentes entre si. O primeiro é desenvolvido
b) Apenas as afirmativas I, III e V estão corretas. com celulose, e o outro, com poliéster.
c) Apenas as afirmativas II, IV e VI estão corretas. ( ) O papelão é mais firme estruturalmente por-
d) Apenas a afirmativa IV está correta. que possui a adição de agregados em sua
composição para melhor suportar o peso.
e) Nenhuma das afirmativas está correta.
( ) O papel de parede é um material muito frágil.
2. O bambu também é um vegetal, porém dife- Não evoluiu desde sua descoberta pelos chine-
rente das árvores. Na botânica, está no grupo ses e deve ser utilizado apenas em pequenas
de vegetais denominado gramíneas. A respeito dimensões, em ambientes internos, e nunca em
desse material, leia as alternativas a seguir: ambientes com umidade, mesmo que mínima.
I. O bambu é uma fonte alternativa de material
( ) O papel de parede é um material muito forte
que possui crescimento rápido, sendo, assim,
e resistente. Não evoluiu desde sua desco-
um material renovável e de baixo custo.
berta pelos chineses, mas serve para ambien-
II. Alguns dos problemas do bambu é que pode tes internos, sendo úmido, ou não.
ser inflamável, mas, em contato com a umida-
( ) O papelão, por sua vez, é mais fraco estrutural-
de, o material pode sofrer apodrecimento.
mente que o papel de parede porque não pos-
sui a adição de agregados em sua composição.
122
atividades de estudo

Assinale a alternativa correta: b) As asserções I e II são proposições verdadei-


a) V, V, F, V, F. ras, e a II é uma justificativa correta da A.

b) F, F, V, F, V. c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a


II é uma proposição falsa.
c) F, F, F, F, F.
d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é
d) V, V, V, V, V.
uma proposição verdadeira.
e) V, F, V, V, F.
e) As asserções I e II são proposições falsas.
4. Quais os tipos de fibras existentes? Desenvol-
va, em croqui, uma ambientação que utilize
como ponto central algum elemento de fibra,
papel ou tecido, que possua tanto funcionali-
dade quanto estética. Após o desenvolvimento
dessa ambientação com algum desses mate-
riais, justifique o seu conceito, apoiando-se nos
dados estéticos e funcionais do material envol-
vido.
5. Em relação aos questionamentos sobre a sus-
tentabilidade de alguns materiais, leia as argu-
mentações a seguir:
I. Os materiais naturais, bem como as pedras,
as madeiras e as fibras naturais, possuem al-
guns pontos negativos na questão da susten-
tabilidade, porque, normalmente, são extraí-
dos da natureza e afetam diretamente o meio
ambiente que os cerca.
PORTANTO
II. Os cientistas e estudiosos da área indicam aos
profissionais da construção civil, arquitetura e
design de interiores que especifiquem o mí-
nimo de materiais naturais em seus projetos,
sugerindo sempre o uso dos sintéticos e arti-
ficiais, evitando, assim, a poluição e a destrui-
ção do planeta.
a) As asserções I e II são proposições verdadei-
ras, mas a B não é uma justificativa correta da
A.

123
LEITURA
COMPLEMENTAR

Marcelo Rosenbaum, designer de interiores, desenvolve e orienta o projeto denominado “A


gente transforma”. O objetivo do projeto é trabalhar a questão da sustentabilidade de for-
ma bem clara nos seus âmbitos econômico e social, além de valorizar a cultura brasileira.
No ano de 2013, o projeto foi apresentado na São Paulo Fashion Week, que nesta edição
foi realizada em Várzea Grande do Piauí, por meio de uma exposição organizada por seus
coordenadores.
O projeto se constitui de uma equipe de profissionais que chegam à comunidade, relacio-
nam-se com os moradores, descobrem e estudam sobre os seus costumes e, em reunião
com a população, tentam desenvolver uma forma de levantar ideias para novos meios de
subsistência da comunidade, baseados em um conceito de economia inclusiva e sustentá-
vel. Na cidade de Várzea Grande, as matérias-primas escolhidas foram a palha de carnaúba
e a borracha, sendo dois núcleos de desenvolvismento artesanal aplicados na experiência.
É então que nasce o projeto Toca – Toca da Borracha e Toca da Palha. Para tanto, a equipe
levantou dois espaços para os artesãos trabalharem de acordo com os ensinamentos da
permacultura. Do trabalho dos artesãos surgiram peças de decoração e joias. Entretanto,
o maior resultado do projeto foi o de desenvolvimento do local, de forma cultural e eco-
nômica, e o fortalecimento da comunidade, tendo em vista que as suas aptidões naturais
trouxeram a oportunidade de uma vida melhor.
Desta e de diversas outras formas o(a) profissional de design de interiores pode alterar e
transformar o mundo à sua volta, valorizando a cultura local, os artesanatos da comunida-
de, enxergando estes como ferramentas para criação não só de produtos e materiais, mas
também de ambientes conectados com o mundo, porém igualmente conectados com as
tradições, passado e meio ambiente regional, levando qualidade de vida não somente para
seus clientes/usuários mas também para todos os indivíduos que dependem desta cadeia
econômica.
Fonte: adaptado de Rosenbaum (2013, on-line)8.

124
material complementar

Indicação para Acessar

As incríveis casas de bambu construídas por Elora Hardy e sua equipe de artesãos locais talentosos que
conseguem tirar o máximo do material. Eles acreditam que o bambu tem um potencial incrível.
Web: https://www.youtube.com/watch?v=kK_UjBmHqQw.

Indicação para Acessar

Revista online e gratuita cujo assunto principal é a madeira. Apresenta as novidades e inovações do mer-
cado para esse material.
Web: http://www.remade.com.br/revista-madeira.

Indicação para Acessar

A seguir, o link para a matéria sobre o projeto do Alvaro Guillhermo vencedor do iF Social Impact Prize.
Web: http://www.portalsplishsplash.com/2018/03/alvaro-guillermo-gestor-e-criador-do-projeto-encontros-
-criativos-vence-o-if-social-impact-prize.html.

125
referências

ABNT. NRB 15798: Pisos de madeira: terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.
ABNT. NRB 15799: Pisos de madeira: padronização e classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.
2011. 114 f. Monografia - Curso Superior de Tecnologia em Artes Gráficas do Departamento Acadêmico de
Desenho Industrial Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2011.
AMBROZEWICZ, P. H. L. Materiais de construção: normas, especificações, aplicação e ensaios de laborató-
rio. São Paulo: Pini, 2012.
AZEREDO, H. A. O edifício e seu acabamento. São Paulo: Blucher, 2000.
BAUER, L. A. F. Materiais de construção: novos materiais para construção civil. São Paulo: GEN, 1994.
BINGGELI, C.; CHING, F. D. K. Arquitetura de interiores ilustrada. Tradução de Alexandre Salvaterra. 3.
ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
CARVALHO, L. de. Fênix: móveis emergenciais. 2012. 101 f. Monografia (Bacharel em Desenho Industrial
– Habilitação em Projeto do Produto) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Presbiteriana
Mackenzie, São Paulo, 2012.
ESTUQUI FILHO, C. A. A durabilidade da madeira na arquitetura sob a ação dos fatores naturais: estudo
de casos em Brasília. 2006. 149 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) – Programa de Pós-graduação da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Brasília, Brasília, 2006.
FAJARDO, E.; COLAGE, E.; JOPPERT, G. Fios e fibras. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2002.
FARRELLY, L.; BROWN, R. Materiais para o design de interiores. Tradução de Alexandre Salvaterra. Barce-
lona: Editorial Gustavo Gilli, 2014.
GONÇALVES, B. Análise do uso de diferentes madeiras locais em vinho tinto. 2011. 50 f. Monografia – Cur-
so Superior de Tecnologia em Viticultura e Enologia. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Rio Grande do Sul, Bento Gonçalves-RS, 2011.
GUBERT, M. L. Design de interiores: a padronagem como elemento compositivo no ambiente contemporâ-
neo. 2011. 161 f. Dissertação (Mestrado em Design) – Programa de Pós-graduação em Design, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.
LEXICON, H. Dicionário de símbolos. São Paulo: Cultrix, 1998.
MARÇAL, V. H. S. Uso do bambu na construção civil. 2008. 60 f. Monografia (Bacharelado em Engenharia
Civil) – Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Faculdade de Tecnologia, Universidade de Brasília,
Brasília, 2008.

126
referências

MOIZÉS, F. A. Painéis de bambu, uso e aplicações: uma experiência didática nos cursos de Design em Bauru,
São Paulo. 2007. 116 f. Dissertação (Mestrado em Desenho Industrial) – Faculdade de Arquitetura, Artes e
Comunicação, Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2007.
MORRIS, R. Fundamentos de design de produto. Tradução de Mariana Bandarra. Porto Alegre: Bookman,
2010.
MOXON, S. Sustentabilidade no design de interiores. Tradução de Denise de Alcântara Pereira. Espanha:
Gustavo Gili, 2012.
NINGUÉM, M. Permacultura. [Entrevista cedida a] Angela Gois. Spot - Boletim Acadêmico de Design de
Interiores Unicesumar. 5. ed. Maringá: Unicesumar, ago./ set. 2015.
PEZZOLO, D. B. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. São Paulo: Senac, 2013.
SHEPHERD, J. R. Casas pequenas: um guia para iniciantes sobre como viver com pouco. Canadá: Balbecube, 2014
SOUZA, A. P. C. C. Bambu na habitação de interesse social no Brasil. Cadernos de Arquitetura e Urbanismo,
Belo Horizonte, v. 11, n. 12, p. 217-245, dez. 2004.
NINGUÉM, M. Permacultura. [Entrevista cedida a] Angela Gois. Spot - Boletim Acadêmico de Design de
Interiores Unicesumar. 5. ed. Maringá: Unicesumar, ago./ set. 2015.
07/15 Comentários não mapeados 381ariane.fabreti , A. F. B. Materiais para uma construção sustentável: o
caso da cortiça. 2014. 139 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Faculdade de Ciências e Tecnolo-
gia da Universidade Nova de Lisboa, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2014.
ZABALBEASCOA, A. Tudo sobre a casa. São Paulo: Gustavo Gili, 2014.

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2
Em: http://www.mma.gov.br/component/k2/item/7654-ecodesign. Acesso em: 16 maio 2019.
3
Em: http://anpm.org.br/conquistas/. Acesso em: 17 maio 2019.
4
Em: https://pt.scribd.com/doc/307241452/Apostila-Rm. Acesso em: 17 maio 2019.
5
Em: http://marcelaborges.blogspot.com/2012/06/o-casulo-feliz.html. Acesso em: 20 maio 2019.
6
Em: http://www.abpo.org.br/?page_id=1156. Acesso em: 20 maio 2019.
7
Em: http://eco-nautas.blogspot.com/2010/02/poltronas-e-sofa-de-papelao.html. Acesso em: 20 maio 2019.

127
gabarito

1. D.
2. A.
3. C.
4. As fibras, antes somente naturais, algumas de origem vegetal e outras de
origem animal, hoje podem ser artificiais químicas e artificiais sintéticas,
isto é, compostas por matéria-prima natural processada industrialmente e
compostas por materiais sintetizados de petróleo. O restante do exercício
possui cunho criativo, porém o desenvolvimento da ambientação deverá
exigir os conhecimentos acerca do material escolhido pelo(a) aluno(a).
5. D.

128
UNIDADE
IV
METAIS E POLÍMEROS

Professora Me. Carla Prado Vieira Verdan

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Metais
• Polímeros
• Acrílico (PMMA)
• Sustentabilidade

Objetivos de Aprendizagem
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade dos
metais.
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade dos
polímeros.
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade do
acrílico.
• Apresentar como esses materiais comportam-se em relação ao
conceito de sustentabilidade.
unidade

IV
INTRODUÇÃO

O
lá, aluno(a)! Chegamos à quarta unidade do nosso livro de ma-
teriais e revestimentos. Nesta parte, você estudará dois tipos de
materiais: os metais e os polímeros, materiais que possuem ca-
racterísticas muito diversas se comparados aos anteriores, mas
ambos possuem muita beleza e aplicações no design de doença de won-
vilebran interiores. O primeiro tópico trata dos metais, materiais que al-
guns estudiosos acreditam ter exigido de nossos ancestrais mais raciocínio
para seu uso e manuseio. Os metais são conhecidos e utilizados desde as
primeiras eras dos homens, mas são materiais tão diversificados que cada
momento da evolução humana revelou um diferente tipo de metal. E mes-
mo quando muitos desses se apresentaram à sociedade humana, é possível
perceber que, pelo nível de dificuldade de manuseio, alguns foram aplica-
dos de forma bem rudimentar, até que a evolução científica despertou a
capacidade e a qualidade de uso desses materiais aos nossos antepassados.
O segundo tópico, diferentemente de todos seus antecessores, apre-
senta um material jovem, novo para os seres humanos, cujo uso só foi
possível por meio do desenvolvimento intelectual dos humanos e do
desenvolvimento da tecnologia e das ciências. Chamados popularmente
de plásticos, os polímeros se subdividem em categorias, e estas, por sua
vez, apresentam ainda mais diversidade de tipos, classes e tratamentos
ou composições. Este tópico se arranja pela separação de materiais e um
desses, tido como nobre, destaca-se nesta unidade: o acrílico, um tipo de
polímero muito utilizado na construção civil, e que vem surpreendendo
a todos pelas qualidades e aplicações.
Ao final, seguem as etapas de sustentabilidade relacionando-se aos es-
tudos dos materiais, às tendências atuais, à sua aplicabilidade, além de toda
a criatividade, além da questão da preocupação com o meio socioambien-
tal e como os materiais se relacionam com essas questões, sugerindo uma
reflexão a você sobre seu posicionamento perante as questões sociais.


134
DESIGN

Metais

A relação estreita entre Homem e materiais se


configurou tão significativa e importante, como SAIBA MAIS
ainda se configura, que eras diferentes da hu-
manidade receberam o nome do material mais O desenvolvimento do aço, em seu início, foi
rápido no Oriente. Acredita-se, ainda, que os
importante em cada uma delas desde a Idade da soldados orientais possuíam espadas de aço,
Pedra à Era dos Metais (NAVARRO, 2006, p. 2). denominadas “Espadas de Damasco”. Por este
motivo, acredita-se que, durante as expedições
ocidentais, chamadas Cruzadas, surgiu a expres-
De acordo com a autora anteriormente citada, a Era são “Não há cristão que aguente!”, pois as espa-
das ocidentais eram feitas a partir do bronze, que
dos Metais, a partir do entendimento da Arqueo- sucumbiam diante das Espadas de Damasco.
logia, iniciou-se, aproximadamente, em 4.500 anos
Fonte: adaptado de Navarro (2006).
antes de Cristo. A evolução da humanidade possui
relação com o uso e a descoberta de novos materiais,
porque, com eles, as comunidades, ou tribos, conse- Se considerarmos a definição química dos metais,
guiam melhores ferramentas para caça e lutas. Pos- compreenderemos que os metais são aqueles elemen-
sivelmente, os indivíduos começaram a desenvol- tos que sempre ionizarão positivamente, ou seja, são
ver, com os metais, essas ferramentas pontiagudas eletropositivos. Para uma definição mais adequada à
e cortantes para caça e guerra e, somente depois, se área de Design de Interiores, pode-se dizer, de acor-
tornaram materiais para uso doméstico e decorati- do com Bauer (1994), que os metais se caracterizam
vo. Acredita-se que os primeiros metais manuseados por serem materiais sólidos (apesar da existência de
pela sociedade foram o cobre e o arsênio, no entanto exceções), duros, que apresentam coloração pratea-
é de suma importância ressaltar que, ao se tratar do da, dourada ou avermelhada, com certo brilho, são
uso de alguns metais, deve-se considerar a dificulda- opacos, manifestam certa condutibilidade térmica e
de de seu manuseio que “exige técnicas metalúrgicas elétrica e, alguns, quando aquecidos, podem ser mo-
complexas” (NAVARRO, 2006, p. 7), como o bronze. delados. No entanto, muitas vezes, quando os profis-
Entretanto, o ferro possui manipulação mais rústi- sionais citam materiais como metais, de fato estão se
ca, podendo ser moldado a marteladas durante seu referindo às ligas metálicas, que são, conforme afir-
aquecimento. Portanto, a Era dos Metais possui suas mam Farrelly e Brown (2014), combinações de ele-
subdivisões: Idade do Ferro, do Bronze e do Aço, mentos metálicos e não metálicos realizadas, a fim de
mas, em relação à cronologia dessas épocas, existem obter outros materiais, como o aço, que é uma liga
algumas controvérsias teóricas. metálica composta de ferro e carbono.

135


Encontrados na natureza em meio aos minérios, anteriores, poucos saberiam ou teriam acesso a eles,
concentrados em jazidas, em meio às rochas, devem o que fez com que se tornassem produtos de altas
ser extraídos pela atividade de mineração. O autor classes sociais, principalmente o ouro e a prata, bem
Ambrozewicz (2012) ressalta que toda a exploração como o aço.
dos metais é normatizada e legalizada pelo Governo, O ferro é, entretanto, um metal assimilado de for-
e que nenhuma extração pode estar ativa sem a fis- ma mais popular, por seu fácil manuseio. Ao se tratar
calização do Ministério de Minas e Energia. das propriedades de cunho estético, existem varia-
A extração dos metais pode ser externa ou inter- ções. Suas cores prateadas, douradas e avermelhadas
na (no subterrâneo, isto é, na mina). Nesta etapa de são percebidas como muito belas. Alguns possuem
mineração e extração, o metal ainda contém a con- muito brilho, outros destacam-se por serem foscos.
centração de outros materiais. Na etapa de minera- Contudo com a evolução tecnológica e com a caracte-
ção, é necessário separar o que realmente é minério rística de serem moldáveis, os metais podem oferecer
metal de outros materiais (ganga é o nome dado aos grande diversidade estética, como informam Farrelly
materiais desconsiderados pela indústria dos me- e Brown (2014). Além de moldáveis, podem ser pren-
tais e minérios). Esta é uma etapa de purificação, sados, marcados, pintados, texturizados, cortados,
feita química ou mecanicamente. De acordo com gravados, envernizados, polidos, oxidados etc.
Bauer (1994), na metalurgia, os processos também Ao tratarmos das propriedades físicas e mecâni-
são feitos para selecionar, entre os minérios, a pu- cas, temos: solidez, brilho, boa condutibilidade térmi-
reza do metal. Se procurarmos compreender o uso ca e elétrica. A corrosão (ou oxidação) aparece como
dos metais no Design de Interiores, pela sua subje- ponto negativo. No caso da consistência, existem os
tividade, podemos encontrar posicionamentos que metais de muita dureza e os que se apresentam, de
se referem à nobreza, ao luxo e ao poder, visto que certa forma, como moles. Conforme afirma Ambro-
eram materiais cujo manuseio dependia de certo de- zewicz (2012), a classificação de dureza para os me-
senvolvimento intelectual e, desta forma, em tempos tais vem do aparelho Brinell, em acordo com a ABNT.

136
DESIGN

SAIBA MAIS Em relação às suas aplicações, cita-se o uso de


metais em revestimentos de parede, forro, piso, fer-
A ferrugem é o que conhecemos como a cor- ragens diversas, esquadrias, guarnições, mobiliários,
rosão do ferro. A corrosão ou oxidação é um acabamentos e acessórios para banheiro e cozinha.
fenômeno que ocorre quando o material, em Apresentam-se também na indústria da refrigeração,
contato com os gases da atmosfera ambiente,
transforma-se com reações químicas, pro- em utensílios domésticos, decorativos e produtos di-
duzindo outro tipo de matéria – neste caso, versos. Vejamos agora, caro(a) aluno(a), alguns tipos
,o que chamamos ferrugem ou óxido férrico de metais comumente utilizados nas ambientações.
hidratado.

Fonte: adaptado de Bauer (1994). O ALUMÍNIO

Normalmente, é utilizado compondo diversas ligas,


pois é um metal relativamente macio, porém mui-
to leve e com boas propriedades mecânicas. Possui
ótima condutibilidade térmica e elétrica, é de fácil
moldagem, mas de difícil soldagem. É importante
ressaltar que o alumínio é resistente a altas e baixas
temperaturas por possuir um ponto de fusão eleva-
do e não ser frágil sob resfriamento. Sua coloração
é prata claro, mas aceita diferentes tonalidades. No
mercado, é utilizado em lâminas, extrudado ou, ain-
da, em fios de alumínio ou em barras.

Figura 1 - Ferrugem

Ambrozewicz (2012) informa que o metal mais uti-


lizado na construção civil é o aço que, combinado
com o concreto, é utilizado nas estruturas das edifi-
cações. Entretanto, no que tange ao design de inte-
riores, existe certa diversidade em sua indicação de
uso, pois relaciona-se com as tendências estéticas no
mercado de consumo, ou seja, os tipos de metais em
destaque oscilam entre si durante os tempos, sendo
que, atualmente, tem-se o uso em alta do “cobre”, ou
da aparência do “cobre”.

137


Combinado a outros metais, constitui uma va- O COBRE


riedade de ligas. As propriedades dessas possuem
relação com os materiais que são adicionados ao De acordo com a Associação Internacional do Co-
alumínio. Sobre o seu acabamento, pode ser poli- bre – a Procobre ([2019], on-line)1, o metal era cha-
do, lustrado ou pintado. Também pode ser alterado, mado pelos romanos de Aes Cryprium, ou o metal
apresentando texturas como o martelado, o acetina- da ilha de Chipre, por ser o local de sua extração.
do ou o mate (feito com jatos de areia). Para limpeza, Conforme afirma Bauer (1994), no aspecto estético,
indica-se lavagem simples, pode ser tratado quimica- sua coloração avermelhada chama muito a atenção.
mente para, por exemplo, aumentar a sua proteção. No entanto, a sua exposição à atmosfera ambiente,
Entre os seus pontos positivos, temos a questão potencializada pela umidade, acarreta o desenvolvi-
da reciclagem, pois, de acordo com a Associação mento do azinhavre, substância tóxica que, se inge-
Brasileira do Alumínio, o material pode ser recicla- rida em excesso, causa transtornos à saúde.
do infinitamente, sem perder as suas propriedades Como o cobre é um dos materiais usados, desde
físico-químicas. sua descoberta, também como utensílio doméstico e
está em contato com alimentos, a Anvisa, pela RDC
SAIBA MAIS 20, de 22 de março de 2007, o classificou como um
contaminante alimentício, e as suas impurezas não
devem somar mais 1% nos materiais de manuseio de
O duralumínio é uma liga de alumínio que se
constitui de 3% de cobre, 1% de manganês e
alimentos (ANVISA, 2007, on-line)2.
0,5% de magnésio. Essa liga pode substituir
o aço em diversas situações.

Fonte: adaptado de Ambrozewicz (2012). SAIBA MAIS

A Anvisa é a Agência Nacional de Vigilância


O CHUMBO E O ESTANHO Sanitária, instituição que regulariza todos os
setores que podem, de alguma forma, afetar
a saúde da população. A partir de estudos,
De acordo com Bauer (1994), o chumbo é um ma- debates e pesquisas, a Diretoria Colegiada de-
terial cinza-azulado que, exposto à atmosfera am- senvolve e apresenta Resoluções que definem
biente, produz, por meio de reações químicas, uma normas e regras sobre diversos assuntos.

substância considerada tóxica. Portanto, não é acon- Fonte: adaptado de Anvisa ([2019], on-line)3.
selhável o seu uso que, no passado, era abundante
em instalações hidráulicas, em coberturas e até em
tintas. O estanho é o metal que substitui o chumbo Dentre as suas diversas propriedades, o cobre pos-
nestas aplicações, sendo um material bem maleável sui grande condutividade. Por isso é, hoje, o metal
e de coloração branco-acinzentada. mais aplicado em instalações elétricas, facilmente

138
DESIGN

fundido ou colado, apresentando ótima condutibi- O FERRO


lidade térmica, podendo, portanto, ser utilizado em
aquecedor e ar-condicionado. De acordo com Bauer Muitos defendem a hipótese de que o homem
descobriu o ferro no Período Neolítico (Idade
(1994), é importante apontar que o cobre também
da Pedra Polida), por volta de 6.000 a 4.000
pode ser combinado com outros materiais e metais anos a.C. Ele teria surgido por acaso, quando
para formar ligas diversas. pedras de minério de ferro usadas para prote-
A Procobre ([2019], on-line)1 também informa ger uma fogueira, após aquecidas, se transfor-
que o cobre é um material naturalmente antibacte- maram em bolinhas brilhantes. O fenômeno,
hoje, é facilmente explicável: o calor da fogueira
riano e, portanto, deve ser aplicado em utensílios e
havia derretido e quebrado as pedras (INSTI-
acessórios em locais da área da saúde, como hospi- TUTO AÇO BRASIL, [2019], on-line)4.
tais e clínicas.

SAIBA MAIS

“O bronze é uma liga de 85 a 95% de cobre


e 15 a 5% de estanho. Tem grande dureza
[...] é usado na construção de ferragens e
ornatos” (BAUER, 1994, p. 612). Este autor
também apresenta o latão: uma liga de cobre,
porém com zinco, que possui grande uso na
construção por ser muito resistente.

Fonte: adaptado de Bauer (1994, p. 612).

O ferro é o metal mais aplicado na construção civil.


Pode ser usado puro ou em ligas e possui muita re-
sistência. Foi um material conhecido por diversos
povos antigos, como os egípcios, assírios e babilô-
nicos, e também os povos americanos.
De acordo com Bauer (1994), o ferro pode ser
aplicado em vigas, coberturas, painéis e esquadrias,
podendo também ser usado em reforços, por exem-
plo, no concreto armado. Normalmente, possui cor
cinza, mas pode ser amarelado, preto ou pardo, de-
Figura 2 - Estátua de bronze de Mahatma Gandhi pendendo de sua composição mineral. É a partir

139


do ferro que se obtém o aço – quando o ferro está Aço Inoxidável


fundido e o seu teor de carbono for de 0,2%. Sobre
as suas propriedades, de forma geral, é um material O aço inox nada mais é que um aço com maior re-
muito resistente, possui boa condutibilidade térmica sistência à corrosão. Bauer (1994) informa que, para
e grande resistência mecânica. É pesado, pode apre- melhor qualidade, deve-se manter a composição de
sentar um certo brilho. Geralmente, possui grande liga de aço e cromo em 18%, em 9% de níquel, e me-
resistência a impacto. Sobre a questão da corrosão, o nos de 0,15% de carbono.
ferro e o aço são altamente corrosivos, porém, como A Abinox – Associação Brasileira de Aço Inoxi-
ponto positivo, ambos possuem muita diversidade dável ([2019], on-line)5 informa que, para a limpeza
em suas composições e em desenvolvimento de li- de peças em inox, deve-se utilizar apenas sabão e de-
gas. tergentes neutros suaves, sempre com pano macio, e
não utilizar a palha de aço.
SAIBA MAIS Sua aplicação em design de interiores e áreas
afins é grandiosa, desde revestimentos externos (fa-
Folha de Flandres é a lata, uma chapa fina chadas) até estruturas e acabamentos diversos, como
de aço com as faces cobertas levemente por corrimão, bancos, aparadores e mobiliários, princi-
estanho, que protege da corrosão, e a “chapa
palmente na área de manuseio alimentício, pois o
galvanizada é uma chapa fina de aço revestida
com zinco”. material possui baixa porosidade e tem facilidade de
limpeza, evitando, assim, o acúmulo de sujeiras e a
Fonte: adaptado de Bauer (1994, p. 644).
proliferação de bactérias e fungos.

140
DESIGN

Aço Corten tica, o material apresenta coloração avermelhada,


pois, em contato com a atmosfera, produz a pátina,
Este material se constitui com a adição de elementos que é justamente a proteção contra a corrosão, e que
como o cobre e o fósforo. Faz parte da classificação apresenta essa coloração, por muitos definida como
dos aços de baixa liga, que, como informa Bauer marrom escuro.
(1994, p. 233), são “ligas contendo menos de 8% de Atualmente, no mercado de consumo, as caracte-
elementos de liga”, isto é, esta mistura entre elemen- rísticas estéticas desse material sofrem elevada valo-
tos metais e não metais. rização, junto com os conceitos de reciclagem e reu-
Também denominado aço patinável, esse material tilização como pontos positivos ao meio ambiente. É
possui como qualidade alta resistência mecânica, por- comum, portanto, encontrar diversos materiais que
tanto, é o material utilizado na fabricação de vagões imitam o aspecto estético do aço corten para varia-
de carga ou de container marítimos. Paula e Tibúrcio dos tipos de aplicações, como revestimentos de pare-
(2012) afirmam que esse tipo de aço possui melhorias des, painéis, tampos de mesas e outros. Entretanto,
que evitam a corrosão e também é reciclável, podendo o conceito inicial do uso desse material era evitar o
voltar à siderúrgica para ser reprocessado. descarte desnecessário dos vagões de trem e, a partir
De acordo com Ferraz (2003), na questão esté- da consciência ambiental, repaginar o seu uso.

141


Polímeros
Os polímeros são mais conhecidos como plásticos; ne) e são subdivididos em termofixos, termoplásti-
entretanto, o termo “plástico” também é um subs- cos e elastômeros. De acordo com Farrelly e Brown
tantivo que significa a propriedade de plasticidade (2014), esta subdivisão relaciona-se com a moldabi-
dos materiais. De acordo com Bauer (1994), isso lidade e o aquecimento desses materiais.
significa a possibilidade de um material mudar sua Quando termofixos, esses polímeros aquecidos
forma quando atingido por uma força de tensão sem podem ser moldados, porém, assim que resfriados,
se romper, como é o caso da argila, lembra-se? Por- não poderão sofrer o tratamento novamente, dife-
tanto, Morris (2010) sugere que é “mais correto re- rente dos polímeros termoplásticos, que podem ser
ferir-se aos plásticos como polímeros: o termo que aquecidos e moldados diversas vezes. Por fim, con-
descreve materiais que possuem repetidas cadeias de forme afirma Bauer (1994), os elastômeros são os
moléculas” (MORRIS, 2010, p. 115). polímeros que possuem grande elasticidade, como
Os polímeros podem ter origem natural (por as borrachas. O autor apresenta como exemplos de
exemplo, a borracha) ou artificial (como o silico- termoplásticos, termofixos e elastômeros, respecti-

142
DESIGN

vamente, o polietileno, o poliéster e o polisiloxano Em relação à sua propriedade subjetiva, essa


(silicone), e afirma que suas principais qualidades grande utilização dos polímeros nas décadas após a
são a leveza, o isolamento elétrico, a possibilidade Segunda Guerra Mundial, de certa forma, acarretou,
de receber pintura, o baixo custo, a facilidade de nas gerações posteriores, certa desconfiança e des-
manuseio e a produção adequada à produção em valorização do material por diversos motivos, tais
série, além do fato de não apresentarem corrosão. como as suas qualidades ainda inferiores aos tradi-
Em contrapartida, suas principais desvantagens são cionais da época, a especificação errônea do produto
a fraca resistência mecânica de alguns polímeros e e do seu uso e a falta de conhecimento sobre sua ma-
sua fraca resistência às intempéries, ou seja, suas nutenção. Estes foram motivos que promoveram a
propriedades físico-químicas são inferiores às dos desvalorização dos conhecidos “plásticos”, que assu-
materiais naturais, além de serem materiais que miram a posição de materiais vulgares ou inferiores.
encontram dificuldades na reciclagem, não sendo Farrelly e Brown (2014, p. 25) acrescentam que
decompostos facilmente na natureza. os plásticos, nas décadas de 60 e 70,
Ambrozewicz (2012) ressalta que, atualmente,
existem diversos estudos, e muitos desses materiais [...] estavam disponíveis para todos e eram fá-
já evoluíram muito. A ciência e a tecnologia estão ceis de substituir (descartáveis), o que corres-
pondia à estética pop e ao desejo dos consumi-
perseverantes em continuar o melhoramento deles,
dores pelo novo – uma condição perniciosa que
inclusive no que tange à sua reciclagem. Engana-se,
ainda prevalece em muitas sociedades.
porém, aquele que imagina que os polímeros são
materiais muito jovens. Eles vêm sendo criados e Ainda hoje é possível perceber indivíduos que os
aperfeiçoados desde 1869, data da existência do ce- relacionem a essas questões. O importante é conhe-
luloide, descoberto em um concurso de pesquisa de cer e saber como utilizar o material em suas funções
materiais sintéticos. corretas para apresentar ao usuário o melhor para o
Conforme afirma Bauer (1994), para o emprego seu projeto.
em grande escala, como aconteceu nas décadas de Ao tratar das características dos polímeros para,
50 e 60, a evolução dos polímeros se deu por meio por exemplo, os mobiliários, deve-se enfatizar que “os
da Segunda Guerra Mundial. móveis plásticos quase sempre consistem em uma peça
única sem juntas ou conexões” (BINGGELI; CHING,
2013, p. 322). Isto é possível porque o material é mol-
SAIBA MAIS dável, dando aparência de unicidade ao produto e, ao
mesmo tempo, facilitando sua produção em série. Esta
A primeira cadeira produzida em série com característica atraiu muitos designers e profissionais da
material polímero foi a denominada Concha, área, pois o desafio era criar produtos ou móveis que
projetada por Charles e Ray Eames, na década seriam desenvolvidos completamente por uma só peça.
de 50.
Desta forma, Cardoso, Pozzi e Curtis (2014),
Fonte: adaptado de Farrelly e Brown (2014). apresentam-nos a Cadeira Panton, que foi:

143


[...] projetada pelo designer dinamarquês Ver-


ner Panton entre 1960 e 1967. Trata-se de uma CLORETO DE POLIVINILA (PVC)
cadeira “empilhável” de plástico; a primeira
a ser injetada num único molde. Esta cadeira Bauer (1994) ressalta que o PVC possui baixo cus-
exótica, produzida em várias cores vivas, tor- to, facilidade de manuseio, imunidade à ferrugem e
nou-se um ícone na década de 60 (CARDOSO;
POZZI; CURTIS, 2014, p. 9).
que, por isso, é mais indicado para o uso em tubula-
ções de água, esgoto e eletricidade, chuveiros, sifões
Em meio aos pontos positivos e negativos do ad- e junções, sendo também aplicado como coberturas.
vento dos polímeros, o que devemos compreender As conhecidas telhas de plástico (materiais que estão
é que o avanço tecnológico é real e, com isso, há o melhorando graças às pesquisas em laboratórios) ati-
nascimento de novas opções de materiais. Ao de- va são usadas como alternativa à telha de vidro, para
signer de interiores, cabe compreender ao máximo oferecer luminosidade natural, podem apresentar co-
suas características e como aplicá-las aos projetos lorações diversas, serem translúcidas ou opacas.
de forma que acarrete, em suas possibilidades, um Os revestimentos para pisos de PVC, ou como co-
uso responsável, sendo, assim, ético para o usuário nhecidos comercialmente, piso/mantas vinílicas, hoje
e, também, para o meio ambiente. estão em alta. São desenvolvidos com muita tecnolo-
Sobretudo, é certo ressaltar que existe uma gran- gia e superior qualidade, podem ser aplicados em di-
de diversidade de polímeros no mercado de consu- versas áreas, como comerciais e até hospitalares.
mo e que o(a) profissional deve estar atento(a) às Azeredo (2000) também informa que essas man-
suas características, propriedades e aplicações. Veja- tas ou laminados podem possuir ou não estampas. A
mos, a seguir, alguns dos polímeros mais utilizados base, isto é, o contrapiso, deve estar em boas condi-
na área da construção civil: ções, com nivelamento correto e sem umidade. Caso

Figura 3 - Cadeira Panton

144
DESIGN

a aplicação seja piso sobre piso, os não indicados são: em placas. De acordo com Ambrozewicz (2012), seu
cimento queimado (a menos que seja preparado para corte é facilitado por aquecimento do material cor-
a recepção do novo piso), pisos de madeira e de pedra tante, e o método utilizado pela indústria é aquecer
ou de cerâmica que apresentem juntas muito largas. um fio a 150 ºC e utilizá-lo como o material cortante.
A instalação, normalmente, é feita por adesivo. As Bauer (1994) afirma que o material é muito leve,
informações comerciais também afirmam que esse e, por esse motivo, é indicado para pisos flutuantes,
material pode ser encontrado em placas. Os maiores para o “recheio” de divisórias, forros e ambientes
benefícios apontados sobre o piso vinílico são manu- que necessitem de isolamento térmico e acústico (já
tenção baixa, higienização e durabilidade altas. para essas características, o material deve possuir,
em espessura, mais que 20 mm).
SAIBA MAIS
Fiberglass (PRFV)
As normas da ABNT para estes materiais são
a NBR 14.917: Revestimentos resilientes para
pisos - Manta (rolo) ou placa (régua) vinílica Fibras de vidro somadas a algum tipo de polímero,
flexível homogênea ou heterogênea em PVC, como o poliéster, ou algum tipo de epóxi ou melamina,
e a NBR 7374: Placa vinílica semiflexível para
revestimento de pisos e paredes.
tão nobre quanto o aço inox, mas com resistência da
chapa de aço. Afirma Ambrozewicz (2012) que seu uso
Fonte: a autora.
é grande em painéis de vedação, paredes divisórias e
alguns equipamentos, mas que podem desenvolver di-
POLIESTIRENO versos mobiliários, tampos de mesas, pias, bancos e até
piscinas, que são produzidas com o PRFV (plástico re-
Em relação à estética, oferece superfícies brilhantes e forçado com fibra de vidro), e muitos outros produtos.
polidas, mas não é muito resistente ao calor e, como Além das características apontadas anteriormente,
possui pouca flexibilidade, torna-se quebradiço. Esse o autor Bauer (1994) ressalta que o material é muito
material é aplicado em luminárias e elementos de ilu- leve e de fácil moldagem. Existem previsões de que,
minação de menor custo. No entanto, conforme afir- futuramente, esse material possa ser o mais utilizado
ma Ambrozewicz (2012), já existe o poliestireno de no desenvolvimento de edificações na construção civil.
alto impacto, usado para algumas conexões sanitárias,
para desenvolvimento de alguns mobiliários, como
bancos ou armários, ou ainda, assentos sanitários.

Poliestireno Expandido

Muito conhecido pelo nome de sua marca, o isopor


(ou poliestireno expandido) é um material muito ver-
sátil. Composto de esferas comprimidas em um mol-
de, apresenta-se em blocos, que podem ser cortados

145


Acrílico (PMMA)

O acrílico despontou como um dos materiais do com sua aplicação em diversos móveis assinados por
futuro que representa essa face da sociedade inova- profissionais famosos, é o material em destaque no
dora que rompe com o passado. É interessante ob- mundo pop, como exemplo, a Cadeira Bolha de Aero
servar o discurso acerca do material; Santos e Pedro Aarnio, a Cadeira Eames Eiffel, desenvolvida por
(2010) expõem, em seu estudo, uma matéria da re- Charmes e Ray Eames, e muitos outros.
vista “Casa e Jardim” do ano de 1972, que apresen- Os acrílicos também são apontados pelo estu-
tava a reportagem intitulada “Apresentamos a moda dioso Ambrozewicz (2012) como um tipo de polí-
transparente: acrílico”. As autoras acrescentam que mero nobre, que possui semelhanças, na aparência,
a revista “classifica este material como jovem, des- com o vidro, inclusive com algumas qualidades óti-
contraído e versátil” (SANTOS; PEDRO, 2010, p. 5). cas. Podem ser denominados acrílicos ou plexiglass,
De fato, esta é a reação dos indivíduos ao material. e seu nome científico é poli (metacrilato de metila).
O acrílico possui forte apelo ao novo, atual, jovem e, O Indac – Instituto Nacional para o Desenvol-

146
DESIGN

vimento do Acrílico ([2019], on-line)6 afirma que o zir a iluminação para suas bordas, acendendo-as (de-
material é conhecido desde o ano de 1843, mas que pendendo das características tanto do produto acríli-
apenas em 1901 iniciou a sua expansão no merca- co quanto da iluminação), gerando um efeito muito
do de consumo. Em relação às suas características, o bonito em suas peças. Por isso, é muito utilizado em
Instituto ressalta que chega até a 92% de transmissão totens empresariais de mesa e outros, tanto que Se-
da luz, sendo um material duro, rígido e resistente (à gura (2010) afirma que “muitos trabalhos vêm sen-
radiação UV, às intempéries, a químicos - limitado do realizados utilizando o PMMA como guia de luz”
aos solventes). No entanto, não é resistente ao álco- (SEGURA, 2010, p. 22).
ol, mas possui excelente moldabilidade.
Apresenta-se em muitas opções de cores: trans-
parentes, translúcidas ou opacas e, apesar de ser um
material inflamável, possui baixa emissão de fuma-
ça, além de ser atóxico. Ao se tratar de resistência à
abrasão, o acrílico é fraco, mas o material pode ser
recuperado facilmente por polimento.
Por fim, é seguro por não ser tão cortante como
o vidro e seu índice de absorção de água é baixo, cer-
ca de 2%, com aumento dimensional de, no máximo,
0,35%.

SAIBA MAIS

As normas da Associação Brasileira de Nor-


mas e Técnicas (ABNT) possuem as NBR ISO
7823-1 e 7823-2, informando os tipos, dimen-
sões e características das chapas de acrílico
fundidas e extrudadas.

Fonte: adaptado de Indac ([2019], on-line)6.

Ainda de acordo com o Indac, o acrílico pode ser co-


mercializado em chapas, em grânulos ou em pó. Pos-
sui garantia de dez anos, caso o material adquirido es-
teja de acordo com as normas de qualidade. Pode ser
tratado durante o seu processamento, e esses materiais
tratados se diferenciam para aplicação específica.
Outra característica interessante apontada pelo
Instituto é a iluminação. O acrílico consegue condu-

147


Em relação à sua aplicação no design de interio- De acordo com Ferreira Neto e Bertoli (2002), as
res, há muita diversidade. Pode ser utilizado como barreiras de acrílico já são aplicadas em ambientes in-
divisórias de ambientes, mobiliários diversos, uten- ternos, como estúdios de gravação, e também nos am-
sílios domésticos, decorativos, forros, luminárias, bientes externos. As autoras afirmam que o acrílico é
além de ser utilizado como letreiros. São muitas as também uma ótima escolha estética, “[...] por ser trans-
opções, e o uso pode ser amplo, dependendo da cria- parente e, portanto, permitir ao receptor visualizar a
tividade do(a) designer de interiores. fonte sonora” (FERREIRA NETO; BERTOLI, 2002, p.
138). Neste estudo, elas ressaltaram a surpresa nos expe-
O ACRÍLICO E A ACÚSTICA rimentos práticos em barreiras sonoras com o acrílico,
em comparação com o concreto, ressaltando que o:
O Indac informa que barreiras de acrílico chegam a [...] acrílico superou em 4,9 dB a barreira de
reduzir até 60% de ruídos e que, por esse motivo, são concreto. Nas frequências mais baixas, isto é,
aplicadas até em barreiras para rodovias com o intui- inferiores a 250 Hz, o desempenho da barrei-
to de melhorar a qualidade de vida dos indivíduos ra de acrílico superou significativamente o de-
sempenho da barreira de concreto (FERREIRA
que moram em suas proximidades. No entanto, é im-
NETO; BERTOLI, 2002, p. 138).
portante, para esse resultado, atentar-se às espessuras,
que devem ser de 10 mm e 15 mm quinze milímetros, As autoras, que compararam três materiais como barrei-
com alturas de até 4 m. Elas podem ser constituídas ras sonoras – o acrílico, a madeira e o concreto – conclu-
de outros materiais, como fixação e barra em metal. íram que a madeira possui um desempenho mais bai-
Além do uso como barreiras em rodovias, também é xo que os outros dois materiais. O concreto acaba por
indicado seu uso em igrejas, escolas e até em estádios apresentar a melhor eficiência, e o acrílico apresenta boa
esportivos, isto é, locais onde há grande ruído. atenuação dos ruídos, mas, por ser transparente (não
bloquear a visão) enquanto oferece a redução sonora, é,
muitas vezes, sendo a melhor opção.

O ACRÍLICO E A ILUMINAÇÃO

Como afirmado anteriormente, o acrílico possui al-


gumas características interessantes para seu uso em
iluminação. O Instituto Nacional para o Desenvol-
vimento do Acrílico informa que o material apre-
senta inúmeras vantagens, como resistência térmica,
alta estabilização contra raios ultravioleta e excelen-
te transparência, podendo também ser trabalhado
com níveis de transparência/opacidade. Outra pos-
sibilidade interessante são as superfícies texturiza-
das e os desenhos que podem ser feitos no material.

148
DESIGN

Além disso, o(a) designer de interiores possui a dez anos e os seus riscos podem ser removidos.
liberdade de trabalhar com qualquer tipo de lâmpa- Antes de concluir o estudo deste material, ca-
da, apenas respeitando a distância entre ela e o mate- ro(a) aluno(a), o Instituto Nacional para Desenvol-
rial. De acordo com o site do Indac (2015, on-line)7, vimento do Acrílico informa que deve haver muito
as chapas acrílicas de qualidade resistem até 80 ºC. cuidado na hora de sua especificação e, principal-
Outras características que devem ser ressaltadas são mente, o(a) profissional deve buscar informações
a leveza, a diversidade de cores e a maleabilidade do acerca do seu fornecedor, pois muitos materiais pos-
material, pontos positivos para o desenvolvimento suem semelhanças e podem ser confundidos com o
criativo do(a) designer, não deixando de reafirmar acrílico, como o poliestireno, de menor qualidade e
que o acrílico tem a capacidade de conduzir a luz, também de menor custo.
diminuindo, assim, o consumo elétrico.
Ainda de acordo com o Indac (2015, on-line)7, se- REFLITA
guem os benefícios que o acrílico oferece para a área
de iluminação: mais leve que o vidro, mais seguro, Não se trata de criar mais uma cadeira, mas
porque sua quebra não provoca estilhaços, e é mais sim, de pensar em quem vai usá-la, onde,
resistente. Nas chapas denominadas cristais, possuem qual material idôneo para reduzir o impacto
socioambiental, logística, seus usos e seus
transparência altíssima que independe da espessura fins, para que, depois de ser cadeira, passe
do material. Se polidas adequadamente, suas bordas a ser outra coisa, útil para a pessoa, ou para
se iluminam. Além disso possuem durabilidade, re- outras pessoas.

sistem às intempéries e aos raios ultravioletas e, quan- Fonte: (Victor F. Megido)


do bem mantido, sua transparência pode durar até

149


Sustentabilidade

Quantas toneladas exportamos vida, a atividade de mineração é posta em dúvida


De ferro? pelo poeta nas frases “Quantas lágrimas disfarça-
Quantas lágrimas disfarçamos mos/Sem berro?”. Esta questão encontra-se, no seio
Sem berro? da sustentabilidade, como a caracterítica negativa de
“Lira Itabirana” - Carlos Drummond de Andra- uma atividade em seu meio socioambiental.
de Como vimos já na primeira unidade deste li-
vro, na qual citamos o autor Moxon (2012), quan-
O excerto anterior é do famoso poeta brasileiro do nos referimos ao uso das pedras como mate-
Carlos Drummond de Andrade, nascido na cidade riais para a construção civil, a extração é, sim,
de Itabira, Minas Gerais, onde nasceu a Vale do Rio uma atividade nociva ao meio. Ela descaracteriza
Doce, empresa brasileira de mineração. Cançado o ambiente dos seres que ali vivem, causando, en-
(2006) afirma que o antigo pico do Cauê, de onde tre outras consequências, diminuição do habitat,
se iniciou a extração do ferro na cidade, era vis- alterações na cadeia alimentar, alteração da pai-
to pelo poeta como símbolo de alucinação “de um sagem local, retirada e até extinção dos animais e
mundo um pouco fora dos gonzos” (CANÇADO, seres vivos daquele ambiente que sofre a agressão.
2006, p. 36). Além disso, a atividade mineradora em si é muito
Isto nos leva a refletir como uma atividade de nociva à saúde dos seres humanos que trabalham
extração pode ser maléfica para uma comunidade. neste nicho, pois eles estão em contato direto com
Mesmo quando existe expectativa de melhoria de poeiras e gases que podem ser tóxicos, ou, em ca-

150
DESIGN

sos de jazidas em minas, correm o risco real de riores, às vezes, aos artificiais) e, portanto, podem
desabamentos. O uso de explosivos é outro fator a ter um ponto positivo: sua vida útil longa que, de
ser considerado quando se trata da saúde dos mi- certa forma, evita o consumismo exagerado e torna
neiros – neste caso, “trabalhadores da mineração”. desnecessário o desenvolvimento de outros produ-
Outro ponto levantado pelo estudioso Moxon tos para substituí-lo.
(2012) é que os metais também provêm de matéria O autor também ressalta a questão da recicla-
finita, pois subentende-se que há um desenvolvi- gem, a maioria das informações comerciais de em-
mento natural muito lento e, neste caso, não se com- presas de venda desses materiais afirma que são
para o seu desenvolvimento natural com a rapidez recicláveis e que, portanto, estão de acordo com
da sua extração/de seu uso pela sociedade moderna, a questão da sustentabilidade. No entanto, não
o que, provavelmente, acarretará no esgotamento são todos os materiais que efetivamente são re-
desses materiais. No mais, há de se considerar toda a cicláveis, e mesmo que sejam, nem todo material
energia e água incorporadas que são gastas no trans- reciclado se enquadra na sustentabilidade, tendo
porte e processamento desses materiais. Portanto, a em vista que alguns necessitam de grande energia
extração dos metais, advinda dos minérios encon- incorporada para o processo de reciclagem, como
trados em jazidas, é uma atividade que caminha é o caso do alumínio, gerando um gasto alto tan-
contra os conceitos de sustentabilidade. Entretanto, to de energia quanto de água, ou ainda, gerando
é interessante pensar que esses materiais, uma vez muito resíduo, fazendo com que o material perca
usados corretamente, são de muita qualidade (supe- seu valor sustentável.

151


Em relação aos metais, Moxon (2012, p. 102) é direto: polímeros, de propriedades diversas, o que faz ne-
O metal tem energia incorporada muito mais
cessário uma reciclagem separada, e essa é uma das
elevada que o vidro – em especial no caso do dificuldades encontradas em tal processo. Apesar
alumínio virgem – e depende de recursos não disso, conforme afirma Moxon (2012), já estão no
renováveis. Os metais reciclados reduzem a mercado produtos de polímeros reciclados, como
energia incorporada e conservam materiais
diversos tipos de mobiliários e, até mesmo, tecidos
brutos. O processo de manufatura é extrema-
mente poluente, mas o produto final é durável de garrafas PET recicladas ou mesmo de náilon, po-
e não tóxico. Tome cuidado com acabamentos liéster e borracha reciclados.
cromados, pois sua manufatura explora recur-
sos naturais escassos e gera resíduos tóxicos.
I
O Rio? É doce.
Ao se tratar dos polímeros, seus maiores pontos A Vale? Amarga.
negativos relacionam-se aos resíduos, uma vez que Ai, antes fosse
esses materiais não se decompõem facilmente na Mais leve a carga.
natureza. Dessa forma, nos aterros, é muito comum
encontrar pilhas desses materiais, além disso, ao se II
decomporem lentamente, os polímeros liberam, no Entre estatais
meio ambiente, gases que podem ser nocivos aos E multinacionais,
seres vivos e à atmosfera. Este dado torna-se alar- Quantos ais!
mante ao ser adicionado ao consumismo desenfre-
ado desta geração. No entanto, é possível diminuir III
esses pontos negativos especificando materiais po- A dívida interna.
límeros não virgens, ou seja, materiais reciclados. A dívida externa
A dívida eterna.
Os plásticos usam petróleo não renovável, deman-
dam um processo de fabricação poluente, emitem
IV
substâncias químicas tóxicas e produzem resíduos
de longo prazo. O plástico reciclado envolve algu- Quantas toneladas exportamos
mas dessas questões (MOXON, 2012, p. 106). De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
É importante destacar que a reciclagem dos polí- Sem berro?
meros também não é fácil. Existem muitos tipos de (Carlos Drummond de Andrade - “Lira Itabirana”).

152
DESIGN

153
considerações finais

C
aro(a) aluno(a), finalizamos mais uma unidade, concluindo a penúltima uni-
dade deste livro. Nesta etapa, adquirimos diversas informações acerca dos me-
tais e dos polímeros, além de compreendermos a questão da sustentabilidade
para esses materiais, ao visualizá-los tomando vida em projetos e produtos.
Os metais nos surpreenderam por participarem tão próximos de nossa evolução
intelectual, tão importantes que concedem seus “nomes” para a especificação ou a
classificação de algumas das nossas “eras” ou períodos ou momentos históricos. São
variados materiais, com diferentes aplicações, processamentos e formas de extração
que possuem uma beleza única em sua coloração e em seu brilho singulares. Com-
preendemos que são materiais de extrema resistência e que possuem ampla aplicação
na construção civil.
Os polímeros, os jovens materiais, frutos da evolução da ciência e da tecnologia,
são materiais apaixonantes, graças às características que se assemelham ao vidro. Ao
mesmo tempo em que são leves, moldáveis e mais seguros, possibilitaram aos desig-
ners da época o desafio de criar produtos inteiriços – um salto para o design, para
a criatividade. Em contrapartida, carregam para si toda a simbologia de uma época
de capitalismo e consumismo crescentes, e sem consciência dos futuros problemas
ambientais que seriam acarretados por toda a Revolução.
Na questão da sustentabilidade, você pode visualizar os problemas existentes em
relação ao meio socioambiental desses dois materiais e como acarretam modifica-
ções e problemas para o meio que os cerca.

154
atividades de estudo

1. Em relação aos metais estudados nessa unida- d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é
de, leia e assinale a afirmativa correta: uma proposição verdadeira.
a) O chumbo é um material muito utilizado em e) As asserções I e II são proposições falsas.
tubulações de água e esgoto. Foi o substituto
do estanho, material com muita resistência, po- 3. Como você, em atendimento, argumenta o uso
rém tóxico. dos metais e dos polímeros em seu projeto
b) O alumínio é um material muito atraente, que para um usuário que o(a) questiona sobre as
possui coloração cinza claro e, polido, possui questões ambientais?
um brilho único. O seu ponto negativo é que 4. Sobre os polímeros, considere as afirmações a
não possui resistência às altas e baixas tem-
seguir:
peraturas.
I. São divididos em três categorias: termoplásti-
c) O duralumínio é um material desenvolvido cos, termofixos e elastômeros.
com adição, em sua composição, de outros
materiais, como o cobre e o manganês. Por II. Os elastômeros podem ter origem vegetal ou
isso, é denominado liga. sintética, respectivamente, a borracha e o si-
licone.
d) O cobre e o aço corten são o mesmo material.
Possuem cor avermelhada causada por uma III. A forma correta da denominação dos plásti-
ferrugem chamada pátina, além de apresenta- cos é polímeros, visto que plásticos podem
rem ótima resistência, sendo muito utilizados também se referir aos materiais que possuem
em projetos sustentáveis por serem recicláveis. alguma característica da plasticidade.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
IV. Os elastômeros podem ter origem mineral ou
2. De acordo com os dados da unidade, em rela- sintética, respectivamente, a borracha e o si-
ção aos materiais e à sustentabilidade, analise licone.
as seguintes afirmativas. V. São divididos em quatro categorias: termo-
I. Um dos maiores problemas dos metais em re- plásticos, termofixos, elastômeros e plásticos.
lação à sustentabilidade é que a sua extração
De acordo com o exposto, assinale a alternati-
é nociva ao meio ambiente.
va correta:
PORÉM
a) Apenas I e II estão corretas.
II. Será sempre melhor o(a) designer de interio-
b) Apenas II e III estão corretas.
res especificar os metais do que especificar
os polímeros, porque esses não são materiais c) Apenas I está correta.
recicláveis. d) Todas estão corretas.

Assinale a alternativa correta: e) Nenhuma das alternativas está correta.


a) As asserções I e II são proposições verdadeiras,
5. Explique o que é o acrílico e responda: em re-
mas a II não é uma justificativa correta da I.
lação ao uso do acrílico e do vidro, quais são
b) As asserções I e II são proposições verdadei- as questões que podem ser levantadas no brie-
ras, e a II é uma justificativa correta da I. fing que direcionarão o uso de um ou outro
material no projeto?
c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a
II é uma proposição falsa.

155
LEITURA
COMPLEMENTAR

Caro(a) aluno(a), segue, nesta leitura complementar, o resumo de um artigo que estuda
as possibilidades do container na habitação. Esse produto, inicialmente desenvolvido para
exercer outra função, virou uma alternativa para a Engenharia Civil e para Arquitetura,
como edificação de ambientes não só residenciais, mas também comerciais e temporários.
Para o(a) profissional do Design de Interiores, é interessante conhecer e se aprofundar
nesse novo objeto de trabalho, edificações que não são de alvenaria e que constituem
uma possibilidade real de trabalho em ambientação. Para continuar a leitura, você poderá
encontrar o endereço para acesso ao restante do material nas referências bibliográficas.

CONTAINERS: A NOVA ERA DAS EDIFICAÇÕES


O setor da construção civil apresenta-se em constante evolução, principalmente no que se
refere à satisfação das necessidades da população e, atualmente, sem prejudicar o meio
ambiente. Desta forma, torna-se crucial que todas as atividades antrópicas sejam repensa-
das e correlacionadas à sustentabilidade, diminuição na geração de resíduos, preservação
ambiental e às novas alternativas de construção que racionem o uso da água e o consumo
de energia, por exemplo. Neste contexto, existem diversas alternativas possíveis de serem
aplicadas na construção civil – uma delas é a edificação em containers. Os containers são
reservatórios de metal, de grandes dimensões, normalmente usados para o transporte de
carga, por isso, muito resistentes. O descarte desses equipamentos não biodegradáveis
contribui para uma poluição ambiental, sendo assim, sua reutilização torna-se importante.
Assim, o objetivo do presente trabalho é apresentar uma proposta de “casa-container”, a

156
LEITURA
COMPLEMENTAR

qual trata-se de um método alternativo de edificação para habitações, oferecendo abrigo


de forma sustentável, ao passo em que se reaproveitam containers que porventura seriam
descartados. O uso de containers em edificações permite a redução nos custos de obra,
proporciona economia no tempo de execução, além de um belo e moderno design. O preço
geralmente apresenta-se acessível, e além de ser resistente ao intemperismo, possui como
principal vantagem a baixa geração de resíduos sólidos da construção e demolição – RCDs
durante a execução da obra, proporcionando, portanto, um baixo impacto ambiental. São
evidentes os inúmeros benefícios da transferência de casas convencionais para as de con-
tainers, porém, existem cuidados a serem tomados. O consumidor deve estar ciente da
origem do equipamento, e se assegurar que o mesmo não foi usado para transporte de
produtos tóxicos, que possam prejudicar a saúde, sobretudo, é importante que eles sejam
devidamente higienizados. As despesas para a operação custam por volta de R$1.500,00/
m2 de construção – inclusos cortes para adaptações nos containers, projeto hidráulico,
revestimento interno para conforto térmico, instalações elétricas e assentamento de piso
–, isto equivale a uma economia de 20% quando comparado à uma construção convencio-
nal de alvenaria, um percentual bastante significativo. Por fim, conforme as informações
elencadas, pode-se concluir que este novo método de construção civil utilizando containers
apresenta uma solução possível para as edificações sustentáveis, uma vez que utiliza como
matéria-prima um elemento que outrora era considerado um resíduo, retirando-o do meio
ambiente e reduzindo os impactos ambientais oriundos do processo construtivo.
Fonte: Trovo, Gois e Oliveira (2015, p. 1).

157
material complementar

Indicação para Ler

Cinquenta Cadeiras que Mudaram o Mundo


Design Museum
Editora: Autêntica
Sinopse: tudo à nossa volta tem um design, e essa palavra já é parte de nossa vivên-
cia diária. Mas o quanto sabemos sobre o assunto? Cinquenta cadeiras que muda-
ram o mundo contribui para esse conhecimento, listando as 50 principais cadeiras
a terem impacto substancial no mundo do design de hoje. Da cadeira sem braços
Thonet à Chair One, de Konstantin Grcic, em relação a cada cadeira, há uma breve
referência para que se explore tanto o que conferiu a ela seu status icônico quanto
os designers que lhe proporcionaram um lugar especial na história do design.

Indicação para Assistir

Objectified (2009)
Konstantin Grcic
Objectified é um documentário de longa-metragem sobre o nosso relacionamento
complexo com objetos manufaturados e, por extensão, com as pessoas que os
projetaram. É um olhar para a criatividade no trabalho por trás de tudo, até esco-
vas de dentes para aparelhos eletrônicos. É sobre os designers que reexaminam,
reavaliam e reinventam o nosso ambiente diariamente. É sobre expressão pesso-
al, identidade, consumismo e sustentabilidade. O filme documenta os processos
criativos de alguns dos designers de produtos mais influentes do mundo e analisa
a forma como as coisas que eles fazem impactam em nossas vidas. O que pode-
mos aprender sobre quem somos e quem queremos ser, a partir dos objetos com
os quais nos cercamos?

158
material complementar

Indicação para Acessar

Este material apresenta as qualidades do inox e como ele pode ser aplicado para uso dos idosos em diver-
sas situações.
Web: http://www.abinox.org.br/upfiles/arquivos/downloads/apresentacoes/traducoes/aco-inoxidavel-benefi-
cios-para-pessoas-da-3a-idade.pdf.

Indicação para Acessar

Material ecológico Rivesti. Aqui, você, caro(a) aluno(a), poderá conhecer melhor este material.
Web: http://rivesti.com.br/.

159
referências

ABNT. NRB 7374: Placa vinílica semiflexível para revestimento de pisos e paredes. Rio de Janeiro: ABNT,
2006.
ABNT. NRB 14917: Revestimentos resilientes para pisos - Manta (rolo) ou placa (régua) vinílica flexível ho-
mogêna ou heterogênea em PVC. Rio de Janeiro: ABNT, 2011.
ABNT. NRB ISO 7823-1: Plásticos — Chapas de poli(metacrilato de metila) – Tipos, dimensões e caracterís-
ticas. Parte 1: Chapas fundidas. Rio de Janeiro: ABNT, 2012.
ABNT. NRB ISO 7823-2: Plásticos — Chapas de poli(metacrilato de metila) – Tipos, dimensões e caracterís-
ticas. Parte 2: Chapas extrudadas. Rio de Janeiro: ABNT, 2012.
AMBROZEWICZ. P. H. L. Materiais de construção: normas, especificações, aplicação e ensaios de laborató-
rio. São Paulo: Pini, 2012.
AZEREDO, H. A. O edifício e seu acabamento. São Paulo: Blucher, 2000.
BAUER, L. A. F. Materiais de construção: novos materiais para construção civil. São Paulo: GEN, 1994.
BINGGELI, C.; CHING, F. D. K. Arquitetura de interiores ilustrada. Tradução de Alexandre Salvaterra. 3.
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CANÇADO, J. M. Os sapatos de Orfeu: biografia de Carlos Drummond de Andrade. São Paulo: Globo Li-
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CARDOSO, C. E.; POZZI, M.; CURTIS, M. do C. G. Contextualização histórica do design e análise semióti-
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4, p. 803-815, set./nov. 2014.
FARRELLY, L.; BROWN, R. Materiais para o design de interiores. Tradução de Alexandre Salvaterra. Barce-
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MORRIS, R. Fundamentos de design de produto. Tradução de Mariana Bandarra. Porto Alegre: Bookman,
2010.
MOXON, S. Sustentabilidade no design de interiores. Tradução de Denise de Alcântara Pereira. Espanha:
Gustavo Gili, 2012.

160
referências

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nica de materiais e processos, v. 1, n. 1, p. 1-11, 2006.
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CONSTRUÍDO, 14., 2012, Juiz de Fora. Anais [...]. Juiz de Fora: UFJF, 2012. p. 1850-1855.
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SEGURA, D. F. Estudos preliminares da preparação de fibras ópticas plásticas e híbridos orgânicos-inor-
gânicos luminescentes a partir de poli (metacrilato de metila) comercial. 2010. 71 f. Dissertação (Mestrado
em Química) – Instituto de Química de Araraquara, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”,
Araraquara, 2010.
TROVO, I. P.; GOIS, P. P. de; OLIVEIRA, R. C. de. Containers: a nova era das edificações. In: ENCONTRO
TOLEDO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 1., 2015, Presidente Prudente. Anais [...]. Presidente Prudente:
Centro Universitário Antônio Eufrásio de Toledo, 2015.

REFERÊNCIAS ON-LINE

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2
Em: http://portal.anvisa.gov.br/legislacao#/visualizar/27936. Acesso em: 27 maio 2019.
3
Em: http://portal.anvisa.gov.br/legislacao#/. Acesso em: 27 maio 2019.
4
Em: http://www.acobrasil.org.br/site2015/siderurgia_mundo.asp. Acesso em: 27 maio 2019.
5
Em: http://www.abinox.org.br/upfiles/arquivos/downloads/apresentacoes/traducoes/aco-inoxidavel-bene-
ficios-para-pessoas-da-3a-idade.pdf. Acesso em: 28 maio 2019.
6
Em: http://www.indac.org.br/. Acesso em: 28 de maio.
7
Em: http://www.indac.org.br/o-acrilico-na-iluminacao/. Acesso em: 28 de maio.

161
gabarito

1. C.
2. C.
3. Atividade de reflexão sobre a responsabilidade social do(a) designer de
interiores. O aluno deverá responder, de acordo com o conteúdo dado,
quais as qualidades destes materiais e a visão positiva acerca do uso des-
tes produtos.
4. D.
5. O(a) aluno(a) deverá explicar e apontar as características do material, de
forma breve, e citar, em suas argumentações, quais informações, como a
presença de crianças e animais no ambiente, farão a escolha do material
mais seguro, como o acrílico, ou ainda, a necessidade do uso para o blo-
queio de som etc.

162
UNIDADE
V
RESINAS E OUTROS MATERIAIS

Professora Me. Carla Prado Vieira Verdan

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Tintas
• Produtos animais
• Outros materiais
• Sustentabilidade

Objetivos de Aprendizagem
• Classificações do Mobiliário
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade das resinas.
• Abordar história, definição, classificações e aplicabilidade dos produtos animais.
• Apresentar, definir, classificar e abordar a aplicabilidade de outros materiais.
• Apresentar como esses materiais comportam-se em relação ao conceito de sustentabilidade.
unidade

V
INTRODUÇÃO

C
aro(a) aluno(a), chegamos à última unidade deste livro de mate-
riais e revestimentos. Nesta etapa, estudaremos acerca das tintas,
material importante à sociedade humana, pois elas contam, através
dos séculos, a nossa história. Os humanos primitivos já utilizavam
o material para decorar suas cavernas, mas não apenas isto, faziam ali o rela-
to das suas vidas e, mesmo utilizando de materiais naturais, compreendidos
como produtos não muito duráveis, os desenhos chegaram aos dias atuais,
em muitos casos, expostos em cavernas, portanto, protegidos das intempé-
ries do meio externo. Esses desenhos demonstram que é possível utilizarmos
de matérias-primas naturais para proteger e embelezar nossos ambientes.
Em um segundo momento, estudaremos os produtos animais, outros ve-
lhos conhecidos da humanidade. Veremos como se dá o uso de peles, couro
e marfim e por que as suas aplicações estão cada vez mais acuadas pelos no-
vos conceitos sociais de sustentabilidade e responsabilidade socioambiental.
No terceiro tópico da unidade, conheceremos outros materiais, al-
guns novos, outros nem tanto, mas que possuem um objetivo e uma jus-
tificativa de existência baseados nas questões ambientais. Também refle-
tiremos sobre a questão da sustentabilidade no que tange ao uso desses
materiais anteriormente apontados, compreendendo as implicações de
seus usos e como será possível para o mercado desenvolver formas de
lidar com uma sociedade preocupada com o meio ambiente.
Ótima leitura!


168
DESIGN

Tintas
Quando pensamos em mudar um ambiente, é muito
comum surgir, como primeira ideia, a aplicação de tin-
tas, ou seja, pintar uma ou mais paredes, readequando
suas cores e suas texturas às necessidades do momento.
A atividade parece ser simples pela praticidade e facili-
dade de aplicação das tintas em qualquer superfície e,
assim, também se torna comum a ideia de pintar um
antigo móvel (ou qualquer outro produto ou utensílio)
para torná-lo atraente novamente. Entretanto, a fun-
ção das tintas, na construção civil vai além das ques-
tões estéticas normalmente adotadas como destaque
pelos usuários e alguns profissionais. Conforme afirma
Ambrozewicz (2012), as tintas possuem a responsabi-
lidade de evitar que os materiais pereçam e, portanto,
garantem a sua proteção. E, de acordo com Mello e Su-
arez (2012), também são usadas pela arte na criação de
obras e na expressão sentimental.

SAIBA MAIS

No Brasil, é possível encontrar arte rupestre de


norte a sul do país, e as pinturas rupestres mais
antigas encontradas estão no Parque Nacional
da Serra da Capivara, que foram tombadas
pela Unesco como patrimônio histórico da
humanidade, as quais datadas de 11 mil anos.

Fonte: Mello e Suarez (2012, p. 4).

169


Como afirmam os autores citados anteriormente, é pos- rio do afresco, que, por ser uma técnica que possuía
sível que os indivíduos primitivos conheçam as tintas até tinta composta por materiais inorgânicos, sobrevi-
antes de 30 mil anos atrás. Seus primórdios são as pinturas veu. Essa nova técnica consistia no uso de materiais
rupestres, cuja função pode ser decorativa e comunicativa, como cal, areia e água, a esta mistura fresca adicio-
mas, em pouco tempo, os fenícios, por exemplo, reconhe- nava-se os pigmentos para formar as cores e, então,
ceram outras das suas propriedades e começaram a uti- eram aplicadas nas paredes. De acordo com Mello
lizar as tintas para a proteção de seus barcos de madeira: e Suarez (2012), foram essas sociedades que desen-
volveram o uso de corantes, inclusive para o uso em
Com o passar do tempo, a tinta cada vez mais tingimentos de têxteis.
é usada como proteção de superfícies, do que,
A evolução das tintas voltou a acontecer apenas
propriamente, como forma de expressão artísti-
ca. Atualmente a indústria de tintas está pratica- com o Renascimento, quando se descobriu a tinta a
mente voltada para a proteção e embelezamento óleo – um exemplo de arte com este tipo de tinta é a
de superfícies, sendo marginal a fatia de mercado obra “Monalisa”, de Leonardo Da Vinci. Entretanto,
destinada à arte (MELLO; SUAREZ, 2012, p. 4). apenas com o desenvolvimento da indústria de tintas
sintéticas, a partir do petróleo e do carvão natural, que,
E, desta forma, o conhecimento sobre as tintas evo- por volta do século XX, começam a surgir, no merca-
luiu até chegar à atualidade com grandes qualidades e do, muita diversidade de cores e de tipos de tintas. Foi
diversidades de composições. Inicialmente, porém, os também neste período, conforme afirmam Mello e Su-
primeiros povos que trabalharam com as tintas utili- arez (2012), que se descobriu como deixar de utilizar,
zavam-na como elemento para decoração, bem como na pigmentação, minerais tóxicos, como o vermelho
os egípcios e o chineses. Essas pinturas, além de em- de chumbo, o amarelo de Nápoles e o branco de prata.
belezarem os ambientes, também contavam histórias É fato que diversos pintores vieram a falecer de-
de caça, das rotinas daquela população e de sexo. vido à exposição a essas tintas. No Brasil, Cândido
Ainda de acordo com os autores Mello e Suarez Portinari – pintor de diversas obras maravilhosas,
(2012), não se pode afirmar quais eram as composi- bem como os gigantes painéis das Nações Unidas, de-
ções primitivas desse material. Acreditam os estudio- nominados “A Paz e a Guerra” expostos nos Estados
sos que eram desenvolvidas a partir de minerais tritu- Unidos – foi uma das vítimas desse material. Assim,
rados para conseguir as cores, e de resinas naturais e/ temos as palavras de Antonio Callado (2003):
ou animais, como a seiva de plantas e a clara de ovos.
Na sociedade greco-romana, as tintas sofre- Para evitar a contaminação do chumbo, Can-
dinho pintou durante anos com luvas amarelas,
ram a evolução para o uso na arte e na decoração,
de borracha [...] Não é acaso que Portinari tenha
a têmpera e o afresco. Com a têmpera, os artistas morrido de moléstia proveniente de tintas de
desenvolveram a técnica da perspectiva, mas como óleo. Um fim de vida com mais que quinhão de
a tinta era orgânica, e o clima, úmido, os desenhos desgastes terá tornado seu organismo mais vulne-
não sobreviveram até nossos dias, deterioraram-se rável ao veneno antigo. A verdade, porém, é que
caiu depois de um longo combate. Para ele, qual-
pela proliferação de micro-organismos, ao contrá-
quer contato com certas tintas constituía perigo.

170
DESIGN

Mas sua resposta ao primeiro envenenamento foi


encomendar longos guantes de borracha - para tando a qualidade e a resistência contra água e até o
continuar pintando. [...] Mas doente ou são, desde álcool, reduzindo, também, o tempo de secagem e,
seus quatorze anos, Portinari pintava e só parou ainda, apresentando dureza superior. De acordo com
de pintar ao pisar outro dia o patamar da morte Mello e Suarez (2012), a maioria dessas novas tintas
(CALLADO, 2003, p. 145-177). são voltadas para revestimento de superfícies, ou seja,
são muito empregadas na construção civil.
Nos dias de hoje, as tintas possuem, em sua com-
posição, no mínimo, dois tipos de materiais: as par-
tículas (ou pigmentos) e o veículo. O pigmento deve
cobrir e decorar toda a superfície, e o veículo deve
formar a película de proteção. Nas tintas comuns, o
veículo pode ser de óleos ou resinas, e os pigmen-
tos, de materiais insolúveis. Para o futuro, os auto-
res anteriormente citados apontam o uso das tintas
com constituintes derivados das biomassas, ou seja,
componentes orgânicos. Além disto, existe um ape-
lo crescente para o retorno do uso das tintas natu-
rais, no que tange aos conceitos da sustentabilidade,
ideias que se tornam cada dia mais frequentes em
nossa sociedade atual.

Figura 1 - Painel Guerra e Paz, de Portinari


SAIBA MAIS
Fonte: Saber Cultural ([2019], on-line)¹.

SAIBA MAIS
Alfredo Volpi, pintor-decorador, era um dos
profissionais que utilizavam as tintas naturais
para aplicação em suas obras. O pintor de-
Aluno(a), você sabia que pode visitar o museu senvolvia as suas próprias tintas em seu ateliê
da Casa de Portinari online? e adotou a técnica da têmpera (constituída
Para fazer um tour virtual com imagens inte- com clara de ovo), deixando completamente
rativas pela casa onde viveu o artista, acesse: de trabalhar com as tintas industrializadas.
https://www.museucasadeportinari.org.br/ Em suas próprias palavras, o pintor afirma
visite-o-museu/visita-virtual-2. sobre as tintas industriais: “elas criam mofo
Fonte: a autora..
e perdem vida com o passar do tempo”.
Fonte: adaptado de Rodrigues (2011, p. 13).

Fonte: a autora..
Desta forma, os antigos materiais tóxicos foram subs-
tituídos pelos novos produtos desenvolvidos, conten-
do menor toxicidade. Foi também nesse século que
novos tipos de resinas foram descobertas, aumen-

171


d. Esmaltes: adicionando pigmentos aos verni-


AS TINTAS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
zes, tem-se o que se denomina esmalte. Sua
maior característica é o toque extremamente
Para Azeredo (2000), as tintas podem ser classifica- liso da superfície que recebeu esse material,
das quanto à sua função na construção civil e, neste além de garantir brilho e resistência.
caso, estão separadas em três grupos: para pintura
arquitetônica com função protetora e decorativa; Azeredo (2000, p. 150) acrescenta, no caso dos esmal-
para manutenção, unicamente com a função de pro- tes, que o material “tem um considerável poder de
teção; e aquelas para comunicação, cuja função é de cobertura e retenção da cor e alguns esmaltes secam
identificação, delimitação de áreas e prevenção de dando um acabamento fosco aveludado, em vez de
acidentes. Para Bauer (1994), as tintas possuem tan- um acabamento brilhante”. Ao se tratar das lacas, este
tas variedades que a sua classificação foge às limita- autor informa que o termo, primeiramente, definia os
ções das classes e, portanto, toda a classificação ado- produtos naturais utilizados pelos orientais, e passa a
tada é somente para melhor compreensão didática. carregar outro significado após o desenvolvimento de
Ambrozewicz (2012), por sua vez, inicia afirman- compostos obtidos do algodão.
do as diferenças entre tintas, vernizes, lacas e esmaltes: Em sua classificação, Azeredo (2000) apresenta as tin-
a. Tintas: separação de pigmentos em resinas tas que se dissolvem em água: base de cal, base de cimento,
(também chamadas veículos) que na aplica- colas animais, betumes, óleo-resinosas, polímeros-látex e
ção formam um filme aderente, ou seja, é um tintas que se dissolvem em solventes: óleo, óleo resinoso,
material líquido e colorido que quando apli-
alquídicas, betuminosa e resina em solução.
cado torna-se sólido, cuja função é proteger e
embelezar as superfícies. Caro(a) aluno(a), ao se tratar das resinas, é im-
b. Vernizes: gomas ou resinas dissolvidas em portante apontar que muitas são aplicadas na cons-
óleos ou solventes voláteis que se transfor- trução civil para revestimentos, assim como as tin-
mam em películas transparentes ou translú- tas, porém são mais utilizadas no revestimento de
cidas, também com a função de proteção e piso, aplicada em seu estado líquido, transforman-
embelezamento de superfícies. do-se em produto rígido na secagem, para conclu-
c. Lacas: compostas de veículos voláteis, resinas são de sua instalação. Outras aplicações também são
sintéticas, plastificantes, cargas e corantes, as muito comuns, como as resinas de vedação, que ser-
cargas são materiais que diminuem a visco-
vem como cola, ou as que atuam, de fato, na instala-
sidade da solução, os plastificantes servem
como um lubrificante, oferecendo flexibili- ção de outros materiais, e não tanto como material
dade à laca. Como oferecem uma cobertu- de acabamento. Para estes, existem amplas funções.
ra muito resistente e brilhante, foram muito Deve o(a) designer de interiores estar atento(a) ao
bem aceitas na indústria automotiva e não que cada material pode lhe oferecer.
demorou muito para serem aplicadas em mó-
veis, produtos e outros.

172
DESIGN

Vejamos, de acordo com a classificação de Aze-


redo (2000), as tintas e resinas:
• Tintas miscíveis em água – Base de cal: caiação polvilho azedo, soda cáustica e água).
(pintura de tinta à base de cal), recomenda-se Para saber mais sobre esse material, sua pre-
aplicação em alvenaria e paredes argamassadas. paração e estética, acesse:
https://biowit.files.wordpress.com/2010/11/
É uma das mais antigas técnicas, é econômica e
cartilha-cores-da-terra-150dpi-modificada.pdf.
prática, constitui-se de cal fina e água, podem
ser adicionados corantes e óleo de linhaça para Fonte: adaptado de Cores da Terra (2009, on-line)2.
potencializar sua aderência à superfície.
• Têmpera: base de cal que apresenta acabamento
texturizado, constituindo-se de corantes e gesso.
• Tintas miscíveis em água – Emulsões de betu-
• Tintas miscíveis em água – Base cimento: me: constituintes de materiais extraídos do pe-
cimento Portland e corantes. As cores são tróleo, possuem coloração quase sempre preta e
limitadas e, geralmente, utiliza-se apenas o sua função principal é de proteção em situações
branco. Sua aparência é fosca e possui grande cujo objetivo não será a aparência. As emul-
mobilidade e resistência. sões se caracterizam por serem constituídas de
• Tintas miscíveis em água – De caseínas: pro- dois líquidos miscíveis; para tanto, é necessário
teína do leite ou proteína de outro animal, dis- agentes emulsionantes, que podem ser gelatina,
solvidas em água. O acabamento possui pouco sabões, goma arábica, entre outros.
brilho, mas possuem cores bem vivas. Não de-
vem ser expostas à água, portanto, não são in-
dicadas para superfícies externas. Atualmente,
este tipo de tinta quase não possui mais adesão
no mercado, sendo muito raro o seu uso. En-
tretanto, profissionais da área da permacultura
e simpáticos aos novos conceitos de responsa-
bilidade ambiental estão colocando-as em prá-
tica. Para a pigmentação, são utilizados mate-
riais naturais, entre eles, os barros ou terras.

SAIBA MAIS

De acordo com o Projeto Cores da Terra, da


Universidade Federal de Viçosa, é possível
desenvolver tintas econômicas e de baixo
impacto ambiental resgatando uma antiga
técnica chamada barreado. Para tanto, é ne-
cessário utilizar, para a pigmentação, a terra
encontrada em sua região, água, cola branca
à desse líquido ou grude (uma mistura de

173


• Tintas miscíveis em água – Emulsões de contra contaminação; em ambientes relacio-


polímeros: grande avanço da tecnologia da nados com alimentos e onde se necessita do
indústria das tintas, estas são de resinas sin- uso de agentes químicos, indicadas para am-
téticas que se misturam à água. São laváveis bientes internos. Podem ser utilizadas para
e possuem grande diversidade de cores e superfícies de piscinas.
tons. A que possui maior saída no mercado • Ureia e Melamina: inodoras, insípidas e não
é a chamada tinta à base de PVA (acetato de tóxicas, possuem resistências mecânicas. Nor-
polivinila), aplicada em ambientes externos malmente usadas com acabamento em alta
e internos. Ainda possuem, como vantagem, temperatura, são aplicáveis para revestimento
a secagem rápida, aderem em superfícies um de pisos, também nas superfícies de madeira.
pouco úmidas, o cheiro é neutro e têm cer- • Epóxis: resistentes quimicamente e flexíveis,
ta segurança quanto ao fogo. Possuem boas possuem alto isolamento elétrico, sendo durá-
características, como: impermeabilidade, veis e possuindo boa coloração. Tem-se a resi-
resistência ao manchamento, flexibilidade, na epóxi líquida (excelentes impermeabilizan-
resistência aos agentes químicos (podem ser tes se misturada aos betumes); resina de epóxi
lavadas com sabão) e bom rendimento. sólidas (aplicada em pisos e revestimentos
• Tinta a óleo: clássicas e tradicionais, com aca- marítimos); e resinas epóxi à base de éter. As
bamento brilhante, possuem boa durabilida- resinas podem ser misturadas a outras. Atual-
de, resistência às intempéries e flexibilidade. mente, esses pisos são utilizados em ambientes
Constituem-se de solventes, secantes, pigmen- comerciais (lojas) como ponto de destaque, e
tos e cargas, os óleos podem ser de linhaça, já aparecem em alguns ambientes residenciais.
soja ou mamona. Necessitam de solvente para São apreciadas pelo brilho, por aceitar dese-
diminuir a sua viscosidade e facilitar a sua apli- nhos diferenciados, por possuírem colorações
cação. Os mais conhecidos são o querosene, a diversas e por serem monolítico.
benzina e a gasolina. Os secantes, obviamente, • Silicone: relaciona grande quantidade de re-
ajudam no processo de secagem, constituídos sinas de polímeros. Possuem resistência às
de sabões, resinas e outros materiais. As cargas altas temperaturas, à água e oferecem grande
também são pigmentadoras e auxiliam na me- variedade de colorações. Um exemplar destes
lhora e na da cobertura da tinta. materiais são os pisos poliuretanos, também
• Betumes com a adição de óleo: originam re- denominados de porcelanatos líquidos (en-
vestimentos escuros e brilhantes, com resis- tretanto, este nome também pode denominar
tência aos ácidos, álcalis e produtos químicos. os pisos de resinas epóxi, o profissional deve
• Resinas em solução: resinas que contêm, em ficar atento às diferenças).
seus veículos, grande quantidade de óleo. • Resinas de poliacrílico: utilizadas como base
Possuem diversas constituições: de tintas acrílicas.
• As vinílicas: alta resistência aos produtos quími-
cos e solventes, durabilidade boa, odor neutro.
• As borrachas sintéticas: possuem grande
elasticidade, as de neoprene são indicadas
para pisos esportivos em interiores. A bor-
racha clorada é aplicada em ambientes da
saúde, nos quais, se necessita de segurança

174
DESIGN

Figura 3 - Aplicação de revestimento epóxi

Em relação às resinas anteriormente apontadas por (contact) para aplicações diversas. Sobre o epóxi, o
Azeredo (2000), o autor Bauer (1994) esclarece que autor também afirma que são os plásticos novos e
elas são utilizadas pelas indústrias de vernizes e mais versáteis, e que, para obterem maior qualidade,
tintas. Observa-se que as tintas possuem, como já devem ser combinados com outros elementos. São
aprendemos anteriormente, no mínimo, dois ele- aplicados como revestimentos e como adesivos para
mentos, sendo eles o pigmento e o veículo (o pig- o concreto, e suas maiores finalidade são, de acordo
mento é a película colorida, a adição de uma liga, com Bauer (1994), como adesivos, selantes, revesti-
a qual advém de diversas fontes, sendo o veículo o mentos (de parede) e pavimentação.
que espalha os pigmentos). Enfim, encontra-se, no
mercado, diversas tintas e vernizes que possuem a
SAIBA MAIS
adição de resinas e esses materiais possuem grande
durabilidade. Bauer (1994) afirma que esses mate-
riais se transformam em revestimentos diversos, A normativa brasileira que regulariza o uso
de pisos de epóxi é a NBR 14050 – Sistemas
por exemplo, em revestimentos plásticos para pisos, de revestimentos de alto desempenho, à base
revestimentos vinílicos para pisos (vulcapiso, pavi- de resinas epoxídicas e agregados minerais –
flex, eterflex), e podem ser aplicados em acabamen- Projeto, execução e avaliação do desempenho
– Procedimento.
tos plásticos laminados (fórmica, formiplac), como
revestimento de chapas de MDF ou MDP (lamina- Fonte: adaptado de NBR 14050 (1998).

do melanímico de alta pressão), e como adesivos

175


CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES FUNDA- na ambientação, melhorar a estética da ambientação a


MENTAIS DAS TINTAS partir das suas cores, texturas e brilho; para aplicação
em madeira, valorização estética, impermeabilização,
Apesar da enorme variedade de tipos de constituição evitar a deterioração do produto/mobiliário; no caso
das tintas, Ambrozewicz (2012) defende a importân- da aplicação em metais ferrosos, evitar corrosão; e em
cia de considerar suas características e funções funda- metais não ferrosos, prolongar sua vida útil.
mentais. Sobre as características, o autor elenca:
• Pintabilidade: praticidade na aplicação, espa- A PINTURA - DEFINIÇÃO
lhamento fácil.
• Nivelamento: as marcas dos rolos ou pincéis A aplicação das tintas nas superfícies constitui-se
não devem aparecer após a aplicação, deve de diversas atividades que garantem a boa funcio-
ser uniforme.
nalidade desse material. Logo, a pintura deve ser
• Secagem: nem tão rápida e nem tão demorada.
considerada um conjunto de procedimentos, como
• Poder de cobertura: cobrir completamente
aplicação dos fundos, das massas e da tinta de acaba-
a superfície em que foi aplicada com menor
mento. É importante considerar, também, a situação
quantidade de mãos.
da superfície de aplicação, se está úmida ou nivela-
• Rendimento: quanto maior o poder de co-
bertura, melhor será o seu rendimento. da, se possui rachaduras e fissuras, todas essas ques-
• Estabilidade: no armazenamento, não deve tões podem influenciar o resultado.
sedimentar-se demais, ou existir grande sepa- De acordo com Ambrozewicz (2012), os fundos
ração entre os elementos constituintes da tinta. têm como objetivo selar (fechar) a superfície para
• Resistência e durabilidade: resistir às intem- o melhor rendimento da tinta, e a massa tem como
péries do meio e possuir longa durabilidade objetivo tornar a superfície homogênea e lisa; entre-
no que tange à coloração. tanto, essas etapas podem ser dispensáveis.
• Lavabilidade: quanto maior a resistência à Caso a pintura aconteça sobre o reboco, este deve
água e aos agentes químicos, melhor a quali-
estar seco (ou curado), forte (ou seja, aquele que não
dade desse material.
esfarela por causa do uso de pouco cimento) e, se
• Transferência: capacidade de adesão à super-
apresentar mofo, deve ser retirado com escovação,
fície e diminuição dos respingos.
aplicando-se água sanitária.
• Cheiro/odor: quanto mais neutro e não
tóxico, melhor. Caso a pintura aconteça sobre a madeira, após a su-
perfície limpa e lixada, também é possível aplicar massa
Em relação às suas principais funções, Ambrozewicz para nivelamento. Então, aplicar o branco fosco e, de-
(2012) aponta: proteção, acabamento, decoração e dis- pois, o acabamento em esmalte sintético, mais o verniz.
tribuição de luz. Entretanto, apresenta funções especí- Para a pintura sobre ferro, deve-se verificar a não
ficas para as diversas superfícies de aplicação: alvena- existência de ferrugem (caso exista, remover com lixa e
ria, evitar o esfarelamento do material, evitar absorção aplicar cromado de zinco antes da pintura final), apli-
de sujeira e umidade, impedir mofo, distribuir a luz cando um fundo de óxido de ferro, e depois, esmalte.

176
 DESIGN

Ambrozewicz (2012, p. 357) ainda recomenda


para pinturas satisfatórias:
• Paredes internas: sistemas com tinta látex, es-
malte ou tinta a óleo.
• Paredes externas: sistemas com tintas látex acrílico.
• Tijolos aparentes: tinta à base de silicone,
verniz acrílico.
• Madeira: verniz, esmalte ou tinta a óleo.
• Metais ferrosos: tinta a óleo ou esmalte sobre
fundo anticorrosivo.
• Alumínio e metais galvanizados: tinta a óleo ou
esmalte sobre fundo para promover a aderência.

Conforme afirmam Binggeli e Ching (2013), nas


tintas para a alvenaria, em relação ao seu brilho e
às suas aplicações, existem as tintas foscas, indica-
das para tetos e forros ou qualquer parede de menor
contato, sendo um acabamento que esconde as im-
perfeições não muito laváveis; as tintas semibrilho,
que são indicadas em paredes que possuem maior
contato com pessoas e produtos, laváveis e duradou-
ras, e aceitam atritos (esfregar com bucha suave); e,
por fim, as tintas brilhantes que, apesar disso, des-
tacam as imperfeições, são extremamente laváveis e
indicadas para portas, esquadrias e armários (essas
também aceitam lavagem com atrito – bucha suave).

177 177
 DESIGN

Produtos Animais
Materiais que advêm dos animais, tais como ossos, brancura, durabilidade e fineza, e por estes motivos,
conchas, marfim, couros e peles, são e foram muito é muito aplicado para funções decorativas. Os pri-
consumidos pela sociedade humana. No Design de meiros a utilizarem efetivamente o marfim em seus
Interiores, de acordo com Farrelly e Brown (2014), ambientes internos, nos templos, foram os romanos,
é comum encontrar o uso dos couros em estofados com suas placas contendo os nomes dos seus ma-
diversos, mas também como revestimentos de produ- gistrados. Na Idade Média, no século XV, houve um
tos, paredes e até pisos, bem como o uso da madrepé- aumento no preço de mercado dos marfins devido à
rola em revestimento de parede, de pastilhas e outros. dificuldade de extração causada por guerras da épo-
Alguns produtos animais são utilizados de ca. Foi então que começou, de acordo com França,
acordo com a concepção de sustentabilidade, isto Barboza e Quites (2010), o uso de marfim de ossos
é, como afirma a Comissão Mundial sobre o Meio bovinos, material mais barato e de fácil acesso, en-
Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas, tretanto, apresentava acabamento e texturas grossei-
simplificadamente, “suprir as necessidades atuais ros e, assim, era considerado inferior.
sem comprometer a capacidade das futuras gerações No final do século XVIII e durante todo o sécu-
de suprirem suas necessidades” (MOXON, 2012, lo XIX, esses materiais foram muito empregados na
p. 14). Como exemplo, a pesquisa de Guimarães, decoração de mobiliários e armamentos:
Araújo e Santos (2015), que afirma ser possível uti-
lizar os resíduos do mercado da carne de gado e os [...] marcado pela exploração em larga escala do
marfim nas regiões da África e Ásia. Inúmeros
ossos como aditivos para a indústria de materiais
objetos eram produzidos com marfim: bolas de
cerâmicos, gerando diminuição de custos em rela- bilhar, teclas de piano, broches, caixas, brincos,
ção à matéria-prima e melhoria das características coronhas de armas, entre outros. A caçada aos
funcionais e estéticas. elefantes para a retirada de seus caninos foi tão
Farrelly e Brown (2014), no entanto, esclarecem grande que quase levou à extinção esses ani-
mais. Os principais exploradores foram os co-
que muitos desses materiais estão compreendidos
merciantes ingleses e os países mais explorados
como ilegais por serem extraídos de animais com foram a Índia e a Etiópia. Os comerciantes dis-
possibilidade de extinção, como o caso do marfim. E tinguiam duas categorias básicas de marfim: O
acrescentam às suas afirmativas que existem outras op- macio ou morto, que é branco, opaco e pouco
quebradiço; também chamado de marfim fós-
ções, ou seja, alternativas artificiais a esses produtos.
sil por ser obtido de animais mortos há muito
O marfim é um material extraído dos dentes ex- tempo e o duro ou vivo, ligeiramente trans-
ternos do elefante. França, Barboza e Quites (2010) lúcido, com uma cor amarelo-esverdeada ou
afirmam que esse material é utilizado pelos seres avermelhada e mais pesado que o macio. Este
era obtido com a morte de um elefante única e
humanos desde a Pré-História, e a sociedade grega
exclusivamente para este fim (FRANÇA; BAR-
foi a primeira a registrar suas técnicas de uso. O ma- BOZA; QUITES, 2010, p. 2642).
terial possui como qualidades as características de

178 178
 DESIGN

É comum as peças ou qualquer produto cujo marfim SAIBA MAIS


é matéria-prima apresentarem, após algum tempo,
amarelamento. Para tanto, França, Barboza e Quites Sérgio Rodrigues, arquiteto também consi-
(2010) não indicam o uso de nenhum tipo de subs- derado designer de produto e designer de
tância que diz clarear novamente a peça, visto que interiores, foi um dos maiores nomes do de-
senho de mobiliário brasileiro. Na realidade, o
o material é muito delicado e será apenas degrada- profissional é considerado como um dos pais
do, piorando a sua estética e apresentando, pouco dos mobiliários que possuíam uma linguagem
tempo depois, o retorno da coloração amarelada. nacional. Ao adotar esta brasilidade em seus
produtos, Sérgio Rodrigues “buscou inspi-
Atualmente, é possível encontrar algumas pastilhas ração também na valorização dos materiais
feitas com marfim e, por apresentarem beleza reco- brasileiros, sobretudo a madeira e o couro”.
nhecida, existem diversos materiais que recorrem à Fonte: adaptado de Zappa (2015, p. 43).).
imitação de sua aparência.
Em relação à indústria de peles e couros, houve
grande crescimento entre os anos de 1970 a 2000. A
produção se deu significativamente nos países em de-
senvolvimento, citando-se, na América Latina, Brasil
e México. A área de aplicação deste material que mais
cresce é a de calçados e, em seguida, a automobilística.
Sobre a matéria-prima: a qualidade das peles está
relacionada com o tipo de animal e de extração do ma-
terial, a procedência regional do animal, o seu sexo,
a sua idade e as condições de preservação da pele do
animal durante a vida (peles de novilhos são conside-
radas melhores que de vacas, por terem menores da-
nos durante a sua breve vida). Contudo, de acordo com
Gutterres (2005), podem aparecer defeitos também
durante a sua extração, o seu transporte, manuseio,
preparação, conservação e armazenamento.
É importante ressaltar, caro(a) aluno(a), que a
indústria de peles e couros não se volta apenas para
a bovina. A caprina, a ovina, a pele de peixes e mui-
tas outras são consideradas pelo mercado, tanto de
moda (vestimenta e calçado) quanto de decoração e
revestimento diversos.

179 179
 DESIGN

Outros Materiais
A evolução da ciência e da tecnologia, aliada aos no- possuem muitos pontos negativos em seu uso, inclu-
vos conceitos de sustentabilidade e responsabilidade sive no que tange à saúde humana e à preservação do
ambiental, forma um campo muito fértil para o de- meio ambiente, isto é:
senvolvimento de novos materiais, sejam eles mate-
riais que usam como matéria-prima os reciclados ou [...] pode ser difícil manter-se em dia com a
rapidez dessas inovações, mas o designer deve
aqueles que usam a matéria-prima orgânica.
ao menos tentar [...] é importante pesar a ade-
Alguns materiais não são novos e, ainda assim, quação desses materiais em relação ao custo e
fazem grande diferença para o meio ambiente, en- ao risco envolvidos em usar tecnologias cujos
tretanto, são quase desconhecidos pelos profissio- efeitos em longo prazo ainda não foram com-
nais brasileiros por diversos motivos. O que se deve provados (MORRIS, 2010, p. 116).

sempre considerar, para ser um(a) profissional an-


tenado(a) com as exigências dos seus clientes/usu- Caro(a) aluno(a), vejamos apenas alguns materiais,
ários, é sempre pesquisar e procurar materiais dife- entre eles, inovações em reciclados e materiais natu-
rentes e alternativos aos que estão no mercado e que rais já conhecidos pelo mercado, ambos relaciona-
dos com a responsabilidade ambiental.

180 180
DESIGN

PLACA DE ECORESINA

Aluno(a), vimos, nas unidades anteriores, os acríli- impressões e acabamentos, a fim de proporcionar
cos e suas resinas, que são utilizadas como produtos um grande número de opções de produto. A seguir,
para diversos fins, como divisores de ambientes, pla- informações gerais, de acordo com o autor:
cas decorativas e em mobiliários variados. Como o Constituição: Polyethyene tereftalato glicol mo-
acrílico, existem as ecoresinas, materiais que podem dificado (PETG), materiais orgânicos, têxtil.
ser aplicados com as mesmas funções, mas que pro- Certificações: Greenguard - Certificado de quali-
vêm da reciclagem de outros produtos. dade do ar interior.
Brownell (2010) apresenta a ecoresina (exemplo: Limitações: uso de temperatura máxima de
linha Varia, da 3Form) como um material composto 65,50 ºC, precisam de tratamento UV e vedação de
de PETG (material que, por sua vez, é desenvolvido ponta para uso exterior.
a partir da reciclagem da PET). O sistema permite Aplicações: vertical ou horizontal, superfícies, tetos/
a seleção personalizada de cores, padrões, texturas, forros, mobiliário, iluminação, sinalização e acústica.

Figura 4 - Placas de ecoresina Figura 5 - Produção da placa de ecoresina e seu uso em ambientação
Fonte: Camarina Studio (2013, on-line)3. Fonte: Camarina Studio (2013, on-line)3.

181


Figura 6 - Ambientação com uso de divisória de Ecoresina


Fonte: Camarina Studio (2013, on-line)3.

Figura 7 - Placa de material sustentável


Fonte: Decor Window ([2019], on-line)4.

Figura 8 - Piso de linóleo acústico


Fonte: Forbo ([2019], on-line)5.

182
DESIGN

REVESTIMENTO DE RESINA NATURAL seda, 25% de fios de garrafa PET descartadas e 25%
de fios de algodão, matéria-prima do jeans. O projeto
De acordo com Bastos (2016), esse material, conhe- participou de um edital de inovação nacional ofere-
cido e patenteado em 1863 por Frederick Walton, é cido pelo Senai e, no ano de 2012, recebeu o prêmio
composto apenas por matérias-primas naturais, sen- Idea, a maior premiação de Design do Brasil. Na apli-
do elas: óleo de linhaça; resina de pinho; farinha de cação em interiores, o material se transformou em
madeira (resíduos da indústria de madeira); farinha uma cortina para a Casa Cor Paraná de 2012.
de cortiça; carbonato de cálcio encontrado na natu-
reza em diversas formas, inclusive, em casca de ovos
e pigmentos naturais, e juta.
Além de ser um produto com pouco impacto am-
biental, possui vida útil de mais de 30 anos e em seu
descarte, o material pode ser transformado em com-
bustível. Bastos (2016) complementa que existem ti-
pos diferentes de linóleo para cada aplicação.

SAIBA MAIS
Figura 9 - Fios de seda e PET reciclado
Fonte: O Casulo Feliz ([2019], on-line)6.
O linóleo se encontra presente em vários
edifícios históricos por todo o mundo, tais Caro(a) aluno(a), para saber mais sobre este projeto,
como: o Kremlin, em Moscovo; Casa Branca, veja o Material Complementar.
em Washington DC; o parlamento alemão; o
palácio de Buckingham, na Inglaterra; a casa
de Anne Frank, em Amesterdã; a Universidade
de Sorbonne, em Paris, e ainda, no Instituto
Madame Curie, em Paris.

Fonte: Bastos (2016, p. 7-8)..

JEANS DE SEDA E PET

Seu uso pode ser aplicável tanto na moda quanto no


Design de Interiores. De acordo com Refosco (2012),
a tecelagem artesanal O Casulo Feliz procura traba-
lhar com casulos que não passam nos maquinários
das grandes indústrias, e que seriam, assim, material
descartado. De acordo com as informações comer- Figura 10 - Jeans de seda e PET para ambientação
ciais, o jeans de seda constitui-se de 50% de fios de Fonte: O Casulo Feliz ([2019], on-line)6.

183


Sustentabilidade
Tintas, vernizes, lascas, bem como algumas resinas, são Isso, porém, não é tudo. As tintas, como são
constituídos de materiais que geram impactos ambien- materiais de acabamento de superfícies, podem aca-
tais e emitem, durante sua fabricação e vida, muitas con- bar por contaminar o material da superfície que foi
centrações de compostos orgânicos voláteis – COVs – pintada, ou seja, transformar um material bom, do
contribuindo para maior toxicidade do ar. Ainda em sua ponto de vista da sustentabilidade e da saúde huma-
fabricação, são “responsáveis por altas quantidades de na, em um material composto por produtos noci-
resíduos nocivos [...] e utilizam petróleo não renovável” vos, como algumas tintas e vernizes. Em relação a
(MOXON, 2012, p. 104). Mas quais são os problemas esta afirmação, Moxon (2012) aponta, ainda, que os
que esses COVs causam? Dores de cabeça, irritação nos designers devem se afastar daquilo que denomina
olhos e no sistema respiratório, além de fadiga e, acredi- “verde de mentira”, sendo rigorosos em suas avalia-
ta-se também que são materiais cancerígenos. Portan- ções acerca dos materiais, considerando os materiais
to, de acordo com Moxon (2012), os pesquisadores da isoladamente mas, também, os seus acabamentos e
área da sustentabilidade e os designers de interiores que o que eles podem promover. Para tanto, o indicado,
atuam neste campo indicam evitar as tintas sintéticas e talvez, seja valorizar os materiais que possuem aca-
substituí-las pelas tintas naturais, prezando por ambien- bamento próprio e que não precisem, principalmen-
tes com maior qualidade do ar. te no que tange à estética, destas adições. Moxon

184
DESIGN

(2012) apresenta como exemplo os compensados, sua extração, como marfim, peles e couros; em algu-
ou ainda, os tijolos aparentes. mas situações, há sofrimento, a grande maioria dos
É possível utilizar tintas naturais, pois possuem animais são mortos e, com isso, houve até casos de
menor índice de toxicidade, além de contribuírem extinção. Portanto, de acordo com Farrelly e Brown
para um ambiente com uma qualidade maior do (2014), a recomendação é trabalhar com materiais
ar. Rodrigues (2011) aponta que, ao utilizar esses sintéticos, que também podem não ser completa-
materiais, os(as) profissionais também valorizam mente sustentáveis, mas que, neste sentido, evitam a
a cultura e as matérias-primas da região na qual matança e a extinção de algumas espécies.
se está desenvolvendo o projeto de reforma ou Moxon (2012) enfatiza que existem materiais no
construção. Não se pode esquecer que essas tin- caminho inverso. Podemos encontrar, por exemplo,
tas, utilizadas por nossos antepassados da Pré-His- a lã de carneiro e de alpaca, que são materiais autos-
tória, ficaram conservadas até os dias atuais, por sustentáveis e não necessitam da morte do animal,
estarem, provavelmente, protegidas em ambientes além de que essa lã, caso retirada do animal mor-
internos (as cavernas). to, possui menor qualidade. A retirada, no entanto,
Em relação aos produtos naturais animais, vimos deve ser consciente para não agredir o animal.
anteriormente que o problema, em alguns casos, é a

185


Figura 12 - Couro em curtimento no Marrocos

A autora Gutterres (2005) afirma que, no curtimen- (2005), além do consumo da água, também existem
to do couro, são utilizadas substâncias tóxicas aos os altos consumos energético e térmico, somados
seres humanos e ao meio ambiente: como pontos negativos para a questão do ecodesign.
Enfim, caro(a) aluno(a), finalizamos este último
No Memorando “Melhores Técnicas Disponí- tópico sobre sustentabilidade. Diante de todas as in-
veis para Curtimento de peles” da União Eu-
formações apresentadas, é possível compreender a
ropéia (Hauber e Schröer, 2002) são apresen-
tados os procedimentos corretos necessários complexidade dos processos que abrangem os ma-
para manejo e armazenamento de produtos teriais e como esses alteram e impactam não só o
químicos, de tal forma a não ocorrerem riscos, meio ambiente, mas a saúde humana. De fato, a res-
mesmo em caso de derramamentos e acidentes. ponsabilidade do(a) designer de interiores é gran-
O documento apresenta uma lista de substân-
de: compreender todas as questões que envolvem
cias prejudiciais ao meio ambiente, as quais são
usadas como agentes e auxiliares em processos os materiais para, então, dar a devida especificação
em curtumes, e que devem ser substituídas por satisfatória, não somente ao usuário/cliente do pro-
outras substâncias menos prejudiciais (GUT- jeto, mas também a todos os que estão envolvidos
TERRES, 2005, p. 6).
direta e indiretamente com suas as escolhas.

Felizmente, existem pesquisas de tecnologias limpas, REFLITA


ligadas ao princípio da sustentabilidade, que objeti-
vam encontrar melhores formas de processar as peles Qualquer projeto realmente bom é sustentá-
e os couros. Tentando diminuir e/ou retirar a maior vel, pois o enfrentamento das questões am-
quantidade de substâncias tóxicas, mas também bus- bientais é uma parte integral de uma solução
de projeto bem-sucedido.
cando a diminuição no uso de água durante o proce-
dimento, já que há um gasto muito alto e que está pre- (Siân Moxon)

sente na maioria das etapas. De acordo com Gutterres

186
considerações finais

C
aro(a) aluno(a), chegamos ao final desta unidade! Vimos a diversidade
de tintas, vernizes, lacas, esmaltes e resinas que possuímos à nossa dis-
posição, desde tintas originárias de materiais naturais às de materiais
artificiais.
Estudamos as suas características e o seu desenvolvimento. Foi possível compre-
ender que o profissional especificador deste material se engana quando se preocupa
apenas com as qualidades estéticas das tintas e materiais afins, sendo que sua função,
além de decorativa, também tem a função técnica de proteção das superfícies.
Vimos, também, alguns produtos animais, seus usos e aplicações. Aqui é impor-
tante destacar as questões relacionadas às possibilidades de extinção de alguns destes
seres vivos devido à extração de suas peles, chifres ou até dentes. Ainda nos mate-
riais animais, que são, de fato, materiais orgânicos, devemos compreender que, em
seu processamento, recebem substâncias tóxicas. Tais materiais, portanto, levantam
muitas discussões entre os profissionais conscientes.
Além dos citados anteriormente, vimos outros materiais: as ecoresinas, materiais
com misturas de garrafas pet e resinas naturais que somam materiais naturais (en-
capsulados), produtos que apresentam muita beleza e são voltados às necessidades
atuais de uma sociedade preocupada com o futuro. Preocupados com o desmata-
mento, a extinção e a deterioração do meio ambiente que nos oferece a vida, discu-
timos, portanto, as questões de sustentabilidade destes materiais e, por fim, verifica-
mos as suas aplicações em Design de Interiores.
Lembre-se, o(a) designer de interiores deve projetar consciente de suas escolhas e
apresentar soluções que se adequem não somente ao seu cliente/usuário, mas a toda
sociedade humana e ao meio ambiente. Este é o objetivo de seu trabalho: oferecer
qualidade de vida no presente e no futuro.

187
atividades de estudo

1. Escolha um material estudado na unidade e Assinale a alternativa correta:


responda, com suas próprias palavras: “Por que a. Apenas I e II estão corretas.
o uso deste material é positivo a partir do con-
b. Apenas II e III estão corretas.
ceito de sustentabilidade?”. Argumente e apre-
sente o seu ponto de vista. c. Apenas II, III e IV estão corretas.
2. Em relação às tintas, aos esmaltes, lacas e verni- d. Nenhuma das alternativas está correta.
zes, assinale a afirmativa correta:
e. Todas as alternativas estão corretas.
a. Os vernizes são materiais compostos somente
com água e pigmento e, portanto, são dissolvi- 4. De acordo com as questões de sustentabilidade
dos também em água. apresentadas na unidade, analise as afirmativas
a seguir e assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
b. A diferença entre esmalte e laca é que a laca
( ) O único problema do uso do couro é a extin-
constitui-se de verniz, com adição de pigmento.
ção dos animais, neste caso, os bovinos.
c. A laca recebe, em sua constituição, diversos
( ) O problema do uso de produtos que advêm
materiais, como resinas, plastificantes, coran-
dos animais é que a retirada dos materiais im-
tes e cargas. São as cargas que melhoram a
plica na morte desses animais.
viscosidade do material
( ) O problema do uso de algumas peles e de al-
d. As tintas possuem, como função, apenas em-
guns couros é que algumas substâncias utili-
belezar as superfícies, são os esmaltes que
zadas em seus processos podem ser tóxicas.
oferecem proteção.
e. Nenhuma das afirmativas anteriores está correta. Assinale a alternativa correta:
a) V, F, F.
3. De acordo com os estudos sobre as tintas, leia
as afirmativas a seguir: b) V, V, F.
I. As tintas são materiais constituídos de dois ele- c) V, F, V.
mentos, o que se chama veículo e o pigmento.
d) V, V, V.
II. As tintas podem ser naturais ou artificiais. Al-
e) F, F, V.
gumas delas, em sua composição, apresentam
outros elementos além das resinas e corantes. 5. Escolha um dos materiais da unidade e desen-
volva um croqui conceitual e um croqui técnico,
III. As resinas fazem parte das tintas, mas são ma-
explicando seu conceito para o projeto de uma
teriais que também podem ser utilizados para
ambientação comercial (uma loja de joias, por
outros fins, misturados a outras resinas.
exemplo). É importante que o design criado des-
IV. As tintas também podem ser tóxicas, principal- taque as principais características do material.
mente as que contêm chumbo, além de outros
minerais.

188
LEITURA
COMPLEMENTAR

Pintura em drywall: o que é preciso saber

Drywall - breve descrição

Os sistemas construtivos de paredes, forros e revestimentos em chapas de gesso para


drywall são utilizados sempre na parte interna das construções e são constituídos basi-
camente de chapas de gesso fixadas sobre estruturas de aço galvanizado com parafusos
próprios para drywall.
As chapas de gesso para drywall são constituídas de um miolo de gesso revestido nos dois
lados por cartão duplex próprio para drywall. Portanto, a superfície dos elementos cons-
trutivos – paredes, forros e revestimentos – que receberão o esquema de pintura não é
constituída de gesso, e sim de cartão.
Nesses sistemas, as juntas entre as chapas recebem um tratamento com massa e fita pró-
prias para drywall, tornando a superfície plana, lisa e monolítica. As cabeças dos parafusos
que fixam as chapas nos perfis são recobertas com a mesma massa. Após a secagem da
massa, a superfície está pronta para receber o esquema de pintura.
Verificação da superfície a ser pintada
Inicialmente, deve ser feita uma avaliação da superfície, verificando a presença de falhas
no tratamento das juntas e saliências ou rebaixamento nos pontos das cabeças dos parafu-
sos, seguindo as recomendações das normas ABNT NBR 15.758-1:2009, ABNT NBR 15.758-
2:2009 e ABNT NBR 15.758-3:2009 - Seção recebimento dos serviços. Caso seja observada
alguma dessas falhas, deve-se corrigi-las antes de qualquer intervenção.

Preparação da superfície a ser pintada

A correta preparação da superfície é de fundamental importância para se obter uma pintura


durável e de qualidade. A superfície dos sistemas de drywall é nivelada e lisa, porém apre-
senta diferenciação de cor, textura e absorção entre as superfícies do cartão e da massa
nas regiões das juntas entre as chapas e das cabeças dos parafusos. Uma forma prática de
verificação da secagem total da massa é pressionar a superfície desta com a ponta da unha.
Se isso provocar um vinco ou uma ranhura, a massa não está totalmente seca. Imperfeições
rasas podem ser corrigidas com massa corrida látex para interiores. Após a secagem, as áre-
as tratadas nas juntas entre as chapas e nas cabeças dos parafusos devem ser lixadas para
eliminação de eventuais rebarbas de massa e pequenas irregularidades, zerando-as em re-

189
LEITURA
COMPLEMENTAR

lação à superfície do cartão. Recomenda-se utilizar lixa grana 150 ou 180 aplicada com uma
base (um taco de piso, por exemplo), de forma a manter plana a superfície tratada.
A superfície geral do cartão não deve ser lixada. Para acabamentos mais sofisticados, pode
ser aplicada mais de uma demão de fundo ou massa sobre toda a superfície do sistema. Após
a secagem total de cada demão, de acordo com a recomendação do fabricante, toda a super-
fície deve ser lixada com lixa grana 220/280, também aplicada com uma base, para manter
a lixa plana. Ao final de cada procedimento, é necessário eliminar o pó de toda a superfície.

Preparação das tintas e complementos

As tintas e seus complementos devem ser submetidos aos seguintes passos fundamentais
para facilitar sua aplicação e garantir que o resultado final seja o esperado: Homogenei-
zação - Agitar todos os produtos antes de serem utilizados. Esta homogeneização precisa
ser feita de forma a garantir que todo o conteúdo da embalagem esteja perfeitamente
uniforme. Diluição - Observar as especificações dos produtos nas embalagens e seguir as
informações indicadas para diluição.

Qualidade de Acabamento

São definidos três níveis de qualidade para pintura (mínimo, intermediário e superior) e um
nível para textura, todos explicados com detalhes a seguir.

Nível M - Mínimo

Caracterização: a pintura, quando submetida à incidência de luz normal, natural ou artifi-


cial, deve apresentar bom acabamento, porém são aceitáveis pequenas imperfeições loca-
lizadas. Exemplos de utilização: ambientes residenciais populares, comerciais, depósitos e
locais onde se deseje um bom acabamento com baixo custo.
• Aplicar tinta econômica diluída a 50% como fundo e deixar secar, conforme recomenda-
ção do fabricante.
• Aplicar duas ou três demãos de tinta econômica diluída, conforme recomendação do fa-
bricante.
• A cada demão aplicada deixar secar, conforme recomendação do fabricante, antes da
aplicação da demão seguinte.

190
LEITURA
COMPLEMENTAR

Nível I - Intermediário

Caracterização: a pintura, quando submetida à incidência de luz normal, natural ou artifi-


cial, deve apresentar bom acabamento sem imperfeições. Quando submetida à incidência
de luz intensa e rasante, é aceitável que apresente eventuais pontos de imperfeição. Exem-
plos de utilização: Ambientes residenciais e comerciais de médio padrão.
• Aplicar fundo pigmentado diluído e deixar secar, conforme recomendação do fabricante.
• Aplicar duas ou três demãos de tinta Standard diluída, conforme recomendação do fabricante.
• A cada demão aplicada deixar secar, conforme recomendação do fabricante, antes da
aplicação da demão seguinte.

Nível S - Superior

Caracterização: a pintura, quando submetida à incidência de luz natural e/ou artificial, nor-
mal ou intensa rasante, deve apresentar excelente acabamento, não sendo aceita nenhuma
imperfeição. Exemplos de utilização: ambientes residenciais e comerciais de alto padrão.
• Aplicar fundo pigmentado diluído, conforme recomendação do fabricante.
• Aplicar uma ou duas demãos de massa niveladora para alvenaria (massa corrida) em toda
a superfície a ser pintada e deixar secar, conforme recomendação do fabricante.
• Lixar toda a superfície com lixa grana 220/280 aplicada numa base (como a mostrada na
foto acima), para manter a lixa plana. Eliminar o pó em toda a superfície.
• Aplicar duas ou três demãos de tinta Premium diluída e deixar cada demão secar, confor-
me recomendação do fabricante.
• Textura - Nível Único
• Aplicar fundo pigmentado diluído e deixar secar, conforme recomendação do fabricante.
• Aplicar uma ou duas demãos de textura. No caso de duas demãos, deixar secar, de acordo
com a recomendação do fabricante, antes de aplicar a segunda.

Fonte: Luca (2013, p. 5-13).

191
material complementar

Indicação para Ler

A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção e a razão


Eva Heller
Editora: Gustavo Gilli
Sinopse: este livro aborda a relação entre as cores e nossos sentimentos e de-
monstra que não se combinam por acaso, já que as associações entre ambas
não são apenas questões de gosto, mas sim, experiências universais que estão
profundamente enraizadas em nossa linguagem e em nosso pensamento. Orga-
nizada em 13 capítulos, correspondentes a 13 cores diferentes, a obra propor-
ciona grande quantidade e variedade de informações sobre as cores: de ditados
e saberes populares até sua utilização no design de produtos, os diversos testes
baseados em cores, o processo de cura por meio delas, a manipulação de pesso-
as, os nomes e sobrenomes relacionados às cores etc.
Comentário: o conhecimento em relação aos materiais é de extrema importância
ao designer de interiores. Entretanto, aliado a este conhecimento, é necessário
ao profissional compreender os efeitos dos elementos, que também são parte de
toda a experiência humana, relacionados aos seus sentidos. Neste caso, como as
tintas são os revestimentos mais práticos e, por isto, podem sofrer transforma-
ções em breves períodos, compreender as aplicação das cores torna-se essencial.

192
material complementar

Indicação para Acessar

A História das Coisas já foi visto por mais de 7 milhões de pessoas, em 200 países. O projeto é resultado de mais
de 10 anos de pesquisa sobre sistemas de produção de bens de consumo feita pela ativista ambiental Annie
Leonard. Ela viajou por cerca de 40 países para entender a nossa lógica de consumo, que vai desde a extração
de matérias-primas até o descarte. Annie se disse motivada a entender “um sistema baseado na destruição dos
recursos naturais e na geração de lixo” e, no vídeo, passa as informações de forma bastante didática.
Web: https://www.youtube.com/watch?v=3c88_Z0FF4k.

Indicação para Acessar

A Revista Abrafati é uma publicação trimestral, que se propõe a ser uma voz em defesa da cadeia de tintas,
mostrando a sua importância e divulgando suas realizações, propostas, políticas e estratégias. Circula sob
o formato revista desde 2003, mas tem sua origem no boletim Abrafati Informa, iniciado em 1988. A Revista
on line da Abrafati, Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas, é um ótimo endereço para o designer de
interiores se manter informado das novidades sobre o mercado das tintas no Brasil.
Web: http://www.abrafati.com.br/category/publicacoes/revista-abrafati/.

Indicação para Acessar

Profissionais da Paradox arquitetura e design também desenvolveram uma ambientação que exprime o co-
nhecimento do uso das tintas e das cores.
Web: http://www.dezeen.com/2011/05/26/opus-shop-by-paradox-studio/.

Profissionais da Jump Studios desenvolveram uma ambientação para a grande empresa de internet Google.
Web: http://www.dezeen.com/2012/05/01/google-campus-by-jump-studios/.

Jeans de Seda com PET é um material desenvolvido para uso em moda, mas também pode ser aplicado na
ambientação. Veja mais sobre este material na Casa Cor Paraná de 2012.
Web: http://textileindustry.ning.com/m/discussion?id=2370240%3ATopic%3A373712.

193
referências

ABNT. NBR 14050: Sistemas de revestimentos de alto desempenho, a base de resinas epoxidicas e agregados
minerais - projeto, execução e avaliação do desempenho - procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1998.
AMBROZEWICZ. P. H. L. Materiais de construção: normas, especificações, aplicação e ensaios de laborató-
rio. São Paulo: Pini, 2012.
AZEREDO, H. A. O edifício e seu acabamento. São Paulo: Blucher, 2000.
BASTOS, R. F. Linóleo como revestimento de piso: processos construtivos, execução e patologia. 2016. 143 f.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Área Departamental de Engenharia Civil, Instituto Superior
de Engenharia de Lisboa, Lisboa, 2016.
BAUER, L. A. F. Materiais de construção: novos materiais para construção civil. São Paulo: GEN, 1994.
BINGGELI, C.; CHING, F. D. K. Arquitetura de interiores ilustrada. Tradução de Alexandre Salvaterra. 3. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2013.
BROWNELL, B. Transmaterial 3: a catalog of materials that redefine our physical environment. New York:
Princeton Architectural Press, 2010.
CALLADO, A. O retrato de Portinari. 3. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
FARRELLY, L.; BROWN, R. Materiais para o design de interiores. Tradução de Alexandre Salvaterra. Barce-
lona: Gustavo Gilli, 2014.
FRANÇA, C. L. de; BARBOZA, K. de M.; QUITES, M. R. E. Estudo da tecnologia construtiva das esculturas
em marfim. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES EM ARTES PLÁSTI-
CAS “ENTRE TERRITÓRIOS”, 19., 2010, Cachoeira. Anais [...]. Cachoeira: Universidade Federal do Recôn-
cavo, 2010. p. 2639-2653.
GUIMARÃES, K. de L. M.; ARAÚJO, R. de P. D.; SANTOS, D. M. Caracterização Tecnológica de Cerâmica
Branca com Adição de Ossos Bovinos. Design & Tecnologia, Porto Alegre, v. 5, n. 9, p. 42-49, 2015.
GUTTERRES, M. Tendências emergentes na indústria do couro. Departamento de Engenharia Química,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 2005.
LUCA, C. R. de. Pintura em drywall: o que é preciso saber. 2. ed. São Paulo: Associação Brasileira do Dryall,
2013.
MELLO, V. M.; SUAREZ, P. A. Z. As formulações de tintas expressivas através da história. Revista Virtual de
Química, Niterói, v. 4, n. 1, p. 2-12, mar. 2012.
MORRIS, R. Fundamentos de design de produto. Tradução de Mariana Bandarra. Porto Alegre: Bookman,
2010.
MOXON, S. Sustentabilidade no design de interiores. Tradução de Denise de Alcântara Pereira. Espanha:
Gustavo Gili, 2012.

194
referências

REFOSCO, E. Estudo do ciclo de vida dos produtos têxteis: um contributo para a sustentabilidade na moda.
2012. 136 f. Tese (Doutorado em Design de Marketing) – Escola de Engenharia, Universidade do Minho,
Braga, Portugal, 2012.
RODRIGUES, V. M. S. Utilização de tintas naturais em sala de aula a partir de pigmentos e aglutinantes re-
gionais. 2011. 37 f. Monografia (Curso de Artes Visuais) - Departamento de Artes Visuais, Universidade de
Brasília, Brasília, 2011.
ZAPPA, R. O Brasil na ponta do lápis. Programa de Fomento à Cultura da Prefeitura do Rio de Janeiro. Rio
de Janeiro: Instituto Sérgio Rodrigues, 2015.

REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: http://www.sabercultural.com/template/ArteBrasilEspeciais/Portinari-Candido-Guerra-e-Paz-1.html.
Acesso em: 3 jun. 2019.
2
Em: https://biowit.files.wordpress.com/2010/11/cartilha-cores-da-terra-150dpi-modificada.pdf. Acesso em:
3 jun. 2019.
3
Em: http://camarinastudio.blogspot.com/2013/11/conhece-os-paineis-3form.html. Acesso em: 4 jul. 2019.
4
Em: http://www.decorwindow.com.br/news/placas-3form. Acesso em: 4 jul. 2019.
5
Em: https://www.forbo.com/flooring/pt-br/produtos/linoleo/linoleo-acustico/bq4wps. Acesso em: 4 jul.
2019.
6
Em: http://www.ocasulofeliz.com.br/siteModa/jeansdeseda. Acesso em: 4 jul. 2019.

195
gabarito

1. O(a) aluno(a) deverá conseguir apontar os pontos positivos e negati-


vos do material que escolheu e concluir, sob o seu próprio ponto de vis-
ta, por que o material é positivo dentro dos conceitos da sustentabilidade.
Foi escolhido o material courino por apresentar duas características benéficas
ao projeto, por exemplo, o couro sintético possui durabilidade para diversos
usos. E não é um produto advindo da morte de um animal. Este último argu-
mento já valida a escolha do produto.
2. C.
3. E (I; II; III; IV).
4. E (F; F; V).
5. Foi escolhido o material por apresentar três características benéficas ao proje-
to, por exemplo, uma Tinta Látex Fosco, a Clássica Maxx Premium Palha Suvi-
nil, com fórmula base água e acabamento fosco de alto desempenho. Indicada
para uso externos e internos, apresenta alta resistência e rendimento, além
de possuir ultracobertura, possibilitando que a pintura seja concluída em me-
nos tempo. A sua fórmula proporciona menos respingos e mais praticidade.
Por estes motivos, compreendo ser indicada para o uso em uma loja comer-
cial de ambiente interno.
6. Em contraponto, não é lavável, entretanto, como pensamos em uma loja de
joias, onde normalmente paredes não são expostas a muita sujeira, esse não
seria um problema.

196
UNIDADE
VI
ESTUDOS DE CASO

Professora Esp. Carla Prado Vieira Verdan

• PEDRAS NATURAIS E ARTIFICIAIS


• VIDRO E CERÂMICA
• MADEIRAS E FIBRAS
• METAIS E POLÍMEROS
• RESINAS E OUTROS MATERIAIS
• REFERÊNCIAS
unidade

VI
INTRODUÇÃO

O
lá, futuro(a) designer de interiores. Preparamos, aqui,
para você um material complementar sobre o conteúdo
de materiais de revestimento e acabamento, com o obje-
tivo de prepará-lo(a) melhor para o mercado de trabalho.
Nesta unidade extra, você encontrará um apanhado de estudos
de caso sobre cada uma das unidades do livro, ou seja, exemplos de
aplicações e situações relacionadas aos materiais apresentados no
conteúdo da disciplina. Desejamos, assim, que você assimile, ainda
mais, as informações sobre pedras naturais e artificiais, vidros e ce-
râmicas, madeiras e fibras, metais e polímeros e, por fim, resinas e
outros materiais.
Dessa maneira, esse é um conteúdo adicional, que acrescentará
conhecimentos à sua aprendizagem.
Boa leitura e muito sucesso!
Pedras Naturais e Artificiais

192
DESIGN

Neste tópico da unidade, vamos refletir sobre alguns – o que importa observar que as pedras estão aplica-
usos de pedras naturais, em projetos de design de in- das em paredes de fundo, isto é, paredes que ficam
teriores, pensando na melhor forma de utilizar suas atrás de mobiliários e que não atuam, por exemplo,
características, sempre, aliadas às necessidades dos na circulação do ambiente. Nesse sentido, acredita-
destinatários desses ambientes. -se que a pedra tem poucas chances de causar algum
tipo de dano ao indivíduo ali presente, mesmo se es-
tivessem assentadas irregularmente.
Que tipo de dano uma parede de petit pavês
pode causar no usuário do espaço? Bom, o elemen-
to decorativo com assentamento irregular, ou seja,
que apresenta pontas que podem ser cortantes, está
aplicado em um espaço direto de circulação, uma
escadaria, se houver uma queda, ou mesmo a per-
da do equilíbrio pelo indivíduo que, ali, circula, esse
usuário poderá atingir com força o elemento e sofra
escoriações, cortes ou outro tipos de danos físicos.

Figura 1 – Pedras decorativas, as Petit Paves ou pedras portuguesas


como elemento de acabamento de parede interna residencial.
Fonte: Giacomelli (2011, on-line)1.

A beleza das pedras naturais inspira diversos designers


de interiores, o seu uso, como recurso estético para
causar impacto nos ambientes, é muito frequente. Mas,
de fato, esses materiais são adequados a todos projetos
de interiores? Pois bem: sabemos que cada projeto é
único e um dos fatores que alteram a decisão do uso
desses materiais é o perfil dos usuários que utilizarão
o espaço. Portanto, o profissional precisa compreender
como aquele ambiente será utilizado pela(s) pessoa(s)
que ali estarão.
Na Figura 1, podemos observar que as pedras fo- Figura 2 – Pedras decorativas, as Petit Paves ou pedras portuguesas (as-
sentamento irregular) como elemento de acabamento de parede interna.
ram utilizadas como material de acabamento de pa- Fonte: Acervo pessoal. Projeto: Carla Prado e Patricia Suzuki. Foto de
rede, com assentamento regularizado ou irregular. Vinicius Manià (Imagens autorizadas com devidos créditos).

193


Em ambientes, como mostras de decoração e/ou vi- são compreensíveis, e banheiros com bancadas e pi-
trinas, cenografias etc., é possível ousar com esses sos de granito são comuns. Entretanto, não é uma
materiais? Tudo dependerá do objetivo do projeto, regra, o importante é compreender o cuidado da es-
aliado às necessidades do ambiente que se desenvol- pecificação desses materiais.
ve – o importante é, sempre, atentar-se a essas ques- Atualmente, outras pedras começaram a ser
tões. destaque em banheiros e lavabos. Com o apelo
às questões sensoriais, os seixos (Figura 3) en-
SAIBA MAIS tram no radar dos profissionais de interiores e
com criatividade revelam ambientes lindos. O
A “Casa Cor” é um exemplo de mostra de de- fator estético atua novamente nessa “febre” dos
coração, design de interiores, arquitetura e seixos, mas devemos, como profissionais, pen-
paisagismo, que se iniciou em território na- sar em seu funcionamento no ambiente e nas
cional, mas, atualmente, oferece serviço a em
outros países da América Latina. necessidades do espaço para seu uso. Os seixos
Para o(a) profissional de design de interiores, também possuem superfície lisa, mesmo que
é importante que visite esses eventos, pois assentados com cimento e possam produzir
será o lugar para se inspirar e conhecer as
a sensação de reentrância, o material, ainda, é
possibilidades de uso dos materiais.
considerado liso para uso, por exemplo, no piso
Fonte: adaptado de Casa Cor (2016, on-line)2.
interno ao box do banheiro.

No que tange aos usos dos mármores, granitos e tra-


vertinos em ambientes molháveis e molhados, re-
forçamos, novamente, a importância da atenção e
reflexão. Inicialmente, deve-se pensar no perfil dos
usuários do espaço, considerando, sempre, que es-
ses ambientes são mais propícios para as quedas pela
existência da água em materiais lisos, pois a super-
fície fica escorregadia. Com materiais porosos, pode
existir a proliferação de fungos e bactérias e as pe-
quenas “poças” de água também causam escorregões.
Os mármores não são indicados para ambientes de
muita circulação de pessoas, como vimos anterior-
mente, é mais poroso e pode manchar se não limpos
constantemente; o travertino também é mais rochoso
e possui menor resistência, tanto à abrasão quanto ao
Figura 3 – Pedras decorativas, os seixos como elemento de acabamento
impacto. O granito é forte, porém duro e liso. Neste de parede interna em ambiente.
Fonte: 4 Style Interiores (2018, on-line)3.
sentido, lavabos revestidos de mármore e travertino

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DESIGN

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Vidro e Cerâmica

Olá, aluno(a)! Neste tópico da unidade, vamos lumbram usá-los em mobiliários, a normalidade
apresentar alguns casos de projetos desenvolvidos vem à tona e tampos de mesas e uma ou outra
por profissionais atuantes, com o objetivo de expe- mesa de centro são especificadas em projetos
rimentar de forma mais prática como o(a) designer 100% feitos em vidro. No entanto vários profis-
de interiores poderá aplicar esses materiais. sionais de design vão na contramão do uso bási-
co do vidro e inovam, conseguindo vislumbrar
O VIDRO E OS MOBILIÁRIOS possibilidades diferenciais em peças simples, tor-
nando-as únicas.
Muitos designers de interiores se limitam ao uso Para, exemplificar é possível olhar com en-
do vidro em interiores, pensam nos seus usos cantamento a mesa shimmer de Patricia Ur-
mais comuns e menos complicados. Quando vis- quiola e a sua explosão de cores.

196
DESIGN

Uma das mentes de design mais brilhantes da


atualidade pertence ao designer de produto Philippe
Starck, formado na escola Nissim de Camondo de
Paris, França. De acordo com o seu site oficial, o de-
signer vê sua profissão como uma forma de servir a
sociedade, buscando melhorar a sua vida e as condi-
ções do meio ambiente. Os seus trabalhos apresen-
tam um olhar diferenciado, mostram a relevância de
conhecer os materiais, suas propriedades diversas,
suas funcionalidades e também a importância de
exercitar a mente criativa.
Um exemplo de sua ousadia é a linha de mobiliá-
rios de vidro chamada de Boxinbox. Nessa, observa-se
que o designer se vale das cores e que suas linhas man-
têm-se retas e simples, caixas dentro de caixas, leves,
Figura 4 - Mesa Shimmer coloridas, contemporâneas e versáteis.
Fonte: Grupo Cinex (2014, on-line)4. Na continuidade dos profissionais que se desta-
caram com o uso do vidro, temos também os Irmãos
O VIDRO, A ÁGUA E O DESIGNER Campana e sua linha Aquário, os profissionais mis-
turam materiais e criam mobiliários divertidos.
Ainda, considerando a capacidade do(a) designer de
ser inovador(a), devemos pensar que a criatividade O REVESTIMENTO CERÂMICO E A ARTE
tem que ser exercitada pelo(a) profissional, indepen-
dentemente, de qual área do design ele(a) se encontre. Muitas vezes, o profissional de interiores precisa do
Os produtos ou ambientes desenvolvidos devem expor seu conhecimento sobre Artes, desse modo, interio-
ao máximo a riqueza da mente criativa do(a) profissio- res e artistas plásticos, músicos, dançarinos estão
nal. Este, por sua vez, para chegar ao seu objetivo, deve interligados e os ambientes só podem enriquecer a
compreender os materiais, as suas qualidades e carac- vida dos seus usuários. Muitas empresas se orgu-
terísticas a ponto de extrair deles a mais bela estética, o lham por apresentar, em seus produtos, referências
conceito e a funcionalidade. reais e leais aos diversos artistas do mundo.

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Figura 5 - Mobiliários em vidro pelo Designer Philippe Starck


Fonte: Habitus Brasil (2014, on-line)5.

REFLITA

“Une façon pour mériter d’exister est de servir.” Isto é: “Uma maneira de merecer existir é servir”.

(Philippe Starck)

Um exemplo de produto que se relaciona com as zação da arte vai na mesma direção da valorização
pessoas é a linha Bailarinas da empresa de revesti- das culturas regionais, específicas de cada sociedade.
mentos Portinari, que valoriza obras do artista bra- Nesse sentido, cabe ao designer de interiores valori-
sileiro Cândido Portinari , cujo sobrenome é o pró- zar seus ambientes com produtos que “dialoguem”,
prio nome da empresa de pisos e revestimentos. que “toquem” seus usuários, por aquilo que acredi-
Além disso, é relevante observar que a valori- tam ser parte de si mesmos.

198
DESIGN

Figura 6 - Bailarinas da Empresa Portinari


Fonte: Homedecore (2018, on-line)6.

199
Madeiras e Fibras
Aluno(a), agora, que sabemos informações sobre as madeiras e
as fibras, torna-se necessário a aproximação prática do conte-
údo com o design de ambientes. Para tanto, alguns estudos de
caso que demonstram a criatividade nos usos dos materiais serão
apresentados neste item.

200
DESIGN

CASA COR: CASA VIVA E A MADEIRA RE- MOBILIÁRIOS DE PAPELÃO NA MORAR


CICLADA MAIS POR MENOS.

A Casa Cor de 2018 se mantém no caminho das ten- Na mostra “Morar mais por Menos”, podemos encon-
dências contemporâneas, relacionadas à sustentabi- trar diversos ambientes que se utilizam de diversos
lidade, e apresenta como tema de seu evento “a Casa materiais cuja proximidade com a ideia da sustenta-
Viva”. É nessa diretriz que os diversos profissionais bilidade é relevante. Em 2017, na cidade de Belo Ho-
expositores projetaram os seus ambientes, a relevân- rizonte, podemos encontrar o papelão em destaque
cia de pensar as questões do reuso e da adequação no ambiente da marca Oca Criativa como mesa e pol-
dos espaços e materiais estão presentes no uso das trona. Em espaços de ambientes com finalidades es-
madeiras de demolição, na casa sustentável da Le- pecíficas e cuja a personalidade varia de acordo com
roy Merlin, e, no Lounge Sensações, do profissional as novas tendências do mercado de consumo e as pre-
Gustavo Paschoalim, o material de demolição foi o ocupações ambientais, saber adequar estes materiais é
bambu. uma forma de conquistar usuários diversos.

SAIBA MAIS

Veja mais sobre essa mostra e suas exposi-


ções, acessando o link a seguir:
https://www.revistacircuito.com/arquivos/36611

COLEÇÃO DE MOBILIÁRIOS UTILIZAN-


DO MATERIAL RECICLÁVEL RECOLHIDO
DO “LIXO”

Alvaro Guillhermo, designer, arquiteto, mestre em


artes, especialista e pesquisador em consumo do De-
sign, é, também, o idealizador e gestor do projeto
“Encontros Criativos da EcoFábrica criativa de San-
tos” que venceu o prêmio iF Social Impact Prize. O
projeto busca capacitar jovens por meio da ideia da
marcenaria ecológica, desenvolve diversos produtos
de materiais provenientes do serviço de limpeza, isto
é, reutiliza - materiais do lixo para desenvolver no- Figura 7 - Loja Oca Criativa, de Gabriela Brasil e Míriam Gatti
vos produtos. Fonte: Gustavo Xavier (2017, on-line)7.

201
SAIBA MAIS

Morar mais por menos é uma exposição que


apresenta soluções inovadoras, sustentáveis
e com uma preocupação social. Essas solu-
ções são apresentadas e desenvolvidas por
profissionais capacitados, designers de inte-
riores e profissionais da área.
Saiba mais em: http://www.morarmais.com.
br/morarmais/
Fonte: a autora.

Aluno(a), vimos como é possível trabalhar diferen-


tes e alternativos materiais para os projetos de inte-
riores, por isso devemos nos atentar para a grande
quantidade de produtos. Precisamos, como profis-
sionais, buscar as inovações e negar trabalhar, ape-
nas, com um grupo mais convencional de produtos.

202
DESIGN

203
Metais e Polímeros

Olá, aluno(a)! Vamos, agora, dar vida aos conhecimentos absorvidos nesta unidade, apre-
sentando dois destes produtos desenvolvidos e aplicados com conceito e identidade que
resume a capacidade de inovar diante de antigos e novos materiais.

KARIM RASHID

Considerado um dos grandes designers da atualidade, seus produtos e ambientes são orgâ-
nicos, apaixonantes e impactantes. Gosta muito do trabalho com os novos materiais, como
os polímeros e acrílicos, mas também se aventura com os materiais, como os metais. Para
tanto, convidado por uma empresa de produtoss de acabamento e objetos para construção
civil denominada Alloy, Rashid desenvolveu revestimentos parecidos com pastilhas de vi-
dro, mas de metal. São oito peças que possuem qualidade para longa duração, oferecidas
em diversos metais, como aço inoxidável, cobre, latão, titânio e aço cru.

204
DESIGN

Seguem as palavras de Karim Rashid acerca de Na hora de especificar os metais de acabamen-


sua criação: tos para os banheiros e cozinhas, acima de tudo, o
Eu sempre fui obcecado com padrões. A Alloy profissional deve ter em mente qualidade e utilida-
me deu uma grande oportunidade de trabalhar de. Existem muitas opções de produtos no mercado,
com a ideia do padrão, da grade e da repetição.
Os padrões oferecem riqueza e profundidade à mas elas têm suas aplicações hidráulicas – vale con-
nossa paisagem. Quanto mais diversidade de ferir se estão de acordo com a instalação hidráulica
linha, formas e composição, mais interessante
é uma única peça. As formas ondulantes, curvi-
da obra. Além disso, é necessário, sempre, reforçar
líneas dão para a superfície bidimensional uma ao usuário as formas de limpeza e manutenção das
sensação tridimensional. Estes elementos repe- peças, visto que podem ser frágeis dependendo do
tidos de forma previsível são projetados para
contradizer o azulejo quadrado. Esta coleção uso de produtos fortes.
para a Alloy é orgânica em sua forma, porque
eu acredito que o mundo precisa de uma de-
saceleração e de um espírito humano mais leve
(ALLOY, on-line, tradução nossa)8.

Figura 8 – Coleção para Alloy


Fonte: Contemporist (2010, on-line)9.

OS METAIS NA AMBIENTAÇÃO

O uso mais convencional dos metais em um espa-


ço é como acabamentos de móveis diversos e aca-
bamentos hidráulicos na cozinha e banheiro. As
empresas desta área desenvolvem, a cada dia mais,
produtos com senso estético apurado, as cores em
alta, nos lavabos e banheiros, são as pretas, douradas Figura 9 - Cozinha
e acobreadas. Fonte: Casinha Bonita ([2019], on-line)10.

205
Em relação aos metais inseridos nos móveis, as fer- A ideia de transformar garrafas PET usadas em ma-
ragens dos mobiliários, o que se tem é uma imensa teriais diversos para uso, em vez de levá-las ao descarte,
diversidade de formas, cores e aplicações. O profis- é comum e até popular, mas se torna especial quando o
sional deve se atentar para a qualidade, mas também projeto investe em pesquisas e experimentos. A seguir,
buscar o conhecimento do que o mercado tem para um exemplo brasileiro de como é possível.
lhe oferecer, já que esta área na atualidade está muito De acordo com os dados comerciais da empresa
bem amparada tecnologicamente. desenvolvedora, Rivesti, com 85% de PET reciclado,
Em uma grande empresa da área, é possível um metro quadrado (1m2) de pastilhas evita a emis-
sentir quantos produtos temos ao dispor de nossos são de 3 três quilogramas (3 kg) de gás carbônico na
clientes: sistemas de portas de elevação; sistemas de atmosfera, bem como a reciclagem de sessenta e seis
dobradiças; sistemas box; sistemas de corrediças; pets. O produto de revestimento possui certificação
sistemas de divisões internas. Na relação com o mo- LEED e Green Building Council.
vimento (abrir e fechar portas e gavetas sem puxa-
dores): blumotion (amortecimento do fechamento);
servo-drive (sistema elétrico de toque); tip-on (siste-
ma de abertura mecânico).

PASTILHAS DE GARRAFA PET

Muitos profissionais e empresários questionam os


preceitos da sustentabilidade por acreditarem mais
em suas dificuldades, tanto de aceitação pela so-
ciedade consumista que existe dentro do sistema
capitalista quanto em seus obstáculos de processos
diferenciados e incomuns. Entretanto alguns pro-
fissionais agarram a sustentabilidade como uma
oportunidade de negóciose e fazem diferença nessa
Figura 10 - pastilhas de garrafa PET
discussão. Fonte: Rifiniture ([2019], on-line)11.

206
DESIGN

207
Resinas e Outros Materiais

Caro(a) aluno(a), adentramos aos Estudos de Caso, etapa impor-


tante durante os estudos para a devida compreensão dos conteú-
dos teóricos e técnicos, pois somente com o entendimento da prá-
tica destas informações é possível analisar como estes materiais se
comportam e o que podem oferecer nas ambientações. Para tanto,
foram selecionados algumas aplicações importantes.

208
DESIGN

tamos uma mesa onde os dois longos pedaços de


TINTAS madeira são unidos por uma série de articulações
borboleta, lacadas em vários tons de turquesa.
O uso das tintas, por ser um material prático, pode As cadeiras em torno da mesa são vintage Paul
McCobb, lacadas, também na coloração azul-tur-
ser facilmente removível se comparado a azulejos. As quesa. A parede da estante é pintada em padrão
tintas estabelecem um clima de desafios aos designers geométrico com quatro tons de vermelho. A cor
de interiores que se deixam levar pela imaginação, brilhante é equilibrada por uma coleção de obje-
tos de madeira da terra, cerâmica e vidro (HEL-
baseada nos conceitos que cercam o uso das cores na GERSON, on-line, tradução nossa)12.
ambientação. A designer de interiores Jessica Helger-
son, de Portland/Oregon, desenvolveu um projeto É possível observar a destreza da designer de interio-
residencial e demonstra ótima desenvoltura nestes res em aplicar cores contrastantes e complementares
conhecimentos, anteriormente, descritos. Em seu site em diversas tonalidades, o que, provavelmente, mo-
oficial, a designer aponta: vimenta o olhar, evitando assim a irritação causada
pela tensão entre as próprias cores. O fato do uso ser
Nossos clientes foram um jovem casal com uma pontual, e o restante do ambiente estar equilibrado
propensão para a arte pop, cores brilhantes e de-
sign atual e fresco. Foi solicitado ousadia nas co- pelas colorações neutras como o branco e os tons
res e um projeto divertido, e nós nos divertimos amadeirados somam e evitam que o estímulo visual
fazendo exatamente isso. Na sala de jantar proje- torne a experiência na ambientação desconfortável.

Figura 11 - Projeto Residencial, designer de interiores Jessica Helgerson, de Portland/Oregon


Fonte: Helgerson ([2019], on-line)12.

209


detalhes lúdicos ou então detalhes que tinham


Profissionais da Paradox Arquitetura e De- uma relação longínqua com móveis de estilo e
sign também desenvolveram uma ambientação certa brincadeira que já era a minha paixão pe-
que exprime o conhecimento do uso das tintas los vikings. Daí aquele chifre daquele jeito – um
e das cores para destacar as sensações deseja- encosto de cabeça com aquele formato acentua-
do. Fiz essa minha cadeira que o pessoal achou
das em um espaço. De acordo com o site Dez- muito estranho. Eu estava achando muito go-
zen Magazine (2011, on-line)13, os profissionais zado. Mas, na época, os puros acharam aquela
afirmam que as “formas amarelas pintadas nas coisa um pouco estranha. Uma falta de gosto.
paredes laterais são destinadas a criar uma ilu- Eu não tenho nada que ver com isso, né?! Se
eles gostassem ou não, não era problema meu”
são de profundidade”.
(ZAPPA, 2015, p. 43).
Caro(a) aluno(a), para visualizar as imagens
do ambiente e saber mais sobre este projeto, vá O interessante em observar a cadeira chifruda de
aos Materiais Complementares e encontrará o Sérgio Rodrigues é que, culturalmente, remonta ao
link para leitura. passado histórico do país, ao se tratar de estruturas
de madeira, à atividade pecuária e ao mercado de
PRODUTOS ANIMAIS - COURO E SÉRGIO agronegócios, os quais, sempre, participaram do
RODRIGUES desenvolvimento econômico nacional. É possível
visualizar, então, elementos fortes de nossa história,
A cadeira Chifruda nasceu da vontade de de-
monstrar a qualidade da costura dos elementos economia e cultura diretamente, ao olhar este mobi-
de couro. “Imaginei que a cadeira teria certos liário conceito.

Figura 12 - Poltrona Chifruda - Criada pelo Mestre Sérgio Rodrigues, em 1962, é considerada uma das obras primas do
design brasileiro
Fonte: Anual Design (2011, on-line)14.

210
conclusão geral

Caro(a) aluno(a) do curso de Design de Interiores, chegamos ao final deste livro, entretan-
to, não será aqui o final das suas pesquisas e estudos acerca dos materiais. Tendo em vista
que a evolução tecnológica avança cada dia mais e que, com ela, surgem diversos materiais,
será necessária uma postura profissional de busca contínua sobre os novos materiais e os
novos procedimentos.
Você adquiriu conhecimento sobre alguns dos materiais mais populares e conhecidos da
sociedade, materiais que possuem uma intimidade com a história humana, que fizeram parte
de seu desenvolvimento intelectual e até nomearam momentos históricos da sociedade.
A relação dos indivíduos e sociedade com os materiais possui causas de ordem física e
sensorial, mas também, de ordem social e cultural, e todas estas propriedades devem ser
levadas em consideração pelo(a) profissional de design de interiores durante a aplicação no
conceito do projeto da ambientação.
A partir dos estudos sobre as pedras naturais, as pedras artificiais, os vidros e as cerâmicas,
as madeiras e as fibras, os polímeros e metais e, por fim, as tintas e os produtos animais, você
poderá refletir conscientemente sobre as melhores alternativas possíveis no uso dos materiais.
Lembre-se, também, de considerar todo o impacto ambiental que cada material pode ofe-
recer. Seja consciente e um(a) incentivador(a), em busca da melhoria das condições am-
bientais e animais. Os conceitos de sustentabilidade são a base e o apoio que a sociedade
precisa para construir um futuro melhor.
Desejamos a você, aluno(a), que se torne um(a) profissional cheio(a) de projetos, com re-
sultados satisfatórios e eficientes aos seus objetivos. Que a sua carreira seja de muito suces-
so e que este livro seja um guia para a descoberta de mais e mais conteúdos relacionados
aos materiais, seus usos, aplicações e impactos.
Parabéns por mais esta conquista!
referências

1
Em: http://blog.giacomelli.com.br/2011/01/20/de-cara-nova-as-paredes/. Acesso em: 5 jun. 2019.
2
Em: https://casacor.abril.com.br/historia/. Acesso em: 5 jun. 2019.
3
Em: https://4styleinteriores.wordpress.com/2018/08/29/seixos-design-e-sofisticacao-na-medi-
da-exata/. Acesso em: 18 fev. 2019.
4
Em: http://www.grupocinex.com.br/blog/mesa-shimmer/. Acesso em: 5 jun. 2019.
5
Em: https://habitusbrasil.com/wp-content/uploads/2016/04/Vidro-Philippe-Starck-Boxinbox.jpg.
Acesso em: 6 jun. 2019.
6
Em: http://www.homedecore.com.br/ceramica-portinari-apresenta-porcelanato-inspira-
do-nas-obras-de-candido-portinari/. Acesso em: 6 jun. 2019.
7
Em: http://gustavoxavier.com.br/morar_mais_por_menos_bh_2017/. Acesso em: 6 jun. 2019.
8
Em: https://alloydesign.com.au/shop/category/5079. Acesso em: 6 jun. 2019.
9
Em: http://www.contemporist.com/metal-tiles-by-karim-rashid-for-alloy-2/. Acesso em: 6 jun. 2019.
10
Em: https://blog.sincenet.com.br/wp-content/uploads/2018/02/IMG_1695-1.jpg. Acesso em: 6 jun.
2019.
11 Em: https://hggirlonfire.com/pastilhas-de-garrafa-pet.html. Acesso em: 6 jun. 2019.
12 Em: http://www.jhinteriordesign.com/brooklyn-brownstone. Acesso em: 6 jun. 2019.
13 Em: https://www.dezeen.com/2011/05/26/opus-shop-by-paradox-studio/. Acesso em: 6 jun.
2019.
14 Em: https://www.anualdesign.com.br/blog/1003/poltrona-chifruda/?param=blog/1003/poltro-
na-chifruda/. Acesso em: 6 jun. 2019.

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