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INTRODUÇÃO
Os arquétipos são o primeiro protótipo ou imagem de alguma coisa, são
ideias-modelos ou padrões passíveis de serem reproduzidos em simulacros. São
representações coletivas dos conteúdos psíquicos que ainda não foram submeti-
dos a qualquer elaboração consciente (Figura 1). Por serem conteúdos incons-
cientes, os arquétipos são percebidos via projeções personificadas na estrutura
narrativa de uma história mitológica. Os arquétipos não existem por si só e con-
sistem de conjuntos de ideias comuns partilhadas entre todas as pessoas existen-
tes no inconsciente, e comprovações residuais da sua existência são encontradas
nas imagens e símbolos presentes nas histórias, na literatura, na poesia, na pintu-
ra e na religião. Em síntese, as ideias mitológicas dizem respeito à percepção do
funcionamento dos instintos modeladores do comportamento desde a origem
da espécie humana (ESTES, 1994; JUNG, 2000; JUNG, 2009; CARNEIRO, 2010;
SILVA, 2014).
1. A AUTOPESQUISA E A SERIEXALIDADE
Figura 2. Série existencial hipotética. A partir das anotações de reflexão das experiências
vivenciais, dos insights retrocognitivos, do autoestudo do temperamento, dos aportes
proexológicos, e do estudo de biografias, estabeleci uma série proexológica presumível
para mim, a ser investigada com os dados que a vida traz, revela, ao ser vivida.
Cabe informar que não é objetivo deste artigo investigar a série existencial
hipotética, mas a partir dela objetiva-se estudar, argumentar, buscar esclarecer
Interparadigmas, Ano 5, N. 5, 2017.
240 KNAKIEVICZ, Tanise. Arquétipos sob as Lentes da Neociência Conscienciologia. p. 247-260
o porquê, qual é a função evolutiva de ora se nascer mulher e ora se nascer ho-
mem. Se a consciência, não tem sexo, ela é a mesma se ressomada em uma an-
drossoma ou no ginossoma, e então o que muda? Qual é o papel evolutivo para
a consciência da sexualidade intrafísica? O ponto de partida é o estudo das emo-
ções e seguido do estudo dos arquétipos.
Figura 4. Mecanismos de cuidado parental. O abandono, sentido tal dor física, pode
produzir tristeza e/ou raiva. A linha pontilhada indica que esse fluxo é dependente muito
mais de aspectos conscienciais do que de aspectos biológicos e sócioambientais.
de que a saúde psíquica tem forte correlação com habilidades e caracteres intrínse-
cas de cada consciência, ou seja, a vida interior, além da natureza biológica.
2. A VIDA INTERIOR
Conscienciologia
Projeciologia
regulam
Figura 5. Ciclo dos mitos. O drama interior é percebido pela projeção1 num objeto
externo. Tal projeção tem uma narrativa, uma estória, uma fábula, um mito, assim apresenta
os arquétipos. Os arquétipos guiam comportamentos, intensificando o drama interior da
alma, consolidando uma crença. O estudo da alma via Projeciologia2 liberta a consciência
da dependência dos mitos e seus arquétipos, e promove novos comportamentos.
1 Em psicologia, a projeção consiste em atribuir a outros as ideias e tendências que o sujeito não pode
admitir como suas, e é um mecanismo de defesa do ego, inconsciente e involuntário. Também conhecido
por projeção Freudiana, a projeção tem por função proteger e defender o ego das ameaças emocionais
ou de sentimentos inaceitáveis. Logo, é muito difícil alguém aceitar a possibilidade de projetar.
2 A Projeciologia é um subcampo ou especialidade da ciência Conscienciologia, que estuda as proje-
ções da consciência para fora do corpo físico, ou seja, as ações da consciência (ego, self ou personalidade
humana) em dimensões não físicas, livre do restringimento do corpo biológico. A ciência Projeciologia
também investiga outros fenômenos projeciológicos, tais como: bilocação, clarividência, experiência de
quase-morte (EQM), intuição, precognição, retrocognição, telepatia, entre outros. O termo projeciologia
vem do Latim, projectio, projeção e do Grego, logos, tratado.
4 Etnocentrismo: visão de mundo característica de quem considera o seu grupo étnico, nação ou
nacionalidade socialmente mais importante do que os demais.
narrativa mitológica (Figura 1), visando identificar a sua essência básica, o seu ele-
mento núcleo organizador, a anima e o animus, respetivamente (Figura 6). Os
5 quadros a seguir apresentam o resultado preliminar desse trabalho de garimpagem
da “pedra filosofal mitológica5”. Os elementos extraídos desta garimpagem foram
classificados em 5 diferentes focos de percepção da interação consciência-matéria.
Da percepção por lentes biológicas (Quadro 1), pelo prisma emocional (Quadro
2), cognitivo (Quadro 3), psicológico (Quadro 4), ao prisma consciencial – o qual
trata da percepção dos arquetípicos além dos veículos de manifestação intrafísica
(Quadro 5).
Cabe esclarecer que os aspectos percebidos por meio das descrições arque
típicas têm carácter bipolar relativo6 aos polos feminino e masculino, e não ab
soluto, por serem dependentes dos diferentes níveis de intrafisicalização da ma-
nifestação consciencial. Anima e animus são interdependentes entre si, e apre-
sentam posições relativas opostas (feminina ou masculina) respectivamente, em
cada prisma de percepção. Cada quadro refere-se a um aspecto específico da
manifestação consciencial. Por exemplo, os caracteres biológicos aproximam-se
do polo arquetípico animus (matéria/mente) como um todo, entretanto mesmo
assim é possível distinguir características chaves entre a expressão da energia yin
(feminino) e yang (masculino)7, (ver Quadro 1).
5 Pedra filosofal: objeto ou substância lendária com poderes incríveis, capaz de transformar qualquer
metal em ouro e também poderia ser usada para criar o Elixir da Vida, o objeto de pesquisa da Alquimia,
uma ciência mística. Em termos teóricos, com a pedra filosofal, era possível obter riqueza infinita e ju
ventude eterna. “Pedra filosofal mitológica” faz uma analogia da Alquimia com a Mitologia.
6 Caráter bipolar relativo: refere aos lados opostos (feminino e masculino) do objeto em análise
quanto à expressão/manifestação arquetípica.
7 Energia Yin e Yang: são palavras do taoísmo chinês que designam a dualidade energética, com
princípios opostos e complementares, contendo a semente um do outro. Ao mesmo tempo que um ele
mento produz o outro, eles também se anulam, conforme o princípio do equilíbrio.
8 Alma: não no sentido religioso, mas no sentido latino da palavra, “aquilo que empresta movimento
a algo”.
Padronizações, produtividade,
Contemporâneo Inovação, insight, Conectividade
organização.
Psicologia, Metafísica, Parapsico- Biologia, fisiologia e neurologia.
Disciplinar logia, Conscienciologia, Conscien- Psiquiatria, Fenomenologia,
ciometria, Consciencioterapia Projeciologia. Parafenomenologia
Dimensional Dizer: Diz-menção. O significante Fazer: Real-ação. O estruturante
Paradoxo da Dominadora enquanto
Subordinada enquanto causa
posição relativa consequência
Personalidade supra-ordenada
Personalidade mediadora entre a
bipolar: positiva/negativa; velha/
percepção e a ação: o que se torna
Personificado jovem, virgem/mãe; fada bondo-
manifestado, um véu que oculta a
sa/bruxa; santa/prostituta, rainha/
verdadeira personalidade,
serva.
Produtivo, trabalhador, eficiente,
Intuitiva, genialidade cosmoética,
Funcional equilibrado, harmônico, homeos-
parapsíquica, interassistencial.
tático, protetor.
Volúvel, desmedida, caprichosa,
Rígido, moralista, legalista, dog-
descontrolada, emocional, às
mático, reformador do mundo,
Disfuncional vezes demoniacamente intuitiva,
teórico, emaranhando-se em ar-
indelicada, perversa, mentirosa,
gumentos, polêmico, despótico.
bruxa e mística.
5. CONCLUSÕES
Os mitos morrem
(VIEIRA, 1996b, p. 117)
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