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LITERATURA

FRENTE U | CAPÍTULO 01

1. INTRODUÇÃO À LITERATURA E 2. PRODUÇÃO MEDIEVAL

tem um contexto de uso, uma linguagem específica, um modo


1. INTRODUÇÃO textual de elaboração. No passado remoto, tudo começou pela
À LITERATURA pedra e pela argila.
Elas são mídias, ou seja, são os suportes tecnológicos usados
para a comunicação e informação. Oriundos de tempos remotos,
depois, passou-se o vegetal chamado papiro, no Egito Antigo,

LITERATURA - FRENTE U - CAPÍTULO 01


Nossa jornada começa retomando os conceitos
básicos ligados à ideia de que tudo que o homem criou mais tarde para o papel.
à necessidade de comunicação. Desde os tempos mais Muito depois, no século XIX, outras mídia de informação e
antigos, pré-históricos, até hoje, temos sede, fome e comunicação surgiram os discos de vinil, o rádio, fita k7, disquete,
tara para expressar sentimentos e emoções, conceitos e pen-drive, cd-rom. Recentemente, o ambiente se tornou virtual,
ideologias. Daí, o surgimento uma infinidade de códigos com a internet e para acessá-la, precisamos de novas mídias,
e linguagens, de tipos e gêneros de textos verbais, visuais como o computador, tablet, laptop. São os códigos, linguagens e
e sonoros. Inventamos também os suportes ou mídias, suas tecnologias.
que são os instrumentos e os ambientes pelos quais
damos corporeidade às linguagens, intencionalidades e
funcionalidades. Observe quantos tipos tipos de textos
discursivos temos na sociedade atual e outros vão
surgindo devido às novas tecnologias de informação e
comunicação:

ESFERAS
SOCIAIS DE GÊNEROS DISCURSIVOS
CIRCULAÇÃO
Advinhas Diário
Álbum de Família Exposição Oral
Anedota Fotos
Bilhetes
Cantigas de Roda
Músicas
Parlendas CONOTAÇÃO E DENOTAÇÃO
Carta Pessoal Piadas
COTIDIANA Cartão Pessoal Provérbios
Cartão Quadrinhos A incrível capacidade humana de gerar sentidos fez com
Cartão Postal Receitas que os estudiosos do universo da comunicação e expressão
Causos Relatos de Experiências Vividas
Comunicado Trava-Línguas
dividissem tantos códigos e tantas linguagens em pelo menos
Convites dois sentidos básicos o da CONOTAÇÃO e o da DENOTAÇÃO. O
Curriculum Vitae
que são essas duas imagens?
Autobiografia Letras de Música
Biografias Narrativas de Aventura
Contos Narrativas de Enigma
Contos de Fadas Narrativas de Ficção Científica
Contos de Fadas Contemporâneos Narrativas de Humor
Crônicas de Ficção Narrativas de Terror
LITERÁRIA / Escultura Narrativas de Fantásticas
ARTÍSTICA Fábulas Narrativas Míticas
Fábulas Contemporâneas Paródias
Haicai Pinturas
Histórias em Quadrinhos Poemas
Lendas Romances
Literatura de Cordel Tankas
Memórias Textos Dramáticos Essas duas imagens são de placas de trânsito, escritas no
Ata Relato Histórico código não-verbal, apenas. As duas estão na cor amarela e
Cartazes Relatos de Exp. Científicas
Debate Regrado Resenha indicam a existência de uma curva adiante. O motorista deve
Diálogo / Discussão Resumo saber que a cor amarela é de alerta ou advertência. A primeira
Argumentativa Seminário
ESCOLAR
Exposição Oral Texto Argumentativo placa quer dizer que a curva é acentuada e a outra é a de curva
Júri Simulado Texto de Opinião sinuosa. Nos dois casos, o motorista deve diminuir velocidade e
Mapas Verbetes de Enciclopédias
Palestra
dobrar a atenção por causa do risco de derrapagem e capotagem.
Pesquisas Esse código visual predomina a DENOTAÇÃO, o contexto exige
que a mensagem seja entendida diretamente, sem duplo sentido.
Todos essas tipologia e gêneros discursivos fazem parte de
uma evolução. Cada um foi surgindo aos poucos, de acordo com
as demandas econômicas, sociais, de política e de arte. Cada um

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1. INTRODUÇÃO À LITERATURA E
LITERATURA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 2. PRODUÇÃO MEDIEVAL

o artista gera um texto verbal ou não-verbal que nos obrigar a


pensar e sentir, ou seja, precisamos decodificar a mensagem,
tirar da figuração para a denotação. No final, tanto é uma forma
de raciocínio quanto de despertar a emoção. Veja abaixo como a
matéria de jornal celebra o fim da Segunda Guerra Mundial, após
os lançamentos das bombas atômicas em Nagasaki e Hiroshima,
no ano de 1945 e, em seguida, leia o poema Rosa de Hiroshima,
de Vinicius de Moraes, relativo ao mesmo fato:

Quarto em Desordem
LITERATURA - FRENTE U - CAPÍTULO 01

Na curva perigosa dos cinqüenta


derrapei neste amor. Que dor! que pétala
sensível e secreta me atormenta
e me provoca à síntese da flor
Pensem nas crianças
que não sabe como é feita: amor Mudas, Telepáticas
na quinta-essência da palavra, e mudo Pensem nas meninas
de natural silêncio já não cabe Cegas, inexatas
em tanto gesto de colher e amar Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
a nuvem que de ambígua se dilui Pensem nas feridas
nesse objeto mais vago do que nuvem Como rosas cálidas
e mais indefeso, corpo! Corpo, corpo, corpo Mas oh! Não se esqueçam
Da rosa, da rosa
verdade tão final, sede tão vária Da rosa de Hiroshima
a esse cavalo solto pela cama A rosa hereditária
a passear o peito de quem ama. A rosa radioativa
Estúpida e inválida
Carlos Drummond é o autor do poema Quarto da Desordem, A rosa com cirrose
texto escrito no código verbal, apenas. Observe o começo do A anti-rosa atômica
poema, os dois primeiros versos. O poeta usa a expressão “curva Sem cor, sem perfume
perigosa dos cinquenta, derrapei neste amor”. O que isso quer Sem rosa, sem nada.
dizer? Que ele estava realmente dirigindo? Que se envolveu
realmente em um acidente? Se você disse não às duas perguntas Vamos ampliar nossa conversa agora. O poema Rosa de
é porque você entendeu que ele fala em sentido figurado, ou Hiroshima participa do momento histórico e reflete a indignação
seja, na CONOTAÇÃO. O eu-lírico fala perplexamente sobre do poeta diante da perda de tantas vidas e do absurdo da guerra.
apaixonar-se na idade dos cinquenta anos e, como isso é perigoso, Você está vendo como o jornal trata o assunto? Podemos dizer
simplesmente pelo fato do sentimento o fragilizar, coisa que não que tanto o jornal quanto o poeta estão interessados na paz,
é socialmente adequado a um senhor de meio século e sim para porém a posição assumida pelo jornal (informar), a função da
os jovens imberbes e inconsequente. linguagem usada (denotação) são formas diferentes encontradas
pelo poeta que se manifestou sob a forma do verso (linhas do
poema), função conotativa ( figura de linguagem) ou sentido
DENOTAÇÃO CONOTAÇÃO
figurado (rosa com cirrose), unindo o conhecimento do mundo à
Palavra com significação sensibilidade.
Palavra com significação restrita.
ampla.
A Literatura é arte da palavra e precisamos da Arte para
Palavra com sentindo comum do Palavra cujos sentidos
enriquecer a vida. Podemos passar sem Arte, porém, com ela a
dicionário. extrapolam o sentido comum.
vida é melhor. Ferreira Gullar assim se posicionou sobre isso:
Palavra usada de modo Palavra usada de modo
automatizado. criativo.

Linguagem comum. Linguagem rica e expressiva.

LITERATURA É ARTE, ARTE É AMBIGUIDADE


A linguagem artística tem por natureza o duplo sentido,
polissemia, a ambiguidade, o sentido figurado, o caráter
conotativo. Através da arte, o ser humano exercita uma forma de
comunicação sensível, ou seja, ao invés de falar de modo direto,

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1. INTRODUÇÃO À LITERATURA E
LITERATURA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 2. PRODUÇÃO MEDIEVAL

OS GÊNEROS LITERÁRIOS Quase só com


Recurso ao som, à
luz … e não apenas à Só recorre à língua.
recursos de língua.
A Literatura ocupa, por essência, o código verbal, porém, sob língua.
a forma conotativa, ou seja, o emissor tem licença poética, pode Predomínio do
criar vários sentidos. Desse modo, a Literatura está na categoria Predomínio da diálogo, com Em geral anti-
de Arte, pois pode representar a vida e essa representação é narração. momentos de apartes narrativa.
estética, desperta um conhecimento de mundo sensível no leitor. e monólogo.
Como Arte, a Literatura imita a vida, recria a realidade, promove
Conto, novela e Tragédia, comédia, Ode, elogia e soneto
reflexões sobre o ser, a existência e a própria linguagem. Ao romance. drama, farsa, auto. canção
compor a obra de Arte, o artista literário opta pela prosa, pelo
verso, pelas formas de contar histórias e sentimentos. Desse
modo, chamamos de gêneros literários, as formas que o texto ESTILO DE ÉPOCA E INDIVIDUAL
literário tem para se manifestar. Por exemplo, se você gosta de
ir ao cinema, provavelmente tem um gênero cinematográfico Estamos chegando ao ápice daquilo que chamamos de teoria
predileto, não é? Seria a comédia? o terror? a aventura? ficção literária. Os estudos literários nos ajudam a ler e interpretar
científica? Então, do mesmo modo que, no cinema, existem vários os textos artísticos e seus processos de criação, fabulação,
gêneros de criação, na Literatura também há. circulação, distribuição e recepção. Então, acredita-se que

LITERATURA - FRENTE U - CAPÍTULO 01


Você se lembra da tabela dos gêneros discursivos que o aluno que conclui a 3a série do ensino médio seja capaz de
aparece no início do nossa material de estudo? Então… só nos dominar as noções básicas de entendimento e interpretação de
interessa a linha do meio, a dos gêneros literários. A literatura um texto artístico.
é a mãe dos gêneros cinematográficos porque o cinema tem
como origem o teatro ou gênero dramático. As HQ´s dos super- O texto literário resulta dos valores do poeta e o poeta é
heróis são adaptações dos grandes relatos históricos do passado produto do seu tempo. Assim sendo, um texto artístico tem um
conhecidos como poemas épicos. As canções de amor, as músicas tecido rico e oferece várias possibilidades de leitura, por causa da
de indignação social ou de sacanagem têm suas origens no interação entre o mundo particular do artista e sua relação com
gênero lírico. o momento histórico, social, econômico. Desse modo, um poema,
Os gêneros literários do passado se adaptaram aos novos um conto, um romance, um soneto, uma comédia, um tragédia
tempos, ganharam imagens com ou sem movimento, perderam carregam consigo as idiossincrasias do escritor, a ideologia do
ou ganharam mais destaque, por parte do público, sumiram e movimento artístico ou cultural, as marcas morais (o que é certo
reapareceram nesses milhares de anos de escrita. e errado, o que do bem e do mal) do seu tempo. Daí falarmos em
estilo de época e estilo individual.

NARRATIVO / Mas, do que te serve saber disso, na hora da prova? Meu aluno
DRAMÁTICO LÍRICO
ÉPICO
desligado, minha aluna off-line, se ligue nessa dica: na verdade,
O emissor (ator)
essa é uma habilidade que vai te dar a competência de interpretar
Tem narrador e em Há um sujeito o texto-base e o item. Veja bem: na prática, você sabe distinguir
apresenta a
geral referente à 3º poético na 1º pessoa; entre o estilo do poeta e as exigências do estilo de época ou
ação ao receptor
pessoa. com relevo do
(espectador). escola artística. Isso não é tão fácil assim.
ELE (A) EU
EU - TU Os estudos literários, de arte e cultura demonstram três
Acentuada situações no estilo individual: há o artista que antecipa um estilo,
Acentuada Acentuada
objetividade ou seja, o de transição (pré), há aquele retardatário, ou seja,
objetividade com subjetividade com
com predomínio
predomínio da predomínio da
aquele que pertence ao novo estilo e que teima em se prender
da linguagem ao que já passou, e aquele que melhor sintetiza o estilo de época
linguagem denotava. linguagem conotativa
denotativa. obedecendo ao temas e posturas propostas pelas relações
Prevalecem as políticas e sociais.
Prevalece a função
funções apelativa e Prevalecem as
informativa, mas
informativa, pode funções poética e Cabe lembrar que o estilo individual se define pelo uso pessoal
pode parecer a
aparecer a emotiva emotiva. da língua, ou seja, no aspecto formal, teremos autores que são
emotiva e a poética.
(tragédia e drama).
prolixos, outros lacônico, alguns abusam dos adjetivos, outros
Há uma história que A história é O mundo é do somem com eles e com preposições, pronomes, advérbios,
é narrada e referese representada e Eu - interior - com alguns trabalham com substantivos e verbos, outros adoram
em especial ao refere-se em especial os sentimentos, criar palavras. Enfim, o estilo individual é parte mais exigente dos
mundo exterior, do ao mundo exterior, pensamentos do
estudos literários. Por isso, é melhor você estudar fazendo seu
não-eu. do não-eu. sujeito poético.
próprio resumo sobre cada autor.
A descrição é As marcações do Muitos breves
frequente e cenário e os adereços momentos Minha terra tem palmeiras,
minuciosa. têm valor descritivo. descritivos.
Onde canta o Sabiá;
Situa-se numa época
Situa-se numa época
Em geral, sem ligação
As aves, que aqui gorjeiam,
histórica, o tempo é Não gorjeiam como lá.
histórica o tempo não com uma época (anti-
o da representação
é linear e é extenso. histórico).
breve e ligar.
Nosso céu tem mais estrelas,
Destina-se à Destina-se à
Nossas várzeas têm mais flores,
Destina-se à leitura. Nossos bosques têm mais vida,
representação. declamação e leitura.
Nossa vida mais amores.

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1. INTRODUÇÃO À LITERATURA E
LITERATURA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 2. PRODUÇÃO MEDIEVAL

Em cismar, sozinho, à noite,


Mais prazer eu encontro lá; REVISÃO NA PLATAFORMA
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
AULAS 02
O poema usa advérbios como “lá” e “cá”. Eles se referem a 1. INTRODUÇÃO À
lugares distintos que são Brasil e Portugal, respectivamente. LITERATURA
Percebemos a gramática apenas não é suficiente para
entendermos os sentido profundo do texto. Além disso, o poema
foi escrito logo após a Independência do Brasil, momento de
extremo nacionalismo e xenofobia, daí a descrição ufânica da APOSTILAS EXERCÍCIOS ONLINE
nossa natureza. Além disso, o movimento artístico vigente era o 2 resumos + 62 questões 10 questões
Romantismo, estética que valorizava a exposição da subjetividade CAIU NO ENEM
do eu-lírico, o nacionalismo, a emoção e sentimento. 1 questão
LITERATURA - FRENTE U - CAPÍTULO 01

ERA MEDIEVAL

Ocorreu apenas em Portugal, entre os séculos XII


até XV. O Brasil foi descoberto no século XVI, quando
a colonização se iniciou, portanto, não tivemos a Era
Medieval. Apesar de remoto no tempo, o período
medieval influenciou a escrita de muitos artistas
brasileiros. Vejamos, brevemente, como isso aconteceu.
Os estilos de épocas ou escolas literárias ajudam a entender
o texto literário no que diz respeito ao contexto de produção,
refletindo fatos sociais, políticos e discutem o conteúdo do
próprio estilo de época.

QUADRO DEMONSTRATIVO DAS ESCOLAS LITERÁRIAS


EM PORTUGAL E NO BRASIL
ERA BRASIL ANO PORTUGAL ERA
1189 TROVADORISMO
ERA MEDIEVAL
1418 HUMANISMO

LITERATURA DE
1500
INFORMAÇÃO

1527 CLASSICISMO

1580 BARROCO
ERA ERA CLÁSSICA O TROVADORISMO
COLONIAL BARROCO 1601

1756 ARCADISMO É o primeiro movimento literário português: a cantiga da


ARCADISMO 1768 Guarvaia ou cantiga da Ribeirinha, de Paio Soares de Taveirós é
1825 ROMANTISMO
o texto mais antigo daquela sociedade feudal, dominada pelas
relações de vassalagem, pela hegemonia da fé cristã. Os nobres
ROMANTISMO 1836
(trovadores) compunham as cantigas que eram executadas
REALISMO
1865
NATURALISMO pelos artistas populares, conhecidos como menestréis, segréis
REALISMO
e as jogralesas. Os instrumentos usados eram o pandeirinho,
NATURALISMO 1881 ERA MODERNA castanholas (herança árabe), o alaúde, parecido com um violão.
PARNASIANISMO ou Eram instrumentos de fácil transporte, porque os artistas se
CONTEMPORÂNEA
ERA 1890 SIMBOLISMO apresentavam de feudo em feudo, nas procissões e feiras. As
NACIONAL
SIMBOLISMO 1893 cantigas são didaticamente divididas em dois grupos: as de
PRÉ-MODERNISMO 1902 folgar ou satíricas e as lírico-amorosas. As de folgar faziam rir,
1915 MODERNISMO debochando, ridicularizando os outros, expondo seus defeitos
MODERNISMO 1922
morais e vícios evidentes. Se o nome da pessoa for revelado,
temos uma cantiga maldizer, mas não houver nominação, temos
TENDÊNCIAS
CONTEMPORÂNEAS
1960 uma cantiga de escárnio. As cantigas lírico-amorosas também
são divididas em dois grupos: as de amor e as de amigo. Todas
as cantigas eram escritas por homens, porém, o eu lírico das
Eu quero tecer algumas análises sobre o quadro comparativo cantigas de amigo é feminino. Desse modo, a diferença entre
acima. No Enem, o destaque é maior para nossa Literatura elas é exatamente o gênero do emissor. Na cantiga de amor
Brasileira. Porém, importa saber que as origens da nossa escrita a autoria é masculina e o eu-lírico é masculino, na cantiga de
estão ligadas à historiografia portuguesa, ou seja, à história da amigo, a autoria é masculina e o eu-lírico é feminino. Além das
escrita artísta e científica europeia e, por extensão, portuguesa. cantigas, as histórias dos cavaleiros medievais e suas aventuras
nas Grandes Cruzadas foram relatadas nas cantigas de gesta.

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1. INTRODUÇÃO À LITERATURA E
LITERATURA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 2. PRODUÇÃO MEDIEVAL

Gesta que dizer ação, então essas cantigas relatam a história


dos nobres cavaleiros cristãos. São conhecidas como romance
de cavalaria. Essas narrativas se organizam em ciclos, daí,
serem conhecidas como novelas, sendo a mais conhecida as do
ciclo Bretão ou Arturiano, os doze pares de França e Amadis de
Gaula, portuguesa. Essas narrativas são ficcionais, povoadas do
fantástico e sobrenatural.

Mas qual o legado da Era medieval? Imenso. A Era Medieval


foi resgatada no Romantismo. Veja lá o poeta Gonçalves Dias
que produziu poemas dentro dos ritmos e com voz feminina

LITERATURA - FRENTE U - CAPÍTULO 01


de índia (cantigas de amigo), como no poema Leito de Folhas
Verdes ou os romances indianistas de José de Alencar, nos quais
seus herois se orientam de acordo com os código de honra dos
cavaleiros há os poemas góticos de Álvares de Azevedo que
exploram a fantasmagoria maldita cristã. Os compositores
REVISÃO NA PLATAFORMA Caetano Veloso e, principalmente, Chico Buarque de Holanda se
expressaram também em voz feminina. Que tal lembrarmo-nos
de Ariano Suassuna, no Auto da Compadecida, a famosa cena do
AULAS 04 julgamento, nítida paráfrase ou pastiche da mesma cena do Auto
da Barca do Inferno. E você não deve se esquecer de produções
2. GÊNEROS cinematográficas, tais quais. O Senhor dos Anéis, Game of
LITERÁRIOS Thrones, Nárnia, Harry Porter, etc.

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1 resumo + 12 questões 30 questões
CAIU NO ENEM
1 questão

O legado é realmente rico e inspirador. Para completar tantas


O HUMANISMO
contribuições, lembre-se da cultura popular nordestina. Não se
ligou? Pois se ligue! Afinal de contas, senhores feudais são os
Corresponde à transição entre Idade Média e Renascimento,
coronéis e suas sinhazinhas, os feudos são as fazendas de cana,
lá pelos anos de 1400. Chegamos à metade do segundo milênio
os repentistas e cordelistas são nossos menestréis que, até hoje,
e muita coisa mudou, principalmente depois das Grandes
vão de feira em feira, de procissão em procissão, de povoado em
Cruzadas, quando o europeu aqueceu o comércio com o Oriente,
povoado levando a literatura oral e escrita de extração popular.
estabeleceu rotas marítimas, aperfeiçoou a náutica com a criação
do astrolábio, da bússola, de navios cargueiros melhor para
estocar as especiarias. Os castelos medievais serão substituídos
ANTOLOGIA DOS TEXTOS DA ERA MEDIEVAL
pelos palácios, os poemas passam a ser recitados. A novidade é a
produção de Gil Vicente, autor de peças teatrais que mantiveram CANTIGA DE AMOR DE BERNARDO DE BONAVAL
o caráter popular, de oralidade medieval, juntamente com a
mística cristão. Gil escreveu peças de teatro que retratam com A dona que eu am’e tenho por senhor
bastante humor, ironia e perspicácia a sociedade portuguesa dos amostrade-mi-a, Deus, se vos en prazer for,
anos de 1400, nas farsas e autos que compôs. senom dade-mi a morte.
A trilogia das barcas, divididas em Auto da barca do inferno,
do purgatório e da glória essa é a mais importante produção A que tenh’eu por lume destes olhos meus
do teatro português humanista. Por que é humanista? Por seus e por que choram sempr’, amostrade-mi-a, Deus,
personagens serem cheios de erros humanos, ou seja, apesar de senom dade-mi a morte.
seres todos cristãos, agem cheios de vícios e defeitos: mulheres
adúlteras, velhos apaixonados, frade falso moralista, mulheres Essa que vós fezestes melhor parecer
alcoviteiras. Até hoje, é impressionante a capacidade de Gil de quantas sei, ai, Deus!, fazede-mi-a veer,
Vicente em expor nossos erros: nas peças apenas os cavaleiros senom dade-mi a morte.
medievais e os parvos vão para a barca do anjo, os outros
personagens da nobreza e do clero são encaminhados para a do Ai Deus! que mi a fezestes mais ca mim amar,
diabo. mostrade-mi-a, u possa com ela falar,
senom dade-mi a morte.

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1. INTRODUÇÃO À LITERATURA E
LITERATURA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 2. PRODUÇÃO MEDIEVAL

CANTIGA DA AMIGO DE D. DINIS


REVISÃO NA PLATAFORMA
“Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
ai Deus, e u é? AULAS 04
Ai flores, ai flores do verde ramo, 2. GÊNEROS
se sabedes novas do meu amado! LITERÁRIOS
ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,


APOSTILAS EXERCÍCIOS ONLINE
aquel que mentiu do que pôs comigo!
1 resumo + 12 questões 30 questões
ai Deus, e u é?
CAIU NO ENEM
1 questão
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado!
ai Deus, e u é?”
LITERATURA - FRENTE U - CAPÍTULO 01

CANTIGA DE ESCÁRNIO DE JOÃO GARCIA DE GUILHADE QUESTÕES VESTIBULAR

“Ai dona fea! Foste-vos queixar


Que vos nunca louv’en meu trobar
Mais ora quero fazer un cantar QUESTÃO 01
En que vos loarei toda via;
E vedes como vos quero loar: Quando Bauer, o de pés ligeiros, se apoderou da cobiçada
Dona fea, velha e sandia! esfera, logo o suspeitoso Na-ranjo lhe partiu ao encalço, mas já
Brandãozinho, semelhante à chama, lhe cortou a avançada. A
Ai dona fea! Se Deus mi pardon! tarde de olhos radiosos se fez mais clara para contemplar aquele
E pois havedes tan gran coraçon combate, enquanto os agudos gritos e imprecações em redor
Que vos eu loe en esta razon, animavam os contendores. A uma investida de Cárdenas, o de
Vos quero já loar toda via; fera catadura, o couro inquieto quase se foi depositar no arco de
E vedes qual será a loaçon: Castilho, que com torva face o repeliu. Eis que Djalma, de aladas
Dona fea, velha e sandia! plantas, rompe entre os adversários atônitos, e conduz sua presa
até o solerte Julinho, que a transfere ao valoroso Didi, e este por
Dona fea, nunca vos eu loei sua vez a comunica ao belicoso Pinga. [...]
En meu trobar, pero muito trobei; Assim gostaria eu de ouvir a descrição do jogo entre brasileiros
Mais ora já en bom cantar farei e mexicanos, e a de todos os jogos: à maneira de Homero. Mas o
En que vos loarei toda via; estilo atual é outro, e o sentimento dramático se orna de termos
E direi-vos como vos loarei: técnicos.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Quando é dia de futebol. Rio de Janeiro: Record, 2002.
Dona fea, velha e sandia!”
Ao narrar o jogo entre brasileiros e mexicanos “à maneira de
CANTIGA DE MALDIZER:
Homero”, o autor adota o estilo
Marinha, o teu folgar
A.  épico.
tenho eu por desacertado,
B.  lírico.
e ando maravilhado
C.  satírico.
de te não ver rebentar;
D.  técnico.
pois tapo com esta minha
E.  teatral.
boca, a tua boca, Marinha;
e com este nariz meu,
tapo eu, Marinha, o teu;
QUESTÃO 02
Epigrama n.º 8
com as mãos tapo as orelhas,
os olhos e as sobrancelhas,
Encostei-me a ti, sabendo bem que eras somente onda.
tapo-te ao primeiro sono;
Sabendo bem que eras nuvem, depus a minha vida em ti. Como
com a minha piça o teu cono;
sabia bem tudo isso, e dei-me ao teu destino frágil, fiquei sem
e como o não faz nenhum,
poder chorar, quando caí.
com os colhões te tapo o cu. Cecília Meireles.
E não rebentas, Marinha?
Autor: Afonso Eanes de Coton
O eu lírico reconhece que a pessoa em quem depôs sua vida
representava

A.  uma relação desconexa, o que explica que os desenganos


vividos seriam inevitáveis.
B.  um sentimento intenso, por isso tinha certeza de que não
sofreria em nenhuma relação.

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LITERATURA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 EXERCÍCIOS

C.  um caso de amor passageiro, por isso se sentia enganado pelo Lendo-a, os nossos jovens irão aprender que, por pior que seja a
ser amado. situação, ela é pequena frente a força da palavra.
D.  uma angústia inevitável, por isso seria melhor aquele amor do http://www.pallaseditora.com.br/produto/Quando_a_escrava_Esperanca_ Gar-cia_
escreveu_uma_carta/240/>. Acesso em 27 jul. 2012.
que até mesmo viver.
E.  uma opção equivocada, por isso sempre teve medo de amar, o
As histórias e estórias de um povo sempre revelam detalhes
que fez com que sofresse só.
importantes da construção de uma nação. Na obra anterior, a
autora Sonia Rosa
QUESTÃO 03
A.  congrega elementos das culturas populares brasileiras,
Receita de herói
Reinaldo Ferreira descartando os valores afro-brasileiros de nossa formação.
“Tome-se um homem feito de nada B.  mostra que o espaço se exime de qualquer responsabilidade
Como nós, em tamanho natural sobre a condução das tramas desenvolvidas pela memória.
Embeba-se-lhe a carne C.  valoriza a cultura popular como fonte legítima de tradução da
Lentamente memória brasileira e ratifica a sua importância na construção
De uma certeza aguda, irracional da identidade nacional.
Intensa como o ódio ou como a D.  modifica a visão do leitor sobre o período da colonização no
fome. Brasil, dando ênfase ao papel de protagonista desenvolvido
Depois, perto do fim pelo português.
Agite-se um pendão E.  ironiza as narrativas populares, pois são completamente
E toque-se um clarim. desprovidas de valores nobres e humanos.
Serve-se morto”
http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=12474.Acesso em 27 Jul 2012. QUESTÃO 05

As ideias contidas no poema anterior revelam que “[...] E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá,
louco e longo, e não o outro, encurtoso. Saiu, atrás das borboletas
A.  pode-se verificar que as quatro partes do poema e de suas asas ligeiras, sua sombra também vindo-lhe correndo,
correspondem a partes de uma crônica (resumo: pegue dois em pós. Divertia-se com ver as avelãs do chão não voarem, com
quilos de costela, tempere com sal grosso, (ponha na grelha), inalcançar essas borbo-letas nunca em buquê nem em botão,
deixe assar durante duas horas e sirva com mandioca cozida). e com ignorar se cada uma em seu lugar as plebeinhas flores,
B.  uma das leituras desse poema, digamos, a informativa, princesinhas e incomuns, quando a gente tanto por elas passa.
mostrará que ele considera que o herói é um homem incomum, Vinha sobejadamente. Demorou, para dar com avó em casa, que
que, mais ou menos fanatizado, é levado a morrer. assim lhe respondeu, quando ela, toque, toque, bateu:
C.  palavras como “pendão” e “clarim” indicam que se trata de um – Quem é?
herói (ou de um anti-herói) militar: um anônimo que é levado a – Sou eu… – e Fita-Verde descansou a voz. – “Sou sua linda
morrer por uma causa (de outros, talvez). netinha, com cesto e pote, com a fita verde no cabelo, que a
D.  o poeta diz, de certa forma, que heróis deste tipo podem ser mamãe me mandou.”
ROSA, João Guimarães. Fita verde no cabelo: nova velha estória, 1992.
produzidos em série. Segundo esta leitura, trata-se de um
herói igual aos que cultivamos habitualmente, que são uma
Abaixo, você tem, de um lado, exemplos extraídos do trecho
espécie de super-homem ou semideus (inspirado talvez nas
da obra de Guimarães Rosa e, do outro, o nome da figura
epopeias).
de linguagem ou outro fenômeno linguístico encontrado na
E.  o fundamental nesse poema é sua forma, a de artigo, que
passagem selecionada. Assinale a opção que apresenta as
é exatamente o tipo de texto que ensina a fazer coisas em
relações corretas.
série. Se há uma mensagem, ela é apresentada da melhor
das maneiras conhecidas, em um texto de grande eficácia
A.  “com inalcançar essas borboletas nunca em buquê [...]” –
“pragmática”.
Arcaísmo “quando ela, toque toque, bateu:” – Onomatopeia
B.  “atrás das borboletas e de suas asas ligeiras” – Metáfora “com
QUESTÃO 04 inalcançar essas borboletas” – Neologismo
C.  “Sou sua linda netinha, com cesto e pote, com fita verde no
Quando a escrava Esperança Garcia escreveu uma carta
Sonia Rosa cabelo [...]” – Gradação “[...] as avelãs do chão não voarem...”
– Prosopopeia
O 6 de setembro pode ser um dia comum para muitos, mas D.  “[...] quando a gente tanto por elas passa.” – Hipérbato “– Sou
para os negros do Piauí é muito marcante: o Dia da Consciência eu [...] – e Fita-Verde descansou a voz.” – Metonímia
Negra, instituído em 1998. Nesta data, no ano de 1770, a escrava E.  “[...] e não o outro, encurtoso.” – Neologismo “Vinha
negra piauiense Esperança Garcia escreveu, senão a primeira, sobejadamente.” – Neologismo
uma das mais antigas cartas de denúncia de maus-tratos contra
escravos no Brasil. QUESTÃO 06
Alfabetizada por jesuítas, Esperança Garcia entregou a carta
ao governador da Província do Piauí. Nela relatava a violência O POETA E O PASSARINHO
sofrida por parte do feitor da fazenda para onde foi levada para
trabalhar como cozinheira. Pedia ainda, na mesma carta, que ela O poeta e o passarinho
fosse devolvida à sua fazenda de origem (Algodões) e que sua são ricos de inteligência
filha fosse batizada. simples como a natureza
A prosa de Sonia Rosa e as belas ilustrações de Luciana eternos como a ciência
Justiniani Hees contam essa história de resistência e liberdade. estrelas da liberdade

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LITERATURA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 EXERCÍCIOS

peregrinos da inocência. A ideia de amor platônico expressa na música também foi


Herdeiros da providência, bastante trabalhada por Camões, que escreveu bastante sobre
um no chão, outro voando, o amor neoplatônico. Assinale a alternativa em que Camões
um pena com tanta pena, melhor apresenta o conceito de amor neoplatônico.
outro sem pena, penando,
um canta cheio de pena, A.  “A mão tenho metida no teu seio / E não vejo meus danos, às
outro sem pena, cantando. escuras; / E tu contudo tanto me asseguras, / Que me digo que
minto, e que me enleio.”
O poeta sofre quando B.  “Formosa e gentil Dama, quando vejo / A testa de ouro e neve,
vê um pobre passarinho o lindo aspecto, / A boca graciosa, o riso honesto, / O colo
nas grades de uma gaiola de cristal, o branco peito, / De meu não quero mais que meu
sem ter direito a seu ninho desejo.”
são iguais no sofrimento C.  “O tempo acaba o ano, o mês e a hora, / A força, a arte, a
o poeta e o passarinho. manha, a fortaleza; / O tempo acaba a fama e a riqueza, o
tempo o mesmo tempo de si chora.”
O poeta afina o pinho D.  “Se as penas com que amor tão mal me trata / Permitirem que
no viveiro da garganta
eu tanto viva delas, / Que veja escuro o lume das estrelas, / Em
o passarinho poeta
cuja vista o meu se acende e mata”.
por entre as folhas da planta
E.  “Este amor que vos tenho, limpo e puro, / De pensamento
sem viola metro e rima
vil nunca tocado, / Em minha tenra idade começado, / Tê-lo
só Deus sabe o que ele canta.
dentro nesta alma só procuro.”
Do poeta a musa é santa
santa musa da poesia QUESTÃO 08
passarinho canta e voa
no espaço rodopia A DIVA
faz ziguezigue no corpo
brincando com a ventania. Vamos ao teatro, Maria José?
[...] Quem me dera,
Otacílio Batista desmanchei em rosca quinze kilos de farinha,
tou podre. Outro dia a gente vamos.
A literatura de cordel, também conhecida, no Brasil, como Falou meio triste, culpada,
folheto, é um gênero literário popular escrito, frequentemente, e um pouco alegre por recusar com orgulho.
na forma de rimas, originadas de relatos orais e depois TEATRO! Disse no espelho.
transpostas para o papel em folhetos. Remonta ao século XVI, TEATRO! Mais alto, desgrenhada.
quando o Renascimento popularizou a impressão de relatos TEATRO! E os cacos voaram
orais, e mantém-se uma forma literária popular no Brasil. O sem nenhum aplauso.
nome tem origem na forma como tradicionalmente os folhetos Perfeita.
eram expostos para venda, pendurados em cordas, cordéis PRADO, A. Oráculos de maio. São Paulo: Siciliano, 1999.
ou barbantes, em Portugal. No Nordeste do Brasil, o nome foi
herdado, mas a tradição do barbante não se perpetuou: o folheto Os diferentes gêneros textuais desempenham funções
brasileiro pode ou não estar exposto em barbantes. Dentre as sociais diversas, reconhecidas pelo leitor com base em suas
características que demarcam o rigor formal exposto no poema características específicas, bem como na situação comunicativa
anterior, percebe-se a presença de em que ele é produzido. Assim, o texto A diva

A.  métrica perfeita, isentando o poema de uma cadência rítmica A.  narra um fato real vivido por Maria José.
formal, demarcando a presença de versos livres e brancos. B.  surpreende o leitor pelo seu efeito poético.
B.  versos brancos, que expõem a necessidade poética de um C.  relata uma experiência teatral profissional.
liberalismo formal, processo iniciado com a Semana de 22. D.  descreve uma ação típica de uma mulher sonhadora.
C.  métrica bem definida, marcando a presença rítmica, assim E.  defende um ponto de vista relativo ao exercício teatral.
como a presença de rimas de ordem elaborada.
D.  versos que extrapolam o conceito inerente à simplicidade do QUESTÃO 09
sertanejo, elemento comum na literatura popular.
E.  ausência recorrente de analogias e figuras estéticas, inserindo “Jazia no chão, sem vida,
o poema também na literatura engajada. E estava toda pintada!
Nem a morte lhe emprestara
QUESTÃO 07 A sua grave beleza…
Com fria curiosidade,
Amor platônico
Vinha gente a espiar-lhe a cara,
Eu sou apenas alguém
As fundas marcas da idade,
Ou até mesmo ninguém
Talvez alguém invisível Das canseiras, da bebida…
Que a admira à distância Triste da mulher perdida
Sem a menor esperança Que um marinheiro esfaqueara!
De um dia tornar-me visível Vieram uns homens de branco,
[...] Foi levada ao necrotério.
Legião Urbana E enquanto abriam, na mesa,
O seu corpo sem mistério,
Que linda e alegre menina

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LITERATURA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 EXERCÍCIOS

Entrou correndo no céu?! Sobre o poema acima, houve a utilização de uma linguagem que
Lá continuou como era
Antes que o mundo lhe desse A.  aproximou a variedade escrita da variedade falada,
A sua maldita sina: promovendo um entrelaçamento de vertentes distintas da
Sem nada saber da vida, linguagem.
De vícios ou de perigos, B.  promoveu uma nítida distinção entre linguagem oral e escrita,
Sem nada saber de nada… procurando expor a superioridade de uma vertente quanto à
Com a sua trança comprida, outra.
Os seus sonhos de menina, C.  deu preferência à variedade informal da linguagem, como
Os seus sapatos antigos!” forma exclusiva da transmissão de ideias formais.
Mario Quintana. D.  tenta provar a inferioridade cultural da linguagem oral na
composição de textos poéticos.
Notícia é um gênero textual em que o emissor tem o objetivo E.  exibe, na prática, o quão prejudicado fica o entendimento de
predominante de informar, utilizando uma linguagem precisa, um texto ao optar pela linguagem rebuscada.
exata, definida. No poema anterior, algumas expressões
denunciam que esse texto não se enquadra nesse tipo de QUESTÃO 12
linguagem. Qual seria um bom exemplo dessa denún-cia?
“Não domino a verdade. Nem sequer a conheço. Escrevo sobre
A.  Sapatos antigos. aquilo que não sei, para poder ficar sabendo. A grande diferença
B.  Fria curiosidade. entre a literatura de imaginação criadora – a poesia, o romance, o
C.  Vinha gente. conto – e a literatura de ensaio, de crítica, é que nesta se escreve
D.  Corpo sem mistério. sobre o que se sabe, ao passo que na primeira se escreve sobre o
E.  Trança comprida. desconhecido, não se tem a menor ideia do sentido daquilo que
se pretende dizer.”
QUESTÃO 10 Fernando Sabino. Martini Seco. São Paulo: Ática, 1989.

Ela disse-me assim A diferença entre texto literário e não literário, estabelecida
Lupicínio Rodrigues no fragmento, baseia-se, principalmente, na relação do escritor
Ela disse-me assim com os fatos da vida cotidiana. Nesse sentido, o texto literário
Tenha pena de mim, vá embora! diferencia-se pelo discurso
Vais me prejudicar
Ele pode chegar, está na hora! A.  inventivo sobre a realidade, sem necessidade total de
coerência com aspectos factuais.
E eu não tinha motivo nenhum B.  calcado na representação da realidade, que busca fidelidade
Para me recusar, no relato por meio da linguagem descritiva.
Mas aos beijos caí em seus braços C.  desvinculado da realidade, a qual funciona como pano de
E pedi pra ficar. fundo para a criação de uma realidade imaginária.
D.  incoerente com a realidade, caracterizando-se pelo
Sabe o que se passou compromisso com a fantasia.
Ele nos encontrou, e agora? E.  subversivo em reação à realidade, a fim de criticar contextos
Ela sofre somente porque históricos específicos.
Foi fazer o que eu quis.
E o remorso está me torturando
Por ter feito a loucura que fiz. QUESTÕES ENEM
Por um simples prazer, fui fazer
Meu amor infeliz.
Samba-canção gravado por José Bispo dos Santos, o Jamelão. Continental, 1959.
QUESTÃO 01
Na canção, o eu lírico é dominado pela paixão e pela vontade de
permanecer com sua amada. Porém, fica clara a ideia de: (ENEM)

A.  recordação, somente. O bonde abre a viagem,


B.  alívio pelo distanciamento. No banco ninguém,
C.  arrependimento e sofrimento. Estou só, estou sem.
D.  delírio por conta da partida. Depois sobe um homem,
E.  culpa e desentendimento. No banco sentou,
Companheiro vou.
QUESTÃO 11 O bonde está cheio,
De novo porém
O Capoeira Não sou mais ninguém.
ANDRADE, M. Poesias completas. Belo Horizonte: Itatiaia, 2005.

– Qué apanhá sordado?


Em um texto literário, é comum que os recursos poéticos e
– O quê?
linguísticos participem do significado do texto, isto é, forma e
– Qué apanhá?
conteúdo se relacionam significativamente. Com relação ao
Pernas e cabeças na calçada.
Oswald de Andrade poema de Mário de Andrade, a correlação entre um recurso
formal e um aspecto da significação do texto é

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LITERATURA - FRENTE U - CAPÍTULO 01 EXERCÍCIOS

A.  a sucessão de orações coordenadas, que remete à sucessão de E.  apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela
cenas e emoções sentidas pelo eu lírico ao longo da viagem. emotividade e o conflito interior, evidenciados pela expressão
B.  a elisão dos verbos, recurso estilístico constante no poema, da moça e pelos adjetivos do poema.
que acentua o ritmo acelerado da modernidade.
C.  o emprego de versos curtos e irregulares em sua métrica, QUESTÃO 03
que reproduzem uma viagem de bonde, com suas paradas e
retomadas de movimento. O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria,
D.  a sonoridade do poema, carregada de sons nasais, que aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela
representa a tristeza do eu lírico ao longo de toda a viagem. quer da gente é coragem.
E.  a ausência de rima nos versos, recurso muito utilizado ROSA, J. G. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
pelos modernistas, que aproxima a linguagem do poema da
linguagem cotidiana. No romance “Grande Sertão: Veredas”, o protagonista Riobaldo
narra sua trajetória de jagunço. A leitura do trecho permite
QUESTÃO 02 identificar que o desabafo de Riobaldo se aproxima de um(a)

LXXVIII A.  diário, por trazer lembranças pessoais.


Camões, 1525-1580 B.  fábula, por apresentar uma lição de moral.
C.  notícia, por informar sobre um acontecimento.
Leda serenidade deleitosa, D.  aforismo, por expor uma máxima em poucas palavras.
Que representa em terra um paraíso; E.  crônica, por tratar de fatos do cotidiano.
Entre rubis e perlas doce riso;
Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa;
Presença moderada e graciosa, GABARITO
Onde ensinando estão despejo e siso
Que se pode por arte e por aviso,
Como por natureza, ser fermosa;
Fala de quem a morte e a vida pende, VESTIBULARES ENEM
Rara, suave; enfim, Senhora, vossa;
Repouso nela alegre e comedido: 1 A 11 A 1 A
Estas as armas são com que me rende 2 A 12 A 2 C
E me cativa Amor; mas não que possa
Despojar-me da glória de rendido. 3 C 13 • 3 D
CAMÕES, L. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008.
4 C 14 • 4 •

5 D 15 • 5 •

6 C 16 • 6 •

7 E 17 • 7 •

8 B 18 • 8 •

9 D 19 • 9 •

10 C 20 • 10 •

SANZIO, R. (1483-1520) A mulher com o unicórnio. Roma, Galleria Borghese.

A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas linguagens


artísticas diferentes, participaram do mesmo contexto social e
cultural de produção pelo fato de ambos

A.  apresentarem um retrato realista, evidenciado pelo unicórnio


presente na pintura e pelos adjetivos usados no poema.
B.  valorizarem o excesso de enfeites na apresentação pessoal
e na variação de atitudes da mulher, evidenciadas pelos
adjetivos do poema.
C.  apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela
sobriedade e o equilíbrio, evidenciados pela postura,
expressão e vestimenta da moça e os adjetivos usados no
poema.
D.  desprezarem o conceito medieval da idealização da mulher
como base da produção artística, evidenciado pelos adjetivos
usados no poema.

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