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1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3
17 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 47
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1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
Bons estudos!
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2 UM NOVO OLHAR PARA AS ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO
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Segundo as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação
Básica (MEC, 2001) as crianças com AH/SD são aquelas que apresentam notável
desempenho e elevada potencialidade em qualquer um dos seguintes aspectos,
isolados ou combinados: capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica específica,
pensamento criador ou produtivo, capacidade de liderança, talento especial para as
artes e capacidade psicomotora.
Fonte: www.vittude.com
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Ligado ao aspecto da inteligência, Gardner afirma a importância da motivação,
envolvimento e satisfação na resolução de problemas ou elaboração de produtos.
Renzulli e Reis (1997) fazem uma distinção entre ser superdotado – um
conceito absoluto – e em desenvolver comportamentos de superdotação – um
conceito relativo, que pode ser variável e ser desenvolvido em qualquer pessoa, em
certo tempo e sob certas circunstâncias.
Renzulli (2004) propõe a concepção dos três anéis para se entender a
superdotação. Nesta concepção, três aspectos básicos devem se interrelacionar:
habilidade (geral ou específica) acima da média, comprometimento com a tarefa, e
alto nível de criatividade. É importante ressaltar que a criatividade não está
relacionada somente à área artística, mas a qualquer área de interesse do sujeito.
De acordo com a concepção dos três anéis, não é necessário que estes
conjuntos de traços estejam desenvolvidos igualmente e na mesma intensidade. Mas
é necessário que interajam e que resultem em um alto nível de produtividade.
Portanto, conforme Virgolim (2007) é importante buscar o desenvolvimento e equilíbrio
dos anéis responsáveis por comportamentos de superdotação, dando oportunidade
para que os sujeitos com AH/SD desenvolvam amplamente o seu potencial.
Vários pesquisadores brasileiros (Alencar e Fleith 2001; Aspesi 2003; Chagas
2003; Fleith e Virgolim 1999; Gunther 2000; Maia Pinto 2002; Novaes 1979; Ouro fino
2005; Sabatella 2005; Virgolim 1997 e 2005) assinalam a necessidade de aumentar
os serviços direcionados às pessoas com AH/SD, no sentido de vir a conhecer melhor
as características desse grupo em nosso país, e de atender, no contexto escolar e
familiar, as suas necessidades afetivas e cognitivas especiais. Descrevem também a
necessidade de fazer mais pesquisas na área e de influenciar o desenvolvimento de
políticas públicas no contexto brasileiro que favoreçam o reconhecimento, o estímulo
e o aproveitamento de nossos potenciais humanos. (VIRGOLIM, 2014)
Segundo Virgolim (2014), a forma de uma pessoa enxergar a superdotação
será um fator primário tanto na construção de um plano de identificação quanto no
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oferecimento de serviços relevantes para as características que trazem alguns jovens
à nossa atenção em primeiro lugar.
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lucrativos, conveniadas com a Secretaria de Educação ou órgão equivalente dos
Estados, Distrito Federal ou dos Municípios.”
Fonte: radioitaperuna96fm.com.br
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4 SUPERDOTAÇÃO É UMA DEFICIÊNCIA?
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riqueza de expressão verbal, habilidade para considerar pontos de vistas de outras
pessoas, facilidade de interagir com crianças mais velhas ou com adultos e habilidade
para lidar com ideias abstratas.
As demais habilidades das crianças super adotadas são: habilidade para
perceber discrepâncias entre ideias e pontos de vista, interesse por livros e outras
fontes de conhecimento, alto nível de energia, preferência por situações novas, senso
de humor e originalidade para resolver problemas.
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Os gestores de educação precisam se dedicar ao estímulo e os pais também
têm que saber lidar com as questões relacionadas à superdotação. Em casos
específicos, é importante descobrir qual é o nível de conhecimento das crianças sobre
cada assunto, a fim de evitar repetições.
Um bom modo de lidar com crianças superdotadas é apresentar a
elas situações que provoquem o emprego de várias habilidades, dessa forma, você
estará a ajudando a estimular a criatividade e a resolução de problemas.
Outro fator relevante é que a criança superdotada possa fazer as suas
escolhas, sempre acompanhada de perto pelos responsáveis e, desde cedo, sejam
apresentadas às suas condições cognitivas.
Essa condição deve ser encarada como natural, para que não atrapalhe a vida
social da criança e nem crie situações desestimulantes.
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Notas do superdotado: nem sempre quem tem Q.I. alto é superdotado. Por
exemplo, pessoas que são superdotadas na área da música, nem sempre tiram notas
boas em matemática. Assim como grandes esportistas, nem sempre se dão bem nos
testes padrões;
Superdotado não é gênio: embora as duas características possam se
sobressair, nem sempre são relacionadas. Um gênio é aquela pessoa que deu uma
generosa contribuição para a sociedade. Já um superdotado é destaque nas suas
habilidades;
Uma pessoa superdotada é sempre comportada: o neurologista Leandro
Teles também desmistifica essa crença. Superdotação não tem nada a ver com
comportamento quieto, calado. Muitas vezes eles são extremamente barulhentos e
agitados;
Superdotado tem um futuro garantido: se a criança for bem estimulada,
certamente ela será bem produtiva na vida profissional. Porém, isso não é automático.
Ela tem que receber a atenção correta para saber direcionar as suas habilidades.
Fase para identificar uma criança superdotada: essa descoberta ocorre logo
nos primeiros anos de vida. As fases pré-escolar são fundamentais para isso e os
parentes, responsáveis e escola devem estar preparados para lidar com a
superdotação.
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O cérebro das crianças superdotadas ou com alta capacidade cognitiva se
desenvolve de modo diferente das crianças com um nível de inteligência média ou
normal.
Desse modo, e ainda que frequentemente ouçamos falar das notáveis
vantagens de um cérebro dotado de habilidades extraordinárias, nem sempre outros
fatores que também caracterizam essa parte da população são levados em
consideração. Estamos falando de ansiedade, de baixa autoestima, de desconexão
com um entorno pouco ajustado a suas necessidades, de isolamento… Todos esses
problemas começam a se tornar mais evidentes por volta dos 11 anos de idade.
Fonte: melhorcomsaude.com.br
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Os neurocientistas sempre tiveram um grande interesse em compreender o
cérebro das crianças superdotadas. O que o torna diferente das crianças com uma
inteligência média ou normal? Que recursos neurais excepcionais essas crianças
apresentam para ter uma capacidade tão mais desenvolvida? Muitas dessas
perguntas já foram respondidas graças ao novos avanços na ciência de estudo do
cérebro como, por exemplo, as técnicas de contraste e as ressonâncias
eletromagnéticas.
Esse dado é muito chamativo, mas foi algo que a neurociência já deixou bem
claro. Já foi confirmado a partir de estudos realizados com o cérebro de pessoas com
QI muito elevado, como Albert Einstein, que elas não tem um cérebro maior. Mais
impressionante ainda, as crianças com altas capacidades costumam apresentar um
córtex cerebral menor. Conforme a idade, porém, o desenvolvimento dessa parte da
massa cerebral vai sofrendo um espessamento e engrossando de forma lenta, mas
constante, até a chegada da adolescência.
Em uma criança com um QI normal, acontece justamente o contrário. Na
primeira infância, essas crianças apresentam um córtex cerebral mais grosso.
Chegados os 12 ou 13 anos, a área tende a diminuir, reduzindo seu tamanho total. O
que isso significa? Basicamente que o cérebro de uma criança com elevadas
habilidades cognitivas vai se sofisticando e se especializando com o tempo. Seu
momento de maior potencial é a adolescência.
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capacidade apresentam uma maior especialização em cada uma dessas áreas
cerebrais.
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é tão maravilhosa que muitos neurocientistas as classificam como mente em eterno
crescimento. Mentes famintas e desejosas de interação, cujas expectativas nem
sempre são cumpridas pela maioria de nós, meros mortais que estão ao seu redor.
Há algo que temos que ter em mente sobre todas as informações trazidas. É a
forma como o cérebro das crianças superdotadas se desenvolve. O desenvolvimento
se dá de forma gradual, mas sofisticada, e tem seu pico na adolescência. Enquanto
crianças com um QI normal têm seu pico de maturação cerebral entre os 5 e 6 anos,
são os adolescentes com altas habilidades que exigem uma maior demanda quando
chegam a essa fase da vida.
Eles precisam, antes de tudo, de um contexto que os favoreça e permita que
eles usem o potencial de suas capacidades, impulsionando sua plasticidade cerebral.
Se o ambiente dessa criança entre 10 e 11 anos é pouco estruturado e pouco ajustado
a suas capacidades, o mais comum é que ela lide com o ostracismo e a frustração.
Sejamos, então, mais sensíveis a essas mentes tão despertas, mas também frágeis
em muitos aspectos.
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6.1 Altas Habilidades e Superdotação: O que é?
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Consegue entender e compreender diferentes pontos de vista;
Facilidade de interação com indivíduos de diferentes idades;
Consegue perceber diferenças em ideias e pontos de vistas;
Interesse por livros e outras fontes de conhecimento;
Muita energia;
Preferência por situações/objetos novos;
Alto Senso de humor;
Consegue resolver problemas com ideias originais.
A análise desses parâmetros é de fundamental importância, pois somente por
meio da identificação desses sinais que é possível verificar as habilidades das
crianças ou jovens e dar o condicionamento necessário para que elas sejam incluídas
dentro do ambiente escolar.
Fonte: recordtv.r7.com
Naturalística
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O aluno consegue identificar, dentro do ambiente natural, padrões complexos.
Lógico
Raciocínio lógico elevado, capacidade de resolver problemas facilmente,
computação numérica.
Linguística
Consegue compreender leituras complexas bem como escrever textos
extensos e de diferentes temáticas avançadas, gosto por aprender idiomas.
Inteligência de poetas e escritores.
Musical
Capacidade inerente de compor, cantar e tocar diferentes tipos de
instrumento, mesmo nunca tendo feito qualquer tipo de aula.
Espacial
Consegue representar e manipular diferentes configurações e equações
espaciais, recriar padrões visuais mesmo sem estímulos físicos. Como por exemplo
artistas e arquitetos.
Corporal – cinestésica
Consegue usar seu corpo, ou partes dele, para realizar tarefas especificas e
de nível avançado. Ex: bailarinos e esportistas.
Interpessoal
Consegue compreender outros indivíduos em diferentes contextos sociais.
Intrapessoal
Tem um alto grau de autocompreensão, conseguindo entender seus próprios
sentimentos, emoções e habilidades.
Em alguns casos, o indivíduo pode ter apenas um desses tipos de
inteligência, ou vários. Isso dependerá do seu grau cognitivo.
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6.4 Confusões ocasionadas pelos termos superdotado e gênio
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Estatísticas recentes do Brasil, subnotificação e desperdício de talentos
Comorbidades
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condição, que poderia ser melhor trabalhada caso houvesse meios para o
estabelecimento de um diagnóstico mais preciso.
Ainda há muito que fazer para que os quase 5% da população que tem
habilidades acima da média, possam ser diagnosticados corretamente e ter o seu
potencial desenvolvido e aprimorado corretamente.
É necessário que os debates sobre Altas Habilidades e Superdotação no Brasil
se tornem mais frequentes e que especialistas elaborem, meios mais efetivos de
identificação. Apenas dessa maneira vamos parar de ser um celeiro desperdiçado.
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É importante oferecer um ambiente com recursos que estimulem
continuamente as capacidades mentais, para que as crianças e adolescentes
conheçam seu potencial e sua condição particular intelectual. "Não se deve esquecer
que, embora possua capacidades avançadas para sua idade, o superdotado deve ser
tratado de acordo com a sua faixa etária de desenvolvimento. A criança superdotada
necessita de um ambiente que lhe ofereça condições para exercer suas capacidades
diferenciadas de forma adequada".
Fonte: www.rte.ie
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8 COMO RECONHECER UMA CRIANÇA SUPERDOTADA?
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9 COMO SABER SE VOCÊ TEM UMA CRIANÇA SUPERDOTADA EM CASA?
Para muitos pais é difícil ter um filho que é diferente dos outros. Supõe um
desafio compreender que é uma criança que, por mais que tentemos, não responderá
e nem se comportará de acordo com o padrão estabelecido pela média das crianças
de sua idade.
De fato, uma criança superdotada pode ter também uma infância muito difícil.
Isso porque percebe muito mais informações e estímulos do que consegue gerenciar.
Além disso, o mundo que as rodeia pode ser incompreensível, lento e até hostil em
relação às suas capacidades.
Os pais são fundamentais para garantir o desenvolvimento e a felicidade de
uma criança superdotada. Para isso, é possível detectar algumas características
fundamentais em casa.
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de terror. Tem uma alta e intensa capacidade de ser empática com os demais. Não é
raro que sofram de depressão e ansiedade.
A hipersensibilidade sensorial é pouco conhecida e menos ainda
compreendida.
São crianças que se incomodam com a etiqueta das roupas, os sons fortes, as
luzes intensas.
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Fonte: br.123rf.com
Este termo é usado pelos psicólogos para descrever uma evolução desigual no
desenvolvimento. As crianças com alta capacidade podem estar preocupadas com
temas existenciais e, por sua vez, reagir com pirraça descomunal diante da perda de
um brinquedo.
Também acontece que a criança superdotada quer fazer coisas que pensou e
imaginou, mas que não pode fazer porque seu nível de motricidade não lhe permite
devido à idade. Então, estamos diante de crianças que têm uma evolução intelectual
que não corresponde ao seu desenvolvimento em outros níveis, como o emocional ou
o motor. Isso lhes gera grandes frustrações e impotência.
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senso de independência. Portanto, precisam que a família e a escola não sejam
excessivamente rígidos e estejam abertos a estimular seu desenvolvimento.
Hipersensibilidade
Como as crianças, os adultos superdotados têm uma grande capacidade de
admiração. Eles podem sentir uma profunda alegria ao mais suave estímulo, ou ficar
completamente devastados pela menor injustiça. Eles também tendem a ser muito
suscetíveis à humilhação. Por causa de sua extrema sensibilidade, as reações às
vezes são excessivas. Como resultado, as pessoas superdotadas geralmente
possuem profunda empatia e se preocupam com os outros. Elas absorvem as
emoções dos outros, o que pode provocar sentimentos de culpa: como posso ser feliz
enquanto outros sofrem? Devidamente canalizada, essa sensibilidade e empatia
podem torná-los grandes santos, filantropos ou artistas.
Percepção perspicaz
Os adultos talentosos são muitas vezes perceptivos – não apenas sobre o
mundo, mas sobre si mesmos. Mas essas capacidades aumentadas podem às vezes
ser desestabilizadoras.
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As pessoas superdotadas tendem a estar muito conscientes de seus limites e
se sentem perpetuamente insatisfeitas. Elas podem buscar mudanças frequentes na
tentativa de encontrar a satisfação que lhes escapa. Os arrependimentos geralmente
aparecem com destaque em suas mentes. No entanto, essa percepção também pode
ser uma bênção. A visão clara sobre limitações e falhas torna possível encontrar
soluções e progredir, e também pode ser combinada com uma maior apreciação de
sucesso, beleza, bondade e verdade.
Veem as possibilidades
Pessoas superdotadas podem ser atormentadas por muitos medos. Na vida
cotidiana, elas podem acabar ansiosamente considerando tudo o que pode dar errado.
Por outro lado, essa exploração mental de possibilidades também pode levar a uma
grande criatividade e capacidade de resolver problemas.
Pessoas superdotadas podem ter dificuldade em lidar com sua intensa vida
interior de imaginação. Seus pensamentos podem derivar em devaneios indesejados
e cenários imaginários vívidos, bons e ruins. Suas emoções fortes podem dominá-los.
Em alguns casos, isso pode levar ao isolamento e a uma forte percepção de ser
diferente. Se eles canalizam esse mundo interior vividamente, eles podem se tornar
grandes contadores de histórias.
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As pessoas superdotadas geralmente se sentem fora de sincronia com os
outros.
As pessoas superdotadas podem ficar “paralisadas” quando se concentram em
um detalhe menor que não interessa a mais ninguém, mas é de suma importância
para elas. Elas podem permanecer no lugar enquanto outros continuam a avançar.
Isso pode ser de grande valor, porque esse detalhe que chama a atenção deles pode,
na verdade, ser a chave para resolver um problema ou fazer uma descoberta.
As pessoas superdotadas podem estar “atrás” de alcançar objetivos como
fama, dinheiro ou bens materiais, mas provavelmente não se importam. Segundo elas,
outras pessoas dão muita importância a valores que deveriam ser secundários, sem
se fazerem perguntas importantes, como: para onde vou? O que eu estou fazendo
com a minha vida? O que estou tentando obter? Quais são minhas prioridades?
Mais uma vez, esse sentimento de estar fora de sintonia pode provocar uma
sensação de solidão, pois evidencia a distância entre a pessoa superdotada e o
mundo e entre ela e os outros, mesmo dentro da família. No entanto, sua capacidade
de empatia pode ajudá-los a construir pontes com pessoas diferentes deles.
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a criança aprende a esconder ou negar suas habilidades, passando a desenvolver
problemas comportamentais ou psicológicos, a fim de melhor se adaptar às
necessidades do ambiente escolar. (FLEITH, 2007).
Além disso, a grande maioria das crianças demonstra um padrão desigual de
desenvolvimento cognitivo e diferenças no desenvolvimento intectual, emocional ou
psicomotor. Não se deve ignorar a influência da familia no desenvolvimento do
individuo com altas habilidades uma vez que tanto o contexto familiar quanto escolar,
são reconhecidos como dimensões críticas e essenciais no desenvolvimento das
habilidades da criança.
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didáticos específicos e atividades que venham a desenvolver o potencial desses
alunos(as), sem constrange-los a ao atrasa-los em seu desempenho seja escolar ou
em qualquer área de sua vida, havendo sempre a inclusão entre eles.
Fonte: soumamae.com.br
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Pesquisadores justificam que as narrativas são aliadas na perspectiva de
melhorar a visão do educador. Por meio do estudo e análise das mesmas é possível
aproximar o docente da realidade do estudante identificado com Altas
Habilidades/Superdotação.
Por meio da análise é possível verificar a veracidade que os teóricos discutem
e pesquisam. Também a análise possibilita uma aproximação do educar com o público
com habilidades acima da média. Torna-se o tema uma reflexão concreta, visto que,
no decorrer dos fatos narrados são demonstrados muitos problemas que poderiam ter
sido evitados se os profissionais da educação tivessem recebido uma formação
adequada. O cenário atual demonstra que a diversidade no contexto escolar, apesar
de muitos debates, não tem recebido, nas formações iniciais e capacitações
posteriores, um olhar direcionado para suas especificidades. Os educadores
compreendem as subáreas da diversidade muito superficialmente, o que gera um
atendimento deficitário e ineficaz.
A partir das narrativas dos educadores e dos educandos é possível buscar
respostas e soluções para sanar problemas que surgem e são evidentes no cotidiano
escolar. É importante ouvir e dar voz ao sujeito que está inserido na realidade do
contexto, torna-se um caminho mais sintético na busca de uma intervenção e a
execução da mesma pode ser realizada em curto prazo.
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Certamente, essa atuação nem sempre é fácil, portanto, é preciso ampliar a
conscientização sobre a importância de programas de ensino de qualidade para esses
alunos que são dotados de altas capacidades.
Como dizem Mendonça, Rodrigues e Capellini (2018, p. 3): “A inteligência sempre foi
um mistério e um desafio para muitas sociedades, mais ainda quando as pessoas
apresentam inteligência superior à média da população. Esclarece-se que as pessoas
com Altas Habilidades/Superdotação podem demonstrar essa condição em várias
áreas do conhecimento e de modo único ou concomitante, mostrando um
desempenho acima da média, em suas áreas de interesse, quando são comparados
aos outros alunos de mesma faixa etária e nível de escolaridade. De acordo com Silva,
Rolim & Mazoli (2016, pp. 2): “A partir dessa ideia, as AH/SD situam-se como um
fenômeno multidimensional, ou seja, contemplam habilidades cognitivas, afetivas,
sociais, artísticas, criativas e motivacionais”.
Vale alertar para a necessidade de atenção referente ao processo de
identificação de altas habilidades, devido a muitas pessoas, por muitos anos, usarem
o senso comum, não conhecendo tal fenômeno com maior propriedade e somente
considerando com altas habilidades/superdotação aqueles que demonstram elevado
desempenho nos testes de inteligência. Como consequência disso, essa concepção
ainda permanece no meio de alguns educadores e pesquisadores, sendo que tal
percepção é o oposto das atuais tendências sobre essa temática, uma vez que não
se deve desconsiderar outros domínios, como: liderança, habilidades artísticas e
interpessoais, processos emocionais, contextos sociais, criatividade e motivação
como componentes da superdotação (Pocinho, 2009). Corroboram com essa ideia
Nakano, Campos e Santos (2017, pp. 105) ao destacarem que: “Convém salientar a
multidimensionalidade desse fenômeno, visto que os potenciais individuais de
superdotação podem corresponder a determinadas áreas de desempenho acadêmico
ou não acadêmicos”.
Por conta dessas características peculiares desses alunos com AH/SD, faz-se
necessário a elaboração e desenvolvimento de políticas públicas que regulamentem
atendimentos especializados, direcionados a esses discentes. Consideram-se, então,
relevantes os trabalhos que resgatam a legislação vigente sobre a temática, uma vez
que, desse modo, precisa-se refletir sobre o que já está colocado, mas deve-se buscar
a garantia dos direitos dos que são contemplados pelas leis. Observa-se que a
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legislação educacional do Brasil reconhece as especificidades dos alunos com altas
habilidades e a necessidade que eles têm de atendimento educacional especializado,
porém, “sabe-se que a vigência de políticas públicas não são suficientes para que os
estudantes sejam identificados e atendidos” (Pedro, 2016, p. 284).
Nota-se que entre os contextos de produção e aplicação do conhecimento, por
um lado há um desenvolvimento proveitoso no entendimento científico da
superdotação. Contudo, no âmbito brasileiro, este saber fica restrito aos níveis de pós-
graduação, não estabelecendo muita relação com os cursos de licenciatura, deixando
certas lacunas na formação inicial dos docentes referentes à compreensão dessa
temática (Pérez, 2014). De acordo com Freitas (2014), ao analisar a produção
acadêmica relacionada a dissertações e teses, verifica-se que os trabalhos referentes
à área das Altas Habilidades/Superdotação estão vinculados a programas de Pós-
graduação em Educação e Psicologia. Pérez e Freitas (2011) comentam sobre a
necessidade de haver a inclusão de conhecimentos específicos sobre a área das altas
habilidades ou superdotação em cursos de formação, tanto inicial quanto continuada.
Pedro (2016, pp. 281) acrescenta que: “[...] no contexto da educação especial e
inclusiva, principalmente na área de altas habilidades ou superdotação, é comum
encontrarmos apontamentos sobre a precária formação para o atendimento a esta
população [...]”.
Anjos (2018) também comenta que a formação continuada precisa ser requisito
como o meio capaz de promover a apreensão dos conhecimentos científicos e legais
aos docentes já em serviço a fim de que possam transformar seus saberes e práticas,
tornando-se mais aptos a lidarem com mais efetividade com a inclusão dos alunos
com AH/SD. No entanto, para que isso realmente aconteça é indispensável que os
estados e os municípios brasileiros tenham como foco a implantação de políticas
públicas para favorecer a formação de professores. Jesus e Vieira (2011) discorrem
que se deve ter a preocupação com a reorganização das estruturas dos currículos
escolares e dos processos de avaliação das unidades de ensino, objetivando
assegurar o acesso a um ensino de qualidade nas escolas de educação básica.
Ainda relacionado a esse assunto, Pérez e Freitas (2014) constatam que,
mesmo com o relativo avanço legal que ampliou o atendimento a esses estudantes
com altas habilidades, a nível de políticas públicas, as medidas ainda encontram
obstáculos em sua efetivação, assim como o número de discentes identificados nas
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escolas públicas permanece reduzido. Corrobora com esse pensamento, Anjos (2018)
quando salienta que perante um atendimento deficitário fornecido aos alunos com
superdotação, no ambiente de ensino regular, os conhecimentos, as práticas, a
formação dos educadores torna-se tema fundamental para serem repensados, visto
que são os professores que estão bem próximos dos discentes, diariamente, sendo,
pois, os principais agentes voltados ao desenvolvimento educativo desse público.
Porém, chama-se a atenção para não culpabilizar o corpo docente por mudanças que
requerem transformações estruturais de ordem externa relacionadas ao setor escolar.
Ressalta-se, portanto, que apesar de a legislação educacional brasileira
assegurar os direitos dos alunos com AH/SD, na condição de sujeitos com
necessidades educacionais especiais, o setor educacional brasileiro é estigmatizado
pela falta de formação tanto acadêmica como profissional nessa área, por isso
enfatiza-se a importância de incluir nos cursos de licenciatura e de formação de
professores, disciplinas relacionadas a essa demanda.
Sem dúvida, que a formação continuada aprimora os conhecimentos dos
docentes, preenchendo algumas lacunas dos cursos iniciais. Sendo, portanto,
fundamental alertar para a relevância da formação continuada para os professores
para que, assim, possam atender com mais eficiência seu alunado, especialmente,
aqueles com necessidades especiais.
Acredita-se que nos últimos anos a temática das altas habilidades ou
superdotação ganhou um maior espaço na mídia televisiva e também na cultura
digital, já que são encontrados vários sites que comentam sobre esse tema. Conforme
enfatizam Matos e Maciel (2016, p. 185): “A compreensão de que esses alunos
precisam de atendimentos específicos é uma das possibilidades de ampliação dos
recursos e leis destinadas ao ensino desse grupo.
Quanto à temática bullyng, verifica-se também a prevalência desse
comportamento em relação aos estudantes altas habilidades ou superdotação. Então,
mostra-se muito importante debater sobre esse assunto, principalmente, nas
instituições escolares, visto que é um tema bastante em voga atualmente. Maciel
(2012) relatou que a não identificação e desvalorização do potencial dos estudantes
podem favorecer a prática do bullyng, já que esses alunos se tornam vítimas, porque
são comumente chamados por apelidos pejorativos no contexto escolar.
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Guimarães e Alencar (2013) salientam que há, atualmente, uma dificuldade
em diferenciar características do fenômeno das AH/SD e as que pertencem à
síndrome de Asperger, tornando-se, portanto, são necessárias pesquisas que
evidenciem as diferenças dessas condições, a fim de que esses estudantes não
recebam diagnósticos imprecisos ou equivocados. Nessa mesma concepção, García
(2015) relata que a literatura mostra que a dupla excepcionalidade pode acontecer
nos mais variados transtornos e deficiências, sendo muito comum em pessoas com
síndrome de Asperger, Tourette e transtorno de Gilles.
Fonte:stock.adobe.com
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mais efetiva a esses alunos. Acrescentam também que os conceitos preestabelecidos
e mitos que envolvem esse público, estão ainda enraizados na sociedade, assim como
a necessidade de um atendimento especializado para suprir as suas necessidades
educacionais especiais (Matos; Maciel, 2016).
É importante desmitificar estes mitos entre a equipe docente das instituições
escolares, para que estes estudantes sejam identificados e atendidos na medida das
suas necessidades (Pedro, 2016). Percebe-se que um dos mitos existentes é que
esses discentes apresentam um ótimo desempenho escolar em diversas áreas de
domínio.
Azevedo e Mettrau (2010) também comentam sobre a existência de alguns
mitos relacionados às AH/SD, dentre eles acreditar que se referem a alunos
academicamente superiores, apresentando sempre um ótimo rendimento escolar e,
assim, não teriam necessidade de um atendimento especializado. Contudo, esses
estudantes podem ter um baixo rendimento acadêmico, devido a não valorização do
seu potencial, sentindo-se, muitas vezes, pouco desafiados dentro do âmbito escolar,
gerando, assim, situações em que esses estudantes com altas habilidades ou
superdotados se igualam aos alunos de desenvolvimento típico ou pode ocorrer até o
desejo de evasão da escolar por se sentirem bastante desmotivados, algo que ainda
acontece no meio acadêmico por falta de informações e habilidades por parte dos
profissionais e familiares que acompanham esses alunos.
Esses mitos ainda imperam na escola, nas famílias e na sociedade em geral,
impedindo o respeito e adequação ao atendimento às necessidades desses sujeitos
com AH/SD. Ressalta-se, portanto, a importância de a escola oportunizar
aconselhamento à criança e à sua família sobre a condição social e psicológica de
seus filhos, contando com uma equipe efetivamente especializada, composta por
professores preparados para atender a essas crianças, além do trabalho de
psicopedagogos, psicólogos e neuropsicólogos, atuando em uma equipe
multidisciplinar no contexto escolar. Que isso seja visto não como uma utopia, mas
como uma verdadeira necessidade encontrada nas escolas brasileiras.
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15 AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NO RECONHECIMENTO DAS ALTAS
HABILIDADES/ SUPERDOTAÇÃO
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profissionais, visto que tem possibilidades de aplicação em diferentes contextos.
Ratifica-se que a avaliação neuropsicológica é um instrumento importante no
diagnóstico mais específico das funções psicológicas superiores por contribuir para a
compreensão do processo de aprendizagem.
Na mesma direção, Carvalho e Guerra (2010, pp. 327) destacam que a
avaliação neuropsicológica tem por objetivo: “identificar as características das funções
mentais do indivíduo como inteligência, linguagem, memória, atenção, função
executiva, praxias e visuoconstrução, [...] cognição social, reconhecimento de
emoções e habilidades sociais”. E, assim, não se pode desconsiderar que a
neurociência ajuda a compreender “[...] além do funcionamento cerebral, as questões
sobre as sensações, a irritabilidade, motivação, comportamento e entre outros
sintomas comuns a todos nos espaços escolares e onde possa somar aos
conhecimentos pedagógicos para melhor contribuição junto aos estudantes” (Silva,
Gomes, Queiroz, 2016, pp. 7).
Enfatiza-se que, no decorrer de todo o processo avaliativo, os instrumentos
utilizados na avaliação neuropsicológica são de extrema importância para uma melhor
assertividade. E Silva, Rolim, Mazoli (2016, pp. 8) corroboram ao falarem que: “[...]
avaliação neuropsicológica é uma técnica que tem buscado compreender os
processos cognitivos, sociais e emocionais desse público para propor intervenções,
educacionais e/ou clínicas, de forma adequada para garantir o desenvolvimento
integral de pessoas com AH/SD”. E acrescentam.
A avaliação tradicional de inteligência, baseada em testes psicométricos, ainda
é um recurso importante para identificar o comportamento e funcionamento cognitivo
desse público. Mas, aos poucos, tem-se buscado avaliar outras habilidades como
criatividade, liderança, aspectos motivacionais e artísticos. Ainda, tem-se esforçado
para associar os resultados dos testes neuropsicológicos com seus correlatos
neuroanatômicos e neurofisiológicos, a partir de instrumentos de neuroimagem (Silva;
Rolim; Mazoli, 2016, pp. 10).
A avaliação neuropsicológica é uma das principais atividades exercidas pelo
neuropsicólogo clínico e que nela são utilizadas entrevistas, exames quantitativos e
qualitativos. Testes e baterias neuropsicológicos são usados na avaliação das funções
cognitivas e destaca ainda que o olhar apurado desse profissional é indispensável na
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interpretação dos resultados obtidos. Silva, Rolim e Mazoli (2016, pp.13) explicam
que:
Pedro (2016, pp. 282) discorre nessa mesma direção: “[...] apontamos a
necessidade de construirmos e/ou traduzirmos instrumentos de avaliação que sejam
validados para a nossa realidade, para que possamos realizar avaliações diagnósticas
mais precisas e seguras”. Pesquisadores, dentre eles Nakano, estão elaborando e
buscando validade da Bateria para Avaliação das Altas Habilidades. O instrumento é
composto por subtestes que avaliam a inteligência, com provas de raciocínio verbal,
numérico, lógico e abstrato e, também, construtos de criatividade, por meio de
atividade figurativa e verbal com os testes Completando Figura e Criação de
Metáforas (Silva, Rolim & Mazoli, 2016). Contudo, percebe-se a dificuldade de se
avaliar essas crianças de forma integral devido à escassez de instrumentos
específicos para a população alvo brasileira.
A literatura mostra que testes não específicos vêm sendo utilizados nesse
processo de identificação, principalmente, voltados à avaliação da inteligência, ainda
não fornecendo tanta ênfase nas outras habilidades que também podem estar
envolvidas nesse fenômeno das AH/SD. No entanto, Nakano, Campos e Santos
(2016, pp. 106) comentam que: “[...] tendência importante que também vem sendo
notada é o reconhecimento de que, aliado aos testes, outra importante fonte de coleta
de dados vem sendo estacada na literatura e refere-se à utilização de uma avaliação
externa do indivíduo, [...] realizada por pais e professores”.
Enfatiza-se, portanto, que não se deve confundir o perfil desses estudantes
com AH/SD, nem identificá-los de modo inadequado, sendo importante haver
diagnósticos realizados por psicólogos, neuropsicólogos e educadores capacitados
para serem confiáveis.
Vale ressaltar os estudos neuropsicológicos dos autores: Bartoszeck (2014),
pessoas com AH/SD apresentam uma maior ativação das áreas cerebrais no
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processo de informação de entrada e, assim, apresentam melhor desempenho da
memória de trabalho e atenção para resolução de problemas complexos.
Fonte: www.curitiba.pr.gov.br
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Sem dúvida, há uma diversidade de características presentes em sujeitos com
AH/SD que incluem variáveis cognitivas, socioemocionais, ilustrando a complexidade
desse público. Nesse sentido, respeitar as experiências e características individuais e
compreender os comportamentos é de suma importância, uma vez que o perfil dessas
pessoas não segue uma norma única, precisa ou inflexível. Dessa forma,
compreendemos que, para aprender, é necessário estar em contato com novos
desafios, novos estímulos para diversas áreas cerebrais, buscando as potencialidades
humanas.
Cardoso (2017) enfatiza sobre a necessidade de se investir em programas de
intervenções de promoção à saúde cognitiva e de estimulação de habilidades
neurocognitivas em crianças, uma vez que tais programas podem potencializar os
processos cognitivos e levar a benefícios de curto a longo prazo.
Dessa forma, deve-se oferecer suporte aos alunos superdotados em seu
desenvolvimento socioemocional e intelectual, garantindo-lhes uma estimulação de
forma que suas habilidades se desenvolvam em um ambiente favorável, identificando
suas necessidades educacionais e acompanhando-os durante o seu processo de
ensino-aprendizagem, contando com o apoio da escola, família e da sociedade para
desenvolver-se no contexto social, podendo usufruir de um ambiente responsivo às
suas necessidades.
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16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LOPES, Aline Maria da Silva. A criança com superdotação / altas habilidades: o papel
da escola no desenvolvimento de talentos. 2018.
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17 BIBLIOGRAFIA
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