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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3

2 UM NOVO OLHAR PARA AS ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO . 4

3 ASPECTOS LEGAIS QUE EMBASAM O ATENDIMENTO EDUCACIONAL


ESPECIALIZADO EM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO .............................. 7

4 SUPERDOTAÇÃO É UMA DEFICIÊNCIA? ................................................ 9

4.1 O que é superdotação? ........................................................................ 9

4.2 Características da superdotação .......................................................... 9

4.3 De onde vem a superdotação? .......................................................... 10

4.4 Como lidar com a superdotação? ....................................................... 10

4.5 Estímulos extras para superdotação .................................................. 11

5 COMO É O CÉREBRO DAS CRIANÇAS SUPERDOTADAS?................. 12

6 ALTAS HABILIDADES E SUPERDOTAÇÃO NO BRASIL: CELEIRO


DESPERDIÇADO...................................................................................................... 16

6.1 Altas Habilidades e Superdotação: O que é? ..................................... 17

6.2 Parâmetros usados para distinguir indivíduos com Altas Habilidades /


Superdotação ........................................................................................................ 17

6.3 Tipos de inteligência (de habilidades) ................................................ 18

6.4 Confusões ocasionadas pelos termos superdotado e gênio .............. 20

6.5 Facilidades, dificuldades e desafios nos âmbitos: Familiar, Escolar /


Acadêmico, Laboral e Social ................................................................................. 20

7 CRIANÇAS SUPERDOTADAS TÊM MUITA CRIATIVIDADE E


IMAGINAÇÃO FÉRTIL .............................................................................................. 22

8 COMO RECONHECER UMA CRIANÇA SUPERDOTADA? .................... 24

9 COMO SABER SE VOCÊ TEM UMA CRIANÇA SUPERDOTADA EM


CASA? 25
1
9.1 Precocidade intelectual ...................................................................... 25

9.2 Hipersensibilidade emocional e sensorial........................................... 25

9.3 Altamente criativas ............................................................................. 26

9.4 Hipersensibilidade psicomotora .......................................................... 26

9.5 Dissincronia evolutiva ......................................................................... 27

10 COMO EDUCAR A UMA CRIANÇA SUPERDOTADA? ........................ 27

11 COMO SER “SUPERDOTADO” PODE AFETAR SUA VIDA ADULTA?28

12 A CRIANÇA COM SUPERDOTAÇÃO / ALTAS HABILIDADES: O PAPEL


DA ESCOLA NO DESENVOLVIMENTO DE TALENTOS ......................................... 30

13 A CRIANÇA COM AH/S NA ESCOLA COMUM: PROPOSTA DE


INCLUSÃO 31

13.1 Características predominantes dos habilidosos matematicamente . 33

14 DIFICULDADES RELACIONADAS AO ATENDIMENTO DOS ALUNOS


COM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO ...................................................... 35

15 AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NO RECONHECIMENTO DAS


ALTAS HABILIDADES/ SUPERDOTAÇÃO .............................................................. 41

16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 46

17 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 47

2
1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável -
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 UM NOVO OLHAR PARA AS ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO

A visão das Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) ainda é permeada por


uma série de mitos e crenças errôneas e preconceituosas, não só pelo senso comum,
como também pelos próprios profissionais da educação, inclusive na área da
Educação Especial, o que prejudica o atendimento desta população.
Estudos demonstram a importância da conscientização dos profissionais da
educação e, principalmente, dos professores que atuam em sala de aula, garantindo
o desenvolvimento de políticas educacionais que proporcionem um encaminhamento
adequado a esses alunos. Já se passaram 22 anos desde a promulgação da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN e ainda existem barreiras e
preconceitos para a inclusão de alunos com altas habilidades/superdotação.
Provavelmente isso se deve a complexidade e dificuldade na interpretação destas
questões.
Assim, considera-se importante a abertura à discussão, esclarecimentos e a
desmistificação do tema, buscando ampliar os conhecimentos dos profissionais para
que se possam identificar no contexto escolar alunos com indicadores de AH/SD,
proporcionando os encaminhamentos necessários para o desenvolvimento de
potenciais.
A LDBEN não conceitua a expressão alunos com necessidades especiais,
contudo faz menção aos alunos superdotados e prevê garantias para estes alunos no
capítulo V. O que mostra que alunos superdotados são considerados alunos com
necessidades educacionais especiais.
A Política da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, de
janeiro de 2008, define alunos com altas habilidades/superdotação demonstram
potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas:
Intelectual, Acadêmica, Liderança, Psicomotricidade e Artes. Também apresentam
elevada criatividade, grande envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas
em áreas de seu interesse.

As altas habilidades/superdotação não são, como muitos ainda pensam, um


dom, mas sim características e comportamentos que podem e devem ser
aperfeiçoados na interação com o mundo e que se apresentam numa
variedade grande de combinatórias. (MEC, 2006, Apud COSTA.E. A. F. 2018,
pág. 63).

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Segundo as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação
Básica (MEC, 2001) as crianças com AH/SD são aquelas que apresentam notável
desempenho e elevada potencialidade em qualquer um dos seguintes aspectos,
isolados ou combinados: capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica específica,
pensamento criador ou produtivo, capacidade de liderança, talento especial para as
artes e capacidade psicomotora.

Fonte: www.vittude.com

Gardner (1995), autor da teoria das inteligências múltiplas, entende que a


inteligência é a competência para resolver problemas e elaborar produtos relevantes
a uma dada cultura. Para este teórico, a superdotação pode se manifestar em uma ou
mais das oito inteligências descritas por ele: inteligência linguística, lógico-
matemática, espacial, musical, corporal cinestésica, interpessoal, intrapessoal e
naturalista. Existem ainda estudos acerca de uma nona inteligência, que seria a
existencial ou espiritual. De acordo com Gardner, todos possuem estas inteligências
em algum grau, porém, o indivíduo pode apresentar desempenho notável em uma
delas e não apresentar um bom desempenho em outra, visto que elas funcionam de
maneira independente. Pessoas com AH/SD têm capacidades e/ou habilidades
superiores em uma ou mais inteligências.

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Ligado ao aspecto da inteligência, Gardner afirma a importância da motivação,
envolvimento e satisfação na resolução de problemas ou elaboração de produtos.
Renzulli e Reis (1997) fazem uma distinção entre ser superdotado – um
conceito absoluto – e em desenvolver comportamentos de superdotação – um
conceito relativo, que pode ser variável e ser desenvolvido em qualquer pessoa, em
certo tempo e sob certas circunstâncias.
Renzulli (2004) propõe a concepção dos três anéis para se entender a
superdotação. Nesta concepção, três aspectos básicos devem se interrelacionar:
habilidade (geral ou específica) acima da média, comprometimento com a tarefa, e
alto nível de criatividade. É importante ressaltar que a criatividade não está
relacionada somente à área artística, mas a qualquer área de interesse do sujeito.

As pessoas que marcaram a história por suas contribuições ao conhecimento


e à cultura não são lembradas pelas notas que obtiveram na escola ou pela
quantidade de informações que conseguiram memorizar, mas sim pela
qualidade de suas produções criativas, expressas em concertos, ensaios,
filmes, descobertas científicas, etc. (RENZULLI; REIS, 1985, Apud COSTA.E.
A. F. 2018, pág. 64).

De acordo com a concepção dos três anéis, não é necessário que estes
conjuntos de traços estejam desenvolvidos igualmente e na mesma intensidade. Mas
é necessário que interajam e que resultem em um alto nível de produtividade.
Portanto, conforme Virgolim (2007) é importante buscar o desenvolvimento e equilíbrio
dos anéis responsáveis por comportamentos de superdotação, dando oportunidade
para que os sujeitos com AH/SD desenvolvam amplamente o seu potencial.
Vários pesquisadores brasileiros (Alencar e Fleith 2001; Aspesi 2003; Chagas
2003; Fleith e Virgolim 1999; Gunther 2000; Maia Pinto 2002; Novaes 1979; Ouro fino
2005; Sabatella 2005; Virgolim 1997 e 2005) assinalam a necessidade de aumentar
os serviços direcionados às pessoas com AH/SD, no sentido de vir a conhecer melhor
as características desse grupo em nosso país, e de atender, no contexto escolar e
familiar, as suas necessidades afetivas e cognitivas especiais. Descrevem também a
necessidade de fazer mais pesquisas na área e de influenciar o desenvolvimento de
políticas públicas no contexto brasileiro que favoreçam o reconhecimento, o estímulo
e o aproveitamento de nossos potenciais humanos. (VIRGOLIM, 2014)
Segundo Virgolim (2014), a forma de uma pessoa enxergar a superdotação
será um fator primário tanto na construção de um plano de identificação quanto no

6
oferecimento de serviços relevantes para as características que trazem alguns jovens
à nossa atenção em primeiro lugar.

3 ASPECTOS LEGAIS QUE EMBASAM O ATENDIMENTO EDUCACIONAL


ESPECIALIZADO EM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO

Aos alunos superdotados foi garantido o atendimento especializado no âmbito


da educação escolar, que deve ser realizado na escola comum, na qual todos os
demais alunos são educados e escolarizados.
A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de 5% da população tem
algum tipo de alta habilidade (PÉREZ, 2011, p.25). Esse público necessita de
atendimento especializado, flexibilização e enriquecimento curricular para que suas
necessidades sejam atendidas. Observa-se, entretanto, que provavelmente devido
aos mitos e preconceitos existentes no imaginário da sociedade acerca dos aspectos
da superdotação, o atendimento voltado a esse público se revela deficitário. De acordo
com Pérez (2011) tem-se a ideia de que, por ser superdotado, não há necessidade de
atendimento diferenciado e especializado, acreditando que o indivíduo tem condições
de desenvolver seu potencial sozinho, por vezes negligenciando-se a educação
desses alunos. Faz-se importante esclarecer e divulgar que este sujeito, por ser
público-alvo da educação especial, tem seus direitos garantidos para o atendimento
às suas necessidades educacionais especiais, conforme a Resolução CNE/CEB
4/2009 (Diário Oficial da União, Brasília, 5 de outubro de 2009, Seção 1, p. 17).
Art. 4º Para fins destas Diretrizes, considera-se público-alvo do AEE: (...) III –
Alunos com altas habilidades/superdotação: aqueles que apresentam um potencial
elevado e grande envolvimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou
combinadas: intelectual, liderança, psicomotora, artes e criatividade. ”
A Resolução número 04, de 2 de outubro de 2009, do Conselho Nacional de
Educação / Câmara de Educação Básica, em seu artigo 5º, diz que, “O Atendimento
Educacional Especializado é realizado, prioritariamente na sala de recursos
multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino regular, no turno
inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser
realizado, também, em Centro de Atendimento Educacional Especializado da rede
pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins

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lucrativos, conveniadas com a Secretaria de Educação ou órgão equivalente dos
Estados, Distrito Federal ou dos Municípios.”

Fonte: radioitaperuna96fm.com.br

O art. 7º da mesma resolução enfatiza que, os alunos com Altas


Habilidades/Superdotação terão suas atividades de enriquecimento curricular
desenvolvidas no âmbito de escolas públicas de ensino regular em interface com os
núcleos de atividades para Altas Habilidades/Superdotação e com as instituições de
Ensino Superior e institutos voltados ao desenvolvimento e promoção da pesquisa,
das artes e dos esportes (BRASIL, 2009).
Para que a inclusão se torne uma realidade, é preciso que os sistemas de
ensino definam normas de gestão democrática e que os profissionais da educação
participem da elaboração do projeto pedagógico da escola (Brasil, 1996, Art.14, I). É
necessário se prever todas as mudanças que os sistemas de ensino, as escolas e a
sociedade devem promover para que os alunos com necessidades educacionais
especiais sejam realmente incluídos na escola.

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4 SUPERDOTAÇÃO É UMA DEFICIÊNCIA?

Essa habilidade deve ser desenvolvida para trazer benefícios.


A superdotação é uma deficiência? A pergunta não pode ser facilmente
respondida. Isso porque a superdotação é vista na maioria das vezes como uma
habilidade e não como uma dificuldade.
Porém, há casos em que a superdotação provoca obstáculos na vida da
pessoa, principalmente na fase da infância quando a personalidade e interação
social começam a se desenvolver.

4.1 O que é superdotação?

De acordo com a publicação, a “superdotação é um fenômeno raro e que são


poucas as crianças e jovens de nossas escolas que poderiam ser considerados
superdotados. O que pode ser salientado é que se realmente as condições forem
inadequadas, dificilmente o indivíduo com um potencial maior terá condições de
desenvolvê-lo”.
Frente à essa realidade, é importante saber que uma criança superdotada
precisa das condições adequadas para se desenvolver, do contrário, suas habilidades
podem ser desperdiçadas.
E se engana quem pensa que a superdotação está relacionada somente ao
conhecimento empírico ou técnico. Existem diferentes tipos de dotação que envolvem
as áreas não só cognitiva, como socioafetiva e até psicomotor.

4.2 Características da superdotação

A superdotação pode ser notada principalmente na fase pré-escolar. De acordo


com a cartilha do MEC, as características mais relevantes das pessoas superdotadas
são: alto grau de curiosidade, boa memória, atenção concentrada, persistência,
independência e autonomia, interesse por áreas e tópicos diversos e aprendizagem
rápida.
Além disso, as crianças com superdotação também possuem: criatividade e
imaginação, iniciativa, liderança, vocabulário avançado para a sua idade cronológica,

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riqueza de expressão verbal, habilidade para considerar pontos de vistas de outras
pessoas, facilidade de interagir com crianças mais velhas ou com adultos e habilidade
para lidar com ideias abstratas.
As demais habilidades das crianças super adotadas são: habilidade para
perceber discrepâncias entre ideias e pontos de vista, interesse por livros e outras
fontes de conhecimento, alto nível de energia, preferência por situações novas, senso
de humor e originalidade para resolver problemas.

4.3 De onde vem a superdotação?

De acordo com o neurologista Leandro Teles, a superdotação tem influência


genética. “A inteligência apresenta 80% de semelhança entre gêmeos idênticos e
cerca de 40-50% entre gêmeos não idênticos. Isso significa dizer que há um grande
componente do código genético, mas também há 20% de questões ambientais
envolvidas”.
O especialista também alerta que genético nem sempre quer dizer herdado dos
pais, mas sim de mutações genéticas aleatórias e independentes. E lembra que: “a
inteligência é fruto do nosso código genético e de fatores ambientais, como a nutrição,
ocorrência de exposições nocivas na fase de desenvolvimento, etc”.

4.4 Como lidar com a superdotação?

Os pais e professores devem saber lidar com as crianças superdotadas a fim


de não prejudicarem o desenvolvimento intelectual e social delas. Para isso, é preciso
levar em consideração os seus interesses e implantar atividades que estimulem as
suas habilidades.
Em ambiente escolar é preciso adaptar o currículo para evitar redundâncias ou
informações desnecessárias, pois o aluno superdotado certamente já terá domínio
sobre os assuntos mais básicos.
Por isso, a superdotação é encarada por alguns profissionais como uma
deficiência, pois é preciso moldar o ambiente para encarar os desafios de
aprendizagem de uma criança com esse perfil.

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Os gestores de educação precisam se dedicar ao estímulo e os pais também
têm que saber lidar com as questões relacionadas à superdotação. Em casos
específicos, é importante descobrir qual é o nível de conhecimento das crianças sobre
cada assunto, a fim de evitar repetições.
Um bom modo de lidar com crianças superdotadas é apresentar a
elas situações que provoquem o emprego de várias habilidades, dessa forma, você
estará a ajudando a estimular a criatividade e a resolução de problemas.
Outro fator relevante é que a criança superdotada possa fazer as suas
escolhas, sempre acompanhada de perto pelos responsáveis e, desde cedo, sejam
apresentadas às suas condições cognitivas.

Essa descoberta é importante para que a própria criança superdotada se


interesse pela sua condição especial e faça as melhores escolhas
relacionadas às suas habilidades. Outro fator crucial é que ela receba
estímulos e elogios a cerca das suas características, mas evite rotulá-lo como
superdotado. (Apud BATISTA P. 2018)

Essa condição deve ser encarada como natural, para que não atrapalhe a vida
social da criança e nem crie situações desestimulantes.

4.5 Estímulos extras para superdotação

Além do ambiente escolar tradicional, as crianças com superdotação precisam


receber estímulos extras. Por isso, a participação dos pais e das pessoas que vivem
próximas é determinante.
Atividades extracurriculares serão bem-vindas, mas lembre-se de não
sobrecarregar a agenda da criança. Se ela já demostra dotação na música, procure
incluí-la em aulas particulares, assim como nas demais áreas, como esporte, ciência,
comunicação, dança etc.
Porcentagem de pessoas superdotadas: ela chega a ser 5% de toda a
população mundial. Ou seja, não são poucas as pessoas que possuem características
superdotadas;
Perfil das pessoas superdotadas: não há um perfil definido para quem tem
essa habilidade. Ela contempla pessoas de todas as idades, sexos, raças ou perfil
socioeconômico;

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Notas do superdotado: nem sempre quem tem Q.I. alto é superdotado. Por
exemplo, pessoas que são superdotadas na área da música, nem sempre tiram notas
boas em matemática. Assim como grandes esportistas, nem sempre se dão bem nos
testes padrões;
Superdotado não é gênio: embora as duas características possam se
sobressair, nem sempre são relacionadas. Um gênio é aquela pessoa que deu uma
generosa contribuição para a sociedade. Já um superdotado é destaque nas suas
habilidades;
Uma pessoa superdotada é sempre comportada: o neurologista Leandro
Teles também desmistifica essa crença. Superdotação não tem nada a ver com
comportamento quieto, calado. Muitas vezes eles são extremamente barulhentos e
agitados;
Superdotado tem um futuro garantido: se a criança for bem estimulada,
certamente ela será bem produtiva na vida profissional. Porém, isso não é automático.
Ela tem que receber a atenção correta para saber direcionar as suas habilidades.
Fase para identificar uma criança superdotada: essa descoberta ocorre logo
nos primeiros anos de vida. As fases pré-escolar são fundamentais para isso e os
parentes, responsáveis e escola devem estar preparados para lidar com a
superdotação.

5 COMO É O CÉREBRO DAS CRIANÇAS SUPERDOTADAS?

O cérebro das crianças superdotadas ou com alta capacidade de desempenho


tem suas vantagens, mas também traz algumas limitações. Eles processam a
informação de maneira muito veloz, têm uma capacidade analítica muito desenvolvida
e um senso crítico bastante sofisticado. Nem sempre, no entanto, essas crianças
conseguem alcançar seu potencial, nem desenvolvem uma mente forte o suficiente
capaz de manejar de forma hábil suas capacidades, assim como o universo emocional
que deriva disso.
O que em um primeiro momento pode parecer apenas uma grande bênção,
para muitas pessoas não funciona exatamente assim. Toda criança superdotada ou
com altas capacidades terá as dificuldades normais de toda criança da sua idade,
somadas, é claro, às que derivam de seu alto coeficiente intelectual.

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O cérebro das crianças superdotadas ou com alta capacidade cognitiva se
desenvolve de modo diferente das crianças com um nível de inteligência média ou
normal.
Desse modo, e ainda que frequentemente ouçamos falar das notáveis
vantagens de um cérebro dotado de habilidades extraordinárias, nem sempre outros
fatores que também caracterizam essa parte da população são levados em
consideração. Estamos falando de ansiedade, de baixa autoestima, de desconexão
com um entorno pouco ajustado a suas necessidades, de isolamento… Todos esses
problemas começam a se tornar mais evidentes por volta dos 11 anos de idade.

Fonte: melhorcomsaude.com.br

As associações estatais ou mesmo as não governamentais que trabalham com


essas crianças têm diretrizes bastante claras. Não basta fazer uso de todos os meios
possíveis para a identificação da condição em idades bastante jovens – estima-se que
o ideal seja entre os 3 e os 5 anos de idade. Precisamos também compreender como
é o cérebro das crianças superdotadas. É prioridade entender como ele se
desenvolve, e como devemos lidar com cada marco do desenvolvimento neural,
acompanhando-o com os reforços e o suporte mais adequado possível.

O cérebro das crianças superdotadas ou com altas capacidades

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Os neurocientistas sempre tiveram um grande interesse em compreender o
cérebro das crianças superdotadas. O que o torna diferente das crianças com uma
inteligência média ou normal? Que recursos neurais excepcionais essas crianças
apresentam para ter uma capacidade tão mais desenvolvida? Muitas dessas
perguntas já foram respondidas graças ao novos avanços na ciência de estudo do
cérebro como, por exemplo, as técnicas de contraste e as ressonâncias
eletromagnéticas.

Seu córtex cerebral se desenvolve mais lentamente

Esse dado é muito chamativo, mas foi algo que a neurociência já deixou bem
claro. Já foi confirmado a partir de estudos realizados com o cérebro de pessoas com
QI muito elevado, como Albert Einstein, que elas não tem um cérebro maior. Mais
impressionante ainda, as crianças com altas capacidades costumam apresentar um
córtex cerebral menor. Conforme a idade, porém, o desenvolvimento dessa parte da
massa cerebral vai sofrendo um espessamento e engrossando de forma lenta, mas
constante, até a chegada da adolescência.
Em uma criança com um QI normal, acontece justamente o contrário. Na
primeira infância, essas crianças apresentam um córtex cerebral mais grosso.
Chegados os 12 ou 13 anos, a área tende a diminuir, reduzindo seu tamanho total. O
que isso significa? Basicamente que o cérebro de uma criança com elevadas
habilidades cognitivas vai se sofisticando e se especializando com o tempo. Seu
momento de maior potencial é a adolescência.

As regiões do cérebro são mais especializadas

As crianças superdotadas apresentam, também, um volume maior de matéria


cinzenta em certas regiões do cérebro. Lembremos que a matéria cinzenta tem
relação com a cognição, a inteligência e a nossa capacidade de processamento de
informação. Isso significa basicamente que alunos superdotados têm mais facilidade
e maior habilidade para lidar com dados, analisá-los e extrair conclusões.
Há no cérebro 28 regiões relacionadas com a nossa habilidade de raciocinar,
agir, focar a atenção e reagir a estímulos sensoriais externos. As crianças com altas

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capacidade apresentam uma maior especialização em cada uma dessas áreas
cerebrais.

Há uma maior conexão neuronal

Enquanto a matéria cinzenta contém e lida com a informação, a matéria ou


substância branca é a que permite a mobilidade da informação, pois garante a
conexão entre os neurônios. Já podemos adivinhar que no cérebro de crianças
superdotadas esta é, sem dúvida, a parte com uma das características mais notáveis.
Sua eficiência neuronal é enorme.
O cérebro tem, podemos dizer de forma figurativa, muito mais estradas e ruas
neuronais para conduzir os dados, a informação e os conceitos. Além disso, essas
vias são todas intercomunicadas, em uma ampla rede que torna o cérebro sofisticado
e hiperconectado, permitindo um funcionamento muito rápido. Agora… essa mesma
característica também traz algumas desvantagens.
Podem surgir engarrafamentos muitas vezes. Ou seja, a criança com alta
capacidade cognitiva pode entrar em colapso diante de tanta informação processada,
diante de tanta relação que o cérebro cria entre uma ideia e outra. É por isso que às
vezes há um bloqueio. Diante de tantas ideias, hipóteses e inferências, há uma pane
no sistema. Há tanta atividade mental e neuronal que frequentemente essas crianças
podem demorar muito mais tempo para terminar uma prova, ou inclusive para
responder uma pergunta de aparência bastante simples.

A plasticidade cerebral é uma grande vantagem

Grande parte dos trabalhos neurocientíficos ressaltam a grande capacidade de


plasticidade que o cérebro das crianças superdotadas possui. Tal como falamos no
início do artigo, seu córtex cerebral cresce de forma mais lenta, mas enquanto isso,
ele se especializa e vai se desenvolvendo de forma constante. Novas conexões são
criadas, novas estradas são abertas de forma gradual para facilitar a aprendizagem.
Quando uma criança presta atenção em uma nova experiência, seu cérebro
muda, se especializa, novos caminhos neurais são construídos para criar uma maior
conexão entre áreas, regiões e estruturas. A plasticidade das crianças superdotadas

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é tão maravilhosa que muitos neurocientistas as classificam como mente em eterno
crescimento. Mentes famintas e desejosas de interação, cujas expectativas nem
sempre são cumpridas pela maioria de nós, meros mortais que estão ao seu redor.
Há algo que temos que ter em mente sobre todas as informações trazidas. É a
forma como o cérebro das crianças superdotadas se desenvolve. O desenvolvimento
se dá de forma gradual, mas sofisticada, e tem seu pico na adolescência. Enquanto
crianças com um QI normal têm seu pico de maturação cerebral entre os 5 e 6 anos,
são os adolescentes com altas habilidades que exigem uma maior demanda quando
chegam a essa fase da vida.
Eles precisam, antes de tudo, de um contexto que os favoreça e permita que
eles usem o potencial de suas capacidades, impulsionando sua plasticidade cerebral.
Se o ambiente dessa criança entre 10 e 11 anos é pouco estruturado e pouco ajustado
a suas capacidades, o mais comum é que ela lide com o ostracismo e a frustração.
Sejamos, então, mais sensíveis a essas mentes tão despertas, mas também frágeis
em muitos aspectos.

6 ALTAS HABILIDADES E SUPERDOTAÇÃO NO BRASIL: CELEIRO


DESPERDIÇADO

O conceito de Altas Habilidades e Superdotação no Brasil ainda é pouco


explorado. Apesar do nosso país ser um verdadeiro celeiro de crianças e jovens que
se destacam por seus talentos, a falta de informação por parte dos familiares e
professores acaba impossibilitando que muitas delas tenham suas habilidades
potencializadas.
Pela legislação brasileira, todos os brasileiros têm direito a receber educação
de qualidade, independentemente de suas condições. Contudo, a Educação Especial
no Brasil ainda é defasada.
O desperdício de Altas Habilidades e Superdotação no Brasil bem como a falta
de políticas públicas que promovam a inclusão real desses alunos dentro do sistema
público de educação ainda é grande.
Além disso, a dificuldade de identificação desses talentos também é outro fator
que contribui para a falta de valorização de pessoas dotadas de super habilidades no
Brasil.

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6.1 Altas Habilidades e Superdotação: O que é?

O conceito de Altas Habilidades e Superdotação no Brasil é o mesmo utilizado


por programas de educação especial.
Resumindo, essa é uma condição que pode ser identificada em indivíduos que
tem um desempenho intelectual muito acima do padrão, bem como aptidão acadêmica
especifica, alta capacidade psicomotora, talento elevado para artes, capacidade de
liderança, e capacidade intelectual de maneira geral.

6.2 Parâmetros usados para distinguir indivíduos com Altas Habilidades /


Superdotação

A identificação de Altas Habilidades e Superdotação é feita com base no Plano


Nacional de Educação (PNE). Esse diagnóstico é feito com o auxilio de professores,
por meio da observação sistemática do desempenho do aluno, bem como dos seus
comportamentos.
Além disso, também são utilizados os Parâmetros Curriculares Nacionais, que
fazer parte das Adaptações Curriculares, Saberes e Práticas da Inclusão, série
publicada pela Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação.
Entre as características de identificação de Altas Habilidades e Superdotação
no Brasil, podemos citar:
 Excelente capacidade de memorização;
 Alto grau de curiosidade;
 Atenção concentrada;
 Persistência elevada;
 Interesse por áreas, temáticas e tópicos diversos;
 Independência e autonomia;
 Facilidade de aprendizado;
 Criatividade e imaginação:
 Inciativa;
 Capacidade de Liderança;
 Vocabulário avançado para sua faixa etária cronológica;
 Consegue expressar suas ideias com facilidade;

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 Consegue entender e compreender diferentes pontos de vista;
 Facilidade de interação com indivíduos de diferentes idades;
 Consegue perceber diferenças em ideias e pontos de vistas;
 Interesse por livros e outras fontes de conhecimento;
 Muita energia;
 Preferência por situações/objetos novos;
 Alto Senso de humor;
 Consegue resolver problemas com ideias originais.
A análise desses parâmetros é de fundamental importância, pois somente por
meio da identificação desses sinais que é possível verificar as habilidades das
crianças ou jovens e dar o condicionamento necessário para que elas sejam incluídas
dentro do ambiente escolar.

Fonte: recordtv.r7.com

6.3 Tipos de inteligência (de habilidades)

Entre as habilidades que podemos identificar em crianças e jovens


superdotados estão:

 Naturalística

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O aluno consegue identificar, dentro do ambiente natural, padrões complexos.

 Lógico
Raciocínio lógico elevado, capacidade de resolver problemas facilmente,
computação numérica.

 Linguística
Consegue compreender leituras complexas bem como escrever textos
extensos e de diferentes temáticas avançadas, gosto por aprender idiomas.
Inteligência de poetas e escritores.

 Musical
Capacidade inerente de compor, cantar e tocar diferentes tipos de
instrumento, mesmo nunca tendo feito qualquer tipo de aula.

 Espacial
Consegue representar e manipular diferentes configurações e equações
espaciais, recriar padrões visuais mesmo sem estímulos físicos. Como por exemplo
artistas e arquitetos.

 Corporal – cinestésica
Consegue usar seu corpo, ou partes dele, para realizar tarefas especificas e
de nível avançado. Ex: bailarinos e esportistas.

 Interpessoal
Consegue compreender outros indivíduos em diferentes contextos sociais.

 Intrapessoal
Tem um alto grau de autocompreensão, conseguindo entender seus próprios
sentimentos, emoções e habilidades.
Em alguns casos, o indivíduo pode ter apenas um desses tipos de
inteligência, ou vários. Isso dependerá do seu grau cognitivo.

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6.4 Confusões ocasionadas pelos termos superdotado e gênio

Ao longo dos anos, os conceitos de Altas Habilidades e Superdotação sofreram


várias mudanças. Por conta disso, é comum haver confusões quanto a esses termos.
Em alguns casos, os jovens com essas habilidades são encarados como
“inteligentes demais” a ponto de não precisarem de qualquer auxílio, o que é um erro.
Justamente por terem capacidades acima da média, as pessoas com altas
habilidades e superdotação precisam de um auxilio extra, pois somente dessa forma
é possível aproveitar melhor todo o potencial que esse seleto grupo de pessoas tem
para oferecer.
Outras confusões comuns ao falarmos de Altas Habilidades e Superdotação no
Brasil são:
 O superdotado vive lendo e escrevendo sem parar;
 É o jovem que critica e questiona frequentemente;
 São os “sabe-tudo”;
 O indivíduo sabe fazer uma coisa super bem, mas não tem outras
habilidades;
 O superdotado tem comportamento “esquisito” dentro da sala de aula, ou,
atrapalha constantemente o professor.
É preciso ter em mente que todos os conceitos acima sobre Altas Habilidades
e Superdotação no Brasil são errados, sendo válido apenas o citado incialmente.

Facilidades, dificuldades e desafios nos âmbitos: Familiar, Escolar /


Acadêmico, Laboral e Social

Quando falamos de Altas Habilidades e Superdotação, é preciso salientar que


cada caso é um caso. Muitos indivíduos sentem dificuldades, por exemplo, de se
socializar. Já outros tem uma interação social acima da média.
Dentro do âmbito escolar, uma dificuldade comum é em relação ao
aprendizado. Isso porque, geralmente o superdotado foca sua atenção em temas de
seu interesse, e tem dificuldades de aprender outros.
No âmbito familiar, em muitos casos o superdotado pode ser discriminado por
conta da sua habilidade.

20
Estatísticas recentes do Brasil, subnotificação e desperdício de talentos

As estatísticas apontam que as Altas Habilidades e Superdotação no Brasil


ainda são pouco trabalhadas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS),
entre 3% e 5% da população tem talentos acima da média.
Estima-se ainda que pelo menos 2,5 milhões de alunos com esse tipo de
característica estejam matriculados no Ensino Médio, mas, não nenhum tipo de
organização que permita a criação de ações voltadas para eles.

Limitações, despreparo e repercussões no meio familiar, escolar /


acadêmico, laboral e social.

Quando falamos de Altas Habilidades e Superdotação no Brasil, o grande


problema é que a falta de preparo de professores e familiares, acabam limitando o
desenvolvimento de jovens que apresentam esses talentos.
Em muitos casos eles são diagnosticados com dificuldades de aprendizado e
hiperatividade, quando na verdade, apenas tem um desenvolvimento diferenciado dos
demais à sua volta.

Comorbidades

As comorbidades relacionadas a superdotação estão ligadas, principalmente,


as dificuldades comportamentais e emocionais, tendo em vista que em sua maioria os
jovens com altas habilidades sofrem com a falta de compreensão dentro de casa e no
ambiente escolar.

A importância de um olhar diferenciado na identificação, avaliações e


direcionamento adequado para o desenvolvimento de uma vida psicológica
saudável e de suas habilidades

Não tem como falar de Altas Habilidades e Superdotação no Brasil, sem


ressaltar o despreparo e a falta de conhecimento de muitos profissionais frente a essa

21
condição, que poderia ser melhor trabalhada caso houvesse meios para o
estabelecimento de um diagnóstico mais preciso.
Ainda há muito que fazer para que os quase 5% da população que tem
habilidades acima da média, possam ser diagnosticados corretamente e ter o seu
potencial desenvolvido e aprimorado corretamente.
É necessário que os debates sobre Altas Habilidades e Superdotação no Brasil
se tornem mais frequentes e que especialistas elaborem, meios mais efetivos de
identificação. Apenas dessa maneira vamos parar de ser um celeiro desperdiçado.

7 CRIANÇAS SUPERDOTADAS TÊM MUITA CRIATIVIDADE E IMAGINAÇÃO


FÉRTIL

Muitos pais se surpreendem e se sentem orgulhosos com o desenvolvimento


dos filhos, a rapidez da aprendizagem e a capacidade de absorção de informações.
O ritmo de desenvolvimento das crianças não é homogêneo. Cada uma tem seu
tempo, mas há indícios que demonstram se seu filho tem facilidade no aprendizado e
são os chamados 'superdotados'.
Elas têm uma inteligência superior, grande criatividade, imaginação fértil, e uma
curiosidade insaciável. São crianças com necessidades e exigências diferentes das
outras crianças com a mesma idade.
A pedagoga e psicopedagoga Larissa Fonseca afirma que não existe um
padrão comportamental homogêneo entre os indivíduos superdotados. "É possível
identificar algumas características que, analisadas dentro de um conjunto de
comportamentos, possam servir como indicativos na avaliação da superdotação.
Crianças superdotadas podem apresentar todas essas características, ou apenas
algumas delas. Por isso, vale ressaltar que somente um profissional especializado no
assunto poderá diagnosticar efetivamente e confirmar se a criança é superdotada."

Superdotação é um fenômeno, segundo Larissa, que se caracteriza por uma


elevada capacidade mental e um nível de performance significativamente
superior à média. "As crianças superdotadas são aquelas que, em relação ao
seu desenvolvimento neurológico e motor, são iguais a todas as outras, no
entanto, o seu desenvolvimento mental foge dessa sintonia das
demais."(Apud PIRES T. 2018)

22
É importante oferecer um ambiente com recursos que estimulem
continuamente as capacidades mentais, para que as crianças e adolescentes
conheçam seu potencial e sua condição particular intelectual. "Não se deve esquecer
que, embora possua capacidades avançadas para sua idade, o superdotado deve ser
tratado de acordo com a sua faixa etária de desenvolvimento. A criança superdotada
necessita de um ambiente que lhe ofereça condições para exercer suas capacidades
diferenciadas de forma adequada".

Fonte: www.rte.ie

Tanto pais quanto educadores devem evitar supervalorizar as expectativas


quanto ao desempenho da criança; aceitando suas falhas e ajudando a criança a
enfrentar qualquer tipo de dificuldade. "Crianças superdotadas que não têm as
informações necessárias para entender o seu lado diferente podem apresentar alguns
problemas por não encontrarem desafios compatíveis com sua inteligência e podem
ser vistas como desatentas, dispersivas, desmotivadas e, até mesmo como
portadores de transtornos como o TDAH (transtorno de déficit de atenção com
hiperatividade). Estudos apontam que o desconhecimento da superdotação pode
gerar indivíduos insatisfeitos, inseguros, desestimulados com a escola", alerta Larissa.

23
8 COMO RECONHECER UMA CRIANÇA SUPERDOTADA?

Para reconhecer uma criança superdotada ou com altas capacidades


intelectuais, é preciso recorrer à avaliação de especialistas. Entretanto, é possível
detectar sinais importantes que permitam aos pais notá-los-los e apoiá-los em todo o
seu potencial.
Uma criança superdotada tem uma forma de ser, de entender e processar a
realidade muito diferente. Suas altas capacidades intelectuais podem levá-las a ser
incompreendidas pelo mundo que as rodeia.
Com frequência pode-se considerar que uma criança com alto rendimento
acadêmico ou que de forma precoce é capaz de adquirir vários e diversos
conhecimentos, é uma criança superdotada. Porém, não é exatamente assim que
funciona.
A superdotação inclui dons e talentos que precisam ser educados
adequadamente, para que possam liberar todo o seu potencial em benefício próprio e
de toda a sociedade, mas que também sejam crianças felizes. Neste ponto, os pais
desempenham um papel crucial para reconhecer se suas crianças são superdotadas.

O que significa ser uma criança superdotada?

Quando se fala do conceito de Altas Capacidades Intelectuais, como cada vez


é mais comum chamar às crianças superdotadas, engloba-se superdotação, talento e
precocidade intelectual.
Para simplificar o conceito e torná-lo mais compreensível, estabelece-se que
uma criança superdotada é aquela que tem um quociente de inteligência igual ou
superior a 130.
Ser uma criança superdotada significa gozar de uma excepcionalidade muito
superior em todas as áreas e aptidões da inteligência.
Assim, uma criança com bom rendimento escolar, ou muito talentosa para as
artes ou esportes, ou muito precoce para aprender a falar, não necessariamente é
uma criança superdotada.

24
9 COMO SABER SE VOCÊ TEM UMA CRIANÇA SUPERDOTADA EM CASA?

Para muitos pais é difícil ter um filho que é diferente dos outros. Supõe um
desafio compreender que é uma criança que, por mais que tentemos, não responderá
e nem se comportará de acordo com o padrão estabelecido pela média das crianças
de sua idade.
De fato, uma criança superdotada pode ter também uma infância muito difícil.
Isso porque percebe muito mais informações e estímulos do que consegue gerenciar.
Além disso, o mundo que as rodeia pode ser incompreensível, lento e até hostil em
relação às suas capacidades.
Os pais são fundamentais para garantir o desenvolvimento e a felicidade de
uma criança superdotada. Para isso, é possível detectar algumas características
fundamentais em casa.

9.1 Precocidade intelectual

São bebês que demandam muita atenção, que se superestimulam com


facilidade.
Levantam a cabeça no primeiro mês de vida, vocalizam dois sons diferentes
aos 45 dias de nascidos, dizem suas primeiras palavras antes de um ano…
Ainda, falam antes dos dois anos ou escrevem antes do resto de seus
coleguinhas.
São crianças que usam um vocabulário preciso, rico e muito amplo para a sua
idade. Têm uma memória prodigiosa, tanto a curto quanto a longo prazo. Aprendem
muito rapidamente e têm curiosidade para aprender mais.

9.2 Hipersensibilidade emocional e sensorial

Uma criança superdotada é muito intensa emocional e sensorialmente.


A intensidade emocional desconcerta aos pais, que não sabem entender o
excesso de emoção em suas reações.
É uma criança com baixa tolerância à frustração, costuma ter explosões de
birras ou pirraças enormes. Reage de forma exagerada diante de um filme triste ou

25
de terror. Tem uma alta e intensa capacidade de ser empática com os demais. Não é
raro que sofram de depressão e ansiedade.
A hipersensibilidade sensorial é pouco conhecida e menos ainda
compreendida.
São crianças que se incomodam com a etiqueta das roupas, os sons fortes, as
luzes intensas.

9.3 Altamente criativas

Uma criança superdotada é muito criativa porque percebe a realidade de forma


diferente. É muito imaginativa. Como a percepção sensorial é maior do que no resto
das pessoas, lhe ocorrem muitas soluções aos problemas que surgem.
Estas crianças questionam a autoridade e as normas se não são bem
argumentadas e não tem sentido para elas. São muito hábeis dando uma solução,
porém mais ainda fazendo perguntas que deixarão seus pais sem respostas. Os
temas existenciais lhes preocupam desde muito cedo, tais como a vida, a morte, a
existência de Deus ou o amor.
Têm predileção por jogos de caráter cognitivo, tipo quebra-cabeças. Também
optam por jogos de construção que lhes imponham desafios cada vez mais
complexos.

9.4 Hipersensibilidade psicomotora

São crianças que estão em constante movimento. Têm excedentes de energia


e são difíceis de cansar. São entusiastas e precisam estar em atividade física ou
cognitiva.
É muito frequente que erroneamente sejam diagnosticadas com Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), porque o aborrecimento as leva a pôr o
excedente de energia em ações que geram constante movimento.
Porém, estão muito longe de ter problemas de atenção. Pelo contrário, têm uma
alta capacidade de concentração quando realizam uma tarefa de seu interesse. Por
outro lado, podem ser muito distraídas se não lhes interessa.

26
Fonte: br.123rf.com

9.5 Dissincronia evolutiva

Este termo é usado pelos psicólogos para descrever uma evolução desigual no
desenvolvimento. As crianças com alta capacidade podem estar preocupadas com
temas existenciais e, por sua vez, reagir com pirraça descomunal diante da perda de
um brinquedo.
Também acontece que a criança superdotada quer fazer coisas que pensou e
imaginou, mas que não pode fazer porque seu nível de motricidade não lhe permite
devido à idade. Então, estamos diante de crianças que têm uma evolução intelectual
que não corresponde ao seu desenvolvimento em outros níveis, como o emocional ou
o motor. Isso lhes gera grandes frustrações e impotência.

10 COMO EDUCAR A UMA CRIANÇA SUPERDOTADA?

O sistema educativo nem sempre tem a capacidade de satisfazer às demandas


destas crianças, que são vistas como uma carga ou um problema. Isso pode leva-las
a fracassar, tanto a nível pessoal quanto acadêmico.
Educar uma criança superdotada não é fácil, já que elas têm um temperamento
complexo: são distraídas, autocríticas, perfeccionistas e competitivas, com um grande

27
senso de independência. Portanto, precisam que a família e a escola não sejam
excessivamente rígidos e estejam abertos a estimular seu desenvolvimento.

11 COMO SER “SUPERDOTADO” PODE AFETAR SUA VIDA ADULTA?

Uma das características da inteligência é que a pessoa duvida de si mesma.


Consequentemente, as pessoas talentosas não se consideram talentosas. Siaud-
Facchin também observa que ser superdotado é muito mais do que inteligência: é
também sobre coração, emoções e uma maneira particular de interagir com o mundo.
Ela acrescenta que ser superdotado é possuir inteligência poderosa e
sensibilidade intensa que afetam todos os aspectos da vida. Ser superdotado, como
qualquer outra categorização de personalidade, não é uma questão de preto-e-
branco, “você é ou não é”. Todo mundo é diferente, e nem todas as pessoas talentosas
apresentam os traços discutidos aqui no mesmo grau. Mas, como descrições gerais,
podem ser úteis como uma ferramenta para te ajudar a realizar seu verdadeiro
potencial.

Hipersensibilidade
Como as crianças, os adultos superdotados têm uma grande capacidade de
admiração. Eles podem sentir uma profunda alegria ao mais suave estímulo, ou ficar
completamente devastados pela menor injustiça. Eles também tendem a ser muito
suscetíveis à humilhação. Por causa de sua extrema sensibilidade, as reações às
vezes são excessivas. Como resultado, as pessoas superdotadas geralmente
possuem profunda empatia e se preocupam com os outros. Elas absorvem as
emoções dos outros, o que pode provocar sentimentos de culpa: como posso ser feliz
enquanto outros sofrem? Devidamente canalizada, essa sensibilidade e empatia
podem torná-los grandes santos, filantropos ou artistas.

Percepção perspicaz
Os adultos talentosos são muitas vezes perceptivos – não apenas sobre o
mundo, mas sobre si mesmos. Mas essas capacidades aumentadas podem às vezes
ser desestabilizadoras.

28
As pessoas superdotadas tendem a estar muito conscientes de seus limites e
se sentem perpetuamente insatisfeitas. Elas podem buscar mudanças frequentes na
tentativa de encontrar a satisfação que lhes escapa. Os arrependimentos geralmente
aparecem com destaque em suas mentes. No entanto, essa percepção também pode
ser uma bênção. A visão clara sobre limitações e falhas torna possível encontrar
soluções e progredir, e também pode ser combinada com uma maior apreciação de
sucesso, beleza, bondade e verdade.

Veem as possibilidades
Pessoas superdotadas podem ser atormentadas por muitos medos. Na vida
cotidiana, elas podem acabar ansiosamente considerando tudo o que pode dar errado.
Por outro lado, essa exploração mental de possibilidades também pode levar a uma
grande criatividade e capacidade de resolver problemas.
Pessoas superdotadas podem ter dificuldade em lidar com sua intensa vida
interior de imaginação. Seus pensamentos podem derivar em devaneios indesejados
e cenários imaginários vívidos, bons e ruins. Suas emoções fortes podem dominá-los.
Em alguns casos, isso pode levar ao isolamento e a uma forte percepção de ser
diferente. Se eles canalizam esse mundo interior vividamente, eles podem se tornar
grandes contadores de histórias.

Lutam pela perfeição


Pessoas talentosas lutam pela perfeição em tudo o que fazem. Quando a
perfeição parece inatingível, esse tipo de perfeccionismo pode resultar em inércia ou
paralisia. É importante que eles aprendam a priorizar, de acordo com a importância e
o propósito do assunto em questão: às vezes, “bom o suficiente” é perfeito, para que
possamos nos concentrar em fazer outras coisas de maior importância perfeitamente.
Ser superdotado também vem acompanhado por altos ideais. Esse tipo de
pessoa quer causar impacto no mundo. Combinados com sua criatividade,
discernimento e empatia, eles podem ser verdadeiros transformadores do mundo –
mesmo que esse mundo seja apenas a vida das pessoas em sua comunidade local.

Marcham ao ritmo de seu próprio tambor

29
As pessoas superdotadas geralmente se sentem fora de sincronia com os
outros.
As pessoas superdotadas podem ficar “paralisadas” quando se concentram em
um detalhe menor que não interessa a mais ninguém, mas é de suma importância
para elas. Elas podem permanecer no lugar enquanto outros continuam a avançar.
Isso pode ser de grande valor, porque esse detalhe que chama a atenção deles pode,
na verdade, ser a chave para resolver um problema ou fazer uma descoberta.
As pessoas superdotadas podem estar “atrás” de alcançar objetivos como
fama, dinheiro ou bens materiais, mas provavelmente não se importam. Segundo elas,
outras pessoas dão muita importância a valores que deveriam ser secundários, sem
se fazerem perguntas importantes, como: para onde vou? O que eu estou fazendo
com a minha vida? O que estou tentando obter? Quais são minhas prioridades?
Mais uma vez, esse sentimento de estar fora de sintonia pode provocar uma
sensação de solidão, pois evidencia a distância entre a pessoa superdotada e o
mundo e entre ela e os outros, mesmo dentro da família. No entanto, sua capacidade
de empatia pode ajudá-los a construir pontes com pessoas diferentes deles.

12 A CRIANÇA COM SUPERDOTAÇÃO / ALTAS HABILIDADES: O PAPEL DA


ESCOLA NO DESENVOLVIMENTO DE TALENTOS

Nas últimas décadas, observam-se grandes avanços nos estudos relativos à


Altas Habilidades/Superdotação (AH/S), sobretudo pesquisas envolvendo aspectos
que tratam de propostas educacionais e de currículos inovadores. A criança entra na
vida escolar, em geral, sem consequências do que é ou não capaz de fazer. Muitas
dessas crianças não tem a oportunidade de explorar suas potencialidades em seus
anos iniciais de vida e suas habilidades podem ficar escondidas durante anos e, às
vezes, por toda a sua vida como no caso do sujeito com AH/S. (GAMA 2006).
É primordial que as crianças, já nas primeiras séries, sintam-se aceitas pelos
professores e colegas de sua classe. Ademais, se o professor não valida ou aceita as
habilidades avançadas e interesses intelectuais da criança, esta pode deixar de
vivenciar sentimentos de aceitação. Da mesma forma se a criança descobre cedo que
é diferente dos colegas e que a comunicação é dificil devido à diferença de vocabulário
e modo de se expressar, pode vir a não ser aceita pelos amigos. Muito frequentemente

30
a criança aprende a esconder ou negar suas habilidades, passando a desenvolver
problemas comportamentais ou psicológicos, a fim de melhor se adaptar às
necessidades do ambiente escolar. (FLEITH, 2007).
Além disso, a grande maioria das crianças demonstra um padrão desigual de
desenvolvimento cognitivo e diferenças no desenvolvimento intectual, emocional ou
psicomotor. Não se deve ignorar a influência da familia no desenvolvimento do
individuo com altas habilidades uma vez que tanto o contexto familiar quanto escolar,
são reconhecidos como dimensões críticas e essenciais no desenvolvimento das
habilidades da criança.

Os pais geralmente têm poucas informações acerca das necessidades de


seu filho com altas habilidades, sentindo-se confusos a respeito de seus
papéis se estimulam ou inibem o potencial promissor de seu filho. É comum
que pais de crianças com superdotação/altas habilidades sintam-se sem
apoio diante das necessidades de seus filhos, por isso é fundamental
manterem-se abertos os canais de comunicação e informação entre a escola
e a família. (GAMA, 2006, Apud LOPES A. M. S. 2018).

Nesse sentido, registram-se muitos casos de precocidade no aparecimento das


habilidades e a resistência das pessoas aos obstáculos e frustações existentes no
desenvolvimento da criança com AH/S. Muitas ainda estão atrasadas em seu
desenvolvimento e muitas vezes essa precocidade não efetiva todo seu potencial.
Perante a problemática acima levantada, esse artigo tem como objetivo discutir as
necessidades da criança com AH/S no âmbito da escola comum a partir de uma
melhor compreensão das peculiaridades inerentes a esse sujeito. (FIGUEIREDO,
2002).

13 A CRIANÇA COM AH/S NA ESCOLA COMUM: PROPOSTA DE INCLUSÃO

O ambiente escolar oportuniza a efetivação da inclusão dos alunos com


necessidades educativas específicas quando as atividades realizadas pela instituição
escolar lidam de forma eficaz com a diversidade. Nesse sentido, cabe ressaltar a
importante função socializadora da escola nesse processo (FIGUEIREDO, 2002).
No caso dos alunos superdotados, a escola pode, em função do
desconhecimento, impedir seu pleno desenvolvimento, pois estes são considerados
capazes de se desenvolverem e aprenderem sozinhos, ou ainda, por considerar
somente aqueles que possuem uma capacidade intelectual superior, talento nas áreas
31
acadêmicas, excluindo totalmente aqueles que possuem talentos nas outras áreas
(artísticos, psicomotores, musical, corporal-sinestésico),estes dificilmente serão
conhecidos como pessoas com características de altas habilidades /superdotação,
posto que seus interesses não são contemplados pelo currículo do ensino regular.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei n. 9.394
(1996), “haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola
regular, para atender as peculiaridades da clientela da educação especial”. Portanto,
é na escola que alunos com necessidades especiais devem permanecer a fim de
receber educação escolar conforme a capacidade de cada um (BRASIL, 1996).
Segundo Fleith (2007), para os alunos superdotados, são indicadas mudanças
pedagógicas que ofereçam programas de enriquecimento escolar e de
aprofundamento de estudos, cuja finalidade é de ajustar o ensino ao nível do
desenvolvimento real dos alunos. Estas propostas podem ser realizadas tanto nas
salas de aulas regulares como nas salas de atendimento educacional especializado
ou nas salas de recursos, por áreas de talento ou de interesse. Logo são de
competência da escola.
Com relação às famílias, para Winner (1998) apud Fleith (2007) as famílias de
crianças superdotadas interagem com seus filhos em casa, perguntando e
respondendo questões, discutindo e se engajando em atividades de leitura e
conversas freqüentes. Porém, os pais, muitas vezes, assumem que tal criança é
superior, estimulando padrões de interação competitivos entre irmãos e colegas.
O diagnóstico de crianças superdotadas em escolas infantis regulares não é
freqüente, o que torna as escolas e os docentes, muitas vezes, despreparados para
lidarem com essa raridade.
Pode-se inferir com este estudo, que a maneira de lidar com essas crianças
especiais, depende principalmente da vontade do professor em proporcionar a essa
criança, metodologias que estimulem e desafiem seus processos de ensino e
aprendizagem. Nesse sentido há necessidade de ensino especializado para essas
crianças, para que a família, juntamente com escola, possam galgar por um
desenvolvimento adequado e sem prejuízos tanto escolares, quanto sociais
Portanto, as escolas regulares devem estabelecer metodologias de ensino
específicas, principalmente no que tange à adequação curricular para crianças
superdotadas/ altas habilidades, bem como a oferta de salas especiais, materiais

32
didáticos específicos e atividades que venham a desenvolver o potencial desses
alunos(as), sem constrange-los a ao atrasa-los em seu desempenho seja escolar ou
em qualquer área de sua vida, havendo sempre a inclusão entre eles.

Fonte: soumamae.com.br

13.1 Características predominantes dos habilidosos matematicamente

O público com AH/SD pode apresentar características, isoladas ou


combinadas, tais como: rapidez de pensamento de compreensão e memória elevada,
capacidade de pensamento abstrato, curiosidade intelectual, poder excepcional de
observação, concentração, motivação por disciplinas de seu interesse, capacidade de
produção acadêmica, alto desempenho em testes e na escola, originalidade de
pensamento, imaginação, capacidade de resolver problemas de forma inovadora,
capacidade de perceber formas diferentes em um único tópico, alta capacidade de
liderança, capacidade de se preocupar em resolver situações sociais complexas,
poder de persuasão, talento especial para artes e capacidade psicomotora elevada
Virgolim (2007, p. 28 – 29).
A Matemática foi objeto de interesse de muitos estudiosos, que apresentavam
inteligência acima da média com algumas características predominantes para essa
Ciência. Linde (2013) cita alguns autores com tais características: “Destacam-se
Russell, Gauss, Hilbert, Leibniz e D’Alembert como tendo apresentado alto nível de
33
inteligência matemática, caracterizado por um raciocínio lógico, pensamento
divergente e habilidade numérica.”
Piaget, em sua teoria do Desenvolvimento cognitivo, discute que os alunos
matematicamente habilidosos demonstram um rápido avanço cognitivo, progridem
mediante todas as fases do desenvolvimento cognitivo, porém em cada fase seu
desenvolvimento intensifica seu raciocínio lógico (CASTRO ET AL. 2006).

Segundo Mota e Jiménez (2011), os alunos com talento matemático reúnem


algumas características específicas que podem despertar a observação dos
professores e esses podem aplicar os testes para determinar o especial
talento. As principais características são: capacidade especial para solução
de problemas, formulação espontânea de problemas, flexibilidade em uso de
dados, habilidade para organização de dados, riqueza de ideias, originalidade
de interpretação, habilidade para transferências de ideias, capacidade de
generalização, possuem uma grande capacidade de abstração e capacidade
de “saltar” etapas de processos. (Apud SALES A. 2018)

As pessoas com AH/SD em Matemática possuem uma grande facilidade em


captar as estruturas internas dos problemas e estruturá-los de formas claras e
objetivas, a aptidão em economizar nos procedimentos matemáticos é extremamente
visível nas técnicas utilizadas por esses estudantes. Possuem uma agilidade para
inverter processos matemáticos e utilizamse dos símbolos com muita desenvoltura,
pois não apresentam dificuldades de traduzir seus significados. Possuem também
uma grande capacidade de recordar informações matemáticas estudadas
anteriormente e muita agilidade para fazer aproximações e revertê-las. Os talentosos
em matemática se preocupam em compreender o processo do início ao fim e
costumam se interessar pelas demonstrações de teoremas e não apenas se atentam
a decorar fórmulas.
As Altas Habilidades/Superdotação é um tema contemporâneo na Educação
do Brasil, contudo atualmente o tema vem recebendo um grande destaque, e em
muitas pesquisas sobre diversidade tem sido tratado como o objeto principal.
Mudanças na formação inicial de professores, pode ser observada com muita clareza
no cenário da Educação brasileira, os motivos dessas alterações são muitos, e o
impacto também. Além de pesquisas recentes apontarem a ineficácia da formação
inicial, destacam também as falhas nas capacitações e especializações, as quais não
proporcionam um conhecimento mais aprofundado sobre os temas que estão
inseridos no atual contexto escolar.

34
Pesquisadores justificam que as narrativas são aliadas na perspectiva de
melhorar a visão do educador. Por meio do estudo e análise das mesmas é possível
aproximar o docente da realidade do estudante identificado com Altas
Habilidades/Superdotação.
Por meio da análise é possível verificar a veracidade que os teóricos discutem
e pesquisam. Também a análise possibilita uma aproximação do educar com o público
com habilidades acima da média. Torna-se o tema uma reflexão concreta, visto que,
no decorrer dos fatos narrados são demonstrados muitos problemas que poderiam ter
sido evitados se os profissionais da educação tivessem recebido uma formação
adequada. O cenário atual demonstra que a diversidade no contexto escolar, apesar
de muitos debates, não tem recebido, nas formações iniciais e capacitações
posteriores, um olhar direcionado para suas especificidades. Os educadores
compreendem as subáreas da diversidade muito superficialmente, o que gera um
atendimento deficitário e ineficaz.
A partir das narrativas dos educadores e dos educandos é possível buscar
respostas e soluções para sanar problemas que surgem e são evidentes no cotidiano
escolar. É importante ouvir e dar voz ao sujeito que está inserido na realidade do
contexto, torna-se um caminho mais sintético na busca de uma intervenção e a
execução da mesma pode ser realizada em curto prazo.

14 DIFICULDADES RELACIONADAS AO ATENDIMENTO DOS ALUNOS COM


ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO

Os estudantes com AH/SD são pessoas com Necessidades Educacionais


Especiais, que também podem enfrentar obstáculos nos estudos e precisar de
adaptação no currículo e de estratégias pedagógicas diferenciadas. Muitas vezes, o
professor não entende essas dificuldades e desmotivação (Pérez, 2007) ou, quando
a reconhece, coloca essa atitude como mau comportamento e não como reflexo da
falta de atividades que os estimulem em sua capacidade de aprendizagem, por isso,
neste trabalho, questiona-se a necessidade de programas especiais para esses
alunos. Nessa visão, Turnbull (2013) comenta que os discentes superdotados tornam-
se beneficiados por aqueles professores que ensinam de modo não-convencional,
desafiando esses estudantes a atingirem seu potencial de forma mais completa.

35
Certamente, essa atuação nem sempre é fácil, portanto, é preciso ampliar a
conscientização sobre a importância de programas de ensino de qualidade para esses
alunos que são dotados de altas capacidades.
Como dizem Mendonça, Rodrigues e Capellini (2018, p. 3): “A inteligência sempre foi
um mistério e um desafio para muitas sociedades, mais ainda quando as pessoas
apresentam inteligência superior à média da população. Esclarece-se que as pessoas
com Altas Habilidades/Superdotação podem demonstrar essa condição em várias
áreas do conhecimento e de modo único ou concomitante, mostrando um
desempenho acima da média, em suas áreas de interesse, quando são comparados
aos outros alunos de mesma faixa etária e nível de escolaridade. De acordo com Silva,
Rolim & Mazoli (2016, pp. 2): “A partir dessa ideia, as AH/SD situam-se como um
fenômeno multidimensional, ou seja, contemplam habilidades cognitivas, afetivas,
sociais, artísticas, criativas e motivacionais”.
Vale alertar para a necessidade de atenção referente ao processo de
identificação de altas habilidades, devido a muitas pessoas, por muitos anos, usarem
o senso comum, não conhecendo tal fenômeno com maior propriedade e somente
considerando com altas habilidades/superdotação aqueles que demonstram elevado
desempenho nos testes de inteligência. Como consequência disso, essa concepção
ainda permanece no meio de alguns educadores e pesquisadores, sendo que tal
percepção é o oposto das atuais tendências sobre essa temática, uma vez que não
se deve desconsiderar outros domínios, como: liderança, habilidades artísticas e
interpessoais, processos emocionais, contextos sociais, criatividade e motivação
como componentes da superdotação (Pocinho, 2009). Corroboram com essa ideia
Nakano, Campos e Santos (2017, pp. 105) ao destacarem que: “Convém salientar a
multidimensionalidade desse fenômeno, visto que os potenciais individuais de
superdotação podem corresponder a determinadas áreas de desempenho acadêmico
ou não acadêmicos”.
Por conta dessas características peculiares desses alunos com AH/SD, faz-se
necessário a elaboração e desenvolvimento de políticas públicas que regulamentem
atendimentos especializados, direcionados a esses discentes. Consideram-se, então,
relevantes os trabalhos que resgatam a legislação vigente sobre a temática, uma vez
que, desse modo, precisa-se refletir sobre o que já está colocado, mas deve-se buscar
a garantia dos direitos dos que são contemplados pelas leis. Observa-se que a

36
legislação educacional do Brasil reconhece as especificidades dos alunos com altas
habilidades e a necessidade que eles têm de atendimento educacional especializado,
porém, “sabe-se que a vigência de políticas públicas não são suficientes para que os
estudantes sejam identificados e atendidos” (Pedro, 2016, p. 284).
Nota-se que entre os contextos de produção e aplicação do conhecimento, por
um lado há um desenvolvimento proveitoso no entendimento científico da
superdotação. Contudo, no âmbito brasileiro, este saber fica restrito aos níveis de pós-
graduação, não estabelecendo muita relação com os cursos de licenciatura, deixando
certas lacunas na formação inicial dos docentes referentes à compreensão dessa
temática (Pérez, 2014). De acordo com Freitas (2014), ao analisar a produção
acadêmica relacionada a dissertações e teses, verifica-se que os trabalhos referentes
à área das Altas Habilidades/Superdotação estão vinculados a programas de Pós-
graduação em Educação e Psicologia. Pérez e Freitas (2011) comentam sobre a
necessidade de haver a inclusão de conhecimentos específicos sobre a área das altas
habilidades ou superdotação em cursos de formação, tanto inicial quanto continuada.
Pedro (2016, pp. 281) acrescenta que: “[...] no contexto da educação especial e
inclusiva, principalmente na área de altas habilidades ou superdotação, é comum
encontrarmos apontamentos sobre a precária formação para o atendimento a esta
população [...]”.
Anjos (2018) também comenta que a formação continuada precisa ser requisito
como o meio capaz de promover a apreensão dos conhecimentos científicos e legais
aos docentes já em serviço a fim de que possam transformar seus saberes e práticas,
tornando-se mais aptos a lidarem com mais efetividade com a inclusão dos alunos
com AH/SD. No entanto, para que isso realmente aconteça é indispensável que os
estados e os municípios brasileiros tenham como foco a implantação de políticas
públicas para favorecer a formação de professores. Jesus e Vieira (2011) discorrem
que se deve ter a preocupação com a reorganização das estruturas dos currículos
escolares e dos processos de avaliação das unidades de ensino, objetivando
assegurar o acesso a um ensino de qualidade nas escolas de educação básica.
Ainda relacionado a esse assunto, Pérez e Freitas (2014) constatam que,
mesmo com o relativo avanço legal que ampliou o atendimento a esses estudantes
com altas habilidades, a nível de políticas públicas, as medidas ainda encontram
obstáculos em sua efetivação, assim como o número de discentes identificados nas

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escolas públicas permanece reduzido. Corrobora com esse pensamento, Anjos (2018)
quando salienta que perante um atendimento deficitário fornecido aos alunos com
superdotação, no ambiente de ensino regular, os conhecimentos, as práticas, a
formação dos educadores torna-se tema fundamental para serem repensados, visto
que são os professores que estão bem próximos dos discentes, diariamente, sendo,
pois, os principais agentes voltados ao desenvolvimento educativo desse público.
Porém, chama-se a atenção para não culpabilizar o corpo docente por mudanças que
requerem transformações estruturais de ordem externa relacionadas ao setor escolar.
Ressalta-se, portanto, que apesar de a legislação educacional brasileira
assegurar os direitos dos alunos com AH/SD, na condição de sujeitos com
necessidades educacionais especiais, o setor educacional brasileiro é estigmatizado
pela falta de formação tanto acadêmica como profissional nessa área, por isso
enfatiza-se a importância de incluir nos cursos de licenciatura e de formação de
professores, disciplinas relacionadas a essa demanda.
Sem dúvida, que a formação continuada aprimora os conhecimentos dos
docentes, preenchendo algumas lacunas dos cursos iniciais. Sendo, portanto,
fundamental alertar para a relevância da formação continuada para os professores
para que, assim, possam atender com mais eficiência seu alunado, especialmente,
aqueles com necessidades especiais.
Acredita-se que nos últimos anos a temática das altas habilidades ou
superdotação ganhou um maior espaço na mídia televisiva e também na cultura
digital, já que são encontrados vários sites que comentam sobre esse tema. Conforme
enfatizam Matos e Maciel (2016, p. 185): “A compreensão de que esses alunos
precisam de atendimentos específicos é uma das possibilidades de ampliação dos
recursos e leis destinadas ao ensino desse grupo.
Quanto à temática bullyng, verifica-se também a prevalência desse
comportamento em relação aos estudantes altas habilidades ou superdotação. Então,
mostra-se muito importante debater sobre esse assunto, principalmente, nas
instituições escolares, visto que é um tema bastante em voga atualmente. Maciel
(2012) relatou que a não identificação e desvalorização do potencial dos estudantes
podem favorecer a prática do bullyng, já que esses alunos se tornam vítimas, porque
são comumente chamados por apelidos pejorativos no contexto escolar.

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Guimarães e Alencar (2013) salientam que há, atualmente, uma dificuldade
em diferenciar características do fenômeno das AH/SD e as que pertencem à
síndrome de Asperger, tornando-se, portanto, são necessárias pesquisas que
evidenciem as diferenças dessas condições, a fim de que esses estudantes não
recebam diagnósticos imprecisos ou equivocados. Nessa mesma concepção, García
(2015) relata que a literatura mostra que a dupla excepcionalidade pode acontecer
nos mais variados transtornos e deficiências, sendo muito comum em pessoas com
síndrome de Asperger, Tourette e transtorno de Gilles.

Fonte:stock.adobe.com

É importante mencionar que a família, normalmente, é a primeira a identificar


comportamentos diferenciados e características específicas que chamam a sua
atenção para posteriormente buscarem ajuda, principalmente, no contexto escolar,
uma vez que é a escola que poderá auxiliar os familiares como também direcioná-los
a uma avaliação de forma sistemática e mais assertiva. Além disso, enfatiza-se que
as famílias precisam ser orientadas sobre as AH/ SD de seus filhos, para que possam
fornecer-lhes apoio emocional, assim como oportunidades de enriquecimento
acadêmico e cultural.
Segundo Matos e Maciel (2016), outro ponto que merece ênfase, é que devido
à dificuldade do reconhecimento desse quadro de Educação Especial, não são
realizadas intervenções diferenciadas necessárias para propiciar uma aprendizagem

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mais efetiva a esses alunos. Acrescentam também que os conceitos preestabelecidos
e mitos que envolvem esse público, estão ainda enraizados na sociedade, assim como
a necessidade de um atendimento especializado para suprir as suas necessidades
educacionais especiais (Matos; Maciel, 2016).
É importante desmitificar estes mitos entre a equipe docente das instituições
escolares, para que estes estudantes sejam identificados e atendidos na medida das
suas necessidades (Pedro, 2016). Percebe-se que um dos mitos existentes é que
esses discentes apresentam um ótimo desempenho escolar em diversas áreas de
domínio.
Azevedo e Mettrau (2010) também comentam sobre a existência de alguns
mitos relacionados às AH/SD, dentre eles acreditar que se referem a alunos
academicamente superiores, apresentando sempre um ótimo rendimento escolar e,
assim, não teriam necessidade de um atendimento especializado. Contudo, esses
estudantes podem ter um baixo rendimento acadêmico, devido a não valorização do
seu potencial, sentindo-se, muitas vezes, pouco desafiados dentro do âmbito escolar,
gerando, assim, situações em que esses estudantes com altas habilidades ou
superdotados se igualam aos alunos de desenvolvimento típico ou pode ocorrer até o
desejo de evasão da escolar por se sentirem bastante desmotivados, algo que ainda
acontece no meio acadêmico por falta de informações e habilidades por parte dos
profissionais e familiares que acompanham esses alunos.
Esses mitos ainda imperam na escola, nas famílias e na sociedade em geral,
impedindo o respeito e adequação ao atendimento às necessidades desses sujeitos
com AH/SD. Ressalta-se, portanto, a importância de a escola oportunizar
aconselhamento à criança e à sua família sobre a condição social e psicológica de
seus filhos, contando com uma equipe efetivamente especializada, composta por
professores preparados para atender a essas crianças, além do trabalho de
psicopedagogos, psicólogos e neuropsicólogos, atuando em uma equipe
multidisciplinar no contexto escolar. Que isso seja visto não como uma utopia, mas
como uma verdadeira necessidade encontrada nas escolas brasileiras.

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15 AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NO RECONHECIMENTO DAS ALTAS
HABILIDADES/ SUPERDOTAÇÃO

Pessoas com Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) são identificadas com


nível superior de inteligência. Entretanto, novas teorias já têm superado as
capacidades cognitivas e vêm abordando também questões como motivação e
criatividade. A Neuropsicologia, como interface entre o neurofuncionamento e
questões psicológicas, é um campo de conhecimento que se propõe a estudar essas
novas concepções de inteligência (Silva, Rolim & Mazoli, 2016). E ainda acrescentam
que: “Assim, surgiu como inquietação: de que modo os estudos da Neuropsicologia
situam as AH/SD? Os estudos têm explorado as demais habilidades presentes nesse
público? ” (Silva, Rolim & Mazoli, 2016, pp. 2).
A neuropsicologia realmente está em expansão e vem provando sua
importância. Diniz (2013, pp. 11) enfatiza que: “a neuropsicologia é uma área do
conhecimento em pleno e constante desenvolvimento. Sua interface com diferentes
disciplinas a torna indispensável para uma melhor compreensão dos processos
cognitivos normais e de suas alterações em diferentes estados patológicos”. Portanto,
vale ressaltar que a avaliação neuropsicológica é de grande importância em virtude,
principalmente, da falta de instrumentalização de muitas escolas e dos familiares em
lidar com esta realidade e por isso justifica -se a realização de uma avaliação que
oriente para um melhor desempenho e aproveitamento das capacidades dos alunos.
Atualmente, tem-se discutido bastante entre os educadores a contribuição da
neuropsicologia para a área da educação. Rodrigo e Ciasca (2010) comentam que é
através dessa área de atuação que o indivíduo pode aprender como diferentes áreas
cerebrais operam em conjunto para realizar comportamentos complexos, como é o
caso da aprendizagem. Silva, Rolim e Mazoli (2016, pp. 1) citam ainda os estudos da
Neuropsicologia voltados à avaliação mais completa das AH/SD: “[...] focam, ainda,
nas habilidades cognitivas [...] São necessários que investiguem a atividade
neurofuncional da motivação, criatividade, habilidades artísticas de pessoas com
AH/SD e, ainda, a conexão com as habilidades cognitivas”.
Segundo Nakano, Campos, Santos (2017), a avaliação das altas habilidades,
mesmo sendo escassa na literatura científica, é fundamental dentro da Psicologia. E
avaliação neuropsicológica tem-se mostrado relevante para contribuir com vários

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profissionais, visto que tem possibilidades de aplicação em diferentes contextos.
Ratifica-se que a avaliação neuropsicológica é um instrumento importante no
diagnóstico mais específico das funções psicológicas superiores por contribuir para a
compreensão do processo de aprendizagem.
Na mesma direção, Carvalho e Guerra (2010, pp. 327) destacam que a
avaliação neuropsicológica tem por objetivo: “identificar as características das funções
mentais do indivíduo como inteligência, linguagem, memória, atenção, função
executiva, praxias e visuoconstrução, [...] cognição social, reconhecimento de
emoções e habilidades sociais”. E, assim, não se pode desconsiderar que a
neurociência ajuda a compreender “[...] além do funcionamento cerebral, as questões
sobre as sensações, a irritabilidade, motivação, comportamento e entre outros
sintomas comuns a todos nos espaços escolares e onde possa somar aos
conhecimentos pedagógicos para melhor contribuição junto aos estudantes” (Silva,
Gomes, Queiroz, 2016, pp. 7).
Enfatiza-se que, no decorrer de todo o processo avaliativo, os instrumentos
utilizados na avaliação neuropsicológica são de extrema importância para uma melhor
assertividade. E Silva, Rolim, Mazoli (2016, pp. 8) corroboram ao falarem que: “[...]
avaliação neuropsicológica é uma técnica que tem buscado compreender os
processos cognitivos, sociais e emocionais desse público para propor intervenções,
educacionais e/ou clínicas, de forma adequada para garantir o desenvolvimento
integral de pessoas com AH/SD”. E acrescentam.
A avaliação tradicional de inteligência, baseada em testes psicométricos, ainda
é um recurso importante para identificar o comportamento e funcionamento cognitivo
desse público. Mas, aos poucos, tem-se buscado avaliar outras habilidades como
criatividade, liderança, aspectos motivacionais e artísticos. Ainda, tem-se esforçado
para associar os resultados dos testes neuropsicológicos com seus correlatos
neuroanatômicos e neurofisiológicos, a partir de instrumentos de neuroimagem (Silva;
Rolim; Mazoli, 2016, pp. 10).
A avaliação neuropsicológica é uma das principais atividades exercidas pelo
neuropsicólogo clínico e que nela são utilizadas entrevistas, exames quantitativos e
qualitativos. Testes e baterias neuropsicológicos são usados na avaliação das funções
cognitivas e destaca ainda que o olhar apurado desse profissional é indispensável na

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interpretação dos resultados obtidos. Silva, Rolim e Mazoli (2016, pp.13) explicam
que:

Esses apontamentos, a partir das ideias de Renzulli e Gardner, indicam que


os estudos neuropsicológicos em pessoas com AH/SD, ainda, focam em
habilidades cognitivas, sendo necessário investigar a atividade cerebral das
demais habilidades, como criatividade, liderança, motivação e os tipos de
inteligências (linguístico, musical, lógico matemático, corporal-cenestésico,
interpessoal, intrapessoal, espacial e naturalista), e suas relações
neuroanatômicas e funcionais, a fim de compreender melhor a integração da
atividade cognitiva nas demais habilidades e vice-versa. (Apud MARTINS M.
S. F. 2018).

Pedro (2016, pp. 282) discorre nessa mesma direção: “[...] apontamos a
necessidade de construirmos e/ou traduzirmos instrumentos de avaliação que sejam
validados para a nossa realidade, para que possamos realizar avaliações diagnósticas
mais precisas e seguras”. Pesquisadores, dentre eles Nakano, estão elaborando e
buscando validade da Bateria para Avaliação das Altas Habilidades. O instrumento é
composto por subtestes que avaliam a inteligência, com provas de raciocínio verbal,
numérico, lógico e abstrato e, também, construtos de criatividade, por meio de
atividade figurativa e verbal com os testes Completando Figura e Criação de
Metáforas (Silva, Rolim & Mazoli, 2016). Contudo, percebe-se a dificuldade de se
avaliar essas crianças de forma integral devido à escassez de instrumentos
específicos para a população alvo brasileira.
A literatura mostra que testes não específicos vêm sendo utilizados nesse
processo de identificação, principalmente, voltados à avaliação da inteligência, ainda
não fornecendo tanta ênfase nas outras habilidades que também podem estar
envolvidas nesse fenômeno das AH/SD. No entanto, Nakano, Campos e Santos
(2016, pp. 106) comentam que: “[...] tendência importante que também vem sendo
notada é o reconhecimento de que, aliado aos testes, outra importante fonte de coleta
de dados vem sendo estacada na literatura e refere-se à utilização de uma avaliação
externa do indivíduo, [...] realizada por pais e professores”.
Enfatiza-se, portanto, que não se deve confundir o perfil desses estudantes
com AH/SD, nem identificá-los de modo inadequado, sendo importante haver
diagnósticos realizados por psicólogos, neuropsicólogos e educadores capacitados
para serem confiáveis.
Vale ressaltar os estudos neuropsicológicos dos autores: Bartoszeck (2014),
pessoas com AH/SD apresentam uma maior ativação das áreas cerebrais no
43
processo de informação de entrada e, assim, apresentam melhor desempenho da
memória de trabalho e atenção para resolução de problemas complexos.

Fonte: www.curitiba.pr.gov.br

Esse processo repercute na modificação da descarga de neurotransmissores e


na estrutura de elementos pré e pós-sinápticos. Dicke & Roth (2016) destacam que o
número de neurônios, principalmente os neurônios corticais, apresenta uma eficácia
em sua rede e velocidade de processamento e Kalbfleisch e Gillmarten (2013) falam
acerca da ideia de atividade cerebral dinâmica, esclarecendo que as habilidades
visuoespaciais em sujeitos com AH/SD estão associadas com o hemisfério direito do
cérebro; contudo, Silva, Rolim, Mazoli (2016, pp. 12) relatam que “os estudos recentes
apontam maior conectividade de regiões do cérebro e maior cooperação hemisférica
(ativações bilaterais)”.
Diante do que foi exposto acima e das demais informações encontradas
relacionadas à compreensão do funcionamento neuronal de pessoas com AH/SD,
percebe-se que não há um consenso na literatura. Silva, Rolim, Mazoli (2016, pp. 208)
comentam que há ideias que focam em: “habilidades cognitivas, localizadas no córtex
pré-frontal, responsável pelo pensamento, raciocínio, atenção e flexibilidade cognitiva.
Por outro lado, há uma tentativa de compreender os substratos neurofuncionais de
outras habilidades, motivação e criatividade, mas ainda é incipiente”.

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Sem dúvida, há uma diversidade de características presentes em sujeitos com
AH/SD que incluem variáveis cognitivas, socioemocionais, ilustrando a complexidade
desse público. Nesse sentido, respeitar as experiências e características individuais e
compreender os comportamentos é de suma importância, uma vez que o perfil dessas
pessoas não segue uma norma única, precisa ou inflexível. Dessa forma,
compreendemos que, para aprender, é necessário estar em contato com novos
desafios, novos estímulos para diversas áreas cerebrais, buscando as potencialidades
humanas.
Cardoso (2017) enfatiza sobre a necessidade de se investir em programas de
intervenções de promoção à saúde cognitiva e de estimulação de habilidades
neurocognitivas em crianças, uma vez que tais programas podem potencializar os
processos cognitivos e levar a benefícios de curto a longo prazo.
Dessa forma, deve-se oferecer suporte aos alunos superdotados em seu
desenvolvimento socioemocional e intelectual, garantindo-lhes uma estimulação de
forma que suas habilidades se desenvolvam em um ambiente favorável, identificando
suas necessidades educacionais e acompanhando-os durante o seu processo de
ensino-aprendizagem, contando com o apoio da escola, família e da sociedade para
desenvolver-se no contexto social, podendo usufruir de um ambiente responsivo às
suas necessidades.

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16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBIERI, Dionéia Lucia. Altas Habilidades e Superdotação no Brasil: Celeiro


desperdiçado. 2018.

BATISTA Pollyana. Superdotação é uma deficiência? 2018.

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MEC/SEESP, 1995. Série Diretrizes, n. 10.

COSTA E. A. S. Um novo olhar para as altas habilidades/superdotação. 2018.

LOPES, Aline Maria da Silva. A criança com superdotação / altas habilidades: o papel
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PIRES Tatiana. Crianças superdotadas têm muita criatividade e imaginação fértil.


2018

RUBE Tasha. Como identificar uma criança superdotada. 2019.

SIAUD-FACCHIN Jeanne. Veja o que acontece quando crianças superdotadas


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VIRGOLIM. A. M. R. Altas Habilidades/Superdotação, inteligência e criatividade.


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VIRGOLIM, A.M.R. Altas Habilidades / Superdotação: Encorajando Potenciais.


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17 BIBLIOGRAFIA

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Ensaios Acadêmicos. Editora: Paco Editorial. 2017. ASIN: B01MS8RR64.

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Editora: Juruá; Edição: 1ª. 2014. ISBN-13: 978-8536248998.

VIRGOLIM Angela. Altas habilidades/superdotação, inteligência e criatividade:


Uma visão multidisciplinar. Editora: Papirus Editora. 2018. ASIN: B07L6Q7LYP.

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