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ARTIGO DE REVISÃO

Atualizações em Coagulação:
Os Anticoagulantes Orais Não Antagonistas
da Vitamina K (NOACs)
Updates on Coagulation: Non-Vitamin K Antagonist Oral
Anticoagulants (NOACs)

Isabel Vitória Figueiredo1, Marta Lavrador1, Ana Margarida Freitas2, Brenda Madureira3, Carla Mendes
Campos4, Elizabete Vale Gonçalves5, Francisco Machado6, Jorge Fortuna6, José Feio6, Margarida
Castel-Branco1, Helena Catarino7, Marisa Caetano6, Nuno Vilaça Marques6, Paulo Tavares de Almeida8,
Catarina Luz Rodrigues Oliveira9
1. Faculdade de Farmácia, Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal
2. Hospital CUF Descobertas, Lisboa, Portugal
3. Hospital de São Francisco Xavier, Lisboa, Portugal
4. Unidade Local de Saúde de Matosinhos, Hospital Pedro Hispano, Matosinhos, Portugal
5. Administração Regional de Saúde do Centro, IP, Coimbra, Portugal
6. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal
7. Hospital da Luz Torres de Lisboa, Lisboa, Portugal
8. Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal
9. Hospital de Vila Franca de Xira, Vila Franca de Xira, Portugal

9
Autor Correspondente:
Isabel Vitória Figueiredo, isabel.vitoria@netcabo.pt
Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, Pólo das Ciências da Saúde,
Azinhaga de Santa Comba 3000-548 Coimbra

Recebido: 03/07/2018; Aceite: 22/11/2018


DOI: https://doi.org/10.25756/rpf.v10i4.184

Resumo
Os anticoagulantes orais não antagonistas da vitamina K (NOACs) surgiram como uma alternativa tera-
pêutica aos antagonistas da vitamina K (VKAs). Os NOACs vieram revolucionar a anticoagulação oral,
estando indicados para a prevenção de fenómenos tromboembólicos em doentes com fibrilhação auricular
não valvular e para a prevenção primária e secundária do tromboembolismo venoso, nomeadamente trom-
boses venosas profundas e embolia pulmonar.
Dada a crescente utilização destes anticoagulantes, é importante um aumento do conhecimento acerca dos
mesmos, nomeadamente das suas indicações clínicas, precauções especiais de uso, as suas características
farmacocinéticas e farmacodinâmicas, características posológicas e formas de monitorização.
Neste sentido, a Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares (APFH) reuniu-se para discutir
aspetos críticos desta matéria e, com base na atual evidência científica disponível, adotar uma posição con-
sensual acerca da visão da APFH sobre os aspetos chave e atualizações sobre a coagulação.
Os resultados e conclusões do trabalho focaram-se nas razões da escolha dos diferentes anticoagulantes
(VKAs e NOACs), e, concretamente em relação aos NOACs, nas necessidades de monitorização, em con-
siderações acerca de populações de risco, tempos de semivida, adesão e falhas na toma dos medicamentos,
interações farmacológicas mais relevantes, contraindicações e precauções, antídotos disponíveis, mecanis-
mos de avaliação da anticoagulação e switch entre os vários anticoagulantes.
Palavras-chave: Anticoagulantes; Antídotos/uso terapêutico; Coagulação Sanguínea/efeitos dos fármacos;
Embolia Pulmonar/prevenção e controlo; Fibrilhação Auricular/complicações; Testes de Coagulação San-
guínea; Tromboembolia Venosa/prevenção e controlo; Vitamina K/antagonistas & inibidores

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Abstract
Non-vitamin K antagonist oral anticoagulants (NOACs) have appeared as a therapeutic alternative to
vitamin K antagonists (VKAs). NOACs introduction has changed oral anticoagulation. They are clinically
indicated for the prevention of thromboembolic phenomena in patients with non-valvular atrial fibrillation
and for the primary and secondary prevention of venous thromboembolism, specifically deep vein
thrombosis and pulmonary embolism.
Accounting for the growing use of these anticoagulants, it is important to enhance the knowledge about
them, namely their clinical indications, special precautions in use, pharmacokinetic and pharmacodynamic
characteristics, dosing information and monitoring forms.
As a consequence of this growing awareness, the Portuguese Association of Hospital Pharmacists (APFH)
came together to discuss critical aspects regarding this issue. Based on the current available scientific evi-
dence, APFH aimed to adopt a consensual position on key aspects and new updates on coagulation.
The results and conclusions of this meeting focused on the reasons for choosing between VKAs and NOACs.
When it comes to NOACs, the working group focused on the monitoring needs, risk populations, half-lives,
questions regarding adherence, pharmacological interactions, contraindications and precautions, available
antidotes, mechanisms of anticoagulation evaluation and switch between different anticoagulants.
Keywords: Anticoagulants; Antidotes/therapeutic use; Atrial Fibrillation/complications; Blood Coagula-
tion/drug effects; Blood Coagulation Tests; Pulmonary Embolism/prevention & control; Venous Thrombo-
embolism/prevention & control; Vitamin K/antagonists & inhibitors

10

de fator Xa se formam aproximadamente 1000 molécu-


Introdução las de trombina, a inibição seletiva destes fatores con-
Os anticoagulantes orais não antagonistas da vitamina cretiza o efeito antitrombótico dos NOACs, por redu-
K – em inglês, non-vitamin K antagonist oral anticoagulants ção na produção de fibrina e consequente redução da
(NOACs) – surgiram como uma alternativa terapêuti- formação de trombos.3
ca aos antagonistas da vitamina K (em inglês, vitamin K O rivaroxabano, o apixabano e o edoxabano são inibi-
antagonists – VKAs) como a varfarina.1 Efetivamente, os dores diretos do fator Xa e o dabigatrano é um inibidor
NOACs vieram revolucionar a anticoagulação oral, es- direto da trombina (IIa). Há ligeiras diferenças no me-
tando concretamente indicados para a prevenção de fe- canismo de ação dos primeiros: o rivaroxabano é um ini-
nómenos tromboembólicos em doentes com fibrilhação bidor direto do fator Xa, altamente seletivo, inibindo a
auricular (FA) não valvular e para a prevenção primária formação de trombina sem, contudo, inibir a trombina
e secundária do tromboembolismo venoso, nomeada- preformada e sem ter efeito direto sobre as plaquetas4;
mente tromboses venosas profundas (TVP) e embolia o apixabano é um inibidor potente, reversível, direto e
pulmonar (EP). altamente seletivo para o local ativo do fator Xa, não
Os NOACs, também designados por alguns autores necessitando de antitrombina III para a atividade anti-
como anticoagulantes orais diretos, destacam-se por trombótica e inibindo tanto o fator Xa livre como ligado
apresentarem um ratio eficácia/segurança superior em ao coágulo, bem como o complexo protrombinase, ini-
relação aos VKAs. De facto, caracterizam-se por, ao bindo indiretamente a agregação plaquetária induzida
contrário dos VKAs, apresentarem um efeito farmaco- pela trombina5; o edoxabano é também um inibidor
lógico mais previsível, não necessitarem de monitori- direto e reversível, altamente seletivo, do fator Xa, ini-
zação contínua e manifestarem menos interações com bindo apenas o fator Xa livre e o complexo protrombi-
alimentos e outros fármacos.2 nase.6 Por sua vez, o dabigatrano etexilato é uma peque-
A ação dos NOACs na cascata da coagulação diferencia- na molécula de pró-fármaco que não possui atividade
-se da dos VKAs pelo facto de os primeiros exercerem farmacológica: após administração oral, o dabigatrano
um antagonismo direto, não dependente de vitamina K, etexilato é rapidamente absorvido e convertido no seu
sobre os fatores Xa e IIa (trombina). Assim, tendo em principal metabolito ativo, dabigatrano, através de hi-
conta que, na cascata da coagulação, por cada molécula drólise catalisada por esterases presentes no plasma e
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no fígado. O dabigatrano é um potente inibidor direto bora o potencial de interações expectável seja inferior
da trombina, competitivo e reversível, inibindo a trom- ao dos VKAs, este não pode ser negligenciado.2
bina livre, a trombina ligada à fibrina e a agregação pla- Embora as vantagens associadas aos NOACs sejam ine-
quetária induzida pela trombina.7 gáveis, não estão isentos de inconvenientes, nomeada-
Os diferentes NOACs apresentam, contudo, algumas mente a inexistência de antídotos aprovados capazes de
diferenças entre si que não se esgotam na diferença do reverter a ação dos fármacos, o preço mais elevado com-
alvo terapêutico. De facto, as características farmacoci- parativamente à varfarina e a ainda insuficiente evidên-
néticas de cada um dos fármacos diferem, com impacto cia científica sobre a utilização de NOACs em situações
na biodisponibilidade, bem como na forma de tomar e clínicas específicas. Deste modo, o presente documento
no esquema posológico. Assim, e embora a influência pretende responder a questões da prática clínica essen-
da glicoproteína-P (gp-P) na absorção seja transversal ciais aquando da utilização de NOACs, servindo como
a todos os NOACs, a biodisponibilidade do dabigatra- um guia prático e consensual acerca das decisões a tomar
no (3% a 7%) é substancialmente menor do que a dos perante determinados cenários clínicos específicos.
demais NOACs (50% para o apixabano, 62% para o
edoxabano e 66% para o rivaroxabano). Importa, ain- Métodos
da, realçar que a biodisponibilidade do rivaroxabano A Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospita-
aumenta para aproximadamente 100% quando toma- lares (APFH) organizou uma reunião temática sobre
do com alimentos, não havendo qualquer influência no o tema “Atualizações em Coagulação e Esclerose Múl-
dabigatrano e apixabano e uma interferência mínima tipla”. Relativamente ao tema da coagulação, foram
no edoxabano. Relativamente à clearance renal, ela é de criados grupos de trabalho para a discussão de aspetos
80% para o dabigatrano, 50% para o edoxabano, 35% críticos desta matéria, de modo a reunir informação
para o rivaroxabano, e 27% para o apixabano, enquanto tendo em conta a atual evidência científica disponível e,
a clearance não renal é, respetivamente, 20%, 50%, 65% assim, adotar posições concretas que refletissem a visão
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e 73%. No que diz respeito ao metabolismo hepático, e posicionamento da APFH sobre aspetos-chave e atua-
verifica-se que há influência do CYP3A4 na eliminação lizações sobre a questão da coagulação. Assim, os temas
hepática do rivaroxabano e do apixabano, sendo no alvo de análise e discussão entre os diferentes grupos de
entanto inexistente para o dabigatrano e minor para o trabalho abordaram os seguintes aspetos:
edoxabano. A utilização simultânea com inibidores da 1– Escolha do anticoagulante: VKA ou NOAC?
bomba de protões (IBPs) ou antagonistas dos rece- 2– Necessidade de monitorização (função renal/função
tores H2 conduz a uma diminuição da biodisponibili- hepática)
dade do dabigatrano, não produzindo qualquer efeito 3– Populações de risco - ajustes posológicos
nos restantes NOACs. O apixabano e o rivaroxabano 4– Tempo de semivida/adesão/falhas na toma
podem ainda ser triturados e utilizados em sondas na- 5– Interações farmacológicas (mais relevantes), con-
sogástricas, sem comprometimento na biodisponibili- traindicações e precauções
dade, ao contrário do dabigatrano, cujas cápsulas não 6– Antídoto (em caso de hemorragia grave)
podem ser abertas. As diferenças refletem-se também 7– Avaliação da anticoagulação
no número de tomas diárias, tendo o dabigatrano e o 8– Switch.
apixabano um esquema posológico que contempla duas
tomas diárias, enquanto o rivaroxabano e o edoxabano Os diferentes grupos de trabalho procederam a uma
têm apenas uma toma diária.2,8 revisão da bibliografia e compilaram informação sobre
A compreensão do comportamento farmacocinético é, os diferentes temas. Para cada um deles, apresentaram
pois, essencial para identificar e selecionar o fármaco propostas resultantes do consenso entre os diferentes
mais adequado. Mas há outros parâmetros específicos, membros, resultando em recomendações finais que re-
nomeadamente respeitantes a cada doente e a cada si- presentam o posicionamento da APFH.
tuação clínica, que devem ser considerados para efeti-
vamente se proceder à escolha do NOAC mais indicado. Resultados e conclusões
Assim, a idade, as funções renal e hepática, o peso e ou- Tendo em conta a bibliografia consultada e a discus-
tras características clínicas particulares devem ser tidas são nos diferentes grupos de trabalho acima mencio-
em conta. Também a toma de outros medicamentos que nados, apresenta-se, seguidamente, toda a informa-
podem ser contraindicados ou que podem originar in- ção reunida que reflete as principais conclusões de
terações fármaco-fármaco deve ser examinada, pois em cada um dos grupos.

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1 - Escolha do anticoagulante – VKA ou NOAC? • Hemoglobina;


A escolha do anticoagulante a usar depende das situa- • Função hepática;
ções clínicas específicas a tratar. Assim, há condições • Função renal (avaliada pela equação de Cockcroft-
clínicas que obrigam a utilização de VKAs em detri- -Gault).2
mento de NOACs, nomeadamente nos seguintes casos: No que respeita à doença hepática grave, associada a
• Doente com clearance da creatinina abaixo de coagulopatia ou risco de hemorragia grave, nenhum
15 mL/minuto (ou inferior a 30 mL/minuto para o da- anticoagulante está recomendado. Já na afeção hepá-
bigatrano); tica ligeira a moderada, todos os NOACs devem ser
• Doente com prótese mecânica; utilizados com precaução.
• Presença de estenose mitral reumática moderada ou
grave; Relativamente à função renal, se o valor da clearance da
• Trombo no ventrículo esquerdo. creatinina for 60 mL/minuto,
≥ deve ser repetida conforme
o valor por 10 meses (CLCr/10). Deve igualmente ser
Há condições que não permitem usar nem NOACs nem avaliada quando se suspeitar de um declínio da função
VKAs. Um doente com cancro ativo não pode ser tra- renal durante o tratamento (por exemplo, em casos de
tado com VKAs ou NOACs, devendo nestas situações hipovolémia, desidratação ou utilização concomitante
optar-se por heparina de baixo peso molecular, sendo de determinados medicamentos). Quando a CLCr <15
que para as mulheres grávidas a sua utilização também mL/minuto, os NOACs estão excluídos,4-6 sendo que,
está contraindicada. no caso concreto do dabigatrano, a sua utilização está
Há, contudo, situações em que o doente tanto pode ser excluída para valores de CLCr <30 mL/minuto.7
tratado com VKAs como NOACs, correspondendo a A função renal deve ser avaliada mais frequentemente,
situações em que imperam as decisões médicas e fami- pelo menos de 6 em 6 meses, em doentes potencialmente
liares bem como questões de carácter socioeconómico.2 comprometidos, nomeadamente em idosos (≥75-80
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No entanto, e tendo sempre em conta as condições clí- anos) e doentes frágeis, especialmente para os doentes
nicas específicas de cada doente, as guidelines europeias que tomem dabigatrano ou edoxabano.2
consideram que os NOACs são a melhor opção relativa- Nas Fig.s 1 a 4, para cada um dos NOACs, apresenta-
mente aos VKAs, por apresentarem menor risco de he- -se o algoritmo de ajustes de doses para diferentes va-
morragia cerebral, pela comodidade posológica que lhes lores de clearance de creatinina.
é característica, uma vez que são de dose fixa, por não
necessitarem de controlo da coagulação e por apresen- 3 - Populações de risco – ajustes posológicos
tarem menos interações farmacológicas e alimentares.2 Há determinadas populações de risco que requerem
Contudo, aquando da escolha da terapêutica com ajustes posológicos dos NOACs.
NOAC, é imperativa a avaliação de diferentes parâme- Assim, no caso específico do dabigatrano, conside-
tros, nomeadamente da presença de insuficiência hepá- ram-se populações de risco as seguintes:
tica, da existência de terapêuticas concomitantes (de- • Doentes com compromisso renal moderado (CLCr
signadamente fármacos com metabolização hepática 30-50 mL/minuto);
pelo CYP450 e fármacos que sejam substrato da gp-P) • Idade superior a 80 anos;
e avaliação da clearance da creatinina. Além disso, devem • Risco hemorrágico aumentado (segundo a escala
considerar-se fatores relativos à comodidade posológica Hasbled ≥3).
e devem ser ponderadas as características do doente.2 Nestes casos, recomenda-se uma redução da dose para
No caso concreto de doentes que estão hipocoagulados 110 mg. O dabigatrano encontra-se, ainda, contraindi-
e que têm que fazer dupla antiagregação, deve reduzir- cado em doentes com insuficiência hepática moderada
-se a dose dos NOACs para a dose mínima estudada. a grave (classificação de Child-Pugh B e C).7
No caso do rivaroxabano, recomendam-se os seguin-
2 - Necessidade de monitorização (função renal/ tes esquemas:
função hepática) • Quando a CLCr ≥50 mL/minuto, a dose recomendada
Depois de avaliada a necessidade de anticoagulação oral é de 20 mg 1 vez/dia;
é recomendado monitorizar, pelo menos anualmente, • Quando a CLCr <50 mL/minuto, recomenda-se o ajus-
os seguintes parâmetros, a fim de se poder escolher ade- te da dose para 15 mg 1 vez/dia;
quadamente o fármaco e respetiva dose, dentro das in- O rivaroxabano não está indicado para valores de
dicações aprovadas: CLCr <15 mL/minuto, estando ainda contraindicado em

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Doente tem
fator de risco
para AVC

<15 mL/min 15-50 mL/min >50 mL/min

30 mg id 60 mg id

Figura 1. Algoritmo de ajustes de doses dos NOACs


para diferentes valores de clearance de creatinina - Inibidores potentes da gp-P
rivaroxabano
Abreviaturas: AVC - acidente vascular cerebral; CLCr - clearance
de creatinina; id - por dia (in die). Adaptado do resumo das
4
características do medicamento (RCM) rivaroxabano 30 mg id 30 mg id

Doente tem
fator de risco
para AVC
Figura 3. Algoritmo de ajustes de doses dos NOACs 13
para diferentes valores de clearance de creatinina -
ClCr estimada
edoxabano
Abreviaturas: AVC - acidente vascular cerebral; CLCr - clearance de
6
creatinina; id - por dia (in die). Adaptado do RCM edoxabano

<15 mL/min 15-29 mL/min 30 mL/min

Verificar
recomenda-se uma diminuição da dose para 2,5 mg 2
Não Verificar
recomendado
2,5 mg 2 id
idade
Verificar peso creatinina
sérica
vezes/dia. Este ajuste posológico é também recomen-
dado para situações em que, embora a CLCr ≥30 mL/
80 anos 60 Kg 133 µmol/l
minuto, se verifiquem duas das seguintes condições:
• Creatinina sérica ≥1,5 mg/dL;
• Idade ≥80 anos;
Se 2 características Se 1 característica • Peso ≤60 kg.
2,5 mg 2 id 5 mg 2 id Se apenas se verificar um dos fatores prévios, a dose
recomendada é 5 mg 2 vezes/dia.5
Figura 2. Algoritmo de ajustes de doses dos NOACs Quanto ao edoxabano, a dose habitual é de 60 mg 1 vez/
para diferentes valores de clearance de creatinina - dia. Contudo, para valores de CLCr entre 15 mL/minuto
apixabano e 49 mL/minuto, recomenda-se uma diminuição para
Abreviaturas: AVC - acidente vascular cerebral; CLCr - clearance de
creatinina; id - por dia (in die). Adaptado do RCM apixabano
5 30 mg 1 vez/dia.6
Importa referir que há grupos de risco que são comuns
e que exigem especial atenção aquando da prescrição
situações de insuficiência hepática moderada a gra- de NOACs, nomeadamente indivíduos com risco au-
ve (classificação de Child-Pugh B e C). Estes ajustes mentado de hemorragia. Neste grupo, inserem-se os
posológicos são válidos para todas as indicações te- seguintes:
rapêuticas.4 • Indivíduos com história de hemorragia gastrointes-
Relativamente ao apixabano, a dose normalmente tinal;
recomendada é de 5 mg 2 vezes/dia. Contudo, em si- • Indivíduos com cirurgia recente em órgão crítico;
tuações de comprometimento renal moderado, isto é, • Trombocitopenia (quimioterapia);
quando a CLCr <30 mL/minuto (mas >15 mL/minuto), • Score HAS-BLED ≥3.4-7

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Doente tem
fator de risco
para AVC

30-50 mL/min >50 mL/min

Idade >75 ou
Contraindicado Idade >80 anos elevado risco de Idade <75 anos Idade 75-80 anos Idade >80 anos
hemorragia

Baixo risco
110 mg 2 id 110 mg 2 id 150 mg 2 id 150 mg 2 id elevado risco de
150 mg 2 id 110 mg 2 id
hemorragia

110 mg 2 id

Figura 4. Algoritmo de ajustes de doses dos NOACs para diferentes valores de clearance de creatinina - dabigatrano
7
Abreviaturas: AVC - acidente vascular cerebral; CLCr - clearance de creatinina; id - por dia (in die). Adaptado do RCM dabigatrano

14
4 - Tempo de semivida/adesão/falhas na toma nistração, SMS, aplicações para telemóvel) para se as-
O tempo de semivida dos diferentes NOACs é segurar uma adesão adequada. A consulta farmacêutica
semelhante. Assim, o dabigatrano tem um tempo de poderá ainda ser uma mais-valia, com o envolvimento
semivida de 12-17 horas, o rivaroxabano de 5-9 horas dos farmacêuticos na monitorização da adesão à tera-
(aumentando para 11-13 horas nos idosos), o apixabano pêutica.2,9
de 12 horas e o edoxabano de 9-11 horas.2 Deve obter-se uma adesão superior a 80%, no sentido
A ausência de uma monitorização contínua da tera- de garantir o efeito anticoagulante, sendo importante
pêutica com NOACs como a que ocorre com os VKAs tomar os diferentes NOACs sempre à mesma hora.2
leva a que os doentes que tomam os primeiros sejam Questões relativas a erros de doses são muito frequentes.
vistos menos frequentemente durante o follow-up. Deste Quanto ocorre esquecimento na toma de um NOAC, se
modo, é muito importante educar os doentes e alertar o esquecimento for até 50% do tempo para a próxima
claramente para a importância de aderir estreitamente toma, deve tomar-se essa dose e manter o horário habi-
ao tratamento e ao regime posológico. Assim, é essen- tual. Assim, para NOACs com regime posológico de 2
cial explicar a forma de tomar (modalidade de uma dose vezes/dia (dabigatrano e apixabano):
diária, 1 vez/dia, ou duas doses diárias, 2 vezes/dia), se o • O doente pode tomar a dose esquecida até 6 horas
medicamento deve ser tomado com alimentos e explicar após a toma prevista.
aos doentes que não devem descontinuar os NOACs, Para NOACs com uma única toma diária (rivaroxabano
tendo em conta que há um rápido declínio da sua ação e edoxabano):
anticoagulante.2 • O doente pode tomar a dose esquecida até 12 horas
Os doentes devem ainda ser alertados para não se esque- após o horário suposto, sendo que, se já não for possível,
cerem de tomar ou levar consigo a medicação quando a dose deve ser saltada e já só é tomada a dose que estava
viajam. Deve, portanto, ser incentivada a educação do prevista.
doente, com a disponibilização de folhetos, instruções Concluindo, se o esquecimento for superior a 50% do
e o cartão de anticoagulação específico de cada doente tempo para a próxima toma, não duplicar a dose e tomar
e a reeducação a cada renovação de prescrição. O envol- no horário habitual. Nos casos em que há incerteza na
vimento familiar deve igualmente ser encorajado, bem toma do medicamento, isto é, se o doente não se lembra
como a utilização de sistemas de alerta (como caixas se tomou ou não o medicamento, não deve tomar e deve
dispensadoras, blisters identificativos dos dias da admi- aguardar pela próxima toma.2
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Nos casos em que ocorre duplicação de uma dose, deve deve ser evitada. Também a utilização simultânea com
agir-se da seguinte forma: clopidogrel, ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios
• NOACs com regime 2 vezes/dia – esquece-se a próxi- não esteroides aumenta o risco de hemorragia gastroin-
ma dose e reinicia-se tudo normal após 24 horas; testinal, pelo que deve haver precaução na utilização
• NOACs com regime 1 vez/dia – o doente deve con- com estes fármacos.2,7
tinuar o regime normalmente, isto é, sem saltar a dose Relativamente ao apixabano, é um fármaco que é subs-
seguinte.2 trato da gp-P e do CYP3A4. Assim, a utilização conco-
mitante de apixabano com inibidores potentes da gp-P
5 - Interações farmacológicas (mais relevantes), e do CYP3A4, tais como cetoconazol, itraconazol, vori-
contraindicações e precauções conazol e posaconazol e inibidores da protease do VIH
Os NOACs têm baixo potencial de interações farmaco- (por exemplo, ritonavir) não é recomendada. Também
lógicas. Contudo, estas podem ocorrer e é importante a utilização simultânea com indutores potentes da gp-P
estar atento às características farmacocinéticas dos e do CYP3A4, de que são exemplos a rifampicina, a fe-
fármacos e à presença de medicação concomitante e de nitoína, a carbamazepina, o fenobarbital ou o hipericão,
comorbilidades quando são prescritos NOACs. pode levar a uma redução nas concentrações plasmáti-
Um importante mecanismo de interação comum a to- cas de apixabano.2,5
dos os NOACs é o facto de todos eles sofrerem efluxo O rivaroxabano constitui igualmente um substrato da
pela gp-P após a sua absorção no intestino. A gp-P pode gp-P e do CYP3A4, pelo que a utilização simultânea
também estar envolvida na clearance renal, resultando com inibidores potentes da gp-P e do referido CYP (tais
numa inibição competitiva que pode resultar em níveis como cetoconazol, itraconazol, voriconazol e posaco-
plasmáticos aumentados.2 Ora, tendo em conta que vá- nazol ou inibidores da protease do VIH) não é recomen-
rios fármacos usados em doentes com FA não valvular, dada. Da mesma forma, a administração concomitante
uma das principais indicações dos NOACs, são inibi- com indutores do transportador e da enzima deve ser
dores da gp-P (nomeadamente o verapamilo, a amio- evitada.2,4 15
darona e a quinidina), é essencial perceber a possível Em relação ao edoxabano, substrato do transportador
interferência da utilização concomitante destes com os de efluxo gp-P, a sua utilização simultânea com inibi-
diferentes NOACs, procedendo-se, quando necessário, dores da gp-P resulta num aumento das concentrações
a ajustes de dose. plasmáticas do mesmo. Contudo, apenas para a utiliza-
A eliminação hepática via CYP3A4 está envolvida na ção concomitante com ciclosporina, dronederona, eri-
clearance hepática do rivaroxabano e do apixabano, pelo tromicina ou cetoconazol é necessária uma redução da
que a inibição ou indução deste CYP pode afetar as con- dose para 30 mg uma vez por dia, não sendo necessária
centrações plasmáticas destes NOACs e, portanto, o seu para a coadministração com quinidina, verapamilo ou
efeito, pelo que deve ser avaliada em cada contexto.4,5 amiodarona. Já a utilização simultânea com induto-
Assim, no caso concreto do dabigatrano, que tem uma res da gp-P (por exemplo, fenitoína, carbamazepina,
biodisponibilidade substancialmente inferior aos res- fenobarbital ou hipericão) pode originar redução das
tantes NOACs, pequenas flutuações na sua absorção concentrações plasmáticas de edoxabano, pelo que o
podem ter grande impacto nos níveis plasmáticos. Des- edoxabano deve ser utilizado com precaução quando
te modo, e sendo o dabigatrano um substrato da gp-P, a coadministrado com indutores da gp-P.2,6
utilização concomitante com inibidores da gp-P resulta Além da utilização simultânea com outros fármacos,
num aumento das concentrações plasmáticas de dabi- também a presença de condições clínicas específicas
gatrano. Assim, a utilização simultânea de dabigatrano exigem uma avaliação cuidada aquando da prescrição
e fortes inibidores da gp-P, nomeadamente cetoconazol de NOACs. Deste modo, constituem contraindicações
sistémico, ciclosporina, itraconazol e dronedarona, está transversais a todos os NOACs a existência de hiper-
contraindicada. Relativamente à utilização concomi- sensibilidade à substância ativa ou a qualquer um dos
tante de dabigatrano com inibidores fracos a moderados excipientes mencionados, a presença de hemorragia ati-
da gp-P, nomeadamente amiodarona, quinidina, vera- va clinicamente significativa, a gravidez e amamentação
pamilo e ticagrelor, deve haver uma precaução especial. e a presença de lesões ou condições, se consideradas
Já a utilização concomitante de dabigatrano e indutores como apresentando um risco significativo de grande
da gp-P, tais como rifampicina, hipericão, carbamazepi- hemorragia.4-7
na e fenitoína, pode resultar numa diminuição das con- Além das contraindicações acima apresentadas, há tam-
centrações do primeiro, pelo que a sua coadministração bém situações que implicam precaução na utilização de

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NOACs, nomeadamente doentes com compromissos -fármaco, entre outros). Em caso de uma sobredosagem
renal e hepático, doentes para cirurgia e doentes com com menos de duas horas de evolução, a utilização de
baixo peso corporal (peso ≤60 kg, nos casos concretos carvão ativado pode ser útil na redução da absorção de
do apixabano e edoxabano).4-7 qualquer um dos NOACs.2 Contudo, dependendo da
gravidade da hemorragia, são necessárias outras medi-
6 - Antídoto (em caso de hemorragia grave) das, como se encontra esquematizado na Fig. 5.
Doses de NOACs superiores às recomendadas expõem Relativamente à utilização de antídotos específicos
os indivíduos a um risco aumentado de hemorragia. Isto para os NOACs (Fig. 6), apenas o dabigatrano tem já
pode acontecer quando ocorre uma toma excessiva do um antídoto aprovado – idarucizumab.10 É um fragmen-
NOAC (intencional ou não) ou quando surge uma in- to de anticorpo monoclonal humanizado (Fab) que se
tercorrência que motive um aumento das concentrações liga ao dabigatrano com uma afinidade muito elevada,
plasmáticas dos NOACs acima dos níveis terapêuticos aproximadamente 300 vezes mais potente que a afini-
(nomeadamente uma falência renal ou uma administra- dade de ligação do dabigatrano à trombina. Está indicado
ção de fármacos que conduza a uma interação fármaco- para doentes adultos tratados com dabigatrano quando é

Hemorragia em doente com NOAC

16

Hemorragia
life-threatening

Figura 5. Medidas a adotar em caso de hemorragias ligeira, moderada a grave e life-threatening em doentes a tomar
NOACs.
Abreviaturas: CLCr – Clearance da creatinina; Hb – hemoglobina; GI – gastrointestinal; GV – glóbulos vermelhos; IV - intravenoso; NOAC -
anticoagulante oral não antagonista da vitamina K. Adaptado de Updated European Heart Rhythm Association practical guide on the use of non-vitamin K
2
antagonist anticoagulants in patients with non-valvular atrial fibrillation

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máximo de NOAC no teste ocorre na sua concentração


Aprovado:
IDARUCIZUMAB
Alvo:
FDA - OUT 2015 plasmática máxima, que é aproximadamente 3 horas
Dabigatrano
EMA – NOV 2015 após a toma.2
Fase IV
As Fig.s 7 e 8 apresentam os diferentes ensaios qualita-
Alvo:
ANDEXANET ALFA
Inibidores do FXa
Doentes com tivos e quantitativos recomendados para cada um dos
hemorragia
NOACs.2,4-7
CIRAPARANTAG Alvo: Fase II
(PER977) Universal Avaliação

DABIGATRANO
Figura 6. Antídotos aprovados e em desenvolvimento para
NOACs e outros anticoagulantes.
Abreviaturas: EMA - Agência Europeia do Medicamento; FDA - Food and
Drug Administration; NOAC - anticoagulante oral não antagonista da
vitamina K
aPTT ECT

necessária a reversão rápida dos efeitos anticoagulantes,


nomeadamente para intervenções cirúrgicas emergentes/
urgentes e em hemorragias com risco de vida ou descon-
troladas.10 Os inibidores diretos do fator Xa têm já um Figura 7. Testes qualitativos e quantitativos para
antídoto em desenvolvimento – andexanet alfa – que se avaliação do dabigatrano.
encontra em fase IV de desenvolvimento, estando tam- Abreviaturas: aPTT - tempo de tromboplastina parcial ativado; dTT -
tempo de trombina diluído; ECT - tempo de ecarina
bém a ser desenvolvido um outro antídoto com alvo para
várias classes de anticoagulantes (ciraparantag).11 17

7 - Avaliação da anticoagulação APIXABANO, RIVAROXABANO E EDOXABANO


Uma das principais vantagens dos NOACs relativamente
aos VKAs reside no facto de não requererem uma moni-
torização laboratorial contínua, nem haver a necessidade
de ajustes posológicos em resposta a alterações nos parâ-
Rivaroxabano: TP pode dar alguma
metros de coagulação laboratoriais. No entanto, a avalia- -FXa
sensibilidade dos diferentes
ção da exposição ao fármaco e do seu efeito anticoagulan- reagentes variem
te pode justificar-se em situações de emergência, como
no caso de hemorragia grave ou eventos tromboembó- Figura 8. Testes qualitativos e quantitativos para
licos, necessidade de cirurgia de urgência ou em outras avaliação dos inibidores do fator Xa.
situações clínicas particulares, como insuficiências renal Abreviaturas: anti-FXa - anti-fator Xa; TP - tempo de protrombina

e hepática, interações fármaco-fármaco ou suspeitas de


sobredosagem.2 8 - Switch
Neste sentido, estão disponíveis alguns testes que per- Por vezes são necessárias alterações na terapêutica
mitem fazer uma avaliação qualitativa e quantitativa dos anticoagulante. O switch entre as diferentes terapias
diferentes NOACs. Os testes qualitativos permitem ava- anticoagulantes exige que seja assegurado o efeito
liar a presença dos fármacos, incluindo-se aqui o tempo anticoagulante pretendido, mas também que o risco
de protrombina (TP), o tempo de tromboplastina parcial de hemorragias seja minimizado. Para que estas pre-
ativado (aPTT) e o tempo de trombina (TT). Já os testes missas sejam cumpridas, há fatores farmacocinéticos
quantitativos permitem avaliar a concentração plasmá- e farmacodinâmicos que devem ser considerados,
tica dos NOACs, nomeadamente o tempo de trombina tendo em conta o contexto e as condições clínicas in-
diluído (dTT) ou tempo de ecarina (ECT), o teste cro- dividuais de cada doente.2
mogénico de ecarina (ECA) e, especificamente para os Doentes que entrem no hospital bem controlados
inibidores do fator Xa, os testes anti-Xa. Para a sua cor- (sem eventos prévios ou INR/TTR) com a tera-
reta aplicação e interpretação é importante conhecer o pêutica de ambulatório (VKAs ou NOACs) devem
momento da última administração do NOAC em rela- manter o fármaco durante o internamento. No en-
ção ao momento da amostra de sangue. De facto, o efeito tanto, por exemplo, em caso de insuficiência renal, a

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enoxaparina deverá ser a opção preferida em interna- desejável. Contudo, efetivamente, tendo em conta a im-
mento, tendo em conta a grande experiência de utili- portância da terapêutica anticoagulante e o potencial
zação em contexto hospitalar.2 impacto de uma utilização incorreta dos diferentes an-
Em contexto de alta hospitalar, é incontornável a neces- ticoagulantes, é crítica a intervenção dos profissionais
sidade da reconciliação da terapêutica para um switch de saúde para a melhor orientação dos doentes.
adequado. O switch para NOACs em contexto de alta, O switch entre as diferentes terapêuticas anticoagulan-
por exemplo, quando bem suportado pelas caracterís- tes difere consoante o tipo de anticoagulantes envolvi-
ticas socioeconómicas do doente e quando feito com o dos. A Fig. 9 esquematiza os passos a adotar em dois
acompanhamento farmacêutico/médico adequado, é cenários terapêuticos distintos.

18

Figura 9. Switch entre terapias anticoagulantes (alteração de VKA para NOAC e de NOAC para VKA).
Abreviaturas: INR- International Normalized Ratio; NOAC - anticoagulante oral não antagonista da vitamina K; VKA - antagonistas da vitamina K.
Adaptado de Updated European Heart Rhythm Association practical guide on the use of non-vitamin K antagonist anticoagulants in patients with non-valvular
2
atrial fibrillation

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Agradecimentos Hacke W, et al. Updated European Heart Rhythm Association


practical guide on the use of non-Vitamin K antagonist
Os autores gostariam de prestar os seus agradecimentos
anticoagulants in patients with non-valvular atrial fibrillation.
aos participantes das diferentes mesas de trabalho e
Europace. 2015;17:1467–507. doi: 10.1093/europace/euv309.
discussão, nomeadamente Ana Filipa Cardoso, Adriana
3. Correia-da-Silva M, Sousa E, Marques F, Pinto MM. Estado da
Machado, Aida Batista, Ana Catarina Romualdo Afonso
arte na terapêutica anticoagulante: Novas abordagens. Acta Farm
Domingues Machado, Ana Godinho, Ana Luís Correia
Port. 2013; 2:67-78.
de Sampaio Viana, Ana Resende Oliveira Barbosa Leão,
4. Bayer Pharma A.G. Xarelto® - Resumo das Características do
Ana Rita Gaspar, Ana Rita Ribeiro Tinoco, Ana Rute
Medicamento. [Acedido em Setembro 2017]. Disponível em: http://
Brilhante Sobral Filipe, Ana Rute da Silva Vaz, Andrea
www.ema.europa.eu/docs/pt_PT/document_library/EPAR_-_
Borges, Andreia da Silva e Sousa Martins, Bruno Miguel
Product_Information/human/000944/WC500057108.pdf
Pedro Nunes, Carla Ferrer, Carla Maria Loureiro Lopes
5. Bristol-Myers Squibb / Pfizer EEIG. Eliquis® - Resumo
Arriegas, Carolina de Magalhães Queiroz Nunes, Cátia
das Características do Medicamento. [Acedido em Setembro
Alexandra Pires Pereira, Cláudia Breda, Cláudia Susana
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Santos Leite Lopes Alves, Cristiana Soraia Ferreira
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Gomes, Márcia Nunes Loureiro, Margarida Souto de
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Carvalho Seabra, Maria Cristina M. Coelho, Maria
7. Boehringer Ingelheim International GmbH. Pradaxa® -
João Mola , Maria Manuela Pereira Rodrigues, Mariana
Resumo das Características do Medicamento. [Acedido em
da Costa Gonçalves Rui Caetano Cosme, Norberto 19
Setembro 2017]. Disponível em: http://www.ema.europa.eu/
Loureiro Cardoso, Patrocínia Maria Pinto de Castro e
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Rocha, Paulina Maria Ferreira Aguiar, Pedro Miguel
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Margarido Cardoso, Rita Vilaverde, Rosana Marise
8. Marques da Silva P. Velhos e novos anticoagulantes orais.
Farinha de Andrade, Sandra Paula Pataca Carreira,
Perspetiva farmacológica. Rev Port Cardiol. 2012;31 Suppl 1:6-16.
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9. Vrijens B, Heidbuchel H. Non-vitamin K antagonist oral
Santos Ferreira de Jesus, Sónia Alexandra Ramos Dias
anticoagulants: Considerations on once- vs. twice-daily regimens
Teixeira, Susana Torgal, Tânia Cristina dos Santos
and their potential impact on medication adherence. Europace.
Laranjeira, Teresa Soares, Tiago Miguel Assis Correia,
2015;17:514–23. doi: 10.1093/europace/euu311.
Vasco Lobo Neves.
10. Boehringer Ingelheim International GmbH. Praxbind® -

Responsabilidades Resumo das Características do Medicamento. [Acedido em


Setembro 2017]. Disponível em: http://www.ema.europa.eu/
Éticas Conflitos de Interesse: Os autores declaram a
docs/pt_PT/document_library/EPAR_-_Product_Information/
inexistência de conflitos de interesse na realização do
human/003986/WC500197462.pdf
presente trabalho.
11. Crowther M, Cuker A. How to reverse bleeding in patients
Fontes de Financiamento: Não existiram fontes exter-
on direct oral anticoagulants? Kardiol Pol. 2019;77(1):3-11. doi:
nas de financiamento para a realização deste artigo.
10.5603/KP.a2018.0197.

Ethical Disclosures
Conflicts of Interest: The authors report no conflict of
interest.
Funding Sources: No subsidies or grants contributed
to this work.

Referências
1. Lip GY, Camm AJ, Hylek EM, Halperin JL, Weitz JI. Non-
vitamin K antagonist oral anticoagulants: an appeal for consensus
on terminology. Chest. 2014;145:1177-8. doi: 10.1378/chest.13-2951.
2. Heidbuchel H, Verhamme P, Alings M, Antz M, Diener HC,

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