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PONTO DEEFS
VISTA
PSICOPEDAGOGIA &
INCLUSÃO -
O PAPEL DO PROFISSIONAL E DA ESCOLA
Elcie F. Salzano Masini
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PSICOPEDAGOGIA & INCLUSÃO
inclusão é remeter a situações concretas que escola aceita que a criança com deficiência faça
ilustrem a afirmação1: “O princípio fundamental parte do quadro discente. Por outro, a escola não
da inclusão é a valorização da diversidade. Cada se modifica quanto à formação de professores,
pessoa tem uma contribuição a dar”. permanecendo estes sem saber lidar com a criança
O movimento pela inclusão no Brasil surgiu diferente. Acresce-se a essa problemática o fato
de diversas influências: da luta européia de de que o professor especializado, em sua
oposição à exclusão da pessoa deficiente mental formação, também não aprendeu a lidar com o
do convívio social, que deu origem à Liga professor regular. Assim, a entrada de crianças
Internacional pela inclusão; da Conferência com deficiência na escola regular é acompanhada
Internacional realizada em Salamanca em 1994 , de falta de consenso sobre as implicações
sobre a “educação para todos”, na qual ficou pedagógicas requeridas para que o processo de
decidida a inclusão de crianças com deficiências inclusão possa ocorrer.
em escolas comuns; da proposta integracionista Essa situação convida a refletir mais sobre as
dos Estados Unidos da América, já na década de tentativas educacionais de inclusão de crianças
1950, quando, experimentalmente, em São Paulo, com deficiência, procurando assinalar o que
no Instituto de Educação “Caetano de Campos”, propiciou e o que constituiu dificuldade. Um
teve início a primeira sala de recursos para levantamento de opiniões2 de profissionais e
deficientes visuais estudarem em classes comuns. professores de um centro de atendimento a
Das tentativas de inclusão no Brasil, nos anos pessoas com deficiência visual assinalou
1998 a 2002, pode-se assinalar algumas condições em que a inclusão poderia ocorrer
características, entre as quais: (união escola x comunidade; equipe apta e com
• adoção da declaração de Salamanca nas número suficiente de especialistas; disponi-
diretrizes educacionais dos órgãos federais e bilidade de equipamento apropriado; apoio
estaduais; decretos oficiais para matricular as técnico e pedagógico) e condições impróprias à
crianças com deficiência nas escolas regulares; inclusão (classes com 35 a 40 alunos; professora
• inserção do tema inclusão em programas e sem formação para lidar com a criança com
eventos científicos, em reivindicações ligadas deficiência; falta de elementos suficientes na
às pessoas com deficiência, em publicações e equipe para orientar família e pessoal da escola
nos meios de comunicação; e falta de equipamento apropriado).
• constatação de que a educação não propicia a Desses depoimentos, bem como dos relatos de
inclusão sem transformações no contexto das inclusão escolar realizadas em países desen-
escolas/ ao matricular de forma indiscriminada, volvidos e em desenvolvimento3 e as mudanças
sem realizar estudos sobre as condições dos sistemas de escolas públicas que viabilizaram
específicas para o atendimento da criança com a inclusão, foram levantados alguns itens
deficiência e sem o preparo de professores. importantes a serem considerados referentes à
Esse movimento de inclusão no Brasil foi inclusão. Os passos assinalados por esses autores
acompanhado de aplausos e de reprovações. De para solucionar o desafio da inclusão evidenciaram
um lado houve concordância a respeito da um preparo cuidadoso referente a aspectos
inclusão como oposição à exclusão. Todos educacional, estrutural, político, administrativo e
passaram a defendê-la e ninguém se arriscaria a organizacional. De forma bastante simplificada,
se pronunciar contra ela. De outro, houve isso implica dizer que seria indispensável
discordância quanto à inclusão indiscriminada, assegurar atenção aos seguintes itens:
na qual, sem qualquer avaliação prévia, a criança • credibilidade no processo de inclusão;
é matriculada na escola regular. Deixa-se, assim, • convencimento e apoio de pais e administradores;
de analisar as condições da criança com • preparo do pessoal da educação geral;
deficiência e das necessidades requeridas para • disponibilidade de profissionais e local
seu atendimento, quer do ponto de vista de apropriado para implantação;
recursos humanos, quer do ponto de vista das • apoio de uma comissão de luta envolvendo
adaptações físicas e materiais. Por um lado, a pais, líderes comunitários, e profissionais;
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FIGURA 1
1 9 8 6– Escolas Públicas – Índice de reprovação na 2a série do Ensino Fundamental nível I (EFI) – 30,45%
Permanência na escola cursando EFI correspondente a 4 anos é de 8 anos. Concluem sem repetência o EFI
três em cada 100 alunos matriculados.
2 0 0 0– Não há repetência na 20 série EFI porque a promoção é automática. Há alunos na 40 série EFI não
alfabetizados e que desconhecem as operações de matemática.
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SUMMARY
Psychopedagogy & inclusion. The role of the professional and the school