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A Suméria e Os Testemunhos Extrabiblícos de Ge PDF
A Suméria e Os Testemunhos Extrabiblícos de Ge PDF
Foi lá que tudo começou, ou “recome- museus sem muita preocupação com
çou” se entendermos que os que ali o local aonde foram encontrados. A
fundaram as primeiras cidades chega- descoberta da pedra Roseta pelos sol-
ram à região como imigrantes vindos dados de Napoleão e os monumentos
de outra localidade. que os franceses e ingleses levaram do
A Mesopotâmia contém uma geo- Egito para a Europa no final do século
grafia arqueológica de interesse mun- 18 caracterizam bem esse tempo.
dial. Seu nome deriva de duas pala- Foi nesta mesma circunstância de
vras gregas meso que quer “meio” e efervescência exploratória que Clau-
potamos que quer dizer “rio”. Logo, dius James Rich, um representante da
Mesopotâmia seria “terra entre rios”, companhia das índias orientais, se in-
exatamente por causa dos dois rios, teressou pelas antiguidades locais da
Tigre e Eufrates, que compõem o ce- região do Crescente Fértil.
nário da região. A princípio, o ambiente não era ar-
A área em redor também é chama- queologicamente promissor. As cidades
da de Crescente Fértil exatamente por que ali existiram estavam completa-
ter uma terra arável, em meio a um mente soterradas pela areia do deserto
deserto, disposta no formato de uma e a paisagem não tinha aquelas monu-
lua crescente delimitada entre os va- mentais ruínas como as encontradas
les dos dois rios que desembocam no no Egito. Por isso, o local permaneceu
Golfo Pérsico. abandonado por milênios e muitos du-
Havia ainda duas regiões geográ- vidaram da possibilidade de se encon-
ficas bem distintas: a parte norte, na trar naquele deserto algum indício dos
Alta Mesopotâmia, era mais monta- áureos tempos em que ali se estabelece-
nhosa, desértica e menos fértil. Já o ram as primeiras civilizações.
centro e o sul do vale, onde se encon- Desafiando o ceticismo de seus co-
travam a Média e a Baixa Mesopotâ- legas, Rich explorou várias ruínas e fez
mia, eram constituídos de planícies algo hoje inaceitável, mas totalmente
muito férteis em função do curso dos comum na ocasião: recolheu para sua
rios que nascem nas montanhas da própria coleção uma enorme quantida-
atual Armênia e deságuam separada- de de objetos com inscrições antigas,
mente no Golfo Pérsico. Ainda em como tijolos, tabletes de argila, cilin-
termos geográficos é importante dizer dros com desenhos em baixo relevo,
que o nome Suméria aplica-se à Bai- estátuas e cerâmicas. Quando ele mor-
xa e Média Mesopotâmia, enquanto a reu vitimado por cólera em 1821, sua
Acádia aplica-se à parte Alta que seria coleção foi adquirida pelo Museu Bri-
o sul da moderna cidade de Bagdá. tânico, onde permanece até hoje.
As escavações na Mesopotâmia Na época em que milhares de ca-
começaram numa época, em que a Ar- cos de argila contendo antigas inscri-
queologia era marcada pelo colecio- ções cuneiformes começaram a che-
nismo e pelo antiquarismo, ou seja, os gar em Londres, por volta de 1818,
artefatos eram achados e levados para ninguém tinha ainda condições de ler
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antes que do grande dilúvio, Deus Foi em Dilmun que Enki, seduzido
plantara “um jardim no Éden, na di- pela deusa Uttu31, trouxe para ela um
reção do Oriente”, i.e, do nascimento fruto especial como condição para que
do sol (Gn 2:8). Mas as semelhanças dormissem juntos. Enki conseguiu o
não se resumem a isso. que queria, mas como resultado, a ter-
No tablete intitulado “Enki e ra passou a brotar ervas daninhas que
Ninhursag”25, Dilmun é descrito como ele comeu, perdendo assim a imorta-
um lugar puro, sem doença, sofrimen- lidade. Amaldiçoado por sua esposa
to ou morte. Um lugar de paz, bên- Ninhursag, Enki começa a deteriorar,
ção e fertilidade. É a “boca dos rios” mas, por um ato posterior de miseri-
(como em Gn 2:10: “e saía um rio do córdia ele é restaurado à vida. A seme-
Éden para regar o jardim e dali se di- lhança com o Gênesis está na sedução
vidia, repartindo-se em quatro partes). envolvendo um fruto, na descrição da
Aliás, a ênfase nas “águas” é essencial, terra produzindo ervas daninhas, na
segundo Roberto Oro,26 para entender maldição que vem do erro de comer
o significado hebraico do termo Éden algo proibido e na perda da vida eter-
(‘ēden). Sua forma verbal ‘dn signifi- na. Mas note-se que aqui não se tra-
ca “dar um abundante suprimento de tam de seres humanos e sim de deuses
água”, “prosperar, fazer crescer”. Essa (como dissemos, também existem de-
etimologia sustenta-se em Gênesis sigualdades entre os relatos).32
13:10: “Levantou Ló os olhos ... viu a Foi depois desse episódio que veio
campina do Jordão que era bem rega- a criação da humanidade, segundo
da, ... como o jardim do Senhor”. De uma das versões, “formados do pó da
igual modo, embora alguns pensem terra” por obra de Ninhursag.33 Então
que Dilmun venha de uma desconheci- veio a destruição de quase todos por
da etimologia pré-sumeriana27, é pos- meio de um dilúvio e o repovoamento
sível que seu significado seja: Dil (ou do mundo por aqueles que sobrevi-
Til) = vida ou manter a vida + UM = veram à catástrofe, ficando errantes
crescer a semente + N = sufixo locati- pelo deserto, até chegarem à região
vo. Literalmente: “o lugar onde cresce do Crescente Fértil.
e mantém a semente da vida”.28 Do ponto de vista arqueológico,
Os sumerianos tinham também o as primeiras evidências mostraram
vocábulo edin para se referir a uma que realmente houve na Mesopotâmia
planície, pradaria ou, nalguns casos, uma sedentarização das comunidades
até a um deserto.29 Já o equivalente humanas que migraram para lá vindos
acadiano posterior seria edinu, que de outra região durante a passagem do
por semântica passou a significar Paleolítico para o Neolítico, o que te-
“um local abundantemente regado”.30 ria ocorrido,segundo alguns autores,
A relação entre esses signficados e o por volta de 10000 a.C. A cronologia
sentido hebraico de “Éden”, apresen- desse êxodo é questionada por alguns
tado acima por Oro, dificilmente seria especialistas e ainda está passível de
mera coincidência. discussão, embora não seja nosso ob-
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soas consigo no barco. Até que depois Gênesis apresenta seu pecado e deso-
do periodo de chuvas, o barco enca- bediência. Como cristãos tendemos a
lha no topo de uma cordilheira mon- assumir esses pontos em nossa teolo-
tanhosa. Para garantir se as águas ha- gia, mas, via de regra, falhamos em
viam mesmo abaixado Utnapishtim reconhecê-los na estrita originalidade
solta uma pomba, mas ela retorna. da mensagem de Gênesis 1-11… Em
Depois de alguns dias ele solta um todos esses casos não há nenhuma
corvo e esse não voltou. Era o sinal evidência do mais simples emprésti-
de que havia terra seca e eles pode- mo literário feito pelo escritor hebreu.
riam sair em segurança. Uma vez são É claro que seria mais fácil supor que
e salvo, o herói oferece um sacrifício ele tivesse plagiado vários motivos
aos deuses Anu e Enlil que respiram mitológicos, transformado-os e inte-
a fumaça e ficam satisfeitos. grado-os a uma história nova e origi-
nal de sua própria autoria. Só que, en-
Conclusão quanto Adapa respeitou o mundo do
deus Ea e não comeu o fruto proibido,
A disposição comum de muitos Adão e Eva rejeitaram a ordem do Se-
comentaristas já não é atribuir à Bí- nhor e seguiram a serpente.”68
blia a “invenção” de seus relatos e
De fato, embora tenhamos destaca-
sim de havê-los plagiado ou copiado
dos neste artigo várias semelhanças entre
desses mitos mesopotâmicos. Mas
o relato bíblico e as versões mitológicas
não precisamos, necessariamente op-
sumerianas, essas continuidades estão
tar por essa conclusão apenas por ser
claramente restritas àqueles elementos
o caminho mais fácil de se interpretar
as coincidências. Excelentes traba- do mito que podem evidenciar traços co-
lhos foram publicados questionando muns de historicidade dos fatos. Os pa-
a ideia comum de que o Gênesis seja ralelos verificados constituem não uma
o resultado “adaptado” de um em- emulação ou endosso da cultura pagã,
prétimo litetário feito pelos judeus na mas uma subversão dela. As posições
vasta literatura mesopotâmica.67 teológicas do Gênesis e da literatura su-
Notemos, ainda, esta importante meriana são tão oponentes entre si, que
observação de Wenham: “O pano de ainda que o autor bíblico tenha tido al-
fundo do Gênesis no Antigo Oriente gum contato com qualquer desses mitos,
está focado em questões diferentes certamente escreveu com o fim de refu-
daquelas que ocupam os leitores mo- tá-los e não de inspirar-se neles. Existe
dernos. Ele afirma a unidade de Deus uma grande controvérsia entre as fontes
em face ao politeísmo; sua justiça, no que diz respeito às afirmações sobre
em lugar de seus caprichos; seu poder Deus, a origem do universo e o propósi-
como o oposto de sua impotência; sua to da criação humana.
preocupação pela humanidade, ao in- K. A. Kitchen observa que “a su-
vés de sua exploração dela. Ao passo posição comum de que esse relato
que a Mesopotâmia prende-se à sabe- [bíblico] é simplesmente uma versão
doria do homem primevo, o relato do simplificada de lendas babilônicas é
A Suméria e os testemunhos extrabíblicos de Gênesis 1-11 / 37
surgem mais e mais divindades que, cia. Tudo foi criado por sua Palavra,
ao contrário de Yahweh (sem começo uma categoria de criação jamais en-
e sem fim), não apenas nascem, mas contrada em qualquer ponto da litera-
podem morrer, mesmo se dizendo tura analisada nesta pesquisa.
imortais. Aparentemente é a comida 5 – O Gênesis desmitifica também
celeste recusada por Adapa que lhes a ideia personalizada do céu, dos astros,
garante a vida eterna. da terra e das águas abismais como sen-
3 – A criação nos mitos mesopo- do forças cósmicas anteriores a alguns
tâmicos ocorre por gestação, projeção deuses e reprodutores de seres celes-
seminal ou batalha, provocando se- tiais. O sol, a lua, as estrelas são descri-
paração entre partes. Até a morte de tos apenas como “luzeiros” inanimados
um deus pode ser necessária para o para governar (i.e. direcionar diante do
surgimento de uma nova vida. Esse observador astronômico) o dia, a noite,
foi, como vimos no caso de Geshtu-e, as estações etc. Eles não têm qualquer
eleito depois da batalha dos anunakis influência na criação ou no destino do
para ser imolado e, com o seu san- ser humano (Gn 1:14-16).
gue, Enki e Ninmah poderem criar os 6 – Na literatura sumeriana a natu-
primeiros seres humanos. No versão reza tem vida em si mesma e poderes
do Gênesis, Deus concede a Adão o mágicos semelhantes aos deuses. No
seu próprio fôlego de vida e não o texto de encantamentos intitulado “O
sangue de uma criatura sacrificada. A verme e a dor de dente” é dito que a
ideia parece ser afirmar que definiti- terra criou os rios, os rios criaram os
vamente, não temos nenhum DNA de canais, os canais criaram os pântanos e
rebeldes celestiais! os pântanos criaram os vermes. Por isso
4 – Ainda sobre a criação por se- os mesopotâmicos favoreciam tanto a
paração entre partes, no épico “Gilga- prática de encantamentos inspirados no
mesh, Enkidu e o mundo dos mortos” animismo. A Bíblia jamais admite qual-
é preciso que a terra se desprenda quer ideia que se associe a isso. Deus é
definitivamente do céu para que seja apresentado como o criador de tudo o
iniciada a criação. Diz o texto: “Nos que existe, os pássaros, as árvores, os
dias primevos, nos mais primevos rios, etc. Tudo se submete ao seu poder
dos dias, nos antigos dias quando e nada tem vida em si mesmo.
tudo que é vital foi gerado… quando 7 – Alguns indícios da própria
o céu foi removido da Terra, quando narrativa bíblica dão a entender que,
o nome do homem foi fixado, quando num primeiro estágio de seu amadu-
[o deus] An ficou encarregado do céu recimento teológico, os hebreus ti-
e Enlil ficou encarregado da Terra.71 nham uma tendência mais henoteísta
Na versão bíblica, ainda que haja re- que monoteísta. Noutras palavras, eles
ferência à separação entre as águas, adoravam apenas um Deus (Yahweh),
entre a luz e as trevas etc, Deus não mas não descriam da existência real de
precisou batalhar com ninguém para outros deuses. No seu conceito havia
trazer o mundo e o universo à existên- várias divindades no universo, mas es-
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dela. Embora alguns insistam que a dois rios que margeiam a região coin-
cidade teria sido assentada em cerca cidentemente recebem nomes de dois
de 5000 a.C., a arqueóloga Jacquet- dos quatro rios que havia no Éden, a
ta Hawkes diz que a arte de se fazer saber, “o Tigre e Eufrates”. Afinal, na
tijolos queimados (como aqueles que própria linguagem sumeriana exis-
compõem a arquitetura do sítio) não tem certas palavras que, acredita-se,
poderia ter sido inventada antes de são preservações de um substrato lin-
3000 a.C72 o que dá uma diferença de guístico anterior “pré-sumeriano”. O
2 mil anos para a datação mais recua- nome desses rios (idiglat e buranun,
da. Logo, o mais provável é que essa em cuneiforme), de várias localidades
cidade seja um assentamento poste- (como Edin e Eridu) e de alguns ofí-
rior à inundação. O que os novos ha- cios (como tibira para metalúrgico ou
bitantes fizeram foi perpetuar em seus naggar para carpinteiro) evidenciam
escritos e tradições as memórias (ago- essa afirmação.
ra um tanto distorcidas) de um relato Não cabe à arqueologia “provar”
advindo desde os seus ancestrais. a Bíblia no sentido de sustentar sua
Semelhante aos imigrantes mo- autoridade, sua procedência divina
dernos, que ao chegaram num novo ou suas doutrinas que demandam fé.
lugar fundam assentamentos homôni- Contudo, é possível através do méto-
mos àqueles de sua terra natal (“Nova do histórico-arqueológico compreen-
Trento”, “Nova Hamburgo”, “Nova der o contexto bíblico e confirmar a
Friburgo” etc), é muito provável que veracidade ou pelo menos a “plausi-
os moradores da suméria ainda pre- bilidade histórica” de alguns eventos
servassem nomes e comportamentos nela descritos. Sendo assim, o axioma
que lembravam o local de onde seus lógico se torna exato, pois se a histó-
ancestrais haviam saído. Isso também ria é real, a teologia que se sustenta
explicaria hipoteticamente porque os nessa historicidade também o será.
mun e o Éden, mas as semelhanças, a nosso des derniers millénaires”, Paléorient, 15/2,
ver, ainda são muito notáveis para serem ol- 1989, p. 5-27; Susan Pollock, Ancient Meso-
vidadas. Cf. Kenton L. Sparks, Ancient Texts potamia (Cambrigde: Cambrigde University
for the Study of the Hebrew Bible – A Guide Press, 2004), p. 34 e 35; Douglas J. Kennett,
to the Background Literature (Peabody, MA: James P. Kennett, “Early State Formation in
Hendrickson Publishers, 2006), p. 307, 308. Southern Mesopotamia: Sea Levels, Shoreli-
33
Na versão sumeriana, ela mistura carne nes, and Climate Change”, em The Journal of
com sangue de um Deus sacrificado. ANET, Island and Coastal Archaeology, vol. 1, n. 1,
p. 99ss. julho de 2006, p. 67-99.
34
Cf. H. Wright, “Problems of Absolute 39
John Oates, “Ur and Eridu, the Prehis-
Chronology in Proto-Historic Mesopotamia”, tory”, em Iraq, n.s., 22, 1960, p. 33; Michael
em Paléorient 6 (1980), p. 93-98; J. Mellaart, Wood, Legacy: The Search for Ancient Cul-
“Egyptian and Near Easter Chronology: a Di- tures (New York: Sterling, 1994), p. 21-24.
lemma?” em Antiquity 53 (1979), p. 6-18; Alguns sugerem um máximo de 18 níveis de
Michael G. hasel, “Recent Developments ocupação. Cf. Leick, p. 27.
in Near Eastern Chronology and Radiocar- 40
A rigor, a primeira menção bíblica à
bon Dating”, em Origins 56 (2004), p. 6-31, construção de um altar vêm-nos da experiên-
Rodrigo P. Silva, Escavando a Verdade – a cia de Noé. Contudo, é possível deduzir, por
arqueologia e as incríveis histórias da Bí- inferência, a presença de altares nas ofertas
blia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, sacrificais apresentadas por Caim e Abel (Gn
2008), p. 33-44. 4:1-7) e na referência às peles de animais que
35
Vere Gordon Childe, What Happened vestiram Adão e sua mulher. Segundo alguns,
in History? (Nova Iorque: Penguin Books, essas seriam as peles de algum animal ofere-
1954), p. 49ss. cido em sacrifício, o primeiro holocausto do
36
Com algumas modificações essa ideia planeta (Cf. Gn 3:21).
é compartilhada por autores como Yohanan 41
Moshe Weinfeld, The Promise of the
Ahaoroni, Amihai Mazar, Thomas Levy, Ja- Land - The Inheritance of the Land of Cana-
mes Sauer e outros. an by the Israelites (Berkeley: University of
37
Sobre as estimativas populacionais e California Press, 1993), p. 37 e 38.
os critérios para se chegar a certos números 42
Sumerian Lexicon, p. 45 - 3.0 versão
cf.: Tartius Chandler, Four Thousand Ye- digital. Disponível em www.sumerian.org/
ars of Urban Growth: An Historical Cen- sumerlex.htm; também em PDF em http://
sus (Lewiston: St. Gavid’s 1987); George www.scribd.com/doc/502645/Sumerian-Le-
Modelski, “Cities of the Ancient World: xicon.
An Inventory (3,500 to 1,200)”, Monogra- 43
P. Charvát, Mesopotamia Before His-
fia do Departamento de Ciências Políticas tory (Praga: Oriental Institute, 2002), p. 55
da Universidade de Washington, disponível 44
De acordo com os assiriologistas, a
em http://faculty.washington.edu/modelski/ interpretação de alguns tabletes e dos nomes
WCITI2.html. Alguns autores mais come- dados a diferentes torres podem sugerir múl-
didos sugerem uma população em torno de tiplas funções para as mesmas. Por exemplo:
12,5 mil habitantes, enquanto outros falam duas torres são dedicadas à divindade pa-
de até 80 mil habitantes. Cf. Paul Bairoch, droeira da cidade; três envolvem um louvor
Cities and Economic Development (Chicago: mais generalizado, duas torres têm ligação
University of Chicago Press, 1988); A. Fekri com a montanha sagrada aonde habitam os
Hassan, Demographic Archaeology (Nova deuses (sua função era levar os homens aos
Iorque: Academic Press 1981); Mark Van de deuses representados pelo Patesi). Em seis
Mieroop, The Ancient Mesopotamian City casos, as torres funcionariam como morada
(Oxford: Oxford University Press, 2004), p. dos deuses (trazer a divindade aos homens).
97 e 108, nota 14. Quatro torres parecem claramente ter a fun-
38
P. Sanlaville, “Considérations sur ção de uma escadaria ligando a Terra ao céu
l’évolution de la Basse Mésopotamie au cours e também existe a ideia de fuga diante de um
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