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MOÇAMBICANA
1. Evolução Histórica
Os Portugueses chegaram a Moçambique nos finais do século XV (1498),
chefiados por Vasco da Gama a procura de ouro e marfim. Desembarcaram pela
primeira vez no rio Inharrime (Inhambane), Quelimane e Ilha de Moçambique.
A primeira forma de ocupação foi a fundação de feitorias quer para a pratica do
comercio, quer para a defesa de ataques árabes e dos chefes locais rebeldes, em
Sena (1530, Tete. 1537 e Quelimane, 1544. No século XVI tiveram contactos
com os chefes dos impérios de Mutapa e Marave. Assim, a colonização de
Moçambique foi feita em tres fases distintas:
a) Periodo do Ouro: XIV-XVII
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2. Delimitação do Território e Administração Pública Colonial em
Moçambique
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na criação do Conselho do Estado em 1845 e do Supremo Tribunal
Administrativo em 1870, na extensão da administração municipal e no
abstencionismo do Estado e da Administração em matérias económicas,
culturais e sociais. Neste período deu- se mais ênfase na descentralização da
Administração Pública.
c) Entre 1926 e 1974, na fase do Estado Novo, Portugal adoptou a
Administração Corporativa caracterizada pela separação entre a administração e
a justiça, o reforço da administração central em detrimento da administração
municipal, intervenção crescente da administração na vida económica e social,
diminuição das garantias dos particulares em todas as matérias, por imperativos
ideológicos, políticos e econômicos, e o incremento do autoritarismo político-
ideológico do Estado. Neste deu-se primazia à centralização da administração
pública.
Em Dezembro de 1933, o governo colonial Português introduziu através do
Decreto nº 23.229/33, de 15 de Novembro de 1933, uma reforma administrativa
para as colónias, que ficou conhecida por Reforma Administrativa Ultramarina
(RAU). A RAU tinha por objectivo a regulação e controle da organização e
funcionamento da administração pública nas colónias.
d) Com o golpe de Estado ocorrido a 25 de Abril de 1974, inicia a 2ª.
República, caracterizada administração social e econômica. O Estado nesta fase
é caracterizado pela separação das funções administrativa e jurisdicional, pelo
reforço da administração local, pelo incremento do poder intervencionista do
Estado na economia e pelo restabelecimento dos direitos, liberdades e garantias
dos cidadãos na constituição. Neste período foi incrementada a descentralização
da Administração Pública.
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O Artigo 4 estabelecia que a nova administração pública a instalar tinha por
objectivos “a eliminação das estruturas de opressão e exploração coloniais e
tradicionais e da mentalidade que lhes está subjacente”.
O Conselho de Ministros da República Popular de Moçambique, na sua 1ª.
Sessão após a proclamação da independência (de 9-25 de Julho de 1975),
analizou e identificou as características do Estado colonial implantado em
Moçambique e concluiu que o mesmo estava orientado para as cidades e para a
população das zonas urbanas. Para inverter esta situação, revolucionarizar o
aparelho de Estado era uma das tarefas fundamentais do Governo o que
impunha uma mudança radical que pusesse o Estado ao serviço das massas
operárias e camponesas.
Para este objectivo, era necessário empreender uma profunda transformação dos
métodos de trabalho e de estruturação do aparelho do Estado, a fim de
proporcionar a criação de novos esquemas mentais e regras de funcionamento.
A administração pública devia ser “um instrumento para a destruição de todos
os vestígios do colonialismo e do imperialismo, para a eliminação do sistema de
exploração do homem pelo homem, e para a edificação da base política,
material, ideológica, cultural e social da nova sociedade”.
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como delimitar as competências de cada Ministério, estabelecendo a relação
hierárquica dos diferentes serviços existentes ou a criar.
Para, regulamentar as funções, tarefas, composição e funcionamento dos
governos provinciais foi aprovada a Lei nº. 5/78, de 22 de Abril. O Governo
Provincial era definido como um órgão de direcção estatal com funções de
execução, decisão e controlo no escalão provincial. O Aparelho de Estado ao
nível provincial era constituído pelos seguintes órgãos:
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3. Investigação e experimentação científica;
5. Inspecção e controlo;
6. Defesa e segurança;
7. Relações internacionais
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Na sequeência das deliberações do IV Congresso, Moçambique foi aceite como
membro do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BM)
em 1984. Em 1986 foi adoptado e iniciada a implementação do Plano de Acção
Económica (PAE), para em 1987, implementar-se o Programa de Reabilitação
Económica (PRE). A situação prevalecente no País na época permitiu que estes
programas fossem elaborados debaixo das condicionalidades das instituições de
Bretton Woods.
A revisão da Constituição
A Constituição da República de 1990 veio consagrar muitas das mudanças
políticas e económicas até aí experimentadas, nomeadamente o abandono do
sistema de economia centralmente planificado e a introdução do pluralismo
político e da economia do mercado em Moçambique.
Com efeito, várias reformas foram implementadas dentre as quais a privatização
das empresas estatais, que contrariamente ao que era esperado teve algum
impacto negativo na economia devido à paralização e encerramento de muitas
das empresas, por falta de capacidade técnico-financeira do novo empresariado
ou por falta de um ambiente institucional propício desigandamente de políticas
públicas apropriadas, acesso a crédito e outros incentivos e falta de fiscalização
e acompanhamento pós-privatizações.
A fraca expressão quantitativa e qualitativa do sector privado, não permitiu o
exercício de uma pressão para adequação da organização e funcionamento do
Estado às mudanças políticas e económicas que se iam operando em
Moçambique.
A baixa qualificação profissional dos funcionários públicos, a fraca capacidade
de gestão de políticas públicas, recursos humanos, financeiros, materiais, a
excessiva burocracia, a morosidade nos procedimentos de licenciamento
comercial e industrial, a falta de mecanismos para garantir a força e efectividade
dos contratos e a falta de mecanismos de garantia de transparência e prestação
de contas e a existência de corrupção são as razões que ditaram o lançamento da
Estratégia Global da Reforma do Sector Público.
A revisão da Constituição levada a cabo e que terminou com a sua aprovação
em 30 de Novembro de 1990 trouxe muitas modificações com implicações na
Administração Pública entre as quais a introdução do multipartidarismo e a
recente revisão pontual para incorporar a existência das autarquias locais.
Por outro lado, a emenda constitucional que levou à introdução do Poder Local
na lei fundamental do País, incorporou uma nova redacção dos artigos 185 e
186, mas não se debruçou sobre os órgãos locais do Estado.
Constata-se uma falta de clareza na definição dos Órgãos Locais do Estado. A
Constituição apenas faz a definição de que o Governador Provincial é o
representante da autoridade central a nível da Província mas não esclarece que
Província é territorialmente nível local. Ao definir que o Governo Provincial é o
órgão encarregado de garantir a execução, ao nível provincial, da política
governamental centralmente definida (Artigo 114), e ao referir que “Nos
diversos escalões territoriais, os órgãos locais do Estado asseguram a
participação e decisão dos cidadãos em matéria de interesse próprio da
respectiva comunidade”, coloca o Governo Provincial numa situação de não ser
nem Órgão Central do Estado nem Órgão Local.
A Administração Pública Moçambique à luz da Constituição de 2004
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De acordo com o Título V, o Presidente da República, a Assembleia da
República, o Governo, os Tribunais e o Conselho Constitucional, são os órgãos
de soberania. Os órgãos de soberania assentam nos princípios de separação e
interdependência de poderes consagrados na Constituição e devem obediência à
esta e às leis (artigos 133 e 134).
Governo da República de Moçambique
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j) dirigir e promover a política de habitação;
k) garantir a defesa e consolidação do domínio público do Estado e do
património do Estado;
l) dirigir e coordenar as actividades dos ministérios e outros órgãos
subordinados ao Conselho de Ministros;
m) analisar a experiência dos órgãos executivos locais e regulamentar a sua
organização e funcionamento e tutelar, nos termos da lei, os órgãos das
autarquias locais;
n) estimular e apoiar o exercício da actividade empresarial e da iniciativa
privada e proteger os interesses do consumidor e do público em geral;
o) promover o desenvolvimento cooperativo e o apoio à produção familiar.
Administração Pública
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Principio da participação dos particulares;
Principio da decisão;
Poder Local
Função Pública
Conforme a Constituição da República aprovada em 2004, o acesso à Função
Pública e a Progressão nas Carreiras Profissionais não podem ser prejudicados
em razão da cor, raça, sexo, religião, origem étnica ou social ou opção político-
partidária e obedece estritamente aos requisitos de mérito e capacidade dos
interessados (Artigo 251, CRM).
Os funcionários e demais agentes do Estado, no exercício das suas funções,
devem obediência aos seus superiores hierárquicos (Artigo 252, CRM).
Conforme o censo dos funcionários e agentes do Estado realizado pelo
Ministério da Função Pública no periodo de Fevereiro a Julho de 2007 e
actualizado no periodo de Agosto de 2007 a Agosto de 2008 a Função Pública
moçambicana é constituida por 167.420 funcionários e agentes do Estado, dos
quais 111.732 (66.74%) são homens e 55.688 (33,26%) são mulheres. Destes,
16.202 homens e 9.408 mulheres estão afectos aos orgãos centrais , perfazendo
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15,3% enquanto 95.530 homens e 55.688 mulheres estão nas provincias,
perfazendo 84,7%, do total. As idades dos funcionários estão no intervalo de 26
e 48 anos num total de 121.525, ou seja 72,58%. Em termos de formação 42%
do contingente tem nível básico, 25% nível elementar e médio e 8% nivel
superior. O homens na função pública ocupam 78,44% com formação superior
e 77.44% com nível elementar enquanto que as mulheres com formação básica
e média ocupam 35,87% e 34,93%, respectivamente.
Em termos de concentração a maior parte dos funcionarios do Estado está
concentrada nos Sectores da Educação - 62.78%, da Saúde - 14.47% e da
Agricultura - 3.56%. Os outros sectores no conjunto ocupam 19.18% do
universo de funcionários e agentes.
Nos termos definidos no Estatuto geral dos funcionários do Estado o ingresso na
Administração Pública é por concurso público. Contudo, o Dirigentes com
competencia para nomear podem designar por escolha um cidadão para exercer
por contrato funções de direcção e chefia na Função Pública, quando não
houver na instituição pessoas com os requisitos necessários para o exercicio da
mesma função.
Formação em Administração Publica
A formação para o fortalecimento da capacidade técnico-profissional dos
funcionários e agentes da Administração Publica em Moçambique sempre
mereceu uma atenção especial para se assegurar a implementação eficiente e
eficaz das politicas de desenvolvimento do País.
A primeira instituição de formação para a Administração Pública foi criada em
1977 e designava-se Centro de Formação de Quadros 1º de Maio e tinha como
vocação a formação de administradores distritais. Este centro funcionou até
1980, altura que foi criada Escola de Estado e Direito.
A Escola de Estado e Direito dedicou-se á formação de directores provinciais,
administradores distritais e iniciou a oferta de cursos de graduação básica e
média em Administração Estatal.
Em 1994, a Escola de Estado e Direito foi transformada em Instituto Médio de
Administração Pública, com responsabilidade de formar técnicos básicos e
médios em Administração Pública.
Em 1994 foi criado o Sistema de Formação em Administração Pública (SIFAP)
mas que só foi possível iniciar a sua operaracionalização a partir de 1998. No
quadro da implementação do SIFAP foram criados os Institutos de Formação
em Aministração Pública e Autárquica (IFAPA), que funcionam nas zonas
Norte, Centro e Sul do País e o Instituto Superior de Administração Pública
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(ISAP). Estas instituições oferecem cursos de formação quer de graduação, quer
de capacitação de funcionários públicos a vários níveis.
A acção de formação desenvolvida por esta rede de instituições é
complementada pela intervenção de outras instituições de formação,
universidades e institutos superiores que oferecem cursos de graduação e pós
graduação em Administração Pública.
Ao nível da cooperação regional destacam-se os cursos oferecidos iniacialmente
pelo Projecto de Formação em Administração Pública (FAP), que foi
substituido pelos Projectos PIR-PALOP I e PIR-PALOP II voltados para o
fortalecimento das capacidades das Administrações Públicas dos Países
Africanos de Língua Portuguesa (PALOP).
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Reduzir os custos administrativos, através da elevação dos níveis
de eficiência e qualidade de serviços;
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Os determinantes da modernização da administração pública são a
implementação de medidas que assegurem o respeito e a segurança de bens e
pessoas; a clarificação de procedimentos administrativos, através do
estabelecimento e divulgação de um código de procedimentos e da
normalização dos formulários, a fim de permitir a transparência e a eficácia da
actividade administrativa; a desburocratização dos procedimentos da
administração pública e consequente mudança de atitude dos funcionários; a
institucionalização de critérios de transparência no funcionamento do Estado; a
regulamentação dos procedimentos da administração pública; a adopção de
técnicas modernas na realização da actividade administrativa, com o objecvtivo
de tornar mais céleres os processos da sua aplicação e a promoção da
participação dos cidadãos na administração pública através de mecanismos de
consulta e concertação.
Os objectivos da modernização da Administração Pública são:
a) Melhorar os níveis e qualidade de prestação directa de serviços aos
cidadãos passando a considerá-los como clientes, divulgando os seus
direitos e melhorando as condições do seu atendimento;
b) Reforçar o papel da AP enquanto agente da transformação da
sociedade, criando condições técnicas e organizacionais para a
instituição de uma administração para o desenvolvimento;
c) Criar um melhor ambiente na ecologia administrativa, formando
servidores, dignificando o seu papel, promovendo maior justiça
relativa, motivando e mobilizando para o processo de mudança;
d) Contribuir para a melhoria da imagem da Administração Pública e dos
servidores, superando gradualmente a imagem generalizada de que os
funcionários são 'burocratas, desinteressados e incompetentes',
portanto, são obstáculos ao processo de modernização da sociedade;
e) Promover a elevação dos níveis de eficiência e qualidade dos serviços
e assegurar a redução dos custos administrativos, permitindo que se
faça mais e melhor, mas de maneira diferente, com novos processos,
se possível com redução de custos.
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confiança nacional e internacionalmente, e na necessidade de restabelecer um
novo contrato entre os governos e as respectivas sociedades.
Os Governos são esperados a prestar um papel fundamental na segurança
alimentar, na protecção dos consumidores e das camadas mais vulneráveis, na
redução dos custos dos cuidados primários de saúde e na promoção de uma
educação universal básica, na protecção do ambiente e na prevenção e combate
de calamidades, na promoção e protecção do sector produtivo e da competição,
entre muitas responsabilidades. Esta lista cresce ainda mais se nos recordarmos
do impacto da globalização da economia, e da disseminação das tecnologias de
informação e comunicação.
Precisamente hoje em que as necessidades das populações são cada vez mais
crescentes em quantidade e qualidade, os governos enfrentam problemas de
escassez de recursos financeiros e de acesso a créditos e investimentos
internacionais. Os constrangimentos financeiros obrigam os Governos a
racionalizar as suas despesas, começando por factores de eficiência interna
como a redução de custos, a produtividade e a qualidade. Cada vez mais fica
consensual para as sociedades que se está perante um cenário em que se exige
que “os Governos façam mais, mas custando menos”.
No caso de Moçambique, a Reforma tem como objectivo a consolidação das
reformas rumo à uma economia de mercado. Isso passa pela criação de um
ambiente institucional que permita o Governo implementar políticas estratégicas
para o desenvolvimento como o PARPA, ao mesmo tempo que se fortalece o
sector privado.
A Estratégia Global da Reforma do Sector Público preconiza a criação e/ou
consolidação de estruturas e procedimentos eficientes e eficazes, sistemas de
gestão adequados e mecanismos de prestação de contas. Com estes elementos, o
sector público estará em melhores condições para oferecer um ambiente
institucional propício ao desenvolvimento do sector privado e
consequentemente, os dois sectores em parcerias inteligentes, promoverão o
desenvolvimento económico que é a aspiração de todos os moçambicanos.
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prestação de serviços, no processo de gestão de políticas públicas e na
programação orçamental e gestão financeira. Estas reformas contribuirão
consideravelmente para a promoção da boa governação e combate à corrupção,
ao aumentar a capacidade de resposta do sector público às demandas dos
cidadãos, através da criação de mecanismos de prestação de contas e
transparência e pela redução de oportunidades de acesso ilícito aos recursos
públicos. A ocasião faz o ladrão. É preciso reduzir senão eliminar os espaços
para a corrupção.
A Estratégia Global da Reforma do Sector Público, é um instrumento essencial
para a consolidação das reformas económicas em curso no país e para a
implementação dos programas do Governo, especialmente o Programa de
Redução da Pobreza Absoluta (PARPA), o Plano Económico e Social (PES),
uma vez que impulsiona a revitalização dos órgãos e instituições do Estado,
melhorando o funcionamento do sector público como um todo. Um sector
público forte e a funcionar bem cria condições para o florescimento e
fortalecimento do sector privado, proporcionando um ambiente para o
desenvolvimento económico do país. Isto pode ser melhor visualizado tendo em
conta as principais acções previstas nas áreas de foco da Reforma: as estruturas
e procedimentos de prestação de serviços, os recursos humanos, as políticas
públicas, a gestão financeira do Estado e o combate à corrupção.
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públicos, com fortes possibilidades de melhoria de sua qualidade e criação de
novas formas de rendimento.
Ademais, a redução do tempo de resposta bem como da burocracia no
funcionamento do sector público e particularmente no licenciamento das
actividades económicas, previstas sob esta componente e já em curso, são
medidas que estimularão consideravelmente os investimentos tanto internos
como externos, com um impacto positivo na economia.
A Estratégia Global da Reforma do Sector Público é um programa do Governo
integrando todas as reformas em curso nos ministérios e governos provinciais.
Com esta nova abordagem, as mudanças que vinham sendo sectoriais e isoladas
passam a ser integradas e interdependentes, com uma única direcção, visando a
melhoria da prestação de serviços públicos ao cidadão e o desenvolvimento de
um ambiente favorável ao crescimento do sector privado.
Para o alcance desses objectivos, estão previstas mudanças profundas na gestão
e capacitação dos recursos humanos, nas estruturas e procedimentos de
prestação de serviços, no processo de gestão de políticas públicas e na
programação orçamental e gestão financeira. Estas reformas contribuirão
consideravelmente para a promoção da boa governação e combate à corrupção,
ao aumentar a capacidade de resposta do sector público às demandas dos
cidadãos, através da criação de mecanismos de prestação de contas e
transparência e pela redução de oportunidades de acesso ilícito aos recursos
públicos. A ocasião faz o ladrão. É preciso reduzir senão eliminar os espaços
para a corrupção.
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Redução do tempo de espera para contratação de mão-de-obra
estrangeira;
Introdução do visto de entrada na fronteira;
Redução do prazo de concessão do Direito de Uso e Aproveitamento da
Terra (DUAT);
Redução do tempo de emissão de bilhetes de identidade;
Promoção do registo civil de crianças recem nascidas com recurso a
brigadas móveis;
Simplificação dos mecanismos de importação de viaturas;
Implementação de programas de divulgação das realizações no sector
publico no quadro da reforma do sector publico para promoção de uma
nova imagem da Administração Pública.
Reformas Complementares
A par das reformas em curso nos Ministérios e Governos Locais, é notável o
sector da Justiça está empenhado em implementar reformas para assegurar a
aplicação do Direito e reduzir o elevado nível de impunidade que afecta a
sociedade. No quadro da implantação do Estado de Direito é fundamental que
sejam criadas condições para que os contratos e acordos tenham força e sejam
respeitados por todos os intervenientes como forma de criar um ambiente de
responsabilidade e de responsabilização.
Descentralização em Moçambique
A descentralização em Moçambique tem como objectivos o aprofundamento da
democracia, garantir a participação dos cidadãos na solução dos problemas
próprios das comunidades e promover o desenvolvimento local.
A Descentralização em Moçambique assume duas formas: a Desconcentração
administrativa (dos órgãos centrais do Estado para os órgãos locais do Estado )
e a Descentralização propriamente dita ou Descentralização política ou
Devolução (dos órgãos centrais do Estado para as autrarquias locais).
A Descentralização propriamente dita obedece os seguintes princípios:
1. Autonomia administrativa dos municípios (poderes de decisão sem
subordinação aos órgãos centrais;
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3. Autonomia patrimonial dos municípios (o direito de ser titular de bens
patrimoniais próprios gerados de acordo com os seus interesses e
vontade);
4. Eleição dos Dirigentes Municipais (garantia de autonomia de decisão, de
democracia e da participação dos cidadãos nos assuntos que lhes dizem
respeito);
5. Rigorosa garantia da legalidade da actuação dos municípios na gestão do
erário público, através da fiscalização e da harmonização com os
superiores interesses nacionais quando estes estejam em causa;
6. Entrega aos municípios de atribuições e competências que permitam que
se tornem pólos de desenvolvimento e de promoção da melhoria das
condições de vida das comunidades;
7. Desenvolvimento de mecanismos de responsabilização dos funcionários
perante os municípios;
8. Criação de mecanismos de reequilíbrio regional e de solidariedade inter-
municipal;
9. Estabelecimento de mecanismos institucionais de enquadramento das
autoridades tradicionais.
Sustentabilidade da Reforma
A sustentabilidade da reforma impõe que se desenvolvam capacidades nos
Moçambicanos de aprender e construir a partir de acções já realizadas como
forma de estabelecer sinergias entre os vários intervenientes.
O gradualismo é um aspecto importante a ser observado porque as reformas
devm ocorrer a partir de processos endogenos e ajustados as condições do País
com a necessária participação de todos os cidadãos: funcionários, agentes
económicos, sociedade civil, partidos políticos e comunidades em geral.
Conclusão
A necessidade de um maior desempenho Governo na sua missão de coordenar
os esforços de todos os Moçambicanos para a redução da pobreza absoluta que
leve ao arranque do desenvolvimento económico e social do País exige uma
reflexão imediata e consequente sobre o tipo de Estado que queremos implantar
em Moçambique. A reflexão deverá conduzir à definição da(s) estratégia(s) da
reforma que transforme o Estado num órgão orientador e coordenador das
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reformas económicas e sociais que propiciem a emergência de um Governo
Empreendedor e Catalizador do desenvolvimento.
Um primeiro momento desta reflexão exige a definição de uma visão sobre o
tipo de Estado e de sociedade queremos ser à médio e longo prazo pois, não
bastam as intenções e programas de combate à pobreza absoluta. A Agenda
2025 pode ser um importante instrumento para ajudar a formulação da visão
sobre o Governo e o processo de governação para Moçambique.
As reformas do Sector Público iniciadas em Junho de 2001 sob uma estratégia
global precisam não só de continuidade e revitalização como também de um
maior vigor e determinação.
Medidas devem ser tomadas para que o movimento da reforma seja, em
primeiro lugar, a bandeira dos dirigentes superiores do Estado pois, tal situação
vai certamente transformar-se num elemento mobilizador de todos os
trabalhadores, em particular das chefias intermédias. Cada sector do Aparelho
do Estado deve ser exigido a definir, na mesma altura que se discute a proposta
de plano e orçamento para o ano seguinte, as acções concretas a realizar no
âmbito da reforma do sector público, as metas ou resultados a alcançar, assim
como a identificação dos indicadores de controlo e impacto do respectivo
programa na melhoria de prestação de serviço ao público.
A elaboração do programa global de cada sector deve envolver diferentes fases
de consulta e discussão, sendo etapas prioritárias, o debate colectivo das
propostas entre os funcionários e as chefias intermédias, e entre estas e os
dirigentes dos respectivos sectores.
Seria desejável que este processo fosse complementado pela indicação dos
recursos (internos e externos) disponíveis e dos mobilizáveis.
O desenvolvimento económico é indissociável de um processo de reformas
visando a modernização e melhoria da capacidade do Estado. No entanto, estas
reformas têm que estar em sintonia com o modelo económico que se pretende
seguir, de modo que o Estado seja municiado das capacidades adequadas para
desempenhar o papel que dele se espera.
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Bibliografia:
1) Constituição da República aprovada em 1990
2) Constituição da República aprovada em 2003
3) Normas de Organização e Funcionamento dos Serviços da Administração
Publica
4) Estatuto Geral dos Funcionarios do Estado
5) Lei dos Orgaos locais do Estado – Lei 8/2003 de 19 de Maio
6) Lei das Autarquias locais – Lei 2/97
7) Decreto 15/2000 que estabele as formas de articulação entre os orgaos
locais do Estado e as autoridades comunitarias;
8) Decreto que estabelece as formas de articulação entre os orgaos locais do
Estado e as Autarquias locais
9) Brochura sobre a Estrategia Global De Reforma do Sector Publico
10) Brochura da Estrategia anti-Corrupção
11) Chichava, Prof. Dr. J. A. Conceição, Evolução da Administração
Pública
12) Anuário Estatistico dos Funcionários e Agentes do Estado,
publicado pelo Ministério da Função Publica, 1ª Edição 2008.
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