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quarta-feira, 6 de maio de 2015 13:09:59
PARALISIA CEREBRAL
Teoria e Prática
Carlos Bandeira de Mello Monteiro
Luiz Carlos de Abreu
Vitor Engrácia Valenti
PARALISIA CEREBRAL
Teoria e Prática
2015
São Paulo
Copyright © 2015, Carlos Bandeira de Mello Monteiro
Dados Catalográficos
Editora Plêiade
Rua Apacê, 45 - Jabaquara - CEP: 04347-110 - São Paulo/SP
info@editorapleiade.com.br - www.editorapleiade.com.br
Fones: (11) 2579-9863 – 2579-9865 – 5011-9869
Impresso no Brasil
OS AUTORES
Organizadores
PARALISIA CEREBRAL:
Teoria e Prática
PREFÁCIO I ..................................................................................... 25
Carlos Bandeira de Mello Monteiro, Luiz Carlos de Abreu, Vitor Engrácia
Valenti
PREFÁCIO II .................................................................................... 27
Rubens Wajnsztejn
PARTE I
CAPÍTULO 1
PARALISIA CEREBRAL ....................................................................... 31
Emília Katiane Embiruçu, Carlos Bandeira de Mello Monteiro,
Talita Dias da Silva, Alberto Olavo Advíncula Reis, Vitor Engrácia Valenti,
Adriana Gonçalves de Oliveira, Luiz Carlos de Abreu
Paralisia Cerebral (Parte I):
1. Histórico ...................................................................................... 31
2. Definição ..................................................................................... 32
3. Epidemiologia ............................................................................... 35
4. Fatores de risco ............................................................................ 36
5. Classificação Clínica ...................................................................... 40
5.1 Espástica ............................................................................... 41
5.1.1 Tetraplégica ................................................................... 42
5.1.2 Diplégica ....................................................................... 43
5.1.3 Hemiplégica .................................................................. 43
5.2 Discinética ............................................................................. 44
5.2.1 Forma coreoatetósica (Hipercinética) ............................... 45
5.2.2 Forma Distônica ............................................................. 45
5.3 Atáxica .................................................................................. 46
5.4 Hipotônica .............................................................................. 46
5.5 Mista .................................................................................... 47
Paralisia Cerebral (Parte II):
1. Diagnóstico .................................................................................. 47
1.1 Correlação anátomo clínica ...................................................... 48
1.2 Comorbidades ........................................................................ 50
1.3 Diagnóstico diferencial ............................................................ 51
CAPÍTULO 2
Principais Complicações Respiratórias na Paralisia Cerebral ................... 57
Adriana Fanelli, Denise Cardoso Ribeiro
1. Introdução ................................................................................... 57
2. Distúrbios do Sono ....................................................................... 58
3. Processos Aspirativos .................................................................... 59
4. Tosse .......................................................................................... 60
5. Refluxo Gastroesofágico ................................................................ 60
5.1 Estruturas que formam barreira antirrefluxo x PC ...................... 61
5.2 Quadro clínico ........................................................................ 62
5.3 Tratamento DRGE ................................................................... 63
6. Disfagia ....................................................................................... 64
7. Biomecânica da Caixa Torácica ....................................................... 65
8. Imobilismo ................................................................................... 66
9. Gerenciamento de Doenças Pulmonares em Crianças com PC ............ 67
10. Conclusão .................................................................................. 67
CAPÍTULO 3
Semiologia dos Reflexos e Reações Automáticas na Paralisia Cerebral .... 71
Eliane Pires de Oliveira Mota, Luiz Carlos de Abreu, Talita Dias da Silva,
Vitor Engrácia Valenti, Marjorie Heloise Masuchi,
Silvia Regina Malheiros, Carlos Bandeira de Mello Monteiro
Reflexos .......................................................................................... 72
A) PRINCIPAIS REFLEXOS
1. Reflexo de preensão plantar .......................................................... 73
1.1 Estímulo
1.2 Resposta
1.3 Período
1.4 Comentários
2. Reflexo de preensão palmar .......................................................... 74
2.1 Estímulo
2.2 Resposta
2.3 Período
2.4 Comentários
3. Reflexo de Moro ........................................................................... 74
3.1 Estímulo
3.2 Resposta
3.3 Período
3.4 Comentários
4. Reflexo da Extensão Cruzada ......................................................... 75
4.1 Estímulo
4.2 Resposta
4.3 Período
4.4 Comentários
5. Reflexo de Colocação Plantar (“Placing”) ......................................... 75
5.1 Estímulo
5.2 Resposta
5.3 Período
5.4 Comentários
6. Reflexo Cutâneo Plantar ................................................................ 76
6.1 Estímulo
6.2 Resposta
6.3 Período
6.4 Comentários
7. Reflexo de Galant (encurvamento) ................................................. 76
7.1 Estímulo
7.2 Resposta
7.3 Período
7.4 Comentários
8. Reflexo Tônico Cervical Simétrico (RTCS) ........................................ 77
8.1 Estímulo
8.2 Resposta
8.3 Período
8.4 Comentários
9. Reflexo Tônico Cervical Assimétrico (RTCA) ..................................... 77
7.1 Estímulo
7.2 Resposta
7.3 Período
7.4 Comentários
10. Reflexo Tônico Labiríntico (RTL) ................................................... 77
10.1 Estímulo
10.2 Resposta
10.3 Período
10.4 Comentários
11. Reflexo positivo de suporte ........................................................... 78
11.1 Estímulo
11.2 Resposta
11.3 Período
11.4 Comentários
12. Reflexo da Marcha ....................................................................... 78
12.1 Estímulo
12.2 Resposta
12.3 Período
12.4 Comentários
13. Reflexo dos olhos de boneca ......................................................... 78
13.1 Estímulo
13.2 Resposta
13.3 Período
13.4 Comentários
B) PRNCIPAIS REAÇÕES POSTURAIS DA CRIANÇA ............................... 79
1. Reação Cervical de Retificação ....................................................... 80
1.1 Estímulo
1.2 Resposta
1.3 Período
1.4 Comentários
2. Reação de Retificação do Pescoço Sobre o Corpo ............................. 80
2.1 Estímulo
2.2 Resposta
2.3 Período
2.4 Comentrios
3. Reação de Retificação do Corpo sobre o Corpo ................................ 80
3.1 Estímulo
3.2 Resposta
3.3 Período
3.4 Comentários
4. Reação Labiríntica de Retificação .................................................... 81
4.1 Estímulo
4.2 Resposta
4.3 Período
4.4 Comentários
5. Reação Óptica de Retificação ......................................................... 81
5.1 Estímulo
5.2 Resposta
5.3 Período
5.4 Comentários
6. Reação de Landau ........................................................................ 82
6.1 Estímulo
6.2 Resposta
6.3 Período
6.4 Comentários
7. Reação de Anfíbio ......................................................................... 82
7.1 Estímulo
7.2 Resposta
7.3 Período
7.4 Comentários
8. Reação de Pára-quedas ................................................................. 82
8.1 Estímulo
8.2 Resposta
8.3 Período
8.4 Comentários
Considerações Finais ......................................................................... 83
PARTE II
CAPÍTULO 7
Aplicabilidade clínica dos conhecimentos da Aprendizagem Motora
na Paralisia Cerebral
Camila Torriani-Pasin e Carlos Bandeira de Mello Monteiro
1. Introdução ................................................................................. 141
2. Fatores que afetam a aquisição de habilidades motoras .................. 143
2.1 Demonstração ...................................................................... 144
2.2 Estrutura de Prática .............................................................. 145
2.3 Feedback ............................................................................. 148
Considerações Finais ....................................................................... 151
CAPÍTULO 8
Controle Motor e Paralisia Cerebral ................................................... 157
Claudia Eunice Neves de Oliveira, Nelson Francisco Annunciato,
Juan Carlos Bonito
O fornecimento de informações sensitivas para o controle motor ......... 159
Controle do movimento através de mecanismos de Feedback
e Feed forward ............................................................................... 161
Feedback: reativo, adaptativo .......................................................... 161
Feed forward: previamente, proativo, antecipadamente ..................... 162
Córtex Somato-sensitivo e Suas Vias Sensitivas ................................ 164
1. Córtex somato-sensorial e suas vias sensitivas .............................. 164
1.1 Área sensitiva somática primária (SI) ..................................... 164
1.2 Área sensitiva de associação .................................................. 164
1.3 Área sensitiva somática secundária (SII) ................................. 164
2. Vias sensitivas ............................................................................ 165
O papel dos proprioceptores no controle motor ................................. 165
2.1 Via sensorial térmica e dolorosa ................................................. 168
2.2 Via sensorial mecânica .............................................................. 168
2.3 Via sensorial proprioceptiva dos membros e tronco ...................... 168
Áreas Motoras ................................................................................ 170
1. Córtices motores ........................................................................ 170
1.1 Córtex motor primário ........................................................... 170
1.2 Córtex pré-motor .................................................................. 171
1.3 Área motora suplementar ...................................................... 171
Sistemas descendentes ................................................................... 172
2. Cerebelo .................................................................................... 172
2.1 Sistema de vias aferentes ...................................................... 173
2.2 Sistema de vias eferentes ...................................................... 174
3. Núcleos da Base ......................................................................... 174
3.1 Corpo estriado (putame e núcleo caudado) ............................. 175
3.2 Globo pálido ......................................................................... 175
3.3 Núcleo subtalâmico ............................................................... 175
3.4 Substância negra .................................................................. 175
4. Formação Reticular ..................................................................... 176
5. Núcleos Vestibulares ................................................................... 177
CAPÍTULO 9
Desenvolvimento Motor e suas alterações na Paralisia Cerebral ........... 179
Silvana Maria Blascovi-Assis
Plasticidade Neuronial ..................................................................... 180
Desenvolvimento motor na Paralisia Cerebral .................................... 181
Programas de Intervenção ............................................................... 181
Motivação para a tríade mãe / criança / terapeuta ............................. 182
PARTE IV
CAPÍTULO 12
Estimulação elétrica neuromuscular (Nmes) e estimulação
elétrica funcional (Fes) .................................................................... 215
Fabio Navarro Cyrillo, Thais Amanda Rodrigue,
Cristiano Schiavinato Baldan, Alessandra Maria Schiavinato,
Alexandre Cavallieri Gomes
FES no controle da postura do tronco de portadores de
Paralisia Cerebral ............................................................................ 216
Utilização da FES na marcha de portadores de PC .............................. 218
Estimulação elétrica neuromuscular (NMES) para o tratamento
da espasticidade em crianças portadoras de PC ................................. 223
Parâmetros da Estimulação .............................................................. 224
TON/TOFF ou ciclo On/ciclo Off ............................................................ 225
Rampas de subida e descida e tempo de sustentação ......................... 225
Frequência de pulsos ou dos bursts .................................................. 225
Tempo de duração da terapia ........................................................... 226
Amplitude ...................................................................................... 226
Eletrodos ....................................................................................... 226
Contra-Indicações e Cuidados para o uso da NMES ............................ 227
Evidência científica e atualização ...................................................... 227
CAPÍTULO 13
Terapia por contensão induzida
Rodrigo Deamo Assis
1. Introdução ................................................................................. 235
2. Histórico e a Superação da Teoria do Desuso ................................. 235
3. Descrição do protocolo da TCI ..................................................... 237
3.1 Duração do tratamento ......................................................... 237
3.2 Uso da contensão ................................................................. 238
3.3 Treino das tarefas adaptadas ................................................. 238
A) Argola ............................................................................ 239
B) Blocos em cima da caixa ................................................... 239
C) Virando dominós .............................................................. 240
4. Treino das tarefas gerais ............................................................. 240
A) Arrumando a mesa ............................................................... 240
B) Cortando o alimento ............................................................. 241
5. Pacote de transferência ............................................................... 241
A) Contrato Comportamental ...................................................... 241
B) Prática Domiciliar .................................................................. 242
C) Tarefas de Casa “Home Skill Assignment” ................................ 242
D) Diário .................................................................................. 243
E) Avaliação “Motor Activity Log” ................................................ 243
6. Terapia por Contensão Induzida na população infantil ..................... 244
6.1 Contensão ........................................................................... 244
6.2 Treino das Tarefas Adaptadas ................................................ 244
6.3 Pacote de transferência ........................................................ 244
7. Conclusão .................................................................................. 245
CAPÍTULO 14
Realidade Virtual na Paralisia Cerebral
Talita Dias da Silva, Carlos Bandeira de Mello Monteiro,
Ana Grasielle Dionísio Corrêa, Angelica Castilho Alonso,
Júlia Maria D’Andréa Greve
1. Introdução 249
2. História da realidade virtual ......................................................... 251
3. Fundamentos de realidade virtual ................................................. 252
3.1 - Tipos de Sistemas de Realidade Virtual ................................. 254
3.1.1 - Realidade Imersiva ................................................... 254
3.1.2 - Realidade Semi-Imersiva .......................................... 254
3.1.3- Realidade Não-Imersiva ............................................ 254
4. Sistemas de realidade virtual utilizados em reabilitação .................. 255
4.1 Utilização de realidade virtual na Paralisia Cerebral .................. 255
4.2 Exergames ........................................................................... 255
4.3 Pesquisas com Realidade Virtual na Paralisia Cerebral ............... 257
CAPÍTULO 15
Indicação e medidas para o uso de órteses e acessórios ..................... 263
Sandra Cardozo Martins
Órteses ......................................................................................... 264
Acessórios ..................................................................................... 268
CAPÍTULO 16
Análise e prognóstico da marcha ...................................................... 275
Sandra Regina Alouche
Desenvolvimento da marcha madura ................................................ 275
Classificação da marcha na Paralisia Cerebral .................................... 280
Prognóstico de marcha na Paralisia Cerebral ...................................... 283
PARTE V
CAPÍTULO 17
Tratamento Neuroevolutivo- Conceito Bobath
Cláudia Alcântara de Torre
I - Revisão histórica do Conceito Bobath - artigos Mrs. Bobath .......... 295
II - Comentários sobre a revisão histórica ........................................ 299
III - Princípios e embasamento de acordo com a neurociência atual ..... 301
IV - Avaliação e Tratamento ............................................................ 307
V - Conclusão ............................................................................... 318
CAPÍTULO 18
Integração Sensorial na Paralisia Cerebral ......................................... 321
Zodja Graciani e Aline Momo
O modelo teórico ............................................................................ 322
Distúrbio de Processamento Sensorial .............................................. 323
1. Distúrbio de Modulação Sensorial - DMS ....................................... 323
Subtipo 1: Hiper-responsivo ........................................................ 323
Subtipo 2: Hiporresponsivo ......................................................... 324
Subtipo 3: Busca sensorial .......................................................... 325
2. Distúrbio de Discriminação Sensorial - DDS ................................... 325
3. Distúrbio Motor com Base Sensorial - DMBS .................................. 326
Avaliação da Integração Sensorial na Paralisia Cerebral ...................... 327
A Terapia de Integração Sensorial .................................................... 330
A terapia de Integração Sensorial como abordagem na PC .................. 331
1. A terapia é um processo dinâmico que envolve a participação
efetiva da criança ....................................................................... 331
2. Os estímulos sensoriais são controlados para eliciar uma
resposta adaptativa .................................................................... 331
3. A graduação de desafios permite a consolidação e
amadurecimento de comportamentos ........................................... 331
4. O ambiente terapêutico proporciona suporte emocional
e variabilidade de oferta sensorial ................................................ 332
5. As atividades sensoriais tem componentes lúdicos e significativos ... 332
Circuito de Planejamento Motor ........................................................ 333
Lançando argolas sobre a plataforma ............................................... 334
Balanço com posicionamento de segurança ....................................... 335
Rolando e derrubando coisas ........................................................... 335
Colhendo Frutas ............................................................................. 336
Fazendo milkshake ......................................................................... 336
Bola na boca do palhaço .................................................................. 337
Considerações Finais ....................................................................... 337
CAPÍTULO 19
Educação Condutiva - Petö
Carlos Bandeira de Mello Monteiro, Talita Dias da Silva,
Vitor Engrácia Valenti, Luiz Carlos de Abreu
Educação Condutiva – Petö .............................................................. 341
Esclarecendo conceitos da educação condutiva .................................. 342
Proposta ........................................................................................ 343
Fatores que compõem a Educação Condutiva .................................... 343
1. Condutor ................................................................................... 344
2. Aprendizado motor ..................................................................... 345
3. Horário diário ............................................................................. 345
4. Série de Tarefas ......................................................................... 345
5. Manutenção da atenção ............................................................... 346
6. Facilitação .................................................................................. 346
7. Formação de grupos ................................................................... 347
CAPÍTULO 20
Manuseio e Adequação de Atividades Funcionais (MAAF)
Carlos Bandeira de Mello Monteiro,
Vitor Engrácia Valenti, Luiz Carlos de Abreu,
Dafne Herrero, Talita Dias da Silva
A Introdução da abordagem MAAF .................................................. 351
1 - Pré-Ciência .......................................................................... 351
2 - Ciência Normal ..................................................................... 351
3 - Crises de Paradigmas ............................................................ 352
4 - Ciência Revolucionária ........................................................... 352
Organização da abordagem MAAF .................................................... 353
1 - Utilização da CIF ................................................................... 353
2 - Prática baseada em evidências (PBE) ...................................... 354
3 - Aprendizagem motora ........................................................... 355
Abordagem MAAF - fundamentação teórica das habilidades
motoras ......................................................................................... 355
1 - Aspectos musculares ............................................................. 355
1.1 - Global ......................................................................... 356
1.2 - Segmentar .................................................................. 356
1.3 - Específico .................................................................... 356
2 - Aspectos temporais ............................................................... 356
2.1 - Discretos .................................................................... 356
2.2 - Seriado ....................................................................... 357
2.3 - Contínuos .................................................................... 357
3 - Aspectos do meio ambiente ................................................... 357
3.1 - Aberta ................................................................................. 357
3.2 - Fechada ...................................................................... 358
3.3 - Tarefa mista ................................................................ 358
4 - Aspectos Internacionais ......................................................... 359
4.1 - .................................................................................. 359
4.2 - .................................................................................. 359
4.3 - .................................................................................. 359
5 - Aspectos de atenção ............................................................. 360
Abordagem MAAF - Proposta de utilização prática das habilidades
motoras ......................................................................................... 360
Outros fatores considerados pela abordagem MAAF ........................... 363
CAPÍTULO 21
Kabat - Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva
Cristina dos Santos Cardoso de Sá
Introdução ..................................................................................... 367
Princípios do método facilitação neuromuscular propriocetiva .............. 368
Posição corporal e biomecânica ........................................................ 368
Contato manual .............................................................................. 368
Comando Verbal ............................................................................. 369
Visão ............................................................................................. 369
Tração e aproximação ..................................................................... 369
Reflexo de estiramento ................................................................... 370
Resistência .................................................................................... 370
Irradiação ...................................................................................... 370
Padrões de facilitação ..................................................................... 370
Sincronização do movimento ........................................................... 371
Técnicas específicas ........................................................................ 371
Facilitação neuromuscular proprioceptiva e os tipos de
paralisia cerebral ............................................................................ 371
Exemplos do uso de padrões diagonais e suas implicações
funcionais no indivíduo com PC ........................................................ 373
Considerações finais ....................................................................... 375
PARTE VI
CAPÍTULO 22
Fonoaudiologia e motricidade oral .................................................... 385
Celia Torres de Oliveira
Introdução ..................................................................................... 385
1 Sistema sensório-motor oral e o aspecto emocional ....................... 386
1.1 Aquisição e desenvolvimento ................................................. 386
1.2 Aprendizagem - período crítico ............................................... 387
1.3 Processamento sensorial: consolidação da aprendizagem
da motricidade oral e suas alterações ..................................... 387
2 Comportamento motor da alimentação ......................................... 388
2.1 A biomecânica da tríade da alimentação .................................. 389
2.2 Alterações na dinâmica da alimentação e deglutição ................. 389
2.3 Aprendizagem: consolidação ativa ou reativa ........................... 390
3. Desenvolvimento da MO .............................................................. 391
3.1 Alinhamento biomecânico, cadeia muscular e performance oral . 391
3.2 Estabilidade e mobilidade ...................................................... 391
3.3 Os planos de desenvolvimento ............................................... 392
3.4 Marcos sequenciais do desenvolvimento da MO ........................ 392
3.5 Aprendizagem da MO e o controle da saliva ............................. 393
3.6 Adaptações e compensações nos planos de desenvolvimento .... 394
3.7 Estruturas ósseas e suas possíveis deformidades ..................... 394
4. Constructo da alimentação e da comunicação ................................ 395
Considerações Finais ....................................................................... 397
CAPÍTULO 23
Comunicação suplementar e alternativa ............................................ 401
Helena Maria Soares Panhan
Lugar do Sujeito: na Linguagem, Língua, Comunicação e Fala ............. 402
O que é a Comunicação Suplementar e Alternativa (CSA) ................... 404
Definição ....................................................................................... 404
Sistemas de Símbolos Gráficos da CSA ............................................. 405
Questões de Técnica: pranchas de comunicação e escolha dos
símbolos ........................................................................................ 406
Pranchas de Comunicação ............................................................... 406
Escolha dos Símbolos Gráficos: Vocabulário ...................................... 407
Questões de técnica: aspectos motores da comunicação .................... 408
Questões de Técnica: Tecnologia Assistiva e a CSA ............................ 408
Questões de Método: Processos terapêuticos ..................................... 409
Momento 1 .................................................................................... 409
Questões Terapêuticas .................................................................... 410
Proposta terapêutica: Momento 2 ..................................................... 410
Discussão da Cena Clínica:
A palavra dita no apontar do símbolo gráfico ..................................... 411
Momento 3 .................................................................................... 411
Discussão da Cena clínica
Seleção Dos Símbolos: apropriação dos sentidos ............................... 411
Considerações Finais ....................................................................... 412
CAPÍTULO 24
A influência da musicoterapia na reabilitação da criança com paralisia
cerebral
Maristela Pires da Cruz Smith
Resumo ......................................................................................... 415
Introdução ..................................................................................... 415
Música na Terapia e Música como Terapia .......................................... 417
Musicoterapia na Paralisia Cerebral ................................................... 418
Procedimentos Metodológicos Musicoterápicos no Atendimento
ao Indivíduo com Paralisia Cerebral .................................................. 421
Considerações Finais ....................................................................... 422
CAPÍTULO 25
Artes Plásticas para alunos com paralisia cerebral: divagações de
uma professora de arte ................................................................... 425
Lucia Helena Reily
Pesquisas sobre desenho em paralisia cerebral .................................. 429
Pesquisas em contexto natural ......................................................... 430
Palavras de conclusão ..................................................................... 434
CAPÍTULO 26
Atividade Física Adaptada na Paralisia Cerebral .................................. 437
Roberto Gimenez, Alessandro de Freitas
Natação ......................................................................................... 442
Futebol .......................................................................................... 442
Bocha ............................................................................................ 443
Polybat .......................................................................................... 443
Dança ........................................................................................... 444
Considerações Finais ....................................................................... 444
CAPÍTULO 27
Atuação da terapia ocupacional na paralisia cerebral .......................... 449
Renata Cristina Bertolozzi Varela, Barbara Martins
1 A Terapia Ocupacional e seu Instrumento: As Atividades ................ 449
2 As atividades e a especificidade da Paralisia Cerebral ..................... 450
3 O uso das atividades na atuação da Terapia Ocupacional na Paralisia
Cerebral: uma ilustração ............................................................. 452
Considerações finais ....................................................................... 459
CAPÍTULO 28
Atuação da Psicologia junto ao Paciente com Paralisia Cerebral ........... 463
Patricia Pimentel Gomes, Camila da Veiga Prade
CAPÍTULO 29
Intervenções pedagógicas na Paralisia Cerebral ................................. 467
Magali Maria da Rocha Minato
Considerações gerais ...................................................................... 471
O que fazer .................................................................................... 472
Como não emitem as perguntas típicas ............................................. 475
Atendimento e devolutiva aos pais ................................................... 478
Conclusão ...................................................................................... 482
PREFÁCIO I
25
PREFÁCIO II
27
A relevância do tema e a preocupação de todos envolvidos com a
Paralisia Cerebral, não deixa dúvidas, que ainda há um longo caminho a
percorrer para alcançar o objetivo final de ser capaz de compreender e tratar
a Paralisia Cerebral. Portanto, minha missão é gratificante de poder prefaciar
os autores de PARALISIA CEREBRAL: Teoria e prática por apresentar uma
obra dessa magnitude, contribuindo para o progresso da neurologia nos di-
versos campos do conhecimento.
28
PARTE I
PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica Capítulo 1
30
CAPÍTULO 1
PARALISIA CEREBRAL:
1. Histórico
Entre 1843 e 1853, um ortopedista inglês, William John Little, descre-
veu os primeiros casos de uma desordem médica intrigante que atingia crian-
ças nos primeiros anos de vida, causando espasticidade nos membros infe-
riores e, em menor grau, em membros superiores. Essas crianças tinham
dificuldade para agarrar objetos, engatinhar e andar. Little percebeu, que ao
contrário da maioria das outras doenças que afeta o cérebro, essa condição
não piorava a medida que as crianças cresciam, e que a deficiência motora
permanecia relativamente constante. Ele observou que muitas dessas crian-
ças nasciam após um parto prematuro ou complicado, e sugeriu, como pro-
vável causa, que a falta de oxigênio durante o parto prejudicava tecidos
sensíveis do cérebro responsáveis pelo controle dos movimentos. Esta enti-
dade foi denominada doença de Little, por vários anos1,2,3.
De acordo com Bax et al. (2005)4, somente em 1897, o termo Parali-
sia Cerebral foi empregado pela primeira vez por um neurologista austríaco,
Sigmund Schlomo Freud, após analisar os trabalhos de Little. Freud questio-
nava se as anormalidades do processo do nascimento eram fatores etiológicos
ou consequências de causas pré-natais. Além disso, ele afirmava que: “as
crianças com Paralisia Cerebral habitualmente tinham também retardo men-
tal, distúrbio visual e convulsões”. Apesar das observações de Freud, a ideia
de que as complicações no parto causavam a maioria dos casos de Paralisia
Cerebral difundiu-se entre os médicos, familiares e pesquisadores, perdu-
rando até recentemente2,3.
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PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica Capítulo 1
2. Definição
O termo Paralisia Cerebral é utilizado por diferentes autores de dife-
rentes nacionalidades. No entanto, muito se discute sobre uma interpretação
errônea que o nome pode causar. As discussões sempre recaem sobre o
significado das duas palavras separadamente: Paralisia e Cerebral, que
suscitam questões importantes sobre a terminologia. A palavra paralisia sig-
nifica: “Perda ou comprometimento da função motora em uma parte devido
à lesão do mecanismo neural ou muscular”5-7, enquanto que o termo cerebral
refere-se a apenas uma parte do encéfalo8-11.
O encéfalo apresenta seis divisões macroscópicas mais conhecidas:
três delas compõem o tronco encefálico: o mesencéfalo, a ponte e o bulbo ou
medula oblonga; o cerebelo; o diencéfalo, formado pelo tálamo, epitálamo,
subtálamo e hipotálamo; e, o telencéfalo, ou cérebro propriamente dito, cons-
tituído pelos hemisférios cerebrais: córtex cerebral e núcleos da base (subs-
tâncias cinzentas) e a substância branca8-11. A lesão do indivíduo com Paralisia
Cerebral pode ocorrer em qualquer estrutura do encéfalo, mas precisa apre-
sentar quadro clínico compatível com alteração do tônus muscular7,12,13.
Várias tentativas foram feitas para encontrar um termo mais apropria-
do e correto. Alguns autores preferem a terminologia Encefalopatia Crônica
Não Progressiva por designar de forma mais abrangente e ao mesmo tempo
mais específica. Há mais de um século, foi utilizado o termo Encefalopatia
Crônica Infantil (ECI), o qual significa lesão prolongada do encéfalo ocorrida
na infância. A terminologia “evolutiva” e “não-evolutiva”, que pode ser empre-
gada associada a ECI, refere-se a evolução da lesão anatomopatológica do
encéfalo ser ou não progressiva. As lesões não progressivas estão relaciona-
das às sequelas de injúrias ao encéfalo, enquanto que as progressivas às
doenças que cursam com a destruição progressiva do encéfalo2,3.
Apesar da contradição causada pelas palavras Paralisia e Cerebral,
sob esta denominação surgiram livros, atitudes e escolas reabilitacionistas,
justificando, desta forma, a utilização clássica do termo Paralisia Cere-
bral3,7,14,15. Schwartzman (1993)15 cita que levando em conta o uso extenso e
universal do termo Paralisia Cerebral, até mesmo como título de periódicos
importantes, e o reconhecimento por associações e congressos no mundo
inteiro, o melhor seria continuar a utilizá-lo. Sempre, porém, respeitando-se
as condições impostas pelas definições mais atuais. Feitas essas considera-
ções, manter-se-á, neste livro, o nome Paralisia Cerebral, o qual será abre-
viado com a sigla PC, por ser a mais utilizada e compreendida, principalmen-
te no ambiente acadêmico e clínico7,15,16.
Algumas definições foram propostas para PC. A primeira foi em 1958,
pelo Little Club1,17, citada por Diament e Cypel (2005)3 era bem simplificada:
“paralisia cerebral é um distúrbio motor quantitativo persistente, de início
antes da idade de três anos, devido a uma interferência não progressiva no
desenvolvimento do cérebro”1,17.
32
Capítulo 1 PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica
33
PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica Capítulo 1
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Capítulo 1 PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica
3. Epidemiologia
Os estudos epidemiológicos sobre uma doença destinam-se a determi-
nar a incidência e a prevalência da referida entidade nosológica em região e
época específicas. A incidência, em termos técnicos de medicina, refere-se ao
número de casos novos da doença que surgiram durante um período de tem-
po em uma população. E prevalência é o número de casos da doença ou de
doentes, em uma dada população, sem distinção entre os casos novos e os
casos antigos, ou seja, o total de casos, somando-se os novos e antigos5,12.
Os dados epidemiologicos sobre PC variam no mundo, de acordo com
as condições socioeconômicas de cada região. O desenvolvimento do país
tem grande influência no atendimento médico oferecido à população, parti-
cularmente à gestante e ao bebê, portanto a incidência de PC em países do
terceiro mundo é maior, principalmente, por falta de prevenção e, especial-
mente, no período perinatal3,12,20,24.
Nas camadas sociais mais altas a assistencia médica pré e perinatais
são mais adequadas, o que tende a reduzir a mortalidade, porém observa-se
maior morbidade, principalmente, entre os prematuros extremos e de muito
baixo peso. Nas comunidades mais pobres, a falta de cuidados básicos com
a gestante no período pré-natal e o inadequado serviço de saúde favorecem
a alta taxas de mortalidade, menor sobrevida entre os RN de maior risco e
fatores de risco peri e pós natais para o desenvolvimento de PC, mesmo
entre os RN nascidos a termo3.
Nos países desenvolvidos, onde ocorreram avanços tecnológicos im-
portantes dos cuidados intensivos perinatais, acreditava-se que a incidência
de PC poderia diminuir, mas a maior sobrevida de recém-nascidos com muito
baixo peso e prematuros extremos tem aumentado a morbidade. Em algu-
mas regiões do ocidente, a incidência de PC permaneceu estável, entre 1,5 e
2,5 por 1000 nascidos vivos3,20,25,26. Em outros países, observou-se leve au-
mento na prevalência de PC variando de valores < 2,0 por 1000 nascidos
vivos em 1970 para > 2,0 por 1000 nascidos vivos nos anos 9027. Nos EUA
houve aumento de 20% na prevalência, variando de 1,9 para 2,3 por 1000
nascidos vivos entre 1960 e 198625,28.
É importante salientar que apesar da prematuridade ser o fator de
risco mais comum para o desenvolvimento de PC, a maioria das crianças que
são afetadas nasceram com idade gestacional adequada13,25,28. Bax et al.,
(2006)13, num trabalho recente com 431 crianças de diferentes países euro-
peus, verificaram que mais da metade das crianças com paralisia cerebral
(n = 235 [54,5%]) nasceram a termo (> 37 semanas). Dentre os prematu-
ros, 10,9% eram prematuros extremos (< 28 semanas), 16% nasceram
entre 28 e 31 semanas, e 18,3% entre 32 e 36 semanas de gestação. Como
o grupo de recém-nascidos prematuros extremos é muito pequeno, as varia-
ções não afetam tão drasticamente o número total de crianças com PC. Den-
tre as crianças estudadas, 19,1% eram pequenos para a idade gestacional
(peso nascimento < p10%), com taxas semelhantes ocorrendo em todas as
idades gestacionais.
Entre os recém-nascidos a termo, existe uma forte associação entre a
classe social, peso ao nascimento e a frequência dos casos de PC. Neste
grupo, a prevalência de PC é de 1,29 por 1000 nascidos vivos nas classes
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PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica Capítulo 1
sociais mais altas e 2,42 por 1000 nascidos vivos de classes sociais mais
baixas, tendo em vista que entre os mais pobres, o peso ao nascimento é
baixo ou muito baixo para a idade gestacional27.
A prevalência de PC entre crianças que nasceram com baixo peso é
maior do que entre as que nasceram com peso normal. No período de 1964
a 1993, a incidência de PC aumentou de 29,8 para 74,2 por 1000 neonatos
vivos pesando < 1500g, e de 3,9 para 11,5 por 1000 no grupo dos neonatos
pesando de 1500g a 2499g. Entre os nascidos abaixo de 1000g a possibilida-
de de um distúrbio neurológico chega a 50%, tanto na área motora quanto
na mental. Segundo Odding et al. (2006)27, a proporção de recém nascidos
de baixo peso entre todas as crianças com PC aumentou de 32%, em 1966,
para 50% em 1989. A taxa de incidência de PC entre prematuros pesando
abaixo de 1.500g é de 25 a 31 vezes maior do que entre os nascidos a
termo12,24,25,27.
Quando se fala em Brasil, não há dados epidemiológicos. Acreditamos
que no nosso país possamos encontar variações nas prevalências de PC,
tendo em vista a imensidão territorial, inclusive de difícil acesso e precárias
condições de saúde, como ocorre na região norte, bem como a grande desi-
gualdade social, às vezes, dentro de uma mesma região, como na sudeste.
Além disso, há dois pontos a serem considerados:
1 - A incidência de PC, provavelmente, deve ser elevada devido ao
fato de as condições de assistência médica no período pré e perinatal serem
insatisfatórias na grande parte da população, aumentando os riscos para o
desenvolvimento da paralisia cerebral;
2 - Em contra partida, a mortalidade infantil no Brasil, infelizmente,
ainda é grande, e portanto, a sobrevivência dos recém nascidos prematuros
e de baixo peso é menor, levando a uma diminuição na incidência de casos
com PC.
Seguindo tal raciocínio, provavelmente, no Brasil têm-se mais casos
de crianças com PC do que em países desenvolvidos, e que esta frequência
vem se mantendo estável, mesmo com melhorias nos cuidados intensivos
neonatais nos grandes centros urbanos e que não são acessíveis a todas as
classes sociais.
4. Fatores de Risco
A tarefa na identificação das causas e fisiopatologia das encefalopatias
crônicas não progressivas é árdua e realizada em etapas. A primeira consiste
numa anamnese bem minuciosa, em busca de informações sobre a gesta-
ção, período perinatal e pós-natal imediato, sobre os marcos do desenvolvi-
mento neuropsicomotor e enfermidades durante a infância precoce7,12,25. Vários
estudos que buscam determinar as etiologias da PC, ressaltam a existência
de fatores de risco que ocorrerem de forma associada12,25, como consequên-
cia de alguma outra doença de base, como por exemplo a doença hipertensiva
específica da gestação ou infecção materna, que podem predispor a prema-
turidade e baixo peso.
A tabela 2 apresenta os principais fatores de risco para PC, baseados
na frequência, e a correlação causa e efeito estudadas. Vale ressaltar, que
prematuridade e baixo peso ao nascimento são os fatores mais frequentes e
amplamente estudados, porém podem ser considerados como manifesta-
ções de sofrimento fetal ou retardo de crescimento intra-uterino, decorren-
tes de doenças maternas ou do próprio feto, como as cromossomopatias29-32.
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Capítulo 1 PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica
Pre-natais
Genética
• Cromossomopatias
• Doenças gênicas
Materno
• Doença hipertensiva específica da gestação: pré-eclâmpsia/eclâmpsia
• Hipotensão arterial·Hemorragias durante a gestação
• Descolamento prematuro da placenta
• Placenta prévia33
• Posição inadequada ou prolapso do cordão umbilical34
• Distúrbios de coagulação: síndrome antifosfolípides
• Doenças vasculares: vasculites35,36
• Infecções congênitas: TORCHS
• Infecções intra-uterinas: corioamnionite37·
• Intoxicação materna
Perinatais
• Asfixia (hipóxia e isquemia)38-40
• Prematuridade
• Baixo peso
• Hemorragia intracraniana grau IV
• Icterícia grave
• Crises convulsivas neonatais41-44
• Infecção neonatal (< 30 dias de vida): sepse e/ou meningoencefalite
Pós-natais
• Infecção do sistema nervosa central
• Traumatismo crânio encefálico
• Acidentes vasculares cerebrais
• Encefalopatia hipóxico-isquêmica: cardiopatia grave, distúrbios respiratórios
graves associados a hipóxia, choque hipovolêmico, quase afogamento, parada
cardio-respiratória
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PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica Capítulo 1
Ritmo cardíaco Sem batimentos < 100 bpm > 100 bpm
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Capítulo 1 PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica
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PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica Capítulo 1
5. Classificação Clínica
Atualmente, existem diferentes classificações utilizadas no estudo da
PC, que variam conforme a bibliografia consultada e demonstram controvér-
sia entre os autores. Esta falta de concordância decorre, dentre outras cau-
sas, da utilização de certas denominações sem obediência a uma conceitua-
ção uniforme. Concordamos com Diament e Cypel (2005) 3 quanto à
importância em tentar classificar a PC, valorizando três aspectos principais:
• Agrupar os indivíduos com características clínicas semelhantes;
• Favorecer uma linguagem comum, útil para a comunicação entre
todos os profissionais envolvidos com os pacientes com PC;
40
Capítulo 1 PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica
{
- Tetraplégica ou Quadriplégica
• Espástica - Diplégica
- Hemiplégica
• Discinética
• Atáxica
• Hipotônica
• Misto
5.1 Espástica
A espasticidade ou hipertonia elástica, ou seja, aumento do tonus
muscular decorrente de alteração encefálica, é a principal característica des-
te tipo de PC75. Nos casos de espasticidade, quando realizada a movimenta-
ção passiva de extensão e flexão do membro, observa-se uma resistência de
grupos musculares no início do movimento que cede após algum esforço10,75-
76
. Este fenômeno é denominado sinal do canivete. Esta hipertonia elástica
predomina nos grupos musculares flexores dos membros superiores e,
extensores dos membros inferiores. Na avaliação da espasticidade pode ser
aplicada a escala de Ashworth (Tabela 4), útil para documentar variações da
intensidade de uma forma mais objetiva, ao longo do tempo28,76.
41
PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica Capítulo 1
42
Capítulo 1 PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica
43
PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica Capítulo 1
5.2 Discinética
Existem divergências a respeito da denominação utilizada para definir
este grupo específico de paralisia cerebral. Nas referências bibliográficas
sobre o tema utilizam-se outros termos como sinônimos: atetóide,
coreoatetóide, distônico ou extrapiramidal. No entanto, neste livro optamos
por discinético, cuja terminologia da palavra refere-se a distúrbio cinético,
de movimento.
O diagnóstico de PC discinética é baseado na presença de movi-
mentos involuntários, que se sobrepõem aos atos motores voluntários, e
posturas anormais secundárias à incoordenação motora automática e al-
teração na regulação do tônus muscular, decorrente da ativação simultâ-
nea das musculaturas agonista e antagonista. Os movimentos involuntá-
rios predominantes são: coréia, atetose e distonia, sendo que os dois
primeiros podem ocorrer simultaneamente e são denominados de
coreoatetose55,76.
44
Capítulo 1 PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica
45
PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica Capítulo 1
5.3 Atáxica
A PC atáxica é menos frequente do que as outras e, como o próprio
nome se refere, a característica clínica predominante é a ataxia, decorrente
de alterações cerebelares. O cerebelo, localizado na fossa posterior, está
envolvido nas funções de coordenação e equilíbrio, através das vias cere-
belares 76,79.
As principais etiologias ocorrem no período pré-natal e estão relacio-
nadas às malformações cerebelares, decorrentes de insultos isquêmicos na
circulação posterior do encéfalo, o sistema vértebro basilar. Ou de origem
genética, como ocorre na malformação de Dandy-Walker ou síndrome de
Joubert55,74,79.
Nos primeiro meses de vida, o lactente pode apresentar hipotonia,
evolui com atraso nas aquisições motoras, principalmente em relação à
mudança de decúbito. A ataxia percebida como instabilidade e movimentos
oscilatórios da cabeça e do tronco, será mais evidente quando a criança
começa a se sentar. A dismetria, tremor de intenção, dificuldade em alcan-
çar o objeto e a incoordenação motora são identificadas ainda no primeiro
ano de vida. A marcha independente é difícil de ser alcançada, ocorre ge-
ralmente por volta dos 4 anos e é caracterizada por alargamento da base
de sustentação, instabilidade e dificuldade em conseguir andar em linha
reta, a chamada marcha atáxica. Quedas frequentes são comuns neste
grupo. A fala escandida, típica, é explosiva, depois lenta, fragmentada e
disártrica3,55,76,79.
Ao exame clínico, além das alterações cerebelares características,
observam-se hipotonia, reflexos miotáticos diminuídos ou pendulares e força
muscular adequada. A escrita e a motricidade fina são muito prejudicadas.
Nistagmo, movimentos rápidos, rítmicos, repetitivos dos olhos, percebido
principalmente na fixação ocular, pode ser sinal bem sugestivo de PC atáxica.
A forma atáxica corresponde a 4-13% dos casos de PC. Alterações
cognitivas e comportamentais podem estar presentes, mas são mais leves.
Algumas crianças cursam com crises epilépticas27,55.
5.4 Hipotônica
Esta forma é rara, correspondendo a 1% dos casos de PC, e alguns
pesquisadores não a reconhecem. A característica marcante é a persistência
da hipotonia ao longo do tempo, o que promove um atraso importante no
desenvolvimento motor, dificultando a manutenção da postura e, raramente,
a criança consegue deambular55.
46
Capítulo 1 PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica
5.5 Mista
Forma pouco frequente, responsável por 10 a 15% dos casos de PC,
mas também, não é reconhecida por alguns autores. É caracterizada por
manifestações clínicas sugestivas de duas ou mais das outras formas de
apresentação de PC, embora a semiologia seja complicada pela superposição
das manifestações que se confundem. As combinações mais frequentes são:
atetose com tetraparesia ou ataxia ou hipotonia, e tetraparesia com distonia3,55.
1 Diagnóstico:
O diagnóstico de paralisia cerebral baseia-se numa história clínica
bem minuciosa da gestação, do período perinatal e dos primeiros anos de
vida, questionando sobre os possíveis fatores de risco nos três períodos;
detalhamento do desenvolvimento neuropsicomotor; história familiar,
consanguinidade entre os genitores e casos semelhantes ou com o mesmo
diagnóstico na família; e um exame neurológico cuidadoso da criança.
Quando suspeitamos de um caso de PC, devemos ter em mente duas
características imprescindíveis para o diagnóstico: comprometimento motor
e a não progressão das manifestações clínicas que causaram a alteração
encefálica. História de doença neurológica neonatal grave ou presença de
múltiplos fatores de risco e déficits motores importantes ou distúrbios de
movimentos, não progressivos, são mais facilmente reconhecidos. No entanto,
quadros clínicos mais localizados e fraqueza discreta podem confundir o
diagnóstico, atrasando o diagnóstico e tratamento adequado.
Nos primeiros seis meses de vida, as manifestações clínicas, exceto
nos casos graves, são leves e dificultam o diagnóstico de PC. No entanto,
algumas características são muito sugestivas e devem ser observadas com
atenção (tabela 5). Lactentes com sinais de alerta devem ser acompanhados
regularmente, com intervalos menores, visando o diagnóstico e tratamento
precoces28, 55.
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PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica Capítulo 1
- Leucomalácia periventricular:
A lesão mais estudada, frequente entre os recém-nascidos pré-ter-
mos, consiste em necrose neuronal da substância branca adjacente aos
ventrículos laterais. Nos prematuros existem vários fatores de risco
fisiopatológicos envolvidos, como: imaturidade na auto-regulação e aumen-
to da fragilidade capilar dos vasos sanguíneos da matriz germinativa; maior
48
Capítulo 1 PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica
- Lesão parassagital:
O local mais comum de insulto no neonato a termo é o córtex cere-
bral. Este tipo de lesão ocorre nas faces súpero-laterais irrigadas por ramos
terminais das três principais artérias cerebrais, zonas limítrofes. Tende a ser
bilateral e pode comprometer as camadas corticais e subcortical adjacente,
principalmente, nas regiões parieto occipitais. Os infartos nestas áreas são
decorrentes de estase venosa ou arterial, trombose ou infarto hemorrágico
decorrente, secundário à reperfusão pós-isquemia. Pacientes com este tipo
de lesão desenvolvem PC quadriparética espástica55,56,57,70.
- Encefalomalácia multicística:
Consiste de lesões isquêmicas focais múltiplas secundárias a infartos
cerebrais em áreas irrigadas pelas principais artérias cerebrais. São decor-
rentes de distúrbios vasculares, tromboembolismo, hipotensão materna, as-
fixia perinatal e cardiopatias congênitas. Podem ser uni ou bilaterais, envol-
vendo a região cortical e subcortical adjacente, levando a PC espástica
hemiparética ou quadriparética55,56.
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PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica Capítulo 1
1.2 Comorbidades
Os insultos responsáveis pelas paralisias podem comprometer outras
áreas, além das responsáveis pelas funções motoras, ocorrendo frequente-
mente outras morbidades associadas, principalmente, deficiência intelectual
e epilepsia. A identificação precoce e o tratamento adequado das comorbi-
dades ajudam e orientam a conduta na reabilitação e, portanto, é um passo
importante para um melhor prognóstico para estas crianças.
- Alterações cognitivas:
Uma grande proporção de crianças com PC cursam com algum tipo de
comprometimento cognitivo. A deficiência intelectual (QI < 70) está presente
entre 23 a 44% dos casos de PC, mais frequente e grave entre os tetraparéticos,
e pouco observada entre os diparéticos e hemiparéticos. Os fatores associa-
dos à gravidade são: presença de epilepsia e anormalidades corticais na
neuroimagem. Alterações comportamentais (25%) e transtorno do déficit de
atenção e hiperatividade são características em crianças com PC27,28,80.
- Epilepsia:
A epilepsia ocorre em quase 40% dos casos de PC, destes, 70% tem
início das crises no primeiro ano de vida. É mais frequente entre os
hemiparéticos e quadriparéticos, sendo que entre os primeiros há predomí-
nio de crises focais (83%)27,28,80.
- Anormalidades oftalmológicas:
Estão presentes em 62% das crianças com PC, principalmente entre
os prematuros. Os recém-nascidos abaixo de 32 semanas de idade gestacio-
nal têm o maior risco de desenvolverem retinopatia da prematuridade, ce-
gueira cortical (lesão do córtex occipital) e estrabismo, este levando a perda
da visão monocular permanente (ambliopia). Além destas alterações, podem
cursar com miopia e glaucoma27,28.
- Deficiência auditiva:
A surdez atinge aproximadamente 25% dos casos de PC, é mais fre-
quente entre os PC discinéticos. Os fatores de risco associados são: rubéola
congênita, kernicterus e meningoencefalite pós-natal. É mandatório triagem
auditiva com audiometria comportamental, potencial evocado auditivo de
tronco cerebral (BERA) ou emissões otoacústicas evocadas em todos os neo-
natos após a alta hospitalar27,28,80.
50
Capítulo 1 PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica
- Distúrbios do sono:
Os distúrbios relacionados ao ciclo sono e vigília, caracterizados por
sono fragmentado e despertares noturnos são frequentes, principalmente
entre os pacientes com deficiência visual, ocorrendo em 50% dos casos. A
droga de escolha para o tratamento é a melatonina em doses baixas, com
eficácia em torno de 80%, porém não é comercializada no nosso país28.
51
PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica Capítulo 1
REFERÊNCIAS
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Capítulo 1 PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica
53
PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica Capítulo 1
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Capítulo 1 PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica
55
PARALISIA CEREBRAL: Revisão da literatura e discussão teórica Capítulo 1
56
CAPÍTULO 2
INTRODUÇÃO
Indivíduos com Paralisia Cerebral (PC) têm maior taxa de mortalidade
que a população geral, sendo que as causas mais comuns de morte são por
complicações respiratórias, e com menor expectativa de vida, especialmente
quando acompanhada de distúrbios graves, como a tetraplegia espástica 1-3.
Reddihough et al, 2001,3 publicou sua pesquisa sobre a causa de óbi-
tos em 155 crianças com PC entre 1970 e 1995 em Victoria, Austrália. A
maioria das crianças que morreram, apresentavam diagnóstico motor de
tetraplegia espástica, deficiência mental e epilepsia. As infecções foram con-
sideradas causa de morte em quase metade das crianças, sendo pneumonia
(incluindo as aspirativas) em 61 casos (39,4%) e sepse em 7 crianças (4,5%).
Além de ser a maior causa de mortalidade, as complicações respirató-
rias também são consideradas fatores importantes de morbidade em indiví-
duos com PC. Em 2005, Baikie e cols.4 estudaram 63 crianças com tetraplegia
espástica; as manifestações respiratórias são as mais comuns nestes pacien-
tes. A tosse ou chiado diário foram encontrados em 58% da população estu-
dada, tosse associada à alimentação (em pelo menos 1 dia por semana) em
84%, “asma” (episódios nos últimos 6 meses) em 34%. O ronco estava pre-
sente em 44% das crianças sendo que, em 10% delas os episódios de apnéia
foram documentadas. Sinais de desconforto respiratório estavam presentes
em 24%, com estertores em 19% e sibilância em 17% das crianças, enquanto
a presença de tosse, durante ingesta de leite, ocorreu em 44% delas.
Marçal em 20065, estudou o perfil sociodemográfico, hematológico e
imunológico de crianças com PC com tetraplegia espástica, buscando identi-
ficar os prováveis fatores de risco para infecções respiratórias. Participaram
da pesquisa 30 crianças, de 2 a 12 anos de idade, de ambos os gêneros, com
ou sem relato de pneumonia. Os pacientes foram divididos em dois grupos,
57
Principais complicações respiratórias na paralisia cerebral Capítulo 2
2. DISTÚRBIOS DO SONO
58
Capítulo 2 Principais complicações respiratórias na paralisia cerebral
3. PROCESSOS ASPIRATIVOS
59
Principais complicações respiratórias na paralisia cerebral Capítulo 2
4. TOSSE
5. REFLUXO GASTROESOFÁGICO
60
Capítulo 2 Principais complicações respiratórias na paralisia cerebral
61
Principais complicações respiratórias na paralisia cerebral Capítulo 2
62
Capítulo 2 Principais complicações respiratórias na paralisia cerebral
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Principais complicações respiratórias na paralisia cerebral Capítulo 2
6. DISFAGIA
64
Capítulo 2 Principais complicações respiratórias na paralisia cerebral
65
Principais complicações respiratórias na paralisia cerebral Capítulo 2
8. IMOBILISMO
66
Capítulo 2 Principais complicações respiratórias na paralisia cerebral
ASPIRAÇÃO PULMONAR
- Tratamento antirefluxo
- Gastrostomia e fundoplicatura
- Controle da saliva (Anticolinérgicos, botox nas glândulas salivares e cirurgia)
INFECÇÃO
- Antibióticos ( Tratamento vs profilaxia)
- Imunização ( influenza, pneumococcus)
ESCOLIOSE
- Avaliação dos benefícios e riscos da cirurgia
10. CONCLUSÃO
67
Principais complicações respiratórias na paralisia cerebral Capítulo 2
REFERÊNCIAS
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69
Principais complicações respiratórias na paralisia cerebral Capítulo 2
70
CAPÍTULO 3
Eliane Pires de Oliveira Mota, Luiz Carlos de Abreu, Talita Dias da Silva,
Vitor Engrácia Valenti, Marjorie Heloise Masuchi,
Silvia Regina Pinheiro Malheiros, Carlos Bandeira de Mello Monteiro
71
Semiologia dos reflexos e reações automáticas na paralisia cerebral Capítulo 3
REFLEXOS
72
Capítulo 3 Semiologia dos reflexos e reações automáticas na paralisia cerebral
A) PRINCIPAIS REFLEXOS
73
Semiologia dos reflexos e reações automáticas na paralisia cerebral Capítulo 3
3. Reflexo de Moro:
3.1 Estímulo: o Reflexo de Moro é um dos mais frequientes re-
flexos na semiologia neurológica10,19. O estímulo que desencadeia esse
reflexo é a extensão abrupta da cabeça, alterando sua relação com o
tronco. Pode ser testado de diversas maneiras: (a) elevando a criança
em supino da superfície de apoio e retirando rapidamente a mão do
examinador que se encontrava sob a cabeça da criança; (b) fazendo um
estímulo sonoro intenso ou; (c) puxando o lençol onde a criança estiver
deitada20,18. Portanto, esse reflexo é eliciado por aferência proprioceptiva
cervical, acústica ou vestibular23 .
3.2 Resposta: a resposta normal consiste na abdução e exten-
são dos membros superiores com subsequente adução e flexão, mui-
tos autores consideram uma resposta positiva apenas uma abdução/
extensão dos braços, mesmo sem o padrão flexor 22,24. Flehmig 20 des-
creve que a criança abre a boca, os membros superiores erguem-se
para cima e os dedos estendem-se em forma de leque na primeira
etapa e na segunda, fecha a boca e os membros superiores entram em
flexão. Tem eferência principal em C5, C623 .
74
Capítulo 3 Semiologia dos reflexos e reações automáticas na paralisia cerebral
75
Semiologia dos reflexos e reações automáticas na paralisia cerebral Capítulo 3
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Capítulo 3 Semiologia dos reflexos e reações automáticas na paralisia cerebral
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Semiologia dos reflexos e reações automáticas na paralisia cerebral Capítulo 3
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Capítulo 3 Semiologia dos reflexos e reações automáticas na paralisia cerebral
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Semiologia dos reflexos e reações automáticas na paralisia cerebral Capítulo 3
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Capítulo 3 Semiologia dos reflexos e reações automáticas na paralisia cerebral
81
Semiologia dos reflexos e reações automáticas na paralisia cerebral Capítulo 3
7 Reação de Anfíbio:
7.1 Estímulo: a criança é posicionada em prono (barriga para
baixo), o teste é realizado levantando-se um lado da pélvis da criança,
com o avaliador segurando lateralmente no quadril e levantando um dos
lados.
7.2 Resposta: o membro inferior do lado elevado irá realizar um
movimento de flexão e abdução, enquanto que o membro do lado oposto
entra em padrão de extensão.
7.3 Período: inicia-se no quarto mês e conforme aumenta a matura-
ção a criança adquire controle voluntário do movimento.
7.4 Comentários: esta reação torna o indivíduo capaz de fazer flexão
dos membros inferiores na preparação para o movimento de arrastar, pro-
porcionando a dissociação entre tronco, ombros e pé. Na PC observa-se
dificuldade ou incapacidade total na realização deste padrão de movimento,
o que impossibilita o desenvolvimento da locomoção no chão.
8 Reação de pára-quedas
8.1 Estímulo: o examinador segura com as duas mãos a cintura da
criança na posição em prono e eleva do solo, em seguida direciona a criança
para o chão ou uma mesa com relativa rapidez20.
8.2 Resposta: antes de chegar à superfície, para se proteger, os
membros superiores entram em extensão, como se a criança fosse apoiar
as mão na superfície.
8.3 Período: a partir dos cinco meses.
8.4 Comentários: esta é uma reação que avalia a capacidade da
criança em proteger sua cabeça e tronco, a reação de proteção é fundamen-
82
Capítulo 3 Semiologia dos reflexos e reações automáticas na paralisia cerebral
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
83
Semiologia dos reflexos e reações automáticas na paralisia cerebral Capítulo 3
84
Capítulo 3 Semiologia dos reflexos e reações automáticas na paralisia cerebral
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85
PARTE II
AVALIAÇÕES E SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÕES
NA PARALISIA CEREBRAL
Introdução
Introdução
89
PARTE II Avaliações e Classificações na Paralisia Cerebral - Introdução
90
PARTE II Avaliações e Classificações na Paralisia Cerebral - Introdução
Eisenberg et al., 200919; Postans et al., 201020; Ostensjo et al., 200621; Kuijper
et al., 201022; Galvin et al., 201023; Keren-Capelovitch et al., 201024). O PEDI
e GMFM são avaliações frequentemente utilizadas por pesquisadores em
Paralisia Cerebral conjugando resultados (Mattern-Baxter et al., 200925; Löwing
et al., 200926; Han et al, 201027; Ohrvall et al., 201028; Størvold e Jahnsen,
201029; Sorsdahl et al., 201030; Bailes et al., 201031; Smits et al., 201032;
Kerr et al., 201033).
Além das avaliações, é importante para a criança com Paralisia Cerebral
o desenvolvimento e utilização de sistemas de classificação e o oferecimento
de uma linguagem universal para profissionais e a sociedade. Um sistema de
classificação que está em evidência no mundo é a CIF (Classificação
Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde)34 e sua versão para
crianças e jovens (CIF-CJ)35-39. Segundo a organização mundial da saúde a
CIF tem como um dos objetivos, propiciar e oferecer uma linguagem padrão
e uma estrutura para a descrição da saúde e dos estados relacionados à
saúde para melhorar a comunicação entre diferentes usuários, tais como,
profissionais de saúde, pesquisadores, políticos e o público34.
Deve-se enfatizar que os conceitos apresentados na classificação
introduzem um novo paradigma para pensar e trabalhar a deficiência e a
incapacidade: as deficiências não são apenas uma consequência das condições
de saúde/doença, mas são determinadas também pelo contexto no meio
ambiente físico e social, pelas diferentes percepções culturais e pela
disponibilidade de serviços e de legislação. Dessa forma, a classificação não
constitui apenas um instrumento para medir o estado funcional dos indivíduos.
Além disso, ela permite avaliar as condições de vida e fornecer subsídios
para políticas de inclusão social40.
Deste modo, o objetivo deste capítulo é apresentar as avaliações e
aplicabilidade do PEDI e GMFM, assim como a CIF-CJ e conscientizar os
profissionais sobre a importância da quantificação das informações durante
o processo de avaliação do paciente neurológico. É sabido que os avanços na
área da reabilitação na Paralisia Cerebral fundamentam-se no uso comum e
no desenvolvimento de avaliações objetivas e válidas. Por conseguinte, tanto
a atuação clínica quanto o desenvolvimento de pesquisa dependerão dos
conhecimentos obtidos por meio da utilização de instrumentos de avaliações
e classificação na prática clínica de profissionais que trabalham diretamente
com a criança com Paralisia Cerebral.
91
PARTE II Avaliações e Classificações na Paralisia Cerebral - Introdução
REFERÊNCIAS
92
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CAPÍTULO 4
INVENTÁRIO DE AVALIAÇÃO PEDIÁTRICA DE INCAPACIDADE
(PEDI)
INTRODUÇÃO
95
Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade - (PEDI) Capítulo 4
DESCRIÇÃO DO PEDI
96
Capítulo 4 Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade - (PEDI)
Objetivo do teste:
“Obter uma acurada descrição das capacidades da criança ou
maestria nas habilidades funcionais, seu nível de independência no de-
sempenho de complexas atividades funcionais e a extensão das modifica-
ções necessárias para desempenhar as atividades funcionais” 1.
A quem se destina:
• crianças na faixa etária de 6 meses a 7.5 anos.
• crianças mais velhas cujas habilidades funcionais estejam abaixo
do esperado para crianças de 7.5 anos sem deficiências.
População alvo:
• Os autores, na versão original do teste, sugerem que sua aplicação
é mais apropriada para crianças com deficiências físicas ou defi-
ciências físicas e cognitivas associadas. No entanto, esclarecem que
as pesquisas podem indicar sua adequação para outras populações
o que já vem sendo confirmado por várias publicações nacionais e
internacionais22-24.
Forma de administração:
• Entrevista estruturada conduzida por profissional treinado. Sua apli-
cação, na íntegra, leva em torno de 45 a 60 minutos sendo que a
primeira parte do teste (habilidades funcionais) pode ser respondi-
da independentemente pelos cuidadores e revisada pelo examina-
dor previamente a aplicação da segunda e terceira parte que exi-
gem maior crivo para definição dos escores.
• Julgamento profissional de clinico ou educador familiarizado com a
criança. Dessa forma o terapeuta atribui as pontuações com base
no conhecimento que possui das habilidades da criança. Entrevista
estruturada com pais ou cuidadores da criança.
• Formas combinadas. Parte do teste pode ser respondida pelos inte-
grantes da equipe e parte pela família indicando-se possíveis dis-
crepâncias para analise e tratamento posterior. Parte do teste pode
ser preenchida pela observação do desempenho da criança e os
demais itens através de entrevista com os pais.
O que se avalia:
• Capacidade (Parte I): medida através da identificação das habilida-
des funcionais para as quais a criança tem demonstrado maestria e
competência (197 itens).
• Desempenho de atividades funcionais do dia a dia (Parte II): medi-
da através do nível de assistência do cuidador necessário para rea-
lização da tarefa (20 itens).
97
Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade - (PEDI) Capítulo 4
Autocuidado - 73 itens
Mobilidade – 59 itens
98
Capítulo 4 Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade - (PEDI)
Aplicações:
• Discriminar: detectar atraso/ déficit funcional em crianças.
• Avaliar: descrever e monitorar mudanças individuais ou em grupo
de crianças inseridas em programas de reabilitação.
• Predizer o desempenho futuro.
• Medida de evolução para programas de avaliação de serviços de rea-
bilitação pediátrica ou programas terapêuticos em ambiente escolar.
Administração
O manual 1,7 promove extensivo detalhamento sobre a forma de apli-
car o teste, bem como os critérios de pontuação de cada um dos itens e é
imprescindível que o avaliador utilize estas informações para explicitação da
pesquisa do item bem como para determinar o escore. A utilização exclusiva
do formulário de pontuação, mesmo para quem já tem certa prática de apli-
cação poderá induzir a erros. Esta é uma falha que por vezes o terapeuta
comete pela falta de tempo, pela falta de experiência na aplicação de testes,
ou por tratar-se de uma entrevista.
99
Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade - (PEDI) Capítulo 4
100
Capítulo 4 Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade - (PEDI)
por vezes, decidir se o credito deve ou não ser dado não é tarefa simples,
sobretudo no caso de crianças com déficits neuro motores que nem sempre
fazem aquisições com a mesma linearidade das crianças típicas.
Um exemplo é na utilização de recipientes para beber no qual os
subitens 10 a 14 exploram diferentes tarefas relacionadas ao tema. Segu-
ra mamadeira ou copo com bico ou canudo (item 10), levanta copo para
beber, mas pode derramar (item 11), levanta com firmeza, copo sem tampa,
usando as duas mãos (item 12), levanta, com firmeza, copo sem tampa,
usando uma das mãos (item 13) e serve-se de líquidos de uma jarra ou
embalagem (item 14). Neste caso é bastante freqüente crianças com qua-
dro de hemiplegia pontuarem os itens 10, 11, 13 e por vezes o 14 e não
pontuarem o item 12 que se refere a levantar o copo usando as duas
mãos. Como Mancini 7 adverte é necessário cautela para decidir-se se de-
terminada competência foi ou não incorporada no repertório funcional da
criança. Este item isoladamente pode não ser representativo, mas poderá
trazer informações para o raciocínio clinico se somado a dados relativos a
lavar as mãos, agasalho/vestimentas abertas na frente e fechos entre
outros. Ou seja, juntos caracterizam o impacto das dificuldades da crian-
ça nas habilidades funcionais.
Não se trata de penalizar as crianças ou estabelecer como meta que
elas realizem determinado item, mas de criteriosamente avaliar suas habili-
dades e verificar os pontos forte e as possíveis lacunas. Do ponto de vista
clinico o objetivo é utilizar as informações para traçar em parceria com os
cuidadores e, dependendo do caso, com a própria criança as metas de trata-
mento. Alguns itens não serão foco de intervenção por não terem relevância
no atual status funcional da criança, outros serão contemplados com uso de
adaptações, outros serão atingidos indiretamente, contudo é a partir de uma
boa coleta que podemos qualificar os dados e planejar intervenções que
resultem em ampliação do nível de independência.
As partes II e III do teste pressupõem conhecimento ainda maior do
avaliador a cerca dos itens na medida em que terá que tomar decisões sobre
a melhor pontuação com base na descrição do cuidador.
Mancini7 sugere para avaliadores menos treinados que se proceda
a avaliação em dois encontros. Esta é uma estratégia interessante que
inclusive favorece a dissociação entre a coleta dos dados relativos às ha-
bilidades e o auxilio do cuidador. Sugerimos que a divisão inclua na pri-
meira seção as habilidades nas três áreas (autocuidado, mobilidade e fun-
ção social) e na outra o auxilio do cuidador e modificações. Desta forma é
mais provável que o terapeuta não seja influenciado pelas informações
das capacidades e esteja “isento” para coletar dados sobre a prática coti-
diana que a criança consegue fazer, ou não, de suas capacidades. Da
mesma maneira o cuidador estará mais “distanciado” para descreve os
dados da vida como ela é.
Observamos que quando aplicado na integra num só encontro o
entrevistado, e por vezes o terapeuta inexperiente, tende a tentar justi-
ficar ou minimizar as incongruências entre o que a criança é capaz e o
que ela realmente faz cotidianamente. Nesta seção o foco da pesquisa é
identificar o nível de ajuda que o cuidador fornece o que não tem neces-
sariamente relação direta com a capacidade da criança, embora uma
hipótese simplista indique que se a criança é capaz é também indepen-
dente.
101
Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade - (PEDI) Capítulo 4
“Em alguns casos, suporte extra pode ser necessário para encorajar o
cuidador a fornecer respostas acuradas se ele ou ela percebe que “fazem
mais” do que os terapeutas que trabalham com a criança recomendam.” 1
Esta é uma das maiores qualidades do teste, ou seja, criar uma forma
objetiva de pesquisar elementos desta relação complexa que se dá entre a
criança, seu cuidador e o ambiente.
Quando a mãe nos informa que fornece ajuda significativa (contribui
em mais da metade) na refeição porque seu filho demora ao comer sozinho,
porque não dá tempo, ou porque a mesa é alta, ou porque fica cansada, se
distrai....ou quando ela simplesmente descreve como a criança faz sua refei-
ção, está nos indicando as variáveis contextuais que dificultam a indepen-
dência da criança. Caberá ao terapeuta, na análise dos dados, levantar as
hipóteses e sugestões a serem discutidas com a família. Este não é um mo-
mento de “acareações”, ao contrário é o momento de honrarmos a avaliação
e as concepções que a subsidiam.
É frequente os profissionais manifestarem certa “desconfiança” por
teste baseado em entrevista e acredito que a formação, ainda com pouca
tradição na utilização de avaliações padronizadas, contribui para tais opi-
niões. Investigar sobre as tarefas do dia a dia da criança sempre foi comum
entre terapeutas ocupacionais, no entanto, fazê-lo sob a forma de teste exi-
ge treinamento e “ouvidos” bastante apurados e habilidade de condução
para que o processo de avaliação seja inclusive um elemento terapêutico.
Muitas vezes o tom da voz, o interesse e otimismo da mãe sobrepõem
a informação objetiva sobre o item. Lembro-me de uma mãe de dois filhos
com paralisia cerebral, muito tranqüila e positiva com relação ao filho que
estava sendo avaliado, que nas questões relativas ao auxilio do cuidador no
banho respondia “Ele adora o banho e ajuda bastante”. Ainda que o entrevis-
tador objetivamente questionasse: Quem faz mais do que a metade? Ela
novamente respondia: Puxa vida...... ele é muito colaborador....e apenas
após a descrição detalhada da forma de execução desta tarefa no dia a dia é
que foi possível caracterizar e pontuar o nível de assistência fornecida que
neste caso era máxima (escore 1) pois seu filho na ocasião tomava banho
sentado em cadeira plástica e lavava apenas a parte da frente de seu corpo.
Estas informações adicionais são extremamente importantes e devem ser
registradas, mas devemos “descolar” a “sensação” do relato objetivo, ou
seja, “separar a subjetividade” para pontuar corretamente e isto ocorre quando
respeitamos os critérios estabelecidos no teste.
Observe-se que na parte III do teste relativa às modificações, consi-
deramos a cadeira plástica como modificação de reabilitação na medida em
que atendia a questões das necessidades especiais (déficit no controle mo-
tor) daquele garoto. Algum tempo depois ao ser adotada barra para apoio
durante o banho este item foi caracterizado como modificação extensiva e
embora paradoxal é fácil compreender que inicialmente esta adaptação te-
nha levado a necessidade de assistência total (escore 0). O que pode parecer
uma piora do ponto de vista do nível de assistência deve ser avaliado como
uma etapa transitória pela insegurança que criança e mãe vivenciaram ao
ser adotada a postura ortostática durante o banho. Nesta fase é esperado
que a criança tenha dificuldade em liberar uma das mãos para se lavar.
Qualificar os dados permite a compreensão destas sutilezas e possibilita in-
clusive maior conhecimento sobre o treino e tempo necessário para ganho
de independência funcional.
102
Capítulo 4 Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade - (PEDI)
Pontuação e interpretação:
• Escore bruto: resultado da somatória dos pontos obtidos em cada
escala I e II.
• Escore normativo: aplicado apenas para crianças com idade entre
seis meses e 7.5 anos. É o resultado da conversão do escore bruto
de acordo com a idade da criança.
As tabelas do manual possibilitam a identificação do escore normativo
(desempenho esperado, para a faixa etária, no grupo de crianças da amostra
de padronização). Em cada intervalo etário (6 meses) o escore 50 é identifi-
cado como escore padrão médio. O pressuposto é de que 95% das crianças
da mesma faixa etária (baseado na amostra normativa) apresentem escore
no intervalo de dois desvios (padrão) da média, ou seja, entre 30 e 70.0 Este
intervalo é considerado normalidade.
As tabelas listam os dados normativos no intervalo entre 10 e 90 e
caso o escore bruto corresponda a escore padronizado fora deste intervalo é
dado o escore abaixo de 10 ou acima de 90, pois se considera que valores
com desvios de mais ou menos quatro desvios da média irão agregar pouco
significado adicional. O mesmo raciocínio deverá ser aplicado na escala de
Assistência do Cuidador.
Por exemplo, se a criança tem 2 anos e dois dias e obteve 22 pontos
em autocuidado seu escore normativo (tabela de transformação de escores/ 2
a 2 anos e cinco meses) é 27.0 com erro padrão de 3,5. A análise numérica
indica atraso, mas é oportuno que se tenha cautela na utilização deste dado.
Ao empregarmos o erro padrão, neste caso, (2 x 3,5) obtemos um intervalo
de 20.0 a 34.0. Os autores explicam que este intervalo prove uma estimativa
da quantidade de pontos que pode se espera que varie quando a criança é
reavaliada em múltiplas ocasiões. Isto significa que há 95% de chances que
numa outra avaliação sua pontuação esteja neste intervalo. Esta questão é
bastante relevante quando se reavalia a criança, pois caso sua pontuação não
103
Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade - (PEDI) Capítulo 4
Padronização:
A versão original envolveu amostra normativa composta por 412 crianças
americanas da região nordeste dos Estados Unidos a qual, segundo os autores,
104
Capítulo 4 Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade - (PEDI)
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Incapacidades X Deficiências
Como apontado anteriormente o PEDI foi elaborado segundo os
pressupostos da CIF 13 segundo a qual qualquer condição de saúde (doenças,
distúrbios, lesões, etc.) pode apresentar conseqüências (deficiências) nas
funções e estruturas do corpo, limitações nas atividades, isto é, na capacidade
de execução de tarefas ou ações e restrições na participação ou envolvimento
em situações de vida.
105
Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade - (PEDI) Capítulo 4
Testar X Tratar
Ainda de acordo com a CIF13 , a funcionalidade de um indivíduo é fruto
da interação ou relação complexa entre sua condição de saúde e fatores
contextuais, que incluem os fatores ambientais (ambiente físico, social e de
atitudes nas quais as pessoas estão inseridas) e fatores pessoais (histórico
particular de vida e do estilo de vida de um indivíduo). “Essas interações são
específicas e nem sempre ocorrem em uma relação uniforme previsível” 13.
Inferir uma limitação da capacidade devido a uma ou mais deficiências, ou
uma restrição de desempenho por causa de uma ou mais limitações, pode
parecer muitas vezes razoável. No entanto, é importante coletar dados sobre
esses constructos de maneira independente e, então, explorar as associações
e ligações causais entre eles 13.
No cotidiano do tratamento de crianças portadoras de desordens neuro
motoras e suas famílias, nos deparamos com o imenso desafio de conduzir
intervenções que primem pela excelência. Testes são uma pequena parte deste
processo, importantes na medida em que informam ao que viemos e indicam
caminhos. As escolhas das ferramentas de avaliação configuram um passo
importante, “bons” testes são sem dúvida um bom começo e sua disponibilidade
numa versão brasileira é digno de elogios mas é importante que se tenha em
mente que o raciocínio clínico envolve muito mais do que uma avaliação.
É frequente terapeutas com pouca experiência prática manifestarem
dificuldades para analisar e redigir relatórios a partir dos dados coletados
com o PEDI. Obviamente as hipóteses e sugestões resultantes da analise das
capacidades e limitações vivenciadas cotidianamente pelo seu cliente
dependem do conhecimento teórico, experiência clinica e, sobretudo do
conhecimento acerca da vivencia particular daquele individuo e seus
cuidadores. Apreender e compreender os múltiplos e, às vezes, contraditórios
dados sobre as experiências únicas de cada criança com suas habilidades e
106
Capítulo 4 Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade - (PEDI)
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CAPÍTULO 5
GMFM
109
GMFM e GMFCS – Mensuração e Classificação da Função Motora Grossa Capítulo 5
110
Capítulo 5 GMFM e GMFCS – Mensuração e Classificação da Função Motora Grossa
111
GMFM e GMFCS – Mensuração e Classificação da Função Motora Grossa Capítulo 5
112
Capítulo 5 GMFM e GMFCS – Mensuração e Classificação da Função Motora Grossa
do outro, mais difícil progredir de uma pontuação para a outra). Esta
informação, correlacionada ao nível de habilidade motora atual da criança
(representado pela linha vertical da pontuação da GMFM-66 obtida) permite
inferir que as atividades correspondentes àquelas pontuações imediatamente
à direita da linha, são as habilidades que se “espera” atingir no reteste, ou
seja, as habilidades emergentes. Desta forma, a análise do Mapa de item
auxilia na determinação dos objetivos terapêuticos e na interpretação clínica
do resultado, além de facilitar o entendimento do desenvolvimento motor
grosso não só para os terapeutas, mas também para os responsáveis pelo
paciente.
113
GMFM e GMFCS – Mensuração e Classificação da Função Motora Grossa Capítulo 5
Número de Itens 88 itens baseados nos marcos 66 itens baseados nos marcos do
e Dimensões do desenvolvimento motor, desenvolvimento motor, não há
divididos em 5 Dimensões separação por dimensão
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Capítulo 5 GMFM e GMFCS – Mensuração e Classificação da Função Motora Grossa
GMFCS
115
GMFM e GMFCS – Mensuração e Classificação da Função Motora Grossa Capítulo 5
116
Capítulo 5 GMFM e GMFCS – Mensuração e Classificação da Função Motora Grossa
Percentil
Idade
3 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 97
2 anos 0 mes 44,2 46,2 49,1 51,1 52,6 53,9 55,1 56,2 57,2 58,1 59,1 60,0 61,0 62,0 63,0 64,1 65,3 66,7 68,4 71,0 72,6
3 mes 45,0 47,5 50,0 52,0 53,6 54,9 56,1 57,2 58,2 59,2 60,1 61,1 62,0 63,0 64,0 65,1 66,4 67,8 69,6 72,1 73,8
6 mes 46,3 48,4 51,5 53,5 55,1 56,5 57,7 58,8 59,8 60,8 61,8 62,8 63,8 64,8 65,8 66,9 68,2 69,6 71,4 74,0 75,9
9 mes 47,6 49,7 52,9 55,0 56,6 58,0 59,3 60,4 61,5 62,5 63,5 64,5 65,5 66,5 67,6 68,7 70,0 71,4 73,2 75,9 77,6
3 anos 0 mes 48,9 51,0 54,3 56,5 58,1 59,6 60,8 62,0 63,1 64,1 65,1 66,1 67,1 68,2 69,3 70,4 71,7 73,2 75,1 77,7 79,5
3 mes 50,1 52,4 55,7 57,9 59,6 61,1 62,4 63,5 64,7 65,7 66,7 67,8 68,8 69,9 71,0 72,2 73,5 75,0 76,8 79,6 81,3
6 mes 51,4 53,7 57,1 59,4 61,1 62,6 63,9 65,1 66,2 67,3 68,4 69,4 70,4 71,5 72,6 73,8 75,2 76,7 78,6 81,3 83,1
9 mes 52,6 55,0 58,5 60,8 62,6 64,1 65,4 66,6 67,8 68,9 69,9 71,0 72,0 73,1 74,3 75,5 76,8 78,4 80,3 83,0 84,8
4 anos 0 mes 53,8 56,2 59,8 62,1 64,0 65,5 66,9 68,1 69,3 70,4 71,5 72,5 73,6 74,7 75,9 77,1 784 80,0 81,9 84,7 86,5
2 mes 55,0 57,4 61,1 63,5 65,3 66,9 68,3 69,5 70,7 71,8 72,9 74,0 75,1 76,2 77,4 78,6 80,0 81,5 83,5 86,3 88,1
6 mes 56,1 58,6 62,3 64,8 66,6 68,2 69,6 70,9 72,1 73,2 74,3 75,4 76,5 77,6 78,8 80,1 81,4 83,0 85,0 87,8 89,6
9 mes 57,1 59,7 63,5 66,0 67,9 69,5 70,9 72,2 73,4 74,5 75,6 76,7 77,9 79,0 80,2 81,4 82,8 84,4 86,3 89,2 91,0
5 anos 0 mes 58,1 60,8 64,6 67,1 69,0 70,6 72,1 73,4 74,6 75,7 76,9 78,0 79,1 80,2 81,4 82,7 84,1 85,6 87,6 90,4 92,3
3 mes 59,1 61,7 65,6 68,1 70,1 71,7 73,1 74,4 75,7 76,8 78,0 79,1 80,2 81,3 82,5 83,8 85,2 86,8 88,7 91,6 93,4
6 mes 59,9 62,6 66,5 69,1 71,0 72,7 74,1 75,4 76,6 77,8 78,9 80,1 81,2 82,3 83,5 84,8 86,1 87,7 89,7 92,5 94,3
9 mes 60,6 63,4 67,3 69,9 71,9 73,5 75,0 76,3 77,5 78,7 79,8 80,9 82,0 83,2 84,4 85,6 87,0 88,6 90,5 93,3 95,1
6 anos 0 mes 61,3 64,1 68,1 70,7 72,7 74,3 75,8 77,1 78,3 79,5 80,6 81,7 82,8 84,0 85,1 86,4 87,8 89,3 91,3 94,1 95,8
3 mes 61,9 64,7 68,8 71,4 73,4 75,0 76,5 77,8 79,0 80,2 81,3 82,4 83,5 84,7 85,8 87,1 88,4 90,0 91,9 94,7 96,4
6 mes 62,5 65,3 69,4 72,0 74,0 75,7 77,1 78,4 79,7 80,8 82,0 83,1 84,2 85,3 86,5 87,7 89,1 90,6 92,5 95,3 97,0
9 mes 63,1 65,9 70,0 72,7 74,6 76,3 77,8 79,1 80,3 81,5 82,6 83,7 84,8 85,9 87,1 88,3 89,6 91,2 93,1 95,8 97,5
7 anos 0 mes 63,6 66,5 70,6 73,3 75,3 76,9 78,4 79,7 80,9 82,1 83,2 84,3 85,4 86,5 87,7 88,9 90,2 91,7 93,6 96,3 98,0
3 mes 64,1 67,0 71,2 73,8 75,8 77,5 79,0 80,3 81,5 82,6 83,8 84,9 86,0 87,1 88,2 89,4 90,8 92,3 94,1 96,8 98,5
6 mes 64,5 67,5 71,7 74,4 76,4 78,1 79,5 80,8 82,1 83,2 84,3 85,4 86,5 87,6 88,8 90,0 91,3 92,8 94,7 97,3 99,0
9 mes 64,9 67,9 72,2 74,9 76,9 78,6 80,1 81,4 82,6 83,8 84,9 86,0 87,1 88,2 89,3 90,5 91,9 93,4 95,2 97,8 99,5
8 anos 0 mes 65,3 68,4 72,7 75,4 77,5 79,1 80,6 81,9 83,2 84,3 85,4 86,5 87,6 88,7 89,9 91,1 92,4 93,9 95,7 98,3 100
3 mes 65,6 68,7 73,1 75,9 77,9 79,6 81,1 82,4 83,7 84,8 86,0 87,1 88,1 89,3 90,4 91,6 92,9 94,4 96,2 98,8 100
6 mes 65,8 69,0 73,5 76,3 78,4 80,1 81,6 82,9 84,1 85,3 86,4 87,5 88,6 89,7 90,9 92,1 93,4 94,9 96,7 99,3 100
9 mes 66,0 69,3 73,8 76,6 78,7 80,5 82,0 83,3 84,6 85,7 86,9 88,0 89,1 90,2 91,3 92,5 93,8 95,3 97,1 99,7 100
9 anos 0 mes 66,1 69,5 74,1 76,9 79,1 80,8 82,3 83,7 84,9 86,1 87,3 88,4 89,5 90,6 91,7 92,9 94,2 95,7 97,5 100 100
3 mes 66,1 69,6 74,3 77,2 79,4 81,1 82,6 84,0 85,3 86,5 87,6 88,7 89,8 90,9 92,1 93,3 94,6 96,0 97,9 100 100
6 mes 66,1 69,6 74,5 77,4 79,6 81,4 82,9 84,3 85,5 86,7 87,9 89,0 90,1 91,2 92,3 93,5 94,9 96,3 98,1 100 100
9 mes 66,1 69,7 74,6 77,5 79,7 81,5 83,1 84,5 85,8 86,9 88,1 89,2 90,3 91,4 92,6 93,8 95,1 96,6 98,3 100 100
10 anos 0 mes 65,9 69,6 74,6 77,6 79,9 81,7 83,2 84,6 85,9 87,1 88,3 89,4 90,5 91,6 92,7 93,9 95,2 96,7 98,5 100 100
3 mes 65,8 69,6 74,6 77,7 79,9 81,8 83,3 84,7 86,0 87,2 88,4 89,5 90,6 91,7 92,8 94,0 95,3 96,8 98,6 100 100
6 mes 65,6 69,5 74,6 77,7 80,0 81,8 83,4 84,8 86,1 87,3 88,4 89,5 90,7 91,8 92,9 94,1 95,4 96,9 98,6 100 100
9 mes 65,4 69,3 74,6 77,7 80,0 81,8 83,4 84,8 86,1 87,3 88,5 89,6 90,7 91,8 92,9 94,1 95,4 96,9 98,6 100 100
11 anos O mes 65,1 69,2 74,5 77,6 80,0 81,8 83,4 84,8 86,1 87,3 88,5 89,6 90,7 91,8 92,9 94,1 94,5 96,9 98,6 100 100
3 mes 64,9 69,0 74,4 77,6 79,9 81,8 83,4 84,8 86,1 87,3 88,5 89,6 90,7 91,8 92,9 94,1 95,4 96,8 98,6 100 100
6 mes 64,7 68,9 74,4 77,6 79,9 81,8 83,4 84,8 86,1 87,3 88,5 89,6 90,7 91,8 92,9 94,1 95,4 96,8 98,5 100 100
9 mes 64,4 68,7 74,3 77,5 79,9 81,8 83,4 84,8 86,1 87,3 88,5 89,6 90,7 91,8 92,9 94,1 95,3 96,8 98,5 100 100
12 anos 0 mes 64,1 68,5 74,2 77,5 79,8 81,7 83,3 84,8 86,1 87,3 88,4 89,6 90,7 91,8 92,9 94,1 95,3 96,7 98,5 100 100
117
GMFM e GMFCS – Mensuração e Classificação da Função Motora Grossa Capítulo 5
Percentil
Idade
3 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 97
2 anos 0 mes 36,8 37,9 39,7 41,0 42,0 43,0 43,9 44,7 45,5 46,3 47,1 47,9 48,8 49,7 60,7 51,8 53,1 54,7 56,7 60,0 62,2
3 mes 37,5 38,6 40,5 41,8 42,9 43,8 44,7 45,6 46,4 47,2 48,0 48,9 49,7 50,7 51,7 52,8 54,0 55,6 57,6 60,8 63,9
6 mes 38,2 39,4 41,3 42,6 43,7 44,7 45,6 46,4 47,3 48,1 48,9 49,8 50,6 51,6 52,6 53,7 55,0 56,5 58,5 61,6 63,8
9 mes 39,0 40,2 42,1 43,5 44,6 45,6 46,5 47,4 48,2 49,0 49,9 50,7 51,6 52,5 53,5 54,6 55,9 57,4 59,4 62,6 64,6
3 anos 0 mes 39,7 40,9 42,9 44,3 45,5 46,5 47,4 48,3 49,1 50,0 50,8 51,7 52,5 53,5 54,5 55,6 56,9 58,4 60,4 63,4 65,5
3 mes 40,4 41,7 43,7 45,2 46,3 47,4 48,3 49,2 50,1 50,9 51,7 52,6 53,5 54,4 55,5 56,6 57,8 59,3 61,3 64,3 66,4
6 mes 41,2 42,5 44,5 46,0 47,2 48,2 49,2 50,1 51,0 51,8 52,7 53,6 54,5 55,4 56,4 57,5 58,8 60,3 62,2 65,2 67,2
9 mes 41,9 43,2 45,3 46,8 48,0 49,1 50,1 51,0 51,9 52,7 53,6 54,5 55,4 56,3 67,3 58,5 59,7 61,2 63,1 66,1 68,1
4 anos 0 mes 42,5 43,9 46,1 47,6 48,9 50,0 50,9 51,9 52,8 53,6 54,5 55,4 56,3 57,2 58,3 59,4 60,6 62,1 64,0 66,9 68,9
3 mes 43,1 44,6 46,8 48,4 49,6 50,7 51,8 52,7 53,6 54,5 55,4 56,2 57,2 58,1 59,1 60,2 61,5 63,0 64,9 67,7 69,6
6 mes 43,7 45,2 47,5 49,1 50,4 51,5 52,5 53,5 54,4 55,3 56,3 57,1 58,0 58,9 60,0 61,1 62,3 63,8 65,7 68,5 70,4
9 mes 44,2 45,8 48,1 49,8 51,1 52,2 53,3 54,2 55,2 56,1 57,0 57,9 58,8 59,8 60,8 61,9 63,1 64,6 66,5 69,3 71,1
5 anos 0 mes 44,8 46,3 48,8 50,4 51,8 53,0 54,0 55,0 55,9 56,8 57,8 58,7 59,6 60,6 61,6 62,7 63,9 65,4 67,2 70,0 71,9
3 mes 45,3 46,9 49,4 51,1 52,5 53,7 54,8 55,8 56,7 57,6 58,6 59,5 60,4 61,4 62,4 63,5 64,8 66,2 68,1 70,8 72,6
6 mes 45,8 47,5 50,1 51,8 53,2 54,4 55,5 56,5 57,5 58,4 59,4 60,3 61,2 62,2 63,3 64,4 65,6 67,1 68,9 71,7 73,5
9 mes 46,4 48,1 50,7 52,5 54,0 55,2 56,3 57,3 58,3 59,3 60,2 61,1 62,1 63,1 64,1 65,3 66,5 68,0 69,8 72,6 74,4
6 anos 0 mes 46,9 48,7 51,4 53,3 54,7 56,0 57,1 58,2 59,2 60,1 61,1 62,0 63,0 64,0 65,0 66,2 67,4 68,9 70,7 73,5 75,3
3 mes 47,5 49,3 52,1 54,0 55,5 56,8 57,9 59,0 60,0 60,9 61,9 62,9 63,8 64,8 65,9 67,1 68,3 69,8 71,7 74,5 76,3
6 mes 48,1 49,9 52,8 54,7 56,2 57,5 58,7 59,7 60,8 61,8 62,7 63,7 64,7 65,7 66,8 67,9 69,2 70,7 72,6 75,4 77,2
9 mes 48,7 50,5 53,4 55,4 56,9 58,2 59,4 60,5 61,5 62,5 63,6 64,5 65,5 66,5 67,6 68,8 70,1 71,6 73,5 76,4 78,2
7 anos 0 mes 49,2 51,1 54,0 56,0 57,6 58,9 60,1 61,2 62,3 63,3 64,3 65,3 66,3 67,3 68,4 69,6 70,9 72,5 74,4 77,3 79,1
3 mes 49,7 51,7 54,6 56,6 58,2 59,5 60,7 61,9 62,9 64,0 65,0 66,0 67,0 68,1 69,2 70,4 71,7 73,3 75,3 78,2 80,1
6 mes 50,2 52,2 55,1 57,1 58,7 60,1 61,3 62,4 63,5 64,6 65,6 66,6 67,7 68,7 69,9 71,1 72,4 74,0 76,0 79,0 80,9
9 mes 50,7 52,6 55,6 57,6 59,2 60,6 61,8 63,0 64,1 65,1 66,2 67,2 68,2 69,3 70,5 71,7 73,1 74,7 76,8 79,8 81,7
8 anos 0 mes 51,2 53,1 56,1 58,1 59,7 61,1 62,3 63,5 64,6 65,6 66,7 67,7 68,8 69,9 71,1 72,3 73,7 75,4 77,4 80,5 82,5
3 mes 51,6 53,5 56,5 58,5 60,1 61,5 62,7 63,9 65,0 66,1 67,1 68,2 69,3 70,4 71,6 72,9 74,3 76,0 78,1 81,2 83,3
6 mes 52,0 53,9 56,9 58,9 60,5 61,9 63,2 64,3 65,4 66,5 67,6 68,7 69,7 70,9 72,1 73,4 74,8 76,5 78,7 81,9 84,0
9 mes 52,4 54,3 57,3 59,3 60,9 62,3 63,6 64,7 65,9 66,9 68,0 69,1 70,2 71,3 72,6 73,9 75,4 77,1 79,3 82,5 84,7
9 anos 0 mes 52,9 54,7 57,7 59,7 61,3 62,7 64,0 65,1 66,3 67,4 68,4 69,5 70,7 71,8 73,0 74,4 75,9 77,6 79,9 83,2 85,4
3 mes 53,3 55,2 58,1 60,1 61,7 63,1 64,4 66,6 66,7 67,8 68,9 70,0 71,1 72,3 73,5 74,9 76,4 78,2 80,5 83,9 86,2
6 mes 53,7 55,6 58,5 60,5 62,1 63,5 64,8 66,0 67,1 68,2 69,3 70,4 71,6 72,8 74,0 75,4 7&,9 78,8 81,1 84,6 86,9
9 mes 54,1 56,0 58,9 60,9 62,5 63,9 65,2 66,4 67,5 68,6 69,7 70,9 72,0 73,2 74,5 75,9 77,5 79,3 81,7 85,3 87,6
10 anos 0 mes 54,5 56,4 59,2 61,2 62,8 64,2 65,5 66,7 67,9 69,0 70,1 71,3 72,4 73,6 74,9 76,3 77,9 79,8 82,2 85,9 88,3
3 mes 54,9 56,7 59,6 61,6 63,2 64,6 65,9 67,1 68,2 69,4 70,6 71,6 72,8 14,0 75,3 76,8 78,4 80,3 82,7 86,5 88,9
6 mes 55,3 57,1 59,9 61,9 63,5 64,9 66,2 67,4 68,5 69,7 70,8 72,0 73,1 74,4 75,7 77,1 78,8 80,7 83,2 87,0 89,6
9 mes 55,6 57,4 60,2 62,2 63,8 65,2 66,5 67,7 68,9 70,0 71,1 72,3 73,5 74,7 76,1 77,5 79,2 81,1 83,7 87,5 9O,1
11 anos 0 mes 55,9 57,7 60,5 62,4 64,1 65,5 66,7 68,0 69,1 70,3 71.4 72,6 73,8 75,0 76,4 77,9 79,5 81,5 84,1 88,0 90,6
3 mes 56,1 57,9 60,7 62,7 64,3 65,7 67,0 68,2 69,4 70,5 71,7 72,8 74,0 75,3 76,7 78,1 79,8 81,8 84,4 88,4 91,1
6 mes 56,4 58,1 60,9 62,9 64,5 65,9 67,2 68,4 69,6 70,7 71,9 73,1 74,3 75,5 76,9 78,4 80,1 82,1 84,8 88,8 91,5
9 mes 56,6 58,3 61,1 63,1 64,7 66,1 67,4 68,6 69,8 70,9 72,1 73,3 74,5 75,8 77,1 78,6 BO,4 82,4 85,1 89,2 91,9
12 anos 0 mes 56,7 58,5 61,3 63,2 64,8 66,2 67,5 68,7 69,9 71,1 72,2 73,4 74,6 75,9 77,3 78,8 80,5 82,6 85,3 89,4 92,2
118
Capítulo 5 GMFM e GMFCS – Mensuração e Classificação da Função Motora Grossa
Percentil
Idade
3 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 97
2 anos 0 mes 37,0 38,2 40,0 41,1 42,1 42,8 43,5 44,1 44,7 45,3 45,8 46,4 46,9 47,5 48,1 48,7 49,4 50,2 51,2 52,7 53,6
3 mes 37,1 38,4 40,2 41,3 42,3 43,1 43,8 44,4 45,0 45,6 46,1 46,7 47,2 47,8 48,4 49,1 49,8 50,6 51,6 53,1 54,0
6 mes 37,4 38,6 40,5 41,7 42,6 43,4 44,2 44,8 45,4 46,0 46,6 47,2 47,8 48,3 49,0 49,6 50,4 51,2 52,3 53,8 54,9
9 mes 37,6 38,8 40,7 42,0 43,0 43,8 44,5 45,2 45,9 46,5 47,1 47,7 48,3 48,9 49,5 50,2 50,9 51,8 52,9 54,5 55,5
3 anos 0 mes 37,8 39,1 41,0 42,3 43,3 44,2 44,9 45,6 46,3 46,9 47,5 48,1 48,8 49,4 50,0 50,8 51,5 52,4 53,6 55,2 56,2
3 mes 37,9 39,3 41,3 42,6 43,7 44,5 45,3 46,0 46,7 47,4 48,0 48,6 49,3 49,9 50,6 51,3 52,1 53,0 54,2 55,9 57,0
6 mes 38,1 39,5 41,6 42,9 44,0 44,9 45,7 46,4 47,1 47,8 48,5 49,1 49,8 50,4 51,1 51,9 52,7 53,7 54,9 56,6 57,7
9 mes 38,3 39,7 41,8 43,2 44,3 45,3 46,1 46,8 47,6 48,2 48,9 49,6 50,3 50,9 51,7 52,4 53,3 54,3 55,5 57,3 58,5
4 anos 0 mes 38,5 40,0 42,1 43,6 44,7 45,6 46,5 47,3 48,0 48,7 49,4 50,1 50,8 51,5 52,2 53,0 53,9 54,9 56,2 58,0 59,2
3 mes 38,7 40,2 42,4 43,9 45,0 46,0 46,9 47,7 48,4 49,2 49,9 50,6 51,3 52,0 52,8 53,6 54,5 55,5 56,9 58,8 60,0
6 mes 38,9 40,4 42,7 44,2 45,4 46,4 47,3 48,1 48,9 49,6 50,3 51,1 51,8 52,5 53,3 54,2 55,1 56,2 57,5 59,5 60,8
9 mes 39,2 40,7 43,0 44,5 45,7 46,8 47,7 48,5 49,3 50,1 50,8 51,6 52,3 53,1 53,9 54,8 55,7 56,8 58,2 60,2 61,6
5 anos 0 mes 39,3 40,9 43,3 44,8 46,1 47,1 48,1 48,9 49,7 50,5 51,3 52,0 52,8 53,6 54,4 55,3 56,3 57,5 58,9 61,0 62,3
3 mes 39,5 41,1 43,5 45,1 46,4 47,5 48,4 49,3 50,1 50,9 51,7 52,5 53,3 54,1 54,9 55,8 56,8 58,0 59,5 61,6 63,0
6 mes 39,6 41,3 43,7 45,3 46,6 47,7 48,7 49,6 50,4 51,3 52,1 52,9 53,7 54,5 55,4 56,3 57,3 58,5 60,0 62,2 63,6
9 mes 39,7 41,4 43,9 45,5 46,8 47,9 48,9 49,8 50,7 51,5 52,3 53,1 54,0 54,8 55,7 56,6 57,7 58,9 60,4 62,7 64,1
6 anos 0 mes 39,8 41,4 44,0 45,6 47,0 48,1 49,1 50,0 50,9 51,7 52,6 53,4 54,2 55,1 56,0 56,9 58,0 59,3 60,8 63,1 64,5
3 mes 39,8 41,5 44,0 45,7 47,1 48,2 49,2 50,2 51,0 51,9 52,7 53,6 54,4 55,3 56,2 57,2 58,3 59,5 61,1 63,4 64,9
6 mes 39,8 41,5 44,1 45,8 47,1 48,3 49,3 50,3 51,2 52,0 52,9 53,7 54,6 55,4 56,4 57,3 58,4 59,7 61,3 63,6 65,1
9 mes 39,8 41,5 44,1 45,8 47,2 48,3 49,4 50,3 51,2 52,1 52,9 53,8 54,6 55,5 56,5 57,5 58,6 59,8 61,5 63,8 65,3
7 anos 0 mes 39,8 41,5 44,1 45,8 47,2 48,4 49,4 50,4 51,3 52,1 53,0 53,9 54,7 55,6 56,6 57,6 58,7 60,0 61,6 64,0 65,5
3 mes 39,8 41,5 44,1 45,9 47,2 48,4 49,4 50,4 51,3 52,2 53,1 53,9 54,8 55,7 56,6 57,6 58,8 60,1 61,7 64,1 65,6
6 mes 39,8 41,5 44,1 45,9 47,3 48,4 49,5 50,4 51,4 52,2 53,1 54,0 54,8 55,7 56,7 57,7 58,8 60,1 61,8 64,2 65,7
9 mes 39,8 41,5 44,2 45,9 47,3 48,5 49,5 50,5 51,4 52,3 53,2 54,0 54,9 55,8 56,8 57,8 58,9 60,2 61,9 64,3 65,8
8 anos 0 mes 39,8 41,6 44,2 45,9 47,3 48,5 49,6 50,5 51,5 52,3 53,2 54,1 55,0 55,9 56,8 57,8 59,0 60,3 61,9 64,4 65,9
3 mes 39,8 41,6 44,2 46,0 47,4 48,5 49,6 50,6 51,5 52,4 53,3 54,1 55,0 55,9 56,9 57,9 59,0 60,4 62,0 64,5 66,0
6 mes 39,8 41,6 44,2 46,0 47,4 48,6 49,6 50,6 51,5 52,4 53,3 54,2 55,1 56,0 56,9 58,0 59,1 60,4 62,1 64,5 66,1
9 mes 39,8 31,6 44,2 46,0 47,4 48,6 49,6 50,6 51,6 52,5 53,3 54,2 55,1 56,0 57,0 58,0 59,1 60,5 62,1 64,6 66,2
9 anos 0 mes 39,8 41,5 44,2 46,0 47,4 48,6 49,7 50,6 51,6 52,5 53,4 54,2 55,1 56,0 57,0 58,0 59,2 60,5 62,2 64,6 66,2
3 mes 39,7 41,5 44,2 45,9 47,4 48,6 49,6 50,6 51,6 52,5 53,4 54,2 55,1 56,1 57,0 58,1 59,2 60,5 62,2 64,7 66,2
6 mes 39,6 41,4 44,1 45,9 47,3 48,5 49,6 50,6 51,6 52,5 53,4 54,2 55,1 56,1 57,0 58,1 59,2 60,6 62,2 64,7 66,3
9 mes 39,4 41,2 44,0 45,8 47,2 48,5 49,6 50,6 51,5 52,4 53,3 54,2 55,1 56,0 57,0 58,1 59,2 60,6 62,2 64,7 66,2
10 anos 0 mes 39,2 41,1 43,8 45,7 47,2 48,4 49,5 50,5 51,5 52,4 53,3 54,2 55,1 56,0 57,0 58,0 59,2 60,5 62,2 64,7 66,2
3 mes 39,0 40,9 43,7 45,6 47,1 48,3 49,4 50,4 51,4 52,3 53,2 54,1 55,1 56,0 57,0 58,0 59,2 60,5 62,2 64,6 66,2
6 mes 38,7 40,6 43,5 45,4 46,9 48,2 49,3 50,4 51,4 52,3 53,2 54,1 55,0 56,0 56,9 58,0 59,1 60,5 62,2 64,6 66,1
9 mes 38,4 40,4 43,3 45,3 46,8 48,1 49,2 50,3 51,3 52,2 53,1 54,1 55,0 55,9 56,9 57,9 59,1 60,4 62,1 64,5 66,1
11 anos 0 mes 38,0 40,1 43,1 45,1 46,7 48,0 49,1 50,2 51,2 52,1 53,1 54,0 54,9 55,9 56,8 57,9 59,1 60,4 62,1 64,5 66,0
3 mes 37,6 39,7 42,9 44,9 46,5 47,8 49,0 50,1 51,1 52,0 53,0 53,9 54,8 55,8 56,8 57,8 59,0 60,3 62,0 64,4 65,9
6 mes 37,1 39,4 42,6 44,7 46,3 47,6 48,8 49,9 50,9 51,9 52,8 53,8 54,7 55,7 56,6 57,7 58,9 60,2 61,8 64,2 65,7
9 mes 36,6 38,9 42,3 44,4 46,1 47,4 48,7 49,8 50,8 51,8 52,7 53,6 54,6 55,5 56,5 57,6 58,7 60,1 61,7 64,1 65,6
12 anos 0 mes 36,1 38,5 42,0 44,2 45,8 47,2 48,5 49,6 50,6 51,6 52,6 53,5 54,4 55,4 56,4 57,4 58,6 59,9 61,5 63,9 65,4
119
GMFM e GMFCS – Mensuração e Classificação da Função Motora Grossa Capítulo 5
Percentil
Idade
3 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 97
2 anos 0 mes 21,2 23,1 25,7 27,4 28,6 29,6 30,4 31,2 31,9 32,6 33,3 33,9 34,6 35,2 35,9 36,6 37,3 38,2 39,3 40,8 41,7
3 mes 21,2 23,2 25,9 27,5 28,7 29,7 30,6 31,4 32,1 32,8 33,5 34,1 34,7 35,4 36,1 36,8 37,6 38,4 39,5 41,0 42,0
6 mes 21,7 23,7 26,5 28,2 29,4 30,5 31,4 32,2 33,0 33,7 34,3 35,0 35,7 36,3 37,0 37,8 38,5 39,5 40,6 42,1 43,1
9 mes 22,1 24,2 27,1 28,8 30,2 31,2 32,2 33,0 33,8 34,5 35,2 35,9 36,6 37,3 38,0 38,7 39,6 40,5 41,6 43,2 44,2
3 anos 0 mes 22,4 24,7 27,7 29,5 30,9 32,0 32,9 33,8 34,6 35,4 36,1 36,8 37,5 38,2 38,9 39,7 40,5 41,5 42,7 44,3 45,4
3 mes 22,8 25,1 28,2 30,1 31,5 32,7 33,7 34,6 35,4 36,2 36,9 37,7 38,4 39,1 39,9 40,7 41,5 42,5 43,7 45,4 465
6 mes 23,2 25,5 28,8 30,7 32,2 33,4 34,4 35,3 36,2 37,0 37,7 38,5 39,2 40,0 40,7 41,5 42,4 43,4 44,6 46,4 47,5
9 mes 23,5 25,9 29,3 31,3 32,8 34,0 35,1 36,0 36,9 37,7 38,5 39,2 40,0 40,7 41,5 42,4 43,3 44,3 45,5 47,3 48,4
4 anos 0 mes 23,8 26,3 29,7 31,8 33,3 34,6 35,7 36,6 37,5 38,3 39,1 39,9 40,7 41,5 42,3 43,1 44,0 45,1 46,3 48,2 49,3
3 mes 24,0 26,7 30,2 32,3 33,8 35,1 36,2 37,2 38,1 38,9 39,8 40,5 41,3 42,1 42,9 43,8 44,7 45,8 47,1 48,9 50,1
6 mes 24,3 27,0 30,6 32,7 34,3 35,6 36,7 37,7 38,6 39,5 40,3 41,1 41,9 42,7 43,5 44,4 45A 46,4 47,8 49,6 50,8
9 mes 24,5 27,3 30,9 33,1 34,7 36,0 37,2 38,2 39,1 40,0 40,8 41,6 42,4 43,3 44,1 45,0 45,9 47,0 48A 50,2 51,4
5 anos 0 mes 24,8 27,5 31,2 33,4 35,1 36,4 37,5 38,6 39,5 40,4 A1,2 42,1 42,9 43,7 44,6 45,5 46,4 47,5 48,9 50,8 52,0
3 mes 25,0 27,8 31,5 33,7 35,4 36,7 37,9 38,9 39,8 40,7 41,6 42,4 43,2 44,1 44,9 45,8 46,8 47,9 49,3 51,2 52,4
6 mes 25,1 27,9 31,7 33,9 35,6 36,9 38,1 39,1 40,1 41,0 41,9 42,7 43,5 44,4 45,2 46,2 47,1 48,3 49,6 51,6 52,8
9 mes 25,3 28,1 31,8 34,1 35,7 37,1 38,3 39,3 40,3 41,2 42,1 42,9 43,7 44,6 45,5 46,4 47,4 48,5 49,9 51,9 53,1
6 anos 0 mes 25,4 28,2 31,9 34,2 35,8 37,2 38,4 39,4 40,4 41,3 42,2 43,0 43,9 44,7 45,6 46,6 47,6 48,7 50,1 52,1 53,3
3 mes 25,5 28,2 32,0 34,2 35,9 37,3 38,4 39,5 40,5 41,4 42,3 43,1 44,0 44,8 45,7 46,7 47,7 48,8 50,2 52,2 53,5
6 mes 25,5 28,3 32,0 34,2 35,9 37,3 38,5 39,5 40,5 41,4 42,3 43,2 44,0 44,9 45,8 46,7 47,8 48,9 50,3 52,4 53,6
9 mes 25,6 28,3 32,0 34,2 35,9 37,3 38,4 39,5 40,5 41,4 42,3 43,2 44,0 44,9 45,8 46,8 47,8 49,0 50,4 52,4 53,7
7 anos 0 mes 25,7 28,3 31,9 34,2 35,8 37,2 38,4 39,5 40,4 41,4 42,3 43,1 44,0 44,9 45,8 46,7 47,8 49,0 50,4 52,5 53,8
3 mes 25,7 28,3 31,9 34,1 35,7 37,1 38,3 39,4 40,3 41,3 42,2 43,0 43,9 44,8 45,7 46,7 47,7 48,9 50,4 52,5 53,8
6 mes 25,7 28,3 31,8 34,0 35,6 37,0 38,2 39,2 40,2 41,1 42,0 42,9 43,8 44,7 45,6 46,6 47,7 48,9 50,4 52,5 53,9
9 mes 25,8 28,2 31,7 33,8 35,5 36,8 38,0 39,1 40,1 41,0 41,9 42,8 43,7 44,6 45,5 46,5 47,6 48,8 50,3 52,5 53,8
8 anos 0 mes 25,8 28,2 31,5 33,7 35,3 36,6 37,8 38,9 39,9 40,8 41,7 42,6 43,5 44,4 45,3 46,3 47,4 48,7 50,2 52,4 53,8
3 mes 25,8 28,1 31,4 33,5 35,1 36,4 37,6 38,7 39,6 40,6 41,5 42,4 43,3 44,2 45,2 46,2 47,3 48,5 50,1 52,4 53,8
6 mes 25,8 28,0 31,2 33,3 34,9 36,2 37,4 38,4 39,4 40,4 41,3 42,2 43,1 44,0 45,0 46,0 47,1 48,4 50,0 52,3 53,7
9 mes 25,8 27,9 31,1 33,1 34,7 36,0 37,1 38,2 39,2 40,1 41,0 41,9 42,9 43,8 44,8 45,8 46,9 48,2 49,9 52,2 53,7
9 anos 0 mes 25,7 27,8 30,9 32,9 34,4 35,7 36,9 37,9 38,9 39,9 40,8 41,7 42,6 43,6 44,5 45,6 46,8 48,1 49,7 52,1 53,7
3 mes 25,7 27,7 30,7 32,7 34,2 35,5 36,6 37,7 38,7 39,6 40,5 41,5 42,4 43,3 44,3 45,4 46,6 47,9 49,6 52,0 53,6
6 mes 25,6 27,6 30,5 32,4 33,9 35,2 36A 37,4 38A 39,3 40,3 41,2 42,1 43,1 44,1 45,2 46,4 47,7 49,4 52,0 53,6
9 mes 25,5 27,4 30,3 32,2 33,7 34,9 36,1 37,1 38,1 39,1 40,0 40,9 41,9 42,8 43,8 44,9 46,1 47,5 49,3 51,9 53,5
10 anos 0 mes 25,4 27,3 30,1 31,9 33,4 34,7 35,8 36,8 37,8 38,8 39,7 40,6 41,6 42,6 43,6 44,7 45,9 47,3 49,1 51,8 53,5
3 mes 25,3 27,1 29,8 31,7 33,1 34,4 35,5 36,6 37,5 38,5 39A 40,4 41,3 42,3 43,3 44,5 45,7 47,1 49,0 51,7 53,4
6 mes 25,2 27,0 29,6 31,4 32,^g 34,1 35,2 36,3 37,3 38,2 39,1 40,1 41,0 42,0 43,1 44,2 45,5 46,9 48,8 51,6 53,4
9 mes 25,1 26,8 29A 31,2 32,6 33,8 35,0 36,0 37,0 37,9 38,5 39,8 40,8 41,8 42,8 44,0 45,3 46,8 48,6 51,5 53,3
11 anos 0 mes 25,0 26,6 292 31,0 32,4 33,6 34,7 35,7 36,7 37,7 38,6 39,6 40,5 41,5 42,6 43,8 45,1 46,6 48,5 51,4 53,3
3 mes 24,9 26,5 29,0 30,8 322 33,4 34,5 35,5 36,5 37,4 38,4 39,3 40,3 41,3 42,4 43,6 44,9 46,5 48A 51,4 53,4
6 mes 24,8 26,4 28,9 30,6 32,0 33,2 34,3 35,3 36,3 37,2 38,2 39,1 40,t 41,2 42,3 43,4 44,8 46,4 48,4 51,4 53,4
9 mes 24,7 26,3 28,7 30,4 31,8 33,0 34,1 35,1 36,1 37,0 38,0 39,0 39,9 41,0 42,1 43,3 44,7 46,3 48,3 51,5 53,5
12 anos 0 mes 24,7 26,2 28,6 30,2 31,6 32,8 33,9 34,9 35,9 36,8 37,8 38,8 39,8 40,8 41,9 43,2 44,6 46,2 48,3 51,5 53.7
120
Capítulo 5 GMFM e GMFCS – Mensuração e Classificação da Função Motora Grossa
Percentil
Idade
3 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 97
2 anos 0 mes 7,7 9,3 11,9 13,5 14,9 16,0 17,1 18,0 19,0 19,8 20,7 21,6 22,4 23,4 24,3 25,4 26,5 27,9 29,5 32,1 33,7
3 mes 7,8 9,4 11,9 13,6 15,0 16,1 17,2 18,1 19,0 19,9 20,8 21,6 22,5 23,4 24,4 25,4 26,6 27,9 29,6 32,2 33,8
6 mes 8,0 9,7 12,2 13,9 15,3 16,5 17,5 18,5 19,4 20,3 21,2 22,0 22,9 23,8 24,8 25,9 27,0 28,4 30,1 32,6 34,3
9 mes 8,3 10,0 12,5 14,3 15,5 16,8 17,9 18,8 19,8 20,7 21,5 22,4 23,3 24,3 25,2 26,3 27,5 28,8 30,5 33,1 34,8
3 anos 0 mes 8,6 10,3 12,9 14,6 16,0 17,2 18,2 19,2 20,1 21,0 21,9 22,8 23,7 24,7 25,6 26,7 27,9 29,3 31,0 33,6 35,2
3 mes 9,0 10,6 13,2 15,0 16,3 17,5 18,6 19,6 20,5 21,4 22,3 23,2 24,1 25,0 26,Q 27,1 28,3 29,7 31,4 34,0 35,7
6 mes 9,3 11,0 13,6 15,3 16,7 17,9 19,0 19,9 20,9 21,8 22,7 23,6 24,5 25A Z6A 27,5 28,7 30,1 31,8 34,4 36,1
9 mes 9,7 11,4 13,9 15,7 17,1 18,3 19,3 20,3 21,3 22,2 23,1 24,0 24,9 25,8 26,8 27,9 29,1 30,4 32,2 34,8 36,5
4 anos 0 mes 10,0 11,7 14,3 16,1 17,4 18,6 19,7 20,7 21,6 22,5 23,4 24,3 25,2 26,2 27,2 28,2 29,4 30,8 32,6 35,2 36,8
3 mes 10,4 12,1 14,7 16,4 17,8 19,0 20,1 21,1 22,0 22,9 23,8 24,7 25,6 26,5 27,5 28,6 29,8 31,2 32,9 35,5 37,2
6 mes 10,7 12,4 15,0 16,8 18,1 19,3 20,4 21,4 22,3 23,3 24,1 25,0 26,0 26,9 27,9 29,0 30,1 31,5 33,3 35,9 37,6
9 mes 11,0 12,7 15,3 17,1 18,5 19,7 20,7 21,7 22,7 23,6 24,5 25,4 26,3 27,2 28,2 29,3 30,5 31,9 33,6 36,2 37,9
5 anos 0 mes 11,3 13,0 15,6 17,4 18,7 19,9 21,0 22,0 23,0 23,9 24,8 25,7 26,6 27,5 28,5 29,6 30,8 32,2 34,0 36,6 38,3
3 mes 11,5 13,2 15,8 17,6 19,0 20,2 21,3 22,3 23,2 24,2 25,1 26,0 26,9 27,8 28,8 29,9 31,1 32,5 34,3 36,9 38,6
6 mes 11,6 13,3 16,0 17,8 19,2 20,4 21,5 22,5 23,4 24,4 25,3 26,2 27,1 28,1 29,1 30,2 31,4 32,8 34,6 37,2 39,0
9 mes 11,7 13,4 16,1 17,9 19,3 20,5 21,6 22,7 23,6 24,6 25,5 26,4 27,3 28,3 29,3 30,4 31,6 33,1 34,9 37,5 39,3
6 anos 0 mes 11,7 13,5 16,1 18,0 19,4 20,6 21,7 22,8 23,7 24,7 25,6 26,6 27,5 28,5 29,5 30,6 31,9 33,3 35,1 37,8 39,5
3 mes 11,6 13,4 16,1 18,0 19,4 20,7 21,8 22,8 23,8 24,8 25,7 26,7 27,6 28,6 29,6 30,8 32,0 33,5 35,3 38,0 39,8
6 mes 11,5 13,3 16,0 17,9 19,4 20,6 21,8 22,8 23,8 24,8 25,8 26,7 27,7 28,7 29,8 30,9 32,2 33,7 35,5 38,3 40,1
9 mes 11,2 13,0 15,8 17,7 19,3 20,5 21,7 22,8 23,8 24,8 25,8 26,7 27,7 28,8 29,8 31,0 32,3 33,8 35,7 38,5 40,3
7 anos 0 mes 10,9 12,8 15,6 17,6 19,1 20,4 21,6 22,7 23,7 24,7 25,7 26,7 27,7 28,8 29,9 31,1 32,4 33,9 35,9 38,7 40,6
3 mes 10,5 12,4 15,3 17,3 18,9 20,2 21,4 22,5 23,6 24,6 25,7 26,7 27,7 28,8 29,9 31,1 32,4 34,0 38,0 38,9 40,8
6 mes 10,1 12,0 15,0 17,0 18,6 20,0 21,2 22,4 234 24,5 25,5 26,6 27,6 28,7 29,8 31,1 32A 34,0 36,1 39,0 41,0
9 mes 9,6 11,6 14,6 16,7 18,3 19,7 21,0 22,1 23,2 24,3 25,4 26,4 27,5 28,6 29,8 31,0 32,4 34,1 36,1 39,2 41,1
8 anos 0 mes 9,1 11,1 14,2 16,3 18,0 19,4 20,7 21,9 23,0 24,1 25,2 26,2 27,3 28,5 29,7 30,9 32,4 34,0 36,1 39,2 41,3
3 mes 8,5 10,6 13,7 15,9 17,6 19,0 20,4 21,6 22,7 23,8 24,9 26,0 27,1 28,3 29,5 30,8 32,3 34,0 36,1 39,3 41,3
6 mes 8,0 10,1 13,3 15,5 17,2 18,7 20,0 21,2 22,4 23,5 24,7 25,8 26,9 28,1 29,3 30,7 32,1 33,9 36,0 39,3 41,4
9 mes 7,4 9,5 12,8 15,0 16,8 18,3 19,6 20,9 22,1 23,2 24,4 25,5 26,7 27,9 29,1 30,5 32,0 33,7 35,9 39,2 41,3
9 anos 0 mes 6,9 9,0 12,3 14,6 16,4 17,9 19,3 20,5 21,8 22,9 24,1 25,2 26,4 27,6 28,9 30,2 31,8 33,6 35,8 39,1 41,3
3 mes 6,3 8,5 11,9 14,1 15,9 17,5 18,9 20,2 21,4 22,6 23,8 24,9 26,1 27,3 28,6 30,0 31,6 33,4 35,7 39,0 41,2
6 mes 5,7 7,9 11,4 13,7 15,5 17,1 18,6 19,8 21,1 22,3 23,4 24,6 25,8 27,1 28,4 29,8 31,4 33,2 35,5 38,9 41,2
9 mes 5,1 7,4 10,9 13,2 15,1 16,7 18,1 19,5 20,7 21,9 23,1 24,3 25,6 26,8 28,2 29,6 31,2 33,1 35,4 38,9 41,1
10 anos 0 mes 4,63 6,9 10,4 12,8 14,7 16,3 17,7 19,1 20,4 21,6 22,8 24,1 25,3 26,6 27,9 29,4 31,0 32,9 35,3 38,8 41,1
3 mes 4,0 6,3 9,9 12,3 14,2 15,9 17A 18,7 2D,0 21,3 22,5 23,8 25,Q 26,3 27,7 29,2 3Q,8 32,7 35,1 38,7 41,0
6 mes 3,5 5,8 9,4 11,9 13,8 15,5 17,0 18,4 19,7 21,0 22,2 23,5 24,7 26,1 27,4 28,9 30,6 32,6 35,0 38,6 41,0
9 mes 2,9 5,3 9,0 11,5 13,4 15,1 16,6 18,0 19,4 20,6 21,9 23,2 24,5 25,8 27,2 28,7 30,4 32,4 34,8 38,5 40,9
11 anos 0 mes 2,4 4,8 8,5 11,0 13,0 14,7 16,2 17,7 19,0 20,3 21,6 22,9 24,2 25,5 26,9 28,4 30,1 32,1 34,6 38,3 40,7
3 mes 2,0 4,4 8,1 10,6 12,6 14,3 15,9 17,3 18,7 20,0 21,2 22,5 23,8 25,2 26,6 28,2 29,9 31,9 34,4 38,1 40,5
6 mes 1,5 3,9 7,7 10,2 12,2 14,0 15,5 16,9 18,3 19,6 20,9 22,2 23,5 24,9 26,3 27,9 29,6 31,6 34,1 37,9 40,3
9 mes 1,1 3,5 7,3 9,8 11,8 13,6 15,1 16,6 17,9 19,3 20,4 21,9 23,2 24,6 26,0 27,5 29,3 31,3 33,8 37,6 40,1
12 anos 0 mes 0,8 3,3 7,0 9,6 11,6 13,3 14,9 16,3 17,7 19,0 20,4 21,7 23,0 24,4 25,8 27,4 29,1 31,1 33,7 37,4 39,9
121
GMFM e GMFCS – Mensuração e Classificação da Função Motora Grossa Capítulo 5
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CAPÍTULO 6
125
Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – CIF na Paralisia Cerebral Capítulo 6
126
Capítulo 6 Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – CIF na Paralisia Cerebral
127
Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – CIF na Paralisia Cerebral Capítulo 6
Estado de Saúde
(distúrbio ou doença)
Funções e
Atividade Participação
Estruturas Corporais
Fatores Fatores
Ambientais Pessoais
Fatores Contextuais
Propósito da CIF-CJ
128
Capítulo 6 Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – CIF na Paralisia Cerebral
129
Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – CIF na Paralisia Cerebral Capítulo 6
Usos da CIF-CJ
130
Capítulo 6 Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – CIF na Paralisia Cerebral
Classificação e codificação
131
Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – CIF na Paralisia Cerebral Capítulo 6
REFERÊNCIAS
132
PARTE III
COMPORTAMENTO MOTOR NA
PARALISIA CEREBRAL
Introdução
Umberto Cesar Corrêa e Carlos Bandeira de Mello Monteiro
135
Comportamento Motor na Paralisia Cerebral - Introdução PARTE III
136
PARTE III Comportamento Motor na Paralisia Cerebral - Introdução
137
Comportamento Motor na Paralisia Cerebral - Introdução PARTE III
REFERÊNCIAS
138
PARTE III Comportamento Motor na Paralisia Cerebral - Introdução
139
Comportamento Motor na Paralisia Cerebral - Introdução PARTE III
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140
CAPÍTULO 7
1. INTRODUÇÃO
141
Aplicabilidade clínica dos conhecimentos da Aprendizagem Motora na Paralisia Cerebral Capítulo 7
142
Capítulo 7 Aplicabilidade clínica dos conhecimentos da Aprendizagem Motora na Paralisia Cerebral
Estabelecimento
Metas
Distribição Instrução /
Prática Demonstração
Fatores que
Afetam AM
Estrutura de
Prática
Figura 1: Ilustração de alguns fatores que afetam a aprendizagem motora (AM) e que
são manipulados durante a intervenção terapêutica em Paralisia Cerebral.
143
Aplicabilidade clínica dos conhecimentos da Aprendizagem Motora na Paralisia Cerebral Capítulo 7
2.1 Demonstração
144
Capítulo 7 Aplicabilidade clínica dos conhecimentos da Aprendizagem Motora na Paralisia Cerebral
gere que a idade é uma variável importante para que os processos cognitivos
concernentes à demonstração sejam de fato efetivos. Já em relação à com-
paração entre a demonstração e instrução verbal, há uma tendência muito
forte a favor da demonstração.
A seguir, apresentamos algumas sugestões, dicas e reflexões sobre o
uso de demonstração e instrução verbal na prática clínica em PC, baseadas
na análise de resultados de estudos científicos sobre o tema em sujeitos
saudáveis, bem como na experiência clínica em neurologia. Salienta-se, no
entanto, que não foram encontradas pesquisas científicas com instrução/
demonstração em PC.
• No início da aprendizagem de uma habilidade, a demonstração deve
ser focada nos pontos relevantes para a ação. Recomenda-se, en-
tão, não sobrecarregar o aprendiz com muita informação visual12,18
e garantir que o aprendiz tem a capacidade de ver e interpretar os
aspectos críticos da habilidade a ser demonstrada17.
• A instrução verbal pode ser acoplada à demonstração de uma habi-
lidade motora (ver, por exemplo,20,21). Caso a capacidade atencional
do paciente seja muito baixa, a instrução verbal pode ser fornecida
de forma curta e concisa na forma de pista verbal, ou seja, consti-
tuída de uma ou duas palavras17 e, ainda, estar acoplada à demons-
tração. As pistas devem estar relacionadas com os aspectos
específicos e críticos da habilidade e podem orientar a sequência
dos movimentos.
• O terapeuta/profissional deve refletir sobre quem deve ser o mode-
lo para a demonstração, pois não há evidências científicas suficien-
tes para afirmar que a imagem ideal e correta (sem erros) conduz à
melhor e mais precisa representação do movimento28-31. Por isso,
vale a pena explorar a demonstração não somente com o terapeu-
ta/profissional sendo o modelo, mas também, uma pessoa querida
ou fonte de inspiração do paciente, pois há indícios de que o apren-
diz presta mais atenção a uma pessoa que lhe inspira mais motiva-
ção28,31. Pode-se fazer uso, também, de uma foto ou vídeo de outro
paciente mais hábil para a execução da ação, por exemplo, um
colega de escola ou paciente do mesmo centro de reabilitação.
• A demonstração, por meio de vídeo, de uma tentativa realizada
com sucesso pode ser uma boa estratégia terapêutica na aprendi-
zagem de uma habilidade motora. Afinal, quem não gosta de refor-
ço positivo sobre seus êxitos? Estudos têm apontado superioridade
na aprendizagem de habilidades frente à demonstração das tentati-
vas nas quais o aprendiz executou a ação com melhor desempe-
nho32-34.
Em suma, há muito conhecimento científico disponível acerca do for-
necimento de instrução prescritiva em forma de demonstração ao aprendiz.
Em conjunto com a instrução verbal ou isoladamente, a demonstração é um
fator de aprendizagem motora fundamental que, adequadamente fornecida,
pode auxiliar o profissional em sua prática cotidiana com pacientes de PC.
145
Aplicabilidade clínica dos conhecimentos da Aprendizagem Motora na Paralisia Cerebral Capítulo 7
146
Capítulo 7 Aplicabilidade clínica dos conhecimentos da Aprendizagem Motora na Paralisia Cerebral
147
Aplicabilidade clínica dos conhecimentos da Aprendizagem Motora na Paralisia Cerebral Capítulo 7
2.3 Feedback
148
Capítulo 7 Aplicabilidade clínica dos conhecimentos da Aprendizagem Motora na Paralisia Cerebral
de forma ampliada pode ser definido como toda informação de retorno sobre
um movimento realizado, transmitida pelo professor/instrutor/terapeuta ou
percebida pelo próprio aprendiz, para auxiliar no processo de aquisição de
habilidades motoras.
Nesse sentido, o FI resulta das informações intrínsecas do sistema
sensorial do indivíduo como resultado do movimento e é consistente com o
conceito de aprendizagem implícita proposto por Gentile (1998)55, o qual é
um fenômeno não consciente que pode sofrer interferência externa do tera-
peuta ou professor a partir das mudanças produzidas no ambiente e na
demanda da tarefa56. O FE, também conhecido como feedback aumentado,
melhorado, artificial, aprimorado ou suplementar, complementa o FI ou, por
vezes, pode substituir a falta de FI, quando o aprendiz apresenta prejuízos
nas estruturas e funções somato-sensoriais. Desta forma, o FE provê base
para a aprendizagem explícita que resulta claramente de direcionamento ou
instruções externas. Por isso, o feedback verbal, as correções táteis ou de-
monstrações podem ser consideradas FE fornecido pelos terapeutas.
O FE apresenta a propriedade de complementar a informação proveni-
ente do FI e está sob controle dos profissionais, que podem fornecê-los em
ocasiões oportunas, ou ainda não fornecê-las, dependendo das metas estipu-
ladas, características da tarefa e nível de experiência e habilidade dos prati-
cantes. O FE é dividido em conhecimento de resultados (CR), quando se for-
necem informações sobre o resultado de seu movimento em relação à meta
ambiental (por exemplo, “você errou o alvo!” ou “muito bom, você conseguiu
finalizar a ação!”) e conhecimento de performance (CP), quando se fornecem
informações sobre o padrão de movimento (por exemplo, “tente levantar mais
o pé!” ou “abra mais a mão no momento de pegar o copo!”)53.
A prática e a informação sobre o erro podem ser consideradas variá-
veis essenciais que modulam a aprendizagem motora57,58. Nos momentos
iniciais da aquisição de uma habilidade motora, o aprendiz tem que lidar com
grande quantidade de incerteza proveniente das demandas do ambiente, da
tarefa e do próprio corpo; nessa fase, ele dificilmente consegue responder
com sucesso a tantas demandas, e as ações são desorganizadas, pouco efi-
cazes e apresentam muitos erros. O feedback recebido ao longo das tentati-
vas práticas pode se constituir um fator essencial no processo cognitivo de
resolver o problema motor, mediante o qual o comportamento vai se tornan-
do cada vez mais consistente e eficiente3.
O FE auxilia o aprendiz a reduzir o desvio entre o que foi planejado e
o que foi executado54. Essa informação adicional sobre o erro tem o potencial
de auxiliar na interpretação das informações naturalmente disponíveis ao
aprendiz, já que age fornecendo uma referência, ou uma checagem confiável
para o praticante, a fim de assegurar que os dados do FI estão sendo corre-
tamente processados. Além disso, o FE também funciona como um impor-
tante agente motivador durante a aprendizagem de habilidades motoras57,59.
Quando o aprendiz de uma habilidade motora é uma criança ou ado-
lescente com PC, o profissional deve analisar a capacidade deste sujeito de
receber FI adequado, processar tais informações e uní-las ao FE obtidos a
partir da execução do movimento, pois quando há prejuízos no sistema
cognitivo, perceptual ou sensorial, a recepção, integração e processamentos
das informações sensoriais disponíveis antes, durante e após um movimento
podem não ser corretas ou não estar presentes dificultando a realização e a
aprendizagem de habilidades motoras.
149
Aplicabilidade clínica dos conhecimentos da Aprendizagem Motora na Paralisia Cerebral Capítulo 7
150
Capítulo 7 Aplicabilidade clínica dos conhecimentos da Aprendizagem Motora na Paralisia Cerebral
Considerações Finais:
151
Aplicabilidade clínica dos conhecimentos da Aprendizagem Motora na Paralisia Cerebral Capítulo 7
REFERÊNCIAS
152
Capítulo 7 Aplicabilidade clínica dos conhecimentos da Aprendizagem Motora na Paralisia Cerebral
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153
Aplicabilidade clínica dos conhecimentos da Aprendizagem Motora na Paralisia Cerebral Capítulo 7
154
Capítulo 7 Aplicabilidade clínica dos conhecimentos da Aprendizagem Motora na Paralisia Cerebral
155
Aplicabilidade clínica dos conhecimentos da Aprendizagem Motora na Paralisia Cerebral Capítulo 7
156
CAPÍTULO 8
157
Controle Motor e Paralisia Cerebral Capítulo 8
158
Capítulo 8 Controle Motor e Paralisia Cerebral
159
Controle Motor e Paralisia Cerebral Capítulo 8
160
Capítulo 8 Controle Motor e Paralisia Cerebral
nos aqui, não somente à memória cognitiva, p.ex. qual o nome de um obje-
to, mas também à memória neuromuscular. Vejam como estas integrações
são importantes: imaginem uma criança cega ou uma criança com paralisia
cerebral. Estas crianças são privadas de informações sensitivas importantes
para o controle motor e terão grande dificuldade para desenvolver os
homúnculos sensitivo e motor (ler adiante “córtex somato-sensitivo”). A va-
riabilidade de informações é primordial para uma adequada integração. Ou
seja, o SN é sedento por variabilidade, haja vista que ele só pode aprender
se houver “algo para comprar”, tem que haver alguma “diferença”! Imagine
o leitor agora, que o senhor fechará todas as janelas da sala, apagará as
luzes e ficará em um breu e completo silêncio. O que farão seus olhos auto-
maticamente? Procurarão por uma fonte de luz e suas orelhas por uma fonte
sonora! O sistema nervoso carece de diferenças e, por isso, um dos objeti-
vos terapêuticos deve ser baseado em fornecer uma variabilidade de infor-
mações para o SN dos pacientes.
A partir desta integração, o SN está apto a preparar a sequência de
movimentos necessários. Imagine o leitor agora, que o senhor está sentindo
sede e que gostaria de beber água. Neste momento, sua intenção cortical
conduzirá a uma série de atividades eletroquímicas e seu sistema pré-motor
se preparará para recrutar os neurônios motores e seus respectivos múscu-
los em uma sequência ordenada e econômica para o organismo. Somente
após uma adequada preparação é que os neurônios motores inferiores loca-
lizados no tronco encefálico e medula espinal podem receber as salvas de
impulsos nervosos e enviá-las aos músculos, os quais podem executar a
ação motora. Só assim, o senhor poderá pegar o copo, levá-lo à boca e
beber a água.
Resumindo:
1. receber estímulos (codificá-los) pelos receptores
2. transportar os impulsos neurais da periferia para o SNC
3. decodificar (O SNC compreende o que ocorreu na periferia)
4. avaliar (O SNC estabelece prioridades)
5. integrar (memória + comparação)
6. preparar os movimentos (planejamento e sequenciamento)
7. executar os movimentos.
161
Controle Motor e Paralisia Cerebral Capítulo 8
CB + NB + FR ME + TE Saída
Controlador Deflagrador
Comparadores
• CX
• FR
Feed-
• CB Receptores
back
• Tato
• Pressão
• Propioceptores
Esquema 2 - Feed-back
162
Capítulo 8 Controle Motor e Paralisia Cerebral
163
Controle Motor e Paralisia Cerebral Capítulo 8
1. Córtex somato-sensitivo
O córtex cerebral é dividido por diferentes áreas funcionais chamadas
de áreas de Brodmann8. Existem 52 áreas distintas, sendo que as áreas
sensitivas somáticas se dividem em:
164
Capítulo 8 Controle Motor e Paralisia Cerebral
2. VIAS SENSITIVAS
165
Controle Motor e Paralisia Cerebral Capítulo 8
166
Capítulo 8 Controle Motor e Paralisia Cerebral
167
Controle Motor e Paralisia Cerebral Capítulo 8
168
Capítulo 8 Controle Motor e Paralisia Cerebral
169
Controle Motor e Paralisia Cerebral Capítulo 8
Áreas Motoras
Agora vamos dar continuidade falando das áreas ditas motoras. Elas
compreendem os córtices motores, cerebelo, núcleos da base e formação
reticular.
1. Córtices motores:
170
Capítulo 8 Controle Motor e Paralisia Cerebral
171
Controle Motor e Paralisia Cerebral Capítulo 8
Sistemas descendentes:
Ainda que consagradas pelo uso, os termos “sistema piramidal” e
“sistema extra-piramidal”, estes não fornecem uma exata e clara definição
de suas funções, além de que estas definições são “estanques” e, com muita
frequência, de difícil compreensão para a maioria dos estudantes. Assim,
para se adequar a descrição anatômica à função dessas vias, utiliza-se agora
os termos “sistema descendente medial” e “sistema descendente la-
teral”. Em realidade, é fácil compreender o porquê destes termos e as fun-
ções destas vias. Para facilitar a compreensão, comecemos pois com a colu-
na anterior da substância cinzenta da medula espinal. Sabemos que os
motoneurônios inferiores estão posicionados na substância cinzenta de tal
maneira, que os “mediais” inervam os músculos axiais e proximais, en-
quanto que os neurônios mais “laterais” inervam os músculos distais. Ou
seja, temos aqui outra representação do corpo, uma “somatotopia”, assim
como temos o Homúnculo no córtex cerebral, no cerebelo, tálamo e cápsula
interna17.
Bem, as vias descendentes que terminam nos motoneurônios inferiores,
os quais estão localizados mais medialmente na substância cinzenta da medula
espinal, recebem o nome de “vias descendentes mediais” e controlam os mús-
culos axiais e proximais, enquanto isso, as vias descendentes que terminam
nos motoneurônios inferiores posicionados mais lateralmente são denominadas
de “vias descendentes laterais” e controlam os músculos distais dos membros.
2. Cerebelo
O cerebelo é um órgão do encéfalo, que, em sua morfologia, apresen-
ta dois hemisférios cerebelares unidos por uma estrutura ímpar denominada
vermis. Apresenta o córtex cerebelar (substância cinza) que envolve o corpo
medular do cerebelo (substância branca), onde estão localizados os núcleos
do cerebelo que são: núcleo denteado, núcleo fastígio e núcleo interpósito
(formado pelos núcleos globoso e emboliforme)17.
O cerebelo controla, ajusta, coordena e corrige antecipadamente a
execução dos movimentos. É responsável pela realização de movimentos
172
Capítulo 8 Controle Motor e Paralisia Cerebral
173
Controle Motor e Paralisia Cerebral Capítulo 8
3. Núcleos da Base
Funcionalmente, os núcleos da base que estão relacionadas à
motricidade, são compostos por estruturas subcorticais, as quais compreen-
dem: núcleo caudado, putâmen, globo pálido, núcleo subtalâmico e substân-
cia negra (ver figura 3.3.5)17.
Figura 3.3.5: Representação esquemática das conexões entre córtex, núcleos da base,
tálamo e medula espinal.
174
Capítulo 8 Controle Motor e Paralisia Cerebral
175
Controle Motor e Paralisia Cerebral Capítulo 8
4. FORMAÇÃO RETICULAR
176
Capítulo 8 Controle Motor e Paralisia Cerebral
5. NÚCLEOS VESTIBULARES
REFERÊNCIAS
177
Controle Motor e Paralisia Cerebral Capítulo 8
178
CAPÍTULO 9
DESENVOLVIMENTO MOTOR E SUAS ALTERAÇÕES
NA PARALISIA CEREBRAL
179
Desenvolvimento motor e suas alterações na paralisia cerebral Capítulo 9
Plasticidade neuronal
De acordo com Piovesana e Gonçalves7 o SNC é extremamente plás-
tico em algumas etapas de seu desenvolvimento, como no período de gesta-
ção. Estudos comprovam que os primeiros meses de vida são permeados por
intensa plasticidade neuronal8,9. Diferentemente, o cérebro maduro, em ida-
de adulta, apresenta plasticidade limitada, porém não totalmente ausente,
principalmente em pacientes que vivenciam atividades de reabilitação7.
Considerando os estudos sobre as teorias de controle motor e reco-
nhecendo a forte influência de outros sistemas além da mielinização10, a
criança com paralisia cerebral pode ter seu desenvolvimento favorecido quando
submetida às terapias que estimulam sua exploração e sua ação integrada
ao meio ambiente, principalmente quando orientadas e manuseadas por pro-
fissionais que tenham competência e conhecimento sobre o desenvolvimen-
to motor. O quanto antes essas crianças puderem ser encaminhadas ao
terapeuta, melhores chances de ganhos apresentarão, dado o fato da ativi-
180
Capítulo 9 Desenvolvimento motor e suas alterações na paralisia cerebral
Programas de intervenção
Muitas são as razões para se acreditar que um programa de interven-
ção iniciado nos primeiros meses de vida pode trazer benefícios para o de-
senvolvimento da criança com PC. Além da plasticidade neuronal9, as expe-
riências sensório-motoras trazem grande carga de aprendizado na infância.
A criança com PC, cujos padrões sensório-motores apresentam-se alterados
desde o início, será capaz apenas de utilizá-los caso não tenha oportunida-
des de vivenciar padrões menos anormais. O uso contínuo resulta em hábito,
podendo gerar contraturas e deformidades estruturadas10. O atendimento
precoce previne complicações desse tipo, impedindo ou diminuindo a repeti-
ção de movimentos e posturas anormais. A privação de experiências sensó-
181
Desenvolvimento motor e suas alterações na paralisia cerebral Capítulo 9
182
Capítulo 9 Desenvolvimento motor e suas alterações na paralisia cerebral
REFERÊNCIAS
183
Desenvolvimento motor e suas alterações na paralisia cerebral Capítulo 9
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PARTE IV
PROCEDIMENTOS DE TRATAMENTO DA
PARALISIA CEREBRAL
Introdução
187
Procedimentos de Tratamento da Paralisia Cerebral - Introdução PARTE IV
188
PARTE IV Procedimentos de Tratamento da Paralisia Cerebral - Introdução
REFERÊNCIAS
189
CAPÍTULO 10
INTRODUÇÃO
191
Fisioterapia aquática na paralisia cerebral Capítulo 10
192
Capítulo 10 Fisioterapia aquática na paralisia cerebral
cional para pacientes com doenças reumáticas, dor lombar crônica e doen-
ças neuromotoras5,7.
Fragala-Pinkham et al7, realizaram estudo com 16 crianças de idade
entre 6-11 anos, de ambos os sexos, com disfunções neuromusculares que
apresentavam marcha com ou sem dispositivos auxiliares de diversas ori-
gens, como, autismo, mielomeningocele e paralisia cerebral entre outras.
Divididos em dois grupos, um realizou programa de exercício no solo e outro
na água. Os dois grupos realizaram programa de exercício aeróbico com
frequência de duas vezes por semana durante 14 semanas com objetivo de
comparar e avaliar a eficácia e segurança do condicionamento cardiovascu-
lar nos diferentes ambientes. Os resultados do estudo revelaram aumento
na condição cardiorrespiratória e nas habilidades motoras, especialmente
para os pacientes com PC no grupo aquático.
No estudo de Kesiktas et al8, tanto o grupo controle quanto o experi-
mental apresentaram aumento estatisticamente significativo nos escores da
Medida de Independência Funcional (MIF), porém no grupo submetido à fi-
sioterapia aquática o escore foi maior.
Muitos são os métodos e técnicas descritas para aplicação em água. O
fisioterapeuta tem autonomia para incorporar as evidências de cada uma
delas ao seu atendimento.
Dentre elas destaca-se o Método Halliwick, que foi desenvolvido por
James McMillian em 1949, na Halliwick School for Girls, em Southgate, Lon-
dres, assim, o método foi batizado com o mesmo nome da escola para me-
ninas deficientes em que o trabalho começou. McMillian, baseado nos princí-
pios científicos da hidrodinâmica e da mecânica corporal, desenvolveu
inicialmente uma atividade recreativa que visava dar independência indivi-
dual na água, para pacientes com incapacidade e treiná-los a nadar, valori-
zando a natureza crítica da água e se adaptando às formas e densidades
alteradas da pessoa deficiente11,12.
193
Fisioterapia aquática na paralisia cerebral Capítulo 10
194
Capítulo 10 Fisioterapia aquática na paralisia cerebral
DESENVOLVIMENTO TERAPÊUTICO
195
Fisioterapia aquática na paralisia cerebral Capítulo 10
196
Capítulo 10 Fisioterapia aquática na paralisia cerebral
como fuga da água. Aspecto que pode ser utilizado terapeuticamente para
estimular a extensão e flexão da coluna cervical.
Independente da posição que o paciente adote na água (sela, cadeira
ou bastão), toda vez que a extensão da cabeça for estimulada haverá ten-
dência de subida dos membros inferiores, pelo efeito metacêntrico. Levando
o paciente para posição de flutuação dorsal. O inverso acontecerá na flexão
da cervical. Essa condição poderá ser explorada pelo terapeuta para estimu-
lar tanto a flexão quanto a extensão de tronco e dos membros inferiores.
Gradualmente o paciente vai conseguindo controlar a posição na água e o
desprendimento do terapeuta.
a) b) c)
Figura 1: Rotação Transversal: a) Posição inicial; b) Posição intermediária;
c) Posição final
197
Fisioterapia aquática na paralisia cerebral Capítulo 10
a) b)
198
Capítulo 10 Fisioterapia aquática na paralisia cerebral
CONSIDERAÇÕES FINAIS
199
Fisioterapia aquática na paralisia cerebral Capítulo 10
OBJETIVO
PACIENTE: ATIVIDADE TERAPÊUTICO
Data: Ponto 1
Ajuste Mental
Data: Ponto 2
Desengajamento
Data: Ponto 3
Controle Rotação
Transversal
Data: Ponto 4
Controle da Rotação
Sagital
Data: Ponto 5
Controle da Rotação
Longitudinal
Data: Ponto 6
Controle da Rotação
Combinada
Data: Ponto 7
Empuxo
Data: Ponto 8
Flutuação em
equilíbrio
Data: Ponto 9
Deslizamento
turbulento
Data: Ponto 10
Movimentos básicos/
nado simplificado
200
Capítulo 10 Fisioterapia aquática na paralisia cerebral
REFERÊNCIAS
201
Fisioterapia aquática na paralisia cerebral Capítulo 10
202
CAPÍTULO 11
1. HISTÓRICO
203
Equoterapia na paralisia cerebral Capítulo 11
Constam nos registros que o uso do cavalo para fins terapêuticos data
do período entre 460-377 a.C. escrito por Hipócrates de Loo na Grécia antiga
em seu “Livro Das Dietas”, aconselhava a equitação para regenerar a saúde
e preservar o corpo humano de muitas doenças. Em 1569, Merkurialis da
Itália escreveu “A Arte de Ginástica” citando o cavalo e a equitação. Em 1780
Tissot da França, em seu livro “Medicina e Cirurgia de Ginástica” considerava
a caminhada a cavalo como a marcha mais benéfica. Samuel Theodor Quelmaz
(1697 – 1758), ao escrever “A saúde através da Equitação”, abordou pela
primeira vez o movimento tridimensional do cavalo ao passo3.
O uso do cavalo como terapia foi ainda mais estimulado a partir de
1952, nos Jogos Olímpicos de Helsinque, quando uma atleta com poliomieli-
te, Liz Hartel, ganhou medalha de prata de adestramento equestre4.
Em 1960 centros de equoterapia se desenvolveram em toda a Euro-
pa, Canadá e Estados Unidos. Em 1969, foi criada a Associação Norte Ame-
ricana de Equitação Terapêutica5.
A Equoterapia é utilizada no Brasil desde 1989, hoje se encontra em
todo o território nacional, com mais de 180 centros credenciados na Associa-
ção Nacional de Equoterapia. Em 1997, ocorreu a oficialização da Equoterapia
como método científico pelo Conselho Federal de Medicina, por meio do Pa-
recer de nº 06/97 de 09 de abril de 19974,6.
204
Capítulo 11 Equoterapia na paralisia cerebral
3. INDICAÇÕES
205
Equoterapia na paralisia cerebral Capítulo 11
5. A EQUIPE DE EQUOTERAPIA
6. ÁREAS DA EQUOTERAPIA
6.1 Hippoterapia
Hippoterapia significa o tratamento com a ajuda de um cavalo, sen-
do a origem da palavra grega hippos que significa cavalo. A Associação
Americana de Hippoterapia (AHA) define hippoterapia como um termo que
refere-se ao uso do movimento do cavalo como uma estratégia por fisiote-
rapeutas, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos para tratar deficiên-
cias e limitações funcionais em pacientes com disfunção
neuromusculoesquelética. O movimento do cavalo é a estratégia que o
terapeuta utiliza para melhorar a função de um paciente com alteração
neuromotora15.
6.3 Pré-esportivo
Os pacientes que são bem sucedidos nas demais áreas da equoterapia
muitas vezes progridem para a equitação terapêutica. Nesta área, são mais
independentes e iniciam a equitação, o que propicia a exploração de áreas
desconhecidas com grande sensação de aventura, liberdade e autonomia.
Condução de rédeas e trabalho na sela com estribos são estratégias tera-
pêuticas utilizadas. A ação do profissional de equitação é mais intensa,
necessitando, contudo, da orientação dos profissionais das áreas de saúde
e educação.
206
Capítulo 11 Equoterapia na paralisia cerebral
207
Equoterapia na paralisia cerebral Capítulo 11
208
Capítulo 11 Equoterapia na paralisia cerebral
209
Equoterapia na paralisia cerebral Capítulo 11
210
Capítulo 11 Equoterapia na paralisia cerebral
8. CONCLUSÃO
211
Equoterapia na paralisia cerebral Capítulo 11
REFERÊNCIAS
212
Capítulo 11 Equoterapia na paralisia cerebral
213
CAPÍTULO 12
215
Estimulação elétrica neuromuscular (NMES) e estimulação elétrica funcional (FES) Capítulo 12
216
Capítulo 12 Estimulação elétrica neuromuscular (NMES) e estimulação elétrica funcional (FES)
217
Estimulação elétrica neuromuscular (NMES) e estimulação elétrica funcional (FES) Capítulo 12
218
Capítulo 12 Estimulação elétrica neuromuscular (NMES) e estimulação elétrica funcional (FES)
219
Estimulação elétrica neuromuscular (NMES) e estimulação elétrica funcional (FES) Capítulo 12
que no primeiro grupo tenha sido utilizada uma frequência mais alta da cor-
rente elétrica. Estes dados auxiliam na tomada de decisão para a estimula-
ção da marcha em pacientes com sequelas da PC porque devemos produzir
contrações muito eficientes neste tipo de paciente, para a produção de uma
resposta motora rápida e com qualidade elevada, evitando-se assim a ne-
cessidade de manutenção de posturas de compensação de desequilíbrios ou
com dependência exagerada de dispositivos auxiliares da marcha.
Nos casos em que a sequela observada no paciente gera uma fraque-
za do músculo quadríceps, não permitindo a manutenção adequada da pos-
tura para a marcha, a utilização da FES pode ser bastante útil e de fácil
utilização.
Em um estudo de caso, Daichman et al, (2003)19 avaliaram os efeitos de
um programa de estimulação elétrica no quadríceps de uma criança com PC e
observaram uma melhora na capacidade de realizar tarefas como subir esca-
das, aumento no torque extensor do joelho e redução da espasticidade nos
flexores de joelho. No membro contralateral não houve nenhuma alteração no
torque extensor e houve um aumento na espasticidade flexora. Os autores
consideraram que o programa deveria ser recomendado para mais crianças
com este quadro, já que é um programa para utilização doméstica do recurso.
Para este grupo muscular, o posicionamento de eletrodos mais utiliza-
do na nossa prática clínica é a colocação de um dos eletrodos sobre o ponto
motor do músculo reto da coxa e outro no ponto motor do músculo vasto
medial. Caso a necessidade principal do paciente seja a manutenção da ex-
tensão do joelho, deve-se utilizar uma amplitude suficiente para a manuten-
ção desta postura, com estimulação contínua durante todo o treinamento da
marcha ou da manutenção da postura ortostática. Deve-se ressaltar, como
apontado por Ferreira et al, (2008)20 que não há consenso na literatura sobre
o posicionamento dos eletrodos no músculo quadríceps.
Al-Abdulwahab e Al-Khatrawi, (2009)21 realizaram um estudo para
avaliar a influência da estimulação elétrica nos abdutores de quadril de crianças
com PC e, a influência desta estimulação no tônus dos músculos adutores e
na qualidade da marcha, avaliada por um sistema tridimensional de análise
de movimento. Foram constituídos três diferentes grupos, sendo um consti-
tuído por 21 crianças com quadro de diplegia com marcha, que receberam
estimulação no músculo glúteo médio, outro grupo com 10 crianças diplégicas
com marcha sem estimulação elétrica e um último grupo com 21 crianças
sem nenhuma alteração neurológica. O grupo submetido à estimulação elé-
trica participou de três diferentes protocolos, sendo o primeiro constituído
por uma estimulação muscular do glúteo médio, bilateralmente, e a interfe-
rência desta estimulação na marcha, sem nenhum treino ou adaptação. O
segundo protocolo teve o objetivo de verificar o efeito da estimulação no
músculo glúteo médio durante e após um treinamento de 15 minutos, três
vezes ao dia, durante uma semana. O terceiro protocolo foi igual ao primeiro
para que fossem identificadas possíveis alterações na marcha após a adap-
tação. Apesar da complexidade dos protocolos e das análises os autores
utilizaram um estimulador convencional de 2 canais, com 20 Hz de frequên-
cia, 50 microseg. de duração de pulso e amplitude no limiar de tolerância,
dentro da faixa de estimulação motora. Os resultados apontaram que este
treinamento melhorou a qualidade da marcha, o ritmo e duração dos ciclos,
bem como uma menor influência dos músculos adutores na marcha. Deve-se
destacar que este grupo muscular estimulado e analisado neste estudo não
220
Capítulo 12 Estimulação elétrica neuromuscular (NMES) e estimulação elétrica funcional (FES)
221
Estimulação elétrica neuromuscular (NMES) e estimulação elétrica funcional (FES) Capítulo 12
222
Capítulo 12 Estimulação elétrica neuromuscular (NMES) e estimulação elétrica funcional (FES)
Subida de degrau
223
Estimulação elétrica neuromuscular (NMES) e estimulação elétrica funcional (FES) Capítulo 12
PARÂMETROS DA ESTIMULAÇÃO
224
Capítulo 12 Estimulação elétrica neuromuscular (NMES) e estimulação elétrica funcional (FES)
225
Estimulação elétrica neuromuscular (NMES) e estimulação elétrica funcional (FES) Capítulo 12
Desta forma, fica indicado para estes casos que se utilize frequências
entre 20 e 60 Hz.
Há ainda autores que afirmam haver uma relação entre a frequência
utilizada e o tipo de fibra muscular a ser recrutada. Segundo estes autores,
dentro da “janela” de frequência útil (20-60 Hz), valores mais próximos aos
basais seriam mais específicos às fibras do tipo I, enquanto frequências mais
altas recrutariam mais fibras do tipo 2. Considerando esta afirmação, torna-
se viável conhecer a composição do músculo a ser tratado, para definir-se
qual seria a melhor frequência.
AMPLITUDE
ELETRODOS
226
Capítulo 12 Estimulação elétrica neuromuscular (NMES) e estimulação elétrica funcional (FES)
este tipo de eletrodo e a pele do paciente, além de fitas adesivas para ser
feita a estabilização dos eletrodos sobre os pontos motores).
A segunda forma de abordagem para a utilização das correntes elétri-
cas com o objetivo de controlar a espasticidade embasa-se na supressão do
estoque energético do músculo espástico, de forma que independente das
alterações do controle motor que são responsáveis pela promoção da
espasticidade, o músculo acometido não terá subsídios energéticos para man-
ter o tônus elevado. Esta forma de abordagem é bastante “deselegante”,
uma vez que serão utilizados parâmetros voltados para a promoção da fadi-
ga, no menor tempo possível, o que gera uma estimulação extremamente
desconfortável.
Normalmente, lança-se mão deste tipo de aplicação quando a
espasticidade é severa e a tentativa de controlá-la pela inibição recíproca é
frustrada. No entanto, levando-se em conta as especificidades do paciente
portador de PC, talvez seja prudente abortar esta técnica.
227
Estimulação elétrica neuromuscular (NMES) e estimulação elétrica funcional (FES) Capítulo 12
228
Capítulo 12 Estimulação elétrica neuromuscular (NMES) e estimulação elétrica funcional (FES)
229
Estimulação elétrica neuromuscular (NMES) e estimulação elétrica funcional (FES) Capítulo 12
230
Capítulo 12 Estimulação elétrica neuromuscular (NMES) e estimulação elétrica funcional (FES)
231
Estimulação elétrica neuromuscular (NMES) e estimulação elétrica funcional (FES) Capítulo 12
232
Capítulo 12 Estimulação elétrica neuromuscular (NMES) e estimulação elétrica funcional (FES)
233
CAPÍTULO 13
1. INTRODUÇÃO
235
Terapia por Contensão Induzida Capítulo 13
Diminuição
da
ativid ade
AVE, Tentati vas motoras se m Supr essão comportamental TEORIA
motora
PC, e DO
suce sso, devido a dor ou
TCE incoo rdenaçã o motora ha bilidade mascarada DESUSO
Legenda: AVE: acidente vascular encefálico, PC: paralisia cerebral, TCE: traumatismo crânio encefálico.
236
Capítulo 13 Terapia por Contensão Induzida
237
Terapia por Contensão Induzida Capítulo 13
238
Capítulo 13 Terapia por Contensão Induzida
A) ARGOLA:
Progressão:
• O tubo pode ser movido para mais longe para aumentar a extensão
do cotovelo.
• O tubo pode ser colocado em um local mais alto para aumentar a
flexão de cotovelo.
• O tubo pode ser movido para o lado mais afetado para aumentar a
abdução horizontal do ombro.
Variações do feedback:
• Número de argolas colocadas no tubo com tempo livre
• Tempo pré-estabelecido para colocar as argolas no tubo.
Movimentos enfatizados:
• Pinça.
• Extensão de pulso.
• Extensão de cotovelo
• Flexão de ombro
Progressão:
• A caixa pode ser movida mais distante para realizar extensão do
cotovelo.
• Pode-se utilizar blocos grandes ou pequenos.
Variações do feedback:
• Número de blocos colocados na caixa com tempo livre
• Tempo pré-estabelecido para colocar os blocos na caixa.
Movimentos enfatizados:
239
Terapia por Contensão Induzida Capítulo 13
• Pinça
• Extensão de punho
• Extensão de cotovelo
• Flexão de ombro
C) VIRANDO DOMINÓS:
Progressão:
• Colocar as peças mais distantes
• Usar peças maiores ou menores
• Colocar as peças dentro de uma caixa
Variações do feedback:
• Número de peças com tempo livre
• Tempo pré-estabelecido para virar as peças
Movimentos enfatizados:
• Pinça lateral
• Extensão de punho
• Prono/supinação
• Flexão de ombro (se realizado dentro da caixa)
A) ARRUMANDO A MESA:
240
Capítulo 13 Terapia por Contensão Induzida
Feedback:
• Aumentar o número de itens e manter o tempo
• Delimitar a posição final dos objetos para colocação da mesa
B) CORTANDO O ALIMENTO:
Progressão:
Feedback:
• Número de fatias com tempo estabelecido
• Aumentar a força preênsil através de alimentos mais resistentes
5. Pacote de transferência
O pacote de transferência “transfer package” constitui em técnicas
comportamentais utilizadas no protocolo da TCI para aumentar a utilização
do membro superior afetado fora do ambiente clínico, sendo constituído das
seguintes atividades: contrato comportamental, prática domiciliar, tarefa de
casa, diário do paciente e pela avaliação “Motor Activily Log”.
A) Contrato Comportamental
241
Terapia por Contensão Induzida Capítulo 13
B) Prática Domiciliar
242
Capítulo 13 Terapia por Contensão Induzida
Banheiro
• Usar o sabonete
• Usar a toalha para se secar
• Retirar a toalha do gancho
• Usar a descarga
• Levantar e abaixar a tampa do vaso sanitário
• Desenrolar o papel higiênico
• Aplicar uma loção no corpo
• Usar lenço de papel
• Abrir o creme dental
• Escovar os dentes
• Aplicar o creme dental na escova
• Abrir e fechar o chuveiro
• Abrir e fechar o Box
D) Diário
243
Terapia por Contensão Induzida Capítulo 13
6.1 Contensão
Para evitar o uso do membro superior não afetado, a criança estará
utilizando um gesso que se estende desde o braço para as pontas dos dedos.
Este gesso é feito de um material leve e de fibra de vidro, bivalvular, desen-
volvido de forma que possa ser removido. Um inconveniente é que o gesso
deve que ser mantido longe da água, tornando os banhos inconvenientes27,37.
O gesso é aberto apenas uma vez por semana, ao final da primeira
semana, para verificar a integridade da pele com auxílio de uma tesoura27.
244
Capítulo 13 Terapia por Contensão Induzida
ração dos pais através do uso de um diário (a formação dos pais para admi-
nistrar alguns dos procedimentos terapêuticos é fundamental); prestação de
atribuições de tarefas a serem realizadas pela criança nos finais de semana
e; uso de uma versão pediátrica da avaliação MAL que se chama “Pedicatric
Motor Activity Log” (PMAL), onde os pais devem responder as questões.
7. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
245
Terapia por Contensão Induzida Capítulo 13
12. Dowbovy ML, Bandok BA, Basford JR. Rehabilitation for stroke: a review.
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246
Capítulo 13 Terapia por Contensão Induzida
247
CAPÍTULO 14
1. INTRODUÇÃO
249
Realidade Virtual Na Paralisia Cerebral - Definição, tipos e possibilidades de intervenção Capítulo 14
250
Capítulo 14 Realidade Virtual Na Paralisia Cerebral - Definição, tipos e possibilidades de intervenção
251
Realidade Virtual Na Paralisia Cerebral - Definição, tipos e possibilidades de intervenção Capítulo 14
252
Capítulo 14 Realidade Virtual Na Paralisia Cerebral - Definição, tipos e possibilidades de intervenção
253
Realidade Virtual Na Paralisia Cerebral - Definição, tipos e possibilidades de intervenção Capítulo 14
254
Capítulo 14 Realidade Virtual Na Paralisia Cerebral - Definição, tipos e possibilidades de intervenção
4.2- Exergames
Provavelmente, as possibilidades de utilização, com baixo custo, de
tecnologias de percepção e atuação foram os principais motivos do surgi-
mento de uma nova forma de jogo denominado “Exergames”, um termo
255
Realidade Virtual Na Paralisia Cerebral - Definição, tipos e possibilidades de intervenção Capítulo 14
256
Capítulo 14 Realidade Virtual Na Paralisia Cerebral - Definição, tipos e possibilidades de intervenção
257
Realidade Virtual Na Paralisia Cerebral - Definição, tipos e possibilidades de intervenção Capítulo 14
258
Capítulo 14 Realidade Virtual Na Paralisia Cerebral - Definição, tipos e possibilidades de intervenção
REFERÊNCIAS
259
Realidade Virtual Na Paralisia Cerebral - Definição, tipos e possibilidades de intervenção Capítulo 14
260
Capítulo 14 Realidade Virtual Na Paralisia Cerebral - Definição, tipos e possibilidades de intervenção
261
Realidade Virtual Na Paralisia Cerebral - Definição, tipos e possibilidades de intervenção Capítulo 14
262
CAPÍTULO 15
INDICAÇÃO E MEDIDAS PARA O USO DE
ÓRTESES E ACESSÓRIOS
263
Indicação e medidas para o uso de órteses e acessórios Capítulo 15
ÓRTESES
264
Capítulo 15 Indicação e medidas para o uso de órteses e acessórios
- Goteira Suropodálica
A goteira suropodálica é confeccionada em polipropileno, sob molde
gessado para melhor adaptação anatômica. O polipropileno é um
termoplástico, que tem como vantagem a possibilidade de molde quando
aquecido, o que permite ajustes às órteses confeccionadas com este mate-
rial, além de demonstrar leveza, resistência e plasticidade11.
Sua utilização é na prevenção de deformidades do tornozelo e do pé,
mantendo a articulação do tornozelo em posição neutra evitando, principal-
mente, a deformidade mais comum na paralisia cerebral, que é o equino12.
No ortostatismo e durante a marcha, sua utilização deve ser feita preferen-
cialmente com calçado, mas pode ser utilizada com solado antiderrapante.
Essa órtese é contra-indicada quando o paciente apresentar deformi-
dades estruturadas nos pés que o impeça de utilizá-la.
Existem dois tipos de goteiras suropodálicas, a rígida ou fixa (Figura
1) e a articulada ou móvel (Figura 2).
A goteira rígida é indicada quando houver limitação da amplitude nor-
mal do movimento de dorsiflexão do tornozelo, melhorando a postura do pé
equino e alinhando a articulação13. O posicionamento do pé deve ser ade-
quado evitando a saída do calcanhar do aparelho o que provocaria pontos de
pressão. A vantagem desta órtese se dá pelo controle das deformidades de
apoio como o equino, o varo e o valgo dos pés. Como desvantagem, bloqueia
o impulso do pé na marcha14.
265
Indicação e medidas para o uso de órteses e acessórios Capítulo 15
266
Capítulo 15 Indicação e medidas para o uso de órteses e acessórios
- Goteira de Lona
Também conhecida como tala de lona, tem como objetivo posicionar
os membros inferiores ou superiores em extensão prevenindo a instalação
de deformidades em flexão, tanto dos joelhos como dos cotovelos. Pode ser
utilizada até 20º de flexão das articulações. A tala de lona é indicada nos
casos de pós-operatório imediato, uso noturno evitando flexão excessiva dos
joelhos e cotovelos, para auxiliar no alinhamento dos membros e na descar-
ga de peso durante a realização da terapia ou uso domiciliar. Quando a indi-
cação do uso da goteira de lona for ortostatismo, é imprescindível que seja
utilizada por cima das goteiras suropodálicas. Esta órtese é confeccionada
sob medida utilizando-se de materiais como lona, velcro e barbatanas de
duralumínio (Figura 4).
267
Indicação e medidas para o uso de órteses e acessórios Capítulo 15
ACESSÓRIOS
Além das órteses descritas até agora, existem uma série de acessóri-
os específicos para o dia a dia, tão importante quanto, que vai desde o
auxílio para manter um bom alinhamento deitado e sentado até aparatos
para permanecer em pé e andar.
Os acessórios proporcionam uma série de experiências motoras em
várias posições, e os seus diferentes tipos, permitem a criança se manter em
diversas posturas durante o dia e participar mais ativamente de atividades
sociais e educacionais7.
É importante ressaltar, que tanto as órteses quanto os acessórios, são
prescritos pelo fisioterapeuta no momento adequado, após uma avaliação
criteriosa já citada e o teste do equipamento. Os equipamentos prescritos
para uso domiciliar, são também utilizados em terapia como facilitadores
para determinadas posturas, o que é de extrema importância para os pais
entenderem seus reais objetivos terapêuticos e vivenciarem a forma correta
de utilização.
A vivência dos pais é imprescindível, uma vez que o custo desses
equipamentos é elevado, e o seu objetivo é auxiliar o paciente na realização
de atividades diárias, diminuindo suas dificuldades e potencializando suas
capacidades, e não ser uma inconveniência para sua família ou para ele
próprio. Os pais devem estar cientes do propósito de sua utilização, bem
como suas vantagens e desvantagens.
O uso dos equipamentos adequados auxilia para o sucesso no proces-
so terapêutico, ou seja, eles complementam a terapia e os exercícios domi-
268
Capítulo 15 Indicação e medidas para o uso de órteses e acessórios
- Calça de Posicionamento
A calça de posicionamento é um acessório de baixo custo, confeccio-
nada pela própria família, utilizando-se de uma calça jeans preenchida com
retalhos de tecido e flocos de espuma, para posicionar adequadamente a
criança e favorecer melhor alinhamento do tronco e função dos membros
superiores. Pode ser utilizada com a criança em decúbito dorsal, ventral,
lateral ou sentada. É importante orientar a pessoa que irá confeccioná-la a
retirar os botões ou zíper da calça evitando o contato com a criança (Figura
7). Para manter a higiene, sempre que necessário, retirar o enchimento e
lavar a calça normalmente.
- Parapodium
O parapodium (Figura 8) é um equipamento confeccionado em ma-
deira, sob medida, com altura regulável e apoios também reguláveis para
permitir um bom alinhamento do paciente ajustando-os na altura do tronco,
quadril e joelhos. Os apoios são revestidos em EVA e fixados no paciente
com velcro. Este aparelho possui uma mesa utilizada no momento da ali-
mentação e exploração de brinquedos, que favorece o apoio dos membros
superiores facilitando os músculos anteriores e posteriores do tronco a tra-
balharem simultaneamente18. Para sua utilização recomenda-se o uso das
goteiras suropodálicas para melhor alinhamento dos pés e descarga de peso,
e, se necessário, talas de lona para adequada extensão dos joelhos.
Figura 8: Parapodium
269
Indicação e medidas para o uso de órteses e acessórios Capítulo 15
- Cadeira de Posicionamento
A cadeira de posicionamento é confeccionada em madeira, sob medi-
da e auxilia o paciente a permanecer sentado com postura adequada. Algu-
mas adaptações podem ser importantes para determinados pacientes, prin-
cipalmente no caso de movimentação involuntária, como apoio de cabeça ou
de tronco, cinto pélvico evitando extensão do quadril, cinto torácico, assento
anatômico promovendo alinhamento dos membros inferiores e apoio ade-
quado dos pés para maior estabilidade e segurança.
Uma mesa é acoplada a cadeira permitindo à criança se alimentar ou
brincar. O recorte da mesa favorece a acomodação do tronco e o apoio dos
membros superiores. A correta postura sentada permite à criança maior
atenção e participação das atividades, contribuindo para o seu processo de
aprendizagem. Mantendo uma postura alinhada e equilibrada a criança sen-
te-se mais segura, o que proporciona maior autonomia e interação seja em
casa ou na escola. A figura 9 exemplifica uma cadeira de posicionamento do
tipo “cadeirão” com rodas giratórias, o que permite melhor contato olho a
olho e fácil transporte. A figura 10 mostra a cadeira de posicionamento de
chão, ideal para ambiente escolar permitindo ao paciente ficar na mesma
altura que as outras crianças facilitando a interação.
- Andador
Os andadores são utilizados para pacientes que estão iniciando a
marcha. O seu objetivo é proporcionar maior segurança e estabilidade no
início do treino de deambulação. Há vários tipos de andadores, específicos
para cada caso, como por exemplo, o andador triangular com rodas anterior
270
Capítulo 15 Indicação e medidas para o uso de órteses e acessórios
(Figura 11) e posterior (Figura 12), andador recíproco (Figura 13) e andador
adaptado (Figura 14).
A vantagem do andador é auxiliar o paciente durante a marcha,
proporcionando segurança, estabilidade e independência. São relativamente
leves e facilmente ajustáveis. Como desvantagem, não pode ser utilizado em
escadas, é de difícil passagem em portas de pequenos ambientes e, apesar
de todos os modelos serem dobráveis, mantêm um volume grande para
transportá-lo.
Independente do tipo de andador utilizado é importante manter um
ajuste correto quanto à altura do paciente e a forma do deslocamento, para
manter uma marcha adequada, evitando compensações corporais ou possíveis
dores articulares. Observar e corrigir quando houver excessiva elevação dos
ombros, flexão dos cotovelos e desvios de punho.
271
Indicação e medidas para o uso de órteses e acessórios Capítulo 15
- Muletas Canadenses
As muletas canadenses (Figura 15) são feitas em alumínio e constitu-
ídas de uma haste vertical, uma braçadeira para o antebraço e um pegador,
além da ponteira de borracha. É de fácil ajuste tanto na altura da muleta
quanto da braçadeira. São utilizadas bilateralmente como suporte na
deambulação para aumentar a base de sustentação, melhorar a estabilidade
lateral e permitir que os membros superiores transfiram o peso corporal
para o solo.
272
Capítulo 15 Indicação e medidas para o uso de órteses e acessórios
- Cadeira de Rodas
A cadeira de rodas é indicada aos pacientes com prognóstico limitado
para a deambulação ou quando o comprometimento motor impossibilita a
marcha para longas distâncias, sendo a cadeira utilizada nesse trajeto.
No mercado, existem disponíveis, diversas marcas e modelos de ca-
deira de rodas. Cada uma delas oferece diferentes recursos e possibilidades
de adaptação. Assim, a indicação da cadeira mais adequada, deverá ser feita
por profissional capacitado após avaliação do paciente. Depois de adquiri-la,
são necessárias adaptações para melhor posicionamento, conforto e segu-
rança além de proporcionar maior funcionalidade ao paciente. A adaptação
nada mais é do que modificar o equipamento, deixando-o de acordo com as
necessidades individuais de cada pessoa seja, por exemplo, na colocação de
um assento e encosto anatômicos ou na fixação de cintos como o pélvico e o
torácico para suporte.
REFERÊNCIAS
273
Indicação e medidas para o uso de órteses e acessórios Capítulo 15
274
CAPÍTULO 16
Análise e prognóstico da marcha
275
Análise e prognóstico da marcha Capítulo 16
276
Capítulo 16 Análise e prognóstico da marcha
277
Análise e prognóstico da marcha Capítulo 16
278
Capítulo 16 Análise e prognóstico da marcha
Comprimento da
Passada (m) 0,43 0,67 0,96 1,29
279
Análise e prognóstico da marcha Capítulo 16
280
Capítulo 16 Análise e prognóstico da marcha
281
Análise e prognóstico da marcha Capítulo 16
282
Capítulo 16 Análise e prognóstico da marcha
283
Análise e prognóstico da marcha Capítulo 16
Deambular aos
7 anos Probabilidade, %
Marcha
independente
instável 4 1 3 8 16
Marcha com
suporte 17 5 20 31 32
Não marcha 64 78 68 47 23
Morte 8 15 5 2 2
284
Capítulo 16 Análise e prognóstico da marcha
REFERÊNCIAS
285
Análise e prognóstico da marcha Capítulo 16
286
PARTE V
ABORDAGENS DE TRATAMENTO DA
PARALISIA CEREBRAL
Introdução
289
Abordagens de Tratamento da Paralisia Cerebral - Introdução PARTE V
290
PARTE V Abordagens de Tratamento da Paralisia Cerebral - Introdução
291
Abordagens de Tratamento da Paralisia Cerebral - Introdução PARTE V
REFERÊNCIAS
292
PARTE V Abordagens de Tratamento da Paralisia Cerebral - Introdução
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study of motor control and learning. North Holland: Elsevier; 1992. p.
3-45.
293
CAPÍTULO 17
O Conceito Bobath foi desenvolvido pelo casal Mrs. Berta Bobath e Dr.
Karel Bobath. Berta nasceu em 1907 na Alemanha e cresceu em Berlim.
Formou-se em instrutora de ginástica e dança em 1926, profissão que exer-
ceu até 1933. Em 1938 foi para Londres onde se casou com Dr. Karel Bobath
em 1941 e começou a estudar Fisioterapia. Em 1943, tratou do pintor Simon
Ewes, o que deu início ao desenvolvimento deste novo conceito de tratamen-
to para a época. Sua observação aguçada e manuseio sensível levaram-na a
entender como poderia mudar a espasticidade, até então considerada inalte-
rável. Karel Bobath nasceu na Alemanha embora fosse de origem tcheca,
fez medicina em Berlim, graduou-se em 1932. Mudou-se para Londres em
1939 e exerceu a especialidade de pediatria. Dividiu com Berta o interesse
em entender os problemas neurológicos e como a terapia atuava nos indiví-
duos com distúrbios neurológicos. Dr. Karel Bobath pesquisou a literatura e
estabeleceu uma base teórica para os resultados clínicos de sua esposa.
Juntos eles formularam uma filosofia inovadora. Eles morreram em 19911.
Em abril de 1963, Mrs. Bobath escreveu um artigo com o título: “Prin-
cípios de Tratamento e Planejamento em Paralisia Cerebral” onde ela referia
que em qualquer tipo de tratamento para criança com paralisia cerebral o
objetivo final é dar a maior independência possível e preparar para a vida
adulta. O tratamento pode ajudar a desenvolver as potencialidades e organizá-
las, o que é mais fácil nas crianças mais jovens, antes que a espasticidade ou
atetose tenham se tornado grave, que as contraturas tenham ocorrido e
antes que a criança tenha aprendido a usar e depender dos padrões anor-
mais de desenvolvimento. Sendo, entretanto, surpreendente que as crianças
mais velhas também melhoram ao serem ajudadas a reorganizar seus pa-
drões motores. Mrs. Bobath reforça também que na paralisia cerebral lida-
295
Tratamento Neuroevolutivo - Conceito de Bobath Capítulo 17
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Capítulo 17 Tratamento Neuroevolutivo - Conceito de Bobath
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Capítulo 17 Tratamento Neuroevolutivo - Conceito de Bobath
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Tratamento Neuroevolutivo - Conceito de Bobath Capítulo 17
300
Capítulo 17 Tratamento Neuroevolutivo - Conceito de Bobath
acordo com cada caso de acordo com uma avaliação inicial e continuada.
Em alguns aspectos, podemos hoje entender melhor o funcionamento do
sistema nervoso e dessa forma organizar as estratégias de forma um
pouco diferente, mas continuamos a não desejar que padrões de postura
e movimento, que estejam afastados do típico, com hipertonia, hipotonia
ou flutuação de tônus, movimentos sem função, ou posturas estáticas que
acarretem deformidades estejam presentes e sim tentar que estas sejam
modificadas. Atualmente, usamos mais a participação e motivação da crian-
ça? Sim, porém Mrs. Bobath já havia falado e escrito sobre a importância
das atividades funcionais como vestir, comer, brincar etc.
Considerava que o Mecanismo Reflexo Postural Normal era neces-
sário a qualquer atividade e que a alteração neste mecanismo refletia na
natureza da incapacidade da criança com paralisia cerebral. O grande ponto
de questionamento parece ser o forte enfoque que os Bobath davam ao
mecanismo reflexo postural normal. Porém, quando tratamos hoje, à luz
dos conhecimentos atuais, sabemos que para o controle postural normal e
também do movimento, há a contribuição de vários fatores além do siste-
ma neuromuscular como o sistema musculoesquelético, sensorial,
perceptual, cognitivo, ambiente, motivação e emoção. Então, sabemos
que outros fatores podem contribuir para o controle de cabeça como, por
exemplo, além do mecanismo reflexo postural (que envolve o sistema de
reações de retificação e equilíbrio inseridos no mecanismo reflexo postu-
ral) a motivação adequada para que a criança levante a cabeça para olhar
e participar de uma atividade, estimulando estas reações conforme suge-
riu Mrs. Bobath. O tratamento sobre este prisma passou a enfocar mais
diretamente os aspectos sensoriais, perceptuais, cognitivos, emocionais,
sociais e ambientais. Passou-se a utilizar também os princípios de apren-
dizado motor e controle motor, conforme entendemos atualmente que é
mais amplo que somente a ação do mecanismo reflexo postural. Mrs.
Bobath também ressaltou que as atividades anormais e atípicas deveriam
ser suprimidas, mas não ao custo da não participação da criança na vida
diária o que temos também concordado nos dias de hoje.
Mrs. Bobath desde os primórdios dos seus escritos ressaltou a
importância de medidas ortopédicas e cirúrgicas em conjunto com o tra-
tamento pelo Conceito Bobath. É ainda de suma importância que se enfatize
a necessidade de comunicação com a equipe ortopédica uma vez que os
encurtamentos musculares e suas repercussões no sistema ósteo-articu-
lar são insidiosos, freqüentes, mesmo com a criança em tratamento e
acarretam limitações nos vários sistemas do corpo com repercussão na
sua participação social.
301
Tratamento Neuroevolutivo - Conceito de Bobath Capítulo 17
302
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Capítulo 17 Tratamento Neuroevolutivo - Conceito de Bobath
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Tratamento Neuroevolutivo - Conceito de Bobath Capítulo 17
Resumindo:
Devido aos avanços nos campos da Neurociência, biomecânica e apren-
dizado motor, o Conceito Bobath apresenta hoje muitos aspectos que muda-
ram e muitos que continuam os mesmos. Segundo Mayston34.
306
Capítulo 17 Tratamento Neuroevolutivo - Conceito de Bobath
IV – AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
Considerando todo o material das bases do conceito Bobath acima
exposto mostraremos a seguir alguns exemplos de tratamento onde procu-
raremos correlacionar estas bases teóricas atualizadas com a nossa prática
clínica. Uma parte essencial do tratamento é a avaliação que irá prover os
dados necessários para o planejamento e execução do tratamento.
Avaliação
O que queremos descobrir com a avaliação clínica? Como esta crian-
ça se relaciona com o meio ambiente, com as pessoas, se faz entender, se
307
Tratamento Neuroevolutivo - Conceito de Bobath Capítulo 17
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Capítulo 17 Tratamento Neuroevolutivo - Conceito de Bobath
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Tratamento Neuroevolutivo - Conceito de Bobath Capítulo 17
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Capítulo 17 Tratamento Neuroevolutivo - Conceito de Bobath
Nas atividades da vida diária deve ser verificada a função dos mem-
bros superiores, atividades e brinquedos favoritos, posição de dormir e pos-
síveis dificuldades, respiração, alerta, alimentação e comunicação.
As avaliações específicas devem ser realizadas pelo profissional da área
como o fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo. Baseado nos
principais problemas encontrados devem ser traçadas as principais metas de
tratamento. Ao final da avaliação devemos informar à mãe os achados da
avaliação tomando o cuidado de não deixar a família muito ansiosa, mas es-
clarecendo sobre a necessidade do tratamento especializado. Iniciar algumas
orientações básicas já na avaliação, pois, a família vem geralmente com a
expectativa de orientação.
Tratamento
O terapeuta através de seus manuseios e orientação da tarefa pro-
posta promove o aumento ou diminuição da atividade de alguns grupos
musculares de forma simultânea, buscando facilitar o movimento com fun-
ção e/ou estabilidade da postura quando esta for necessária. Isto suben-
tende que se está interferindo nas sinapses excitatórias e inibitórias. Como
sabemos algumas vias sinápticas não são utilizadas adequadamente, uma
vez que a criança apresenta limitação na sua função motora por exemplo.
Buscamos então através do nosso manuseio e da nossa proposta de ativi-
dade favorecer que estas vias que são pouco ou nada utilizadas pelo pa-
ciente possam ser ativadas. Sabemos também que a repetição do percur-
so tornará mais fortes estas “pontes” sinápticas e então os ganhos poderão
ser mantidos. Esta atividade afetará também as propriedades visco elás-
ticas dos músculos e a condição biomecânica das articulações envolvidas.
Sem uma boa condição de comprimento da fibra muscular e bom posicio-
namento das articulações não será possível a adequada, ou, melhor exe-
cução do movimento de acordo com as condições de cada paciente. Natu-
ralmente, como foi enfatizado anteriormente as atividades propostas devem
estar de acordo com as características e anseios do paciente para que o
aprendizado motor se estabeleça. Considerando que a Lesão do Neurônio
Superior pode acarretar além da espasticidade também a fraqueza entre
outros sinais, nossa ênfase na abordagem do tratamento também deve
ser no sentido de fortalecer os músculos, de forma gradual, sempre con-
siderando o alinhamento biomecânico. Para isso podemos utilizar eleva-
ção dos segmentos corpóreos contra a gravidade, segurar um brinquedo
mais pesado e colocá-lo acima, suportar o seu próprio peso em posições
que exijam ação muscular etc.
Para propiciar e prolongar o adequado posicionamento osteo-articular
e muscular necessitamos orientar o uso de recursos que facilitem este obje-
tivo, como órteses, estabilizadores para a postura em pé, cadeiras adapta-
das, aparelhos de lona que mantenham as articulações do joelho e cotovelo
em extensão, faixas elásticas que favoreçam a contenção de um segmento
ou vários ou que facilitem a ativação muscular de determinada região e
outros recursos similares. Todos estes recursos só devem ser introduzidos
após contato com os outros profissionais que atendem o paciente.
Serão, a seguir, mostrados tratamentos de duas crianças como exem-
plos da aplicação do Conceito Bobath.
311
Tratamento Neuroevolutivo - Conceito de Bobath Capítulo 17
Fig.1 Observar o que a criança está fazendo de positivo e o que ela deveria estar fazendo
e não é capaz. Esta é uma criança hemiparética com forte tendência a manter a mão
direita fechada e não é capaz de pegar um brinquedo com esta mão.
Fig.2 Observar a criança em diferentes posições. Em pé, observamos que não transfere
adequadamente o peso para o membro inferior direito e também apresenta tendência à
flexão plantar acentuada como é comum nesta idade em paciente hemiparético.
312
Capítulo 17 Tratamento Neuroevolutivo - Conceito de Bobath
313
Tratamento Neuroevolutivo - Conceito de Bobath Capítulo 17
Fig. 5 Dar suporte de peso no braço afetado para promover estímulo táctil e proprioceptivo
do membro superior direito estendido e a mão aberta o que também auxilia o
alongamento dos flexores do cotovelo, do punho e dos dedos.
314
Capítulo 17 Tratamento Neuroevolutivo - Conceito de Bobath
Fig. 7 Esta é uma criança com tônus de base hipotônico, mas com presença de
espasticidade principalmente em adutores de quadril, mas, também nos flexores de
quadril e flexores de joelhos. Apresenta também espasticidade em membros superiores,
principalmente o direito. Tronco com pouca retificação e tendência a sentar-se sobre o
sacro. Primeiramente analisamos suas necessidades e depois iniciamos a orientação à
mãe com o posicionamento do quadril e membros inferiores visando à abdução do quadril
e o apoio sobre as tuberosidades isquiáticas.
Fig. 8 As primeiras sessões de tratamento podem ser mais difíceis para a criança uma
vez que ela não nos conhece e pode não estar habituada a ser tão movida para posições
que podem ser um pouco novas e até mesmo trazer algum incômodo. Sugerimos nestas
situações que a mãe esteja ao lado para transmitir-lhe confiança e aos poucos ela possa
também confiar em nós. Nesta atividade estamos promovendo a rotação de tronco e o
apoio dos membros superiores no colo da mãe, mantendo a abdução do quadril.
315
Tratamento Neuroevolutivo - Conceito de Bobath Capítulo 17
Fig. 9 Abdução de membros inferiores e apoio das mãos usando ponto-chave cotovelo.
316
Capítulo 17 Tratamento Neuroevolutivo - Conceito de Bobath
317
Tratamento Neuroevolutivo - Conceito de Bobath Capítulo 17
V - CONCLUSÃO
Agradecimentos
À Sonia Gusman, Coordenadora Instrutora Sênior do Conceito Bobath,
por ter me porporcionado a oportunidade de melhor conhecer o Conceito
Bobath através de sua rica base teórica, ampla experiência prática, num
trabalho em conjunto que muito me ensinou.
À Maria Terezinha B. Golineleo, Coordenadora Instrutora Sênior do
Conceito Bobath, que gentilmente dividiu comigo artigos antigos e recentes
relacionados ao Conceito Bobath.
Agradeço novamente a Sonia Gusman e a Tereza Golineleo pela leitu-
ra e contribuições neste manuscrito como também as colegas Simone Sanches,
Gabriela Marasca, Ariane Ferro Francese e Ana Paula Toledo Aragão.
À Pessia Grywac Meyerhof, Instrutora Sênior do Conceito Bobath, e
todos os membros da Reabilitação Especializada e Centro de Apoio Terapêu-
tico pela possibilidade de um trabalho em equipe e trocas constantes dentro
do enfoque Bobath.
REFERÊNCIAS
318
Capítulo 17 Tratamento Neuroevolutivo - Conceito de Bobath
319
Tratamento Neuroevolutivo - Conceito de Bobath Capítulo 17
320
CAPÍTULO 18
321
Integração Sensorial na Paralisia Cerebral Capítulo 18
O MODELO TEÓRICO
322
Capítulo 18 Integração Sensorial na Paralisia Cerebral
Subtipo 1: Hiperresponsivo
Nestes casos, as crianças respondem mais intensamente a determi-
nado estímulo do que outras na mesma situação. Comportamentos de
irritabilidade, recusa, ansiedade, choro, incômodo, desconforto ou agressi-
vidade são comuns e dificultam a interação da criança com o ambiente e
atividade10.
Frente a sensação tátil, por exemplo, a criança apresenta um descon-
forto tão intenso que a conduta é de fuga ou recusa1,2,8. Essa resposta de
defensividade tátil pode aparecer durante a alimentação, quando a criança
323
Integração Sensorial na Paralisia Cerebral Capítulo 18
Subtipo 2: Hiporresponsivo
Nesta classificação, as crianças tendem a responder menos a determi-
nados estímulos que outras crianças na mesma situação, resultando em com-
portamentos de alienação, passividade, isolamento, lentidão e distração.
Crianças hiporresponsivas parecem não notar modificações ambien-
tais e não orientam a atitude para novos estímulos. A resposta a uma infor-
mação sensorial é lentificada se comparadas as demais no mesmo contexto.
Algumas situações sugerem que o estímulo deva estar presente por mais
tempo e em maior quantidade para que se torne relevante para então motivá-
la a engajar-se em novas atividades1,2,8,10.
Nos quadros de ataxia e hipotonia, lentidão de resposta, alienação e
passividade são comuns, em parte como conseqüência do comprometimento
motor e em parte como resultado de uma hiporresponsividade sensorial geral.
324
Capítulo 18 Integração Sensorial na Paralisia Cerebral
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Integração Sensorial na Paralisia Cerebral Capítulo 18
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Integração Sensorial na Paralisia Cerebral Capítulo 18
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Integração Sensorial na Paralisia Cerebral Capítulo 18
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Capítulo 18 Integração Sensorial na Paralisia Cerebral
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Integração Sensorial na Paralisia Cerebral Capítulo 18
334
Capítulo 18 Integração Sensorial na Paralisia Cerebral
335
Integração Sensorial na Paralisia Cerebral Capítulo 18
COLHENDO FRUTAS
FAZENDO MILKSHAKE
336
Capítulo 18 Integração Sensorial na Paralisia Cerebral
CONSIDERAÇÕES FINAIS
337
Integração Sensorial na Paralisia Cerebral Capítulo 18
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339
CAPÍTULO 19
EDUCAÇÃO CONDUTIVA – PETÖ
341
Educação Condutiva – Petö Capítulo 19
342
Capítulo 19 Educação Condutiva – Petö
PROPOSTA
343
Educação Condutiva – Petö Capítulo 19
base teórica desta abordagem. É importante esclarecer que esta divisão tem
um caráter apenas didático10.
1. Condutor
O termo Educação Condutiva é difícil de ser compreendido, mas
pode-se dizer que significa: educação por meio de um condutor. O
condutor é o responsável por todos os ensinamentos oferecidos à criança;
estimula o máximo, em todos os aspectos, seu grupo, por meio de
atividades dirigidas e propostas de horários livres. Outro papel importante
do condutor é comunicar as necessidades para o convívio social, para
que a criança crie resposta educacional concreta por meio de suas
aquisições 10 .
Essas funções do condutor, por um lado, impõem-lhe grande
responsabilidade e, por outro lado, favorecem o contato entre o condutor e
seu grupo, o que causa uma união e trabalho em conjunto para atingir os
objetivos: estabelecer uma colaboração no grupo é uma importante meta e
um pré-requisito para o condutor, pois será capaz de administrar os problemas
que surgirão10. Mas, não é somente o condutor e seu grupo que formam um
time, tem que haver colaboração entre todos os condutores e grupos do
instituto.
A EC cita que tem como base o sistema educacional das escolas
normais, onde, nos primeiros anos, encontramos um professor para cada
sala de aula, sendo este responsável por diferentes matérias. A EC afirma
que é curioso como este aspecto é negligenciado quando se fala em crianças
com disfunção motora; é usual observarmos que a criança com disfunção
recebe o atendimento de vários profissionais, terapeutas ocupacionais,
fisioterapeutas, médicos, fonoaudiólogos, psicólogos e outros, algumas vezes
atingindo 10-12 pessoas10,11.
O envolvimento de tantos profissionais, muitas vezes, ao mesmo
tempo, é analisado como um obstáculo na habilitação ou reabilitação da
disfunção. Na esperança de que na disfunção devemos ensinar como aplicar
na prática o conhecimento que adquirem em séries de tarefas, é compreensível
que isso deve apoiar-se na mesma pessoa10.
Nesta abordagem, o condutor tem que analisar e colocar efetivamente
todo o sistema necessário para a vida. O condutor é um generalista12,13,22,
recebe informações necessárias para trabalhar com o deficiente por meio do
conhecimento da medicina, educação, fisioterapia, psicologia e outras áreas10.
Em cada grupo, há três ou quatro condutores (alguns ainda
estudantes), que trabalham harmoniosamente, condutores substituem uns
344
Capítulo 19 Educação Condutiva – Petö
2. Aprendizado motor
O Movimento é considerado como uma contribuição no aprendizado
da criança; o condutor, todo tempo, estimulará explorações ativas do mundo
por meio de movimento. É importante que essa exploração seja recompensada
para a criança, pois a criança que explorar o mundo com sucesso desenvolverá
um saudável e positivo conceito próprio.
A EC argumenta que, ao invés de receber atendimento fisioterapêutico,
ou seja, estar em contato com um terapeuta específico que direcionará os
exercícios e movimentos, as crianças devem aprender a praticar exercícios
sem um terapeuta especializado, mas sim por meio de atividades propostas
pelo condutor.
A Educação Condutiva não prioriza a modificação do quadro motor,
como muitas outras abordagens, mas sim o aprendizado de operações
coordenadas por meio da integração de diferentes funções7,8.
3. Horário diário
Para a realização das atividades motoras, sensitivas e cognitivas, a EC
apresenta um programa de horário diário, ou seja, desde o momento em que
a criança acorda ela terá que executar, junto com o condutor, um plano pré-
estabelecido. O programa inclui desde levantar, vestir-se, ir ao banheiro,
alimentar-se, até propostas direcionadas, sendo as tarefas executadas pela
própria criança, da forma como ela é capaz de realizá-las. As crianças se
ajudam, assim como o condutor está, a todo momento, oferecendo orientações
e o suporte necessários7,8,10.
A seguir, apresenta-se um exemplo da seqüência de tarefas:
- acordar® trocar-se® banheiro,
- café da manhã® tarefas no chão,
- preparar-se para o lanche da manhã® lanche,
- tarefas em pé e andando,
- preparar-se para o almoço® almoço,
- tarefa educacional,
- preparar-se para o lanche da tarde® lanche,
- outra tarefa no chão,
- preparar-se para jantar® jantar,
- preparar-se para dormir® dormir.
4. Série de tarefas
As tarefas têm um significado importante no horário diário; toda
atividade proposta tem uma função educativa e biológica10.
Para uma pessoa ortofuncional, segundo Petö, tarefas como sentar-
se, ficar em pé e movimentar-se são fáceis; no entanto, para uma criança
disfuncional, mesmo metas fáceis se tornam difíceis e até impossíveis, pois
ela apresenta dificuldades até mesmo para se manter parada11.
345
Educação Condutiva – Petö Capítulo 19
5. Manutenção da atenção9,10
Na EC, as atividades propostas têm um caráter biológico e/ou social,
sempre oferecendo uma grande variedade de estímulos, os quais são sempre
modificados, o que facilita a manutenção da atenção.
Para o condutor, o fato de alguém perder a atenção é um importante
sinal indicador de que a criança não compreendeu a tarefa ou os elementos
essenciais para sua execução. Quanto antes o condutor perceber a desatenção,
mais fácil será decidir as atitudes que deverá tomar.
6. Facilitação9
Para a EC, o conceito de facilitação tem uma conotação educacional e
não fisiológica. Facilitação reúne todas as condições necessárias para que
uma pessoa com disfunção seja capaz de cumprir uma atividade por meio
dos seus próprios esforços10.
Para utilizar a facilitação, a EC se baseia nos princípios da biomecânica,
que incluem: força da gravidade, mecânica motora, inter-relação no
organismo, e o sinergismo dos reflexos10. O importante é que a facilitação é
usada para o aprendizado consciente.
Para a EC, não é necessária a utilização de instrumentos e
equipamentos auxiliares especiais, pois tem como principio que não é o meio
ambiente que deve ser modificado e adequado, mas a pessoa com desordem
346
Capítulo 19 Educação Condutiva – Petö
motora que deve ser ensinada a adaptar-se com sucesso ao seu meio
ambiente7,8,9.
Mas, se necessário, pode-se utilizar um mobiliário ou equipamento,
como o encosto de uma cadeira, que pode facilitar os movimentos de uma
criança ao levantar, ou de uma argola para andar etc. Mas, é importante
salientar que o uso de equipamentos não deve tornar a criança escrava da
facilitação.
Um fato interessante é que as cadeiras utilizadas na EC têm seu encosto
como se fosse um espaldar, que as crianças podem utilizar como facilitador
de vários movimentos, seja no ortostatismo ou na marcha. Existem, também,
bancos de diferentes tamanhos para auxiliar no posicionamento e no subir e
ou descer da cama. Muitos outros equipamentos podem facilitar ações,
inclusive utensílios domésticos como canecas, jarras etc10.
Existem outras duas formas de facilitar7,8,10,11:
• o relacionamento interpessoal, seja do condutor com o grupo, assim
como dos membros do grupo entre si, incentivando e auxiliando
para facilitar a tarefa do outro.
• a intenção rítmica, ou seja, incentivar determinada tarefa, por meio
de sons, seja contando os números ou batendo palmas, algo que
auxilie na execução da tarefa proposta, sendo que cada grupo cria
seu ritmo favorito para as atividades.
7. Formação de grupos8,9
Na EC, a formação de grupo é responsável pelo relacionamento
interpessoal. Todas as atividades diárias são planejadas e organizadas para
serem desenvolvidas em grupo. Os grupos não são fixos, podem ser mudados
e também não são homogêneos: não se leva em consideração o sexo, a
idade ou o comprometimento motor, nem mesmo o tempo em que está
realizando a EC. Não que sejam proibidos grupos homogêneos, pois, em
alguns momentos, como fator de motivação, estimula-se a formação de grupos
por idade e comprometimento motor.
Mas sempre se dá preferência para a formação de grupos heterogêneos,
pois a EC se baseia, primeiramente, nas considerações educativas e metas a
serem alcançadas, e não na natureza da disfunção e/ou nas diferenças que
existam entre os membros do grupo. O grupo sendo heterogêneo garante
que haverá crianças que representam uma polia de força para outras que
ainda estão em um nível inferior de desenvolvimento7,8.
Apesar dos membros de um grupo aprenderem tarefas semelhantes,
os caminhos e padrões de solução são sempre diferentes, o que incentiva o
desenvolvimento de uma criança com disfunção.
Crianças com idade e sexo diferentes podem dormir separadas,
mas estarão no mesmo grupo nas atividades diárias. Mesmo assim, dá-
se preferência para que o grupo permaneça o maior tempo possível
junto.
A uniformidade do grupo não depende do nível dos membros, mas de
dois outros fatores10:
• um deles é o ritmo que o grupo estabelece, e esse ritmo será
responsável pela execução das tarefas.
• outro é como o grupo é estruturado, sendo que essa estrutura não
se desenvolve espontaneamente, mas é planejada e organizada
pelo condutor para resolver as várias tarefas.
347
Educação Condutiva – Petö Capítulo 19
REFERÊNCIAS
348
Capítulo 19 Educação Condutiva – Petö
349
CAPÍTULO 20
MANUSEIO E ADEQUAÇÃO DE ATIVIDADES FUNCIONAIS (MAAF)
1 Pré-Ciência:
É o período do desenvolvimento precoce da pesquisas em um deter-
minado campo, onde o campo está encontrando seus pés e demarcando o
sujeito e planos de ação. É o período no qual nenhum paradigma individual
ou proposição de teoria é suficientemente forte para ser bem aceita e garan-
tir processo de pesquisa.
2 Ciência Normal:
É o momento em que ocorre uma maturação daquele campo e um
maior conhecimento dos diferentes paradigmas, na realidade é o surgi-
mento de um paradigma que tem poder suficiente de explanação e respal-
do de conhecimento que atrai a aderência de outros campos científicos, a
ênfase é o trabalho empírico se sobressair em articulações que justifiquem
uma teoria dominante. Consiste no cientista resolver seu problema, antes
mesmo de produzir conceitos avançados naquele campo.
351
Capítulo 20 Manuseio e Adequação de Atividades Funcionais (MAAF)
3 Crises de Paradigmas:
É o momento onde um paradigma não consegue solucionar e explicar
dados, assim como estabelecer fatos de um campo. Onde as explicações se
tornam insatisfatórias, principalmente devido ao surgimento de dados
confrontantes. Caracteriza-se pela modificação ou surgimento de outros
paradigmas.
4 Ciência Revolucionária:
Consiste no período de batalha entre paradigmas e o surgimento de
um novo paradigma que direcionará o futuro normal das atividades da ciên-
cia daquele campo.
Ora, considerando; (a) as abordagens de tratamento da Paralisia Ce-
rebral como sendo diferentes paradigmas e supondo que a reabilitação por
meio da utilização de conhecimentos advindos das filosofias, idéias e concei-
tos oferecidos por essas abordagens, assim como (b) considerando a dificul-
dade em realizar pesquisas com Paralisia Cerebral, quando se utiliza os pré-
requisitos oferecidos pelas fundamentações dessas abordagens, tomo a
liberdade (consciente de cometer erro) de sugerir que o respaldo científico
das abordagens de tratamento da Paralisia Cerebral (PC) ainda está no pe-
ríodo de pré-ciência, onde as abordagens são bem aceitas no momento da
intervenção, provavelmente por falta de opção, mas nenhuma é suficiente-
mente forte para ser bem aceita e garantir o processo de pesquisa. Neste
momento de pré-ciência é bastante comum o surgimento de diferentes
paradigmas, os quais tentam se sobrepor uns aos outros e de alguma forma
ser aceito e participar de direcionamentos futuros no campo de pesquisa1.
No entanto, qual o momento de desenvolver um novo paradigma: o
fisioterapeuta que trabalha com Paralisia Cerebral começa a organizar seu
pensamento e discernir entre o que é mais adequado ou não para a melho-
ra de seus pacientes. Após identificar um raciocínio que seja justificável,
baseado em evidências e, de preferência, com comprovação científica, es-
tas idéias em conjunto contemplam uma nova forma de raciocinar perante
o paciente. Com certeza, este raciocínio tem como base outros tratamen-
tos, mas ao identificar um diferencial para as propostas oferecidas, surge
uma nova abordagem1.
Conforme apresentado anteriormente, pode-se afirmar que a com-
provação científica ainda está distante de sustentar a formação de uma abor-
dagem de tratamento na Paralisia Cerebral, mas provavelmente idéias que
ofereçam uma forma diferenciada de raciocinar perante o paciente e propicie
novos direcionamentos para intervenção clínica, seja interessante para a
formação do fisioterapeuta.
Baseado nessas últimas colocações, todos os profissionais estão à
procura ou se apropriam do diferenciado que possibilite o desenvolvimento
do inusitado e de preferência com algum respaldo teórico. Foi durante uma
disciplina do doutorado realizada na Universidade de São Paulo que obtive
conhecimentos sobre Aprendizagem Motora. A disciplina foi ministrada pela
Profa. Dra. Andréa Michele Freudenheim, membro do Laboratório de Com-
portamento Motor (LACOM)7, um dos grupos de maior consideração na área
de comportamento motor humano. Durante as aulas, percebi que a forma-
ção do Fisioterapeuta e, desta forma, a aplicabilidade clínica tem como base
o desenvolvimento e controle motor, mas pouco se correlaciona com apren-
dizagem motora.
352
Capítulo 20 Manuseio e Adequação de Atividades Funcionais (MAAF)
1. Utilização da CIF:
Aprovada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2001 e
traduzida para o português em 2003 a CIF tem como objetivos específi-
353
Capítulo 20 Manuseio e Adequação de Atividades Funcionais (MAAF)
354
Capítulo 20 Manuseio e Adequação de Atividades Funcionais (MAAF)
tura disponibilizada, mas também levar esta informação para a prática clíni-
ca28. Após as observações apresentadas, a abordagem MAAF surgiu e utiliza
quatro passos para a PBE12,30,31: a transformação das necessidades clínicas em
questões respondíveis; localização da melhor evidência para responder estas
questões; verificação crítica da validade e importância da evidência; integra-
ção da verificação com a experiência clínica e necessidade do paciente.
3. Aprendizagem motora:
Este é o maior diferencial da abordagem MAAF, onde por meio dos
conhecimentos advindos da aprendizagem motora procura-se organizar o
tratamento fisioterápico na Paralisia Cerebral. Tani (2005)32 cita que aprendi-
zagem motora procura estudar processos e mecanismos envolvidos na aqui-
sição de habilidades motoras e os fatores que a influenciam, ou seja, como a
pessoa se torna eficiente na execução de movimentos para alcançar uma
meta desejada, com a prática e experiência. Carr e Shepherd (2006)4 e Bar-
Haim et al (2010)33, citam que uma das mudanças no tratamento neurológi-
co está nos avanços e utilização dos conhecimentos da aprendizagem moto-
ra no tratamento de alterações neurológicas.
Como a aprendizagem está diretamente relacionada com habilidade
motora é fundamental esclarecer que segundo Gallahue e Ozmun (2005)8
habilidades motoras podem ser definidas como tarefas com finalidade espe-
cífica a ser atingida, que exigem movimentação voluntária, ou como padrão
motor fundamental realizado com precisão, exatidão e controle. A precisão é
enfatizada e o movimento é limitado, como no lançamento de uma bola em
direção a um alvo8. Outra definição bastante utilizada é a apresentada por
Guthrie (1952)34 citado por Schmidt (1993)35, na qual habilidade consiste na
capacidade adquirida de atingir um resultado final com um máximo de certe-
za e um mínimo dispêndio de energia, ou de tempo e energia. Uma habilida-
de motora é uma habilidade para a qual o principal determinante do sucesso
é a qualidade do movimento que o executante produz36.
1. Aspectos musculares:
Não há uma delineação clara entre coordenação motora grossa e coor-
denação motora fina, todavia os movimentos frequentemente são classifica-
355
Capítulo 20 Manuseio e Adequação de Atividades Funcionais (MAAF)
1.1 Global:
No aspecto global considera-se movimentos generalizados, dos gran-
des músculos do corpo, correlacionados com coordenação motora grossa.
Geralmente as atividades que requerem transferência (rolar, sentar e levan-
tar) e locomoção (arrastar, engatinhar e andar) são consideradas habilida-
des motoras globais8. Mesmo que necessite do auxílio das extremidades,
tanto de membros superiores como inferiores, se enfatiza a utilização dos
grupos musculares mais proximais.
1.2 Segmentar:
No aspecto segmentar considera-se movimentos de um segmento do
corpo37,38, pode ser do tronco, mas geralmente o aspecto segmentar é repre-
sentado pelos membros superiores e inferiores, considerando-se braços, ante-
braços, pernas e coxas. Os pés e as mãos podem participar, mas não de uma
forma específica. São representados pelas atividades que requerem movi-
mentos de extremidades sem muita precisão como por exemplo: jogar, ba-
ter, chutar e empurrar.
1.3 Específico:
No aspecto específico consideram-se movimentos com grande especi-
ficidade8,35,36, diretamente relacionados à coordenação motora fina, onde gru-
pos musculares distais devem realizar tarefas refinadas, com vários detalhes.
São representados pelas atividades que requerem precisão8,39, como por exem-
plo: pegar, escrever, encaixar, pintar (utilização das mãos), colocar o pé em
cima de uma bola, direcionar o pé para um objeto (utilização dos pés).
2. Aspectos temporais:
Na forma temporal de classificação das habilidades motoras conside-
ra-se o tempo de realização da atividade e, principalmente, quantas repeti-
ções de um mesmo movimento devem ser utilizadas para cumprir determi-
nada proposta funcional8,38,39. Neste contexto, observa-se até que ponto o
movimento é um processo contínuo do comportamento, em oposição a uma
ação breve, bem definida35. Para o aspecto temporal, além da importância do
tempo está o número de repetições do mesmo ato motor, para tanto deve-se
considerar três aspectos: Discreto, seriado e contínuo.
2.1 Discretos:
Movimento discreto tem começo e fim definido, onde se realiza um
ato motor específico uma única vez e frequentemente muito breve em dura-
356
Capítulo 20 Manuseio e Adequação de Atividades Funcionais (MAAF)
ção36, mas com tempo suficiente para finalizar uma tarefa. A característica
principal é começo e final reconhecível, onde não ocorre a repetição imediata
de um movimento8,36,38. As habilidades discretas são importantes no contex-
to de várias atividades funcionais seja em chutar, arremessar um objeto,
levantar e sentar, sempre algo que esteja relacionado a executar somente
um ato motor.
2.2 Seriado:
Algumas vezes as habilidades discretas são colocadas em série para
formar ações mais complexas, essa sequência de habilidades são denomina-
das como seriadas, sugerindo que a ordem dos elementos é, de alguma
forma, crucial para o êxito da performance36. Movimento seriado envolve a
realização de um único e discreto movimento várias vezes, numa rápida
sequência; sem intervalo entre as repetições8,35,39 (Pular corda e pular repe-
tidas vezes em um só pé são exemplos bastante citados)8,39. Outra possibili-
dade de habilidade seriada ocorre em uma combinação de movimentos dis-
cretos diferentes, mas que unidos criam uma ação maior, única, como se
fosse verdadeiramente discreto desde o início; é o caso de uma série de
ginástica ou o ato de trocar a marcha do carro juntamente com pisar na
embreagem e no acelerador. Durante a aprendizagem de habilidades seria-
das, as pessoas se concentram nos elementos distintos da tarefa, posterior-
mente, após considerável prática, elas são capazes de combinar os elemen-
tos para formar uma sequência unificada36.
2.3 Contínuos:
São movimentos repetidos por um tempo mais longo, onde determi-
nado movimento se repete sucessivamente para viabilizar a função. Uma
habilidade organizada de maneira que a ação se desdobra sem um início e
um fim identificável, de forma contínua e repetitiva36(correr, nadar e andar
de bicicleta são os exemplos mais clássicos).
3.1 Aberta:
É uma habilidade motora realizada num ambiente onde as condições
estão em constantes mudanças, é uma habilidade desempenhada em um am-
biente não estável, onde o objeto ou o contexto varia durante o desempenho da
habilidade38. Para realizar com sucesso uma habilidade dessas, o participante
deve agir de acordo com a ação do objeto ou das características de alteração do
ambiente38, as habilidades podem variar de forma temporal (prever quando um
sinal a ser respondido acontecerá ou predizer o curso de tempo de uma sequên-
357
Capítulo 20 Manuseio e Adequação de Atividades Funcionais (MAAF)
3.2 Fechada:
É aquela realizada num ambiente estável ou previsível onde a pessoa
determina quando a ação vai começar e acabar, tem controle sobre todos os
aspectos envolvidos na atividade8,36,39. Para essas habilidades o objeto sobre o
qual se age não muda durante o desempenho da Habilidade, em realidade o
objeto espera pela ação do indivíduo. As surpresas são praticamente inexistentes,
sendo que o ambiente é de total controle do indivíduo, exemplos são; o salto
vertical, salto a distância, tiro ao alvo8, nesses casos o indivíduo depende dele
mesmo sem qualquer interferência do ambiente. Se um terapeuta solicitar que
o paciente pegue um objeto parado no chão, será uma habilidade fechada, pois
o objeto não se desloca durante o intervalo da decisão do paciente em pegar,
até a execução do ato motor. Solicitar que o paciente ande em um quarto ou
sala também é habilidade fechada, pois o contexto ambiental não terá mudan-
ças durante a execução da função. Para as habilidades fechadas o paciente
poderá iniciar a ação quando estiver pronto, e realizar a tarefa de acordo com
sua vontade8,36,39. Schmidt e Wrisberg (2010)36, definem habilidades fechadas
como habilidade executada em um ambiente que é previsível ou estacionário
permitindo que o executante planeje seus movimentos antecipadamente.
358
Capítulo 20 Manuseio e Adequação de Atividades Funcionais (MAAF)
4. Aspectos intencionais:
As habilidades de movimento podem ser classificadas com base em
sua intenção, ou seja se a criança tiver a intenção de manter uma postura,
ou de se deslocar no espaço, ou ainda de realizar um ato onde requer a
utilização de extremidades para realizar uma função. A intenção está relacio-
nada à necessidade interação-tarefa e ambiente do movimento, neste consi-
dera-se os três aspectos a seguir; Estável, móvel e manipulativa.
359
Capítulo 20 Manuseio e Adequação de Atividades Funcionais (MAAF)
5. Aspectos de atenção:
É uma classificação nova nas habilidades motoras, a palavra aten-
ção e sua influência nas habilidades motoras é de pouco conhecimento37,
mas conforme apresentado por Bottcher (2010) 44 e Bottcher et al (2010)45
na prática clínica de tratamento da criança com Paralisia Cerebral se ob-
serva bastante a influência da atenção sobre o Tônus muscular e como
consequência sobre a funcionalidade, por isso optou-se em incluir este
aspecto na abordagem MAAF, mas sempre considerando a falta de
referências.A inclusão dos aspectos de atenção na classificação de habili-
dades motoras deve ser considerada uma proposta inicial, Shumway-Cook
e Woollacott (2003) 37 citam que a utilização do conceito de demanda
atentiva é bastante novo, provavelmente estejam envolvidos processos
cognitivos em um sentido bastante amplo considerando-se atenção, moti-
vação e aspectos emocionais que são subjacentes ao estabelecimento de
uma intenção ou objetivo. Os indicadores de processos de atenção in-
cluem o reconhecimento de padrões complexos ambientais e a resposta
produzida pelo indivíduo37. Esses fatores dificultam muito para identificar
qual é o tipo de habilidade motora que o indivíduo executa, principalmen-
te por ter uma representatividade individual de significado e momento.
Como o fator a se analisar é a atenção, que é relacionada com intenção e
objetivo, mais do que a tarefa propriamente dita, deve-se levar em consi-
deração a representação da tarefa para aquela criança naquele momento.
Para tanto, dividir-se-á as habilidades motoras de atenção em: habilida-
des de alta demanda - caracteriza-se por alta demanda na atenção, quan-
do a criança precisa de muita atenção na realização da tarefa, deve-se
levar em consideração a representação da tarefa para a criança; baixa
demanda - são tarefas que não requerem muita atenção, geralmente as
atividades posturais, sem movimento como se manter sentada ou deitada
propiciam baixa demanda de atenção. E simplesmente por motivos didáti-
cos optou-se em inserir a possibilidade de média demanda de atenção.
Mais do que a postura ou a atividade, é sempre importante considerar a
intenção da tarefa e tentar identificar se a atividade proposta representa
para aquele determinado indivíduo uma habilidade de alta, média ou bai-
xa demanda.
360
Capítulo 20 Manuseio e Adequação de Atividades Funcionais (MAAF)
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Capítulo 20 Manuseio e Adequação de Atividades Funcionais (MAAF)
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363
Capítulo 20 Manuseio e Adequação de Atividades Funcionais (MAAF)
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Capítulo 20 Manuseio e Adequação de Atividades Funcionais (MAAF)
365
Capítulo 20 Manuseio e Adequação de Atividades Funcionais (MAAF)
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CAPÍTULO 21
KABAT - FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA
INTRODUÇÃO
367
Kabat – Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva Capítulo 21
Contato manual
O contato manual do fisioterapeuta tem por objetivo guiar o movi-
mento por meio do toque e da pressão e aumentar a força muscular. Por
meio do contato manual é estabelecida a comunicação entre o fisioterapeuta
e o paciente. Este contato estimula receptores táteis e de pressão fornecen-
do orientação espacial e direção do movimento ao paciente.
O fisioterapeuta realiza o contato lumbrical que é mais efetivo para
facilitar o movimento, já que permite maior controle da movimentação e
resistência à rotação. É realizado na porção distal das extremidades superio-
res e inferiores e sempre nas faces laterais, superfícies neutras, que possibi-
litam a execução de padrão flexor ou extensor.
368
Capítulo 21 Kabat – Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva
Comando verbal
O comando verbal ou estímulo verbal objetiva informar ao indivíduo o
que fazer e quando fazer. Deve ser simples e preciso, e a intensidade da voz
do fisioterapeuta depende do objetivo a ser atingido, ou seja, maior contra-
ção muscular, relaxamento, feedback positivo.
O comando verbal divide-se em três partes: a) preparação, b) ação e
c) correção.
A sincronia do comando verbal é fundamental quando o reflexo de
estiramento é aplicado. O estímulo verbal dever ser fornecido imediatamen-
te antes do reflexo de estiramento, visando coordenar a tentativa voluntária
do indivíduo com a resposta reflexa10.
Uma das primeiras perguntas que surgem por parte dos fisioterapeu-
tas ao empregar a FNP em crianças é em relação ao comando verbal, uma
vez que a compreensão por parte da criança está comprometida ou não
totalmente desenvolvida. O que fazer, então? Nestes casos enfatizam-se os
demais procedimentos facilitadores do método.
Visão
A informação visual auxilia no controle e na correção da movimenta-
ção, o que é importante nos casos em que a sensação proprioceptiva não é
eficiente. Permite ainda a ativação da musculatura do pescoço e tronco, faci-
litando a irradiação, quando o indivíduo acompanha com os olhos a movi-
mentação do membro superior (MS).
O contato visual entre o fisioterapeuta e o paciente é uma outra via de
comunicação garantindo a interação entre as duas partes.
No caso de indivíduos com PC e comprometimento visual total, deve-
se enfatizar os demais procedimentos facilitadores do método. A maior ati-
vação da musculatura do pescoço e tronco, a partir da movimentação do MS
pode ser conseguida enfatizando-se o estímulo auditivo, já que a informação
visual não está disponível. Em casos de crianças ou adolescentes com PC e
visão subnormal, pode-se adequar o ambiente para que os mesmos consi-
gam responder à estimulação visual. Nestes casos pode-se associar a execu-
ção dos padrões diagonais de movimento solicitando ao indivíduo que se
direcione ao estímulo luminoso, o que possibilitará maior ativação da muscu-
latura do pescoço e tronco.
Tração e aproximação
Os receptores articulares podem ser estimulados por meio da tração
e da aproximação e auxiliar na promoção do movimento e na estabilidade.
Segundo Voos, et al.11, a tração é o alongamento de um segmento
corpóreo, por exemplo, do membro superior, que estimula os receptores
articulares, além de desencadear o reflexo de estiramento, pois reforça o
alongamento muscular. A tração tem por objetivos: (1) facilitar a movimen-
tação, principalmente a antigravitacional, a tração geralmente está associa-
da aos padrões de flexão dos membros superiores e inferiores; (2) adicionar
alongamento; (3) resistir o movimento.
A aproximação é a compressão (coaptação) das superfícies articula-
res. Segundo Voos et al11 as contrações musculares seguidas de aproxima-
ção são resultantes da estimulação dos receptores articulares. A aproxima-
ção tem o objetivo: (1) estabilização articular; (2) facilitar a descarga de
peso e a contração da musculatura antigravitária; (3) resistir algum compo-
nente da movimentação.
369
Kabat – Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva Capítulo 21
Reflexo de estiramento
O estiramento muscular ocorre quando o músculo é alongamento.
Desse modo, os fusos musculares são estimulados e informam ao sistema
nervoso central a mudança de comprimento do músculo e em conseqüência
o músculo que foi alongado contrai (circuito do reflexo de estiramento – nível
medular). Se o estiramento for eficiente os músculos da mesma articulação
e os demais músculos da sinergia serão estimulados.
O estiramento muscular que desencadeia o reflexo de estiramento
como mencionado acima tem por objetivo: (1) facilitar o início do movimen-
to; (2) aumentar a amplitude do movimento; (3) aumentar a força muscu-
lar; (4) direcionar o movimento; (5) prevenir ou reduzir a fadiga muscular.
O estiramento pode ser fornecido ao músculo alongado no início do
arco de movimento uma única vez ou repetidas vezes, pode ainda ser ofere-
cido durante o arco de movimento a fim de reforçar a contração muscular.
Um aspecto importante ao aplicar esse estímulo, é que a contração gerada
pelo estiramento deve ser acompanhada de resistência, pois do contrário o
estímulo de estiramento terá um caráter inibitório e não uma demanda
facilitatória da movimentação12.
Resistência
A resistência é o estímulo para facilitar a contração muscular. O uso
deste estímulo visa facilitar a contração do músculo, aumentar a força mus-
cular e o controle motor.
Na FNP a resistência é manual, e é dosada de acordo com as condi-
ções do paciente e com o objetivo da atividade, isto é, intenção do movimen-
to ou estabilização. A partir do objetivo a ser alcançado, a resistência asso-
ciada às técnicas específicas pode provocar contrações isométricas, isotônicas
concêntricas ou excêntricas.
Irradiação
A resistência aplicada apropriadamente resultará em irradiação, que
consiste na deflagração da resposta ao estímulo, que pode ser observada
pela contração de músculos sinérgicos em padrões específicos (facilitação)
ou por relaxamento muscular (inibição). A resposta aumenta à medida que o
estímulo aumenta em intensidade ou em duração13.
A maior quantidade de resistência aplicada implica em maior ex-
tensão da resposta muscular, e que depende da posição do paciente. Um
exemplo de irradiação pode ser observado quando o padrão de extensão,
adução e rotação medial de MS é realizado com uma maior quantidade de
resistência manual na posição de supino. Nesta condição observa-se am-
pliação da resposta para os membros inferiores; no membro inferior (MI)
contralateral ao MS ocorre flexão de quadril, e no ipsilateral ocorre à ex-
tensão do quadril.
Padrões de facilitação
Segundo Kabat14, o movimento funcional normal é composto por pa-
drões de movimento em massa dos membros e dos músculos sinérgicos do
tronco. A combinação da movimentação em cada padrão diagonal de movi-
mento preconizado pelo método FNP relaciona-se as atividades do dia a dia
e atividades esportivas.
370
Capítulo 21 Kabat – Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva
Sincronização do movimento
Refere-se à seqüência da movimentação. O movimento coordenado
depende da sincronia desta seqüência. Ao realizar os padrões diagonais de
movimento, uma das ferramentas da FNP, a sequência da movimentação é
de distal para proximal.
Técnicas específicas
As técnicas específicas do método FNP têm por objetivo promover a
funcionalidade do indivíduo. Essas técnicas são associadas aos padrões
diagonais de movimento de acordo com a necessidade de cada indivíduo.
371
Kabat – Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva Capítulo 21
PC espástico
O emprego da FNP nos indivíduos com PC espástica tem por objetivo
modular o tônus muscular (hipertonia), corrigir os desvios posturais, au-
mentar a amplitude de movimento, modular os reflexos primários (ou primi-
tivos) e sinergias e aumentar a força muscular.
As técnicas específicas da FNP mais empregadas neste tipo de PC
a fim de atingir os objetivos descritos acima, encontram-se listadas no
quadro 1.
Quadro 1: Técnicas específicas da FNP e seus objetivos
372
Capítulo 21 Kabat – Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva
PC discinético
O uso da FNP nos discinéticos, principalmente os atetóides e coreo-
atetóides, tem por objetivo aumentar a estabilidade, a mobilidade funcional
e a coordenação dos movimentos. As técnicas específicas da FNP emprega-
das neste tipo de PC para atingir tais objetivos são: iniciação rítmica,
estiramento repetido, combinação de isotônicos, estabilização rítmica e
reversa16 (Quadro 1). Além destas, pode-se aplicar a sincronização para ên-
fase e réplica.
PC atáxico
No caso de atáxicos o uso da FNP tem por objetivo aumentar a esta-
bilidade e a coordenação dos movimentos. As técnicas específicas da FNP
empregadas neste tipo de PC para atingir tais objetivos são: iniciação rítmica
e réplica, estiramento repetido, combinação de isotônicos, estabilização
reversa (quadro 1) e inversão lenta (inversão dinâmica), cujo objetivo é
aumentar a amplitude ativa de movimento, força muscular e desenvolver
coordenação.
PC hipotônico
Neste tipo de PC o uso da FNP objetiva aumentar o tônus e a força
muscular. As técnicas específicas da FNP mais empregadas nos hipotônicos,
visando atingir os objetivos descritos anteriormente são: estiramento repe-
tido, combinação de isotônicos, sincronização para ênfase, estabilização
reversa e inversão lenta (reversão dinâmica).
373
Kabat – Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva Capítulo 21
374
Capítulo 21 Kabat – Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
375
Kabat – Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva Capítulo 21
376
PARTE VI
INTERVENÇÃO MULTIDISCIPLINAR
379
Intervenção Multidisciplinar - Introdução PARTE VI
380
PARTE VI Intervenção Multidisciplinar - Introdução
381
Intervenção Multidisciplinar - Introdução PARTE VI
REFERÊNCIAS
382
PARTE VI Intervenção Multidisciplinar - Introdução
383
Intervenção Multidisciplinar - Introdução PARTE VI
384
CAPÍTULO 22
INTRODUÇÃO
385
Fonoaudiologia e Motricidade Oral Capítulo 22
cação do paciente de algo que lhe está muito desconfortável, como uma
disfunção do refluxo gastroesofágico.
Para elucidar a questão, faz-se necessário observar com maior caute-
la os movimentos e as posturas de um indivíduo com PC, revendo-os, a fim
de procurar seu nexo causal e agregá-lo a uma uma linguagem não verbal.
Como exposto na literatura, trata-se de uma linguagem inata que precisa ser
considerada, em especial no caso dos sujeitos que apresentam outros com-
prometimentos associados, como gastrointestinal, pulmonar, cardíaco,
cognitivo, de processamento sensorial, visual, auditivo, psíquico ou emocio-
nal, entre outros1,2.
A neuropsicologia e a neurociência referem que toda sensação leva a
uma emoção, o que gera um movimento. Nessa vinculação da emoção ao sen-
sório-motor há uma sinalização da interposição com o sistema límbico35, que
deve ser observada, interpretada e respeitada na construção da comunicação.
Sabemos que a sucção é a primeira função sensório-motora oral pre-
sente no vínculo mãe-bebê, estando muitas vezes comprometida na PC; ou
seja, esse vínculo emocional depende das experiências sensório-motoras,
sendo determinante na construção da subjetividade e da linguagem5. Diante
disso, é preciso ampliar a visão sobre a motricidade oral (MO), de modo a
contemplar a inter-relação entre o orgânico e o psíquico. Trata-se de uma
ruptura de um paradigma linear, transpondo a MO de um ato estritamente
motor para um comportamento motor oral, como explicitado na neurociência
e na psicanálise.
Abordamos neste capítulo, justamente, essa visão a respeito do sen-
sório–motor oral e suas implicações no âmbito da fonoaudiologia e da MO,
em sua interface com o constructo da comunicação no desenvolvimento da
criança com PC.
386
Capítulo 22 Fonoaudiologia e Motricidade Oral
387
Fonoaudiologia e Motricidade Oral Capítulo 22
388
Capítulo 22 Fonoaudiologia e Motricidade Oral
389
Fonoaudiologia e Motricidade Oral Capítulo 22
390
Capítulo 22 Fonoaudiologia e Motricidade Oral
3. DESENVOLVIMENTO DA MO
391
Fonoaudiologia e Motricidade Oral Capítulo 22
Mobilidade diz respeito à execução de um ato motor que pode ser eficiente
ou não, dependendo da possibilidade de o sujeito atingir um equilíbrio da
estabilidade na região mais próxima ao movimento2. Por conseguinte, a es-
tabilidade propicia atenção, concentração e segurança, que permitem atuar,
movimentar, dissociar, sair de um ponto a outro, resolver problemas e diver-
sificar essa resolução32. Deste modo, orgânico e emocional interagem no
controle motor.
Podemos citar aqui o padrão flexor inato dos RN típicos, que promove
uma base para a estabilidade postural externa inicial, favorecendo a aproxi-
mação das estruturas ósseas para um controle das funções orais na coorde-
nação SDR7,8. O holding materno, com o bebê sendo seguro nos braços da
mãe para mamar, fornece controle aos segmentos contra a gravidade e gera
uma organização emocional.
A estabilidade externa vivenciada nos primórdios do desenvolvimento
típico gerará uma base para a futura estabilidade interna ou postural do
bebê, que advém do equilíbrio da contração muscular em interação com ele
próprio e com o ambiente; assim, é possível o desenvolvimento da motricidade
global, fina e oral7,8 .
Diante disto, a intervenção motora oral na PC deve enfatizar recursos
para aquisção da estabilidade global, de modo a se beneficiar a mobilidade
oral por meio do alinhamento biomecânico – estável e dinâmico –, com um
desempenho harmonioso e menor gasto energético1,8. E ainda, estar aberta
a discussões no caso com a equipe interdisciplinar, geralmente composta de
fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais entre outros, para viabilizar ou não
a estabilidade assistida, como o uso de estabilizadores, orteses, theratogs,
faixas abdominais etc., durante a terapia fonoaudiológica, que podem in-
fluenciar as habilidades oral e faríngea. Importante destacar que é impres-
cindível solicitar o consentimento dos pais para tais intervenções.
392
Capítulo 22 Fonoaudiologia e Motricidade Oral
393
Fonoaudiologia e Motricidade Oral Capítulo 22
Todas têm o seu valor, mas cada uma deve ser bem discutida e indicada
pelo otorrinolaringologista experiente nesses casos, além de bem esclareci-
da aos pais em relação aos prós e contras.
394
Capítulo 22 Fonoaudiologia e Motricidade Oral
* A respiração nasal, além de filtrar e aquecer o ar que vai para os pulmões, exerce
pressão na cavidade nasal, modelando-a, guiando o crescimento da maxila e ameni-
zando o aspecto atrésico ou ogival.
395
Fonoaudiologia e Motricidade Oral Capítulo 22
396
Capítulo 22 Fonoaudiologia e Motricidade Oral
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
397
Fonoaudiologia e Motricidade Oral Capítulo 22
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Capítulo 22 Fonoaudiologia e Motricidade Oral
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399
CAPÍTULO 23
Diane Ackerman1
1 Words are small shapes in the gorgeous chaos of the world. But they are shapes.
They bring the world into focus. They corral ideas. They hone thoughts. They paint
watercolors of perception. Diane Ackerman
401
Comunicação Suplementar e Alternativa: O Discurso Além da Fala Capítulo 23
402
Capítulo 23 Comunicação Suplementar e Alternativa: O Discurso Além da Fala
403
Comunicação Suplementar e Alternativa: O Discurso Além da Fala Capítulo 23
to: esperar pela fala até quando? Qual a razão para tanta resistência na
indicação da Comunicação Alternativa?
No caso dos pais, possivelmente a crença de que a Comunicação Al-
ternativa inibiria a aquisição fala “oral” seja um dos mais fortes motivos de
resistência, sustentado pelo legítimo desejo de ouvir seu filho falar.
Se trouxermos para o universo dos terapeutas, particularmente dos
Fonoaudiólogos, conhecedores do desenvolvimento de linguagem e dos com-
plexos mecanismos motores que envolvem a articulação, frente a uma lesão
neurológica, me apoio em Pastorello (2008)8 quando afirma que “É preciso
que deixemos de lado algumas verdades provisórias, encarar nossa ignorân-
cia para tentar enxergar o novo e edificar novos saberes.”
A Comunicação Suplementar e Alternativa que há vinte anos poderia
causar estranheza, hoje é uma área de conhecimento reconhecida como
uma técnica terapêutica estruturante no desenvolvimento de linguagem e
atualização da fala, fundamentada pela clínica e pesquisa.
A Organização Mundial de Saúde, através da CIF (Classificação Interna-
cional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde) nos componentes Atividade e
Participação e Fatores Ambientais contempla a Comunicação Suplementar Al-
ternativa respectivamente nos domínios Comunicação, prevendo desde a pro-
dução de mensagens não verbais até o uso de sinais e símbolos gráficos de
comunicação e em Produtos e Tecnologia identifica recursos desenvolvidos es-
pecialmente para a comunicação9. A CIF promete ser uma poderosa ferramenta
para alavancar pesquisas na área de Comunicação Suplementar Alternativa.
Definição
Na literatura recorro a uma das definições mais citadas nas publica-
ções nacionais e internacionais, não particularmente pela fundamentação
teórica adotada, mas porque remete a legitimidade da área e pede reconhe-
cimento da própria Fonoaudiologia.
A clássica definição adotada pelo comitê da American Speech and
Hearing Association (ASHA)-(1991)10 afirma que:
404
Capítulo 23 Comunicação Suplementar e Alternativa: O Discurso Além da Fala
405
Comunicação Suplementar e Alternativa: O Discurso Além da Fala Capítulo 23
QUESTÕES DE TÉCNICA2:
PRANCHAS DE COMUNICAÇÃO E ESCOLHA DOS SÍMBOLOS
Pranchas de Comunicação
As pranchas de comunicação são superfícies físicas (em papel ou
informatizadas) que recebem os sinais gráficos. A disposição dos sinais grá-
ficos, no caso dos Sistemas Bliss e PCS, guarda uma organização sintática
onde são dispostos da esquerda para a direita na ordem da língua escrita: as
pessoas em amarelo, verbos em verde, substantivos em laranja, adjetivos e
advérbios em azul. Os símbolos rosa (expressões sociais e pequenas ora-
ções) e símbolos brancos (outros, que incluem datas, números, alfabeto)
2 A técnica, aqui vista segundo proposto por Cunha (1997)16 como ação que resulta do
método clínico, complementada pela idéia de que nunca possa ser compreendida ou
aplicada, se desconhecidos seus fundamentos teóricos.
406
Capítulo 23 Comunicação Suplementar e Alternativa: O Discurso Além da Fala
407
Comunicação Suplementar e Alternativa: O Discurso Além da Fala Capítulo 23
408
Capítulo 23 Comunicação Suplementar e Alternativa: O Discurso Além da Fala
Momento 1:
Observando a interação entre mãe e filho, V., PC atetóide cadeirante
de 4 anos em atendimento durante a segunda sessão :
409
Comunicação Suplementar e Alternativa: O Discurso Além da Fala Capítulo 23
Questões terapêuticas:
O recorte anterior foi feito para pensarmos o seguinte:
O que acontece em uma interação mediada apenas pelo sim e não?
Que tempo damos para a resposta de quem não fala?
Proposta terapêutica:
Momento2:
A Terapeuta separa símbolos que se referem ao universo de ativida-
des:
T - O que você quer fazer?
Apresento em símbolos soltos, que são colocados um a um sobre a
mesa: MASSINHA, MÚSICA, LIVRO, CARRINHOS, OUTRO.
T. - Você pode escolher mais de uma coisa, mas me mostre o que
você quer primeiro. Silêncio. Espero.
V. Lentamente, com grande dificuldade motora pega o símbolo LI-
VRO.
T. Vamos ler um livro. Agora vou pegar os livros para você escolher.
V. Escolhe um livro.
T. Coloco sobre a mesa o livro escolhido e a seguinte prancha (fig. X)
410
Capítulo 23 Comunicação Suplementar e Alternativa: O Discurso Além da Fala
Momento 3:
“H.” 15 anos, Paralisia Cerebral espática.
Processo terapêutico que marca a questão da escolha dos símbolos.
Na primeira terapia, estavam presentes, “H.”, sua mãe e sua irmã de 12
anos.
Explico o que é CSA, pego alguns símbolos, conversamos e digo a elas
quantas vezes “H.” tinha coisas a dizer e não tinha como. Na sessão seguinte
mãe e irmã (iniciativa da irmã) me entregam as seguintes listas. A irmã tinha
preparado em casa, a mãe rapidamente elabora uma na sala de espera.
411
Comunicação Suplementar e Alternativa: O Discurso Além da Fala Capítulo 23
SAIR ROUPAS
FILHOTE
CASA
PRESENTE
CONSIDERAÇÕES FINAIS
412
Capítulo 23 Comunicação Suplementar e Alternativa: O Discurso Além da Fala
REFERÊNCIAS
413
CAPÍTULO 24
RESUMO
INTRODUÇÃO
415
A Influência da Musicoterapia na Reabilitação da Criança com Paralisia Cerebral Capítulo 24
416
Capítulo 24 A Influência da Musicoterapia na Reabilitação da Criança com Paralisia Cerebral
417
A Influência da Musicoterapia na Reabilitação da Criança com Paralisia Cerebral Capítulo 24
418
Capítulo 24 A Influência da Musicoterapia na Reabilitação da Criança com Paralisia Cerebral
(1952)17, que assinalam ser a música uma das atividades que mais auxiliam
a efetuar a relaxação que se necessitam para iniciar ou dar continuidade a
objetivos fisioterápicos, de modo geral. A música ajuda a atrair a atenção e
a aumentar o nível de concentração17, pode servir como agente para reduzir
ao mínimo os efeitos dos estímulos indesejáveis do ambiente18, e no alívio
emocional de pacientes com paralisia cerebral14. Doll (1961)19 revela que o
escutar música em grupo traz um sentimento de pertença e estimula as
relações interpessoais positivas.
Um dos efeitos benéficos do uso da música como terapia sobre o
controle motor é que a dança para os espásticos às vezes podem dominar
inconscientemente as pautas de movimento que em fisioterapia poderia le-
var meses de esforços19. O trabalho coadjuvante demonstra isso com vee-
mência. Boylle (1954)20 já afirmava sobre a possibilidade do controle de
movimento (braços e dedos) dessas crianças, quando submetidas a proces-
so musicoterapêutico, quando o instrumento de maior uso é o piano. O
canto é outro recurso de muita valia; em alguns centros terapêuticos do
mundo o canto faz parte de programas de foniatria em crianças com parali-
sia cerebral. Os sons na terapia da fala podem ser aprendidos muito mais
rápido e com muito mais vontade se praticados com tons19.
Barcellos (1992)21 cita a importância dos acalantos e das cantigas de
roda serem utilizadas pelas mães ou cuidadores e ressalta-se sua relevância
também, no trabalho com crianças com paralisia cerebral, como uma das
ótimas estratégias em musicoterapia. Diz ela:
“Os acalantos fazem parte do ninar que, sem dúvida, é uma forma de a mãe dar
continência ao seu bebê. Já as cantigas de roda exercem um importante papel
na elaboração de aspectos do desenvolvimento uma vez que as crianças podem
assumir diferentes papéis dentro do jogo [da vida]”.
419
A Influência da Musicoterapia na Reabilitação da Criança com Paralisia Cerebral Capítulo 24
420
Capítulo 24 A Influência da Musicoterapia na Reabilitação da Criança com Paralisia Cerebral
421
A Influência da Musicoterapia na Reabilitação da Criança com Paralisia Cerebral Capítulo 24
CONSIDERAÇÕES FINAIS
422
Capítulo 24 A Influência da Musicoterapia na Reabilitação da Criança com Paralisia Cerebral
REFERÊNCIAS
423
A Influência da Musicoterapia na Reabilitação da Criança com Paralisia Cerebral Capítulo 24
424
CAPÍTULO 25
ARTES PLÁSTICAS PARA ALUNOS COM PARALISIA CEREBRAL:
DIVAGAÇÕES DE UMA PROFESSORA DE ARTE
425
Artes Plásticas para alunos com paralisia cerebral: divagações de uma professora de arte Capítulo 25
426
Capítulo 25 Artes Plásticas para alunos com paralisia cerebral: divagações de uma professora de arte
427
Artes Plásticas para alunos com paralisia cerebral: divagações de uma professora de arte Capítulo 25
428
Capítulo 25 Artes Plásticas para alunos com paralisia cerebral: divagações de uma professora de arte
429
Artes Plásticas para alunos com paralisia cerebral: divagações de uma professora de arte Capítulo 25
com giz branco sobre fundo escuro, obteve resultados muito mais integrados
do que os desenhos que essas mesmas crianças produziam sobre fundo
branco. Sugere que se utilizem materiais amplos, de natureza tátil com crian-
ças com o diagnóstico de paralisia cerebral.
Outro estudo8 acentua o papel fundamental do movimento no desen-
volvimento da imagem corporal. Crianças com paralisia cerebral, cujo movi-
mento é prejudicado, desenham figuras humanas que refletem um conceito
corporal imaturo, deficiente e muitas vezes distorcido. Os distúrbios sensori-
ais que podem acompanhar quadros de paralisia cerebral, alterando a recep-
ção de informações sensoriais, podem enfatizar ainda mais o desenvolvi-
mento dessa imagem corporal distorcida. Para ele, à medida que a relação
com o ambiente encontra-se limitada pela impossibilidade de locomoção,
manipulação e exploração do material, a relação da criança com o ambiente
será restrita e sua percepção do meio se distorcerá. Isso se reflete em:
função gestáltica pobre, perseveração e persistência no pensamento concre-
to; imagem corporal pobre; dificuldade em copiar formas geométricas.
Um dos poucos estudos pioneiros específicos voltados à questão do
desenvolvimento gráfico da criança portadora de paralisia cerebral foi realiza-
do por Krampen (1985)12. Ele estudou os desenhos de 59 crianças deficientes,
entre seis e doze anos, a maioria com paralisia cerebral do tipo espástico, sem
comprometimento mental. Os resultados, por um lado, confirmaram que o
desenvolvimento gráfico é mais lento nesse grupo de crianças, mas, por ou-
tro, demonstrou que as crianças deficientes apresentavam os grafemas espe-
rados, da mesma forma que o grupo controle, ainda que tenha havido signifi-
cativa diferença no desenho dos grafemas da terceira classe (os grafemas
simétricos). Conforme o pesquisador, isso pode ser resultado do esquema
corporal assimétrico dessas crianças fisicamente afetadas.
430
Capítulo 25 Artes Plásticas para alunos com paralisia cerebral: divagações de uma professora de arte
Uma das alunas segura a câmera, ação que não pode ser realizada
por sua parceira devido à limitação motora. Enquanto isso, ambas
compartilham o olhar pelo visor da câmera digital. Podem dialogar,
negociar sentidos e, juntas, observar a cena recortada pela câmera,
escolher o melhor enquadramento, pesquisar diferentes ângulos, le-
vantar opções, enfim, objetivamente vivenciar a experiência de auto-
ria coletiva de uma imagem. O recurso da câmera digital foi um im-
portante meio tecnológico que viabilizou a conquista desta autonomia
compartilhada pelos alunos da oficina, além de estimular uma outra
forma de interação entre eles mediada pela câmera.14
431
Artes Plásticas para alunos com paralisia cerebral: divagações de uma professora de arte Capítulo 25
432
Capítulo 25 Artes Plásticas para alunos com paralisia cerebral: divagações de uma professora de arte
Barreiras” do Very Special Arts – Brasil. Teve contato com várias instituições
especializadas, como a Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente
Visual – Laramara; a Divisão de Educação e Reabilitação de Deficientes da
Áudio-Comunicação – Derdic; a Associação para Valorização e Promoção de
Excepcionais – Avape e a Estação Especial da Lapa, entre outras. Trabalhou
durante uma época na Associação Rodrigo Mendes. Atuou também num pro-
grama da Secretaria de Estado da Cultura chamado “Talentos Especiais”.
Como artista, expôs numa coletiva de obras de artistas com deficiência, a
“DIVERSIDARTE”, em 2003. Também participou do projeto “Prática Artística
para todos” no Museu de Arte Moderna em São Paulo, atuando com pessoas
com paralisia cerebral e outros distúrbios neuromotores. Este projeto se
enraizou e gerou o projeto “Igual Diferente”, recebendo públicos de várias
instituições especializadas da região.
Preocupado com a formação dos profissionais, sua pesquisa foi capaz
de mostrar que os profissionais na grande maioria construíram seus conhe-
cimentos sobre a atuação artística do deficiente na interação com os alunos,
não em cursos de formação. Reconhecem a necessidade de aprofundar seus
conhecimentos e buscam literatura de apoio, mas poucos citam publicações
que circulam sobre o tema Arte e Deficiência, o que mostra a relevância de
divulgar em círculos abrangentes os conhecimentos angariados na prática de
oficinas que já acontecem há muitos anos.
A contribuição de Somera (2007)16 traça um cenário ainda mais am-
plo ao pesquisar grupos de atuação nas artes (música, artes plásticas, teatro
e dança) compostos por integrantes adultos deficientes (deficiência visual,
física e surdez). A autora buscou
433
Artes Plásticas para alunos com paralisia cerebral: divagações de uma professora de arte Capítulo 25
Palavras de conclusão
Para concluir, voltamos à sala de aula, onde o professor se pergunta:
O que é especial no ensino de arte para alunos com paralisia cerebral? Como
resposta, destacamos: o posicionamento, o manejo, o grau de ajuda e inter-
venção, a comunicação suplementar e alternativa, a leitura da sua produção.
Quando o aluno apresenta necessidades motoras complexas, é preciso auxiliá-
lo; posicionar-se diretamente a sua frente, sentado num banco para intera-
gir numa posição em que o profissional está com o olhar no mesmo nível (ou
abaixo), para não provocar retração de cabeça, entre outros cuidados.
O tempo de reposta pode ser mais lento, então é preciso esperar até
que o aluno indique sua resposta. É muito forte o impulso de fazer pelo
aluno, diante da incoordenação que ele apresenta. É importante inibir este
impulso e garantir sua possibilidade de opção para cores, dosagem, localiza-
ção dos traços na folha.
Atuar como professor ou professora de artes plásticas na área da
deficiência neuromotora requer um trabalho integrado com outras áreas de
conhecimento17; terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas podem ajudar o
profissional de artes saber como se posicionar para melhorar o contato vi-
434
Capítulo 25 Artes Plásticas para alunos com paralisia cerebral: divagações de uma professora de arte
REFERÊNCIAS
435
Artes Plásticas para alunos com paralisia cerebral: divagações de uma professora de arte Capítulo 25
436
CAPÍTULO 26
437
Atividade Física Adaptada na Paralisia Cerebral Capítulo 26
438
Capítulo 26 Atividade Física Adaptada na Paralisia Cerebral
rentes dos demais indivíduos. Para a realização desta tarefa, eles andaram
com o centro de gravidade mais baixo, aumentaram a variabilidade entre os
membros afetados e diminuíram a variabilidade nos membros não afetados.
Outra constatação foi a de que a maioria desses indivíduos optou por uma
frequência de passadas associada a um menor gasto energético.
Essas estratégias adaptativas na locomoção estariam associadas so-
bretudo à preservação das condições de segurança na realização da tarefa
motora de andar11 e não seriam específicas de populações com paralisia
cerebral, mas comuns a grupos de idosos, pessoas com deficiência visual e
com síndrome de Down3. Tais constatações têm provocado debate em torno
de quais mecanismos, de fato, guiariam os processos de controle motor das
pessoas com deficiência. Gimenez & Manoel3 utilizam a tríade segurança,
conforto e economia para explicar os possíveis mecanismos envolvidos no
controle motor humano. Para esses autores, o sistema de controle motor
opera por meio de uma interação dinâmica entre esses três parâmetros,
sempre numa relação ecológica com o ambiente. Não somente nos casos de
indivíduos com paralisia cerebral, mas também em outras populações com
deficiência, evidencia-se que o sistema de controle motor parece privilegiar
a preservação da segurança, e num segundo momento as condições de con-
forto e economia de energia. Em outras palavras, uma vez, atendidas as
condições de segurança na execução da tarefa motora, é provável que esse
sistema busca assegurar a qualidade por meio de uma execução confortável
e econômica.
Vale ressaltar que, em se tratando de populações com paralisia cere-
bral, esses recursos adaptativos manifestam-se predominantemente diante
da possibilidade de participação em programas de atividade física12,13. É jus-
tamente por esta razão que se sugere que esses indivíduos devam ser sub-
metidos precocemente a tais programas11.
Ao se reconhecer a imensa capacidade de adaptação desses indiví-
duos diante de suas restrições, pressupõe-se uma tendência para a valoriza-
ção de programas de intervenção orientados para criar possibilidades de
adaptação. A concepção oriunda do paradigma da complexidade que permeia
a visão de deficiência e que considera o ser humano como ativo em relação
ao ambiente, e não passivo em relação a ele, sugere uma prática orientada
para o processo de capacitação desse indivíduo e não meramente de reabi-
litação do mesmo. Reconhecidamente, as formas de intervenção convencio-
nais ainda apresentam forte tendência de reabilitação, uma vez que sempre
buscam minimizar problemas ou dificuldades típicas da deficiência à luz do
ideal de um dito “indivíduo normal”. Em essência, ao invés de se procurar
minimizar uma função prejudicada, pauta-se a intervenção pela ampliação
do potencial do indivíduo.
Desse modo, durante os programas de intervenção, os profissionais
deveriam criar mais condições para que os indivíduos solucionassem proble-
mas motores, aos invés de já apresentarem uma proposta motora estereoti-
pada que seja reproduzida por ele. Essa idéia resgata a oposição entre os
conceitos de ação e movimento14. Enquanto os movimentos corresponde-
riam a formas ou meios específicos de realização da tarefa motora, as ações
caracterizar-se-iam pelos fins ou intenções da tarefa motora. Como exem-
plo, teríamos no andar uma forma específica de movimento, ao passo que,
como ação poderia ser destacada a locomoção. Assim, seria esperado que os
diferentes profissionais que realizam trabalhos de intervenção sobre indiví-
439
Atividade Física Adaptada na Paralisia Cerebral Capítulo 26
duos com paralisia cerebral almejassem mais ações do que movimentos es-
tereotipados15.
Essa visão de complexidade nos remete a pensar no processo de
intervenção sobre pessoas com paralisia cerebral relativizado em três níveis
distintos: (a) intervenção orientada à tarefa; (b) intervenção orientada ao
processo e (c) intervenção orientada à função.
Mais especificamente os dois primeiros níveis correspondem a propo-
sições de Gimenez & Gomes (2010)16.
440
Capítulo 26 Atividade Física Adaptada na Paralisia Cerebral
441
Atividade Física Adaptada na Paralisia Cerebral Capítulo 26
Natação
Muito se discute sobre as atividades físicas que envolvem o meio li-
quido como parte do processo terapêutico29, social, recreativo e funcional
para pessoas com deficiência.
A água se manifesta como ambiente facilitador do processo adaptativo,
envolvendo várias possibilidades de deslocamento e resolução de problemas
que podem ser apresentados durante uma sessão de atividade física. Esse
fato coincide com um relaxamento natural em atividades no meio líquido,
proporcionando maior mobilidade articular, estresse biomecânico menor e
resistência geradora de estabilidade para determinados movimentos promo-
vidos pela água30,31.
As atividades adaptadas realizadas no meio liquido podem ser aplica-
das de forma individualizada (observando as especificidades, a proposta
pedagógica, o desenvolvimento das capacidades físicas e motoras, bem como,
a possibilidade de realização de exercícios coordenativos) e de forma coleti-
va (enfocando trabalhos com desafios em grupos, recreação, influências das
restrições aplicadas a tarefa e possibilidades motoras coletivas).
São inúmeros os benefícios que esta atividade pode propiciar, poden-
do apontar alguns como: aumento da capacidade cardiorrespiratória, melho-
ra do desenvolvimento da coordenação motora grossa, melhora nos papeis
sociais nos relacionamentos e facilitação para o processo da autonomia32.
Futebol
Mais conhecido entre pessoas com paralisia cerebral como “futebol de
sete”, esta modalidade desportiva apresenta-se como uma possibilidade
motora de intervenção em programas que buscam a integração de seus par-
ticipantes em ambientes coletivos e que visam grande trabalho de resistên-
cia muscular e atividades sociais.
Apesar destes benefícios, estudos têm apontado para uma preocupa-
ção com riscos de lesões em articulações (principalmente no joelho) que
442
Capítulo 26 Atividade Física Adaptada na Paralisia Cerebral
devem ser levadas em consideração pelo estado sedentário que alguns pra-
ticantes apresentam, relacionados principalmente com a intensidade da ati-
vidade33.
O formato esportivo da modalidade permite apenas que pessoas com
o menor comprometimento proveniente da paralisia cerebral participem do
esporte e apenas um jogador de classe mais afetado tome parte. Outro
ponto interessante a se relatar, que quando se observa apenas aspectos
isolados de determinadas tarefas, deficiências ou modalidades, restringe-se
as possibilidades de adeptos à modalidade. Ex: Neste formato, as popula-
ções cadeirantes não poderiam participar da prática.
Assim, a opção de permitir a pratica por um maior número de pessoas
nos remete a pensar em propostas mais educativas que envolvam o futebol
e a pessoa com paralisia cerebral. Escolas, clubes, academias e ONGs podem
reestruturar seus objetivos tendo em vista a busca da melhora de seus pra-
ticantes durante as próprias sessões. Essas atividades devem transcender
os limites técnicos da observação e do movimento passando a ser significa-
tiva para as pessoas que as praticam34.
Bocha
Considerado um esporte em significativo crescimento para prati-
cantes com paralisia cerebral, essa modalidade pode ser praticada indivi-
dualmente, em duplas ou em equipes. Os materiais são compostos por
seis bolas azuis, seis bolas vermelhas e uma bola branca, em uma quadra
especialmente marcada de superfície plana e lisa. Seu objetivo principal é
aproximar o maior número de bolas na bola alvo. Esta prática corporal
pode ser vista como uma proposta desportiva e competitiva, terapêutica
ou mesmo como atividade de lazer. Esta modalidade requer planejamento
dos participantes, solução de problemas, estratégias e movimentos que
são adaptados (adequados) de acordo com as possibilidades de partição
do competidor. A facilidade de adaptação de recursos tecnológicos e ma-
teriais simples como rampas, calhas ou capacetes com ponteiras têm faci-
litado a participação de pessoas com paralisia cerebral mais severa28. Esta
possibilidade permite um debate em torno do trabalho interventivo no
que tange às habilidades motoras básicas (locomoção, estabilização e
manipulação). As inúmeras possibilidades de arremessar a bola, deslocar
as cadeiras faz com que os praticantes estejam o tempo todo diante de
soluções motoras que transcendam as esferas do jogo formal propria-
mente dito35. Fundamentalmente esta representa uma modalidade fértil
para o desenvolvimento da capacidade motora do controle de força, es-
sencial a qualquer ser humano, e principalmente aos indivíduos com para-
lisia cerebral.
Outro fator importante para o uso da bocha em programas de inter-
venção é o material utilizado. O jogo de bolas de bocha é de material impor-
tado e de difícil aquisição, porém, recursos alternativos viabilizam esta pra-
tica com bolas confeccionadas com meia ou outros materiais que necessitem
que qualquer enchimento. Vale ressaltar que a disposição e a criatividade
também faz-se necessário neste processo.
Polybat
Ainda que na modalidade da Bocha, seja possível incluir um número
considerável de pessoas, o polybat nasceu da necessidade de possibilitar
443
Atividade Física Adaptada na Paralisia Cerebral Capítulo 26
que pessoas que ainda não possuem o perfil motor para a pratica da bocha
e que também não conseguiriam jogar tênis de mesa convencional pudes-
sem usufruir da prática de uma modalidade esportiva. Trata-se de uma
atividade de rebater e que qualquer pessoa que consiga segurar uma ra-
quete e movimentar membros superiores estará apta a realizar36. A mesa é
adaptada para que a bola de jogo não saia desta mesa.
São apontados vários benefícios aos praticantes desta modalidade
que variam desde melhora do controle postural em pé e em cadeira de ro-
das; até uma melhora no alcance das laterais da mesa; melhora do controle
de membros superiores; melhora do controle de força, controle motor fino,
concentração entre outros37-40.
Apesar de ser uma atividade relativamente recente no Brasil, deve-se
considerar que tanto como meio esportivo, como na condição de lazer devem
ser estimulados como novas possibilidades de execução de movimentos.
Dança
Não raro observar-se que após a contemporaneidade, pessoas com
deficiência participam de aulas, ensaios, apresentações e, por muitas ve-
zes, de processos terapêuticos que envolvem a dança. O pressuposto de
que é preciso ser habilidoso ou possuir afinidades com a arte não se sus-
tenta mais e as possibilidades para pessoas com deficiência em prol da
prática dessa modalidade tornaram-se maiores. Porém, em se tratando de
pessoas com paralisia cerebral, invariavelmente, prevalece um quadro no
qual a dança é muito mais terapêutica do que prática corporal adaptada.
A dança para pessoas com deficiência deixou de ser considerada ape-
nas por uma questão estética ou movimento técnico, mas ela se consolida
como uma linguagem apropriada e praticada pelas inúmeras possibilidades
corporais41. Desse modo, faz-se necessário a observação da dança como lin-
guagem não verbal, como possibilidade educacional e de melhor compreen-
são para os relacionamentos interpessoais42.
As experiências motoras aliadas à liberdade de expressar-se, criativi-
dade, de diferentes possibilidades de atingir o mesmo objetivo sem ao me-
nos ter uma cobrança técnica de um movimento estereotipado, tem feito da
dança um estimulo importante aos indivíduos com paralisia cerebral. Em
linhas gerais essa modalidade pode proporcionar aumento da consciência
corporal e da comunicação com o mundo41.
De fato, as potencialidades motoras ficam evidentes quando podemos nos
movimentar. Pessoas com paralisia cerebral que utilizam cadeira de rodas podem
participar de programas de dança utilizando princípios da Dança em Cadeira de
Rodas. Esta modalidade, por sua vez, nasce com o pressuposto da integração
entre pessoas por meio da dança, podendo ser competitiva ou artística43, 44.
A melhora na coordenação motora, socialização, ritmo, percepção
sensorial e de uma série de atividades da vida diária são perceptíveis em
pessoas que são submetidas a este tipo de programa45.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
444
Capítulo 26 Atividade Física Adaptada na Paralisia Cerebral
REFERÊNCIAS
445
Atividade Física Adaptada na Paralisia Cerebral Capítulo 26
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446
Capítulo 26 Atividade Física Adaptada na Paralisia Cerebral
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447
CAPÍTULO 27
449
Atuação da Terapia Ocupacional na Paralisia Cerebral Capítulo 27
450
Capítulo 27 Atuação da Terapia Ocupacional na Paralisia Cerebral
influência desta condição no seu dia a dia, de maneira que o indivíduo vivencia
uma exclusão que é “pessoal, antes de ser social”2. A proposição de uma
intervenção que valorize a saúde mental do sujeito atendido e que tenha a
vida cotidiana como objeto e a inclusão social como objetivo, configura uma
prática a ser realizada em todas as áreas de atuação, independente da espe-
cificidade de uma condição de saúde.
Tomando como exemplo uma criança de sete anos com PC, pergunta-
se: Quais as atividades típicas desta faixa etária em determinado contexto
sócio-cultural? Em geral, espera-se que esta criança brinque sozinha e em
grupos, frequente a escola e tenha independência para realizar as atividades
de vida diária. O conhecimento destas realidades faz com que o terapeuta
tenha dados para direcionar sua intervenção e perguntar: E a criança com PC,
o que ela faz? As atividades do seu cotidiano são semelhantes às das crianças
de sua faixa etária no contexto em que está inserida? Se não, por quê? O que
a impede de realizar? Quais recursos poderiam lhe auxiliar?
A resposta a estes questionamentos dependerá, entre outros elemen-
tos, de uma formação profissional que contemple o conhecimento de sinto-
mas e características específicas da PC e a avaliação de componentes de
desempenho7, como as habilidades cognitivas, sensoriais, perceptivas, mo-
toras, práxicas, emocionais e sociais relacionadas às atividades em questão.
Além disso, incluem-se os procedimentos que possam promover os cuida-
dos que esta condição de saúde demanda, favorecer o aprendizado de habi-
lidades e o desempenho nas atividades, como as técnicas propostas pelo
Método Neuroevolutivo Bobath, pela Integração Sensorial, por Brunnstrom,
Beziérs e as teorias sobre o desenvolvimento cognitivo8.
Blanche (2000)9 identifica que a PC pode ter como conseqüência difi-
culdades inerentes ao próprio diagnóstico ou estabelecidas pela relação com
o ambiente. No que diz respeito ao diagnóstico, o sujeito com PC pode apre-
sentar restrições em relação:
a) ao movimento, que lhe impede, entre outros elementos, de desen-
volver sua coordenação visual e motora, acessar ou explorar ativamente o
ambiente, expressar sua espontaneidade e motivação na realização de ativi-
dades;
b) ao processamento sensorial, que interferem, por exemplo, na mo-
dulação dos estímulos sensoriais, na manutenção da atenção, na escolha dos
diferentes materiais e atividades;
c) às capacidades cognitivas, que podem determinar a maneira como
o sujeito interpreta os estímulos do ambiente e estabelece relações.
Em relação ao ambiente, o sujeito pode vivenciar restrições físicas -
como a falta de materiais adaptados, que favoreçam sua participação nas
atividades e as barreiras arquitetônicas, que dificultam sua circulação pelas
ruas e edificações públicas - e sociais - como a dificuldade nas relações
interpessoais, em função de concepções e valores construídos acerca da
deficiência, que podem resultar em superproteção ou preconceito, configu-
rando as barreiras atitudinais.
Os fatores inerentes ao diagnóstico, somados aos ambientais, contri-
buem para que o sujeito com PC vivencie uma condição de dependência e
falta de autonomia e, consequentemente, apresente dificuldades na estrutu-
ração de uma vida cotidiana composta por atividades pertinentes à sua faixa
etária e ao seu contexto de vida. Dessa forma, a identificação destes fatores
se torna fundamental para a construção do projeto terapêutico.
451
Atuação da Terapia Ocupacional na Paralisia Cerebral Capítulo 27
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Capítulo 27 Atuação da Terapia Ocupacional na Paralisia Cerebral
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Capítulo 27 Atuação da Terapia Ocupacional na Paralisia Cerebral
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Atuação da Terapia Ocupacional na Paralisia Cerebral Capítulo 27
Com esta cadeira, Márcia também foi estimulada a se deslocar com mais inde-
pendência durante as terapias individuais e em grupo, adquirindo maior con-
fiança para se movimentar sozinha entre os ambientes de sua casa e da escola.
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Capítulo 27 Atuação da Terapia Ocupacional na Paralisia Cerebral
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Atuação da Terapia Ocupacional na Paralisia Cerebral Capítulo 27
REFERÊNCIAS
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Capítulo 27 Atuação da Terapia Ocupacional na Paralisia Cerebral
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CAPÍTULO 28
463
Atuação da psicologia junto ao paciente com paralisia cerebral Capítulo 28
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Capítulo 28 Atuação da psicologia junto ao paciente com paralisia cerebral
Observação lúdica - permite ter noção das relações entre afeto e cognição. Por
meio do ludodiagnóstico é possível avaliar as representações dos conflitos básicos
da criança tanto do ponto de vista evolutivo (comportamentos adequados ou não
para a idade), quanto patológico (ansiedade, defesas predominantes, relações
objetais, etc.). O ludodiagnóstico também permite a análise dos aspectos cognitivos
subjacentes ao comportamento da criança e que sejam relevantes para a prática
terapêutica.
465
Atuação da psicologia junto ao paciente com paralisia cerebral Capítulo 28
REFERÊNCIAS
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466
CAPÍTULO 29
INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS NA PARALISIA CEREBRAL
467
Intervenções pedagógicas na paralisia cerebral Capítulo 29
468
Capítulo 29 Intervenções pedagógicas na paralisia cerebral
469
Intervenções pedagógicas na paralisia cerebral Capítulo 29
A Ficha de Observação abaixo é baseada nas organizadas por Vítor da Fonseca6 para
identificar dificuldades de aprendizagem em alunos na fase de alfabetização. Foram
incluídos e subtraídos itens para adequar a um aluno PC.
Escala de pontuação:
1 - Dificuldades 2 - Evolução adequada 3 - Boa evolução
(áreas fracas) (áreas hesitantes) (áreas fortes)
(–) (+–) (+)
ÁREAS DE COMPORTAMENTO
2) Pré-aptidões da Leitura
2.1 - Discriminação visual de figuras .................................................... 1 2 3
2.2 - Discriminação visual de letras ..................................................... 1 2 3
2.3 - Nome de letras (vogais e consoantes) .......................................... 1 2 3
2.4 - Sons de letras ........................................................................... 1 2 3
2.5 - Silabação .................................................................................. 1 2 3
2.6 - Consegue identificar as letras de seu nome ................................... 1 2 3
2.7 - Consegue identificar os números de 0 a 9 ..................................... 1 2 3
2.8 - Discriminação visual de palavras .................................................. 1 2 3
2.9 - Memória Visual .......................................................................... 1 2 3
2.10 - Vocabulário ............................................................................... 1 2 3
3) Aptidões da Leitura
3.1 - Postura corporal ........................................................................ 1 2 3
3.2 - Atenção e segurança .................................................................. 1 2 3
3.3 - Compreensão e Interpretação ..................................................... 1 2 3
3.4 - Desenvolvimento de conclusões .................................................... 1 2 3
3.5 - Velocidade da leitura ................................................................... 1 2 3
4) Linguagem Falada
4.1 - Vocabulário (verifica-se qual o vocabulário ativo.
Leva-se em consideração como o indivíduo se comunica: através da fala ou
prancha de comunicação ou sinais) ........................................................ 1 2 3
4.2 - Formulação de idéias ( considera-se como expressa idéias) ............. 1 2 3
5) Orientação Espacial
5.1 - Orientação espacial (reconhece: em cima/embaixo; à frente/atrás; ao
lado de e entre) ......................................................................... 1 2 3
5.2 - Julgamento de noções; pequeno/grande; perto/longe; pesado/leve;
à frente/atrás; etc ....................................................................... 1 2 3
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Capítulo 29 Intervenções pedagógicas na paralisia cerebral
6) Coordenação de Movimentos
7) Criatividade
7.1 - Curiosidade ................................................................................ 1 2 3
7.2 - Exploração .................................................................................. 1 2 3
7.3 - Espontaneidade ........................................................................... 1 2 3
8) Comportamento Social
8.1 - Cooperação ................................................................................ 1 2 3
8.2 - Atenção ...................................................................................... 1 2 3
8.3 - Independência ............................................................................ 1 2 3
8.4 - Organização ................................................................................ 1 2 3
8.5 - Adaptação a novas experiências .................................................... 1 2 3
8.6 - Relação com o adulto ................................................................... 1 2 3
8.7 - Noção de responsabilidade ........................................................... 1 2 3
8.8 - Finalização de tarefas .................................................................. 1 2 3
8.9 - Agressividade ............................................................................. 1 2 3
8.10 - Impulsividade ............................................................................. 1 2 3
8.11 - Inibição ...................................................................................... 1 2 3
CONSIDERAÇÕES GERAIS
471
Intervenções pedagógicas na paralisia cerebral Capítulo 29
plo, que as inclui e supera. Essa é a paisagem que se deve abrir: tanto para
quem faz da diferença uma discriminação, quanto para quem, para evitar
uma discriminação, nega a diferença5.
O processo de inclusão de alunos com PC no ensino regular, embora
amparado por lei, é ainda muito frágil. Por apresentarem vários comprome-
timentos associados, eles acabam encontrando grandes obstáculos ao serem
apenas inseridos nas classes regulares. Colocar indivíduos com déficit motor
na sala comum não representa homogeneização e esperar que as vantagens
sociais dadas pela proximidade com colegas sem déficit compensem de algu-
ma forma seu handicap pode ser classificado como ingenuidade ou má fé.
Existe, como já dito, a necessidade da escolha de sistemas alternativos
de comunicação e adaptação de materiais pedagógicos desenvolvidos para
atender as características específicas desses educandos e principalmente à de
ter na coordenação professores que compreendam o que é Paralisia Cerebral.
Como diz Vítor da Fonseca: “É óbvio que é necessário conhecer a
estrutura e o funcionamento do cérebro para melhor compreendermos as
suas relações dinâmicas e complexas na aprendizagem”6. É sabido que o
professor sem especialização não tem esse conhecimento. E ele acrescenta:
“A aprendizagem é um produto da experiência que se concretiza numa mu-
dança adquirida de comportamentos, onde estão em jogo condições internas
e externas, inerentes ao indivíduo e ao seu desenvolvimento”.
A condição para que esses alunos possam ser incluídos verdadeira-
mente, ou seja, tendo suas singularidades e diferenças respeitadas, é ofere-
cer-lhes acesso real, o que não se resume em criar rampas, mas em dar
possibilidades de êxito educacional. Para os portadores de PC também, estar
na escola tem por finalidade a apropriação de conhecimento e não somente
inserção social.
Muitas vezes para conseguir o melhor resultado é necessário adotar
medidas desiguais, ou seja, para que um aluno com múltiplas deficiências
aprenda, se interesse, se envolva com o conteúdo, é necessário criar formas
originais de apresentá-lo.
O QUE FAZER
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rança, o que gera novas descobertas que levarão a fases sucessivas de de-
senvolvimento.
Gardner in Ferrari (2008)11 sustenta que as inteligências não são ob-
jetos que possam ser quantificados, e sim, potenciais que poderão ser ou
não ativados, dependendo dos valores de uma cultura específica, das opor-
tunidades disponíveis nessa cultura e das decisões pessoais tomadas por
indivíduos e/ou suas famílias, seus professores e outros.
A anamnse12 abaixo é uma coletânea de perguntas relevantes para
um bom atendimento. Porém, cabe ressaltar que cada profissional deve montar
sua própria ficha de identificação de acordo com seus alunos.
FICHA INFORMATIVA
DADOS PESSOAIS
Nome:
Data de Nascimento: / /
Endereço:
CEP: Telefone:
HISTÓRICO ESCOLAR
Escola atual:
Dificuldades informadas pela escola:
ORGANIZAÇÃO FAMILIAR
FILIAÇÃO:
Pai:
Data de Nascimento: / /
Profissão:
Telefone: Celular:_________________________
E-mail:
Mãe:
Data de Nascimento: / /
Profissão:
Telefone: Celular:
E-mail:
Irmãos:
Número: Posição da criança:
Nº de sexo masculino: Nº de sexo feminino:
Pessoas com quem a criança reside:
Observações sobre a estrutura familiar:
Responsável:
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Intervenções pedagógicas na paralisia cerebral Capítulo 29
HISTÓRICO MÉDICO
PRÉ-NATAL
Idade da mãe quando engravidou:
Nº de gestações:
Gravidez planejada:
Doenças na gravidez:
Deficiências na gravidez:
Consanguinidade:
Medicação de risco durante a gestação:
Vícios:
Ocorrências durante a gestação:
CONDIÇÕES DE NASCIMENTO
PARTO:
Normal ( ) Cesariana ( ) Prematuro ( ) Fórceps ( )
( )
Choro espontâneo:
Anoxia:
Apgar:
Convulsões:
Infecções:
Diagnóstico:
DESENVOLVIMENTO
SAÚDE
Doenças infantis:
Problemas de saúde:
Tratamento e medicação:
Acidentes, quedas, traumatismos:
VISÃO
Usa óculos:
Diagnóstico:
AUDIÇÃO
Usa aparelho auditivo:
Diagnóstico:
Observações:
MOTOR
- Tem controle de cabeça:
- Idade com que firmou a cabeça:
- Tem controle de tronco:
- Idade com que sentou:
- Arrasta-se:
- Idade que iniciou o movimento de arrastar-se:
- Engatinha:
- Idade que iniciou a engatinhar:
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Capítulo 29 Intervenções pedagógicas na paralisia cerebral
ASPECTOS SÓCIO-COMPORTAMENTAIS
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Intervenções pedagógicas na paralisia cerebral Capítulo 29
Ajuda na hora das trocas (estende os braços e pernas, puxa as meias com
apoio, etc.)
Demonstra autonomia para trocar de roupa:
TERAPIAS
FISIOTERAPIA:
Nº de vezes na semana: ( )
FONOAUDIOLOGIA:
Nº de vezes na semana: ( )
TERAPIA OCUPACIONAL:
Nº de vezes na semana: ( )
HIPOTERAPIA:
Nº de vezes na semana: ( )
NATAÇÃO:
Nº de vezes na semana: ( )
PSICOLOGIA:
Nº de vezes na semana: ( )
OUTRAS:
Data da entrevista: / /
Pessoas presentes:
Observações:
CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
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5. Pontiggia G. Nascer duas vezes. São Paulo: Companhia Das Letras; 2002.
p. 28-29 / 36-37
6. Fonseca V. Introdução às Dificuldades de Aprendizagem. 2. ed. Porto
Alegre: Artes Médicas; 1995. P148
7. Winnicott, D. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago; 1975.
8. Piaget, J. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar;
1978
9. Coll, C. Piaget, o construtivismo e a educação escolar: onde está o fio
condutor? In: Substratum: Temas Fundamentais em Psicologia e Edu-
cação, v.1, n.1 (Cem Anos com Piaget). Porto Alegre: Artes Médicas;
1997.
10. Bee H. A Criança em Desenvolvimento. 3ed.São Paulo: Harbra; 1984
11. Ferrarri M. Pedagogia Howard Gardner. In Educar para crescer- escola
Acesso em: 01/07/2008. Disponível em: http://educarparacrescer.
abril.com.br/aprendizagem/howard-gardner-307909.shtml?page=page3
12. Brasil. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Estado de Educa-
ção. Estado de São Paulo. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagó-
gicas. Serviço de Educação Especial. Ficha informativa
13. Proença, IF. Inclusão começa em casa um diário de mãe. São Paulo:
Ágora; 2005
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75
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quarta-feira, 6 de maio de 2015 13:09:59