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IWAGBAYE IFÁ

GRUPO DE ESTUDOS DE IFÁ

TEXTO 03-OLÓRUN, OLÓDÙMARÈ, ÈLÀ, OBÀTÁLÁ


ÀTI ODÙDÚWÀ
TEXTO ORIGINAL: AWO FA'LOKUN FATUNMBI
IWAGBAYE IFÁ
O CONCEITO IFÁ DOS PRINCÍPIOS
FUNDAMENTAIS DA CRIAÇÃO

Dentro da instrução oral de Ifá,


se expressa a idéia de que
Olórun, Olódùmarè e Elà são as
três “Deidades Celestiais” que
guiam a interação entre tudo o
que É (Existe). Em termos
religiosos ocidentais elas
representam a Fonte Ifá da
Manifestação Divina. A
astrologia descreve estes três
princípios como cardinal, fixo e
mutável.
Ifá representa o conceito religioso da Deidade Fixa por meio do
símbolo de Olórun. Ifá ensina que Olórun é a Divina Fonte de tudo aquilo
que É, através de sua consciência originária. Ifá representa o conceito
religioso da Deidade Cardinal por meio do símbolo de Olódùmarè. Ifá
ensina que Olódùmarè é a Divina Fonte de tudo aquilo que chega a ser
manifesto em um Universo. Ifá representa o conceito religioso de Deidade
Mutável por meio do símbolo Elà. Ifá ensina que Elà é a Divina Fonte do
poder de se manifestar.
Segundo a cosmologia de Ifá, as Deidades Celestiais existiam em
Ikòlé Òrun previamente a Criação. No momento da Criação, Olódùmaré e
Elà começaram o processo de dar forma ao universo. Juntos, controlaram o
asè de expansão e contração. Se acredita que a interação entre expansão e
contração ocorre em padrões firmemente consolidados que são
representados pelas marcas simbólicas do Odù. O àse da Criação chegou
pela primeira vê a se fazer manifesto na foma de Imolè, que são os padrões
dos Odù em sua forma originária. Ao tomar estes padrões forma e
substância, se tornaram Igbamolè, as Forças invisíveis da Natureza que
guiam a formação do futura mudança evolucionária. Com a Criação da Terra,
os Odù se expressaram a si mesmos como Irúnmolè, que são as Forças
visíveis da Natureza que criam a estabilidade ecológica do planeta. Usando
o meio ambiente criado pelos Irúnmolè, os Odù começaram a expressar-se
nos animais que povoaram a Terra. Este processo é descrito por Ifá como a
descida do àse desde Ikòlé Òrun até o Ikòlé Ayé.
Na cosmologia de Ifá, a descida do àse é descrita como tendo lugar
em uma cadeia de eventos. Interpreto esta cadeia como os códigos
genéticos que guiam a evolução de todas as coisas viventes. Os códigos
genéticos estão agrupados em cordas de proteínas que formam um padrão
de hélice. Quando a hélice portadora dos genes é observada por meio de
um microscópio eletrônico, se parece muito com uma cadeia. A cosmologia
de Ifá parece sugerir que esta hélice existe mas alem do reino das plantas e
dos animais, e guia o desenrolar de todas as coisas.
Usando os símbolos de Ifá, é possível interpretar a evolução de um
modo que parece paralelo a alguns dos atuais conceitos ocidentais da
cosmologia. O Orò de Olódùmarè é a palavra de poder que fez pulsar e pós
a Criação em movimento. Em astrofísica esta palavra de poder se descreve
como o Big Bang, que foi a explosão originária que gerou toda a energia e a
matéria que existem no universo. Ifá chama a substância desta explosão de
àse, enquanto que a ciência a chama de eletromagnetismo. A primeira Força
Espiritual a chegar a manifestação física foi Elà. A palavra Elà se traduz
geralmente como “Espírito de Pureza”; sem embargo, a palavra também
sugere “partir em pedaços”ou “pequeno fragmento divino”.
Ao fragmentar-se o Mundo, desenrolou forças de expansão ou
radiação, e contração ou gravidade. Utilizando um sistema interno de guia,
as forças de gravidade e radiação geraram os primeiros átomos de
hidrogênio, que são as estruturas atômicas mas simples dentro da escala de
elementos. Alguns físicos chamariam a este sistema interno de guia a
consciência material das partículas subatômicas. Em Ifá, este sistema interno
de guia se chama orí. Segundo a teologia de Ifá, a estrutura do átomo
abarca o acordo entre Olórun e os próprios átomos. A manifestação deste
acordo, o potencial, está limitado pela estrutura da gravidade e da radiação.
A estrutura do átomo é a mais branda das manifestações dos Odù que pode
ser descrita pela observação e a análise.
Depois da formação dos átomos de hidrogênio, a força de
Olódùmarè juntou massas grandes de átomos de hidrogênio. Isto causou
uma reação chamada de fusão nuclear, que foi criada por átomos de
hidrogênio em explosão, no núcleo das estrelas de primeira geração que
estão espalhadas ao longo do eixo do Universo. Em Ifá este processo está
simbolizado pelo Odù Iwòrì Mejì. A banda da radiação emitida pelas estrelas
cria o espectro completo da Luz, que é uma expressão da expansão de Elà.

Ao diminuir o combustível no centro


das estrelas de primeira geração,
algumas delas entraram em colapso
sobre si mesmas, criando a fusão
nuclear. O efeito da fusão nuclear é
absorver a luz, convertendo a estrela
num buraco negro. Em Ifá, a ausência
de luz está simbolizada pelo Odù
Oyèkú Méjì. Quando a matéria no
centro do buraco negro alcança uma
certa densidade, a fusão nuclear cria
uma explosão, enviando uma grande
nuvem de gás ao espaço. Em Ifá, este
processo está simbolizado pelo Odù
Odí Mejì. A nuvem de gás criada pela
fusão está composta de elementos
que são mais complexos que os
átomos que existem na estrela
original. Em Ifá, a nuvem de Luz está
simbolizada pelo Odù Ogbé Mejì.

As nuvens de gás que estão compostas de átomos complexos passam


pelo mesmo processo de nascimento, vida, morte e renascimento que
caracteriza o ciclo da vida de uma estrela de primeira geração. Este é o ciclo
vital básico que está simbolizado pelo bandeja (opon ifá) ou pela esteira de
divinação. Cada estrela que passa por este ciclo está expressando o acordo
básico entre cada estrela e Olórun. Neste momento da Criação a natureza
expressa variação e diversidade. A idéia de variação e diversidade está no
centro de quaisquer compreensão esotérica dos Odùs. O gás criado pela
estrela de primeira geração forma uma estrela de segunda geração, debaixo
da influência da gravidade ou contração de Olódùmarè. A radiação emitida
por uma estrela de segunda geração tem a capacidade de criar nuvens de
gás que formam corpos solares chamados planetas. Ifá chama a estrela de
segunda geração em nosso sistema solar Olofin. Dentro de Ifá existe um
sistema de astrologia chamado Gede. A função de Gede é a de
correlacionar a influencia dos planetas com Odù específicos, e tratar a
influencia desses Odù na topografia da paisagem.

Na Terra, a força de contração mantém a forma do planeta. Ao


mesmo tempo, a força de expansão gera impulsos magnéticos desde as
regiões polares. Em formas que só estão começando a serem
compreendidas por meio da ciência de Gaia (ecologia), os impulsos
magnéticos das regiões polares ajudam a regular a evolução da vida na
terra. Esta polaridade contida e auto regulada entre as forças de expansão
(ire) e contração (ibi) é o que sustem o tipo de meio ambiente, permitindo
que a vida floresça. Dentro desta polaridade existe um amplo raio de
expressões do acordo entre as coisas viventes e Olórun. Os Odù que antes
haviam se expressado em reações atômicas simples evoluíram para
expressarem um inumeráveis variações, em todos os sistemas ecológicos
pela largura e comprimento do planeta.
Segundo a cosmologia de Ifá, a descida de àse ao reino físico inclui a
descida do àse da consciência humana (orí). Ifá ensina também que dentro
de cada alma humana existe um registro de toda a história da evolução.
Parte desta história inclui a manifestação de Odù tal como existem em nossa
vida e destino individuais. Devido a importância deste registro Ifá considera
que todas a cada uma das cabeças humanas são altares sagrados. Cada
cabeça é sagrada porque é uma parte da matriz infinita que leva em si
mesma a unidade subjacente da Criação. É a nossa capacidade de acessar
este registro que serve como fundamento de awo.
Do templo de Orí surge a possibilidade de crescimento e
transformação. A estrutura deste templo é claramente descrita nos
ensinamentos esotéricos de Ifá. Dentro do Orí existe a possibilidade de
integrar a relação originária entre Olórun, Olódùmarè e Elà. Ifá ensina que o
alento da vida é o Don de Olódùmarè. Em yorùbá, a palavra para “alento” é
èmí, e èmí é também a palavra usada para “espírito”. O èmí é aquela parte
do ser que permanece eterna. O èmí também leva em si mesmo o acordo
original entre o indivíduo e o orí. Para acessar ao conteúdo deste acordo é
necessário equilibrar as forças opostas de contração e expansão que surgem
do àse. A força de contração está assentada dentro do corpo físico, que em
yorùbá se chama ara. Tanto o ocultismo ocidental como Ifá ensinam que o
corpo físico é controlado pelo centro de poder localizado no coração. A
força de expansão é controlada pelo centro de poder localizado entre os
olhos. No ocultismo ocidental este centro de poder se chama “terceiro
olho”. Em Ifá este centro de poder se chama Eledáà, que significa “O
Criador”.
A chave para equilibrar as forças de expansão e contração é por a
cabeça e o coração em alinhamento. Porém antes de que este alinhamento
possa ter lugar cada polaridade deve ser isolada e completamente apreciada
antes de que qualquer intento de integração possa começar. Em Ifá o poder
de expansão é acessado por meio do Orí Inú. O Orí Inú é o self interior, que
é a base de todo conhecimento. O processo de alienação com Orí Inú
implica em cascas e capas de auto engano e egotismo que desviam a
responsabilidade pelo crescimento espiritual para fora do self. O processo
de alinhamento com as forças de expansão implica uma estimação honesta
da relação emocional entre self e mundo. Todos os corpos humanos são
mantidos com vida pelo coração físico, que em yorùbá se chama okan.
Dentro de okan existe um coração interior que é o assento das emoções.
Este coração interior se chama ègbè. Acessar à ègbè requer a capacidade
de identificar e expressar aquelas emoções que afetam nossas percepções
do self e mundo. Quando se faz isto, o orí inú pode ser usado para
determinar se as emoções são apropriadas a cada circunstância.
Egbè e orí inú estão unidos no pescoço por meio de um centro de
poder que se conhece como Esù ni’pàkó, que significa “o Mensageiro Divino
na nuca”. Quando alguém começa o processo de alinhamento entre as
forças de contração e expansão, deve-se ser capaz de fazer a distinção entre
a visão mística e a projeção de uma fantasia. A visão mística ocorre quando
o coração e a cabeça estão em equilíbrio, e a consciência então se vê
receptiva a voz da Natureza. A projeção da fantasia ocorre quando a cabeça
e o coração estão em oposição, e a mente busca sua própria limitada
resolução deste conflito. Todas as limpezas da nuca prescritas pela divinação
de Ifá estão desenhadas para aumentar o alinhamento que conduz a uma
visão Mística honesta e sincera.
O próximo passo no alinhamento implica identificar o Odù que se
encarna no orí inú do indivíduo. Quando este Odú é assinalado, é possível
determinar qual Òrìsà está associado com o orí inú desta pessoa. Se
entende que a iniciação nos mistérios deste Òrìsà é um esforço para criar
maior profundidade de auto compreensão, formando um laço entre Odù tal
como existe no self e o Odù tal como existe no Mundo.

Ifá gbe wa o,
Babarinde Ayoka Ifasowunmi Oyekale.
terça-feira 10 de maio de 16.

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