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Utilização especial da língua

Rítimo que caracteriza o texto, a natureza do que se comunica, distribuição das palavras no
papel.

O objeto deixa de ser ele mesmo para alcançar a condição de símbolo, ganha uma significação
que vai além da concreta e passa a existir somente em função o conjunto em que a palavra se
encontra (como a rosa em A Rosa do Povo).

A fala comum caracteriza-se pela transparência, deseja se fazer entender, enquanto a


linguagem literária vale-se em trabalhar o significante, pois o significado é dado pelo
leitor/receptor. A multisignificação/pluralidade/significado em aberto também é característica
trabalhada pelo uso especial da língua.

Literariedade
Especificidades que fazem de uma determinada obra, uma obra literária.

-Complexidade
O texto literário ultrapassa o limite da simples reprodução. Além do objeto linguístico, ele é
também objeto estético. Esta estética está voltada para o estranhamento, a “deformação” da
linguagem cotidiana, o desvio da linguagem, para que esta se transforme em algo não familiar,
dando ressignificação às coisas.

-Multisignificação
A literatura cria significantes com significados ambíguos e plurais

A tradição literária recompõe-se à medida em que uma nova obra chega, provocando um
rearranjo (ver valor literário). A significação que o tempo agregou aos vocábulos é diacrônica,
porém, a significação das palavras dispostas no texto, é sincrônica.

Não apenas no âmbito temporal, mas também no sociocultural, podemos verificar uma
mudança no ponto de vista. “Interpretamos as obras literárias, até certo ponto, a luz de
nossos próprios interesses”, (Terry Eagleton).

Todas as obras literárias são reescritas, mesmo que inconscientemente, a cada nova releitura.

-Predomínio da conotação
A linguagem literária está carregada de traços significativos que é agregada a ela a partir do
processo sociocultural complexo da língua.

O texto pode abrigar elementos de realidades concretas, mas dessa mesma forma apresentar
a imagem desreal e ambígua quando ligada a outros elementos que fazem o texto.

-Liberdade na criação
Não existe “gramática normativa” para o texto literário, visto que a literariedade é também
um desvio. Este desvio será provavelmente intencional e motivado, por isso, para
compreendê-lo ou analisá-lo, é preciso ter conhecimento acerca da norma da qual se está
desviando.

Na maioria dos casos a obra traz em si mesma suas próprias regras.

Ênfase no significante:
Uso especial da língua, a ênfase no significante quer dizer que não há desinteresse em seu uso.

A estética, a deformação, é trabalhada no significante, deixando que a partir deste trabalho o


leitor crie um significado, inventando um símbolo que muitas vezes só existe no texto.

-Variabilidade
A variabilidade está ligada ao valor literário. Quando dizemos que a literariedade é
característica que torna um texto literário, e dizemos também que uma destas características é
a “estranheza” e o “desvio da norma”, devemos considerar que a “estranheza” de um texto
não significa que ele foi sempre, em toda parte, estranho. Ou seja, o desvio da norma, visto
que as normas são mutáveis, também muda.

O juízo de valor que usamos para designar o que é literatura ou não, muda. E estamos
acostumados a julgar a qualidade de um texto literário proporcionalmente ao texto possuir ou
não os aspectos de literariedade que valorizamos.

O valor é um termo transitivo, tudo o que é considerado valioso para certas pessoas, em certas
situações, de acordo com critérios específicos, com bjetivos específicos. O que faz o ato de
significar algo como literatura e qualifica-la, uma coisa extremamente sensível.

O valor é sempre um atestado de exclusão. Quando se diz que uma coisa tem valor e é
literatura, quase sempre se está dizendo que alguma outra coisa não é.
Funções da “desfamiliarização/estranheza” na literatura
Na rotina da fala cotidiana, nossas percepções e reações acerca da realidade, se tornam
embotadas, apagadas e “automatizadas”.

A literatura, impondo-nos uma consciência diferente da linguagem, renova essas reações


habituais, tornando os objetos mais perceptíveis do que em nossa realidade. Assim renova-se
a sensibilidade linguística, desabituando as formas habituais de sua percepção e intensificando
as experiências. A literatura dá ressignificação às coisas.

Porém, devemos ressaltar que nem todo uso interessado na linguagem ou estranheza nela
causada, é literatura. Assim como nem sempre uma parte solta de um texto literário nos causa
estranheza de linguagem.

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