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Wings Traduções
Tradução: Angel
Revisão Inicial: Gleisse
Revisão Final: Mika
Leitura Final: Diana
Verificação: Aurora
Formatação: Angel
10/2020
Aviso
LIVRO TRADUZIDO E DISPONIBILIZADO
GRATUITAMENTE, VISANDO DAR ACESSO AO
LEITOR À LIVROS SEM PREVISÃO DE
LANÇAMENTO NO BRASIL.
Os Draugur e os Baetal.
Eles não podem ser conhecidos.
Não são vistos.
Eles vivem de acordo com uma regra: sua
existência depende de sua própria inexistência.
CAPÍTULO 1
1
Staccato é um termo musical usado para indicar que duas notas devem ser tocadas com uma pausa
brusca entre elas.
— Ainda estou chateada com você, — eu
ofego, mas meu corpo me trai, minha boceta
encharcada em segundos após o contato. Ele
arrasta a boca pela parte superior dos meus
seios, gemendo de prazer.
Sinto-me mais viva do que em semanas,
como se tocasse uma tomada elétrica e meu
corpo inteiro pulsasse com energia. Eu tenho
uma liberação perfeita para a onda de
necessidade e desejo que tomou conta de mim.
Sexo. Seus dedos deslizam sob minha camisa,
segurando minha carne inchada e pesada em
uma mão, rolando meu mamilo com os dedos
enquanto captura meus gemidos em sua boca.
Eu não deveria estar fazendo isso. Ele me
traiu. Estou furiosa com ele por tudo. Mas não
posso evitar. Não posso deixar de ser egoísta e
ter um pouco de prazer com ele para mim.
Posso usá-lo como ele me usou e depois me
afastar.
— Deus, estou feliz que você esteja usando
uma saia. — Ele arfa quando finalmente rompe
nosso beijo, seus dedos passando pela barra da
minha saia e pelos meus quadris antes que
rasgue minha calcinha. É preta e rendada, e
por um momento estou desapontada por ele
não ter visto o modo como ela ficava no meu
corpo antes de destruí-la. A cabeça do seu pau
pressiona contra as minhas dobras e agora
nada mais importa.
— Não me provoque, Arsen. — Eu prendo
meu joelho atrás de sua coxa, inclinando meus
quadris para cima, me preparando para sua
entrada. Ele me ignora, me segurando antes de
deslizar dentro de mim em um impulso áspero.
— Porra. — Suspiro e tranco meus tornozelos
atrás de sua bunda, aproveitando o ângulo
exato que quero.
Coloco uma mão contra a parede, a outra
enrolada na parte de trás de seu pescoço
enquanto ele bate em mim, seu ritmo instável.
— Jesus, Sasha. Nada se compara com sua
boceta ao meu redor. Você foi feita para mim,
baby.
Ele desliza sobre o ponto doce dentro de
mim, seu intenso olhar fixo no meu enquanto
mordo meu lábio, lutando para ficar quieta
enquanto ele acende cada terminação nervosa
como uma porra de fósforo na gasolina. Agarro
seus ombros, precisando de algo para segurar
enquanto salto em seu pênis, minhas unhas
afundando nele. Eu balanço meus quadris,
esfregando meu clitóris contra ele com cada
impulso que ele dá. Minha boceta aperta forte
em torno de seu comprimento duro enquanto
meu orgasmo me atinge sem aviso.
— Arsen. Tão bom pra caralho. — Abafo
meus gritos em seu pescoço, quase chorando
pela intensidade.
— Isso mesmo, baby, — ele murmura no
meu cabelo, empurrando cada vez mais rápido.
— Porra, eu amo estar dentro de você. — Suas
palavras se tornam rosnados ininteligíveis, e ele
perde o ritmo antes de soltar um rugido, a
cabeça jogada para trás, o pau latejando
enquanto me enche com sua liberação quente.
Ele se inclina contra mim, sua respiração
quente contra o meu peito, onde sua cabeça
repousa no meu ombro. O brilho pós-sexo
desaparece lentamente até que o ar frio da noite
atinge minhas pernas nuas. O arrependimento
é um gosto amargo na minha língua quando
solto meus tornozelos, recostando-me o máximo
que posso para colocar espaço entre nós. Ele
me coloca no chão suavemente, seu olhar
cauteloso enquanto avalia minha resposta ao
que acabou de acontecer.
Desvio o olhar, incapaz de encontrar seu
olhar esperançoso. Empurro minha blusa para
baixo, desenrolando minha saia de onde ela
subiu até minha cintura e torço até que o zíper
esteja centralizado. Minhas roupas estão uma
bagunça enrugada, minha calcinha
desapareceu em algum lugar no beco escuro, e
agora que o sangue de Arsen nada nas minhas
veias, minha mente está completamente clara.
O que diabos acabei de fazer?
— Por que você estava me esperando? Na
esperança de me convencer a ajudá-lo? —
Engasgo na acusação, ainda me atrapalhando
para colocar meu cabelo de volta no rabo de
cavalo que estava usando para trabalhar no
laboratório.
— Não, só queria falar com você. Eu sinto
muito sua falta. — Ele aponta para o carro
estacionado a alguns metros de distância. —
Você tem sorte de eu ter encontrado você.. Por
que você simplesmente não dirigiu até o portão?
— Eu não estava no meu juízo perfeito, e
você sabe disso. Que tipo de idiota tira
vantagem disso? — Eu ainda sinto sua pele
contra a minha, e minha boceta está doendo
pela segunda rodada. São necessários dois para
dançar o tango, e a culpa não é toda dele. Sou
uma mulher crescida e poderia ter parado o que
estávamos fazendo. Em vez disso, escolhi ser
egoísta e tirar o prazer dele. Franzo a testa com
meus próprios pensamentos, rezando para que
ele não possa dizer o quanto quero deixá-lo nu
e transar com ele corretamente.
Ele zomba, fechando as calças. — A única
coisa que fiz foi dar exatamente o que nós dois
precisávamos.
— Não é a mesma desculpa que você usou
quando trapaceou no Provokar? Você poderia
ter me matado e a Nikolai, mas de alguma
forma, era o que eu precisava? Para você me
trair?
— Foi o melhor, e se você tivesse ficado
comigo, em vez de fugir para ele, hoje à noite
não teria sido necessário.
Necessário. Como se tudo fosse minha
culpa. Minhas mãos se fecham quando ele dá
alguns passos mais perto de mim. — Ah, não.
Nem tente me atacar com essa besteira. Não
corri para ninguém e não pertenço a ninguém
além de mim mesma. Seu bastardo presunçoso.
— Eu rio sem alegria, balançando a cabeça com
a sua estupidez. — Você realmente ainda
acredita que estava fazendo o que é certo para
mim?
— Não. — Sua resposta baixa me
surpreende em silêncio por alguns segundos. —
Nada que faça você me deixar e fugir para um
complexo Baetal pode ser a escolha certa, não
importa minhas intenções.
— Você está certo sobre isso. — Olho para
os portões que eu tenho vivido. — Você me
usou, Arsen. Você fingiu que estava melhor com
você, mas você me usou para fortalecer sua
posição em uma guerra com a qual não tenho
nada a ver.
Ele está tão perto que posso sentir o cheiro
do almíscar suave de sua pele sob o sexo,
sangue e a colônia que ele usa, e eu recuo.
— Fiz o que tinha que fazer para proteger
meu povo. Não vou me desculpar por isso.
— Eu não sou uma peça do jogo para ser
movida no seu tabuleiro de xadrez. — Sufoco as
palavras com um grito.
— Por favor. — Nikolai ri, sua presença
repentina nos surpreende. Nós pulamos longe
um do outro e giramos para encará-lo. — Você
não vai se desculpar por nada, nunca. Na
verdade, não, Arsen. — Ele se inclina contra o
capô do carro, então sou a única coisa que os
separa. É um instantâneo da minha vida como
vampira. Eu, presa entre os dois, amarrando-os
juntos, enquanto eles tentam me rasgar em
duas. — Movimento clássico Draugur.
Esperando até que ela esteja fraca demais com
fome para recusar você.
Arsen rosna para Nikolai, seu lábio
enrolado em um rosnado. — Como é saber que,
mesmo fraca de fome, ela não conseguia se
forçar a voltar para você?
— Oh, calem a maldita boca. Vocês dois. —
Interfiro. — Não sei o que você está fumando,
Nikolai. Você está muito atrasado para ser o
cavaleiro de couro preto brilhante, chegando
para me salvar. Os dragões já me devoraram
inteira. — Dou um passo para longe dele, o que
infelizmente me coloca mais perto de Arsen. Ele
sorri para mim. — E não me olhe como se
estivesse do seu lado, porque prefiro me
acender em chamas neste momento. Nenhum
de nós estaria aqui se você não tivesse tentado
trapacear em um golpe político.
— Parece-me que você fez de novo. Como
sabemos que você não impediu Sasha de entrar
no complexo onde ela estaria segura? — Nikolai
estende a mão para mim e olho para a mão dele
como se fosse uma cobra. — Vamos lá. Não há
mais nada para você aqui fora.
— Claro, pai, já vou, — eu zombo dele,
recusando sua mão estendida. — Tenho uma
ideia melhor. Por que você não deixa a luz da
varanda acesa e espera lá dentro? Seu queixo
pulsa ante a minha resposta.
— Você deveria ter vindo até mim. Sou seu
criador. Eu cuido de você. Não tenho sido nada
além de paciente com você.
— Não, eu cuido de mim. Eu escolho
quando me alimentar, como fazê-lo e com quem
me associar. — Eu rio, mesmo que nada do que
está acontecendo seja engraçado. — A única
reivindicação que você tem de mim é que você
tentou me matar antes de Arsen.
— Estava louco com o vírus quando fiz isso,
— ele argumenta.
Dou de ombros e aponto para Arsen. —
Qual é a sua desculpa? Seu pau tem uma
mente própria?
— Não tenho desculpa. Eu nunca pretendi
te machucar. — Arsen consegue parecer pelo
menos um pouco mais arrependido do que
Nikolai, mas não o suficiente para compensar a
porcaria que ele me fez passar.
— Mas você ainda o fodeu, — Nikolai
aponta como uma criança petulante.
Eu me recuso a dar a Arsen a satisfação de
brigar com Nikolai sobre o meu momento de
fraqueza na frente dele. Não depois que ouvi
Arsen se gabando sobre o quanto eu o desejava
depois do Provokar. Arsen jogou fora sua
chance de ficar entre mim e meu criador
quando pegou o sangue de bruxa antes do
terceiro desafio Provokar e quase me matou em
seu esforço para me manter.
— Você quer saber? Vamos levar essa
conversa para dentro. — Olho para Arsen,
ainda me olhando com os olhos entrecerrados.
— Você estava aqui para algo importante, ou
pode esperar até que tome banho, durma e faça
algum trabalho?
— Estou aqui por você. Sempre foi você. —
Finalmente, ouço sinceridade em sua voz, e ela
corta o gelo ao redor do meu coração.
— Então a melhor coisa que você pode fazer
é me deixar trabalhar. Estou ausente há horas
e não faço ideia do que meu novo assistente
vem fazendo no meu laboratório sem
supervisão.
Arsen abre a boca para discutir, mas pensa
melhor e fecha novamente, com os lábios cheios
comprimidos em uma linha fina e infeliz.
— Boa noite, Sasha. Obrigado por trabalhar
tão duro em uma cura. Para Annabelle. Os
Draugur estão em dívida com você.
Sua formalidade queima, mas
silenciosamente me lembro de que distância é o
que quero enquanto ele se afasta. — Boa noite,
Arsen. Avisarei quando tiver a cura. — Ele não
se vira, mas vejo a tensão em seus ombros e
nas costas se soltar um pouco. Ele sabe que
não vou deixar Nikolai esconder a cura dele
quando chegar a hora. Gostaria de poder ter a
mesma fé neles que eles parecem ter em mim.
Nikolai abre a porta do passageiro e eu
entro, ignorando-o enquanto ele atravessa o
portão e estaciona em frente à casa principal. —
Você deveria ter vindo para mim para se
alimentar, — ele finalmente sussurra para mim
quando estamos na varanda. — Sou seu
mestre, goste ou não. — Ele anda e, quando
vira, fica em frente ao meu rosto. — Você é uma
Baetal, não uma maldita puta Draugur.
Eu passo por ele, não dignificando suas
palavras com uma resposta e vou para o
laboratório, mas ele me segue todo o caminho.
Eu sei que ele está bravo por não me alimentar
dele, mas depois do que fiz com Arsen, estou
feliz que não foi Nikolai quem me encontrou.
Estou ligada a ele porque ele é meu criador.
Não preciso ter outras cordas que nos liguem se
eu beber o sangue dele e fortalecer esse vínculo.
— Existe uma razão para você estar me
seguindo, Niko? Ou você estava apenas
pensando em se prender na minha bunda como
um rabo? — Paro do lado de fora do laboratório
e cruzo os braços sobre o peito.
Seu rosto empalidece de raiva e vejo sua
mandíbula trabalhando sob sua pele quase
cinza. Me ocorre o quanto ele e os outros
vampiros parecem mais humanos quando suas
emoções aumentam. — Este é meu complexo,
meu laboratório, e você não me diz onde posso e
não posso estar. Você me disse que teria os
resultados dos meus exames de sangue. Então,
onde eles estão? — Ele pergunta entre os
dentes cerrados.
— Sério? — Fico boquiaberta para ele por
um segundo. — Você acabou de me
acompanhar até o complexo. Ainda não tive a
chance de conversar com seu cientista de
estimação. Qual o nome dele? Demetri, certo?
Bem, não tive a chance de conversar com ele
sobre as novas amostras. Deixei-lhe instruções
sobre o que fazer enquanto estive fora.
Esperançosamente, ele as seguiu.
— É melhor você esperar que sim, porque
você está ficando sem tempo.
— Do meu ponto de vista, é você quem está
ficando sem tempo. Eu não tenho o vírus, e a
menos que ele milagrosamente sofra mutação e
acabe com todos vocês, terei vampiros na fila
para a cura quando a encontrar, de um jeito ou
de outro.
— Sua putinha. Se você acha...
— Deixe-me parar você aí. Eu não sou uma
puta. Sou a cientista que você tentou matar, e
já que você não conseguiu fazer isso, por que
deveria ter medo de você agora, quando você
precisa tão desesperadamente de mim? — Seu
rosto empalidece ainda mais, até que sou
tentada a tocar sua bochecha para ver se meu
dedo passará por sua pele fantasmagórica.
— Você pertence a mim, Sasha. Você vai me
obedecer.
— Não, não vou. — Ele parece surpreso
com a minha calma e composta resposta. — Eu
era uma pessoa independente, com liberdade e
consequências tanto boas e más, dependendo
das minhas escolhas. Você tentou roubar isso
de mim quando rasgou minha garganta.
— Eu também te salvei.
Abro a porta do laboratório, mas paro e
olho para ele antes de entrar. — E daí? Não
tenho nada para falar sobre sua política e
tradições de vampiros arcaicas. Se você não
gosta, então talvez pense duas vezes antes de
transformar a próxima garota, porque, Nikolai?
Eu não sou uma anomalia. Sou apenas uma
garota comum que conhece meu valor. E é mais
do que você pode pagar.
CAPÍTULO 6
5
Nancy Drew é uma série televisiva sobre investigações.
rosto do cara ao meu lado e no outro quero
arrancar a cabeça dele e ver o sangue dele
pingar no concreto. É desorientador ao extremo,
e encontrar equilíbrio é impossível. Eu gostaria
de saber como desligar as emoções de todos que
estão me atacando para que pudesse apenas
resolver as minhas emoções em paz.
Com a possibilidade de me transformar em
uma psicopata selvagem e estúpida surgindo no
horizonte, preciso acessar o laboratório
principal à noite, depois do expediente, se
quiser continuar trabalhando. Enquanto eu
ainda posso. Tarde da noite é a minha única
opção, e terei que pedir uma chave ao meu
orientador, já que sou uma estudante de pós-
graduação humilde.
Viro a última esquina e entro no prédio de
ciências onde está localizado o escritório do
meu professor.
— Professor Higby. Você tem um momento?
— Sasha, estava pensando em você, — diz
ele sem levantar os olhos da tela do
computador. — Estávamos conversando sobre
as tarefas do professor assistente para o
próximo semestre e, — Ele para quando olha
para mim.
Sua boca se contrai quando ele me olha de
cima a baixo. Apesar do dia quente do início de
outubro, uso um cachecol no pescoço, um
suéter pesado, um boné e um par de óculos de
sol. Eu não consigo me aquecer o suficiente, e
não sei se isso é um efeito da minha
transformação de vampira ou os efeitos do
parasita lentamente tomando conta do meu
corpo.
— Você está doente? Sua pele está mais do
que pálida.
Eu pego sua emoção, um pavor assustador.
Oh, meu Deus, ele suspeita que estou usando
drogas. Isso tirará minhas bolsas
instantaneamente.
— Não, quero dizer. Tenho anemia. É algo
que sempre tive e temos que observar com
atenção. Tomo suplementos de ferro para isso.
Mas a anemia é uma das razões pelas quais
tenho tanto interesse em trabalhar com sangue.
Meu vampiro interior ri da minha perfídia.
Anemia? Suplementos de ferro? Okay, certo.
Quando eu consegui ser tão boa em mentir?
Isso me faz desprezar a parte de mim que gosta
de superar esses humanos estúpidos. E odeio
pensar no professor Higby, que não foi nada
além de bom para mim, como um humano
estúpido. A arrogância faz parte da equação do
vampiro? Eu não acho que encontrei alguém
saudável que não tenha confiança suprema em
sua superioridade.
— Realmente? Você não mencionou isso na
sua inscrição na escola.
— Me perdoe. Não queria que o conselho de
admissão achasse que estava muito doente
para o trabalho.
Ele aperta as teclas no teclado. — Seus
professores não têm queixas até agora. Tudo
bem quanto às suas notas até agora, é por isso
que pensei que você se encaixaria bem em uma
aula de biologia para calouros. Mas agora não
tenho certeza.
— Vê? — Eu digo. — Meus medos se
realizando.
— Eu suponho, — ele diz lentamente. —
Bem, vou mantê-la sob consideração. É um
pouco cedo para pedir para você dar uma aula,
de qualquer maneira.
— Prefiro me concentrar em tirar minhas
principais aulas do caminho para poder
começar minha tese a sério no próximo outono.
Deus, sou muito boa em mentir. Eu nem
sei se vou estar aqui no próximo outono, e
muito menos no próximo semestre.
O peso dos meus problemas me atinge
então, e eu caio contra o batente da porta do
escritório de Higby.
— Sasha? Você está bem? Posso pegar uma
coisa para você?
— Sabe, realmente gostaria da chave do
laboratório, — digo. — Apenas uma.
O que acontece depois me surpreende. O
desejo em mim de conseguir essa chave é forte
e eu realmente espero que ele diga sim. Seus
olhos se arregalam, e ele estremece, e algo
parece quebrar ou reorganizar em seu cérebro.
— Claro. Não sei por que não lhe ofereci
antes. — Ele pega o chaveiro e tira uma chave.
— Você pega a minha. Vou pegar outro da
unidade física.
Eu pisco e pego a chave. — Obrigada,
professor Higby. Isso vai me ajudar muito.
— Estou feliz em ajudar, — diz ele
automaticamente, em um tom tedioso.
Acho que é um bom momento para sair de
cena, porque não sei o que ele fará quando sair
do que fiz.
O choque total desce sobre mim quando eu
saio para o corredor. Puta merda. Apenas
compeli um humano à minha vontade. Eu já
tinha visto Arsen e Niko fazerem isso. Inferno,
Niko fez isso comigo, mas não achei que um
vampiro tão novo quanto eu poderia fazer isso.
Deveria falar com Arsen sobre isso.
De repente exausta, afundo em um banco
no corredor.
E meu telefone toca com uma notificação de
texto. Com um suspiro, antecipo que é Arsen,
mas meu nariz enruga de desgosto quando vejo
que é Niko.
Não. Coloco o telefone de volta no bolso
quando ele toca novamente. Este deve ser o
Arsen.
Não. Niko novamente. Que diabos?
Enfio-o de volta no bolso, deixo o prédio do
meu orientador e quase corro pelo campus até o
prédio de ciências. O telefone toca de novo e de
novo, enquanto ignoro as chamadas do meu
criador para prestar atenção no prédio. Dane-se
ele e toda a comunidade de vampiros. Por que
devo trabalhar duro para salvá-los? O que eles
significam para mim?
Apenas Arsen significa algo para mim, e por
causa dele, sua irmã, e se eu não fizer algo para
ajudá-la, isso partirá seu coração.
Estou ferrada, não importa como eu olhe.
Na décima chamada, pronta para jogar a
maldita coisa na fonte do pátio, eu atendo.
— O que? — Esbravejo.
— O que? — Rosna Niko. — Você bateu o
carro?
O carro? É sobre isso que ele está
explodindo meu telefone?
— Não. Está bem.
— Você não devolveu.
— Não sabia que deveria.
— Você deveria, quando se reportou para
fazer o seu relatório.
— Escute, mestre, — digo o mais
desagradável que posso — estive ocupada,
trabalhando. Eu sei que você não sabe o que
isso significa, vendo que você é
independentemente rico e tudo, mas algumas
pessoas precisam trabalhar.
— Sim, eu sei. Foi por isso que lhe permiti
encontrar a cura para o meu povo.
— Você permitiu? Parece que me lembro de
um bom número de ameaças.
— Você não tem ideia do que é uma
ameaça, novata. Por ser tão nova, você não tem
ideia de quais perigos verdadeiros esperam por
você como uma vampira. É por isso que você
deve morar no complexo até aprender o
suficiente para não se matar. Você acha que
transformo qualquer um?
Essa observação atinge um nervo, e lembro-
me da confissão de Jackson sobre ele me
envolvendo.
— Você está dizendo que me escolheu? Por
causa de Jackson?
Silêncio.
— Niko, — eu digo em um rosnado de aviso.
— Escolho quem quero trazer para minhas
fileiras.
— Isso não é resposta.
— Não te devo respostas. Você me deve
obediência e lealdade.
Uma confissão total de culpa. Quero
arrancar-lhe a cabeça e dá-la de comer aos
peixes no lago de carpas de botânica. Não. Isso
é bom demais para o bastardo espertinho.
Quero alimentar os peixes com seus dedos
enquanto ele observa. Vou arrancar a cabeça
dele e deixar a carne ser despedaçada pelos
corvos. Então usar sua cabeça como suporte
para vela meu apartamento. Sim, isso parece
adequado. Só que não quero a cabeça dele perto
do meu apartamento.
Estou tão confusa.
É chato ser uma vampira. Muita coisa
minha quer reinar em retaliação, e não posso
porque ele é meu criador e líder de um dos
meus clãs. Se eu tentar fazer qualquer uma das
coisas que minha mente criativamente inventa,
sou a única que é carne morta-viva.
— Você vai voltar para casa, agora.
Quem diabos ele pensa que é? Meu pai. De
jeito nenhum. Eu não vou voltar para o
complexo de Niko. Deixe-o arrastar sua bunda
até aqui e me forçar a voltar. Essa é a única
maneira de entrar naquele buraco do inferno
novamente.
— Escute, seu bastardo, eu não vou chegar
perto, a menos que queira. E adivinha? Eu não
quero. O seu não é o único clã de que faço
parte. Tecnicamente, o clã de Arsen está mais
do que disposto a me aceitar. Então, pense
sobre isso, porque sei que ele está morrendo
por um motivo para lhe dar um tapa na cara.
Como se costuma dizer em Hollywood, não me
ligue. Eu vou te ligar.
Desligo o telefone mais agitada do que
nunca. E não me sinto bem e provavelmente
preciso comer. Jackson não cumpriu sua
promessa desta manhã de me trazer comida,
então acho que me resta cuidar de mim mesma.
— Você quer doar? — Diz uma jovem à
minha direita.
Eu olho para cima e vejo um veículo de
doação de sangue, um trailer convertido com o
nome da empresa de doação estampado na
lateral. No início, abro a boca para dizer “não”,
mas depois penso em todos aqueles lindos litros
de sangue fresco lá dentro e na minha
habilidade recém-adquirida de compelir.
— Claro, — digo em sua mão acenando.
Sasha Keleterina, você é uma horrível merda
de pessoa. Você sabe disso, certo?
Minhas presas doem e silencio minha
consciência antes de subir os degraus e entrar
no pequeno mundo médico onde humanos
infelizes doam seu sangue na vã esperança de
ajudar os outros. Um homem da minha idade
me diz para me esticar em uma cadeira
reclinável, e eu sorrio timidamente para ele.
— Sua primeira vez? — Ele pergunta.
— Doando sangue? — Eu digo. —
Dificilmente. Eu costumava dar mais do que
minha parte à causa.
Ele franze a testa enquanto dá uma
picadinha para tipificar meu sangue e o cheiro
sobe entre nós, e eu sorrio, esperando não
parecer um palhaço louco. A jugular do jovem
pulsa enquanto seu coração acelera de
nervosismo. Ele pode não saber por que, de
repente, seu coração começa a dançar uma
rumba, mas eu sei. A mente pode não
reconhecer quando um predador entra no
caminho de um ser humano, mas seu corpo
sempre sabe. E eu, definitivamente, sou um
predador.
Olho para o crachá de novo.
— James, — eu digo sem problemas. —
Gostaria de dar uma olhada em algumas
doações recentes.
Assim como fiz com a chave, enrolo meu
desejo em torno de duas bolsas de doação de
sangue, que desejo muito. Mas a mente do
jovem James não se parece com a do professor
Higby. James é jovem e flexível e não se cansa
de lutar contra as exigências acadêmicas
ridículas. Então eu tenho que empurrar com
mais força, a boca de James se contrai e seus
olhos se estreitam enquanto carrego minha
vontade com mais força.
— Eu... eu... — ele gagueja. Ele está muito
envolvido em combater a dissonância entre
enviar e negar.
— Está tudo bem, — eu digo suavemente.
— Sou pesquisadora. Preciso de sangue para o
meu trabalho.
Isso parece fazer sentido para o jovem
James, confuso, e ele abre uma porta da
geladeira atrás dele.
— Que tipo você quer? — Ele pergunta.
— O que você tem mais? — Eu pergunto.
Por mais que eu queira dizer: — Um de cada, —
sei que alguns tipos de sangue são mais raros
que outros, e estou tentando limitar minha lista
de “coisas de merda que Sasha fez hoje”, a um
número habitável.
— O? — Ele diz.
— O está bem. É o doador universal. — Eu
quase ri dessa piada de que apenas um vampiro
teria ouvido pela primeira vez, mas acho que
pode quebrar o feitiço que tive em James. E não
sei se consigo aguentar.
Ele me entrega duas bolsas que felizmente
ainda não esfriaram, e eu sorrio calorosamente
para ele.
— Não se preocupe em lembrar de mim, —
eu digo enquanto empurro a sugestão nele. —
Eu não sou tão memorável.
— Claro, — ele diz automaticamente. —
Você é esquecível.
Não gosto de como isso soa, mas os
mendigos não podem escolher. E vampiros
idiotas egoístas não podem ser ingratos. Eu
levanto e deixo a caminhonete com minha
refeição enfiada dentro do meu suéter.
CAPÍTULO 16
6
Pacific Cooler é um suco natural, sem conservantes e produzido com ingredientes frescos.
— Vamos ver se alguém do clã tenta
esnobá-la depois que você os salvar da peste e
também lhes fornecer opções de bebidas com
sabor, — diz Arsen. — Eu disse a eles que você
era incrível.
— Bajulação o levará a qualquer lugar, —
digo a ele, sorrindo para o meu telefone.
— Que tal um encontro hoje à noite? Depois
que você terminar?
Fico quieta por um momento, enquanto
penso na maneira correta de me expressar sem
recuar cinquenta passos.
— Eu não posso, — digo a ele, o
arrependimento em minha voz é óbvio. — Estou
presa no laboratório. Literalmente. Estou
trabalhando com amostras na sala estéril e
estou lacrada até terminar.
Tecnicamente não é uma mentira. — Pode
ficar para a próxima?
— Sim, claro, — diz Arsen, tentando
esconder sua decepção. — Eu entendo. Salvar
toda a raça de vampiros é definitivamente mais
importante do que namorar. Leve o tempo que
precisar. Posso esperar. Eu tenho esperado, e
vou.
— Obrigada.
— Não é necessário agradecer, — diz ele, e
posso ouvir o sorriso em sua voz. — Você vale a
pena esperar.
Ele é realmente um cara legal, e ainda
temos grandes problemas para resolver. Eu
abro minha boca, considerando dizer a ele a
verdade, mas aqueles sentimentos sombrios de
antes retornam. Ele deveria ter a opção de
desistir, não deveria? Ele não deveria estar
esperando alguém que pudesse enlouquecer e
morrer qualquer dia.
Antes que possa tomar uma decisão, meu
telefone emite um sinal sonoro para que saiba
que recebi uma ligação.
— Espere, — digo a Arsen. — Tenho outra
ligação.
Verifico o número, meu nariz enrugando
quando reconheço o telefone de Niko. Aperto o
botão de recusar a chamada com prazer.
— Quem era? — Arsen pergunta.
— Niko. — Digo o nome dele como as
pessoas descrevem o que está em seus sapatos
logo depois de pisar em cocô de cachorro. —
Aparentemente, sua bunda preguiçosa não
pode andar sessenta metros.
— Você não deveria ter atendido a ligação?
— Arsen pergunta, e há uma dica de outra
coisa em sua voz. — Ele é seu criador e seu
líder agora.
— Niko pode chupar um pau, — eu digo. —
Eu não estou em dívida com ele. Só estou aqui
para encontrar a cura e ele sabe disso.
— Inferno, sim, lute contra o poder, —
Arsen ri. — Eu já te disse que você é fofa pra
caramba quando está chateada?
— Bem, você saberia, não é? — Eu o
provoco. — Acho que nem Niko é tão bom em
me irritar quanto você.
— Como posso resistir?
— Acho que você só gosta que gritem
contigo.
— Talvez goste. Talvez quando finalmente
conseguirmos esse encontro, possamos testar
essa teoria.
— Oh, sim? — Eu pergunto, a pele
aquecendo com a implicação. — Você vai me
pedir para pisar em você?
— Depende, — ele responde. — Se eu
comprar um espartilho de couro e saltos altos,
você os usará?
— Eu diria um forte talvez.
— Sim?
— Sim. Dependendo de como você é bom
em implorar.
Eu ouço uma risada baixa e gutural do
outro lado do telefone.
— O que você está vestindo? — Ele
pergunta, e eu sorrio e fecho as cortinas de
privacidade no interior da sala estéril. Eu
deveria voltar ao trabalho. Não é que não tenha
um negócio sério que precise ser resolvido, mas
essa pode ser uma das minhas últimas chances
de ter isso com Arsen, e desde que me tornei
uma vampira, me tornei mais egoísta. Então,
por um momento, não luto contra o instinto.
Desisto e deixo que o desejo egoísta me leve
aonde for.