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A Princesa Vampira

do País Perdido
Ilustrações por so-bin
Aviso Legal:
Obra foi traduzida e revisada de fã para fã. Não venda, ou ganhe dinheiro sobre o trabalho
de outrem.
Se puderem contribuir com a obra do autor, o faça!

Sobre:
Assim como o anime, a obra tem muitos termos em inglês para diversas armas, itens e
etc...
Tentei deixar isso, mas as vezes tem que generalizar, já que é maçante saber o que era
realmente para ser em inglês, ou não ser.
EX:
-O Ainz se refere a ele como “Magic Caster” e não “Mahou...” alguma coisa.
Porém, algumas ressalvas:
-Alguns sistemas de magias e artes marciais são escritos japonês, alguns eu mantive ro-
majizados, outros ficaram em português.
-Armas e armaduras têm nomes misturados, uns são em inglês, outros em japonês. Por
ser bem difícil de verificar um por um, deixei tudo em inglês;
-Algumas equipes de aventureiros têm nomes em inglês, outras em japonês, neste caso
depende. Umas eu deixei em inglês (pois foram escritas com essa intenção) e outras em
português.

Tentei remover o máximo possível de erros de português e concordância. Mas sou ape-
nas um e com certeza falhas podem acontecer. E claro, não sou especialista na língua
portuguesa para tal nível de proficiência linguística.
Se encontrarem algum erro, sintam-se à vontade para entrarem em contato :)

Créditos e Agradecimentos:
Créditos:
ainzooalgown-br.blogspot.com
Base:
Inglês - overlordvolume10.blogspot.com
Referência de nomes:
Wikia - overlordmaruyama.wikia.com

Atenção: Se baixou este arquivo de outro link que não o oficial do blog. Ou se tem muito
tempo que baixou e deixou guardado, que tal dar uma conferida no blog? Talvez esta seja
uma versão desatualizada :)

Revisão: 1.3 | Versão: 1.1


Sumário
Prólogo........................................................................................................................................................... 5
Capítulo 01: O Encontro no País Perdido..............................................................................26
Parte 1 ......................................................................................................................................................................................................................27
Parte 2 ......................................................................................................................................................................................................................34
Parte 3 ......................................................................................................................................................................................................................52

Capítulo 02: Jornada a Dois ...........................................................................................................71


Parte 1 ......................................................................................................................................................................................................................72
Parte 2 ......................................................................................................................................................................................................................86
Parte 3 ................................................................................................................................................................................................................... 100

Capítulo 03: Cinco Anos de Preparação .............................................................................. 127


Parte 1 ................................................................................................................................................................................................................... 128
Parte 2 ................................................................................................................................................................................................................... 142
Parte 3 ................................................................................................................................................................................................................... 156
Parte 4 ................................................................................................................................................................................................................... 170

Capítulo 04: Os Transcendentais............................................................................................... 193


Parte 1 ................................................................................................................................................................................................................... 194
Parte 2 ................................................................................................................................................................................................................... 215
Parte 3 ................................................................................................................................................................................................................... 237

Epílogo ...................................................................................................................................................... 277


Posfácio .................................................................................................................................................... 295
Introdução aos Personagens ........................................................................................................... 299
Glossário .................................................................................................................................................. 306
-Especial-
A Princesa Vampira do País Perdido

Autor:

Maruyama Kugane
Ilustrador:

so-bin
Prólogo
nquanto se sentava no trono, Momonga ignorou a sutil satisfação e, por um

E momento, focou na vergonha que sentia, então começou a olhar ao redor


do interior do Salão do Trono, ele notou Sebas e um grupo de empregadas
em pé no canto, parados e sem vida. Vê-los de pé assim o fez sentir-se um
pouco solitário.

Ele lembrou que havia um comando para eles. Momonga pensou nos comandos que ha-
via ouvido antes, e então estendeu a mão antes de gentilmente acenar de cima para baixo.

“Ajoelhem-se.”

Albedo, Sebas e as seis empregadas (Pleiades); todos genuflectiram diante dele na ma-
neira como fiéis servos fariam diante de seu mestre.

Assim seria melhor.

Momonga ergueu a mão esquerda e verificou a hora.

[23: 55:48,49,50—]

Ainda deveria haver algum tempo.

Neste momento, os GM’s provavelmente estavam transmitindo instruções sem parar,


enquanto os demais provavelmente soltariam fogos de artifício do lado de fora. No en-
tanto, Momonga — que havia bloqueado as notificações — não estava ciente disso.

Momonga se encostou no trono e lentamente levantou a cabeça para o teto.

Juntamente com seus amigos, eles haviam construído Nazarick, a dungeon mais difícil
do jogo. Por essa razão, Momonga pensou que um grupo de jogadores poderia decidir
invadir neste último dia.

Momonga esperou.

Ele gostaria de receber todos os desafiantes aqui, em sua posição como Chefe de Guilda.

Ele enviou mensagens para todos os antigos membros, mas o número de pessoas que
chegou a responder pôde ser contado em uma mão.

Momonga esperou.

Ele gostaria de dar boas-vindas a qualquer amigo que viesse, dado a sua posição como
Chefe de Guilda.

“Uma relíquia do passado, huh—”


Momonga relembrou.

Agora, a guilda não era nada mais do que uma concha vazia, mas ele teve momentos
agradáveis no passado.

Ele desviou o olhar para contemplar as bandeiras gigantescas penduradas no teto. Havia
um total de 41 delas, o mesmo número de membros da guilda. Cada bandeira tinha um
emblema de um membro. Momonga estendeu seu dedo ósseo branco como marfim para
apontar para uma delas, e permitiu que as memórias em sua mente despertassem nova-
mente... Mas sua mão parou no meio do movimento.

—Não posso perder tempo com isso!

Momonga pensou em um certo plano que ele havia preparado para hoje.

Um plano derradeiro para um encerramento glorioso.

Para comemorar com seus amigos que viessem visitar Nazarick no último dia online dos
servidores, e também dar um grande espetáculo, Momonga tinha ido a um distrito de
compras que ele quase nunca visitava, e comprara grandes quantidades de itens com a
intenção de usá-los para realizar um evento.

No entanto, seus amigos que vieram, infelizmente decidiram que ficar e esperar até o
fim não valeria a pena.

Tais amigos que saíram antes do fim... naturalmente colocaram suas vidas reais em pri-
meiro lugar. Momonga viu muitos de seus amigos deixarem a guilda pela mesma razão,
foi uma conclusão que ele já havia antecipado.

Mesmo assim, Momonga ainda se sentia terrivelmente solitário e frustrado, os dois ao


mesmo tempo.

Por essas duas emoções inundarem seu coração que ele quase esqueceu completamente
de sua intenção original, que era criar esse evento com seus amigos. Não, talvez a verdade
fosse que ele não queria se lembrar disso.

Talvez o melhor final em um momento assim, seria esquecer o acontecimento e sentar


no trono aguardando o fim.

No entanto, isso ele já tinha feito.

Nesse caso—

Momonga levantou subitamente.


Eu tenho que ir! Mesmo que seja só eu! Eu preciso dar um glorioso final a tudo isso, mesmo
que eu esteja sozinho!

Não havia mais tempo.

Momonga soltou o Cajado de Ainz Ooal Gown, que estava firme em sua mão, e imedia-
tamente ativou o anel em seu dedo anelar direito — o Anel de Ainz Ooal Gown.

Ao ativar o anel de Ainz Ooal Gown, uma lista de destinos de teletransporte apareceu.

No entanto, o primeiro destino era sua suíte. Por que foi configurado para um lugar as-
sim? Momonga reclamou algo que normalmente nunca o teria incomodado, e percorreu
a lista de destinos.

“Achei!”

Momonga pôde deixar de exclamar de deleite.

Depois de encontrar o destino de teleporte mais próximo da superfície, Momonga es-


tava prestes a tocá-lo quando hesitou por um momento.

Os olhos de Momonga foram na direção ao Cajado de Ainz Ooal Gown.

Por ser uma arma de guilda, sua destruição significava a destruição da guilda em si.
Desse ponto de vista, deixá-lo ali era a escolha mais segura que ele poderia fazer.

No entanto, Momonga já não havia pensado nisso mais cedo, antes de soltá-lo?

Tudo bem, vamos juntos — pois você é a prova de que a Guilda Ainz Ooal Gown existiu.

Momonga agarrou firmemente o cajado e ativou o poder do anel.

O teletransporte ativou instantaneamente e ele foi transportado para uma sala ampla.

Havia duas fileiras de pequenas lajes de pedra usadas para colocar cadáveres — embora
estivessem desocupadas agora. O chão era feito de calcário polido. Na parte de trás havia
um lance de escadas descendo e, ao fundo, havia um conjunto de portas duplas — as
portas que levavam ao primeiro andar da Grande Tumba de Nazarick.

Este era o local mais próximo da superfície que o poder de teletransporte do anel pode-
ria trazê-lo.

O nome do local exibido indicava que este era o Mausoléu Central da Grande Tumba de
Nazarick.

“Preciso me apressar!”
Gritou Momonga, para se animar.

Ele olhou para o relógio da mão esquerda e a hora era—

[23:58:03]

—Ele estava quase sem tempo.

Era como se ele pudesse ouvir a campainha de fechamento das portas do trem cessar,
seguido pelo assobio feito pelo pistão de gás que movia a porta.

Momonga conjurou 「Fly」, como se ele fosse um assalariado subindo as escadas apres-
sadamente.

Apesar de seu pânico, os movimentos de Momonga enquanto ele navegava pelo console
e selecionava a magia de voo não eram equivocados.

Cada magia tinha seu slot no console de conjuração.

Se ele não soubesse essas coisas, se cometesse algum erro quando precisasse conjurar
magias, isso afetaria atividades de combate. Por essa razão, Momonga gastou mais de um
ano memorizando cada posição do console. Esses esforços deixaram seus outros compa-
nheiros de equipe estupefatos, mas mesmo assim, Momonga jamais havia conseguido
vencer Touch Me, seu antigo companheiro de guilda, nem sequer uma vez, mesmo depois
de todo esse trabalho para memorizar. Mesmo assim, Momonga sempre sentiu que seu
bom histórico de PVP era devido a sua diligência prática, e isso provavelmente era ver-
dade.

Momonga voou com todas as suas forças para o grande pântano que cercava a Grande
Tumba de Nazarick.

O controle da postura durante o voo era surpreendentemente difícil. Ele ouvira alguém
dizer que era como jogar um jogo de dogfight. Ainda assim, se ele estivesse apenas vo-
ando em linha reta, então movimentos simples seriam suficientes. Ou melhor, não havia
necessidade de controlar absolutamente nada. Tudo o que ele precisava fazer era tocar
na interface de controle.

Assim que deixou a porção superficial de Nazarick — em outras palavras, o cemitério


— para trás, ele prontamente chegou na região do pântano enevoado.

As silhuetas de monstros eram visíveis entre a névoa, mas agora, todas as hordas de
monstros ativas foram colocadas em um estado inativo, eles não atacariam desde que
não fossem atacados.
Essa mudança para o modo inativo foi implementada há aproximadamente uma semana.
Isso, combinado com as frequentes atividades de se aventurar para fins turísticos, apa-
rentemente levou a muitas novas descobertas.

Mesmo Momonga não pôde conter um suspiro de prazer quando viu os vídeos de tais
descobertas. Algumas até mesmo tiraram reações dele o fazendo praguejar, “Como al-
guém descobriria uma coisa assim, esses desenvolvedores são estúpidos ou algo assim?” em
seus pensamentos.

Eu pensei que alguém tentaria nos invadir para fins turísticos. Afinal, eles poderiam passar
pelo Pântano de Grenbera sem gastar nenhum recurso.

Mas ninguém veio.

Claro, ainda valia a pena celebrar, mas ao mesmo tempo também o fez sentir-se solitário,
como se tivesse sido completamente esquecido pelo mundo, ou algo assim.

Momonga estreitou os olhos — embora sua expressão não mudasse. Ele chegou ao seu
destino, uma ilha circundada pelo pântano.

Era uma pequena e peculiar ilha.

Não era muito grande, mas estava coberta com uma grande quantidade de objetos cilín-
dricos, o suficiente para encher toda a superfície.

Momonga tirou um objeto parecido com um bastão de sua dimensão de bolso, havia um
botão nele, Momonga o segurou na mão que não estava segurando a Arma da Guilda.

“Aqui vou eu!”

Quando ele exclamou essas palavras em um tom forte que ele normalmente nunca usa-
ria, Momonga apertou com força o botão.

Naquele momento, os cilindros, que estavam tão próximos um do outro que quase não
havia espaço entre eles, atiraram bolas de luz céu acima. Por estarem demasiadamente
juntos, as bolas de luz pareciam uma gigantesca bola de luz.

Eram fogos de artifício vendidos pelos desenvolvedores de YGGDRASIL — ou talvez pela


equipe de operações — por um preço baixo.

Momonga comprou cerca de dez mil fogos de artifício e os organizou nesta ilha. No en-
tanto, ele não tinha utilizado todos, pois no meio do caminho ficou entediado. Neste mo-
mento, Momonga ainda tinha pelo menos ¼ daqueles fogos de artifício em seu inventário.

“...Eu preciso acordar às quatro amanhã, huh.”


Momonga observava o resplendor residual no céu, resmungando para si mesmo en-
quanto observava os orbes de luz subirem lentamente para o céu. Ele originalmente pre-
tendia aproveitar esta cena com seus amigos que tinham voltado para celebrar o último
dia do jogo. No entanto, não havia ninguém do lado de Momonga.

E então, uma enorme explosão ofuscou o céu. Uma luz intensa tomou conta de tudo; não
era mais uma exibição de fogos de artifício, mas algo como a ativação de uma magia de
Super-Aba como 「Fallen Down」.

As luzes cintilantes envolveram Momonga que estava pairando no céu.

Ah...

Momonga não sabia como era a sensação ao ser desligado de um servidor de DMMO.

Isso porque Momonga, não, porque Suzuki Satoru não tinha jogado nenhum outro jogo
além de YGGDRASIL. No entanto, ele tinha certeza de que não terminaria de maneira es-
perançosa. Ele tinha certeza de que seria como um estalo repentino e ele seria forçado a
voltar à realidade.

Ainda assim—

Talvez seja melhor encerrar o jogo deixando todos cercados por luz.

Ele voltaria ao mundo real dentro de alguns segundos. Mesmo assim, este momento pa-
receu ter sido feito para exibir vividamente a alegria de Suzuki Satoru.

E então—

—Momonga começou a entrar em pânico.

Ele pensou que uma vez que a luz desaparecesse, ele seria saudado pela visão familiar
de seu quarto e uma fina película de vidro. Afinal, YGGDRASIL encerraria, assim ele es-
perava. No entanto, o que ele realmente viu acabou por ser algo totalmente diferente.

“...O que é isso?”

Momonga murmurou para si mesmo.

Isso não vinha da solidão, mas porque ele havia encontrado algo que não conseguia en-
tender.

A primeira coisa que apareceu foi o céu noturno. As constelações cintilavam ao redor
dele, e as nuvens que se moviam lentamente pareciam tentar encobrir sua luz. Ele podia
ver os imponentes picos das montanhas ao longe, e as florestas escuras em seus sopés
ondulavam como ondas no sopro do vento noturno.
Uma visão que ele não podia ver no mundo real — além das Arcologias — e era como se
ele nunca tivesse saído do jogo.

Ele olhou para baixo — e viu que ele estava flutuando no ar. Bem, até então tudo bem.
Afinal, a magia 「Fly」 ainda estava ativa.

No entanto, o que estava sob seus pés não era um pântano.

—Em vez disso, eram ruínas.

Não era apenas uma ou duas construções, mas algo na escala de uma cidade — não,
ainda maior que isso. Ele podia ver algo que parecia um castelo ao longe e uma muralha
cercando uma cidade. Essas ruínas outrora foram uma cidade razoavelmente grande. Dos
motivos traçáveis, não parecia que tinha sido conquistada e abandonada por algum mo-
tivo.

Por estar a várias centenas de metros acima da cidade, não tinha como saber exata-
mente o que estava acontecendo dentro das ruínas. No entanto, Momonga não pôde dei-
xar de lembrar a cidade subterrânea abandonada com uma fábrica automatizada de pro-
dução de marionetes, Vilisyrteria.

Não, isso não é como Vilisyrteria. Parece diferente... Que tipo de lugar é esse?

Com um surpreendente grau de calma, Momonga verificou o relógio em seu pulso es-
querdo.

[00:03:45, 46, 47...]

“...Hah?”

Momonga olhou para o seu entorno novamente. A paisagem não era familiar. Claro, não
havia como Momonga saber como cada centímetro quadrado do mapa de YGGDRASIL se
parecia. Talvez houvesse cenário como este escondido em algum canto do jogo.

No entanto, hoje foi o último dia do jogo. O jogo estava marcado para terminar às doze
da meia-noite. E agora já tinha passado da hora limite. Não havia como a tela estar errada.

O, o que é isso?

O fim das operações de YGGDRASIL foi atrasado. Ou talvez fosse um easter egg se não
saísse por conta própria. Várias possibilidades passaram por sua mente.

Eles atrasaram o desligamento do servidor?


A possibilidade mais provável seria a mais certa — uma lógica inegável —, talvez algo
tenha levado a um atraso no encerramento dos servidores.

Se fosse esse o caso, os GM’s teriam anunciado alguma coisa. Momonga rapidamente se
dispôs ao abrir a função de notificação que ele havia bloqueado — e então ele congelou
no lugar.

O console de controle não apareceu.

O que... aconteceu? O que é isso?

Quando uma mistura de ansiedade e dúvida o encheu, Momonga tentou ativar outras
funções.

Nenhuma das funções estava funcionando.

Era como se ele tivesse sido completamente excluído do sistema.

...O que está acontecendo?

Com isso, ele deveria estar pensando sobre o que fazer a seguir. Onde está a interface de
controle de voo utilizada ao conjurar 「Fly」— quando pensou, Momonga de repente
percebeu que não havia necessidade disso.

Momonga baixou lentamente a altitude.

O que está acontecendo? O que é tudo isso? Por que eu posso usar o 「Fly」? Não, espere,
isso não é tudo, é?

Momonga de repente “entendeu” como controlar a magia 「Fly」 por instinto. Ele nem
estava consciente disso; Era como se fosse perfeitamente natural.

Esta situação estava muito anormal.

Depois disso, Momonga olhou para suas mãos.

Sua mão esquerda segurava o símbolo da guilda, o Cajado de Ainz Ooal Gown. Sua mão
direita segurava o ativador dos fogos de artifício.

Era verdade que nada havia mudado. Não havia dúvida de que aquelas mãos brancas e
ósseas pertenciam a Momonga, assim como em YGGDRASIL.

No entanto, a sensação estava diferente. Detalhar precisamente a diferença era um tanto


difícil, mas havia um forte sentimento de que essas eram suas próprias mãos. Eram as
mesmas de suas sessões em YGGDRASIL, mas havia um sentimento de serem algo perfei-
tamente natural a ele, como se estivesse olhando para suas próprias mãos do mundo real.
No entanto, foi a sua capacidade de manter a calma, apesar de estar em uma situação
como essa que o assustou mais do que qualquer outra coisa.

Inconscientemente, Momonga lembrou as palavras que seu amigo havia dito.

“—Tumulto é o fracasso de um país, você deve sempre manter um modo equilibrado e lógico
de pensar. Mantenha a calma, planeje com antecedência e não perca seu tempo pensando
sobre coisas insignificantes—”

Ahh, sim.

Sua primeira consideração deveria ser “Que lugar era este”?

Se ao menos houvesse alguém que eu pudesse perguntar... não, seria melhor se não existir
ninguém lá, né?

Momonga pensou enquanto descia em direção ao chão. Talvez ele devesse investigar o
ambiente a partir do ar com 「Fly」... ou talvez não. Isso pode ser um conjunto de ruínas
desmoronadas, mas ainda havia muitas casas que mantinham sua forma. poderia haver
infiltradores lá. Poderia haver alguém escondido nos pequenos becos entre as casas ar-
ruinadas, espreitando enquanto aproximava.

Espaços abertos podem oferecer uma boa linha de visão, mas essencialmente deixaria
o inimigo exposto.

Embora ele não achasse que alguém pensaria em PKing diante desse estado incompre-
ensível de eventos, era possível que Momonga fosse o único que tinha acabado assim, ele
deveria mover-se furtivamente até desvendar esse mistério.

Além disso, Momonga estava segurando a prova da existência de sua guilda, o Cajado de
Ainz Ooal Gown. Isso deveria reduzir a probabilidade de ser PKed.

Sendo esse o caso, ele precisava tomar uma medida provisória imediatamente.

“「Perfect Unknowable」.”

Momonga lançou uma magia. Uma magia de alto nível que superava em muito a magia
「Invisibility」. Agora, ele deveria ser invisível, exceto contra certas magias ou habilida-
des especiais. Apesar de ser um obstáculo trivial para um seleto grupo de jogadores, isso
deveria reduzir as chances de ser PKed.

Momonga olhou para as mãos brancas ossudas e depois para baixo. Ele ainda podia se
ver, e não havia nenhum ícone que lhe dissesse que estava invisível. Somando essas va-
riáveis, a confiança em si mesmo despencou.
Quando ele desceu, os detalhes da cidade gradualmente apareceram. Os moradores de-
veriam tê-la abandonado há um bom tempo, já que ele podia ver sinais da podridão em
partes das ruínas.

O que aconteceu aqui? Mais ao ponto, que droga está acontecendo aqui? YGGDRASIL II
começou? Ou isso é um evento oculto criado por aqueles desenvolvedores merdas? Por
exemplo, ser teletransportado à força aqui se você não saiu no final? Mas nesse caso, esse
realismo todo, de onde vem isso?

Ele não conseguiu encontrar a resposta, não importando o quanto atormentasse seu cé-
rebro com isso.

Enquanto descia, Momonga pensou em usar uma habilidade.

Havia muitos tipos de habilidades, mas usar habilidades de criação de undeads, en-
quanto invisível não lhe traria benefício algum. Tudo o que faria seria expor sua posição.
Embora ele pudesse usá-los para montar uma armadilha, sob as circunstâncias, poderia
fazer alguém que poderia ser amigável se tornar suspeito.

Devo cobrir meu rosto? Não, parece que as pessoas que cobrem seus rostos são suspeitas...
fazer o quê...

Momonga ativou uma de suas habilidades. A capacidade de detectar undeads.

Em YGGDRASIL, lugares como esse frequentemente tinham undeads. Como tal, Mo-
monga usou a habilidade quase subconscientemente. Ao fazê-lo, a habilidade informou à
Momonga uma notícia ruim.

“!”

Momonga estava descendo lentamente, mas de repente ele mergulhou em grande velo-
cidade e se escondeu em uma construção e dois andares cujo telhado havia desmoronado.

A velocidade de sua descida levantou uma nuvem de poeira. Momonga acenou apressa-
damente o braço para tentar dissipá-la, mas sem sucesso.

Era um cômodo bastante espaçoso. Os móveis de dentro haviam sido esmagados sob o
teto caído e, após a exposição aos elementos, eles haviam apodrecido completamente.

Momonga manteve a magia 「Fly」 ativa, só para que seus pés não tocassem o chão. Ele
havia considerado a possibilidade de que as tábuas do assoalho pudessem entrar em co-
lapso. Se ele continuasse observando a situação dessa maneira, ele deveria ser capaz de
aprender mais.

No entanto, Momonga tinha algo mais importante para pensar—


—Que diabos está acontecendo? Por que a área ao redor está cheia de reações de undeads?
Que lugar estranho é esse que me teleportaram?

O fato era que Momonga olhara para a área em busca de reações undeads antes de vir
para esta casa, e ele definitivamente tinha visto uma figura humana ali. Seus movimentos
descoordenados certamente não eram os dos vivos.

Momonga permaneceu imóvel enquanto se esgueirava contra a parede e concentrava


todas as suas energias espionando o lado de fora. Mesmo se ele pudesse detectar os unde-
ads, ele não poderia determinar sua força. As criaturas undeads mais poderosas incluíam
seres que podiam ver através de 「Perfect Unknowable」.

Neste momento, havia duas coisas que Momonga poderia fazer:

• Deixar esse lugar — para ser preciso, ir para longe — até que as reações de unde-
ads desaparecessem.
• Investigar o nível e assim por diante de tais criaturas, e se elas fossem de um nível
que ele pudesse controlar, ele descobriria exatamente onde estava.

Ele deveria escolher um deles, então.

No entanto, não havia garantia de que ele estaria seguro se ele se afastasse. Nesse caso,
seria melhor ficar aqui e investigar as reações vindas dos undeads. Além disso, Momonga
também era um undead, então era muito provável que ele não fosse atacado enquanto
não tomasse nenhuma ação hostil.

Bem, supondo que só tem undeads lá fora.

Momonga lembrou a sensação de usar a magia 「Fly」 e a confiança cresceu dentro de


si.

Vai ficar tudo bem. Eu não sei o porquê, mas estou confiante de que posso usar magias de
ataque sem nenhum problema também... isso realmente parece ruim. Eu não me sinto mais
como eu mesmo... —Não. Vou pensar sobre esse problema mais tarde. Mais importante, vou
ter várias maneiras de escapar enquanto eu puder conjurar 「Teleport」.

Momonga olhou ao redor, depois para o chão — que estava coberto pelos restos do teto
desmoronado — e depois para as ruínas do telhado.

“...Acho que não entrará em colapso, assim espero.”

Conversar consigo mesmo era um sinal de inquietação.

O personagem chamado Momonga ficaria bem, mesmo se o teto caísse sobre ele.
Mas isso era em última análise, algo de YGGDRASIL, e mesmo que ele pudesse usar suas
magias e habilidades normalmente, não havia garantia de que seu corpo funcionaria da
mesma forma que no jogo.

Mas então, há esses olhos. Eu posso usar minha visão no escuro normalmente também.
Devo assumir que minhas habilidades passivas também estão funcionando normalmente?
Falando nisso, o nível de tecnologia aqui não é um pouco baixo?

Este edifício não usava vergalhões de aço ou concreto. Os destroços espalhados a seus
pés eram difíceis de distinguir, uma vez que haviam sido completamente pulverizados,
mas pareciam ter sido feitos de madeira e tijolos.

Isso... isso ainda é YGGDRASIL? Não, embora parece que seja a resposta...

Não importava como ele pensasse sobre isso, isso simplesmente não era o mundo real.
Mas mesmo se fosse esse o caso, ainda deixava muitas dúvidas sem resposta.

Momonga deixou essa questão de lado por um momento e lançou uma magia. Ele come-
çou com 「Message」. Ele deveria ver se ele poderia contatar alguém, poderia ser um
GM ou outra pessoa.

Depois de um tempo, ele começou a resmungar.

“Não conecta com ninguém...”

Ele não podia contatar ninguém e nem poderia sair. Era como se ele estivesse preso
neste mundo.

A seguir, melhor tentar dar uma olhada nos arredores para coletar informações. Nesse
caso, vou usar—

“「Remote Viewing」.”

Ele criou um sensor mágico e deixou-o flutuar no ar.

Isso foi uma aposta. Seria problemático se houvesse undeads que pudessem enxergar
através da invisibilidade, mas seria pior se a oposição tivesse meios de interferir nas ma-
gias de detecção ou mesmo contra-atacar contra adivinhações.

No entanto, o que Momonga sentiu foi confusão.

“Que diabos é isso...”

O que ele viu agora era completamente diferente de YGGDRASIL. Em YGGDRASIL, ativar
a magia 「Remote Viewing」 criaria uma janela de visualização no canto de sua visão.
Pode-se ajustar o tamanho da janela livremente, mas fundamentalmente seria represen-
tado como uma tela sobreposta e ajustável

No entanto, desta vez foi diferente.

Era como se ele tivesse aberto um novo conjunto de olhos e, com isso, outro campo de
visão.

Ele não sabia se chamava isso de fascinante ou bizarrice. Ainda assim, não era um pro-
blema. Parecia natural para ele, e ele podia operar a magia normalmente. Ele até sentiu
que havia mudado completamente.

Momonga ignorou sua breve confusão e usou 「Remote Viewing」 para avistar a cria-
tura undead.

Era um homem cambaleante, andando em solavancos não dotados de inteligência.

Havia olhos nebulosos sob as pálpebras abertas e ele não mostrava sinais de piscar.

Parece que este ser undead não era de alto nível. Pelo contrário, era de baixo nível —
chamado de Zombie. A aparência comum de um Zombie era tipicamente muito horrível,
mas não no caso deste ser. Não parecia que tivesse sofrido grandes danos ou estivesse
podre. Parecia apenas um cadáver imaculado se movimentando.

Um undead é assim... se isso fosse YGGDRASIL... não, por que estou pensando nisso tudo
como não sendo YGGDRASIL? Isso pode ser um grande problema... os servidores foram des-
ligados? Como poderia então?

Momonga de repente percebeu algo, e ele gritou em uma voz que não agitaria os zumbis
próximos.

“Isso é ilegal! É confinamento ilegal! Me tirem daqui!”

Se isso de fato fosse um jogo, e se estivesse sendo gerenciado por alguém, então era
muito provável que essas palavras fossem gravadas. O capacete usado adjacente ao com-
putador que Suzuki Satoru usava também gravaria. Se a empresa percebesse, provavel-
mente tomaria algum tipo de ação. No entanto, ele não viu nenhuma resposta nesse sen-
tido.

Como eu pensei... isso não é mesmo YGGDRASIL? Eu não acho que a empresa ganharia
nada deliberadamente me atacando, isso é crime... Mas o jogo se tornando realidade ou
algo assim é impo... ou será que é possível? Além disso, o fato de usar essas habilidades e
magias como se fossem parte de mim também é extremamente estranho...

Momonga balançou a cabeça.


Isso também era muito importante, mas sua prioridade agora era avaliar a situação ao
seu redor. Ele precisava se proteger antes de tudo. Se ele morresse, o jogo terminaria
com ele saindo, ou seria apenas o fim, afinal, isso agora era a realidade?

Momonga deixou o sensor criado por magia passar pelos olhos do Zombie.

Não houve resposta.

O homem continuou cambaleando para frente.

Ele não conseguiu ver... posso ter certeza de que é um Zombie?

Enquanto observava o homem sair, Momonga deixou o 「Remote Viewing」 continuar


pela estrada.

Ele encontrou mais de dez criaturas undeads na estrada, e eles eram todos iguais —
Zombies.

Ainda assim, há muitos deles, isso é certo.

Alguns deles andavam em círculos dentro das casas e outros vagavam pelas ruas.
Parecia que toda a cidade estava sob o domínio dos mortos.

Dito isto, cenas do tipo não eram incomuns em YGGDRASIL. Na verdade, havia algumas
cidades subterrâneas que eram dominadas pelos undeads. Entre elas, incluíam locais que
poderiam ser convertidos em bases depois de derrotar os monstros chefes que lá habi-
tavam. Momonga não tinha estado em tais lugares antes, mas os vídeos que ele assistira
retrataram uma linda cidade paradisíaca.

Em pouco tempo, Momonga terminou sua exploração dos arredores.

Tudo o que ele aprendeu foi que não havia outras criaturas undeads além de Zombies,
e que toda a área estava em ruínas, sem sobreviventes.

Momonga exalou com um “ufa” — embora não tivesse idéia de como seu corpo esque-
leto e sem pulmões pôde fazer algo assim — e dissipou suas magias 「Remote Viewing」
e 「Perfect Unknowable」.

Ele estava preocupado com o que faria se houvesse jogadores — especialmente PK’s —
por perto, mas parece que ele estava sendo excessivamente cauteloso. Além disso, de-
pendendo da situação, havia a possibilidade que ele levantasse os braços em sinal em
rendição ao entrar em contato com outras partes e assim obter informações sobre eles.

Após um período de ruminação, Momonga verificou que ainda podia teletransportar


normalmente, assim decidiu sair da casa em ruínas e ir para as ruas.
Ele ainda não ousava colocar muita fé em sua força, mas não deveria haver nenhum
problema desde que pudesse usar as mesmas magias que normalmente usava em
YGGDRASIL. Não, mesmo que as coisas desenrolassem por um caminho ruim, ele ainda
poderia recorrer a uma fuga.

Se possível, ele teria gostado de avaliar sua força matando um Zombie, mas isso seria
perigoso demais.

Embora isso fosse baseado em seu conhecimento de YGGDRASIL, undeads de baixa in-
teligência como Zombies consideram Momonga como um deles e, portanto, não inicia-
riam o ataque. No entanto, as coisas seriam diferentes se ele começasse o ataque. Pode
até mesmo provocar uma resposta hostil de todos os Zombies ao redor em uma reação
em cadeia, e terminando com todos os undeads em toda a cidade o considerassem um
alvo válido para ataques.

Algo do tipo só enfraqueceria sua força, portanto, aumentar o número de seus inimigos
seria o último recurso. Atualmente, ele deve priorizar a coleta de informações.

Momonga deixou a casa arruinada.

Dar o primeiro passo exigiu muita coragem e fez seu coração disparar — embora, para
começo de conversa, ele nem tinha tanta coragem —, mas o primeiro Zombie que ele
conheceu não reagiu a ele com hostilidade, e se afastou de Momonga como se nada ti-
vesse acontecido. Com isso, o tremendo peso vindo da cautela e medo que pesava sobre
Momonga desapareceu um pouco.

Ele investigou as ruas ao redor e chegou a uma conclusão.

Para começar, a tecnologia aqui não era particularmente avançada. Não havia sinais de
ferramentas elétricas, e as técnicas de construção modernas não produziriam tijolos de
formato irregular. Era possível que houvesse linhas de energia enterradas no solo, mas,
nesse caso, seria totalmente impossível prosseguir com as operações diárias. Esta tam-
bém foi a primeira vez que ele viu fogões sem ser em YGGDRASIL. Além disso—

Isso realmente é YGGDRASIL? Não, é muito diferente. Mas e se for?

Gradualmente, Momonga veio a perceber que isso não poderia estar dentro de um jogo.

Sendo assim, o que aconteceu com ele?

Para começar, como um corpo que era totalmente composto de ossos se movia?

Ele não tinha músculos nem nervos.


Mas ainda assim, estava se movendo sem a necessidade de tais coisas, e um feito desses
só poderia acontecer em jogos. Não, quando ele pensou sobre isso, surgiu a questão do
poder — e o princípio chamado “magia”?

Momonga desceu a rua principal. A base de conhecimento que ele construíra para si fôra
quebrada em alguns minutos, de modo que ele ainda não conseguira reconstruí-la.

“Mesmo assim, tudo o que posso fazer é continuar reunindo informações.”

Talvez fosse porque esta era uma rua principal, mas o número de Zombie errantes de
repente aumentou.

A fim de evitar trombar em qualquer Zombie, Momonga mais uma vez lançou 「Fly」 e
continuou se movendo a uma altitude ligeiramente maior.

Parece que esta era uma via principal para esta cidade, pois quando ele olhava para
frente, podia ver os portões da cidade, que estavam abertos.

Na outra direção, havia um castelo de aparência extravagante. Talvez tenha sido porque
foi construído de forma diferente, mas não parecia tão danificado quanto a casa arrui-
nada de antes.

Acho que eu veria danos do tempo se eu chegar mais perto. Se for por conta disso, então
seria melhor assumir que esta cidade foi abandonada por um longo tempo... não me diga
que as pessoas desse mundo — eu acho que tenho que pensar nisso como um outro mundo
— não podem sequer derrotar meros Zombies? Ou é como um daqueles filmes onde os zum-
bis mataram todos?

Será que eles não puderam nem mesmo derrotar Zombies, o mais fraco dentre as cria-
turas undeads de YGGDRASIL? Ou esse lugar era diferente de YGGDRASIL, e os Zombies
eram extremamente poderosos?

Ele precisava responder a essas duas perguntas o mais rápido possível.

Enquanto Momonga ponderava sobre o apocalipse Zombie que havia ocorrido nesta ci-
dade e como isso poderia ter acontecido, Momonga recebeu uma reação undead.

“O quê?”

Entre as reações que recebia da massa ao seu redor, uma delas foi gradualmente se afas-
tando dele.

...O que é isso?

Momonga estreitou os olhos.


Ele podia sentir um certo grau de inteligência daquela ação, uma qualidade que os Zom-
bies que encontrou não possuíam.

“É um jogador? Eu não vou te deixar ir embora, fonte de informação ambulante!”

Ele flutuou levemente no ar. Dada a total falta de hesitação da outra parte enquanto se
movia, não seria ilógico assumir que estava bastante familiarizado com o layout da ci-
dade. No entanto, a sinuosidade de vielas e terreno perdiam sentido para alguém que
pudesse conjurar 「Fly」.

Momonga voou em linha reta através do ar, em poucos instantes ele viu a forma de al-
guém.

A pequena figura em um manto com capuz olhou várias vezes para trás — olhando para
o lugar onde Momonga estivera — enquanto corria pelas vielas estreitas.

Usarei a minha dominação de undeads — não, esse é o último recurso. E além disso, talvez
eu não seja capaz de dominá-lo.

A dominação undead seria considerada uma ação ofensiva. Se a figura em sua frente
estivesse ligada àqueles Zombies, era muito provável que ele acabasse gerando aggro em
todos os Zombies da cidade. Embora ele não precisasse se preocupar com isso, se essa
figura fosse um jogador, seria provável que ele terminasse por fazer um inimigo mais
perigoso.

Momonga pousou na frente da figura. Dita figura por acaso estava olhando para trás
naquele momento e colidiu com Momonga. Foi um impacto leve, e isso não significou
nada para Momonga. Mas a pequena figura não pôde suportar a colisão e caiu de bunda
no chão.

Ele podia ver algumas mechas de cabelo loiro debaixo do capuz.

“...Boa noite. É... A noite está bastante estrelada...”

“Hieee...”

A figura não respondeu à saudação de Momonga. Tudo o que ele ouviu foi uma ingestão
súbita de ar.

Eles eram incapazes de falar ou não entendiam japonês? Sem informações suficientes
para tirar uma conclusão, Momonga continuou falando.

“Peço desculpas por isso, mas estou bastante confuso no momento. Há várias coisas so-
bre as quais gostaria de perguntar. Posso fazer algumas perguntas?”
A outra parte pode ser um jogador como Momonga, o que significaria que sua idade
aparente poderia não corresponder a idade real. Com isso em mente, Momonga fez sua
pergunta de maneira educada. Claro, ele não esqueceu de abaixar a cabeça para indicar
que estava cumprimentando.

Momonga olhou nos olhos carmesins sob o capuz.

Eles se vestem como criança? Isto é um residente desse mundo? Não parece um NPC tam-
bém... hm?

Momonga lembrou inconscientemente da Grande Tumba de Nazarick e os NPC’s que


haviam genuflectido diante dele. O que aconteceu com eles? Por tudo o que sabia, ele
poderia ter perdido aquele lugar maravilhoso que ele havia construído com seus amigos.

Entretanto — Momonga balançou afugentando tais pensamentos.

Neste momento, ele não ganharia nada em contemplar tais coisas.

Momonga observou a pessoa diante dele, tomando cuidado para não olhá-la de maneira
grosseira.

Era uma menina muito jovem, provavelmente com mais de 10 anos. Seus olhos, arrega-
lados pelo choque, eram vermelhos como sangue.

O que ele pensara ser um manto com capuz era, em uma inspeção mais minuciosa, ape-
nas um pedaço de pano preso com cordel. Certamente só um undead amarraria algo de
forma tão descuidada no pescoço.

As roupas sob o manto estavam esfarrapadas pelo desgaste e descoloridas onde a su-
jeira e a areia haviam chegado. Parecia roupas femininas, mas as mangas soltas estavam
amarradas por cordéis, e o que outrora fôra uma saia, agora estava amarrado no que
parecia ser uma calça. Era uma roupa totalmente utilitária.

Ele não tinha idéia de como seu corpo ósseo podia sentir o cheiro de alguma coisa, mas
essa garota não tinha o cheiro de decadência, diferentemente dos Zombies que ele havia
encontrado. Talvez a falta de odor corporal, apesar do estado esfarrapado de sua roupa,
tenha sido por falta de processos metabólicos.

“...Permita-me repetir, tenho algumas perguntas. Vai ficar tudo bem, não é? Ahhh, peço
desculpas—”

Momonga disse enquanto estendia uma mão ossuda para ela. No entanto, a garota sen-
tada no chão não mostrou sinais que o cumprimentaria. Ela ainda estava cautelosa com
ele?

“—Já que é assim, não vai se importar se eu perguntar, é isso?”


A garota assentiu.

Momonga ficou levemente surpreso quando viu que ele poderia se comunicar normal-
mente com a linguagem falada. Já que eles poderiam interagir verbalmente, isso signifi-
cava que ela era uma jogadora?

“Para começar, sim... eu sou... Suzuki Satoru. Posso perguntar seu nome?”

As pupilas carmesins pareciam se arregalar em círculos perfeitos.

“...Ah, uu... ah... ah...”

Ela falou com uma voz muito rouca. Ele não conseguia entender o que ela estava dizendo.

Isso não é japonês? Isso significa que ela é residente de outro mundo? Ou não, ela é uma
jogadora muito envolvida em seu papel como personagem? Ahhh, não faço idéia.

Momonga— não, Suzuki Satoru respondeu aos grunhidos, decidiu tomar cuidado e as-
sumiu o tom de um profissional respeitável.

“Eu sinceramente peço desculpas. Parece que sua voz é um pouco branda. Poderia re-
petir, por favor?”

“...Ah, uu... ah... ah...”

Foi o mesmo de antes.

“Seu nome é Ahuuahah, então? Que nome estranho... hm?”

A menina balançou a cabeça em negação. Ele podia ter certeza disso agora — ela defini-
tivamente era capaz de entender japonês.

“Não é? Então, será que você não pode falar?”

Ela balançou a cabeça mais uma vez.

A garota estava tentando o seu melhor para vocalizar, mas Suzuki Satoru não conseguiu
extrair nenhum sentido de sua resposta.

“Então, deixe-me mudar de assunto. Você é uma jogadora?”

Uma expressão perplexa apareceu no rosto da garota.

“Não é uma jogadora, então? Entendo. Então, seus pais...”


No meio do caminho, Suzuki Satoru de repente lembrou que ela era uma undead. Não
havia como ela ter pais. No entanto, a reação da garota foi um pouco estranha.

Ela baixou a cabeça negando vagamente.

Foi uma resposta que sugeriu que ela os tivesse tido uma vez, mas não mais.

...O que devo fazer?

Nesse caso, ele deveria apenas se desculpar e sair? No entanto, ela era uma valiosa fonte
de informação. Seria um desperdício terrível.

Suzuki Satoru olhou para a garota fazendo ruídos estranhos e caiu em contemplação. Só
então, ele ouviu uma voz muito suave.

“—No —sris Inve—”

As palavras que ela repetia finalmente se tornaram distintas o suficiente para Suzuki
Satoru entender.

“Me chamo Keno Fasris Invern.”

Assim que a garota se chamava.


Capítulo 01: O Encontro no País Perdido
Parte 1

uzuki Satoru refletiu:

S E agora...

Ele não tinha idéia do tipo de pessoa que essa garota chamada Keno era.
No entanto, definitivamente ela era uma importante fonte de informação. Ele precisaria
levá-la a baixar a guarda e assim ficar mais disposta a conversar.

Para começar, ela não era uma jogadora, dada as suas reações, mas uma residente deste
mundo. Suzuki gostaria de verificar isso, mas não tinha idéia de como alcançar esse ob-
jetivo.

Além disso, ele não sabia dizer se ela era confiável. E até onde sabia, poderia acabar
aprendendo informações falsas. Neste momento, ele deveria tomar medidas para ganhar
sua confiança.

Com esses pensamentos em mente, Suzuki Satoru começou colocando um sorriso de


homem de negócios, mas depois percebeu que não poderia fazê-lo em seu estado atual.
Portanto, ele tentou suavizar seu tom. Sua voz não poderia ser considerada agradavel-
mente suave, mas ele tentou falar da maneira mais gentil que pôde.

“Ah... eu... eu disse meu nome agora a pouco, mas vamos começar de novo. Eu sou Suzuki
Satoru.”

“Satoru... sama?”

Suzuki Satoru não pôde deixar de arregalar os olhos — embora neste corpo, parece que
as chamas em seus olhos tivessem se inflamado. Ele não esperava que ela fosse imedia-
tamente se dirigir a ele pelo nome. Ela está muito familiarizada, pensou Suzuki Satoru. E
ela deu o nome dela também. É bom eu me lembrar bem. Ela deve ter feito isso para des-
tacar que é importante.

“Pode usar apenas -san. Então, você é Keno-san, acertei?”

Agora foi a vez da garota esbugalhar os olhos. Suzuki Satoru se perguntou se ele havia
dito algo inapropriado.

Keno Fasris Invern.

Keno deveria ser seu nome e Invern era provavelmente seu sobrenome. Ou era Fasris-
Invern? Ele não tinha certeza, mas o olhar surpreso em seu rosto provavelmente foi por-
que ela se dirigiu a ele pelo nome dele, mas Suzuki Satoru tinha usado o sobrenome dela
em vez disso? Talvez ela tivesse pensado que era uma rejeição de suas boas intenções.
Ou foi porque ele havia anexado o honorífico de -san ao nome dela, apesar de se dirigir
a uma criança?

“Ah, s-sim...”

“Sendo assim, por favor, levante-se. Então — conversar aqui é um pouco... como direi
isso... Bem, sim. Eu posso criar uma torre com magia... mas isso seria mais alto que os
prédios ao redor. Embora eu também tenha itens com habilidades semelhantes... mas
você não quer ficar à vista, não é?”

Keno mal conseguiu se levantar depois e Suzuki Satoru a puxou para cima, ela acenou
timidamente em resposta.

Entendo

—Suzuki Satoru fez o equivalente mental de estreitar os olhos.

Isso dizia que Keno sabia sobre itens mágicos. Isso era de conhecimento comum para os
residentes deste mundo, ou era um conhecimento mais específico que só ela tinha? Ou
ela era alguém ligada a YGGDRASIL?

Ainda assim, ele sentiu que havia algo errado em tentar procurar algum tipo de traço
comum em uma garota undead que ele havia encontrado em uma cidade infestada de
Zombies.

E o motivo dela querer evitar a atenção — era porque havia outros undeads inteligentes
nesta cidade além dos Zombies, ou era porque havia seres hostis ao redor e este lugar
não era seguro? Essa última parecia mais provável.

“Nesse caso, se você souber de um lugar seguro, poderia me levar lá?”

O corpo de Keno tremeu.

Ele podia entender como ela se sentia.

No caso de Suzuki Satoru, ele não gostaria de levar alguém que pudesse ser um PK —
neste caso sendo ele o suposto PK, um Skeleton suspeito — para seu abrigo seguro. Por-
tanto, ele deveria dar um passo para trás e se contentar em ir a um lugar onde pudessem
conversar em paz. Será que Keno não tinha um esconderijo de reserva?

Seria fácil dizer “Você não está sendo cuidadosa o bastante”, mas como ele não sabia o
que Keno havia passado, ele não tinha o direito de dizer algo assim. Mesmo Suzuki Satoru
não teria continuado jogando YGGDRASIL se ele não tivesse feito amigos. Em outras pa-
lavras, as ações de uma pessoa eram baseadas em suas experiências passadas. Talvez
Keno não precisasse ser tão cautelosa em sua vida diária.
Suzuki falou com ela como um jogador de YGGDRASIL dirigindo-se a um novato inexpe-
riente.

“Eu não preciso que me leve para sua base principal. Você conhece algum outro lugar
que considere seguro? Tipo, casas próximas ou algo assim?”

Verdade seja dita, ele queria de fato saber onde estava sua base de operações. Mas Su-
zuki Satoru estava cheio da obrigação moral de um veterano prestativo aconselhando
um novato, e por isso ele sugeriu uma alternativa sincera.

Além disso, Keno pode não ser a única nessa base. Ou aquele lugar era tão importante
para ela quanto os amigos de Satoru eram para ele? Suzuki Satoru pôde entender com-
pletamente o sentimento de não querer arriscar seus amigos.

“Se você não consegue decidir sozinha, pode ir falar com seu supervisor, não tenho pro-
blema em esperar. Nesse caso, vou esperar por perto... onde não há undeads.”

Ele não queria deixá-la escapar, muito menos queria persegui-la e insistir por informa-
ções. Deixar que ela confiasse nele não era uma coisa ruim, Suzuki Satoru magnanima-
mente declarou em seu coração que seu senso de dever como um jogador de alto nível
veio à tona novamente.

Keno começou a andar de um jeito tímido e reservado.

“Muito obrigado, Keno-san.”

Os ombros de Keno se contraíram quando ela ouviu Suzuki Satoru dizer aquelas pala-
vras atrás dela. Então, ela rapidamente se virou para olhá-lo.

“Hm? Qual, qual o problema?”

“Ah, não, não é n-nada...”

Keno murmurou baixinho e foi embora.

O que está acontecendo...?

Suzuki Satoru se perguntou. Ela estava apenas sendo cautelosa, ou era porque ele real-
mente era muito assustador?

Na verdade, Keno estava espionando-o de um beco estreito, embora ela própria fosse
uma undead. Ele deveria assumir que outrora foram inimigos?

Nesse caso, que tipo de ser undead ela era?


Havia muitos tipos de criaturas undeads — até mesmo Suzuki Satoru, até certo ponto
— que tinham olhos vermelhos. No entanto, poucos deles pareciam apresentáveis como
Keno. Mesmo que as palavras Vampire Bride viessem à mente, ele sentia como se ela
fosse um ser parecido com esse.

Foi nesse momento que Suzuki Satoru ficou pasmo com sua própria ignorância.

Se isso realmente fosse outro mundo, então era inteiramente possível que ele pudesse
conter undeads que fossem exclusivos desse mundo. No entanto, ele não poderia dizer
que estava completamente desconectado de YGGDRASIL. Caso contrário, não haveria
maneira de explicar o porquê Momonga poderia usar suas habilidades e magias de
YGGDRASIL.

Suzuki Satoru abandonou mais um pensamento sobre o assunto. Afinal, dado o pouco
que ele sabia agora, nenhum pensamento lhe daria uma resposta.

Felizmente, os dois não encontraram nenhum Zombie enquanto caminhavam em silên-


cio por vários minutos. Keno parou quando chegou à vizinhança das muralhas da cidade.
Havia uma pequena casa de alvenaria lá, com escadas levando para baixo. O arqueado ao
longo da passagem tinha uma grade em forma de cruz.

O que é isso? Se isso leva a um porão subterrâneo, então não deveria estar localizado den-
tro do prédio? É um aqueduto subterrâneo? Ou então, devo assumir que é um esgoto?

Keno virou a cabeça.

“Ah, o lugar, aqui.”

Seus olhos estavam abatidos, como se ela tivesse vergonha da miséria de seus aposentos.

Era verdade que dificilmente era um lugar onde uma garota deveria ficar. No entanto,
as crianças fugitivas no mundo de Suzuki Satoru também viviam em lugares semelhantes.

“Entendo. Eu ouvi dizer que mudanças de temperatura no subsolo são muito menos ex-
tremas do que na superfície. Você escolheu um bom lugar.”

A maioria dos undeads eram possuidores de uma resistência muito alta ao frio e as que-
das de temperatura não seriam um incômodo. Suzuki Satoru tinha agonizado por um
tempo antes de finalmente entregar um reconhecimento desajeitado de suas palavras.

“Alguém mais mora aqui além de você?”

Keno gentilmente balançou a cabeça em negação à pergunta de Suzuki Satoru.

“Entendi... por favor, indique o caminho, então.”


Keno empurrou a grade de metal de lado. Ela não parecia ter usado a força vinda de sua
origem undead ou qualquer habilidade ou magia em particular; simplesmente tinha sido
destrancado normalmente. E o fato de que ela sabia que seria destrancado também era
uma prova de que ela tratava esse lugar como sua base de operações.

Keno continuou descendo as escadas à frente.

Embora a luz do luar desaparecesse rapidamente, o fato não causou nenhum dano aos
dois. Afinal de contas, todos os undeads possuíam a capacidade de visão no escuro.

Eles chegaram ao pé da escada, e parece que isso realmente era um esgoto. No entanto,
Suzuki Satoru percebeu ao longo do caminho que não havia fedor de esgoto aqui. Na ver-
dade, não havia água corrente, apenas uma sensação levemente úmida no ar.

Talvez isso tenha acontecido porque muito tempo se passou desde que os moradores
desta cidade se tornaram undeads. E mesmo a água da chuva entrando ocasionalmente
aqui, o esgoto não passava por este lugar.

Era provavelmente por isso que Keno não fedia a esgoto, apesar de sua toca estar loca-
lizada em um.

Uma pontada de emoção repentinamente percorreu Suzuki Satoru.

A chuva era ácida e fedida em seu mundo. No entanto, o corpo de Keno não carregava
um cheiro ácido, o que implicava que a água da chuva deste mundo ainda era tão pura e
limpa como seu mundo fôra no passado.

“Talvez o Blue Planet-san se sentisse sentimental se estivesse aqui.”

Keno se virou quando ouviu Suzuki Satoru falando sozinho, e ela olhou para ele com
uma expressão tímida no rosto.

“Eu sinto muito, eu só estava falando comigo mesmo.”

“Ah, oh, eu, entendo.”

Quando as palavras de Keno gradualmente se tornaram mais fáceis de entender, Suzuki


Satoru pôde ouvir o medo que ela sentia ao proferi-las

E eu tenho sido tão legal com ela durante todo esse tempo, Suzuki Satoru não pôde deixar
de se queixar. Claro, ele não havia esquecido os efeitos de sua aparência esquelética. Afi-
nal, as primeiras impressões eram difíceis de mudar.

Enquanto ele pensava em cobrir ou não o rosto, os dois chegaram ao destino. No entanto,
não foi porque ele estava pensando há muito tempo, mas porque não ficava longe de onde
haviam entrado nos esgotos.
Depois de entrar nos esgotos, eles percorreram cerca de 20 metros, viraram à esquerda
e depois mais 20 metros antes de chegar a uma porta lateral. Ela abriu a porta que parecia
feita de metal e com isso um rangido ressoou.

“É aqui, o lugar.”

Suzuki Satoru seguiu Keno para dentro.

Não era muito espaçoso. Este quartinho provavelmente tinha sido usado para armaze-
nar ferramentas necessárias para realizar reparos de esgoto, e havia uma pilha de pica-
retas e outras ferramentas no canto.

De frente, havia um pedaço de pano um tanto sujo — não de sujeira, mas pelo tempo —
que havia sido colocado no chão.

Havia também uma velha, mas simples, mesa e cadeira.

Isso era tudo que este quarto tinha como mobília. Com toda certeza não parecia um lu-
gar adequado para viver. Pode-se dizer que era uma moradia que não dispunha de qual-
quer forma de entretenimento ou utensílios domésticos.

Embora ele pudesse entender como ela poderia estar pensando, dado que ela era
undead, Suzuki Satoru nunca desejaria ficar em um lugar tão solitário e desolado por
qualquer período de tempo.

Espere um minuto—

Uma súbita onda de afinidade subitamente surgiu dentro dele. Quando ele pensou sobre
isso, sua casa no mundo que vivia era praticamente o mesmo que isso.

No entanto, a coisa nesta sala que chamou sua atenção foi uma pilha de livros e perga-
minhos. Os livros tinham caracteres que Suzuki Satoru nunca tinha visto antes escritos
em suas lombadas, mas o fato era que ele basicamente não conhecia outras línguas além
do japonês.

“Você precisa de luz ou cadeiras?”

Ele tirou uma lamparina de estilo ocidental de seu inventário e a abriu, permitindo que
a luz branca iluminasse os arredores.

Este era um item mágico que tinha sido imbuído de 「Continual Light」.

Claro, ele tinha itens mágicos de maior qualidade para iluminação na mão. No entanto,
Suzuki Satoru decidiu que não havia necessidade de mostrar algo mais poderoso. Agora
não era hora de revelar suas melhores cartas. Além disso, um deles poderia irradiar luz
que era como o sol, o que aplicaria efeitos de status negativos aos Vampiros. Se Keno
fosse uma Vampira, então ela poderia julgar isso como uma ação hostil. Portanto, ele não
poderia fazer isso em nenhuma circunstância.

A luz da lamparina iluminou o rosto de Keno, mas ela não pareceu excessivamente sur-
presa. No entanto, ele não poderia dizer se era porque ela tinha visto um item mágico
como este antes, ou se era porque ela entendia a magia 「Continual Light」.

Depois disso, Suzuki Satoru lançou sua magia 「Create Greater item」 duas vezes.

Esta magia tinha originalmente a intenção de produzir armas, mas Suzuki Satoru tinha
uma suspeita de que neste mundo — supondo que fosse diferente daquele em que ele
havia vivido anteriormente — esta magia teria aplicações mais amplas. Os resultados
corresponderam às previsões dele.

Como ele esperava, um par de cadeiras de metal preto apareceu.

Os olhos de Keno se arregalaram como pires enquanto ela testemunhava essa ocorrên-
cia milagrosa. Sua expressão era de surpresa. Suzuki Satoru dirigiu-se à garota em seu
tom mais carinhoso.

“Ah — estes são simplesmente alguns itens pequenos que eu criei com minha magia.
Por favor, sente-se como quiser.”

Keno tentou o seu melhor para recusar de uma forma indireta, mas no fim ela acabou
sentando. Foi só depois que ela fez isso que Suzuki Satoru se sentou, porque a etiqueta
comercial de deixar seu cliente sentar-se primeiro estava completamente entranhada
nele.

No entanto, logo após se sentar ele percebeu que tinha cometido um erro.

A sensação metálica sob a sua bunda era muito desconfortável para algo que deveria ser
uma cadeira, mas ele não tinha aprendido nenhuma magia que permitisse conjurar al-
mofadas.

Mais cedo, ele pensara que sentar-se sozinho era terrivelmente rude, e por isso ele havia
conjurado duas cadeiras. Enquanto pensava em como ele a persuadira a sentar naquela
cadeira dura e fria, o sentimento de vergonha cresceu tanto que ele queria encontrar um
buraco para enfiar a cabeça.

A única coisa que o aliviava agora foi que ele não havia dito que as cadeiras pareciam
muito boas ou algum outro tipo de cortesia barata. Se ele realmente tivesse dito isso,
provavelmente teria arruinado qualquer tipo de relacionamento que ele queria construir
entre ele e Keno.
Suzuki Satoru apressadamente produziu um manto de seu inventário, um que parecia
macio o suficiente, e começou a dobrá-lo enquanto falava.

“Sinto muito. Esta cadeira é realmente muito dura. Por favor, use isso como uma almo-
fada.”

Keno olhou surpresa para o manto que Suzuki Satoru tinha lhe oferecido, e então ela
balançou a cabeça vigorosamente.

“Eh, mas, roupas tão finas como essas, não precisa. Eu-eu tenho um, um cobertor que,
normalmente uso.”

“Não, não, não precisa ficar em cerimônia, isso aqui não é nada de mais.”

O manto poderia parecer chique, mas era apenas isso. Esse item não continha cristais
de dados do tipo raro.

E com isso, outra intensa barganha se desenrolou entre Suzuki Satoru oferecendo e
Keno negando. No final, Keno aceitou cautelosamente as boas intenções de Suzuki Satoru
e sentou seu diminuto traseiro no manto dobrado.

“Então, é... por favor, desculpe-me por ir direto ao ponto. Eu gostaria que você me con-
tasse o que aconteceu com esta cidade com o melhor que puder, Keno-san. Claro, não
tenho intenção de tornar isso uma interação unilateral. Eu também responderei com sin-
ceridade o que perguntar. Ainda assim, normalmente trocaria informações de igual valor
com você, mas lamento dizer que sei muito pouco sobre a situação, então pretendo pagar
com itens mágicos ou moedas. O que acha desse acordo?”

Keno mordeu o lábio e então encarou Suzuki Satoru com o que parecia ser ódio em seus
olhos.

Suzuki Satoru não pôde evitar sua surpresa.

Ele não esperava tal resposta dela.

No entanto, antes que ele pudesse perguntar o porquê, Keno olhou para o chão e come-
çou a falar com uma voz fraca e trêmula.

Parte 2

Atrás de suas pálpebras bem fechadas — através da barreira dupla das cortinas de seda
que serviam de cobertura da cama — ela podia sentir os raios de sol brilhando sobre ela.
“Bom dia, hora de levantar” “Eu quero dormir um pouco mais” — essas duas partes dela
gritavam uma para a outra lutando para tomar o controle de seu corpo.
Enquanto entrava e saía do sono, a porta do quarto se abriu silenciosamente e alguém
entrou. O tapete felpudo cobrindo o chão abafava seus passos, mas ela ainda podia sentir
alguém se aproximando.

Essa pessoa foi até o lado da cama e parou.

“Bom dia, Keno-sama. O tempo hoje está ótimo.”

“Uuu, mmm, mhm...”

Seus olhos se abriram com uma certa relutância, e o sorriso familiar da empregada Nas-
tasha apareceu.

O fato de ter recebido permissão para se dirigir a Keno, a princesa deste país, pelo pri-
meiro nome, foi porque ela era a criada pessoal de Keno.

Nastasha era uma das criadas de maior hierarquia do castelo e, em sua juventude, havia
rumores de que ela se tornaria a próxima empregada chefe. Suas habilidades eram ex-
cepcionais e ela ainda tinha um treinamento mágico profundo; Poder-se-ia dizer que a
estrada até aqui foi fácil e sem obstáculos.

E precisamente por Keno ser a única filha, que Nastasha foi autorizada a ficar ao seu
lado — tal era um sinal de boa fé que ela havia recebido. No entanto, Keno sentia que ela
provavelmente não acabaria como empregada chefe, pois provavelmente se tornaria a
primeira esposa de algum nobre e assim renunciaria seu cargo.

Vendo que Keno já havia se levantado, Nastasha foi até a janela e a abriu vigorosamente.
Assim como ela havia descrito anteriormente, a luz solar do bom clima preencheu o
quarto.

Tendo acabado de sair da doce terra dos sonhos, seus olhos arderam pela luz e ela não
pôde deixar de os fechar fortemente. Somente depois que os olhos gradualmente se acos-
tumaram com a luz do sol através de suas pálpebras que Keno lentamente os abriu mais
uma vez.

A luz quente do sol entrou no quarto, como se a dissesse que hoje seria um dia maravi-
lhoso, pacífico e cheio de calor.

“Tudo bem, Keno-sama. Eu prepararei uma água para a senhorita imediatamente.”

Havia uma bacia de prata vazia na pequena mesa redonda. Depois que Nastasha lançou
uma magia, a bacia foi prontamente preenchida com água limpa.

Nastasha tinha acabado de lançar uma magia do cotidiano de 1º nível — também cha-
mado de Tradição Cotidiana — conhecida como 「Create Water」. Embora as magias de
zero nível também pudessem criar água potável, a água criada por essa magia era mais
doce.

Como ambas usavam a mesma quantidade de mana, a opinião popular afirmava que a
magia que produzisse água com melhor sabor seria a melhor, mesmo que não fosse uti-
lizada para ser bebida. Parece que Nastasha também pensava da mesma maneira.

Por ser uma magia de 1º nível, a água gerada usando 「Create Water」 não se limitava
a apenas preencher uma única bacia. Embora houvesse um limite de tempo, o volume
total de água criado — que aumentaria de acordo com as habilidades do conjurador —
poderia ser dividido em várias ocasiões. Portanto, não haveria derramamento nem des-
perdício, mesmo se ela a conjurasse na bacia.

Aliás, Nastasha era uma magic caster que podia usar magias de 2º nível, mas isso só na
melhor das hipóteses. Em dias frios, ela poderia conjurar magias do cotidiano de 2º nível,
entre as magias estava a 「Temperature Change」, que alterava a temperatura da água
até que fosse confortável, ou mesmo aquecer diretamente um cômodo.

Keno leu em um livro que havia uma magia do cotidiano de 3º nível 「Hot Spring」.
Aparentemente era uma imitação da magia druídica 「Geyser」. O autor do livro escre-
veu “É muito bom” e desde então Keno quis experimentá-la pessoalmente.

Infelizmente, nenhuma das empregadas no castelo poderia lançar uma magia do cotidi-
ano de nível alto. Portanto, Keno só poderia ler sobre os efeitos da 「Hot Spring」 em
seus livros.

Embora houvesse magic casters no castelo capazes de conjurar magias de 3º nível, essas
pessoas tipicamente estudavam magias de batalha e não tinham tempo para aprender
magia do cotidiano.

“Já que é assim, eu mesma vou aprender!” Keno disse uma vez às pessoas ao seu redor —
especificamente seus instrutores de magia. Naquela época, Keno era mais jovem do que
agora, em uma idade em que mal conseguia conjurar magias de 1º nível. Não seria inco-
mum alguém ouvir uma jovem dizendo que queria lançar uma magia de 3º nível — que
tipicamente pertencia aos com aptidões naturais para a magia — tratá-la como as decla-
rações ingênuas de uma criança.

Isto é, se tal criança não fosse Keno.

Os pais de Keno — seu pai poderia conjurar magias de 4º nível enquanto sua mãe pode-
ria ir mais além e usar magias de 5º nível — eram extraordinariamente talentosos gênios
nas artes mágicas. Assim, como a descendente de ambas as linhagens, todos acreditavam
que era muito provável que ela pudesse cumprir suas palavras.
Portanto, duas horas depois de fazer essa declaração, ela foi convocada diante de seu
pai, que a repreendeu severamente. Havia um limite para quantas magias poderiam ser
aprendidas e, como parte da realeza, ela deveria aprender magias mais úteis.

A jovem Keno havia respondido que era precisamente porque ela era realeza que ela
não deveria aprender magias ofensivas, defensivas ou divinatórias, e em vez disso apren-
der magias que deixassem todo mundo feliz.

No entanto, seu pai havia dito isso: “Não se iluda com a paz. Não há como dizer quando
esses dias calmos e pacíficos chegarão ao fim, além disso, um rei deve pessoalmente ir para
o campo de batalha. Portanto, qualquer um com o potencial de se tornar uma magic caster
primorosa deve aprender magias eficazes contra batalhas.”

Depois de ouvir a resposta de seu pai, Keno abandonou seus planos de aprender 「Hot
Spring」.

As palavras de seu pai haviam sido bem fundamentadas, e ela ainda não tinha idade
suficiente para entender completamente que ele queria dizer. Por um lado, ela não tinha
coragem de resistir à bronca severa de seu pai e, por outro lado, não estava particular-
mente obcecada em sua busca por águas termais.

Em vez disso, a maneira régia de seu pai falar a fez lembrar das histórias de aventuras
heroicas que Nastasha certa vez lera para ela. Ele soava exatamente como as histórias, e
isso deixou uma profunda marca em seu coração.

Daquele dia em diante, Keno fez um desejo que ela mantinha em segredo de todos os
outros, que um dia ela se tornaria forte, como os heróis nos livros de histórias — ou como
seu pai — e lutaria contra tais pessoas.

A garota, que realizaria esse sonho em seu coração, levantou da cama e caminhou para
o lado de Nastasha, logo depois começou a lavar o rosto. A água espirrava em seus arre-
dores, mas ela não se importava.

A água com temperatura ajustada — feita pela 「Create Water」, poderia ser livre-
mente disposta dentro de um raio determinado de acordo com a vontade do conjurador
— lavou a sonolência de Keno.

Keno usou a toalha que Nastasha lhe deu para limpar o rosto e começou a escovar os
dentes. Depois gargarejou a água com classe, enxaguou a boca e cuspiu na pia.

Depois de ver Keno fazer tudo isso, Nastasha conjurou 「Destruction Water」.

A água da bacia, assim como a água que jorrava, desapareceu como se tivessem sido
uma ilusão.
Essa magia de 1º nível não era magia do cotidiano, mas pertencia a um dos quatro gran-
des sistemas — também conhecidos como Tradições Elementares — e podia ser usado
para propósitos ofensivos.

Causava menos danos quando usado contra seres vivos do que outras magias do mesmo
[Elementais d e Á g u a ]
nível. No entanto, poderia causar danos significativos aos Water Elementals e outras cri-
aturas alinhadas próximo ao elemento água. Versões de nível mais alto como o 3º nível
também poderia afetar os Slimes até certo ponto. Já a Magia de 4º nível 「Dehydration」
poderia causar grandes danos a todos os seres vivos.

E as primeiras versões dessas magias eram tipicamente usadas para eliminar a água
assim como foi usado agora.

Depois de enxaguar a boca, Keno foi até o espelho que tinha aproximadamente sua al-
tura e rapidamente trocou suas vestes para as roupas que Nastasha lhe entregou.

Havia certos nobres até deixavam seus vassalos cuidarem de vesti-los, mas a família de
Keno insistiu para sempre se vestirem por conta própria. Era uma regra de família para
ajudá-los a se preparar para a batalha, para que eles pudessem colocar uma armadura
sozinhos — mesmo que uma armadura completa precisasse da ajuda de escudeiros para
ser colocada.

No entanto, era perfeitamente aceitável deixar os outros ajudarem a pentear o cabelo


enquanto ela estava se vestido. Depois de molhar cachos com 「Create Water」, Nas-
tasha apertou-os com uma toalha umedecida. Uma vez que Nastasha os soltou, deram
lugar a um longo cabelo liso.

E assim, Keno Fasris Invern — a única filha do Rei Fasris — estava pronta para o longo
dia que a esperava.

A imagem familiar de si mesma que viu refletida no espelho era uma menina com olhos
que refletiam todas as cores do arco-íris.

Esses olhos cor de arco-íris não eram exclusivos de Keno. A empregada que estava
olhando para Keno enquanto fazia os retoques finais em sua aparência, Nastasha, tam-
bém os possuía. Eles eram chamados de Olhos Arco-Íris, uma visão comum no país do
povo Olhos Arco-Íris, o Reino de Inveria. Pelo contrário, as pessoas que não os possuíam
que eram uma raridade.

“Agora que terminou, por favor, vá para a sala de jantar, Keno-sama.”

“...Os dois estão lá hoje?”

“Sim. Ambos esperam sua chegada, Keno-sama.”


Para Keno, as refeições eram ocasiões alegres, mas também ocasiões que pesavam seu
coração.

—Porque ela podia ver seu pai.

Seu pai frequentemente viajava a negócios — tanto na Capital Real quanto para outras
cidades — devido à sua vontade de trabalhar. Até sua filha, Keno, passava muitos dias
sem poder vê-lo. Portanto, ela ficava muito feliz em encontrar seu pai. No entanto, o pai
de Keno era muito rígido com ela, e por isso costumava repreendê-la sempre que se en-
contravam, o que a deixava desconfortável.

Mesmo assim, ela não podia fugir desse encontro.

Arrastando Nastasha consigo, Keno caminhou até a sala de jantar.

Como Nastasha já havia dito a ela, seus pais a aguardavam na sala de jantar. Natural-
mente, suas respectivas empregadas também estavam presentes. Em particular, a em-
pregada chefe e a empregada chefe assistente estavam de pé atrás do pai e da mãe.

A mãe de Keno tinha uma expressão calorosa e gentil em seu rosto — verdade seja dita,
sua personalidade não diferia de sua expressão, e Keno tinha poucas lembranças de ter
sido repreendido por ela —, mesmo sendo uma magic caster de primeiro escalão da na-
ção, mas dificilmente alguém diria isso julgando apenas por sua aparência.

Seu pai, por outro lado, era diametralmente oposto.

O povo dos Olhos Arco-íris tendia a ser esguio de corpo, mas talentosos nas tradições
dos Quatro Elementos, o que os levaria a ingressar em profissões apropriadas ao uso da
magia. Portanto, eles estavam focados na habilidade de conjurar magias ao invés de ha-
bilidades físicas, e tendiam a não serem corpulentos. No entanto, o pai de Keno era uma
exceção notável. Não só ele era um poderoso Elementalista do Fogo, ele também possuía
um físico poderoso que encarnava a frase “corpo bem definido”, e sua testa estava pro-
fundamente franzida com seu semblante severo.

Independentemente se estava em suas refeições ou não, ele sempre usava uma manopla
no braço esquerdo, a manopla se parecia com as garras de um Griffin.
[ M a n o p l a do Soberano Grifo]
Era o tesouro nacional conhecido como Gauntlet of the Griffinlord. Um item mágico que
poderia conjurar um Griffinlord por um total de 24 horas no período de uma semana. Já
que o Griffinlord poderia ser conjurado novamente em uma semana, mesmo que fosse
morto, gerações de reis usaram historicamente para chamar uma vanguarda para eles.
No entanto, o pai de Keno foi o único que não a usou dessa forma.

“Bom dia, pai, mãe.”

“Bom dia, Keno.”


Em contraste com a gentil saudação da mãe, o pai simplesmente franziu a testa e assen-
tiu bruscamente, mas era assim que ele costumava ser. Se por um acaso ele tivesse res-
pondido com um sorriso assim como sua mãe, Keno ficaria confusa.

Nastasha puxou a cadeira para trás para Keno se sentar, e logo depois o café da manhã
foi servido.

Este país tinha uma próspera indústria de laticínios e, portanto, nenhuma parte da Ca-
pital Real era mal guarnecida de queijos. De particular importância era o fato sempre
esperar que as mesas de jantar da casa real tivessem pelo menos três tipos diferentes de
queijo. Além disso, havia creme de leite, bebidas feitas da mistura de leite e sucos espre-
midos na hora com sumos de quatro frutas diferentes, e assim por diante. Além disso,
havia fatias grossas de presunto assado. Os pratos apinhados de pão branco eram acom-
panhados por belos e inebriantes pedaços de manteiga dourada.

Keno — junto com seu pai e sua mãe, que estavam fazendo suas refeições matinais —
olhou para o anel em sua mão direita, mas a pedra preciosa azul-safira não mudou de cor.

O local onde a comida era servida exigia etiqueta. Mas desde que recebera o anel em
tenra idade, e o dito anel já havia se tornado parte dela.

Enquanto comiam em silêncio, o pai colocou o garfo na mesa com um tilintar silencioso.
Ela olhou e viu que seu pai pegando o guardanapo para limpar a boca.

“Diga-me, Annie. Até que ponto as habilidades mágicas dela melhoraram?”

Annie, a mãe de Keno. Seu nome completo era Annie Fasris Invern.

Annie largou o garfo e secou a boca também.

“Meu marido, atualmente essa criança parece ter alcançado o segundo nível. Quem sabe,
ela pode em breve se tornar capaz de exercer seus rudimentos.”

“Eu ouvi isso há duas semanas. Em outras palavras, não houve melhora, estou errado?
Keno, o que você acha? Se sente mais forte do que antes?”

Keno engoliu a comida, depois posicionou o garfo na mesa e secou a boca como sua mãe.
Durante esse tempo, ela pensou em como responder a seu pai, mas a verdade era que ela
não se sentia muito diferente entre agora e duas semanas atrás. Era como se perguntasse
quantos milímetros alguém havia crescido em suas semanas.

De fato, ela sentiu algo estranho quando se tornou capaz de conjurar magias de 1º nível.
Foi como conectar uma força motriz a engrenagens dentro de seu corpo. No entanto, não
houve mais sinais disso desde então.
Portanto, ela só pôde responder honestamente:

“Não tenho certeza.”

“Entendo. Honestidade é uma boa política, mas só isso não resolve. Você é minha pri-
mogênita. No futuro, seus irmãos e irmãs mais novos nascerão e você terá que ser um
exemplo para eles.”

“Meu Rei... ela ainda é muito jovem—”

“—Cale-se.”

Seu pai interrompeu friamente a crítica iminente de sua mãe.

“Por mais jovem que seja, ela ainda é da realeza.”

O olhar do Rei estava afiado quando se virou para ela. Assustada, Keno olhou suplicante
para sua mãe.

“Ela é uma crianç—”

“Mesmo sendo uma criança, ela é uma princesa e faz parte da realeza. No momento não
há necessidade de superar todos os outros, mas ser ofuscada será problemático. Afinal,
você é uma magic caster melhor do que eu.”

Seu pai virou-se para olhar para um lugar sem ninguém e então tossiu. “É por isso que
nos casamos, não é?”, Ele murmurou. Então, ele olhou para Keno novamente com seus
olhos firmes como aço.

“Por essa razão, eu a deixei aos seus cuidados, para que a ensinasse, mas você tem sido
muito negligente na educação, é o que penso. O combate ao vivo é a melhor forma de
treinamento. Eu sei que ela é uma criança e ainda não está totalmente crescida, mas cer-
tamente ela deveria começar a treinar armas também, não? É importante ver se ela é
talentosa nesse campo também.”

Era verdade que o pai de Keno era inferior à sua mãe como magic caster. No entanto,
dado que ele era capaz de lutar com uma lança, ele era melhor como combatente.

“Eu me oponho a isso. De tudo que já presenciei até hoje, não acho que nossa criança
seja como você — talentosa para o combate armado. Até que ela desperte uma afinidade
por um dos quatro grandes poderes, devemos continuar a treiná-la como uma magic cas-
ter. Mais importante, ela está proibida de participar de algo tão perigoso quanto o com-
bate ao vivo.”

“No meu tempo—”


“—As coisas eram diferentes. Em vez de aprender a escrever com as duas mãos—”

“—É mais rápido aprender a fazer isso com apenas uma, eu sei o que quer dizer. No
entanto, não sabemos onde estão os talentos dela. Não acha que seria melhor deixá-la
experimentar tudo? Eu sinto que seria melhor ajudar essa criança a se preparar para o
futuro.”

“Eu concordo. Mas veja, sinto que deveria esperar até que ela pelo menos alcançasse o
segundo nível primeiro. Se quer que ela tome parte na instrução marcial, então deve pelo
menos esperar até que seu corpo esteja completamente desenvolvido primeiro.”

Os dois encararam um ao outro firmemente, nenhum dos dois fraquejou.

Um tempo depois, o pai desviou o olhar.

“Compreendo. Deixarei que ela fique aos seus cuidados no momento.”

“Eu sou profundamente grata, Meu Rei.”

“—Keno.”

Keno saltou quando ouviu a voz de aço de seu pai. Seu pai notou, mas ignorou e começou
a falar.

“Como a família real deste país, desfrutamos de vidas luxuosas e da lealdade de muitas
pessoas. E tudo isso porque fizemos nosso dever como a realeza da nação. Portanto, você
deve aprender e absorver tudo e fazer bom uso disso. É verdade que o nosso país é pací-
fico agora. Mas quem sabe, podemos ser invadidos algum dia. Portanto, precisamos de
uma nação rica e de um exército forte.”

“...Eu não quero ferir os outros.”

O rosto do pai dela se torceu ligeiramente.

Ele estava com raiva, rindo ou triste? Era uma expressão com nuances que era difícil de
entender. No entanto, não houve rispidez no que ele disse logo depois.

“Não há necessidade de invadir os outros. Um exército forte é uma força dissuasora. No


entanto, a intimidação impensada leva ao conflito. É dever de um líder obter informações
sobre outras nações, encontrar um equilíbrio e buscar o crescimento da força de seu país.
Você acha que o poderio militar é desnecessário?”

“Não.”

Keno sacudiu a cabeça.


Entre as muitas raças do mundo — com os Povos Olhos Arco-Íris representando 90%
dessa fatia —, uma nação de 5 milhões de pessoas não era muito grande. No entanto,
devido aos países vizinhos serem aproximadamente do mesmo tamanho que um equilí-
brio pôde ser alcançado. Nos últimos cinquenta anos, também não houve guerras em
grande escala nas nações vizinhas. Mas isso só demonstrava que não havia guerras de
conquista. Quando um monstro com grande poder individual se dava as caras, era
quando o destino de uma nação seria decidido — e dependendo das circunstâncias, uma
aliança poderia precisar ser formada.

Por exemplo, houve mais de 50.000 baixas quando um Behemoth apareceu, e a lem-
brança dele ainda estava fresca nos corações de muitos. Keno sabia muito bem como era
importante reunir grupos poderosos para lidar com tais adversários.

“Você não precisa fazer tudo sozinha. Reúna as pessoas em quem confia e peça a força
deles emprestado. Não sou único rei forte entre os muitos reis da história, mas até eu
tenho pessoas em quem confio.”

Mesmo olhando na história família real, provavelmente só seria possível encontrar pes-
soas comparáveis a seu pai — que foram aclamadas como pioneiras no reino dos heróis
— durante a primeira geração.

“Portanto, reunir os fortes e buscar a força que está em uma direção diferente da sua
pode ser o caminho certo. Mas isso, o que significa? Talvez aprender magias que façam
todo mundo feliz seja uma maneira de fazê-lo. No entanto, ouça bem a sugestão de seu
pai. Você não pode negligenciar sua própria força. As pessoas se sentem à vontade sob a
proteção dos fortes. Ser um membro da família real é uma forma de força que atrai as
massas para você. Naturalmente, essa força implica possuir charme, riqueza e autoridade.
Mas se levar isso ao extremo, então o poder pessoal de um rei é a força mais facilmente
compreendida dentre todas — e pode garantir melhor sua segurança. Afinal de contas, o
charme, a riqueza e a autoridade podem falhar em garantir a segurança de todos.”

“Sim, pai.”

Keno respondeu.

“Ótimo.” o Rei respondeu quando ele pegou o garfo novamente. Em outras palavras, sig-
nificava que ele continuaria comendo. Sua mãe também se apressou a segui-lo e Keno
começou a comer de novo também.

Depois que terminaram, as empregadas serviram três bebidas de cor roxa-clara. Este
era o chá roxo com gotas de leite. Estava acompanhado por biscoitos levemente açucara-
dos.

Os três olharam seus anéis e depois começaram a degustar do chá.


Keno — que tinha uma língua sensível — sorveu o chá que tinha esfriado. Foi só então
que ela percebeu que duas pessoas estavam olhando para ela.

Ela violou alguma forma de etiqueta? Keno não tinha idéia do que estava acontecendo.
No entanto, esse tipo de coisa acontecia de tempos em tempos. Keno comia em silêncio,
mas eles ainda a encaravam. Aconteceu com mais frequência com o pai, que ela rara-
mente conseguia encontrar.

Ela tentou desvendar algo em seu olhar, mas ele não parecia zangado. Então, o que es-
tava acontecendo? Keno inclinou a cabeça — ou pelo menos ela fez isso em seu coração
— e bebeu seu chá roxo. Deixou que o chá lavasse o gosto doce de biscoito que permane-
cia em sua boca. No entanto, beber demais seria glutonaria. Ela não podia julgar mal o
equilíbrio de sabores entre chá e biscoitos.

Keno focou em comer os biscoitos e beber chá em sequência, e o olhar de seu pai a dei-
xou.

“—Então o que mais planejou para a Keno hoje?”

“Depois dessa refeição, vamos aprender sobre magia nos meus aposentos até a hora do
almoço. Depois disso, Balen-sensei irá instruí-la como de costume.”

“Entendo. Nesse caso, deixe-me acompanhá-la hoje e ver como a ensina. Estou muito
interessado em saber como a Keno leva suas lições.”

Keno não pôde deixar de ficar surpresa.

Esta pode ser a primeira vez que seu pai realmente quer vê-la aprendendo.

“...Hehe.”

Sua mãe sorriu e as rugas entre as sobrancelhas de seu pai se aprofundaram.

“O que é tão engraçado sobre isso?”

“Eu estava me perguntando o porquê você diria algo assim de repente. Heh...”

“Foi algo que passou pela minha cabeça. Não há outro motivo.”

“Tudo bem, tudo bem. Hehe... então eu esperarei calmamente sua chegada, Meu Rei.”

“Não há necessidade de esperar por mim. Eu não quero perturbar a educação de Keno.”

“Eu sei. Ainda assim, acho que já é hora de selecionar um pretendente para a Keno. Mais
tardar e ela ficará velha demais como princesa... mesmo para uma nobre herdeira. Eu
lembro que eu tinha oito anos naquela época.”
“Não. Você tinha nove anos.”

“Ara, mesmo? Eu não posso acreditar que ainda se lembra.”

Sua mãe sorriu enquanto seu pai franzia a testa.

“Ghrum! Eu sei o que está tentando dizer. No entanto, Keno é a nossa única filha. Nós
não podemos ser desleixados sobre isso. Não seria melhor esperar mais?”

“Se não começarmos a pensar nisso desde o início, todos os bons candidatos terão en-
contrado cônjuges até então. Nossa filha se tornará uma mulher que ninguém estará dis-
posto a comprar.”

“Não fale sobre de comprar como se fosse as sobras que ninguém quer... Ser alguns anos
mais novo não deve ser um problema, não? Eu vou considerar cuidadosamente esse as-
sunto. Entendeu? Vamos mudar de assunto.”

“Sim, sim, sim...”

“Você precisa se esforçar bastante nisso”, ela ouviu sua mãe sussurrar. Seu pai franziu a
testa, olhou para as empregadas e depois pegou as sobremesas.

Depois que a sobremesa acabou, Keno voltou para seu próprio quarto, onde ela pegou
vários livros didáticos antes de ir para o quarto de sua mãe.

Ela bateu na porta do quarto de sua mãe, e a pessoa que atendeu era a empregada pes-
soal de sua mãe, que era a empregada chefe assistente, a segunda em comando do castelo.

Ela entrou no quarto e começou a aula de hoje com a mãe.

Independentemente de qual tradição de magia estava sendo estudada, o importante


quando ao começar a ser versado nas artes mágicas era ter a afinidade. A maioria das
pessoas que aprenderam a usar magia tinha feito isso através da percepção de fazer con-
tato com o mundo. Qualquer um sem essa experiência seria incapaz de conjurar magias.
No entanto, não havia professores que pudessem ensinar isso aos alunos explicando to-
dos os detalhes, por conta disso, muitas pessoas ficavam presas nessa parte.

No entanto, Keno já havia atravessado esse obstáculo. Agora ela estava aprendendo so-
bre o que ela precisaria saber para futuras profissões.

A mãe de Keno era uma maga, e então ela se concentrou em melhorar sua habilidade de
lançar magias arcanas, por Keno ter talento como feiticeira, suas lições foram focadas em
melhorar sua habilidade de feiticeira.
Comparado aos magos, os feiticeiros confiavam muito mais na percepção. Portanto, o
treinamento de Keno era focado em fechar os olhos e usar seu coração para sentir as
ondas que sua mãe emanava ao conjurar magias.

Ela não sabia quanto tempo se passou desde que a aula começou.

—De repente, Keno sentiu alguma coisa.

Foi difícil descrever essa sensação em palavras. No entanto, era mais poderoso que sua
mãe, como uma grande onda, algo que desafiava a descrição.

Esta foi uma sensação que ela nunca tinha experimentado antes, e Keno não pôde deixar
de abrir os olhos.

Ela viu a mãe, que ficou surpresa com a filha abrindo os olhos de repente. E naquele
momento—

Uma dor lancinante perfurou Keno.

Era uma agonia que ela nunca experimentara antes, algo que não fazia sentido para ela.

Keno desabou no chão em meio à dor, como se algo tivesse sido arrancado dela.
Doeu tanto que ela não podia falar. Keno não podia acreditar que existia algo no mundo
que a faria sentir tanta dor.

Ela chorou lágrimas de dor. Em sua visão escurecida pelas lágrimas, ela podia ver as
duas empregadas desmoronando no chão também, seus rostos distorcidos de dor e ago-
nia. Ao lado dela, sua mãe estava passando pela mesma coisa também.

O rosto de sua mãe estava torcido em agonia e sua testa estava escorregadia de suor.
Mas mesmo assim—

“—「Reinforce armor」.”

Sua mãe lançou uma magia de proteção em Keno.

No entanto, nada fez quanto a dor que ela estava sentindo. Não diminuiu nem um pouco.
Sua mãe deveria ter notado isso pela expressão no rosto de Keno.

“—「Anti-Evil Protection」.”

Keno rangeu os dentes contra a dor e tentou não gemer, e ao fazê-lo, sentiu a mãe lançar
outra magia sobre ela novamente. No entanto, de nada adiantou para agonia que a ator-
mentava.

“Espí...rito? Ou carne? 「Undead Form」.”


Como uma versão avançada de 「Mind of Undeath」, essa magia poderia conceder bre-
vemente ao seu alvo várias propriedades dos undeads, tanto benéficas quanto banais. A
magia entrou em vigor sobre Keno, mas mesmo assim, não interrompeu em sua dor.

“Ooog! Protegerei, minha... criança!”

Sua mãe mordeu o lábio — sangue vermelho brilhante imediatamente jorrou — e agar-
rou o braço de Keno. Certamente Keno teria gemido de dor já que sua mãe usou muita
força. Mas as agonias de corpo inteiro que ela experimentou eram muito fortes e Keno
não sentiu a dor em seu braço.

Sua mãe andava como se estivesse arrastando Keno — não, de fato ela estava arrastando
Keno — até a porta. Não... seria errado chamar isso de andar. Sua mãe estava de quatro,
arrastando-se desesperadamente para frente.

“Uwaaaaahhhhh!”

Ela ouviu um grito de dor. A fonte desse som profundo que ela nunca ouvira antes era
Nastasha. Era completamente diferente de sua voz habitual, submissa e elegante. Nas-
tasha estava rolando no chão e tinha chegado à porta.

“Uuuooooohhh!”

Ela rugia em um tom rude e desprovido de cortesia, depois levantou-se para encostar-
se à porta, pegando a maçaneta e abrindo-a ligeiramente. No entanto, depois de lutar
para conseguir fazê-lo, Nastasha choramingou de forma quase inaudível e colapsou.

Ela não se mexeu depois disso, como se tivesse desmaiado ou mesmo morrido.

Sua mãe avançou em direção a pequena abertura que Nastasha havia se sacrificado para
fazer. A dor que passava por Keno era o suficiente para fazer um homem desmaiar ou até
morrer, e era tão poderosa que até roubava mesmo a força para gritar ou chorar. No en-
tanto sua mãe estava suportando essa dor enquanto ainda se esforçava para carregá-la e
fugir.

Embora tivesse demorado sabe-se lá quanto tempo para percorrer apenas alguns me-
tros, sua mãe não dava sinais de desistência.

A porta se abriu lentamente do outro lado e parou quando bateu na cabeça de Nastasha.

Sua mãe agarrou a mão de Keno e apertou.

Talvez sua mãe acreditasse que o culpado por trás desse ato incompreensível estava
prestes a se mostrar, mas não era quem ela esperava.
A pessoa que apareceu diante delas foi o Rei.

Ele parecia ter envelhecido décadas em um instante. Ele usava sua lança como uma mu-
leta enquanto se movia em direção às duas.

“Meu... Rei...”

“Ken—stá bem...?”

Seu pai parecia que também estava sofrendo. Mesmo assim, ele conseguira vir até aqui
porque era forte o bastante para não estar no reino dos homens comuns.

“Por toda... cidade... Use... teleporte...”

“Enten...dido...”

As palavras de seu pai estavam vagas enquanto ele pé ainda resistia à tremenda dor.
Mas a mãe de Keno parecia ter entendido completamente o significado das palavras es-
parsas.

O desespero no rosto de sua mãe se transformou em terror. Não foi só por causa da dor
que a afligia. Magias de nível superior exigiam maior foco e, naturalmente, um conjurador
que pudesse conjurar essas magias de alto nível normalmente desenvolveria poderes de
concentração similarmente potentes. Não seria um problema em circunstâncias normais.
Mas havia momentos em que precisariam se concentrar mesmo em circunstâncias espe-
ciais como essa.

Talvez fosse por causa da dor ou por precisar se se concentrar na magia que lançaria,
mas mais suor escorria na testa da mãe. E então—

A magia não se ativou.

“Ooogh. Não... falhou. Isso é— interferência!”

“Quê—”

Na visão borrada de Keno, ela viu o rosto do pai se transformar em perplexidade quando
ele esqueceu sua dor. Depois disso, os dois se moveram sobre Keno como se estivessem
tentando esmagá-la seu peito.

Foi pesado.

Mas Keno entendeu os sentimentos de seus pais.

Keno podia sentir o quão forte eles a amavam, e a lágrima fluindo de seus olhos não
provinha da dor.
Mas a agonia não mudou. Parecia ignorar o amor deles, atormentando Keno com o
mesmo sofrimento de antes.

Tamanha era a dor que a noção do tempo deixou de fazer sentido.

Ela não conseguia nem sentir o peso do corpo de seus pais. Ela havia perdido toda a
sensação em seu corpo. Tudo o que restou foi a dor se intensificando ao infinito.

Ela deveria ter morrido.

Por quê—

Por que isso—

O quê—

Quem—

Faria uma coisa tão terrível—

As perguntas continuavam borbulhando em sua mente, mas como bolhas... elas estou-
raram. Ao mesmo tempo, o mesmo acontecia com sua consciência — apenas naquele mo-
mento, Keno de repente se sentiu fazendo contato com algo enorme. Parecia muito com
o momento em que ela lançou sua primeira magia, mas não era o mesmo.

Essa sensação também foi impossível descrever em palavras. No entanto, Keno podia
sentir seu pai, sua mãe, Nastasha e todas as pessoas que trabalhavam no castelo.

Isso foi tudo.

E com isso, Keno desmaiou.

♦♦♦

Ela emergiu de uma consciência de escuridão e acordou, ela não sabia quanto tempo
havia passado.

A dor de antes desaparecera, como se tudo tivesse sido uma mentira. Até a fez se per-
guntar se estava sonhando.

Keno de repente pensou; Pai, Mãe?

Ela mudou sua visão e instantaneamente os viu.

Sua mãe e pai estavam lá. Ambos estavam de pé no quarto.


“Mã—”

Keno só conseguiu pronunciar metade da palavra. A outra metade ficou presa na gar-
ganta e se recusou a ser dita.

Isso porque ela viu a estranheza de seu pai, sua mãe e as duas empregadas. Mas o terror
surgindo nela foi prontamente extinto.

Keno conteve a mudança profundamente desagradável em seu humor e olhou para os


rostos dos quatro.

Não foi demência. Os quatro estavam cambaleando enquanto se moviam, como se tives-
sem perdido os sentidos. A maneira como eles faziam isso lembrava um certo tipo de
undead que Keno havia aprendido durante suas aulas de monstros.

Keno tocou seu rosto.

—Estava frio.

Ela checou seu pulso.

—Não havia nada.

Ela suspeitou que ela poderia tentado medir a pulsação no lugar errado e mudou o dedo
em seu pulso, mas não importava onde ela verificasse, ela não encontrava pulsação al-
guma.

Em pânico, Keno olhou ao redor da sala e encontrou um espelho para se vestir. Ela olhou
para si mesma. De relance, parecia que nada havia mudado. No entanto, havia uma área
que era completamente diferente.

Seus olhos estavam vermelhos.


Parte 3

“Esta é a minha— não, a história da Undead de olhos vermelhos, Keno Fasris Invern. Ou
pelo menos o dia em que começou.”

Em algum momento a fala de Keno ficou mais fácil de ouvir, e esse foi o seu resumo. Sua
fala distorcida, quando acabavam de se conhecer, era provavelmente porque não falava
há muito tempo. Dito isso, por ser uma undead, o corpo dela não envelheceria e, portanto,
se recuperaria rapidamente assim que começasse a falar.

“Entendo”, Suzuki Satoru respondeu, e então Keno continuou narrando sua história so-
bre o que aconteceu desde aquele dia.

Depois de perceber que não eram apenas as pessoas no quarto, mas o castelo, e toda a
cidade que se tornara undeads sem vontade própria — Zombies, em outras palavras —,
Keno tinha dois caminhos disponíveis para ela.

• Uma era deixar esta cidade e pedir ajuda a alguém para salvar seu povo.
• O outro era ficar aqui e esperar que a ajuda viesse de outras cidades.

Evidentemente, Keno escolheu ficar.

Keno não odiava os vivos, mas fundamentalmente os undeads eram seres que odiavam
a vida. Como um ser assim poderia pedir ajuda aos vivos? Se eles vissem Keno, não havia
dúvida de que atacariam com a intenção de destruí-la. Então, havia o fato de Keno não
poderia simplesmente abandonar sua família e ir embora, mesmo depois de se tornar
undead.

Mais importante, Keno era fraca e não podia suportar os ataques de monstros e feras
selvagens, então as chances de ela chegar a uma cidade próxima eram baixas. Além disso,
ela segurava um fio de esperança que as outras cidades viriam investigar, já que esta era
a Capital Real.

No entanto — ninguém veio.

Ela esperou um e depois dois anos, mas não tinha visto ninguém perto do portão da
cidade.

Talvez esse estranho fenômeno de converter os vivos em undeads tenha se espalhado


para as cidades próximas e até afetado o país inteiro. Quando esse pensamento veio à
mente, Keno começou a trabalhar seriamente, e enquanto esperava pelo resgate, ela es-
tudou os undeads de seu país para entender esse fenômeno de conversão, para que pu-
desse ajudar todos a se recuperarem.
Ela também pensou “o que posso fazer? Sou apenas uma criança...” uma vez, mas Keno
não teve escolha.

Keno ocasionalmente se aventurou fora do castelo para trazer de volta vários livros para
estudar. Ao mesmo tempo, ela treinou a si mesma para usar magias mais potentes. Por
ser uma undead, Keno não precisava descansar e poderia literalmente trabalhar ardua-
mente noites a fio em seus esforços.

Anos se passaram, ou possivelmente décadas — já era tempo suficiente para que até
mesmo seu senso de tempo ficasse confuso. Parece que até então Keno viveu sozinha,
procurando uma maneira de restaurar todos ao seu eu original.

Durante esse período, Keno viu aves migratórias que ainda não haviam sido convertidas
em Zombies, o que a deixou certa de que ainda havia seres vivos no mundo exterior. No
entanto, quando ela observou os portões da cidade, tudo o que viu foram os cadáveres
ocasionais de animais que haviam sido atacados por Zombies, e no final ela não encon-
trou nenhum visitante humano vivo.

Depois de ouvir a história de Keno, Suzuki Satoru finalmente percebeu por que havia
uma diferença grande entre sua maneira solene de falar em relação a sua aparência jovial.

Ao pensar com calma, essa era uma situação perfeitamente compreensível. Por ser uma
undead, era natural que houvesse uma disparidade entre a idade aparente e o e quanto
tempo já havia “vivido” (deixando de lado a questão de saber se essa informação era pre-
cisa). Em outras palavras, seu corpo pode não ter mudado, mas sua mente amadureceu.
Era impossível apagar completamente o medo e outras emoções do coração de alguém e,
mas na plenitude do passar do tempo, sua mente também mudara gradualmente.

Sendo esse o caso, seria rude tratá-la como criança, pensou Suzuki Satoru. Eu vou espe-
rar até que ela diga como prefere ser tratada, ele concluiu. Toda a sua experiência de vida
até então lhe havia dito que era melhor tratar as mulheres como mais jovens do que mais
velhas.

E então, sua história chegou ao fim.

Keno, que estivera conduzindo sua pesquisa no castelo, mas agora morava nos esgotos.

Isso porque — ela fugiu.

Naquela época, ela sentiu um poderoso undead aparecer fora da cidade, um que era
mais poderoso do que ela ou até mesmo seus pais, logo depois rumou em direção ao cas-
telo. Ela não tinha fé alguma em sua capacidade de triunfar em batalha, e assim ela pegou
tudo o que podia carregar e fugiu do castelo para cá.

E então, o dia de hoje chegou.


Enquanto ela planejava ir para o castelo para recuperar alguma literatura relacionada a
magia, ela de repente viu um undead incomparavelmente poderoso pairar no ar — Su-
zuki Satoru — e isso levou às circunstâncias atuais.

“Entendo...”

Ele agora entendia sua condição atual e o estado da cidade. No entanto, ele não tinha
idéia do porquê ele apareceu aqui, ou o porquê ela e a cidade acabaram assim.

Entretanto, não parecia que este mundo tivesse sido gerado em resposta à chegada de
Suzuki Satoru. Como esperado, seria melhor pensar que provavelmente havia alguma
razão — embora não estivesse claro — para que Suzuki Satoru viesse parar nesse mundo.

Falando nisso...

Suzuki Satoru olhou para Keno, a undead em forma de garotinha.

Eu tenho muita sorte por ter conseguido conhecer alguém que sabe como esse mundo fun-
ciona. Mais sorte ainda por ela ser uma undead também.

Ela mencionou isso em sua história, mas foi só depois de Suzuki Satoru perguntar vários
detalhes que ficou claro para ele que os undeads eram universalmente odiados pelos vi-
vos, e não seria incomum que fossem exterminados se fossem encontrados. Portanto,
seria muito difícil para ele obter ajuda. Isso significava que Keno era uma pessoa muito
importante.

Era verdade que Suzuki Satoru queria mesmo saber sobre seus antigos amigos e a
Grande Tumba de Nazarick. No entanto, Keno não sabia nada sobre eles. Dito isto, isso
não a qualificava como uma inútil. Afinal, era de se esperar que ela não soubesse sobre
tais coisas. Fazia mais sentido pensar que só Suzuki Satoru tinha vindo para cá e que todo
o resto desaparecera com o jogo.

Seria bom eu ganhar confiança dela e aprender mais sobre esse mundo, se possível. No
mínimo, gostaria de preencher as lacunas entre o que sei e como esse mundo funciona... isso
pode levar muito tempo. Levá-la para o mundo dos homens iria encurtar esse tempo, e eu
seria capaz de ganhar experiência e conhecimento também... mas como eu poderia fazer
ela ficar em dívida comigo a esse ponto?

Enquanto Suzuki Satoru agonizava sobre esse problema—

“—Todos, todos são importantes para mim.”

Keno ficou de joelhos na frente de Suzuki Satoru e depois baixou a cabeça, as palmas das
mãos no chão.

“Por favor, eu te imploro. Por favor, traga todos de volta a como eles costumavam ser.”
“—Eh?”

O que exatamente ela quis dizer com isso?

Não, mesmo que peça assim— essa foi a primeira reação de Suzuki Satoru.

No jogo YGGDRASIL, Momonga decidiu interpretar um undead e, como tal, seguiu o ca-
minho de um magic caster arcano. Ele deveria possuir o mesmo poder nesse outro
mundo incompreensível.

No entanto, ele não possuía a capacidade de restaurar os undeads ao seu estado anterior.

Se as pessoas da cidade se tornaram Zombies por causa de algum status negativo, então
talvez matar e depois ressuscitá-los com magia pudesse funcionar.

Embora não pudesse ser usado dessa maneira no jogo, essa tática aparentemente existia
em outros jogos; isto é, matando alguém que tivesse ganhado uma condição incurável —
estritamente falando, eles seriam atacados até um estado de quase morte e depois res-
suscitados, o que eliminaria o efeito negativo de status.

No entanto, na ausência de tais circunstâncias, nenhuma das magias no repertório de


Suzuki Satoru incluía a capacidade de restaurar as pessoas que se tornaram undeads.
Pode parecer estranho, mas até mesmo itens e magias de ressurreição que poderiam ser
usadas em criaturas undeads que haviam tido o HP zerado não poderiam restaurá-los ao
seu estado antes que eles se tornassem undeads.

No entanto, itens de mudança de raça podem ter uma chance aqui. Infelizmente, uma
vez que alguém se tornasse uma criatura undead, a maioria dos itens de mudança de raça
não seriam capazes de alterar o status de undead. Se fosse possível, as únicas coisas que
poderiam fazer isso seriam itens a par com itens World-Class.

Se a vítima fosse um jogador, seria mais rápido excluir um personagem e começar um


novo.

No momento eu não tenho nenhum e não os usaria mesmo se tivesse, talvez a “Seeds of the
World Tree” pudesse permitir que mesmo os undeads mudassem livremente sua raça —
assumindo, é claro, que os Itens World-Class tenham o mesmo efeito aqui como no jogo. Ou
usar o 「Wish Upon a Star」 permitirá alterar alguns deles, mesmo que não sejam todos
eles?

Entretanto, Suzuki Satoru não tinha intenção de gastar nenhum de seus trunfos de uso
limitado.

Enquanto Suzuki Satoru continuava pensando, Keno também continuou seu discurso,
como se estivesse chorando lágrimas de sangue.
“Por que, por que fez isso conosco? Eu não faço idéia. Se a culpa foi minha. Eu pago pelos
meus pecados, então, por favor, poupe todo mundo!”

“—Hum?”

Ele ouviu algo que não podia fingir ignorar:

“Eu fiz isso com vocês?”

Teria Suzuki Satoru transformado todos na cidade em undeads sem nem mesmo perce-
ber? Não, ele nunca tinha feito tal coisa antes, nem mesmo em YGGDRASIL.

Confuso, Suzuki Satoru em choque ponderou em silêncio. Keno levantou a cabeça um


pouco e olhou para Suzuki Satoru.

“...Desculpe. Na verdade, eu não entendo muito bem o que você está dizendo. Eu fiz algo
assim?”

“—Hã?”

Assim como Suzuki Satoru havia feito agora, Keno fez um som perplexo.

“Hã?”

“Hã?”

Os dois se entreolharam.

A garota congelou, como se a energia que a movia tivesse sido cortada. Ele esperou um
pouco, mas ela não parecia estar planejando responder a ele. Sendo esse o caso, Suzuki
Satoru começou a falar sobre seu próprio lado das coisas. Ainda assim, é claro que ele
não poderia dizer que era um residente de outro mundo ou algo assim. Portanto, ele al-
terou sua história em uma onde ele estava conduzindo um experimento mágico e subita-
mente foi teleportado para o céu, logo acima da cidade.

“Então, já que vive nesta cidade há muito tempo, eu creio que isso significa que não tem
nada a ver comigo, não é?”

“Ah, uh, então não foi por causa do seu poder então, Satoru-sama?”

“Por poder, você quer dizer transformar todos nesta cidade em criaturas undeads? Não,
eu não sei nada sobre isso— ah, eu realmente não sei... sabe? Então, posso fazer uma
pergunta? Você tem alguma prova ou base de que eu seja a causa de tudo isso?”
Na verdade, as memórias de Suzuki Satoru tinham acabado de ser despertadas. Se seu
corpo estivesse inconscientemente vagando aos seus arredores até então, ele realmente
não teria nada a dizer em sua defesa.

“...”

Sua expressão mudou lentamente, de choque para mágoa.

Como uma criança, ela não conseguia esconder a mudança de seu rosto. Mesmo tendo
vivido por muito tempo, as palavras de Suzuki Satoru ainda — apesar da supressão emo-
cional dos undeads — tiveram um grande impacto nela.

“A-ah, quando eu estava sozinha no castelo, uma poderosa criatura undead apareceu...
Eu estava com medo e então corri.”

A criatura undead que Keno havia mencionado agora, era razão pela qual ela havia mu-
dado sua base do castelo para este lugar. Mas Suzuki ainda não tinha ouvido os detalhes
sobre essa criatura—

“—Ahhh, entendo, então esse ser undead era muito parecido comigo... e isso, é o que
quis dizer?”

“Sim.”

A voz de Keno, tão fraca que parecia estar prestes a desaparecer, combinada com o olhar
de compreensão em seu rosto retirou um grande peso do coração de Suzuki Satoru.

Não foi Momonga — sem a mente de Suzuki Satoru — quem fez isso. Isso o deixou ainda
mais seguro de que ele só aparecera nesse mundo naquele momento. Ao mesmo tempo,
Suzuki Satoru não pôde deixar de se surpreender a medida em que Keno acreditava no
que ele dizia.

Claro, Suzuki Satoru foi muito franco e honesto com ela na esperança de conseguir sua
aceitação. No entanto, a decisão final estava nas mãos dela. Em outras palavras, ela acre-
ditou nas palavras de um undead que acabou de conhecer.

Se ela tivesse depositado tanta confiança nele, ele deveria fazer o mesmo por ela. Isso
era necessário para construir um relacionamento saudável entre duas pessoas.

“A-ah, o senhor está com raiva? Me desculpe — me desculpe, eu entendi errado, Satoru-
sama!”

“Ahhh, não há necessidade disso. Não se preocupe com isso. Falando nisso — você tem
certeza de que essa criatura undead é a responsável por trás da transformação das pes-
soas dessa cidade?”
“Não, não tenho certeza. Mas acho que deve haver uma conexão, caso contrário, aquilo
não teria aparecido nesta cidade.”

“Entendi, faz sentido o que disse.”

Mesmo concordando verbalmente com ela, Suzuki Satoru ainda tinha dúvidas em seu
coração.

Essa conjectura estava cheia de buracos na narrativa.

Poderia ser mais provável se essa criatura undead tivesse aparecido imediatamente.
Mas Keno quase perdeu a noção do tempo quando a criatura apareceu — na ordem dos
anos, no mínimo. Isso não significa que é muito provável que essa coisa não esteja rela-
cionada ao incidente?

Além disso, com relação aos motivos para tal criatura vir, certamente o motivo mais
provável seria porque queria se estabelecer aqui, não? Como um ser undead, ele não se-
ria atacado por undeads de baixo nível, e os vivos evitariam essa região. Se alguém deixar
de lado o problema dos vivos atacando, um lugar como este não seria o ambiente mais
confortável para algo que fosse undead?

No entanto, ele não pretendia contar a Keno sobre essas teorias.

Não havia como ela não ter notado algo que até mesmo Suzuki Satoru havia adivinhado
imediatamente.

Era muito provável que ela ainda quisesse acreditar que a criatura era a responsável
por trás de tudo isso. Foi por isso que ela pediu desculpas a Suzuki Satoru por confundi-
lo com aquela entidade.

Ela ainda queria acreditar que havia uma maneira de salvar a todos.

Suzuki Satoru olhou através das pilhas de livros na sala. Todos eles estavam manchados,
o que era um sinal de quanto ela os havia estudado. No entanto, ela provavelmente se
apegou a tal crença porque entendeu que não poderia salvá-los, ou porque sua pesquisa
não havia lhe mostrado uma maneira de fazê-lo.

...Sua narração do que aconteceu naquele dia foi muito detalhada.

A primeira metade de sua história, sua descrição dos eventos do dia, foi muito específica
e ela ilustrou claramente a situação, chegando a incluir seus próprios sentimentos na
época. Em contraste, a segunda metade de sua história — depois que ela se tornou
undead — parecia esparsa. Talvez para ela, houvesse pouca mudança nos dias seguintes,
de modo que havia pouco para ela falar.

Mas é claro que seriam diferentes.


A última vez que ela foi humana foi durante o café da manhã.

Aquelas eram as lembranças mais brilhantes que ela tinha, e era por isso que ela podia
falar delas depois de tanto tempo e com tantos detalhes.

Suzuki Satoru acariciou o Cajado de Ainz Ooal Gown. Ele ouviu Keno ofegar de surpresa,
mas ele não se importou.

Ele sentia a frieza dura do metal.

Sim, então é assim que é.

Ele podia entender como Keno se sentia.

Keno sentia o mesmo da cidade que continha seus pais e que ajudou a criá-la, assim
como Suzuki Satoru se sentia sobre a guilda Ainz Ooal Gown. Se houvesse alguém que
pudesse ajudar Suzuki Satoru a voltar àqueles dias brilhantes, ele ficaria feliz em se pros-
trar diante deles e implorar por sua ajuda.

Culpa, esse foi o sentimento que surgiu.

Basicamente, ela estava errada em esperar tanto de Suzuki Satoru.

Contudo—

“Ahh, sim”, disse Suzuki Satoru enquanto apertava o cajado:

“—Keno-san.”

Ele viu os ombros de Keno se contorcerem, mas Suzuki Satoru ignorou e continuou fa-
lando.

“Se destruir essa criatura undead vai reverter a transformação das pessoas na cidade,
então eu irei ajudá-la com prazer.”

A teoria anterior de Suzuki Satoru baseava-se puramente em seu conhecimento de


YGGDRASIL. Se esse undead fosse realmente o culpado, então seria possível restaurar as
pessoas ao derrotá-lo ou usando outros meios.

Se todos os seres vivos de uma cidade se tornassem undeads, dizer que tal reação se
realizaria seria um tanto impossível de afirmar.
“Se é como você acredita, Keno-san, a oposição é alguém que pode transformar uma
cidade inteira em undeads, então certamente eles não serão inimigos fáceis. Por essa ra-
zão, sinto que capturá-los de uma vez será difícil, mas aniquilá-los pode ser a opção mais
viável.”

Ao dizer isso a Keno, ele mentalmente repreendeu a si mesmo: Desde quando eu virei
um estúpido?

Na melhor das hipóteses, um undead semelhante a Suzuki Satoru seria um Overlord. Se


todo o conhecimento de YGGDRASIL fosse aplicável, ele poderia pensar em uma maneira
de lidar com eles. No entanto, neste mundo era perfeitamente possível que o equivalente
local de um Overlord fosse um oponente de Nível 1000+.

Dito isto, parece que não é provável que este adversário supere as expectativas de Su-
zuki Satoru.

A razão para isso foi por causa da maneira como Keno descreveu seus pais. Seu pai,
anunciado em cantigas e contos, era capaz de lançar magias de 4º nível, enquanto sua
mãe, poderia usar até o 5º quinto nível, e era considerada um prodígio. Desse ponto de
vista, houve pouca mudança em relação a YGGDRASIL, ou melhor, havia mais fraquezas
aqui do que em YGGDRASIL.

Dito isto, se ele poderia vencê-los ainda precisava ser analisado.

Sua auto-zombaria foi dirigida às palavras tolas que ele havia dito depois de ter compa-
rado a experiência de um jogo à experiência de combate da vida real, isso somado a sua
falta de conhecimento.

Se possível, ele gostaria de levar Keno para longe desta cidade por um tempo e contatar
pessoas neste mundo que estavam familiarizadas com os undeads, a fim de obter o má-
ximo de informações sobre seu inimigo antes de preparar uma estratégia perfeita para
desafiar seu adversário.

Para começar, ele não conhecia o poder de sua oposição. Talvez Keno tivesse visto ape-
nas uma criatura undead, mas tal criatura poderia ter continuado melhorando sua força
de combate dentro da cidade depois do acontecido.

Nesse caso, sua primeira prioridade era coletar informações, e então, ele precisaria gas-
tar muito tempo e esforço nos preparativos.

No entanto, ele não achou que Keno aceitaria essa idéia. Certamente uma garota que se
recusou a deixar uma cidade infestada de undeads aterrorizantes não aceitaria facil-
mente um simples “vamos sair daqui” de um terceiro que ela conheceu há poucas horas.
Ainda assim, valeria a pena tentar.
“No entanto, gostaria que você pensasse cuidadosamente sobre isso. Está tudo bem se
essa coisa for destruída? É possível que, mesmo que a criatura seja destruída, o povo da
cidade ainda pode não voltar ao normal, não?”

Keno sacudiu a cabeça e tirou um livro das pilhas de literatura.

Os livros empilhados em cima desabaram e caíram, mas ela o trouxe de volta sem dar
importância e abriu uma página para mostrar a Suzuki Satoru.

Seu primeiro pensamento foi— realmente isso não é japonês.

Enquanto Suzuki Satoru procurava por um item mágico, Keno apontou para uma passa-
gem no livro e começou a ler.

“Esta parte diz que ressuscitar uma criatura undead morta requer magias de ressurrei-
ção extremamente poderosas, e mesmo depois da ressurreição eles serão undeads. Mas
se o mestre quem os criou for exterminado, existe a possibilidade de que suas vítimas
sejam restauradas, se tiverem sorte. É o que está escrito aqui.”

Na maior parte, isso era o mesmo que YGGDRASIL. No entanto, para que um persona-
gem de YGGDRASIL que se tornasse undead e depois humano novamente, seria preciso
um Item World-Class, embora não fosse assim neste mundo. Quanto mais ele percebia as
diferenças entre os dois mundos, mais a importância de Keno crescia.

Droga...

Suzuki Satoru pensou.

Se Keno tivesse respondido: “Talvez eles possam ser recuperados”, Suzuki Satoru poderia
ter guiado a conversa para “Então não vamos destruí-lo primeiro e encontrar outro cami-
nho. Como não sabemos o suficiente, por que não deixamos a cidade por um tempo e saímos
para coletar informações?” Foi assim que ele planejou.

Esse plano deu errado. Ainda assim, não havia mais nada que pudesse fazer ao seu res-
peito.

Nesse caso, ele teria apenas que destruí-lo.

Destruir esse ser undead.

Claro—

—Só se eu conseguir.

“Compreendo. Nesse caso— ahhh, sim, tem que um haver pagamento.”


“Sim.”

“E o pagamento será— eu quero conhecer todo tipo de coisa. Eu quero saber tudo o que
você sabe.”

O olhar no rosto de Keno parecia dizer “huh?”

“O senhor ficará satisfeito com isso?”

“Sim. Eu sinto que o conhecimento que você armazenou até agora é muito valioso.”

Suzuki Satoru desviou os olhos do livro que Keno estava segurando e olhou para pilhas
de livros no canto do quarto. O que ele queria era informação básica sobre o mundo, mas
Keno provavelmente ficaria incomodada se ele dissesse isso. Portanto, ele havia fingido
uma atitude que a faria erroneamente acreditar que ele estava procurando por conheci-
mento mágico. Dada a reação de Keno, ela tinha comprado completamente.

“T-tudo bem, mas todo esse conhecimento não é nada de mais, entende?”

“Não tem problema. Mesmo que seja esse o caso, ainda é valioso para mim.”

“Muito obrigada.”

Keno murmurou, e se curvou para ele.

“Além disso, qualquer dinheiro ou itens mágicos que você pudesse poupar também seria
muito bom.”

Disse Suzuki Satoru enquanto indiferentemente produzia uma moeda de ouro YGGDRA-
SIL:

“Posso usar isso neste país?”

Keno pegou a moeda e girou-a em suas mãos antes de devolvê-la a Suzuki Satoru.

“Sim, o senhor pode. Ou melhor, poderia... Mas eu não sei bem o quanto vale sem verifi-
car quanto ouro tem...”

“Entendo. Então, ficaria feliz em obter mais moedas de ouro como estas que são utilizá-
veis na região circundante.”

“Eu, Keno Fasris Invern, juro que lhe pagarei o que o senhor quiser, Satoru-sama.”

Suzuki Satoru silenciosamente respirou fundo.


O comportamento régio de Keno, digno de uma princesa, a tornou superior até mesmo
ao vendedor de maior sucesso que Suzuki Satoru havia conhecido.

“Eu fico muito grato. Assim nosso pacto está selado. Nesse caso—”

Para aprender a usar seu poder, ele precisaria aprender como a magia de YGGDRASIL
interagia com a magia deste mundo.

“A propósito, Keno-san. Devo mencionar que posso conjurar magias de décimo nível.”

“—Entendo.”

Keno sorriu de uma maneira que parecia levemente angustiada.

Por, por que ela está sorrindo assim? ...Não foi você quem disse que quem consegue o quinto
nível é um gênio? Eu faço o dobro disso, entendeu! Por que você está tão calma— será por
causa dos traços raciais dos undeads?

Depois de vir parar nesse mundo como um ser undead, Suzuki Satoru tinha experimen-
tado como suas emoções seriam suprimidas quando chegassem a um certo limite. O
mesmo se aplicava a Keno também?

Não me diga que as magias de décimo nível não são nada? Ou os níveis aqui são ao con-
trário e começam no dez como o mais fraco e se tornam mais poderosas à medida que os
números diminuem? Espere, isso não faz de mim o fracote?

“Ah... existe a magia de terceiro nível chamada 「Fireball」?”

“Huh? Sim. existe sim, mas eu não sei como usar.”

“...Seus pais eram capazes de usar magias do quarto e quinto nível, então eles não teriam
problemas em lançá-la, certo?”

“Minha mãe não, mas meu pai conseguia usar.”

“Entendo. Aliás, a magia 「Lightning」 também é do terceiro nível, não é?”

Keno acenou positivamente.

Então, parece que as magias neste mundo estavam nos mesmos níveis que as de
YGGDRASIL. Em outras palavras, o conhecimento mágico de Suzuki Satoru poderia ser
aplicado diretamente.

Esta foi uma excelente notícia, mas ele precisava verificar mais.
“Nesse caso, Keno-san, você poderia lançar uma das suas magias— que tal isso, poderia
lançar uma magia de primeiro nível? De preferência uma de ataque.”

“Ehhhh!?”

Foi só quando ele viu os olhos arregalados de Keno que ele percebeu que não havia ex-
plicado em detalhes suficientes.

“Ahhh. Eu gostaria de ver se meus poderes estão funcionando normalmente. Eu gostaria


que usasse uma de suas magias de ataque como um indicador, Keno-san.”

Afinal de contas, seria problemático que fossem apenas semelhantes em nome e nível,
mas completamente diferentes em efeitos e poder destrutivo.

“Eh, ah, tudo bem. Compreendo.”

Keno reuniu sua determinação e se levantou, então encarou Suzuki Satoru.

Sua atitude sem hesitação deu a Suzuki Satoru arrepios. Certamente a maioria das pes-
soas hesitaria por um momento ou ficaria perturbada, não?

Isso também era um traço dos undeads? Enquanto contemplava essa possibilidade,
Keno lançou sua magia. Uma saraivada de 「Magic Arrows」 que voou em sua direção,
o mesmo efeito que acontecia em YGGDRASIL. E então — todas as flechas desapareceram
no instante em que tocaram o corpo de Suzuki Satoru.

“Ehhhh!!?”

Keno exclamou surpresa.

Suzuki Satoru— ou melhor, Momonga possuía uma habilidade conhecida como 「High
Tier Magic Immunity」. Essa habilidade anulava magias de 6º nível para baixo. Enquanto
estava em vigor, uma mera magia de 1º nível seria completamente inútil.

“Parece que o poder que me protege está funcionando sem problemas. Agora, tente no-
vamente. Desta vez vou baixar minhas defesas.”

Ele desativou a habilidade passiva. Por alguma razão, ele sentiu como se estivesse nu na
mira de uma arma.

Um membro da guilda disse uma vez que sentiu medo ao ter uma arma apontada para
ele, mesmo usando implantes subdérmicos de fibras à prova de balas. Agora ele pôde
entender como era a sensação. Enquanto as emoções mais poderosas seriam suprimidas
pelos seus traços undeads, pareceria que as emoções que não alcançaram esse limiar se-
riam deixadas intactas.
“Tá.”

Disse Keno, e mais uma vez, ela lançou sua magia para ele sem um momento de hesita-
ção.

“「Magic Arrows」.”

Os raios de luz voaram novamente e atingiram Satoru no meio.

Não doeu. Ou melhor, havia algo que poderia ter sido dor, mas chamá-lo de dor teria
desonrado a palavra.

Seus sentidos estavam dessensibilizados por ele ser um undead? Quando pensou sobre
isso, ele queria zombar de como um corpo feito apenas de ossos sem carne, nervos ou
mesmo pele, poderia sentir dor. Ainda nessa linha de pensamento, como um corpo sem
cordas vocais ou pulmões sequer conseguia falar?

Era o mesmo para Keno, que não respirava. Era assim que as coisas funcionavam e ele
não tinha escolha senão aceitá-las.

Ele a observou mais a fundo, e no final, o rosto de Keno — mesmo depois de atacar Su-
zuki Satoru duas vezes — estava calmo. Em vez disso, sua expressão parecia dizer que
ela esperara isso o tempo todo.

O que há com ela...

Como ela poderia atacar seu ajudante recém-chegado, Suzuki Satoru, sem hesitação?
Seria porque ela era uma psicopata, ou porque ela era undead, ou era assim que esse
mundo funcionava? Inúmeras possibilidades passaram em sua mente.

Não me diga que... ela sentiu que isso era uma chance de me matar? Ou não, foi porque ela
estava pensando, “se você morrer com algo assim, como espera vencer a coisa que atacou
meu país”?

A questão de saber se ele era forte o suficiente para ser seu ajudante deve ter sido muito
importante para Keno. Por isso ela pôde atacá-lo sem hesitação.

Ainda assim, eu sou um aliado... então eu imaginei que um pouco de hesitação deveria ser
esperado... oh, enfim.

Nenhum amonte de pensamento lhe daria uma resposta. Ele só teria que considerá-la
como uma garotinha assustadora por enquanto. Ele não podia permitir-se ser levado por
sua aparência jovem e rosto bonito. Ela era uma garota que tinha algo perigoso dentro
dela.
De todo modo, ele agora sabia que entrar em combate sem realizar mais experimentos
era algo muito perigoso. Se este mundo fosse diferente de YGGDRASIL e a morte fosse
um final definitivo, então ele precisava saber o que era sentir o dano — sentir dor. O
medo da dor na batalha pode levá-lo a perder uma luta que ele poderia ter vencido.

“Keno-san, você disse que poderia usar magias de segundo nível no passado, mas e
agora? O segundo nível ainda é o seu melhor?”

“Sim... eu me concentrei em ampliar meus conhecimentos ao invés de melhorar minhas


habilidades de conjuração, então...”

“Entendo. Isso significa...”

O nível de Keno assim como os níveis de habilidade eram desconhecidos, mas não im-
portava o quanto ela tentasse atacar com suas magias de segundo nível, ela não seria
capaz de causar qualquer dor em comparação com as magias de ataque usadas por seu
oponente a par com um Overlord. Ela era completamente inútil para esse propósito.

“Nesse caso, peço desculpas, mas ainda desejo continuar meus testes. Eu preciso usar
magias de ataque centrados em mim mesmo. Então, pode me dizer se existem áreas aber-
tas onde isso será relativamente seguro?”

As próprias magias de Suzuki Satoru devem ser capazes de causar algum dano a ele.
Além disso, havia uma coisa que ele precisava esclarecer.

Isso era para ver se fogo amigo estava em vigor. Seu estilo de luta mudaria dependendo
se a resposta fosse sim ou não. Coisas como usar magias de efeito de área e assim por
diante.

“Um espaço aberto? Quão grande tem que ser? O maior espaço que conheço nos esgotos
é de... sim, cerca de cinquenta metros de diâmetro.”

“Cinquenta metros, huh...”

Ele precisava evitar magias com efeitos colaterais em área e magias que eram excepci-
onalmente efetivas contra paredes e outros objetos. Só então tal tamanho seria conside-
rado adequado.

Teria sido mais sensato se teletransportar para fora da cidade e realizar seus testes. No
entanto, ele não esperava que a situação terminasse assim, e além disso, ele não memo-
rizou nenhum destino de teleporte fora da cidade.

Em YGGDRASIL, seria necessário deixar um marcador, mas neste mundo aparente-


mente funcionava com a memorização do local em questão.
Como estava sua mente ao saber de coisas do tipo? Falando nisso, ele ainda tinha um
cérebro neste corpo? Quando ele começou a contemplar essa digressão, Satoru balançou
a cabeça e baniu esse assunto inútil de sua mente antes de responder a Keno:

“Hmm. Entendo. Pode me levar lá?”

O lugar para onde ele foi levado era de fato bastante espaçoso. Provavelmente, era um
tanque central de coleta de esgoto que fluía pelas linhas principais do esgoto de dutos às
ramificações de canos menores. No entanto, estava vazio agora, exceto por marcas dei-
xadas de décadas atrás.

Ele ativou sua habilidade de verificar a presença de Zombies.

Seria problemático se houvesse animais Zombies como ratos ou similares nos arredores.
Se eles ocupassem a área de testes, ele poderia acabar gerando aggro em todos os Zom-
bies da cidade.

Aliás, não havia coisas como Slime Zombie. Embora todas as raças pudessem ser trans-
formadas em Zombies ou Skeletons, havia certas exceções. Raças sem um sistema esque-
lético não poderiam ser transformadas em Zombies ou Skeletons. Assim era em YGGDRA-
SIL, e depois de verificar com Keno, era assim que funcionava neste mundo também.

Depois de terminar seus testes, ele deu uma olhada para Keno, que havia permanecido
em um lugar mais alto.

Ela não mostrava sinais de fugir. Foi porque ela confiava nele, ou porque sentia que seria
útil, ou porque sentia que não havia sentido em escapar?

—Vamos começar então.

“— 「Call Greater Thunder」!”

Essa magia de 9º nível era a magia relâmpago de alvo único mais avançada. Usar magias
do tipo ígneas teriam funcionado também, mas ele tinha um pouco de medo do fogo —
afinal de contas, era uma de suas fraquezas — e foi por isso que ele escolheu essa magia.
Claro, ele poderia ter usado algo mais fraco, como uma magia de 5º nível ou algo assim,
mas ele escolheu essa magia de alto nível porque queria saber quanto dano algo do 9º
nível faria a ele, bem como o quanto doeria.

Além disso, essa era uma das magias que um Overlord normalmente usaria, e ele tam-
bém queria ver se poderia direcionar magias de alvo único contra si mesmo.

Um espesso pilar de eletricidade percorreu o interior do esgoto com uma luz ofuscante.

E então — enquanto sentia dor, Suzuki Satoru também percebeu que essa dor não era
insuportável.
Seu senso de dor parecia ser suprimido também. Esse era mais um efeito de seus traços
como undead?

Suzuki Satoru não pôde deixar de rir.

Embora ter ganhado um corpo undead tenha chocado um pouco Suzuki Satoru, graças
a esse corpo que ele poderia fazer uso completo de suas habilidades.

Se ele ainda tivesse seu corpo normal, que pudesse sentir dor normalmente, certamente
Suzuki Satoru teria temido lutar mais, e ele poderia até ter escolhido evitar a luta.

Depois disso, Suzuki Satoru tirou um pergaminho de seu inventário. Ele tinha que veri-
ficar se poderia usar pergaminhos normalmente.

Ele liberou o poder contido no pergaminho e chamas abrasadoras cobriram o céu.

Continha a magia 「Napalm」.

♦♦♦

Houve um trovão de cortar o céu.

Foi seguido por um incêndio que chamuscou o céu.

Uma onda de excitação e medo tomou conta de Keno Fasris Invern.

As palavras “magic caster” ou “undead” não eram mais suficientes para descrever isso.
Este era um poder que só um ser superior a ambos podia empregar. Em outras palavras,
essa magia era dos deuses, ou seres semelhantes, Keno acreditava fervorosamente.

A família real Invern seguia a fé de Na-Bel que também era presente nos países vizinhos.
Era um panteão liderado pelo deus do sol Bei Niala, que segurava uma pedra preciosa na
mão, e a deusa da lua Lu Kinis, que empunhava um cajado de joias.

Em última análise, no entanto, não foi uma crença nascida de uma devoção interior, mas
simplesmente uma religião estatal. Outras pessoas além dos Olhos Arco-íris viviam neste
país e a fé Na-Bel, como a religião do estado, era usada para fortalecer os laços entre as
várias etnias. Pode-se até mesmo ir mais longe e dizer que eles estavam usando a religião
para estabelecer laços com as nações vizinhas.

Naquela época, Keno era jovem e não sabia dessas coisas, então ela acreditava nos deu-
ses com todo seu coração.
No entanto, naquele fatídico dia, e todos os dias que se seguiram, os deuses não tinham
conseguido salvá-los. Portanto, Keno não acreditava mais nos deuses. Mas o poder dos
deuses, bem, esse era um assunto diferente.

A existência de magic casters divinos provava a existência dos poderes dos deuses. Por-
tanto, Keno fez pesquisas para pegar emprestado, apreender ou mesmo roubar o poder
dos deuses, a fim de tentar restaurar todos ao normal. No entanto, nada do que ela tentou
teve algum efeito — talvez ela não fosse talentosa nesse campo — e por isso interrom-
pera sua pesquisa sobre o assunto.

Depois de abandonar essa pesquisa e anos de trabalho, ela decidiu ir devolver os livros
que havia pegado emprestado de um templo. No meio do caminho, Keno testemunhou
um undead sobre o céu da cidade.

Um undead esquelético, sem sequer um pedaço de carne em seu corpo, apareceu e tanto
o manto que usava quanto a estranha varinha pareciam poderosos itens mágicos. Ele ir-
radiava uma aura de poder encontrada apenas entre os mais poderosos, parecia ser mais
poderoso do que seu próprio pai.

Keno imediatamente fugiu com vários livros na mão.

Depois de chegar a um lugar seguro, ela começou a se arrepender do que havia feito.
Não deveria ela ter tentado negociar e buscar a salvação de seu povo?

Seu arrependimento não se desvaneceu nem um pouco. Certamente não seria tarde de-
mais se ela tentasse, não? Mais de uma vez, esse pensamento fez seu coração que não
mais batia ficar pesado.

Mas então, o dia de hoje aconteceu.

Naquele momento, quando viu essa outra figura descendo do céu noturno, Keno fugiu
mais uma vez.

Mesmo de longe, ela podia dizer que suas vestes imponentes estavam cheias de poder
mágico. A aquelas roupas que não poderiam ter sido feitas por mãos humanas ficaram
ofuscadas por um majestoso cajado de ouro. Sua pura presença afastou o amargo arre-
pendimento e mesmo sua determinação em seu coração, até que nada mais permaneceu.

Keno acreditava que ele — Suzuki Satoru — comandava poder esmagador. Portanto,
quando ele pediu a ela para lançar uma magia, ela o fez sem qualquer hesitação. Ela acre-
ditava que suas magias insignificantes não poderiam prejudicá-lo nem um pouco — e, de
fato, esse era o caso.

“Pai. Mãe, Nastasha. Depois de tanto tempo, pode haver uma maneira de salvar todos.”

O tempo de Keno até agora tinha sido desperdiçado.


Ela estudou todos os tipos de grimórios mágicos e conduziu uma pesquisa, fazendo
pleno uso de seu corpo que não dormia em prol de seu aprendizado. Embora tivesse sido
autodidata, ela deveria possuir mais conhecimento do que um magic caster comum.

Talvez Keno Fasris Invern não fosse capaz de salvar a todos, por mais que aprimorasse
seu conhecimento vivendo nessa cidade.

Mas se aquele grande homem pudesse salvar a todos, então, como único membro sobre-
vivente da realeza deste reino, ela concordaria com qualquer pedido que ele fizesse,
mesmo que isso significasse se destruir.

Ainda assim, eu não acho que tenho algo digno de oferecer a ele... ele pediu conhecimento
porque teve pena de mim? Eu não entendo... Tudo o que posso fazer é acreditar.

Keno Fasris Invern apostou tudo o que tinha nesse novo ser que aparecera diante dela.

Ela não sabia se isso terminaria em triunfo ou tragédia, ou se isso desenrolar-se-ia em


uma saga heroica nunca antes vista no mundo. De todo modo, um novo capítulo começou
na história de Keno.
Capítulo 02: Jornada a Dois
Parte 1

azia dois dias desde que Suzuki Satoru conhecera Keno Fasris Invern.

F Suzuki Satoru passou esse tempo explorando as divergências entre seus


conhecimentos e habilidades neste mundo, além de também verificar as ha-
bilidades dos itens que carregava.

Na manhã em que seus preparativos foram concluídos, os dois chegaram à vizinhança


do castelo real.

Depois de se abrigarem atrás das paredes de uma casa abandonada — parecia ter sido
outrora uma casa opulenta pertencente a algum nobre ou alguém de igual hierarquia —,
eles espiaram periodicamente para observar a situação dentro do castelo.

Undeads possuem visão no escuro. Portanto, quando ambos os infiltrados e guardas


eram undeads, a noite era a aliada de nenhum dos dois lados. No entanto, certos Vampi-
ros undeads, ficavam enfraquecidos pela luz solar, o que diminuiria suas habilidades.

Se o undead ocupando o castelo que eles estavam se infiltrando fosse um Overlord, en-
tão ele não seria penalizado pela luz do sol, mas o mesmo não poderia ser dito para seus
lacaios. Com isso em mente, eles escolheram atacar durante o dia.

Nada no castelo mudara desde a exploração de ontem. Embora ainda possa haver arma-
dilhas, não se pode avançar dominado pelo medo.

“Vamos realmente entrar pela frente?”

É a quinta vez que você pergunta isso...

Suzuki Satoru pensou, e então respondeu:

“Esse é o primeiro passo. Bem, nós provavelmente seremos vistos. No entanto, o que a
oposição fizer depois disso será fundamental. Nós vamos mudar nossas próprias ações
quando chegar a hora para coincidir com a nossa oposição em alerta no castelo, mas seria
melhor identificar a localização do responsável o mais rápido possível e lançar uma em-
boscada para eliminá-lo rapidamente. Afinal de contas, as chances de fracasso aumentam
quanto mais tempo passa entre o primeiro reconhecimento e a eliminação do líder ini-
migo...”

Keno sabia que Suzuki Satoru poderia usar magias de 10º nível e aparentemente ela
tinha assumido que ele derrubaria seu inimigo do lado de fora com alguma magia pode-
rosa. No entanto, tal coisa era impossível, especialmente se o inimigo estivesse no nível
de Suzuki Satoru. Então certamente não seria vencido com um único ataque.
Depois disso, uma vez que o mestre do castelo soubesse que havia um assassino vindo
a seu encontro, ele provavelmente aumentaria as defesas. Nesse caso, seria muito difícil
para Suzuki Satoru, que não tinha habilidades de ladino, se infiltrar sozinho.

Suzuki Satoru olhou para Keno.

Ela estava equipada com vários itens emprestados de Suzuki Satoru. O exemplo mais
atraente era uma manopla que tinha uma joia brilhante engastada no dorso da mão.
[ M a n o p l a das C o r e s Pr i már i as]
A peça primorosamente feita foi nomeada de Gauntlet of Primary Colors.

Estava imbuída com três encantamentos mágicos: 「Body of Effulgent Beryl」, que re-
duzia os danos de concussão, 「Body of Effulgent Heliodor」, que reduzia os danos cor-
tante e 「Body of Effulgent Aquamarine」, que reduzia danos perfurantes. Assim, pode-
se dizer que diminuía todo o tipo de dano físico sofrido pelo usuário. Normalmente, essas
três magias substituiriam uma a outra quando lançadas, portanto, não seriam capazes de
coexistir, mas esta manopla era uma exceção a essa regra. Além disso, cada magia pode-
ria negar completamente o dano causado, mas só por uma vez, e este item também man-
teve essa característica.

No entanto, este item não era tão prático quanto parecia.

O item seria quebrado se qualquer uma das habilidades de negação fosse usada. Ainda
assim, se isso fosse tudo, considerar reunir uma grande quantidade deles e usá-los como
itens descartáveis não seria uma má idéia. No entanto, também tinha uma extrema des-
vantagem, que era bloquear o uso do slot previamente utilizado por horas, impedindo o
uso de que quaisquer outros itens mesmo após a quebra. Além disso, a ativação dessas
habilidades não estava sob controle do usuário; em vez disso, ativaria automaticamente
se uma certa quantidade de dano fosse recebida.

Francamente falando, seria considerado um item lixo para os jogadores do nível de Su-
zuki Satoru, e então ele tinha cerca de dez deles em seu inventário.

Provavelmente havia pelo menos o dobro dessa quantia na Tesouraria de Nazarick.

Ele suspirou ao pensar em Nazarick. Se ele tivesse os vários itens de lá, ele teria mais
opções para escolher e seria capaz de adotar uma estratégia mais complexa.

Patético...

A Grande Tumba de Nazarick desapareceu quando o jogo terminou. Tudo o que restou
foi o legado da guilda, seu personagem Momonga, o Anel e este Cajado.

“Vamos começar.”
Disse Suzuki, e depois de recuperar o ânimo, ele começou por conjurar 「Summon
[Cão Z u m b i ]
Undead 1st」 para conjurar um animal Zombie, especificamente um Dog Zombie.

Os Zombies se moviam lentamente, mas os Zombies dessa cidade pareciam diferentes


dos Zombies que a Suzuki Satoru conseguia criar. Embora ele não pudesse fazer isso em
YGGDRASIL, aqui não era impossível disfarçá-los com roupas. Mas no fim, ele acabou es-
colhendo um Zombie que poderia até mesmo se mover velozmente.

Depois disso, ele lançou 「Undeath Slave Sight」.

Desta forma, Suzuki Satoru pôde ver o que o Dog Zombie podia ver.
[Aparições]
Incorpóreos como Wraiths podiam atravessar paredes e eram adequados para infiltra-
ção, mas ele não podia usar 「Undeath Slave Sight」 com eles. Suzuki Satoru sabia que
isso foi possível uma vez, mas foi corrigido em algum momento. Talvez o patch não tenha
se aplicado a este mundo, ele testou previamente, mas no final não funcionou.

Provavelmente seria melhor considerar que todas as habilidades de Suzuki Satoru esta-
vam operando sob as regras dos últimos patches.

Nesse caso, o que aconteceria se Keno usasse 「Undeath Slave Sight」? Embora a per-
gunta tenha passado pela sua cabeça, ele não pôde testá-la pois ela não conseguia lançar
magias desse nível. No entanto, a magia de YGGDRASIL e este mundo eram bastante se-
melhantes, então talvez ela também usasse a versão pós-patch da magia.

Por que esse mundo é tão bizarro?

Não importava o quanto ele tentasse, ele não podia acreditar que este era apenas um
mundo de jogo. No entanto, acreditar que Suzuki Satoru tinha sido vítima de algum aci-
dente no mundo real e isso era um sonho momentos antes de sua morte também não
fazia sentido.

Talvez seja melhor dizer que ele foi transportado para um outro mundo — ou mesmo
renasceu. Talvez essa explicação esteja mais próxima da verdade.

Bem, eu não tenho tempo para pensar em perguntas como essa agora, não é? Se meu opo-
nente estiver no nível de um Overlord, a distração pode significar a minha morte. Eu preciso
destruí-lo completamente, não posso deixar que fuja.

E por fim, ele fez o cachorro carregar um item na boca.


[ F a n t o c h e de Troca]
O item em questão era o Exchange Puppet.
A distância que Suzuki Satoru tinha chegado em relação a Keno tinha sido cuidadosa-
mente calculada com este item em mente. Se ele não pudesse usar este item, então não
teria havido necessidade de trazer Keno.

Com isso, seus preparativos estavam completos.

Ele deu um comando mental de “『Vai』”, e o Dog Zombie andou para frente.

Pessoalmente, ele gostaria de correr, mas já havia checado e confirmado que os Dog
Zombies dentro da cidade não corriam. Por essa razão, tê-lo fazendo tal coisa seria muito
suspeito, e então ele ordenou que seu lacaio andasse como os outros que havia visto.

Saltou por cima de uma parte arruinada da muralha e atravessou o portão do castelo.

Suzuki Satoru achava que os lacaios undeads de sua oposição teriam aparecido. Ele se
sentiu um pouco desapontado quando não veio nenhum.

De acordo com Keno, a criatura undead que havia tomado o castelo não havia trazido
nenhum lacaio quando foi vista pela primeira vez. No entanto, muito tempo se passou
desde que ele havia tomado o castelo, e assim era lógico pensar que deveria ter reunido
vários lacaios para si mesmo, provavelmente undeads.

Bem, eu acho que tenho sorte que não haja nenhum... mas não dá para ter certeza que
ainda é assim.

「Undeath Slave Sight」 entrou em vigor através da visão do Dog Zombie. Portanto, a
capacidade de Suzuki Satoru de ver através dos efeitos de invisibilidade ficaria tempora-
riamente indisponível. Assim, era possível que houvesse undeads invisíveis nas cerca-
nias. No entanto, ele não seria capaz de fazer nada se ficasse escondido.

Suzuki Satoru fez o Dog Zombie entrar no castelo. Ele já havia aprendido com a obser-
vação externa que haviam Zombies vagando pelo castelo. Como haviam sido protegidos
do clima, tais Zombies estavam mais bem vestidos do que outros, permitindo a impres-
são que eram pessoas trabalhando dentro do castelo.

Os Zombies em questão não mostraram nenhuma hostilidade ao Dog Zombie, muito pa-
recido com o modo como trataram Suzuki Satoru quando ele chegou a este mundo. Em
outras palavras, eles não estavam sob o controle do misterioso undead dentro do castelo.

Ainda assim, mesmo que tivessem as mesmas habilidades em relação a Suzuki Satoru,
certamente alguém não empregaria tais habilidades de uso limitado em um mero Dog
Zombie.

“...Zombies, então. Ou melhor dizendo, só há Zombies.”


“Sim. Há Zombies dentro do castelo — todos que viviam aqui foram transformados tam-
bém.”

Em outras palavras, ele não poderia considerá-los como forças defensivas.

Enquanto o Dog Zombie continuava em frente, Suzuki Satoru começou a se sentir des-
norteado.

Era para ter undeads de alto nível aqui, vigiando a entrada e as passagens. Mas como ele
esperava, não havia nenhum.

Há um limite máximo para o nível de undeads que se pode controlar. Isso ainda deve ser o
mesmo neste mundo, então é possível que ele tenha colocado criaturas poderosas ao seu
lado. Falando nisso... ele não deveria ter pelo menos posicionado uma dessas criaturas perto
da entrada do castelo?

Ele continuou avançando o Dog Zombie através do castelo.

Que continuou como se o ambiente fosse totalmente inabitado, embora houvesse Zom-
bies vagando por todo o lugar.

Suzuki Satoru gradualmente começou a se sentir desconfortável.

As coisas não deveriam ter corrido assim tão bem. Ele começou a se perguntar se isso
era uma armadilha.

De acordo com o “PKing Para Bobos” de Punitto Moe-san, neste momento devo recuar e
avaliar a situação? Mas, isso pressupõe que o inimigo esteja no mesmo nível que eu e tenha
experiência em PK. É possível que ele não tenha essa experiência, e é por isso que suas de-
fesas estão cheias de buracos e ele parece não ter nenhum senso de cautela?

O Dog Zombie continuou passando entre os Zombies cambaleantes, conforme estabele-


cido no plano de infiltração. Ter o animal andando calmamente foi calculado para fazer
a oposição pensar que este era um Dog Zombie comum que acidentalmente veio parar
dentro do castelo.

Mesmo assim, não acho que isso vai ser útil. Mas à maioria dos undeads não-inteligentes
— o tipo controlável, que só sabe obedecer a ordens simples — provavelmente não notarão
isso e nem sairão correndo para contar a seu mestre.

Ontem, ele havia perguntado a Keno: “Se você tivesse que posicionar sentinelas, onde você
as colocaria?”, e graças a resposta de Keno que ele decidiu qual caminho acreditava ser o
mais seguro para guiar o Dog Zombie. Por fim, terminaria nos aposentos do pai de Keno
— o maior e mais luxuoso cômodo do castelo. Se houvesse um líder inimigo, provavel-
mente seria encontrado lá.
Felizmente, o chão e o teto não haviam desmoronado devido à deterioração e o Dog
Zombie logo se aproximava do destino. Se o inimigo tivesse implantado um efeito de
「Delay Teleportation」 de área ampla, todos os seus planos acabariam em fumaça; por-
tanto, também havia calculado o raio máximo de tal efeito.

“Vamos nos aproximar do nosso destino. Use o cristal se surgir alguma emergência.”

“Entendido — eu estou contando com o senhor, Satoru-sama.”

Ele memorizou o cenário que o Dog Zombie tinha visto, e então recuou. Suzuki Satoru
ainda poderia trocar de lugar usando seu item de cash caso sentisse que estava em perigo,
assim ele sinceramente esperava que pudesse escapar com sucesso.

Ele então começou a se aprimorar com buffs.

Ele não podia esquecer de conjurar magias de adivinhação em si mesmo. Havia um li-
mite para a capacidade de visão de um Dog Zombie. Portanto, poderia haver um undead
invisível ao longo do caminho, e não havia como dizer se tal ser estava atrás do Dog Zom-
bie. Essa cautela estava bem justificada.

E então havia a coisa mais importante a ser feita — 「Perfect Unknowable」.

Não houve necessidade de trocar o equipamento. Antes de vir para cá, ele já havia se
preparado para enfrentar um necromante.

No momento em que Suzuki Satoru lançou 「Greater Teleportation」, ele foi levado
para a localização vista através dos olhos do Dog Zombie.

Ele olhou em volta para ver se havia criaturas undeads que o Dog Zombie não havia
notado

—Não havia nada.

Ela ainda não podia se sentir aliviado. Em seu lugar, uma tensão nascida do medo tomou
conta de seu corpo ósseo.

A idéia de que ele estava no coração do território inimigo fez seu coração inexistente
palpitar, no entanto, essa ansiedade não o paralisou, provavelmente devido aos seus tra-
ços raciais.

Ele avançou sem fazer barulho, usando magia de voo para garantir que não tocaria o
chão.

Lentamente, ele se aproximou da sala do trono.


Ele estava quase lá. De repente, a porta se abriu e uma criatura undead pôde ser vista
além porta.

O rosto de Suzuki Satoru ficou cinza.

Este era um dos piores cenários possíveis.

Um encontro cara a cara.

A aparência e o equipamento do ser undead que ele viu pareciam muito semelhantes ao
que Keno havia descrito.

Ver o ser undead que parecia um Overlord não fez Suzuki Satoru sentir que tinha per-
dido sua chance. Em vez disso, parecia mais como algo perigoso se aproximando. A pala-
vra “recuar” flutuava em sua mente, mas desde o princípio o plano era de realizar um
reconhecimento; como ele poderia sair sem ver um único trunfo da oposição?

Negociar com sua oposição nunca foi uma opção desde o início. Portanto, Suzuki Satoru
lançou sua magia, como um assassino vindo da escuridão.

“「Triplet Maximize Magic: Reality Slash」.”

Ele iniciou sua jogada com sua magia de maior dano. Este foi um bom movimento, já que
lhe permitia desconsiderar as resistências do oponente. No entanto, isso não lhe permi-
tiria obter muita informação. Dito isso, ele não se importou muito em encontrar as resis-
tências de seu oponente e não teve tempo de usar 「Time Stop」 e similares para anali-
sar suas fraquezas.

A magia conhecida como o mais prejudicial dentre as de 10º nível atingiu a criatura
undead que cambaleou ao ser atingida.

Suzuki Satoru imediatamente considerou seu próximo movimento.

Eu não posso vencer um Overlord com um acerto. Então, se eu repetir a mesma magia?
Não, o inimigo pode se teletransportar e voltar com reforços. Então eu deveria bloquear
seu teletransporte? 「Perfect Unknowable」 foi dissipado quando eu ataquei, devo conju-
rar novamente e fugir? Ainda assim, por que ele se mostrou sozinho na frente de um intruso
capaz de chegar tão fundo no território de um poderoso ser undead? Onde estão seus asse-
clas? Eu não sou nada de mais para ele?

Enquanto pensava rapidamente, um lampejo de inspiração de repente atingiu Suzuki


Satoru.

Tudo isso era uma armadilha, projetada para criar uma oportunidade onde Suzuki
Satoru deixaria Keno sozinha.
“Tch!”

Suzuki Satoru não pôde deixar de exclamar quando a ansiedade chegou até ele.

Era o motivo mais provável.

E então, o undead que estava curvado rumo ao chão, desmoronou como uma casca vazia,
como se um longo tempo tivesse passado, deixando apenas o seu equipamento que rolou
ao longo do chão. Entre eles havia um item importante que Keno havia mencionado —
uma varinha de cristal.

“Es-está morto?”

Impossível...

Suzuki Satoru pensou. Esse único ataque não poderia ter vencido um Overlord.

Será uma ilusão?

Suzuki Satoru imediatamente descartou essa noção. Qualquer coisa que não fosse uma
ilusão especial de habilidades de profissões especializadas em coisas do tipo seria inútil
contra seres undeads como ele. Portanto, provavelmente não era uma ilusão.

Não, espere um pouco, isso poderia ser algo único neste mundo, um Overlord especializado
em ilusão? Algo que não existe em YGGDRASIL? Se seguirmos o princípio básico da troca
equivalente, então é possível que ele tenha perdido a habilidade de dominar outros undeads
como um preço por suas habilidades? Não é impossível, certo?

É claro que Suzuki Satoru também tinha dúvidas de que “Keno superestimou a força da
oposição e eles não passavam de fracotes”. No entanto, quaisquer perdas causadas pela
superestimação da oposição devem ser mais leves do que as perdas incorridas pela sua
subestimação.

Seria apenas uma piada se o primeiro fosse o caso, mas as coisas não seriam tão simples
se fosse o último. Portanto, Suzuki Satoru rejeitou a possibilidade de ter superestimado
seu adversário.

Dadas as circunstâncias atuais, isso o deixou com apenas uma resposta.

“É uma armadilha!”

Qual era o objetivo dessa armadilha?

Por que o inimigo teria dado a duplicata seu equipamento? Teria ele aberto a porta por
acidente? Se não fosse esse o caso, então ele deveria assumir que a oposição já estava
ciente de seus planos.
As notícias vazaram? Então isso pode ser uma armadilha armada para mim, ou para a
Keno — ou até para nós dois!

Se a armadilha fosse destinada apenas a pegar Suzuki Satoru, então este era um lugar
que poderia selar sua destruição, e o perigo só aumentaria quanto mais ele permanecesse.
Mas e se Keno fosse o alvo deles? Ou os dois?

Olhando em volta, ele não viu nenhum sinal de que o inimigo estivesse lançando um
ataque.

Erk!

Era mais provável que esta armadilha fosse destinada a Keno. Afinal, Suzuki Satoru ti-
nha aparecido apenas há a alguns dias.

—Não! Espere aí! Será que esse undead que me trouxe para este mundo? Mas— isso é
possível? Sendo lógico, isso seria uma armadilha para a Keno.

Ou talvez houvesse algum segredo para operar algo no castelo, e com isso a criatura
procurava por Keno, que era a chave. Talvez ele estivesse observando tudo o que Suzuki
Satoru e Keno estavam fazendo, do mesmo modo que Suzuki Satoru estava observando
a oposição. O inimigo provavelmente estava esperando por sua chance de separar Keno
de seu trunfo, Suzuki Satoru.

É possível!

Depois de considerar que era muito provável que tudo fosse uma armadilha, Suzuki
Satoru parabenizou vivamente seu inimigo.

Ele provavelmente esteve na palma da mão do oponente todo esse tempo.

Se ele fosse procurar por Keno agora, era muito provável que ele estivesse entrando em
uma emboscada letal pelas forças principais de seu inimigo que haviam sido estabeleci-
das de antemão. Suzuki Satoru— ou melhor dizendo, seu antigo amigo Punitto Moe teria
feito uma coisa dessas.

Se fosse ele fazendo isso, provavelmente usaria Keno como refém para negociar com
seu inimigo.

Isso mataria dois coelhos com uma cajadada só.

Agora, o melhor caminho para Suzuki Satoru seria se teletransportar para algum lugar
seguro. Depois disso, se Keno fosse capturada pelo inimigo, ele encontraria uma maneira
de resgatá-la. Se realmente não houvesse como fazê-lo, então só restaria dizer adeus.
Do ponto de vista da oposição, não matar Suzuki Satoru aqui foi devido a ele estar atento
a seus movimentos. Se Suzuki Satoru fugisse agora com o rabo entre as pernas, ele não
seria perseguido. Tudo ficaria bem, desde que não conseguissem tirar nada de Keno.

“Tch...”

Suzuki Satoru estalou a língua e olhou para fora de uma janela, então decidiu se tele-
transportar para fora, no ar.

Seu campo de visão de repente mudou, assim como aconteceu minutos antes. Parece
que não havia medidas de bloqueio de teletransporte no lugar. O pior cenário, o que Su-
zuki Satoru queria evitar, era o teletransporte de mão única, ou seja, ele poderia entrar,
mas não poderia sair usando o mesmo método.

Por exemplo, não se podia teletransportar para dentro ou para fora da Grande Tumba
de Nazarick, havia muitas dungeons no jogo que proibiam a fuga por teletransporte.

Olhando para baixo, as paredes externas da propriedade nobre onde Keno se escondia
eram claramente visíveis para ele. Usando sua aguçada visão, ele poderia dizer com cer-
teza que não houve mudanças antes de sua intrusão. Por mais perto que ele olhasse, ele
não podia ver nenhum inimigo ao redor de Keno.

Será que... está usando a Keno como isca? Entendo. Seu plano é provavelmente esperar até
eu morder a isca e nos pegar juntos. Boa jogada.

Suzuki Satoru sorriu.

Era o sorriso de quem tinha visto completamente através dos planos de seu oponente.

Suzuki Satoru conjurou 「Perfect Unknowable」 e ainda pairando no céu olhou para
baixo.

Haverá uma boa chance de salvar a Keno quando o inimigo me notar no ar e entrar em
ação.

Suzuki Satoru observou Keno do ar, na esperança de adivinhar as intenções do adver-


sário.

E assim, três minutos se passaram.

Ele não ouviu nada além do uivar do vento. Nada foi arremessado para ele, e certamente
nada atacou Keno.

Como, como assim? Por que o inimigo não está fazendo nada? Poderia ser que — ele está
esperando que eu faça um movimento para só então agir em resposta!?
“Droga! Você é muito bom! “

Suzuki Satoru murmurou para si mesmo.

A oposição é muito inteligente. Eles sabem que não queremos morrer também. Nesse caso,
farei isso.

Suzuki Satoru decidiu fazer um movimento e mudar a situação.

Ele entraria em contato com Keno usando 「Message」 e mudaria a localização do


campo de batalha.

“Keno, sou eu, Satoru. Estou te vendo do ar. Sua localização atual agora é muito perigosa.
Dirija-se ao esconderijo nos esgotos imediatamente.”

『Mentiroso!』

E com isso, a 「Message」 foi cortada.

“Quê!?”

Qual era o significado disso? Mesmo com seu corpo undead, Suzuki Satoru entrou em
pânico com a reação totalmente incompreensível de Keno.

A 「Message」 foi uma mentira? ...Não me diga que a Keno já foi atingida por algum en-
cantamento do inimigo? Mas ela é uma undead também... Ela não deve estar sujeita a efei-
tos que afetam a mente. Não, esse é apenas o meu conhecimento sobre YGGDRASIL. Neste
mundo até mesmo nós estamos vulneráveis aos efeitos mentais? Eu não entendo! Keno es-
tava em aliança com o inimigo o tempo todo? Mas foi ela quem encontrou o esconderijo,
não me diga que o inimigo que ordenou... o que devo fazer?

O manual sobre PK não mencionava situações como essa, e Suzuki Satoru não tinha in-
formações prévias para recorrer.

É melhor eu esquecer tudo isso e fugir daqui, pensou Suzuki Satoru. Ele havia observado
os arredores de Keno no ar por sete minutos inteiros e nada havia mudado.

Tendo se cansado de ouvir o vento, Suzuki Satoru falou em voz baixa.

“...Não há sinais de movimento algum.”

A espera inútil havia banido a excitação de estar envolvido em uma batalha de vida ou
morte.
Não, isso também é uma armadilha inimiga. O tempo não significa nada para undeads...
Ainda assim... ficar esperando algo acontecer é entediante, mas não custa nada. O inimigo
deve estar esperando que eu fique ansioso e dê as caras!

Uma voz em seu coração disse: “Esse é provavelmente o caso” e Suzuki Satoru abandonou
seus planos de fugir. Em vez disso, ele continuou esperando.

—Dez minutos se passaram.

...Isto é estranho. Algo definitivamente não está certo. De qualquer forma, vou começar
usando um Dog Zombie— ah. Isso significaria que o Dog Zombie com o item de cash desa-
pareceria... Eu não seria capaz de encontrar o item também. Urgh...

Ele também não podia entregar algo para Keno.

No momento ele não podia convocar ou criar undeads.

Eu preciso considerar que a oposição nos evitou e foi para o esgoto, então colocou pode-
rosos undeads lá. Se eu acabar com os undeads agora, vou precisar me preocupar se o ini-
migo fez alguma emboscada nos esgotos enquanto recuava.

Enquanto pensava nisso, ele voltou sua atenção para o Dog Zombie, convocado com seu
excesso de mana, que já havia voltado para a vizinhança do portão do castelo e aguardava
ordens.

Então devo enviá-lo para a Keno e mostrar-lhe o caminho?

Talvez o inimigo não tivesse atacado porque já descobrira Suzuki Satoru no ar. Portanto,
se Suzuki Satoru fosse embora, o inimigo poderia decidir fazer uma jogada.

Depois de considerar esse ponto, Suzuki Satoru usou 「Greater Teleportation」 nova-
mente e teleportou para o pátio de uma casa não muito longe da posição de Keno. Depois
de certificar-se de que não era visível do castelo, ordenou ao Dog Zombie que se movesse
em direção a Keno.

Parece que Keno estava usando 「Invisibility」, pois o Dog Zombie não podia vê-la. No
entanto, quando o Dog Zombie chegou na área que ele tinha visto do ar, Keno apareceu
de repente.

O Dog Zombie puxou a bainha do vestido de Keno.

Keno pareceu entender o seu significado e começou a seguir o Dog Zombie enquanto o
mesmo liderava o caminho.
Depois de finalmente sair do esconderijo, Suzuki Satoru pôde ver Keno quando o Dog
Zombie a trouxe. No entanto, ele não conseguia relaxar ainda. Os seres undeads com ha-
bilidades ladinas de alto nível não eram comuns, mas existiam. Alguém assim pode lançar
um ataque furtivo.

“Satoru-sama! O senhor está seguro!”

Ele veio muito além da hora marcada, e ela provavelmente estava muito preocupada.
Keno parecia muito feliz, mas agora não era hora de ser feliz.

“Venha aqui!”

Suzuki Satoru saltou do pátio e pegou a mão de Keno. Não houve tempo para explicar
tudo a Keno, cujos olhos estavam arregalados. Suzuki Satoru lançou imediatamente
「Greater Teleportation」, levando Keno e o Dog Zombie à base de esgoto.

Ele verificou seus arredores depois de chegar, prestando especial atenção à entrada.
[Globo Ócular C a d a v e r ]
Não havia sinal de que a porta tivesse sido aberta. O Eyeball Corpse flutuando no ar tam-
bém não havia sido danificado. Ele podia ter certeza de que era seguro.

“Ufa...”

Foi só quando ele voltou aqui que Suzuki Satoru se permitiu respirar aliviado. Depois
disso, lembrou-se de que tinha que explicar as coisas para Keno.

Depois de dissipar o Dog Zombie e recuperar o item de cash, Suzuki Satoru começou sua
explicação. Os pontos principais eram que ele havia eliminado o undead que Keno havia
mencionado, mas o inimigo fôra facilmente derrotado, então era possível que ele pudesse
ser uma duplicata ou algo similar. Assim, ele escolheu se retirar.

“Não, eu não acho que é o caso. O senhor não acha que o derrotou tão facilmente porque
é um poderoso magic caster, Satoru-sama?”

“Se fosse um Overlord como eu, então certamente não teria caído tão facilmente.”

“A diferença entre a minha força e a do inimigo é muito grande, então tudo que eu pude
dizer é que ele era muito poderoso. Então isso é possível, não é?”

“Eu considerei isso também... nesse caso, vou ir sozinho para confirmar.”

Era muito perigoso, mas era o único meio viável agora.

Suzuki Satoru podia sentir reações undeads, mas ele não conseguia analisar a força. Por-
tanto, ele não teve escolha senão avaliá-los com seus próprios olhos.

“Muito obrigada.”
“A análise pode demorar uma ou duas horas, então vai ter que esperar aqui.”

Depois de ordenar o Eyeball Corpse para proteger Keno, Suzuki Satoru teletransportou-
se para a residência de antes. Ele observou o interior do castelo de lá, mas não havia
comoção nem sinal de que o nível de alerta tivesse aumentado.

Ele conjurou um poderoso undead com 「Summon Undead 10th」 e enviou-o para o
castelo. No entanto, nenhuma batalha se seguiu. Assim, Suzuki Satoru fortaleceu sua de-
terminação e o seguiu de perto por trás.

Ele refez o caminho do Dog Zombie até a sala do trono.

A caminho de lá, ele não encontrou nada além dos habituais Zombies.

A porta da sala do trono permaneceu aberta. O manto e o equipamento do undead que


ele acabara de destruir estavam espalhados no chão.

Não acredito... não me diga que ele era muito fraco? —Ah, isso é bem ruim, eu cometi um
erro. Talvez isso realmente fosse uma duplicata e a coisa real fugiu imediatamente quando
percebeu que não poderia me derrotar. Isso é certamente possível. Se eu soubesse disso an-
tes... as coisas teriam sido melhores se eu tivesse iniciado com 「Dimensional Lock」 ou
alguma outra magia de controle de campo de batalha em vez de magia de ataque?

Minha jogada foi muito ruim, ele lamentou enquanto se dirigia para onde o undead havia
sido morto. Não havia reações undeads, mas ele não podia eliminar a possibilidade de
que houvesse guardas dentro não fossem undeads.

Depois de ver que seu lacaio não havia sido atacado, Suzuki Satoru entrou na frente da
sala e espiou para dentro.

Das muitas mesas lá dentro, muitas delas haviam sido removidas de outras salas. Elas
estavam cheias de livros, até formarem uma montanha em miniatura. Pergaminhos e pa-
péis de papiro áspero estavam espalhados por todo o chão, e eles estavam cheios de ca-
racteres que Suzuki Satoru não entendia.

Parecia um cômodo de um estudioso ou um burocrata que lidava com intensa papelada.

“As informações estão todas aqui... mas não há ninguém aqui?”

Suzuki Satoru recolheu todos os itens no chão para seu inventário. Ele queria investigá-
los imediatamente, mas ele deveria continuar procurando por undeads poderosos e con-
sidera como sua maior prioridade.

Suzuki Satoru praticamente vasculhou o interior do castelo de ponta-cabeça.


Duas horas depois, ele cruzou os braços e começou a pensar.

Não encontro ninguém! Ele fugiu... duvido. Uma coisa é fugir sozinho, mas seria impossível
fugir com todos os seus asseclas sob seu comando. Mais importante, ele deixou todas essas
coisas semelhantes a documentos aqui. Além disso, não vi sinais de outro cômodo estar
sendo usado... só me resta concluir que a oposição era muito fraca.

Suzuki Satoru perdeu a conta de quanto tempo desperdiçou queimando seus neurônios,
e no fim, não adiantou nada. Pode-se dizer que esse fracasso foi causado pela luta feita
sem considerar todas as possibilidades.

Se o Punitto-san soubesse disso, ele falaria na minha cabeça dia e noite sobre isso “as coisas
correram tão bem simplesmente porque você teve sorte” ou algo assim...

Mas o fato era que, poderia não ter sido tão ruim se o inimigo não fosse tão fraco.

Este lugar é diferente do jogo. Talvez seja uma vida só e acabou — afinal, eu não sei como
a mecânica da ressurreição funciona — portanto, eu preciso cuidar melhor de mim mesmo.

Depois de reafirmar seus pensamentos, Suzuki Satoru partiu para onde Keno estava.

“Hahhh, os Zombies ainda são Zombies... como eu pensei em reverter isso não será tão
fácil. Ainda assim, é por isso que essa era uma prioridade... mas pensando nisso com cui-
dado, é mesmo possível restaurá-los?”

Suzuki Satoru pegou a varinha que ele tinha acabado de colocar no inventário. Ele exa-
minou, depois colocou de volta e por fim teleportou.

Parte 2

Suzuki Satoru retornou ao castelo juntamente com Keno. Desta vez, ele planejava pes-
quisar o interior com mais cuidado. Ele emprestou a Keno um item que poderia lançar
「Fly」 e os dois usaram 「Fly」 para olhar ao redor do interior do castelo. Tudo o que
Keno fez foi ver se havia algo diferente no castelo comparado à quando ela havia vivido
nele. Mesmo assim, verificar um castelo tão grande levou bastante tempo.

No final, eles não haviam encontrado nada de especial. Keno trancou seus pais no quarto
de sua mãe. Eles ainda eram undeads, mas estavam intactos. Parece que o ser undead
não estava interessado em outra coisa senão transformar a sala do trono em um labora-
tório de pesquisa.

Ao terminar, eles decidiram voltar para o esgoto. Depois que a mana de Keno se recu-
perou, eles lançaram 「Fly」 novamente e foram para a sala do trono para investigações
mais profundas.
O sol se pôs e a noite desceu lentamente sobre a terra.

A sala do trono foi dividida em três salas. A que ficava ao lado da porta estava cheia de
livros, a segunda estava cheia de tesouros reunidos de toda a cidade, e a última sala era
o laboratório usado pela criatura undead. Continha alguns fluidos misteriosos e um fedor
que não desaparecia.

Depois de procurar a opinião de Keno sobre o assunto, Suzuki Satoru decidiu colocar
todos os itens em seu inventário, uma vez que não excederam sua capacidade de peso, e
então os moveu para uma sala aleatória.

Keno originalmente queria voltar para seu próprio quarto, mas Suzuki Satoru a impediu.
Se eles fizessem isso, não haveriam motivos para usar 「Fly」 durante a investigação.

Depois disso, decidiram seguir para o quarto antes usado pelas empregadas. Quando
Suzuki Satoru explorou pela primeira vez, tanto ele quanto seu lacaio haviam se prepa-
rado antes de entrarem, mas a única coisa que os recebeu foi uma nuvem de poeira
branca. Só havia pó.

“Há muita poeira...”

Suzuki Satoru estava mentalmente preparado para isso, e tudo o que ele podia fazer era
dar de ombros diante da lamentação de Keno.

“Bem, faz muito tempo que alguém morou aqui.”

O chão estava cheio de poeira, o que indicava que ninguém pisara ali por muito tempo.
Portanto, os dois não perderam tempo com isso e deram apenas uma rápida olhada.

Keno foi a primeira a entrar. Ela atravessou o cômodo indo em direção a uma janela e a
abriu.

O vento soprou uma grande quantidade de poeira. Se houvesse quaisquer criaturas vi-
vas presentes que precisassem respirar, provavelmente estariam tossindo. No entanto,
isso não valiam para ambos, já que não tinham essa necessidade, e o máximo que as nu-
vens de poeira poderiam fazer seria incomodá-los.

“Posso limpar este quarto?”

Você não precisa pedir minha permissão para isso...

Pensou Suzuki Satoru, e então respondeu:

“Eu não me importo. O que me diz de limpar a poeira dessa maneira?”


Suzuki Satoru tirou um pergaminho. Como um avarento compulsivo, ele era o tipo de
pessoa que não usava itens consumíveis por qualquer bobagem. No entanto, por ser ape-
nas um item de baixo nível e ele tinha muitos substitutos de nível superior para compen-
sar o uso, portanto isso não tinha importância.

O pergaminho continha a magia 「Summon Monster 1st」.


[El ement al Menor do Ar]
Este pergaminho pode convocar um Lesser Air Elemental de baixo nível. Escusado dizer,
mas era como se tivesse uma ligação mental com o conjurador, que poderia dar ordens
com um impulso mental.

O Elemental começou a girar, e rapidamente soprou a poeira dentro do quarto para fora.

“Keno-san, esse pergaminho aqui contém o mesmo tipo de magia. Por que não tenta
chamar um Water Elemental com ele?”

Suzuki Satoru entregou o pergaminho e assim que Keno pegou ela o ativou, convocando
um Lesser Water Elemental, como ele havia dito.

“Obrigada, Satoru-sama.”

“Não há necessidade de ficar em cerimônia. Não é nada de mais. Elementais invocados


por pergaminho de primeiro nível só existem por um curto período de tempo. Por favor,
mantenha suas prioridades em mente ao limpar o quarto.”

“Tudo bem!”

“Além disso, você pode dissipar o 「Fly」 agora.”

“Entendido!”

Embora não houvesse grandes mudanças na situação, talvez a possibilidade de recupe-


rar sua casa tenha deixado Keno visivelmente mais feliz enquanto assentia. Ao observar
a mudança marcante em Keno, Suzuki Satoru a contemplou com uma calma que surpre-
endeu até a si mesmo.

Ele dera o pergaminho a Keno por um motivo.

Ele tinha realizado muitos testes depois de vir a este mundo, mas esta foi a primeira vez
que ele realmente usou um item consumível como um pergaminho.

Entendo... então pergaminhos de YGGDRASIL podem ser usados pelos habitantes deste
mundo. E quanto ao contrário? Eu gostaria de testar isso também. Além disso, os Elemen-
tais invocados pelo pergaminho não duram muito — ela não parece encontrar nada de
errado com isso. Então meu conhecimento de pergaminhos em YGGDRASIL também é apli-
cável a este mundo... certo?
Mesmo tendo perguntado a Keno sobre coisas assim antes, ele finalmente teve a prova
que precisava. Não era que ele não confiasse nela, mas era melhor ver para crer.

Como já havia dito, os dois Elementais logo desapareceram, mas a essa altura o quarto
já estava bem limpo.

“O que faremos agora?”

“Eu queria começar olhando esse pacote de pergaminhos.”

Por que essa criatura undead veio aqui?

Quem ele era?

O que estava por trás disso tudo.

E o mais importante — realmente havia uma maneira de restaurar as pessoas que ha-
viam sido transformadas em Zombies?

Essas perguntas que vagavam em seu coração lhe davam força, dando-lhe a tênue espe-
rança de poder encontrar a resposta dentro daqueles pergaminhos, e era por isso que ela
queria começar por eles.

Assim que Keno estava prestes a abrir os pergaminhos enrolados que cheiravam a mau
presságio, Suzuki Satoru a impediu.

“É algo importante, Satoru-sama?”

“Permita-me lembrá-la, mas já verificou se eles contêm armadilhas? É possível que eles
contenham algum tipo de armadilha mágica?”

“—Eh?”

“Algumas armadilhas são disfarçadas de pergaminhos. Quando as pessoas tentam usá-


las, elas explodem e assim por diante.”

“E-existem essas coisas?”

“Huh, você quer dizer que não?”

Os dois se entreolharam.

“Ah, er, Satoru-sama, o senhor tem alguma solução?”


“Eu não sou bom em desarmar armadilhas. Eu acho que seria melhor deixar um dos
meus undeads abrir.”
[Cavaleiro d a M o r t e ]
Dizendo isso, Suzuki Satoru criou um Death Knight.

Ele mandou o Death Knight sair do quarto e abri-lo à distância. No entanto, o problema
era que o pergaminho comum também queimaria no caso de uma explosão, então ele
teve que fazer cada um individualmente e verificar se eles estavam seguros.

Depois de repetir o processo com todos os pergaminhos, eles foram para os livros.

Enquanto o Death Knight repetia uma ação mecânica, Keno também estava verificando
os pergaminhos que haviam sido declarados como seguros.

No entanto, o rosto de Keno congelou.

“Eu sinto muito, Satoru-sama. Eu não entendo essas letras...”

“Ah...”

Ele tinha ouvido antes que muitas línguas existiam neste mundo. Suzuki Satoru ficou
atrás de Keno e olhou para os pergaminhos.

Nossa, é difícil de acreditar, mas é japonês — Pensei que isso não existiria aqui.

“—Nesse caso...”

Suzuki Satoru tirou um monóculo do inventário:

“Eu vou emprestar isso para você. Este item deve permitir que você traduza idiomas.”

Suzuki Satoru não o utilizou porque achava que não conseguiria entender o conteúdo
da pesquisa.

Como um adulto responsável, ele deveria verificar se continha algum conteúdo que não
fosse adequado para crianças, isso era melhor do que apenas olhar e dizer: “É muito com-
plexo, eu não entendi nada”, e depois entregá-lo para Keno.

Keno não pareceu perceber que Suzuki Satoru estava a agradecendo profundamente em
seu coração. Então, ela colocou o monóculo e começou a ler.

Parece que o monóculo foi eficaz, pois Keno começou a folhear o conteúdo dos perga-
minhos.

Ela leu em silêncio, sempre estava com o próximo pergaminho perto depois de terminar
o primeiro. A fim de não perturbar Keno, Suzuki Satoru se afastou.
Não havia nada que ele, como uma pessoa que nunca considerou a magia como um
campo de estudo, pudesse aprender com eles. De tempos em tempos, Keno mencionava
uma questão sobre princípios mágicos — para Suzuki Satoru era tudo estranho. Ele tam-
bém não fingiu conhecimento; em vez disso respondeu com um simples “não tenho cer-
teza”.

Mesmo que Suzuki Satoru não parecesse saber de nada, Keno não pareceu desconfiar
dele.

Afinal de contas, seu poder esmagador estava em plena exibição, e havia algumas pro-
fissões relacionadas a magia que controlavam a magia pela percepção, e não pelo conhe-
cimento teórico. Ela deve tê-lo levado para um desses magic casters perceptivos.

Quando ele olhou para a pequena Keno, enterrada em seus livros, Suzuki Satoru come-
çou a dispor no chão os itens que ele havia descoberto.

Ao mesmo tempo, ele usou suas magias de avaliação para ver quais tipos de encanta-
mentos estavam imbuídos nesses itens. O primeiro que ele investigou foi a varinha.

Depois de perceber qual magia continha, ele chamou Keno, apesar de se sentir um pouco
envergonhado.

“Com licença, mas poderia vir e dar uma olhada neste item?”

“Ah! Sim!”

Keno apressadamente se virou.

“Sobre aqueles ite—”

“—Ah!”

Keno se levantou e correu para os itens, assim que chegou ela pegou algo.

“É isso! Contanto que tenhamos isso!”

O olhar de deleite em Keno parecia que voltava ao normal de vez em quando, mas in-
conscientemente dava lugar a alegria novamente.

“Este é o item de ressurreição que você mencionou antes?”

A suposição em seu coração havia sido validada; era um item abandonado quando a cri-
atura undead invadiu.
[Máscara d e I r u b i a H o r d a n ] [Rob e do
Este era um dos tesouros da nação, juntamente com a Mask of Irubia Hordan, Robe of
Primeiro I n v e r n ]
the First Invern, e a Gauntlet of the Griffinlord.

Era uma varinha transparente, esculpida em um cristal gigantesco e detalhada posteri-


ormente.
[Branco P e r d i d o ]
Se chamava Lost White.

Partindo do ponto que os dizeres de Keno estavam certos, Suzuki Satoru acreditava que
a magia contida no item deveria ser a magia divina de 5º nível 「Raise Dead」. Mas de
acordo com suas investigações agora, os efeitos da magia eram ligeiramente diferentes.
Basicamente, parecia uma varinha, deveria ser utilizável como uma varinha, mas funda-
mentalmente, era outra coisa completamente diferente.

Usá-la parecia um tanto quanto vergonhoso.

No entanto, Suzuki Satoru também tinha um item de ressurreição de alto nível, ele não
tinha intenção de abrir mão dele até ontem.

Uma das razões era porque ele não tinha certeza se a magia de ressurreição seguia a
mesma mecânica neste mundo. Mas a verdade era que ele havia deixado isso em segredo.

Suzuki Satoru não era tão durão ao ponto de ser franco com algo assim e deixar sua pele
exposta. Mas o mesmo não poderia ser dito de Momonga, que afinal, nem pele tinha.

“Sim! Agora tenho certeza que todos podem ser...”

Keno mordeu o lábio por um momento, provavelmente porque não havia como salvar
todo mundo com um item de uso limitado. Não, já era óbvio que um item poderoso teria
algum tipo de limite em seu uso. Keno estava agora em uma posição onde ela teria que
decidir quem salvaria.

“Mesmo assim, precisamos destruí-los antes de ter a chance de restaurá-los à seres hu-
manos.”

“Então, como posso trazê-los de volta à vida?”

“Hum... que tal reduzir a vida a zero depois tentar ressuscitá-los com esse item?”

“Entendo... não poderemos testá-lo no castelo.”

Explicou Suzuki Satoru a Keno, que estava visivelmente confusa.

“Embora o meu conhecimento do meu mundo possa diferir deste, se destruirmos um


Zombie aqui— perdoe-me, se matarmos alguém aqui, é possível que possamos incorrer
na hostilidade de todos os Zombies circundantes. Para evitar isso, precisamos levar a
cobaia para longe, onde ele não gera hostilidade. No entanto, não tenho idéia de quão
longe isso seria. Tem alguma idéia?”

“Huh? Ah, sim, é assim que funciona?”

“...Não é?”

Os dois se entreolharam.

Isso não era bem uma divergência de opiniões, já que nenhum dos dois tinha certeza de
qual era o problema. Portanto, eles precisavam discutir juntos os ganhos e perdas de tal
ação.

No final, eles decidiram deixar Keno terminar de ler todos os livros primeiro. Essa foi
uma decisão tomada na esperança de que um deles lhe desse uma resposta, confiando
sua sorte aos céus.

Depois de ver Keno se afundar nos livros novamente, Suzuki Satoru voltou a examinar
os itens restantes daquela criatura undead.

♦♦♦

Quando Suzuki Satoru pegou um colar de prata, suas sobrancelhas inexistentes arquea-
ram em dúvida.

Este não é um item mágico... é um colar encantado. É um acessório para ficar estiloso?

Não era possível equipar vários itens mágicos no mesmo slot de item. Claro, alguém po-
deria usar muitos itens mágicos em seu pescoço, mas ele tinha ouvido de Keno que ape-
nas os poderes do último item que tinha sido usado seriam úteis, então parece que o
princípio base era o mesmo que o de YGGDRASIL.

Embora ele não se importasse particularmente se esse ser undead fosse o tipo de sujeito
que se enfeitava com uma ornamentação inútil, esse não parecia ser o caso. A criatura
não tinha outros itens não-mágicos além deste colar.

Deve haver algum significado nisso.

Havia um objeto de prata circular pendendo do colar. Parecia um pouco desgastado, mas
ele podia ver claramente o que pareciam símbolos e letras gravadas nele.

Existe algum significado para isso? É uma chave para algo? Não, pode ser um símbolo
sagrado de algum tipo, algo de uma criatura undead. Ou isso era algum item essencial com
significado religioso? Parece haver algo na parte de trás, parece algum tipo de emblema de
guilda... ah! Isso implica que pertence a alguma organização?
Ele não tinha certeza do significado disso, então tudo que ele podia fazer era conjectura.
No entanto, seria ruim se pertencesse a algum grupo.

Preciso ser cauteloso com essa possibilidade... só me resta ter fé que a Keno saiba o signi-
ficado desse emblema.

Keno estava lendo rapidamente, folheando os livros sem parar.

Ao observá-la, ele podia ver um olhar tenso e assustado em seu rosto. Provavelmente
não seriam boas as notícias que o aguardavam.

“Keno-san, me desculpe por interromper enquanto está ocupada, mas poderia me aju-
dar a dar uma olhada neste colar?”

“Huh? Ah, sim... vamos ver, não parece letras. São... marcas?”

“Entendo. Então, achou alguma coisa interessante?”

Havia uma pilha de livros que haviam sido lidos e uma pilha de livros que não haviam
sido lidos. Ele havia perguntado porque a primeira superava a segunda. Keno suspirou
pesadamente. Foi um suspiro que parecia ter vindo de um funcionário que trabalhava
durante a noite. Não soou como um suspiro que deveria ter vindo de uma garota de apa-
rência jovem.

“Primeiramente, esses livros diziam respeito a vários tipos de conhecimento mágico. Os


pergaminhos, por outro lado, continham assuntos que a criatura undead estava exami-
nando — notas de pesquisa escritas de forma confusa. Mas eram muito complexos, então
é possível que eu os tenha interpretado de forma errada.”

Keno contornou os ombros em desânimo. Sua voz soava sombria também.

“É só que... esse poderoso undead que eu pensei que era o mentor não parece ter nada
a ver com o incidente que aconteceu aqui.”

Eu também pensava assim, Suzuki Satoru refletiu.

Aquela criatura estava fraca demais para alguém que pudesse transformar uma cidade
inteira em Zombies.

“Eu até encontrei algo que parecia um diário, só dizia que a criatura undead que o se-
nhor matou também ficou intrigada com a forma como todos na cidade poderiam ter se
transformado em Zombies, e que ele gostaria de ter investigado se tivesse tempo. Além
disso...”

Keno parecia que estava prestes a dizer alguma coisa, e então ela mudou de idéia.
“...Isso é tudo. No fim não tinha nada a ver com aquele undead.”

“Tem certeza? E o que pretende fazer agora?”

“...Mesmo assim, eu ainda quero ver se eles podem ser ressuscitados.”

Havia uma determinação vazia na voz de Keno. Ela provavelmente entendeu que seria
inútil. Afinal, foi ela quem disse que poderia haver uma possibilidade se eliminassem o
principal culpado, e agora era a única que dizia que o undead que Suzuki Satoru havia
eliminado não tinham nada a ver com isso. Dito isto, mesmo que ela entendesse tais im-
plicações, ela ainda tinha que tentar.

Suzuki Satoru olhou para a garota e pensou em um incêndio.

Era como se, mesmo se alguém estivesse sozinho, não houvesse necessidade de soprar
um fogo que tivesse sido preparado para os outros.

“tudo bem... nesse caso, não vamos usar os seus pais. Nós vamos experimentar com um
dos guardas.”

O rosto de Keno torceu quando ela ouviu a palavra “experimentar”. No entanto, ela não
disse nada, porque sabia que palavras bonitas não seriam capazes de mudar a realidade
da situação.

Suzuki Satoru começou abrindo a janela e saltando, então usou 「Fly」 para pairar no
ar. De lá, ele memorizou um local distante, além dos limites da cidade, e se teleportou
para lá. Uma vez que ele chegou ao seu destino, ele inspecionou seu entorno usando suas
habilidades, e depois de verificar que não havia undeads ao redor, ele memorizou a área
e conjurou 「Greater Teleportation」 para retornar ao lado de Keno.

Depois disso, os dois saíram do quarto. Keno levou-o a um guarda que aparentemente
tinha sido bastante forte antes de se tornar um Zombie, e então ele lançou 「Gate」.

Ele pegou parte da armadura do guarda para ter certeza de que não poderia ser inter-
pretado como um ataque, então o arrastou para dentro do 「Gate」.

E assim, os três foram transportados para fora da cidade.

Assim que Keno disse: “Eu faço isso”, Suzuki Satoru matou o Zombie de uma só vez, sem
dizer uma palavra.

Ele não esmagou a cabeça em pedaços com uma arma que favorecia danos por impacto.
Em vez disso, ele cortou a cabeça com uma espada magicamente conjurada.

“O que me diz, você pode usar esse item?”


“T-tudo bem...”

A luz branca pura dentro da varinha moveu-se para o cadáver do guarda Zombie.

O cadáver lentamente se levantou, mas isso não era um sinal de que havia voltado à vida.
Era simplesmente um Zombie se movendo mais uma vez.

Keno abaixou a cabeça e Suzuki Satoru, que estava preocupado em ser atacado, deixou
sua cautela desaparecer. O Zombie apenas andava sem rumo, sem sinais de hostilidade.
Presumivelmente, qualquer aggro que tivesse sido gerado desaparecera com a sua morte.

“...O que devemos fazer?”

Perguntou Suzuki Satoru. Após um breve período de introspecção, Keno levantou a ca-
beça e olhou nos olhos de Suzuki Satoru.

“—Satoru-sama. O senhor acha que eu posso restaurar a todos se eu me esforçar muito


na minha pesquisa?”

Sua voz era pesada e tensa.

Era a voz de alguém que nem acreditava em si mesma. Era a voz de alguém cuja única
esperança havia sido esmagada em pedaços.

Suzuki Satoru pensou por um tempo. Ele poderia tentar consolá-la ou jogar panos quen-
tes sobre o assunto. Ele também poderia tentar direcionar o tópico de volta para uma
direção apropriada. No entanto, ele comparou a sua própria imagem de vários dias atrás,
e então descartou todas aquelas noções egoístas.

Ele rapidamente inalou, e então Suzuki Satoru olhou diretamente nos olhos de Keno
antes de falar.

“Eu não vou dizer que a possibilidade é zero. Embora eu não tenha estudado magia aca-
demicamente, sinto que pode haver alguém no mundo que possa saber o que aconteceu
aqui. Se pedirmos ajuda, talvez possamos conceber uma solução eficaz. No entanto... vai
ser muito difícil.”

“...Eu também penso assim.”

Os undeads não conseguiam chorar. Eles não tinham capacidade para isso.

No entanto, Suzuki Satoru sabia que Keno estava chorando.


“Na verdade, eu sinto isso há muito tempo. Não haveria um final feliz para tudo isso,
com o sol nascendo e todos felizes por serem como antes. No final, eu não consegui salvar
ninguém, e não consegui um final como esse...”

“Não há como ter certeza que não podem ser salvos.”

“Mas eu também não posso ter certeza que os salvarei um dia, posso??”

Suzuki Satoru expressou sua concordância com o silêncio. No entanto, isso foi baseado
no conhecimento de YGGDRASIL que Suzuki Satoru tinha.

“...Como eu disse antes, não podemos dizer com certeza que a possibilidade é zero.”

Suzuki Satoru olhou para o céu e lá ele viu os rostos de seus antigos amigos. Depois de
se decidir, Suzuki Satoru soltou um suspiro.

“...Eu tenho uma amiga chamada Yamaiko. Ela costumava dizer que as crianças eram um
tesouro. Neste momento, vou cumprir a vontade dela.”

Suzuki Satoru produziu o anel Shooting Stars que Yamaiko havia lhe dado. Verdade seja
dita, ele não queria desperdiçá-lo dessa maneira. Mas Yamaiko iria repreendê-lo se ele
não o usasse agora.

Afinal, posso usar os dois desejos restantes para o que eu quiser.

Uma sensação estranha assaltou Suzuki Satoru quando ele ativou o anel.

Ele sabia como a magia 「Wish Upon A Star」 funcionava.

Ele poderia pagar vários níveis de experiência para fazer um desejo mais poderoso. No
entanto, ele planejou usar apenas o nível de experiência de um único nível. Em outras
palavras, quando se fazia um desejo, algo mais simples era mais provável de se tornar
realidade do que um desejo maior. Mas se falhar, a experiência seria gasta e não resulta-
ria em nada.

Ele tinha a sensação de que “restaurar os pais de Keno ao normal” era mais provável
que se tornasse realidade do que “restaurar todos na cidade ao normal”. Contudo—

“EU DESEJO! Saber uma maneira de restaurar as pessoas desta cidade ao normal!”

Isso foi tudo.

Uma vez que ele entendesse os meios, ele poderia executá-lo.

No entanto, depois que uma das três estrelas cadentes esculpidas no anel desapareceu,
tudo o que restou com Suzuki Satoru foi a frustração. E então, ele hesitou sobre como
deveria explicar tudo isso para Keno, que estava o encarando com um olhar vazio no
rosto.

Ele tossiu algumas vezes, e então se dirigiu a Keno com o olhar de um assalariado em
seu rosto.

“Acabei de usar um item que poderia conceder desejos. Depois de usá-lo, eu percebi uma
coisa — Keno-san, eu vou direto ao assunto. Não há como restaurar os Zombies dessa
cidade — seu povo — ao seu estado original.”

Essa foi a resposta. Ele havia perdido a chance de conceder um desejo para sempre por
essa resposta.

Em YGGDRASIL, o usuário do item era forçado a escolher uma opção de uma lista alea-
tória de seleções, então qual era o melhor caminho? Suzuki Satoru se apressou e conti-
nuou falando:

“Contudo! Esta é simplesmente a informação que obtive com a minha magia. Pode haver
outro jeito. Portanto, vamos explorar o mundo juntos. Encontraremos alguém muito me-
lhor do que nós, pediremos ajuda e veremos as possibilidades melhorarem.”

“E... e tal pessoa assim realmente existe?”

“Eu acredito que sim.”

Embora uma parte de sua mente estivesse se perguntando por que ele estava indo tão
longe para animá-la, ele não tinha esquecido do sentimento fraternal com ela que ele
havia sentido naquela época.

Keno olhou para Suzuki Satoru e depois assentiu.

“Tudo bem— eu acredito que exista. Então, está tudo bem com isso?”

Suzuki Satoru perguntou a Keno se ela estava de acordo com isso, que então respondeu:

“Sair e explorar o mundo juntos... Está tudo bem se eu acompanhar o senhor?”

Keno olhou para as pequenas palmas das mãos e completou:

“Quero dizer, eu vou atrapalhar...”

“—Não vai atrapalhar.”

“Huh?”
“Eu preciso da sua força para isso. E também — já que comecei isso, vou até o final, é
como se costuma dizer. Eu vou te ajudar um pouco mais.”

No mínimo, até que ela pudesse viajar sozinha.

“Caso contrário — eu sinto que a Yamaiko-san e o Touch-san me xingariam. Keno Fasris


Invern. Vamos sim, vamos viajar juntos.”

Keno pegou a mão que Suzuki Satoru havia estendido para ela.

“Ob-obrigada... muito obrigada... Satoru-sama...”

Keno inclinou a cabeça e tremeu. Ela não podia derramar lágrimas, mas isso não impos-
sibilitava o sentimento. Keno estava silenciosamente soluçando sem chorar.

Ainda assim, não havia necessidade de agradecer-lhe tanto. Afinal, ele tinha segundas
intenções.

Bem, esqueça... Suzuki Satoru pensou. Afinal, ela perdeu tudo naquele momento. Ajudá-
la por mais algum tempo não doeria nada.

De todo modo, ele não tinha objetivos próprios agora. As coisas que ele deveria proteger
tinham desaparecido, e os laços que ele deveria manter estavam quebrados. Tudo o que
restava era seu anel e cajado, como lembranças, mas isso era tudo.

“Então vamos nos apressar e terminar nossos preparativos. Tenho a sensação de que
não resta muito tempo.”

Keno expressou suas dúvidas e Suzuki Satoru se explicou.

Se o adversário pertencesse a uma organização, eles poderiam manter contato regular.


Nesse caso, o inimigo ficaria preocupado em perder contato, não seria errado suspeitar
que enviariam reforços, aliás era até provável. Claro que, provavelmente ele poderia aba-
ter todos, isso se o poder do ser undead fosse a métrica de sua força, mas não havia como
concluir que não havia ninguém mais forte do que ele por perto. Portanto, o melhor curso
de ação seria pegar o que eles poderiam carregar e deixar este lugar o mais rápido pos-
sível.

Por essa razão, ele montou pequenos truques em vários lugares para impedir que as
informações vazassem.

Depois de ter certeza que Keno entendeu, os dois voltaram para o castelo novamente.
Parte 3

“Então, vamos viajar... Keno-san, desculpe a pergunta, mas você tem experiência em vi-
ajar, quero dizer, em ir para longe?”

“Eu que peço desculpas, Satoru-sama. Quando eu era jovem — antes disso tudo — acho
que fui a vários lugares do país, mas mal consigo me lembrar agora.”

“Entendi... nesse caso, você não vai saber o que levar ou não.”

“Somos undeads. Nós não precisamos comer ou dormir. É melhor não levar nada, né?”

“Bem, esse é o caso. Mas de acordo com o que você disse, Keno-san, os mortos são os
inimigos de todos os seres vivos, e por isso são destruídos assim que são vistos, estou
errado? Viver abertamente em um mundo cheio de inimigos... bem, não tenho certeza se
isso conta como viver, mas mesmo que apenas existamos aqui, acho que precisamos nos
disfarçar até certo ponto.”

“Disfarçar? O senhor quer dizer usar máscaras como o Príncipe de Phenia, é isso?”

Os olhos de Keno se iluminaram. Foi a primeira vez que ele a viu fazer isso desde que a
conheceu.

Ela se permitiu relaxar? Ela havia aberto seu coração, ou algo assim? Ou foi esse o seu
olhar de antecipação sobre o mundo exterior? Não era uma coisa ruim, então ele não
comentou sobre isso, mas quem era esse Príncipe de Phenia? Ainda assim, ele teve a sen-
sação de que ela falaria sem parar se ele perguntasse sobre isso. Bom, as dúvidas pode-
riam ser discutidas durante a jornada; por enquanto, ele poderia simplesmente aceitar
as coisas gradativamente. Foi só mais tarde que ele aprendeu sobre a história por trás.

“Ahhh, não. As pessoas suspeitarão das nossas intenções se usarmos máscaras... talvez
até não seja tão ruim... melhor não, seriamos muito suspeitos.”

“Mesmo?”

O olhar de deleite infantil no rosto de Keno desapareceu, seus sentimentos voltaram a


ficar escondidos, o olhar que Suzuki Satoru achou estranho e inusitado, depois de notar
isso ele continuou falando:

“Se disfarçar implica até certo ponto em mudar sua aparência física, mas também en-
volve não fazer coisas que farão os outros suspeitarem de você. Não acha que as pessoas
ficarão desconfiadas se não fizermos uma única refeição com elas?”
Claro, havia itens que poderiam fazer isso, mas se eles tivessem que explicar isso para
cada pessoa que encontrassem, poderiam acabar expondo seus disfarces por acidente.
Em vez disso, seria melhor não despertar suspeitas desnecessárias.

“Nós fingiremos comer e dormir como outros viajantes, mas o mais importante é tomar
um banho de vapor para nos limparmos da sujeira da estrada.”

“Um banho de vapor? O senhor quer dizer uma sauna de neblina?”

“Ahhh, eles têm dessas aqui também? É isso mesmo, uma sauna ou uma banheira.”

Os undeads não tinham metabolismos, de modo que não produziriam resíduos, mas su-
jeira, poeira e coisas semelhantes poderiam sujar a pele. Embora isso não o incomodasse
particularmente, era melhor estar limpo do que sujo.

“Mas poderemos entrar em uma cidade, Satoru-sama?”

Suzuki Satoru tocou seu rosto sem carne.

“Preciso pensar sobre essa parte. Mas ainda assim, estou procurando pessoas com co-
nhecimento. Tenho certeza de que poderemos encontrar uma maneira de entrar em uma
cidade sem invadir a cidade por magia, isso pode ser fundamental a fim de fazer um con-
tato amigável.”

Keno assentiu várias vezes em aprovação.

“Portanto... bem, acho que precisamos de algo para despesas de viagem e pedágios. Eu
tenho meu próprio dinheiro, assim como pedras preciosas e itens que podem ser vendi-
dos.”

Suzuki Satoru casualmente tirou uma gema do seu inventário. Keno engoliu em seco
quando viu um rubi do tamanho da palma de sua mão. Uma breve sombra cruzou o rosto
bonito de Keno, mas a mudança foi tão sutil que Suzuki Satoru pensou que poderia estar
imaginando coisas. Além disso, por que uma pedra tão grande a tornaria sombria?

“Ainda assim, não sei se isso será suficiente.”

“Não sabemos quanto tempo essa jornada levará, é provável que teremos que presen-
tear as pessoas em troca de informação e também poderemos precisar comprar itens
caros. É isso?”

“Sim. Então, se possível, podemos levar toda a riqueza neste país, ou cidade? Claro, você
vai administrar isso, Keno-san. Podemos pagar o que precisarmos durante a jornada.”

“Tudo de todos?”
“De fato. Peço desculpas por dizer isso, mas essas pessoas nesse estado de agora não
precisam de dinheiro, não é? Quem sabe, algum país pode enviar suas tropas para apro-
veitar toda a sua riqueza também. Portanto, devemos fazer uso efetivo disso.”

—Suzuki Satoru notou a expressão de dor no rosto de Keno e finalizou com:

“—Isso te desagrada?”

“Ehhh? Ah! Eu sinto muito. Isso não foi o que eu quis dizer. Se é isso o que o senhor
pensa, então eu concordo, Satoru-sama.”

Keno imediatamente ajustou a expressão e colocou um sorriso vencedor.

“Keno-san.”

O corpo de Keno tremeu.

“Ah, ah, por favor, me perdoe, Satoru-sama...”

“Ahhhh, tudo bem, eu não estou com raiva, Keno-san. Somos companheiros de viagem
e, já que somos companheiros, acho que devemos ser honestos um com o outro. Isso é
tudo. Se tiver uma opinião contrária à minha, pode dizer, tudo bem?”

No entanto, Keno abaixou a cabeça depois que ele disse isso.

Isso foi muito irritante para Suzuki Satoru. Keno era quem possuía o melhor senso de
como o mundo funcionava, então se ela não falasse imediatamente, isso poderia levar a
uma falha letal.

“Qual o problema, Keno-san?”

Keno hesitou por um momento, seu rosto se enrugou antes de um olhar de dor cruzar
seu rosto.

E então, ela falou baixinho. Era como se o tempo tivesse voltado a dias atrás pois ela
começou a falar da mesma maneira de quando haviam se conhecido. No entanto, a audi-
ção aguçada de Suzuki Satoru ainda conseguiu pegá-lo.

“Eu não... igual... ao senhor, Satoru-sama... não tenho direito, de dizer nada, pois estou
contando com sua misericórdia, Satoru-sama...”

De fato, era assim.

Aprender sobre o mundo foi o pagamento de Suzuki Satoru por destruir o poderoso
undead da cidade. Isso não poderia mais servir como termos de troca. Além disso, depois
que viajassem por mais de um ano, ele teria adquirido conhecimento suficiente. Levando
isso em conta, ele não teria mais motivos para ajudar Keno, e nem algo que o interessasse.

Em outras palavras, Keno não tinha nada que ela pudesse oferecer a ele para comprar a
ajuda de Suzuki Satoru. Depois de ver a enorme gema que Satoru havia retirado agora,
ela percebeu que uma trivialidade como dinheiro não seria suficiente para seduzir Su-
zuki Satoru.

“Mesmo assim... eu não quero mais ficar sozinha. Comparado a isso... ficar em silêncio
não é nada...”

Agora foi a vez de Suzuki Satoru prender a respiração.

Houve momentos em que ele sentia algo muito parecido a isso. Mas depois de ver a ex-
pressão desolada que ela havia mostrado agora, ele percebeu que os sentimentos dela
eram bem parecidos como os seus.

Aliás, o sentimento não era o mesmo? Entrar em YGGDRASIL, mas ficar em Nazarick
desolado e sem ninguém?

Suzuki Satoru se ajoelhou, de modo que seus olhos estavam alinhados com os de Keno.

“Vamos fazer uma promessa. Keno-san, eu não vou te abandonar por ambições— ou
melhor, pelas minhas próprias razões.”

Era isso.

Eu queria que alguém dissesse isso para mim.

Eu queria que alguém ficasse comigo até o final.

Ele podia ver as várias emoções nos olhos de Keno.

“Posso, posso realmente acreditar nisso?”

“Ahh, como eu disse antes, somos companheiros de viagem. Então... vamos viajar. Sim,
em uma jornada para desbravar o desconhecido. Nós não precisamos de “apenas um
pouco mais”. Vamos encontrar uma maneira de salvar seus pais.”

O silêncio caiu sobre eles e Keno inclinou a cabeça profundamente. Então, ela repetiu
“Obrigada, obrigada” uma e outra vez.

“Então... poderia levantar a cabeça?”


Suzuki Satoru tirou uma moeda de ouro e mostrou a Keno, que apenas olhou para ele
depois da terceira vez que ele pediu.

“Haverá momentos durante a nossa jornada que não estaremos dispostos a abrir mão
do que achamos certo. E, claro, haverá momentos em que não podemos determinar quem
está certo, mesmo depois de trocarmos opiniões. Quando isso acontecer—”

Suzuki Satoru jogou a moeda para cima e a deixou que pousasse na palma da mão. Ele
ficou bastante impressionado com a forma como a moeda pousou tão bem em uma mão
esquelética. Ele tinha que manter o fato dessa naturalidade em segredo.

“—Vamos jogar uma moeda. Usaremos os resultados vindos da sorte para resolver coi-
sas assim. O que você acha?”

“Como eu poderia!? Se possível—”

“—Está tudo bem. Viajaremos juntos, afinal de contas... sim, agora somos amigos.”

Quando ele disse a palavra “amigos”, os rostos de seus antigos companheiros de guilda
de repente apareceram na frente dele.

Amigos, Keno movia os lábios repetindo a palavra inúmeras vezes.

“E então?”

“Eu entendo, Satoru-sama.”

“Só precisa me chamar de Satoru. E assim, vou chamá-la de Keno.”

“Mas como meu senpai...”

Keno começou a gaguejar:

“A-ah, quantos anos o senh—você... tem, Satoru...sama...san?”

“Minha idade, huh...”

Em termos de anos vividos, Keno era, sem dúvida, sua senpai.

“Ah, acho que vou te chamar de Keno-san.”

Ela deveria entender com isso. Um olhar estranho cruzou o rosto de Keno, e ela murmu-
rou “Eu não gosto” antes de inchar suas bochechas.

“Será Satoru e Keno, então.”


“Ehhh, quer dizer que Satoru-san não é bom?”

“Bem, isso funciona também! Ainda assim, como amigos, devemos falar mais familiar-
mente um com o outro. Então, Keno. Eu vou perguntar de novo. Você está descontente
com a minha proposta anterior?”

Keno pensou um pouco e depois assentiu.

“Por toda a riqueza, quer dizer todo o dinheiro nas casas de todos também?”

“Isso foi o que eu quis dizer, sim.”

“Se possível, poderia não fazer isso, por favor? Er, Satoru...san? Afinal, pertence a todos.”

Teria ela dito isso porque estava considerando a possibilidade de que todos pudessem
ser restaurados? Ou ela estava falando em sua capacidade como uma princesa que estava
acima das pessoas comuns? Satoru não sabia qual era qual, mas, verdade seja dita, gastar
tempo para coletar trocados definitivamente não valia a pena.

Seria melhor deixar este lugar o mais rápido possível.

“Então é por isso. Entendo. Tudo bem. Mas e quanto ao dinheiro no castelo? Você acha
que está tudo bem em levá-lo?”

“Hum... eu acho...?”

Ela soava como se a pergunta fosse mais direcionada a ela do que a Suzuki Satoru. Por-
tanto, Suzuki Satoru não disse nada, mas esperou que Keno chegasse a uma conclusão. E
então, um minuto depois

“Eu acho que não terá problemas, exatamente assim.”

Talvez seu modo mais firme de falar de agora fosse porque ela não podia avaliar quão
próximos estavam. O próprio Satoru já encontrou pessoas que ficavam imediatamente
efusivas e agiam com ele de maneira irritante.

Do ponto de vista de Satoru, seria o mesmo que os clientes que comprassem produtos
de sua empresa dissessem de repente “somos amigos, certo?”, isso não seria particular-
mente atraente para ele. É algo que só o tempo poderia resolver.

“Nós vamos fazer isso então. Vamos pegar todo o dinheiro e itens no Tesouro... ah, sim,
e a mobília?”

“Eh?”
“Já mostrei algumas vezes, mas posso guardar itens numa dimensão de bolso. Claro, há
um limite de peso para isso, mas posso facilmente armazenar armários e camas. Eu não
me importo se você quiser levá-los com você. Claro, não poderemos usá-los em nossa
jornada...”

Ele pensou na fortaleza onde passava seus dias.

Era uma base maravilhosa, uma que ele havia construído com seus amigos e que ele
tinha preenchido com todos os tipos de itens das lojas.

Ele havia dito a Keno que estava tudo bem, pois não queria que ela sentisse o mesmo
vazio que sentira por perder seu legado.

“Não, não há necessidade disso. Er, tudo bem. Mas eu quero levar algumas pequenas
coisas comigo se não tiver problema então, é isso?”

“Está bem. Vamos para o Tesouro, então.”

Depois de indicar que entendeu, Keno liderou o caminho para o Tesouro.

Enquanto caminhavam, Suzuki Satoru começou a pensar.

Em YGGDRASIL, as moedas de ouro estavam sempre em uma pilha e não tinham peso.
Tinha sido assim no jogo, mas ele ainda usufruía desse benefício agora. Mas a moeda
neste mundo seria tratada da mesma maneira? Ou o peso de cada peça seria totalizado?
Isso seria problemático.

Embora ele pudesse pegar as pedras preciosas e trocá-las por dinheiro e itens, as coisas
poderiam ser diferentes do jogo, e ele poderia precisar colocar esforço nas negociações.

O Tesouro para qual ele foi levado era pequeno pelos padrões de YGGDRASiL.

As moedas não estavam empilhadas em um grande monte como em Nazarick, mas se-
paradamente embaladas em sacos. Também havia pinturas que Suzuki Satoru ignorou
completamente o valor e uma grande quantidade de talheres, ornamentos e coisas do
gênero. Havia também muitas armas que pareciam ter sido usadas antes. Elas pareciam
pertencer a um museu ao invés de uma galeria de arte.

A imagem que Suzuki Satoru tinha preconcebido em sua cabeça da Tesouraria de


YGGDRASIL desapareceu.

“Keno. Tudo isso é seu, já que é uma princesa.”

“Eh? O senhor não precisa disso, Satoru-sama, não, Satoru-san? Eles são todos os tesou-
ros da família real, então eu não me importo de oferecê-los, quero dizer, dar... não...”
Suzuki Satoru sorriu para Keno, que não parecia saber o que dizer. “Você não precisa ser
exigente com seu modo de falar.”

“De todo modo, essa é a riqueza que sua família acumulou ao longo do tempo. Dadas as
circunstâncias, você deve ser a guardiã disso, como a única que dispor seus usos, não
[Mochila do Infinito]
acha? Coloque tudo nessa mochila. É um item mágico chamado Infinite Backpack pode
carregar até quinhentos quilos de peso como se fosse nada. Eu vou te dar uma.”

“Ehh? Mas isso não é algo sofisticado demais? Eu não posso aceitar, Satoru-san.”

Sério mesmo? Suzuki Satoru começou a pensar seriamente.

Não era um item caro em YGGDRASIL, muito pelo contrário, era comum usar várias des-
sas mochilas para organizar o conteúdo do inventário.

“Não se preocupe com isso. Pense assim, se está preocupada, então trate isso como um
empréstimo. Quando você não quiser mais... sim, se tivermos que nos separar é só devol-
ver.”

“E-e se ficarmos juntos para sempre?”

“Então é só carregar com você para sempre, não? Vamos, aceite.”

Suzuki Satoru forçou Keno a pegar a mochila.

Ele provavelmente deveria verificar se não havia nada dentro antes de emprestar. Afinal,
era comum os jogadores de YGGDRASIL esquecerem itens mágicos de monstros mortos.

Depois de vê-la aceitar sem reclamar, Satoru concluiu que ele deveria assumir que os
habitantes deste mundo não tinham espaços de inventário. No entanto, ela não ficou sur-
presa com os efeitos mágicos da mochila, pois já havia sido informada sobre esses itens
no passado.

Parece que eu poderia me tornar um bom vendedor ou algo assim se eu puder fazer bom
uso do meu espaço de inventário.

No entanto, as coisas poderiam ficar confusas muito rapidamente se ele usasse um po-
der que ninguém tinha para lucrar.

Até mesmo alguém que sabia tão pouco quanto Suzuki Satoru entenderia as vantagens
sem precisar pensar muito. Certamente haveriam pessoas mundo afora que eram mais
espertas e desejariam algo assim. Se ele se tornasse um corretor de informações, era
muito provável que ele se expusesse como sendo um dos undead, o inimigo do mundo
dos vivos. Portanto, era preciso tentar ao máximo evitar usar tais habilidade para obter
coisas.
Ele a observou cuidadosamente colocar vários objetos na mochila com um olhar gentil
em seus olhos. Uma vez que os itens estivessem no interior, eles não se chocariam um
contra o outro ou danificariam um ao outro, mesmo que fossem aleatoriamente jogados.
Mas certamente uma criança que não sabia que tal efeito ocorreria.

Ele queria ajudá-la, mas esses eram os tesouros de família. Era melhor não ter interfe-
rência de terceiros, certo? Ele ajudaria se ela pedisse ajuda, mas dito isso, Keno não se
cansaria, então era muito improvável que ela buscasse ajuda.

“Keno. O que você vai fazer com as armas ali?”

Suzuki Satoru lançou uma magia para analisá-las superficialmente, ver qual encanta-
mento continham. Todas eram medíocres e seriam classificadas como itens mágicos low-
class em YGGDRASIL. Mesmo sendo praticamente inúteis, ainda eram itens mágicos
deste mundo, e para Suzuki Satoru agora essas armas eram extremamente raras.

A propósito, a manopla que era um tesouro nacional era um item mágico middle-class.
No entanto, itens middle-class tinham um raio de abrangência bem maior e estavam en-
tre os principais exemplos desse agrupamento.

“Podemos... levá-los?”

“A decisão é sua. Mas já que eles possuem poder mágico, devem ser importantes. Se você
não se importa, poderia me deixar avaliar esses itens?”

Depois de receber a permissão de Keno, ele lançou 「Appraisal Magic Item」 para rea-
lizar uma análise mais aprofundada.

Como ele pensava, não eram nada de mais. O encantamento da armadura aumentava a
defesa, as armas aumentaram o poder de ataque e assim por diante. Eram todos itens
mágicos entediantes.

“Keno, esses itens parecem conter encantamentos que aumentam sua eficácia como
equipamento de batalha. Mas a quanto valem... lamento dizer que não tenho certeza.”

Dizendo isso, Suzuki Satoru pegou uma espada e fez um balanço com ela. E então— a
espada caiu no chão.

Ele viu Keno olhar em choque quando ela ouviu o som de metal.

“O-o que...”

“Algum problema com o senhor, Satoru-sama! Há algo de errado com a espada!?”

Teria o tom dela voltado ao anterior por causa da espada?


“Não é nada, sinto muito. Parece que minha mão escorregou. Hahaha, minhas palmas
devem estar suadas!”

Como diabos essas mãos de puro osso suariam!? Suzuki Satoru zombou de si mesmo en-
quanto colocava a espada de volta na mesa.

A espada escorregou da minha mão antes que eu percebesse. Será que esse meu corpo não
pode equipar espadas? O que está acontecendo?

“Ah, Keno. Você pode equipar— não, segurar, não, não é isso. Você poderia balançar essa
espada de um lado para o outro?”

“Huh? Essa espada?

“Ah, isso mesmo... mas parece um pouco grande demais para você, Keno...”

Keno pegou a espada instantaneamente.

Então, ela balançou com um whoosh.

Keno, do mesmo tamanho de uma criança, estava balançando uma espada que era tão
longa quanto ela, mas ela não perdeu o equilíbrio por causa disso.

“É muito leve. Tem magia de redução de peso dentro dela?”

“Não... Keno, você sempre foi forte assim?”

“Hã?”

A expressão de Keno disse a ele que a resposta era não, e depois de olhar para ela, Suzuki
Satoru pensou “Entendo”. Parece que ela ganhou essa força depois de se tornar undead.

Havia restrições quanto à força que um ser humano poderia exercer, supostamente para
evitar que usassem força suficiente para romper as fibras musculares. Era provável que
tais limitações tivessem sido removidas ao se tornar undead.

Isso poderia ser possível, mas talvez houvesse outra razão por trás disso.

“Keno, qual raça você se tornou depois de virar undead? As pessoas da cidade se torna-
ram Zombies de baixo nível, você não é nada como eles. Você é inteligente e não parece
apodrecida. Bem, quanto a mim, eu sou da raça Overlord, mas você não ganhou um corpo
ósseo como o meu.”

“Eu, eu não sei...”


“Você não acha que classificar sua raça pode ajudar a mudar a situação atual? Se impor-
taria de responder algumas perguntas?”

Embora ele não soubesse o quão longe seu conhecimento de YGGDRASIL poderia ser
usado neste mundo, aprender a raça de Keno provavelmente não seria uma coisa ruim.

Depois de algum questionamento, ele chegou ao que poderia ser a resposta certa.

Ela era uma Vampira.

Contudo—

Os Vampiros de YGGDRASIL parecem mais nojentos do que ela, certo... ou ela é algo como
a Shalltear que o Peroroncino fez? Ou isso é um tipo de Vampiro exclusivo deste mundo?
Segundo ela, não há quase nenhuma mudança em sua aparência antes e depois de se tornar
undead, então ela poderia ser um caso especial?

Vampiros em YGGDRASIL eram tipicamente vanguardas — como guerreiros.

Talvez fosse por isso que a força de Keno aumentara. No entanto, o fato de que a altura
dela estava congelada no tempo era uma grande desvantagem. Não ter membros mais
longos como os de um adulto eram uma grande limitação

Talvez ela devesse ser uma Esgrimista... seria errado deixar a Keno decidir o que ela deseja
ser?

Suzuki Satoru a retaguarda e Keno a vanguarda. Esta não era uma combinação ruim. No
entanto, era um pouco embaraçoso usar uma criança como escudo. Ele provavelmente
não se importaria se fosse em YGGDRASIL—

Francamente... eu costumava ser o tipo de pessoa que não se incomodava em ver os cadá-
veres dos órfãos de rua, já que eles surgiam com tanta frequência que dificilmente era uma
ocorrência rara, mas agora...

Ele havia mudado ou estava particularmente interessado em Keno?

“...Vou verificar isso mais tarde. Desculpe ter te incomodado. Você deve se apressar e
esvaziar o Tesouro.”

Suzuki Satoru aproveitou para empoeirar o tesouro, assim ninguém saberia que alguém
havia entrado.

♦♦♦

“Acho que é isso, coletamos o conteúdo do Tesouro — há mais alguma coisa que você
queira levar?”
“Sim. Se o senhor me permitir, preciso de alguns pequenos itens do meu quarto.”

Ela havia voltado ao discurso educado. Satoru pensou em responder, você pode ser mais
casual, sabe... e respondeu:

“Eu acredito que você entende que deixaremos este lugar em breve. Alguém pode vir
aqui e levar tudo no castelo, ou mesmo destruir tudo que estiver aqui.”

Neste momento, ele ainda não sabia o porquê as pessoas nesta cidade foram transfor-
madas. Talvez houvesse algum tipo de praga que transformou as pessoas em undeads.
Se fosse esse o caso, as pessoas que vieram para cá poderiam pensar que queimar tudo
seria a melhor maneira de lidar com isso.

Keno pensava nisso há muito tempo, mas ouvir Suzuki Satoru dizer isso a chocou um
pouco.

“Você também não quer ser atacada pelos undeads? Então é possível que eles decidam
que todos os undeads da cidade devem ser des...”

Assim que ele estava prestes a dizer “destruídos”, Suzuki Satoru de repente percebeu
que seu fraseado era muito provocativo, e então ele mudou suas palavras:

“...Devem ser eliminados. Essa seria a maneira normal de pensar, não? Afinal, para os
vivos, isso eliminaria a ameaça dos undeads nesta cidade atacarem a raça deles.”

“...Mm... eu entendi o que quer dizer.”

“Portanto... já que decidiu sair, quero que esteja mentalmente preparada para isso. Afi-
nal, hoje pode ser a última vez que você verá esta cidade. E já que há um limite de quantas
coisas pode levar com você, precisa se certificar de que não se arrependa das escolhas
que fez. Neste momento, eu não tenho certeza se as memórias dos undeads vão desapa-
recer, mas mesmo que isso aconteça, você deve ter em mente o fato de que você pode
esquecer as coisas, e deve cuidar bem das coisas que deseja preservar. Contanto que você
os preserve... mm, digamos que se tornarão lembranças inesquecíveis.”

Suzuki Satoru tirou uma foto.

Era uma foto comemorativa que havia sido tirada quando a Grande Tumba de Nazarick
ainda era chamada de Tumba de Nazarick — em outras palavras, quando foi conquistada.

O que ele tirou foi uma foto com todos os membros do grupo.

“Sim, nunca será esquecido.”

“O que é isso?”
“Esses são meus amigos. É uma foto que tiramos juntos.”

Suzuki Satoru não pôde deixar de sorrir quando ouviu a pergunta de Keno.

“Ah, sim, se tivermos tempo durante as nossas viagens, vou contar-lhe sobre as aventu-
ras que tive com os meus amigos.”

“Sim!”

Suzuki Satoru riu ao ouvi-la responder alegremente.

“Tudo bem! Então, recolha algumas coisas que você quer preservar como memórias,
Keno... infelizmente, seu corpo provavelmente não crescerá mais agora, já que se tornou
uma undead, a menos que você seja de um tipo especial que eu nunca vi antes. Portanto,
você deve conseguir usar suas roupas por um longo tempo.

“Certo! ...Huh? Mas eu deveria me sentir feliz com isso?

“A juventude eterna não é o sonho de todas as mulheres?”

“Eu ficaria feliz se eu pudesse crescer um pouco mais...”

“É o que pensa?”

“Seria ruim?”

Como homem, Suzuki Satoru não entendia direito. Mesmo assim, ela pode ter alguma
resistência à idéia de parecer uma criança e nunca crescer.

“Tudo bem, então por que não começa escolhendo suas roupas?”

“Tá! Eu vou!”

Ainda assim, não acho que uma princesa tenha roupas adequadas para viajar. Quanto a
mim, bem, obviamente não tenho nenhuma.

Em YGGDRASIL, era perfeitamente natural que as pessoas andassem por aí totalmente


armadas e com armaduras, mas dado seu traje e os undeads que ele tinha visto na cidade
— em outras palavras, roupas civis comuns — seu manto se destacava demais. Sendo
esse o caso, ele precisaria se transformar em roupas que pudessem se misturar melhor
em uma cidade comum, mas ele não tinha nenhuma roupa simples e comum.

Mesmo se o fizesse, seria uma panóplia fraca com baixa capacidade de dados. Isso po-
deria ser perigoso quando ele entrar em combate.
Em outras palavras, ele precisava de algo com defesa e resistência aceitáveis e que ainda
não chamasse atenção. Também precisava incluir Keno nessa conta, então seria necessá-
rio criar dois conjuntos.

Depois de verificar os valores de HP de Keno com 「Life Essence」, ele poderia dizer
que eles estavam muito baixos. Ela pode até acabar sendo morta pelo dano inicial de uma
magia de efeito de área.

Eu realmente não quero lutar em batalhas que são grandes o suficiente para que ela possa
se envolver...

Infelizmente, Suzuki Satoru não era versado em magias de adivinhação, e mesmo que
ele pudesse manter um certo nível de alerta com magia, ele não estava confiante de que
ele poderia proteger contra 100% dos ataques furtivos inimigos.

Provavelmente o caminho mais simples seria dar-lhe itens que suprissem isso. No en-
tanto, e se ele lhe desse um item de alto nível e ela acabasse se tornando alvo ambulante,
seria completamente o oposto do que ele desejava.

Há muitas coisas que preciso pensar. Talvez eu deva preparar dois conjuntos de equipa-
mento, um para quando nos aproximarmos de uma cidade e um para quando estivermos
em viagem... não, se eu não estiver enganado, acho que tenho um manto de mudança rápida
de panóplia... esqueça, depois penso nisso.

“Vamos para o seu quarto, Keno.”

“Tudo bem... er, mas... esse tipo de coisa, ah, não, er, talvez eu devesse perguntar. Sei que
corro o risco de te ofender, mas você é homem, não é, Satoru-san?”

“Mas é claro. Não se preocupe, não vou te espiar.”

Eu estou claramente falando com a minha voz normal de Suzuki Satoru, por que você me
fez uma pergunta estranha assim de repente? Há mulheres neste mundo com vozes assim?

“Ah, isso é meio rude de dizer para um benfeitor, mas meu quarto sempre foi proibido
para todos os homens, exceto meu pai — ghrum, essa é a regra que foi estabelecida.”

Oh?

Suzuki Satoru ficou um pouco surpreso.

Ela poderia ser uma criança, mas ainda era a princesa de um país, e tais regras eram
bem rígidas.

“Entendo. Bem, regra é regra. Eu vou esperar do lado de fora, então... você pode lidar
com as coisas sozinha, certo, Keno?”
Ele pensou nos undeads em uniformes de empregada dentro do castelo. Deveria ter ha-
vido uma empregada para ajudar Keno com suas tarefas diárias.

“Hum, isso não é um problema também... oh sim, como meu salvador, é natural que eu o
convide para o meu quarto, por favor, entre... ou prefere não entrar?”

Keno puxou o manto de Suzuki Satoru enquanto o perguntava.

“Ah, não... não quis passar essa impressão.”

O único motivo de sua recusa foi porque Keno dissera que nenhum estranho podia en-
trar. Na verdade, Suzuki Satoru não se importava em entrar ou ficar de fora.

Ele usou 「Fly」 para chegar ao quarto de Keno e a seguiu para dentro para dar uma
olhada. Era muito mais suntuoso do que o quarto de Suzuki Satoru, mas, por sua vez, era
insignificante em comparação com o quarto de Momonga em Nazarick.

No entanto, uma vez que ela abriu seu armário, ele viu uma grande quantidade de ves-
tidos dentro. Isso certamente parecia um quarto de princesa. No entanto, suas cores e
decorações eram muito mais simples que as de YGGDRASIL; ou melhor, as roupas de
YGGDRASIL eram muito mais luxuosas.

Keno vasculhou os vestidos — embora alguns já tivessem ficado descoloridos — e então


ela virou a cabeça para trás na direção de Suzuki Satoru para lhe fazer uma pergunta.

“Qual acha que é mais adequado?”

Uma vez ele havia ouvido que uma das perguntas mais difíceis do mundo seria quando
uma mulher perguntasse: “Qual deles você prefere?”. Ele ponderou se ouviu isso de
Touch Me.

Suzuki Satoru queria dizer “Meu senso de estética é risível, por favor, não me pergunte”.
Mas ela perguntou porque confiava nele, então só restava dar uma resposta séria.

“Embora eu ache que todos eles combinem muito bem com você, levar todos será muito
problemático. Por exemplo, se houver uma organização por trás daquela criatura undead,
eles poderão enviar um time de apoio, o que exporia sua presença. E já que vamos em
uma jornada, eu não acho que alguém viajaria por aí com roupas como essa, ou viajaria?”

“Então é assim que é— ah, não é?”

Ele não conhecia as práticas comuns deste mundo, então tudo o que Suzuki Satoru po-
deria dizer era “muito provável”. No entanto, ele achava que não estava muito longe da
verdade.
“Além disso, se quiser ficar discreta, você não pode sair por aí vestida como um membro
da família real— ah, sim, Keno. Me desculpe, mas algo veio à minha mente agora. As pes-
soas nas outras cidades, ou talvez em outros países, conhecem seu rosto?”

“Não tenho certeza. Talvez alguém possa ter uma noção de mim, eu acho. A realeza de
outros países deve me conhecer. Eu lembro que houve uma troca de retratos uma vez.”

“Compreendo... você deveria ter cuidado, se bem que já faz um bom tempo desde que
você se tornou uma undead. Nesse caso, não é provável que você encontre pessoas assim.
Bem, é isso. Deixando de lado a questão de qual vestido usar, você deve ir recolher as
lembranças que deseja manter. Se voltarmos aqui depois de vários anos e ninguém esva-
ziar o lugar, podemos levar tudo aqui conosco. Por enquanto, basta escolher alguns ves-
tidos que você mais gosta e vamos embora.”

Por mais que a oposição ficasse atenta, certamente eles não poderiam ficar de olho neste
lugar por tantos anos.

Keno demorou um pouco — um pouco mais do que Suzuki Satoru esperava — para es-
colher quatro vestidos, e então começou a arrumar as coisas menores em seu quarto.

Afinal, mover qualquer coisa deixaria vestígios e avisaria as pessoas especializadas so-
bre o fato de que algo foi removido, ela decidiu mover tudo nas redondezas para encobrir
essas marcas.

“Isso é tudo que você precisa? Nesse caso, vamos colocar seus pais e empregadas que
preferir no quarto do esgoto. Dessa forma, eles podem passar desapercebidos de qual-
quer um que venha a esta cidade.”

“Tudo bem... esse deve ser... o melhor caminho.”

“Se souber de alguma outra maneira de evitar que pessoas de fora encontrem seu es-
conderijo, seguirei sua sugestão.”

Keno sacudiu a cabeça.

Então não havia nada para isso. Eles simplesmente teriam que se virar.

“Então, Satoru-san.”

“Hm?”

“Já que vamos sair, poderia me ajudar a cortar meu cabelo?”

“Eh?”
A mudança de assunto foi tão surpreendente que Suzuki Satoru respondeu de maneira
insossa.

“Hum, desse jeito aqui, por favor, olha.”

Tendo lançado 「Fly」, Keno flutuou para um lado do quarto e recuperou agilmente um
livro de uma estante.

“Este é o terceiro livro das Crônicas do Príncipe de Phenia. Neste livro, quando a prin-
cesa partiu em uma jornada, ela cortou seus longos cabelos.”

Keno parecia um pouco envergonhada, mas seus olhos estavam brilhando.

“Ghrum. Tudo bem, eu não me importo...”

Enquanto Suzuki Satoru estava desconcertando se seria bom cortar o cabelo por esse
motivo, Keno chegou de frente com Suzuki Satoru e o ofereceu uma tesoura.

“Então, por favor, faça as honras!”

“Eu, ah... eu nunca cortei o cabelo de alguém antes, então é melhor eu deixar isso claro,
eu não estou confiante de fazer um bom corte. Talvez se eu tivesse um cortador de cabelo,
eu poderia fazer um trabalho aceitável... Mas antes disso, eu tenho algo que quero lhe
contar.”

Suzuki Satoru aceitou a tesoura, pegou uma mecha do cabelo de Keno e cortou uma por-
ção. O cabelo cortado caiu na mão de Suzuki Satoru, onde envelheceu e se degradou,
como se centenas de anos tivessem passado, até que se transformou em uma nuvem de
cinzas, desaparecendo como undeads faziam quando destruídos.

“Keno, vou lançar uma magia em você. Não resista, tudo bem?”

“Eh? Tudo bem. Deve estar tudo bem.”

Ele devolveu a tesoura para ela, e enquanto ainda segurava a mecha do cabelo de Keno,
ele lançou uma magia de ataque 「Ray of Negative Energy」. A energia negativa danifi-
cava os vivos, porém curaria os mortos.

Ao receber o “ataque” mágico, o cabelo de Keno — para ser preciso, a mecha na mão de
Suzuki Satoru — recuperou seu comprimento original.

Então é assim que as coisas são.

No momento em que alguém se tornasse undead, a aparência era reajustada. Nesse caso,
o que aconteceria quando as pessoas que estavam com membros faltando ou mutiladas
se tornasse undeads? Essa pergunta passou por sua mente, mas ele não conseguia pensar
em uma resposta e era inútil perder tempo com isso, então ele baniu o pensamento de
sua mente.

“Keno, acho que cortar o cabelo é considerado um dano para você.”

“Ehhh? Mesmo!?”

Pelo menos ele poderia se poupar o trabalho de limpar o cabelo cortado quando termi-
nasse.

“Então, mesmo se o corte ficar ruim, eu posso começar de novo e de novo... Então, eu
vou fazer um trabalho desleixado desta vez.”

“Desleixado!?”

Suzuki Satoru ignorou o grito de surpresa de Keno e lançou 「Life Essence」, depois
cortou o cabelo comprido de Keno na altura dos ombros.

“Está bem. O dano é mínimo, a ponto de você poder ignorá-lo.”

“Eh? Ehhhhhh!?”

Foi só depois que ela sentiu como o cabelo estava atrás que ela conseguiu se acalmar.

“Satoru-san! Quando você disse que ia de forma desleixada, eu fiquei muito assustada!”

Depois de ouvir o tom de reprovação na voz de Keno, Suzuki Satoru pensou em algo
como “Eh? Então eu deveria me desculpar?” e começou a considerar seriamente o assunto.
Nada de bom viria de arruinar seu relacionamento com sua futura companheira de via-
gem.

“Foi minha culpa, Keno.”

“Ah, não, está tudo bem, ghrum... está tudo bem agora...”

Então por que estava tão ansiosa para me culpar..., Suzuki Satoru quase não se conteve.

Keno é apenas uma criança... huh? Será mesmo uma criança? Não me diga que ela é uma
velhinha?

Suzuki de repente começou a pensar sobre isso... mas no fim abandonou esse pensa-
mento. De qualquer forma, ele aparou o resto do cabelo até o ombro. Então, ele usou um
pente — a verdade a ser dita, ele não tinha confiança alguma no que tinha feito — para
pentear o cabelo.

“Pronto. Ou melhor... acho que está pronto.”


Keno flutuo para a frente do espelho, mas estava coberto de poeira, ela não conseguia
ver nada além de um borrão. Assim que estava prestes a limpar o espelho, sua mão parou
no meio do caminho quando se lembrou da razão pela qual ela estava usando 「Fly」.
Então, ela se virou para Suzuki Satoru.

“Como eu fiquei?”

“Ficou bom. Mm, combina com você.”

Respondeu Suzuki Satoru.

“Mesmo? Isso me deixa muito feliz.”

Keno deu-lhe um sorriso encantador.

Ela parecia estar de bom humor. Suzuki Satoru não sabia nada sobre o que era bonito e
o que não era e sobre os penteados das mulheres e coisas do gênero. Mas parece que o
que ele disse tinha sido precisamente eficiente.

“J-já que é assim, vamos passar para o próximo passo.”

♦♦♦

Depois de levar os pais de Keno e uma empregada para o quarto do esgoto que era a
base de Keno, ele acorrentou a porta com correntes enferrujadas para que não abrisse.

Mesmo que criaturas mortas sem inteligência, como os Zombies, não conseguissem
abrir portas, ainda assim era melhor impedi-los apenas por precaução.

Keno tinha sentimentos mistos quando ela olhou para a porta do quarto, e Suzuki Satoru
falou com ela.

“Pronto, vejamos... como prefere viajar, Keno?”

“Huh?”

“Não nos cansamos, não precisamos comer e não precisamos dormir. Podemos sair
agora sem levar mais nada conosco. Mas as pessoas em aldeias ou cidades ficariam des-
confiadas se nos vissem fazer isso. Portanto, gostaria de fazer algo que não desperte sus-
peitas.”

“Quer dizer, arrastar um monte de bagagem com a gente?”

“Isso não faria as pessoas ficarem mais desconfiadas?”


Na verdade, Suzuki Satoru não fazia idéia de como as pessoas neste mundo viajavam.
Portanto, ele não tinha idéia de como evitar suspeitas.

Keno olhou para o lado e disse que não sabia.

“Nesse caso, qual você prefere, pegar uma carruagem ou ir a pé?”

“Nenhum dos dois me incomodaria... tudo bem. Nós não temos o conceito de fadiga, afi-
nal. Ah, mas eu ando muito devagar, então...”

“Tudo bem, não se preocupe. Eu andarei no seu ritmo, Keno.”

Dito isto, uma vez que ambos eram undeads, eles não poderiam simplesmente correr a
toda velocidade o tempo todo? Bem, certamente ver um adulto correndo com uma me-
nina ao seu lado deixaria uma má impressão nos outros.

“Eu vou pegar uma carruagem, então...”

“Mas e os cavalos... hm— como devemos pegar um?”

“Ah— isso é verdade. Quanto aos cavalos...”

Suzuki Satoru olhou pela janela. Ele não podia ver nenhum sinal de cavalos, mas ele po-
dia ver Zombies. Mesmo se houvesse cavalos, eles provavelmente seriam Zombies, e com
certeza as pessoas de outras cidades não gostariam de ver um cavalo morto puxando
uma carruagem pela cidade. Isso estava definitivamente fora de cogitação. De repente,
Suzuki Satoru teve uma idéia.

“Não se preocupe. Eu farei algo sobre os cavalos. Apenas relaxe e deixe comigo. O pro-
blema é a carruagem. Vagões cobertos, vagões de carga, vagões fechados, com que base
vamos usar em nossa jornada?”

“Hã?”

“Seremos a princesa e seu magic caster? Nesse caso, do país que eu vim tinha uma espé-
cie de carruagem em forma de abóbora. Esse pode ser o melhor cenário para nós.”

Suzuki Satoru havia dito isso em um tom ligeiramente brincalhão, mas Keno disse ner-
vosamente:

“...Que tal um magic caster misericordioso e sua seguidora?”

“...Só para confirmar, mas, eu sou o magic caster misericordioso enquanto você é a se-
guidora?”

“Sim.”
“Então essa sugestão está fora de questão.”

Suzuki Satoru não achava que pudesse usar Keno como sua seguidora para fazer um
show.

“Nesse caso...”

Keno disse, e então caiu em pensamentos. Depois disso, ela distraidamente falou:

“Que tal amigos?”

“Amigos, huh... então somos companheiros de viagem... tudo bem, nossa história será
essa?”

Depois de levar em consideração a diferença de idade, muitas pessoas provavelmente


acham estranho que sejam amigos. No entanto, Suzuki Satoru não se sentia assim. Ele
tinha visto muitas vezes crianças que tinham acabado de se formar na escola primária
trabalhando ao lado dele, e era muito difícil dizer a idade de alguém em YGGDRASIL le-
vando em conta só a aparência.

Na verdade, o líder de uma guilda que rivalizara com a Ainz Ooal Gown era uma criança
na vida real. E por outro lado, havia jogadores que pareciam crianças, mas cuja idade real
era mais do que a de Suzuki Satoru. Quando os ouviu falar sobre seus netos, Suzuki Satoru
congelou em confusão por um momento.

Ele ainda olhava para aqueles dias com nostalgia.

Portanto, não havia nada de estranho em tratar Keno como sua amiga.

Claro, Suzuki Satoru sabia que Keno era mais fraca que ele, então a relação dos dois seria
algo como protetor e protegido. No entanto, era muito comum em YGGDRASIL que joga-
dores experientes trabalhassem com jogadores novatos para aumentar o nível de poder
deles, assim como formar grupos com membros artesãos não-combatentes para se aven-
turar por aí.

“Ainda assim, precisamos de uma explicação que convença as pessoas de que somos
amigos. Eu acho que nós podemos tomar nosso tempo pensando nisso durante a jornada.”

“Tudo bem... mas é que... quando mencionou uma carruagem em forma de abóbora, quis
dizer o tipo comestível de abóbora? É uma carruagem que pode ser usada como ração de
emergência se alguém tiver fome?”

“Ah, não, é só a forma...”


Suzuki Satoru sentiu que explicar verbalmente seria problemático, e então ele vascu-
lhou seu inventário.

“Vou ver se consigo te mostrar...”

Ele tirou um álbum de fotos tirado com seus amigos.

Suzuki Satoru passou rapidamente por ele.

As lembranças vindas pelas muitas fotos encheram Suzuki Satoru de nostalgia. Parte
dele queria continuar olhando, mas ele se forçou a não fazê-lo e continuou a folhear as
páginas.

A foto que ele estava procurando não estava neste álbum. Suzuki Satoru mudou para
outro e depois para um terceiro.

“Achei. Keno, olhe para esta foto. A carruagem nesta imagem com minha amiga.”

Keno olhou esticando o pescoço e então seu queixo caiu.

“Um Slime de vestido... uma mulher? Ela é uma Princesa Slime?”

Sobre a carruagem estava uma princesa em um vestido branco, erguendo um grande


escudo — Bukubukuchagama. Tinha sido uma foto para comemorar a conclusão da car-
ruagem, mas Bukubukuchagama acabou se tornando a principal atração da foto. Isso
também mostrou qual tinham a aparência mais marcante.

“Hahaha, eu vou falar sobre isso durante a nossa viagem. Veja, um pouco abaixo está a
carruagem de abóbora. Ouvi dizer que nesse formato é o que toda jovem garota sonha. É
por isso que ela está tão feliz.”

Ele lembrou de um certo irmão que não se conteve e murmurou certa vez: “Você não
pode chamá-la de “jovem” nessa idade...”

“...”

Keno olhou para o lado, visivelmente perturbada.

“Quer dizer, como sonhos ruins?”

“Hahahaha... espere aí, o quê?” Suzuki Satoru estava confuso.

Ele riu de alegria genuína, mas Suzuki Satoru sentiu uma sensação de desconforto
quando sua alegria foi repentinamente suprimida.
Não me diga que a supressão emocional dos undeads não se aplica apenas às emoções
negativas... não, se bem que faz sentido. Não precisar comer ou beber não é ruim, mas isso
também significa que você não pode comer comida. Tem seus pontos bons e ruins...

“O que há de errado? Satoru-san?

Talvez tenha sido porque suas preocupações foram repentinamente reprimidas, mas
Suzuki Satoru respondeu à pergunta de Keno com um gentil:

“Está tudo bem.”

Mesmo assim, isso não suprimiu completamente minha felicidade. Deve haver um meio de
viver enquanto se busca alegria.

“Certo, então vamos começar a procurar por carruagens. O ideal é que a carruagem seja
mais velha, do tipo que não levante suspeitas.”

“Sim!”

“Keno, você me disse para não levar a propriedade de outras pessoas, isso não significa
que levar a carruagem seria uma coisa ruim?”

Keno pensou por um tempo e então respondeu:

“Vai ficar tudo bem porque pagaremos por ela.”

Então, ela levantou a mochila.

“Entendo... Nesse caso, posso pedir que me empreste dinheiro, Keno?”

“Huh?”

“Como mostrei anteriormente, tenho amplos recursos. Mas acontece que todas elas são
moedas de ouro que não estão em circulação. Parece perigoso tentar pagar com elas.”

“É por isso? Bem, já que é assim, então eu posso emprestar— não, eu posso oferecer...
dar um pouco.”

“Não, isso não vai acontecer, Keno. Até certo ponto, esse dinheiro é sua herança de seus
pais. Você não pode simplesmente entregá-lo aos outros.”

“Eu, eu entendo.”

“Embora você possa não concordar nessas circunstâncias, isso também inclui as relí-
quias de seus antepassados. Você não deve gastar cegamente, entendido?”
“Compreendo.”

Mesmo dizendo isso, a expressão de Keno sugeria que ela não entendia direito. Talvez
Suzuki Satoru estivesse simplesmente forçando suas opiniões sobre ela.

“...Então, pode me emprestar um pouco? Eu pagarei de volta até vender as pedras que
tenho à mão.”

“Tudo bem!”

“Ótimo. Então dividiremos o custo para comprar o vagão. Somos amigos, então vamos
colocar o mesmo valor.”

“Claro!”

“Certo! Então vamos encontrar uma carruagem!”

“Agora mesmo!”

Suzuki Satoru respondeu a Keno com uma resposta enérgica, e os dois vagaram pelas
ruas.

Ao longo do caminho, Suzuki Satoru havia armazenado as moedas de ouro deste mundo
que ele tinha pegado emprestado de Keno em sua dimensão de bolso.

Elas foram armazenadas em um local separado das moedas YGGDRASIL, e não pareciam
ocupar limite de peso. Se o fizessem, ele não conseguiria armazenar nada em seu inven-
tário. Esta foi uma decisão de design perfeitamente racional para um jogo, mas no mundo
real ficava meio destoante da realidade

É muito útil, mas meio que estraga o realismo em um lugar como este... será mesmo que
isso não é um jogo?

Apesar de seu corpo ter confirmado a Suzuki Satoru que ele não estava em um jogo, a
manipulação de seu inventário fez com que ele se sentisse como se ainda estivesse em
um jogo. Parecia algo fora do lugar, como se o jogo estivesse sobrescrevendo o mundo
real.

Em última análise, no entanto, Suzuki Satoru ainda não tinha uma resposta, mesmo se
pensasse sem parar.

Mais importante—

Ainda há muitas outras coisas a serem consideradas.


Eles haviam encontrado várias carruagens, mas todas estavam muito desgastadas pela
idade e pareciam que desmoronariam se alguém tentasse usá-las. Ele não queria perder
muito tempo, mas procurar sozinho teria sido perigoso, então trouxe Keno com ele em
sua busca.

Depois de muito tempo, eles finalmente encontraram uma carruagem coberta em um


pequeno galpão ao lado de uma casa grande. O estranho era que esse galpão tinha algum
tipo de prisão em seu porão, e havia inúmeras Zombies mulheres, por assim dizer, enjau-
ladas. Era um mistério insolúvel, mas Suzuki Satoru fingiu não o ter visto. Afinal, não
importava o que ele quisesse fazer agora, já era tarde demais.

Suzuki Satoru empurrou o vagão com sua força sobre-humana para testá-lo. Rangeu um
pouco, mas os eixos não pareciam que se partiriam com facilidade. Parece que o vagão
foi encantado em pontos chaves da estrutura.

Por que não aproveitaram e encantaram tudo de uma vez. Por que isso?

Ainda assim, era inútil pensar sobre essas coisas. Suzuki Satoru criou um 「Gate」 na
frente do vagão e começou a empurrar. Keno foi para o lado de Suzuki Satoru e ajudou-o
a empurrar. A idéia de convocar o Griffinlord surgiu, mas ele pediu a ela para guardar
esse poder para outras situações.

Embora fosse difícil dizer se a força de Keno foi de muita ajuda, os dois empurraram o
vagão para fora da cidade. Ele manteve 「Gate」 aberto, então pegou o guarda camisa,
que havia trazido mais cedo, ele ainda estava vagando nas proximidades e o arrastou, em
seguida, o empurrou através do 「Gate」 antes de encerrar a magia.

“Agora, vou preparar um substituto para o cavalo.”

O que Suzuki Satoru tirou foi uma estátua majestosa de um cavalo com as patas diantei-
[Estátua d e A n i m a l Cavalo de Guerra]
ras erguidas no ar. Era o item Statue of Animal: Warhorse, ele a colocou no chão e instan-
taneamente se expandiu em um poderoso equino.

“Uau! Que cavalo incrível! Nós não tínhamos nada tão grande em nossa casa! Você é
incrível, Satoru-san!”

Keno deu um sorriso que correspondia a sua idade aparente, algo que tinha sido bem
raro até agora. Depois de ver sua reação sincera, Satoru riu.
[Cavalo Golem]
Suzuki Satoru ordenou que o cavalo conhecido como Golem Horse se movesse para a
frente do vagão, onde o amarrou com cordas.

Em seguida, sentou-se no banco do condutor e ordenou que fosse para frente, e o Golem
Horse obedeceu.
Só então Suzuki Satoru ficou aliviado.

Este alívio foi porque o cavalo conjurado de um item poderia ser usado para puxar um
vagão.

Suzuki Satoru nunca se sentou em um cavalo ou sequer tocou em um deles antes, então
ele não deveria ter sido capaz de fazer um cavalo comum neste mundo o obedecer. Mas,
felizmente, esse problema havia sido resolvido. Suzuki Satoru não pôde deixar de ficar
impressionado com seu raciocínio rápido.

“Pronto, Keno. Vamos para a cidade vizinha primeiro e ver como as coisas estão lá. Então,
resolveremos o mistério do que transformou todos aqui, um dia encontraremos uma ma-
neira de salvar a todos!”

“Sim! Eu estou contando com você, Satoru-san!”


Capítulo 03: Cinco Anos de Preparação
Parte 1

ight Liches eram seres que absorveram uma grande quantidade de mana e,

N
ao fazê-lo, transcenderam o estado de Elder Liches. Tais ocorrências eram
raras, mesmo ao longo da história, algo pelo o qual os vivos eram gratos.
[ L i c h e s da Noite]
Isso porque os Night Liches eram muito poderosos.

Eles eram bem versados em usar magias de níveis incrivelmente altos, além do reino da
humanidade — o chamado 6º nível. Eles estavam no mesmo nível dos Dragões mais ve-
lhos em uma briga. Além disso, eles também possuíam muitas habilidades especiais, hor-
das de seguidores undeads, um grande grau de inteligência, e residiam atrás de inúmeros
bastiões inexpugnáveis.

Eles eram capazes de governar nações, como reis undeads.

Na verdade, apenas três Night Liches eram conhecidos—

O Dragão Night Lich, Guphandera=Argoros.

O Titan Night Lich, Siyern.

O Inominável Night Lich, um senhor das sombras conhecido como Fear.

Seu domínio era do tamanho de um pequeno país, e as nações vizinhas os conheciam


como figuras que incutiam o desespero.

Por essa razão, o nome “Night Lich” só era pronunciado em voz baixa e assustada. Pode-
se dizer que eles eram seres mitológicos comparáveis a desastres naturais.

E agora, diante de um dos aterrorizantes Night Liches que se isolou do mundo e abraçou
a escuridão — Kunivela —, um par de figuras apareceu de repente, como se surgissem
do nada.

Um deles estava em uma túnica. Aliás, os dois usavam túnica, mas suas estaturas eram
muito diferentes, como se fossem um adulto e uma criança.

Mesmo Kuniveala, um undead, ficou brevemente confuso quando este duo misterioso
apareceu de repente sem nenhum aviso prévio.

Sua pesquisa foi frutífera, ele possuía vasto conhecimento mágico e ele era bastante fa-
moso em seu campo de estudo. Ele entendia coisas que muitos no mundo não sabiam —
ele provavelmente era capaz até mesmo de conjurar magias de 9º nível. No entanto, nem
mesmo ele tinha idéia do que havia acontecido.
Kunivela fez seu lar em uma casa de uma cidade destruída, em um porão que ele havia
cavado abaixo.

Ninguém, nem mesmo a organização, deveria saber deste lugar. E ele tinha lacaios unde-
ads espalhados pela cidade. Como eles haviam evitado seus olhos e passado todas as suas
armadilhas mágicas para chegar a este lugar? Afinal, Kunivela também usava magia de
adivinhação para se proteger.

No entanto, Kunivela não sentiu nada antes de aparecerem de repente diante dele.

Porém, sua confusão rapidamente recuou. O sentimento deu lugar a outro, o medo.

Neste mundo, os Night Liches eram alguns dos seres mais poderosos da existência. Por
serem seres superiores, desprezar os outros fazia parte do ego, portanto, seria impossí-
vel que eles tivessem medo dos outros. Isso foi particularmente verdadeiro para aquelas
pessoas que entendiam seu poder esmagador.

Supondo, claro, que isso tivesse acontecido há um ano.

Um único pensamento apareceu na mente de Kunivela.

Que foi—, “Eles estão tentando me matar”.

Ele não tinha intenção de falar com as duas pessoas que apareceram de repente. Kuni-
vela imediatamente conjurou uma magia. Ele não escolheu algo ofensivo ou defensivo,
mas sim 「Teleportation」.

Abandonou a cidade e teletransportou-se para uma base distante que achava segura —
bem, este lugar também deveria ser seguro — sem nem mesmo hesitar.

Lutar não era uma opção. Essa era a única escolha que ele não poderia fazer. Na verdade,
fugir diante disso era a marca de ter um intelecto funcional.

Era verdade que nenhum deles emitia uma aura de poder. Ele não conseguia nem sentir
nenhuma mana deles.

Mas exatamente por isso que eles eram tão assustadores.

Em circunstâncias normais, ele os teria dado boas-vindas com uma magia de ataque
para ensinar-lhes o destino dos tolos que ousavam ficar de pé diante dele.

No entanto, estas duas pessoas romperam a rede de vigilância do Night Lich Kunivela.
Por essa razão, era sensato supor que os dois estavam em um nível além de Kunivela, já
que ele nem os percebeu.
Com certeza os undeads da organização teriam zombado de Kunivela se soubessem que
um Night Lich do nível de Kunivela havia abandonado tudo e imediatamente escolhido
fugir. Entretanto, eles só teriam feito essa reação há um ano.

Neste momento, os membros da organização apoiariam unanimemente a escolha de Ku-


nivela e garantiram a lógica de sua decisão.

♦♦♦

Havia uma organização chamada “Corpus do Abismo”.

Era um grupo composto de magic casters undeads. Originalmente, decidiram fundar a


organização para trabalhar em benefício mútuo e evitar conflitos.

A razão para isso foi porque quando os undeads — como seres com vida útil ilimitada
— estudavam magia juntos, as faíscas do conflito poderiam se inflamar.

Sem os três grandes impulsos, undeads desenvolviam invariavelmente outros desejos


poderosos e, por serem magic caster, geralmente tendiam a ter sede de conhecimento.
Por essa razão, uma vez que um conflito sobre o conhecimento começasse, ele tenderia
a aumentar. Nenhuma das partes iria parar até se tornar uma batalha de extermínio que
terminaria com um lado sendo aniquilado.

Se os três grandes impulsos dos vivos estivessem concentrados em um único ponto, cer-
tamente esse único desejo se tornaria incontrolável. Era muito comum os undead se des-
truírem dessa maneira, a ponto de os vivos poderem destruir ambas as partes que fica-
vam absorvidas na rivalidade.

Por essa razão, surgiram undeads que entenderam que era mais sábio negociar e coo-
perar dentro da razão, ao invés de lutar pela extinção mútua sobre o conhecimento e
itens mágicos. No final, uma lista de nomes foi feita.

Era uma tabuleta de pedra não encantada que estava inscrita com os nomes dos parti-
cipantes por meio de alguma magia desconhecida, que mais tarde seria conhecida como
「Granisle Inscription」.
[Liches Anciões]
Naquela época, continha apenas os nomes de quatro Night Liches e três Elder Liches.
Havia poucas regras e os infratores de regras seriam julgados pelos outros. Esse era o elo
frágil de seu relacionamento.

Mas 200 anos depois, a organização gradualmente firmou seus pilares, se tornando
completa.

Graças a um número crescente de membros undeads, os sete cresceram em 48, tor-


nando-se uma grande organização com 55 membros, os sete originais eram individual-
mente classificados no ranque de dificuldade 150.
No entanto, pouquíssimas pessoas sabiam dessa organização.

Havia dois tipos de undeads que pertenciam a essa organização.

Um que cultivava sua influência entre os vivos e os usava para alcançar seus objetivos.
O outro não tinha nada a ver com os vivos, trabalhando silenciosamente por seus pró-
prios objetivos no mundo.

Poucos eram como o primeiro tipo, então a maioria de seus membros caia na última
categoria. Como resultado, eles não causaram muitas interferências na sociedade dos vi-
vos.

Àqueles que planejavam construir sua influência entre os vivos tinham de lidar com o
efeito colateral do aumento no número de inimigos. Em particular, como os undeads
eram inimigos de tudo o que vivia, havia momentos em que os vivos formavam alianças
internacionais para exterminá-los. Por causa disso, havia ainda menos membros dos pri-
meiros grupos. Naturalmente, havia também aqueles que criaram raízes na escuridão do
mundo dos vivos, mas undeads hábeis eram poucos e distantes entre si.

No final, a “Corpus do Abismo” tornou-se um grupo que existia apenas em rumores. A


razão pela qual eles não tentaram obrigar os três Night Liches antes mencionados a se
juntar a eles foi evitar que eles ganhassem a atenção vinda de seus contos.

Por isso demorou tanto para o problema ser descoberto.

O primeiro a notar o problema foi um dos membros mais antigos do círculo interno. Ele
foi um dos fundadores da organização, Benjeli Ansis, também conhecido como “Abismo”.

Ele era um Night Lich de seis braços e seis cabeças, que estava familiarizado com o uso
de magias arcanas do 6º nível e magias 6º nível de outras tradições, um ser temível que
a humanidade não conseguia superar. Se ele estivesse disposto a emergir no centro das
atenções, os três Night Liches já mencionados teriam se tornado quatro.

Naquele dia, ele estava se dirigindo para reduto de Granz Locke, um membro do círculo
interno e um praticante do 8º nível.

Depois de pagar vários preços, ele pretendia aprender como Granz tinha atingido o 8º
nível. Mas Granz não apareceu naquele dia. Portanto, Benjeli foi para o reduto de Granz.

Não era incomum que os undeads, que não tinham tempo de vida máximo, se perdessem
na pesquisa. Granz devia ter feito isso, pensou Benjeli ao chegar ao seu destino. No en-
tanto, quando Benjeli desmontou de seu Dragão — um Undead Dragon — e o deixou
como guarda-costas, ele ficou paralisado ao notar o estranho clima no ar no reduto de
Granz.
Granz tinha dezenas de Elder Liches como seus guardas e os controlava a mãos de ferro.
Normalmente, um deles apareceria imediatamente para mostrar a Benjeli o caminho as-
sim que ele aparecesse, mas ninguém chegou mesmo depois de esperar por um tempo.

Benjeli convocou seus próprios lacaios e entrou cautelosamente no reduto, onde imedi-
atamente percebeu o que havia acontecido.

Tudo foi levado. Sua pesquisa e sua riqueza desapareceram sem deixar vestígios.

Os undeads eram os inimigos dos vivos, então não era incomum que os undeads fossem
destruídos. Mesmo esses poderosos seres undeads eram ocasionalmente mortos por se-
res vivos ainda mais poderosos. Mas o estranho era que não havia sinais de batalha. Pa-
recia que de repente ele havia saído.

Granz era um Night Lich. Em outras palavras, ele era da mais alta ordem de undeads.
Alguém assim poderia ter sido destruído sem nem mesmo resistir?

Com um desconforto estranho em seu coração, Benjeli verificou o status de todos os


membros da organização.

E então — os pilares de sua organização tremeram.

Dos seus 55 membros, 21 deles estavam completamente incontatáveis. Isso não se limi-
tava apenas aos membros do círculo externo, mas também aos membros fundadores do
círculo interno.

Antes que alguém percebesse, cerca de 40% dos membros do grupo foram destruídos.
Isso gelou as espinhas dos undeads, que não deveriam saber o significado do medo; a
idéia de que seus membros — que poderiam destruir nações — nem sequer deixaram
nenhuma mensagem ou informação para trás, deixou claro que haviam sido obliterados
unilateralmente.

Como indivíduos poderosos, eles poderiam derrubar uma nação por si mesmos. Todos
eram possuidores de tal arrogância, razão pela qual eles raramente trabalhavam unidos
e a “Corpus do Abismo” em si nunca havia trabalhado em união. No entanto, eles não
tinham mais o luxo de fazê-lo.

Todos compartilhavam suas informações, cuidavam uns dos outros e uniam suas forças.
No passado, esta organização teve muitos ausentes em suas reuniões que eram realiza-
das esparsamente com anos entre uma e outra. Mas agora todos se reuniam mensal-
mente.

Mesmo assim, seus números continuaram a diminuir.

Alguns desconhecidos estavam lentamente, gradualmente caçando os membros da or-


ganização.
Esses seres, que tinham mais de um século, conheceram o medo pela primeira vez.

Nesse momento, eles não se importavam mais com ego ou reputação.

Eles começaram a se reunir mensalmente no início, mas à medida que os números caíam,
agora eles se reuniam uma vez a cada dois dias. Ver todos os presentes nessas reuniões
os tranquilizava, mas se alguém estivesse faltando, eles se preocupariam que eles seriam
os próximos, e assim viveriam cada dia com medo. Alguns deles até começaram a convi-
ver juntos.

Apesar de terem tentado ao máximo coletar informações, tudo o que encontraram foi
um mistério.

Eles não sabiam o porquê estavam sendo atacados. Era pelo ódio, vingança ou alguma
outra emoção? Ou foi pelos frutos de suas pesquisas, ou bens materiais como dinheiro e
coisas assim? Mas a questão mais importante nunca saia de suas mentes:

—Quem estava fazendo isso?

Seus objetivos eram irrelevantes agora. A nova conclusão era fazer rendição incondici-
onal seguida por implorarem por suas não-vidas. Embora alguns tenham sugerido lutar
no início, todos agora já haviam perdido a vontade de lutar.

A organização dos Night Liches, conhecida como “Corpus do Abismo”, estava agora nas
garras de um terror desconhecido.

♦♦♦

Foi nestas circunstâncias que Kunivela decidiu lançar 「Teleportation」.

Ele não escolhera se render porque achava que poderia fugir. Em vez disso, era porque
ele precisava organizar seus pensamentos o suficiente para conversar com eles. Além
disso, ele não queria falar com eles sozinho. Seria melhor se retirar primeiro e depois se
render como um grupo, pensou Kunivela.

No entanto, um momento depois que o 「Teleportation」 entrou em vigor, Kunivela


congelou.

Ele ainda estava na frente dessas duas pessoas misteriosas. Seu meio de escape,
「Teleportation」, não entrou em vigor. Talvez alguma magia tenha negado isso.

Kunivela, como um dos undeads, estava testemunhado muitas coisas que nunca tinha
visto antes. O medo aumentou dentro dele mais uma vez, e seus olhos se arregalaram
quando ele estudou o par diante dele.
A figura maior, trajada em um manto, estendeu a mão.

Era uma mão esquelética.

Os nomes de muitos magic caster Skeletons passaram por sua mente, mas eram todos
excêntricos. Nenhum deles poderia ter derrotado Kunivela, um Night Lich. Então, o que
era esse ser — seus pensamentos chegaram a esse ponto e então congelaram.

Sua mente estava sob controle.

Ele não pôde nem resistir.

Kunivela, um Night Lich, tinha sido realmente controlado como um mero Zombie ou
Skeleton. Sua mente e alma já haviam reconhecido o ser diante dele como seu controla-
dor — seu Mestre. O que deveria ter sido um objeto a venerá-lo havia se tornado um
Mestre a quem ele devia sua lealdade.

Ele poderia dizer que isso era uma habilidade para dominar os undeads, uma que ele
possuía também. No entanto, essa habilidade só era eficaz em undeads mais fracos que
ele — o que significava que seu Mestre era significativamente mais poderoso que Kuni-
vela. Uma vez sob seu comando, Kunivela não teria chance de se livrar, desde que a outra
parte não quisesse renunciar ao controle. Tudo o que restava agora era implorar a ele —
seu Mestre — que mostrasse misericórdia.

O proclamado Mestre puxou o capuz que escondia seu rosto.

Revelou um crânio ósseo. Baseado na mão esquelética que ele acabara de estender, não
era uma máscara, mas seu rosto real.

Deve existir algum significado oculto em não matar Kunivela, dado que escolheu con-
trolá-lo. Matá-lo não traria benefício — seria melhor mantê-lo vivo, pensou Kunivela.

“Vamos começar — entregue todas as suas anotações de pesquisa e seu tesouro.”

“Entregue!”

A figura menor ao lado também removeu seu capuz.

Tinha cabelos loiros e olhos vermelhos.

Ela parecia uma criança humana, mas ela estava aparentemente morta. Dada a sua inte-
ligência e aparência, ele concluiu que era uma Vampira que havia sido gerada a partir de
um ser humano. Como ela era uma companheira de seu Mestre, ele não conseguia abrigar
em nenhuma hostilidade diante de sua presença.

“Eu ouço e obedeço, Mestre. Agora eu devo começar com o meu tesouro.”
Kunivela usou uma chave para abrir o tesouro em seu quarto e tirou todos os sacos den-
tro.

Havia 15 deles no total. Cada um deles continha mil moedas de ouro, para um total de
15 mil moedas — pesando 150 quilos no total. Claro, undeads não precisavam direta-
mente de dinheiro, mas havia momentos em que alguns, dos vivos, estariam dispostos a
lidar com eles, normalmente pessoas do lado negro da sociedade. Se completassem os
pedidos a qual foram incumbidos, recompensá-los com ouro seria necessário, por tanto,
o ouro também era um item valioso quando se lidava com eles, então naturalmente eco-
nomizou muito disso.

Além daquelas, também havia uma bolsa com pedras preciosas. A mesa também tinha
pergaminhos mágicos, varinhas encantadas e outros itens mágicos.

“Eu também tenho outras três bases além dessa. A outra metade dos meus ativos está
dividido entre elas.”

Já que ele estava sendo dominado, revelou com sinceridade a localização de todo o seu
tesouro escondido, a fim de maximizar o ganho para seu Mestre.

“Hoho, isso é muito.”

“É muito mesmo!”

“...Invasora Número Dois... não acha que deveria mostrar um pouco de restrição? Você
realmente se deixa levar, não é? Eu tenho pensado isso todo esse tempo... eu tenho que
desabafar hoje. Você não deveria se comportar mais como uma princesa? Você era uma
quando te conheci.”

“—Número Um. Nós viajamos juntos por cinco anos, esqueceu? Depois de passar tanto
tempo, até mesmo os undeads vão mudar de alguma forma.”

“Uhum. Eu tenho minhas dúvidas sobre isso. Logicamente falando, nosso nível mental
não deveria mudar — isso também significa que nunca evoluiríamos mentalmente? En-
tão isso significa que essa é a maneira como sua personalidade sempre foi, Número Dois?”

“Não acho que seja isso... e quando analiso mais a fundo, é tudo culpa sua, Número Um.
Com toda essa magia impossível, itens mágicos que valem um reino inteiro e monstros
conjurados que parecem dar conta de um país inteiro por si mesmos...”

Ignorando a garota tagarelando, seu Mestre abriu um dos sacos e depois retirou várias
moedas de ouro.

“...Então eles estão trocando as moedas por uma mais universal? Isso me ajudará muito.
Afinal, trocar uma grande soma de dinheiro é bastante problemático.”
Calcular a pureza das moedas de ouro de cada país era muito problemático, e assim,
para facilitar os negócios, Kunivela usava apenas essas moedas.

“Então foi por isso que você derreteu e usou as moedas de YGGDRASIL durante todo
esse tempo, Número Um?”

“Você já as viu antes, não viu? É exatamente isso, Número Dois. Bem, vamos para o co-
ração da questão. Minha primeira pergunta é: quais são os movimentos da sua organiza-
ção? Quão cautelosos eles são em relação a mim?”

“Estamos preocupados com sua presença, Mestre. Mas todos estão basicamente prepa-
rados para se render incondicionalmente neste momento. Parece que alguns deles tam-
bém fugiram do grupo.”

“Nomeie-os.”

Kunivela recitou uma lista de ex-membros que fugiram. Havia um total de seis deles.

“O que você acha, Número Dois?”

A menina consultou o pedaço de papel em sua mão e assentiu.

“Parece que dois deles escaparam. O que devemos fazer, Número Um?”

“Caçá-los e matá-los. Se não os arrancarmos pelas raízes, nunca conseguiremos ter uma
boa noite de sono.”

“—Essa é ótima, Número Um! Você ficou melhor em contar piadas! Viu só, undeads tam-
bém podem evoluir! Agora só resta melhorar seu senso para dar nomes às coisas!”

“...Não era piada.”

“Ah, hum...”

Seu Mestre ficou em silêncio. A garota mordeu o lábio e espiou o Mestre.

A indelicadeza com seu recém Mestre era intolerável, mas Kunivela não tinha permissão
para atacar.

E também...

Aqueles dois que escaparam, tiveram sorte ou azar? Dada a conversa, eles não parecem
que vão poupá-los...

“Os nomes que eu escolho realmente são tão ruins?”


“...Sendo sincera, eles são. Ah, mas Zoológico Heteromórfico era muito bom. Esse foi en-
graçado.”

“Engraçado, huh...”

“Ainda assim, Loirinha...? Esse foi terrível!”

A menina colocou as mãos nos quadris e completou:

“Aqueles guardas estavam me olhando estranho por causa disso, foi muito embaraçoso!”

“Mas eles não disseram nada...”

“Isso ocorre porque os nomes têm diferentes significados entre as diferentes raças, e
ser morto por tirar sarro do nome de alguém não é nada novo. As pessoas são mais sen-
síveis a esse problema em cidades com populações mistas. Mas eles não conseguiam es-
conder o que estavam pensando...”

“Mas nós não fomos lá novamente depois disso—”

“—Com licença, Mestre?”

Kunivela perguntou nervosamente. Os olhos dos dois presentes o encaram — Kunivela


só se importava com os olhares de seu Mestre:

“Todos os magic casters undeads que pertencem a “Corpus do Abismo” estão dispostos
a se renderem ao senhor, Mestre. Isso agrada-lhe, Mestre?”

“Oh, sim, vamos resolver uma pequena coisa antes. Embora não seja bom responder a
uma pergunta com outra pergunta, ainda tenho que perguntar: por que preciso aceitar?”

Kunivela engoliu seco diante da atitude “duvidosa” de seu Mestre.

“Mesmo se o seu bando aceitar. Por que eu deveria poupá-lo? É muito mais fácil cortar
as ervas daninhas pelas raízes, evitará problemas futuros.”

“Nós nunca faríamos uma coisa dessas. Nós não poderíamos nem pensar em desafia—”

“—Ah, eu já ouvi o suficiente disso. Então, o que aconteceria se você aprendesse nossa
fraqueza?”

Ele não podia esconder nada das exigências do Mestre.

“Se isso nos beneficiasse a destruir nosso inimigo, aproveitaríamos de tal fraqueza para
alcançar nossos objetivos.”
“Entende agora?”

“Apenas no que diz respeito aos elementos que o Mestre julgar prejudiciais. Mestre, to-
mando-nos como vassalos certamente não será em vão, seremos úteis, por exemplo, po-
demos garantir que podemos superar qualquer outra instituição de pesquisa se traba-
lharmos juntos e, claro, podemos servir como tropas contra seus inimigos. Mestre, vosso
poder é incomparável, mas certamente os números podem servir como vantagem.”

Kunivela lutou desesperadamente para demonstrar seu valor.

“Hm, isso é verdade. Tenho algo que precisa ser pesquisado. Mas de acordo com seus
colegas, que eu eliminei anteriormente, ninguém pode fazer isso. Isso é verdade?”

Todos tinham uma idéia aproximada de quem estava estudando o que dentro de cada
grupo. Eles compartilharam suas informações para evitar disputas sobre recursos de-
vido à duplicação dos esforços de cada um. No entanto, não havia garantia de que cada
indivíduo estava dizendo a verdade sobre o conteúdo de sua pesquisa. O próprio Kuni-
vela estava conduzindo uma pesquisa secreta por conta própria.

Talvez esse material oculto possa ser usado como material de barganha. Se ele dissesse,
“todos têm seus próprios estudos secretos”, então o Mestre precisaria questionar a todos,
o que abria a possibilidade de intensificar seus ataques contra a organização. Talvez os
outros também tivessem pensado nisso, razão pela qual escolheram serem assassinados
sem dizer uma palavra, e por isso seu Mestre não expressara nenhuma dúvida nessa área.

“—Então, e se oferecermos uma quantia fixa ao senhor todos os anos, Mestre? Com
muito dinheiro, poderia contratar mais pessoas para ajudar na pesquisa—”

“Não tenho necessidade de dinheiro.”

“Uhum.”

A garota ao lado dele assentiu.

“Então, então por que o senhor pediu os tesouros, Mestre?”

Isso não era muito estranho? Em resposta à pergunta de Kunivela, o intitulado Mestre
deu de ombros despreocupadamente.

“Eu estava apenas procurando por itens raros que estivesse entre eles. Ah, e eu também
queria saborear o espírito dos aventureiros, ganhar tesouros depois de vencer uma dun-
geon.”

Kunivela não pôde deixar de se perguntar o que ele queria dizer com “espírito dos aven-
tureiros”.
Ele destruiria a todos só por isso?

Certamente ele teria reagido com todas as suas forças se não tivesse sido controlado.
Claro, isso não passava de fantasias sem sentido.

“Eu tenho mais perguntas para você. Já que está sob o meu controle, os outros membros
da sua organização virão para salvá-lo, ou será que esse reduto se autodestruirá depois
de um tempo — isto é, há algum demérito para nós em permanecer aqui?”

Era difícil explicar o que esses deméritos eram.

Se Kunivela desaparecesse, os outros assumiriam que algo havia acontecido com ele.
Mas quem em sã consciência se arriscaria assim? Talvez todos possam vir, mas prova-
velmente não para resgatar Kunivela ou atacar o intitulado Mestre. Era mais provável
que eles oferecessem rendição ou pedissem para negociar.

De qualquer forma, não havia nada que fosse imediatamente desfavorável ao Mestre.
No entanto, não se pode ignorar quaisquer desenvolvimentos desvantajosos que possam
surgir depois disso.

“Não há nenhum. No entanto, isso é apenas para o próximo dia ou assim. Se vários dias
se passarem— quanto mais o tempo passar, maior a probabilidade de alguém pensar que
algo está errado. Além disso, ainda há os asseclas que controlo, Mestre. E eles? Se eles
ainda estiverem por perto, podem até lançar um ataque.”

Kunivela poderia estar “sob controle”, mas isso era apenas ele. Os asseclas undeads que
ele criou era um assunto diferente. Eles provavelmente carregavam ordens para matar
todos os intrusos dado a chegada do Mestre.

Por outro lado, agora que Kunivela era “controlado”, os asseclas undeads que estavam
sob o controle de Kunivela se livrariam dessas amarras. Tais asseclas provavelmente es-
tavam tentando fugir agora e não tentariam iniciar hostilidades.

“Ah, se forem apenas os daqui, então eu posso lidar com todos eles facilmente, mesmo
que eles me ataquem de uma vez. Não há necessidade de se preocupar com isso.”

“Sim, Mestre!”

Kunivela inclinou a cabeça.

Ele já entendia isso, mas ouvir o Mestre falando sobre sua superioridade o deixou sem
palavras.

“Agora, explique suas descobertas para a Número Dois; Seja sucinto sobre isso.”
“Entendido.

A pesquisa dos undeads — mais especificamente, para os membros da “Corpus do


Abismo”, seu objetivo fundamental era alcançar um grande poder mágico. Pessoalmente,
ele não achava que a garota iria entender, mas disse a ela mesmo assim.

Durante esse tempo, o Mestre armazenou todo o tesouro em uma dimensão de bolso
criada magicamente.

“...E é isso.”

“Tudo bem, obrigado pelo seu árduo trabalho. A seguir, para a próxima pergunta: Conte-
me tudo sobre todos os membros da sua organização. Suas habilidades, localizações,
pontos de interesse e assim por diante.”

Então foi isso. Ele havia usado esse poder para dominar os outros, depois fez com que
contassem tudo a ele antes de destruí-los um a um.

No passado, todos haviam agido individualmente, mas agora todos estavam informando
uns aos outros sobre suas condições, era como se todos estivessem conectados por cor-
das invisíveis. Em vez de caçá-los individualmente, tudo que o Mestre tinha que fazer era
puxar a corda e todos ficariam expostos.

Ele não queria falar a princípio, mas Kunivela contou tudo o que sabia. Graças à
「Undead Domination」, ele não conseguia se esconder ou mentir sobre qualquer coisa.

A garota fazia perguntas pontuais de tempos em tempos. Provavelmente, era para ga-
rantir que correspondesse ao que haviam aprendido com os membros já destruídos.

“Obrigado.” Embora o Mestre tenha agradecido Kunivela por ser sucinto, era provável
que no fundo isso não tivesse importância

“Por fim, a última pergunta—”

As palavras “última pergunta” fizeram Kunivela entrar em pânico. Ele ainda não mos-
trara sua utilidade e, se isso acontecesse, o pior o aguardava.

“—Basta, Número Um.”

A garota interrompeu em um tom que sugeria fadiga ou desânimo.

“Isso é o suficiente, Número Um. Afinal, eu fiz muita pesquisa por conta própria, e agora
entendo... você sabe o que eu disse sobre não sonhar mais há dois anos?”
“...É sobre a Donzela Celestial do Sol? Mas isso não é só para você, Número Dois. Eu já te
disse várias vezes, mas isso também é para meu interesse pessoal. Não é para você, mas
para mim.”

A expressão no rosto da garota era estranha; parecia solitária e feliz ao mesmo tempo.
Kunivela não conseguia entender.

“Eu pergunto então. Você sabe alguma coisa sobre como o país de Inveria foi destruído
e como toda a população foi transformada em Zombies?”

Ele procurou em sua memória depois de ouvir a palavra “Inveria”, mas tudo o que ele
sabia sobre isso era que era um país distante.

“Não, eu não sei nada.”

“Mesmo... Então, você sabe de alguma maneira reverter uma pessoa que foi transfor-
mada em Zombie de volta ao normal — isto é, de volta a um ser vivo? Não importa que
seja improvável.”

Ele sentia que este era um bom momento para demonstrar seu valor, mas Kunivela não
sabia nada sobre o assunto. Se ele não tivesse sido dominado, ele provavelmente teria
tentado fazer algo para salvar sua vida, ou mentiria que ele estava prestes a começar a
pesquisar sobre esse assunto.
[S ob er ano s Dr agõ es]
“Não, eu não sei. Mas eles dizem que seres lendários como os Dragonlords podem saber
algo sobre isso.”

“Esse tópico aparece frequentemente. Uma criatura imensa que flutua no céu, dizem ser
[S ob er ano Dr agão B r i l h a n t e ]
o Brightness Dragonlord.”

“Além disso, existem—”

Ele listou os nomes de todos os Dragonlords que conhecia. Mas acrescentou que não
tinha certeza de onde eles estavam ou se eles realmente existiam.

Kunivela sentiu que esta era a sua chance e tentou desesperadamente se vender.

“Se o senhor me der tempo, eu não tardarei de encontrar os locais desses Dragonlords,
Mestre.”

“Uma boa sugestão, mas ainda assim eu vou te destruir.”

Ele recebeu uma resposta imediatamente.

“Mas, mas por quê? Não sou útil para o senhor, Mestre?”
“Porque permitir que os outros saibam sobre nós traria muitas desvantagens. Por você
não saber previamente sobre nós que não conseguiu encontrar um meio de lidar com
isso tudo.”

“Mas seria impossível traí-lo se o senhor usar sua capacidade e dominar a todos, Mestre.”

“De fato, sim. Mas, como você sabe, há um limite para a dominação usando meios mági-
cos, tanto em limites superiores quanto em números totais. Há muitos inconvenientes
para eu me dar ao luxo de dominar você. Já que não há maneira de garantir com cem por
cento de certeza que nunca me trairá.”

“Nós nunca trairíamos—”

“Eu já não expliquei isso antes?”

Kunivela engoliu suas palavras.

Não havia nada que ele pudesse mostrar ao undead diante dele que pudesse mudar sua
opinião.

“Então, hora de acabar com isso.”

Parte 2

Suzuki Satoru e o Keno dirigiram ao seu vagão coberto.

Este não era o vagão coberto que eles haviam “comprado” do Reino de Inveria, lar de
Keno, mas algo que haviam comprado há um ano. Aliás, esta já era a quarta dessas car-
ruagens tipo vagão; a primeira foi destruída, a segunda foi queimada em um ataque e a
terceira foi abandonada.

Os dois ocuparam o banco da frente do condutor — Suzuki Satoru com as rédeas na mão,
e Keno ao lado dele com um tomo mágico no colo — enquanto avançavam pelas planícies
tranquilas. Eles conversavam sobre nada em particular, como de costume.

O cabelo de Keno, que descia até seu pescoço delicado como porcelana, balançava ao
vento.

Ela pedia a Suzuki Satoru para cortá-lo, mas ele sentiu que seria melhor ela usar um
capuz. Se o cheiro de sujeira e poeira no ar iria infundir-se em seu cabelo estava incerto.

No entanto, ele não diria isso em voz alta.

Keno estava em uma idade complicada agora.


Se Suzuki Satoru tivesse “forçado” a vestir o capuz, ela faria “Hmph~” e inflaria as bo-
chechas. O humor de Keno melhorava quando ele não a tratava como uma criança, então
Satoru tentou evitar tais ocasiões.

Ela esteve sozinha por 40 anos, e os dois estavam juntos há mais de cinco. Sua mentali-
dade deveria ter amadurecido mais rapidamente durante a última parte do passar dos
anos. No entanto, agora ela não parecia franzir as sobrancelhas por algo assim.

Ele puxou as rédeas, que chicotearam contra a garupa do cavalo.

Não havia significado para essa ação. O cavalo que puxava a carroça era o mesmo Golem
Horse que puxara a carroça naquela época. Mas tudo fazia parte da atuação. Os dois fize-
ram muita atuação durante a jornada.

Era verdade que ambos eram undeads e ainda tinham um Golem Horse. Nenhum deles
precisava dormir e podiam ver no escuro. No entanto, eles ainda montaram tendas à
noite para evitar suspeitas. Claro, eles não precisavam dormir, então os dois costumavam
conversar em suas tendas até o amanhecer.

Embora a idade real de Keno tenha excedido a de Suzuki Satoru, ela não teve muita ex-
periência de vida, dado que nunca saiu da cidade. Afinal, ela era uma herdeira de dez
anos que nunca havia deixado sua cidade natal. Isso significava que ela ficava sem as-
sunto rapidamente e só podia recorrer ao conhecimento que tinha aprendido.

Por outro lado, as histórias de Suzuki Satoru foram muito bem recebidas por Keno. Não
suas histórias do mundo real onde Suzuki Satoru viveu — um mundo envolto pela polu-
ição e densas nuvens — mas contos de YGGDRASIL.

Para uma garota que vivia em um mundo de espadas e feitiçaria, as aventuras de Suzuki
Satoru em YGGDRASIL foram o que fez seus olhos brilharem de excitação.

No início, havia algumas coisas que fizeram Keno franzir a testa. Eles pareciam muito
exagerados e ridículos para ela. Mas Suzuki Satoru tinha provas. Embora não fosse uma
coletânea completa, os álbuns de fotos de Suzuki Satoru continham fotos das coisas de
que ele falava.

Keno, que não sabia o que eram fotos, parecia considerá-las retratos requintados. Mas
depois de ver uma foto — de Satoru e ela mesma — ela aceitou que eram representações
fiéis da paisagem.

Depois disso as coisas ficaram mais simples.

Pois provaram que as aventuras que encheram Keno de pavor eram eventos que Suzuki
Satoru havia experimentado. Em outras palavras, as aventuras do grande magic caster
Suzuki Satoru eram verdadeiras.
A admiração nos olhos de Keno logo se transformou em um respeito radiante, algo que
Suzuki Satoru percebeu. Isso melhorou muito seu humor e ele começou a falar efusiva-
mente. Em pouco tempo, Keno conhecia as aventuras da Ainz Ooal Gown como as palmas
da mão.

Foi assim que eles passaram seus cinco anos.

E hoje, a mesma história terminou quando o vagão balançou.

“E então todo mundo da Ainz Ooal Gown deu origem a outra lenda. Você é incrível,
Satoru.”

“Fufu, não é nada de mais, Keno. Com membros assim, realizar isso era uma brincadeira
de criança. Aqui está uma foto da época.”

Suzuki Satoru soltou as rédeas e deu ordens verbais ao Golem Horse.

Ele usou suas mãos vazias para tirar o seu álbum de fotos e folheou, murmurando “onde
está...” enquanto o fazia. Ele encontrou uma foto deles depois que derrotaram o chefão
[Soberano Gigante do Fogo S u r t ]
F i r e Giantlord Surt e mostrou para ela.

“Uau!” Keno exclamou de deleite.

“Você é incrível... Eu não posso acreditar que conseguiu derrotar um gigante tão pode-
roso... Mm, não. Foi possível por causa de todos da Ainz Ooal Gown. Afinal, quem mais
poderia derrotar um Giantlord com um cajado tão poderoso que ainda era flamejante?”

“Sim... isso pode ser verdade.”

Depois de pegar a foto de volta e guardar, ele se lembrou das muitas vezes em que der-
rotaram Surt.

Não tinha sido terrivelmente difícil porque suas resistências elementares eram demasi-
adamente centradas, mas Suzuki Satoru não queria dizer isso e destruir os sonhos da
menina, decepcionando-a. Portanto, Suzuki Satoru simplesmente sorriu.

“Foi como eu disse! Você e seus amigos foram incríveis, Satoru!”

Seus ânimos se elevaram, Suzuki Satoru acompanhou a excitação de Keno.

“Foram mesmo! Eu penso assim também! A maneira como todos conseguiram evitar a
morte e aguentar as coisas depois que ele jogou fora a espada e tirou Lævateinn foi muito
bem feito.”

“Sim! Todo mundo foi incrível! Eles venceram por sua causa, Satoru!”
“Você acha? Hahaha!”

Suzuki Satoru riu, ele estava de muito bom humor.

“Você e seus amigos realmente repetiram todas essas incríveis aventuras, Satoru?”

“Realmente fizemos. Assim como nós estamos indo em uma grande aventura também,
não?”

Keno sorriu amargamente.

“Mesmo? Mas não parece uma aventura extravagante nem nada assim.”

“Tudo isso depende de como você vê isso, não acha? Já faz cinco anos desde que parti-
mos do seu país. Fomos a muitos países e vimos muitos mistérios, não acha? Lutar não é
tudo, você sabe disso.”

Apreciando o desconhecido.

Sair em uma jornada e usar seus próprios olhos para ver o mundo — não era essa a
verdadeira aventura que YGGDRASIL incentivava? Agora, ele poderia entender como os
membros da World Searchers se sentiam.

Claro, não havia nada errado em lutar ao lado de seus amigos e jogar o jogo. Mas Suzuki
Satoru estava confiante em dizer que sua jornada com Keno foi a decisão certa a tomar.

“Eu— eu suponho que sim. Aquela Planície Sete-Ardentes e o Lago Cristalino foram am-
bos incríveis.”

“Pessoalmente, eu achei que a Planície Sete-Ardentes era meio grosseira, mas o Lago
Cristalino era muito bonito. Parecia uma lâmina de vidro de tão límpido.”

“Sim. É incrível!”

Os dois continuaram relembrando aquela bela visão enquanto continuavam em frente.

“Seria bom se pudesse vê-los novamente.”

“Podemos voltar quando tivermos sem nada para fazer. Afinal, nossa expectativa de vida
é ilimitada.”

“Isso é verdade”, respondeu Keno.

“E também... você se tornou mais forte que antes, Keno. Quer tentar enfrentar um ini-
migo poderoso?”
Viagens e batalhas estavam inextricavelmente ligadas. Não era uma questão de segu-
rança; quando partiam para regiões menos povoadas, apareceriam monstros que consi-
deravam uma presa, e havia a chance de encontrar inimigos fortes ao visitar pontos tu-
rísticos. Dito isto, Suzuki Satoru só encontrou um adversário que ele considerou forte.
No entanto, havia inúmeros inimigos que teriam matado Keno instantaneamente se ela
estivesse sozinha.

Suzuki Satoru estava encarregado da violência, enquanto Keno lidaria com o trabalho
intelectual, mas ainda era importante para Keno ser forte o suficiente para aguentar ser
atingida por um ser poderoso.

“Apenas, apenas conte comigo... ah! Eu sei que você está pensando em mim, Satoru, e
isso me deixa feliz! E também me emprestou vários itens incríveis! Mas como chama isso?
Ah, grinding, isso parece não funcionar, não é? Quer dizer, eu realmente não gosto de
pegar um bastão e bater repetidamente em um Dragão morrendo com todos os seus
membros decepados... Eu não estou falando sobre o seu plano, mas sim em como você
continua ignorando quando imploram por misericórdia, er, sim, isso meio que parte o
coração — não, não é isso. É claro que eu sei que também não gosta desse tipo de coisa,
e só está fazendo isso por minha causa. E eu não quero deixar sujas as roupas bonitas
que me emprestou. Eu só estou pensando que talvez possa haver outro jeito da próxima
vez.”

Keno conseguiu espremer todas aquelas palavras com uma rapidez desnecessária.

Parece que ela não gostou do incidente em que usou um Dragão como treinamento. Bem,
ter uma garota fazendo esse tipo de coisa era um pouco desumano, Suzuki Satoru se ar-
rependeu. Talvez eu deva encontrar um adversário que ela não se importe da próxima vez.
Ladrões e outros que eram indignos de misericórdia provavelmente deveriam ser deixa-
dos para uma data posterior porque poderiam falar. Talvez alguma criatura que não pu-
desse falar, ou mesmo um objeto pudesse ser melhor. Suzuki Satoru então começou a
considerar vários monstros. Pessoalmente falando, insetos gigantes e similares pareciam
bons candidatos.

“Eu sei o que sente, Keno. Da próxima vez, planejarei melhor quando formos fazer grin-
ding.”

Ele sorriu e deu um sinal de positivo. Keno respondeu com uma expressão que era difícil
descrever em palavras. Era um olhar precioso que ele só podia ver uma vez por ano. Não;
quando eles partiram, ele sentiu como se tivesse visto esse sorriso mais vezes, mas não
estava tão certo sobre os eventos de cinco anos atrás.

“Uhum. Ainda assim, não sei seu valor de carma. No entanto, como o meu é negativo,
espero que o seu seja positivo para compensar. Sendo esse o caso, seria melhor abater
os adversários com valores negativos de carma.”
“Ah, eh? Não, isso, er... Satoru, vamos falar sobre isso mais tarde. Olha, já dá para ver a
cidade. Realmente se destaca.”

“Ahhh, se destaca mesmo.”

Suzuki Satoru podia ver uma cidade à frente. Ele tinha ouvido através de rumores, mas
era uma grande cidade murada. “Grande” neste caso não se referia a sua escala, mas em
um sentido literal; os edifícios e as muralhas da cidade eram muito grandes. De particular
interesse eram as rochas maciças dos dois lados dos portões. Tinham cerca de 150 me-
tros de altura ou mais. As pedras que foram colocadas em ambos os lados se tornaram
parte da muralha da cidade.

As muralhas da cidade não haviam sido erigidas porque estavam localizadas ao lado
daquelas rochas. Em vez disso, uma raça de Gigantes que moravam nas proximidades as
trouxe de suas casas como sinal de amizade. Depois disso, graças às relações amigáveis
com esses Gigantes, todas as partes da cidade — prédios, disposição urbana e assim por
diante — foram dimensionadas para que os Gigantes não precisassem passar por des-
conforto, ou pelo menos foi isso que Suzuki Satoru ouviu.

Quantos Gigantes foram necessários para transportá-las, e como fizeram isso?

Enquanto Suzuki Satoru considerava o assunto com crescente interesse, ele indicou a
Keno agora encapuzada que ela deveria trocar seu anel.

Por ser uma Vampira, Keno sofria uma penalidade em todas as ações sob a luz do sol.
No entanto, ela conseguiu negar isso usando um anel anti-luz do sol. A indicação foi para
que ela mudasse para outra coisa. Mesmo vestindo um capuz não negaria a pena e ela
ainda se sentiria cansada, mas as coisas seriam problemáticas se ela não pudesse supor-
tar apenas um pouquinho.

Ele emprestou quatro anéis para Keno: um para reduzir a penalidade pela luz do sol, um
para dar proteção contra controle mental e banimento de undeads, então nem Suzuki
Satoru poderia dominá-la, um anel contra magia de adivinhação e um anel de imunidade
a amarrações físicas e outros impedimentos de movimento. Ele daria a ela outros depen-
dendo das circunstâncias.

Desta vez, ela deveria colocar o anel de proteção contra controle mental e banimento de
undeads, e o contra magia de adivinhação, ambos os quais eram muito importantes ao
entrar nas cidades.

Em contraste, Suzuki Satoru não fez nenhuma tentativa de esconder seu rosto ósseo.
Afinal, pode-se dizer que durante seus cinco anos de viagem ele estava treinando para
entrar em cidades com o rosto exposto. Além disso, ele tinha sido informado de que seria
melhor mostrar sua verdadeira face ao tentar entrar nas cidades. Se ele fosse sincero e
não tentasse se esconder, o blefe seria mais fácil.
Ele havia tentado usar ilusões para se camuflar antes, mas depois de um acidente infeliz,
não mais confiava nelas.

“Falando nisso, Satoru.”

“Hm?”

“Por que estamos voltando nessa direção?”

A terra natal de Keno ficava um pouco além desse lugar. Satoru não a trouxe aqui nos
últimos cinco anos.

“Hm? Nós fomos em várias partes do mundo, mas não viemos aqui, não? Não acha que
seria bom escalar aquelas montanhas que mal conseguimos distinguir à distância?”

“Entendo.”

Parece que Keno não acreditava muito nessa explicação, dado o tom de sua voz. Suzuki
Satoru poderia dizer isso por terem passado cinco anos viajando juntos. No entanto, ele
não tinha intenção de contar a Keno a razão para vir a esta cidade.

O Golem Horse puxou o vagão e os levou até o portão principal sem diminuir a veloci-
dade. Talvez tenham chegado em uma hora boa, exceto Suzuki Satoru e companhia, não
havia ninguém mais lá.

Os guardas do portão que estavam reunidos sentiram um perigo no ar. Todos tinham
suas lanças a postos. Ele olhou para as muralhas e viu os arqueiros lá reunidos. Escusado
dizer que todos estavam desconfiados de Suzuki Satoru.

“Fiquem onde estão!”

Uma voz severa os chamou. Parecia pertencer a algum tipo de capitão da guarda. Suzuki
Satoru, indiferente, ignorou-o e respondeu num tom alegre e radiante.

“Yo, o tempo está bom hoje!”

A confusão espalhou-se imediatamente pelos guardas, mas eles logo retomaram seu
comportamento severo.

“O que você está fazendo aqui, undead!?”

“Undead? Onde?”

Suzuki Satoru olhou em volta, como se de propósito.

“Que bobagem você está—”


“—Poderia ser que tenha me confundido com um dos undeads!?”

Ele interrompeu os gritos dos soldados e gritou de volta para eles.


[Ossovelho]
“Eu não sou undead! Eu sou Satoru, um Oldbone!”

“Old... bone?”

Os soldados se entreolharam e depois sacudiram a cabeça. Ele podia ouvi-los pergun-


tando um ao outro, “Você já ouviu falar deles antes?”, “Até parece, é a primeira vez que
ouço falar disso.”

“Você não acha que é muito rude confundir um dos gloriosos Oldbones com uma cria-
tura undead? Está insultando nossa nação!”

Os guardas do portão se entreolharam novamente. O Capitão — será seu nome por en-
quanto — respondeu em um tom muito confuso. No entanto, ele não mostrou nenhum
sinal de abaixar sua arma. Afinal, isso era de se esperar.

“Você quer dizer que, você não é um undead?”

“Eu te disse, não é? Eu sou Satoru, dos gloriosos Oldbones!”

“Não, ah, minhas desculpas. Perdoe minha ignorância, mas nunca ouvi falar do nome
Oldbone antes.”

“O quê!? Você nem conhece os grandes e poderosos Oldbones? Que tipo de cidade cai-
pira é essa...”

Os orgulhosos guardas do portão naturalmente se ofenderam já que foram considera-


dos como caipiras. Mesmo ficando infelizes com isso, parece que pelo menos tinham ali-
viado um pouco a cautela de suas ações.

Havia muitas raças neste mundo. Humanoides à parte, havia também muitos demi-hu-
manos e heteromorfos com aparências bizarras. Discriminar os membros dessas raças
pode incorrer na ira de suas nações. Se isso levar a uma guerra, pode resultar na extinção
de uma das partes. De fato, vários países haviam sido destruídos dessa maneira.

Por essa razão, os guardas do portão foram solicitados a responder adequadamente à


situação. Quanto mais espécies uma nação fazia contato, mais intensamente os guardas
da nação seriam treinados.

Em outras palavras, eles não agiriam precipitadamente se achassem que ele não era
undead, mas parte da raça Oldbone.
O próximo passo era tirar vantagem da confusão e assumir o controle da situação, isso
seria fundamental.

“Parece que eu preciso deixar esses caipiras de meia tigela saberem da grandeza de nós,
Oldbones. Como eu disse antes, sou Satoru, vim de Greatokyo, a grande capital dos Old-
bones. Eu vim aqui... para encontrar algo de valor, embora eu duvide muito que tenham
algo de bom aqui.”

“...Você é um comerciante?”

“De fato, eu sou. Dito isso, não comprarei nada se nada me chamar a atenção.”

“Precisamos verificar sua bagagem primeiro, mas antes disso, precisamos também, uh...
como direi... ah ... verificar você. Entende, não é? Se entende, então... por favor, espere ali.
Eu vou chamar o sacerdote.”

O tom rígido do Capitão esvaneceu gradualmente em relação a Suzuki Satoru.

“Compreendo. Eu estava imaginando exatamente que tipo de primitivos vocês são para
confundir os Oldbones com mero undeads, nós somos muito magnânimos.”

“E aquela garota ali é?”

“Ela é minha companheira e também uma Oldbone.”

“Hah?”

O capitão olhou para Keno em choque e começou a compará-la a Satoru. Ele podia ser
ouvido murmurando perguntas como “Ele diz que ela é uma Oldbone?” “Eles são comple-
tamente diferentes...”.

“Muito parecido, não?”

“...Ah, uhum.”

O Capitão estava olhando para baixo, parecia sentir constrangido.

Logo, Suzuki Satoru pôde ver um soldado trazendo um sacerdote. Ele era um homem
gordo o bastante para dar a impressão que o mero ato de correr o deixaria sem fôlego.

Depois que ele chegou, o sacerdote enxugou o suor com um lenço e ofegou pesadamente,
como se estivesse lutando para respirar.

O Capitão disse: “Com licença” e foi até o sacerdote.

“Sacerdote-dono, obrigado por se dar ao trabalho de vir até aqui.”


“O que está dizendo, Capitão-dono? Este é o nosso dever. Mas da próxima vez, espero
que o senhor não me apresse tanto. Não quero ser arrastado diante do trono dos deuses
antes de chegar aqui.”

As respirações do sacerdote eram como soluços enquanto respondia.

Os dois fizeram o melhor para se acalmar e estavam a alguma distância, mas Suzuki
Satoru ainda podia ouvi-los.

“Ainda assim, não há cavalos no templo?”

“Como assim Capitão-dono? Não sente pena do lombo do cavalo que eu possa montar?”

“Sacerdote-dono... pode ser melhor se o senhor aprender a cavalgar.”

“Vai machucar minha bunda e coxas, é melhor não, se o senhor não se importar...”

Disse o sacerdote, ignorando a resposta do Capitão de “Mas o senhor sabe a magia de


cura...” e olhou para Suzuki Satoru:

“Muito bem, farei o que fui chamado aqui para fazer. 「Turn Unde—”

“Não, essas pessoas dizem ser Oldbones. Eles não parecem ser undeads.”

“Hah? Oldbones? ...Mas eles parecem undeads para mim.”

“Parecem? No entanto, as coisas vão ficar muito problemáticas se eles realmente não
forem...”

“Hm— tudo bem. Seria ruim afugentar as pessoas que possam doar para o nosso templo,
e quem sabe como os superiores vão me censurar. Posso até acabar meus dias como um
sacerdote de vilarejo, então— Ghrum!”

“Não, não é esse o problema, Sacerdote-dono.”

“Não, esse é o problema, Capitão-dono. Este lugar está no domínio do Marquês. Mesmo
se ele nos dando algum grau de autonomia, ainda sofreremos se agirmos por conta pró-
pria sem considerar os interesses da nação. Além disso, o incidente pode inflamar ainda
mais se ofendermos alguém que seja membro de alto escalão de outra raça. Capitão-dono,
eu confio que o senhor não deseja que seu nome fique marcado na história como o tolo
que começou uma guerra que levou à destruição da nação, não é? Muito menos eu quero
isso. Além disso, se tal coisa acontecer, também causaria todo tipo de problema para to-
dos os outros!”
“...Então o senhor entende. Sendo assim, posso incomodá-lo para verificar se eles são
realmente undeads?”

“É muito problemático, deixe-os entrar e ignore isso tudo, por que não faz isso? Faça
com que algum soldado fique de olho neles enquanto finge ser uma escolta ou algo assim.”

Os dois trocaram olhares e, no final, o Sacerdote deu de ombros em sinal de derrota.

“Tudo bem, tudo bem, eu entendi.”

Enquanto o sacerdote resmungava sobre ter que conjurar uma magia de graça, ele ca-
minhou até Suzuki Satoru e depois o cumprimentou com um sorriso alegre.

“Saudações, honorável convidado dos Oldbones. Eu sou servo do templo nesta cidade.
Embora eu acredite em suas palavras, preciso examinar usando minha magia para dissi-
par as dúvidas dos outros. Eu rezo para que o senhor não resista a isso.”

O fato do Sacerdote nem sequer ter declarado seu nome mostrou exatamente o quão
desesperado ele estava para evitar problemas. Pode-se dizer que foi exatamente como
Suzuki Satoru havia planejado.

“Compreendo. Por favor, prossiga Sacerdote-dono.”

“「Detect Undead」 — Compreendo. É como ele disse, Capitão-dono, nosso honorável


visitante não é um undead, não houve reação a ele. Também— yeeart!”

O Sacerdote levantou a mão. Suzuki sentiu uma força estranha empurrando-o. Prova-
velmente era algum tipo de habilidade destruidora de undeads. No entanto, foi comple-
tamente ineficaz em Suzuki Satoru e Keno. Embora a diferença em seus níveis fosse parte
disso, a principal razão foi graças aos seus itens mágicos.

“Como eu pensava, não houve reação. Este homem não é uma criatura undead.”

“Mesmo?”

“É como eu disse. Eu sou Satoru dos Oldbones. Tratar-me como undead é bastante irri-
tante.”

Ele viu os guardas ao redor dele abaixarem as lanças. Ainda o cercavam, mas não havia
mais tensão no ar.

“Isso não significa que eu cumpri meu dever? Ahh, onde alguém acharia um undead tão
calmo e amigável? Eu já estava pensando que ele não poderia ser um undead antes de vir
aqui—”

Disse o sacerdote enquanto olhava para todos os guardas e completou:


“E mesmo assim ainda me chamou aqui. A única coisa que eu consigo pensar, é que re-
almente deve me odiar muito!”

O Sacerdote terminou em tom de brincadeira. O Capitão olhou para os seus homens e


respondeu de uma maneira igualmente alegre.

“Fizeram muito bem de trazer o Sacerdote-dono aqui! Eu sempre achei que um exerci-
ciozinho não o fará mal algum. Aproveitaremos cada momento desses para fazê-lo correr
assim no futuro!”

O Capitão e o Sacerdote deram boas risadas. Era o tipo de risada que soava como se
estivessem rangendo os dentes, como se estivessem realmente pensando em outra coisa.

Os dois pararam, como se ambos tivessem cansados de rir. O Sacerdote virou as costas
para Suzuki Satoru e se dirigiu para a cidade, já o Capitão veio diante de Suzuki Satoru
mais uma vez.

“Perdoe-me, Satoru-dono, comerciante dos Oldbones. A seguir — por favor, nos permita
inspecionar sua bagagem.”

“Faça as honras. No entanto, estão praticamente vazias, já que vim fazer compras.”

Suzuki Satoru e Keno desmontaram e, por sua vez, um grupo de pessoas ligeiramente
diferentes do guardas, pareciam pessoas entendidas do campo dos negócios, entraram
no vagão. Eles eram assessores, encarregados de despachar bagagens e cobrar pedágios.

Em torno de 90% do conteúdo do vagão era de grãos — embora representasse 90%, era
apenas um décimo do que o vagão poderia carregar. Mesmo se considerassem o volume,
o imposto pago para essa quantidade de grãos seria muito baixo.

Suzuki Satoru e Keno passaram por uma breve vistoria corporal, para garantir que não
estivessem carregando contrabando. Só então, os funcionários que estavam vistoriando
o vagão voltaram. Em cima deles estava segurando um pequeno baú.

“Poderia abrir a fechadura neste baú de joias?”

“Certamente.”

Suzuki Satoru abriu e o reluzir de ouro se espalhou. O baú continha 500 moedas de ouro.
Também havia uma algibeira de couro dentro com muitas pedras preciosas. Esta era uma
grande soma de dinheiro, mas uma quantia normal para algo na posse de um comerci-
ante de terras distantes.

O empregado enrolou a manga e esticou o braço para verificar o interior do porta-malas.


“—Não há nada dentro. E não há compartimentos escondidos no vagão. A única coisa é
que o cavalo não é uma criatura viva.”

“É um Golem Horse.”

“...Os Oldbones podem realmente controlar coisas assim?”

“Claro. Golem Horses não precisam comer, beber ou excretar. Eles não se acovardam
diante de monstros assustadores. Isso não os torna cavalos perfeitos para o trans-
porte? ...O fato de não ter um desses é um sinal de involução.”

Suzuki Satoru continuou fazendo pouco caso deles, como se quisesse que as pessoas lhe
dissessem “parem de questionar coisas supérfluas”. Isso também fazia parte da atuação,
em seu coração ele pedia desculpas por agir assim.

Depois que os funcionários ouviram isso, eles se reuniram para uma discussão. Eles pro-
vavelmente estavam falando sobre o quanto taxar um Golem Horse, pois não havia pre-
cedentes. Depois de uma breve conversa, eles decidiram taxá-lo da mesma forma que
qualquer outro cavalo e depois discutir o resto com o Marquês.

Depois de pagar o pedágio para Suzuki Satoru, Keno, cavalo e dos grãos, eles receberam
uma permissão para entrar na cidade.

O capitão dirigiu-se a Suzuki Satoru quando ele pegou as rédeas e se preparou para chi-
cotear o cavalo.

“Er, sim. Eu tenho que dizer isso. Comerciante dos Oldbones... como direi. Seria melhor
não revelar seu rosto nesta cidade.”

“E por que isso... Ah, é porque acha que as pessoas vão me confundir com os undeads?
Que eles vão me confundir com—”

“Ahhh, eu entendo, eu entendo.”

O Capitão acenou para Suzuki Satoru enquanto este levantava a voz, de uma maneira
extremamente aborrecida.

“...Um caso de identidade equivocada seria muito ruim. Dito isso... embora seja muito
natural odiarmos os undeads, parece que sua reação é um pouco excessiva. Aconteceu
alguma coisa?”

“Ahhh, de fato aconteceu. Bem, isso foi há mais de vinte anos. Uma grande quantidade
de undeads uma vez invadiu esta nação, o incidente ficou conhecido como Desastre
Undead. Esse incidente causou muitos danos, embora essa cidade não tenha sido afetada
diretamente, ainda temos pessoas que perderam a família e os amigos aqui. —O senhor
entende?”
“Desastre Undead, é isso?”

Parecia estar relacionado ao incidente no país de Keno que transformou seu povo em
Zombies.

Esse incidente não havia ocorrido apenas no país de Keno. A conversão em Zombies
afetou tudo em 250 quilômetros. A conclusão de que Suzuki Satoru havia chegado du-
rante anos de investigação foi que isso levou à queda de quatro nações.
Obs.: Não sei se é raio ou diâmetro...

No entanto, este país estava longe de lá e havia outro país entre eles. Além disso, os
Zombies daquela cidade estavam simplesmente vagando ao léu. Por que eles invadiriam
este país?

Talvez fosse cedo demais para tirar conclusões precipitadas.

“E isso não é tudo. Se o senhor seguir para o noroeste daqui, rumo ao próximo país,
poderá ver o mesmo ou até mais undeads. Parece que havia muitos deles.”

Foi na direção oposta de onde Suzuki Satoru e Keno vieram, na direção do país de Keno.

“Hm—”

Suzuki Satoru ponderou e fez uma pergunta indireta:

“Eu sinto que deve haver algum motivo para todos esses undeads aparecerem. Houve
algum tipo de grande guerra? É comum que cadáveres deixados no campo de batalha
deem origem a eles.”

O Capitão sacudiu a cabeça.

“Não tenho certeza sobre isso. Tudo o que sei é que eles apareceram de repente. Há
rumores dizendo que isso foi causado por alguma magia fora de controle... embora sejam
apenas rumores. Ouvi dizer que os países vizinhos implantaram suas tropas ao longo da
fronteira para defender-se de ataques de undeads.”

Suzuki Satoru não deu muita consideração. A liderança deste país ainda era toleravel-
mente inteligente, considerando que não tinham aproveitado esta oportunidade para in-
vadir seus vizinhos que estavam detendo as hordas de undeads. Não, os undeads eram
seus inimigos comuns, então era provável que eles tivessem enviado suas próprias forças
para apoiá-los.

“Enfim, é por isso que somos tão cautelosos com os undeads. Então, espero que o senhor
não faça nada que gere atritos desnecessários.”
“Muito bem... ah, não dá para evitar.”

Suzuki Satoru tossiu levemente:

“Eu entendo o que quer dizer. Então, usarei uma máscara... mas você poderia me fazer
um favor?”

“O que seria?”

“Se há uma estalagem de classe que você recomendaria, eu poderia incomodá-lo em en-
viar um homem para me ajudar a fazer uma incumbência? Diga-lhes que um comerciante
dos Oldbones virá para se alojar com eles. Isso economizará muitos problemas. Afinal, a
maioria das estalagens não aceita hóspedes suspeitos com máscaras.”

O rosto do capitão torceu brevemente. Ele provavelmente não queria que os guardas do
portão servissem como contínuos para um mero comerciante.

“Se me ajudar, vai melhorar a opinião de nós, Oldbones, sobre esta cidade.”

“...Ah, muito bem então. Creio que não é algo evitável. Farei isso como um pedido de
desculpas por confundir o senhor com um dos undeads. —Hey!”

Ele gritou para um guarda próximo:

“Você, vá até a Pousada Dossel da Folha.”

Ao receber suas ordens, o soldado saiu correndo.

Depois de ouvir o Capitão lhe dizer como ir até a estalagem, ou melhor, pousada, Suzuki
Satoru pegou uma algibeira de couro e entregou uma moeda de ouro ao Capitão.

“Estou muito agradecido. Compre algumas bebidas para seus homens.”

“Entendo. Agora tenho mais certeza ainda disso, os Oldbones são realmente diferentes
dos undeads. Tome cuidado, jove— quero dizer, Madame.

“Obrigada.”

Keno — que ficou em silêncio durante todo esse tempo — acenou para ele e o vagão
passou pelos portões da cidade.

Parte 3

A pousada era enorme.


Isto não se referia somente a quão espaçosa era, mas ao tamanho total de todo o edifício;
cada porta tinha pelo menos quatro metros de altura. No entanto, ainda não seria capaz
de acomodar todas as raças gigantoides, e assim, para ser franco, suas tentativas de agra-
dar a todos acabou não favorecendo ninguém.

Suzuki Satoru abriu as pesadas portas.

Ao contrário do que a aparência indicava, as portas se abriram com facilidade. Ele não
usara muita força — até uma criança deveria ter sido capaz de empurrá-las.

Este provavelmente era o restaurante da pousada, dado que havia pessoas ao redor be-
bendo em pleno dia. Eles pareciam surpresos ao ver a máscara de Suzuki Satoru.

Ele ignorou a reação deles e então notou o balconista.

“Entendo, não me admira que a pousada foi construída tão grande...”

Suzuki Satoru devaneou.

O balconista era um homem enorme de mais de dois metros e meio, e ele tinha um
enorme chifre saindo de sua testa, que apontavam para o céu.

Ele era maciçamente musculoso e seu peitoral bem desenvolvido estava visível sob seu
uniforme branco. Ele parecia mais um segurança do que um balconista, e verdade seja
dita, era bem possível que ele realmente fosse.

Diante dele, Suzuki Satoru era como uma criança. Ele caminhou direto para o homem e
subiu em um dos banquinhos ao lado do bar com algum esforço.

“Eu gostaria de um quarto para dois, por uma noite. Haverá algum problema?”

“De forma alguma — e eu tenho que me desculpar, homenzinho, nossas cadeiras aqui
não são muito adequadas para raças de baixa estatura.”

Ele está zombando de mim...?, pensou Suzuki Satoru. No entanto, seu rosto implicava que
não estava fazendo isso, ele estava apenas sendo sincero.

“Tudo bem, não se preocupe com isso.”

“Dado o tamanho da sua amiguinha, eu poderia recomendar-lhes algumas outras boas


pousadas, mas elas não lhe servirão muito bem, homenzinho. Também há pousadas ade-
quadas para homens do seu tamanho... mas são de padrão inferior. Se não se importar,
posso mostrar onde ficam.”

“Eu não tenho intenção de diminuir os padrões de minhas acomodações.”


Embora houvesse muitas maneiras de se divertir durante uma jornada, viver no luxo
era essencial para a dupla, já que eles não podiam desfrutar de boa comida. Portanto,
sempre ficavam nas pousadas mais sofisticadas sempre que iam a uma cidade.

“Já que diz. Então, em relação ao quarto? Até a cama em um quarto individual seria su-
ficiente para os dois, o que por sua vez seria mais barato.”

“Não há necessidade. Dinheiro não será problema. Me dê um quarto duplo.”

O estalajadeiro assobiou.

“Eu gostaria de poder fazer isso pelo menos uma vez. Mesmo que esse dinheiro seja
minha ruína. Vejamos...”

O estalajadeiro inclinou-se e, quando voltou, tinha uma chave na mão:

“Pegue isso. Oh, sim, posso perguntar qual meio de transporte os trouxeram aqui?”

“Viemos de carruagem, é um vagão coberto. O soldado que veio antes está cuidando
disso. Nossos produtos são apenas alguns sacos de grãos.”

“Oh, e sobre o animal que puxa o vagão? O alimento será cobrado a parte, e assim preci-
sará de um cavalariço cuidando disso.”

“É um Golem Horse. Esse tipo de cavalo não precisa de cuidados ou alimentação.”

O estalajadeiro de repente exclamou com um “Huh!” e disse:

“Então há coisas assim... Acho que estou um pouco desatualizado. Excelente.”

Suzuki Satoru podia sentir que os fregueses silenciosos de antes agora estavam atentos
a ele. Teria o tópico sobre Golem capturado seu interesse, ou eles tinham inconsciente-
mente olhado em resposta ao estalajadeiro levantando sua voz?

Eles não desviaram o olhar depois de um tempo, então deveria ser o primeiro, pensou
Suzuki Satoru.

Se fosse o último, eles logo teriam perdido o interesse. Como não foi caso, só restou crer
que a palavra Golem os atraiu.

Será porque há Golems trabalhando na cidade, ou todos os viajantes ouviram falar de


tais coisas?
“Adquirir um Golem Horse me custou muito dinheiro. Oh, quanto são as taxas do quarto?
Ah, sim, você poderia omitir o custo das refeições? Estamos planejando sair para experi-
mentar as iguarias locais.”

O estalajadeiro ponderou brevemente com certa desconfiança, mas depois aceitou a ex-
plicação de Suzuki Satoru. Talvez ele se lembrasse da descrição dos guardas sobre o que
era Suzuki Satoru.

“Ah, então é assim que vai ser, homenzinho. Er— sim, isso pode ser a melhor escolha.
Afinal, o senhor pode ser capaz de aguentar, mas acho que o tamanho é muito grande
para sua amiguinha.”

“Incapaz de aguentar?”

“Bem, nossas refeições são grandes suficientes para encher nossas barrigas. Uma porção
base tem em torno de dois quilos. Pode comer tanto assim?”

“Impossível.”

O estalajadeiro riu em alto tom com um “Wahaha” quando ouviu a pronta resposta de
Suzuki Satoru. Depois disso, ele declarou o preço, que era bastante baixo comparado a
todos os outros que eles tinham encontrado durante o curso de sua jornada.

No entanto, se esse preço era justo, bem, isso era outra história. Afinal de contas, os
preços das coisas variavam de cidade para cidade, e isso também seria afetado pelo es-
paço que lhes era dado. As questões tornaram-se ainda mais complicadas quando se con-
siderava que esta era uma cidade importante no domínio do Marquês. No entanto, as
pousadas de alto nível em distritos da alta hierarquia normalmente tinham pouquíssi-
mos quartos disponíveis, e as despesas de ficar em uma por uma noite seriam de cinco a
dez vezes mais do que esse lugar.

Depois de perguntar por que o preço era tão baixo, a resposta que ele recebeu foi: “Este
preço é devido a não desejar refeições”.

Parece que esta pousada não só fornecia uma grande quantidade de comida, mas eles
também estavam muito confiantes na qualidade das refeições. Suzuki Satoru de repente
sentiu uma pontada de arrependimento por sua incapacidade de comer. Não, para ser
exato, ele se sentia da mesma maneira toda vez que visitava um país, mercado ou mesmo
praça de alimentação.

“Keno.”

“Mm.”
Essa palavra foi mais que suficiente para Keno entender as intenções de Suzuki Satoru.
Ela tirou uma algibeira e entregou a quantia que o estalajadeiro pedira. Escusado dizer
que foi apenas uma garantia.

“Tenham uma boa estadia!”

O estalajadeiro entregou uma chave enorme e depois disse brevemente a Suzuki Satoru
sobre a localização do quarto. Depois disso, Suzuki Satoru e Keno subiram as escadas que
levavam ao seu quarto no segundo andar.

♦♦♦

Cada degrau individual era muito alto, e Keno teve mais dificuldade de escalá-los do que
Suzuki Satoru. No entanto, ambos eram undeads e subir um lance de escadas não era
suficiente para cansá-los. O quarto deles era muito espaçoso, e a primeira coisa que viram
foi que o teto era demasiadamente alto. Então, eles notaram as duas enormes — um ta-
manho além do king-size — camas que foram posicionadas bem no meio do quarto, tam-
bém notaram que o armário e bancos eram excepcionalmente grandes.

Keno exclamou maravilhada e se jogou na cama, e então — o olhar em seu rosto desafiou
a descrição. Ela provavelmente esperava ser catapultada para cima depois de pular na
cama, mas não havia molas no colchão, e o que ela sentiu foi uma sensação dura.

Dito isto, apenas os lençóis brancos e limpos mereceram uma nota de aprovação.

“Então, quando iremos ao mercado, Satoru?”

Tornou-se uma tradição para os dois visitarem os mercados sempre que chegassem a
uma nova cidade. Não só era útil para comprar itens necessários para suas viagens, mas
também permitia que investigassem as mercadorias locais.

“Bem, sobre isso... é divertido passear pelas ruas da cidade, e também precisamos en-
contrar um mercado para ter uma noção da situação enquanto os grãos ainda não apo-
dreceram. Mas é que, eu estava esperando aprender mais sobre os países vizinhos. Afinal,
seu conhecimento está desatualizado, Keno.”

Ao ouvir isso, Keno estreitou os olhos ligeiramente.

Eu e minha boca grande..., Suzuki Satoru lamentou assim que viu a reação dela. No en-
tanto, desculpar-se agora provavelmente apenas pioraria, por isso provavelmente era
melhor fingir que não havia percebido esse pequeno deslize.

“—Nesse caso, um bardo não seria melhor que um comerciante?”

“Isso é verdade. Um bardo seria mais apropriado.”


Parece que ela não estava brava. Depois de ouvir a resposta imediata de Keno, um peso
foi tirado do coração de Suzuki Satoru.

Um comerciante viajante, um bardo ou algum outro comerciante relacionado a isso, pro-


vavelmente conheceria melhor o ambiente. Um mercenário poderia prestar atenção à
situação no país vizinho, mas um comerciante teria ouvido rumores do que aconteceria
em terras mais distantes, enquanto os bardos poderiam saber e mesmo vir de terras
ainda mais longínquas.

Entre os dois, os comerciantes eram melhores para informações precisas, mas em ter-
mos gerais, os bardos ainda tinham a vantagem.

Já que informações tendenciosas podem resultar em enormes perdas, os comerciantes


normalmente gastam muito esforço para garantir que suas notícias sejam confiáveis. Por
sua vez, os bardos procuravam histórias de outros lugares, mas não estavam muito pre-
ocupados com a precisão. A história só precisava ser interessante. No entanto, havia ca-
sos em que algumas histórias que pareciam falsas — boatos inusitados de terras distan-
tes — realmente eram verdadeiras.

Em suma, como Suzuki Satoru e Keno queriam saber mais coisas, era óbvio que escolhe-
riam um bardo.

Mesmo se as notícias que eles recebessem fossem falsas ou apenas rumores, seria sim-
plesmente uma questão de suspirar em arrependimento e dizer “Ahhh, que pena, parece
que eu vim até aqui por nada. Para onde devo ir agora?” isso graças a seus traços raciais
— sendo possuidores de vida útil infinita, eles podiam se dar ao luxo de serem tão des-
preocupados.

Pode-se dizer também que eles poderiam saborear a alegria da situação justamente por
serem undeads.

—A alegria do esforço infrutífero.

Além disso, havia outro motivo para escolher um bardo.

Bardos consideravam contar histórias como trabalho. Eles o fariam de bom grado se
pagos.

Por outro lado, os comerciantes eram o tipo de pessoa cujas informações diziam res-
peito aos seus interesses. Às vezes, seria difícil tirar alguma coisa deles, portanto pode-
riam não compartilhar sinceramente o que sabiam com Suzuki Satoru e Keno, ainda mais
por serem estranhos. Eles até poderiam tentar se introduzir através de alguma guilda
dos comerciantes, mas um dos problemas era que havia tantas guildas quanto mercado-
rias, e os membros da guilda eram tipicamente grosseiros para pessoas de fora, já que
havia acordos de sigilo e regras de guildas e coisas do tipo... No fim, era demasiadamente
problemático lidar com eles.
Embora os bardos também tivessem suas guildas, sua administração não era tão estru-
turada quanto as das guildas dos comerciantes. É claro que algumas tinham regras rígi-
das, mas experientes viajantes de terras distantes — em outras palavras, bardos de nível
superior — normalmente tinham mais liberdade dentro da guilda. No entanto, Suzuki
Satoru e Keno não estavam preocupados com tais detalhes.

“Vamos contratar um bardo então. Além disso, temos um monte de tesouros do lote an-
terior, o suficiente para várias pessoas viverem no conforto, por isso seremos mais ge-
nerosos ao realizar o bardo-mentos.”

Suzuki Satoru sorriu para si mesmo, parecia que Keno não tinha notado. No entanto, ela
franziu a testa e sorriu amargamente por algum outro motivo.

Suzuki Satoru sentiu que havia algum outro significado por trás de sua expressão, e de-
cidiu deixá-la dar uma nota para essa “piada”.

“Que tal cerca de trinta e pouco pontos?”

“Só isso... Tem certeza de que não está de mal humor?”

“Eu pensei que era apropriado. Não foi particularmente engraçado ou memorável.”

“Ehhh...”

Embora ele não esperasse que fosse uma piada de mau gosto, ainda era decepcionante
conseguir uma pontuação tão baixa. Se esta fosse uma avaliação de desempenho ou al-
gum tipo de objetivo de departamento, Suzuki Satoru provavelmente teria começado a
barganhar com seu chefe.

“Tudo bem, vamos mudar de ares e encontrar um bardo. Vamos perguntar ao gerente
primeiro.”

♦♦♦

Depois de pagar a taxa de apresentação ao estalajadeiro, em pouco tempo o homem


trouxe o bardo que recomendara. O dito bardo estava vestido com roupas tão extrava-
gantes quanto convinha a essa pousada, e ele era um membro da raça humanoide de
quatro olhos que vinha de uma terra um tanto distante. Uma breve conversa com ele
revelou que era um bardo bastante viajado — em outras palavras, um de alto nível. Dito
isto, ele não era nada se comparado a Suzuki Satoru.

Claro, ele só havia encontrado um ser de poder comparável a si mesmo durante suas
viagens.
A dita entidade ocupava o pico que os homens chamavam de o mais alto do continente,
um poderoso inimigo que comandava um grande poder conhecido como Magia Selvagem
— Brightness Dragonlord, cujo confronto com Suzuki Satoru terminara em empate.

Suzuki Satoru e Keno ouviram os contos do bardo.

Embora não soubessem o porquê, as línguas estrangeiras faladas neste mundo eram
traduzidas automaticamente para uma forma reconhecível. Os substantivos específicos
mantiveram sua pronúncia original, mas outros vocabulários significativos eram tradu-
zidos. A questão de quem fez isso e como o fizeram ainda era um enigma que permaneceu
sem solução. A lógica por trás da tradução das letras das músicas era mais obscura; as
palavras de um cantor não qualificado soariam como bobagens sem sentido e desconexas.
A habilidade do artista também não era o único critério; o público também precisava de
um certo grau de cultura e compreensão. De acordo com Keno, ser capaz de entender
com precisão uma música era uma marca de status social da alta hierarquia, e na verdade
havia aulas especializadas para essas coisas.

De todo modo, um filisteu como Suzuki Satoru, que não só não tinha bom gosto, mas era
inculto, só seria capaz de pensar “Que maluquice é essa que esse cara está cantando”, não
importando o quão habilidoso o cantor era. Claro, ele seria capaz de entender as palavras
se elas não fossem traduzidas automaticamente; isto é, se alguém as cantasse em japonês.
No entanto, em todos os seus anos viajando pelo mundo, ele nunca tinha ouvido alguém
falar japonês.

Porém, concluir que ninguém aqui usara as linguagens do mundo de Suzuki Satoru seria
tirar conclusões precipitadas.

Fragmentos do idioma foram passados pela história, e Suzuki Satoru também viu pes-
soalmente itens que provavam que existiam.

Sendo que a mente de Suzuki Satoru estava focada em tais assuntos, a canção do bardo
entrava em um ouvido e saía pelo outro, mas era um assunto diferente para Keno, que
havia recebido a educação da realeza. Ela estava envolvida na bela canção, e Suzuki
Satoru também fingiu estar ouvindo a música.

Claro, ele não tinha idéia do que o bardo estava cantando, mas batia palmas junto com
Keno no final de cada música. Embora achasse incrivelmente chato, ele não deixava
transparecer, isso era parte da etiqueta básica de um assalariado.

Depois de várias músicas, finalmente chegou a hora do segmento de conversas que Su-
zuki Satoru esperava ansiosamente por tanto tempo.

Suzuki Satoru não perdeu tempo e começou a perguntar-lhe sobre os rumores dos paí-
ses vizinhos e o que ele tinha visto no caminho até aqui.
Depois de cerca de três horas, Suzuki Satoru sentiu que havia aprendido o suficiente
com o bardo, e por isso ele deixou seu lugar por um breve período. Quando ele voltou,
colocou uma algibeira de couro na mesa.

“Pelos Deuses! Todo esse dinheiro é para mim!?”

O bardo não tentou esconder sua surpresa quando tirou as moedas de ouro da algibeira.

“O senhor não confundiu o valor?” Em resposta à pergunta do bardo, a atitude de Suzuki


Satoru incorporou alguém de franca generosidade.

“Pessoalmente, acho que tal quantia não é recompensa suficiente para uma voz tão ma-
ravilhosa quanto a sua...”

Keno assentiu e fez um barulho de aprovação. Se Suzuki Satoru tivesse pago apenas uma
quantia insignificante, ela provavelmente teria pegado uma soma extra para recom-
pensá-lo — mas Suzuki Satoru há muito havia discernido seu desejo de recompensá-lo.

A soma total dos fundos de Suzuki Satoru estava além da conta, e Keno estava com suas
reservas cheia até a beira. Eles dividiram os fundos dos vários membros da Corpus do
Abismo entre eles. Keno tinha originalmente recusado, mas desde que estavam viajando
juntos, isso significava que eles eram parceiros que se tratavam como iguais.

Ainda assim, Suzuki Satoru estava encarregado da maior parte da quantia roubada,
Keno estava responsável por gemas e coisas do tipo. Havia uma certa razão para esse
arranjo, o que não parecia deixar Keno infeliz.

“O senhor, o senhor é muito gentil, eu não achei que meu desempenho seria tão bem
recebido. Obrigado!”

O bardo sorria tão amplamente que não conseguia calar a boca.

A quantia que ele pagou ao bardo agora era mais do que a taxa normal dadas as circuns-
tâncias, mas provavelmente não despertaria suspeita se ele dissesse que o motivo era
apenas porque apreciava as habilidades deste bardo.

Em troca do apreço de Suzuki Satoru, a outra parte desenvolvia uma grande boa vontade
para com ele. Este foi um exemplo de como um presente apropriado poderia abrir os
corações dos outros, uma lição que eles aprenderam durante sua jornada.

Naturalmente, dez moedas de ouro eram a média utilizada por Suzuki Satoru. Se ele re-
almente estivesse disposto, mesmo pagando várias centenas de vezes essa quantia nem
sequer começaria a incomodá-lo. No entanto, não deveria levar isso como regra. Pagar
demais, especialmente muito acima do preço de mercado, tendia a chamar a atenção de
pessoas perversas e calculistas e de todos os problemas que elas traziam em seu rastro.
“Ela apreciou muito o seu canto, quanto a mim, fiquei impressionado com o seu conhe-
cimento. Nós vamos ficar aqui nos próximos dias. Durante esse tempo, espero que você
continue coletando informações; se forem do meu agrado, continuarei o recompensando.”

Os olhos do bardo se iluminaram quando ele ouviu isso.

Suzuki Satoru sentiu que seria melhor economizar a energia gasta em coisas esparsas e
focar em aprender sobre a situação, por isso, entregar essa tarefa ao bardo seria mais
eficiente. No caso dos comerciantes, os bardos teriam menos probabilidade de levantar
suspeitas do que eles, e um bardo julgaria melhor se suas informações eram ou não con-
fiáveis.

Em outras palavras, Suzuki Satoru havia pago essa “grande” quantia agora para trazer
o bardo ao seu lado e garantir que ele se dedicasse de todo coração em sua tarefa de
coletar informações.

“Compreendo. Então me despeço por hoje.”

“Muito bem. Ah, sim, dado que seu tamanho é semelhante ao nosso, posso perguntar
onde você está hospedando?”

“Mas é claro! Bem, é verdade que a maioria dos convidados que esta cidade entretém
tendem a ser de grande porte. Eu moro em uma pousada operada pela guilda.”

“Então parece que não poderemos ir até lá. Compreendo. Nesse caso, podemos convidá-
lo aqui novamente daqui a três dias?”

“Certamente! Quando desejar!”

O bardo deixou a estalagem de bom humor. Pessoas com bolsos pesados davam passos
consideravelmente mais leves.

Depois de fechar a porta do quarto, Keno olhou animadamente para Suzuki Satoru.

“Veja como ele estava confiante! Ele foi muito bom!”

“Sim, ele foi.”

Já que Keno dissera isso, era mais provável que estivesse correto.

...Não tenho certeza se é porque me tornei undead, mas não me sinto tocado por obras de
arte.

No entanto, Keno também era undead, e aparentemente isso não se aplicava a ela, por
isso ele não poderia afirmar que era o padrão. Ainda assim, Suzuki Satoru não pôde dei-
xar de pensar nesse sentido. Keno continuou falando sem ter percebido o que Suzuki
Satoru estava pensando. Talvez a Keno normal poderia ter percebido o que estava na
mente de seu companheiro, mas agora ela estava animada demais para se importar com
essas coisas.

“Mesmo o aguardando daqui três dias, não acho que ele alcançará esse padrão agora,
mesmo se escrever uma nova música.”

“Hmm, pode ser verdade.”

Ele poderia estar expressando concordância, mas Suzuki Satoru não entendia essas mú-
sicas. Keno estreitou os olhos e olhou para ele.

“Mentiroso.”

“Hrg!”

“Esqueça, não vou te pressionar com isso dessa vez. Então, vamos dar um passeio pelas
ruas do sul depois?”

“Esse era o plano original, mas...”

Suzuki Satoru olhou pela janela, que estava envidraçada com vidro grosso que não dei-
xava muita luz passar:

“O sol já se pôs. Passamos um bom tempo entretidos com ele.”

“Eu sinto Muito. É tudo porque eu—”

“Não não não! Não me entenda mal, Keno, não estou reclamando. Ser capaz de perder a
noção do tempo em uma música tão maravilhosa é um prazer que você raramente con-
segue desfrutar. Tudo o que eu estava dizendo era que seria melhor se pudéssemos ficar
mais sincronizados com a hora. E, além disso, ficar tarde só significa que apenas você não
pode sair.”

Keno inflou as bochechas e fez beicinho.

“É porque eu não pareço adulta?! ...Entendi, que tal mentir que eu sou de uma raça que
fica adulta com rosto de jovem?”

Não era impossível em teoria. Afinal, muito parecido com as grandes raças que frequen-
tavam esta pousada, havia também as pequenas raças. Embora fosse impossível dizer
que Keno era uma criança baseada em sua altura, seria impossível blefar devido as suas
feições delicadas e sutis. Certamente seu plano causaria muitos problemas. Os guardas
do portão provavelmente não iriam prosseguir com o assunto devido a se sentirem cul-
pados por confundir os Oldbones com os undeads, mas se abusassem demais da boa von-
tade, os guardas provavelmente ficariam desconfiados novamente.
Além disso, alguém poderia dizer se um terceiro era maior de idade apenas olhando em
seus rostos, mesmo que fossem de baixa estatura. No entanto, geralmente eram apenas
aquelas raças que eram semelhantes entre si que podiam diferenciar pela aparência. Por
exemplo, o sorriso de um demi-humano pode ser tomado como intimidação por um hu-
manoide.

Em todo caso, se eles insistissem que Keno era uma adulta, os demi-humanos poderiam
não saber, mas a maioria dos humanoides provavelmente não acreditaria.

“Há muitos humanoides nesta cidade, por isso não vai funcionar.”

“Então que tal usar uma máscara?”

“Agora quer que eles desconfiem de você?”

“Isso é verdade...”

A menos que eles estivessem realizando algum tipo de festival religioso, usar uma más-
cara na rua convidaria olhares suspeitos dos transeuntes. Na verdade, a fisionomia de
Suzuki Satoru já havia atraído muitos olhos, e se não fosse por uma ocasião passada em
que ele tentara e falhara no uso de ilusões para esconder suas feições, ele não teria uma
visão tão distinta de sair por aí expondo seu rosto.

“Podemos tentar da próxima vez que formos a um lugar com poucos ou nenhum huma-
noide. Eu acho que isso conta como uma experiência para ver se as pessoas aceitariam
isso.”

O rosto de Keno parecia se iluminar.

“Sim, mas não desta vez.”

O rosto de Keno ficou tenso novamente.

“Uuu... ah, Satoru...”

“Não estou tentando te prender aqui. Além disso, o que as pessoas pensarão se eu andar
pela rua a noite com uma criança?”

Certamente as palavras de Suzuki Satoru não seriam completamente precisas se ele


fosse passear em um distrito pobre, onde crianças de rua podiam ser vistas em todos os
lugares. Afinal, andar em um lugar assim com roupas velhas chamaria atenção de um ou
dois no máximo.
Mas, dado que Keno estava vestida com roupas limpas, chamaria muita atenção. Mesmo
que a segurança nas ruas principais fosse boa, fazer isso a noite estava em uma propor-
ção completamente diferente.

Além disso, também seria muito problemático se Keno estivesse maltrapilha. Pois se
alguma criança maltrapilha estivesse andando por aí com um adulto bem vestido, era
quase certo considerar que o dito adulto era algum pervertido que comprou para si
mesmo uma prostituta infantil.

Naturalmente, Suzuki Satoru não queria ser confundido como tal pessoa. Definitiva-
mente não.

Mas nesse caso, como ele poderia deixar Keno andar tranquilamente pelas ruas da
noite?

A resposta encontrada seria que Suzuki Satoru e Keno teriam que se vestir de maneira
desleixada.

Dessa forma, as pessoas no bairro de baixa renda provavelmente não se importariam


com eles.

No entanto, eles tinham combinado de encontrar alguém hoje à noite, então essa rota
também estava fora de questão. Considerando todos esses pontos, ele não poderia sair
com Keno hoje à noite.

Ainda assim, dadas as circunstâncias, tudo o que Suzuki Satoru e Keno precisavam fazer
era se mover separadamente.

Vestindo-se em trapos, Keno poderia andar pelas ruas à noite sem chamar atenção.
Keno poderia ser pequena e de baixa construção corporal, mas ela ainda era uma Vam-
pira. Seus atributos físicos superavam em muito os de um adulto médio. Combinada com
a melhoria em suas habilidades mágicas nos últimos cinco anos, ela deveria ser capaz de
lidar com qualquer coisa que surgisse. Além disso, ela tinha os itens mágicos que Suzuki
Satoru havia emprestado, então ela ainda seria capaz de fugir, mesmo se enfrentasse al-
guém mais forte.

No entanto, nenhum deles queria sair e correr o risco de ser um imã de problemas.

Os undeads eram os inimigos dos vivos; se surgisse algum problema, ninguém os escu-
taria.

“Mas...”

“Eu entendo como se sente e eu sei que você deve estar descontente com isso. Mas eu
ainda devo insistir que você fique aqui esta noite até o sol nascer.”
Suzuki Satoru sabia o que Keno estava pensando. Noites chatas eram difíceis de passar
para os undeads, que não precisavam dormir ou descansar. Além disso, a cidade à noite
parecia bastante interessante; pode-se ver muitas cenas dramaticamente diferentes do
dia. Embora às vezes fosse mais perigoso, isso só tornava tudo mais excitante — especi-
almente quando esses perigos eram totalmente inconsequentes para os dois, e experi-
mentar essas emoções ainda era muito divertido.

“Keno, eu não tenho te dito isso todo esse tempo? Sempre que chegarmos pela primeira
vez a uma cidade, temos que esperar pelo menos uma noite para analisar a situação.”

Além disso, Keno poderia ter poder de luta suficiente para se defender, mas um encon-
tro com um inimigo de nível de herói ainda seria muito perigoso.

Todo esse tempo, ele sempre a fez ficar parada até ter certeza de que não havia nada na
cidade que ela não pudesse suportar.

“Então você deveria ficar aqui comigo, assim ficamos conversando, Satoru.”

Nos últimos cinco anos, eles passaram as noites a fio conversando.

Não precisar descansar significava que eles tinham mais tempo juntos — em termos de
relações humanas, era como se tivessem viajado um com o outro por mais de dez anos.

E por essa razão que ele recorreu a um plano de ação como este.

Talvez em dias normais, ele poderia ter concordado, mas hoje, Suzuki Satoru ficou firme
e negou com a cabeça.

“É uma boa idéia também, mas vou fazer o que sempre faço, reunir informações das ruas
à noite”.

“Huh? Você normalmente não aprende a situação no dia?”

“Sim, normalmente gostaria, mas estou muito entediado hoje.”

“Seu idiota!”

“É por isso que preciso que você fique aqui e cuide das coisas, Pequena Srta. Keno. Você
entende?”

“...Tá bom, eu entendi. Eu vou ler algumas das notas da pesquisa que roubamos. Se eu
tiver que fazer algum experimento, você tem que me ajudar, entendeu?”

“Mas é claro.”
A notas de pesquisa que eles haviam recuperado dos membros da “Corpus do Abismo”
continham vários parágrafos de como melhorar suas habilidades para dominar undeads
mais poderosos, aprendendo como conjurar magias de níveis mais altos, aumentando os
atributos dos undeads e assim por diante. Portanto, Keno tinha se colocado no papel de
fazer o suporte de Suzuki Satoru, na esperança de que completar um desses tópicos a
fizesse fortalecer Suzuki Satoru.

Infelizmente, nenhuma de suas tentativas foi bem-sucedida.

No entanto, isso foi no caso de Suzuki Satoru.

A própria Keno havia se beneficiado da pesquisa. Parecia que ela tinha ficado um pouco
mais forte. De fato, ela — que originalmente não tinha a capacidade de dominar os unde-
ads — agora possuía tal habilidade. Do ponto de vista dos sistemas raciais e profissões
de YGGDRASIL, isso deveria ser impossível.

Nesse caso, por que não funcionou em Suzuki Satoru?

Havia duas possibilidades.

Uma delas era que Suzuki Satoru não conseguia aprender novas habilidades — em ou-
tras palavras, ele estava no ápice do que deveria ser.

A outra era que alguém no nível de Suzuki Satoru precisava de uma pesquisa mais apro-
fundada para conseguir se fortalecer.

De qualquer forma, essa pesquisa não poderia ser feita pelo próprio Suzuki Satoru, e
assim Keno achou prazer em mergulhar de cabeça nesse trabalho.

Suzuki Satoru se despediu de Keno com um “faça o seu melhor” — o que pareceu deixá-
la muito infeliz — e saiu do quarto.

Parte 4

Ao longo do caminho, Suzuki Satoru — que não tinha escolha a não ser esconder o rosto
com uma ilusão e trocar suas vestes — abriu a porta indicada que levava a um estabele-
cimento, e ficou ligeiramente surpreendido.

Era um bar.

No entanto, isso não se parecia com o restaurante noturno da pousada, muito menos
com o bar da recepção, mas sim um lugar onde os clientes podiam provar bons vinhos
em paz — em outras palavras, um estabelecimento de alta classe.
Era um lugar extremamente elegante, a atmosfera estava em um nível completamente
diferente.

Entendo.

Suzuki Satoru compreendeu o porquê eles tinham que se encontrar aqui.

Ele nunca havia entrado em um lugar como esse durante sua jornada. Como um dos
undeads que não podiam comer nem beber, Suzuki Satoru naturalmente não precisaria
visitar tais lugares, sem mencionar Keno, que parecia uma criança. Mesmo em seu mundo
anterior, ele só tinha estado em lugares como esses duas vezes, a fim de entreter os cli-
entes.

Em outras palavras, Suzuki Satoru não tinha idéia de como se comportar aqui. No en-
tanto, o espetáculo precisava continuar. Seria ruim se ele ficasse envergonhado aqui. En-
quanto Suzuki Satoru se perdia em contemplação, um atendente trajado elegantemente
veio em sua direção.

“Bem-vindo.”

O atendente se curvou.

Antes do homem se aproximar dele, Suzuki Satoru sentiu que o homem estava avaliando
sua roupa. Se ele não tivesse de acordo com a classe do bar, ele provavelmente teria sido
convidado educadamente a se retirar. Em outras palavras, ele já havia conseguido passar
pelas portas.

Como precaução, ele havia mudado de roupa depois de ouvir boatos sobre a atmosfera
dentro deste lugar. Parece que foi a coisa certa a fazer.

Ainda assim, ele provavelmente não mencionaria sua troca de roupas no meio da rua,
usando 「Perfect Unknowable」 para disfarçá-lo, é claro.

Ele olhou para o interior escurecido do bar — isso não era problema já que possuía visão
no escuro — e viu um homem sentado em um sofá acenando para ele.

Ele era um homem com um olhar afiado, e suas roupas mostravam claramente seu corpo
musculoso. Ele tinha um chifre cristalino na cabeça. Ele era um dos humanoides conhe-
[Chifres Afiados]
cidos como Sharp Horns.

Suzuki Satoru fingiu que não tinha visto o homem e continuou olhando em volta por um
tempo antes de caminhar.

Ele se sentou no sofá e ficou de frente para o homem.

“Cheguei um pouco tarde.”


Ele havia escolhido adotar uma atitude arrogante como demonstração de força. O ho-
mem não parecia desaprovar, mas isso era de se esperar. O empregador — ou melhor, o
dinheiro — era o chefe aqui; essa era a lei, não importava em qual mundo estivesse.

“Não, não, você chegou na hora. Eu que simplesmente cheguei cedo demais.”

Não havia taças sobre a mesa, mas estava claro que ele já tomara alguns drinques, dado
o aroma de álcool que o rodeava. O homem chegara cedo porque esse era um estabeleci-
mento de alta qualidade e Suzuki Satoru estava pagando a conta. Mas claro, isso não era
tudo.

Ele era o líder de um bando habilidosos de mercenários desbravadores. Beber não era
motivo justificável o suficiente, deveria haver outro.

Esses desbravadores não eram como mercenários, que eram numerados em dezenas ou
centenas. Para começar, havia menos de dez deles, todos de elite, em seu grupo. Eles
aceitavam trabalhos sem estarem vinculados a amarras nacionais. As missões que eles
aceitaram envolviam guerras entre nações, investigação de ruínas que se dizia serem co-
vis monstruosos, enfrentar monstros e várias outras tarefas relacionadas à violência. Se
alguém preferisse um nome isento, eles poderiam ser chamados de mercenários de elite.
Se não, poderiam ser chamados de bando de bandidos.

Há mais de um mês, em uma cidade próxima, Suzuki Satoru contratou-os para realizar
uma investigação. Ele veio aqui hoje para saber os resultados de seu trabalho.

“Diga o que descobriu.”

“Ei ei. Eu tenho pensado nisso por um tempo, mas você não bebe nada? Beber sozinho
não tem graça, ficarei mal por isso sabe. Álcool é o lubrificante das negociações.”

O homem parecia estar usando algum tipo de provérbio, mas Suzuki Satoru nunca tinha
ouvido falar disso antes. Claro, Suzuki Satoru sabia que ele estava com falta de conheci-
mento, de modo que poderia ter sido um modo normal de falar. O homem acenou e um
garçom se aproximou em silêncio.

“Dê este velho— ah, minhas desculpas. Dê ao meu generoso empregador algo para be-
ber.”

“Não há necessidade disso.” Suzuki Satoru recusou friamente.

Uma mera atuação, assim como antes. Para evitar ter que recusar várias ofertas, era
mais fácil agir assim. Do ponto de vista de um adulto, se alguém continuasse recusando
os convites de sair para beber, eventualmente as pessoas parariam de convidá-lo para
sair.
“Ah, não se importe comigo, apenas vá em frente e beba.”

“Como eu estava dizendo agora...” As palavras do homem sumiram quando ele coçou a
cabeça e continuou:

“Ahhh, nesse caso, eu quero um Clare.”

“Muito bem. Qual ano?”

“Oito. Sirva puro.”

“Certamente.”

Suzuki Satoru observou o garçom sair e o homem baixou a voz para falar.

“Vamos começar — eu lhe direi nossas descobertas. A cidade que nos disse para inves-
tigar foi tomada por Zombies. Não há como dizer se há alguém morando lá.”

“Entendo.”

Esse foi o resultado que ele esperava, e assim a voz de Suzuki Satoru estava calma. Tal-
vez o homem estivesse insatisfeito com isso, pois mudou de tom. No entanto, poderia ser
fingimento. Ele era o tipo de pessoa que não deixava seus sentimentos verdadeiros apa-
recerem mesmo quando bêbado. Portanto, ele provavelmente estava tentando enfatizar
como se sentia.

“Esta é a terceira cidade infestada de Zombies que nos enviou para verificar, sabe? ...Já
era hora de você nos dizer o porquê, não? Por que você não nos deixa entrar nas cidades
e investigar em detalhes? O que você quer?”

Embora não houvesse necessidade de responder a essa pergunta, seria ruim se eles de-
cidissem entrar por conta própria. Seria melhor se pudesse responder de uma maneira
que não revelasse suas intenções e removesse seu interesse pelo assunto.

“Então vou responder sua pergunta com uma pergunta. Eu estabeleci a regra inquebrá-
vel, “você não deve entrar na cidade”. Você fez isso?”

“Não.”

“E por que eu deveria acreditar em você?”

“Nós obedecemos às instruções dadas a nós pelo nosso empregador. Eu garanto isso.
Afinal, você está nos pagando muito.”
Isso não era confiável. A quantia que Suzuki Satoru concordou em pagar pareceria ín-
fima se eles tivessem entrado na cidade e saqueado seus tesouros.

Ainda não era hora de saber da verdade usando magias de controle da mente. Pois não
eram uma boa escolha; haveria problemas assim que o encanto terminasse. Ele poderia
capturá-lo e usar 「Alter Memory」 nele, mas ele não estava confiante em sua capaci-
dade de ajustar memórias com magia.

Ficar bom em realizar essas alterações levaria muito tempo, e sua prática envolveria
deixar as pessoas em estado vegetativo. Dado que ele não possuía uma base adequada de
operações, era um curso de ação irrealista.

Deveria ele silenciá-lo ou dar um voto de confiança?

Suzuki Satoru queria silenciá-lo.

Se eles matassem os Zombies e saqueassem os tesouros da cidade, isso pode causar uma
ameaça ao país de Keno. Isso valia especialmente para grupos privados, cujas ações eram
muito difíceis de controlar.

Parece que os países ao redor de Inveria não haviam enviado seus exércitos para subju-
gar essas cidades.

No entanto, esses países deveriam saber que os cidadãos de seus vizinhos se tornaram
todos Zombies. E alguns desses países poderia encontrar o mesmo destino para seu povo.
Então, se esses países escolheram tomar ou não medidas militares ou estavam se prepa-
rando para isso, ainda precisava ser confirmado.

Infelizmente, não havia como verificar isso. Um viajante como Suzuki Satoru não seria
capaz de aprender tais segredos de estado, independente do amonte que pagasse. Ainda
assim, ele poderia pensar em algumas razões pelas quais os países vizinhos ainda não
haviam tomado providências.

Como os undeads eram inimigos de todos os seres vivos, de certo modo não havia be-
nefício direto em eliminá-los.

Mesmo que exterminassem os Zombies e libertassem uma cidade, tudo o que ganhariam
seria uma terra sem mão de obra. Tal terra seria inútil para eles.

Talvez fosse útil se eles tivessem bocas demais para alimentar e, com isso, mão de obra
suficiente. Mas se não tivessem tanta população, então reivindicar e manter territórios
desnecessários só se tornaria um fardo, já que seria necessário guarnições maiores à me-
dida que o território crescesse.
Mas se eles deixassem os undeads sozinhos, isso poderia levar ao surgimento de unde-
ads mais poderosos, então eles teriam que enviar seus exércitos eventualmente. No en-
tanto, seriam necessárias negociações para não causar mal-entendidos com seus vizi-
nhos ao movimentar suas forças, e com isso os nobres colocariam a responsabilidade de
participar dos extermínios em cima dos outros. Tais assuntos levariam muito tempo.

E outra coisa era que, enquanto a causa da situação fosse desconhecida, enviar suas tro-
pas poderia levá-los a se tornarem parte da horda de mortos. Qualquer um com um cé-
rebro poderia dizer isso.

Portanto, esses homens sem mestre, que eram movidos pelos desejos, eram a oposição
mais ameaçadora aqui.

Assim, ele precisaria desabituá-los dessa noção com uma medida preventiva, mesmo
que isso significasse mentir para eles.

“Melhor assim... isso é bom.”

Suzuki Satoru disse enquanto deliberadamente abaixava a voz:

“Diga, por que você acha que as pessoas na cidade se tornaram undeads?”
[Devorador
“Quer dizer que não foi porque um monstro apareceu? Sabe como é, algo como um S o u l
de Al ma]
Eater? Ouvi dizer que muitas pessoas morreram quando um monstro desse apareceu em
um país.”

Bem, sim, muitas pessoas morreriam se um andasse pela rua com uma habilidade assim
ativa, Suzuki Satoru sorriu amargamente em seu coração. É verdade que tais seres unde-
ads não eram nada especiais para ele, mas parece que eles eram muito poderosos neste
mundo.

Eu lembro que havia um guerreiro místico montando um Soul Eater entre os membros da
Corpus do Abismo, mas ele era incrivelmente fraco. Oh, bem...

“Creio que não seja um. Nós acreditamos que pode haver algum tipo de praga ou maldi-
ção em ação aqui.”

A expressão do homem não mudou ao ouvir “nós”. Suzuki Satoru ignorou-o e continuou
falando:

“Provavelmente não é veneno. Se houvesse uma nuvem tóxica que pudesse cobrir uma
cidade inteira — é claro, uma nuvem que os transformasse em criaturas undeads seria
peculiar —, mas nunca ouvi falar de nada parecido antes.”

“Então não pode ser uma praga?”


“Não, é mais provável que seja veneno. Afinal, existem pragas que são exclusivas para
os undeads. Talvez essa praga de Zombie seja algo assim — altamente infeccioso, espa-
lhado por um vetor aéreo, e que não pode ser tratado por 「Cure Disease」 ...Uma doença
que seja amaldiçoada.”

“Ah, ah — creio que entendi. Como a Febre do Diabo, então. É por isso que você não
queria que entrássemos.”

Parece que ele tinha mordido a isca.

“Que bom que você entende. Normalmente, os organismos infecciosos deveriam ter
morrido depois de tanto tempo, mas parece que nesse caso é diferente. Esta doença es-
pecial é diferente das outras e pode estar escondida nos corpos dos Zombies. Além disso,
eles podem não ser Zombies comuns, mas uma nova e infecciosa variedade de Zombies.”

O homem ouviu em silêncio, e Suzuki Satoru continuou a dar voltas em sua história.

“Embora não saibamos a causa disso, é possível que um de vocês também tenha sido
infectado. Seria bem ruim se um de vocês tivesse se transformado em Zombie lá mesmo,
mas o pior cenário seria se essa coisa tiver um período fixo de incubação. Isso seria pro-
blemático. A infecção pode se espalhar para esta cidade e os vilarejos vizinhos.”

“Ei ei ei ei, chefe. Você deveria ter nos dito sobre esse perigo antes, não?”

“Se eu dissesse isso, quem teria aceitado o emprego? Além disso, uma morte teria pro-
vado se a cidade estava segura ou não. Mesmo assim, eu não vou perder uma noite de
sono se você acabar morrendo porque não seguiu as minhas instruções.”

O olhar do homem cresceu.

“Nós somos canários, então...”

Suzuki Satoru sorriu friamente, mas não respondeu.

“Então deixe-me perguntar de novo. Você entrou?”

“De forma alguma. Eu mantenho meus acordos... e eu juro que vou continuar cumprindo
minha palavra no futuro.”

A resposta do homem veio instantaneamente. Depois de ver sua falta de hesitação e des-
conforto, Suzuki Satoru tinha certeza de que ele não estava mentindo.

“Bem, que pena— ah, quero dizer, você perdeu a chance de fazer uma boa fortuna —
isto é, a chance de reunir a riqueza de uma cidade inteira.”

O homem franziu as sobrancelhas, como se de propósito.


“Você paga bem — mas você é um péssimo chefe.”

“Eu sou? Se eu fosse realmente um chefe terrível, não teria eu insistido para que você
entrasse na cidade? Não teria eu o atraído com algum item raro?”

O homem parecia ter aceitado essas palavras.

Só então, o garçom trouxe o vinho.

O homem tomou um gole e depois exalou em voz alta uma lufada de ar carregada de
álcool.

“Bem, obrigado pelo trabalho. Nós faremos o pagamento como combinado, então.”

Suzuki Satoru jogou uma pequena algibeira na mesa. Então, ele colocou um saco grande
na mesa, que tilintou.

O homem abriu a algibeira, verificou que havia quatro grandes gemas dentro e depois a
fechou.

Como as moedas de ouro eram muito pesadas, grandes transações eram tipicamente
feitas com gemas preciosas e similares. Alguns países usavam pedras preciosas para fa-
zer um tipo de moeda de valor extremamente alto chamado moedas de gemas, também
faziam moedas de mythril ou adamantite, além de “placas de ouro” que tinham valor
além do seu peso, mas este país não fez isso.

“E... isso é?”

O homem já havia aberto o saco e verificado as moedas de ouro dentro. Era uma grande
soma.

“Ambos são o pagamento pelo trabalho. Pegue.”

“Então você poderia ter usado apenas gemas ao invés de moedas. É difícil levar essas
coisas para casa quando se está bêbado.”

“Desculpe por isso, mas é o que temos para hoje. Essas moedas não dariam o valor de
uma pedra preciosa.”

Disse Suzuki Satoru, que então murmurou para si mesmo:

“As finanças também são bem apertadas do meu lado...”

Talvez não houvesse sentido dizeres desse feitio, mas valeria a pena tentar. Tudo bem,
desde que possa enrolar o homem um pouco.
“Então vamos junto no avaliador. O valor das gemas—”

“—Ah, você não precisa fazer isso. Não entenda errado, eu confio em você, sabe? Afinal,
é a terceira vez que nos contrata, e você nunca tentou dividir o pagamento ou tentou
pechinchar demais o preço. Se eu duvidasse de você depois disso, seria muito desaver-
gonhado da minha pessoa.”

“Não, não importa mesmo que não acredite em mim. Só precisamos ter certeza de que
não há problemas entre nós, isso evitará problemas.”

Depois que Suzuki Satoru disse isso, o homem explodiu em gargalhadas.

Ele riu por um tempo, e então o homem se dirigiu a Satoru, com o resplendor de sua
alegria ainda em seu rosto.

“Você é quem não confia em nós, certo? Bem, não há nada que possamos fazer. Haha!
Então me deixe esclarecer. Eu não quero ir com você porque este é um lugar elegante e
raramente tenho a chance de vir em um lugar assim, minha intenção é só que me pague
mais algumas bebidas.”

Então é isso... em outras palavras, ele quer que eu pague a conta. Tá, tudo bem...

“Bem, é isso, então. Eu voltarei primeiro.”

Suzuki Satoru levantou-se do seu lugar. O homem levantou o copo e observou-o sair.

“Por favor, continue cuidando de nós.”

Mas haverá uma próxima vez? Com esse pensamento em mente, Suzuki Satoru sorriu de
uma maneira muito significativa.

Empregar os mesmos desbravadores poderia despertar suspeitas, então ele não estava
mais disposto a contratar a equipe desse homem novamente. Foi por isso que ele pagou
em ouro.

Pagar em pedras preciosas teria sido bastante simples, mas ele não tinha feito porque
queria usar o ouro que havia roubado da Corpus do Abismo.

Ele lembrou que certas magias de adivinhação poderiam determinar a localização de


itens marcados. Quanto maior o nível da magia, mais precisamente eles poderiam ras-
trear essa posição. No entanto, ele não conseguia colocar essa marca depois de entrar
neste mundo, a menos que fossem distintamente diferentes de outros itens produzidos
em massa.
Por exemplo, se ele quisesse localizar um lingote, tal lingote precisaria ser claramente
distinto de outros — então, pequenas coisas como deixar um arranhão óbvio ou alguma
outra marca do tipo seria importante.

No entanto, se a magia utilizada não fosse de um nível tão alto, então, uma vez colocado
em um contêiner lacrado ou em algum outro lugar — como o seu inventário, por exemplo
— seria indetectável. Mesmo magias de alto nível não seriam capazes de detectá-lo atra-
vés das defesas mágicas apropriadas.

Dito isto, depois de considerar o perigo de reter qualquer coisa que carregasse até
mesmo a fraca possibilidade de permitir que outros rastreassem sua posição, Suzuki
Satoru decidiu distribuir essas moedas por toda parte. Ele manteve isso em segredo de
Keno.

Naturalmente, enquanto ele dominava os membros da Corpus do Abismo, ele lhes per-
guntara várias vezes se itens poderiam ser usados como rastreadores. No entanto, ne-
nhum deles tinha ouvido falar de alguém fazendo uma coisa dessas. Dito isto, se até
mesmo Suzuki Satoru pudesse pensar em uma armadilha como essa, quem poderia afir-
mar que os membros da Corpus do Abismo não poderiam fazer o mesmo?

Se é algo que eu posso fazer, outros também podem... quem sabe, pode haver um ser lá fora
que possa me controlar com alguma magia de dominação undead.

Tanto ele quanto Keno estavam equipados com equipamentos que melhoravam suas
resistências à dominação de undeads, mas isso não era garantia de proteção. Mesmo Su-
zuki Satoru, que era um necromante extremamente especializado, não podia alegar isso.
Além disso, o conhecimento de Suzuki Satoru estava enraizado com YGGDRASIL.

Era verdade que a maior parte de seu conhecimento sobre YGGDRASIL havia se mos-
trado correto nos últimos cinco anos, o que também ajudou muito Suzuki Satoru. Mas
também era verdade que certas coisas — como o funcionamento do 「Wish Upon A Star」
— haviam sido alteradas. Nesse caso, não poderia ser descartado a dominação de um
undead de nível 100.

O descuido era a província dos tolos.

Suzuki Satoru não se incomodaria mesmo se a Corpus do Abismo capturasse aquele ho-
mem para interrogatório.

Aquele homem não conhecia o verdadeiro rosto de Suzuki Satoru e a maioria das coisas
que ele disse eram mentiras. Qualquer coisa que pudessem aprender com ele só acabaria
protegendo Suzuki Satoru.
Até mesmo aprender que Suzuki Satoru o tinha empregado não seria um problema. Se
os membros da Corpus do Abismo tentassem usar isso contra ele, aí sim que eles dança-
riam na palma de sua mão. Afinal, ele pode acabar aprendendo mais com eles quando os
atacasse como resultado disso.

...Mas nada aconteceu com eles até agora. Eu já paguei duas vezes... ah, bem, eu não vou
perder nada, mesmo que meus esforços tenham sido em vão. Mas a situação em que estou
agora... é lavagem de dinheiro?

Enquanto pensava distraidamente sobre tudo isso, Suzuki Satoru pagou ao barman três
vezes o valor do que o homem bebeu até agora.

Não havia como dizer quanto mais o homem beberia, mas já que Suzuki Satoru acabara
de pagar um valor muito acima do consumido, o homem poderia muito bem pagar de seu
próprio bolso qualquer valor extra vindo de seus consumos. Com esse pensamento em
mente, Suzuki Satoru saiu do bar.

♦♦♦

O homem — Bets Ku Proun (Bets, filho de Proun, da tribo Ku) bebera bastante, e ele
podia sentir o álcool circulando em suas veias. Ainda assim, não foi suficiente para fazê-
lo instável em seus pés. Ainda estava tudo bem desde que apenas retardasse seus pensa-
mentos. Sendo um mercenário que tinha feito o seu quinhão de inimigos, Bets não mos-
traria qualquer ponto fraco.

Embora houvesse momentos em que ele realmente se embriagara para atrair o inimigo,
nos ditos momentos ele tinha amigos por perto. Mas hoje não havia amigo algum.

Eu até queria que eles seguissem o cliente... na verdade, fazer isso seria estúpido.

O instinto de mercenário disse a ele que isso seria o mesmo que pisar na cauda de um
Dragão.

Bets acenou para o garçom.

“A conta, por favor.”

Ele tinha a algibeira em um bolso interno e um saco tão cheio que era difícil de carregar.
Comparado com o pagamento que o cliente havia lhe dado, suas despesas aqui não eram
nada de mais.

“Não, não há necessidade disso.”

Ao ouvir o que o garçom disse depois de se aproximar, Bets riu alegremente.

“Oh, desculpe por isso.”


Ele havia apenas feito uma brincadeira, mas parece que seu cliente não estava com pro-
blemas financeiros, a julgar pela maneira como ele podia pagar em nome de Bets sem ao
menos beber nada.

Ele gostaria muito de ter brindado com o cliente em agradecimento, mas o copo diante
dele estava vazio, e ele não estava com vontade de pedir mais.

Hora de dar o fora, ele pensou. Foi só quando ele se levantou que percebeu que o garçom
ainda não havia se afastado na frente dele.

Por alguma razão, um olhar cheio de perigo começou a surgir em seus olhos quando o
garçom começou a falar.

“Estimado cliente. Posso saber quem era seu convidado?”

“Hm?”

As sobrancelhas de Bets se contorceram em desgosto. Pensar que ele estava realmente


pedindo informações pessoais sobre um cliente — Que tipo de treinamento esse lugar
dava a seus funcionários?

Talvez ele não tivesse se importado com a pergunta se isso fosse alguma espelunca em
algum buraco isolado da cidade. Mas esse lugar era diferente. Deveria ter havido um res-
peito pela privacidade de seus clientes, algo que correspondesse ao valor que cobravam.
Então provavelmente existia alguma influente aliança apoiando este lugar. Era necessá-
rio um certo grau de poder para afugentar a ralé. Talvez eles possam ter laços com orga-
nizações ilegais, a fim de lidar facilmente com clientes rudes.

“Sinto muito pela indiscrição. Aquele cliente estava vestido com roupas requintadas, en-
tão eu estava me perguntando que tipo de pessoa ele deveria ser. Havia algo bem inte-
ressante nele.”

Nas entrelinhas do garçom, o até então calado Bets entendeu. Em outras palavras, eles
diziam: “nós também lhe forneceremos informações, então, por favor, revele algo para nós”.

“Ah, as roupas dele, ah—”

“A alfaiataria, o bordado, o material, tudo de ótima qualidade. Não seria errado consi-
dera-lo como um dos clientes mais bem vestidos que tivemos aqui até agora — o mais
bem vestido, na verdade. E sendo honesto, não faço idéia do que aquelas roupas são fei-
tas.”

Se até mesmo os funcionários deste estabelecimento não sabem, então deve ser algo
incrível.
Embora fosse a primeira vez que Bets chegara aqui, ouvira dizer que esse lugar era fre-
quentado pela mais alta ordem de cidadãos. Talvez os chefes tribais — no nível dos reis
— possam vir aqui.

Ei ei ei, a roupa era mesmo tão incrível assim... mas honestamente, de onde veio aquele
cara?

“Então ele é mais incrível que um chefe tribal?” Ele queria perguntar isso, mas isso pode-
ria ser interpretado como venda de informação. Bets não tinha intenção de ir mais longe,
então ele deu de ombros.

“Ouvi dizer que ele é um comerciante.”

Isso soa incrivelmente falso...

Pensou Bets, mas ele havia dito mesmo assim e:

“Então, eu acho que é feito de tecido de uma terra distante. Quem sabe, pode ser apenas
coisa barata e comum por lá.”

“Certamente é um gracejo seu. Se realmente fosse algo barato, como diz, então ele deve
ter negociado com nações muito avançadas... definitivamente não é um país da região.”

“Isso não significa que ele deve ter vindo de um lugar ainda mais distante, então?”

Embora ele dissesse isso, era verdade que mesmo Bets estava muito interessado em seu
cliente.

Bets sentia que dizer que ele era um comerciante não estava muito longe da verdade.
Isso porque ele não podia sentir nem uma pitada de violência de seu cliente — ele sentia
que não passava de uma pessoa comum.

Quando ele os contratou pela primeira vez, um dos amigos de Bets, um guerreiro besta,
bufou e concluiu que ele era um oponente facilmente derrotável. Mas da segunda vez, ele
começou a ter suas dúvidas.

Para começar, o conteúdo desta missão era bastante estranho, isso ficava claro para
qualquer um que pensasse um pouco. Era como se ele estivesse enviando-os porque sa-
bia que haveria algo para encontrar. Além disso, o que seu cliente ganharia ao aprender
sobre tais coisas?

Era como se ele estivesse deliberadamente vazando informações.

Parecia que ele estava tomando precauções para evitar que Bets bisbilhotasse demais,
mas havia a possibilidade de os estar enganando o tempo todo. Se fosse o primeiro, isso
aliviaria as suspeitas em seu coração, mas o medo em seu coração não desapareceria se
fosse o último.

Contudo—

“Eu sinto Muito. Um cliente como aquele, que paga sem resmungar e que até paga a
conta das minhas bebidas, é o melhor cliente que eu poderia ter. Não há nada que eu
possa te dizer.”

—Não havia necessidade de pisar na cauda do Dragão.

A riqueza de uma cidade — não, três cidades — era o suficiente para fazê-lo babar. Mas
se as ações daquele homem fossem apoiadas por um país, seria problemático caso algum
rancor surgisse entre os dois.

Levar o tesouro e fugir para outro país seria uma coisa, mas tal questão não era tão sim-
ples assim. Às vezes, o ódio pode atrair uma vingança inimaginável. Bets não queria pas-
sar o resto da vida sendo caçado por assassinos de elite contratados por algum país.

Enquanto sua contraparte não o traísse, Bets não o trairia também. Esse era o segredo
da felicidade de Bets.

“Mesmo? Então eu peço desculpas.”

O garçom trouxe uma algibeira estufada de dinheiro. O que é isso? Bets perguntou com
os olhos, e então o garçom respondeu:

“As bebidas foram por conta da casa, então estou devolvendo o pagamento. Por favor,
volte sempre e agradeça a seu cliente em nosso nome.”

Este era provavelmente um pedido de desculpas do bar por inquirir sobre um cliente,
ou era dinheiro para ele ficar calado sobre o assunto?

Por um momento, Bets quis recusar. Mas ele decidiu que seria uma má jogada, e seme-
aria as sementes da má vontade entre ele e o bar.

Embora ele não achasse que isso colocaria sua vida em risco, tudo dependeria das in-
tenções do bar para com o cliente de Bets. Se Bets quisesse manter laços com seu cliente,
então algo poderia acontecer a ele antes que pudesse dizer ao cliente coisas desnecessá-
rias.

Para evitar ser silenciado, ele deveria aceitar.

Nesse caso, é melhor não perguntar sobre o assunto.

Bets pegou a algibeira, ele estava um pouco irritado.


“Eu voltarei sim.”

Não faria mal ser educado.

“Esperamos seu retorno.”

Depois de ouvir o garçom falar atrás dele, Bets saiu.

Ao longo do caminho, ele abriu a algibeira que o garçom lhe dera e viu uma gema valiosa
entre as moedas de ouro. Seu empregador provavelmente não havia dado isso para pagar
as bebidas, então seria melhor tratá-la como pagamento para manter sua boca fechada.

Bets não tinha os sentidos aguçados de um Ranger ou um Ladino, mas tinha seus pró-
prios sentidos aperfeiçoados após muitas batalhas. Ele fez seus instintos ficarem em
alerta máximo e tomou uma rota indireta de volta para sua própria pousada para verifi-
car se ele estava sendo seguido.

Parte do primeiro andar era uma cafeteria e seus amigos bebiam em um canto.

“Yo.”

De relance, ao ver o rótulo da garrafa de vinho, ele percebeu que era algo fora do habi-
tual — era o melhor que a pousada tinha. Claro, não era nada comparado ao bar onde
Bets acabara de beber.

“Bem-vindo de volta — parece que as coisas terminaram na monotonia de costume. Ve-


jam só, você parece feliz, cheira a álcool e ainda chegou tarde.”

O homem que disse isso tinha cerca de 120 centímetros de altura. Ele não era uma cri-
ança, mas um adulto feito. Ele pertencia à raça humanoide conhecida como Dwarf da Co-
lina. Eles eram parentes dos Dwarfs, mas tinham uma afinidade com a profissão de ran-
ger além de senso de direção aguçado.

“Afinal, você teria voltado mais cedo se algo tivesse acontecido.”

O orador era um homem cuja lança estava encostada na parede. Ele tinha a cabeça de
[Homem-Cobra]
uma serpente e todo o seu corpo estava coberto de escamas. Ele era um Snakeman, uma
raça demi-humana.

“Ahhh, ele pagou a quantia que ele prometeu. Nem uma moeda a mais.”

“Hah, e parece que mesmo que tivesse, já teria bebido tudo. Eu não bebo álcool, então
não gaste dinheiro do grupo só com você.”
“Mas você comeu um amontoado de carne fresca, não é? Nisso você não se importa em
gastar o dinheiro do grupo, né?”

A pessoa que o dizia era um humanoide cuja raça era parente dos Orcs. Seu corpo mus-
culoso fez com que ele parecesse duas vezes o tamanho de Bets. Foram nomeados de
“Orks”, mas a verdade era que eles eram mais como um espécime superior do mesmo,
um equivalente muito parecido entre os Hobgoblins e Goblins.

A arma em sua cintura tinha mais de dois metros de comprimento e era conhecida como
odachi. Ele poderia habilmente manejá-la como um ronin.

Além desses três, havia outros dois que não estavam presentes e também eram compa-
nheiros de Bets.

“Certo, vamos avaliá-las. Bets, mostre as gemas.”

Bets entregou a bolsa com as gemas para o Dwarf da Colina. Ele colocou o conteúdo
sobre a mesa e começou a avaliá-los à luz da lâmpada. Ele levou um minuto para cada
antes de terminar. A essa altura, seus amigos já haviam terminado de contar as moedas
de ouro e o informaram da quantia.

“Certo. A soma é o que nós concordamos. As gemas podem ser vendidas por mais, mas
aí depende do comprador, isso não é culpa do nosso cliente.”

O Snakeman virou a cabeça em um ângulo que os humanos não conseguiam e olhou para
Bets. Mesmo que ele estivesse acostumado a olhar para aqueles olhos que não mostra-
vam nenhuma emoção, isso ainda deixava Bets desconfortável.

“E então, por que ele pagaria tanto por um trabalho tão simples? Descobriu alguma coisa
depois de alguns drinques com ele?”

Foi por isso que eles escolheram se encontrar naquele estabelecimento incrivelmente
sofisticado.

Considerando que o trabalho era apenas para verificar uma cidade — mesmo sendo
uma infestada de undeads, o nível dos Zombies não era nada de mais para eles — essa
era uma quantia ridiculamente generosa. Isso foi o que incomodou Bets sobre as verda-
deiras intenções de seus clientes.

Contudo—

“Nadinha.”

Bets encolheu os ombros. Ele já havia concluído que seria mais seguro não insistir nisso.

“Ei ei... será que em breve seremos visitados por recuperadores?”


Recuperadores era um modo neutro de se referir a assassinos e afins.

“Não sei... Nós fizemos bem o nosso trabalho. Não acha que ele prefere nos usar em vez
de nos matar?”

“Bem, um outro trabalho me deixaria mais à vontade.”

“Que pena. Eu fiz o meu melhor para nos vender, mas o cliente não tinha mais nada por
agora. Ele pode estar falando com o chefe dele ou algo assim.”

Depois de verificar o olhar sério nos olhos de seus amigos, Bets começou a contar-lhes
sobre sua conversa no bar e suas próprias postulações.

“Ah~ nesse caso, acho que sua conclusão está correta, Bets. Ou melhor, não consigo pen-
sar em mais nada.”

“Sim. Ele deve ser de algum país. Ah~ roubar o tesouro de três cidades seria um sonho~”

O Dwarf da Colina concordou com as palavras do Ork. O bando de mercenários de Bets


era um grupo de especialistas e eles estavam confiantes de que não perderiam na região.
Mas muito parecido com Bets, eles não queriam passar a vida fugindo.

“Então, o que devemos fazer? Fizemos muitos trabalhos aqui. O ressentimento está co-
meçando a crescer.”

“Isso é verdade. Talvez devêssemos ir para Soba. Eu ouvi dizer que um cara chamado
Tsa, dos países do leste, está recrutando mercenários talentosos. Pode ser uma boa idéia
ir até lá. De qualquer forma, devemos nos preparar para sair.”

Depois de ouvir seus companheiros expressarem sua aprovação, Bets assentiu.

♦♦♦

Suzuki Satoru andou uma curta distância depois de sair do bar e, em seguida, entrou em
um pequeno beco.

Depois de garantir que não havia ninguém lá, ele lançou 「Perfect Unknowable」.

Ele esperou por quase um minuto, mas ninguém entrou naquele pequeno beco.

Parece que ele poderia ter certeza de que não estava sendo seguido. De acordo com seus
experimentos, Suzuki Satoru sabia muito bem que havia poucas entidades preciosas
neste mundo que eram poderosas o suficiente para ver através de magias deste nível.

Suzuki Satoru lançou 「Fly」 e subsequente a isso 「Greater Teleportation」.


Seu destino era um ponto a um quilômetro acima da cidade.

O clamor da noite não poderia chegar tão alto. Era um lugar iluminado apenas pela luz
suave da lua.

Suzuki Satoru habilmente cruzou as pernas no ar e retirou um mapa de seu inventário,


que colocou em suas pernas.

Vejamos... este lugar também sofreu a conversão undead. Que significa...

Ele pegou uma caneta e marcou as cidades que os mercenários haviam visitado.

Os olhos de Keno se arregalariam se ela tivesse visto isso. O mapa foi primorosamente
desenhado e retratava os países perto da terra natal de Keno. Foi feito gastando uma
grande quantidade de moedas de ouro roubadas da Corpus do Abismo. Se o pessoal da
inteligência dos países vizinhos tivesse visto isso, eles teriam pagado fortunas para obtê-
lo.

Durante os cinco anos desde que partiram, Suzuki Satoru passou muito tempo condu-
zindo investigações e descobriu que a conversão Zombie havia afetado uma área muito
grande. Embora ele não tivesse certeza exatamente do quando ocorreu cada uma, a aná-
lise da informação que ele havia coletado sugeriu que o intervalo de tempo entre cada
instância não tinha sido muito grande.

A questão de quem tinha feito isso e seus objetivos permanecia obscura, mas parecia
que não estava centrada em Keno, e era muito improvável que a Corpus do Abismo ti-
vesse feito isso. Se a Corpus do Abismo tivesse um magic caster que pudesse desencadear
um fenômeno como este em uma área tão ampla, então eles não teriam sido mortos um
por um tão facilmente.

A probabilidade era que algo desse porte não tenha sido feito através do poder pessoal
dos membros da Corpus do Abismo, mas sim por algum item, também era similarmente
muito baixa. Portanto, seria melhor não dizer a Keno que a caçada a “Corpus do Abismo”
foi feita para obter fundos e roubar a pesquisa que haviam gasto tanto tempo compilando.

Ele guardara todas essas coisas de Keno, porque simplesmente ela era gentil demais.

Ninguém mais importava para Suzuki Satoru além de si mesmo e Keno. Ele simples-
mente agiu com seus interesses como prioridade. No entanto, ela não teria pensado de
forma tão simples. Portanto, esconder essas coisas evitaria sobrecarregá-la com excesso
de culpa.

Nesse caso — qual lugar é o mais suspeito? Depois de analisar as informações que coleci-
onei, a conversão parece estar limitada a essa região.
O dedo de Suzuki Satoru apontou para as cidades seguras, que não haviam sido marca-
das.

Isso significa que— A linha de visão de Suzuki Satoru moveu e depois parou em um canto
do mapa.

O fenômeno da conversão Zombie estava toda dentro do raio de uma cadeia de monta-
nhas, uma cordilheira.

Havia uma lenda em torno daquela cordilheira.

Em algum lugar da cordilheira uma fonte de sabedoria estava, e banhando-se lá, a sa-
bedoria era conquistada. Muitas provações aguardavam os destemidos, mas retornar
da cordilheira ninguém jamais havia conseguido.

No entanto, aquela cordilheira também era o covil de Wyverns e outros monstros pode-
rosos, então era muito provável que esses monstros fizessem de qualquer aventura uma
viagem só de ida, isso antes mesmo pudessem morrer em alguma provação.

Pode ser divertido verificar a veracidade da lenda, mas havia algo que ele tinha que fazer
antes disso.

Suzuki Satoru disse calmamente o nome do pico mais alto daquela cordilheira.

“Keitenias, huh.”

Ele não tinha provas de que era a fonte do fenômeno. Ele simplesmente se lembrava de
Brightness Dragonlord, que tinha se abrigado no pico mais alto do continente.

Afinal de contas, havia uma margem de erro muito grande quando se considerava a es-
cala do mapa, mesmo que ele estivesse procurando o centro do raio que propagou a con-
versão.

Se realmente estivesse lá, considerando que a fonte do fenômeno fosse um item mágico,
e supondo que a conversão aconteceu durante o transporte, então, realmente não have-
ria esperança. A dificuldade de encontrá-lo seria como tentar encontrar uma pérola no
deserto.

E mesmo se tivesse sido causado por alguém, eles provavelmente teriam fugido para
longe e escondido até então.

Nesse caso, não havia como os sábios das nações vizinhas não terem pensado em algo
que até mesmo Suzuki Satoru conseguiu descobrir.

Mas ainda era possível.


Sim, isso era realmente possível.

Era possível que ninguém tivesse enviado equipes de investigação.

Suzuki Satoru havia usado 「Greater Teleportation」 para viajar entre os países vizi-
nhos, gastava uma grande quantidade de recursos e até contratava pessoas para condu-
zir investigações, mesmo com a falta de retornos imediatos.

Se alguém tivesse feito o que Suzuki Satoru fez, eles teriam chegado à mesma conclusão.
No entanto, provavelmente não havia ninguém que tenha feito isso até hoje. Mesmo que
houvesse pessoas que quisessem tomar medidas para verificar suas informações, elas
levariam mais tempo do que Suzuki Satoru para obter informações do mesmo padrão
que ele possuía.

Em outras palavras, Suzuki Satoru provavelmente era a pessoa mais próxima de des-
vendar esse mistério.

Nesse caso, ele pode encontrar algo deixado para trás que possa funcionar como uma
pista.

Mesmo assim, ir lá também seria muito problemático. Isso porque ele não podia se te-
letransportar para um lugar onde nunca estivera antes. Ele só poderia se teletransportar
para uma cidade próxima e depois ir a pé de lá. Naturalmente, isso desperdiçaria muito
tempo, e ele teria que explicar várias coisas para Keno. Depois de tantos anos juntos, ele
mal conseguira blefar com ela, e quando pensou nisso, a cabeça de Suzuki Satoru doeu.

Um certo dia há dois anos, Keno parou de mencionar coisas relacionadas a seu povo.

Antes disso, ela estava procurando uma maneira de reverter a conversão Zombie e aju-
dar seu povo. Mas desde o dito dia— não, mesmo vários dias antes disso, ela já havia
parado de comentar sobre eles. Depois do ocorrido, ela parecia contente em continuar
em suas aventuras juntos.

Teria ela realmente desistido ou simplesmente enterrado seus desejos profundamente


em sua psique? Suzuki Satoru não sabia dizer qual era o caso. Ou talvez Keno tivesse
escondido muito bem, ou talvez Suzuki Satoru fosse muito ruim em ler os corações dos
outros. Cavar fundo demais nos corações dos outros também não era bom, e assim que a
situação se desdobrou até aqui.

...Bem que eu poderia ter perguntado. Mesmo assim, eu não fiz nada. Foi porque eu não
queria sentir o desamparo de não ser capaz de aliviar o sofrimento de uma companheira
de viagem?

Para Suzuki Satoru, as únicas pessoas que o acompanharam em aventuras durante tanto
tempo foram os membros da Ainz Ooal Gown, e pelo passar do tempo, Keno superou até
mesmo eles. Portanto, ele escolheu não mexer nesse assunto e deixar seus sentimentos
ficarem em um lugar confortável.

Eu sou realmente um inútil... mas o que eu farei daqui em diante?

Coletar essa informação era simplesmente uma questão de interesse da parte dele. Ao
mesmo tempo, também foi para encontrar uma maneira de aliviar a dor de Keno, mesmo
que apenas um pouco. No entanto, depois de reunir tanta informação e identificar um
local suspeito, ele começou a ficar meio desconcertado.

Ele não sabia se havia algum mérito em fazer isso. No entanto, alguns deméritos vieram
à mente.

Se houvesse alguém lá que desencadeou esse fenômeno — um evento abrangente que


indiscriminadamente trouxe tragédia às pessoas — então não havia como ser algo nor-
mal. Se ele realmente encontrasse essa pessoa, certamente a batalha seria inevitável.

Havia algum ganho em oposição a alguém que pudesse afetar uma área que nem mesmo
a magia de YGGDRASIL poderia alcançar?

Não era como se a conversão Zombie fosse recorrente, e mesmo que isso acontecesse
novamente, seria muito improvável que isso afetasse Suzuki Satoru e Keno.

E se essa mudança pudesse converter Overlords e Vampiros em meros Zombies, então


seria mais seguro evitar pessoas que pudesse exercer esse tipo de periculosidade.

Se foi apenas devido ao funcionamento incomum de um item, então recuperá-lo pode ser
uma boa idéia... Eu definitivamente quero colocar minhas mãos em um item World-Class
desconhecido. No entanto, se alguém tivesse deliberadamente feito isso, qual seria o obje-
tivo de desencadear tal fenômeno?

Talvez ele pudesse formular uma resposta se soubesse o objetivo da oposição, mas
agora ele simplesmente não sabia o suficiente.

Suzuki Satoru tocou seu próprio item World-class em sua barriga.

Qual é mais perigoso, esquecer isso ou ir investigar?

Se alguém realmente estivesse se escondendo nas sombras planejando repeti-lo, seria


uma má idéia dar-lhes tempo.

Se eles estivessem no nível de Brightness Dragonlord e ele simplesmente sentasse para


observá-los ficarem mais fortes, então tudo que ele poderia fazer era correr e se esconder.

Parece que os Dragonlords são hostis com os jogadores de YGGDRASIL... se alguém assim
conseguir ficar mais forte, não vou conseguir lidar com eles sozinho, não é? Eu me safei
mesmo contra o Brightness Dragonlord — não, foi apenas um empate porque eu fugi... bem,
se aquilo é tudo que ele pode fazer, eu vou ser capaz de vencê-lo na próxima vez.”

Ele não estava sendo um mau perdedor ou sendo teimoso.

Ambos esconderam seus trunfos e testaram os golpes da oposição, estava tudo em pre-
paração para a próxima batalha.

Suzuki Satoru sempre fez isso no PVPing de YGGDRASIL. Seguindo à regra de vitória
melhor de três, perder a primeira batalha não era problema. Isso não mudou, mesmo que
sua vitória determinasse a vida ou a morte.

A vantagem desse estilo de luta permaneceu, mesmo quando lutava em circunstâncias


extremas, mesmo não sabendo se ele poderia ressuscitar após a morte.

A estratégia para conquistar a vitória, ensinada por seu antigo amigo, ainda estava in-
tacta.

—Não.

Foi precisamente porque ele estava lutando em uma situação tão terrível que ele deve-
ria colocar ainda mais fé em seus velhos amigos.

Dito isto, Suzuki Satoru não queria lutar contra um inimigo daquele nível novamente.
Era melhor evitar o perigo.

A maneira inteligente de fazer as coisas era apenas lutar as batalhas que ele estava con-
fiante de ganhar e fugir se fosse perder.

Suzuki Satoru olhou para o mundo em sua volta.

Pontos brilhantes de luz permaneciam, mesmo quando o mundo à noite estava enco-
berto em silêncio.

Talvez seus velhos amigos poderiam ter dito: “Eu quero proteger esse mundo maravi-
lhoso!” ou algo assim. No entanto, esse sentimento não tomou conta do coração de Suzuki
Satoru.

Entretanto.

“Isso realmente me irrita...” Ele murmurou para si mesmo.

Certamente.

Neste instante, Suzuki Satoru estava realmente muito irritado.


Capítulo 04: Os Transcendentais
Parte 1

m, Satoru, por que viemos aqui?”

H Essa cordilheira suspeita era o destino dessa jornada.

De particular interesse a cidade perto da Cordilheira do Monte Keitenias.

Era uma cidade da Aliança Miscigena de Aina, localizada perto das montanhas — em
outras palavras, vizinha de Inveria — Seruk-3.

Embora não fosse a capital da Aliança Miscigena de Aina, era uma das maiores cidades
dos países vizinhos e contava com uma população de mais de 400.000 habitantes. Os dois
estavam viajando para a cidade por quatro dias agora, utilizaram sua carruagem com
vagão coberto como meio de transporte. Keno não conseguiu mais se conter e fez essa
pergunta.

Fazia cinco anos desde que haviam deixado Inveria.

Eles nem haviam se aproximado antes, mas de repente, mudaram completamente sua
direção original de viagem, se moveram em direção a Seruk-3, não fazia sentido culpar
Keno por reagir assim.

Na verdade, ele não tinha motivos para continuar escondendo a verdade de Keno. Tudo
o que ele tinha que fazer era dizer: “Esta cordilheira pode conter a razão pela qual você se
tornou undead, então eu queria dar uma olhada.

Mesmo assim, Suzuki Satoru não conseguiu dizer isso.

Isso porque até mesmo Suzuki Satoru não conseguia explicar suas razões para vir aqui.

Por sua parte, a curiosidade era a maior motivação para Suzuki Satoru ir para lá, mas se
ele realmente dissesse isso, Keno teria indagado sua explicação de vários ângulos e, em
seguida, o feito mudar o rumo da viagem. Se Keno dissesse: “Não há razão para você se
colocar em perigo, Satoru”, então Suzuki Satoru só seria capaz de responder: “Bem, sim”.

A outra razão foi porque Suzuki Satoru não queria criar falsas esperanças em Keno.

Quanto maior as esperanças e expectativas acumuladas, maior seria a decepção. Era


como se Suzuki Satoru se agarrasse à esperança de que seus companheiros de guilda
retornariam e tivesse caído em desespero quando percebeu que ninguém tinha vindo.

Há três anos, Suzuki Satoru viu Keno fingir que estava perdendo a esperança. Nesse caso,
o que aconteceria se Suzuki Satoru lhe desse esperança agora?
Suzuki Satoru ficou claramente inquieto ao vislumbrar o passado — a Keno do passado.

Portanto, ele fez o seu melhor para blefar com ela.

“Hm? Por nada.”

“...Mesmo?”

Keno se virou para dar uma olhada no rosto de Suzuki Satoru, mas Suzuki Satoru não
estava com medo. Seu rosto esquelético estava inexpressivo e ele não precisava se preo-
cupar com o bater de seu coração.

Em outras palavras, ele provavelmente poderia mentir sem ser descoberto.

No entanto, a maneira como Keno estreitou os olhos e ficou olhando para Suzuki Satoru
o fez se sentir um pouco desconfortável. Embora seu corpo não pudesse suar, ele ainda
enxugava as mãos que seguravam as rédeas em seu manto.

E então, Keno interrompeu.

“Menti~roso~”

“Eu não estou mentindo”, respondeu Suzuki Satoru imediatamente. Ele estava enga-
nando a si mesmo, deve ter sido por isso que ele pôde responder tão rapidamente. Até
mesmo quis elogiar a si mesmo depois disso.

Suas palavras foram impecavelmente ordenadas e ele não demonstrara emoção alguma.
Certamente qualquer um que os ouvisse pensaria que Suzuki Satoru estava dizendo a
verdade. Contudo...

“Você é sim, Satoru. Você deve estar em algum tipo de dificuldade. Estamos viajando por
cinco anos — mesmo que isso não apareça no seu rosto, eu posso dizer se você está men-
tindo.”

“...”

Havia poder nas palavras de Keno, e ele podia sentir a grande confiança que ela impunha.
Ela estava certa de que Suzuki Satoru tinha outro objetivo em mente. Ele queria dizer
que não passava de devaneios, mas ela tinha visto através de suas mentiras.

Suzuki Satoru inconscientemente tocou seu rosto desprovido de carne. Era frio, ósseo e
esquelético, sem qualquer indício de expressões — como poderia um rosto assim produ-
zir emoções que Keno pudesse ler?

“...Muito bem, Keno...”


Suzuki Satoru suspirou, como se desistisse. Keno riu alegremente com um “Fufufu”.

“Já faz cinco anos. Eu posso adivinhar o que você está pensando. Afinal, eu estive ao seu
lado todo esse tempo.”

“Se passaram cinco anos, huh. De fato, depois de tanto tempo, é possível que você seja
capaz de dizer meu humor apenas olhando para o meu rosto.”

As expressões faciais de personagens em YGGDRASIL não poderiam mudar. A única ma-


neira de dizer como alguém estava se sentindo era pela voz. Produzir uma voz normal e
minimizar as nuances não era uma habilidade única para Suzuki Satoru. Quando ele es-
tava deprimido, outra pessoa também percebera como ele fazia o possível para não dei-
xar transparecer.

As palavras que a pessoa havia dito ainda permaneciam em seu coração: “Somos amigos,
afinal. É provavelmente por isso que eu pude entender.”

“—Na verdade, é isso mesmo, Keno.”

“Hm? O que há de errado? Está se sentindo sozinho? ...Ou feliz demais? Satoru?”

“Ah... isso mesmo. A maneira como você é capaz de entender meus sentimentos defini-
tivamente não é solidão, Keno. Se eu tivesse que colocar em palavras... seria gratidão.”

Suzuki Satoru soltou as rédeas nas mãos.

Ele havia se decidido.

Ele havia se preparado para isso.

Ele estava cheio de determinação que nunca seria abalada.

Por essa razão, Suzuki contou a mentira que ele havia preparado de antemão.

“Nosso destino é uma cidade da Aliança Miscigena de Aina, Seruk-Três. Eu descobri que
há um item raro lá, e nosso objetivo desta vez é recuperá-lo.”

“Mentindo de novo? Eu não tenho muita certeza, mas ainda parece que você está men-
tindo. Bem, não importa. Sinto que está escondendo alguma coisa, mas deve estar preo-
cupado comigo, certo, Satoru?”

Suzuki Satoru hesitou sobre se ele deveria ou não afirmar, mas isso significava admitir
que ele estava mentindo.

“Tudo bem, Satoru. Não se preocupe com isso. Vamos logo.”


“Ah, obrigado, Keno.”

Ao se aproximarem das fronteiras da Aliança Miscigena de Aina, encontraram o cami-


nho bloqueado por uma longa linha defensiva. Não era feito de blocos de pedra pesados,
mas de uma simples cerca de madeira.

Não era difícil imaginar que tivesse sido construída para conter a disseminação dos
Zombies. Tais estruturas defensivas seriam suficientes para lidar com Zombies errantes,
mas a verdadeira força dos Zombies estava em seus números. Se uma horda de uma na-
ção inteira — aos milhões — inundasse de uma só vez, seria completamente inútil. No
entanto, alguns poucos anos não seriam suficientes para construir uma cerca de quilô-
metros de extensão ao redor das fronteiras de um país.

Ele parou a uma certa distância e usou 「Fly」 para explorar rapidamente a área, mas
não encontrou nada equivalente a um posto de controle. Todas as estradas que levavam
à Aliança Miscigena de Aina estavam fechadas. Além disso, ele havia avistado patrulhas.

Ele sabia que provavelmente não os deixariam passar, mesmo que ele lhes pedisse “por
favor, nos deixem passar”. Portanto, ele usou 「Gate」 para teleportar tanto o vagão,
quanto ele e Keno.

Depois disso, eles conduziram o vagão pelas estradas não utilizadas. Eles sentiram que
não havia necessidade de fingir acampamento ao cair da noite, então mantiveram a ve-
locidade e viajaram dia e noite.

Eles passaram por várias cidades cheias de Zombies errantes e estavam a menos de um
dia de distância de Seruk-3. No entanto, quanto mais se aproximava da cidade, mais eles
sentiram que algo estava errado.

“Isto é estranho.”

“Concordo, é muito estranho”.

Eles tinham visto todos os tipos de Zombies no país de Keno. Nem todos eles tinham
sido humanos anteriormente. Parece que todas as coisas vivas acima de um certo tama-
nho foram convertidas em Zombies. Na natureza, eles haviam encontrado Zombies ani-
mais de grande porte. O mesmo valia ao longo da Aliança Miscigena de Aina.

No entanto, eles estavam longe de serem vistos quando se aproximaram de Seruk-3.

Talvez alguém tivesse exterminado os Zombies, mas se fosse assim eles também teriam
eliminado os animais Zombies ao ar livre.

Esse era o problema.


Suzuki Satoru olhou para o horizonte. Seruk-3 está à frente no fim do percurso, e mais
além estava o Monte Keitenias.

Se esse fenômeno fosse limitado à área circundante, então deveria haver algum tipo de
conexão lá.

Nada mais aconteceu depois disso, e eles chegaram ao portão principal de Seruk-3. De-
pois disso, a cordilheira a qual o Monte Keitenias pertencia lentamente apareceu.

O portão mostrava o tamanho e o esplendor da cidade.

A Aliança Miscigena de Aina era originalmente um país formado pela união de muitas
raças. Entre eles estavam gigantoides altamente inteligentes. Talvez esse fosse o elo en-
tre os fatos.

No entanto, não havia Zombies visíveis nas cercanias da cidade.

Em algumas cidades, podia-se ver Zombies saindo do portão da cidade, mas não havia
ninguém à vista aqui. Certamente, esse não seria o caso se o portão estivesse fechado.

Mas os portões estavam abertos.

...Poderia esta cidade ter algum tipo de proteção que a impediu de sofrer a conversão?

Suzuki Satoru imediatamente descartou essa noção.

A população de Seruk-3 era de 400.000 habitantes.

Certamente, muitos sobreviventes teriam causado um grande alvoroço. Se eles não ti-
vessem abandonado a cidade, então teriam ficado aqui e teriam tomado medidas de se-
gurança extensas.

No entanto, nem um único sussurro veio de Seruk-3, sem mencionar qualquer tipo de
segurança.

Era verdade que eles estavam a alguma distância. Mas as coisas eram muito silenciosas,
mesmo a essa distância.

Não havia moradores nem Zombies. Era como se esta cidade tivesse sido abandonada.

Alguém veio aqui e derrotou os Zombies? Não é totalmente impossível, mas por que eles
não liberaram as outras cidades ao longo do caminho? Ou todos eles foram dominados por
um undead poderoso, como os da Corpus do Abismo?
De fato, este lugar era uma boa localização quando se considerava a distância das cida-
des dos vivos e da conversão Zombie nas redondezas. Já que era uma cidade importante,
deveria ter itens mágicos e livros para pesquisa.

“Este lugar é realmente adequado para as preferências de um magic caster undead.”

Depois de resmungar para si mesmo, a Keno em sua cabeça começou a repreendê-lo, e


assim Suzuki Satoru não teve escolha senão se concentrar e pensar seriamente.

No entanto, eles não tinham informações. Aparentemente não havia outra escolha senão
entrar na cidade.

“...Diga, Satoru. Você está indo para a cidade? Quanto mais nos aproximamos, menos
Zombies vemos... esta é a primeira vez que presenciamos isso.”

“Eu não vim aqui por esse motivo... mas parece que vou precisar conduzir algumas in-
vestigações.”

Suzuki Satoru ficou sem saber o que fazer com Keno depois disso.

Ele deveria conjurar 「Create Fortress」 fora da cidade para criar uma fortaleza e
deixá-la lá por enquanto? Ou deveria trazê-la para a cidade? Ele estava divido em fazer
bom uso dos conhecimentos de sua companheira, ou protegê-la em um lugar seguro.

Seruk-3 não era nada mais que um acampamento base para investigar a cordilheira. Ele
só veio aqui por causa da facilidade de teletransporte.

Ele não esperava esse estado anormal na cidade. Quando pensou calmamente sobre isso,
percebeu que nunca considerara a possibilidade de que o culpado e o causador de tudo
pudesse não ter vindo das montanhas, mas desta cidade. Foi um erro frustrante.

“Eu quero ir também. Ah, aposto que está pensando que é perigoso e que vai me deixar
aqui sozinha, mas eu sei mais sobre o conhecimento mágico do que você. Portanto, vou
com você e, se houver luta, você me protegerá, certo, Satoru?”

“—Ah. Sim. Eu vou te proteger. Esse é o meu trabalho — você é responsável pelo traba-
lho intelectual, enquanto eu cuido de tudo que envolve violência.”

Na verdade, ele se sentiria melhor com Keno se descobrisse alguma pista na cidade.

Sendo esse o caso, poderia Suzuki Satoru, como a pessoa responsável pela força bruta,
proteger Keno em caso de ameaça?

Isso deveria ser possível.


Ele conseguira manter Keno a salvo mesmo quando seu oponente foi um Dragão — Bri-
ghtness Dragonlord —, o mais poderoso inimigo que enfrentara até agora. Para ser pre-
ciso, naquela ocasião ele havia comprado tempo para fugir. No entanto, apenas um tolo
agiria de maneira cega e arrogante. Era preciso traçar seu curso cuidadosamente para o
futuro, e ele não poderia ser descuidado desta vez também.

“Keno, estou te dando o cristal de sempre. Se qualquer um de nós for atacado, você tem
que usá-lo sem hesitar, entendido?”

O item que ele havia produzido em seu inventário era um Cristal Selado, imbuído com a
magia 「Greater Teleportation」.

Cristal Selado eram um dos itens mágicos mais raros. Por sua vez, eles também eram
muito fáceis de usar e, em níveis elevados, eram empregados em grandes quantidades.
Entretanto, Suzuki Satoru não tinha muitos com ele e quase não havia Cristais Selados
nos equipamentos que seus amigos tinham deixado.

Ele havia confiado esse valioso item a ela por segurança.

Suzuki Satoru poderia destruir Keno em um único ataque. Portanto, se ele encontrasse
oponentes que estivessem em seu nível, eles provavelmente poderiam fazer a mesma
coisa.

Era apropriado que eles tomassem precauções extensas para que pudessem lidar com
tal encontro.

Quando Suzuki Satoru entregou o cristal, ele se perguntou se a magia infundida nele era
apropriada.

「Perfect Unknowable」 seria mais útil para fugir, mas 「Greater Teleportation」 era
a melhor escolha se ele quisesse aumentar as chances de sobrevivência de Keno.

Se Keno usasse 「Perfect Unknowable」, o tempo que comprara ainda poderia não ser
o suficiente.

Mesmo possuindo pergaminhos com 「Perfect Unknowable」, alguém do nível de Keno


não seria capaz de usá-lo. Varinhas não podiam conter tal magia, logo Suzuki Satoru não
tinha uma. Se ele quisesse, precisaria de um item World-Class que pudesse permitir que
ele fizesse solicitações aos desenvolvedores. Talvez Keno pudesse usar um cajado, mas
infelizmente Suzuki Satoru não tinha nenhum com 「Perfect Unknowable」.

「Perfect Unknowable」 parecia ser uma magia muito eficaz, mas a sua incapacidade
de ser aplicada aos outros significava que raramente era usada em aventuras grupais.
Embora fosse possível que emboscadores pudessem usá-la, tanto Suzuki Satoru quanto
os inimigos do nível de seu personagem, Momonga, tinham muitas magias ou habilidades
para enxergar através dela.
Na pior das hipóteses, pode-se acabar sendo invisível para amigos, mas não para inimi-
gos, o que significaria que eles não poderiam ser curados ou apoiados por seus amigos.

Em termos simples, muitos jogadores consideraram 「Perfect Unknowable」 como


uma magia ideal apenas para ser usada em si mesmo quando enfrentavam adversários
de níveis mais baixos ou inúmeros oponentes.

Considerando isso, um jogador médio não fazia questão de aprendê-la, mas utilizava
itens consumíveis para compensar o déficit.

Suzuki Satoru era o contrário. Como ele poderia lançar muitas magias, ele escolheu
aprender sozinho, em vez de confiar nos consumíveis. Portanto, ele não poderia dar a ela
quaisquer itens apropriados em um momento como este.

Ele não esperava que essa prática acabasse sendo uma desvantagem em um momento
como este.

“Hum, entendi. Devo definir o destino do teleporte para o lugar de costume?”

Suzuki Satoru expressou seu acordo.

Havia uma pequena casa em uma cidade a mais de 2000 quilômetros de distância que
havia sido definida como um dos destinos de teleporte.
[ C a p a Ghillie]
Depois disso, Suzuki entregou um item Legacy-class conhecido como Ghillie Cloak para
Keno.

Embora parecesse uma capa esfarrapada com tiras de panos e cordões pendurados, era
um item que conferia excepcional capacidade furtiva.

Ainda era quase inútil e sem habilidades de ocultação, mas possuía outros efeitos, e es-
ses efeitos adicionais eram muito bons.

Uma vez que Keno a colocasse, até Suzuki Satoru, de nível 100, veria Keno como um
borrão — como se ela estivesse se misturando na paisagem. Era de fato muito eficaz con-
tra adversários com baixas habilidades perceptivas.

Aliás, Suzuki Satoru tinha esquecido que a havia comprado, e comprou apenas uma peça,
então preferiu mantê-la em seu estado original.

Ele disse a Keno — que estava confusa e indistinta graças aos poderes da Ghillie Cloak
— para lançar 「Fly」 e 「Invisibility」.

Os dois olhavam para a cidade de cima.


A falta de obstruções significava que seus oponentes teriam uma visão clara deles, então
era muito provável que fossem atacados. Por outro lado, também significava que era fácil
coletar informações durante o voo.

Depois de pesar os prós e contras, Suzuki Satoru decidiu que o último era mais impor-
tante. Claro, ele também usou 「Delay Teleportation」 e outras magias para se proteger.
Se eles fossem atacados, ele seria capaz de proteger Keno se ela estivesse por perto. Por
[ H e r ó i s Guardiões]
isso também usava um item mágico legacy-class, Guardian Heroes.

Ao olharem a cidade, a anormalidade desse lugar ficou ainda mais evidente.

“Satoru... não há ninguém aqui.”

“Sim, não há ninguém aqui, e— não há Zombies em canto algum.”

Depois de checar os arredores, ele refletiu sobre a estranheza desta cidade enquanto
descia ao nível do solo com Keno.

A possibilidade que vinha à mente era que alguém havia invadido a cidade e acabado
com 400.000 Zombies.

Mas provavelmente seria muito difícil de fazer.

Não era que eles perderiam para meros Zombies, os mais fracos dentre as criaturas
undeads, mas pelo menos algum cadáver seria visto.

Cadáveres desapareceriam ao longo do tempo em YGGDRASIL, assim como os dos Zom-


bies. Mas neste mundo, os cadáveres dos Zombies deveriam ter permanecido para “sem-
pre” depois de serem derrotados. É claro que os Zombies mortos começariam a apodre-
cer e depois de algum tempo eles se tornariam esqueletos sem vida, depois disso os ossos
se desintegrariam.

Como um aparte, os Zombies em movimento não apodreceriam nem abrigariam vermes,


afinal, eram movidos pela energia negativa. No entanto, uma vez que fossem derrotados,
eles apodreceriam normalmente, moscas poderiam botar ovos neles e pequenos animais
os roeriam, já que a energia negativa não mais estaria presente.

Já fazia mais de 40 anos desde aquele incidente.

Seria possível que alguém tivesse enterrado ou cremado 400.000 cadáveres?

“—Keno, você acha que um exército invadiu este lugar, matou todos os Zombies, enter-
rou e depois saiu?”
“Duvido. Você poderia conseguir cerca de dez mil soldados para cavar um enorme bu-
raco e depois enterrá-los nele, mas ainda assim seria muito óbvio e não há sinais disso
agora.”

“E quanto a cremação?”

“Parece ainda menos provável. Depois de matar um Zombie, poderiam simplesmente


jogá-lo em uma casa e queimá-la junto com ele. Mas, no geral, não vejo nenhum sinal de
cremação.”

Suzuki Satoru também não viu nenhum sinal semelhante.

Ficou claro que Keno havia examinado a área com mais cuidado do que Suzuki Satoru,
mas isso não era motivo para alarme. Isso se tornou um fato claramente estabelecido
durante sua jornada de cinco anos.

“Se houvesse uma maneira de fazer isso, então certamente seria uma assembleia de sa-
cerdotes de alto nível expurgando undeads ao mesmo tempo, não é mesmo?”

“Faz sentido...”

Isso teria desintegrado os Zombies e explicaria sua ausência. No entanto, havia um li-
mite para quantas vezes alguém poderia fazer isso em um dia, sacerdotes de baixo nível
não poderiam usar essa habilidade com frequência. Portanto, provavelmente seria im-
possível aniquilar uma horda de 400.000 Zombies sem reunir números consideráveis
para a tarefa.

Embora as notícias vazassem com mais facilidade à medida que mais pessoas partici-
passem, Suzuki Satoru não tinha ouvido falar de nada parecido, mesmo ficando atento
aos boatos.

“Será que é aquela “Magia de Super-aba” que você conjura, Satoru? É claro que a exis-
tência de alguma com uma área de efeito dessa seria completamente inusitada, mas não
poderemos dizer se não entrarmos na cidade, certo?”

“Isso é verdade. Vamos proceder com cautela, então.”

“Sim!”

Os dois entraram pelos portões da cidade.

Se utilizassem 「Phase Door」, isso tornaria a entrada na cidade mais segura, porém
eles precisavam descobrir o que havia acontecido e se alguém estava se escondendo
usando a si mesmos como isca.
Naturalmente, Suzuki Satoru estaria bem mesmo se fosse atacado de dentro da cidade,
então tomou a linha de frente para bloquear Keno de ataques diretos. Claro, seria inútil
se o inimigo usasse um ataque de efeito de área, mas para ataques de alvo único ele seria
um excelente escudo vivo.

Eles passaram pelos portões da cidade sem incidentes e viraram, logo entraram em uma
rua larga.

Provavelmente a maior rua da cidade.

Não havia sinais de Zombies neste lugar que outrora seria animado e movimentado, e
eles não podiam ouvir nada mesmo se concentrando. Tudo o que restou foi um silêncio
nauseante.

Parecia que todos os moradores da cidade a haviam abandonado. No entanto, parecia


que tivesse o feito de livre e espontânea vontade. As mercadorias nas lojas permanece-
ram no lugar — embora estivessem estragadas ou enferrujadas — e depois de verificar,
até as moedas estavam onde deveriam estar.

Embora não parecesse que eles tivessem saído por vontade própria, não parecia que
alguém tivesse invadido.

Não — é possível alguém cujo objetivo não fosse dinheiro tenha invadido este lugar?

Itens mágicos eram mais preciosos do que montanhas de ouro e prata. Se esta cidade
tivesse um item mágico poderoso, então poderia ser mais valioso do que toda sua riqueza.

No entanto, essa teoria também era suspeita. Embora não se possa descartar a possibi-
lidade de que tal item existisse, certamente deveria haver uma maneira mais elegante de
obtê-lo. Por exemplo, mandar alguém com habilidades de Ladinos para entrar na cidade
e assim por diante.

“Ah, Satoru. E a sua dominação dos undead? Você pode usar essa habilidade para orde-
nar que os Zombies saiam?”

“É possível, mas existem várias condições para dominar os undeads. Por exemplo, exis-
tem limites para o número máximo que podem ser controlados de uma só vez e qual o
nível do undead a ser dominado. Se todos nesta cidade se tornassem um Zombie, então
guiá-los seria irritantemente repetitivo.”

“Mesmo assim, se quem fez isso também for um, certamente eles poderiam ignorar a
expectativa de vida e fazer isso repetidas vezes, certo?”

“Quer dizer uma cabala de seres undeads como a Corpus do Abismo? Mesmo não
achando algo impossível... ainda assim, quer dizer que eles andariam por aí dominando
um por um repetidas vezes? Se fosse eu, eu não mexeria neles, já que por termos o mesmo
traço eles não atacariam... mm, se esse fosse realmente o caso, então eu teria que tirar
meu chapéu para a conduta deles.”

“E se fosse por causa de um item?”

“Pelo que sei, não há itens de uso ilimitado assim.”

Se tal item desequilibrado existisse, provavelmente seria um item World-Class ou simi-


lar.

“...Hm. Eu não posso romper os limites da minha imaginação, não importa o quanto eu
pense. Nós realmente precisamos de informação.”

“Então que tal dar uma olhada no castelo?”

Keno apontava para o castelo do marquês que governava as terras vizinhas. Estava si-
tuado em uma pequena colina, não haviam dúvidas de quão sólidas eram suas muralhas.

Suzuki Satoru concordou com essa sugestão.

Se houvesse vestígios deixados para trás, eles provavelmente os encontrariam no cas-


telo. Afinal, era o lugar mais luxuoso e confortável da cidade, o que o tornava perfeito
como base. Além disso, o castelo ostentava várias torres imponentes, o que fez com que
parecesse o local ideal para contemplar a cidade.

Os dois lançaram 「Fly」 e se dirigiram para o castelo em linha reta.

Se olhassem para baixo, veriam uma cidade vazia sob seus pés. Era uma metrópole oca,
sem nem mesmo a presença de pequenos animais. Ter Zombies vagando nos arredores
provavelmente faria o clima ficar menos assustador.

“Ainda assim, não há movimentos aqui.”

Mesmo notando movimentos singelos de algumas coisas, Suzuki Satoru não estava
muito certo sobre o que isso significava. No entanto, era verdade que certos monstros
tinham uma presença esmagadora sobre eles. O monstro que ele encontrou com a pre-
sença mais poderosa foi a de Brightness Dragonlord.

“...Esta cidade foi destruída por outra coisa... hm?”

“Alguma praga? Envenenamento? Mas isso seria estranho, não? Se uma praga ocorresse
aqui, então eles teriam queimado as vítimas, e acho que haveria sinais disso dentro da
cidade.”

Eles haviam encontrado o que pareciam ser os bairros pobres quando observavam a
cidade de cima, mas nenhum vestígio que parecesse marca de queimadura.
Assim que Suzuki Satoru começou a admirar o foco de Keno, ela continuou falando:

“Como não há tais sinais no distrito pobre, um local mais propício para essas coisas,
acho que isso exclui tal possibilidade.”

Suzuki Satoru não pensara tão a fundo. Deixar esses tipos de coisas para Keno foi a es-
colha certa.

“Nesse caso — a destruição desta cidade levou a algum tipo de reação à conversão mas-
siva de Zombies? Por exemplo, foi porque um monstro com uma área de morte instantâ-
nea estava andando dentro da cidade ou algo assim?

“Mas se fosse esse o caso, não haver cadáveres continua estranho, não? É como se todos
aqui desaparecessem de repente. E também seria muito estranho que as pessoas saíssem
deste lugar sem levar nenhum bem material...”

Suzuki Satoru e Keno inclinaram a cabeça, confusos.

Quando chegaram ao castelo, os dois entraram sem hesitar.

Keno segurava a mão de Suzuki Satoru.

Esta era uma má jogada em um lugar perigoso.

Lutar enquanto segurava a mão de alguém era muito desvantajoso. No entanto, Suzuki
Satoru segurou a mão de Keno com força, sem dizer uma palavra.

Depois disso, eles fizeram uma rápida vistoria do castelo, mas não conseguiram achar
vestígios. É claro que nem Suzuki Satoru ou Keno eram habilidosos em detecção, então
eles não teriam sido capazes de identificar quaisquer ladinos de alto nível escondidos
aqui. No entanto, havia uma prova que os fez concluir o contrário.

“Há uma grossa camada de poeira. Parece que o castelo ficou vazio há muito tempo e
ninguém mais apareceu.”

Parecia que o castelo havia sido abandonado antes do fenômeno de conversão, ou talvez
a cidade tivesse sido abandonada com ele.

“Faremos o que agora?”

“Já que na nossa vistoria não percebemos sinais de que alguma coisa aconteceu. Então,
vamos dar uma olhada no tesouro. Pode haver itens poderosos lá dentro.”

“Sim.”
Eles quebraram a porta robusta e inutilizaram as armadilhas mágicas com a resistência
mágica de Suzuki Satoru, então começaram a pilhar todo o tesouro dentro. Claro, não foi
feito para adquirir dinheiro, mas mais porque Suzuki Satoru estava interessado em ad-
quirir itens raros.

A avaliação do tesouro ocorrera enquanto saqueavam, de modo que terminou mais de


uma hora após a conclusão do roubo.

“Não há itens poderosos aqui.”

“Sim. Não há itens poderosos, mas parece que há algumas peças com valor histórico.”

A única coisa que ele sabia era que eram acessórios e coisas do tipo. No entanto, Keno,
a responsável pelo conhecimento, estava familiarizada com arte, sociedade nobre, magia
e assim por diante, claro, ela não foi instruída o suficiente para determinar se um objeto
era ou não historicamente significativo. Tudo o que ela entendia era que isso parecia va-
lioso.

“Não poderemos vendê-los, né?”

“Sim. Mas mesmo assim não vou vendê-los. Temos dinheiro até demais. Além disso, se-
ria problemático se nos envolvêssemos em coisas irritantes depois de vender algo cheio
de história.”

Keno riu alegremente.

“Só quero te lembrar daquele item de YGGDRASIL que vendeu, causou um tumulto in-
crível, Satoru.”

Suzuki Satoru não pôde deixar de se envergonhar. Pensando no sentido de aprender


algo, tinha sido uma experiência muito boa, mas ele queria pedir desculpas a Keno pelo
problema que havia causado naquela época.

“Eu não vou repetir esse erro novamente. Chamar atenção não é uma coisa boa, especi-
almente nós, que somos undeads.”

Este mundo funcionava no axioma de que os undeads eram os inimigos de todos os seres
vivos. Os dois eram hereges por quererem entrar no mundo dos vivos. Eles eram prati-
camente traidores.

“Ainda assim, conseguimos ajudar alguém com problemas porque você vendeu aquilo,
certo, Satoru? Eu não acho que seu julgamento estava errado.”

Keno parecia ter entendido errado. Ele não se importava nem um pouco com humanos
que ele não conhecia. Desde que seu corpo acabara assim, ele não sentira nada parecido
com amor por seus semelhantes ou por qualquer outra coisa. As únicas coisas importan-
tes para Suzuki Satoru eram seus amigos.

“—Hm? O que há de errado, Satoru?”

“Não, não é nada, Keno. Ainda assim, precisamos deixar um avaliador dar uma olhada
neles. Mas acontece que se forem de outras culturas, podem não saber o valor correto.
Será uma chatice.”

“Embora eu tenha dito isso antes, já esqueceu que não precisa se preocupar com a minha
parte? Afinal, você me deu todo tipo de coisas, não é?”

“Não se preocupe com isso. Afinal, é natural que um senpai cuide de sua kouhai.”

Devido a sua natureza, eles não tinham despesas diárias. E não era como se não pudes-
sem viver sem vender acessórios de possível valor histórico, mas ainda eram itens obti-
dos através de suas aventuras, logo, metade do valor em dinheiro seria para Keno.

Ele sempre levou esse tipo de coisa a sério, mesmo entre os membros da guilda. Ele não
podia ser negligente com isso.

“Além disso, Keno, não foi você que pagou todas as nossas despesas de viagem? Essas
coisas precisam ser divididas igualmente, eu não quero fazer algo estúpido como não
compartilhar o dinheiro com você, sabia? Vamos esquecer essa coisa de quem tem mais,
ou que tem menos trabalho, tá? Nós dividimos os trabalhos, conhecimento e uso da força...
hm? Então quer dizer que temos um subsídio operacional, mas sem subsídios gerenciais?”

Keno olhou para Suzuki Satoru com uma expressão perplexa no rosto, como se quisesse
dizer “De onde saiu essa última parte?”

“Ghrum! Então é isso aí. Precisamos compartilhar tudo valioso de maneira uniforme.
Entendeu?”

“Uh, uhum. Obrigada Satoru.”

“Não, não precisa me agradecer por isso. Afinal, somos um time, e eu preciso da sua força
de vez em quando, Keno.”

“Mas eu não sei como eu te ajudei...”

“Bem, você é melhor no departamento artístico, e agora você é melhor do que eu em


termos de conhecimento mágico. Teremos que pensar a longo prazo. Em outras palavras,
é como um investimento.”

“Entendi, Satoru. Eu vou dar o meu melhor!”


Ele não se importava mesmo que ela não desse seu melhor. Keno tinha sido incrivel-
mente útil, mesmo que ela ainda fosse a mesma de antes. No entanto, rejeitar sua deter-
minação poderia deixá-la mentalmente assustada, então ele decidiu aceitar seus senti-
mentos sem reclamar.

“Hm, vamos seguir com esse objetivo, então, Keno.”

Quando ele viu Keno com um olhar encantador, Suzuki Satoru lembrou-se da razão pela
qual ele tinha vindo aqui:

“Então, vamos continuar olhando ao redor deste castelo um pouco mais e procurar a
razão pela qual não há undeads nesta cidade.”

“Faremos o que então?”

“Ah, sim, há a parte superior e inferior. Vamos checar a parte inferior primeiro.”

“A prisão? Pelo tamanho do castelo, não acho que deveria ser usado como uma fortaleza,
mas normalmente constroem uma prisão em outro lugar, você não acha?”

“Não havia celas em seu castelo, Keno?”

“Sim, havia. Mas não usavam para pessoas normais, mas para confinar brevemente pes-
soas de alto status. Mas não parecia que tinha sido usado desde que nasci.”

“Talvez haja uma prisão assim aqui. Vamos dar uma olhada. Se não estiver lá, procura-
remos na cidade e verificaremos dentro das celas nos postos de serviço dos guardas.”

Não tardou até encontrarem uma prisão, mas estava vazia. O interior também estava
cheio de poeira, então provavelmente não havia ninguém há muito tempo.

“Que pena. Vamos continuar indo para cima. Eu vi várias torres ao observar o castelo do
lado de fora — vamos checar os arredores de lá.”

“Sim!”

Talvez a torre mais alta tivesse sido usada como plataforma de aterrissagem de mons-
tros voadores, afinal, era muito ampla e fortemente defendida contra ataques e invasões.

“Uwah~”

Keno exclamou encantada com a vista panorâmica da cidade.

Suzuki Satoru pensou:


Você viu exatamente isso enquanto usava 「Fly」, então por que esse cenário te deixa tão
animada?

No entanto, ele foi inteligente o suficiente para não dizer isso.

Quando Suzuki Satoru pusera os pés no pico, considerado o mais alto do mundo, ele
também havia se comovido pelo modo como conseguia ver tudo do cume. Mas o que re-
almente lhe deixou a impressão mais profunda foi a batalha que seguiu.

Suzuki Satoru observou Keno correr em círculos e olhar a vista de todas as direções,
quando a viu exibir seu lado criança que combinava com sua aparência, ele sorriu.

Depois disso, começou a examinar a cidade com a mentalidade de que alguém precisava
terminar o que vieram fazer, mesmo que sozinho. Então, ele encontrou algo que o inco-
modou.

Havia três portões que levavam à área urbana da cidade, mas o portão que levava à cor-
dilheira parecia ter se aberto.

“Keno, veja aquilo. Percebe algo estranho?”

“Hm~ não parece que foi quebrado do lado de fora, mas explodiu por dentro? Ainda
assim... não sei bem se foi destruído por alguma força terrível... Como direi isso?”

“Quer dar uma olhada?”

Depois de receber a aprovação de Keno, Suzuki Satoru usou 「Fly」 novamente e os


dois voaram reto em sua direção. E então—

“Satoru, isso é...”

“Sim você está certa. Algo estranho aconteceu aqui... não, em toda a cidade.”

Uma das portas do portão que eles alcançaram estava envergada para um lado. Não foi
causado pela idade. E ele podia ver as formas dos moradores da cidade lá.

Não, seria melhor dizer outrora foram as formas de residentes da cidade.

Inúmeros ossos estavam espalhados na frente do portão, dentro do portão e atrás dele.
Pareciam terem sido pisoteados.

Ele não sabia se era uma coincidência, mas deveria ter havido muitos mais ossos que
haviam sido pulverizados em pó e espalhados graças à exposição aos elementos.

E já que os ossos haviam sido esmagados, não havia como dizer como eles haviam mor-
rido.
“Alguma dúvida que estes sejam os residentes da cidade?”

“Não... mas alguma emergência ocorreu, alguma confusão que fez com que todos fugis-
sem por suas vidas? Ou foram transformados em Zombies, dominados e depois conduzi-
dos até aqui?”

“Provavelmente o último. Não consigo ver nenhuma bagagem espalhada, apenas ossos
e roupas.”

Uma rápida investigação dos ossos revelou anéis e outros itens semelhantes, mas não
havia pedras preciosas ou outras coisas que alguém teria levado consigo enquanto fugia.

Suzuki Satoru olhou para além do portão — no local onde os Zombies desta cidade pro-
vavelmente marcharam.

“...Se alguém usasse 「Create Undead」, o undead resultante estaria sob o controle de
seu criador.”

Depois de perceber o que Suzuki Satoru estava tentando dizer, uma expressão de cho-
que apareceu no rosto de Keno.

Ela podia ver um monte alto e íngreme.

O Monte Keitenias.

Seu pico estava envolto em nuvens e ela não conseguia entender o porquê.

Suzuki Satoru pegou seu mapa e verificou onde a grande estrada que se estendia do
portão levaria.

Esta estrada parecia circular ao redor do sopé do Monte Keitenias e também levava a
outras cidades. Se eles seguissem, poderiam alcançar outros países.

“Escute bem — fique aqui, Keno.”

“A-ah, não seria melhor? Tem certeza disso?”

Keno falou como se estivesse com medo. Ela provavelmente tinha entendido a verda-
deira razão pela qual Suzuki Satoru tinha vindo para esta cidade.

“Vai ficar tudo bem, Keno. Foi por isso que caçamos a Corpus do Abismo. Você ouviu isso
daqueles caras também, não é? Os seres undeads inteligentes de grande poder permane-
cem vivos mesmo quando seu criador é destruído. Mesmo se eu aniquilar o responsável
por trás da conversão Zombie, isso não te afetará, Keno.”
“Não! Não é isso!! Estou preocupada com você, Satoru!!!”

“—Hã?”

“Me escute, pode ser a criatura que transformou todas aquelas pessoas de uma vez! De-
finitivamente não é normal! Mesmo você não poderia fazer isso, Satoru!”

“Ah, hm. Eu não posso fazer algo assim.”

“Sendo assim! Sendo assim!”

O rosto de Keno torceu em agonia, então instantaneamente retomou sua expressão nor-
mal até o ciclo se repetir de novo:

“Isso não significa que há uma chance de você ser derrotado, Satoru!?”

De fato, isso era verdade. Ele deveria admitir isso. Ele não podia afirmar definitivamente
que “isso não vai acontecer”.

“Ah, Satoru. Você gostou das nossas viagens juntos?”

“—Sim. Eu fiquei tão feliz quanto eu estava junto com meus antigos amigos. Sim. Eu fi-
quei feliz, muito feliz mesmo.”

Ele entendeu o porquê dos membros da World Searchers continuaram fazendo todas
aquelas coisas sem sentido algum. Ele também entendeu a alegria de explorar o mundo,
aquilo que era a intenção dos desenvolvedores de YGGDRASIL.

Sua jornada com Keno foi muito agradável.

“Então por que não continuamos viajando? Somos iguais, ambos undeads, podemos pas-
sar a eternidade viajando juntos, não podemos, Satoru? Vamos ver mais do mundo! Há
tantos lugares que não vimos ainda! Por favor, esquece isso, o que me diz?”

“...Eu poderia. Não é certo fazer algo que meus amigos não gostem. Fazer alguém ficar
em dívida, isso só os deixaria aborrecidos.”

“S-sim. Vamos viajar juntos para sempre, tá bem? Apenas nós dois. Somos undeads, afi-
nal de contas! Não faça coisas perigosas e continue viajando comigo...”

Isso estava correto.

Suzuki Satoru não tinha o direito de determinar a felicidade de Keno. Se viajar juntos
era felicidade, então o fazer mostraria sua gentileza com Keno? Contudo—

“Keno Fasris Invern!”


Gritou Suzuki Satoru, e Keno se afastou dele.

“S-sim, sim... sinto muito, Satoru. Por favor, não fique bravo...”

“Eu não estou com raiva... Ser princesa é um trabalho, não é?”

“Huh?”

A boca de Keno estava aberta de uma maneira estúpida. Ela provavelmente estava mos-
trando como não conseguia acompanhar a súbita mudança de assunto e não entendia o
que quis dizer. Suzuki Satoru zombou de si mesmo em seu coração. Ah, acho que não
posso evitar.

“Como eu estava dizendo, ser princesa é um trabalho, certo?”

“É, é? Não acho que seja...”

“Então, isso significa que reis e rainhas estão desempregados? Mas não é assim, ou é?”

“Quando coloca dessa forma, esse pode ser o caso... e?”

“A seguir, para o próximo requisito; ganhando a aprovação de mais da metade dos mem-
bros da guilda — bem, há apenas uma pessoa, mas isso conta como mais da metade.”

Um olhar confuso apareceu no rosto de Keno.


“Além disso, você é uma criatura heteromórfica do tipo conhecido como Vampiro, Keno.
Em outras palavras, você cumpriu todos os requisitos. Keno Fasris Invern, eu te reco-
nheço como um membro da Ainz Ooal Gown. Você será o quadragésimo segundo mem-
bro. Ou seria melhor, o segundo membro da Nova Ainz Ooal Gown?”

Suzuki Satoru tirou o anel da Ainz Ooal Gown de seu inventário e deu para Keno.

A expressão de Keno passou de choque para normalidade e choque novamente.

Inúmeras vezes ela tinha ouvido Suzuki Satoru falar sobre o quão importante era esse
anel. Era significativo o suficiente para que suas emoções tivessem que ser suprimidas
diversas vezes contra sua vontade.

“Eu.... posso?”

“Uhum. Keno, você é uma de nós, um membro da Ainz Ooal Gown. Você tem o direito de
usar este anel.”

Claro, este anel só seria realmente útil em um lugar como Nazarick. Sem Nazarick, era
simplesmente a prova de que um era membro da guilda.

...E agora há dois membros para a Ainz Ooal Gown... quem sabe, pode ser uma boa idéia
encontrar outros cinquenta e oito membros neste mundo.

“Obrigada, Satoru!”

Keno colocou o anel cheia de encanto em suas feições, como se tivesse esquecido de
tudo que haviam discutido agora a pouco.

Suzuki Satoru observou-a e depois fingiu uma tosse antes de falar.

“Escute, Keno. Para mim, há uma coisa que não posso tolerar sob nenhuma circunstân-
cia. E isso seria — perdoar alguém que tenha feito algo de errado para algum membro da
guilda, e ainda por cima fugido.”

“Não, não vale a pena. Viajar com você é—”

Suzuki Satoru não deixou Keno terminar sua sentença.

“—Eu posso ser capaz de ressuscitar seus pais, e transformá-los de volta aos seres hu-
manos.”

Keno ficou paralisada e seus olhos tremeram.

“...Keno, isso é o que você esperava, não é? Ficar como undead é para ressuscitar seus
pais, estou errado? Ou você quer se tornar humana, juntamente com seus pais?”
“Pode, pode mesmo fazer isso?”

“Eu não sei. Mas Keno, nada te encantaria mais, não é?”

Keno olhou em todas as direções, e então ela abaixou a cabeça e silenciosamente res-
pondeu: “Sim”.

Nesse caso — o curso de Suzuki Satoru foi definido.

Era natural que um Chefe de Guildas lutasse por seus membros da guilda.

“—Keno.”

Keno levantou a cabeça de repente quando ouviu o tom firme como aço em sua voz.

“Não se prenda pela culpa. Não há necessidade disso. Preciso ir primeiro para ver o que
causou tudo isso e, dependendo das circunstâncias... eu sinto muito, Keno, mas preciso
que fique aqui.”

Keno hesitou por alguns segundos e depois assentiu.

Ela não era tola. Ela entendeu que ela seria o motivo para seu retorno.

“Ótimo, eu vou usar 「Create Fortress」 para construir uma fortaleza a alguma distân-
cia. Você não se importa em ficar lá, não é?”

Parte 2

Depois de deixar Keno na fortaleza que ele havia feito, Suzuki Satoru olhou para o Monte
Keitenias — suas encostas eram estéreis, com pouca vegetação. Agora era hora de mudar
a mentalidade.

O primeiro problema estava em como investigar o destino para o qual os moradores da


cidade seguiram.

Ele tinha uma chance maior de descobrir usando 「Fly」, mas se houvesse inimigos ao
redor, se comparado ao chão, ele seria visto facilmente enquanto pairava no ar. Ele ainda
poderia usar 「Perfect Unknowable」, mas havia uma certa razão pela qual Suzuki
Satoru considerou isso uma jogada ruim.

Uma abordagem firme e fundamentada seria melhor.


Usar 「Fly」 para procurar de cima ainda poderia ser uma boa alternativa, mas Suzuki
Satoru estava certo de que havia um inimigo poderoso por perto.

É claro que, embora ele não pudesse ter certeza de que todas as informações reunidas
até o momento fossem precisas, ele tinha certeza de que havia algum ser inteligente por
trás de tudo isso.

Seu objetivo básico era derrotar esse inimigo e, em seguida, resgatar Keno e seus pais
de sua transformação em undeads. Idealmente, ele seria capaz de restaurar todos no país
de Keno.

As chances de que esse adversário não fosse alguém com quem ele pudesse negociar um
acordo eram irritantemente altas. Afinal, esse ser causou incontáveis danos. No mínimo,
ele provavelmente era um ser como Suzuki Satoru, que não nutria nenhum amor pelos
outros.

Mas ainda assim, havia uma pequena chance de que eles pudessem fazer um acordo. O
problema vindo disso seria os termos que a outra parte definiria.

Para começar, ele não achava que a outra parte faria pedidos materiais como tesouros
e coisas do tipo. Afinal, se ele quisesse isso, poderia ter ordenado que os residentes unde-
ads entregassem todos para ele. Já que havia transformado todos eles em Zombies, po-
deria muito bem comandá-los. No entanto, todos os objetos de valor naquela cidade ha-
viam sido abandonados.

Então ele poderia derrotar seu inimigo e exigir que ele o fizesse em troca de sua vida?

Isso é possível? O meu oponente é alguém que eu possa dar conta e ainda conseguir isso?

Suzuki Satoru já havia reconhecido seu adversário como estando em seu nível. Não, ele
imaginou que o inimigo fosse mais forte que ele. No entanto, era difícil imaginar um ser
mais poderoso que ele.

Ele havia coletado informações sobre muitas entidades pujantes durante sua jornada de
cinco anos. Embora ele tenha aprendido através do dinheiro ou da força de vários indi-
víduos bem informados, o que todos concordavam era que os seres mais poderosos deste
mundo eram os conhecidos como os Dragonlords. Na verdade, ele já havia confirmado
que um deles tinha o mesmo poder de luta que ele.

No entanto, não se pode dizer que era muito mais forte do que ele.

Nesse caso, ele deveria ser capaz de usar estratégias e táticas para triunfar contra seu
oponente — mesmo que fosse um Dragonlord.

Ainda assim, tenho a sensação de que estou indo para o covil do inimigo. Isso lhes dá a
vantagem do terreno. Depois disso...
Suzuki Satoru recordou as lições contidas no “PKing Para Bobos”.

Logo após um patch — esse seria o momento certo. Jogadores poderosos atacando em
pequenos grupos — são as pessoas unidas. Mas e desta vez? Eu não sei. Só... vai ser uma
aposta.

Naturalmente, tudo isso se baseava no pressuposto de que o culpado pela conversão


Zombie poderia restaurar as pessoas ao normal, ou que ele soubesse como fazê-lo.

Se não fosse esse o caso—

“—Então ele pagará o preço por sua tolice.”

Suzuki Satoru mudou seu equipamento.

Ele guardou todo o equipamento que havia obtido de YGGDRASIL e vestiu o equipa-
mento que roubou da Corpus do Abismo, exceto por um anel divine-class em sua mão
esquerda.

Depois disso, ele colocou um símbolo da Corpus do Abismo em volta do pescoço. Ele
também estava com um cristal selado consigo.

Sinceramente falando, Suzuki Satoru estava muito mais fraco agora do que estava antes.
Sem mencionar a tremenda queda em seus modificadores de habilidade e poder defen-
sivo, suas resistências agora estavam cheias de buracos.

Ele ainda tinha o HP de alguém do seu nível, mas não podia colocar muita fé nisso. Além
disso, ele precisava evitar ataques que o matassem instantaneamente.

Há mais uma coisa, como devo fazer isso? Vou me preparar um pouco mais antes de chegar
ao meu destino.

Suzuki Satoru utilizou 「Message」 para contatar Keno, dizendo-lhe que ele precisaria
de um pouco mais de tempo.

Depois disso, ele se teletransportou para seu objetivo.

Assim que terminou suas preparações — que demorou algum tempo — Suzuki Satoru
voltou ao seu local original e começou a se mover por intermédio de 「Fly」. Ele avançou
em direção à montanha sem se levantar muito do chão — parecia deslizar — e pensou
em sua estratégia ao fazê-lo.

Os ocasionais ossos caídos indicavam o caminho para o seu destino. Muitos estavam
esmagados e esparsos pelo caminho, era muito óbvio que levavam à montanha desnu-
dada a sua frente.
Suzuki Satoru não tinha nenhuma habilidade de rastreamento, mas seguiu as pistas até
a montanha. Era como se os ossos estivessem guiando Suzuki Satoru para o ser que os
fizera assim, como um agouro de vingança.

Ele subiu a montanha sem perder seu caminho e logo—

Ahhh, até que enfim. Um undead, hm.

Sua habilidade de detecção de undeads era algo como um radar omnidirecional. Houve
um pontinho nesse radar.

Suzuki Satoru olhou nessa direção.

“—Está lá? O culpado por trás de tudo isso?”

Essa habilidade só podia sentir a presença dos undeads, informações como sua identi-
dade ou habilidades não eram obtidas. Embora fosse em grande parte conjectura, a cria-
tura que transformou o povo da cidade em Zombie e os trouxe para cá deveria estar na-
quela direção.

Tendo lançado 「Fly」 em si mesmo, Suzuki Satoru avançou um passo à frente, depois
parou, ficando imóvel.

Embora seu rosto não pudesse exibir nenhuma mudança de expressão — talvez Keno
pudesse discerni-las — o rosto de Suzuki Satoru ficou sério.

Isso porque as reações de undeads aumentaram rapidamente com apenas um único


passo.

O que é isso...

O grande número de pontos brilhantes empilhados uns sobre os outros fazia o que pa-
recia ser uma imensa bola de luz em seu sensor.

Suzuki Satoru se manteve firme e olhou para frente. O terreno era muito rochoso, então
ele não conseguia ver a localização da bola de luz.

Recolheu os Zombies, os uniu e depois fez algo com eles? ...O que devo fazer? Devo enviar
um Zombie para ver o que está acontecendo, depois pensar no que fazer assim que descobrir
a identidade do meu oponente? Mas...

Essa abordagem representava um problema.

Se seu inimigo fosse muito inteligente ou possuísse conhecimento mágico, então esta
seria uma jogada ruim. Além disso — Suzuki Satoru bufou:
As coisas são o que são, no que estou pensando...

Suzuki Satoru zombou de si mesmo.

Suzuki Satoru dissipou a magia 「Fly」 e começou a andar.

A recuperação de mana de Suzuki Satoru não teria sido afetada, mesmo se ele não ti-
vesse dissipado 「Fly」. Entretanto, sustentar a magia 「Fly」 pode levar a sua recupe-
ração de mana ficar no negativo se conjurasse outras magias. Mais ao ponto, ele teve que
considerar que as coisas poderiam se desenvolver em uma direção ruim se ele mostrasse
ao seu oponente que ele poderia usar 「Fly」.

Suzuki Satoru continuou andando.

A cada passo que dava, ele sentia as reações undead aumentando.

“Ahhh, eu não tenho nenhuma base para isso, mas acho que posso adivinhar o que é...”

Suzuki Satoru murmurou para si mesmo. YGGDRASIL também tinha um monstro


undead que se assemelhava ao que ele imaginava, mas lá, tal criatura só mostraria uma
única reação undead.

“Vejamos — 「False Data: Life」, 「False Data: Mana」.”

Suzuki Satoru lançou duas magias em si mesmo.

Então, mudou seu modo de pensar para o modo PVP.

—Não.

Ele havia mudado para o modo PK.

O terreno em seu destino estava surpreendentemente aberto. Um lado da montanha era


anormalmente plano e se expandia em todas as direções. Tinha mais de dois quilômetros
de comprimento e largura. Certamente isso não poderia ter sido erigido naturalmente.

Não havia dúvida de que ela havia sido criada pelo poder da magia.

E então, diante dos olhos de Suzuki Satoru — um objeto bizarro feito das pessoas que
uma vez viveram na cidade apareceu à vista

Uma gigantesca massa ovóide feita de incontáveis cadáveres empilhados um em cima


do outro estavam no centro de seu campo de visão. Seu tamanho era suficiente para fazer
os espectadores suspirarem de admiração. Pensar que algo tão grande poderia ser feito
reunindo 400.000 pessoas.
Teria a oposição reunido todos esses Zombies apenas para fazer um objeto como este?
Suzuki Satoru não conseguia entender o que seu oponente estava pensando. Não, se ha-
via algum objetivo em fazer isso, então certamente seria sua jogada.

“É algum tipo de armadura? Ou talvez uma sentinela?”

Em suas conjecturas, Suzuki Satoru mentalmente calculou várias coisas em sua cabeça
enquanto corria corajosamente para a área aberta, em direção àquele objeto que ele ten-
tará nomear de “Grande Bola de Mortos”.

Embora a distância entre eles diminuísse constantemente, a Grande Bola de Mortos não
fez nenhum movimento óbvio. Foi porque Suzuki Satoru não entrou em seu raio de ata-
que, ou simplesmente seguiu ordens para não atacar? Talvez fosse tão estúpido quanto
um Zombie e não atacasse Suzuki Satoru porque o considerava um deles? Ou talvez—

—Quem foi que disse isso? Ah sim. Foi o Luci★Fer-san. Como era mesmo? Quando olhamos
para o nosso inimigo, nosso inimigo também olha para nós. Que citação maravilhosa. Como
vou colocar isso, é bastante significativo. Luci★Fer-san era um tanto inteligente, não?

Suzuki Satoru sorriu ao se sentir nostálgico com as palavras de seu amigo, e depois gri-
tou para a Grande Bola de Mortos:

“Certo, certo, para que está reunindo Zombies aqui?”

Não houve resposta, salvo o vento da montanha passando silenciosamente por ele.

Isso não era mais apenas uma falta de reação — estava ignorando Suzuki Satoru com-
pletamente. Era como conversar com uma parede. Seria terrivelmente embaraçoso se
essa Grande Bola de Mortos fosse completamente estúpida.

“...Qual o problema? Está se escondendo com medo de mim? Que chatice. Eu sou um
Night Lich — Momon. O mais poderoso magic caster dentre todos! Olhe para você, tão
apavorado que nem se atreve a falar. E mesmo assim, não consegue falar nada. Eu posso
entender o porquê ficaria com medo e sem palavras, deve ter percebido todos os itens
mágicos que tenho comigo.”

Mas a Grande Bola de Mortos permaneceu imóvel.

Era algum tipo de guarda? Isso significaria que a oposição reunira um grande número
de Zombies e ordenara que eles respondessem a qualquer ataque em espécie, a fim de
bloquear a entrada de algum tipo de caverna.

Ou se, afinal de contas, não houvesse inimigo, apenas um item preso no meio daquela
bola?
A fim de aprender mais sobre seu inimigo, seria certo assumir que a oposição reagiria
de algum modo. Se o inimigo não reagisse, ele estaria realmente sem opções. Lançar um
ataque para forçar a informação de sua oposição era um último recurso, mas no mo-
mento não tinha outra escolha.

“Fala sério... pelo o que parece, você precisa aprender uma lição por não me cumpri-
mentar. 「Summon Undead 3rd」!”

Suzuki Satoru convocou um Guerreiro Skeleton.

Então, ele o ordenou para a base da Grande Bola de Mortos.

Embora fosse óbvio para os espectadores que ele estava cauteloso com as ações de seu
oponente, entrar na área de ataque do inimigo era realmente muito assustador. Além
disso, isso interferiria em seus planos futuros.

Ainda assim, não atacou... se estava planejando reunir os cadáveres e depois atacar qual-
quer um que se aproximasse como uma onda, a distância não deveria ser uma questão. Ou
é realmente por causa de algum item?

Se isto fosse apenas uma montanha de cadáveres, então não era impossível que fosse
[ G i g a n t e Necrossoma]
um Necrosome Gi a nt . O problema era que ele tinha quase certeza de que era uma horda
de Zombies. Nesse caso, seria uma criatura única neste mundo, uma que Suzuki Satoru
não conhecia. Talvez ele devesse chamar de Combi-Zombie por enquanto.

“...Que droga, então é apenas uma massa de Zombies reunidos. Não posso acreditar que
cometi esse erro. Pensar que na verdade confundi um grupo de undeads sem inteligência
com algo forte.”

A Grande Bola de Mortos ondulou. Então, como se estivesse saindo de um ovo, a Grande
Bola de Mortos lentamente mudou de forma.

“Isso é... um Dragão?”

Tinha um longo pescoço, uma cabeça de aparência reptiliana e asas. Tinha seis pernas
grossas e um rabo delgado e em forma de chicote. Assemelhava-se a um Dragão estilo
ocidental.

Entretanto, seu pescoço era extremamente longo em comparação com a imagem normal
de um Dragão. Além disso, a extrema magreza de sua cauda fazia com que parecesse uma
mistura entre um Dragão Ocidental e Oriental. Ou melhor, parecia que alguém havia co-
locado seis pernas e uma fera alada no corpo de uma cobra. Além disso, parecia feio e
encaroçado, sem a beleza que a forma de um Dragão deveria ter, provavelmente porque
era feito de Zombies.

Além disso, era grande demais.


Tinha 150 metros de comprimento da cabeça aos pés, no mínimo. Nem mesmo YGGDRA-
SIL tinha algo assim tão grande.

Claro, Suzuki Satoru entendeu que isso era uma mudança externa da Grande Bola de
Mortos. Em outras palavras, algo feito com 400.000 Zombies unidos. Mas quando ele
pensou em seu comprimento e largura e no fato de que ele precisava esticar o pescoço
apenas para ver seu tamanho completo e assim por diante, surgiu uma dúvida, poderiam
meros 400.000 Zombies serem suficientes para fazer um corpo gigantesco que tinha
mais de 150m de comprimento? Certamente não era oco—

“—Eu originalmente pretendia ignorá-lo porque é muito imbecil. Mas não importa. Você
tem uma boca grande para um mero undead de nível intermediário.”

A bocarra do Dragão se abriu lentamente e sua voz grave ecoou em todas as direções.

A dita boca ainda era um aglomerado de Zombies empilhados. Certamente o dono da


voz deve ser outra pessoa. Mas onde surgiu essa voz poderosa — que parecia ser falada
por todos os Zombies de uma só vez?

Sua verdadeira forma está na boca?

Sua boca era grande o suficiente para engolir facilmente Suzuki Satoru, então não seria
estranho se houvesse alguém do tamanho de Suzuki Satoru em sua cabeça.

Não seria possível descobrir alguém assim usando observação remota. No entanto,
mesmo um tanto perto, Suzuki Satoru não conseguiu descobrir mais nada sobre isso.

A boca não era composta apenas de Zombies humanoides — havia Zombies em formas
de animais também.

Então foi por isso que eles não viram nenhum animal a caminho daqui. Todos os animais
nesta montanha devem ter sofrido a conversão e, em seguida, levados para a Grande Bola
de Mortos. Parece que havia um número mais significativo do que 400.000 Zombies fa-
[ D r a g ã o Z u m b i ]
zendo aquela grande massa de undeads — aquele Zombie Dragon.

Além disso, a oposição deixara escapar algo mais importante que isso.

Pela reação de seu oponente, provavelmente sabia sobre os Night Liches. Além disso,
não havia sido capaz de dizer que Suzuki Satoru era na verdade um Overlord.

Em outras palavras, Suzuki Satoru superou o primeiro obstáculo, mas isso não o tornou
descuidado.
...Pode ser um blefe. Se fosse eu, fingiria que fui enganado mesmo depois de ver as mentiras
do meu inimigo. Parece que eu preciso continuar a coletar informações para ver quais ou-
tras cartas a oposição têm na manga...

Suzuki Satoru profetizou isso e ficou atento aos seus arredores enquanto recuava um
passo.

“O-o que você, o que você é? Você não é um mero Necrosome Giant...?”

O rosto do Dragão se moveu. Na verdade, foram os Zombies em movimento sincroni-


zado, de fato estavam muito bem coordenados.

Se, por exemplo, a oposição pudesse não apenas controlar livremente os Zombies usa-
dos para expressões faciais, mas todos os Zombies — muito acima dos 400.000 — que
compunham seu corpo, então sua capacidade de controle de undeads estaria em um pa-
tamar muito acima de Suzuki Satoru.

Se esse foi o caso, então mais uma questão precisava ser respondida.

Por que o inimigo não tentou dominar diretamente Suzuki Satoru?

Foi porque Suzuki Satoru estava em um nível mais alto do controlável? Ou havia algum
tipo de condição especial necessária para dominá-los, como transformar pessoalmente o
alvo em uma criatura undead?

Enquanto Suzuki Satoru estava refletindo sobre isso, a expressão do Dragão mudou. Ele
não sabia se devia dizer o quão expressivo era, ou se devia elogiar o controle dos Zombies,
mas estava visível que zombava de Suzuki Satoru.

“O quê? Não sabe quem sou — e ainda se atreve a me fazer de tolo com esse seu
conhecimento pífio? Não, com certeza eu sou o tolo por dialogar com você.”

“Tem uma boca bem grande pelo visto, seu Necrosome Giant em forma de Dragão. Você
pode ter ganho alguma inteligência porque formou uma grande massa, mas infelizmente
está cego demais para ver o quanto eu sou mais poderoso do que você!”

O rosto do Dragão mudou e abriu a boca.

“Fuhahahaha! Pensar que poderia me divertir tanto! Eu não achei que zombar de
ignorantes seria tão engraçado. Fuhahaha—”

A risada parou de repente e a criatura continuou:

“Oh, pequenos e miseráveis undeads, você— o que acha de ser meu bobo da corte?
Não precisa fazer nada de mais. Basta ficar lá e me entreter. A posição de Bobo da
Corte requer um certo grau de inteligência, mas parece que neste mundo todos já
nascem como palhaços!”

“O que, o que é tão engraçado! Eu sou uma criatura undead que inflige o terror no cora-
ção das pessoas!”

“Fuhahahaha! ...Oh não não não, tudo que você diz é tão pândego. Tudo bem, o que
veio fazer— eu esqueci o seu nome, afinal, eu estava planejando aniquilá-lo... não
importa, esqueça. Night Lich. Aceitará a servidão como meu bobo da corte? Estou
disposto a poupá-lo se você concordar, compreende?”

“...Eu não quero ser ridicularizado por uma criatura que nem ousou bradar seu nome.”

O corpo gigantesco se mexeu.

“Entendo. Embora pareça insensato nomear-me para uma criatura undead de es-
tatura tão insignificante — Eu sou Cure-elim, o ███████ Dragonlord.”

“Quê?”

“Ah, sim... faz sentido! Eu sou o Elder Coffin Dragonlord!!”

“Entendo...”

Então ele era um Dragonlord. Em outras palavras, ele estava no mesmo ranque que Bri-
ghtness Dragonlord. Simplificando, ele era muito forte.

Uma sensação dolorosa passou por Suzuki Satoru.

De agora em diante, as coisas seriam desastrosas se ele fizesse um movimento falso.

E o problema agora era — Essa coisa era Cure-elim? Ou ele estava controlando de longe?”

“Certamente, alguém tão impotente quanto você deve conhecer a natureza de um


Dragonlord?”

“Eu não posso acreditar que uma mera pilha de Zombies esteja se chamando de Dragon-
lord. Esse mundo não é mais o mesmo. Ou significa que os Dragonlords decaíram de ní-
vel? Não importa, não acha que é bastante desagradável você agir como se fosse algo
temível justo frente a mim, um grande e poderoso undead?”

“Fuhahaha! Mas que bobo da corte maravilhoso! Verdadeiramente, é muito diver-


tido!”

Com isso, o ar ao redor de Cure-elim mudou:


“Ainda assim — os undeads realmente me desagradam. Mesmo quando diante de
mim, mesmo em face da aniquilação, sua laia não demonstra medo.”

A perna dianteira direita do Dragão de repente inchou, e uma grande quantidade de


Zombies se estendeu para frente como uma corda. Então, eles seguraram o Guerreiro
Skeleton, arrastando-o diante da pata dianteira do Dragão.

O Guerreiro Skeleton tentou fugir, mas em face dos números superiores, a derrota foi
seu único recurso.

O Guerreiro Skeleton foi engolido pela pata dianteira do Dragão e Suzuki Satoru podia
ouvi-lo sendo esmagado em pedaços até mesmo de onde ele estava. Ao mesmo tempo,
ele sentiu a ligação mental que tinha com o Guerreiro Skeleton se romper.

“—Admirável... Nada mal.”

Suzuki Satoru lançou 「Fly」 e recuou.

“Nada mal? ...Fuhahaha, realmente me diverte. Não tenho dúvidas, é um bobo da


corte de nascença.”

“...Hmph. Você acha que venceu só porque destruiu uma mera criatura que convoquei?
「Fireball」!”

A magia de 3º nível atingiu os Zombies em forma de Dragonlord e as chamas irrompe-


ram em todas as direções.

Era verdade que a explosão de chamas foi pequena em comparação com o enorme ta-
manho do Dragão. No entanto, Suzuki Satoru estreitou os olhos e olhou de perto. Isso
porque ele viu os Zombies atingidos desmoronarem e caírem.

Depois que os Zombies esturricados caíram, imediatamente foram reabastecidos por


Zombies intactos vindos de dentro.

“O-o que é isso? Há Zombies debaixo de lá também!?”

“「Fireball」... Malditos sejam aqueles que espalharam essa magia. Não só você é
pífio, mas também enfurecedor... pensando bem, isso foi uma magia de baixo nível.
Night Lich, tente algo mais forte... acontece que, eu gostaria de avaliar a resiliência
deste corpo.”

“O-ora seu! Como ousa me usar para seus experimentos!”

Se Suzuki Satoru fosse um ser vivo, ele teria falado essas palavras enquanto espumava
e os perdigotos voavam de sua boca, mas Cure-elim simplesmente respondeu com uma
risada zombeteira.
“De fato, essa foi a minha intenção. Apesar do seu crânio vazio, parece que você
pelo menos entende isso.”

“—Entendo. Então você transformou todas as pessoas da cidade para se proteger? Como
armadura feita de Zombies, para proteger seu corpo frágil?”

“Possivelmente.”

Talvez fosse porque Cure-elim considerava Suzuki Satoru como sendo muito mais fraco
do que ele mesmo e por isso estava sendo tão falastrão. Ou talvez estivesse procurando
alguém para conversar.

“Não, não foi por uma razão tão vulgar. As almas daquela cidade — não mais do
que isso — foram usadas por mim mesmo.”

“Oh — e como você fez isso? Qual o seu objetivo?”

“Não tenho motivos para lhe dizer.”

“...Certamente você pode me dizer como um presente de despedida antes que eu vá para
o inferno?”

Estou obcecado demais? Suzuki Satoru pensou. No entanto, ele provavelmente não seria
capaz de aprender qualquer coisa se realmente começasse a se impor. Depois de consi-
derar Keno e o fato de que seu oponente ainda estava disposto a falar, ele deveria apren-
der o máximo que pudesse.

“E você diria à uma forma de vida inferior tal coisa — conversaria com vermes
que rastejam no chão? Se sim, então deve ser uma alma generosa. Ah, quase me
esqueci, você nasceu como bobo da corte. Talvez eu tenha revelado isso há muito
tempo sem perceber.”

“—Tch. Hmph... Se você se chama de Dragonlord, então eu devo ser o Undeadlord.


Mesmo com minhas centenas de servos ao meu comando, farei uma exceção desta vez,
pois lutaremos um a um. Você deveria ser grato.”

“Fuhahahaha! De fato, eu sou! Undeadlord! Fuhahahaha!”

“O que é tão engraçado?”

“O fato de você não perceber o porquê, torna tudo mais divertido!”


O clima no ar mudou. Suzuki Satoru sempre foi um plebeu. Embora tivesse experimen-
tado coisas como uma presença poderosa e intenções assassinas em suas viagens, a ver-
dade era que ele não as entendia bem. Mesmo assim — ele podia sentir o espírito de luta
do Dragonlord.

No entanto, não estava levando a sério.

“Eu até gostaria de experimentar o poder de sua magia, mas suponho que não se-
ria bom julgá-lo com ânimos leves, Undeadlord-sama. Talvez eu devesse ensaiar
um ataque também. Fique atento para conseguir desviar, pode acabar sendo des-
truído.”

Cure-elim fez seu movimento.

O movimento foi terrivelmente lento, mas então se aproximou com uma velocidade in-
crível.

Com certa suspeita, Suzuki Satoru imediatamente percebeu a origem dessa desconexão.
Os Zombies abaixo dos pés do Cure-elim, que estavam em contato com o solo, estavam
se contorcendo como se estivessem em um conjunto de trilhos, conduzindo seu corpo
para frente logo após o primeiro passo.

Se ele fosse enganado por esse movimento, Cure-elim estaria diante dele em um ins-
tante.

Suzuki Satoru estreitou os olhos.

Cure-elim estava levantando a pata dianteira direita de longe, balançando-a como se


fosse fazer uma rasteira.

Não havia como atingi-lo daquela distância. Ele não tinha idéia do porquê de Cure-elim
ter feito isso, mas os instintos de Suzuki Satoru lhe disseram que devia haver algum tru-
que, e ele se abaixou reflexivamente para se esquivar.

Nesse momento, a perna direita esticou como esguicho de piche.

O maciço membro principal formado por Zombies passou rente à cabeça de Suzuki
Satoru quando ele se abaixou tão baixo que estava praticamente prostrado no chão.

A velocidade não foi muito rápida. Até mesmo Suzuki Satoru, cujas habilidades eram
comparáveis a um guerreiro de nível 30 e poucos, pôde evitá-lo. No entanto, ele não sabia
se o porquê Cure-elim desacelerara propositalmente o ataque.

“Fuhahahaha! Boa esquivada! Mas essa visão é bem desagradável!”


Suzuki Satoru percebeu a intenção do ataque de Cure-elim ao ouvir seu riso estrondoso.
Estava exultante em sua superioridade enquanto observava Suzuki Satoru ir de encontro
à lama. Suzuki Satoru levantou a cabeça e gritou com raiva.

“Como ousa me fazer rastejar no chão!”

“Fuhahahaha!”

Após a rasteira, a perna dianteira retrogradou como uma cobra e sua sombra passou
sobre Suzuki Satoru. Talvez fosse porque era feito de Zombies, mas cada movimento in-
tenso parecia ignorar a inércia. Os Zombies nas articulações faziam barulho e rangiam,
como se estivessem sendo desmembrados pelos movimentos vigorosos.

Suzuki Satoru lutou desesperadamente para escapar do raio de ataque de Cure-elim. Ele
nem sequer teve tempo para lançar 「Fly」; tudo o que ele podia fazer era correr em
seus dois pés.

Com um baque oco, o membro esmagou a antiga localização de Suzuki Satoru. Ouviu-se
um som estridente quando muitos Zombies foram esmagados.

Ele não estava levando a luta à sério ainda.

O ataque de antes, feito com membros de Zombies que se estendiam como lâminas de
piche, poderia tê-lo atingido. Havia apenas uma razão pela qual não o fizera.

Era um gato brincando com um rato.

“「Lightning」.”

Suzuki Satoru mirou na pata dianteira de Cure-elim, que estava no chão.

O golpe elétrico branco-azulado da magia 「Lightning」 atravessou o maciço membro,


grosso como uma enorme tromba.

No entanto, teve ainda menos efeito do que a 「Fireball」 de antes. Vários Zombies ca-
íram, e então os Zombies em seu interior minaram para esculpir o membro a sua forma
original.

Os Zombies mortos já haviam sido substituídos. Ele não sabia se Cure-elim estava fa-
zendo isso ou se estava acontecendo automaticamente. No entanto, considerando que
uma pessoa precisaria de mais de 500.000 Zombies para fazer um corpo como esse, pro-
vavelmente seria impossível controlá-los individualmente, então provavelmente a úl-
tima suposição.

“Fuhahaaha!”
O membro moveu-se novamente quando Cure-elim riu alegremente.

“Nggh!”

A parte da perna dianteira que estava no chão expandiu e disparou na direção de Suzuki
Satoru.

Mais de dez Zombies estenderam as mãos para ele como desejassem seu corpo. Os Zom-
bies estendiam-se como se estivessem amarrados juntos por cordas, com os Zombies de
trás segurando os corpos dos Zombies na frente. Desta forma, eles poderiam se estender
por vários metros sem tocar o chão.

O mesmo ataque que destruiu o Guerreiro Skeleton.

Suzuki Satoru lidou com isso de uma forma calma e sem pressa.

Desta vez, ele se afastou usando 「Fly」. Os Zombies que não conseguiram capturar
Suzuki Satoru se recolheram lentamente na perna de Cure-elim.

Eles haviam retrogradado rapidamente depois de agarrar o Guerreiro Skeleton, mas


eles estavam muito lentos agora. Por que houve tanta diferença?

“O que você fez!? Eu nunca vi ninguém usar os undeads assim antes! Como você fez
isso!?”

“Uma criatura undead do seu porte não entenderia, isso é algo que só eu posso
fazer.”

“Ora seu! 「Iceball」!”

Esta era uma magia de efeito de área do mesmo nível de uma 「Fireball」, as magias de
gelo eram essencialmente inúteis contra os undeads. E, de fato, não havia feito nada para
os Zombies. Cure-elim nem se incomodou em responder a isso.

Provavelmente estava ficando fácil demais para ele. Então ele faria o que bem enten-
desse.

“「Acid Arrow」!”

Ele lançou uma magia de alvo único do 2º nível

O Zombie atingido caiu.

“Qual o problema, bobo da corte? Se usar algo tão fraco assim, precisará conjurar
várias vezes para me matar. Você é mesmo um Night Lich? Lance uma magia mais
obscena de um nível mais alto. Ou isso significa que — você não pode?”
“Ngh!”

“Talvez seja melhor eu verificar isso.”

Cure-elim atacou novamente. Desta vez, o golpe acertou Suzuki Satoru.

De fato o acertou, mas o dano causado foi trivial para seu equipamento, portanto foi
absorvido. No entanto, o recuo do ataque não foi cancelado. Suzuki Satoru rolou várias
vezes ao longo do chão antes de parar.

Suzuki Satoru levantou-se com as pernas trêmulas.

“É algo importante, bobo da corte? Meu experimento ainda não acabou, então
tome cuidado para não morrer, ou já vai?”

Cure-elim encurtou a distância para Suzuki Satoru de modo nauseante novamente.


Desta vez, levantou a perna esquerda. Então, repetiu o enorme ataque de efeito de área,
assim como antes.

Evitar isso era bastante simples, mas esse não era o fim do ataque de Cure-elim.

O membro dianteiro que passara por ele estendia-se por longos e grossos objetos seme-
lhantes a tentáculos. Dos “tentáculos”, mandíbulas se abriram e morderam Suzuki Satoru
junto com o emaranhado proveniente de seu aperto.

Suzuki Satoru pensou que eram cobras, no início, mas depois ele percebeu seu erro.

—São Dragões!!!

Ele não podia escapar da boca escancarada do Zombie Dragon, e Suzuki Satoru foi preso
em suas mandíbulas do ombro direito até o peito. Os dentes afundando em suas escápu-
las rangeram enquanto se danificavam. Era um ser que sofreu a conversão em Zombie,
mas ainda era um Dragão.

Ele tinha o conhecimento que outros animais tinham sofrido a conversão Zombie, mas
não saber que até os Dragões poderiam se tornar Zombies tinha sido um grande erro.

A força dos Zombies dependia da criatura base da qual eles eram feitos. Certamente um
Zombie feito de um Dragão seria várias, se não dúzias de vezes mais poderoso que um
Zombie de um humano. Além disso, o HP de um Dragão assim era bem maior, portanto,
dificilmente poderia ser morto com uma magia de 3º nível.

Claro, eles não eram inimigos especialmente poderosos para Suzuki Satoru, mas a exis-
tência de Zombie Dragons implicava que havia monstros mais poderosos prontos para
dar as caras. Não, ele deveria ter certeza que eles estavam definitivamente em algum lu-
gar.

Suzuki Satoru de repente teve uma idéia.

A criatura não havia recolhido o povo do país de Keno porque não precisava.

Os 400.000 Zombies de humanos em Seruk-3 foram suficientes. Em seguida, transfor-


mou criaturas mais poderosas em Zombies e as armazenou em seu corpo.

Era muito provável — não, era a única possibilidade.

“—E pensar que usaria sua própria espécie!”

“Própria espécie? Fuhahaha! Uma frase digna de um bobo da corte. Como eu po-
deria considerar seres vivos inferiores como parte da minha espécie?”

Os Dragões ficavam mais poderosos quanto maior ficassem. Ele estava dizendo nesse
sentido? Ou os Dragonlords eram um tipo diferente de criatura. Suzuki Satoru não sabia
dizer. No entanto, se tivesse transformado vários Dragões em seus asseclas Zombies, en-
tão parte de sua estratégia de batalha precisaria ser alterada.

Algo pegou o corpo de Suzuki Satoru.

O corpo do Dragão começou a se retrair para pata dianteira de Cure-elim, trazendo Su-
zuki Satoru junto.

Fugir era bastante fácil. Sim, era um Dragão, mas ainda era apenas um Zombie. Suzuki
Satoru enfiou as mãos nos espaços dos dentes, agarrando-o pelo ombro e, com força, se-
parou-os.

A mandíbula inferior do Dragão se abriu. A força de Suzuki Satoru superou a do Dragão,


o que significa que este Dragão ainda não estava totalmente desenvolvido.

Assim que pensou que poderia sair lentamente, uma mão enorme apareceu.

“Quê!”

Uma mão que tinha várias vezes o tamanho do corpo de Suzuki Satoru de um humano
normal.

“Gigantes!?”

O corpo de um gigantoide apareceu do lado do Dragão e agarrou Suzuki Satoru. Ele não
sabia dizer qual a espécie, mas provavelmente vivia nas redondezas.
A velocidade com que ele estava sendo puxado repentinamente acelerou, e Suzuki
Satoru foi atraído para a pata dianteira de Cure-elim.

O efeito da dominação de undeads, do qual ele era o mais cauteloso, não ocorreu. É claro
que ele nunca desativou seu 「Turn Resistance III」 para se proteger contra isso. Parece
que ele não seria controlado apenas por ser atraído para ele.

Nesse caso, parece que a dominação só acontecia com os Zombies criados por seu pró-
prio poder.

A boca mordendo seu ombro e a mão gigante segurando seu corpo soltaram. Em seu
lugar, um braço do tamanho de Suzuki Satoru o segurou firmemente.

Havia tantos Zombies ao redor dele que ele não podia ver o lado de fora. No entanto, ele
podia sentir-se em movimento como se estivesse sendo carregado por uma corrente su-
baquática. Ou melhor, seria mais correto dizer que ele estava sendo impulsionado pelos
Zombies do seu entorno.

Enquanto se perguntava onde ele seria levado, sua cabeça foi repentinamente empur-
rada para fora.

Que controle habilidoso dos undeads você tem, Suzuki Satoru refletiu com genuína admi-
ração por Cure-elim.

Visto de fora — parecia estar ao redor do ombro de Cure-elim. Parece que ele foi puxado
de baixo até lá.

Uma cabeça que era muitas vezes menor do que antes olhou com desprezo para Suzuki
Satoru que estava mais abaixo.

Não, não era isso.

Aquilo não poderia ser algo feito de Zombies.

Essa era a verdadeira forma do Cure-elim. Envolto por Zombies, Cure-elim revelou seu
verdadeiro eu.

Embora só a cabeça fosse visível, a forma em si parecia muito com a cabeça feita de
Zombies. No entanto, essa era linda. Suas escamas vibrantes se ondulavam como se esti-
vessem vivas. Suzuki Satoru podia sentir o corpo principal de Cure-elim — embora ele
estivesse cercado pelos undeads — com seu sensor de undeads. A enorme criatura diante
dele também era um undead.

Os olhos vermelho-sangue, com íris fendidas, olhavam diretamente para Suzuki Satoru.
Quando ele viu aqueles olhos, de repente lembrou-se de Keno — ele escondeu sua ansi-
edade com todas as suas forças.

“—Hiiiiiiiiieeeeeeee!”

Suzuki Satoru gritou.

Era um grito hediondo que alguém naturalmente esperaria daqueles que perceberam a
derrota iminente.

“Fuhahaha.”

Cure-elim estreitou os olhos e torceu o pescoço:

“Que grito agradável. Parece que até mesmo os undeads podem fazer esses sons
quando sabem que sua ruína está próxima.”

“E-espere! Dragonlord. Não, Dragonlord-sama! Eu estava errado! Por favor, aceite mi-
nhas desculpas! Você— o senhor é muito forte, eu, eu sei disso agora. Eu estava errado,
então, por favor, me perdoe!”

“Hmph! Só agora, em seu fim, que finalmente entende?”

“Ah! O senhor é o mais poderoso Dragonlord! Eu estava errado!”

“—Não me diga. Nesse caso...”

Suzuki Satoru podia imaginar o que o Dragonlord diria a seguir. Foi por isso que os Zom-
bies que seguravam seu braço direito estavam começando a exercer força sobre ele. Eles
— os Zombies — provavelmente estavam usando muita força. Seus músculos emitiram
um som como se fossem dilacerados, e ele podia sentir os fluidos putrefatos espirrando
em seu corpo. Mas isso era irrelevante. Ele fingiu que seu braço esquerdo estava preso.
Ao mesmo tempo, pegou seu item escondido e se preparou para usá-lo a qualquer mo-
mento.

“Cumpra seu dever como um bobo da corte até o fim. Permita-me deleitar-me com
os gritos de uma criatura undead tola enquanto o esmago!”

“Nãããããoooo!”

A sensação de esmagamento ficou mais forte, e Suzuki Satoru gritou de um jeito atípico.
Ao mesmo tempo, ele ergueu o cristal que estava segurando em um lugar onde Cure-elim
podia ver, e então liberou a magia contida dentro dele.

“「Greater Teleportation」.”
Ele chegou ao portão principal de Seruk-3, que havia memorizado de antemão como
ponto de teletransporte.

Suzuki passou rapidamente pelo portão e escondeu-se atrás da cobertura, Cure-elim


não podia vê-lo de sua posição atual. Então aguçou sua audição e observou seu entorno.
A cidade vazia estava em silêncio e as montanhas acima também eram silenciosas.

Parece que sua fuga não deixou Cure-elim enfurecido, e não havia sinais de que o perse-
guisse.

Ou será porque mover aquele corpo enorme precisava de tempo, ou não viu o valor em
esmagar um inseto? Suzuki Satoru continuou observando por um tempo antes de con-
cluir que era o último.

“E agora...”

A expressão de Suzuki Satoru mudou de repente. Seu comportamento patético dos últi-
mos minutos acabou, e em seu lugar estava uma calma contemplação, como se ele esti-
vesse analisando os resultados de um experimento.

Suzuki Satoru implantou suas magias defensivas anti-adivinhação. Dessa forma, ele se-
ria capaz de perceber instantaneamente se a oposição estava tentando encontrá-lo com
magia.

Mesmo assim, parece que a Magia Selvagem que seu inimigo poderia usar era diferente
das magias que Suzuki Satoru poderia usar. Não era impossível que pudesse perfurar
através de suas contramedidas. Portanto, seria mais seguro para ele agir como se cada
movimento que fizesse estivesse sendo observado por sua oposição.

Suzuki Satoru estreitou os olhos.

Ele gastara muito tempo em preparações precisamente porque considerara essa possi-
bilidade.

Enquanto ele analisava as informações obtidas naquela batalha, ele olhou para a direção
de Cure-elim.

“Você é realmente forte.”

Ele teve que admitir que até mesmo a frase “inimigo poderoso” não era suficiente para
descrevê-lo. Pode-se dizer que era um adversário extremamente difícil.

O Brightness Dragonlord também era forte, mas Cure-elim era ainda mais forte, e—

“Quão problemático.”
A coisa mais básica era que o corpo original do Cure-elim era undead.

Suzuki Satoru — ou melhor, o personagem Momonga — dominou várias habilidades


que se encaixam em seu papel como um magic caster undead. Agora que ele estava lu-
tando contra um inimigo não-vivente, um dos undeads, suas opções de resistência efetiva
eram extremamente limitadas.

Ele podia ter certeza de que Cure-elim havia se cercado de uma massa de Zombies. Zom-
bies eram o tipo mais fraco de undeads, mas derrotar muitos Zombies exigiriam muito
tempo e mana. Pior ainda, não eram apenas os Zombies humanos, mas até mesmo de
Dragões. Mesmo se ele matasse todos aqueles Zombies, Suzuki Satoru não teria mana o
bastante para Cure-elim. Uma desvantagem esmagadora.

No entanto, a partir das magias que ele havia lançado anteriormente, parece que não
havia Zombies especiais ali, e parece que eles não poderiam violar a 「High-Tier Physical
Nullification」 de Suzuki Satoru. Portanto, ele deve ser capaz de ignorar os danos e se
concentrar em manter mana suficiente para suprir essa habilidade, permitindo que eles
o atinjam o quanto quisessem — mas as coisas não eram tão simples assim.

Se a armadura de alguém estiver danificada, normalmente uma pessoa escolheria re-


cuar, reparar a armadura e depois lutar novamente. Assim, eles escolheriam fugir. Por-
tanto, ele sentiu que faria sentido para Cure-elim escapar, a menos que houvesse alguma
razão especial para fazê-lo ficar lá. No entanto, não parece haver nada disso.

Se houvesse alguma maneira de coletar os Zombies de seus arredores, ele não sabia
exatamente quantos havia nos países vizinhos, mas no mínimo, seus números chegavam
na casa de 8 dígitos. Se ele o deixar escapar, pode acabar tendo que lutar contra Cure-
elim através de dezenas de milhões de Zombies.

Se isso acontecesse, as mesmas táticas provavelmente não seriam efetivas novamente.

Quanto mais a luta fosse prorrogada, mais provável era que Suzuki Satoru perdesse.

Ele conseguiu escapar dessa vez, mas seria melhor supor que sua 「High-Tier Physical
Nullification」 só seria eficaz para a próxima batalha.

Analisar o conhecimento adquirido e trabalhar para neutralizar as habilidades de seus


oponentes era uma coisa óbvia. Cure-elim definitivamente faria uma coisa dessas. Só um
idiota acharia que todos os seus inimigos eram tolos.

Mais ao ponto, o inimigo poderia ter encontrado uma contramedida na próxima batalha,
se ele tivesse azar. Já que ele era um Dragonlord como o Brightness Dragonlord, era pos-
sível que ele pudesse usar Magia Selvagem — um poder incompreensível que não existia
em YGGDRASIL.

Ou melhor dizendo — ele deveria levar isso em consideração também.


Você perde menos superestimando seu oponente do que se subestimá-lo.

Além disso, se ele fugisse, o pior cenário pode acontecer — unir forças com o Brightness
Dragonlord e atacar Suzuki Satoru novamente.

Era muito provável que fosse o caso, tão forte quanto Suzuki Satoru, mesmo sem sua
armadura feita de Zombies.

Quando isso acontecesse, Suzuki Satoru estaria sem sorte.

Em outras palavras—

“Eu preciso vencer a próxima batalha e me certificar de matar Cure-elim.”

Ele não sabia se poderia fazê-lo.

Mas era o que precisava ser feito.

Primeiro, ele precisava destruir a armadura de Zombies. Caso contrário, ele não seria
capaz de atacar o corpo de Cure-elim. Mas seria mais perigoso quanto mais tempo per-
desse nisso. Claro, ele não tinha idéia do quão longe sua capacidade de evocação de Zom-
bie poderia chegar, Suzuki Satoru não teria chance, uma vez que Cure-elim conseguisse
reabastecer seu escudo de Zombies.

Nesse caso, ele precisaria usar uma magia de ataque que pudesse penetrar até o interior
e que fosse atingir uma grande área, tudo ao mesmo tempo.

Nesse caso, suas opções eram—

“Magia de Super-Aba.”

Suzuki Satoru pensou nas magias mais potentes que conhecia. Poderia alguma delas
destruir todos aqueles Zombies irritantes em torno de Cure-elim?

Ele pensou em várias opções, mas não achou alguma que tinha um elemento determi-
nante.

Além disso, mesmo que ele destruísse o conglomerado Zombie, o fato de ele não saber
nada sobre as habilidades da verdadeira forma de Cure-elim significava que ele simples-
mente estaria jogando as cegas.

Poderiam as recompensas desta batalha, ou melhor, esta vitória, satisfazê-lo?

Enquanto os pensamentos de Suzuki vagavam espontaneamente naquela direção, ele de


repente riu.
“O que eu estou pensando? Não estou fazendo isso justamente pela maior recompensa
de todas? Eu estou fazendo isso pela Keno.”

Suzuki Satoru — ou melhor, o personagem Momonga — poderia ter sido o Chefe de


Guilda em YGGDRASIL, mas na verdade, tudo o que ele vinha fazendo eram tarefas vari-
adas ou garantir que as coisas transcorressem suavemente entre todos. Ele não era al-
guém que ficava na dianteira de todos e apontava o caminho para eles irem.

Portanto, havia um poderoso sentimento de realização no coração de Suzuki Satoru


agora.

Ele estava lutando na linha de frente por sua amiga.

Ele era o único que estava disposto a fazer sacrifícios pela felicidade de sua amiga.

“Cure-elim — hoje você cairá.”

Suzuki Satoru declarou em uma voz calma e solene.

No entanto, suas palavras continham um fulgor poderoso.

Parte 3

Suzuki Satoru começou a trocar seu equipamento. Quando abriu a seção de anéis em
seu inventário, seus olhos protelaram no Anel de Ainz Ooal Gown.

No entanto, foi apenas por um momento.

Ele lutaria a batalha de hoje pessoalmente, indo para a linha de frente como um Chefe
de Guilda, então ele precisava ter certeza da vitória. Se isso não o ajudasse, então ele
precisava deixá-lo de lado, mesmo sendo o anel símbolo de sua guilda.

Sem qualquer hesitação, Suzuki Satoru trocou seus anéis por aqueles que seriam mais
eficazes durante a próxima batalha com Cure-elim, de acordo com sua análise, claro.

Ele colocou os dez anéis na frente de si e usou um item de cash. Depois disso, ele os
colocou, um após o outro.

Com isso, os anéis registrados para ele eram agora esses dez anéis — os anéis que se-
riam mais eficazes na batalha contra Cure-elim. Na verdade, o item de cash que ele aca-
bara de usar era um que podia trocar os anéis registrados para cada dedo, e Suzuki Satoru
só tinha dois itens desse. Talvez o uso de um item tão precioso tenha sido uma decisão
tola, mas morrer porque o manteve em reserva seria um desperdício total. Portanto, o
mais importante era priorizar sua capacidade de vencer na próxima batalha.

Finalmente, ele colocou um par de luvas de couro. Não era um item mágico; ele colocou
para esconder os anéis que estava usando.

Parece que os Dragões tinham a capacidade de detectar tesouros.

Embora ele não soubesse o nível desse Dragonlord ou se ainda mantinha ou não essa
habilidade, mesmo assim ele iria com tudo para aumentar suas chances de vitória. Se o
seu adversário fosse mais forte do que ele, aumentar as probabilidades em 1% ou mesmo
0,1% já faria a diferença.

Depois disso, ele ajustou seu equipamento, selecionando equipamentos que eram espe-
cialmente eficazes contra undeads e Dragões.

Finalmente, ele chegou a um de seus trunfos para esta batalha, o Cajado de Ainz Ooal
Gown.

Quando ele olhou para o cajado em sua mão, Suzuki Satoru sorriu do fundo do seu co-
ração.

Isso era algo além dos seus sonhos mais loucos, ser capaz de empunhar a Arma da Guilda
— que ele nunca havia usado antes — em uma batalha ao vivo. Certamente seus compa-
nheiros de guilda não teriam pensado em tal coisa.

“Você é a prova da existência de nossa guilda. Vamos lá.”

Como se em resposta às palavras de Suzuki Satoru, uma névoa negra transbordou do


cajado, como se estivesse exibindo sua vontade.

Ao longo do caminho, Suzuki Satoru pensou em algo — não era totalmente impossível,
mas os sistemas dentro do cajado poderiam ter desenvolvido uma sapiência própria de-
pois de vir a este mundo.

“Use seu ressentimento reprimido por ter sido selado por tanto tempo e despeje tudo
durante a batalha que virá. Prove a invencibilidade da Ainz Ooal Gown comigo!”

Ele estava falando sozinho. Não havia como alguém ter respondido a ele. No entanto,
Suzuki Satoru sentiu uma estranha satisfação.

É claro que a chamada invencibilidade era apenas arrogância. Eles sofreram pequenos
contratempos inúmeras vezes no passado. Não era como se eles não tivessem experi-
mentado coisas como ir fazer PK e terminar sendo PKED. Mas a guilda nunca sofreu uma
derrota que fosse grande o suficiente para abalar sua convicção. Desse ponto de vista, se
eles pudessem se levantar novamente, não seria uma verdadeira derrota.
Ele devolveu o cajado ao seu inventário e tirou o item World-Class que normalmente
usava e, o recolocou em seu lugar. Agora ele tinha a proteção do mundo, de uma das fo-
lhas de YGGDRASIL.

Se Cure-elim pudesse usar as mesmas habilidades que o Brightness Dragonlord — ad-


ventos vindos da Magia Selvagem — então a magia seria impotente contra quem utili-
zasse esse item.

Esse foi o fim de seus preparativos.

Suzuki Satoru olhou para a fortaleza que ele havia criado. Deveria dizer algo para Keno
antes de começar sua batalha contra Cure-elim?

E então, Suzuki Satoru balançou a cabeça.

Não havia nada a ser dito.

Nem uma palavra.

Tudo o que ele tinha que fazer era ganhar e voltar em segurança para o lado dela.

Outra questão era mais importante.

Suzuki Satoru enviou uma 「Message」, e deu instruções em conjunto com um item que
poderia tocar as vozes de seus amigos da guilda, além de dizer a hora.

Depois de terminar este trabalho de preparação, ele seguiu sua rota anterior de volta
para as montanhas.

Ele poderia ter reduzido muito sua jornada ao conjurar 「Fly」 ou uma magia de tele-
transporte, mas ele não o fez. Parte disso era porque queria combinar com o tempo, dei-
xar sua mana regenerar e várias outras razões, mas também porque Suzuki Satoru ainda
estava com um pouco de medo.

No passado, ele havia lutado sob a suposição de que poderia escapar, e havia estabele-
cido muitos métodos de fuga para si mesmo.

Desta vez, no entanto, ele não poderia fugir.

Ao contrário do jogo YGGDRASIL, esta era uma batalha que deixava a vida de Suzuki
Satoru em jogo.

“Eu só lutei com o Brightness Dragonlord uma vez, ainda não me acostumei com isso.”

Suzuki Satoru parou e olhou para as mãos brancas e ossudas.


Ele estava imaginando coisas, ou elas estavam tremendo?

“...Eu estou assustado.”

Ele havia se decidido de uma vez por todas, ele estava determinado a lutar por um mem-
bro da guilda, e mesmo depois disso tudo, ele havia terminado assim.

Suzuki Satoru não pôde deixar de rir de si mesmo.

“Tudo bem... 「Breath Ward」, 「Fly」, 「Dragonbane」, 「Bless of Magic Caster」,


「Infinity Wall」, 「Life Essence」, 「Mana Essence」, 「Greater Full Potential」,
「Freedom」, 「See Through」, 「Paranormal Intuition」, 「Greater Resistance」,
「Mantle of Chaos」, 「Indomitability」, 「Sensor Boost」, 「Greater Luck」, 「Magic
Boost 」 , 「 Draconic Power 」 , 「 Greater Hardening 」 , 「 Heavenly Aura 」 ,
「Absorption」, 「Venerate Up」, 「Resistance From Natural Weapons」, 「Greater
Magic Shield」.”

Ele empilhava camada após camada de buffs em si mesmo.

Sua detecção de undeads lhe disse que Cure-elim não se moveu durante esse tempo.

Suzuki Satoru se sentiu um pouco desconfortável. Ele havia subestimado um Dragon-


lord?

Isso tudo poderia ser uma armadilha? Seu oponente tinha visto todas as suas ações de
antemão e feito preparativos para matá-lo definitivamente? Teria ele acabado de sair da
Grande Bola de Mortos e fugido para outro lugar há muito tempo?

Sua inquietação cresceu cada vez mais. Era como se ele estivesse tentando se dar um
motivo para fugir.

Suzuki Satoru não pôde deixar de rir.

Ele riu da fraqueza que habitava dentro de si.

Suzuki Satoru fixou os olhos para a frente, levantou o pé direito e deu um passo à frente.

Então ele fez de novo, com o esquerdo.

Não havia como parar agora.

Muitas razões para fugir apareceram em sua mente, mas Suzuki Satoru ignorou todas.

Ele estava perto de seu objetivo.


E então — Suzuki Satoru, Chefe de Guilda da Ainz Ooal Gown, estava cara a cara com
Cure-elim.

“—Bobo da Corte. Pensei que havia fugido, mas aqui está você de novo? Veio jurar
sua lealdade a mim? Mas... esse equipamento.”

Sua primeira frase fez Suzuki Satoru estreitar os olhos.

Não havia necessidade de falar com ele. Preparar a primeira magia seria mais sábio. No
entanto, ele poderia infligir dano mágico a qualquer momento, mas essa poderia ser uma
chance única. Claro, não havia como dizer se isso daria frutos. No entanto, valia a pena
tentar, mesmo que a chance fosse ínfima.

Suzuki Satoru gritou.

“—Desta vez! Vamos ter uma batalha de verdade! Até que um de nós morra! Venha com
tudo, Dragonlord!!”

“Fuhahaha!”

Em contraste com Cure-elim, que estava rindo alegremente, Suzuki Satoru assumiu uma
postura como se quisesse mostrar seu cristal.

“Hmph, essa é a fonte de sua confiança? — Eu não vou deixar você fugir de novo!”

Uma substância fina e membranosa se expandiu e pareceu cobrir toda a montanha. Era
volumoso e parecia ocupar uma superfície de quilômetros.

Ele não sabia seu nome oficial, mas Suzuki Satoru sabia seus efeitos.

Era uma barreira de bloqueio de teleporte. Foi a primeira Magia Selvagem que o Bri-
ghtness Dragonlord usou.

Em outras palavras — as coisas tinham ido como ele havia previsto.

No entanto, seria problemático se parecesse o mesmo, mas fosse algo totalmente dife-
rente. Suzuki Satoru deu uma ordem conjurando 「Message」 silenciosamente e depois
gritou:

“O que você fez!!!”

“Hmph, você disse que queria uma batalha até a morte, não foi? Então não pode
fugir como da última vez.”

Suzuki Satoru lançou uma magia através do cristal. Foi uma maneira extremamente dis-
pendiosa de usá-lo, mas uma ação necessária neste estágio.
A magia que ele lançou foi 「Widen Magic: Shark Cyclone」. Normalmente, não se pode
armazenar magias aprimoradas dentro de um Cristal Selado, mas a aprimoração vinda
do Widen Magic era uma exceção.

Um tornado de 100 metros de largura e 200 metros de altura apareceu. Ou melhor, fu-
racão negro que agitou a terra separou os dois.

Cure-elim começou a se mover.

Sua visão foi bloqueada pelo tornado e ele não pôde ver Cure-elim. No entanto, a habili-
dade sensorial de Suzuki Satoru detectou uma enorme criatura undead por trás do tor-
nado.

Antes de Cure-elim pensar em romper o tornado — Suzuki Satoru atacou primeiro.

Ele não está preocupado ou tentando fugir... o que ele está tramando?

As formas que nadavam através dos ventos descontrolados — como criaturas nadando
através do oceano — eram tubarões de seis metros de comprimento, que estavam ro-
endo os Zombies e mastigando-os em pedaços. No entanto, era insignificante em compa-
ração com o corpo massivo de Cure-elim. Apenas removeu alguns da parte mais exterior,
mas isso foi tudo. Havia incontáveis Zombies na superfície do corpo de Cure-elim. Dada
a enorme diferença de tamanho entre ambas as partes, Cure-elim planejava romper fa-
cilmente o tornado às custas de um pequeno número de Zombies.

O gigantesco Cure-elim provavelmente consideraria esse tornado como uma resistência


sem sentido. Pode-se dizer que foi por isso que Suzuki Satoru o escolheu, mas havia uma
coisa que ele queria verificar.

Suzuki Satoru começou a pensar rapidamente nas possibilidades.

Por que Cure-elim escolheu avançar pelo tornado?

E quando ele encontrou sua resposta, sua resposta foi “Entendo”.

Ele se perguntou se era esse o caso enquanto usava o anel, mas agora estava tudo claro.

Os Dragões geralmente tinham excelente visão. Às vezes, eles podiam dizer o que estava
acontecendo, mesmo quando uma tempestade de poeira estava diante de seus olhos. Por-
tanto, ele realmente não precisava atravessar o tornado. Tudo o que ele tinha que fazer
era usar Zombies de seus pés e atacar da segurança atrás do tornado. Certamente não
havia razão para o arrogante Cure-elim se aproximar sem necessidade.

Nesse caso, por que ele escolheu atravessar?


A resposta era que sua visão era parecida com 「Undeath Slave Sight」, ele precisava
confiar na visão dos Zombies ao ver através de seus olhos. Talvez os Zombies que com-
puseram seus olhos fossem animais mágicos com poderes excepcionais de visão, mas
eles perderam várias habilidades depois de se tornarem Zombies. E assim, eles se torna-
ram Zombies cuja visão era apenas ligeiramente acima da média, e então Cure-elim —
escondido dentro dos Zombies — não seria capaz de ver através do tornado.

Claro, seria prematuro concluir que ele não estava vendo com os Zombies em suas asas
ou pernas. Mas a partir dos movimentos de Cure — a maneira como movia a cabeça para
se fixar nos alvos, era mais provável que estivesse usando os Zombies em sua cabeça —
especificamente, na região dos olhos.

Nesse caso, ele tinha um movimento preparado antecipadamente.

O cajado obedeceu à ordem e começou a se mover sozinho.


Suzuki Satoru pegou a Arma de Guilda de seu inventário e a trouxe para fora.

“—Vá em frente, Cajado de Ainz Ooal Gown! Inicie o modo de interceptação automática!”

Ao mesmo tempo, Suzuki Satoru usou seu Ás na manga.

Um trunfo que apenas um jogador com a profissão de Eclipse poderia usar.

O nome deste trunfo era “「The Goal Of All Life Is Death」”.

Um relógio que anunciava a morte apareceu atrás de Suzuki Satoru, e então ele lançou
uma poderosa magia em Cure-elim quando este se aproximou, através do tornado.
Como se fosse outro Suzuki Satoru em campo, o cajado selecionou a magia mais apro-
priada para o momento.

O cajado estava engastado com sete gemas divine-class, com os alinhamentos elemen-
tares de Sol, Lua, Terra, Fogo, Vento, Água e Tempo, cada uma com a habilidade de usar
magias seladas dentro de cada joia.

Começou com uma magia da Gema do Fogo

Uma magia divina de ataque com efeito em área, 「Fire Storm」.

O fogo mágico consumiu a cabeça de Cure-elim. Os undeads fazendo a forma de seus


olhos foram destruídos, e os Zombies saíram de dentro para refazer a parte destruída.

Claro, ele já havia antecipado isso. Tudo o que precisava fazer era deixar Cure-elim cego
por um momento.

Ao mesmo tempo, as pernas de Cure-elim abrandaram o ritmo um pouco, provavel-


mente porque não podia ver. Esse foi um bônus inesperado.

Suzuki Satoru e o cajado saíram do caminho de Cure-elim — tomando cuidado para não
serem pisoteados — e lançaram suas magias.

Um círculo mágico gigantesco apareceu ao redor de Suzuki Satoru.

Isso implicava que ele logo lançaria sua magia de Super-Aba.

Suzuki Satoru usou o item de cash que havia retirado e reduziu seu tempo de lança-
mento.

E então, o que veio foi—

“Tributos para a Mãe Negra 「Iä Shub-Niggurath」!”

O que parecia uma brisa negra passou por Suzuki Satoru. E, de fato, o tornado havia
levantado rajadas, mas não essa magia. Entretanto, os dois eram fundamentalmente di-
ferentes. O vórtice escuro não tinha efeito físico e, ao mesmo tempo, não era algo que
pudesse ser interrompido por meios físicos.

A Magia de Suber-Aba 「Iä Shub-Niggurath」 não era particularmente assustadora. A


razão era porque tudo o que fazia era infligir um efeito de morte instantânea, e era inútil
contra undeads, Golems e outros seres que não tinham vida. Embora fosse eficaz contra
jogadores vivos e inimigos, era difícil imaginar alguém no nível de Suzuki Satoru sem
nenhum tipo de imunidade à morte instantânea.
De fato — era uma magia insignificante que só tinha um efeito de morte instantânea. No
entanto, com o auxílio da habilidade vindas de sua profissão Eclipse, essa magia trans-
formou-se repentinamente em uma magia cruel e terrível.

O relógio flutuando atrás das costas de Suzuki Satoru soou às doze horas e, à medida
que a magia era lançada, seus ponteiros começaram a se mover.

Enquanto isso, Suzuki Satoru já havia começado seus preparativos para o próximo passo.

Ele não daria a Cure-elim qualquer momento para criar estratégias. Esta era sua jogada
derradeira. Se ele permitisse que Cure-elim aumentasse sua defesa mesmo que pouco,
mesmo se 「Iä Shub-Niggurath」 fosse interrompida, já seria uma derrota para Suzuki
Satoru.

Certamente, ele poderia ter lançado 「Time Stop」. No entanto, 「Time Stop」 tinha
sido ineficaz contra o Brightness Dragonlord na vez que lutaram, o que significava que
era muito provável que também fosse inútil contra o corpo original de Cure-elim, seu
corpo Dragonlord. No entanto, deve ser eficaz contra os Zombies que cercam Cure-elim.
Se aqueles Zombies tivessem a força defensiva do mesmo grau que Cure-elim, então sua
primeira rodada de ataques, seus testes, teria sido ineficaz, e ele não teria sido capaz de
derrotar tantos Zombies.

Em outras palavras, eles não estavam equipados com itens mágicos.

Equipar itens mágicos adicionavam habilidades aos usuários, os itens equipados com-
partilhariam a mesma resistência do usuário. Por exemplo, considere o colar que Suzuki
Satoru usava, em comparação com um no chão. Se ambos tivessem a mesma durabilidade,
o que estava no chão seria mais facilmente destruído.

Em outras palavras, dadas as circunstâncias atuais, as defesas de Cure-elim não se apli-


cavam aos seus Zombies. Eles não eram equipamentos; eram undeads agarrados ao seu
corpo.

Em outras palavras, os Zombies não passavam de Zombies. Se ele lançar 「Time Stop」,
certamente será efetivo contra a massa Zombie mesmo que não seja efetivo contra o pró-
prio Cure-elim. Eles seriam uma prisão para Cure-elim, que seria selado dentro deles.

Enquanto ele sentia que era um método de ataque eficaz, havia uma coisa sobre isso que
o deixava desconfortável.

Ou seja, de onde veio a resistência contra paragem do tempo do Brightness Dragonlord?

Toda a resistência com elementos relacionados ao tempo de Suzuki Satoru veio de seu
equipamento. No entanto, o Brightness Dragonlord não se parecia com o tipo que usava
equipamento. Isso significava que tinha resistência inata a ele?
Claro, se fosse apenas por isso não seria problema. A questão era se essa resistência
poderia ser aplicada a outros, como uma magia defensiva.

É claro que, mesmo que pudesse lançar uma magia assim, não seria um desperdício se
ele pudesse forçar seu oponente a entrar em seu joguete. No entanto, seria problemático
se essa habilidade também funcionasse contra o seu trunfo.

Foi por isso que Suzuki Satoru não lançou 「Time Stop」.

Em vez disso, ele lançou outra magia.

Seu primeiro objetivo era ganhar tempo.

Seria ruim se seu oponente ignorasse tudo e reforçasse as defesas, então ele precisava
confundir seu oponente. Ele não achava que seu oponente, como um dos undeads, per-
deria a calma, mas se ele pudesse usar uma variedade de ataques para fazê-lo esquecer
a defesa, as coisas sairiam bem.

Ao mesmo tempo, ele dissipou 「Shark Cyclone」. Ele não sabia se seu timing era per-
feito, mas Suzuki Satoru percebeu que um Dog Zombie que estava atrás de Cure-elim
todo esse tempo. Estava muito atrás, a uma distância onde ele não teria sido capaz de ver
se não fosse pela visão aguçada que ele ganhou depois de se tornar undead.

“「Armageddon: Evil」.”

A escuridão se reuniu em torno de Suzuki Satoru e formou uma tempestade giratória


em forma de vórtice.

Então, um som gorgolejante veio de objetos semelhantes a bolhas ao redor dele, e de-
mônios nasceram do abismo.

Os primeiros a aparecer eram demônios abaixo do nível 10; havia um total de 128 des-
[Demônios Inferiores]
sas criaturas chamadas de Inferior Demons . Não havia outra palavra que ele pudesse
usar para descrevê-las além de “deformados”. Suas cabeças estavam inchadas, seus bra-
ços esquerdos eram demasiadamente finos, seus maciços braços direitos eram feitos de
vários tentáculos entrelaçados e suas pernas tinham comprimentos diferentes. Eles não
possuíam nada para distinguir seu gênero, e pus amarelo escorria de incontáveis peque-
nos buracos por todo o corpo.

Suas formas pareciam implicar que nasceram apenas para poluir o mundo.

Esses demônios, feitos para destruição e abate, não estavam sob o controle de Suzuki
Satoru. Em vez disso, eles atacaram tudo ao seu redor. Dadas as circunstâncias, a única
criatura perto deles era Cure-elim, e então eles atacaram.

E quando a horda demoníaca começou o ataque—


“—Seus demônios miseráveis! Saiam do meu caminho!”

O rugido do Cure-elim trouxe um sorriso ao rosto de Suzuki Satoru.

Era isso.

Depois de abandonar os Zombies de superfície em sua cabeça, o corpo de Cure-elim co-


meçou a se mover novamente depois de recuperar a visão, formando grossos tentáculos
de Zombies. Mais de 20 tentáculos dispararam contra os demônios.

Não se pode derrotar um demônio com apenas um golpe. No entanto, os tentáculos Zom-
bies agarraram e amarraram os demônios, depois os arrastaram para o corpo de Cure-
elim. Foi muito difícil para os Inferior Demons resistirem a força de 10 Zombies.

Os demônios engolidos foram imobilizados e brutalizados, e logo foram reduzidos a es-


córias vis e retornaram ao mundo dos mortos.

No entanto, foi ótimo.

Foi ótimo justamente por ser assim.

Pode-se dizer que seria problemático se ele demorasse para matá-los.

Ele os convocara justamente por serem muito fracos. Talvez tenha sido mais problemá-
tico se Cure-elim não soubesse que eles eram demônios e os tratasse como poderosos.
Tendo ganhado sua aposta, Suzuki Satoru não deixou um sorriso zombeteiro aparecer
em seu rosto imóvel.

Os objetos em forma de bolha ao redor de Suzuki Satoru se formaram em um vórtice


[Foices d o I n f e r n o ]
novamente, e agora demônios de nível 20 apareceram — Hell Scythes.

Esses demônios pareciam uma fusão entre louva-a-deus, humanos e outras criaturas.
Suas foices gigantescas reluziam com um brilho de aço e estavam cobertas de veneno.

Havia 64 desses demônios ao todo.

Muito parecido com os Inferior Demons de antes, eles abriram suas asas de louva-a-
deus e voaram em direção a Cure-elim.

Talvez fosse pânico por causa de seus números, mas o corpo de Cure-elim começou a se
contorcer. Então, tentáculos formados por Dragões, gigantoides e outros seres poderosos
dispararam em direção aos demônios.

Um deles veio em direção a Suzuki Satoru.


“「Wall of Skeleton」.”

O tentáculo colidiu com a parede que apareceu do nada. Foi incrivelmente rápido e tre-
mendamente massivo, isso por si só provou a força do ataque. Pode-se dizer que foi como
um carro vindo em sua direção.

A parede formada por incontáveis ossos não resistiu àquele poder destrutivo e foi des-
truída. Ao mesmo tempo, pedaços de carne dos Zombies que compunham o tentáculo se
espalharam em todas as direções quando o tentáculo penetrou a parede.

“O quê!?”

“Tarde demais. O tempo acabou.”

Quando Suzuki Satoru — que estivera contando em seus pensamentos — disse isso, o
relógio que anunciava o fim terminou uma volta, os ponteiros mais uma vez apontaram
para o céu.

Naquele momento — o mundo morreu.

A terra se tornou um deserto. Mesmo o ar agora era um miasma de morte.

Zombies de todos os tipos — havia definitivamente mais de 400.000 deles, era possível
que fossem mais de um milhão — choviam sobre a terra deserta. Suzuki Satoru recuou,
abrindo grande espaço entre eles.

Os demônios precisavam respirar, então também morreram na área de efeito. Mas tal
perda não significava nada para Suzuki Satoru. Isso foi porque a verdadeira forma de
Cure-elim foi, por fim, completamente exposta.

Aquela massa de criaturas undeads tinha sido verdadeiramente como uma imitação do
corpo do Cure-elim. Eles pareciam muito semelhantes, mas sua forma verdadeira parecia
muito graciosa em comparação. Era um Dragão, mas também um undead, com um corpo
parecido com um predador felino, cujas pernas e pescoço eram muito longos.

Ao mesmo tempo, bolhas pretas apareceram em torno dele, e delas surgiram demônios
[ D e m ô n i o s Apo d r ec i do s ]
em torno do nível 30 , Rotting Demons. Eles tinham mais de dois metros de altura, com
pele negra que se assemelhava a pântanos borbulhantes. As bolhas subiam à superfície
e explodiam, liberando uma névoa amarela. Apesar de estar cercado por esses demônios
que estavam envolvidos em gás com efeito de podridão, Suzuki Satoru não foi afetado,
afinal, ele era um undead.

Havia 32 deles ao todo.

Suzuki Satoru encolheu os ombros.


“Você encolheu, Dragonlord.”

“—Então na verdade você é a imundice do Imperador Dragão. Aquela magia... pa-


nóplia poderosa... eu nunca me esquecerei disso...”

Sua voz ecoou com ódio sincero. Suzuki Satoru lembrou-se de que o Brightness Dragon-
lord havia dito algo ao longo daquelas palavras também, mas manteve os olhos atentos
em Cure-elim. É claro que ele não esqueceu de apertar o botão da pulseira relógio de
pulso que tinha a voz de sua amiga armazenada nela.

“Você não acha que é um pouco tarde para perceber isso?”

“...Sua atuação de bobo da corte foi realmente magnífica. Fui completamente en-
ganado por sua farsa.”

As bolhas pretas apareceram novamente, e os demônios que apareceram desta vez es-
[Suplicantes]
tavam por volta do nível 40, Supplicants. Eles tinham corpos femininos com cabelos lon-
gos e pele branca-azulada, essas coisas por si só não seriam o bastante para julgá-los
como demônios. No entanto, seus olhos, narizes e bocas estavam todos costurados com
linha, suas mãos também foram costuradas como se implorasse aos deuses por miseri-
córdia. Havia oito deles.

Cure-elim usou sua pata dianteira para golpear os Rotting Demons que voaram para ele,
matando-os de uma só vez.

Os demônios convocados atacaram Cure-elim ao mesmo tempo, como se estivessem es-


perando por essa chance. No entanto, Cure-elim fixou seus olhos vermelhos em Suzuki
Satoru, totalmente imóvel, como se quisesse indicar que Suzuki Satoru era seu único opo-
nente. Ele atacou com seus membros anteriores, asas e cauda, destruindo os demônios
um após o outro.

Cure-elim não foi afetado pelos ataques especiais dos Supplicants — suspiros — ou pe-
los Rotting Demons — gás da podridão. Provavelmente não foi apenas pelos traços raci-
ais vindos por ser um undead, mas também porque tinha resistências a eles.

Os demônios mudaram de tática e começaram atacar com magia, mas devido às diferen-
ças em seus níveis, o dano que causaram foi insignificante.

Enquanto Suzuki Satoru assistia a tudo isso, ele permaneceu cauteloso como sempre.
Originalmente, Suzuki Satoru havia colocado Cure-elim na mesma categoria que o Bri-
ghtness Dragonlord. Seria brincadeira de criança para um ser tão poderoso acabar com
demônios como esse. Se Suzuki Satoru levasse um ataque combinado assim, até ele teria
tomado níveis desastrosos de dano.

Claro, ele não tinha intenção de aceitar.


As bolhas pretas sangraram mais uma vez, e os demônios que apareceram estavam em
[Diabos de Guerra]
torno do nível 50 — War Devils. Eles eram demônios que usavam armadura completa e
pareciam guerreiros. Eles seguravam espadas bastardas envoltas nas chamas negras do
inferno, além disso, suas asas negras se projetavam através de suas armaduras. De fato,
o visual deles parecia bem legal, e havia quatro deles.

Normalmente, a magia invocaria dois demônios de nível 60 e mais um demônio de nível


estimado em 70, mas Suzuki Satoru cancelou isso e preferiu invocar mais demônios de
nível inferior. E assim, havia duas vezes mais demônios, que variavam do nível 10 ao 30.

E assim, os efeitos da magia terminaram.

Os War Devils usaram sua habilidade, que era um buff do tipo comandante que melho-
rava as habilidades de todos os demônios invocados. No entanto, Cure-elim usou sua
longa cauda para fazer golpes de ampla varredura para frente e para trás, destruindo os
demônios enquanto eles se afastavam para lançar suas magias. Um pequeno buff de es-
tatísticas não significava nada para um Dragão de alto nível.

Cure-elim parecia anormalmente calmo enquanto exterminava os demônios.

Isso não é bom, pensou Suzuki Satoru. Seria melhor se continuasse a subestimá-lo como
antes.

“Agora, hora de você morrer. Seu—”

“—Espera esperaespera, está realmente com tanta pressa assim? Eu gostaria de per-
guntar uma coisa, ah, como era mesmo, morrer sem arrependimentos, você não pode
poupar um pouquinho de bondade para mim?”

“Eu não tenho piedade para o seu tipo, seus tolos que poluem este mundo.”

Cure-elim se enrolou com um whoosh.

Os Dragões se pareciam com predadores felinos em alguns aspectos, com seus movi-
mentos habilidosos, cheios de destreza. A postura do Cure-elim deve significar que es-
tava planejando atacar sua presa — Suzuki Satoru.

Parece que planejava ignorar todos os demônios ao redor. Claro, isso não foi um erro da
parte dele. Se Suzuki Satoru fosse confrontado com seres que poderiam prejudicá-lo e
seres que não poderiam prejudicá-lo, então seria óbvio qual ele seria cauteloso.

Depois de decidir que ele não poderia mais ganhar tempo, Suzuki Satoru começou a in-
citar Cure-elim. Sua intenção era fazer seu oponente agir por impulso, sem calma para
pensar, mas ele tinha a sensação de que seria ineficaz, dado que seu adversário era
undead.
“Fuhahaha, para onde foi seu sorriso? Cansou de ficar relaxado? Não tenha
pressa—”

Os olhos de Cure-elim se estreitaram em ódio.

“—E saboreie sua destruição, imundice do Imperador Dragão!”

E então, como se movido por essas palavras, Cure-elim começou a correr, seus pés es-
magaram os cadáveres dos Zombies. Mesmo assim, não afetaram a velocidade em que
ele estava se aproximando.

Os War Devils que estavam no ar, entre as duas partes, foram atingidos por sua investida
e arremessados longe. Eles não foram mortos em um único ataque, mas seus ferimentos
foram graves o bastante para ficarem inoperantes.

“Ei ei...”

Suzuki Satoru sorriu quando Cure-elim se aproximou:

“Eu ainda não terminei meu ataque.”

Havia uma esfera negra flutuando no céu.

Que caiu no chão, como se esperasse Suzuki Satoru falar.

Este desenvolvimento súbito levou Cure-elim a saltar para longe, mantendo distância
de Suzuki Satoru. Como conseguiu cancelar sua velocidade anterior e subitamente recuar,
estava desafiando a lei da inércia?

A esfera negra caída se rompeu como um balão de água batendo no chão, ou para ser
mais preciso, como uma fruta madura colidindo com o chão. Seu conteúdo se derramou,
uma substância escura que não refletia a luz, um líquido negro pegajoso que parecia tin-
gir qualquer coisa que tocasse em preto.

Engoliu todos os Zombies.

A substância preta parecida com lama encharcou seus pés, mas Suzuki Satoru não es-
tava com medo.

Ele continuou observado Cure-elim, que estava ocupado destruindo demônios. Suzuki
Satoru não fez nenhuma tentativa de atacar e parecia totalmente à vontade.

Uma árvore cresceu entre os dois.

Havia apenas um no início, mas depois o número deles aumentou. Dois, três, cinco, dez...
eram tentáculos, sacudiam mesmo sem vento algum.
“MÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉHH!!”

De repente, ele ouviu o adorável balido de uma cabra. E não foi apenas um deles — o
bastante para pensar que existia um rebanho inteiro.

Como se puxado por aquele som, o líquido alcatroado emitiu um gemido vazio, e então
algo pareceu emergir dele.

Esses seres eram anormais, anormais até demais.

Eles tinham aproximadamente 10 metros de altura, se incluísse seus tentáculos esse


número ficaria incerto.

Pareciam nabos, mas com incontáveis tentáculos negros no lugar de suas folhas. Suas
raízes grossas pareciam protuberâncias de carne, e abaixo deles havia cinco pernas,
como pernas de uma cabra negra.

A porção da raiz — ou seja, a seção irregular — se fissurou e dividiu-se em mais de um


lugar.

Até mesmo Cure-elim simplesmente assistiu os procedimentos com cautela. Não pare-
cia ter qualquer intenção de atacar.

Isso lembrou Suzuki Satoru do Dragonlord com quem tinha lutado antes.

Ahhh, então é isso. Esses caras... eles nunca lutaram com seres em seu nível antes, ou pelo
menos não com frequência.

Percebendo uma oportunidade, Suzuki Satoru sorriu e então—

“MÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉHH!!”

—O adorável balido das cabras veio dessas fissuras.

Eles tinham bocarras que escorriam baba pegajosa.

Os cinco monstros temíveis que apareceram foram chamados de “Crias Negras”.

Esses monstros que apareciam em números proporcionais às vítimas da magia 「Iä


Shub-Niggurath」.

Embora eles não tivessem nenhuma habilidade especial potente, eles tinham um poder
defensivo excepcional e estavam acima do nível 90.
“Hoho, bons números... Cure-elim, parece que todos os que sacrificou em prol de seu
plano estúpido farão parte da sua morte!”

Isso era impossível. Os mortos não podiam mais ter vontade própria.

No entanto, isso pode ser possível neste mundo. A idéia de que as Crias Negras tivessem
aceitado os últimos desejos dos mortos se recusaram a deixar a cabeça de Suzuki Satoru.

Seus tentáculos eram extremamente longos e pareciam ansiosos por Suzuki Satoru dar
uma ordem. Talvez fosse esse o caso.

“—Tudo bem, vão!”

A Cria Negra baliu e partiu em disparada para Cure-elim.

O rabo de Cure-elim atingiu uma das Crias Negras em cheio e arrancou parte de seu
corpo, seu sangue sujo se espalhou. No entanto, ele tremeu por apenas um momento, e
então suas pernas grossas pisaram no chão com firmeza, quase sem qualquer diminuição
em sua investida para a frente.

“O QUÊ!?”

Talvez tivesse pensado que a Cria Negra teria sido arremessada aos céus, ou que desa-
pareceria como os outros demônios. A Cria Negra se aproximou de Cure-elim enquanto
falava com uma voz confusa, e eles colidiram.

Cure-elim estremeceu com o impacto.

As Crias Negras cercaram e fizeram seu movimento, atingindo Cure-elim incontáveis


vezes com seus tentáculos, alguns deles até se movendo para mordê-lo.

“NÃO ME MENOSPREZE!”

Cercado pelas Crias Negras, Cure-elim se retorcia e se esquivava como um gato, usando
suas asas, cauda, pernas e presas para contra-atacar.

Só então, Suzuki Satoru lançou uma magia. Ele não precisava mais fingir que era arro-
gante demais para usar suas magias. Agora, ele selaria as escolhas do seu oponente e o
conduziria para o caminho que havia preparado.

A magia que Suzuki Satoru havia lançado era 「Lopsided Duel」.

Uma magia de 3º nível. Ela ligava o conjurador ao alvo de tal forma que sempre que o
alvo tentasse fugir por teletransporte, tanto o conjurador quanto o alvo apareceriam no
mesmo lugar.
Poderia até ignorar efeitos de 「Delay Teleportation」 e teletransportar os dois para o
local designado. No entanto, essa magia tinha uma falha fatal. Se o alvo se teletranspor-
tasse para junto de seus amigos, então o conjurador seria levado ao mesmo lugar graças
ao efeito de amarração, e com isso seria cercado.

Foi por isso que uma magia aparentemente tão útil pertencia ao 3º nível. Antes do patch
de correção, era possível usar em um companheiro de equipe, mas após o patch, só po-
deria ser lançada nos inimigos.

Claro, se Cure-elim decidisse se teletransportar para o Brightness Dragonlord ou para


um Dragonlord igualmente poderoso, a fuga imediata seria sua maior prioridade. Como
o nome 「Lopsided Duel」 implicava, ou seja, “Duelo Desigual”, essa magia tinha a van-
tagem de, se o conjurador se teletransportasse para longe, seu oponente não seria tele-
transportado com ele, o que tornava a fuga fácil.

Em seguida, o cajado também lançou uma magia.

Uma magia de 8º nível, 「Dimensional Lock」.

Demônios, anjos e afins frequentemente usavam essa técnica como habilidade, essa ma-
gia tinha a mesma função. E impedia o movimento instantâneo através de meios como
teletransporte fora de sua área, mas isso não impedia o movimento físico. Para evitar
isso, ele tinha que ficar de olho em cada movimento que Cure-elim fizesse.

Cure-elim estava dentro da área do 「Dimensional Lock」. Se ele tentasse escapar da


área e se teletransportasse, 「Lopsided Duel」 entraria em vigor.

Suzuki Satoru e seu cajado construíram uma prisão mágica. As Crias Negras serviram
como uma prisão física.

Parece que as Crias Negras achavam os demônios atacando-os bem incômodos.

De fato, eles tinham sido convocados pelo mesmo conjurador, os demônios convocados
através de 「Armageddon: Evil」 atacavam qualquer um dentro de seu raio. No entanto,
justamente por isso que poderiam coexistir.

Já que não podia dar ordens aos demônios, que não estavam sob seu controle, ele não
tinha escolha a não ser instruir as Crias Negras para lidarem com isso.

Suzuki Satoru ordenou as Crias Negras para que “aguentem, esses demônios não podem
fazer muito mal a vocês mesmo que não se defendam” e então lançou outra magia.

“「Triplet Maximize Magic: Reality Slash」.”

A magia de ataque da mais alta ordem rasgou o corpo de Cure-elim.


Esta foi provavelmente a maior quantidade de dano que tinha levado em todas as suas
batalhas até o momento, e os olhos de Cure-elim pareciam estar tentando queimar atra-
vés de Suzuki Satoru.

O cajado lançou uma magia imbuída na Gema do Sol — 「Shining Blast」.

Uma magia de ataque com efeito de área, quanto mais negativo fosse o carma, mais dano
extra causaria às criaturas de alinhamento maligno e undeads. Por sua vez, à medida que
o carma de seus alvos aumentasse, o dano causado seria diminuído, ou mesmo anulado.

É claro que as Crias Negras também seriam prejudicadas, sendo que Cure-elim estava
no meio delas. No entanto, o valor de carma das Crias Negras era de 0, apesar de suas
aparências, então elas não sofreram muito dano.

No entanto, os demônios que sofreram danos do efeito de área começaram a considerar


o cajado como um inimigo. No entanto, uma vez que os demônios estavam limitados pela
única regra de “não atacar seu invocador”, eles também não atacaram o cajado, que era
considerado parte do equipamento de seu invocador.

Como consequência, os demônios redobraram a intensidade de seu ataque a Cure-elim


e as Crias Negras atacaram de modo que parecia descontar suas frustrações.

“Ohhhhhhhh! Maldito! Maldito seja, IMUNDICEEEE!”

A voz do Cure-elim parecia tensa. Foi xeque-mate. Uma diferença de nível imperceptível
não significava nada depois que a última peça se encaixasse.

No entanto, tudo seria diferente se Cure-elim tivesse a mesma noção de Suzuki Satoru.
Precisamente porque Suzuki Satoru conhecia aquele monstro e sua função de tanque,
que ele poderia fazer seu adversário se indagar como um monstro que tinha sido danifi-
cado atacava ainda mais ferozmente.

“「Triplet Maximize Magic: Reality Slash」.”

Ele continuou lançando a magia de ataque mais poderosa que conhecia porque estava
determinado a não dar tempo ao inimigo para recuperar o fôlego e derrotá-lo aqui. Ao
mesmo tempo, seu cajado lançou outra magia.

“「Summon Primal Fire Elemental」.”

As chamas espiralaram no céu e atingiram os seis metros de altura, então lentamente se


condensaram em forma humanóide.

Este foi o melhor movimento que ele poderia fazer, solidificando ainda mais sua vanta-
gem.
Mesmo Suzuki Satoru desejando fazer uma coisa dessas, no momento ele não podia,
para seu pesar.
[El em ent al do Fogo P r i m o r d i a l ]
O Primal Fire Elemental invocado traçou seu caminho entre as Crias Negras e perfurou
Cure-elim com seus punhos flamejantes.

“「Triplet Maximize Magic: Reality Slash」.”

O cajado novamente lançou uma magia divina, mas dessa vez foi uma do 9º nível
「Crack In The Ground」.

Assim que Cure-elim foi ferido pelo 「Reality Slash」, o chão se abriu e uma fissura
agarrou a perna de Cure-elim, deixando-o preso lá como um animal em uma armadilha
de urso.

O efeito da morte instantânea não havia sido ativado, como ele esperava. No entanto, o
dano ao longo do tempo e os efeitos de impedimento de movimento devem ter sido apli-
cados.

Embora ele não soubesse como as fissuras poderiam se formar no deserto, a magia fez
seu papel e subverteu a lógica do mundo.

Eu venci, não—

Suzuki Satoru imediatamente ficou tenso no momento em que se sentiu relaxado.

Era verdade que Cure-elim deveria estar sem opções dadas as circunstâncias atuais.
Mesmo Touch Me não seria capaz de sair disso. Mas seria uma questão diferente se Cure-
elim ainda tivesse um trunfo. Foi muito parecido com a batalha com o Brightness Dra-
gonlord — Dragonlords daquele nível tinha um golpe especial na forma de Magia Selva-
gem. Ele não podia abaixar sua guarda ainda.

Enquanto o cajado lançava suas magias de ataque, Suzuki Satoru observou a parte tra-
seira de Cure-elim, à direita, acima, e então colocou sua pulseira relógio de pulso. Quão
bem seu Ás na manga seria capaz de se adaptar às circunstâncias, e que tipo de jogada
seu oponente faria? Este seria o momento que determinaria a vitória ou a derrota.

...Keno... eu voltarei a salvo para seu lado...

♦♦♦

Por quê?

Cure-elim pensou nas profundezas de sua mente caótica.


Por que ele foi levado a circunstâncias tão desesperadas, apesar de seu planejamento
imaculado? A imundície do Imperador Dragão— por que ele, o mais abnegado dos seis
Dragões que se prepararam para aniquilar os responsáveis que haviam poluído este
mundo, foi forçado a uma situação como esta?

A resposta foi muito simples.

Cure-elim sabia que os inimigos de seu nível existiam, mas nunca havia lutado contra
eles.

No passado, havia evitado entidades no mesmo nível que Suzuki Satoru. Isso não era
porque era fraco, mas porque sua inteligência havia dito que eles não poderiam ser der-
rotados.

Confiara tanto em sua inteligência, que perdeu a chance de entender e aprender. A im-
portância da preparação prévia. O modo correto de usar seu poder. A importância de
engolir o orgulho e trabalhar com os outros. Ele não havia entendido nada disso.

Suzuki Satoru e Cure-elim.

Essas eram as diferenças entre esses dois seres transcendentalmente poderosos.

Apesar de ter sido um jogo, Suzuki Satoru acumulou uma grande quantidade de experi-
ência em batalhas com seus iguais, e ele entendeu a importância de lutar com seus ami-
gos. Por sua vez, Cure-elim não sabia nada sobre isso.

Se Cure-elim tivesse alguma experiência relevante, não teria sido reduzido a este estado.
Poderia ter sido capaz de matar Suzuki Satoru.

Mas— isso não aconteceu.

Portanto, era natural que Suzuki Satoru — que havia analisado as habilidades de seu
oponente e feito preparativos para garantir sua vitória — pudesse triunfar.

No entanto, tudo isso foi apenas na teoria. Não há como concluir a verdade.

Havia também a diferença no poder individual.

Era exatamente como uma formiga não podia esperar incomodar um elefante, por mais
que tentasse. Uma diferença no poder individual pode se tornar o maior obstáculo. Os
Dragões eram as espécies mais poderosas, mesmo depois de se tornarem undeads, suas
proficiências básicas superavam em muito as de Suzuki Satoru.

E todos os Dragonlords Verdadeiros possuíam um certo poder bem poderoso. No caso


do Cure-elim, ele estava aprimorando esse poder, preparando-se para lidar com os Joga-
dores.
Essa foi a razão pela qual Cure-elim se fez assim.

Magia Selvagem

A Magia Selvagem que Cure-elim poderia usar era considerada a mais cruel de todas as
magias que os Dragonlords poderiam conjurar.

Naturalmente, exigia um enorme preço a ser pago.

Mas, como Cure-elim percebeu que seria destruído se isso continuasse, lançou mesmo
assim.

Cure-elim abriu a boca.

Não era como uma serpente engolindo sua presa. Sua boca gradualmente se abriu, até
que seu longo pescoço fissurasse. A parte fissurada pendia para baixo, como se fosse fa-
zer uma gigantesca boca com dezenas de metros de largura que devoraria tudo.

E então, daquela bocarra colossal, ele expeliu:

“「Sopro Rompe-Almas」.”

Essa Magia Selvagem parecia com o efeito do item World-Class Longinus. Era um poder
soberano, impossível de resistir, que desincorporava a alma de qualquer coisa que to-
casse.

Esse poder totalmente maligno consumia tudo o que estava presente.

♦♦♦

Os olhos de Keno se arregalaram quando ela olhou para a esfera negra flutuando sobre
a montanha.

Ela percebia que era enorme, mesmo a uma grande distância.

“Mas o que era isso?”, “O que diabos aconteceu?” Pergunta após pergunta se empilhava
uma sobre a outra, mas no final, a mais importante foi “que tipo de poder poderia ter cri-
ado algo assustador?”

Era uma técnica secreta usada por Suzuki Satoru, seu companheiro de viagem? Ou era
o poder da pessoa misteriosa que tinha tomado tudo de Keno? Seu país, sua família?

Independentemente do que fosse, isso não era algo que o próprio poder de Keno poderia
esperar alcançar. Esse era o poder quase milagroso exercido por indivíduos ímpares que
permaneciam no ápice do mundo.
Seria bom se esse fosse o poder de Suzuki Satoru. Não— não seria.

Isso implicaria que Suzuki Satoru, que poderia casualmente esmagar qualquer inimigo
que encontrasse — fora o Brightness Dragonlord — ao julgar justificável o uso desse po-
der.

Em outras palavras, o oponente de Suzuki Satoru era tão forte quanto ele.

O poder de Suzuki Satoru era inquestionável.

Ele era a pessoa com quem ela passara a maior parte do tempo além da família, e Keno
aprendera muito sobre ele ao longo de cinco anos de viagem.

Ele tinha muitas falhas.

Ele tinha um péssimo gosto para nomear as coisas. Ele ria das coisas mais estranhas.
Travava mal os vivos. Ele inventava histórias incríveis em um piscar de olhos. Ele alegre-
mente sacrificaria a vida dos outros por si mesmo — e Keno. Ele era uma pessoa muito
cruel.

Mesmo assim, ele tinha muitas virtudes.

Ele era muito educado com todos. Ele era muito curioso. Ele sempre ansiava pelo des-
conhecido e pelas coisas que encontrara pela primeira vez com um brilho nos olhos. Em
algum momento, ele aprendera a pentear corretamente o cabelo dela. Ele a tratou como
um igual, mesmo que ela fosse fraca e dependente. E o mais importante — ele era muito
gentil.

Keno abraçou seu próprio peito liso e infantil, que nunca cresceria.

Ele era um homem que poderia protegê-la enquanto lutava contra um monstro incrível
como o Brightness Dragonlord, e que conseguira recuar em segurança no final. Certa-
mente ele seria capaz de retornar com segurança para o lado dela também, certo?

Mesmo se ela acreditasse nisso — não, mesmo se ela quisesse acreditar — ela não po-
deria deixar de se sentir desconfortável depois de ver um poder tão mesmerizante.

“Você vai voltar, certo? Você vai voltar em segurança para mim, não vai?”

Foi ele quem a salvou depois que ela perdeu tudo.

Ele era o que ela acreditava, um alguém que continuaria a salvando.

Keno Fasris Invern ganhou a vida eterna. Como um ser detestado pelos vivos, mesmo
que ela fizesse amigos vivos, eles acabariam morrendo antes dela.
E então, quando envolta por esse lema, aquela noite veio.

Ser capaz de encontrá-lo na cidade foi uma grande sorte.

Ele a acompanharia pela eternidade. Ele nunca a deixaria sentir a solidão de ser aban-
donada neste mundo. Seu encontro com ele foi destinado pelo destino.

“...”

Mas agora, ele não estava ao lado dela, e poderia abandoná-la a qualquer momento e
fugir. Esse mal-estar atormentava Keno.

Ele foi por ela. Keno sabia muito bem disso, e ficou muito grata por isso.

“Faça o seu melhor, Satoru...”

Keno rezou.

Outrora ela acreditou nos deuses, mas depois de se tornar undead, os deuses em seu
coração morreram. Ela entendeu uma coisa, não importava as orações que alguém pu-
desse fazer, os deuses jamais responderiam.

Portanto, sua oração foi direcionada apenas a uma pessoa.

A única pessoa que aliviou seu sofrimento.

Sua oração era para Suzuki Satoru e apenas ele.

Por favor, retorne em segurança para mim.

♦♦♦

Ele podia ver algo preto na boca de Cure-elim — algo que provocava arrepios na espinha
até de um ser undead como Suzuki Satoru. Era algo tão avassalador que seus instintos
biológicos — embora ele fosse undead — estavam reagindo.

Era muito perigoso, a essência do terrível.

Diante desse sopro que eclipsou seu próprio poder, Suzuki Satoru perdeu a calma e gri-
tou:

“Cria Negra, bloqueie—”

Não havia nada de errado com essa ordem. No entanto, chegara tarde demais.
Cure-elim expulsou algo que parecia um feixe de luz maciçamente espesso.

Esse raio consumiu tudo.

Em apenas um momento — não, talvez fosse porque ele estava ligado mentalmente a
Cria Negra — Suzuki Satoru pôde sentir a aniquilação de uma Cria Negra, logo antes do
feixe o tocar. Aquele escudo de carne de nível acima de 90, cuja força defensiva era maior
do que a de Suzuki Satoru, havia sido destruído.

Provavelmente não foi algum tipo de efeito de morte instantânea, já que as Crias Negras
eram resistentes a isso.

O que era isso— Suzuki Satoru pensou no trunfo que acabara de usar. Era algo assim?

Mas o feixe negro que Cure-elim havia lançado não tinha as fraquezas de sua jogada
anterior.

Era uma versão melhorada de sua habilidade?

O feixe preto varreu o entorno descontroladamente com a torção do longo pescoço de


Cure-elim e destruiu outra Cria Negra. O Primal Fire Elemental também foi incapaz de
resistir à erradicação instantânea. Logo depois, a terceira e a quarta Cria Negra, junto
com os demônios. E então — Suzuki Satoru lembrou de um vídeo. Era um vídeo feito
quando um jogador que estava prestes a se retirar tinha anexado um item a um NPC im-
portante. Em meio à tempestade de xingamentos como “Put**** **!”, “Filh* *******!”, “***
***çado!” e assim por diante, algo encheu o vídeo—

Isso era—

“Longi— 「Wall of Skeleton」!”

Ao mesmo tempo, o cajado lançou 「Veil of Moon」.

Ambas as defesas foram implantadas diante dele ao mesmo tempo. Era uma defesa de
dupla camada, de uma barreira física e de uma barreira mágica imaterial.

No entanto, parte de sua mente estava contemplando friamente o fato de que as barrei-
ras defensivas eram inúteis contra um item World-Class como a Longinus.

Na verdade, o feixe preto de energia tinha facilmente perfurado as barreiras — como se


não estivessem lá — atravessando tudo.

O feixe de escuridão correndo para ele não tinha poder destrutivo óbvio — ou pressão
— para isso.

No entanto, era um golpe fatal.


♦♦♦

Com todos os incômodos destruídos, Cure-elim tirou a perna da fissura.


Embora doesse um pouco quando levantou a perna, mas isso não importava. Talvez se
estivesse vivo, não cuidar da ferida poderia ter causado uma redução na velocidade de
movimento devido a um membro danificado, mas tal efeito de status negativo não signi-
ficava nada para um undead.

Além disso, a dor não era uma coisa assustadora para sua laia.

Esta foi uma das três razões pelas quais Cure-elim — que já foi um covarde — escolheu
se tornar undead.

Cure-elim lançou um olhar de ódio em frente a si mesmo com seus olhos carmesins —
o mundo que havia sido transformado em um deserto totalmente separado dos vivos e,
dentro dele, uma parede de ossos e uma parede cintilante e multicolorida que parecia
uma cortina de pano fino.

Seus aguçados sentidos dracônicos o deixarem atento.

Aquele que havia poluído o mundo ainda estava lá. Como se estivessem esperando que
Cure-elim percebesse isso, as duas paredes desapareceram como se tivessem derretido
no ar.

O magic caster que havia forçado Cure-elim até o fim de sua sagacidade permaneceu
calmo na frente dele. Ao lado havia um cajado flutuante.

Embora não tivesse motivos para duvidar de seus próprios sentidos, sua oposição não
fôra prejudicada em nada.

Paredes como essas não poderiam deter seu 「Sopro Rompe-Alma」. Sendo esse o caso,
como seu oponente fez isso?

Talvez ele tivesse se teleportado para fora de seu alcance, enquanto a linha de visão de
Cure-elim tivesse sido obscurecida. A 「Barreira Deforma-Mundos」 que havia sido ex-
pandida simplesmente interferia no teletransporte para fora dela. O teletransporte era
possível desde que o ponto inicial e final estivessem dentro da barreira. Ele poderia sim-
plesmente ter se teletransportado para a borda da barreira e depois a atravessado.

Nesse caso, ele havia evitado o seu feixe de morte dessa maneira? Mas a resposta era —
não.

Era impossível evitar assim. Nesse caso, havia apenas uma outra maneira de impedir
esse ataque.
“Magia Selvagem...”

Todo o rosto de Cure-elim se contorceu em ódio. O fato de ser undead era a única razão
pela qual podia controlar suas poderosas emoções. No entanto, os fulgores violentos den-
tro de si não podiam aceitar esse fato. Ele incendiava-se de ódio, se acalmava logo depois,
até o ciclo se repetir incontáveis vezes.

“Destruirei você. Imundice. Nem mesmo seus ossos permanecerão—”

Só então, o inimigo estendeu a mão. Ele provavelmente estava tentando dizer “Pare, es-
pere um pouco”.

“—Cure-elim. Meu nome é Suzuki Satoru.”

O que mais havia para dizer neste momento? O rosto de Cure-elim estava uma carranca.

Não havia sentido em saber tal coisa. Ou ele estava tentando atribuir-lhe o nome do ad-
versário que destruiu, como uma espécie de troféu?

Isso só o desagradou ainda mais.

Se o seu adversário fosse um igual, então o nome valeria a pena lembrar. No entanto,
simplesmente manter os nomes — até mesmo um fragmento — dessa excrescência em
sua mente trouxe a ele ânsia de vomitar.

“Você chamaria cada pedaço de imundice no seu caminho pelo nome? Você polui-
dor do mundo IMUNDICEEEE!!”

Sua raiva explodiu em um poderoso rugido. A explosão de ira parecia abalar a própria
terra. No entanto, seu inimigo simplesmente deu de ombros. Tal compostura deixou
Cure-elim ainda mais cauteloso.

Seu oponente não estava machucado, em contrapartida, parte de sua energia estava es-
gotada. Era por isso que ele poderia estar tão calmo? Ou ele havia colocado algum tipo
de armadilha?

“—Vamos fazer um acordo agora?”

Cure-elim foi surpreendido por essas palavras. Por um momento, ele não conseguiu ana-
lisar seu significado.

“...O que... Você... Está... DIZENDO!? Chegamos até aqui para vir com isso!?”

“Meu objetivo não era destruir você. Na verdade, eu simplesmente vim aqui para inves-
tigar o que estava acontecendo aqui, busco uma maneira de reverter a conversão undead.
Você como? Os países vizinhos prometeram uma recompensa enorme por isso, sabia?”
Não havia como ter certeza da veracidade de suas palavras. No entanto, era possível que
reles plebe estivesse tentando fazer algo sobre o resultado da magia de Cure-elim.

No entanto, isso só fez Cure-elim ainda mais irritado.

Desafiando por um motivo tão inútil como o dinheiro era incrivelmente irritante.

Cure-elim olhou silenciosamente para o inimigo.

Vários segundos, não, quase um minuto se passou. Seu oponente provavelmente sentiu
que Cure-elim não queria falar, e assim continuou:

“O dinheiro é muito importante, e seria maravilhoso se eu pudesse obtê-lo sem ter que
matá-lo... porque exterminá-lo seria uma fonte de renda adicional. Em outras palavras,
gostaria de ser pago duas vezes pelo mesmo trabalho... ah, sim, tenho outra pergunta.
Todos os Dragões que conheço acumulam grandes quantidades de tesouros à medida
que ficam mais fortes. A mesma coisa se aplica a você também? Se eu te matar, isso sig-
nifica que eu vou poder botar minhas mãos em uma enorme pilha de—”

De repente, várias magias explodiram contra o corpo de Cure-elim.

Eles eram magias de ataque de alto nível, pareciam campos de força.

Elas facilmente perfuraram a barreira protegendo seu corpo e causaram danos signifi-
cativos. Este era um grupo de magic casters de nível bastante elevado.

Cure-elim apressadamente torceu o pescoço, procurando a fonte — por trás dele.

Havia várias criaturas undeads lá. Seus sentidos dracônicos diziam que os bastões que
empunhavam continham grande poder.

E pendurado no pescoço daqueles undeads estava— Cure-elim virou-se para encarar o


inimigo.

“Não concordamos que seria um-contra-um!?”

Demônios, monstros negros e um cajado. Cure-elim não tinha nada a dizer sobre isso.
Qualquer coisa que pudesse ser convocada pelo seu próprio poder era parte de sua pró-
pria força. Afinal, Cure-elim acumulou 1.200.000 Zombies. No entanto, isso foi diferente.
Trazer ajuda não fazia parte de uma batalha cara-a-cara. Certamente alguém se sentiria
como Cure-elim, indiferentemente de como tentassem analisar isso.

No entanto, seu inimigo deu de ombros e respondeu indiferente:


“Hah? Estamos tentando nos matar, não? Por que eu tenho que obedecer a tal regra?
Vale tudo em nome da vitória. O importante é vencer.”

Sua mente ficou branca por um momento—

“Seu desgraçadooooo!”

Cure-elim começou a correr. Não para frente. Em vez disso, ele estava indo para trás,
para os undeads que lançaram ataques mágicos em suas costas.

Era fácil dizer quem seria mais fácil de eliminar. Reduzir o número de distrações era
essencial.

“Sua escória desprezível!”

Os diálogos de antes só tinha a intenção de ganhar tempo para seus reforços aparecerem.

Cair em uma armadilha assim e se ligar às regras de um duelo foi algo realmente tolo.
Não, ele não esperava que seu oponente lutasse sujo, não esperar isso era uma vergonha.

Como esperado de uma imundice.

E por acreditar numa mentira descarada vindo de uma imundice daquelas, era real-
mente seu atestado de imbecilidade.

Embora mantivesse sua raiva sob controle, Cure-elim correu para o bando de undeads,
provavelmente sua maior velocidade até o momento.

Várias magias de alto nível foram disparadas na direção de Cure-elim., danificando sua
saúde.

E então atrás estava a magia de alto nível da imundice do Imperador Dragão. Uma magia
vil, com um poder esmagador que poderia rasgar seu corpo em pedaços com três cortes
invisíveis. No entanto, ele entendeu que as magias do bando de undeads o destruiriam
antes que pudesse aniquilar seu inimigo principal, de modo que não teve escolha senão
ignorar o ataque.

Seus sentidos dracônicos o informaram de uma grande rajada de vento. Essa rajada de
vento foi alta no céu.
[Elemental d o V e n t o ]
Ao mudar sua linha de visão, ele viu um poderoso Wind Elemental, esse elemental era
muito parecido com o de antes. Seu oponente provavelmente estava tentando ganhar
controle do espaço aéreo e suprimir Cure-elim.

De repente, a palavra “recuar” passou pela mente de Cure-elim. No entanto, foi imedia-
tamente esquecida ao ver o bando de undeads usando seus bastões.
“Desapareçam da minha vista, asseclas da imundice!”

Ao contrário da imundice a quem bradava seu ódio, esses undeads não eram tão pode-
rosos. Ainda assim, usaria Magia Selvagem para aumentar o poder destrutivo da cauda,
apenas por precaução.

Depois de destruir esses incômodos, ele cuidaria de seu inimigo. Quando chegasse a
hora, Cure-elim usaria essa magia em suas garras e dentes, e terminaria as coisas em
combate próximo para evitar que ele fugisse. Ele o agarraria com suas garras e o pren-
deria ao chão, depois o esmagaria em pedaços com suas presas.

Talvez ele devesse ampliar sua 「Muralha Separa-Mundos」 para impedir que os refor-
ços inimigos continuem a invadir. Mas isso drenaria uma grande quantidade de poder e,
portanto, preferiria não usá-la. No entanto, pode não haver outra escolha, dependendo
das circunstâncias.

Logo, atingiu os lacaios da imundice, em seguida, usou sua longa cauda para matar todos
com a pressão do deslocamento de ar.

“Quê!”

Cure-elim ficou chocado. Alguma coisa havia sido destruída quando golpeou a imundice
com sua cauda. No entanto, quase metade dos undeads parecia intacta.

Cure-elim não considerava seus golpes com a cauda como os mais poderosos. Provavel-
[Soberano Dragão E s p a d a c h i m ]
mente não seria nada se comparado ao Swordmaster Dragonlord. No entanto, era impos-
sível que eles ficassem ilesos.

Eles defenderam completamente contra isso de alguma forma? Ou— será que aqueles
undeads eram tão poderosos quanto a imundice do Imperador Dragão?

Este último era bem impossível. Se fosse esse o caso, ele deveria tê-los jogado na briga
também. Se não, então que outro motivo poderia haver?

Magias voaram dos undeads restantes e diminuíram a força de Cure-elim. O inimigo se


aproximando por trás também o atacava com magias. O Wind Elemental estava ponto
para intercepta-lo no céu.

O que deveria fazer?

Como poderia mudar essa situação?

Cure-elim pensou.

No final, chegou às duas opções de “lutar” ou “fugir”.


Parte de Cure-elim dizia que deveria fugir. A vitalidade de Cure-elim estava muito baixa.
Nestas circunstâncias, seria muito difícil derrotar esse oponente intacto. Agora era a hora
de recuar e se reajustar antes de lutar novamente.

Mas a outra parte de Cure-elim o dizia:

Você vai fugir de novo? Depois de esgotar suas almas coletadas e usando Magia Selva-
gem e ainda não ter nada para usar? Você vai deixar acabar assim?

Jamais!

Cure-elim já havia se despedido do seu fraco eu.

Ele não mais era quem outrora foi.

Ele jurou aniquilar a imundície do Imperador Dragão, aqui e agora.

Tendo decidido, Cure-elim ativou seu ataque mais poderoso

Apesar de ter sido ineficaz contra seu inimigo mais odiado, não havia como não funcio-
nar contra os undeads restantes.

Assim sendo—

Cure-elim disparou o enorme feixe preto de sua boca uma vez mais.

♦♦♦

Suzuki Satoru observou isso enquanto usava 「Fly」 para diminuir a distância

Os membros da Corpus do Abismo que haviam sido forçados a entrar na batalha haviam
[El em ent al d o A r P r i m o r d i a l ]
sido aniquilados. Até mesmo o Primal Air Elemental, que estava no ar para vigiar Cure-
elim, teve o mesmo destino.

Naturalmente, Suzuki Satoru também havia sido atacado. No entanto, não teve efeito
sobre ele por causa da proteção de seu item World-Class.

Se isso fosse no jogo, Suzuki Satoru teria gritado “Seus desenvolvedores merdas!” com a
idéia de que um ataque tão OP poderia ser usado duas vezes em rápida sucessão. No
entanto, em uma batalha ao vivo, ele não teve escolha senão aceitá-lo.

Suzuki Satoru soltou um suspiro de alívio.

O fato de seu oponente ter escolhido ficar em pé e lutar em vez de fugir o fez mais feliz
do que ser capaz de anular esse ataque.
Claro, foi por isso que ele escolheu provocar seu inimigo. No entanto, tendo em consi-
deração as qualidades especiais dos undeads, era muito provável que tivesse escolhido
fugir quando a situação se mostrasse insustentável. Suzuki Satoru teria corrido se as coi-
sas se tornassem desvantajosas. Sua oposição também não tinha motivos para não fazê-
lo. Portanto, ele teve muita sorte.

Ainda assim, era estranho que seu adversário não tivesse chamado ajuda. Se alguém não
pudesse vencer sozinho, então certamente alguém escolheria atacar em grupo.

Suzuki Satoru mentalmente inclinou a cabeça em perplexidade.

Isso foi por orgulho ou algo assim?

Se fosse esse o caso, então seria verdadeiramente risível.

A arrogância dos fortes era o deleite para os fracos.

Os membros da Corpus do Abismo desapareceram, e Cure-elim parou seu feixe negro.

Suzuki Satoru deu-lhes os seus sinceros agradecimentos. Cure-elim se virou, e então fa-
lou — em uma voz surpreendentemente calma, mas que continha o fulgor de um inferno
flamejante.

“Mais uma vez, eu só posso usar isso mais uma vez.”

Era mentira.

Suzuki Satoru zombou das palavras de Cure-elim. Em que lugar no mundo, alguém re-
velaria suas fraquezas para o inimigo?

“Hoje— todos os meus esforços até hoje! E pensar! E pensar que isso!”

Não havia necessidade de responder. Sua resposta a lamúria de Cure-elim foi uma magia
de ataque. Na verdade, o cajado já havia indicado que Suzuki Satoru deveria “Matar esse
insolente”. No entanto, Suzuki Satoru não pôde deixar de responder a Cure-elim.

“—Você arruinou a vida da minha amiga e a mergulhou em um abismo de sofrimento!


O trabalho de sua vida merece acabar em nada, SEU MERDA!”

Não havia mais necessidade de dizer mais nada.

“「Triplet Maximize Magic: Reality Slash」 —.”

“—「Triplet Magic: Wall of Skeleton」.”


Os olhos de Suzuki Satoru se arregalaram.

Uma parede de ossos apareceu protegendo Cure-elim, interceptando seu 「 Reality


Slash」

Atrás da parede de ossos que estava Cure-elim, cujo o tronco estava curvado, seme-
lhante a uma fera em preparação para atacar.

Até agora ele não tinha usado nenhuma Magia de Níveis. Ele ainda tem força para lutar?

Suzuki Satoru começou a entrar em pânico.

A saúde de seu oponente estava quase acabando, mas sua mana ainda estava cheia.

Ele sentiu o cajado perguntando “Podemos matar ele?” E respondeu com “Espere um
pouco”.

“「Triplet Magic: Undying Flame」”.

Quando a magia de 5º nível entrou em vigor, as garras e presas de Cure-elim brilharam


com chamas branco-azuladas. Está magia adicionava danos por fogo e energia negativa
aos ataques.

Ele havia terminado todas as experiências que planejara nos últimos cinco anos. No en-
tanto, parecia que tinha sido corrigido. Um bug que permitia os undeads atingidos por
tal magia ganharem cura infinita não funcionava aqui.

Nesse caso, provavelmente estava apenas planejando adicionar dano de fogo a seus ata-
ques naturais. Isso fazia dela uma magia mais inferior ainda.

—Está em algum tipo de modo em que só pode usar magias necromânticas?

Ele teorizou que esse era o caso, mas faltava-lhe a informação para chegar a uma con-
clusão.

Suzuki Satoru não preparou nenhuma magia especifica para lidar com Cure-elim. Em
vez disso, ordenou ao cajado: “Vá em frente”.

O cajado lançou 「Summon Primal Water Elemental」.

A água rompeu o solo como uma erupção e assumiu uma enorme forma humanóide. Ao
mesmo tempo, Cure-elim atacou sem hesitar. Ao ver isso, Suzuki Satoru não pôde deixar
de se sentir aliviado.
Seu adversário estava claramente tentando alcançar a vitória em combate próximo —
porque não queria ser arrastado para uma luta de longo alcance. Simplificando, seu ini-
migo concluiu que perderia para Suzuki Satoru em um confronto mágico. Desse ponto de
vista, ele poderia concluir que, mesmo com uma grande quantidade de mana, seu opo-
nente não seria capaz de aproveitá-la totalmente nessas circunstâncias.

E o mais importante era que seu inimigo havia escolhido um combate próximo, en-
quanto Suzuki Satoru já havia convocado um escudo.

Nesse caso, por que esperou até agora para usar a Magia de Níveis? Em seus pensamen-
tos, Suzuki Satoru chegou a uma possível resposta.

Cure-elim não queria usar a magia que ele chamou de “imundície do Imperador Dragão”.
Portanto, ele só tinha deixado de lado seu tabu contra a magia no final, quando entrou
em desespero.

Ahhh, um idiota dentre os idiotas.

Suzuki Satoru zombou da estupidez de Cure-elim.

Na verdade, Cure-elim poderia ter vencido.

Devido à diferença em seus tamanhos, ele poderia ter pisoteado Suzuki Satoru, for-
çando-o a ficar sem opções. No entanto, seu descuido, ignorância e, mais importante, sua
arrogância contribuíram para sua derrota.

Mesmo em face desse ataque suicida imprudente, Suzuki Satoru não relaxou. Isso por-
que ele suspeitava que era uma encenação ou estava procurando uma chance de escapar.

Quem sabe, ele pode simplesmente fugir a qualquer momento.

Ao considerar essa possibilidade, ele preparou uma magia como precaução. Suzuki
Satoru não o atacou, mas continuou olhando diretamente para Cure-elim enquanto cor-
ria em investida.

O cajado lançou uma de suas magias de limite diário, 「Vermilion Nova」, abrasando a
pele de Cure-elim.

No entanto, em nada diminui sua velocidade. Foi por causa de seus traços raciais, ou foi
sua determinação que anulou a dor?

Isso não importa agora.

De fato.
Nada disso importava. Não havia necessidade de aprender sobre o estado de espírito de
Cure-elim. Era tão inútil quanto especular sobre os pensamentos de um oponente sem
utilidade. Tudo o que restava agora era atacá-lo até que morresse.
[El em ent al d a Á g u a P r i m o r d i a l ]
O Primal Water Elemental se interpôs na frente de Cure-elim, como um escudo para Su-
zuki Satoru.

Ele não pretendia disputar com ele. Em vez disso, Cure-elim simplesmente agarrou a
garganta do Primal Elemental.

Talvez planejasse usar seu peso para sobrepujar o monstro invocado, mas o Primal Ele-
mental era resistente a tais coisas. Por ser um undead, certamente os ataques de Cure-
elim poderiam infligir várias doenças de status. No entanto, o Primal Elemental também
era altamente resistente a esses ataques. Pode-se dizer que era virtualmente imune a
todos os efeitos negativos.

Enquanto Cure-elim mordia o pescoço, ele corria descontroladamente com suas afiadas
garras frontais. Como esperado de um elemental de alto nível, ele ainda tinha vitalidade,
mesmo depois de ser atacado por um Dragão que era mais forte do que ele mesmo.

Ahhh, que idiota. Se você ainda pode usar mais uma vez, então deveria usar.

Quando ele rasgou a garganta do Elemental, Cure-elim travou seus olhos carmesins, dis-
torcidos pelo ódio, em Suzuki Satoru.

Cure-elim estava quase sem vigor. Aquela grande barra de HP estava quase esgotada,
como uma vela ao vento.

As magias de alto nível do cajado e Suzuki Satoru — que concluiu que seu inimigo não
tentaria escapar — atacaram Cure-elim enquanto ele estrangulava Primal Elemental.

O fogo em seus olhos carmesins brilhou intensamente — e depois se apagou.

“Seu maldito maldito maldito maldito... seu maldito... seu... maldito....”

Em meio sua torrente de amaldiçoamentos, o corpo arruinado de Cure-elim começou a


se desintegrar e se desfazer. Só então, o Primal Elemental o acertou com sua força explo-
siva, e Cure-elim se partiu em dois. Como um pedaço de vidro, os remanescentes de Cure-
elim foram soprados pelo vento e depois desapareceram, como se estivessem desinte-
grando-se no ar.

Não sobrou nada — uma vitória pouco proveitosa. Ele ainda poderia ter obtido algo de
valor no cadáver, se tivesse permanecido, é claro. Era por ser um Dragão do tipo Zombie?
Ou salvou sua última jogada para não deixar um cadáver para trás?

Suzuki Satoru não fazia idéia.


“...Das cinzas as cinzas, do pó ao pó, huh.”

A barreira ao redor deles havia desaparecido e todos os sinais de seu sensor de undeads
haviam desaparecido. Apenas por desencargo de consciência, ele verificaria a área cir-
cundante para se certificar de que tinha sido totalmente aniquilado. Suzuki Satoru já ha-
via encontrado muitos tipos de undeads, mas não tinha ouvido falar de qualquer um que
pudesse voltar à vida depois de ser destruído. Ainda assim, ele não poderia descartar
totalmente a possibilidade.

“Haaah...” Suzuki Satoru suspirou de alívio.

“Eu não tive a chance de usar a mina nuclear, os Death Knights e nem o Overlord Undead
General.”

Havia mais duas cartas que ele ainda não havia jogado, ele preferiu esperar para uma
segunda batalha. No entanto, ele estava andando na corda bamba durante essa luta. Afi-
nal de contas, seu inimigo poderia muito bem ter um trunfo. Era possível que ele tivesse
acabado invalidando todas as jogadas de seu oponente e, assim, vencido com folga.

Era por isso que ele odiava lutar contra adversários dos quais ele pouco sabia.

Ele queria celebrar sua vitória, mas sentia tão pouca alegria que chegava a ser lamentá-
vel.

Esta vitória não foi por causa de sua força de combate individual, mas devido ao seu uso
de táticas, uma estratégia que levou a uma vitória final. Se alguma parte de seu plano
fracassasse, provavelmente teria sido Suzuki Satoru e não Cure-elim que teria sido des-
truído agora. Se ele se tornasse arrogante por causa dessa vitória esmagadora, ele pode-
ria ser o único a ser aniquilado da próxima vez. Com isso em mente, Suzuki Satoru inten-
sificou sua cautela.

E, de certo modo, Suzuki Satoru havia perdido.

Eu não consegui encontrar uma maneira de salvar os pais da Keno, huh.

Ele estava preocupado, se permanecesse obcecado demais com essa informação e Cure-
elim tivesse notado isso, não teria como ele vencer. Afinal, se ele expusesse suas fraque-
zas, era possível que elas pudessem ser exploradas.

Ele fez “Tch” anteriormente porque sabia que perdera sua única chance de coletar in-
formações.

Suzuki Satoru olhou em volta para o desolado deserto ao seu redor.


Como não sabia quando ou se os reforços de Cure-elim chegariam, seria melhor procu-
rar informações relevantes ao seu redor. Mas antes disso, havia algo que ele precisava
fazer.

“Sim, preciso enviar uma 「Message」 para ela.”

♦♦♦

Deveria ela dizer que era o que esperava? Antes que a porta se abrisse, a visão das cor-
rentes penduradas na maçaneta já lhe contara tudo. Mesmo assim, Keno fechou os olhos
em silêncio e depois os abriu lentamente.

Nada havia mudado. O que ela tinha visto agora não era algum engano ou paisagem ilu-
sória, mas a realidade.

Ela estava nos esgotos de Inveria. Keno abriu a porta do quarto que havia sido fechado
há cinco anos, mas as três pessoas lá dentro ainda eram Zombies.

Como ela pensara, nada seria tão simples.

“Keno...”

Atrás dela estava o mais poderoso magic caster do mundo, e também o companheiro de
viagem de Keno. Ele a chamou em preocupação. Keno se virou, tomando a delicadeza de
sorrir.

“Mm. Não precisa se preocupar, Satoru. Eu não estou magoada com isso. Bem no fundo,
eu já sabia que seria assim.”

“Entendo...”

“Mm... Pai, Mãe, escutem isso.”

Ela olhou e se aproximou das três pessoas que estavam grunhido.

“Satoru vingou a todos.”

Eles provavelmente não sentiriam felicidade, mesmo que ela lhe dissesse isso, eles tão
tinham inteligência o bastante para tal. Ela sabia que isso iria acontecer, mas a dor no
coração de Keno diminuiu um pouco.

“...Keno.”

“Tudo bem. Estou bem, Satoru. Você não precisa se preocupar. Este mundo é um lugar
grande. Portanto, é possível que haja um item que possa ajudar a todos, não acha?”
“Claro!”

Não havia expressão no rosto de Suzuki Satoru, mas sua voz deixou claro que ele estava
muito feliz.

Certamente, qualquer um que pudesse mostrar sentimentos assim para os outros deve
ser muito gentil.

“Sim. O mundo é grande. Vamos ver esse mundo — juntos.”

“Sim. Eu sei que posso te atrapalhar um pouco, mas — eu estarei sob seus cuidados,
Satoru.”

“Ahh, eu deveria dizer isso, Keno.”

Keno olhou para trás, para os membros da sua família na cela.

Tudo bem deixá-los assim?

Keno apertou a mão em um punho.

Matá-los e libertar suas almas daqueles corpos hediondos não seria uma misericórdia?
Talvez suas almas ainda possam estar sofrendo, agora.

Mas ter uma pessoa decidindo o destino dos outros — mesmo que fosse certo — pode
bem ser uma maneira muito arrogante de pensar. No entanto, pode-se dizer que havia
apenas uma pessoa que poderia tomar essa decisão, apenas Keno.

Ela tinha a sensação de que não seria capaz de encontrar uma maneira de restaurar sua
família ao normal, mesmo que vasculhasse o mundo inteiro. Foi por isso que ela abando-
nou essa linha de pensamento. No entanto, agora que Suzuki Satoru havia destruído o
culpado por trás do incidente, era verdade que Keno havia ganhado uma nova porção de
esperança.

Ela podia sentir Suzuki Satoru começando a se preocupar com sua aparente confusão.
Ela precisava tomar uma decisão agora. Caso contrário, até Satoru começaria a agonizar
com isso.

Suzuki Satoru lutou por ela. Nesse caso—

“—Hora de pegar estrada. Vamos, Satoru.”

“Ah, ahhh, bem, é bom contanto que seja isso que deseje, Keno.”

Ela acenou para as três pessoas lá dentro e caminhou com Satoru.


Keno escolheu deixar o problema de lado.

Originalmente, ela deveria ter escolhido acabar com os três e evitar colocar Suzuki
Satoru em algum perigo futuro. Essa era a maneira correta de agradecer a alguém que
demonstrou tamanha bondade para com ela. No entanto, ela ainda não conseguia fazê-
lo, mesmo agora.

Keno olhou para o esgoto encoberto pela escuridão — no quarto que continha sua famí-
lia — uma última vez.

Quando ela voltasse aqui novamente, ela viria para resgatá-los ou destruí-los?

Keno olhou para as costas de Suzuki Satoru, as costas que ela esteve olhando por quase
cinco anos.

Então, acelerou os passos, até que ficou lado a lado e de mãos dadas com Satoru en-
quanto caminhavam juntos. Quanto tempo fazia desde que ela fez uma coisa tão infantil?

Ela poderia dizer mais ou menos dado o jeito que Suzuki Satoru olhou para ela.

No entanto, ela não disse nada, nem Suzuki Satoru. Suas mãos — frias como a noite, das
quais não se podia sentir o menor traço de calor humano — pareciam quentes para Keno.

E então, os dois partiram.


Epílogo
avia um deserto ligeiramente a sudoeste do centro do continente.

H Era chamado de Deserto de Dolor, ou mesmo Deserto Di Guols, de acordo


com o Grande Império que outrora estivera aqui.

Embora fosse um deserto bastante extenso, certas partes recebiam chuva, e assim várias
raças — e monstros — viviam aqui. Havia o Grande Reino Pabilsag, uma variante de
[Homens-Escorpião]
Scorpionmen, a pequena nação Djinn de Slutarn, e o grupo religioso que venerava um
Dragão conhecido como Clear Light Dragon, sua principal divindade — cuja fé era difun-
dida entre os nômades — e tinha seu principal santuário neste lugar.

E na borda deste deserto havia um tornado gigantesco que aparecia uma vez a cada
trinta anos. Tinha milhares de metros de diâmetro e era imensamente alto.

Embora houvesse alguma diferença no tempo exato de sua aparição, o tornado ocorria
exatamente no mesmo lugar quase exatamente na mesma hora.

Este era um remanescente de um ritual mágico falho, feito pelo Grande Império que uma
vez existira aqui. A capital desse antigo império projetava-se de baixo das areias. Esse
fenômeno foi desencadeado por um item mágico incrivelmente poderoso conhecido
como o Cetro das Areias. Aconteceu depois que a deidade Mushussu nasceu e ascendeu
ao céu. Era um portal que sugava e levava tudo para outro mundo. Havia muitas explica-
ções nesse sentido, mas todos que haviam entrado no tornado para tentar desvendar o
mistério nunca mais voltaram.

Muitas pessoas tinham ido explorar o local antes do tornado chegar, mas haviam encon-
trado um local perfeitamente normal, sem nenhum sinal de que algo existisse ali. Como
era possível prever o dia da ocorrência do tornado, muitas pessoas planejavam esperar
no local onde o olho da tempestade estaria quando aparecesse. Mas como esperado, eles
nunca voltaram. Outros tentaram entrar voando e também desapareceram.

Portanto, ninguém sabia o porquê aquele tornado havia aparecido ou o que estava em
seu núcleo.

E então, em algum momento, assistir aquele gigantesco tornado à distância se tornou


um evento que todos os moradores da área circundante participaram a cada 30 anos.

Os ventos da tempestade açoitavam seu corpo.

Em lugares onde a caminhada era árdua como o deserto, era muito difícil resistir a ven-
tos fortes, que desequilibravam qualquer um. Uma pessoa pode facilmente cair se for
descuidada.

Se eu pudesse usar a 「Creation」; quem sabe o quão mais fácil meu caminho à frente
seria?
Se ele suprimisse esse tornado no deserto com 「Creation」, e justo no deserto hou-
vesse o motivo desse tornado existir, era possível que as coisas terminassem sem que o
mistério fosse resolvido. A razão pela qual Suzuki Satoru veio com uma idéia idiota como
essa — que foi imediatamente rejeitada pela razão acima — era porque as condições
atuais eram realmente exigentes.

Suzuki Satoru gritou para que ele pudesse ser ouvido sobre os ventos fortes.

Ele se juntou a seus dois companheiros atrás dele por uma corrente de mythril.

Ele começou por gritar para quem ele estava mais preocupado.

“Keno, você está bem?!”

Uma voz tão alta quanto a de Suzuki Satoru o respondeu.

Pertencia ao Segundo Assento da Nova Ainz Ooal Gown, Keno Fasris Invern.

“Estou bem!”

Embora a voz da garota fosse forte, ele não pôde deixar de pensar que haveria proble-
mas.

Considere Keno e Satoru. Embora Suzuki Satoru não fosse nada além de ossos, ele era
mais pesado quando comparado a ela. Portanto, era mais provável que Keno fosse sur-
preendida.

É claro que ele fez com que Keno carregasse várias coisas, para que tivesse mais tração.
No entanto, ela iria afundar nas areias do deserto se carregasse coisas demais.

“Keno! Eu te avisei que deveria ficar na pousada! Vou te enviar de volta usando tele-
transporte quando chegarmos ao objetivo!”

“Você ainda está dizendo isso, mesmo depois de chegar até aqui, Satoru!?”

Keno respondeu, como se não quisesse discutir isso.

“Então quer dizer que deseja completar a jornada com suas próprias pernas?”

Suzuki Satoru sorriu amargamente.

Ele lembrou do incidente de quando eles estavam subindo um pico dito ser um dos mais
altos neste continente.
Embora eles não tivessem conseguido ver a chamada “Cúpula Dourada”, a memória da
conversa que tiveram, no momento que estavam no topo do ápice da criação despre-
zando tudo, ainda estava vívida em sua mente.

“Sim. Naquela época, trocamos palavras assim também! Ainda me lembro de que está-
vamos dizendo isso, e surgiu uma avalanche!!”

“Sim! Bastante incrível, não é?”

Esse incidente ocorreu na metade da montanha.

Embora o uso de 「Fly」 tornaria as coisas suficientemente simples, usar tal magia ti-
raria toda a emoção, e assim os dois decidiram usar sua força sobre-humana para escalar
a face da rocha.

Então, uma avalanche que anulou sua visão havia ocorrido.

Embora o dano pelo frio não tenha prejudicado nenhum deles, o dano causado pela ava-
lanche ainda era efetivo. É claro que eles esperavam algo assim e lançavam magias de-
fensivos em si mesmos, mas ainda deixavam uma impressão profunda.

Mesmo depois de terem sido enterrados pela avalanche, sua imunidade a impedimentos
de movimento permitira com que saíssem da neve instantaneamente, e então eles deram
boas risadas.

Emoções poderosas eram imediatamente suprimidas devido aos seus traços raciais.
Quando retornou para um bom humor gentil, Suzuki Satoru fez essa sugestão, e Keno
recusou de maneira semelhante.

Enquanto estreitava os olhos em nostalgia, uma voz foi ouvida.

“Eush também querosssh. Quesh invejassh... Querossh ver essessh cenáriossh também.”

A voz andrógina e muito distinta — embora um pouco confusa — veio mais atrás de
Keno.

Embora Suzuki Satoru não pudesse vê-lo através da tempestade de areia severa, deveria
haver um heteromorfo que parecia um pedaço de areia ali.

Ele era o Quarto Assento da Nova Ainz Ooal Gown, Nurunuru.

Ele era uma ramificação mutante da raça Roper, um Herdroper. Os Herdropers tinham
uma mente coletiva, como uma colmeia, mas alguns nasceram ocasionalmente e não fa-
ziam parte disso. E ele era um deles. Quando Suzuki Satoru, Keno e Scraea encontraram
Herdroper, ele indicou seu desejo de viajar com eles.
Aliás, ele não tinha nenhum nome pessoal, então Suzuki Satoru o nomeara Nurunuru.
Era para ser um nome temporário no início, mas acabou pegando.

Ele — embora ele pudesse ser um “ela” — tinha uma voz feita por dois tentáculos aber-
tos nas extremidades, chamados cordões vocais. Assim sendo, barulho excessivo interfe-
ria na vibração de sua voz em um lugar assim. No entanto, ele tinha a habilidade especial
de ser capaz de lançar magias sem componentes verbais ou somáticos, e instantanea-
mente lançá-las enquanto permanecia em pé. Era verdadeiramente um misterioso.

“Haha! Nu, eu não tenho idéia do que está dizendo!”

Uma voz veio de dentro do manto de Suzuki Satoru:

“Eu també— gweh!”

A voz foi cortada pela metade, provavelmente porque a areia entrara em sua boca.

Este era o Quinto Assento da Nova Ainz Ooal Gown, Crystal da raça Gnator.

Era uma raça com menos de 20 centímetros de comprimento, com asas translúcidas que
se assemelhavam às das Fadas, mas pareciam mais insetos. Sua semelhança com fadas
era usada para enganar e atacar Fadas, pois eram uma raça carnívora.

Embora Suzuki Satoru não achasse que eles fossem parentes de fadas, magias que só
afetavam humanoides e demi-humanos não tinham nenhum efeito sobre eles, e assim ele
foi considerado um heteromorfo, portanto foi autorizado a participar. No entanto, ele
também era imune a magias que deveriam ter sido efetivos em heteromorfos, mas ainda
assim sempre teve suas dúvidas sobre se isso era realmente o caso.

Nurunuru era um magic caster psíquico. Crystal tinha uma profissão do tipo ladino —
um assassino. Ele e Crystal haviam se confrontado durante um certo incidente, mas fica-
ram amigos depois de outro incidente.

“Crystal, é melhor se falar pouco. Realmente já faz tempo, está se sentindo nostálgico?”

“Foi cerca de 40 anos atrás, certo!?”

“Foi? Faz tanto tempo...”

Suzuki Satoru murmurou para si mesmo e olhou para a frente.

O tornado atingiu as areias e obscureceu completamente sua visão, Suzuki Satoru podia
ver através da escuridão, mas não através de tempestades de areia. O mesmo valia para
Keno. Nurunuru não tinha olhos, mas ele podia obter informações sobre o ambiente ao
perceber as vibrações ao seu redor.
“—Quando coloca dessa maneira, nós realmente já estivemos em todos os lugares!”

“Sim! Estivemos sim—”

A voz feliz de Keno foi subitamente interrompida.

“Bleh! A areia entrou na minha boca!”

Claro, Keno colocou uma máscara antes de entrar nesta tempestade de areia. Era a
amada Mask of Envy de Suzuki Satoru. Emprestar a Keno uma máscara que ela conside-
rava de mau gosto era em grande parte porque ele queria se divertir um pouco.

A razão pela qual a areia entrou na boca de Keno, mesmo com a máscara, provavelmente
foi por causa da lacuna criada quando ela moveu os lábios.

Suzuki Satoru riu para si mesmo de uma forma que ninguém podia ouvir. No entanto,
ela ainda ouvia Suzuki Satoru rir baixinho em meio à selvagem tempestade de areia. Keno
retrucou em um tom infeliz.

“Não é justo, Satoru! Não é a mesma coisa quando entra areia na sua boca!”

“Isso mesmo— gweh!”

Crystal sorriu amargamente para Keno enquanto respondia.

“Nem tanto, ainda há uma sensação estranha de algo entrar. Mas não é desagradável, ou
devo dizer que não me importo...?”

“Ssshuushhhuushu.”

“...Nu, não consigo entender o que diz!”

“Ainda é injusto!! Queria ter um corpo como o seu, Satoru!”

“Assim não está bom? Sinceramente, eu acho seu corpo bem melhor, Keno. Dessa forma,
você não fica preso a coisas irritantes!”

“Isso é porque sempre que mostra seu rosto, uma briga acontece...”

Não importava para onde viajavam, undeads eram odiados pelos vivos.

“Mesmo que diga isso, você também atrai muitos problemas, Keno!”
Às vezes, Keno entrava em situações complicadas ao coletar informações. Isso costu-
mava ser especialmente verdadeiro em áreas inseguras. Dito isto, mesmo sendo o mem-
bro mais fraco da Nova Ainz Ooal Gown, ela ainda era muito mais forte do que a média
das pessoas, e ela poderia facilmente cuidar de algum encrenqueiro convencido.

O problema maior vinha de lugares com boa segurança, mas era por causa das pessoas
que tentaram abusar de sua gentileza.

Se tivessem más intenções, ela poderia ter resolvido isso com violência, mas era muito
difícil lidar com a boa vontade deles.

Os heteromorfos que queriam viajar em paz ocasionalmente enfrentavam esses proble-


mas.

“Parece que os humanoides são sempre problemáticos... e se escondermos nossas for-


mas verdadeiras, isso pode atrair olhares curiosos...”

A posição dos humanoides na grande pirâmide da vida era muito baixa. Por serem fracos,
tendiam a causar problemas com facilidade

Quando os dois suspiraram, houve um som de *dosu* aos seus pés. Ou melhor, era um
*dzun*.

Suzuki Satoru se abaixou e investigou a origem do som. Ele pegou uma pedra da areia.
Não, era algum tipo de minério cônico que parecia mais duro que uma pedra comum.
Deve ter sido soprado aqui pelo vento forte.

Suzuki Satoru aguçou sua audição.

“Shuuuuooohuuuushuuuunnnn!”

“O quê— koff koff!”

“Tenha cuidado! Não é apenas uma ou duas! Há um monte de pedras vindo na nossa
direção!”

Ele podia ouvir os sons de incontáveis objetos cortando os ventos em meio ao som do
vendaval.

Era muito difícil evitar aquelas pedras vindas nas rajadas de vento em um lugar com
pouca visibilidade como esse. Talvez eles estivessem seguros se estivessem envoltos em
armaduras extremamente duras, mas era impossível usar esse tipo de coisa e andar pelo
deserto.

Definitivamente era um ataque que poderia aniquilar qualquer expedição.


“Atenção! Mantenham a defesa enquanto avançam! Keno, você está bem!?”

Não havia como dizer quanto tempo demoraria até que pudessem passar por isso, mas,
como se tratava de detritos voadores lançados pelo tornado, parar ou fazer um abrigo
não teria sentido.

“Estou bem! Continue!”

“Shuuoonnn!”

Keno respondeu afirmativamente. O mesmo aconteceu com Nurunuru — ou pelo menos


foi o que deu a entender.

Nurunuru lançou uma magia de defesa em si mesmo, enquanto Keno usou seu poder
vindo de sua forte origem vampírica, 「The One」.

Depois de saquear toda a pesquisa da Corpus do Abismo, ela pesquisou e ganhou esse
poder. No entanto, era um poder que só deveria ser atingido por entidades mais podero-
sas. Então por ela ter atingido isso com um corpo fraco, sua potência foi bastante redu-
zida. Nesse caso, entre os vampiros, ela poderia ser chamada de Lesser One.

Se houvesse alguma dificuldade, ele planejava emprestá-la um item mágico que a torna-
ria imune a projéteis normais — isto é, aqueles que não estavam encantados — mas pa-
rece que não era necessário.

O longo manto de Suzuki Satoru protegia o corpo de Crystal e o mantinha a salvo de


tudo, exceto de partículas de areia.

O próprio Suzuki Satoru estava imune a todos os ataques abaixo do nível 60.

“—Satoru!!”

“O que há de errado, Keno!”

“Está ficando muito interessante agora!”

Ela não estava sendo irônica ou tirando sarro de suas circunstâncias. Ela parecia que
estava gostando disso totalmente.

“Tem razão, Keno!”

Suzuki Satoru sentiu o mesmo.

Foi essa dificuldade que fazia os dois — não, os membros da Nova Ainz Ooal Gown —
felizes.
Fazer amigos e vagar pela vastidão do mundo com eles. Testemunhando todos os tipos
de mistérios e indo aonde nenhum homem jamais foi. Foi por isso que eles sabiam que
superar essas provações tornaria sua alegria ainda mais doce.

“Vamos! Não sejam assoprados para longe!”

“Sim!”

“Ssshuuuu!”

“Sim— ggubfff!”

Os escombros voadores os atingiram de novo e de novo, mas nenhum deles pareceu se


importar enquanto seguiam em frente.

“Satoru! Aguente! A magia parece estar prestes a desaparecer!”

“Keno! É com você agora!”

“Tá!”

Keno pegou um pergaminho da mochila e retirou-o, tomando cuidado para não deixá-lo
voar.

“「Mass Compass」!”

Esta magia de 2º nível era uma versão multialvo da magia de 1º nível 「Compass」. Esta
foi a razão pela qual essas pessoas poderiam infalivelmente avançar em seu destino — o
olho do furacão.

“Obrigado, Keno!”

“Shuoooonnn!!”

“Mm, não há de quê, Satoru, Nu! Pelo que posso dizer, não estamos longe do nosso des-
tino!”

“Ahhh! Entendido!”

Cada membro da Nova Ainz Ooal Gown tinha sua própria parcela de responsabilidade.

Entre eles, o Segundo Assento (Keno), o Sexto Assento (Brandona) e o Sétimo Assento
(Muki) eram responsáveis pela coleta de informações. Naturalmente, os outros também
tinham suas próprias responsabilidades.
Isso não havia sido decidido após a discussão e nem eles foram forçados a assumir o
papel. Em vez disso, eles acabaram assim antes que eles percebessem. Além disso, os três
dividiram ainda mais o trabalho entre si.

Aliás, o Primeiro Assento, Suzuki Satoru, era responsável por coordená-los e pelo com-
bate.

Eles ignoraram o número cada vez maior de pedras voadoras e sua força crescente, em
vez disso avançaram sem hesitação.

“Só um pouco mais!”

“Sim!”

“Shuuuunn!”

“Ohh—gueh!”

E finalmente—

“Uwaaah—!!”

—Nada mais bloqueava o campo de visão.

Keno urrou de alegria.

O vento de repente desapareceu. Quando eles olharam para trás, o que parecia ser pa-
redes negras estendiam-se para sempre para cima e para baixo, para a esquerda e para
a direita.

Olhando em volta, parecia que haviam entrado em um gigantesco tubo.

O que viram depois disso foi uma imensa e silenciosa extensão de areia branca e pura.
Embora estivesse marcada por ondulações ocasionais, elas não eram muito altas, e tudo
o que podiam ver em toda parte era branco.

“Ei! Olha! O céu!”

Como se atraídos pela voz de Keno, Suzuki Satoru, Crystal — que tinha colocado a ca-
beça para fora do manto de Suzuki Satoru — e provavelmente Nurunuru também, todos
olharam para o céu.

O céu noturno apareceu, mas não era como um céu noturno comum. As estrelas pare-
ciam muito próximas.
Era como nos contos de fadas das crianças — as grandes e brilhantes estrelas brilhantes
pareciam poder apenas alcançá-las e tocá-las.

Isso o fez lembrar do passado — quando estavam no topo da montanha mais alta do
continente— não, a distância para o céu o fazia sentir como se o pico que ele subira fosse
ainda maior.

“Mas por quê? Por que as estrelas parecem estar tão perto de nós?”

“Talvez seja devido à difração atmosférica?”

Os cordões vocais de Nurunuru vibravam conforme ele explicava. Suzuki Satoru sim-
plesmente assentiu.

“Huh?”

“Meu palpite é que a atmosfera foi deformada, formando o que parece ser uma lente
gigantesca. Talvez tenha sido causado pelo tornado? Esse pode ser o caso.”

“Nu, de onde tirou essa conversa?”

“Em outras palavras, há algo como um telescópio acima de nossas cabeças?”

“Um... telescópio? É uma daquelas coisas inventadas por essa tecnologia estranha cha-
mada ciência?”

“A ciência é burra, as coisas que faz não podem ser comparadas a itens mágicos.”

Crystal dizia sem nem mesmo hesitar. Na verdade, o fato de a magia poder criar algo a
partir do nada significava que, não havia nada errado em dizer que era melhor que a
ciência.

Esta era apenas uma hipótese, mas Suzuki Satoru sentiu que toda a tecnologia que ele
conhecia poderia ser reproduzida através da magia. No entanto, aprender magia exigia
talentos e a aptidão de cada um era diferente. Algumas pessoas poderiam aprender ma-
gia e outras não.

As palavras de Crystal indicaram que ele pertencia ao primeiro grupo.

Suzuki Satoru bateu palmas.

“Então, vamos investigar a origem desse fenômeno antes que o tornado desapareça.”

“Tudo bem, mas parece que não há nada aqui. A causa desse fenômeno ainda é um mis-
tério.”
“Mhm, eu não posso sentir qualquer turbulência nos elementos por aqui também. Líder,
e o fim mágico da coisa?”

Suzuki Satoru lançou uma magia e olhou para a distância.

“Nada também. Não foi causado por uma magia, eu acho...”

Keno voou para uma certa altura e depois desceu ao chão.

“Eu não vejo nada que pareça edificações daqui... Mas o que diabo é aquilo?”

“Um fenômeno natural? Essa é a única maneira de explicar, não?”

Depois de ouvir Suzuki Satoru dizer, os outros responderam de acordo. Assim como
existiam as cachoeiras invertidas, havia muitas visões bizarras neste mundo que eram
ocorrências naturais.

“Mesmo assim, vamos para o centro do tornado e dar uma olhada. Depois, vamos explo-
rar um pouco e, se não encontrarmos nada, ficamos e observamos as estrelas.”

Ninguém objetou a isso, e o grupo voou em direção ao centro do tornado com Crystal
liderando o caminho. E depois—

“Não há nada aqui.”

“Nada, huh?”

“Não deveria haver nada, né?”

“Que pena.”

Esse foi o resultado de uma busca superficial.

“O que devemos fazer agora, Líder? Continuar procurando?”

Suzuki Satoru deu de ombros com a pergunta de Nurunuru.

“Não há necessidade, eu acho. Se não conseguimos encontrar, então não há como mesmo.
Não importa. Além disso, nosso objetivo era ir aonde ninguém mais pusesse os pés antes,
e já que fizemos isso — todos estão livres para fazer o que quiserem até que o tornado
desapareça.”

“Então eu vou dar um passeio pela área com o Nu.”

“Ah? Bem, tudo bem também. Compreendo. Vamos lá.”


“Vocês vão mesmo? Então tomem cuidado para não irem longe demais.”

Os dois expressaram seu reconhecimento quando saíram juntos.

Apesar do aviso de Suzuki Satoru, ele não estava preocupado com sua segurança. Nos
termos de YGGDRASIL, eles estavam facilmente acima do nível 40. Eles estavam entre os
seres mais poderosos do mundo, e os dois tinham excelentes habilidades sensoriais.
Mesmo se emboscados, eles eram habilidosos o suficiente para voltarem vivos.

“Satoru, então o que devemos fazer?”

“Quer dar um passeio por aqui também?”

“Sim!”

Keno começou a correr.

Suas pegadas marcavam a areia branca e pura. Suzuki Satoru seguiu suas pegadas, seus
passos levemente maiores do que quando ele costumava andar com Keno. Ainda assim,
estava ótimo para Suzuki Satoru.

No final, Keno sentou-se na areia e deitou-se lentamente. Suzuki Satoru sentou-se ao


lado dela e depois deitou-se com ela.

“As estrelas são tão grandes.”

“Sim, elas são muito grandes.”

Se apenas seus companheiros — seus amigos da Ainz Ooal Gown pudessem ver essa
visão maravilhosa.

Aquelas eram lembranças de aproximadamente 200 anos atrás, e depois de cada aven-
tura com Keno e os outros, elas gradualmente se desvaneceram.

Mas, enquanto se lembrava dos rostos dos únicos amigos que ele já tivera, Suzuki Satoru
olhou para as misteriosas vistas com nostalgia em seu coração.

“Ainda assim, isso é realmente incrível.”

“Sim, ver isso significa que a nossa viagem não foi em vão.”

“Concordo...”

Os dois ficaram deitados na areia em silêncio, observando essa maravilha do mundo,


uma maravilha cujo véu de mistério ninguém conseguira remover até agora.
E então — as estrelas gradualmente se encolheram, ou talvez estivessem lentamente
voltando ao normal. Suzuki Satoru se apoiou e viu as muralhas de vento do tornado que
os circundavam lentamente retrocederem.

“Acabou, huh.”

“Sim, vai acabar. Serão outros trinta anos antes que possamos ver algo assim. E então...
quer contar aos outros sobre o que vimos aqui?”

Suzuki Satoru perguntou a Keno, que se levantou e balançou a cabeça.

“Como querem ver o arco-íris sem enfrentar a tempestade?”

“Isso faz sentido, tem razão. Olha só, consegui tirar o melhor de você agora.”

Suzuki Satoru sorriu.

“Nossa hein, vocês dois parecem muito felizes! Aconteceu alguma coisa especial entre
os dois?”

“Nada de especial, não.”

Os outros dois provavelmente tinham visto o tornado começar a desvanecer-se, e então


voltaram. Eles não pareciam estar segurando nenhum achado. Talvez eles realmente es-
tivessem passeando por um tempo.

“Vamos voltar para a pousada.”

“Sim. Faça as honras, Satoru. Mas antes disso, vamos nos livrar da areia em nós mesmos.
É pouco, mas não quero encher a sala de areia.”

Todos afagaram as roupas e se livraram da areia. Nurunuru estava usando um item que
Suzuki Satoru havia emprestado, e ele ajudou os outros a limparem suas roupas.

Depois disso, Suzuki Satoru lançou 「Gate」, e o grupo retornou ao seu quarto na pou-
sada.

“Então, vamos indo.”

“Obrigado pessoal.”

“Obrigada, obrigada.”

“Agradeço a todos por se esforçarem tanto hoje. Espero que todos tenham uma boa
noite.”
Nurunuru e Crystal — que estava sentado em sua cabeça — saíram da sala.

“Estou tão cansada...”

Disse Keno. Claro, isso não fazia sentido. Ambos eram undeads e não ficariam exaustos.
No entanto, Suzuki Satoru entendeu o significado. Sua fadiga não era do corpo, mas da
mente.

“Também está cansada, Keno?”

Suzuki Satoru tirou o manto de seu corpo e transformou em outra coisa em um instante.
Isso porque o manto que ele usava antes tinha um efeito de troca rápida. Keno fez de
maneira semelhante.

Suzuki Satoru desabou no sofá e tirou papel e caneta do inventário.

Era seu diário.

Ele não escrevia todos os dias, mas apenas quando algo especial acontecia. Assim, ele
estava apenas em seu quarto diário mesmo depois de 200 anos.

Ele abriu uma nova página, planejando escrever o que tinha visto hoje, mas então sentiu
um peso familiar pressionando-o.

“...Keno, não pretendia ir tomar banho? Eu estava planejando fazer uma anotação no
meu diário...”

“Sim, mas pode escrever aí.”

“...Não é isso que eu quero dizer. Como eu vou escrever meu diário com você deitada em
cima de mim?”

“Hm, deixa isso, escreve na volta.”

Em seu coração, Suzuki Satoru balançou a cabeça e suspirou.

“—Tudo bem, minha princesa, como Vossa Alteza comanda.”

“Mm, é assim que eu gosto, meu cavaleiro.”

Eu era seu mago da corte da última vez... Suzuki Satoru pensou enquanto fechava seu
diário. Embora ele pudesse simplesmente ignorá-la e continuar escrevendo em seu diá-
rio, isso causaria problemas no futuro. As emoções intensas dos undeads seriam rapida-
mente suprimidas, mas não seria bom deixar que os rancores sutis se tornassem mais
fortes.
“O que planeja fazer agora? Onde faremos?”

“Eu estava pensando... no passado, as grandes nações nas partes centrais eram apenas
lugares pelos quais passamos. Talvez devêssemos estabelecer uma base para nós mes-
mos, para que possamos percorrer os arredores. Talvez pudéssemos olhar em uma ci-
dade abandonada.”

Havia muitas nações no centro do continente onde as espécies humanoides estavam na


base da pirâmide do poder. Todos eles eram países problemáticos para pessoas como
Keno, de aparência humanoide. Embora permitissem alguns direitos aos viajantes, não
eram lugares seguros.

Por exemplo, ela já havia sido tratada como uma refeição ambulante no mercado de uma
nação Orc.

E na terra dos Minotauros, alguém disse “vamos ver quem trata melhor os escravos”, e
ela “experimentou” a chamada vida escrava também. Coisas problemáticas como essa
aconteceram com ela.

No caso do primeiro, ela resolveu quebrando um par de braços e parte de suas costelas.
Quanto a este último, ela permitiu que eles experimentassem a própria vida de escravo
e depois perguntou-lhes se era bom.

“Uma cidade abandonada... então quer dizer aquela em que dizem que muitas pessoas
morreram porque Soul Eaters apareceram? Parece que a cidade inteira foi preservada
intacta...”

“Exatamente. A entrada é proibida, mas podemos ir se quisermos, não?”

“Sim, não vejo problema algum.”

Suzuki Satoru riu.

Por muitos anos, eles estiveram em lugares onde pessoas normais não podiam pisar. Ou
melhor, se eles ouvissem falar de algum santuário ou lugar divino, eles se dariam um jeito
visitá-lo. Quanto ao porquê, bem, era porque eles haviam encontrado um item World-
Class em uma dessas visitas.
[ M a n d a l a d o s Dois Mundos]
Foi assim que Keno obteve seu item — Two-Worlds Mandala.

Eles tinham visto outros itens World-Class durante sua jornada.

No entanto, já tinham donos, então não os pegaram. Suzuki Satoru originalmente queria
levá-los, mas ele não o fez porque tinha Keno ao seu lado. Afinal, ele não queria fazer
nada estranho como assaltar as pessoas na frente de Keno.
A Two-Worlds Mandala já fôra um tesouro nacional, mas o país que servira de santuário
fora destruído e, em seguida, um novo país surgira em seu lugar. Assim, eles disseram a
si mesmos que era sem dono. Em compensação, eles deixaram para trás muitos itens e
joias imensas e assim por diante, e assim os dois conseguiram contornar essa armadilha
em particular.

“Mas eu quero ir para o oeste.”

“A oeste? O que há lá?”

Ele olhou através de suas memórias, mas ele não conseguia se lembrar de nada digno
de nota no oeste.

“Bem, são informações do Mu-chan. Ele disse que três países haviam caído no norte do
continente. Portanto, queria ir para o oeste e ver o que está acontecendo.”

Como era informação do Sétimo Assento, deveria ser verdade.

Ele parecia completamente diferente do que o apelido fofo de “Mu-chan” sugeria, mas
talvez fosse diferente aos olhos de sua mãe — ou talvez de sua irmã. Suzuki Satoru des-
cartou a questão de sua aparência por um momento e começou a recordar o mapa do
mundo.

“O noroeste... fronteiras...”

Ele lembrou que, 200 anos atrás, havia algumas nações humanas lá em cima, mas como
eram bem no centro, ele não tinha pensado muito sobre isso.

“Bem, é verdade que as nações que estão sendo destruídas não são exatamente inco-
muns, mas que as três de uma vez...”

Havia monstros incrivelmente poderosos no mundo e, às vezes, apareciam e aniquila-


vam uma nação ou duas, então novos países tomavam o seu lugar. Claro, algumas grandes
nações podem não ser destruídas tão facilmente, mas não é raro que tais coisas sirvam
como uma faísca para guerra civil ou invasão, eventualmente levando à destruição da
nação. Mas, para sua lembrança, ele não tinha ouvido falar de vários países sendo des-
truídos ao mesmo tempo.

“Mas o que aconteceu lá?”

Assim que Suzuki Satoru estava prestes a se virar e olhar para Keno — que estava dei-
tada em suas costas, ele a ouviu exclamar “Ack!” De um jeito fofo antes de cair de costas.

“Seu malvado! Não se mova assim!”

“...Licença, com licença.”


Suzuki deitou novamente e Keno voltou a sua posição anterior.

“Bem, acho que ele disse algo sobre um ninho de demônios realmente poderosos apa-
recendo.”

“Um ninho? De demônios poderosos?”

“Uhum. Como se chamava mesmo? —A Grande Tumba de Nazarick?”

“—Eh?”

Esse nome soava um pouco familiar.


Posfácio
O cantinho do expressionismo do autor conhecido como o Posfácio já começou — já que
eu não o escrevi lá, vou escrevê-lo aqui! Como estou muito empolgado por estar escre-
vendo aqui, me perdoe se eu cometer pequenos erros!

Hm? Isso não está escrito no mesmo estilo dos posfácios antigos? Hm... Isso pode ser o
caso... Afinal, eu nem escrevi no agradecimento no final! Talvez todos os Pensamentos do
Autor sempre tenham sido assim!

—E então, para mim, este é o Volume 14. Portanto, enquanto eu peço desculpas àquelas
pessoas que estão ansiosas pelo Volume 14, meu coração está cheio com a sensação de
que “terminei o Volume 14. E que o próximo será o Volume 15~!

Como você se sente depois de ler este spinoff?

O que acharam de Suzuki Satoru, como o MC de uma LN, é diferente de como OVERLORD
tem sido até agora?

A cena de batalha neste livro pode ter acabado se tornando confusa. Originalmente, tal-
vez houvesse necessidade pensar “é por isso que ele fez isso e aquilo”, mas eu omiti deli-
beradamente. Este trabalho realmente coloca um grande fardo sobre seus leitores. Tal-
vez eu tenha fracassado como autor de LN, mas, como já disse muitas vezes, eu pessoal-
mente acho que “não é tão importante entender”.

Incidentalmente, minha editora continua me dizendo “por favor, facilite a compreensão”,


mas recentemente não ouço mais isso. Tipo, eu não quero deixar claro o tempo todo que
o Mare é um homem. Embora eu esteja usando meus próprios termos inventados, acho
que “todo mundo que sabe entende, certo?” Mas a editora me impediu de fazer isso. Ah,
que nostálgico. Essa é uma história dos bastidores quando eu estava escrevendo o pri-
meiro volume...

Este deveria ser um bônus de edição de luxo, mas eu egoisticamente insisti que eles o
publicassem como um livro. Parece que pode ficar nas prateleiras com os outros volu-
mes? Se assim for, isso me faria muito feliz. Além disso, eu originalmente queria adicio-
nar a histórias dos Treze Heróis no final, mas senti que isso iria atrapalhar o tom do epí-
logo, então a removi. Tenho a sensação de que OVERLORD terminará sem que essas his-
tórias sejam contadas!

Agora, meus pensamentos sobre os vários personagens:

Satoru-san: Ele é um homem que rotineiramente joga sujo para vencer. Isso faz a luta
dele com a Shalltear no Volume 3 bem mais nobre. Dito isto, este Satoru-san é aquele que
se sai como um cara gente boa. Talvez ele fosse assim, se não fosse por Nazarick. Ele
lembra alguém? Mas ele ainda deve ter uma personalidade que seja tão distorcida quanto
a da timeline principal.

Keno-san: Ela alcançou a felicidade nesta história...? Muito bem, então... coff coff!
Quanto ao que acontecerá depois do epílogo? Eu tenho uma vaga idéia disso. Mas por
favor, imaginem o que quiserem.

...Mas como as coisas vão se desenvolver? Eles vão lutar? Eles vão fugir? Ou eles se en-
contrarão? Ou talvez um caminho ainda mais diferente? Eu ficaria muito feliz se você
pensar “Se eu pudesse escrever isso” quando for dormir. Tenho a sensação de que, se
Satoru-san compartilhasse seu conhecimento com a Nova Ainz Ooal Gown, eles poderiam
derrotar as Pleiades por conta própria. Eles seriam o Time dos Sonhos do mundo. Bem,
desde que nenhum outro ser poderoso entre na batalha.

Cure-elim-kun: Qualquer um que viu a ficha de personagem no final do livro deve en-
tender que ele está cinco níveis abaixo do Satoru-san, então Satoru-san pode definitiva-
mente vencê-lo — Poderia, mas se você acha isso, achou errado. Mesmo que sejam do
nível 100, Touch Me-san é muito mais forte do que alguém com 100 níveis em profissões.
Em contraste, como um Dragão com profissões poderosas, Cure Elim-kun é realmente
mais poderoso do que seus 95 níveis implicam. Claro, graças ao ajuste de dano baseado
em nível, suas chances de vitória são menores. Se ele ainda existe ou não na timeline
principal, é um segredo por enquanto. Mas se existir, seus 200 anos de estudo e acúmulo
de poder significam que ele terá menos fraquezas do que neste livro.

Bem, é assim que me sinto sobre tudo isso. Bem, estou ansioso para vê-lo no próximo
volume, que deve sair no meio no ano — Não do calendário comum, no Calendário Ma-
ruyama.

Tchau tchau.

Maruyama Dourado
Introdução aos Personagens
Glossário
Glossário
-Magias, Habilidades & Passivas- Lopsided Duel: ............................................... Duelo Desigual.
Tradução livre de seus nomes Magic Arrow:.....................................................Flecha Mágica.
Magic Boost: .................................................. Impulso Mágico.
Absorption: ................................................................ Absorção. Mana Essence: ........................................... Essência de Mana.
Acid Arrow: .......................................................... Flecha Ácida. Mantle of Chaos: ............................................ Manto do Caos.
Alter Memory: ............................................. Alterar memória. Mass Compass: ......................................... Bússola em Massa.
Anti-Evil Protection: ...............................Proteção Anti-Mal. Message: ................................................................... Mensagem.
Appraisal Magic Item: ........................ Avaliar Item Mágico. Mind of Undeath: ..................................... Mente Morta-Viva.
Armageddon: Evil: .................................... Armagedom: Mal. Napalm: .......................................................................... Napalm.
Bless of Magic Caster: ... Benção do Conjurador de Magia. Paranormal Intuition: ...................... Intuição Paranormal.
Body of Effulgent Aquamarine:Corpo de Água-marinha Perfect Unknowable: ..................... Incognoscível Perfeito.
Refulgente. Phase Door: .......................................................... Porta Fásica.
Body of Effulgent Beryl:........ Corpo de Berilo Refulgente. Raise Dead: ................................................... Levantar Mortos.
Body of Effulgent Heliodor:Corpo de Heliodor Reful- Ray of Negative Energy: ........... Raio de Energia Negativa.
gente. Reality Slash: .............................................. Cortar Realidade.
Breath Ward: .......................................... Sopro de Vigilância. Reinforce armor: ...................................Reforçar Armadura.
Call Greater Thunder: .................. Chamar Grande Trovão. Remote Viewing: ................................ Visualização Remota.
Compass: ........................................................................ Bússola. Resistance From Natural Weapons:Resistência à Ar-
Continual Light: ................................................. Luz Contínua. mas Naturais.
Crack In The Ground: .......................... Rachadura no Chão. See Through: ......................................................... Ver Através.
Create Fortress: ............................................. Criar Fortaleza. Sensor Boost: ........................................... Impulso de Sensor.
Create Greater item: ............................... Criar Grande Item. Shark Cyclone: ...................................... Ciclone de Tubarões.
Create Undead: ...........................................Criar Morto-Vivo. Shining Blast: .......................................... Explosão Brilhante.
Create Water: ..........................................................Criar Água. Summon Monster 1st: .........................Invocar Monstro 1º.
Creation: ........................................................................ Criação. Summon Primal Fire Elemental:Invocar Elemental do
Cure Disease: ..................................................... Curar Doença. Fogo Primordial.
Delay Teleportation: ...................... Atraso Teletransporte. Summon Primal Water Elemental:Invocar Elemental
Destruction Water: ........................................ Destruir Água. da Água Primordial.
Detect Undead: .................................... Detectar Morto-Vivo. Summon Undead 10th:................Invocar Morto-Vivo 10º.
Dimensional Lock: ........................... Bloqueio Dimensional. Summon Undead 1st: ..................... Invocar Morto-Vivo 1º.
Dehydration: ...................................................... Desidratação. Summon Undead 3rd: .................... Invocar Morto-Vivo 3º.
Draconic Power: ......................................... Poder Dracônico. Teleport: ..................................................................... Teleporte.
Dragonbane: ....... Dragoperdição (‘Bane’ pode ser veneno também). Teleportation: ................................................ Teletransporte.
Fallen Down: .................................................. Queda do Caído. Temperature Change: ............... Mudança de temperatura.
False Data: Life: ...................................... Dados Falsos: Vida. The Goal Of All Life Is Death:O Objetivo de Toda a Vida é
False Data: Mana: ..................................Dados Falsos: Mana. a Morte.
Fire Storm: ............................................ Tempestade de Fogo. Time Stop: ................................................... Parada de Tempo.
Fireball: ................................................................ Bola de Fogo. The One:......................................................................... O Único.
Fly: ......................................................................................... Voar. Turn Resistance III: .................. Resistência a Expulsão III.
Freedom: ................................................................... Liberdade. Turn Undead: ....................................... Expulsar Morto-Vivo.
Gate: .................................................................................... Portal. Undead Domination: ........... Dominação de Mortos-Vivos.
Geyser: ...............................................................................Gêiser. Undead Form: ..................................... Forma de Morto-Vivo.
Granisle Inscription: .............................. Inscrição Granisle. Undeath Slave Sight: .......... Visão do Escravo Morto-Vivo.
Greater Full Potential: ............... Maior Potencial Máximo. Undying Flame: .............................................. Chama Imortal.
Greater Hardening: ......................... Maior Endurecimento. Veil of Moon: .......................................................... Véu da Lua.
Greater Luck: ........................................................ Maior Sorte. Venerate Up: ....................................... Aumentar Veneração.
Greater Magic Shield: .......................Maior Escudo Mágico. Vermilion Nova: ............................................Vermilion Nova.
Greater Resistance: ................................. Maior Resistência. Wall of Skeleton:.................................. Parede de Esqueleto.
Greater Teleportation: ................... Maior Teletransporte. Wish Upon a Star: ...............................Desejo a Uma Estrela.
Heavenly Aura: ................................................ Aura Celestial.
High Tier Magic Immunity:Imunidade Mágica de Alto -Metamagia-
Nível.
High-Tier Physical Nullification:Anulação Física de Alto Triplet Maximize Magic:Triplicar Magia Maximizada -
Nível. triplica a magia e aumente o poder destrutivo.
Hot Spring: ......................................................... Fonte Termal. Widen Magic:Ampliar Magia - aumenta a área de efeito
Iceball: ................................................................... Bola de Gelo. da magia.
Indomitability: ........................................... Indomitabilidade.
Infinity Wall:................................................. Muralha Infinita.
Invisibility: ......................................................... Invisibilidade. -Itens-
Life Essence: ................................................ Essência da Vida. Tradução livre & Curiosidades
Lightning:................................................................ Relâmpago.
Exchange Puppet: ................................... Fantoche de Troca. Grimórios:Do francês grimoire, são coleções medievais
Gauntlet of Primary Colors:Manopla das Cores Primá- de feitiços, rituais e encantamentos mágicos invariavel-
rias. mente atribuídas a fontes clássicas hebraicas ou egípcias.
Gauntlet of the Griffinlord: Manopla do Soberano Grifo. Grinding:Em jogos eletrônicos é um termo que se refere
Ghillie Cloak: ........................................................ Capa Ghillie. a execução de tarefas repetitivas para se obter alguma
Guardian Heroes: ...................................... Heróis Guardiões. vantagem usando a mesma estratégia.
Infinite Backpack: ....................................... Mochila Infinita. Heteromórfico:Que faz menção ou se refere a hetero-
Lævateinn:Na mitologia nórdica, Lævateinn é uma arma morfia (tudo aquilo que apresenta diferentes formas.
mencionada na edda poética Fjölsvinnsmál. Itens de Cash: ............... Itens comprados usando dinheiro.
Longinus:A Lança do Destino (também conhecida como Magia Selvagem:Magia exclusiva do Novo Mundo, é ener-
Lança Sagrada ou Lança de Longino), segundo a tradição gizada com o sacrifício de almas.
da Igreja Católica, foi a arma usada pelo centurião romano Magia de Níveis:Magia vinda de YGGDRASIL, seus níveis
Longinus para perfurar o tórax de Jesus Cristo durante a vão de 0 a 10.
crucificação. Magia de Super-Aba:Magia vinda de YGGDRASIL, consi-
Lost White: ..................................................... Branco Perdido. derada como o 11º nível da Magia de Níveis.
Mask of Irubia Hordan: .......... Máscara de Irubia Hordan. Magic Caster:Termo utilizado em OVERLORD para carac-
Robe of the First Invern: .......... Robe do Primeiro Invern. terizar toda uma ramificação classes que podem usar ma-
Seeds of the World Tree:Sementes da Árvore do Mundo. gia. Algo como Conjuradores Mágicos, ou mais preferivel-
Shooting Stars: .......................................... Estrelas Cadentes. mente Conjuradores de Magia.
Statue of Animal: Warhorse:Estátua de Animal: Cavalo Mãe Negra:Shub-Niggurath, ou Cabra Negra Com Mil
de Guerra. Crias, é a entidade cósmica que simboliza o ciclo da vida,
Two-Worlds Mandala: ............. Mandala dos Dois Mundos. sobretudo no que diz respeito a nascimento, reprodução
e fecundidade. Vem dos Cthulhu Mythos de Lovecraft.
NPC:Acrônimo para Non Player Character, ou em portu-
-Termos & Terminologias- guês, Personagem Não-Jogável.
Odachi:Um ōdachi (大太刀) ou nodachi (野太刀) era um
Aggro:Termo de RPG para criaturas que tem postura hos- tipo de espada japonesa tradicionalmente usada pela
til perante ao jogador. classe samurai do Japão feudal.
Arcologia:Arcologia é um termo utilizado para descrever PKED: .................. O ato de ser morto por outros jogadores.
cidades fictícias com uma densidade demográfica extre- PKK:Player Killer Killer - Quem mata jogadores que ma-
mamente grande. O termo foi cunhado pelo arquiteto Pa- tam jogadores.
olo Soleri, e é uma corruptela de “arquitetura” e “ecologia”. PK:............................... Player Killer - Quem mata jogadores.
Buff: ................ Efeitos Positivos que aprimoram o jogador. PVP: ............................................................. Jogador vs Jogador.
Corpus do Abismo:Em japonês 深 淵 な る 軀 PVPing: ............. Participar de disputas Jogador vs Jogador.
(Shin'en'naru Karada). Corpus abrange tanto “Corpo”, Pleiades:Grupos de Empregadas de Batalha, seu nome
quanto um compilado de informações relativos a algo. vem do mito grego, e também tem correlação com a cons-
Demi-humano:Do latim dimidium (dividido em meta- telação.
des) significa meio. Logo demi-humano = meio-humano. Ronin:No Japão feudal foi um samurai que não seguia a
Em japonês é 亜人. um daimyo, ou seja, que não possuía um mestre.
Dogfight:Dogfight é uma modalidade de combate aéreo World Searchers:Em tradução literal “Pesquisadores do
em que a aproximação é efetiva, e de poucas dezenas ou Mundo”, era um Guilda de YGGDRASIL.
centenas de metros. World-Class:Poderosos itens de YGGDRASIL, tem o poder
Dungeon:O termo é usado em jogos de RPG para designar de “Quebrar” o jogo, subverter as chances de vencer um
cavernas ou labirintos repletos de monstros, armadilhas combate.
e tesouros. Uma Dungeon normalmente é composta por YGGDRASIL:Jogo de DMMO-RPG, nome vindo da mitolo-
salas e corredores que as conectam, podendo haver tam- gia Nórdica. Yggdrasil é a arvores do mundo.
bém passagens secretas. Com etimologia na palavra fran-
cesa donjon. Substantivo significando calabouço ou mas-
morra. -Nomes-
Easter Egg:É algum segredo de caráter humorístico es-
condido em qualquer tipo de sistema virtual, incluindo Brightness Dragonlord:Soberano Dragão Brilhante. Os
músicas, filmes, websites, jogos eletrônicos, etc. São algo kanjis de seu nome são de 七彩 (Nanasai), significa “sete
como “pegadinhas virtuais”. cores”.
Elementalista:Os elementalistas são uma ramificação Elder Coffim Dragonlord:Soberano Dragão do Féretro
dos magos comuns, eles poder controlar qualquer um dos Ancião. Os kanjis de seu nome são de 朽棺, significa “Cai-
elementos primordiais. xão velho” ou mesmo “Caixão podre”.
Ghillie:Um traje ghillie ou yowie é um tipo de prenda em- Swordmaster Dragonlord:Soberano Dragão Espada-
pregada para camuflar-se em um ambiente específico, as- chim.
semelhando-se a uma densa folhagem. Surt:Na mitologia nórdica, Surt é o gigante de fogo que
GM:Acrônimo para Game Master, Game Manager, Game guarda Musphelhein.
Moderator. Pode ser traduzido para Mestre do Jogo, Ge-
renciador do Jogo e Moderador do Jogo respectivamente.
É o responsável por administrar os servidores e moderar -Raças & Monstros-
o jogo.
Behemoth:Em hebraico transcrito como ‫בהמות‬, Bəhēmôth, Chan:ち ゃ ん - O sufixo “chan” é um termo carinhoso
Behemot, B'hemot; em Árabe ‫بهيموث‬, Bahīmūth, ou ‫بهموت‬, usado geralmente para crianças ou pessoas que temos
Bahamūt. Sua descrição é tradicionalmente associada à de muita intimidade. O “chan” é usado após o nome inteiro
um monstro gigante. Ainda não confirmado suas caracte- ou abreviado.
rísticas. Dono:殿 | どの - O sufixo “dono” vem da palavra “tono”,
Clear Light Dragon: .................................. Dragão de Luz Pura. que significa “senhor”. Seria semelhante a “meu senhor”.
Cria Negra:Em japonês 黒い仔山羊 (Kuroi Koyagi), é algo Na época dos samurais, costuma-se denotar um grande
como Filho da Cabra Negra. Vem dos Cthulhu Mythos de respeito ao interlocutor.
Lovecraft. Kohai:後輩 – Uma forma de tratamento baseada no status,
Death Knight: .......................................... Cavaleiro da Morte. assim como senpai. É um pronome para tratar alguém
Djinn: .............................. Por vezes traduzido como “Gênio”. inexperiente. Seria algo como “Novato / Calouro”. Um
Dog Zombie: ............................................................ Cão Zumbi. kouhai deve respeitar seu senpai.
Dragonlord: ................................................ Soberano Dragão. Kun:君 - O sufixo “Kun” é bastante utilizado na relação
Dwarf: .................................................................................. Anão. “superior falando com um inferior”, mas apenas se houver
Elder Lich: .............................................................. Lich Ancião. um certo grau de intimidade e amizade entre ambos.
Eyeball Corpse: .................................. Globo Ocular Cadáver. Sama:様 | さま- O sufixo “Sama” é uma versão mais res-
Fire Giantlord Surt: .........Soberano Gigante do Fogo Surt.
peitosa e formal de “san”. A traduções mais próxima do
Golem Horse: ..................................................... Cavalo Golem. termo “sama” para o português seria “Vossa Senhoria”. No
Gnator: ..........................Raça insetóide ainda sem tradução. Japão, é importante referir-se a pessoas importantes ou a
Griffinlord: ...................................................... Soberano Grifo.
alguém que admira e é muito importante, no império an-
Hell Scythe: ................................................... Foice do Inferno.
tigo era muito usado para se referir a rainhas.
Hobgoblin: ...........................Variedade superior de Goblins.
San:さん - O sufixo “San” é um honorífico que pode ser
Inferior Demon: ........................................ Demônio Inferior.
usado em praticamente todas as situações, independente
Lesser One: ..................... O Menor (Variante fraca dos vampiros).
do sexo da pessoa. Normalmente é usado para pessoas
Lesser Air Elemental: ................... Elemental Menor do Ar.
que temos pouca ou nenhuma intimidade. Também usado
Lesser Water Elemental: ........ Elemental Menor da Água.
quando a pessoa considera o interlocutor como um de
Necrosome Giant: ............................... Gigante Necrossoma.
igual hierarquia.
Minotauros:Do grego - Μῑνώταυρος; em latim: Minotau-
rus. Senpai:先輩 - senpai deve ser um exemplo em todos os
Night Lich: ........................................................... Lich da Noite. aspectos possíveis, para mostrar aos kohai qual a postura
Oldbone: ......... Ossovelho (Raça aparentemente inventada pelo Satoru). que deve ser adotada. O senpai deve possuir habilidades
Orks: .............................................. Variante superior de Orcs. técnicas e de postura que inspirem seus kohai a fazer o
Overlord:A raça de Ainz, os kanjis de seu nome podem ser mesmo. É um “veterano”.
lidos como “Governante da Morte”. Sensei:先生 - É usado para referir-se ao seu professor, ou
Overlord Undead General:Overlord General Morto-Vivo. mestre (no sentido de mestre e discípulo). Também é
Pabilsag: ...................................... Variante dos Scorpionmen. usado para se referir a médicos, políticos, advogados e ou-
Primal Air Elemental: .......... Elemental do Ar Primordial. tras figuras de autoridade. Ele é usado para mostrar res-
Primal Fire Elemental:.... Elemental do Fogo Primordial. peito a alguém que alcançou certo nível de domínio em
Primal Water Elemental: Elemental da Água Primordial. uma forma de arte ou alguma outra habilidade, como es-
Rotting Demon: ..................................Demônio Apodrecido. critores, músicos, artistas e lutadores consumados. Nas
Sharp Horn: ......................................................... Chifre Afiado. artes marciais japonesas, sensei se refere a alguém que é
Skeleton: .................................................................... Esqueleto. o chefe de um dojo. Tal como acontece com senpai, sensei
Slime:Raça em RPG com aspecto glutinoso, possuem di- pode ser usado não apenas como um sufixo, mas também
versas resistências inatas. como um título autônomo.
Scorpionman: ...........................................Homem-Escorpião.
Snakeman: ........................................................ Homem-Cobra.
Soul Eater: ............................................... Devorador de Alma.
Supplicant: ............................................................... Suplicante.
Undead: ................................................................... Morto-Vivo.
Undeadlord:Soberano Morto-Vivo (Raça aparentemente inven-
tada pelo Satoru).
Vampire Brige:................................................Noiva Vampira.
Vampiro Real:Poderosa raça de Vampiros, descendente
do sangue do ancestral verdadeiro de Cainabel.
War Devil: ...................................................... Diabo de Guerra.
Water Elemental: ....................................Elemental da Água.
Wind Elemental:.................................... Elemental do Vento.
Wraith:.......................................................................... Aparição.
Zombie:............................................................................. Zumbi.
Zombie Dragon: ............................................... Dragão Zumbi.

-Honoríficos & Tratamentos-


Notas de Tradução:
O modo de fala da Keno, e suas “gagueiras”. Na verdade, ela dificilmente gagueja, acon-
tece em tais ocasiões ela alterna entre japonês normal e Keigo.

O que é o Keigo? Veja abaixo:


Keigo (敬語)
Keigo varia de acordo com idade, condição social e relação entre os falantes, podendo
ser dividido em dois tipos, que realçam respeito e humildade.
Sonkeigo (尊敬語)
O sonkeigo é usado para se dirigir a indivíduos que respeitamos, geralmente de níveis
sociais e hierárquicos mais elevados do que o nosso, como pessoas mais velhas, profes-
sores, chefes e clientes. Esse tipo tem a função de exaltar o ouvinte e é bastante utilizado
por funcionários de estabelecimentos comerciais.
Kenjougo (謙譲語)
Essa variante é usada quando falamos de nós mesmos ou do grupo a que pertencemos,
porém, demonstrando humildade. O kenjougo é muito utilizado por secretários (as) e
recepcionistas para se dirigirem a seus clientes. De forma geral, o keigo é importante
para se familiarizar com a cultura e a sociedade japonesa.
Tentei passar a idéia fazendo ela alternar entre “você” e “senhor” ao se referir ao inter-
locutor, mas isso não é o que o keigo é. No momento tão tenho a capacidade de adaptar
isso sem ficar verborrágico demais, ou mesmo dando a entender como uma bajulação
exacerbada da parte dela.

Magias Selvagens.... Dei preferia para traduzi-las, são diferentes das Magias de Níveis e
exclusivas do Novo mundo. São escritas em japonês.
Night Liches.... em japonês é ナイトリッチ, mas não está claro se significa Night Lich
ou Knight Lich, já que ナイト serve como romajização para ambos. Mas como se desta-
cam muito no campo da magia, provável que seja Night mesmo. Já que Knight indicaria
aptidão para combate físico.
Mêncio. Quando o Ainz pensa “Jogadores poderosos atacando em pequenos grupos —
são as pessoas unidas.” Refere-se a uma dissertação de Meng Zi/Mêncio. É melhor ir para
a guerra quando “天时地利人和”; a hora é certa, o terreno é favorável e as condições
sociais permitem isso (ex: quando as pessoas estão unidas).
Oldbones. O Suzuki se chama de “スケール | Sukeru”. Mas isso é quase um trocadilho
por ele ser um Skeleton só que não. Por exemplo, Skeletal seria assim “スケリトル | Suke-
ritou”, Scale (Escamas) seria assim “スケイル | Sukeiru”. Então, o Nigel decidiu que ro-
majizar isso para Skeel/ Skel/ Skele/ Scele, ou algo assim até poderia funcionar, mais
nem tanto, fiquem cientes dessa alteração. By - Ziggys
No último dia dos servidores do jogo que foi uma febre mundial.
YGGDRASIL silenciosamente encontra seu fim——— Assim era o esperado.

———No entanto, Momonga não é desconectado forçadamente do servidor,


de alguma forma, um mero jogador assalariado foi transportado para outro
mundo...

Keno, uma garota solitária em uma cidade cheia de zombies rastejantes, en-
contra um poderoso ser altamente versado nas artes mágicas.
Juntos, eles iniciam sua jornada rumo ao ███████Dragonlord———
———Conheça a outra lenda de Momonga.

O mundo é todo seu.

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