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Podcast

Explicando a Criatividade e o
Pensamento Crítico

Bruna Mas: Olá, sejam bem-vindos! Eu sou a Bruna Mas e hoje eu estou com a Ana Zuanazzi

Ana Zuanazzi: Oi pessoal!

Bruna Mas: E com o Rodrigo Travtiski.

Rodrigo Travtiski: Oi pessoal! Oi Bruna!

Bruna Mas: Oi pessoal, é muito bom ter vocês aqui, hoje.


Tanto a Ana quanto o Rodrigo são especialistas do Instituto Ayrton Senna, e hoje a gente vai
discutir um pouco sobre criatividade e pensamento crítico.
Na conversa de hoje a gente vai desmitificar, um pouco, algumas crenças que existem
sobre essas competências e entender melhor a importância da criatividade e do
pensamento crítico no contexto do mundo VUCA.
E a primeira pergunta é exatamente essa: Rodrigo e Ana, vocês podem falar um pouco
sobre a criatividade e o pensamento crítico no contexto do mundo VUCA? 

Rodrigo Travtiski: Se a gente pegar, por exemplo, o pensamento crítico e considerar o tanto
de informação ao nosso redor e que não sabemos bem no que confiar - como nas redes
sociais que vemos um monte de notícias que, em geral, parecem todas iguais devido ao
modo como as redes sociais funcionam - especialmente nos últimos tempos, temos
percebido como é importante sermos críticos com cada informação lida, não só para o
trabalho, como para a vida.

Bruna Mas: Faz muito sentido, Rodrigo! A criticidade tem se mostrado cada vez mais
importante nas nossas vidas.
E você Ana, pode falar um pouco sobre a criatividade nesse contexto?

Ana Zuanazzi: Pensando um pouco na linha do que o Rodrigo fala, das redes sociais, a
criatividade acaba apoiando no entendimento e absorção dessas informações.
Quanto mais a gente consegue entender e usar dos recursos que temos disponíveis a nossa
volta, para criar e inovar, mais adaptado estamos a esse mundo de mudanças.
Quando eu consigo olhar para uma situação que é inédita para mim, mas consigo tirar
elementos dessa situação, consigo aproveitar conhecimentos e criar algo novo a partir
disso, muitas vezes eu consigo lidar melhor com esse mundo e com a experiência nova que
estou vivenciando, e tenho um resultado melhor disso.

Bruna Mas: É, acho que dessa forma não ficam muitas dúvidas em relação a importância da
criatividade e do pensamento crítico, mas eu queria fazer uma provocação: Quanto mais
criativa e crítica uma pessoa for, melhor? Ou deve existir uma ponderação?

Ana Zuanazzi: Essa é uma questão excelente! Sempre achamos que quanto mais melhor (de
tudo), mas nem sempre isso é verdade, tanto no caso da criatividade, como do pensamento
crítico.
No caso da criatividade, por exemplo, aquela pessoa que fica um tempo muito grande só
tentando inovar, criar coisas novas, ela acaba deixando o que já existe e perde a
oportunidade de aprimorar o que já tem a nossa volta.

Bruna Mas: Legal, Ana. E você, Rodrigo, o que você pode dizer sobre isso quando a gente
fala de pensamento crítico?

Rodrigo Travtiski: O pensamento crítico é uma forma mais lenta de raciocínio: Não dá para
pensar criticamente, de qualquer jeito... talvez você termine até com mais dúvidas do que
com certezas.
Então, dependendo do momento, quando você precisa de decisões rápidas, terá que se
conformar com o bom e não com o perfeito; mas às vezes o pensamento crítico vai ficar te
obrigando a sempre perfeito e quando você ver, ou passou a oportunidade ou já não tem
como resolver o problema.

Ana Zuanazzi: Eu acho que esse ponto que o Rodrigo trouxe, tanto da criatividade quanto
do pensamento crítico, ambos processos que demandam tempo, então quanto mais
informado e inteirado da sua demanda, do que você tem que responder, do processo que
está participando, mais claro fica quanto você deve ser criativo e/ou crítico em
determinados momentos. É saber moderar quanto ser crítico e quando ser crítico e
criativo.

Bruna Mas: Então, pelo o que vocês estão me dizendo, quando se fala em criatividade e
pensamento crítico é muito importante também saber fazer, saber usar essa
competência, né?! Mas ser crítico e criativo é só uma questão de competência? Basta
isso?

Rodrigo Travtiski: Uma das coisas que a gente observa é que, tanto a criatividade quanto o
pensamento crítico, dependem muito da área que você está falando. Por exemplo: A
pessoa pode ser criativa em uma área e não ser em outra. O mesmo acontece com o
pensamento crítico.
O saber fazer é fundamental, em ambas competências. E o que se temos percebido nos
estudos é que não basta saber fazer, muitas vezes, como comentei anteriormente, você
sabe como pensar criticamente, mas frente a uma notícia que você gosta, você resolve
não pensar criticamente... você nem percebe isso na maioria das vezes.
É preciso ter conhecimento. Quanto mais conhecimento da área específica, mais fácil ser
crítico e criativo, mas não basta ter só o conhecimento.

Bruna Mas: Mas então Rodrigo, é muito comum a ideia de que a criatividade é um dom com
a qual a pessoa nasce e muitos veem pessoas criativas como uma espécie de gênio. Isso é
real ou um mito? O que você acha disso?

Rodrigo Travtiski: Pois é, isso é uma das coisas mais importante dos estudos que estamos
fazendo.
As pessoas costumam associar a criatividade às grandes obras da humanidade. E se
perguntam: Quem foi criativo?
Leonardo da Vinci, Luiz Gonzaga... mas na verdade a criatividade tem vários níveis, e ela
pode ser aprendida, desenvolvida, e tem ambientes melhores e piores para isso. É aí que a
escola se torna fundamental nesse sentido: Que tipo de ambiente a escola proporciona ao
estudante para estimulá-lo a ser criativo, sem precisar ser gênio, ganhar uma olimpíada,
etc? Que ambiente o estudante tem para ser estimulado a ser criativo na sua vida
cotidiana, resolvendo seus problemas, eventualmente resolvendo problemas maiores e
eventualmente ficando na história da humanidade.

Bruna Mas: Muito legal isso que você falou! Eu acho que a própria ideia que a criatividade é
para poucos, inibe as pessoas de se colocarem como criativas. É muito importante deixar
claro que cada um pode aprimorar sua própria criatividade.
Ana, abrindo um pouquinho mais esse assunto, você acha que o mundo de hoje estimula
essa criatividade?

Ana Zuanazzi: O mundo está passando por um processo muito diferente do que era a
séculos atrás e isso envolve um processo de adaptação nosso, uma adaptação humana.
A escola também passa por esse processo e precisa se adaptar a essa fluidez como as
coisas acontecem no mundo. Então onde o estudante passa a maior parte do tempo dele
precisa ser um lugar onde ele possa desenvolver a criatividade. Quando vamos pensar no
processo criativo como um todo, ele envolve tentativas e erros, pensar de forma fluida,
livre e solta, e qual o lugar do erro nisso tudo.
Uma resposta errada está sempre errada? A dúvida do aluno pode ser explorada de outras
formas que não simplesmente o certo e o errado? Quanto é possível criar para o estudante
um ambiente que estimule essa criatividade?
Bruna Mas: E Ana, você pode nos dizer de que forma é possível desenvolver a criatividade
e o pensamento crítico?

Ana Zuanazzi: Quando pensamos no desenvolvimento da criatividade e do pensamento


crítico, é importante pensarmos qual a finalidade dessas competências, pois não basta ser
criativo no sentido inovador, é preciso dar utilidade ao que se está fazendo, resolver o
problema.
E como podemos desenvolver isso?
Basicamente procurando quais tipos de problema que gostaríamos de resolver no nosso
dia-a-dia, para aí exercer a criatividade de uma forma nova e dando uma utilidade para
aquilo.
Na mesma linha, sobre o pensamento crítico, podemos despertar a seguinte dúvida:
Desenvolvê-lo para que?
Para que a gente tenha um olhar mais diverso. E uma forma de desenvolver o pensamento
crítico, de ser capaz de olhar sobre diferentes olhares é, por exemplo, escolher um tema
de interesse, que você tenha uma opinião formada sobre isso e, de repente, entender
quais outras opiniões são possíveis para aquele mesmo assunto. Será que existem
argumentos que são contrários a sai opinião? Quais são esses argumentos? Você
conseguiria defender argumentos que são contrários ao seu posicionamento?
São várias pequenas ações do dia-a-dia que podem tirar um pouco desse mito de que a
criatividade ou o pensamento crítico é algo para pensadores ou grandes artistas e
fortalecer de que sim é algo presente no nosso cotidiano, e que pensando no que
caracteriza cada uma dessas competências, é possível ir adaptando na nossa rotina.

Bruna Mas: E você, Rodrigo, o que acha disso? Você tem alguma dica para quem quer
desenvolver essas competências?

Rodrigo Travtiski: Eu concordo plenamente com a Ana e, mesmo sendo difícil dar dicas de
questões complexas, tem algo interessante que é procurar o lugar e o contexto em que
essas habilidades são mais necessárias ou mais aceitas – onde você se sente mais
criativo, mais solto, onde você consegue exercitar mais o seu pensamento crítico, com
quem você consegue discutir, etc. Há pessoas que você discute por horas e não chega a
lugar algum, outras pessoas, que mesmo indo contra suas ideias, você até gosta, talvez
pelo jeito que ela falou, ou porque vocês têm uma história de amizade. É pensar nessas
questões internas (e nas externas também), tentando procurar contextos que esse tipo de
habilidade seja mais útil e mais aceita também.

Bruna Mas: Pessoal, muito bacana. Foi tudo muito bacana: os pontos levantados, os
argumentos... aliás, toda a conversa foi maravilhosa! Muito esclarecedora. Eu acho que
com isso a gente conseguiu desmistificar muitos mitos relacionados a criatividade e
pensamento crítico.
Eu gostaria muito de agradecer a participação da Ana e do Rodrigo. Muito obrigada.

Ana Zuanazzi: Obrigada Bruna. Obrigada pessoal. Foi ótima a conversa.

Rodrigo Travtiski: Valeu, valeu, foi um grande prazer estar aqui com vocês!

Bruna Mas: Eu é que agradeço pessoal. Vocês contribuíram demais para o debate, fizeram
uma conversa muito gostosa.
E eu quero agradecer também a você, que está aí nos ouvindo. Eu espero que essa
conversa também tenha sido esclarecedora para você.
Muito obrigada e até a próxima.

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