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15066-Texto Do Artigo-30361-1-10-20140115 PDF
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ADAPTAÇÃO ESCOLAR
o PROBLEMA EM GERAL
as crianças que, embora não separadas da mãe, não tenham dela carinho
ou afeição.
Se uma criança é abandonada pela mãe durante o segundo ano de
vida, suas reações serão diferentes das mais novas .. É para ela mais difícil
aceitar a substituição, uma vez que aprendeu a reconhecer a figura ma-
terna, como indivíduo único. Assim, reage à sua substituta, advindo desta
situação sentimentos de angústia, de depressão aguda, adotando atitude
de contínuo protesto contra a ausência da mãe. Aliás, esta atitude de
recusa inicial à mãe-substituta é um sinal de saúde mental, e prova de
que a criança estava vivendo uma situação de ligação afetiva positiva
com sua mãe. Já a criança que não recebeu anteriormente, carinho e
amor materno, suportará melhor, aparentemente, a situação de abandono.
Essa resignação e adaptação superficial será, porém, sintoma negativo, no
que diga respeito a seu desenvolvimento afetivo.
Durante o período de dois a três anos, poderemos destacar, como
características principais da repercussão da carência afetiva, as perturba-
ções que aparecem ligadas à incorporação de atitudes básicas emocionais,
pois nessa fase a mãe é elemento essencial para formação da consciência
individual e moral; realmente, é ela o elemento básico para que se dê
bom relacionamento com o meio ambiente, condicionando hábitos sociais
válidos e estruturando um sistema de reciprocidade.
Nos casos da carência afetiva entre os 3 e 4 anos,'a criança, tendo já
adquirido uma certa maturidade afetivo-emocional, poderá reagir melhor
à situação. Contudo, se a separação da figura materna fôr brusca e defi-
nitiva, reagirá como se tivesse sido abandonada, com atitudes de agressi-
vidade e hostilidade, podendo também cair em estados depressivos.
Precárias relações afetivas com a figura materna produzirão modificações
graves no comportamento da criança, que reagirá de forma agressiva,
sentindo-se insatisfeita, reivindicadora e perseguida. Nos casos em que
a criança sinta carência de afeto materno, embora a mãe continue ao
seu lado, o comprometimento será relativo. De fato, presente no lar, a
figura materna terá atuado como elemento positivo de adaptação.
ESTUDO DE CASOS
Mora com uma tia materna, há dois anos, ocasião em que o seu pai
suicidou-se, ingerindo corrosivo, diante da mulher, de uma filha, além do
próprio filho. A mãe estava grávida, na ocasião, fato êste que ocultava
à família. A criança nasceu meses depois. A mãe do aluno, tida como
doente mental, estêve tuberculosa, internada num hospital. Seus filhos
foram distribuídos pelas tias e a avó. O aluno continua tendo contato
com os irmãos; o mais velho, com 15 anos, já trabalha, e ~ menor tem
1 ano e 7 meses. Vê a máe qu~ndo ela melh<?r~1
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CONCLUSAO
Pelo exame dêstes casos, verifica-se a complexidade de orientação e
tratamento, pois todos envolviam problemáticas familiares complexas. A
dificuldade de adaptação escolar não era senão uma das conseqüências do
comprometimento mais profundo da person~Ucjaàe dessas crianças.
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