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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ____ VARA

FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ____________ DO ESTADO DE ________.

A pessoa jurídica de direito privado ___________________________________________, inscrita


no CNPJ sob o n° _______________________, inscrição estadual n° ______, inscrito no CORE n°
_________, estabelecida no endereço Rua ___________________________,
_____________/______, CEP: _________, (Doc. 01) representada por seu sócio administrador
____________________________, brasileiro, _______(estado civil), inscrito no CPF sob o n°
________________, residente e domiciliado na Rua ________________, ______________/____,
CEP ________, com endereço eletrônico: ___________________, vem, respeitosamente perante
Vossa Excelência, por seus procuradores (Doc. 2), com fundamento nos artigos 319 do Código de
Processo Civil e 165 do Código Tributário Nacional, interpor

AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO

em face da UNIÃO/FAZENDA NACIONAL, a ser citada na pessoa do Representante Legal,


Procuradoria Seccional da Fazenda Nacional em ___________/___, Rua
_______________________________, _________/____, CEP _______, pelas razões de fato e de
direito a seguir expostas:

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PRELIMINARMENTE

I - DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

1. É perfeitamente admissível, à luz do art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal de 1988, a


concessão do beneficiário da gratuidade à pessoa jurídica, que demonstre, cabalmente, a
impossibilidade de atender as despesas antecipadas do processo, o que vedaria seu acesso à
Justiça.
2. É possível conceder-se às pessoas jurídicas o benefício da assistência judiciária, desde que,
porém, demonstrem a impossibilidade de arcar com as despesas do processo sem prejuízo da
própria manutenção.
3. A pessoa jurídica, independentemente de ter fins lucrativos, pode ser beneficiária da
gratuidade prevista na Lei n. 13.105/2015, art. 98 e seguintes, desde que comprove,
concretamente, achar-se em estado de necessidade impeditivo de arcar com as custas e
despesas do processo.
4. No presente caso, a Autora foi surpreendida com as rescisões unilaterais e imotivadas dos
principais contratos de representação comercial, fazendo com que as atividades da empresa
reduzissem em ___% (____________) o faturamento. (Doc. 03)
5. Importante frisar, que a presente ação de restituição de indébito tributário trata sobre
valores que não deveriam ter sido retidos do imposto de renda, ou seja, retenções
ilegais, pois se referem a verbas de natureza indenizatória, indenização (1/12) e aviso
prévio indenizado (1/3), recebidas em razão das rescisões sem justa causa, pois são
verbas que não remuneram.
6. O Imposto de Renda Retido na Fonte tem como hipótese de incidência a “renda”, a
aquisição da disponibilidade da renda e proventos de qualquer natureza. Desta forma,
valores recebidos a título de indenização não se subsumem ao conceito de “renda” e
“acréscimos patrimoniais”.
7. A Súmula n° 481/STJ esclarece sobre a gratuidade requerida no presente caso:
Súmula n. 481/STJ de 01/08/2012 - Faz jus ao benefício da Justiça gratuita a pessoa
jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os
encargos processuais.
8. Apresenta a declaração de hipossuficiência econômica em razão das dificuldades financeiras
enfrentadas pela empresa, após os principais contratos de representação comercial terem
sido rescindidos unilateralmente pelos representados e sem justa causa. (Doc. 04)
9. Consequentemente, diante das questões apresentadas, com o comprometimento sério
da saúde financeira da Autora, onde está impossibilitada de arcar com as custas e
despesas processuais, motivo pelo qual suplica pelo deferimento do pedido.

III – RELATO FÁTICO:

10. A Autora é pessoa jurídica de direito privado que se dedica exclusivamente na atividade de
representação comercial, conforme contrato social e alterações, regulamentada pela Lei
4.886/1965, alterada pelas Leis 8.420/1992 e 12.246/2010.
11. A empresa está registrada no CORE __ – Conselho Regional dos Representantes Comerciais
do Estado _________ sob o n° _____.

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12. A Autora realizou contrato de representação comercial com a seguinte empresa: (i)
____________________.
13. Obs: Informar sobre o início da atividade, data da rescisão unilateral imotivada e duração do
contrato. Apresentar também os valores recebidos a título de verbas indenizatórias e os
comprovantes de recolhimento dos valores retidos indevidamente do Imposto de Renda.
Contrato de Representação Comercial (Doc. 05) e Comprovante de recolhimento do IRRF
(Doc. 06)
14. A presente ação tem como objetivo o reconhecimento à Autora da não incidência do
Imposto de Renda Retido na Fonte, em razão dos recebimentos de verbas de natureza
indenizatórias e como consequência a restituição dos valores indevidamente retidos e
recolhidos pelas fontes pagadoras, sendo devidas as devoluções corrigidas pela Selic.
15. As retenções realizadas do Imposto de Renda em relação as verbas de natureza indenizatória
são totalmente indevidas e ilegais, pois contrariam a hipótese de incidência do Imposto
sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. O conceito de “renda” é a aquisição da
disponibilidade econômica ou jurídica de renda e proventos de qualquer natureza, não
abarcam verbas recebidas a título de indenização. Patente que indenização, em sua
natureza, não é renda e nem acréscimo patrimonial e sim recomposição por perdas da
oportunidade de exploração da rede de clientes consolidada pela Autora.
16. Os valores recebidos pela Autora não são acréscimos patrimoniais e também não são
rendimentos a que fez juz. Pelo contrário tratam-se de valores com natureza indenizatória e
que visam a recomposição das perdas sofridas pela Autora com as rescisões unilaterais e
sem justa causa.
17. Nesse contexto, a Autora propõe a presente Ação de Restituição de Indébito Tributário
visando a restituição dos valores retidos indevidamente, atualizados monetariamente
pela Selic, em virtude do Imposto de Renda Retido na Fonte ter incidido, ilegalmente e
indevidamente, sobre as referidas verbas indenizatórias.

MÉRITO

I –NATUREZA JURÍDICA – INDENIZAÇÃO PREVISTA PELA LEI N° 4.886/65,


ALTERADA PELA LEI N° 8.420/1992.

18. A legislação que disciplina a atividade dos representantes comerciais autônomos pessoas
jurídicas ou físicas é a Lei 4.886/65, que foi alterada pelas Leis 8.420/92 e 12.246/2010,
prevê de forma específica o exercício da atividade.
19. A relação jurídica contratual da representação comercial possui suas particularidades
delineadas em sua regulamentação, prescrevendo em seu art. 27 os requisitos do contrato de
representação comercial, vejamos:
“Art. 27. Do contrato de representação comercial, além dos elementos comuns e outros
a juízo dos interessados, constarão obrigatoriamente: (Redação dada pela Lei nº 8.420,
de 8.5.1992)
a) condições e requisitos gerais da representação;
b) indicação genérica ou específica dos produtos ou artigos objeto da representação;
c) prazo certo ou indeterminado da representação

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d) indicação da zona ou zonas em que será exercida a representação; (Redação dada
pela Lei nº 8.420, de 8.5.1992)
e) garantia ou não, parcial ou total, ou por certo prazo, da exclusividade de zona ou
setor de zona;
f) retribuição e época do pagamento, pelo exercício da representação, dependente da
efetiva realização dos negócios, e recebimento, ou não, pelo representado, dos valôres
respectivos;
g) os casos em que se justifique a restrição de zona concedida com exclusividade;
h) obrigações e responsabilidades das partes contratantes:
i) exercício exclusivo ou não da representação a favor do representado;
j) indenização devida ao representante pela rescisão do contrato fora dos casos
previstos no art. 35, cujo montante não poderá ser inferior a 1/12 (um doze avos)
do total da retribuição auferida durante o tempo em que exerceu a
representação. (Redação dada pela Lei nº 8.420, de 8.5.1992)
§ 1° Na hipótese de contrato a prazo certo, a indenização corresponderá à importância
equivalente à média mensal da retribuição auferida até a data da rescisão, multiplicada
pela metade dos meses resultantes do prazo contratual. (Redação dada pela Lei nº
8.420, de 8.5.1992)
§ 2° O contrato com prazo determinado, uma vez prorrogado o prazo inicial, tácita ou
expressamente, torna-se a prazo indeterminado. (Incluído pela Lei nº 8.420, de
8.5.1992)
§ 3° Considera-se por prazo indeterminado todo contrato que suceder, dentro de seis
meses, a outro contrato, com ou sem determinação de prazo. (Incluído pela Lei nº
8.420, de 8.5.1992)”. (grifamos)

20. O art. 34 da Lei 4.866/65 estabelece que sem causa justificada o representante terá direito ao
pré-aviso ou ao pagamento de 1/3 das comissões auferidas, nos casos de contratos por
prazos indeterminados, que tenham vigorado por mais de seis meses, conforme a presente
ação:
“Art . 34. A denúncia, por qualquer das partes, sem causa justificada, do contrato de
representação, ajustado por tempo indeterminado e que haja vigorado por mais de seis
meses, obriga o denunciante, salvo outra garantia prevista no contrato, à concessão de
pré-aviso, com antecedência mínima de trinta dias, ou ao pagamento de
importância igual a um têrço (1/3) das comissões auferidas pelo representante, nos
três meses anteriores”. (grifamos)

21. Verificamos a disciplina dos representantes comerciais em razão da relação jurídica desta
representação, onde a Lei 4.886/65, alterada pela Lei 8.420/92 é cristalina ao determinar o
dever de indenizar do representado em relação ao representante, em função das rescisões
unilaterais e imotivadas dos contratos de representação comercial.
22. Estabelece o inciso “j” do art. 27 da Lei 4.866/65, quando da rescisão imotivada do
contrato de representação comercial, o representante terá direito a receber as verbas à
título de indenização pelas perdas sofridas, com o fim da relação jurídica de
representação comercial. Possibilitando ainda, nos contratos por prazo indeterminado,
e que vigoraram mais de seis meses, conforme o presente caso, no art. 34 o pagamento
de pré-aviso ou pagamento de 1/3 das comissões auferidas. Todas caracterizadas como
verbas indenizatórias pagas pelas empresas representadas.

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23. Considera-se imotivada a rescisão que não incorreu em nenhuma das hipóteses estabelecidas
no art. 35 da referida Lei, vejamos:
“Art . 35. Constituem motivos justos para rescisão do contrato de representação
comercial, pelo representado:
a) a desídia do representante no cumprimento das obrigações decorrentes do contrato;
b) a prática de atos que importem em descrédito comercial do representado;
c) a falta de cumprimento de quaisquer obrigações inerentes ao contrato de
representação comercial;
d) a condenação definitiva por crime considerado infamante;
e) fôrça maior”.
24. Portanto, é possível confirmar que as rescisões foram realizadas de forma imotivada, em
razão de não ter havido nenhum motivo justo.
25. Neste sentido, quando não há motivação os Contratantes/Representados devem o
pagamento à Contratada/Representante e ora Autora das indenizações previstas na
alínea “j” do art. 27 e 34 ambos da Lei n. 4.886/65, alterada pela Lei 8.420/92, (1/12) a
título de indenização e (1/3) aviso prévio indenizado, conforme os pagamentos
realizados pelas empresas representadas.
26. Tratam-se de indenizações por todo o trabalho empreendido pelo representante comercial, na
abertura de clientes, e pela perda da oportunidade de exploração da rede de clientes
consolidadas, sendo devidas as verbas a título de indenização para recompor o representante
da perda de sua representada.
27. As indenizações têm por objetivo recompor as perdas do representante comercial, em razão
da rescisão unilateral e imotivada. Apresenta-se como uma proteção ao representante
comercial, que se dedica na atividade, e com uma decisão unilateral e imotivada do
representado, se vê sem a possibilidade de exploração da carteira de clientes conquistada,
diante da rescisão do contrato de representação comercial.
28. Com o objetivo de resguardar a Autora, que desempenhou as atividades com eficiência e
competência, ao ser surpreendida com as rescisões unilaterais das Contratadas e não
havendo justa causa, a legislação estabelece a recomposição das perdas, por meio das
indenizações recebidas.
29. A melhor doutrina define que: “o representante comercial como a pessoa física ou jurídica
que, de maneira permanente e em caráter profissional, realiza, numa determinada zona, atos
de comércio peculiares à promoção e conclusão de negócios, por conta e em nome de uma
ou mais empresas”. (REQUIÃO, Rubens. Aspectos Jurídicos da Representação
Comercial. Curitiba, 1950. fls. 36)
30. Continua a doutrina especializada orientando sobre as perdas sofridas pela Autora: “A
indenização que favorece o representante comercial, e, por isso, o agente ou o distribuidor, e
tarifada, fixada pela lei. (...)
O legislador adotou a técnica de tarifar indenização por rompimento injusto do
contrato em razão de política legislativa. Preferiu-se a indenização estabelecida por
percentual prefixado, em valor provavelmente menor que o que decorreria das perdas
e danos efetivos, para que se evitassem a dificuldade e as delongas para compor essas
mesmas perdas e danos nos termos do direito comum”. (REQUIÃO, Rubens
Edmundo. Nova Regulamentação da Representação Comercial Autônoma. 2ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2003). (grifamos)

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31. Apresentamos jurisprudência pacífica sobre a natureza jurídica indenizatória das verbas
pagas nas rescisões de contrato de representação comercial. Nesse sentido:

“TRIBUTÁRIO - MANDADO DE SEGURANÇA - PARCELA RECEBIDA A


TÍTULO DE RESCISÃO DE CONTRATO DE REPRESENTAÇÃO
COMERCIAL - NATUREZA JURÍDICA INDENIZATÓRIA - PROVA
INEQUÍVOCA - CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, ART. 333, I - INCIDÊNCIA DE
IMPOSTO DE RENDA - INADMISSIBILIDADE.
a) Recurso - Apelação em Mandado de Segurança. b) Decisão de origem - Segurança
denegada.
1 - "As verbas recebidas por pessoa jurídica em razão de rescisão contratual
antecipada têm natureza indenizatória por se revestirem da natureza de dano
emergente, em face da assunção pela pessoa jurídica contratada de custos
assumidos em razão da prestação a que se obrigara." (REsp nº 1.118.782/DF -
Relatora: Ministra Eliana Calmon - STJ - Segunda Turma - Unânime - DJe
25/9/2009.)
2 - Desincumbindo-se a Autora do ônus que lhe cabia (Código de Processo Civil, art.
333, I), trazer aos autos prova inequívoca da natureza indenizatória da quantia obtida
em RESCISÃO DE CONTRATO DE REPRESENTAÇÃO COMERCIAL, merece
reparo a sentença discutida.
3 - Apelação provida. 4 - Sentença reformada”. (AMS 0003636-18.2006.4.01.3809/MG,
Rel. Desembargador Federal Catão Alves, Sétima Turma, e-DJF1 p.1467 de
18/01/2013). (grifamos).

32. Neste contexto, resta clarividente a natureza jurídica indenizatória das verbas
recebidas pela Autora, diante das rescisões imotivadas e unilaterais dos contratos de
representação comercial, que possuem o papel de recompor as perdas pela extinção da
relação contratual, previstas na legislação apresentada.

II – NÃO INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER


NATUREZA SOBRE VERBAS DE NATUREZA INDENIZATÓRIA.

33. Em razão das rescisões dos Contratos de Representação Comercial, as representadas


realizaram a retenção de 15% (quinze por cento) ilegal sobre o pagamento das indenizações
devidas a Autora/Representante.
34. Acreditamos que por falta de análise correta da legislação, houve a indevida e ilegal
incidência e retenção do Imposto de Renda em razão das verbas indenizatórias recebidas nas
rescisões.
35. O Imposto de Renda incide sobre “renda” e “proventos de qualquer natureza”. A renda é o
produto do capital do trabalho e da combinação de ambos, enquanto proventos de qualquer
natureza são acréscimos patrimoniais não compreendidos no conceito de renda, inteligência
dos arts. 153, inciso III da Constituição Federal c/c 43 do Código Tributário Nacional.
36. A própria legislação do Imposto de Renda estabelece a excepcionalidade ao determinar
que não incidirá, em razão das verbas indenizatórias destinadas a reparação de perdas
patrimoniais.

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37. Vejamos o que dispõe o §5º do art. 70 da Lei n° 9.430/96, disciplina a legislação federal,
excepciona a incidência do Imposto de Renda a verba destinada a reparar danos
patrimoniais, como é o presente caso dos recebimentos das indenizações pela Autora:

“Art. 70. A multa ou qualquer outra vantagem paga ou creditada por pessoa jurídica,
ainda que a título de indenização, a beneficiária pessoa física ou jurídica, inclusive
isenta, em virtude de rescisão de contrato, sujeitam-se à incidência do imposto de renda
na fonte à alíquota de quinze por cento.
§ 5º O disposto neste artigo não se aplica às indenizações pagas ou creditadas em
conformidade com a legislação trabalhista e àquelas destinadas a reparar danos
patrimoniais”. (grifamos).

38. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça - STJ é pacifica ao reconhecer que não
incide Imposto de Renda nas indenizações recebidas pelos representantes comerciais,
quando da rescisão contratual unilateral e imotivada, in verbis:

“PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. CÓDIGO DE


PROCESSO CIVIL DE 1973. APLICABILIDADE. AUSÊNCIA DE PRÉ-
QUESTIONAMENTO DOS ARTS. 70, § 5º, DA LEI N. 9.430/96, E 681, § 5º, DO
DECRETO N. 3.000/99. IMPOSTO SOBRE A RENDA. INCIDÊNCIA SOBRE
VALORES ORIUNDOS DE RESCISÃO IMOTIVADA DE CONTRATO DE
REPRESENTAÇÃO COMERCIAL. ART. 27, J, DA LEI N. 4.886/65. NATUREZA
INDENIZATÓRIA. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA AFASTADA. PEDIDO DE
RESTITUIÇÃO. RETORNO DOS AUTOS À ORIGEM PARA JULGAMENTO DA
CASUÍSTICA DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
FIXAÇÃO PELA CORTE A QUO.
I – Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na sessão realizada em 09.03.2016, o
regime recursal será determinado pela data da publicação do provimento jurisdicional
impugnado. Assim sendo, in casu, aplica-se o Código de Processo Civil de 1973.
II – É entendimento pacífico desta Corte que a ausência de enfrentamento da questão
objeto da controvérsia pelo Tribunal a quo impede o acesso à instância especial,
porquanto não preenchido o requisito constitucional do pré-questionamento, nos termos
da Súmula n. 282 do Supremo Tribunal Federal.
III – Na espécie, controverte-se acerca da incidência do Imposto de Renda sobre os
valores oriundos da rescisão unilateral imotivada de contrato de representação
comercial, estabelecida pelo art. 27, j, da Lei n. 4.886/65, com a redação dada pela Lei
n. 8.420/92.
IV – Esta Corte possui entendimento segundo o qual não incide Imposto de Renda
sobre a verba recebida em virtude de rescisão sem justa causa de contrato de
representação comercial disciplinado pela Lei n. 4.886/65, porquanto a sua
natureza indenizatória decorre da própria lei que a instituiu. Precedentes.
V - Tratando-se de ação com pedido cumulado de repetição de indébito, impõe-se o
retorno dos autos à origem, a fim de que sejam examinados, sob pena de supressão de
instância e de incorrer-se em reexame fático-probatório, os consectários da modificação
do entendimento firmado pela instância ordinária, especialmente, mas não só, a prova
do pagamento indevido.
VI – Honorários advocatícios que deverão ser fixados pelo Tribunal de origem após a
conclusão do julgamento do pedido de repetição do indébito.

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VII – Recurso Especial parcialmente provido”. (STJ – Resp n° 1.317.641/RS, Ministra
Relatora Regina Helena Costa, Primeira Turma, Data do Julgamento 10/05/2016, DJe.
18/05/2016). (Doc. 07)

“PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC.


DEFICIÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ.
1. Cuida-se na origem de mandado de segurança impetrado com objetivo de obstar o
desconto de imposto de renda retido na fonte sobre indenização recebida a título de
resilição do contrato de representação comercial previsto na Lei n. 4.886/1965.
2. Não prospera a alegada violação do art. 535 do Código de Processo Civil, uma vez
que deficiente sua fundamentação. Aplica-se ao caso, mutatis mutandis, o disposto na
Súmula 284/STF.
3. Da análise detida dos autos, observa-se que a Corte de origem não analisou a matéria,
sequer implicitamente, à luz dos arts. 681, § 5º, do Decreto n. 3.000/99 (Regulamento
do Imposto de Renda - RIR) e 43, I e II, do Código Tributário Nacional. Incidência da
Súmula 211/STJ.
4. À luz do quadro fático abstraído do acórdão recorrido - insuscetível de revisão nesta
sede -, não incide o imposto sobre a renda, com fundamento no art. 70, § 5º, da Lei
n. 9.430/96, na medida em que este enunciado estipula a exclusão da base de
cálculo do imposto das quantias devidas a título de reparação patrimonial, como
na espécie prevista no art. 27, j, da Lei n. 4.886/65. Precedente: REsp 1.118.782/DF,
Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 17.9.2009, DJe 25.9.2009.
Recurso especial provido”. (STJ, REsp nº 1.133.101/SP, Relator Ministro Humberto
Martins, Segunda Turma, Data do Julgamento 14/06/2011, DJe. 13/09/2011).
(grifamos). (Doc. 08)

39. Sendo assim, não se admite que os valores recebidos pela Autora, a título de verbas
indenizatórias com o fim de recomposição das perdas decorrentes das rescisões contratuais
unilaterais e imotivadas, sejam considerados rendas e proventos de qualquer natureza. As
verbas recebidas não geraram acréscimo patrimonial, pelo contrário, foram recebidas em
razão da indenização, prevista na legislação, que gerou para a Autora a redução
significativa do seu faturamento, tais valores foram destinados a recomposição das
perdas, de representações tais como a Color Visão do Brasil Ind. Acrílica Ltda. de
cerca de 28 (vinte e oito) anos, possuindo, portanto, natureza indenizatória.

III – PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL ESTÁ DISPENSADA DE


CONTESTAR E RECORRER NO PRESENTE CASO (Art. 2º, V, VII e §§ 3º a 8º, da
Portaria PGFN n° 502/2016), Nota PGFN/CRJ/Nº 46/2018.

40. Em 12 de janeiro de 2018 pela Nota PGFN/CRJ/Nº 46/2018. a Procuradoria-Geral da


Fazenda Nacional ampliou a lista de dispensa para contestar e recorrer da incidência de
Imposto de Renda sobre verbas pagas a título de rescisão unilateral e imotivada de contrato
de representação comercial, diante da jurisprudência consolidada do Superior Tribunal
de Justiça (STJ).
41. No item “1” a lista exemplificativa possui temas com jurisprudência consolidada do STF
e/ou de Tribunal superior, inclusive a decorrente de julgamento de casos repetitivos, em

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sentido desfavorável à Fazenda Nacional, aos quais se aplica o disposto no art. 19 da Lei nº
10.522/02 e nos arts. 2º, V, VII, §§ 3º a 8º, 5º e 7º da Portaria PGFN Nº 502/2016.
42. A presente discussão está no item 1.12, alínea “e” , estabelece que a Procuradoria-Geral da
Fazenda não contestará e nem recorrerá sobre o entendimento pacificado pelo STJ da não
incidência do Imposto de Renda Retido na Fonte nas rescisões unilaterais e imotivadas de
Contrato de Representação Comercial e consequentemente o direito da Autora na devida
restituição dos recolhimentos indevidos e ilegais, conforme objeto da presente ação:
“ e) IR e CSLL
Contrato de representação comercial – arts. 27, alínea “j”, e 34 da Lei nº 4.886, de
9 de dezembro de 1965.
Resumo: O STJ adota o entendimento de que não há incidência de IR e de CSLL
sobre os valores comprovadamente pagos a título de indenização devida (art. 27,
alínea “j”, da Lei nº 4.886, de 1965) e de descumprimento do aviso prévio (trecho
final do art. 34 da Lei nº 4.886, de 1965) a representante comercial por rescisão
unilateral e imotivada de contrato de representação comercial.Precedentes: REsp nº
1.526.059/RS, AgRg no REsp nº 1.556.693/RS, AgRg no AREsp nº 146.301/MG, REsp
nº 1.317.641/RS, REsp nº 1.588.523/PE, AResp nº 900.883/SP, Decisão monocrática nº
1.572.760/RS, AgRg no REsp nº 1.452.479/SP, REsp nº 1.133.101/SP, AgRg no REsp
nº 1.462.797/PR e REsp nº 1.632.525/SC.Referência: Nota PGFN/CRJ/Nº 46/2018.
*Data da inclusão: 12/01/2018”. (grifamos) (Doc. 09) (Acesso em 10.03.2020:
http://www.pgfn.fazenda.gov.br/assuntos/legislacao-e-normas/documentos-portaria-
502/lista-de-dispensa-de-contestar-e-recorrer-art-2o-v-vii-e-a7a7-3o-a-8o-da-portaria-
pgfn-no-502-2016)

43. Dessa maneira, aplicando-se os precedentes do Superior Tribunal de Justiça e a


dispensa da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional em não contestar e recorrer,
deixam claro que a Autora tem direito a restituição dos valores retidos indevidamente
e ilegalmente a título de Imposto de Renda, incidentes sobre as verbas indenizatórias
nas rescisões unilaterais e imotivadas dos contratos de representação comercial.

IV - REPETIÇÃO DO INDÉBITO:

44. Assim, por todo o exposto, as indenizações recebidas pela Autora não se sujeitam a
incidência do Imposto de Renda Retido na Fonte, dos contratos de representação comercial.
45. As retenções realizadas pelas representadas/contratantes foram indevidamente e ilegalmente
realizadas, surgindo para a Autora, que teve o prejuízo dos valores recolhidos a maior o
direito à repetição do indébito tributário, com fundamento nos artigos 165 e 168 do Código
Tributário Nacional, que tratam sobre o pagamento indevido:

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“Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à
restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento,
ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos:
I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido
em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias
materiais do fato gerador efetivamente ocorrido;
II - erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no
cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento
relativo ao pagamento;
III - reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória”. (grifamos)

“Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de


5 (cinco) anos, contados:
I - nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito
tributário;
II - na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão
administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado,
revogado ou rescindido a decisão condenatória.” (grifamos)
46. Ademais, como o indébito fiscal objeto da presente ação é inequivocamente posterior a
janeiro de 1996, o crédito restituível deve sofrer a incidência de juros equivalentes à Taxa
SELIC, nos termos do disposto na Lei nº 9.250/1995, artigo 39, § 4º, desde a data do
pagamento indevido, aplicando-se o entendimento assentado pelo EGRÉGIO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA na Súmula nº 162 do STJ: “Na repetição de indébito
tributário, a correção monetária incide a partir do pagamento indevido.” (grifamos).
47. Cabendo também, a incidência de juros moratórios, conforme Súmula 188 do STJ que
estabelece: “Os juros moratórios, na repetição do indébito tributário, são devidos a
partir do trânsito em julgado da sentença”. (grifamos).
48. Sendo assim, resta evidenciado o direito da Autora à restituição do Imposto de Renda
Retido na Fonte, realizado de forma ilegal, em relação a todas as rescisões unilaterais e
imotivadas apresentadas na presente ação, valores estes atualizados pela Selic, desde a
data do pagamento indevido e aplicados juros moratórios a partir do trânsito em
julgado da sentença.

V - DOS PEDIDOS:

Diante do exposto, vem à presença de Vossa Excelência, respeitosamente, REQUER:

a. O deferimento do pedido preliminar, concedendo a Autora os benefícios da justiça


gratuita consubstanciado no art. 5º, inciso LXXIV, da Constituição Federal de 1988 e nos
arts. 98 e seguintes do Código de Processo Civil, Lei Federal n° 13.105/2015, com
entendimento em súmula n. 481/STJ, visto que, com as rescisões unilaterais e imotivadas,
dos principais contratos da Autora, a saúde financeira restou gravemente atingida,
reduzindo o faturamento da empresa em __%(_________).

b. Adentrando ao mérito requer seja julgada procedente a presente demanda,


reconhecendo a não incidência do Imposto de Renda Retido na Fonte, diante da
ilegalidade, e o direito a restituição dos valores retidos indevidamente, referentes as

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verbas indenizatórias, decorrentes das rescisões unilaterais e imotivadas dos
contratos de representação comercial, requeridas dentro do prazo prescricional de cinco
anos e que sejam atualizados pela taxa SELIC, desde o recolhimento indevido até a data da
efetiva restituição, nos termos da Lei nº 9.250, de 26/12/1995 (artigo 39, parágrafo 4º) e do
artigo 165, inciso I, e 168, inciso I, ambos do CTN e também da aplicação dos juros
moratórios a partir do trânsito em julgado da sentença, por ser medida de direito e
justiça.

c. Requer a aplicação a este caso dos precedentes do Superior Tribunal de Justiça -STJ,
cujo inteiro teor dos acórdãos seguem anexos, que deixam claro que não devem ser retidos
Imposto de Renda sobre as verbas indenizatórias recebidas das rescisões unilaterais e
imotivadas dos contratos de representação comercial, onde a PGFN possui a orientação
sobre a dispensa de contestar e recorrer em relação ao presente assunto, diante da
jurisprudência pacificada.

A condenação do Réu/União-Fazenda Nacional ao pagamento de custas processuais e


verbas de sucumbência, a serem arbitradas por V.Exa.

A Autora pretende provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,
requerendo, desde já a juntada dos documentos anexos, sem prejuízo de outros que vierem a
ser necessários para o deslinde da questão:
Doc. 01 – Contrato social e CNPJ
Doc. 02 - Procuração;
Doc. 03 - Deferimento da Opção do Simples Nacional;
Doc. 04 - Declaração de Hipossuficiência Econômica;
Doc. 05 - Contrato de rescisão unilateral e imotivada da representação comercial;
Doc. 06 – Comprovante de recolhimento do IRRF sobre as verbas indenizatórias;
Doc. 07 - Inteiro Teor do REsp n° 1.317.641/RS;
Doc. 08 - Inteiro Teor do REsp n° 1.133.101/SP;
Doc. 09 - Nota PGFN/CRJ/Nº 46/2018.

Dá à causa o valor atualizado de R$ _________ (_____________________________).

Termos em que pede e espera deferimento.

________/____, ___ de _________ de ____.

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OAB/___ ________ OAB/___ __________

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