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Esse relatório pretende informar fatos históricos acerca da construção do

ser humano e deste na sociedade, bem como se deu a evolução da educação


desde o início da humanidade até os dias atuais. Traz à luz alguns diálogos
importantes no crescimento e desenvolvimento da sociedade enquanto
igualitária, respeitosa do indivíduo singular e histórico.

A educação acontece ao longo do tempo, de forma espontânea e


dinâmica na interação do indivíduo com o mundo e com outros indivíduos. Essa
interação proporcionou algum tipo de aprendizado, seja aprendendo a se
alimentar, seja aprendendo a caçar, seja modificando o meio para maior
conforto, seja comportamentos ritualísiticos e religiosos entre tantos outros
aprendizados.O homem é um ser histórico. Seu presente e futuro é ligado ao seu
passado. Aranha (1989, p.12) afirma que “o passado não é algo morto: nele
estão as raízes do presente. É compreendendo o passado que podemos dar
sentido ao presente e elaborar o futuro”. Assim é possível entender que o
indivíduo transforma o meio e o meio o transforma.

A história da educação também é a história da humanidade. O


desenvolvimento das sociedades é também consequência do processo de
educação do homem, afinal, suas experiências passadas são essenciais para a
compreensão da educação do presente. A educação existe desde que existe o
ser humano, o que para algumas algumas teorias data de milhões de anos. Com
a formação das primeiras civilizações o processo ensino-aprendizagem começa
a passar por transformações que, segundo Gadotti (1999), surge pela
necessidade de sistematizar e organizar sua prática em função de determinados
objetivos. Diante disso percebe-se a importância do estudo da história da
educação que, além de proporcionar conhecimento do passado da humanidade,
cria também, novas perspectivas.

Um breve histórico:

• Período Primitivo: corresponde a pré-história. Não havia escrita nem


divisão social. As crianças passavam por ajustes ao ambiente físico e
social, ensinados pelos chefes de família. A arte rupestre, que é a
representação artística desse período, é cercada de controvérsias mas
pensa-se que ilustram cenas de caça, rituais, vida cotidiana, valores,
crenças, entre outros.
• Período Antigo: aqui acontecem transformações fundamentais. A cultura
torna-se cada vez mais científica. Encontram-se diferente modelos de
educação e a característica fundamental é o surgimento da escrita.
• Período Medieval: basicamente a educação desenvolve-se subordinada
à Igreja. São desenvolvidos modelos pedagógicos para classes distintas.
Surgem colégios com alunos e professores cuja função pedagógica é a
evangelização.
• Período Moderno: grandes decobertas aumentam horizontes geográficos
e revolucionam o comércio. Proliferação de colégios e manuais para
alunos e professores e a educação vira moda. Separação do mundo
adulto e infantil. Disciplina severa. Após o século XVII a educação esforça-
se para tornar-se obrigatória com a criação de leis, programas e níveis. O
pensamento pedagógico é realista e surge a nova escola. No século XVIII
surge o Iluminismo e com ele a interpretação de mundo através da razão.
• Período Comtemporâneo: nasce em meio a urbanização acelerada e ao
capitalismo industrial que exige mão de obra especializada. Surgem
preocupações com a consciência nacional e metodologia. A educação é
associada ao bem-estra social, ao progresso e à transformação.
• Século XX: a educação passa a ter caráter científico. Surge a Escola Nova
com sua educação integral e aprendizagem autônoma. Inúmeros teóricos
revolucionam a educação nesse século.

Já no Brasil, podemos citar os seguintes períodos:

• Colonial: a chegada do europeu ao continente traz consigo um enorme


choque cultural e seu projeto de colonização desrespeita as diferenças
culturais, explora violentamente os nativos da terrra e, posteriormente, os
negros, privilegiando o homem branco cujo objetivo é expandir-se
territorial e economicamente. Nesse contexto o objetivo é catequisar os
índios.
• Imperial: a chegada da família real em 1808 trouxe desenvolvimento
cultural considerável e a educação continuava restrita, com caráter
classista, visava a formação de classes dirigentes. A primeira
constituição(1824) garantia instrução primária e gratuita a todos mas não
ofereceram condições para que o ensino público acontecesse, ficando
tudo a cargo da iniciativa privada acentuando ainda mais essa dicotomia
entre elite e proletariado.
• Primeira República: inúmeras reformas tentaram tornar a educação
igualitária mas a desorganização da descentralização do ensino acabou
por torná-lo pouco democrático, privilegiando o ensino secundário e
superior que era responsabilidade da União em detrimento da expansão
do ensino primário que era responsabilidade dos estados. Não havia rede
organizada e as poucas escolas públicas que existiam nas cidades eram
destinadas ao atendimentos dos filhos das altas classes e as escolas
rurais funcionavam em condições precárias e sem formação profissional
dos professores.
• Revolução de 1930: foi criado o Ministério da Educação e as secretarias
de educação. Os ideais eram de educação obrigatória, gratuita e laica e
a Constituição de 1934 veio corroborar com isso.
• Estado Novo e o governo populista: a Constituição de 1937 defende que
o ensino público ou particular era destinado à classe dominante, à classe
popular estava destinado o ensino profissionalizante. O fim do Estado
Novo trouxe de volta alguma democracia na área educacional.
• Regime Militar: distanciou novamente o ensino dos ideais de
universalização e democratização, levando a educação a atender o
regime vigente, estimulando a passividade das pessoas. O ensino técnico
continuou forte a fim atender as demandas do mercado.
• Atualidade: após o fim da ditadura militar, já na Constituição de 1988
foram promovidas grandes mudanças na educação brasileira como a
criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira e os
Parâmetros Curriculares Nacionais, por exemplo.
O livro selecionado para atividade foi Menina bonita do laço de fita de Ana
Maria Machado com ilustração de Claudius. O livro conta a história de um coelho,
branco, de olhos vermelhos e orelhas cor de rosa que muito admira a cor de sua
vizinha, uma menina, negra, bailarina. Sua admiração era tanta que resolveu
perguntar à ela qual era o segredo para ser tão pretinha. A menina, que nunca
sabia o que responder, inventava mil histórias as quais o coelho reproduzia na
ânsia de ser como ela. Por isso, se jogou em uma lata de tinta preta, bebeu muito
café e comeu muitas ameixas. Mas nada disso dava certo. Um dia a mãe daquela
menina tão linda explicou que a culpa de ela ter aquela cor tão maravilhosa era
de sua avó. O coelho entende que para ter aquela cor linda precisa “nascer” dela.
Para realizar seu sonho, pede uma coelha preta em casamento e eles tem vários
filhotinhos: brancos, pintados e uma colelhinha pretinha que vira a melhor amiga
daquela menina.

Podemos com esse livro evidenciar vários pontos. Entre eles o contraponto
de o coelho não aceitar suas caracterísitcas físicas e ter vontade de ser como a
menina negra. Historicamente sabemos que a não valorização do ser como
singular, detentor de sua história vem da discriminação e desvalorização de uma
cultura em detrimento de outra. As sociedades são formadas a partir de sua
historicidade e se esta perpassa por pontos do não respeito ao diferente, até
inconscientemente isso será reproduzido. A história da educação no Brasil, já
abordada anteriormente, mostra essa dicotomia quando as escolas eram
destinadas as elites, principalmente européias, brancas. Aos índios, negros,
mulatos, periféricos era destinado o trabalho árduo, braçal, nada que exigisse o
intelecto. O livro traz ao leitor esses aspectos de preconceito criados a partir de
uma história de negação do outro e nos traz à luz um diálogo de aceitação,
afeição, admiração e respeito ao próximo.

A história da humanidade é permeada pela produção do conhecimento que


pretende transformar homens e mundo. Faz-se necessário que cada indivíduo
seja ético e responsável no uso desse conhecimento. É necessário procurar a
evolução enquanto espécie social, contribuir com a vida em sociedade e deixar
o legado de crescimento modificando os saberes que foram construídos em
bases históricas de outros contextos que não cabem a este imenso país
continental.

Dentro de cada um de nós sempre cabe mais um saberzinho. Antes se


pensava que tinha uma idade para aprender e depois outra em que a
pessoa só servia para trabalhar ou para ‘ter filhos’. Mas hoje a gente
sabe que aprender pode ser por toda a vida. Eu sempre posso ser
alguém melhor do que eu já sou. Eu sempre posso aprender com os
outros, com os livros, com o mundo, e saber melhor o que eu já sei. E
eu sempre posso aprender o que eu não sei. E muita coisa de tudo isso
a gente aprende quando aprendeu bem a ler e escrever (BRANDÃO,
2005, p.50).
BIBLIOGRAFIA

ARANHA, Maria Lúcia Arruda. História da Educação. São Paulo: Moderna,


1989.
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Paulo Freire, O menino que lia o Mundo: Uma
história de pessoas, de letras e palavras. São Paulo: Editora UNESPE, 2005.
GADOTTI, M. História das ideias pedagógicas. 8ªed. São Paulo: Ática, 1999.
MACHADO, Ana Maria. Menina Bonita do Laço de Fita. São Paulo: Ática, 1998.
História da Educação. Disponível em https://www.pedagogia.com.br/historia.php .
Acessado em 12/07/2020.
Série especial: História da Educação no Brasil. Disponível em
https://novaescola.org.br/conteudo/1910/serie-especial-historia-da-educacao-no-brasil.
Acessado em 12/07/2020.

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