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Socorrista

Processo de avaliar a cena do acidente, para


determinar as lesões resultantes das forças e
movimentos envolvidos.
Aula 3
Cinemática
do Trauma
Um completo, preciso histórico e apropriada
interpretação destas informações pode
proporcionar ao Socorrista predizer mais de 90%
das lesões da vítima antes de ter posto a mão
sobre a vítima. O mecanismo de trauma é uma
ferramenta importante de triagem e deve ser
reportada ao médico posteriormente. As lesões
por movimento (mecânicas) são as principais
causas de mortalidade por trauma.
Trauma é uma definição ampla usada para descrever lesões
causadas por uma força externa devido a acidentes,
violência ou autoagressão. É categorizado por mecanismos
de lesão que incluem: trauma penetrante, trauma contuso
ou sua combinação.
O que é A palavra “trauma” é mais comumente usada para descrever
trauma? uma lesão corporal que é grave, súbita e inesperada. As
causas mais comuns de traumas maiores são: acidentes
veiculares, atropelamentos, ferimentos por arma de fogo,
ferimentos por arma branca, quedas de altura, queimaduras,
afogamentos e agressão interpessoal.
O traumatismo
podem ser
classificados
em contuso
(fechados) e
penetrantes
Trauma contuso Trauma
ou fechado penetrante
Traumatismos fechados:

O Trauma fechado ou contuso geralmente é resultante do impacto do


corpo contra uma superfície, ou de um processo de desaceleração intensa
e rápida. Se a energia do objeto está concentrada em grande área de
contato com a superfície do corpo, a energia espalha-se e a pele pode não
se romper. Em sua grande maioria são provocados por acidentes
automobilísticos, podendo ocorrer também em quedas, agressões,
traumas esportivos ou qualquer outra condição que possa produzir os
mecanismos de força que se seguem:

Força de constrição: produz lesão do órgão pelo impacto contra uma


superfície óssea.

Força tangencial: traciona o órgão além dos seus limites de mobilidade.

Força de compressão súbita: geralmente atinge vísceras ocas causando


Traumatismos penetrantes:

Se a energia do objeto está concentrada em uma


pequena área de contato com a superfície do corpo,
espera-se que a pele se rompa e o objeto penetre.
No trauma penetrante, as lesões são produzidas à
medida que os tecidos são esmagados e separados
ao longo do caminho do objeto penetrante. Ambos
os tipos criam cavidade, forçando os tecidos para
fora da sua posição normal.
As causas principais de trauma fechado são os impactos
diretos de objetos em movimento e aceleração/desaceleração.

Colisões de veículos

A absorção de energia cinética do movimento é o componente


básico da produção de lesão.
Colisão da máquina contra Você deve
um obstáculo.
considerar as
colisões de
veículos como
Colisão do corpo da vítima Colisão dos órgãos internos ocorrendo em
com o interior do veículo. = CISALHAMENTO três eventos
distintos
Colisão frontal

Neste tipo de
acidente, um
corpo não
contido é
freado
subitamente e
a transferência
de energia é
capaz de
produzir lesões
múltiplas.
CORRELAÇÃO ENTRE LESÕES E PARTES INTERNAS DO VEÍCULO
1. Lesões pelo para-brisa: ocorrem nos tipos de evento por
desaceleração frontal rápida, o ocupante, sem cinto colide
fortemente com o para-brisa. A possibilidade de lesões é maior sob
estas condições.
2. Lesões pelo volante: são mais frequentes no motorista de um
veículo, sem cinto de segurança após uma colisão frontal. O
volante é a causa mais comum de lesões para o motorista sem
cinto e qualquer grau de deformidade ao volante deve ser tratada
com elevado índice de suspeita para lesões de face, pescoço, tórax
e/ou abdome. O volante é capaz de produzir lesões ocultas,
devastadoras. A deformidade do volante é uma causa de
preocupação. Lesões viscerais causadas por impacto do volante.
3. Lesões pelo painel: ocorrem geralmente no passageiro não contido.
O painel tem a capacidade de produzir uma variedade de lesões,
dependendo da área do corpo que impacte com ele. Geralmente as
lesões envolvem a face e os joelhos, porém vários tipos de lesões
têm sido descritos
Lesões pelo
para-brisa

Trauma de face,
Crânio e
Cervical
Lesões pelo
volante
Lesões pelo
painel
Colisão Lateral

Em cruzamentos ou derrapagens os impactos podem ser na


lateral do veículo. A porta ou a lateral do veículo pode atingir o
ocupante. O braço e o ombro tendem a ser atingidos em primeiro
lugar, pode ocorrer fratura de úmero e de clavícula. Se o braço
estiver fora do local de impacto e este atingir o tórax pode fraturar
costelas e estruturas intratorácicas. O abdome também sofre
impacto, e as vísceras mais atingidas são o baço do motorista e
o fígado do passageiro. O trocanter maior do fêmur pode ser
atingido fazendo com que a cabeça do fêmur entre no acetábulo.
Colisão traseira

As duas formas de colisão traseira são: carro parado é atingido por outro
veículo em movimento ou carro pode ser atingido na traseira por outro carro
deslocando-se mais rápido na mesma direção. O aumento súbito da
aceleração produz deslocamento posterior dos ocupantes e hiperextensão da
coluna cervical se o descanso da cabeça não estiver propriamente ajustado. O
Socorrista deve observar deformidade anterior e posterior do automóvel,
assim como do interior e posição do descanso de cabeça, pois existe um
grande potencial para lesões de coluna cervical. Esteja alerta para lesões por
desaceleração frontal associadas.
Capotagem

Durante a
capotagem, o corpo
poder sofrer
impacto em
qualquer direção,
chocando-se com o
para-brisas, teto,
laterais e assoalho
do veículo. O
potencial de lesões
é grande.
O ocupante ejetado
do carro tem 25
vezes mais chance
de morrer do que
os não ejetados.
Lesão por desaceleração

Os órgãos do corpo
humano possuem
estruturas de fixação
próprias mais ou menos
móveis de acordo com as
características de cada
órgão. As lesões por
desaceleração
desenvolvem-se quando a
parada súbita do corpo
ocorre e os órgãos
internos continuam seu
deslocamento rompendo
suas estruturas de fiação
ou a si próprio.
Atropelamentos

Essas lesões tendem a ser graves, pois o pedestre não tem a


mesma proteção que o ocupante de um veículo em que a
carroceria absorve parte da energia cinética da colisão.
Acidentes com motocicletas

O mecanismo do trauma em acidentes de motocicleta é em parte


semelhante aos descritos anteriormente, porém, o motoqueiro e
seu eventual passageiro não são protegidos por dispositivos
como o cinto de segurança e o air-bag, nem pela estrutura do
veículo. As quedas de motocicleta são importantes causas de
lesões da medula e cérebro. Podem ocorrer lesões por
compressão, aceleração/desaceleração e cisalhamento. Porém,
menor será o risco de ocorrerem, quanto maior for o número de
equipamentos de proteção utilizados no momento do impacto
(ex. capacete, botas, luvas, roupas, etc.)
Os mecanismos de lesão são:

Impacto frontal/ejeção: quando a roda dianteira se choca


contra um anteparo, a motocicleta para subitamente.
Obedecendo a 1ª Lei de Newton, o motociclista continua
seu movimento para frente, até bater contra um objeto ou
contra o solo. Durante esta projeção, sua cabeça, tórax
ou abdome podem se chocar contra o guidom. Se for
ejetado da motocicleta, seus membros inferiores, batem
no guidom podendo levar a fraturas bilaterais de fêmur.
Posteriormente ao se chocar com o solo, múltiplas
lesões podem ocorrer.
Os mecanismos de lesão são:

Impacto lateral/ejeção: podem ocorrer as mesmas lesões


do impacto lateral em um automóvel. Porém são muito
frequentes as fraturas e esmagamentos dos membros
inferiores. Se for ejetado da moto, pode sofrer múltiplas
lesões.
Os mecanismos de lesão são:

Derrapada Lateral: neste mecanismo, o motociclista pode


sofrer graves abrasões e até mesmo avulsões dos
tecidos.
LESÕES POR EXPLOSÃO
Áreas como minas,
estaleiros, refinarias,
fábricas químicas,
empresas de fogos de
artifício e elevadores de
grãos são locais nos quais
explosivos são um
particular perigo. A energia
contida no explosivo é
convertida em luz, calor e
pressão. A gravidade das
lesões depende da força
da explosão e da distância
da vítima.
Os mecanismos de lesão por explosão se devem três fatores:

1. Primário: deslocamento de ar inicial, criando onda de pressão.


Usualmente ocorrem lesões em órgãos contendo gás, tal como o
pulmão e sistema gastrointestinal. Incluem hemorragia pulmonar,
pneumotórax, embolia ou perfuração de órgãos gastrointestinais.

2. Secundário: vítima sendo atingida por material lançado pela força


da explosão. Ocorrem quando a vítima é abatida por estilhaços de
vidros, lajes ou outros escombros da explosão. Estas lesões são
óbvias: laceração, fraturas e queimaduras.

3. Terciário: o corpo sendo lançado e atingido o solo ou outro objeto.


Ocorrem lesões no ponto de impacto e a força da explosão será
transferida para outros órgãos do corpo assim que a energia do
impacto é absorvida.
FERIDAS POR ARMA DE FOGO

O trauma penetrante por arma de fogo possui dois


componentes: orifício de entrada e de saída, este geralmente
maior e com bordas irregulares. Como o projétil empurra os
tecidos para fora, forma-se uma cavidade temporária e outra
permanente. O grau de lesão produzida por uma arma de fogo
é proporcional à troca de energia cinética entre o projétil e os
tecidos da vítima.
ACIDENTES EM EDIFICAÇÕES

Em empresas e nos diversos locais de concentração de público,


como shoppings, estádios, entre outros, os acidentes mais
comuns são as quedas de nível, mal uso de equipamentos como
escadas rolantes e elevadores e queda de própria altura. Além
dos acidentes de trabalho, que vão desde quedas de materiais e
ferramentas, até acidentes com máquinas de corte, prensas,
moedores, choque elétrico ou pelo não uso de equipamento de
segurança. Também pode haver ocorrências por problemas na
estrutura da edificação (queda de marquises, desnivelamento de
pisos, dimensões inadequadas de escadas, entre outros).
O entendimento da troca de energia possibilita um
melhor preparo do socorrista, fazendo com que todas
as hipóteses de lesão sejam consideradas, não só as
visíveis. Desta forma, através de uma avaliação da
cinemática do trauma, pode-se prever até 95% das
lesões proporcionando um tratamento mais rápido e
adequado ao paciente, aumentando a sua qualidade de
vida e diminuindo os índices de morbidade e
mortalidade resultantes do trauma.
Dúvidas?

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