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CINEMÁTICA DO TRAUMA

PROF: Enf. Matheus Godoi


CINEMÁTICA DO TRAUMA

A cinemática ou biomecânica do trauma consiste no estudo do mecanismo que


o agente externo causador do trauma utiliza para transferência de energia para
o corpo humano, resultando em lesão funcional ou orgânica, temporária ou
permanente.
Os fatores que devem ser considerados são a direção e a velocidade do
impacto, tamanho da vítima e os sinais de liberação de energia (danos ao
veículo.
Colisão: Colisão é a transferência de energia que ocorre quando uma força de
energia, normalmente um objeto sólido, colide com o corpo humano.

Fases de Evolução das Vítimas de Trauma


As condições de avaliação e o atendimento do traumatizado podem ser
divididos em 3 fases:

a) Pré-colisão
b) Colisão
c) Pós-colisão
Fases de Evolução das Vítimas de Trauma

a) PRÉ COLISÃO - Inclui todos os eventos que precedem o incidente.


A história traumatizante começa por dados como ingestão de álcool, drogas,
doenças preexistentes, condições climáticas, idade da vítima, condições
mentais.
b) COLISÃO – Começa no momento do impacto entre um objeto em movimento
e um segundo objeto. O segundo objeto pode estar em movimento ou ser
estacionário, e pode ser um objeto ou um ser humano.

Na maioria dos traumas ocorrem 3 impactos:


a) O impacto dos 2 objetos.
b) O impacto dos ocupantes com o veículo.
c) O impacto dos órgãos dentro dos ocupantes.
Nesta fase são considerados importantes para o atendimento, como:

• A direção em que ocorreu a variação de energia;

• A quantidade de energia transmitida;

• A forma como as forças afetaram a vítima.


Exemplos: altura da queda, calibre da arma, tamanho da lâmina, velocidade.
c) PÓS-COLISÃO - O socorrista usa a informação colhida durante as fases de pré-
colisão e colisão para tratar o doente.
Essa fase começa tão logo a energia da colisão é absorvida e o doente é
traumatizado.
Na fase pós-colisão, o entendimento da biomecânica do trauma, o índice de
suspeita a respeito das lesões e a boa avaliação, todos se tornam cruciais para a
evolução final do paciente.
CLASSIFICAÇÃO DOS TRAUMAS
Trauma fechado: No trauma fechado, as lesões são produzidas à medida que os tecidos
são comprimidos, desacelerados ou acelerados.
Em colisões automobilísticas, de motocicletas, de barco a motor, quedas de altura,
ocorrem 3 colisões:

1 – O veículo colide com um objeto ou com outro veículo;

2 – O ocupante não-contido colide com a parte interna do veículo;

3 – Os órgãos internos do ocupante colidem uns com os outros ou com a parte da


cavidade que os contém.
Colisões Automobilísticas Podem ser divididas em 4 tipos:

• Impacto frontal
• Impacto posterior
• Impacto lateral
• Capotamento
• Impacto frontal: é um impacto contra um objeto que está à frente, reduzindo a
velocidade do veículo. Essa redução é gradual, quando o motorista consegue
frear, ou pode ocorrer subitamente. As lesões prováveis podem ser: trauma de
crânio, tórax, coluna cervical, toracoabdominal, músculo esquelético.
a) Cabeça: O ponto de impacto inicial é no couro cabeludo e no crânio, o
crânio pode ser comprimido e fraturado ocorrendo penetração de
fragmentos ósseos no cérebro.

b) Cérebro: O cérebro tende a continuar o movimento para a frente, sendo


comprimido contra a calota craniana sofrendo concussão ou laceração.
Rompendo-se vasos com estiramento dos tecidos, há risco de hemorragias
intracranianas.

c) Pescoço: A coluna vertebral cervical, por ser bastante flexível, está sujeita a
angulações ou compressões quando de impacto frontal, associada ou não a
lesão de medula espinhal ou de tecidos moles do pescoço, com
consequências desastrosas.
d) Tórax: O osso esterno recebe o impacto inicial da colisão frontal. Na
sequência, os órgãos da cavidade torácica continuarão o movimento em
direção a parede anterior do tórax. A compressão da parede torácica contra o
volante pode provocar pneumotórax. Pode ocorrer fratura de costelas que
perfurem o pulmão.

e) Abdômen: Durante uma colisão os órgãos da cavidade abdominal tendem a


continuar o movimento para a frente, estando sujeito a se romperem no ponto
onde estão ligados à parede abdominal, causando hemorragia interna.
f) Pelve: Pode ocorrer ainda fratura de pelve com lesão da bexiga e hemorragia
por laceração de vasos sanguíneos, pelo impacto da pelve contra o volante ou
painel.

g) Joelho: O impacto do joelho contra o painel do veículo resulta em sua fratura


ou luxação e lesão de vasos. A energia do impacto do joelho contra o painel
transmitida ao fêmur provoca sua fratura e/ou luxação de quadril.
• Impacto posterior: ocorre quando o veículo de trás está com velocidade maior
do que o da frente. Com frequência o veículo da frente está parado, ocorrendo
a colisão posterior e então o veículo é empurrado subitamente para frente.
Com isso, os ocupantes são lançados para frente, pela oposição do encosto do
banco, podendo ocorrer trauma da coluna cervical.

Cabeça: Pode ocorrer hiperextensão do pescoço,


se não houver apoio, e risco de lesão de medula
espinhal.

Tronco: É projetado para a frente, no volante do


carro.
• Impacto lateral: é a colisão contra um dos lados do veículo, que transfere ao
ocupante a energia capaz de afastá-lo do ponto de impacto. Neste tipo de
impacto poderão ocorrer lesões da cintura escapular, fratura da clavícula e
ombro, trauma de tórax, abdome, pélvico com lesões de baço, fígado, fraturas
de fêmur e bacia.
a) Cabeça: Impacto contra a estrutura da porta.
b) Pescoço: Flexão lateral e rotação.
c) Tórax: Fratura de costelas, contusão pulmonar, lesão de aorta, lesão de
clavícula.
d) Abdome: Lesão de baço – ocupantes do lado do motorista. Lesão de fígado
– ocupantes do lado do passageiro.
e) Pelve: Fratura de bacia, lesão da bexiga.
• Capotamento: acidente automotivo no qual o veículo pode tombar para um
dos lados, ficar com as rodas para cima ou até sofrer giro sobre seu próprio
eixo, podendo retornar à sua posição normal. Neste tipo de mecanismo de
trauma o ocupante pode chocar-se contra qualquer parte do interior do
veículo, se não sofrer os efeitos dos dispositivos de contenção e proteção,
como cinto de segurança e airbag, que absorvem parte da energia envolvida
durante os múltiplos impactos.
O capotamento associa-se à grande probabilidade de lesões graves e alta
mortalidade, principalmente imediata e precoce.
Todos os tipos de trauma podem ocorrer:

• Atropelamento: neste mecanismo de trauma as crianças são as vítimas mais


comuns. O mecanismo de lesão pode ser dividido em três etapas:
1. Impacto contra o para-choque dianteiro: as lesões vão depender da altura
da vítima e do para-choque, sendo no adulto mais comum lesões de
membros inferiores e pelve, enquanto em crianças as lesões mais
frequentes são do tronco.
2. Impacto contra o capô e para-brisas: a vítima, ao rolar, sofre lesões no tronco
e na cabeça.
3. Impacto contra o solo: a vítima rola de volta ao solo e geralmente o primeiro
ponto de contato é a cabeça, causando flexão lateral da coluna cervical e
consequentes lesões por estiramento, além de lesões em membros superiores.
O veículo pode então passar por cima da vítima ou arrastá-la, o que ocorre com
mais frequência se a vítima for criança.
• Colisão ciclística ou motociclística: no impacto frontal, o motociclista é lançado
contra o tanque de combustível e o guidão da moto, podendo sofrer lesões
pélvicas, seguindo-se ejeção, com trauma decorrente do impacto com o solo
ou outro veículo, que pode atropelá-lo. Lesões na bacia, membros inferiores,
queimaduras, fraturas e avulsão de partes dos membros inferiores.

• Queda: as vítimas de queda estão sujeitas a diversos impactos e,


consequentemente, a múltiplas lesões. A queda corresponde à colisão frontal
contra a superfície fixa. A extensão e gravidade das lesões relacionam com a
altura, a capacidade de deformação da superfície, a parte do corpo que sofre
o primeiro impacto e com o fato de ocorrerem ou não outros impactos
durante o trajeto até o impacto final no solo. Todos os traumas podem
ocorrer.
• Ferimentos penetrantes (ferimento por arma de fogo ou arma branca): são
ferimentos por objetos que penetram no tecido e têm como característica a
transferência de energia concentrada em uma pequena área. Com isso, há
pouca dispersão ao redor. As lesões não incluem apenas as que ocorrem no
trajeto do objeto penetrante, mas também nas estruturas adjacentes que
sofrem deslocamento temporário, decorrente da penetração.

• No que se refere à arma de fogo, a velocidade de impacto é o principal fator


determinante da gravidade da lesão. Em geral, o orifício de entrada apresenta-
se redondo ou ovalado, com pequena área de abrasão rosada ou enegrecida.
• Efeito de Cavitação: Quando um objeto sólido atinge o corpo humano, ou
quando o corpo humano está em movimento e atinge um objeto estacionário,
as partículas de tecido do corpo humano são deslocadas de sua posição
normal, criando um orifício ou uma cavidade. Por isso esse processo é
chamado de cavitação.

São criados 2 tipos de cavidades:


CAVIDADE TEMPORÁRIA: Surge do impacto, mas a seguir os tecidos conservam
sua elasticidade e retornam a sua condição inicial.
• CAVIDADE DEFINITIVA: A deformidade é visível após o impacto. É causada por
compressão, estiramento e ruptura dos tecidos.
FIM.
OBRIGADO!

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