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ABS/PC em peças Black Piano

Você trabalha com resinas de PC/ABS? Já injetou peças neste


material com a cor ”black piano”? Tem dúvidas sobre as melhores
condições de processo? Precisa ter maior estabilidade de processo e
menor perda por problemas de aparência superficial?

Neste artigo eu comento com você algumas sugestões para


aumentar a eficiência do seu processo de injeção com este tipo de
material/aplicação.

A resina
A resina de PC/ABS é uma blenda polimérica que combina
dois materiais amorfos muito interessantes. A ideia dessa
combinação de materiais é proporcionar uma resina com a
processabilidade do ABS e as ótimas propriedades mecânicas e
térmicas do Policarbonato (PC).

As principais aplicações dessa resina são peças estéticas em


eletrodomésticos, componentes elétricos (interruptores, plugs etc),
peças que necessitem algum tipo de decoração (pintura,
metalização, cromação etc) e peças decorativas automotivas.

Dada a sua excelente aparência superficial e alto brilho um


tipo específico de acabamento superficial ficou em evidência para
aplicações em PC/ABS – o acabamento black piano. Este
acabamento é uma superfície extremamente brilhante e preta
utilizada em diversos produtos para transmitir um toque mais
refinado (Figura 1).

Figura 1 - Exemplo de
acabamento black piano
As aplicações
As aplicações de PC/ABS, particularmente aquelas que se
utilizam do acabamento black piano variam de carcaças de
eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos (como celulares), até
peças de acabamento automotivas (como detalhes do painel de
intrumentos).

Como regra, a fabricação deste tipo de componente com alto


brilho é realizada no processo de injeção no qual se utilizam, além
de ajustes de processo adequados, moldes extremamente polidos.
O polimento do molde, o adequado dimensionamento do sistema de
alimentação e saídas de gases aliado ao bom processo garantem a
obtenção de peças de ótima qualidade.

Praticamente qualquer aplicação (peça) pode ser fabricada ao


estilo black piano. Contudo algumas geometrias podem ser mais
desafiadoras e podem exigir operações especiais.

As condições de processo
Em termos de ajuste de processo existem alguns cuidados
básicos, que são aplicados a qualquer tipo de peça, a serem
tomados.

Máquina
O correto dimensionamento da máquina a ser utilizada é
importante para evitar tempos de residência excessivos (para saber
mais sobre tempo de residência clique aqui). Além disso, para
assegurar que a peça tenha um bom acabamento é necessário
minimizar o manuseio da mesma após a extração.

Evitar o aparecimento de rebarbas é uma ótima ideia para


limitar o manuseio de peças injetadas. Assim a máquina deve ser
dimensionada para prover força de fechamento suficiente ao
produto que se está moldando (para saber mais sobre
dimensionamento de máquinas clique aqui).

Outro item importante da máquina é a rosca de injeção. Para


este tipo de resina roscas com baixa compressão (1,2:1 a 1,25:1)
são recomendadas. Taxas de compressão mais elevadas podem
provocar excesso de cisalhamento e degradação do material. Isto
gera muitos gases que prejudicam a aparência superficial da peça.

Pré-processo
Outro requisito fundamental para se observar antes mesmo
de partir para a injeção das peças é o manuseio do material. As
resinas de PC/ABS absorvem umidade e, portanto, precisam ser
secas antes da injeção.

Caso não passem pelo processo de secagem antes da


moldagem a umidade presente nos grânulos do material também
gera instabilidade de processo, variações que podem comprometer
o aspecto superficial, além de manchas devido aos vapores gerados
no processo.

Para ótimo desempenho de secagem, deve ser utilizado um


desumidificador com silo dimensionado para permitir secagem entre
2 a 4 horas a uma temperatura entre 90 e 110 ºC – a depender do
grade específico que esteja utilizando.

Para saber mais sobre secagem clique aqui.

Temperaturas
As temperaturas são sempre parâmetros chave no
processamento de polímeros. Primeiramente a temperatura da
massa fundida. Quando bem ajustada permite uma ótima fluidez do
material, fazendo com que preencha a cavidade do molde
uniformemente e evitando marcas de fluxo ou peças incompletas.
Também evita a degradação do material com consequentes
problemas, não só de aparência, mas também de resistência
mecânica. A temperatura de material deve ser medida diretamente
na massa polimérica e, para as resinas de PC/ABS devem estar
entre 240 e 260 ºC a depender do grade específico em uso e do
tempo de residência. Alguns grades especiais podem ainda levar a
pequenas variações para mais ou para menos esta faixa
recomendada – sempre consulte a ficha técnica do grade em uso.

Aliado à temperatura está o tempo de residência que, para as


resinas de PC/ABS deve estar entre 4 e 8 minutos. Tempos muito
baixos podem não permitir uma boa homogeneização do material e
tempos muito longos podem levar à degradação. Para saber mais
sobre a relação entre temperatura e tempo de residência, clique
aqui.

Outra temperatura muito importante é a temperatura do


molde. Esta temperatura deve ser medida diretamente no aço da
cavidade. Ela tem influência direta na qualidade superficial da peça
e na homogeneidade do preenchimento da cavidade.

Para as resinas de PC/ABS a temperatura do molde


recomendada está entre 60 a 90 ºC. Quanto mais alta a
temperatura (dentro desta faixa) melhores os resultados em termos
de aparência. Contudo deve se observar o impacto no tempo de
ciclo.

Injeção/Recalque
Finalmente os ajustes de injeção e recalque. Estes ajustes
envolvem os tempos, velocidade e pressões de injeção e recalque.

A pressão de injeção deve ser suficiente para preencher a


peça num tempo que previna o resfriamento do material. Também
deve prevenir um tempo de injeção muito curto que eleve demais o
cisalhamento e possa gerar degradação. A velocidade de injeção
deve prover um tempo de injeção entre 1 e 3 segundos a depender
da peça.

O ajuste da pressão de injeção visa permitir estas velocidades


e tempos de injeção. O ponto de comutação deve ser bem ajustado
– 95 % da peça preenchida. para saber mais sobre o ajuste do
ponto de comutação clique aqui.

A fase de recalque visa completar o preenchimento e eliminar


problemas de rechupes e bolhas. Também precisa prevenir
problemas de supercompactação (por ser material amorfo) que
pode levar a empenamento e tensionamento interno (que por sua
vez pode levar a quebra de peças). Para saber mais sobre o ajuste
da fase de recalque, clique aqui.

Conclusão
As peças em PC/ABS na cor black piano tem se tornado cada
vez mais comuns. Por este motivo é fundamental conhecer os
pontos que podem contribuir para a maior eficiência do processo e
melhor qualidade das peças.

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