Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Sobre Comportamento e Cognição (Vol. 27) Garcia, M. R. (Org.) - (2010) - Terapia Comportamental e Cognitiva
Sobre Comportamento e Cognição (Vol. 27) Garcia, M. R. (Org.) - (2010) - Terapia Comportamental e Cognitiva
e Cognição
Terapia Comportamental e Cognitivas
ESETec
Sobre
Comportamento
e Cognição
T e r a p ia C o m p o rta m e n ta l c C o g n itiv a
V o lu m e 27
ESETec
Editor«» Associado»
2010
Copyright (O desta edição:
ESETec Editores Associados, Santo André, 2010.
Todos os direilos reservados
474 p. 23cm
A presentação...........................................................................................................9
5
Alessandra Salina Brandão, Fernanda Augustini Pezzato, Claudia Kami Bastos Oshiro
C a p U Processos terapêuticos de longa duração: variáveis relevantes e
critérios de a lta ...............................................................................................147
Antonio Sousa e Silva
Cap.12 Intervenção em grupo para casais: descrição de procedimento
analítico com portam ental............................................................................. 151
Alessandra Turini Bolsoni-Silva
Cap.13 Problemas de comportamento e o papel das habilidades do
terapeuta em intervenções com fam ília s.................................................. 182
Alessandra Turini Bolsoni-Silva, Fabiane Ferraz Silveira, Maura Gloria de Freitas,
Sonia Boatriz Meyer
Cap.14 Contribuições da análise do comportamento para o enfrentamento
da violência e scolar...................................................................................... 194
Ana Carina Stelko Peroira, Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams
Cap.15 Identificação de efeitos do controle aversivo a partir do relato
verbal de uma cliente em atendimento terapêutico................................201
Ana Beatriz Dornollas Chamati, Nicolau Kuckartz Pergher
Cap.16 Uma casa*laboratório como recurso tecnológico para o ensino de
habilidades parentais e prevenção de problemas de comportamento
in fa n til..............................................................................................................210
Karyno Rios, Sahrina Mazo D’Affonsoca, Paolla Maqioni Santini, Tatiano I essa,
Ana Carolina de Almeida Patrian, Tânia Daoud Miranda, Lúcia Cavalcanti de
Albuquorque Williams
Cap.17 O cliente em contato com a própria finítude: enfrentando um
duplo desamparo: o do cliente e o do terapeuta.................................... 223
Maly Delitti
Cap.18 E os clientes continuam sonhando..................................................... 227
Maly Delitti
Cap.19 Remoção de reforçadores pode elicíar raiva: entenda e aprenda a
controlar essa em oção..................................................................................234
Gina Nolôto Bueno, Jordana S. Mello, Lohanna Nolôto Bueno, Roberta Maia
Marcon
Cap.20 Características funcionais mantenedoras do transtorno do pânico:
o papei dos reforçadores fam ilia re s.......................................................... 242
Juliana Rosa Honório Maziero
Cap.21 Quando a psicologia vai ató a familia: diferentes modelos de aten
dimento ............................................................................. ............................ 247
Renata Grossi, Andréia Parente da Silva
Cap.22 Efeitos de práticas educativas parentais sobre problemas de
comportamento em crianças, adolescentes e a d u lto s ........................... 259
Ana Priscila Batista, Emileane Costa Assis Oliveira, Esther de Matos Ireno
Cap.23 Dor, sofrim ento e psicoterapia............................................................ 272
Antonio Bento Alves de Moraes, Gustavo Sattolo Rolim, Aderson Luiz Costa Junior
6
Cap.24 Estudos de caso e relatos de caso: uma reflexão inicial sobre suas
possiveis diferenças e fun çõ es................................................................. 280
Fornando Albrcgard Cassas, Denigés Maurcl Rogis Noto
Cap.25 Religião e Espiritualidade na P sicoterapia.................................... 286
Myma Chagas Coolho-Matos, Flávia Andressa Farnocchi Marucci, Maurício dos
Santos Matos
Cap.26 Disfunção Erótil: um ensaio sobre a sexualidade masculina J M. 293
Naruana O. Brito, Gina N. Bueno
Cap.27 Efeitos do comportamento governado por regras na prática clínica 308
Érjito Margarida Soares, lima A. Goulart de Souza Britto
(Çap.2g jà o cliente não voltou...Análise de perdas do ponto de vista do
terapeuta e do caso..................................................................................... 316
Ana Paula Franco Mayer,Mariana Salvadori Sartor,Roseli Deolinda Hauer.Yara
Kuperstein Ingberman
Cap.29 O atendimento à criança e as interfaces entre a Análise do Com
portamento, Pedagogia e M edicina........................................................ 324
Laércia Abreu Vasconcelos, Sáuria Miranda Burnott, Aída Teresa dos Santos Brito
Cap.30 Análise funcional de casos clínicos fazendo uso de diagram a... 339
Suzane Schmidlin Lõhr, Elcio Antonio Foggiatto, Manuela Christ Lemos, Thaise
Lõhr
Cap.31 Estudo analítico-comparativo: cinco modelos de treinamento do
pais publicados na literatura científica n a c io n a l..................................345
Marco Antônio Amaral Chequer, Joào Carlos Muniz Martinolli, Marta Leite Lage de
Almeida, Rebeca Câmara de Magalhães, Natalia Horingor Medeiros da Cunha
Cap.32 Discutindo o atentar como comportamento precorrente na clínica
analitico-comportamental: extendendo a avaliação fu n c io n a l..........367
Nicodemos Batista Borgos
Cap.33 “ Momentos estou aqui: triste... Momentos estou ali: alegre...
Momentos: Onde quero estar e por quê?” : considerações teóricas e
intervenções práticas no Transtorno Bipolar...........................................370
Nione lorres
Cap.34 Luto: a dor que se perde com o tempo (... Ou não se perde?).... 385
Nione Torres
Cap.35 Terapia Analítico-Comportamental de Casais: mais algumas
especificidades da prática c lín ic a ............................................................. 394
Vora Rogina Lignelli Otero, Yara Kuperstein Ingberman
|óap.3^Como as emoções do terapeuta e do cliente fornecem informa
ções nas sessões terapêuticas..................................................................... 410
Rachel Rodriguos Korbauy
Cap.37 Pais órfãos de seus filhos: manejo do luto na perspectiva analitico-
com portam ental............................................................................................418
Regina Christina Wielenska
7
Cap.38 Uma década de transformações na especialização IP-USP e HU>
USP: inserção de FAP e ACT na supervisão e outras estratégias de en
sino............................................................................................................ 423
Regina Christina Wiefenska
Cap.39 Capacitação de acompanhante terapêutico: uma proposta viável....429
Ronata Grossi, Andréia Parente da Silva
Cap.40A Interlocuçào entre o laboratório de análise experimental do compor
tamento e a clinica analitico-comportamental: algumas questões.......... 444
Rita de Cássia Ponte Prado, Denise de Lima Oliveira Vilas Boas
Cap.41 Olhares sobre a comunicação não verbal nas Habilidades Sociais...451
Paula Almeida de Oliveira, Ana Carolina Braz, Almir Del Prette, Zilda Aparecida
Pereira Dol Prette
8
Apresentação
Há dezoito anos surgia um congresso que tinha por finalidade expor a diversi
dade do uma área e apresentar, esclarecer, ensinar a lerapia Comportamental e
Cognitiva. Nosto período vimos muitos terapoutas oxpondo seus casos, aceitando
suas dificuldados, compartilhando seus sucessos. A clínica quo antes era denomina
da Terapia Comportamontal, agora ó denominada de Psicoterapia Analítica Funcional,
Ativação Comportamontal ou Torapia do Aceitação o Compromisso. A Torapia Cognitivo-
Comportamerital também encontrou suas especiíicidades, rocebendo várias classifi
cações, como a Terapia Focada nos Esquemas, a Terapia Cognitiva Construtivista,
dentre outras.
Nossa prática pode ter todas as denominações, pois estamos em constante
transformação e o ambiente clínico ainda continua sendo um lugar rico para ser explo
rado o muitas descobertas dostas relações, que podem estar guardadas dentro do
quatro paredes ou no ambiente natural, terão que ser desvendadas.
Nosso país está entrando em sintonia com os tratamentos praticados no rou
tante do mundo, passando a oferecer alternativas confiáveis às psicoterapias de orienta
ção psicodinâmica e mesmo aos tratamentos psicofarmacológicos. Gradativamente
assistimos a uma maior aceitação de nosso trabalho em muitas áreas da saúde Con
seqüência disso é o crescente número de matérias veiculadas na mídia enaltecendo as
terapias baseadas em evidência, sejam elas comportamentais ou cognitivas. É possível
dizer que hoje existe no Brasil, seja na pesquisa ou na aplicação, o mesmo vigor entusi
ástico do que aquole apresentado poios nossos colegas em outros países.
Esto período do transformação proporcionou, nos 18 anos de nossa ABPMC, a
criação de um livro exclusivamento oriundo de publicações relativas à clínica, tamanha
Comissão Editorial
10
Terapia Comportamental
e Coenitiva
y
Capítulo 1
Fobia de Direção: estudo exploratório na
cidade de Vitória (ES)
Aline l lessel
Lli/cu Borloti
Universidade f edeml do I spírílo Siinlo (WliS)
Dentre todos os transtornos psicológicos, os de ansiedade são os mais comuns
na populaçao, mas menos de 30% das pessoas procuram terapias especializadas. Os
estudos do prevalência de doenças psiquiátricas nos Estados Unidos informam quo
distúrbios de ansiedade afetam 15,7 milhões de pessoas a cada ano, e 30 milhões de
pessoas em algum momento de suas vidas (Lepine, 2002), Outro ostudo realizado com
9282 ingleses acima do 18 anos apontou o transtorno de ansiodado como o mais
comum (18,1%) na Inglaterra sendo que a maior provalôncia, nos últimos 12 mesos, foi
da fobia ospocífica (FE) (8,7%) e da fobia social (6,8%) (Kessler, Chiu, Demlor, & Waltors,
2005). Esses dados aparecem de forma semelhanto no Brasil onde estudos
epidomiológicos mostram quo a ansiedade e as fobias constituem os principais
problemas de saúde mental da população urbana brasileira, com provalèncias globais
de distúrbios psiquiátricos (EPG) variando do 8 a 18 % e a prevalência de demanda
potencial (DPE) de 5 a 12 % (Almeida Filho, 2002). Dados opidemiológicos traçaram o
perfil geral das pessoas ansiosas nos Estados Unidos da América: jovens (25 a 44
anos), mulhcros, pouca oscolaridado, soltoiros o som filhos (Lopino, 2002). Kinrys o
Wygant (2005) confirmam que mulheres apresentam um risco significativamente maior,
comparado com homens, para o desenvolvimento de transtornos de ansiedade ao
longo da vida.
No USM-IV (2002), os transtornos ansiosos apresentam-se em subtipos:
agorafobia, ataque de pânico, transtorno de pânico sem agorafobia, transtorno de pânico
com agorafobia, agorafobia sem história de transtorno de pânico, fobia ospocífica, fobia
social, transtorno obsossivo-compulsivo, transtorno de estresse pós-traumático,
transtorno de estresse agudo, transtorno de ansiodado generalizada, transtorno de
ansiedade devido a uma condição médica geral, transtorno de ansiedade induzido por
substância o transtorno de ansiedade sem outra especificação. A fobia de direção (FD)
é um subtipo do fobia específica (FE).
A FE é um medo causado por um objoto ou situação ospocífica. Esse sentimento
pode se manifestar polo contato real ou pela antecipação da presença do objeto ou
situação. O medo ó irracional ou fora de proporção e o paciente percebo isso. O estímulo
fóbico, quase sempre provoca uma imediata resposta de ansiedade. Existo o sofrimonto
associado a osso medo que interforo significativamento nas rotinas habituais do
paciente, no âmbito social, profissional e/ou pessoal. Os sintomas vão além da evitação
fóbica do objeto, pois há ansiedade severa antecipatória ou não, caracterizada por
sudorese, tromor, boca seca, tensão muscular, desconforto gástrico, etc.
O tratamento indicado para FE é a Terapia Comportamental, especificamente, a
dossensibilização sistemática. Esta forma de intervenção torapôutica foi desenvolvida para
eliminar o comportamento do modo e as síndromes de evitação. Num primeiro momento
Método
Foram usados dados da entrevista inicial do 80 clientes de uma clinica particular
em Vitória/ES. Os dados foram computados no programa SPSS® (nome por oxtenso,
versão 18) em analizo de froqüência (Pestana & Gageiro, 2003), colocados em tabolas
e analisados posteriormente.
Resultados
Os resultados obtidos mostram que, dos 80 usuários, a maioria (92%) ó
composta por mulheres com mais de 39 anos (56,3%) e com ensino superior completo
(58,8%). As tabelas í, lí e líl apresentam estes dados.
Tabela I: sexo
Ao observar na tabela IV, as entrevistas mostram quo 60% dos usuários são
casados e, na tabela V, que 58,7% possuem um ou mais filhos
Froquoncy Porcont
Valid Ansiolítico 22 27.5
Antidepressivo 17 21.3
Nào 32 40,0
Outros 8 10,0
Total 79 98,8
Missing System 1 1,3
Total 80 100,0
Referências
A l in e I I c k o I, H i/ e u B m lo li
Andrade, L H S. G., Lotufo-Neto, F., Gentil, V , Maciel, L M A , Shavitt, RG (1994)Pânico, fobia
o obsessões: a experiência do projeto AMBAN. São Paulo: EDUSP
Antony, M M., Drown, T. A , & Darlow, D H (1997) Heterogeneity among specific phobia types In
DSM IV. Behaviour Research and Therapy, 35, 1089-1100
Asbahr, F R (2004) Transtornos ansiosos na infância e adolescência aspectosclínicos h
neiirobiológicos Journal of Pediatrics, RO (2) Porto Alegre
Bandura, A (1979). Modifícaçòo do comportamento (Tradução organi/ada por E Nick & L Peota)
Rio de Janeiro; Interamericana (Trabalho original publicado em 1969)
Barros Neto, & Tito P (2000) Sem medo de ter medo: um guia prático para ajudar pessoas com
pânico, fohias, obsessões, compulsões e estresse Sfio Paulo Casa do Psicólogo
Bernik, M A , & Lotufo-Neto, F. (1994) A importância médica social nos transtornos ansiosos. Em
Gentil, V Lotufo-Neto, F (org) Pânico, Fobia e Obsessões: A experiência do Projeto AMBAN,
São Paulo: EDUSP
Caballo, V (2003) Manual pura u tratamento cognitivo-cumportamental dos transtornos psicológicos:
transtornos de ansiodado, sexuais, afetivos o psicóticos Sao Paulo: Santos Livraria.
Clifford, C. A , Murray, R. M., & Fulker, D W (1984) Genetic and environmental influences on
obsessional traits and symptoms Psychological Modicine, 14, 791-800
Cordioli, A V (2007) Terapia farmacológica para os transtornos psicológicos Em Caballo V E (org )
Tratamento Cognitivo Comportamental dos Transtornos Psicológicos da Atualidade, pp 662-
667 São Paulo: Livraria Santos
Gentil, V., & Lotufo-Neto, F (org) (1994) Pânico, Fobia e Obsessões: A experiência do Projoto
AMBAN, São Paulo: EDUSP
Kessler, R C., Chiu, W T., Demler, O. & Walters, E E (2005) Prevalence, severity, and comorbidity
of 12-Month DSM-IV disorders in the National Comorbidity Survey Replication Archives of General
Psychiatry, 62, 617-627
Kinrys G, & Wygant LE (2005) Transtornos de ansiedade em mulheres: género Influencia o
tratamento? Revista Brasileira de Psiquiatria. 27(2). 43-50
Lepme, J P (2002) 1he epidemiology of anxiety disorders: prevalence and societal costs Journal of
Clinical Psychiatry, 63(14), 4-8
Magee, W.J., Eaton, W,, Wittchen, H U., McGonagle K A . Kesseler, R C (1996) Agoraphobia, simple
phobia, and social phobia in the National Comorbidity Survey Archives ot General Psychiatry, 53
(2), 159-168.
Pestana, M., & Gageiro, J (2003) Análise de dados para ciências sociais: a complementaridade do
SPSS Lisboa' Edições Sllabo
Rosenbaum J F., Biederman J , Gersten M , Hlrshfeld D R , Meminger S R., Herman J B , Kagan J.,
Re/nick J S., & Snidman, N (1988) Behavioral inhibition in children of parents with panic disorder
and agoraphobia A controlled study Clinical Psychopharmacology Unit, Massachusetts General
Hospital, Harvard Medical School, Boston 02114 Archives of General Psychiatry, 45 (5), 463-70
Schinid-Leu/, B , Elsesser K , Lohrmann, T, Jõhren P, A Sartory, G (2007) Attention focusing
versus distraction during exposure in dental phobia Behavioui Research and Therapy, 45 (11),
2691-2703
Terra, M B., Garcez, J. P., & Noll, B (2007) Specific phobia a transversal study with one hundred
and three outpatients Revista de Psiquiatria Clinica 34 (2)
Torgersen, S (1979) The nature and origin of common phobic fears The British Journal of Psychiatry
134, 343-351
1Mimlf mult* oni Ptlcologui EftfxtcifllmUi om Pmco|>hI(Mouih CIIiik.h »ulMtldki* pttrn a rUjoçAo (Jlntcn, fvotnovido pula OoofdennçAo do f’rtn-
rrfHdiiHvâoLatiKSMrwudHporiUlk^HUfitverHldHdnCjilóHcHdnGutA« F-íiihII cIhIvh [>»i(®y(ih<x> «wt tw
' DotiUimndH mn P»kx>k>ylH ProfctMof h do OoiwirlaiiMNik) de Psicologia e do PioyrHm« d» PA»-Gr*diiHçâo mn P*kx>k>yl*i Lato Sttrmu |>»Ih
PontlfldM UnlvnraldNd« CnIANc« d» QolA», membro do Núcleo d».>PesgulM ApIlotdA ent lnl»irv«nç/*i» Clinicn* o ComunlUkríait - NUPAICC <i
d» ANMx:l»K^kiBruxllti(rN iki Pm.uI<kh|jíh u Mtxliüiiu Cum|kiiImiiiüiiUiI- ABPMC E-<iimII uim
Kaplan (1974/1977) chama atenção para o primeiro fator, dontre outros, do
vaginismo: a dor física no início do coito. O modo de homens e a ignorância sobro sexo
conduzem á ansiedade, gorando fobia, o que favorece o desonvolvimento do vaginismo
Por outro lado, um fator a ser considerado são as atitudes severas e restritivas do pais
que evocam sentimentos de culpa, manifestando opinião aversiva a respeito de sexo.
Nessa porspoctiva, Baptistussi (2003) salienta quo os problemas sexuais consistem
em comportamentos respondentes o operantes, havendo a possibilidade de serem
resultados de contingências aversivas, aprendidas pela cultura ou pelas relações
interpessoais da pessoa.
Diagnóstico do Vaginismo - Para esse diagnóstico é importante sabor se existe causa
orgânica determinante que, alóm de confirmar a disfunção sexual, salienta a intensida
de do processo. Assim, torna-se imprescindivol investigar a história de dificuldade se
xual e os comportamentos mamfostos apresentados, procurando conhecer as variá
veis cognitivas, emocionais e comportamentais unificadas, distinguindo os medos e as
fantasias. É relevante investigar, também, se a disfunção sexual ó primária ou secundá
ria. Caracteriza o tipo primário os casos em que a dificuldade sexual se manifesta já na
primeira tentativa de penetração. Já a secundária é o tipo que aparece após um período
do vida sexual ativa (Cavalcanti & Cavalcanti, 2006).
Ainda que não havendo estudos quo demonstrom relação entro vaginismo e
disfunção erótil, a prática clínica tem se deparado com suas ocorrências em casais que
buscam o controlo do comportamontos soxuais ínsuficiontos.
Disfunção Erétil (DE) - A partir da década do setenta do século XX os estudos apontam
que 50% de todos os homens experimentam dificuldades erétois. Porém, ainda não
existem pesquisas epidemiológicas do saúde sexual perfeitamente controlada. "Os
homens com DE costumam relatar quo não conseguem tor um bom desempenho, ou
que não acontecem nada." (Wincze et al., 2008/2009, p. 618).
A característica central do transtorno erótil masculino é a incapacidade constan
te para obter ou manter uma ereção peniana adequada até a conclusão da atividade
soxual satisfatória (DSM-IV-TR: APA, 2000/2003).
Observa-se que em quase todas as culturas, e grupos sócio-econõmicos, par
te da auto-estima masculina apóia-se na oreçáo. Consequentemente, sor homem sig
nifica ter um pênis potente, capaz de funcionar adequadamente. Assim, Cavalcanti e
Cavalcanti (2006) pontuam que a disfunção erótil provavelmente é a mais dramática
das disfunções sexuais, especialmente na cultura ocidental, por relacionar masculini*
dade á pionitude do funcionamento da genitália externa.
Diagnóstico do Transtorno Erétil - O DSM-IV-TR (APA, 2000/2003) salienta como critérios
necessários a esse diagnóstico a incapacidade constante ou recorrente de obter ou
manter uma ereção adequada até a conclusão da atividade sexual; bom como a perturba
ção causar acentuado sofrimento ou dificuldades interpessoais. Assim, salientam Winczo
e colaboradores (2008/2009, p. 618) quo “Uma avaliação psicofisiológica da excitação
sexual masculina ó muito útil como medida objetiva da função erétil do paciento."
A disfunção erétil pode ter origem em diversos fatores, sejam elos orgânicos ou
psicológicos E muitas vozes pode ocorrer por uma combinação de ambos. Dessa
forma, a DE pode comproonder duas categorias: causas orgânicas e causas psicológi
cas (Cavalcanti â Cavalcanti, 2006).
Esses autores apontam como principais causas orgânicas para a disfunção
erétil: (a) urológicas, as quais podem determinar a disfunção erétil. Dentre os exem
plos; fimose, traumatismo, infecções, herpes, prostatiles, uretrites, cistites, dentre ou
Objetivo
Este estudo objetivou investigar as variáveis causadoras e mantenedoras das
classes de comportamentos nomeadas como vaginismo e disfunção erétil, em um
casal, casado há seis anos. Objetivou, também, favorecer o controlo dessas classes
comportamentais corn o uso de instrumental técnico comportamental e cognitivo
selecionado para a problomática espocíííca do cada um dos participantes. Por fim,
visou troinar habilidades sexuais e habilidades gerais, com a finalidade de favorecer ao
casal o controle dos comportamentos-probloma, através da aquisição do novos repor-
tórios comportamentais hábeis, inclusive.
Mótodo
Participantes
Participante 1 (P1) - Rebeca, nome fictício, com 25 anos, ensino médio, classe média
baixa, corretora de seguradora.
Participante 2 (P2) - Cristiano, nome fictício, com 26 anos, ensino médio, classe média
baixa, corretor de seguradora.
P1 o P2 estavam casados, há seis anos, à época do início deste estudo.
Materiais e Ambiente
O processo terapêutico foi realizado em um consultório particular do psicologia,
convencionalmente equipado Foram utilizados materiais didáticos e pedagógicos, bem
como, instrumentos psicológicos de avaliação conforme os dispostos, abaixo.
Com o objetivo de obter maiores informações sobre os participantes utilizou-se o
Questionário de História Vital - QHV (Lazarns, 1975/1980), instrumento empregado para a
coleta de dados sobre a história de vida do cliente om processo terapêutico, de sua concep-
çáo aos dias atuais, com 94 perguntas, dispostas em 13 sessões. Da Bateria de BecK
(Cunha, 2001) foram utilizados o BDI - Inventário de Depressão de Beck, avaliador do nlvol
do depressão quo a pessoa experimenta, medido por escores/níveis classificados em:
mínimo (0 a 11), leve (12 a 19); moderado (20 a 35); ou grave (36 a 63); e oBAI - Inventário de
Ansiedade de Beck - BAI, com o qual se afere o nlvel de ansiedade por escores/níveis
classificados om; mínimo (0 a 10); leve (11 a 19); moderado (20 a 30); ou gravo (31 a 63),
Procedimento
Todo o processo torapôutico constou de uma sessão semanal, para ambos os
participantes, com 50 minutos do duração. Ele compreendeu-se de três fases: Linha de
Base, Intervenção e Avaliação Final, tanto para Rebeca (P1) quanto para Cristiano (P2),
bem como para o casal.
Processo terapêutico de Rebeca (P1) - A Linha do Base foi realizada entre a 1* e a 4"
sessão. Na 1* sessão foi estabelecido o (a) rapport, com objetivo de favorecer uma
adequada relação terapêutica. Já a (b) entrevista inicial focou-se na coleta do dados
sobre a queixa de P1 Houve a (c) explicação de como se daria a intervenção sexual com
enfoque comportamental e cognitivo; foi (d) hipotetizada a duração provável do trata
mento; csclarccida a rclovância do (c) sigilo terapêutico; quando, então, foi (f) lido o
clareadas dúvidas quanto ao TCLE, quando houve sua assinatura pelas partes. Tam-
bóm foi onfatizada o (g) importância do compromisso na roalização das tarefas de casa
por P1. Ainda nessa sossão foi explicada a função do QHV (Lazarus, 1975/1980), bem
como dos DRC’s (Buono & Britto, 2003), quando ambos foram instruídos como tarefa
dc casa.
Entro as 2ã o 3a Sessões foram roalizadas análises das rospostas apresenta
das por Robeca, obtidas no QHV (Lazarus, 1975/1980), bom como conforidos os registros
apontados nos DCR’s (Buono & Britto, 2003). A 4* Sessão focou-se na finalização da
conferência das respostas obtidas com o QHV (Lazarus, 1975/1980), assim como veri
ficação dos DRC’s (Bueno & Britto, 2003). Nela, tambóm, foram aplicados o BDI e BAI
(Cunha, 2001). Por fim, foram definidas queixas o domandas ao processo de intervon-
ção de P1 (Carey, 2003).
A segunda fase deu-se com a Intervenção, planejada a partir das necessida
des especificas de Rebeca (P1), e dosenvolvida ontre 5* e 17* sessões. Salienta-so que
uma nova técnica só foi administrada quando a intervenção anterior já havia sido apren
dida por P1.
Da 5* à 7* Sessào. Nessas sessões foram aplicadas técnicas específicas. A Análi
se Funcional foi aplicada, nesse momento, com a finalidade de identificar a relação funcio
nal das variáveis antecedentes e consequentes ao comportamento de P1 e a partir desse
resultado estabelecer as contingências de controle para os comportamentos-problema.
Mas esse foi um instrumento utilizado em todas as sessões posteriores (Skinner, 1953/
2003). Logo a seguir, foi ensinado à P1 o Exercício de Respiração (Davis, Eshelman &
Mckay, 1982/1996) para lhe produzir mudanças na frequência respiratória e equilibrar seus
níveis de oxigênio. Ao final dessas sessões, houve a prescrição do Controle Respiratório,
como descrito em Bueno, Ribeiro, Oliveira, Alves e Marcon (2008), como tarefa de casa: três
sossões ao longo dia. Posteriormente, foi prescrita, como tarefa de casa, a Técnica do
Espelho, para levar P1 a encontrar-se com o seu próprio corpo e assim adquirir
autoconsciência corporal e auto-aceitação. A proposta dessa atividade foi viabilizar a dosco-
borta do aspectos positivos em sua aparência (Cavalcanti & Cavalcanti, 2006).
Sobro L o m p o r td m c n lu c t. otfniç<lo
Na 8a e 9* Sessão houve informações sobre Educação Sexual, composta por
informações básicas, como características sexuais primárias e secundárias, anatomia
e físiologia sexuais, ciclo da resposta sexual, diferenças de género e experiências que
cada pessoa vivência, conforme suas preferências. Essas informaçõos tiveram por
oscopo a melhoria no repertório verbal de P I, a desmistificaçâo de crenças, mitos e
conflitos que dificultam a atividade sexual (Carey, 2003). Em seguida, foi realizado o
Troino do Assortividado, para instalar om Roboca roportório apropriado para docisõos,
visando mudanças significativas em seu comportamento sobre sua educação sexual,
relatadas por ola: “Menina não senta do pernas abertas, senão perde a virgindado,
rasga a vagina e sangra"; "Sexo ó ruim"; “Moça que tem relação sexual antos do casa
mento é prostituta, v a g a b u n d a Essas crenças geravam-lhe desconforto o ansiedade
na relação sexual. O treino teve como finalidade levá-la a produzir mudanças significa
tivas em seu desemponho sexual, visando consequências mais reforçadoras (Guima
rães, 2001). A Reestruturação Cognitiva (Deffenbacher, 1996) foi aplicada para favorecer
à participante identificar pensamentos e comportamentos quo afetavam sou estado
emocional e, consequentemente, seu estado físico. A finalidade última foi promover
recursos para a modificação de suas auto-regras negativas e a instalação do um pa
drão comportamental, emocional e instrumental, mais adequado. Por fim, nessa etapa,
foi aplicado a Parada de Pensamento, com a proposta do levar Reboca a interromper
dúvidas e preocupações persistentes que a impediam de roalizar o comportamento
sexual. Essas respostas eram mantidas por lembranças obsessivas, preocupação
sexual e o contínuo estado ansioso intenso (Davis et al., 1982/1996).
Das 10a ò 11a Sessões deu-se continuidade ao uso e manejo das técnicas
anteriormente aplicadas. Também foi feita a inclusão do novos instrumentos como a
Distração Cognitiva, que visou a mudança do foco de atenção do ato sexual para outras
situações que podiam sor agradáveis, c disponíveis no sou próprio ambiente. Assim,
essa técnica objetivou neutralizar pensamentos tormentosos, por ola relatados quando
seu esposo se aproximava para a relação sexual, tais como: "O pênis delo é grande,
não vai caber dentro de mim; vai mo machucar; sangrar; rasgar-me toda.". Tambóm
visou proporcionar concentração plena no seu envolvimento sexual (Foilstrocker,
Hatzenberger & Caminha, 2003) Em seguida foi trabalhado o Diálogo Interno Irracional,
as idéias irracionais levam a pensamentos automáticos autodestrutívos, os quais por
sua voz, alteram os comportamentos, limitam possibilida-des o restringem várias das
nossas habilidades. Essa técnica objetivou paralisar porcepçõos distorcidas, crenças
irracionais como: *'A ponetração vaginal, na primoira vez, dói muito" que geravam excita
ção fisiológica, estado de tensão, depressão, raiva, culpa e sensação do fracasso
Então, foi proposto que substituísse as crenças irracionais e emoções negativas por
afirmações apropriadas (Davis et al., 1982/1996). Logo após, foi inserida a técnica da
Imaginação de Enfrentamento com a finalidade de controlar a fobia, medo e ansiedade
antecipatória que P1 sentia quando sou esposo lhe procurava para o ato sexual. Essa
técnica objetivou favorecer roduzir suas dificuldades sexuais no relacionamento conju
gal (Falcone, 2004).
12a à 13a Sessões - Nessas sessões duas novas técnicas foram introduzidas.
O Exercício do Kegel objotivou melhorar a percepção, por P1, do seus estados de
tensáo e de relaxamento da musculatura de sou perineo, assim como facilitar a
conscientização das sensações vaginais promovedoras de excitação sexual. P1, inici
almente, foi instruída, (a) a sentar-se no vaso sanitário com as pernas bem afastadas,
(b) quando estivesse urinando deveria procurar interromper o jato de urina de modo
brusco; (c) então, deveria roiniciar outra voz, antos de esvaziar totalmente a bexiga; (d)
dovondo realizar trôs manobras sem interrupção, com a finalidade do produzir maior
força muscular no grupo de músculo envolvido no exercício (Cavalcanti & Cavalcanti,
Resultados
Os resultados deste estudo foram obtidos durante todo o processo terapêutico,
compreendido por Linha de Base, Intervenção e Avaliação Final, tanto do P1 (Rebeca)
quanto do P2 (Cristiano), assim como de P1 e P2, por ocasião da intervenção com o
casal.
35
Os resultados destacados na Tabola 3 demonstram a aquisição, por P1, de
novas auto-regras sobre sua sexualidado.
P1 aderiu ao processo terapêutico, o que lhe favoreceu controlar suas respos
tas antecipatórias de apreensão. Após prática continuada, Rebeca alcançou o controle
das respostas fóbicas quanto a se auto-penotrar com os dedos, como demonstra o
Fragmento da 14* sessão, a seguir.
Resultados de P2
Hittória Clinica de Cristiano - P2 ressaltou ter nascido em um lar conflituoso, tendo
sous pais se separado durante sua primeira infância. Foi educado por sua mãe, até os
10 anos. Posteriormente, residiu por 2 anos com sua avó paterna, retornando depois
para a casa da mãe. Sobre sua mãe verbalizou: "Uma filha que não gostaria do ter" por
ser amarga, fria, distante e cobradora. P2 não recebeu informações hásicas do educa
ção sexual, casando-se virgem. Condição essa mantida até 2 meses antos do término
deste estudo. Relatou que namorou 3 anos e 3 meses com P1. Por residir em outra
cidade, não a visitava, frequentemente. Durante o namoro, considerava Rebeca uma
mulher “fogosa", pois aceitava carícias íntimas. Por respeitarem seus princípios religi
osos, decidiram que se casariam virgens. Desde seu casamonto, P2 passou a sentir-
se rejeitado, frustrado, revoltado, humilhado, incapaz e traído por P1 não ter roalizado
suas expectativas de quando namorados: relação sexual completa. Relatou quo a 4
anos do início deste estudo, passou a apresentar quadro de disfunção erétil “(...) em
função da frustração e rejeição que tenho sofrido por não conseguir consumar o ato
sexual completo. Isto tem me gerado muita ansiedade e tristeza ", finalizou. Sua inclu
são terapêutica sexual dou-se por convite de sua esposa, quando ela já estava em
processo avançado de sua terapia, precisando do parceiro-colaborador para alcançar a
eficácia total de sua intervenção.
Num segundo momento, a Análise Funcional foi utilizada com a função de levar
P2 a alóm do discriminar as contingências, intervir nas mesmas para produzir resultados
desejáveis quanto ao seu repertório sexual, como demonstram os dados na Tabela 6.
Resultados do Casal
O processo terapêutico do casal foi iniciado tão logo ambos alcançaram a
condição de parceiro-colaborador um do outro. Já na 4* sessào do casal o resultado
quanto ao controle das respostas de ansiedade e fóbicas apresenta-se relevante, como
demonstra o Fragmento, a seguir.
Referôncias
S obre l o m p o r lu m c n lo c L o f in iç ilo
V M Silva & S M Oliane (Orgs ), Sobre Comportamento e Cognição: Clínica, Pesquisa e Aplicação
(Vol 12, pp. 169-179) Santo André' ESETec Editores Associados.
Dueno, G N , Aguiar, F A L., Silva, A S T., Passos, U C., & Moura, A C F (2006) A Prática
profissional sob a ótica do método da observação direta Em- H J. Guilhardi A N C de Aguirre
(Orgs ), Sobre Comportamento e Cognição: Expondo a Variabilidade (Vol. 17, pp 204*221)
Santo André: ESETec Editores Associados.
Dueno, G. N,, Ribeiro, A R B , Oliveira, I J, S., Alvos, J C , & Murcon, R M, (2008) Tempos modernos
versus ansiedade: aprenda a controlar a sua ansiedade hm: W C M P Silva (Org ), Sobro
Comportamento e Cognição’ análise comportamentoI aplicada (Vol. 21, pp 341-352) Santo
André. ESETec Editores Associados
Carey, M P (2003) Tratamento cognitivo-comportamental das disfunções sexuais. Em: V. E Caballo
(Org), Manual para o Tratamento Cngnitivo-Comportnmental dos Transtornos Psicológicos (pp
267-298) Tradução organizada por M. L. Pedro Sáo Paulo: Santos Livraria Editora (Trabalho
original publicado em 2003)
Cavalcanti, R C., & Cavalcanti, M (2006) Tratamento clinico das inadequações sexuais. 3* EdlçSo
Sâo Paulo1Rocca
Crowley, T., Richardson. D , & Goldmeier, D (2006) Recommendations for the managemunt of
vaginismus: BASHH special interest group for sexual dysfunction International Journal of STD
and AIDS. 17, 14-18
Cunha, J A (2001) Manual de versão em português das escalas do Beck Sao PhuIo Casa do
Psicólogo Livraria e Editora
Davis, M., Eshelman, E R , & Mckay, M (1996) Manual de relaxamonto e redução do stress.
Tradução organizada por D M Bolanho São Paulo: Summus (Trabalho original publicado em
1982)
Deffenbacher, J L. (1996) A inoculação do stress Em: V. E Caballo (Org ), Manual do Tôcnicas de
Terapia e Modificação do Comportamento (pp 557-570) Tradução organizada por M D Claudino
1* Edição Sâo Paulo: Santos Livraria Editora (Trabalho original publicado em 1996)
Elias, P V. O, A Brillo, I G. S. (2004) Categorias luncionais de intervenção aplicadas em contextos
terapêuticos Em: M Z. S Brandão, F C S. Conte, F S Brandão, Y K Ingberman, V L M Silva &
S M Oliane ( O r g s Sobre Comportamento e Cognição• Contingências e Motacontingências
Contextos Sócioverbais e Comportamento do Terapeuta (Vol 13, pp 424-437) Santo André
ESETec Editores Associdados
Falcone, £ O (2004) Imaginação dirigida Em C. N de Abreu & H J Guilhardi (Orgs ), Terapia
ComportamentoI o Cognitivo-Comportamental' Práticas Clinicas (pp 365-370) Sâo Paulo: Roca
Fellstrecker, N , Hatzenberger, R., & Caminha, R M (2003) Técnicas cognIDvo- comportamentais
Em: R. M Caminha, R Wainer, M Oliveira, N M Piccoloto (Orgs ), Psicoterapias Cognitivo-
Comportamentais: Teoria e Prática (pp 53-60) Sáo Paulo: Casa do Psicólogo
Guimarães, S S (2001) Técnicas cognitivas e comportamentais Em B Rangé (Oig ), Psicotviapias
Cognitivo-Comportamentais: um Diálogo com u Psiquiatria (pp. 113-130). Porto Aleyre: Aitmed
Kaplan, H S. (1977). A nova terapia do sexo Tradução organizada por O B e Silva 4* Edlçflo. Rio
de Janeiro Nova Fronteira (Trabalho original publicado em 1974)
Lazarus, A A (1980) Terapia multimodal do comportamento Tradução organizada por U. C
Arantes. 2* Edição Sâo Paulo; Manole (Trabalho original publicado ein 1975)
Meyer, S. (2001) A re/açáo terapeuta - cliente é o principal meio de intervenção? Ern H J. Guilhardi,
M B. B. P Madl, P P Queiroz & M C Scoz (Orgs ), Sobre Comportamento e Cognição - Expondo
a Variabilidade (Vol 8, pp 95-99) Santo André' ESETec Editores Associados
O que é a supervisão?
De acordo com a Lei 4.119, de 27/08/1962 (Brasil, 1962) que dispõe sobre os
cursos de formação em Psicologia e regulamenta a profissão do psicólogo, a supervi
são do estágio ó uma atividade obrigatória nas cllnicas-escola ou om sorviços do
Psicologia integrados a cursos de graduação. O Conselho f-ederal o os Conselhos
Regionais de Psicologia, atentos às mudanças e alterações advindas da nova lei do
estágios (Lei n° 11.788/ 2008), têm enfatizado a importância da supervisão nesse con
texto.
A supervisão da prática clinica psicológica ó a etapa culminanto do treino de
terapeutas, sendo considerada indispensável na formação de psicólogos clínicos.
Dentre os principais objetivos da supervisão destacam-se: promover o fortalecimento
do embasamento teórico, garantir o estabelocimento de conduta ótica o aprimorar a
capacidade clinica (Moreira, 2003).
Como destacam Oliveira-Monteiro e Nunes (2008), a supervisão de estágio
caracteriza-se por uma relação diferente da relação professor-aluno, pois o acompa
nhamento do estagiário é bem mais próximo, estreitando vínculos e propiciando
S o b ie C o in p o r lií m r n lo e C o g n iç ã o 4 5
1. Orientar a aplicação de estratégias ombasadas teoricamente
Quando os alunos porguntam aos seus supervisores: "O quo faço agora?",
"Qual tôcnica vou utilizar com mou cliente?"; “Posso utilizar a técnica do dessensibilização
sistemática?"', a resposta do supervisor muitas vezes não agrada aos acadêmicos.
Avidos por uma rosposta rápida, objetiva e certeira, o supervisor começa a discutir os
elementos do caso e contextualizar as descrições do cliente, salientando quo tal pro'
cesso ó primordial à eloição de estratégias de intervenção.
Talvez uma das condições mais difíceis de serem implementadas seja a do
efetivamente compreender o caso ou o contoxto do problema/dificuldade para, a partir
disso, propor estratégias de mudança de comportamento. Realizar a análise funcional
do caso é pressuposto fundamental, essencial e primordial antes da escolha de técni-
cas ou estratégias de intervenção. Como já afirmou Guilhardi (1983), o quo identifica a
psicoterapia comportamental não são as técnicas utilizadas, mas saber quando e com
quem usá-las. Em outras palavras, procedimentos não devem suprimir ou se sobrepor
a análisos funcionais amplas. "O trabalho do terapeuta comportamental não é alterar
respostas, mas relações funcionais" (Guilhardi, 1983).
S o l n e L o n i p o i t t i m r n t o c (. o n m ç ft o 5 1
Ressalva-se quo, no entanto, ó fundamental que o supervisor seja assortivo e
avalie adequadamente o desempenho do aluno sem deixar de pontuar, informar ou
questionar possíveis dificuldades, percalços ou orros Ser um contexto predominante
mente de audiência não punitiva não pode e nem deve significar ser permissivo e deixar
de criticar aquilo que precisa ser criticado. Nesses casos, lembrar que o aluno está em
condição de aprondizagom e usar de asserções ompátlcas, bom como do auto-rovola-
çóes do supervisor que suavizem e contextualizem apropriadamente a crítica, nâo che
ga a prejudicar o clima de confiança e aliança do supervisor com seus supervisionandos
Ao se comportar dessa forma, o supervisor dá modelos de como o supervisionando
poderá se comportar no contexto de atendimento do seu paciente.
Salienta-se que será através do vínculo supervisor-supervisíonondo quo o
supervisor poderá ajudar o estagiário a ter confiança no seu próprio julgamento acerca
dos comportamentos do seu cliento. Isso pode ser fedo através do reforçamento dife
rencial apontado por Alves e Isidro-Marinho (2010) como estratégia para ser
implementada na relação terapêutica. Ao reforçar exclusivamente aqueles comporta
mentos que devem ter sua freqüência aumentada, aumentam-se as probabilidades de
criação o manutenção de comportamentos novos/que ainda não surgiram, além de
enfraquecer os comportamentos indesejáveis sem utilizar processos de punição. Se
isso for realizado paulatinamonte na relação aluno-profossor nas supervisões, aumen
tam-se as probabilidades do o aluno acertar suas interpretações e análises, e, diante
do reforçamento diferencial, isso trará consequências reforçadoras quo poderào au
mentar sua auto-eíicácia e auto-confiança. Novamente, o aluno tem na supervisão, o
modelo do que fazer com o cliento nas sessões.
Além disso, sorá na suporvisão quo o aluno buscará idontificar os contingênci
as que mantém o comportamento do cliente e também as suas próprias, enquanto
terapeuta-supervisionando. O modelo adotado na supervisão subsidiará as interven
ções futuras do supervisionando com os seus clientes.
Outro ponto que merece destaque é a aprendizagem por modelação evidonci-
ada om exemplos, role-playings do atendimento que o suporvisor faz durante a suporvi-
são para ampliar o ropertório do supervisionando através de instrução, modelagem e
modolação de habilidades clínicas. Da mesma forma que outras estratégias, estas
também serão generalizadas e transferidas para o contexto clinico de atendimento do
supervisionando, quando ele solicitar ao seu cliente o mesmo tipo de atividado, simula
ção, dramatização ou ainda fornecer uma instrução a ele, de maneira equivalonte ao
que ele (supervisionando) experímontou cm supervisão.
Em suma, as supervisões devem tornar-se espaços para reflexão sobre a
própria atuação dos psicotorapeutas em formação, promovendo autoconhecimonto e
auto-monitoria dos supervisionados, ou seja, tal processo e objetivos não são muito
diferentes dos que se pretendem desenvolver nas relações entre psicoterapeutas e
clientes.
Referências
Alves, N.N.F.; Isldro- Marinho, G(2010) Relação terapêutica sob a perspectiva analítlco-
comportumentul. Em A C R Farias (e cols), Análise Comportamental Clinica: uspectos teóricos
e estudos de caso (pp.66-94).Porto Alegre: ArtMed
Üanaco, R A (20U1) O impacto do atendimento sobre a pessoa do terapeuta 2: experiências de
vida Em M Delitti (org ), Sobre comportamento e cognição: a prática da análise do comportamonto
e da terapia cognltlvo-comporlamental (pp 169-176) Santo André hsetec
Beckert, M (2002) Relação Supervisor-supervisionando e a formação do terapeuta Contribuições
da Pslcoterapia Analítico-Funcional (FAP). Em H J Guilhardi et al (orgs), Sobre Comportamento e
Cogniçêo: Contribuições para a Construçüo da Teoria do Comportamento, ( pp 245-256) Santo
André: ESETec
Canaan, S., Ribeiro, A. F (2008) A interpretação do terapeuta comportamental: um estudo exploratório.
Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva 10 (1), 15-27.
Castanheira, S S (2002) O primeiro cliente a gente nunca esquece Em H.J Guilhardi; M B B PMadi;
PP Queiroz; M C Scoz (orgs.) Sobro comportamonto o cognição: contribuiçõos para a construção
da teoria do comportamento, (pp 357-366) Santo André: ESETec
Cottraux, J.; Matos, M G. (2007) Modelo europeu de formação e supervisão em terapias cognitívo-
comportamentais (TCCs) para profissionais de saúde mental. Rovista Brasileira do Torapias
Cognitivas, 3 (1), 54- 72.
Freitas, F (2008). Diferentes perspectivas diante da conduta do estagiãrio nrn Psicologia no contexto
Clinico Psicologia Teoria e Prática, 10 (2), 31-43 Disponível em http://DeDsic.bvs-Dsi.orQ.br/Ddf/
oto/v 1Un^/v 1Un2a03 odf Recuperado em 26/03/2010
Guilhardi, H.J. (1982) A formação do terapeuta comportamental: que formação? Versão revista e
lu c ia n a I c ã o
C lín ica privada
1 O p m M m l t i o i p l l u l o A ( k im í iiI o r iu iT in iu t r m t o r K tíi in tltu Ir tr iH " T r n r M b ir n o r io |x in w > tiH lld H < lo h l n t r t A n k * ti h U t h | k h H M H lltlc o -c « H n |x > rtH M M in U tr,
r iiln M lr m tn ( li i r w i U t o X V III E n c o n t r o r it i A w k k . ih ç A o D rH M k H m r io n M e r i ld n n C o m | x x 1n m n n U i! 2 0 0 9
S o b re l u m p o r 1> i m c n t o e lo g n iç ã o 5 5
ação. "Um eu ou uma personalidade ó, na melhor das hipóteses, um repertório de
comportamento partilhado por um conjunto organizado de contingências" (Skinner,
1974,p.130). Dosta forma, o concoito do porsonalidaúo podo sor comprocndido, sob os
pressupostos do Bohaviorismo Radical, como um repertório comportamental adquiri
do, ou seja, como o repertório comportamental de cada um (Matos, 1997). Esse reper
tório ó multi doterminado e sofre influências dos três níveis de seleção apontados por
Skinner (1953): a filogênese, a ontogênese e a cultura.
No ostudo do Harrington, Fink e Dougber (2001) a personalidade poderia ser
compreendida considerando as contingências de reforçamento potonoiais. Os autores
enfatizaram que ambos os fatores filogenéticos e ontogenéticos são importantes
determinantes de quais contingências podem ser diforencialmente potencializadas entre
os indivíduos. Elos propusoram quo os ofoitos comportamontais das variávois
filogonéticas, que foram negligenciadas pela literatura analítico-comportamental, po
dem ter a função de operações estabelecedoras. Essa conceitualização oferece parci
almente uma explicação comportamental para a variabilidade entre os indivíduos com
relação à potência dos reforçadores e o porquê alguns comportamentos parecem ser
refratários a mudança ou a intervenção terapêutica.
Embora essas definições sobre personalidade estejam dentro do roferencial
teórico da análise do comportamento, torna-se importante enfatizar que o comporta
mento não pode ser definido sem considerar o contexto e as contingências no qual
ocorro. A contingência 6 uma unidade de análise e o comportamento faz parte dessa
unidade. O comportamento não pode ser descrito separadamente de suas conseqüên
cias. Considerando essas afirmações, há uma tentativa de definir personalidade em
termos de padrões consistentes de comportamentos, enfatizando a consistência das
contingências de reforçamento na qual o comportamento participa. Diferenças individu
ais ou diferenças de personalidade podem ser entendidas como diferenças nas contin
gências de roforçamento, como por exemplo, diferenças na extensáo dos eventos quo
servem como reforçadores (e punidores) e nos comportamentos que produziram es
ses eventos no passado (Harrington, Fink, & Dougher, 2001).
No estudo dc Parker Parker, Bolling o Kohlcnbcrg (1990), a personalidade foi
considerada como um padrão consistente de comportamentos e essa consistência
poderia ser explicada em termos de semelhanças nas relações funcionais (passadas
e presentes) entro diferentes contextos. Isso poderia explicar porque, entre ambientes
topograficamente diferentes, há uma consistência no comportamento do indivíduo. In
versamente, dentro dos contextos, diferentes funções podem se referir a comportamen
tos topograficamente semelhantes emitidos pelo mesmo indivíduo. Formalmente, os
comportamentos semelhantes podem ser devido a resuitados muito diferentes, indi
cando diferentes funções.
Harzem (1984) definiu “característica do personalidade" como um conjunto do
relações funcionais entre (1) um conjunto de variáveis e (2) os padrões de comporta
monto previamonte estabelecidos do indivíduo. Lubinski o Thompson (1986) também
definiram os traços como classes do respostas, isto é, um conjunto de comportamen
tos topograficamente distintos mantidos pelas mesmas conseqüências. Tustin (2000)
utilizou a definição de “traços comportamentais" como classe de respostas e examinou
novas técnicas para medir preferências entre reforçadoros. O autor havia hipotetizado
que as diforenças individuais na preferência por reforçadoros estaria rolacionada a
diferenças consistentes no comportamento, como aqueles observados nos traços de
personalidade. Iwata, Dorsey, Slifer, Bauman e Richmnan (1982) identificaram quatro
categorias básicas de roforçadores efetivas com pessoas com deficiência de dosenvol-
5H I lé r ik .i S .id i, C Id iiiiu i O s h i K ) e I u c u m .i I f ã o
caso são útois em auxiliar clínicos a conduzir seus casos que possam guardar seme
lhanças com o caso relatado.
A seguir, será relatado um caso de transtorno de personalidade histriónica
atendido pela terapia analítico-comportamental
1Norno» flr.llr.lo»
e não de provas. No entanto, a adolescente também tinha dificuldade para entregar os
trabalhos nas datas determinadas e acabou parando de estudar no primeiro ano do
segundo grau. Paula tentou mudar de escola e recomeçar os estudos, mas só conse
guiu ir às aufaa uma vez e nunca mais voltou à nova escola. Nesta última escola, a
coordenação deixou claro para ela, desde o inicio, que eles não abririam mão das
provas o quo ola seria avaliada como qualquer outro aluno. Paula tontou convcncô-los
de que realmente não conseguiria fazer uma prova e na avaliação inicial para entrar no
colégio ela escreveu na prova "mogrela", "raquítica", "esqueleto", além de entregar e
pegar de volta a prova várias vezes.
Além disso, Paula apresentava uma certa teatralidade na expressão de seus
sentimentos, por exemplo: ela sempre pressionava a mãe a mudar do bairro onde
moravam e a mão sempre negava o pedido. Certa vez, a adolescente, muito frustrada,
falou que já que a máe nào mudaria de casa entâo ela queria um quarto novo. A máe
negou o pedido e o pai também. Paula começou a se alterar de tal forma quebrando
objetos em sua casa e chegou a pegar um caco de vidro de um porta retrato que tinha
jogado no chão e começou a cortar seus pulsos.Ela dizia que então preferia morrer a
continuar levando a vida daqueía maneira.Seus pais ficaram apavorados e a levaram ao
hospital.Nesta ocasião,Paula ficou alguns dias internada em um hospital psiquiátrico.
É importante ressaltar também a forma com que a cliente so apresentava nas
sessões de psicoterapia e na maioria dos lugares que froqüentava: sempre muito bem
vostida, maquiada do forma oxagorada, com roupas curtas, saltos muito altos, oxcosso
de bijuterias e brilhos. Os relatos da cliente oram sempro muito carregados do emoção
e exagero de sentimentos como tristeza, raiva, alegria. No entanto, eram rolatos muito
superficiais e que doixavam dúvidas se sou contoúdo ora realmente verdadeiro.
60 I lí r i k .i \ k I i , C li t u iii o O s h i r o c I u c ij u .i I w o
medida em que Paula conseguia que as pessoas à sua volta fizessem coisas por
ela,recebendo assim um cuidado especial. Situações em que ela envolvia as pessoas
em seus rituais e ordonava que estas fizessem coisas por ela eram comuns Na maior
parte das vezes ela conseguia ser atendida em suas solicitações.
Os “pensamentos" determinavam quando Paula deveria vomitar e quando nào
poderia. O "vomitar" acontecia com horário determinado pelo "pensamento", goralmon-
te à noite, quando todos já estavam em casa (padrasto, mâe e irmão). Havia uma
produção do atenção nesse contexto, na medida em que ela conseguia sensibilizar as
pessoas, quo passavam a se preocupar muito com ela e a fazer coisas que a ajudas
sem a melhorar A mãe, por exemplo, comprava os alimentos exclusivamente para ela,
preparava seu almoço (diferente do almoço dos domais) o às vezes, ficava acordada
conversando com a filha ató de madrugada porque esta deixava para vomitar nesse
horário. Paula dizia:
"O TOC estimula vários pensamentos, por exemplo, ‘tá na hora deu vomitar agora '
Al, se eu pensar alguma coisa ruim eu não posso vomitar agora Al ele fica prolon
gando o horário que eu tenho que vomitar."
"Eu tò ficando com preguiça de vomitar. (...) Porque por causa dessa novela ‘A
Favorita' (novela das oito) eu tô tendo que vomitar depois dela Ai eu já tô com
sono (...) Al eu falo■‘Màe! Eu vou dormir só um pouquinho Me acordai' Al acordo
trôs horas da manhà para Ir vomitar "
Além disso, Paula conseguia descontos em academias quando dizia que tinha
anorexia.
As contingências de instalação e manutenção do TOC parecem ser distintas. O
contexto de instalação do TOC foi um contexto aversivo, no qual houve perda de
reforçadores importantes como o status social o econômico morar o o afastamonto do
rapaz por quom Paula estava apaixonada.O TOC aparoce então como uma rosposta de
fuga/esquiva.Contudo.as contingências atuais que mantêm esta classe do rosposta
são outras. Ao manifestar estes comportamentos que a impedem de fazer diversas
coisas.Paula obtêm um cuidado especial (reforçamento positivo) das pessoas de sou
cotidiano (pai.mãe.irmão.professores.etc) e quando estes fazem isto,poupam-na de
assumir tarofas o rosponsabilidados comuns à vida cotidiana do uma possoa da idado
do Paula (roforçamonto nogativo).
O comportamento de vomitar também é mantido por contingências do
reforçamento positivo e negativo simultaneamente na medida em que ao vomitar, todos
se voltam para cuidar de Paula e como ela ficava fraca e cansada por vomitar,devia ser
poupada de tarefas e obrigações(que eram feitas por sua mãe,seu irmão.padrasto ou
pai).Paula deixava de ir às aulas e fazer prova quando ocorriam os episódios de
vomitar.pois alóm de ter ficado fraca,dormia muito tarde,não conseguindo acordar para
ir às aulas,ou fazer provas.
Relações parentais
Conclusão
Elementos da história do vida de Paula, como a forma quo sous pais se relaci
onaram o que ola nasceu (sem planejamento, sem sor dosejada.o pai pedindo tosto do
DNA),assim como os atuais companheiros de sous pais se relacionaram com ela(certa
indiferença), parecem ter exercido função de operações estabelecedoras,tornando a
atenção o reforçador mais poderoso e a falta dela,a condição mais aversiva para Paula
Os comportamentos considerados problemáticos (rituais obsessivos e vomitar) são
mantidos, principalmente pela produção de atenção advinda dos pais e outras pessoas
de sua relação cotidiana. Possuir um transtorno psiquiátrico tambóm ó decisivo para
que Paula continue a receber a pensão de seu pai,que além de tor o seu valor óbvio do
reforçador gonoralizado,possui um valor adicional,pois Paula oxprossa uma auto-rngra
do quo é a pensão (e consequentomente sua patologia)que mantêm seu pai perto dela.
Com a análiso das relações de contingência, torna-se possível compreender a
problemática da cliente e planejar a intervenção terapêutica.
As topografias de comportamontos quo Paula aprosenta aproximam-se bas
tante com as descritas no Transtorno de Personalidade Histriónica F casos do trans
torno de personalidade têm se beneficiado muito com a FAP como recurso torapôutico.
Podemos concluir que descrições topográficas,apesar de insuficientes, po
dem contribuir para indicar o caminho de uma análise idiográfica o do intervonçõos
terapêuticas de um caso clínico.
Referências
American Psychiatric Association (2001). Diagnostic und statistical manual of mental disorders
(4th ad text revision) Washington, DC• American Psychiatric Association
Deck, A T., Freeman, A ., & Davis, D D (2005) Terapia Cognitiva dos Transtornos do
Porsona//dodo.(M.A.V Veronese,Trad.) Porto Alegre: Artmed (trabalho original publicado em 2004)
Cavalcante,SN., & Tourinho.E Z. (1998). Classificação e diagnóstico na clinica: possibilidades de urn
modelo analltlco-comportamental Psicologia'Teoria e Pesquisa,14 (2), pp 139-147
Cold fried, M R , & Sprafkin, J N (1976) Behavioral personality assessment In J T Spence, R C
Carson, & J W Thlbaut (Eds ), Behavioral approachos to therapy (pp. 295 321). Morristown, NJ:
General I earning Press
Nalson-Gray, R O., A Farmer, R F (1999) Behavioral assessment of personality disorders Behaviour
Research and Thorapy, 37, 347-368
Harrington, J A , Fink, B C.,& Dougher, M J. (2001). Into the lion's den: Incorporating personality and
evoiucionary psychology to expand clinical behavior analysis. International Journal of Psychology
and Psychological Therapy, 1(2), pp 175-189
Harzem, P (1984) Experimental analysis of individual diferences and personality Journal of Experi
mental Analysis of Behavior, 42(3), pp 385-395
Iwata, B ; Dorsey, M.; Sllfer, K.; Bauman, K.; & Richman, G (1982). Toward a Functional Analysis of
SelMnjury Analysis and Intervention in Developmental Disabilities, 2. 3-20
Koerner, K., Kohlenberg, R J., & Parker, C. R (1996) Diagnosis of personality disorder A radical
behavioral alternative Journal of Consulting and Clinical Psychology, 64(6), pp 1169-1176
Lubinski, D., & Thompson, T. (1986) Functional units of human behavior and their integration: A
dispositional analysis Em: T Thompson & M D Zeller (Orgs ), Analysis and intogration of bohav
ioral units (pp. 275-314) Hillsdale, NJ Lawrence Erlbaum Associates, Inc
Parker, C R , Bolling. M Y. & Kohlenberg, R J. (1998). Operant Theory of Personality D F. Barone,
M Hersen & V B Van Hasselt (Orgs ), Advanced Personality (pp. 155-171) New York: Plenum
Press
Poling, A., Schlinger, H., Starin, S & Blakely, E (1990) Psychology; A behavioral overview New York,
NY Plenum Press
Skinner, B F (1974) About behaviorism New York, NY; Random House, Inc
Skinner, B. F (1981) Ciência e Comportamento Humano (J C.Todorov e R Azzl,Trad )São Paulo-
Martins Fontes (trabalho original publicado em 1953)
Skinner,B F.(1991). Questões recentes na análise comportamental (A L.Nerl.Trad.) Campinas:
Papirus.(trabalho original publicado em 1989).
Tustin, D (2000) Revealed preference between reinforcers used to examine hypotheses about
behavioral consistencies. Behavior Modification, 24(3), 411-424
6 6 I c lip c K u tii f-p> iininom J<if c llm .i A . Q o u l. ir l »!<• > o u /ii H rilto
bizarros. E para compreender estes comportamentos, devem-se buscar na história de
aprendizagem do indivíduo os antecedentes quo oxpliquem um repertório verbal
inapropriado.
Tendo isso em vista, o presente artigo tem como propósito fazer um lovantamon-
to das principais pesquisas do assunto sob a orientação da Análise do Comportamonto,
lovantando assim implicações a possíveis meios do tratamento e futuras posquisas.
S obre I o m p o ii.im e n to e t o s n iç iu )
Controle do comportamento utilizando reforçadores arbitrários
Ayllon o Haughton (1962) roalizaram um posquisa com 45 osquizofrênicos (dos
quais 20 eram anorèxicos) visando controlar comportamentos de pessoas
diagnosticadas com esquizofrenia utilizando comida como ostímulo roforçador. Os au-
toros notaram que grande parte dos internos de uma instituição recusavam comida e
respondiam a atenção social disponibilizada pelos funcionários que insistiam para que
se alimentassem. Outros pacientes relatavam delirios que os impediam de comor,
como por exemplo que Deus havia proibido sua alimentação. Em um primeiro momon-
to, os mótodos tradicionais da instituição foram modificados: ninguém mais dirigiu,
coagiu ou lombrou os pacientos do comor. Eles também não foram mais forçados a so
alimentar por terceiros e nem submetidos a eletrochoque como forma do fazê-lo comer.
Qualquor lipo de atenção ou simpatia à recusa do comer também foi eliminada. O
resultado de tudo isso foi que os problemas de alimentação dos pacientes
esquizofrênicos foram eliminados - a comida foi suficiente para controlar os comporta
mentos destas pessoas. Os resultados se mantiveram quando novas tarefas foram
introduzidas como requerimento para entrar no refeitório, como entregar uma moeda à
enformeira (que eram ganhadas contingentemente a comportamentos adequados) ou
pressionando, junto a outro paciente, botões distantes um do outro para abrir o portão
de entrada do refeitório. Estes sujoitos eram vistos como pacientes crônicos ou "fora do
contato com a realidade", mas os experimentos demonstraram que eles náo deixavam
do comer como consequência de algum transtorno ''mental", mas que estavam apenas
sob controle do contexto social, que os modelou a rocusar comida. Também foi porce*
bida grando generalização nos rosultados: no experimento, as enformoiras davam
instruções sobre como ganhar acesso ao refeitório na primoira semana e foi notado
quo nas outras semanas os próprios sujeito trocavam instruções o colaboravam uns
com os outros
Ayllon e Azrin (1965) descreveram seis procedimentos com delineamonto ABA
onvolvendo o uso de fichas-vale como reforçadores contingentes a diferentos trabalhos
om um hospital psiquiátrico. Alguns dos trabalhos escolhidos envolviam ajudar a servir as
refeições, digitação e atendimento de tolofonemas e limpoza do local o de peças de
roupas. As fichas recebidas podiam ser trocadas por vários reforçadores, como mudança
de quarto, caminhadas, audiências particulares com membros da equipo, acesso a fil
mes, rádio, televisão, alimentos, produtos de higiene, etc. Ao todo até 44 paarticipantes
com diferentes diagnósticos participaram dos exporimentos (bipolar, oquizofrenia o até
retardo mental), variando entre 24 e 74 anos de idade e de 1 a 37 anos de internação. Os
procedimentos de reforçamento se mostraram eficazes em manter a performance nos
trabalhos com todos os participantes Em todos os experimentos, a performance caiu
para quase zero quando a relação entre resposta e estimulo reforçador foi quebrada. Esto
tipo de pesquisa serve como base para o desenvolvimento de métodos que possibilitem
pacientes internos a serem mais capazes e autônomos, independentemente do sou
diagnóstico. O sistema de fichas foi adotado por diferentes hospitais pelo mundo.
Agras, Leitenberg e Wincze (1972) tentaram aplicar o procedimento de fichas
para reduzir as verbalizações delirantes de 10 pacientes internos, com intervenções
que variavam entro uma sessão terapêutica, dentro de uma sala fechada, o no pátio da
instituição. Embora sete destes pacientes tenham mostrado uma diminuição significa
tiva das falas delirantes no contexto terapêutico, apenas 2 generalizaram para o pátio (c
por pouco tempo), enquanto que 4 nào reduziram no pátio © em 2 pacientes a frequência
aumentou - levanto os autores a crer que o efeito controlador das fichas-vale é muito
especifico ao ambiente em que ele é usado. Uma melhor opção seria utilizar reforçador©s
Referências
Agras, W. T , Leiíanberg, H & WJnaze, J P (1972) Th# »ffsets of token reinforcement and feedback
on the delusional verbal behavior of chronic paranoid schizophrenics. Journal of Appliod Analysis
of Behavior, 5 (3), 247-262.
Associação Americana de Psiquiatria (2002) Manual Oiognósfico e Estatístico de Transtornos
Mentais (DSM-IV-TR) Tradução organizada porC Domelles Porto Alegre: Artes Médicas. (Trabalho
original publicado em 2000)
Ayllon e Azrln (1965) The measurement and reinforcement of behavior of psychotlcs Journal of
Experimental Analysis of Bohavior, 8(6), 357-383
Ayllon, T Ã Haughlon, E (19t>4a) Control of lhe behavior of Schizophrenics by food Em A W Slaats
(Org), Human learning: Studies extending conditioning principles to complex behavior. 458-465.
New York: Holt, Rinehart and Winton, Inc.
Ayiloon, T & Haughlon, E (1964b) Modification of symptomatic verbal behavior of menial patients.
Behavior Research therapy, 2, 87-97.
Ayllon, T & Michael, J (1959). The psychiatric nurse as a behavioral engineer Journal of Experi
mental Analysis of Behavior, 2, 323-334
Daker, V.; Ubarman, R. P.; Patterson, R. & Teigen, J (1973). Reducing delusional speech in chronic,
paranoid schizophrenics Journal of Applied Analysis of Behavior, 6(1), 57-64
Boksa, P. (2007). Of rats and schizophrenia Journal of Psychiatry and Neuroscience. 32 (1), 8-10
Boksa, P (2009) On lhe neurobiology of hallucinations Journal of Psychiatry and Neuroscience. 34
(4), 260-262
Brltto, I A G S (2004) Sobre delírios e alucinações Revista Brasileira de Terapia ComportamentoI
e Cognitiva, 6 (1), 61-71
Brltto, I. A G S (2005) Esquizofrenia: desafios para a ciência do comportamento Em H J Gullhardl
e N C Aguirre (Orgs) Sobro Comportamento e Cognição Expondo a variabilidade, (pp. 38-44)
Santo André' ESETec
Brltto, I A G. S.; Ribeiro, M A., Rodrigues, M. C A & Santos, D. C. O. (2006) Reforçamento
diferencial de comportamentos verbais alternativos de um esquizofrênico. Revisto Brasileira do
Terapia Comportamental e Cognitiva, 8 (1), 73-84
Garcelán, S. P. & Yust, C. C (1998). Behavioral treatment of auditory hallucinations in a schizo
phrenic patient- a case study Psychology In Spain, 2 (1), 3-10
Gottesman, I A Shields, J (1967) A polygenic theory of schizophrenia Proceedings of the Nacional
Academy of Sciences of the United States of America, 58 (1), 199-205
Jo ã o C a r io » M u n i / M a r tin e lli
N i i d e o d e I s tu d o » e m A n á lis e d o C o m p o r ta m e n to e Prática C u lf ural A C P C /
U N IV A IL
Mótodo
Local e fonte de coleta de dados:
Esse ostudo de caso foi realizado através de dados extraídos de registros das
interações verbais entre torapouta o cliente, ou sumários destes, em sessões de aten
dimento, em consultório, no Serviço de Psicologia Aplicada - SPA, Univale. A cliente,
sujeito desse estudo, foi atendida pela primeira autora desto trabalho.
Descrição do sujeito:
A cliente, C. 32 a., sexo feminino, aposentada, solteira, cursou o 1o ano do 3o
Grau, buscou o SPA com queixas de modificação de qualidade de vida após diagnóstico
de insuficiência renal crônica, e é encaminhada para psicoterapia com hipótese
diagnóstica de depressão.
Materiais/lnstrumentos/Procedimentos:
A coleta de dados se deu através do acesso aos registros de relato verbal da
história de vida da paciente, e da sua interação com a terapeuta, extraída das sessões
com duração de 50 minutos. Foram avaliadas todas as sessões de atendimento. O
registro do atendimento foi feito em Folha de Evolução da paciente, após cada sessão
e constou de descrição da interação torapeuta-cliente. Constou ainda de dados dispo
níveis em ficha do triagem e em ficha de inscrição no serviço,
Documentos adicionais
Durante a sessão de atendimento, foi informado para a paciente o interesse
em colocar em estudo os dados obtidos de seus relatos, bem como das interações
terapêuticas ocorridas durante todo o período da terapia, desde quo tal procodimento
fosso por ela autorizado. Detalharam-se os objotivos da posquisa c a colaboração
prevista. O projeto foi submetido ao Comitô de Ética em Pesquisa o a paciente assinou
o Termo de Consentimento I ivro e Esclarecido
Resultado
Descrição da cliente
Dados da Triagem
C. relata dificuldades encontradas a partir das mudanças em sua vida após o
diagnóstico de insuficiência renal crônica terminal (IRCT). Fala que antes do diagnósti
co era uma pessoa "cheia de vontade" para viver, animada, disposta, comunicativa, se
considerava bonita, atraente. Vestia-so sempre com roupas novas, que comprava qua
se toda somana. Terminara um namoro de quatro anos; o rapaz queria se casar, mas
ela queria viver um pouco mais sem esse compromisso. Trabalhava em uma conces
sionária de carros, onde ocupava um alto cargo e tinha um excelente salário, o cursava
graduação em administração. Após o diagnóstico do insuficiência renal crônica e a
porda do rim enxertado, quo ora sua esperança de uma vida normal, sou “mundo desa
bou”. Inúmeras complicações (baixa rosistôncia, incapacidade para o trabalho e estu
do) a afastaram do suas atividades diárias o de muitas pessoas. Não investe mais etn
relacionamento amoroso, por pensar que ninguém vai querer viver com ela por ser uma
pessoa doente. Sente-se triste pela doença, pela aparência, polas pordas.
Baseando-se em tais dados da triagem, C recebeu diagnóstico do dopressão
(F32), conformo o CID-10.
Atual:
Há dois anos, seu tratamonto renal substitutivo ó a Diálise Peritonial
Automatizada (DPA) que é automonitorada, faz diálise durante a noite enquanto dorme,
em sua própria residência. Está sob diota com restrição hídrica, de sal, de proteínas.
Muitas vezes apresenta inchaço, carência de cálcio, anomia e se contagia com gripes,
viroses. Relata dores de cabeça, "ressaca" quando dormo pouco, faz vômito pela ma
nhã, às vezes. Tem dificuldades com o controle de líquidos c manutenção do peso.
S o lu c l o m p o ilí tm c n lo t (. oR ni(<to
Atual:
Há dois anos faz DPA, o que possibilitou uma vida mais aliva. Trabalha como
estagiária om um banco, graças a uma amiga quo a indicou e se mantóm pela sua
competência e empenho. É sempre solicitada a tomar providencia pola gerente, quan
do esta viaja. Mantêm relações com vários amigos, viaja sempre, sai para se divertir,
frequenta a Igreja, toma iniciativas. Frequentemente sente-se cansada, agitada, ansio
sa. Diz que não era "nervosa", ficou assim após a doonça. Diz que so sente "gorda",
feia", "doente", “aposentada": "Ninguém olha para mim, eu era bonita, atraente". Mostra
inabilidade nas relações sociais no trabalho, nas Unidades de Saúde e principalmonto
com sua mãe.
Atual:
Possivelmente C. recebe também, indiretamente, alguma influência de cultu
ras do outros países, pois seus dois irmãos moram há seis anos em outro país. Eles
se comunicam quase todos os dias, pela Internet. Tem amigos quo moram na Europa.
Tem um amigo Asiático, muito presente om sua vida.
Doença Crônica - A cultura do modolo médico/dos profissionais da saúdo/das leis
governamontais e do ser jovom/doonte numa cultura do “consumo" da saúde/beleza.
12
^ Classe I - comportamento
referente à saúde/
c tratamento clínico
•% 8
cr
d) Classe II Comportamento
6
social (trabalho e outros)
4
Classe III - Comportamento
2 social familiar (mâe)
0
p r v 7" o< ip i r |<’ r ’ 19’ 21* iy
sessão
Fig 1 Frequência acumulada das Interações terapeuta-cliente de acordo com as
classes de respostas
Objetivos terapêuticos
Ao so encaminhar para os objetivos terapêuticos de uma intervenção psicológi
ca de cliente portadora de uma doença crônica, ó importante lembrar que, enquanto a
intervenção módica ó de tratamento, a intervenção psicologia é do aprendizagem. Nes
se caso, o “ensinar e o aprender" definirão os objetivos terapêuticos, que foram: instalar
comportamentos de melhor adesão ao tratamento, quanto aos aspectos da dieta ali
mentar e hídrica e do programa de exercícios físicos; reconhecer e descrever estímulos
aversivos da doença (sinais e sintomas - alteração de exames), reconhecer e descre
ver estímulos discriminativos positivos (bem-estar - melhora do humor - melhora de
exames) e; reconhecer e descrever comportamentos que mantóm a doença o compor
tamentos que promovam saúdo.
Procedimentos terapêuticos
Southan e Dunbar (1986, citados por Guimarães & Korbauy, 1999) apontam quo a
automonitoria apenas seria insuficiente para a adesão ao novo comportamento. As habili
dades para a automonitoria deveriam incluir: registro, interpretação, respostas novas, quo
necessitam ser ensinadas do forma eficaz e que sejam frequentemente reforçadas. Assim,
os procedimentos previam: podir à C. que descreva quais estratégias usa para o controle
hídrico e alimentar © quo pontue resultado; pedir à C. que anote pela manhã o nivel da
diálise feito à noite, a quantidade de líquido ingorido no dia anterior, as situações vividas
(trabalho, lazer, exercício) e registrar os dados em um gráfico, no final da somana (C. tom
habilidades com Excel), sugerir que C. procure a modalidado de exercício ou esporte do quo
goste e que ofereça maior facilidade de acesso (distância, tempo, custo); podir C. que
observo om que situações ela foge à dieta e observar as conseqüências (peso - inchaço -
sentimentos) o também o contrário; ao se expor, novamente, a tais situações, “lembrar" das
conseqüências o usar técnicas dc autocontrole (remoção do estímulo eliciador; mudança
de estímulo; manipulação de condições emocionais; auto-reforçamento); pedir para variar
as técnicas e obsorvar a que deu molhor resultado para repeti-las, quando necessário;
perguntar como tem feito para seguir a dieta e elogiar "criatividade"; obsorvar e discriminar
quando C. apresentar algum sinal (inchaço, aumento do peso, cansaço - abatimento otc.),
perguntar como ostá so sentindo o o quo acontocou; ologiar/dar atonçào comportamontos
“vaidosos" (cabelo arrumado, roupa bonita, silhuota mais esbelta); ologiar/dar atonção a
todos os comportamentos saudáveis (lazer, contatos sociais agradáveis, caminhadas, exer
cícios, bom humor); podir informações sobre suas consultas módicas, resultados dos
oxamos, modicaçõos introduzidas e a partir daí: relacionar os resultados dos exames e
estado geral com adesão à diota, programa de exercícios, relações sociais; fornecer infor
mações adicionais que nào foram dadas polo módico (por exemplo: para que o cálcio
ingerido soja assimilado polo organismo ó necossário que C. se exponha ao sol matinal
por, pelo menos, 20 minutos diários).
Procedimento para a terapeuta - submeter-se por um dia, à dieta hídrica e
alimentar da C., para compreender possíveis operações estabelecedoras e favorecer
“ompatia"
C - Essa semana comecei a fazer exercidos Escolhi fazer Pillates. Vou fazer 3 vezes por
semana, num horário de monor demanda; assim vou pagar bem monos. Vou e volto a
pó, assim também faço caminhada.
T Estou muito satisfeita do ver como vocô toma iniciativas; oscolheu bem, mas não ó
muito para vocô caminhar e fazer Pillates, num só dia?
C - Não, é muito bom? Assim, elimino água através do suor.
T - Estou vendo que vocô vai ficar "um avião", pois já tem um corpo bonito...
6a sessão;
C. relata as dificuldades encontradas em Bolo Horizonte para encontrar uma clínica do
nefrologia e as iniciativas tomadas.
T. reforça elogiando, falando do sua admiração por sua atitude frente aos obstáculos:
sua iniciativa, seu controlo.
7a sessão
I - C Chega para a sessão com aspecto mais “pesado", parece cansada. I. di/: Vocô
parece um pouco inchada, cansada... O que aconteceu?
C - Nada! É... ou jcho que dormi pouco o na sala em quo estou trabalhando não tem
geladeira... não tenho o gelo...
T - Vocô consegue agora perceber os "sinais" do seu corpo?
A T. estabeleceu um chavão para discriminação de sinais o sintomas, de forma a esta
belecer um controlo por regra; assim, foi solicitada a cliente a sempre dizer a si mesma:
- Escute seu corpo! (está cansado, pesado, desanimado, fraco, com sono?)
- Pergunto ao seu corpo[ (agora pode trabalhar mais? Dormir mais tarde? Esperar a diálise?).
9a sessão:
C - Relata que vai passar o feriado em uma cidade do litoral, com uma amiga (levando
sua cicladora para a diálise e inúmeras bolsas com o líquido).
T - Muito bem! Admiro sua disposição para procurar momentos agradáveis para vocô.
Você tem uma insuficiência renal, mas nào tem comportamento do doente. Você tem
atitudes de saúdo! Muito molhores que a maioria das pessoas que não tem nenhuma
dificuldade! é um exemplo que pode ajudar muitas possoas.
16a sessão:
T- C. relata quo ostá tomando medicação porquo ostá com baixa do cálcio o do
hemoglobina. Pergunta-lhe se tem se exposto ao sol e explica-lhe que o organismo,
para absorver o cálcio, precisa receber raios solares.
C - relata que não tom tomado, nos dias certos, a injeção do forro; acha quo engorda.
A T. verifica diforonça na aparôncia da C.: rosto está mais fino, silhueta mais "enxuta".
C. rolata que se inscreveu numa clínica de fisioterapia e já começou a fazer Pillates, 3
vezes por semana; fará também caminhada, porque irá andando de sua casa até a
clínica, o quo doverá somar uns 40 minutos.
C. fala que esse é o exercício perfeito para ela. sem nenhuma contra indicação, e o quo
ó o molhor, lho dá muito prazer (3* sossão).
C. diz quo o controle do liquido está normal, e tem dialisado bem durante à noite; nesta
semana foz Pillates e caminhada, quatro vezes por semana.
Quando a T lhe pede para so observar com atenção, para verificar se tal freqüência de
exercícios não é excessiva para ola, C. responde que "nem precisa, porque se sento
muito bom, chegando à casa ótima, faz seu trabalho com tranqüilidade, sem nenhuma
quobra de limites" (4* sessão).
C. fala animada, sobre o transplante (está inscrita, na fila), tom osperança que soja
contemplada (6° sessão).
C diz que achava que não ia viver muito, mas quo agora quer e vai ficar velhinha (8*
sossão).
Essa é a última sessão do semestre. O Serviço do Psicologia ontra em recesso
e o próximo atondimonto toi provisto para dali a 45 dias. A T. laz junto à C., uma avaliação
de sua condição do saúdo: Controlo de líquidos: C. diz que não tem mais problemas
quanto ao controle de líquidos. Programa de exercícios: C. diz que desde que começou
a fazor Pillates e caminhada, não faltou, componsa em outro dia quando não podo ir no
dia marcado. Nao parou, nem mesmo quando teve tendinite no joelho ou por ocasião do
tratamento de saúde de sua mãe. C. rolata que nesse período, em que esteve em
terapia, fora o problema no joelho, manteve-se muito bom, não apresentando gripes ou
viroses, baixa de plaquetas, anemias, que eram muito freqüentes. C. considera que
esteve bem, apesar dos contratempos em relação à sua assistência médica/
ambulatorial, quando ficou sem atendimento, por nào encontrar a clínica nofrológica
que atendesse á suas necessidades (14* sessão).
C. está com aumento de peso. Não tom foito exercícios, também não está caminhando,
parou de fazer pilates e alegou que estava ficando muito caro
C. relata quo seus exames laboratoriais revelam baixa taxa de plaquetas o do
hemoglobina (15* sossão - 60 dias após a última sessão).
C. relata que recomeçou a fazer "massagens" o vai rocomeçar as caminhadas. Melho
rou o controle de água (16* sessão).
C. retomou as caminhadas, está mais magra 2 Kg, e ostá muito satisfeita por isso (18*
sessão).
Considerações:
Obscrva-sc quo cm um total do vinte trôs scssõos, C. sc refere à doença cm
dez sessões, sondo esse o toma mais onfocado até então duranto a torapia. No ontan-
to, C. nao fala da doença om si (dos sintomas, agravamento...), mas, sim do tratamonto,
da assistência clinica, da qualidade da atenção recebida.
Na primeira sessáo, falara das dificuldades, das limitações impostas pela
hemodiálise, até que, por sua iniciativa e insistência, começa a fazer sua terapia ronal
substitutiva por DPA, citado pela literatura como um melhor tratamonto dialitico. Relatara
também que, há dois anos, fazia seu tratamonto em Bolo Horizonte, distanto 380 km,
por dois motivos: em sua cidade, as clínicas do nelrologia não ofereciam essa modali
dade do tratamonto; a assistência profissional oforocida em Belo Horizonte era
compromissada, empenhada com seus pacientes, o que lhe dava mais segurança e
tranqüilidade, apesar das dificuldades resultantos do deslocamento.
Verificou-se que, a partir do momento em que essa unidade de saúde não pode
mais tê-la em seu quadro de pacientes, por esta vir de outra cidade, recomeçam as
lutas para encontrar uma clínica que atendesse suas necessidades. Esses fatos levam
a algumas reflexões: o SUS custeia 95% dos tratamentos do substituição renal,
disponibilizando para isso R$ 2 bilhõos/ano, o que reprosonta um percentual importan
te do orçamento da saúde. O tratamento que tem menor custo benefício é o transplante
renal, logo seguido pela DPA (Sociedade Brasileira de Nefrologia, 2007). Nesse senti
do, discuto-se que, se o Estado disponibiliza tantos recursos para esse fim, por que as
instituições do saúde não oferecem excelência em seus serviços? Se a DPA tem menor
custo beneficio que a hemodiálise, como se explica uma cidade com mais de 240.000
habitantes o quo ó pólo de saúde om sua região, não incentivar essa modalidado do
tratamento? Pode-se pensar em motivos econômicos envolvidos nessa questão?
Classe comportamental II - Comportamento social: Trabalho/Unida
des de saúde
C, conto fatos que aconteceram no dia anterior: o funcionário quo ofetua os finan
ciamentos, para agradar seus clientes que estão em atraso com seus parcelamentos,
pede à C. que retire os juros (ola pode conseguir tal abono, ligando para a central em são
Paulo) Ela diz a elo que “não irá tolofonar porque não ó a primeira ve/ que esses clientes
atrasam; que ó burrico ser tão insistente; quo não ó fácil para ela; que ele pare de amolar".
Relata que o rapaz ficou em graça, disse que nào precisava falar daquolo jeito. C. diz que,
durante o opisódio, ficou nervosa, com raiva, coração acelerado Fala tambóm de outra
companhoira de trabalho que é difícil, anti-social, esquisita, que demonstra claramente
nào gostar dela. Essa companheira estava mostrando umas roupas novas que havia
comprado e, quando C. pediu para ver, ela nào lhe mostrou, guardou as roupas. A cliente
relata ainda que outros funcionários doscrovom quo tal companhoira fica diforonte, mais
alegre, mais solta quando ola nào está presente.
C. relata a visita a Ipatinga, marcada anteriormente com a enfermeira, pelo
telefone. Ninguém a esperava, a secretária desconhecia inteiramente todas as informa
ções dadas, o relatório enviado de Belo Horizonte, diz quo ficou muito norvosa, reclamou
do ‘’doscaso"; foi atendida pelo medico que não a consultou, mas escutou as reclama-
çõos som dar muita importância. C. diz quo achou tudo péssimo. Já em casa ligou para
a enfermeira agradecendo, podindo dosculpas por ter incomodado, que isso não acon
teceria de novo, pois não voltaria mais lá; podoria rasgar o relatório enviado por Belo
Horizonte.
S o lx e C o m p o t l. t m n ilu c l o tfm ç d o
Percebe-se que algumas conseqüências que a C. tem produzido atualmente
no ambiente do trabalho revelam respostas de contracontrole de outros (nào mostrar as
roupas, “nào precisa falar desse jeito") e de fuga/osquiva (colega fica calada e tristo
quando ola está presente). Tais conseqüências mostram contingências aversivas, do
punição, produzidas pola C. Seu comportamento tom como função conseguir do forma
rápida (caractorística da puniçào) eliminar iniciativas contrárias às regras da instituição,
que ela representa.
Parece que suas respostas fortes, incisivas, produzem tanto reforço positivo
quanto reforço negativo. Assim, verificam-se: reforço positivo imediato: faz valer a regra
da instituição (faz dela uma funcionária competente, que mostra resultados); o que vem
fortalecendo sou comportamento, ou seja, aumenta a possibilidade de quo volte a se
comportar assim novamente. Reforço negativo em longo prazo: quando C. pune as
pessoas, essas sentem frustração, ansiedade e respondem com agressividade ou se
afastam de C. A conseqüência é que C. perde reforçadores. Possivelmente são os
efeitos nogativos produzidos no ambionte pelo comportamento punitivo da C. que
retroagem sobre ela e causam seus sintomas depressivos (sentimento de baixa-auto-
estima, tristeza e desânimo relatados nas primeiras sessões).
Como a clionte apenas vê e sente o resultado final de tais contingências, não
compreende o processo, a relaçào entre os antecedentes, suas respostas e as conse
qüências produzidas. Entre os antecedentes, certamente se encontra a condição bioló
gica da C., como uma oporaçào ostabolocodora (Michol, 1982) quo influencia sua ros-
posta organísmica. Essa operação estabelecedora diz respeito à estimulação interna
aversiva causada possivelmente, por alterações hormonais, elotroHticas, baixa produ
ção do forro, de cálcio, conseqüentes à IRCT. A C. relata quo "não ora assim", quo "ficou
'nervosa' depois da doença"
Cabe então, à terapeuta ajudar a C. a conhecer o porquê do seu comportamen
to, ou soja, a sua função, para assim, gorar autoconhecimonto, saber do que variávois
seu comportamento ó função.
Diante das características comportamontals da C. e das difreuldados dctocta-
das na análiso comportamontal, ostabolocoram-so os objotivos torapôuticos.
Objetivos terapêuticos
Levar a C. a identificar os processos históricos e concorrentes que a têm levado
às condições comportamentais atuais, incluindo regras, conseqüências para o com
portamento dos outros e sontimentos relacionados. Promover a substituição de com
portamentos de contracontrole para comportamento de enfrentamento, com emprego
de reforçamento positivo
3asessão:
A C. relatara durante toda a sessão sua história de vida; falara de momentos
tristes de forma clara, segura, sem mostrar emoção. Ao terminar a sessão, já do pó, a C.
diz: - “Já terminou! O tempo passou tão depressa!"
A T. pensa que tantas coisas fortes e importantes tinham sido ditas. Pensa na
4asessão
C. Diz ao companhoiro de trabalho quo ela não vai tontar negociar a retirada dos
juros, de forma alguma; que ele paro do amolar!
T - Como o rapaz ficou?
C - Ficou muito som graça e disse quo não precisava falar daquele jeito
T - Como você ficou?
C - Fiquei nervosa, com raiva, coração acelerado. Não tenho paciência. Eu nào
era assim
5asessão
C. conta alguns impasses com funcionários da saúde; a onformeira que entre
ga os romôdios distribuídos pola Secretaria de Saúdo recusa-se a entregar sua modi-
cação alegando que, como não veio no mês anterior, sua medicação foi recolhida. Ela
diz quo "eles sào grossos, que a trataram mal, acha que deve ser por preconceito, fica
brava, diz que é seu direito, que nào sairia sem os remédios, que desse um jeito"
T - Diante disso, como você ficou? Como você se sentiu?
C - Nervosa, com raiva, coração acelerado.
T - Você poderia ter feito diferente? Sem ter ficado "brava"? Você acha que
poderia ter lutado por seus direitos sim, mas sem perder a calma? Poderia ter o mesmo
objotivo (não sair som o romédio), mas falar de um modo firmo, objetivo, tranqüilo, com
autodomínio.
A T. pediu então a C. que, no decorrer da semana, ficasse atenta à reação das
pessoas a ela. Obsorvasse a fisionomia, o olhar, as palavras o tentasse fazer diferente:
primeiro - prestasse atenção em suas reações emocionais e fisiológicas, se acalmas
se e exporimentasse falar de outro modo, dado os seus objetivos na intoraçáo. A T. deu
exemplos do como se expressar de forma mais assertiva (modelação). Sogundo -
prestasso atenção e comparasse como ficam as pessoas diante de seu novo modo do
falar o como ela mesma fica (os sentimentos, as reações fisiológicas).
21asessão
Estou muito feliz e emocionada por você com o gesto de sua amiga. Quero até
dar-lho um ahraço!
6asessão
C. está alogro, animada. Relata quo tem prostado atenção em suas interações
sociais; na relação entre sua ação e a ação do outro.
Diante das dificuldades encontradas om Belo Horizonte, quando a dirotora da
clínica de nefrologia lhe disse que não iriam mais atendê-la, manteve-se controlada,
agiu de forma assertiva, procurando uma solução
7asessão
C. rolata quo as colegas do trabalho comentam que ela está mudada, muito
mais “calma".
C. diz que tem sentido os efeitos nos outros e nola mesmo quando "responde"
da forma "certa". Diz ter falado com palavras que "deixam as possoas mais satisfeitas e
eu também".
9 * sessão
C. relata sorrindo quo suas relações no trabalho estão indo muito bem E um
cologa a convidou para passar o feriado om seu apartamento no litoral.
12 "sessão
C. relata acidente de carro, quando viajava com uma amiga que estava dirigindo
om alta velocidade. Diz que o tempo todo se manteve calma, tomou todas as providên
cias, passando tranqüilidade e sendo apoio para a amiga. Porém, depois de tudo
resolvido, já em sua cidade, quando a amiga lhe perguntou várias vezes se iria continu
ar viajando com ela, a C. não respondeu de imediato. Quer que ela "veja as consequên
cias”, para fazer diferente: ser mais prudente no volante
14 a sessão
C. relata quo organizou "uma maravilhota festa do fim de ano" para os funcio
nários de sua empresa, disse que todos adoraram. Negociou com a direção uma verba
maior, pela importância dessa interação entre colegas do trabalho. Todos os funcioná
rios participaram, incluindo aqueles que nunca haviam participado de lais eventos.
Ganhou um lindo celular, muito acima do preço estipulado para o amigo oculto, ofereci
do com muito carinho.
19a sessão
C. comenta que algumas colegas querem fazer terapia o lhe pedem o número
do telefone da T.
C. pergunta se ela pode lhes passar o número (colegas ligam para a T. pedindo
indicação de profissional).
22a sessão
C. a pedido de colegas de trabalho traz uma lista de nomes de psicoterapeutas
para que T. indique alguns, e diz que a empresa inclui o psicólogo no seu quadro de
profissionais da saúde.
10 a sessão
C. chega um pouco atrasada; está desfeita, abatida, cansada, agitada. Díz que
novamente teve problemas com a mãe: "Estou ficando já desesperada! É briga todo
dia, náo agüento mais"
C levou a mãe para fazer uma avaliação cardiológica; foi colocar o aparelho quo
fica 24h registrando a P.A. a cada 20min. A mãe náo gostou quando a C. disso quo, onquanto
ela fosse atendida, ola iria fazor sua ginástica; então O. preferiu esperar com ela.
C. conta que, já dontro do carro, indo para casa, a mãe lhe diz que acha que o
aparelho nào está bom. C. pede que explique como está porque ela já foz o exame e
sabe como ó, porquo se realmento nào estiver funcionando ó necessário voltar à clínica.
A mãe não lhe responde e C. insiste. Então, a mãe fica brava e diz que C. ó muito
atrevida.
Objetivos Terapêuticos
Elegeram-se os seguintes objetivos: mantor os objetivos anteriores, referentes
às rolaçóes sociais, incluindo agora modificar as contingências do reforçamento nega
tivo/punição que ostão mantendo as respostas ontre C. e sua mão
8asessão
C. fala que sua mãe roclama que ela ó ríspida, grosseira; C. diz quo sou maior
problema ó a convivência com ela...
T. sugere quo C. procure obsorvar o que acontece quando sua mãe fica aborro-
cida: o que aconteceu antos? O que C. fala em termos de conteúdo, intensidade, (a
topografia do comportamento). Quais os sentimentos, a ansiedade. Como ficam ola o a
mão (consoquências o sentimentos rolacionados).
T. fala de uma experiência pessoal om que o probloma náo ó o quo se fala, mas
o “como" se fala.
13asessão
C. diz quo ainda tem impasses com a máe, mas agora, ela "contorna", "faz
diferente", mantém a calma e dá um exemplo: "No sábado, eu ia sair com amigos, então
pedi ao meu irmão para levar e buscar minha mãe na igroja. Minha mãe fechou a cara
c disso: 'mas vocô não vai à igreja comigo? Pode deixar! Ninguóm precisa mc levar!’
Então eu disse: “precisa sim, )á conversei com ele, a senhora precisa ir à igreja e eu
preciso sair com meus amigos."
100 M iirid J,i s C/MÇiis Ribeiro k.ingel c lo.io C .trios M u m / M iirfin e lli
C. diz que seu fim de semana foi horrível. Conta que teve um forte conflito com
a mãe, que lhe disse que ela era uma péssima filha e outras coisas muito pesadas,
além de ter forte crise de choro. C. relata que se sentiu péssima, ficou muitos dias,
quieta, em seu quarto, sem vontade de sair; queria morrer já quo ostava fazendo tanto
mal à sua màe que estava doente.
Diante dos últimos impasses entre C. e sua mào, a I. contatou a necossidado
de uma nova análise, uma vez que os procedimentos anteriores nào atingiram o resul
tado além daquele presente durante a terapia que estava em andamento, ou seja, náo
adquiriram controle no ambiente familiar, possivelmente ostava sob controle da T. Per
cebe-se, ainda, que tanto o comportamento de contracontrole, quanto os novos cornpor-
tamontos de enfrontamento (assortividade) da filha, não modificaram o comportamento
da màe (cuja função é manter o controlo sobre a filha). Assim, qualquer resposta da filha
mantém o comportamento da máe. hrente a essa nova análise, surge a nova estratégia:
colocar os comportamentos do controlo por punição omitidos pola mãe om extinção,
como método alternativo ao reforçamento diferencial de outros comportamentos: não
teriam nenhum reforço (nenhuma resposta da filha) (18* sessào).
Procedimento terapêutico
19* sessão
A T. diz a C.: "A sua vida está muito misturada à vida do sua màe quo mantendo
muito controle sobre vocô, também não se movimenta em ter vida própria. T. procura
ilustrar por meio de imagens como vô o relacionamento ontro C. e a mãe. Descreve uma
folha de papel círculos demonstrando as interseções entre a vida dela e da mãe e as
interseções pretendidas, também reprosontadas graficamente. Esse recurso foi utiliza
do devido a sua função didática, e acabou permitindo estabelecer compreensões sobre
as relações estabolocidas entre màe e filha.
A T. diz que mudariam de estratégia, criando uma nova forma do lidar com a
màe diante dos conflitos, testando, assim, um novo procedimento: "Para quo isso acon
teça, você não vai responder ao controle de sua mão, ou soja, não dará explicação,
satisfação, nada que ela tenha chance do "distorcer”; brigar; nada que sustente o con
trole coercitivo. "Em contrapartida, vocô dovorá dar apoio, roforçar todos os pequenos
movimentos de autonomia que sua máe fizer" A T. avisa que certamente as tentativas do
brigas, amuos, caras foias, silêncios e outras variações vão se intensificar, mas depois
se extinguirão... que esses efeitos oram esperados. Para exemplificar, a T. fala da me
táfora da criança "birronta".
Após a nova análise que resultou em novo procedimento, percobeu-se a possi
bilidade de obtenção de resultados; C. diz que a mão está muito bem. C. conta que,
conversando com uma amiga, na mesma sala em que a mãe estava, disse que sua
terapeuta havia discriminado que ela (C.) era muito dopendonte da mãe, que já é adulta,
não ó adolesccnto, procisa ser mais autônoma. C. diz quo a mão ostá ótima, trabalhan
do mais. Disse que a mãe saiu para fazer compras e comprou dois pares do sapatos,
está se arrumando mais.
Considerações finais
Nesse estudo de caso da C. com diagnóstico do IRCT e dopressão, não foi
diferente do que aponta a literatura: puderam-se identificar comportamentos-problo-
mas, descrever intervenções e os resultados.
Através do levantamento da história comportamental, passada e atual, em seus
níveis biológico, social e cultural, chegou-se à descrição da C.’ a queixa biológica foi
identificada como dificuldades (passadas o atuais) em responder adequadamente aos
estímulos da IRCT, o quo acompanhava a não adosão de sou tratamento, no quo diz
rospeito à dieta hídrica, alimentar, programa de exorcícios. A queixa comportamental
social da C. foi identificada como dificuldade em identificar a relação entre os aconteci
mentos antecedentes (mediados pela operação estabelecedora representada pelos
sintomas da IRCT), suas respostas e as conseqüências avorsivas no ambiente, que
por sua vez, retroagiam sobre a cliente, explicando seus pensamentos e sentimentos
depressivos. A queixa cultural/social foi identificada nas dificuldades encontradas pela
C. em seus relacionamentos, mediados por regras e valores assimilados das agênci
as culturais em que esteve inserida.
Desse resultado obtido (identificação das queixas comportamentais) através
da análise funcional do caso, pôde-se identificar características da cliente, déflcits
104 M .iri.i tl.ts C/r.iç.i* R ibfiro K.intfcl c lo,lo L.irlo» M u n i/ M d rím rlli
comportamontais, bem como relaçõos funcionais de controlo passadas e atuais, enco
bertas e externas, que mantinham os comportamentos desadaptativos (que interferem
na promoção da saúde e manutençao do bem-estar físico e psicológico), alvos das
intervonções terapêuticas.
As classes de comportamentos considorados inadequados, com similaridade
de função, trazidos pela demanda da cliente, foram agrupadas om classe comportamental
referonte à saúde, classe comportamental social em ambientos do trabalho e unidades
do saúdo, classe comportamental social familiar.
Para cada classo do comportamontos, aplicava*sc a análiso funcional,
planejava-se a intorvenção terapêutica, obsorvava-se a evolução e se descrevia os
resultados obtidos.
Como a avaliação acompanhava o processo, passo a passo, tornou-so possí
vel fazer novas análises e mudar a intervenção terapêutica, quando não se constatou o
resultado desejado, nas relações do ambionte familiar, por exomplo.
Constatou-se que o déficit em discriminações de sinais e sintomas da IRCT,
que a cliente apresentava, dificultava sua adesão à dieta hídrica, alimentar e ao progra
ma de exercícios, principalmente pela ausência no ambiente de reforços sociais para a
manutenção de comportamentos preventivos e de* tratamento. E que esse déficit de
auto-observação ostendia-se ao reconhecimento e expressão do sontimentos e emo
ções, mas náo necessariamente ao reconhecimento das contingências em questão,
mantenedoras das condições vivenciadas.
Observou-se que, ao implomentar a intervenção, através da relação torapôuti-
ca, apresentação de estímulos discriminativos, modelação e modelagem para compor
tamentos de auto-observação, a discriminação de sinais e sintomas tormou-se um
continuum do reconhecimento e expressão de sentimontos.
Assim, a cliento pôdo constatar que seus sentimentos eram consequências do
relações ambientais, o que a tornou mais sensível às possoas, molhorando suas
intrerações sociais.
Da auto-observação por moio dc relatos c registros escritos, chcgou*sc ao
autoconhecimonto e ao auto-reforçamento, que a levou a cuidar melhor de si e de seu
ambiente.
Em síntese, foram esses os resultados: maior adesão ao tratamento da IRCT,
quanto aos aspectos da dieta hídrica, programa de exercícios, discriminação do sinais e
sintomas, maior controle da ansiedade, bem como, melhoras nas relações com o ambi
ente social o familiar, eliminação dc sentimentos relacionados à depressão. E, pode-se
concluir que, ao aderir ao tratamento psicológico, também havia maior adesão ao trata
monto da IRCT e melhoras nas relações sociais, sendo possível, verificar a interação bio-
operante-social, refletida na qualidade de vida. A C. ainda se encontra em terapia, cami
nhando para a generalização e otimização dos ganhos torapôuticos e acredita-se que,
por sua condição crônica, C. deverá procurar apoio psicológico sempro que discriminar
dificuldades na manutenção de comportamentos que mantêm sua saúdo.
Pôde-se constatar, nesse caso particular, problemas quanto o acesso ao trata
mento do qualidade o a relação paciente/profissionais da saúde, tão apontados pela
literatura entre os principais problemas que afetam a adesão ao tratamento.
Espora-se que a inserção da psicologia na área da saúde possa intermediar
melhoras nessas relaçõos com seus conhecimentos sobre os aspectos psicológicos
que permeiam a vida dos pacientes com IRCT.
1 0 6 M .in .i «i.i« C/MÇ.i* R ibriru R .inflfl c lo.lo L tirlo * M u n i/ M .ir lin flli
controlH de variáveis ern situação clinica Em Banaco, R A (Org ). Sobre o Comportamento e
Cogniçòo, pp 348-384. Snnto André, ESETec.
Guilhardi, H.J (1988) A formação do terapeuta comportamental Que formação? In: H Lettner e B
Rangé Manual do Psicotorapia Comportamental, (pp 313-320) Sào Paulo Manole
Guimarães, F F.; & Kerbauy, R R (1999) Autocontrole e adesão a tratamento em diabéticos, cardíacos
e hipertensos Errr R R Kerbauy (O rg) Comportamento e saúde• explorando alternativas, (pp
149-160) Santo André ESETec
Guimarães, S.S (1999) Psicologia da saúde e doenças crônicas Em: R R Kerbauy (Org .).
Comportamento o Saúde: Explorando Alternativas, (pp 22-45) Santo André' ESETec.
Iriesta, E. R (1990) Psicologia y salud: um analisis conceptual Barcelona: Martinez Roca
Keefe, J.; kopel, A , & Gordon, B (1980) - Manual prático de avaliação comportamental São Paulo'
Manole
Lewlnsohn, P.M.; Biglan, A.; & Zeiss, A S (1976) - Behavioral treatment of depression, In: Davidson,
P O. (ed.) The Behavioral Management of Anxiety, Depression and Pain, (pp. 91-146), New York'
Brunner/Mazel,.
Lima, E M (2003) Complicações da insuficiência renal crônica Em: Silva, A. C. S et al, Manual de
Urgôncias em Pediatria Rio de Janeiro: Medsi
Malerbi, F.E.K. (1997) Discriminação por pacientes diabéticos defcstados glicômicos. Em: D R Zamldnani
(Org) Sobre Comportamento e Cognição, (pp262-276), Santo André ESETec.
Martins, M R.I., & Cesarino, C B. (2005) Qualidade de vida de pessoas com doença renal crônica em
tratamento hernodialltlco Revista Latino-Americana de Entermagom, 13, 670-676
Mchugh, S., A Vallis, T M (1986) Illness behavior operacionalization of the blopsychosocial model
Em S McHugh & T M Vallis (ed), Illness Bohavior: a Multisiciplinary Model Now York Plenum
Press
Mechanic, D (1962) The concept of illness behavior Journal of Chronic Disease, 15, 189-194
Melchenbnum, D., A Turk, D C (1987) Facilitating twatmnnt adlhomnco Now York Plenum Press
Michel, J (1982) Distinguishing between discriminative and motivational functions of stimuli Journal
of the Experimental Analysis of Bohavior, 37, 149*155.
Pereira, L. C., Chang, J., Fadil-Romão, M A .Abensur, H., Araújo, M R T, Noronha, I R , Campagnarl,
J C., & Romao Júnior, J E (2003) Qualidade de vida relacionada à saúde em paciente transplantado
renal. Jornal Brasileiro de Nefrologia., 25, 10-16.
Rocha, M S. N.; & Martinelli, J C M (2002a) Variáveis associadas á náo adesão em terapia
comportamental em cllnica-escola' dados preliminares. Resumos do XI Encontro Brasileiro de
Psicoterapia e Medicina Comportamental, Londrina PR
Rocha, M S N (2002b) Variáveis associadas a faltas e a não adesão em terapia comportamental
em cllnica-escola Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Graduação em Psicologia,
Universidade Vale do Rio Doce Governador Valadares, MG.
Sociedade Brasileira de Nefrologia Censo 2003-2004 Disponivel em: www.sbn.Qrg.br/Censo/
Cflnso200320Q4.htm. Acesso em iunho/20Q7.
Southam, M A ; A Dunbar, J M (1986) Faciliting patient compliance with medical Interventions Enr
K.Holroyd & T.Creer (Eds ) Self-manugement of Chronic Disease, New York Academic Press
Starling, R (2001) Análise funcional da enfermidade- um quadro conceituai analltlco-comportamental
para orientar a intervenção psicológica em contextos módicos Em' H Guilhardi (Org) Sobro
Comportamento e Cognição, (pp 262-296) Santo André: ESETec
Taylor, S. E (1995) Health psychology 3. ed New York: McGraw-Hill World Health Organization
(2003) Adherence to long term therapies- evidence for action. Geneva: World Health Organization.
Disponível em www who mt/chp/knowledge/ /adherencejntroriuction pdf Acesso em 22 de
abril de 2008
K icard o d a C o s ia P a d o v a n i
U n iv e rsid ad e Federal dc São Paulo, C am p u s Kaixada San tisla
* L lia n e A p a r e c id a C a m p a n h a A r a ú jo
U n iv e rsid ad e Fede/ai d c São Ca> los - l. A P R F V
L ú cia C a v a lc a n ti d e A lb u q u e r q u e W illia m s
U n iv e rsid ad e f cdcr.tl dc Sâo C'arlos - 1 A P R f V
111
tos e baseado na literatura da área, Williams, Mafdonado e Padovani (2008) elaboraram
uma cartilha com os aspectos trabalhados nas sessões com as mulheres, a qual está
disponível para download em http://www.lfcc.Qn.ca/uma vida livro da violencia.pdf
Para as mulheres que são mães, buscava-se tambóm trabalhar o manejo de
comportamento do crianças, visando o ensino de habilidades parentais. Com esse intui
to, trabalhava-se com as participantes o poder da atenção contingente, como ologiar e
reforçar, como ignorar comportamento inadequado, como apresentar conseqüôncias jus
tas e eficazes ao comportamento Inadequado, estabelecendo limites e regras, habilida
des sociais, práticas parentais positivas, uso do tíme-out, sistema do fichas, etc., disponí
vel para download em http://www.lfcc.Qn.ca/educacao uositiva dos seus filhos.pdf. As
tócnicas utilizadas consistem em discussões, rolo-playing, loituras, lições de casa o
registro do comportamento (Williams, Maldonado & Araújo, 2008).
No trabalho realizado com crianças e adolescentes ó importante oferecer um
ambiente acolhedor em que os mesmos se sintam seguros, possam falar a respeito
da situação exporonciada e obtenham informações adoquadas a respoito dessa situa
ção de tal modo que eles possam compreender o que aconteceu com eles e, assim,
consigam diminuir a confusão e o sentimento de culpa que geralmente possuem. Além
disso, ó pertinento ensiná-los a lidar com pensaipentos e situações estressantes que
goram ansiedade, os quais podom surgir ao longo da intervenção. Uma técnica eficaz é
o controle da respiração, a qual permite que eles percebam que tem um controle maior
sobro algumas funçõos automáticas do corpo, quo podom oliminar ou roduzir os senti
mentos do tonsão ou ansiedade e que podem desviar o pensamento de idóias e ima
gens desagradáveis. Outra técnica eficaz é o relaxamento, a qual favorece o reconheci
mento da sensação do tonsão o como neutralizá-la. A parada do pensamonto pode sor
útil para crianças que tonham pensamentos negativos que interferem com sua aprendi
zagem escolar, seus relacionamentos e com o sono (Stallard, 2004).
Outro aspecto importante para se trabalhar com as crianças e adolescentes
expostos à violôncia conjugal ou vítimas de maus-tratos infantis consisto na identifica
ção e expressão de sentimentos de forma adequada, é importanto ensinar crianças a
nomear diferentes tipos de emoções, idontificar nivois diversos do intensidade emoci
onal e demonstrar estratégias para exprossar essas omoções de maneira apropriada
Alóm disso, o profissional deve ajudá-las a lidar com a ambivalência de sentimentos
em relação aos pais, a enfrentar adequadamente situações de separação, contruindo
uma auto-imagem positiva de si mesmo. Cabe destacar que todos esses aspectos
podom sor trabalhados individualmente (Ormoflo & Williams, 2006), ou cm grupo
(D’Affonseca & Williams, 2003)
O trabalho com o agressor conjugal envolve as modalidades individual (Padovani
& Williams, 2002; 2009) e grupai (Cortez, Padovani & Williams, 2005) e tom como objetivo
trabalhar a responsabilização pela violôncia e favorecer a emergência de padrões
comportamentais alternativos ao uso da violôncia e que, consequentemente, garantam
o respeito aos Direitos Humanos Fundamontais. Durante a coleta de dados iniciais, ó
do fundamontal importância quo so invostiguo adicionalmonto ao tomas já oloncados
om uma ontrovisto inicial, uma invostigoção critoriosa da infância, obsorvando a ocor
rência ou não de maus tratos infantis na família de origem, do histórico e características
dos comportamentos violentos direcionado a parcoira de ordem intima e terceiros,
quando houver, modalidades (física, psicológico/emocional, sexual) e características
deste comportamento violento (freqüência, severidade). Adicionalmente ó fundamental
que se utilize de instrumentos para mensurar a ansiedade (Beck, 2001), a depressão
(Beck, 2001), a desesperança (Beck, 2001) e a raiva (Spielberger, 2003). Dopendendo
1 1 2 M.trui il.t l/MÇii P.ulilh.i, Ro*eli |)rolirul.i I loucr c Y.tr.i Kuprr*tcm Ingbemi.m
do foco de análise e da intervenção a ser realizada, seria interessante utilizar instrumen
tos que mensurem habilidades sociais (Del Prette & Del Prette, 2001) e estilo parental
dos agressores, como (Gomide/2006)
Dentre as técnicas cognitivas e comportamentais empregadas com agressores
conjugais estão: a análise funcional de seus comportamentos, a análise do crenças o
pensamontos disfuncionais, o manejo da raiva, da depressão o ansiedade, estratégias de
habilidades sociais e resolução de problemas, o uso do relaxamento, a análiso do
consequencias do comportamento violento (curto, médio e longo prazo), o rolo play, a iden
tificação do respostas cognitivas, fisiológicas e comportamentais associadas à omissão
do comportamento violento e o lime-oul Paralelamente, busca-se criar condições para o
ostabolecimonto de rede de segurança, apoio e proteção. Adicionalmente, dentro as estra
tégias psicoeducativas trabalhadas estão: a definição de violência e suas diferentes moda
lidades, a discussão dos Direitos Humanos e a responsabilização pela violência. Confor
mo os princípios da terapia cognitivo-comportamental, é fundamental que o indivíduo que
esteja em processo de intervenção comece a identificar os diferentes fatores de risco que
possam a contribuir para o desencamento de comportamentos violentos, Por exemplo,
discriminar respostas fisiológicos, cognitivas e verbais relacionadas ao aumento da raiva e
assim empregar as técnicas trabalhadas durante a sessão como forma de controle. Desse
modo, o preparo para o manejo de situações de crise »e apresenta como uma habilidade
central entre profissionais que trabalham na área da violência, embora essas situações
sejam um momento delicado e, às vezes, de grande intensidado emocional para o profis
sional que está atuando no caso. Cabe destacar que os casos nos quais os episódios de
violência são de natureza grave tal situação pode se apresentar de forma mais freqüente
(ver Dattilio & Freeman, 2004, Padovani & Williams, 2009).
Seria importante ressaltar que atuar na provonção da violência do ordem íntima
com vítimas e agressores é uma tarefa árdua para o profissional e exige capacitação de
toda equipe para que essa lide com a especificado do comportamento violento e consi
ga ter um bom envolvimento com outros profissionais que atuam nos diversos serviços
que compõem a rede municipal de segurança, proteção e promoção da saúde. Uma
estratégia que pode ser interessante para o desenvolvimento de um corpo de conheci
mento mais sólido, além de favorecer a integração e a implomontaçào do intorvenções
eficazes, soria o estabelecimento de grupos de estudo, o qual ocorreria parelelamonte
às reuniões de equipe, o estudos e discussão de casos clínicos. Além disso, sugero-se
que se formo uma pcquona bibliotoca na própria instituição com títulos pertinentes a
área de atuação. Sondo assim, um processo contínuo de aperfeiçoamento se faz no-
cessário, além de posquisas com delinoamontos sólidos e pertinentes, para que se
tenham resultados promissores para a população alvo, os quais venham realmente
favorecer o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária.
Referências
Adeodato, V.G.; Carvalho, R R.; Siqueira, V. R., Souza, F. G.M. (2005) Qualidade de vida e depressão
em mulheres vítimas de seus parceiros. Revista de Saúde Púbtica, 39 (1), 108-113.
Appel, A E & Holden, G. W (1998) Co-occurring spouse and child abuse Implications for CPS
practice APSAC Advisor, 11( 1), pp 11 -14
Beck, A T (2001) Inventário de Depressão de Beck Em J A Cunha (Ed), Manual da versfio ein
português das Escalas de Beck São Paulo; Casa do Psicólogo
Brasil (2006) Lei Maria da Penha- Lei nu11.340. Brasilia: Secretaria Especial de Políticas para as
Mulheres
Capaldi, D M ; Kim, H & Pears, K (2009) The association between partner violence and child
maltreatment: a common conceptual framework Em: Whitaker, D.J & Lut/ker, J.R Preventing
Partner Violence: Research and evidence-based intervention strategies, (pp 93-111) Washing
ton, DC: American Psychological Association
Cortez, MB., Padovani, R.C., & Williams, L.C A (2005) Terapia do grupo cognltlvo-comportamental
com agressores conjugais Estudos de Psicologia, 22 (1), 13-21
Dahlbery, L.L & Simon, TR (2006) Predicting and preventing youth violence developmental path
ways and risk In' Lut/ker, J.R (org.) Preventing violence: research and evidence-based Interven
tion strategies, (pp 97-124) Washington American Psychological Association
DeGue, S & DiLillo, D (2009) Is animal cruelty a "red flag" for family violence? Investigatingco
occurring violence toward children, partners, and pets Journal of Interpersonal Violence, 24, 6,
1036-1056
Gomide, PI C (2006) Inventário de estilos parentais (IEP) Modelo teórico, manual de aplicação,
apuração o Intorprotação Petrópolis:Vozes
Graham-Bermann, S A (2002) The impact of woman abuse on children's social developmentre
search and theoretical perspectives In: Holden, G.; Geffner, R A Jouriles, E N Children exposed
to marital violence: theory, research and applied fssi/es Washirigton, DC: American Psychological
Association, 21-54
Gunter, J (2007) Intimate partner violence Obstetrics and Gynecology Clinics ot North America,
34, 367-388
1 14 M iiri.i il.i C/Kiç.i I'ciililh.i, R oifli Uroliml.i I lauer t V.ir.t Kupcrstcm liitfbcimiin
Hamberger, L K (2008). Twenty-five years of change in working with partner abusers—part ii:
observations from the trenches about changes in understanding of abusers and abuser treatment.
Journal of Aggression, Maltreatment & Trauma, 17, 1, 1 - 22
Hamberger, L K & Holt/worth-Munroe, A (1999) Partner violence Em FM Dattilio, & A Freeman, (Ore.),
Cognitivo Bohavloml Strategies in Crisis Intervention (pp 302-324). London' Thu Guilford Press
Henning, K Jones ft Holdford, R (2005) “I didn't do it, but If I did I had a good reason"' minimization,
denial, and attributions of blame among male and femalo domestic violence offenders. Journal of
Family Violence, 20, 3, 131-139
Henning, K & Holdford, R (2006) Minimization, denial, victim blaming by batterers: How much does
the truth matter? Criminal Justice and Behavior, 33,1,110-130 Acessado 08 de Julho, 2008,
disponível em: hUp://cib.saueoub.com
Holt, S., Buckley H & Whelan S (2008) The impact of exposure to domestic violence on children and
young people' A review of the literature Child Abuse and Neglect, 32, 797-810
Holtzworth-Munroe, A. & Meehan, J C. (2004) Typologies of men who are maritally violent: Scientific
and clinical Implications Journal of Interpersonal Violence, 19,12.1369-1389
Kim, J., Talbot, N.C. & Cicchetti, D (2009) Childhood abuse and current interpersonal conflict: The
role of shame Child Abuse & Neglect, 33„ 362-371
t
Koss, M P; Bailey, J A ; Van, N P (2003) Depression and PTSD In survivors of male violence:
research and training initiatives to facilitate recovery Psychology of Women Quarterly, 27, 130-
142, 2003
Lamoglia, C V A & Minayo, M C.S (2009) Violência con|ugal, um problema social e de saúde pública'
estudo em uma delegacia do interior do Estado do Rio de Janeiro Ciência & Saúde Coletiva, 14,
2,:595-604
Levendosky, A A & Graharn-Bermann, S A (1999) Behavioral observations of parenting in battered
women Journal of Family Psychology, 14, 1-15
O'Leary, K Ü & Woodin, t M (2006) Bringing the agendas together- partner and child abuse. In:
Lutzker, J R (org ) Preventing violence: research and evidence-based Intervention strategies,
(pp,239-258) Washington American Psychological Association
Mcdonald, R Jourlles, E.N.; Tart, C D & Minze, L C. (2009) Children's adjustment problems in families
characterized by men's severe violence toward women: Does other family violence matter? Child
Abuse and Nogloct, 33, 94-101
Ormerto, GR , & Williams, L C A (2006) Intervenção precoce com crianças agressivas: Suporte á
família o á escola. Env H H Guilhardi e N C Aguirre Sobre comportamento e cogniçòo: Expondo
a variabilidade (pp. 168-182) Santo André' ESETec.
Padovani, R.C. A Williams, L C A (2002) Intervenção Psicoterapêutica com agressor conjugal: um
estudo de caso Psicologia em Estudo, 7, (2), 13-17
Padovani, R C & Williams, L C A (2008) Histórico de violência intratamiliar em pacientes psiquiátricos.
Psicologia: Ciência e Profissão, 28 (3), 520-535
Padovani, R C & Williams, L.C A (2009) Atendimento psicológico ao homem que agride sua parceira.
Em R C Wielenska (Org ), Sobro Comportamento o Cognição (pp 305-313. Santo Andró: ESETEC.
Panuzio.J., Taft, C.T., Black, D A , Koenen, K C. & Murphy, C M (2007) Relationship abuse and
victims' posttraumatic stress disorder symptoms: associations with child behavior problems Jour
nal of Family Violence, 2,177-185
Paula, C.S.; Vedovato, M.S.; Bordin, IA S .; Barros, M GS M.; D'Antino, M h.F. & Mercadunte, M. I.
(2008) Saúde mental e violência entre estudantes da sexta série de um município paulista Revista
de Saúde Pública, 42, (3), 524-528
1 1Ó Mctrui iLi i/MÇii I’.nlilha, R o*rli l>rolmd«i I liiuor c Y.im K uprtstrm Inn brtn iiin
Capítulo 8
Abordagem ao adolescente com
transtorno de personalidade
borderline: relato de caso clínico
M aria da C/ra^a Padilha - CLTLCC
Universidade luiufi do I\irtin<i [\J I C)
T«.iculdcidc I viin^cliiM do Paraná (FT PAR.)
Este trabalho tem como objetivo apresentar o caso clinico de uma adoloscente
com transtorno de personalidade borderline. Sorão abordados a caracterização do
quadro e os procedimentos terapôuticos utilizados com a adolescente e com a família.
Inicialmente será feita uma breve introdução ao conceito de Transtorno de Personalida
de Borderline, no entanto não esta no escopo deste trabalho uma extensa revisão, será
introduzida a história da família, em seguida aspectos etiológicos, a descrição do caso
e o tratamento da família e da adolescente.
O Transtorno de Personalidade BORDELINE caracteriza-se por uma das emo
ções caracterizada por alguns autores como fogo e golo, vivondo todas as situaçõos
com maior intensidade e descontrole. Para alguns autores caracteriza-se como uma
“Personalidade excitável" - Kraeplin (1921). São desafiadoras e difíceis de tratar, preci
sam sentir-se apaixonado, amado pelas pessoas e sentir e viver a vida intensamente.
São pessoas desinibidas, animadas c alegres, quando o estado de humor emocional
encontra-se positivo; mas manifestam intensamente ira impulsiva, raiva, revolta, ma
nia, quando seu estado emocional encontra -se negativo. Geralmente encontramos
sujeitos com muita dificuldade de exprossar a raiva, apresentam comportamentos auto-
lesivos, inclusive com comportamento de risco para o de suicídio. (Barlow, 2009)
A fam íla
A estrutura familiar do adolescente em questão, é composta pela mão G.P 46
anos, formada em Direito, o que desenvolve suas atividades profissionais em um
órgão público, descrove seu trabalho como uma atividade de muita responsabilidado.
A família ó composta por dois filhos do primeiro casamento. O primoiro filho tem 18
anos, M.T., ó ostudante universitário em dois cursos superiores simultaneamente. Apre
senta diagnóstico do Transtorno obsessivo compulsivo, o Transtorno do Pânico. En-
contra-sn em acompanhamento psiquiátrico e psicológico, por um período de três anos
A segunda filha do casamento é J.A. ó estudante, oncontra-so com 15 anos e no
momonto do acompanhamento terapêutico, esta com 1,70 m do altura e 80 kilos. Foi
diagnosticada com I ranstorno do Personalidade Borderline pela equipe de atendimen
to. O casal esta separado a13 anos. O Pai dos adolescentes ó J.M. encontra-so com 52
anos, segundo relato da ex-osposa trata-se de uma pessoa exlremamonto inteligente,
no entanto, faz uso de álcool e drogas, sendo considerado dopendente quImico.Apresenta
discurso aberto e declarado quanto ao seu comportamento de opção sexual para a
Bissexualidade. Sente-se Infeliz,quando pensa que esta deixando no mundo sementes
ruins, sous filhos.
Segundo relato da mãe, sou primeiro casamento, do qual sào os filhos M.T. e
J., foi fruto de uma grande paixão. GP acreditou que pudesse mudá-lo, e investiu na
relação, financeira e emocionalmente. Constantemente frustrava - se quandu não con
seguia promover mudanças no comportamento do marido e acreditava que ora por
incompetência dela, que elo não se curava. Tiveram uma história no casamento com
vários internamontos dele. Quando ela engravidou da menina, elo rejeitou a gravidez,
culpou a paciente por nào ter se cuidado para nào engravidar.
G.P. se sentia culpada pela escolha quo fez para o pai das crianças, o tentava no
acompanhamento dos com os filhos, compensar na atonção e cuidado, sondo muitas
vozes, inconsistente no comportamento com o marido o com os filhos. Separou-se do
marido quando a menina tinha 1 ano o moio. A gestação de J. foi complicada, G.P. ficou
muito do cama, triste o fragilizada, reconhece que nesto momento buscava do atenção,
No momonto do atendimonto G.P. encontra-so em seu sogundo casamonto
com E.D. 50 anos..Trata-se de um relacionamento que dura 11 anos,ele é empresário,
filho único e, segundo relato de GP. é imaturo, carente, mimado. Para ela, o atual
marido, se comporta como filho mais velho, e novamente ela tem uma postura de
cuidar o tontar mudá lo. A mâc dolo 6 dependente financeiramente dolo o cio dcdlca*so
a esta, com atenção e cuidados, sendo definido pela paciento como um bom filho para
com a sua mãe
• A cliente
J. 15 anos, aos 13 apresentou quadro do anorexia, quando fez tratamento com
psiquiatra de abordagem psicanalítica. Relata ter parado de comer para ficar magra, por
causa do um rapaz por quem se apaixonou,conheceu pela internet,trata-so de um rela
cionamento de amor platônico.
15 dias (antes da primeira consulta) havia sido internada na UTI batendo
cabeça e os braços, chorando e gritando por várias horas. A mãe relata que quando não
ostá em crise ó "normal" que até os 13 anos era a filha ideal, com a anorexia começou
a se afastar, ficar mais no quarto, na internet No primeiro bimestre tove vários dosmaios
na escola, se não gostasse do professor, da matéria ou se tivesse alguma prova.
Aqui so apresentam algumas falas da cliento, nas primeiras sossõos, que
ilustram o inicio do trabalho: “sinto vontade de fazer uma coisa, os pensamentos apare
cem, vou me machucar o me machuco” (sic). Relata ainda modo de morror, " quero
continuar aqui mas tinha grande vontade do oxperimentar a morto para vor como era"
(sic), " uma vez tentei mo atirar do carro cm movimento, não ponsoi no quo poderia
Histórico escolar
Até a oitava série foi excelente aluna, os problemas começaram no primeiro
ano do segundo grau quando acompanhou uma colega que tinha problemas alimenta
res e convenceu-se de que para poder namorar um garoto devoria sor muito magra, o
que deu início ao quadro de anorexia.
Após o tratamento pela anorexia, para o qual teve de afastar-se da escola o
passar a usar medicação, no retorno passa a tor dificuldades escolares que não quer
admitir, começa a tirar notas baixas, a escola fica desagradável (pois é perfeccionista e
não admite as notas baixas) . Já nào tem amizades e nem as quer.
Com a aversividade passa a ter crises na oscola o, por indicação do psiquiatra,
ó retirada da oscola. No início de 2009 retorna para a segunda sério do segundo grau o
consegue acompanhar, mas já admite as dificuldades e as atribui aos romédios e à
falta de interesso nos assuntos, mas que deve estudar tudo assim mesmo.
Aceita aulas particulares para auxiliá-la na recuperação dos conteúdos e relata
estar obtendo bons resultados mesmo que abaixo do seu potencial.
Tratamento
A mão estava angustiada, estressada, perdida, não sabia como proceder pe
rante os comportamontos da filha, seu sentimonto era de culpa pelo pai que escolheu
para seus filhos, e pela herança genética que deixou, estava estressada tambóm
porque precisava estar vigiando sempre a filha devido às crises e tentativas de auto-
agrcssão, c sensação dc c fracasso.
A mãe não sabe como reagir frente às crises, controla dando remédio, sente
que a filha monte, engana, faz cena, na crise faz cena como se fosse enforcar-se.Sem o
apoio do padrasto, do ex-marido, do filho que nào querem ficar com J., só a empregada
(que está com a família desde que J. tinha 11 anos, fica o dia inteiro, e tambóm aos
sábados, participando, com a màe do esforço de vigilância)foram então encaminhados
para acompanhamento e orientação familiar para outro terapeuta.
Após nova crise de auto agressão a terapeuta solicita uma entrevisto com o
casal na qual ó informada que o psiquiatra diagnosticou o quadro como transtorno
bipolar esquizoafetivo o desejam saber da concordância do terapeuta. Foi discutida
com o casal a noção de quo o que importa ó como ela se comporta o não uma
categorização nosológica no que eles concordaram
Como parte das tentativas para mostrar que J.. pode tor controle sobre si o
padrasto, para provar que J.. pode conter as crises so quiser, condicionou uma viajem a
SP para um festival Anima se esta nào tivesse crises. J. teve crise na presença da mãe
e osta escondeu do pai (foi apenas uma), desta forma o padrasto a levou ao fostival,
para que encontrasse um namorado que J. tinha peta internet, o encontro nào foi como
imaginava e teve uma crise. Amigos acudiram o náo contou ao padrasto.
Vários aspectos do comportamento de J. foram analisados e os pais começam
a perceber que J não se machuca ao cair, a mãe acha que J. parece querer agredir a
màe com as crises. Relata que tudo começou quando disse para J. ajudar em casa. As
ligações que a màe faz não parecem relações de contingência, mas regras que nos
adquiriu diferentes tratamentos psicológicos O padrasto, por não ser pai biológico, não
se sente a vontade para punir e relata que tem se sentido usado por J.
Frente a estas colocações foi reiterado que se mantivessem na terapia do
casal e da família para direcionar estas questóes.
O trabalho de terapia foi iniciado com o atendimento da mãe trabalhando em
primeiro lugar a relação terapêutica e a relaçào de confiança entre a mão o a terapeuta.
Nas primeiras sessões foi necessário deixar que a mãe roaliza-se sou desabafar sobro
todo este período em lidou com os sintomas sem ter sido devidamente esclarecido dos
procedimentos a serem roalizados com a filha, na realidade a mãe encontrava-se sob um
grande estresse frente ao transtorno. Informação e estratégias de psicoeducação foram
Abuso psicológico
Abuso psicológico ou emocional pode ser definido como incidentes recorren
tes de críticas, agressao verbal, assim como atos para isolar ou dominar outra pessoa.
Inclui ridicularizar, destruir a propriedado da vítima, isolá-la omocionalmento, ameaçar o
isolar a vítima da família o amigos. O propósito do tal comportamento ó induzir medo,
punir o controlar a vítima. A pesquisa sobre abuso psicológico pode ser difícil porque o
comportamonto toma vários formas, algumas das quais podem ser sutis, tornando
difícil caracterizar o abuso psicológico (Renzetti, 2008).
De acordo com Kairys o Johnson (2002) o abuso psicológico consiste na rejei
ção, depreciação, desqualificação, discriminaçáo, utilização da criança para atendur às
necessidades psicológicas do adultos, por exemplo, com cobranças e puniçõos oxage-
radas, que podem trazer danos ao seu desenvolvimento geral. Estes autoros afirmam
quo algumas crianças estão em maior risco do que outras para sofrerem abuso psico
lógico, por estarem sujeitas a condições como divórcio dos pais, inexperiência dos
pais, abuso de substâncias por parte destes, isolamento social da família e da criança.
Como conseqüências do abuso psicológico, Kairys e Johnson (2002) incluem
a destruição do senso de self e segurança pessoal, baixa auto-estima. sintomas de
ansiedade, depressão, pensamentos suicidas, instabilidade emocional, falta de
responsividade emocional, problemas de controle de impulso, auto-mutilação, trans
tornos alimentares, abuso de substância, habilidades sociais pobres, problemas de
apego, baixa compotôncia social, falta de ompatia, auto-isolamento, insubmissào,
desajustamentos sexuais, dependência, agressão, violência, delinqüência,
criminalidade, dificuldades de aprendizagem, baixo rendimento escolar, dificuldades
no julgamento moral, falhas em prosperar, queixas somáticas, saúdo prejudicada.
Na terapia da mãe e da família os focos do terapeuta foram:
a) desenvolver repertório de discriminação de comportamentos validante, trabalhando com
a mãe a capacidado de discriminar a comunicação de exporiôncias privadas o do compor-
tamontos auto gerados nos relatos verbais da filha,por exomplo:de:"você osta com raiva
mas não admite", Para:"è nalural você estar sentindo raiva, você, tem motivos para isto."
b) reforçar demonstrações de emoções e evitar o crescimento de tensão emocional,
por exemplo.no momento quo a filha rompe um relacionamento, f/ca deprimida",e a
O tratamento de J.
Os objetivos inicialmente propostos foram dosenvolver a noção de self e levar
a um maior controlo sobro a impulsividade c a regulação das emoções de acordo com
Kohlemborg e Tsai (2001).
Seguindo sua descrição do que ocorre no transtorno borderline abaixo descrita
procederam se as interveções:
O ambiento ideal não patológico para Kohlemborg e Tsai (2001, p 151), resulta
no controle de " eu vejo", o outras unidados intermodiarias como “ ou quoro", "eu sinto",
"eu sou" e "eu tenho", por estímulos internos. Esse tipo de ambiente envolveria os pais,
que dão dicas e reforçam o comportamento da criança ao dizer “ eu vejo x" toda vez que
a criança está de fato vendo o objeto x e nào om outras horas quando ela esta vendo y,
esse ideal ó impossível entretanto , dado que os pais nào vôem dentro da criança e
devem so ator aos sinais públicos o muitas vozes reflotem suas próprias realidades.
A localização ‘oxtorna" dos ostímulos que evocam o "ou" seria experimentada
como unia despersonalizaçào, e quando esses estímulos externos estivessem au
sentes, a pessoa experimentaria a ausência ou perda do self. Desde que o vazio se
refira a alguma coisa quo estava contida dentro e agora se foi, a presença e ausência de
estímulos que controlam a experiência do self seria tateado como "vazio”. Kohlemberg
e Tsai (2001 ,p. 163-164)
Assim as habilidades de discriminação dos pais o a atenção a esses estímu
los públicos são fatoros importantes na doterminação de qual grau do "ou vejo" será
controlado por estímulos privados. Kohlemberg e Tsai (2001, p. 151).
Passamos agora a descrever algumas intervenções orientadas pelas pautas
teóricas acima descritas
Na 4* sessão aparecem as seguintes discriminações: "As crises são diferontes
das tonturas, são um apagão, como probloma na pressão sanguínea" (sic); "Meu corpo
está se protegendo de alguma coisa, de muita ansiedade e muito nervosismo" (sic);
exercícios para localizar os botões que ativam o sistema. Relato de quo ligou para amigo
om SP e brigou com ele , a partir dal sentiu medo de morrer e coisas que nunca passaram
por sua cabeça Localizou que este fato trouxe a crise e sensação do que ia morrer.
Foi realizada com a cliente a seguinte análise funcional; Fronte ao perigo repre
sentado pelo novo , polo desconhecido , ou pelo previsto não consegue agir assim
alguóm tom do fazor por ola, doixa quo o outro faça, não aprondo a rospondor nas
situações e só lhe resta ficar mais ansiosa.
10 tamio inukVi aqui no wtitklouMjaf rnnwhi ao paJettogo (tovklNnwnla habdtUi(k> para plariqar • conduzit mna InlttrvHOçAoImltvkiuHl
(Him nym jxi O InmtnroorcIflfWKtíinJtwiIgnaopmflaãlotwl pnr w»mn)»lti umyxnfctaare,qim mi>i»»fiwrvtMo (Y * x U u litti THS wnconUixtmiAo
dlriion
* A ir H lo i i iK i H t t v I v A f K lm ii M u f x t t b i f t M ii M m k M a t l a a t m i i x t V H i iU M U f U iM U . u > H iK lit|> n rtii< i«il« *|X H je ta i!iliA in # tm x > r K lu / k lH , < xxn A x lk i, iK x x m tftX k )
iln H U in tlm te n k i d l n k w k K ltvkliiH l
( x iU ir K a t tlm r n h i n o o r r iiin » h u m u « i|x > vth*ruk> t i i t m v w t ç f t o » t t w i » h u m i A o i Ic « » h ttfo liv M » v n r D ol Prntto o 0 * 1 P w tto (^OOSh. b),
nidstiíiii) (700A)
3. Considerações finais
Nesse ensaio, defendo-se o método vivencial como contexto privilegiado para o
ensino e a aprendizagem das habilidades sociais. Programas de base vivoncial foram
Referências
1 4 0 A le**,! rnlui Sdlina B rin d ío , frm .tin l.i A u r u íIiiií IV /a iIo c l l.iuili.t K .im i O slino
valor adaplativo, o valor de sobrevivência do comportamonto em relação ao seu ambien
te (Matos, 1999; Meyer, 2003; Neno, 2005; Kaníer & Saslow, 1973; Sturmey, 1996).
Segundo Matos (1999), para se realizar uma análise funcional do comporta
mento deve-se seguir os seguintes passos: 1) definir precisamente o comportamento
de interesse; 2) Identificar e descrever o efeito comportamental (especificações sobro o
comportamonto, como a freqüência); 3) Identificar relações ordenadas entre variáveis
ambientais e o comportamento de interesse e identificar relações entre os comporta
mentos de intoresse e outros comportamentos existentes (descrição das situações
antocedontos o subseqüentes, dentre os antecedentes quais são condições o dentre
os subseqüentes quais são conseqüências); 4) Formular prodições sobro os efoitos
de manipulação dossas variáveis o desses outros comportamentos sobre o comporta
monto do intorosso (identificar a naturoza das rolaçõos: so roforçamonto positivo ou
negativo, punição positiva ou negativa); 5) Testar estas predições. Para testar experi
mentalmente as hipóteses funcionais, dolineamentos do pesquisa devem ser realiza
dos, podendo ser de linha de base simples, de reversão, de linha de base múltipla, com
mudanças de critérios e de tratamentos alternativos (Matos, 1999).
Na análise funcional experimental a relação funcional entre as variáveis devo
ser explicitada; as variáveis precisam ser manipuladas experimentalmente de forma a
demonstrar suas relações causais com o comportamento (Sturmey, 1996). Para a des
crição de contingências no contexto clinico, utiliza-se a análise funcional descritiva (AFD)
descrita por Sturmey (1996). Para a AFD, os comportamentos-problema são aprendidos
ao longo da vida, baseando-se na consideração de que contingências atuais devem
estar operando para mantê-los e falhando para manter comportamontos adaptativos
equivalentes.
Outro ponto importante para a análise funcional descritiva no contexto clínico é
a realização de análises moleculares e molares. Segundo Meyer (2008) e Catania
(1999), a análise molecular trata-se da descrição de relações de três termos entre
eventos (situação antecedente, resposta e conseqüência) e a análise molar descrevo
diferentes respostas portencentes a uma mesma classe, mas que têm a mesma fun
ção, apesar dc topografias diferontes A autora rossalta que intorvcnçõos pautadas
apenas em análises moleculares normalmente apresentam bons resultados, mas os
mesmos não se mantêm a médio e longo prazo, algo que aumenta de probabilidade a
partir de análises molares
Para oxemplificar os conceitos mencionados acima pode-se descrever o caso
hipotético de Pedro, um jovem de 24 anos diagnosticado com síndrome do pânico.
Podro tove um primeiro ataque de pânico há um ano, poriodo no qual ostava so prepa
rando para concorrer a uma vaga de emprego. A partir desse evento, diante do situações
que so constituíram como avorsivas em sua história de vida. como rocober convites do
amigo para ir a bares, receber críticas dos pais e sor recrutado para uma nova entrevista
de emprego, o cliente descreve várias respostas emocionais que são nomeadas pelos
manuais psiquiátricos como características da síndrome do pânico, como: taquicardia,
sudorese excessiva e sensações de asfixia. Além das respostas emocionais, Pedro
também apresenta diversas respostas operantes, como: recusar o convite do amigo
para sair justificando que pode "passar mal”, apenas resmungar diante das críticas dos
pais e desmarcar a entrevista de emprego alegando que pode ter um novo ataque de
pânico ao andar de ônibus. Como nota-so nessas doscrições, aposar do clionto apro-
sentar respostas operantes diferentes todas têm a mesma função: produzir a esquiva
de eventos aversivos (SR-) e talvez, produzir o cuidado e atenção das pessoas que
Idontificação da cliente:
Ana, uma mulher de 47 anos; separada há 3 anos; mão de 4 filhos, 2 homens
e 2 mulheres entre 20 e 26 anos.
Queixa apresentada pela cliente:
Em um primeiro momento as terapeutas tiveram acesso ao prontuário da clion-
te, no qual havia a descrição de que Ana apresontava sindromo do pânico com agorafobia.
Logo na primeira sessão do atendimento a cliente descreveu as seguintes
queixas1medo de sair de casa acompanhado de ânsia de vómito; dificuldade do ingestão
de alimentos e medicações o ataques de pânico em locais públicos o transportes
coletivos, os quais passaram a sor ovitados.
A partir dessas primeiras informações as terapeutas iniciaram o procedimento
de elucidação da queixa e elaboração de hipóteses funcionais, conforme descrito abaixo.
142 Alcs*<milu Stliu.i Ktamliio, Icrn.nnl.i Autfuslmi l’c/Mto e L Lu/ili,t K.imi Kitstos Oshno
ria se aplicar ao caso om questão, e dessa forma, fazorom investigações mais
direcionadas e quo pudossem produzir dados úteis para uma intervenção mais efetiva.
Segundo Zamignani e Banaco (2005), as respostas de ansiedade (inclusivo as
envolvidas nos transtornos de pânico com agorafobia) são mantidas por contingências
do condicionamento clássico o por condicionamento operanto (podendo incluir contin
gências do reforçamento positivo e negativo).
A partir dessos primoiros dados da literatura as terapoutas elaboraram porgun-
tas a fim de esclarecer quais variávois estariam mantendo o conjunto de comportamon-
tos do Ana descritos como "síndromc do pânico com agorafobia"
Etapa 2: obtenção de dados a partir do relato de Ana referente a contingên
cias presentes em sua vida cotidiana.
Nossa etapa as terapeutas objetivaram investigar:
A) Quais eventos estariam eliciando as respostas emocionais de ansiedade, sob o
paradigma do condicionamonto clássico? Que estímulos ambientais podoriam ter se
pareado a situações aversivas, adquirindo a capacidade de eliciar as respostas emoci
onais descritas pela clionte (S aversivos condicionados),?
B) Considerando que um padrão de ansiedade não so mantém aponas por contingên
cias de condicionamento clássico, como também por contingências operantes: Como
contingências do roforçamento positivo e/ou negativo podoriam so aplicar ao caso do
Ana? Quo eventos subseqüentes aos ataques de pânico ou da doscrição dos sintonias
podoriam estar mantendo a problemática da cliente? Que contextos tornariam tais eventos
mais ou menos reforçadores?
144 Alcuiim lrii S.tlin.t Kr<iml.iu, I rrn.iiul.i Autfuftim IV//,ilo r CLiuili.t Kitmi K.itlos Onhiio
Com base nos dados obtidos elaborou-se a seguinte análise funcional:
Tabela V quadro representativo da análise funcional elaborada pelas terapeutas no caso de Ana, a
partir das etapas descritas*
Conclusão
A partir o relato do caso dc Ana obscrvou-sc que alguns aspectos contribuíram
para a realização da análise funcional descrita, entro elos: o embasamento das hipóte
ses diagnósticas em sugestões da literatura e a observação dos comportamentos da
cliente em sessão.
Entre as sugestões da literatura ressalta-so o trabalho de Zamignani e Oanaco
(2005) que discute não apenas os aspectos respondentes como os operantes dos
transtornos do ansiedado o proporciona pistas do algumas variáveis quo podem ostar
envolvidas na manutenção desses transtornos, como conseqüências reforçadoras con
tingentes ao comportamento do cliente de relatar respostas corporais de ansiedade.
Destaca-se também o trabalho de Matos (1999) que explicita as etapas a serem segui
das pelo terapeuta comportamental para a realização de análises funcionais e as con
tribuições de Meyer (2008) sobre as vantagens da análise funcional molar.
A observação dos comportamentos de Ana em sessão, especificamente a sua
interação com as terapeutas o domais participantos do grupo terapêutico foram essen
ciais para o fortalecimento da hipótese funcional doscrita, principalmente por ilustrar os
comportamontos sofisticados dc esquiva da cliento e por compensar, em parte, a difi
culdade de Ana em relatar os eventos de sua vida cotidiana.
Por meio das estratégias descritas acima, o diagnóstico do caso do Ana não so
pautou exclusivamente em descrições topográficas, mas levantou hipótesos sobro va-
riávois ambientais quo poderiam manter as dificuldades de cliento, fornecendo, dossa
forma, pistas para uma intervenção mais eficaz.
Ale**.tmli.t SdlIDii Hi.md.io, I em.mJ.t Auguntmi IY//. 1I0 0 Cl.iuili.i K.mii B.iilos Oslmo
Capítulo 11
Processos terapêuticos de longa duração:
variáveis relevantes e critérios de
alta
A n l o n i o S o u s a e S ilv a
Cí f r A C - Centro de f sludos e Terapia Analíf ico-comporlamcnlal
Apresentação do Caso
Dóbora (nome fictício), solteira, 2" grau completo, 26 anos nu inicio da terapia,
desempregada, morava com seus pais. Iniciou tratamento psiquiátrico aos 24 anos o
foi encaminhada para terapia com diagnóstico de Transtorno Afetivo Bipolar.
O ambiento familiar era muito tenso, sous pais são evangélicos, viviam cons
tantemente em conditos e agressões. O pai, muito rigoroso, quando alcoolizado a agre
dia fisicamente por qualquor motivo c fazia amoaças do cxpulsá-la do casa. Sua mão
exorcia atividades do lar, sondo dependente do marido. Nos conflitos procurava prote
ger a filha e atendor, desde pequena, suas vontades.
Dóbora veio para terapia já tondo vivenciado Irês anos de terapia do orientação
psicodinàmica, dois anos de tratamento psiquiátrico, usando medicamentos
antidepressivos, ansiollticos. estabilizadores do humor e várias buscas do ajuda em
diferentes igrejas evangélicas
Apresentou dificuldade em aderir a terapia, apresentava também, grande difi
culdade em rolocionamontos intorpossoais, não dava continuidado a namoros, amiza
des, ostudos e empregos Relatava sontir-se sem rumo, queixava-so da falta de sentido
de sua vida e que “não agüentava mais a vida só lhe dizer não”.
Do acordo com sua mão, Dóbora sempro tovo dificuldade em fazor amizados,
brigava por qualquer motivo, era agrossiva. Após a adolescência essas dificuldados
acentuaram-se, passaram a ocorrer vários episódios agressivos em casa, na escola,
na rua, sondo quo, na seqüência, Débora sentia-se muito mal, tristo, rejeitada, o nos
sos períodos aprosontava episódios do tricotilomania o falava em suicídio.
1 4 H A n to m o bous<i t Silv«i
o sujeito insensível à contingência, ou ainda seu comportamento verbal podo ficar tào
descolado das contingências roais, ao seguir essas auto-instruções e ao responder às
sensações que, algumas vezes, eram interpretadas por ela como alucinação ou delírio.
O processo terapêutico envolveu:
1. Novo modelo explicativo baseado nos princípios da análiso do comportamento para
pensamentos, sensações e reações orgânicas;
2. Desenvolvimento de comportamontos governados por novas regras, se possívol,
testadas o funcionalmente relevantes;
3. Desenvolvimento de repertório social modelado a partir do esquema de controlo por
reforçamento positivo;
4. Desenvolvimento de um padrão verbal baseado nos princípios da análise do compor
tamento como alternativa às auto referências negativas o as freqüentes queixas
internalistas.
Referências
Andery, M A P A (1997) O modelo de seleçáo por consequência e a subjetividade Em: Banaco, R A (orçj)
Sobro Comportamento e Cogniçào: Aspoctos teóricos, metodológicos o (1e formação om análises do
compoitumento e terapia coynitivistu, voí 1. (pp, 199-208) Santo Aotírá, SP; Esefec
Catanla, A C ; Matthews, B A.; Shirnoff, E H (1990) Properties of rule-governed Behnviour and
their implications In: Blackman, D E.; Lejane, H (Eds.) Behaviour anlysls in theory and pratico (pp
215-230) Hillsdale, NJ: Erfbaun
Catania, A C.; Shlmoff, E (1998) The experimental analysis of verbal Behavlor. The Analysis of
Verbal Behavior, vol 15, 97-100
Gullhardi, H J (2002) A resistência do cliente a mudanças Errv Guilhardi, H. J ; Madi, M B B ;
Queiroz, P P.; Scoz, M C. (Orgs) Sobre Comportamento e Cognição. Contribuição paro a
Construção da Teoria do Comportamento, vol. 9 (pp 133-156) Santo André, SP ESETec
Nico, V. C (2001) O que é autocontrole, tornada de decisão e solução de problemas na perspectiva
de B F Skinner Em: Gulhardi, H J.; Madi, M B B ; Queiroz, P P, Sco/, M C (Orgs ) Sobre
Comportamento e Cogniçèo: Expondo a variabilidade, vol 7 (pp 62-70). Santo André, SP: ESETec
Siíva, A S.; Banaco, R A. (2000) Investigação dos efeitos do reforçamento. na sessão terapêutica,
sobre trés classes de respostas verbais do cliente Revista Brasileira de Terapia Comportamental
e Cognitiva. 2 (2) pp 123-136
Skinner, B F (1953/1994) Ciência e Comportamento Humano Sfio Paulo' Martins Fontes
Skinner, B F. (1982) Sobre o behavlorismo Sáo Paulo: Cultrix Traduçáo de Maria da Punha Villa
Lobos (Publicado originalmente em 1974)
Tourinho, E Z (1995) O autoconhecimento na psicologia comportamental de B F. Skinner Coleção
Carlos Alberto Nunes Belém- UFPA
Diagnóstico comportamental
Essa etapa do procedimento ó muito importante para a condução efetiva do
tratamento quo ainda quo tenha uma estrutura garante também uma flexibilidade aton-
dendo às demandas o objetivos individuais. Autores da Análise do Comportamonto
Aplicada (Goldiamond, 197A/2002; Meyer, Oshiro, Mayer & Starling, 2008; Sturmey, 1996)
apontam aspectos que o terapeuta comportamental deve considerar quanto à avaliação
do ropertório do clionto.
Goldiamond (1974/2002) entendia que os comportamentos "patológicos” po
deriam ser modificados por intervenções apropriadas lovando o cliente a desenvolver
maior auto-controle e autoconhecimento, valendo-se sobretudo de conseqüências in
trínsecas Para o autor ensina-se autoconhecimento através de perguntas que levem o
cliente a descrever contingências e, ao ensinar, relações funcionais, favorece o senti
mento do motivação du mesmo. Sturmey (1996), que íoi leitor de Goldiamond, aponta
que poucas pesquisas têm se engajado em conduzir os clientos a fazerem análises
luncionais de seus próprios problomas, o que em gorai precisa ser onsinado e o móto-
do do auto-rogistro tom-so mostrado efetivo para osso fim Rocontomonto, om sua
Dissertação de Mestrado, Silveira (2009) constatou que mães atendidas om grupo
ampliaram o comportamento do doscrovor as contingências a que respondiam o que
tal repertório foi associado ostatisticamente com relatos de melhoras, indicando
empiricamente que ensinar o cliente a descrever relações funcionais realmonte colabo
ra para sua melhora.
Goldiamond (1974/2002) propõo um modelo construcional de avaliação e do
intervenção om contrapartida com o quo ele chamou da modelo módico. Esse foca no
alívio e/ou eliminação do desconforto o, assim o relato do cliente ó direcionado para
aprosentar dificuldades e ao profissional cabe tratar a patologia. Entretanto, o autor
afirma quo a sociedade é uma explicação para a patologia e quo ontão doscrovor variá
veis históricas e outras contingências relacionadas torna-se impar para o processo
diagnóstico e, por consequência, a intervenção deve locar na construção de repertórios
mais do quo na eliminação de sintomas, sendo o terapeuta um professor que terá por
objetivo cumprir as metas acordadas eticamente com seu clionto.
Tendo por base esses preceitos, cabe ao terapouta comportamental descrever
a história do desenvolvimento dos operantes e descrever quais reforçadores são im-
portantos para o cliente, o que elo quer alterar em sua vida o o que não quer. Para tanto
ó imprescindível investigar a queixa e a sua história de reforçamento (para identificar
quais reforçadores a mantém, ainda que também produzam punição) e, sobretudo os
oporantos atuais de sucesso, ou seja, quais comportamentos já estão presentes no
repertório e quais repertórios alternativos podem sem ampliados com a intervenção de
A intervenção em grupo
A intervenção de maneira geral têm a seguinte estrutura: (a) tarefa de casa; (b)
exposição dialogada com uso Cartilha do Cartilha Informativa (Bolsoni-Silva, 2009b); (c)
treino de repertório; (d) tarefa de casa: proposição; (o) avaliaçào do encontro. Apenas o
primeiro encontro tem uma forma diforenciada porque são negociadas as regras do
funcionamento do grupo, ouvidas as expectativas e queixas, além de retomada a histó
ria de vida conjugal para já iniciar a discriminação de quais reforçadoros tinham no
inicio e que agora já não têm.
Essa estrutura é flexível por alguns motivos: 1. porque em todos os momontos
da intervenção são discutidos os temas a partir das quoixas e relatos dos participantes,
situações em que sempre são conduzidas perguntas para colaborar na descrição de
relações funcionais; 2. a tarefa de casa corresponde a auto-registro, que será a base de
discussão no próximo encontro; 3. o terapouta conduz a intervenção estando sob con
trolo do que já se definiu no estudo de caso onquanto objetivo comportamental que irá
nortear perguntas, modelos e modelagem de respostas em qualquer momento da
intervenção, sobrotudo no treino de repertório (por meio do role-playings e atividades de
discussão). Essa forma de trabalho, que é sobretudo terapêutico, mas que acrescenta
a psicooducação (de 20 a 30 minutos de cada encontro com a discussão da cartilha),
também já foi testado com mães (Bolsoni-Silva, 2007) e com universitários (Bolsoni-
Silva, 2009c) mostrando-se um caminho propicio para atingir os objetivos propostos.
Temas abordados
Tabeta 1 Temas que nortearam o« encontroe com o cata), objetivos gerais e
localização na Cartilha Informativa.
Temas Objetivos Página* -
Cartilha
1 - Apreeentaçio, vertftcaçfto de expectativa« I, DRF
História de relacionamento. O que gosto e o que n*o
gosto? Expectativas que podem ser atendidas pelo
grupo.
2- Iniciar e Manter Conversação e Fazer e DRF.COM 7-20
Responder Perguntas
3- Direitos Humanos e Cidadania DRF, RP 20-21
4- Comportamento Habilidoso, Nfto habilidoso DRF. RP 22
Passivo e Nflo habilidoso
5- Expressar sentimentos positivos, elogiar, dar e DRF, EA 23-25
receber feedback positivo, agradecer
6- Expressar sentimentos positivos, elogiar, dar e DRF, EA 23-25
receber feedback positivo, agradecer
7- Expressar e ouvir opIniÒeV ~ DRF, COM, 26-29
RP
8- Expressar sentimento» negativos, dar e receber drf. cõmT 30-35
feedback negativos, solicitar mudança de RP
comportamento
9- Fazer e Lidar com Criticas, admitir próprios erros DRF, CÕM~ 30-39
RP
10- Fazer e Lidar com Criticas, admitir próprios enos DRF.CÖM. 36-39
RP
11- Tema livre, por exemplo Relacionamento com DRF, OPR
outiu» familiar«», rotina doméstica**
12* Tema livra: por exemplo Relacionamento pais e 1 ) rf; ô p r
filhos etc
Laganda l - Integração. DRF - daacravar ralaçóat funcionai». ÕOM - oomuntaaçâo. EA -
axpraaaSo da afato, RP - raaotuçSo da probtamaa, OPR - outro* prototomaa ralactonado»
No* tamaa livrM o larapauta poda faiar u«o d« outro matarlal dldéttco >e julgar naoaatSrto •
«•laborar • •»tnitiira do ancontro conforma o propoato até a «eaaSo 10
I 5 8 A lm o m lr ,i lurini Rolsom-Silv.i
que favorece o treino de empatia e de escuta ativa, comportamentos imprescindíveis
para o bom relacionamento conjugal,
4. Discussão da cartilha. Não se espera que o terapeuta dê aula sobre o conteúdo da
cartilha o sim que faça perguntas abertas sobre o tema, por exemplo, "o que vocôs
ponsam sobro o conversar? ... quando ó fácil? ... quando é difícil? ... porque 6 difícil? ...
como vocôs conversam? ... o que vocôs acham que pode ser melhorado?” e entào,
após ouvir as respostas, o terapeuta podo aproveitar o conteúdo da cartilha para dar
modelos e modelar respostas
5 Folha do auto-registro: tarefa de casa. As tarefas sempre solicitam que o cliente
registre sua resposta, situações antecedontes o conseqüentes, conforme o tema o o
comportamento alvo de cada encontro. Em procedimontos a tarefa ó apresentada de
forma descritiva, ainda que todas sejam dadas aos participantes conforme exemplo da
Tabela 2
Roteiro de Observação:
Tarefa de casal
Hoje n<Ss discutimos «obre maneiras de iniciar, manter e encerrar uma
conversação. A proposta da tarefa de casa 6 fazer um exercício de
observação dos momentos em que você precisa usar essas habilidades no
sou dia-a-dia. Quando surgir a oportunidade, obsorve se interagindo com a
outra pessoa e depois responda as questões:
Nome-______________________
Nome do(a) parceiro (a). ________
2.
3.
Dificuldades encontradas:
Regras do grupo
1. Em grupo, jamais dê a impressão que derrotou um dos colegas. A derrota em público
é difícil de ser perdoada. Lombre-se, você não veio vencor, veio cooperar.
2. Todos são responsáveis pelo êxito do grupo. Leve o companheiro (a) a participar, a
cooperar. No grupo, todas as decisões devem ser discutidas por todos. Todos têm
papel de colaborador.
3. Se sentir que está meio por fora, reivindique seu lugar no grupo. Só se sento livre e
autônomo no grupo quem conquista seu espaço nele. Procure participar, não espere
que o convidem,..
4. No grupo, todos são iguais, embora diferentes... procure respeitar todos os mem
bros do grupo.
5. Não se envergonhe de expor suas idéias. Este ó um espaço onde as possoas podom
oxpressar-se livremente o serem acolhidas. Não há certo e errado
6. Só pode haver diálogo se você aceitar provisoriamente o ponto de vista do outro. O
contrário é monólogo paralelo. Não crie barreiras psicológicas contra idéias, só porque
você não gosta das pessoas quo as oxprossam. Ouça o ponto de vista do outro.
7. Não fale baixinho com o companhoiro ao lado: ó uma agressão ao grupo. Podom
pensar quo você critica algum membro do grupo. Fale alto, dirigindo-so aos outros.
8. Evite a expressão "Não concordo!" Discorde sem dizer que está discordando. Todos
porccbcrõo sua discordância. Exprcssõos criam barreiras intransponíveis, e emocio
nam. Tente dizendo "E se talvez a gente pensasse assim: "É importante isso quo
você está dizendo, mas eu penso que...".
9. Se a reunião vai mal, proponha uma parada para examinar o quo está impodindo a
produtividado do grupo. Não deixe para criticar depois da reunião.
10. Quem não sabe do assunto ó oxtremamnnto útil ao grupo: faz perguntas Se perce
ber quo não compreenderam certa afirmação, peça ao expositor para clarear a exposi
ção ou proposição: pergunte o significado das palavras usadas. Não doixe equívoco.
11. Mantenha sigilo sobre tudo o que acontece no grupo. Essa ó uma forma de respoitar
o outro e garantir a confiança entre os membros do grupo.
12. Procure não faltar. Sua presença é importante para o grupo, pois você ó parte dele.
Sugestão:
Quando falar, olho para todas as pessoas do grupo Esta é uma habilidade
importante, pois aumenta o interesse das pessoas em ouvi-lo.
Tarefa de casa
Ainda quo não se tenha trabalhado diretamente o tema de comunicação nessa
primeira sessão, é dada a tarefa constante na Tabela 2, para que os participantes já
avaliem o seu comportamento na interação com o(a) cônjuge, o qual será foco do
intervenção no segundo encontro.
1 6 2
Tarefa de casa
A instrução dada ó: “O toma contrai do nosso oncontro íoí sobro Fazor o Ros-
ponder Perguntas. Nossa tarefa de hoje consisto em que vocô observo momentos em
que vocô precisa se utilizar dessas habilidades com seu parceiro ou parceira o entào
preencha o quadro (se necessário, utilize o verso da folha);". As perguntas que constam
do quadro sõo: Fez a pergunta ou não. Qual foi a dificuldade. Situação em que fez a
pergunta (local, quem estava presente, etc.). Comportamonto do (a) parceiro (a).
Tarefa de casa
A tarofa do casa dosso oncontro solicita quo o participanto siga as soguintos
instruções: "Hoje nós discutimos o tema Direitos humanos e Cidadania. A proposta da
tarefa de casa ó relatar situações em que vocô vivenciou a existôncia ou não da expressão
ou do respeito ao direito humano. Atonte-so para: Qual era a situação em que ocorreu ou
não a expressão ou respeito ao direito humano? Qual foi o comportamento das pessoas
envolvidas? Como vocô avalia o seu desempenho? Como vocô se sentiu?"
Encontra-se tambóm a instrução do trabalhar com filmes, quo podem sor recor
tes de filmes comerciais ou então elaborados pelo tofapeuta de forma que indique
modelos e favoreça a descrição do contingências relacionadas a diferentes formas de
se comportar; habilidoso e não habilidoso.
Tarefa de casa
A tarofa de casa dosse encontro solicita que o participante siga as soguintes
instruções: "A partir do que discutimos hoje sobre os comportamentos habilidosos, não
habilidosos passivos e não habilidosos ativos, observe algumas situações onde você
agiu dessas maneiras (ou alguóm agiu com vocês) o responda as seguintes ques
tões:
Comportamento Habilidoso:
1) Em que situação ocorreu?
2) O que vocô falou (ou falaram para você)?
3) O que aconteceu dopois?
4) Como vocô so sentiu?
Comportamento Náo Habilidoso Passivo:
1) Em que situação ocorrou?
2) O quo você falou (ou falaram para você)?
3) O que acontecou depois?
4) Como você se sentiu?
Comportamento Não Habilidoso Ativo:
1) Em que situação ocorreu?
2) O que você falou (ou falaram para você)?
3) O que aconteceu depois?
4) Como você se sontiu?".
Tarefa de casa
A tarefa de casa desse encontro solicita que o participante siga as soguintes
instruções: “Para realizar essa tarefa, vocês deverão expressar sentimentos positivos,
elogiar e agradecer o (a) parceiro (a), porém de uma forma diferente da habitual, utilizan
do os conteúdos discutidos na sessão. Depois disso, vocés deverão descrever, nessa
folha, como foi a tarefa.
1) Você expressou sentimontos positivos ao sou parceiro(a)?
2) Foi em qual situação?
3) O que você falou? (tente descrever os verbais o nãoverbais)
4) O que aconteceu depois?
5) Como você se sentiu? Houve dificuldades? Quais?
6) Você elogiou seu parceiro(a)?
7) Foi em qual situação?
8) O que você falou? (tente descrever os verbais e nãovorbais).
9) O que aconteceu depois?
10) Como você se sentiu? Houve dificuldades? Quais?
11) Você recebeu um elogio de seu parceiro ou sua parceira?
12) Foi em qual situação?
13) Como você agradeceu? (tente descrever os verbais e não verbais).
14) O que aconteceu depois?
15) Como você se sentiu? Houve dificuldades? Quais?
1 6 8 hjfUH
Ses
O exercido de discussão denominado de História Coletiva Oral (Adaptado de
Del Prette & Dol Prette, 2001) tom a seguinte instrução. O terapeuta dirige-se ao grupo
como um todo e diz que será realizada a construção de uma história com narrativa oral
em que cada um contribui na formação do enredo. O próprio terapeuta inicia a história o
solicita que o próximo participante a continue. Para isto será passado um saquinho
para cada participante com elementos (escritos om um papel) quo dovcm incluir na
história, Este, por sua voz, fará o mosmo em relação ao colega mais próximo e assim
por diante. O último participante tem a tarefa de apresentar o final da história. Terminada
a história, inicia-se a discussão com o grupo, enfocando alguns aspectos como: dificul
dades em incluir o tema solicitado pola história, postura, gestualidade, expressão tacial,
modulação da voz, entonação do acordo com conteúdo da mensagem verbalizada,
regulação da velocidade da fala, etc.. Para encerrar, solicita aos membros que dêem
feedback positivo ao desompcnho de cada participante, que ó orientado a ouvir e agra
decer. O torapouta deve iniciar a história e oscrever nos papóis características concor
dantes com as potencialidades e dificuldades dos participantes do grupo. Exemplo de
história “Era uma vez um casal em que o marido sempro tontava dizer para a esposa o
que ele estava sentindo. Mas esta, muitas vezes, não acoitava o que elo dizia, acreditan
do estar sempre certa em suas atitudes c opiniões....".
Tarefa de casa
A tarefa de casa desse encontro solicita que o participante responda as seguintos
porguntas: "Comportamento ao qual dei feedback positivo. O que eu disse. Situação em
que omiti o feedback (local, quem estava presente, etc.). Comportamonto do (a) parcoiro (a)
ao receber o foodback positivo. Comportamento para o qual recebi feedback positivo, O que
0 (a) parcoiro (a) disso. Situação om quo rocobi o foodback (local, quem estava presonto,
etc.). Meu comportamento. Dificuldades encontradas para realizar a tarefa."
Sessão 7
Role playing
1 - Sorá informado ao grupo que será feito um role ptaying relacionado ao toma da
sessão. Em conjunto com grupo sorá oscolhido um objeto de discussão, que elos
considerom adequado para a situação.
2 - Após serão escolhidos 02 participantes para atuarem - Para um doles será fornocida
a soguinte instrução: "Você deve tomar uma posição radical quanto ao tema". Ao outro:
"Procure discordar sempre das opiniões ditas"
3 - Os outros participantes serão orientados a observar os colegas atuando, se atentan
do para o conteúdo verbal e não verbal dos participantes.
4 - Após a atuação, os observadores serão solicitados a se expor. Quando disserem
que algo não foi adequado, elos deverão dar modelos acerca de como fazer diferente.
5 - Durante as exposições, as terapeutas vão atuar como coordenadoras, propiciando
condições para que sejam levantadas as dificuldades e reservas de cada participante,
bom como, sejam lovantadas para cada situação, vantagens e desvantagens.
Tarefa de casa
A tarefa de casa desse oncontro solicita que o participante responda as seguin
tes perguntas:
Sessão 8
Role playing
Será explicado aos participantes que seria importante para que treinássemos
algumas habilidades fazer uma representação do algum fato ou situação em que sen
timos dificuldades em expressar sentimentos ou dar e receber feedback negativo, po-
dindo voluntários. A situação pode ser colocada a partir de sugestões do grupo ou
conformo avaliação do terapeuta
Tarefa de casa 1.
Nesse encontro optou-se por oferecer duas tarefas de casa que são:"Expressar
Sontimontos, Dar e Rocobor Feedback Nogativo
Nessa tarefa você deverá realizar observação de situação onde envolva a habi
lidade do Expressar feedback e outra de receber feedback nogativo Essa observação
pode ser feita preferencialmente através do uma experiência vivida entro você e seu
parceiro (a) durante essa semana, ou caso não ocorra nenhuma situação favorável,
você poderá escolher uma cena de filme, novela e observar. Após a observação você
deverá proencher os itens abaixo:
• Quem expressou:
• O que foi dito:
• Situação (local, quem ostava prosonto):
• Comportamento da possoa que ouviu:
• Avaliação (se foi adequado e o que poderia ter sido feito do diferente)
• Esse espaço é para você relatar aquilo em que você teve dificuldades ou
Tarefa de casa 2.
Minha maior dificuldade é:
( ) Expressar Sentimento Negativo
( ) Receber Feedback Negativo
( ) Dar Feedback Nogativo
Na situação:
Por que.”
lu rim KoUom-Silv.i
A Ic u u ih Im
Sessão 9
174
Tarefa de casa
A tarofa do casa dossc oncontro solicita quo o participanto siga as soguintos
instruçóos: "Nossa tarefa você devorá roalizar observaçao do uma situação ondo envol
va dar o recobor critica. Essa observação pode ser feita preferencialmente atravós de
uma experiência vivida por você durante essa semana, ou de alguma situação já vivida
por você. Caso não ocorra nenhuma situação favorável, você poderá escolher uma cena
de filmo, novela, ou de outra possoa o observar. Após a observação você deverá proon-
cher o quadro abaixo: (que envolve os comportamentos e contextos): O que critiquei. O
que eu disso Situação em quo oxprnssei essa crítica (local, quem estava prosento,
etc.). Comportamonto da possoa dianto do quo eu disse. O que eu fiz ontão.
Qual comportamento meu foi criticado, ü que me disseram. Quanto à veracida
de, forma, ocasião e objetivo, quais considerei adequados e quais considerei inade
quados. Como me comportei diante da crítica (o quo faloi, admiti próprios erros o podi
desculpas ou não, etc ) O que a pessoa fez então
Esso ospaço é para você relatar aquilo em que você teve dificuldades ou consi
derou fácil.".
Sessão 10
(tabela 12, página seguinte)
Tarefa de casa
A tarofa do casa desse encontro solicita quo o participanto siga as soguintos
instruções: Nosso tarefa você deverá realizar observação de situação onde envolva
admitir erros e podir desculpas. Essa observação pode ser feita preferencialmente
atravós do uma experiência vivida por você durante essa somana, ou de alguma situa
ção já vivida por você. Caso não ocorra nenhuma situação favorávol, você poderá esco-
Ihor uma cena de filmo, novela, ou de outra pessoa e obsorvar. Após a observação você
deverá preencher o quadro abaixo: (que contém as perguntas): Situação em que adiniti
o orro (local, quem estava presente, otc.). Como a pessoa se comportou. O quo eu fiz
ontão. Situação em que pedi desculpa (local, quem estava presente, etc.). Como a
pessoa so comportou e o que eu fiz. Dificuldades encontradas.".
Sessão 1
Informações sobro o casal (M - esposa; E - esposo):
• O casal está há dois anos casados o moram com os pais da esposa.
• M queixa-se que o relacionamento não tom mais a paixão que havia no início o ola
também tom muito ciumes do esposo (ele tom um filho do outro relacionamento);
gostaria quo olo fosso monos fochado.
• E quoixa-se do ciúme excessivo da esposa e também de sua agressividade. Elo so
considera passivo.
Sessão3: Direitos
• Tarefa do casa:
o Cliente: E disse quo não tove dificuldades para fazer, c quo apenas duas
coisas tinham acontecido Uma delas se refere ao dia em que olo foi jogar bola,
e ele acabou se sentindo mal, porque, na sexta feira, na firma em que trabalham,
ele escreveu um bilhete para M dizendo para ela ir embora de carona com um
amigo do casal, porquo dali do serviço ole (E), iria direto jogar bola; entáo, M virou
pra olo do andar de baixo da firma o fez um gesto do "banana" para ele, dizendo
"aqui para você".
o Terapeuta: A terapeuta perguntou para E o que tinha o incomodado nessa
situação, e ele respondeu que incomodou a M tratá-lo desse jeito. Nesse mo
mento, M começou a rir o dizer que ela tinha feito isso do brincadeira.
o Terapeuta: "Você chegou a dizer algo para ela nesta situação ... ou em casa? ...
o que você gostaria que ela soubesse?".
Conclusões.
O prosonto capítulo buscou instrumontalizar o loitor sobro quo aspoctos consi
derar em intervenções com casais e quais procedimentos poderia utilizar para atingir
tais objetivos.
Os oxemplos de intervenção que ilustram o procedimento são do um casal que
passou pela intervenção em grupo, cujos resultados das medidas do pré e pós-teste
foram publicados por Bolsoni-Silva (2009a). Ainda que a pesquisa conduzida foi na
forma estudo do caso e que novas posquisas precisam sor conduzidas, os resultados
encontrados são promissores. Ambos participantes aumentaram oscorc dc comporta
mentos de comunicação, expressão do afeto e resolução de problemas. A satisfação
conjugal era regular para os dois e para olo passou de regular para satisfatória após a
intervonçào e a dela se manteve.
Especificamente a esposa aumentou oscoros nos soguintes comportamentos:
lidar com críticas, elogiar, exprossar sentimentos positivos, nogociar tarefas, podir ajuda,
solicitar mudança do comportamento, doixar de fazor tarefas do cônjuge. Já o esposo
ampliou o repertório de expressar sentimontos positivos, elogiar, expressar sentimentos
nogativos, lidar com críticas, cobrar tarefas o rogras estabelecidas, podir ajuda.
Como o casal nào possuía filhos os sous repertórios não puderam ser avalia
dos e ontão nào se pode afirmar qual efeito a intervenção terá para os comportamentos
das crianças, o que poderá ser tostado empiricamcnto cm trabalhos futuros Posqui
sas poderão ser conduzidas com delineamento de linha do base múltipla e/ou experi
mental com grupo controle para continuar a avaliar o alcance do procedimento. Outros
aspectos a sorom considerados diz respeito a: (a) avaliar o casal em medidas do
seguimento para descrever a permanência dos ganhos; (b) utilizar medidas processu
ais de avaliação: tarefas de casa; avaliações orais e por escrito dos encontros; o
filmagens das sessões em que os comportamentos do casal podom ser diretamente
observados.
Referências
Achenbach, T M . A Resoorla, L A (2001) Manual for the ASEBA School-Aae Forms & Profiles
Burlington, VT University of Vermont, Research Center for Children, Youth, & Families.
Bazon, M (2003) Sexualidade e conjugalidade: a redefinição das relações de género na França
contemporânea Cadernos Pagu, (20), 131-156
Benettl, S P C (?006) Conflito conjugal' impacto no desenvolvimento psicológico do criança e do
adolescente. Psicologia: Refiexòo e Critica, 19(2), 261-268
Block-Lerner, J , Adair, C., Plumb, J C., Rhatigan, D L A Orslllo, S M (2007) The case for
mindfulness-based approaches in the cultivation of empathy does nonjudgrnental, present-mo-
ment awareness increase capacity for perspective-taking and ernpathic concern? Journal of
Marital and Family Therapy, 33 (4), 501-516.
I altiane I e ira / S
U niversidade Lstadual Paulisfa(U N t:SP)
Sonín B eafri/ M e y e r
U niversidade de Sao Paulo (USP)
1H 6 A ln iu ih liit I. Bolsoni-Silvd, I .ibi.me I c tw / Nilvcu.i, M ju m C/Iuim »Ir I leit.i* p Som.i Hciiln/ M oycr
mas, bons trabalhos, pessoas com quem contar modelos de empatia e de afeto; tais
dificuldades poderiam levar a um quadro depressivo, ainda mais se houver prodisposi-
çào genética. O uso de álcool e/ou drogas pode acontecer, pois o uso reduz ansiedade,
provocada pelas contingências aversivas às quais estariam expostas. Estas pessoas
poderiam ser pais e mães e como ndo aprenderam repertórios positivos, tenderia a
reproduzir o modelo coorcitivo ao qual foram submetidos c, portanto, modolados; alóm
disso, ó possivel que tenham mais dificuldades em obter sucessos financoiros, afinal
poderiam ter sido crianças probloma no passado, com fracassos escolares e conse
qüentes dificuldados em conseguir e manter empregos; crises conjugais poderiam
aparecer devido ao déficit em resolução de problemas, comunicação, expressão de
afeto, ou soja, podoriam ter muitas dificuldados a administrar e, assim, teriam ainda
mais dificuldades em controlar raiva e resolver conflitos na interação com seus filhos.
Assim, o ciclo continua, pois as crianças poderiam ser privadas de atenção, carinho,
aos quais o ser humano ó prodisposto a ser sensível (Bussab, 2000), alóm do serem
agredidas, o que gera contracontrole (Sidman, 1995), baixa flexibilidade comportamental
o baixa auto-estima (Skinncr, 1993/1953); criando um ciclo vicioso de interação; isto
ocorreria pois a criança, igualmente como os pais, na sua origem, teve acesso a essas
contingências que acabaram por modolar os mesmos comportamentos altamente co
ercitivos, ao invós dos socialmente adequados, ainda mais so a criança tem predispo
sição genética a sor mais agitada e menos sensível aos efeitos da punição Fstes
soriam os chamados problomas do comportamento, no caso oxtornalizantos, os quais
incomodariam os pais que tenderiam a punir ainda mais como forma de contracontrole
e, como comportar-se coercitivamente ó o único repertório aprondido pela criança ela
continuaria a fazê-lo nào só no ambiente familiar, mas também no escolar Aqui a crian
ça passa a ser nào apenas rejeitada pela família, mas também por professoros o
colegas (devido também ao despreparo da escola que tende a reproduzir o modelo
coercitivo), pois ela 6 aversiva aos outros, devido a dóficits cm habilidades como comu
nicação adequada, leitura ambiental, expressão de afoto, habilidades acadêmicas e
também a excessos comportamentais, como agressividade, hiporatividado, irritabilidade.
Tal rejeição pode levar ao isolamento, à depressão, pois tudo quo a criança sabe fazor
nào lhe dá acesso a reforçadores, o quo também pode fazê-la intorossar-se por grupos,
cujos membros sào semelhantes a ela, e conseqüentemente, ela poderia tornar-se
delinqüente e também usuária do drogas o assim sucessivamente, até tornar-se um
adulto com sérios problemas quo, por sua vez, pode interessar-se pela paternidade e o
ciclo continuaria. Tais hipóteses estão relacionadas a possíveis práticas culturais e
contingências entrelaçadas na interação social estabelecida entre pais e filhos.
Das diversas variáveis distais e proximais que podem influonciar o surgimento e
manutenção de problemas de comportamento as práticas parentais sào a do maior inte
resse para este trabalho. Desta forma, a próxima seção aborda o papel da intervenção o
habilidades do terapeuta para promovor intoraçõos sociais satisfatórias entro pais e filhos.
Conclusões
A especificação dos comportamontos do terapeuta possibilitou a verificação üe
diferenças quanto á interação torapêutica estabelecida em intervenções com queixas
especificas e nas intervenções com pais, ressaltando a influência dos comportamen
tos do terapeuta para a ocorrência do oposição e cooperação. Com rolação aos clien
tes, constatou-se quo além de terem um papel ativo com relação à superação das
próprias dificuldades, também são solicitados a se envolverem nas discussões dos
demais, possibilitando com que o próprio grupo monitorasse o seguimento das
instruções e fornecesse conseqüências diferenciais.
Estudos adicionais envolvendo participantes com outras vulnerabilidades e/ou
que combinem procedimentos distintos do intervenção o metodologia fornocorá novos
indícios concernentes aos prejuízos e vantagens para o processo terapêutico e das
rolaçõos existentes ontro parentalidado o comportamontos de filhos.
Referências
Achenbach, T M , & Edelbrock, C. S (1979) The child behavior profile1II Doys aged 12-10 and girls
aged 6-11 and 12-16 Journal of Consulting and Clinical Psychology, 47 (2), 223-233.
Bokeman, R , & Gottman, J M (1997). Observing Interaction • An Introduction to Soquontioi Anoly
sis. New York: Cambridge university Press
190 A le * s .im lrit [. H o ls o n i-S ilv ii, l. ib i. m c I pm .i/ S ilv c iru , M . i u u i / l o i i . i i l f I rciKis c S u nni H c j l i i / M c y c r
Barbara, T. J., & Waldron, H B (1994) Sequential analysis as a method of feedback for family
therapy process. The American Journal of Family Therapy, 22 (2), 153-164
Barnett, D (1997) The effects of early Intervention on maltreating parents and their children Em M
J. Guralnick (Org), The effectiveness of early intervention (pp. 147-453) Baltimore: Paul H Brookes
Publishing Co
Bolsoni-Silva, A T (2008) Roteiro de Entrevista de Habilidades Socials Educativas Parentais (RE-
HSE-P): Categorias e testagem preliminares. In L Weber L. (Org ). Famllla e Desenvolvimento, (pp
145-158) Curitiba Juruã
Bolsoni-Silva, A T,, Carrara, M., & Marturano, E M (2008). Intervenção em grupo para pals: o que
atentar quanto à intervenção e habilidades terapêuticas Em M R Cavalcante, M R (Org ), Anàliso
do Comportamonto' Avaliação o Intervenção (pp 102-135) São Paulo Roca.
Bolsoni-Silva, & Del Prette (2003). Problemas de comportamento: um panorama da área Rovista
Brasileira de Terapia Comportamento! e Cognitiva, 1/(2), 91-103
Bolsoni-Silva, A T., & Marturano, E M (2008) Habilidades Sociais Educativas Parentais e problemas
de comportamento: Comparando pais e mães de pré-escolares Aietheia (ULBRA), 27(1), 126-138
Bolsoni-Silva, A T., Silveira F F., & Ribeiro, D C (2008) Avaliação dos efeitos de uma intervenção com
mães/cuIdadoras: contribuições do treinamento em habilidades sociais Contextos Clínicos, 1(1), 19-27
Bolsoni-Silva, A T., Silveira F F., & Marturano, E. M (2008) Promovendo habilidades sociais educativas
parentais na provenção de problemas de comportarriHnto Revista Brasileira de Terapia
Compodamental e Cognitiva, X(2), 125-142
Bolsoni-Silva, A T ; Villas Boas, A C V. , Rornera, V B ; Silveira, F F (no prelo) Caracterização de
programas de Intervenção com crianças e/ou adolescentes Arquivos Brasileiros de Psicnlo<]ia (IIFRJ)
Bordin, I A S, Mari, J. J., & Caelro, M F (1995). Validação da versão brasileira do Child Behavior
Checklist (CBCL) Inventário de comportamentos da Infância e da adolescência: Dados preliminares
Revista ABP-APAL, 17, 50-66
Bugental, D B , & Johnston, C (2000) Parental and child cognitions in the context ot the family.
Annual Review Psychology, 51, 315-344
Bussab, V S R (2000) Fatores hereditário e ambientaisno desenvolvimento'A adoção deuma
perspectiva interacionista Psicologia Reflexão o Critica, 13 (2), 233-243
Del Prette, Z A P & Del Prette, A (2001). Inventário de Habilidades Sociais (IHS-Dol-Prette). São
Paulo, Casa do Psicólogo l ivraria e Editora Ltría , 53 p
Del Prette, Z. A , & Del Prette, A (2008). Signllicôncia clinica e mudançaconliável naavaliação de
intervenções psicológicas Psicologia: Teoria o Pesquisa, 24 (4). 497-505
Emery, R. E., & Tuer, M (1993) Parenting and the marital relationship Em T. Luster &, L. Okagaki
(Orgs), Parenting; Na ecological perspective (pp 121-148) Hillsdale Lauvrence Eilbaum
Fincham, F, D , & Beach, S. R H (1999). Conflict in marriage: Implications for working with couples
Annual Roviow Psychology, 50, 47-77
Goldiamond (2002) Toward a constructional approach to social problems: Ethical and constitucional
Issues raised by Applied Behavior Analysis Behavior and Social Issues, 11 108-197 (originalmente
publicado em 1974, Behaviorism, 2, 1- 84)
Gomide, P I C (2001) Efeitos das práticas educativas no desenvolvimento do comportamento anti
social Em M M Marinho & V E Caballo (Orgs ) Psicologia Clinica e da Saúde (pp. 33-53).
Londrina' Editora UEUAPICSA
Gottman, J M (1998) Psychology and the study of marital process Annual Review Psychology, 49,
169-197
1 9 2 A l f M ii m lí ii I. B o U o n i-S tlv .i, f .ib i.in c I c r t i i / N ilv r ir .i, M ii u m l / l o r i . i tic I rc it.i* t S o n i.i H c .ilr i/ M e y c r
Webster-Stratton, C. (1997) Early Intervention for families of preschool children with conduct prob
lems Em M J. Guralnlck (Org ), The effectiveness of early intervention (pp 429-453) Baltimore:
Paul H. Brookes Publishing Co
Webster-Stratton, C.; Herbert, M (1993) What really happens in parent training? Behavior Modifica
tion, 17(4), 407-456.
Yano, Y (2003) Tmtnmento padroni/ado e indlviduali/ado no transtorno do pânico Tese de
doutorado Sâo Paulo Universidade de Sâo Paulo
Zamlgnani, D R (2007). O desenvolvimento de um sistema multidimensional para a categorizaçôo
do comportamentos na interação terapêutica. Tese de Doutorado, Instituto de Psicologia,
Universidade de Sâo Paulo, SP
Zamlgnani, D R., & Andery, M A P A (2005) Interação entre terapeutas comportamentais e clientes
diagnosticados com Transtorno Obsessivo-Compulsivo Psicologia Teoria o Pesquisa, 21(1), 109-119
Referências
Abramovay, M., & Rua, M. das G (2002) Violência nas escolas. Brasília: UNESCO.
Akiba, M , LeTendre, G K., Baker, D P., & Goesling, B (2002) Student victimization- National and
school system effects on school violence in 37 nations American Educational Research Journal,
3i)(4), 829-853
Benbenishty, R., & Astor, A R (2005) School violence in context: Culture, neighborhood, family,
school, and gender Inglaterra: Oxford University Press
Bushman, B J , A Wells, G L. (2001) Narrative impressions of literature' The availability bias and the
corrective properties of meta-analytic approaches Personality and Social Psychology Bulletin,
27, 1123-1130
Coalition for Evidence-Based Policy (2010) Good-behavior game manual Disponível://
evldoncobasodDroamms.ora/wordDress/?Daae id«B1 Recuperado om 20 de mnrço de 2010.
1A o n lt H ii d m n u to r t m 4 r ix i r a n i o i i lu h IIh U iIIc m
Caso clínico:
1) Descrição da cliente:
P., sexo feminino, 28 anos, negra, mora na casa dos pais. Fez curso de radiolo
gia o posteriormente faculdade de pedagogia. Possui dois empregos, um do telefonista
no poríodo da manhã e outro de professora no poríodo noturno. Toma Rivotril, indicado
por sua psiquiatra.
“Nào sei o que eslou fazendo aqui (na Torra), já oslou com tempo extra por aqui”
• Sótima Sossáo:
"Eu dou a minha vida pra alguóm Sabe, que Deus ó esse? Nào ó possível ser tudo
assim comigo “
- Oitava Sessão:
"Pra estar aqui assim eu náo quoro Eu estou cansada, nào quero! Uma màe
deprimida, um pai quo sô reclama, nào gosto de morar onde moro Eu quoro uma
vida nomial Eu nao agüento mais esse rotina Múo depressiva, meu pai que sô
reclama... Estou cansada de ouvir as pessoas dizerem que sou nova e ainda tenho
muito tempo, nào agüento mais Desde que meu pai me bateu as coisas nôo vão
bem. E o meu maior problema é que riãu consigo me relacionar com ninguóm,
nunca dá certo Eu quero tor o que todas as pessoas tem na vida, um relaciona
mento com alguém"
• Tentativa de suicídio. A cliente tomou uma quantidade excessiva de remédio para
dormir.
Além da fala oxplícita emitida pola clionto, ela relata condiçòes quo tipícamonto
precedem atos suicidas:
— ► fracasso crescente (relacionamentos amorosos);
—^ sentimento de desespero ou falta de esperança (detectados desde a postura
corporal até a expressão verbal do tais sentimentos):"... Estou desesperada...”; “... Não
acredito mais...”;
Antes do suicídio, o indivíduo passa parte do tempo da sua vida imaginando ou
desejando sua própria morte (Banaco, 2001b). Sogundo Sidman (1989/1995) o suicídio
ó a fuga última do uma vida dominada por reforçamento negativo o puniçáo, ocorro
quando há inabilidade do indivíduo para satisfazer as demandas sociais (família, ami
gos e comunidade) e a culpa por não sor digno nessas relações.
Piilttx:lnii(k) |K)ki C N P Q
2 1 2 * iirync Kio*, S.ibrin,i M .i/o I > A llor«cc,i, l\io ll,i M .itfion i hili.tno Iesid,
A lm ciJ ii 1’iiliw n, Id iiu i Pooud M u .iru lii, I uciit L d v«ili\iiili Jc Albuquerque W illiiim s
lidados parentais: o Centro de Atividade Diária (CAD), da Unidade Saúdo-Escola (USE),
situada na Universidade Federal de Sào Carlos.
O CAD ó um local especialmente planejado pelo Programa de Pós-Graduação
om Educação Especial para pesquisa e intorvenção com famílias quo tenham necessi
dades educacionais espociais. Trata-se do uma casa-laboratório equipada com ospo-
Iho unidirocional ao longo do toda a sua extensão e câmeras de filmagem digital em
todos os aposentos. O CAD é composto de cinco cômodos, todos mobiliados de forma
funcional como uma verdadeira casa, sendo eles: sala de estar, quarto, banheiro, cozi
nha/copa e quintal. Na sala de observação do CAD, o controle das filmagens é operado,
havendo equipamento sonoro para comunicação com os participantes da casa-labora
tório, e um computador no qual os participantes (ou pesquisadores) podem assistir aos
filmes digitais. Assim, as interações que ocorrem normalmente entre as mãos e seu(s)
filho(s) podem ser obsorvadas via video proporcionando um feedback mais fidedigno e
proveitoso aos pais/cuidadores.
Portanto, é necessário avaliar a funcionalidade desse recurso tecnológico om
ambos os aspectos da pesquisa e intervenção às mulheres vítimas do violência conju
gal. Ao constatar a eficiência de tal recurso tecnológico, este poderá sorvir como instru
mento do apoio no desenvolvimonto de intervenções mais especificas o no ensino de
habilidades parentais às mães vítimas de violência intrafamiliar.
Sendo assim, o presente trabalho é um recorte dos dados coletados com as
mulheres participantes do Projeto Parceria durante o ano de 2009 e propõe-se a anali
sar dados de observação de interação mãe-criança no CAD para avaliação de sua
utilização como recurso tecnológico para observação e ensino de habilidados parentais
às mães vítimas de violência conjugal
Mótodo
Participantes
Participaram do ostudo quatro mãos e seu(s) filho(s) que participavam do Pro
jeto Parceria A primeira mãe (M1), 28 anos, casada, tinha histórico do viofôncia conjugal
e continuidade em episódios esporádicos. Possuía três filhas, sendo que uma das
filhas (11 anos) foi considerada por ela a filha alvo (F1), por lhe dar mais motivo de
preocupação,
A segunda mão foi denominada M2 e seu filho F2. Essa família apresentou
episódios do violência conjugal no passado. Atualmente, a família é formada por M2 (27
anos) e mais três filhos, um de nove anos (F2), um de quatro anos e um do um ano e
nove meses.
A terceira mãe (M3), com 24 anos, não apresentava histórico de violência física
por parte do parceiro, mas dizia que a Ireqüência de brigas em sua casa era grande, em
especial com a avó e com os irmãos. Ela dizia que já havia presenciado “muitas brigas
feias o por isso a criança é assustada“. Dizia que cada vez que "começa uma briga o
monino tapa os olhos o comoçn a gritar muito". Seu filho (F3) tinha cinco anos do idado
A quarta mâe (M4) tinha 40 anos e morava com o esposo (45 anos), duas filhas
(22 e 20 anos), uma filha (dois anos, criança-alvo, F4) e o genro (28 anos). A criança-alvo
não era filha biológica do casal. Essa família não possuía histórico de violência conju
gal, mas havia a informação que provavelmente a criança F4 havia sido vítima de maus-
tratos pelos pais biológicos. A família foi encaminhada ao Projeto Parceria em função do
queixa sobre o comportamento inadequado da criança.
K .n y n e Kios, S iib rm ,i M i t / o IJ A ífo iis c c u , 1’ j o II. i M . iu io m i S .io lim , l.iti.m c I css.i, A im (. .tio lm .i dc
A lm c id . i 1’ ii t i ii in , l. ii ih t i W m l M ir < in d .i, I i k i .i (. t iv t ilc iin li d c A I I h k | uoh | iic W i I I m it is
parental a ser desenvolvida (ex: ensinar a mãe a reforçar positivamente o comportamento
adequado de sou filho), instruções, para o pesquisador sobro o local de realização da
atividade (ex: sala), a proposta da atividade (ex: dominó), instruçõos que doviam sor dadas
para a màe duranto a atividade para a promoção da habilidade (ex: na brincadeira de
dominó, a mâo podoria mostrar ao filho o quanto porcobia que ele estava se empenhando
na atividade, dizondo frasos sobre seu dosompenho adoquado) Adiconalmonto, a ficha
de atividade dirigida aprosentava informações sobre como o pesquisador devoria instruir
a mâo, caso ocorresse a emissão de comportamentos inadequados por parte da criança
(ex: inicialmonto doveria ser apontado à criança o comportamento inadequado o combinar
com eia sobre o encerramento da atividade caso o comportamento se repetisse).
Procedimento
A pesquisa tovo aprovação do Comilô de Êtica om Pesquisa em Seros Huma
nos (CEPJ da Universídado Federal de São Carlos, tendo sido aprovado peloparocer no.
379/2006.
Após o encaminhamento das mães, pelo Projeto Parceria, para as sessões de
observação, as mesmas foram contatadas para agendamento de um horário o obteçáo
da autorização para a filmagem de seus filhos. Dado o consentimento formalizado por
meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, as sessões de obsorvação
iniciavam-so.
As observações foram propositadamente longas (60 minutos), cm funçào do
fato do quo o comportamento inadequado da criança tende a escalonar om função da
passagem do tempo e, em decorrência de tal estressor, a mãe poderia aumentar a
interação coercitiva. Todas as crianças da família foram convidadas para participar da
sessáo do observaçao (e nâo apenas a criança-alvo), para tornar a situaçao mais
próxima do ambiente natural, mas somente as intorações da criança-alvo com a mão
foram analisadas Para a realização das atividades de observação as participantes
roceberam passes do ônibus gratuitamente
A díade M1/F1 participou do duas sessões de observação, enquanto a diado
M2/F2 participou de apenas uma sossão de observação. Entretanto, nenhuma das
díades participou do uso do Protocolo do Habilidados Parentais e tampouco das Atividades
Dirigidas Os dados advindos dessas diádes ajudaram os pesquisadores do presente
estudo a elaborar o Protocolo de Habilidades Parentais e as Atividades Dirigidas quo
seriam utilizados com as outras díades M3/F3 e M4/F4. Aponta-se que apenas as diádes
M4/F4 utilizaram o Protocolo de Habilidades Parentais e as Atividades Dirigidas visto
que a díade M3/F3 somente compareceu à primeira sessáo do observação, faltando
nas demais.
Os dados obtidos foram analisados quantitativamente pela análiso das fro-
quôncias de ocorrência dos comportamontos (códigos) avaliados e qualitativiamonto
pela descrição dos comportamentos observados nas mães e nas crianças pelas falas
das mães e crianças omitidas durante as gravações.
Resultados
Os dados coletados com a díade M1/F1 apontaram quo duranto as duas ses
sões de observação, M1 demonstrou com mais frequôncia ausência do intorações com
a criança, seguidas por aproximadamente 30% de interações negativas o 15% do
intorações positivas. Estas interações negativas caracterizavam-se por falas de compa
ração ontro comportamentos das filhas, como "Sua irmà ta fazendo direito, vocõ nòo",
Q*goriwi dehhreçò* F1
ÂrfLiiajot
0 »-1
\A U AE NO R LXV FN N
100
90
ao
70
C®
3)
40 m
X ri,
2D
*
f> í
0
VAVI*.M)RQ*mN
I»
90
®
z ®
? 50
§ 40
-Jf.
20
r
ítzEd^ffc _EL ffii H
B l\ * IV a> OD /«6» *> N
Ca*gori«t d« IntnqCm F4
00
V ^ fO R » fJ
^ J ^ K .ir y n c K io í, V ib n n . i M > i/o l> 'A ffi> n s c i\i, l\io ll« t M . i g io n i S .m lm i, k itu tn c I o m .i, A ij .i l . i r o l m . i ilc
A ln ie iJ d P d ir iiin , lú n ii t I W m l M im ik I ii, I u cu L d V d k d i ili vlc A lb u i) u c iq u c W i l l i i i m *
Em rolação a F4, obsorvou-se uma maior freqüência do comportamentos posi
tivos, como, por exemplo, comportamentos verbais adequados o atividades engajadas
de brincar A frequência de comportamentos negativos foi de 4%, expressos por compor
tamentos de não obodecer (Figura 5). Nessa observação a criança porguntou muitas
vezes o que fazor, como fazer e podiu opiniões e sugestões. Além disso, ela so engajou
om quase todas as propostas oforocidas pola mão e, quando não queria fazor algo,
propunha urna nova atividade (ex. “ah, eu nào queria brincar do desonhar alguma coisa,
queria desenhar a minha mão, vamos?').
Discussão
Os resultados obtidos rovolam quo a casa-laboratório parece ser um método
eficiente para o ensino de habilidades parentais. As observações feitas com as mãos
M1 e M2 nos ajudaram a verificar que, realmente, as interferências do ambiente e da
situação tendem a ser, no geral, extintas quanto mais observações são feitas A criança
passa a se sentir à vontade para brincar e a mãe também se sente à vontade para agir
espontâneamente, chamando a atenção, fazendo carinho, enfim, sentindo-se, talvez, de
modo análogo a como se estivessem na sua própria casa.
Pode-se dizer, assim, que após o contato freqüonto com o ambiento, no caso a
CAD, até então desconhecido, alguns comportamentos do osquiva tendem a entrar em
extinção c os participantes passam a sc sentir mais à vontade no ambiento, o quo
proporciona a obtenção do dados mais fidedignos e a proposta de intervenção se torna
mais oficaz. Dessa forma, quanto maior o número do sossões do obsorvação realiza
dos, maior a emissáo de comportamentos "naturais" dos participantes, ou seja, aquo-
los mais prováveis de serem emitidos om ambientes não-oxperimontais.
O recurso da casa-laboratório torna-se importanto, principalmente no âmbito
da violência doméstica, pois ele pode apontar os erros e os acertos das mãos em
contexto próximo do real, de tal forma quo ajuda os participantes a entender a importân
cia do se alterar os comportamentos com os filhos, além de fazer com que as habilida-
dos parentais passem a ser positivas, tanto para a mão quanto para a criança, olovando
a frequência do comportamentos do interação positiva o diminuindo as frequências do
comportamentos punitivos dirigidos à criança
Moura, Silvares, Jacovozzi, Silvn o Casanova (2007) aponta quo a modelação
em vídeo é oficaz para altorar comportamentos como elogios genéricos que seriam
diminuição de críticas e aumento do ordens proporcionando assim uma alteração posi
tiva para produzir mudanças de comportamento parental. No presente estudo, verificou-
so a oficácia do aumento desses comportamentos, embora a taxa dc elogio tenha sido
relativamente baixa quando comparada à interação verbal positiva. Ao comparar a
primeira sessào com a segunda da participante M4, obsorvou-se um aumento das
interações vorhais positivas e diminuição das taxas de interações verbais negativas,
sugerindo o método de feedback com auxílio do CAD um importanto recurso para a
modificação do comportamentos.
Da mosma forma, ao analisar os comportamentos da criança F4 comparando
a primeira e a segunda sessão, verifica-so mudanças nas taxas dc interação verbal
apropriada, como não obedecer e reclamar. Esse fator provavelmente so deve à mudan
ça do atitudes no comportamonto da máo nas questões de chamar a atenção a todo o
momonto, não aprosontar interação e não conversar com a criança, como a literatura já
havia apontado
Assim, tomos polo presente estudo a provável oficácia do CAD como recurso
tecnológico para o ensino de habilidades parentais e prevenção de problemas do com
Referências
Appel, A E and Holden, G. W (1998). Co-occurring sfxjuse and child abuse: Implications fur CPS
practice APSAC Advisor, 11(1), 11 -14
Azevedo, M A & Guerra, V N A. (1995) Infância o violôncia lutai em familia. São Paulo" Iglu Editora
Brancalhone, P G & Williams, L.C.A (2003). Crianças expostas á violôncia conjugal: Uma revisão de
área Em- M C. Marquezine, M A Almeida, S. Omote e E D O. Tanaka (Orgs.). O papoI da família
junto ao portador de necessidades especiais Coleção Perspectivas Multidiscipllnares em
Educaçôo Especial, (6), (pp 123-130). Londrina Eduel
Brancalhone, P.G, Fogo, J C & Williams, L.C.A (2004). Crianças expostas áviolência conjugal
Avaliação do desempenho académico Psicologia: Teoria e Pesquisa, 20, (2), 113-117.
Bruschl, A., Paula, C.S & Bordin, IA S (2006) Prevalência e procura de ajuda na violência conjugal
física ao longo da vida Revisto de Saúde Pública 40, (2), 256-264
Capaldi, D M , Klin, H & Pears, K (2009) The association between partner violence and child
maltreatment: a common conceptual framework bm D J Whitaker, & J R Lutzker Preventing
Partner Violence- Research and evidence-based intervention strategies, (pp 93-111)
Washington.DC' American Psychological Association
D'Affonseca, S. M. (2010) Habilidades Maternas do Mulheres Vitimas de Violência Doméstica
Projeto de Doutorado encaminhado ao Programa de Pós-Graduaçáo em Psicologia da Universidade
Federal de São Carlos, UFSCar
D'Ollveira, A F P L ; Schraiber, L B ; França-Junior, I ; Ludermir, A B , Portella, A P; Dinlz, C S.; Couto,
M T. & Valença, O (2009) Fatores associados á violência por parceiro intimo em mulheres brasileiras
Revista de Saúde Pública (2), 299-311
Doyle, A.B., & Marióewicz, D (2005) Parenting, Marital Conflict and Adjustment Fromm Early to Mid-Adoles
cence Mediated by Adolescent Attachment Style? Journal of Youth and Adolescence, 34(2), 97-110.
Gomide, P I C (2003) Estilos parentais e comportamento antisocial Em A del Prette & Z A P. del
Prette (Orgs ) Habilidades sociais, desenvolvimento e aprendizagem: Questões conceituais,
avaliação o intervenção (pp 21-60) Campinas1Editora Alinea.
Holden (2003) Children exposed to domestic violence and child abuse terminology and taxonomy
Clinical Child and Family Psychology Review, 3, 151-160
Holden, G.W., Stein, J D., Ritchie, K.L., Harris, S.D., & Jouriles, E.N (1998). Parenting behaviors and
beliefs of battered women In G.W Holden, R Geflner, & E.N. Jouriles (eds ) Children Exposed fo
Marital Violence: Theory, Research, and Applied Issues (pp 289-233). American Psychological
Association, Washington, DC
Holden, G.W., & Ritchie, K.L. (1991). Linking extreme marital discord, child rearing and child behavior
problems Evidence from battered women Child Development, 62. 311-327
Holden, G W., Geffner, R. & Jouriles. E.N. (1998) Children exposed to marital violence: Theory,
research and applied Issues. Washington: American Psychological Association
K .iry n c Rio», Sib rm .t M<t/o !> A tlo n scc.i, l\ioll.i s.m tini, l.tli.m c I ess<i, A n .i Litrulin.i d f
A ln ie iJ,/ I\i!iidn, l<íntii Ih o u il I uci<t L jv d la w ti d c Albuquctiiuc W illia m s
Capítulo 17
O cliente em contato com a própria
finitude: enfrentando um duplo
desamparo - o do cliente e o do
terapeuta
M íily D fiítti
IV C - Sãoí\u/!o
CeAC-Centro ile Análise do Comportamento
Sobre l ornport.muMilo c l 9 .9 .3
ostive com ela várias vezes durante sua hospitalização, na retirada do curativo e tam
bém estive em sessões de rádio e quimiotorapia. Depois quo saiu do hospital ela voltou
a vir ao consultório o a cada somana falávamos do sous sontimontos do impotência,
raiva e esperança Fia voltou ao seu trabalho e sua vida cotidiana, mas 8 mesos depois
ela começou a ter dores nas costas e veio o diagnóstico da volta do câncer, agora
disseminado nos ossos e no figado. Os módicos disseram que era apenas quostào do
tempo e quo a única coisa a fazer era impedir que ela sentisse dor. A cliente me disse:
"bom, agora eu tenho que morrer mesmo... Então mo ajude nisto”. A partir daí, com muita
tristeza permeando todos os nossos oncontros, ela fez uma lista de providências que
queria tomar, que envolviam desde aproximar o filho (agora com oito anos) do pai que
ainda morava no exterior, gravar algumas mensagens que queria deixar para o filho,
fazer declaração de vontade para cremação, separar algumas coisas que queria doar
para amigos o parentes (livros, CDs, quadros). íambém foram realizados role playings
de situações consideradas difíceis, como por oxemplo, falar objetivamente com seus
familiares, que se esquivavam de falar no assunto (”náo perca a esperança, você vai
sair desta, não queremos falar de cremação nem nada disso, não pense nisso").
Em uma 2a feira de outono ela me disse1 "agora já osta tudo pronto... Não
precisa vir mais aqui, você já esteve comigo em tudo e isto é uma coisa que tenho que
fazer sozinha”. Ela faleceu na 4* feira.
Este caso foi muito importante em minha vida profissional porque me mostrou
como os terapeutas precisam ostar preparados para situações difíceis, que
freqüentemente não aprendemos na faculdade Acredito que a altornativa que tomos é
ficarmos sob controle das contingências da sessão utilizando os princípios do conheci
mento teórico.
No caso desta cliente considoro que a mosma se encontrava cm situação
típica de suprossão condicionada (Estes & Skinnor, 1941). Na situação típica de labora
tório um rato que já aprendeu a obter água pressionando a barra om um esquema
intermitento, o que mantém o animal trabalhando de forma estável Um sinal, um som
ô introduzido e apôs um minuto é apresentado um choque breve (um décimo de segun
do). Esto choque ó inevitável, isto ó, nada que o sujeito faça podo impedir sua ocorrên
cia. Este pareamento entre som o choque ocorre em intervalos do duração imprevisível,
mas o animal poderá continuar a receber alimento durante o choque e em seus interva
los também Ou seja, o evento aversivo ocorro de forma independente do comporta
mento do sujeito o aquele comportamonto anteriormente aprendido continua a ser
eficaz para a obtenção do reforço. Na presença do sinal o sujeito para de pressionar a
barra, fica paralisado, urina e defeca O animal apresenta aquelas respostas que cos
tumam ser chamadas de ansiedade e/ ou depressão.
No caso do ser humano a descoberta que se é portador de uma doença fatal e
a alta probabilidade da morte costuma freqüentemente ser acompanhada de depres
são e do onfraquecimento do reportório. Esta contingência - a morto immento deixa o
ser humano sem possibilidade de escolha adaptativa e comumonte é chamada de
ansiedado o costuma ser acompanhada de depressão, aqui entendida como extinção
ou enfraquecimento do repertório comportamental. Coerção da qual não se pode fugir
tem ou impedir tom como conseqüência o desamparo da supressão condicionada.
Assim vários eventos adquirem a função do sinal do ostímulos que sinalizam a punição
iriovitávcl. Na vida da minha clionte inúmoros eventos ambientais (como a prosença
dos médicos, o hospital, sala de quimioterapia, os remédios) e físicos como a dor,
náuseas, queda dos cabelos e físicos adquiriram status de estímulos quo sinalizavam
o evento aversivo inevitável. Além disso, no ser humano o comportamonto verbal que
Referências
M .ily P c lilh
Capítulo 18
E os clientes continuam sonhando...
M <ily IV l if l i
P U C - São I\»ulo
C c A C - C c n t r o dc A n á lis e do C om portiim cnfo
SoImc L c C o £ n i( iio
de dados objetivos para relacionar os relatos de sonhos a outros padrões de compor
tamonto do cliente faz com quo ostos relatos sejam úteis apenas as partir do momento
que o torapouta já conhece bem o cliente, ou soja, dificilmonto podomos analisar um
relato do sonho na primeira sessão. Há ainda a possibilidade de o cliente dizer que não
consoguü relacionar seu sonho aos outros padrões comportamontais u o terapeuta
tambóm não conseguir. Nostc caso o torapouta dovo deixar claro para o clionto quo não
sabe ou ainda náo tem dados suficientes para traçar relaçõos funcionais entre os
relatos de sonhos e outros padrõos de seu repertório. Nesta situação pode ser intoros-
santo observar como o clionto reage ao comportamento do terapouta; fica frustrado?
Com raiva? Confronta? O padrão de interação terapêutica pode ser analisado o onton-
dido como uma possível amostra do como o cliente so relaciona om sua vida cotidiana
o, portanto a interação verbal torá sido útil para o processo terapêutico.
Outro aspecto a ser considerado diz rospoito à funçao que os relatos adquirem
na sessão. Em uma situação aversiva, por oxomplo, quando um assunto traz fortes
respostas emocionais, o cliente podo rolatar urn sonho. Se o torapouta, que quase
sempre fica sob controle das contingências da sessão, mudar o assunto poderá refor
çar este comportamento e o cliente, quando se sentir ansioso usará do relato de so
nhos como comportamento de fuga/esquiva. Além disso, se o cliento discrimina que
seu terapouta se interessa por seus relatos de sonhos poderá emitir mais
freqüentomente este padrão para obter atenção ou reforçamento. Em suma, interessa
ao torapouta saber por quo o cliento foz este relato naquele momento de sua terapia.
O uso do rolato de sonhos na prática clínica comportamental podo sor
exemplificado pelo relato de alguns sonhos do um cliente e como ostes foram analisa
dos pola dupla clionto - torapouta. Gostaria do onfatizar quo sompre ocorro um rolato de
sonho minhas porguntas para o cliente são: Como vocô relaciona este sonho com o sou
momento do vida? Por que voc6 resolveu rolatà-lo nesta sessào? Com ostas questóes
está criando oportunidades de auto - observação e discriminação de funções
comportamontais que podem estar atuando som serem Oanalisadas no contexto de
vida do cliente.
A partir da análiso funcional dos relatos de sonhos, o torapeuta podorá ter
acesso á história pnssoal do cliente e criar condições para que, a partir dnstes rnlntos,
sejam evocadas rospostas emocionais do cliento na sossão, as quais podem ser
modificadas no contexto terapêutico.
Para osta apresentação fiz um levantamento com alguns torapeutas (30) o
pudo concluir que: parece que 10% dos clientes relatam sonhos e quando isto ocorre
os torapeutas fazem questões e analisam estes relatos de forma muito semelhante a
quo faço, considerando o relato de sonho como mais um operante vorbal que ocorre na
sossão de terapia.
2osonho
"Estou nu convento nu ópoca do noviciado e minhu orientadora espiritual me
chama o du quo prociso fazer mais periodos do silòncio, muditaçüo e oração...
Saio correndo pelo corredor e começo a vomitar cacos de vidro vou vomitando o
os cacos vâo me cortando por dentro, vomito vidro e sangue ”
Após este sonho a cliente me falou que so lembrava quo depois da morte da
mãe, durante um ano, seu pai ficava bastante com ela, levando - a pela fazenda, ela
andava de trator com olo o so sentia bem Depois, seu pai so casou do novo e ola ficou
morando com os irmãos mais velhos que achavam um absurdo ela morar com "aquela
mulher".Ela se lembrou que as vozes acordava no meio da noite e era levada como um
pacote" pelo pai que dizia:- vão ropara se vocô nào morar comigo.." Quando porguntoi
por quo ela achava quo os pais c irmãos a queriam com eles , a cliento disso quo ora
porque as possoas iam achar feio se elos nào cuidassem dela. Eu lhe disse que talvez
elos a quisessem por gostar dela Com um ar do espanto ela disse que nunca havia
ponsado assim Nesta sessào elo conta tambóm do sua escolha pela vida roligiosa.
Ela ostudava em cológio de freiras e pensava quo elas oram alegres, felizes, sempre
estavam em grupos, o que nunca sentiam solidão. Ao ontrar no noviciado, doscobriu
que havia regras rígidas que teria que fazer longos períodos do meditação, silõncio e
oraçào, enfim que a vida religiosa não era o que ela havia imaginado Entretanto ela
disso:-" bem eu já estava lá o todo mundo ostava tocando a vida,ou fui ficando..,mas o
noviciado foi um horror..."
Enquanto (azia este relato à cliente me disse.- "sabe eu não senti mais aquele
adormecimento na boca e agora acabou de parar a sensação de pressão no alto da
caboça o no estômago"
Nas sessões estávamos procurando instalar um repertório novo quo onvolvia a
aproximação o rclacionamonto social com as outras freiras, ola passou a nadnr traba
lhar na horta do convento e tambóm se envolveu em atividades de ensino. Também
procurou por seus irmãos o planejava visitar um deles nas férias.
3osonho
Chogo à casa de meu irmão para visitá-lo e ele me diz quo o quarto ondo ou
dormia está ocupado por minha madrasta. "Pego minha mala o vou embora..."
A clionto rolatou quo roalmonto so sentiu som espaço quando sou pai so ca
sou, ele não saia mais com ela pela fazenda e a madrasta "era boa,não me batia nem
nada, dava comida,só não falava comigo."
4osonho
"Estou no banco da trás de um carro, mau pai n outra pestoa est&o no banco da
frente De repente meu pai começa a passar maI De onde estou constgo pegar a
direçèo, dirijo para fora da estrada e estaciono o carro..."
Este sonho foi seguido pela lembrança do que no convento ela percebeu que
podia ter sua própria vida, ser independente da família e que era capaz de fazer muitas
coisas, como aprender a dirigir cuidar da horta e do pomar e tambóm dar aulas. Ela
relatou que se sentia cada vez melhor e mais competente, que sua solidão também
estava diminuindo.
Em uma sessão posterior ela me relatou que estava na capela do convento, em
silêncio e sozinha e de repente se lembrou de outras situações de sua vida, como por
exemplo, do uma vez que seu pai ficou doente e ela foi visitá-lo. Seus irmãos queriam
que ela abraçasse o pai no hospital,mas ela não quis e não abraçou. Ela me disse: "viu
como era mesmo covarde, não consegui tocar no meu pai..." Eu retruquei:- "ao contrário,
acho que você foi corajosa, você não quoria e podo não fazer isto. Você não é mais a
menina que ó cofocada a força dentro do caixão da mãe." Neste momento, para minha
grande alegria a cliente disse:» “e tambóm náo preciso mais sonhar, para me lembrar."
Valo á pena observar na situação do meditação as variáveis ambientais tam
bém estão atenuadas, quase como no sonho... Parece que esta cliente desenvolveu
um padrão de comportamento que podemos esquematizar da seguinte forma:
4 ^ 4
sonhar (meditar) lembrar relatar
Referências
1
Capítulo 19
Remoção de reforçadores pode eliciar
raiva: entenda e aprenda a
controlar essa emoção
C/ina N o le t o l i u e n o 1
Jo rd a n a S . M e llo *
I o h a n n a N o lé f o B u e n o 5
R olnTta M a i a M a r c o n 4
1.1 'O ihiU xuikIhiiim PkM ih iu M Ott|MrUtMM«ikHlo P ttiu oloq ltH iiki P io y rim iH il« fY n -d im ltm iA o l u l u íi m iü u m n l ’«K;o|>nlok>giHijH
C h Iú Ik . m 0u Ooímb, m iifiitim ilo N u i.k H iiltt P iin g u in u h iii IiiU hvim k/m hi C II m k .hn » Coiiium íImiimh- N U P A I C C E-iiihiI
unn
2,2"E-iiimII ixmi
3 , r r iiih II lotmniMi uxn
4 .4" f. in.ill ro tK irbim M M m w M w i^holm riil c o m
236 t/in .i N o lflo Hueno, lorJ.tm V M e llo , I uhtirmo N o lflo lUieno, Kobcit>i M . ii .i M iiic o n
É, portanto, notório quo contingências aversivas comumonto favorocom a pro
dução de emoções negativas, como a raiva, por exemplo. Há que se observar que na
atualidade as pessoas vivom em uma sociedade consumista e imediatista. Assim,
eventos como atrasos do vôos; ambientes de fasl foods, trânsito congestionado; objetos
enguiçados (computador, celular ou qualquer outro produto eletrônico ou não); sono ou
trabalho interrompido; bom como o não encontrar do uma morcadoria requerida; ou o
nao ter o último lançamento de uma determinada coleção; dentro outras inúmeras
situações que demandam dos indivíduos habilidades específicas, como conseguir
lidar com contingência de atraso e/ou até mesmo ausência de estímulos reforçadores,
isto ô, a chamada tolerância à frustração, acaba por desencadear tipos singulares do
omoções negativas. Mas o quo tem contribuído para o aumento continuado das roaçõos
violontas dos indivíduos? Reações essas que vão desde uma agressão verbal até à
provocação do mortes?
Necessário ressaltar que as palavras utilizadas pela pessoa para doscrever
um evento poderão levá-la a defini-lo inapropriadamente. E esses auto-relatos favoro-
cer-lhe-ão sentir uma resposta emocional muito mais intensa do que a requerida pela
situação, momento em que será mais provável uma grave mudança em seu comporta
mento intoracional: a agressividade verbal e/ou física. Nossa ocasião, é provável que ao
extornar a raiva, via comportamentos agressivos, impulsivos mesmo, a pessoa avalie
ostar enfrentando a contingência ameaçadora, e se assim, a controlará. Posteriormen
te, é provávol quo sinta-se culpada e até prometa a não comportar-se mais daquela
maneira agressiva. Poróm, enquanto nào aprender a usar técnicas de controlo de suas
respostas emocionais, enquanto nào adquirir operantes apropriados para lidar com
contingências estressoras, enquanto não aprender a ter o controle de seus impulsos,
muito provavelmente voltará a se comportar exatamente igual, ou ainda mais grave, da
maneira que prometera não mais comportar-se (Bueno et al., 2008; Deffenbacher &
Lynch, 2007; Mckay et al., 1989/2001).
Portanto, quando o cliente busca a terapia por estar oxperienciando em sou
próprio corpo sensações, "sentimentos", de incômodo ou desconforto, a análise funci
onal ajudará a ambos, terapouta e cliento, a melhor descreverem as contingências
envolvidas. A análise das contingências onvolvidas, isto é, as relações funcionais
estabelecidas entre o ambionte, os comportamentos (públicos e/ou privados) e os
comportamentos e os consequentes, possibilitará a provisão e o controle dos operantes
o ostímulos envolvidos (Skinner, 1953/2007; Meyor, 2001b).
Pola porspcctiva dossa análise, comportamcntos inadequados, tais como; bri
gar, insultar, infligir danos a alguém, dentre outros, nào sào causados pela raiva, mas
sim por contingências do reforçamento não adequadas. Assim sendo, para modificá-
los será necessário modificar, pois, as contingências ambientais que favorecem sua
ocorrência (Skinner, 1989/2005).
Contingência é um termo utilizado pelos analistas do comportamento, o qual
faz roforôncia aos três componentes das relações comportamontais - ostímulo
discriminativo, rosposta o consequência - os quais aprosontam rolação do dopondõn-
cia ontro si (Toixoira Junior & Sou/a, 2006).
Assim, para o entendimento da função do comportar-se ó preciso operacionalizar
esses três termos a partir de um instrumento teórico improscindlvel aos analistas do
comportamento: a análise funcional.
A análise funcional do comportamento é um instrumento básico para o trabalho
do analista do comportamonto, ossoncialmente para aquele que atua na clínica. Esse
2 3 8 l/iih i N olctu Hucno, loul.m.i S. M e llo , I oI m iiim N olctu Hueini, Rolicil.i M . ii .i M .irro n
Posto isso, ensinar ao cliente estratégias mais adaptativas do agir diante da
discriminação do alterações em suas condições corporais, no caso a raiva, altera a
probabilidade de omissão de classes de respostas oporantos diferentes da “predis
posta" o/ou da “reforçada inadequadamente" na presença do estímulos aversivos. Mui
tas vezes o agredir verbal ou físico ó o único repertório sabido por essa possoa para
gerar-lho alívio (roforço negativo) ao imenso desconforto que sonte após intoragir com
um ovonto muito aversivo, ou seja, eliciador de ansiodade exacerbada, ora exporimen-
tada e quo a atormenta (Lipp, 2005).
Uma intervenção, ainda mais prococe é favorecer às crianças a experimenta
ção de contingências consideradas como frustrantes, ou seja, nas quais o reforço que
ora esporado pela criança nào lhe é disponibilizado. Esse treino tom por finalidade
onsiná-la a resistir adequadamente quando da ausência do roforço, o a utilizar-se de
ostratógias para lidar com as chamadas “situações difíceis e/ou frustrantos”. lais trei
nos pormitir-lho-ão rosponder a essas contingências de uma maneira mais adaptativa,
quando frustradas em seus roforçadoros (Lipp, 2005).
Consequência natural da explanação aqui exposta são alguns passos que,
uma vez praticados, poderão favorecer o autocontrolo diante do contingências que pro
duzam emoções negativas, como a de raiva.
Um primoiro passo a ser dado na direção do controle da raiva consisto em
identificar o repertório verbal, ou soja, conhecer a forma com a qual a pessoa está
descrevendo (privada ou publicamente) para ola mesma aquilo quo está ocorrendo no
ambiento atual ao qual está oxposta (Doffonbachor & Lynch, 2007). Então, alguns
questionamentos tornam-se relovantos nosso momento: “A maneira como estou inter
pretando o que está ocorrendo é correta?”, “Quais consoquôncias terei em acreditar
que esta primeira maneira com a qual descrevo esse evonto ó a correta?" "Qual efeito
teroi se buscar doscrever esse evento por um outro ângulo da situação?".
Igualmento útil mostra-se o procedimento timo-outL ou seja, dar um tempo.
Esse procedimento consiste em a possoa afastar-se do ambiente, do evento, noste
caso, da contingência avorsiva que está lhe provocando a raiva, assim quo perccber os
primoiros sinais dossa rosposta omocional negativa. Ao afastar so do ambionto/situa
ção avorsiva, ó importante praticar um exercício de controlo da rospiração, para o contro
lo das rospostas do sistema nervoso autônomo simpático (Bucno ct al., 2008).
Por tratar-se de emoção com forte componente físico, o controle da raiva requer
a utilização de estratégias para controlá-la em nível físico, também, e assim levar o
sistema nervoso autônomo simpático a rotornar aos nivois de proteção do organismo.
Nesse sentido, o autocontrole das rospostas corporais pode ser viabilizado por meio do
controle respiratório. Para praticá-lo, (a) corro os lábios e inale bastante oxigênio pelas
narinas, até encher os pulmões; então, (b) rotenha esse oxigênio por cerca do 4 segun
dos; depois, (c) entreabra a boca e sopre, suavemonte, o ar ató eliminá-lo completa
mente; posteriormente, (d) volte a respirar normalmente, por 4 sogundos. Ropita ossos
passos (de (a) a (d)) por pelo menos seis vezes consecutivas, mantendo a musculatura
corporal o mais relaxada possível (Bueno et al., 2008). Utilize, diariamento, esso proco-
dimento ató a obtonçao da regularização das respostas simpáticas.
Roduzida a ansiedade exacerbada, ou soja, rebaixadas as rospostas fisiológi
cas e interrompido o diálogo privado catastrófico, ó hora de retornar à situação para
resolvê-la de lorma harmônica. Isto ó, assortiva (favorecedora de consequências a
curto, médio e ató longo prazos favoráveis a pessoa o om consonância com as regras
sociais do sou ambiente). Nu realidade, isso implica em resolver a situação sem criar
SoImc l ompotliimcnto p L
um novo problema, Com essa finalidade, jamais deixe de questionar*se acerca de:
"Quais serão os benofícios e os prejuízos do eu agir assim?", “O que vou ganhar ao agir
assim?", "Vale mesmo a pena agir desta maneira nesta situação?" (Miyazaki, 2004).
Importante ressaltar que o relaxamento muscular progressivo é um recurso
muito importante àquele ou àquela quo padecem dessa emoção negativa de forma
exacerbada. A principal ônfaso desse procedimonto rocai na discriminação do contraste
entre sensações do tensão e relaxamento de determinados grupos musculares. Assim
sendo, o terapeuta verbaliza ao cliente uma sequência de grupos musculares que ele
deverá contrair por cerca de sete segundos e depois, relaxar entre vinte a trinta segun
dos. Necessário, portanto, levar a pessoa a perceber o que sente quando os seus
músculos ostão tensos o enfatizar as novas sensações do relaxamento quo ola sonte,
em contrasto com as anteriores, de tensão (Mckay et al,, 2001; Vera & Vila, 1996/2007).
Em suma, conclui-se: comportamento algum, seja esse encoberto ou público,
ocorre "no vazio". Assim, percebemos, sentimos o reagimos ao quo acontece ao nosso
redor e isto, de acordo com aquilo quo somos e como estamos om certo momonto. Ou
seja, a explicação para o nosso agir é complexa por compreender a história passada e
a atual, os agentes de controle do comportamento, portanto, a relação funcional do
comportamento com os estímulos antecedentes e do comportamento com os estímu
los consequentes. Ademais, o modo como agimos podo mudar o nosso modo de ser,
voz que operantes são um continuum no processo de aprendizagem do ser humano.
Uma voz quo comportamontos podom sor fortalecidos (roforçados) pola prática, ou
seja, pela consoquência que produzem, da mesma forma que um músculo se fortalece
pelos exercícios diários. Essa é uma premissa verdadeira para todos os costumes,
assim como o sentir o o expressar raiva contra outros, nas mais variadas magnitudos.
Nessa perspoctiva, ao utilizar-se de hábitos mais saudáveis para lidar com
essa emoção negativa, a raiva, a pessoa estará praticando e, por conseguinte, fortale
cendo um repertório mais assertivo, ou seja, incompatível aos comportamentos dirigi
dos pelo sentimento de raiva, eliciado por estímulos antecedentes
Referências
Barlow, D H & Durand. V M (2008) Psicopatologia' uma abordagem intmjrada Tradução organizada
por R Galman 4* Edlçâo. Sâo Paulo: Cengage Learning (Trabalho original publicado em 2005)
Britto, I A G. S & Elias, P. V. O (2009). Análise comportamental das emoções Psicologia para
América Latina, 16 (1). Retirado dia 12 de Junho de 2009 do endereço httu://www.Dsicolatina.Qro/
Bueno, G. N.; Ribeiro, A. R B., Oliveira, I J. S.; Alves, J C. & Marcon, R M (2008) Tempos modernos
versus ansiedade aprenda a controlar sua ansiedade Em W C M P Silva (Org ), Sobra
Comportamento e Cognição, análise comportamental aplicada (pp. 341-352) Santo André ESETec.
Chiesa, M (2006) Beheviorismo radical: a filosofia e a ciência Tradução organizada por C E.
Cameschi Brasilia Editora Celeiro (Trabalho original publicado em 1994).
Craske, M G. & Barlow, D H (1999) Transtorno do pãnlco « agorafobia Em- D H Barlow (Org.),
Manual Clinico dos Transtornos Psicológicos (pp 13-62) Tradução organizada por M R B.
Osório Porto Alegre. Artmed. (Trabalho originai publicado em 1993)
240 C/iHit N idéto Kucno, kml.iriii S. M e llo , I oh>mn>i N o lclo lUicno, Roberta M . ii .i M iiia m
Darwich, R A & Tourinho, E. Z (2005) Rospostas emocionais à luz do modo causal de seleção por
conseqüências. Revista Brasileira de Terapia Comportemental e Cognitiva, 6(1), 107-118.
Deffenbacher, J L & Lynch, R S. (2007) Intervençflo cognltivo-comportamental para o controle da
Ira Em: V. E Caballo (Org.), Manual para o Tratamento Cognitivo-Comportamental dos Transtornos
Psicológicos da Atualidade (pp 623-658) Tradução organizada por M, L. Marinho Sào Paulo:
Editora Santos. (Trabalho original publicado em 2007).
Guilhardi, H J. (2002a). Análise comportemental do sentimento de culpa. Em A M S Tolxoiro; M R
B Assunção; R R Starliny & S S. Castanheira (Orgs ), Ciôncia do Comportamento: conhecer e
avançar (pp. 1-19) Santo André ESETec Editores Associados
Guilhardi, H J. (2002b) Auto-estima, autoconfiança e responsabilidade Em' M Z. S. Brandão, F. C.
S. Conte & S. M B Mezzaroba (Orgs ), Comportamento Humano: tudo (ou quase tudo) que vocô
gostaria de saber para viver melhor (pp 63-98) 1* Ediçflo Santo André ESETec Editores
Associados
Kerbauy, R R (2000). O relato de ernoçâo e o fazer com emoção Em: R R Kerbauy (Org.), Sobre
Comportamento o Cognição: conceitos, pesquisa o aplicação, a ônfaso no ensinar, na omoçòo e
no questionamento clinico (pp 183-188) Santo André: Set
Kerbauy, R R (2008). Emoções: assunto nâo esgotado h implicações clinicas Em: W C M P Silva
(Orq ), Sobre Comportamento e Cognição: análise comportemental aplicada (pp 13-17) Santo
André: ESETec Editores Associados.
Lipp, M E N (2005) Stress e o Turbilhão da Ruiva. 1* Edição Sáo Paulo: Casa do Psicólogo.
Martin, G., & Pear, J (2009) Modificação de comportamento: o que è e como fazer Tradução
organizada por N. C Aguirre Sâo Paulo: Roca (Trabalho original publicado em 2007)
Mckay, M ; Rogers, P D S Mckay, J (2001). Quando a raiva dói■acalmando a tempestade intenor
Tradução organizada por M S M Netto Sâo Paulo- Summus (Trabalho original publicado em
1989)
Meyer, S B (2001a) Sentimentos e emoçfles no processo clinico Em- M Dellltl (Org ), Sobro
Comportamento e Cognição' a prática da análise do comportamento e da terapia cognltivo-
comportamental (pp 181-187) Santo André- ESEtec Editores Associados.
Meyer, S. B (2001b). O conceito de análise funcional Em M. Delitti (Org ), Sobre Comportamento e
Cognição: a prático da análise do com(K>rtamonto e da torapia cognltivo-comportamental (pp 29-
34). Santo André ESEtec Editores Associados
Miyazaki, M C O S. (2004) Diálogo socrático Em C N Abreu & H J Guilhardi (Orgs ), Terapia
Comportemental e Cognitivo-Comportamental' práticas clinicas (pp 311-319) Sâo Paulo- Editora Roca
Neno, S. (2003) Análise funcional: definição e aplicação na terapia analitico-comportamental Revista
Brasileira do Terapia Comportemental e Cognitiva, 4(2), 151-165
Skinner, B. F (2006) Sobre o behaviorismo Tradução organizada por M P Villalobos. 10* Edlçáo.
Sâo Paulo: Cultrix (Trabalho original publicado em 1974)
Skinner, B F (2005) Questões recentes na análise comportemental Tradução organizada por A
L Neri. 2* Edição. Campinas: Papirus Editora (Trabalho original publicado em 1989)
Skinner, B F (2007). Ciôncia e comportamento humano Tradução organi/ada por J C. Todorov A
R Azzl. 11" fcdiçao Sâo Paulo Martins Fontes (Trabalho original publicado em 1953).
Teixeira Junior, R R & Souza, M A O. (2006). Vocabulário de analise do comportamento: um
manual de consulta paru termos usados ne área Santo Andró: ESETec Editores Associados
Vera, M N & Vila, J (2007) Técnicas de relaxamento bm: V E Caballo (Org ), Manual de lôcnicas
de Terapia n Modificação do Comportamento (pp 147-163) Tradução organizada por M D
Claudlno. São Paulo: Santos Livraria Editora. (Trabalho original publicado em 1996).
1 T ( H lx ilh o H f H T m iH itiK lo m n n io H H H x J o fH lii n o l ) o lllu k ) 'M H t i lw t f x I o r e ii Ih m ii Iw i h * ( te ( X in iiK V tM n im ilo N < li» fiiiK ÍO íiH l» ‘ n o X V III E i i u x i t r o B íih iM o
<lo |M k x ) ln r M |) M n M o d tc u m C u i i i k x I m m h i Ij i I. u n i i t y o a k i <l«i 2 0 0 0
' ( ’»kxttd yud lim .« P io Im k m m u « ü iitik iiu I Om A(M*h h k !I k »<« « AIu ir Jii ii m i Iu ttfii t ndui w y >|) hi H (.<>i >i k IAiiuh
R i ii i S w T t M i H t k r t i i c . H i u n o 1 2 0 9 - T i r t u i i p * - C E P 0 3 3 1 7 - 0 0 1 - S A o P m i l o . « - m u » m i f n w t d M w Q H p r « * * * # » « ! < x» n I»
242 t/in .i N olèlu Hucno, kml.m.i S. M ello, I oh.miM N olctu Hueiio, kobeil.i M .ii.t M .m o n
Esses eventos aversivos, muitas vezes estão inerentes a contextos específicos
da história de vida das pessoas em geral, e dependendo da freqüência e intensidade
que ocorrem, acabam por evocar estados emocionais desagradáveis que passam a
interferir na saúde e vida do quem é acometido de forma avassaladora.
Kellor o Schoonfeld (1973) conceituam ansiedado como um estado corporal
desagradável, sentido através do contato com ovontos aversivos quo ativam fortos pro
cessos internos e a supressão do certos comportamentos operantes.
A ansiodade comproendida sob aspecto negativo, compromete a vida do indiví
duo trazendo prejuízos ocupacionais, impedimento do desenvolvimento dc atividades
corriqueiras nos âmbitos profissionais, académicos e sociais; sofrimonto agudo des
crito pelo indivíduo o aumento excessivo na freqüência de respostas do fuga o esquiva
emitidas pelo indivíduo, acarretando na ocupação de boa parte do tornpo do dia da
possoa. Sendo descrito dessa forma, ossos casos são vistos pela literatura médica o
psicológica como transtornos de ansiedado (Zamignani e Banaco, 2005).
Tratando-se do Transtorno do Pânico em específico, as características essen
ciais para o diagnóstico segundo o DSM-IV-TR (Associação Americana dc Psiquiatria
[APA], 2002), sao ataques do pânico recorrentes e inesperados (nao evocados), segui
dos por pelo menos um mês de proocupação persistente acerca de ter outro ataquo do
pânico. Nos ataques de pânico o indivíduo podo sentir ocorrer ao mesmo tempo em sou
organismo alguns comportamentos rospondentos como: taquicardia, náuseas, dor no
peito, tontura, formigamento, entre outros. Pelo monos dois ataques de pânico inespe
rados são necessários para o diagnóstico, mas a maioria dos indivíduos relata um
número maior.
A título do ilustração a origem da palavra Pânico vem da Mitologia Grega o
significa modo quo vem do Pâ, deus representado através da imagem quo mistura
metade bode (pés, pernas e chifres) o metade homem (tronco, braços, mãos o rosto)
Do acordo com o mito, o deus Pà vivia confinado nas montanhas da Arcádia e se
divertia aparecendo para possoas quo passavam por essa região causando-lhes uma
sensaçáo de modo intonsa (Pânico), devido a sua aparência assustadora (Caotono, 2000)
Zamignani e Banaco (2005) atentam para o termo estimulo aversivo condicio
nado, com a finalidade do oxplicar a necessidade da antecipação de um estimulo
aversivo para definir o conceito ansiedado. Segundo os mesmos autores, estímulos
muitas vozes considerados neutros para evocar rospostas do modo, so forem segui
dos durante uma freqüência acentuada de estímulos aversivos incondicionados, pas
sam a assumir propriedades aversivas surgindo à possibilidade de eliciar respostas
semelhantos ao modo (ansiedado).
Em muitos casos um ostimulo adquire uma função aversiva quando relaciona
do a um ataque do pânico através do generalização, assim o cliente pode ter ataques
om ambientes e circunstâncias diversas. Os sintomas decorrentos de um ataque de
pânico trazem prejuízos significativos para quom os sofre, nos casos mais agudos o
tratamento medicamentoso ó necessário.
2. Estudo de caso
Sogue um breve resumo do atendimento ministrado em B.. sexo feminino, 19
anos; durante um ano c oito meses.
B. tem 19 anos, é estudante universitária, não trabalha (nunca trabalhou) e mora com
os pais e um irmão, um pouco mais novo, em um apartamento na cidade de São Paulo.
243
Relata que vem sentindo tristeza, dificuldades para dormir e perda de apetite,
acerca de quatro a cinco anos. Atualmente (quando procurou terapia) além desses
comportamentos tem sentido náuseas, sensação de sufocamento, medo de enlouque
cer, taquicardia, tremores o pressão no peito.
Seus pais a levaram a prontos-socorros e a divorsos módicos, porém nada foi
constatado nos examos fisicos, assim foi oncaminhada para a torapia.
Nas primoiras sessões, chega com a aparência do extrema fragilidade. Des
creve-me seus sintomas físicos com voz trêmula e praticamente deitada na poltrona do
consultório
Rolata sentir muita culpa por ter iniciado um namoro escondido com um primo
quo estava estudando para scr lider espiritual de uma religião especifica, na qual todos
os seus familiares fazem parte. Mesmo a família sabondo atualmente dosso namoro,
cobram dela fidolidade, pois se sentiram traídos por sua atitude de nào informá-los, tendo
esses adquirido conhecimento sobre o fato, por tê-los flagrado (sic). Sua tia, màe do
namorado também faz cobranças a ela, pois o primo acabou por abandonar a religião.
B. evila situações sociais por sentir-se inadequada, feia e por considerar que
não corresponderá as expectativas dos outros. Sente-se inferior aos outros o acredita
quo terminará sua vida sozinha.
Apresenta idéias de suicídio (jogar-se da janela do seu apartamento do 9°
andar).
Teve um ataque de pânico durante a noite, por isso, não consegue mais dormir
por medo de ter outros ataques (sic).
Parou do froqüontar o faculdado por modo do sentir-so mal no cominho o não
ter ninguém conhecido para socorrê-la, pois tom dificuldades para confiar nos outros.
Na investigação do seu histórico do vida, declara quo ora punida pelo pai cons
tantemente, apanhando com fio de ferro o ficando de castigo de joelhos por brigar corri
o irmão (que sofria os mesmos maus tratos que ela).
Quando era pequena, era muito magra e sempre estava doente, percebia que
não era escolhida pelas crianças para brincar na escola. Seus pais sempre salienta
ram quo ola era muito frágil.
Ainda na infância, nào lhe ora permitido conversar ou brincar com vizinhos,
somente podia brincar com primos e parentes quando estes vinham visitá-los, visto que
nào viajavam muito.
Segundo o seu relato o pai é desatento e autoritário, a màe é preocupada,
presento o sompre se dispõe a ficar acordada velando seu sono, quando tom um
ataquo de pânico. O irmão é disperso e quase não conversam
Relata que desde sua infância apresenta insegurança, dificuldade para tomar
decisões e sentimentos de monos valia.
Os pais não costumam permitir que saia com suas amigas de faculdade.
A comunicação na cusu ó falha, quaso não convorsam ontro si
O pai cobra dela que fique "melhor" logo, pois ostá gastando muito com o seu
tratamento.
Encaminho a cliente ao Psiquiatra, pois a mesma apresenta muitas respostas
de fuga e esquiva, que a estão impedindo do dar prosseguimonto ás suas atividades
acadêmicas, bem como de experimentar contingências reforçadoras positivas através
3. Análise Funcional
Após uma avaliação minuciosa da sua história do vida, dos antecedentes que
evocavam as crises, das respostas que emitia e das conseqüências que oram gora
das, foi osboçada uma primeira análise funcional, que segue ilustrada através do dia
grama de contingências de Mattaini (1995).
f Comportamento \
\^Atiqu»í d# Pânico J
so * ♦ \ ConMqUència
Controla do» pait / \ Reforçadora
/ \ • Atençiü do» pai»
- Süpai protaçio
/ \
Oparaçào
fsta b a U itd n ra ContaqUtncIa Aveislva
(,'onlaxto • Ampliaçif dos
-PrivaçAo
Familiar
E»timulaçlo avgrsiva comport am»nlos de fuga r
esquiva
• Exceno de dependência
4. Proposta de tratamento
• Tratamonto modicomentoso para o Transtorno do Pônico o o Doprossõo Sovora
Psicóloga e Psiquiatra, trabalharam juntos acompanhando a evolução da clien
te. A rnesma aprosentava alto risco do suicídio.
• FAP
Foi utilizada para instalar o repertório de autoconfiança.
• Relaxamento muscular progrossivo
Foi utilizado com o objetivo do auxiliar a clionto a controlar as próprias crises. No
decorrer do tratamonto a cliente passou a discriminar estados internos de ansiedade e
contextos que estimulavam processos ansiogênicos; o relaxamento diafragmático foi
manejado pela cliente com ôxito para controlar esses processos.
• ürientaçõo do pais o encaminhamento para atendimento psicológico
Os pais não aderiram ao atendimento psicológico pessoal, mas concordaram
em participar da orientação da psicóloga em relação ao manejo de alguns contextos e
comportamentos emitidos pela filha. Foram orientados a receber as amigas da faculda
de da filha orn casa (para conhecô-las e ficar mais seguros) e depois permitirem que a
mesma começasse a sair com as amigas para festas da faculdade e outros lugares.
5. C o n c lu s ã o
No decorror do processo terapêutico a cliento adquiriu repertório adequado
para sociabilizar-se. A troca social com o ambiente proporcionou a vivência do contextos
distintos quo acabaram por fortalecer a autoconfiança o a asserlividade da clienle Os
ataques do pânico reduziram a freqüência tornando-se instintos. O humor deprimido o
o risco do suicídio também foram reduzidos, pois a cliente foi exposta a contingências
roforçadoras positivas quo ampliaram suas expectativas e "visáo do mundo". O Follow-
up loi administrado por cerca de cinco mesos após o término da medicação e a mosma
obteve alta após um ano e oito meses de terapia.
R e fe rê n c ia s
P la ne ja nd o um p ro g ra m a de a te n d im e n to
Sogundo Grossi (2002;2003), os atendimentos às famílias das pessoas com
NE, para serem mais efetivos, devem ser planejados de modo a:
1) enfatizar mais as aptidões e as potencialidades da PNE e as suas características
singularos do que classificá-la, categorizá-la e rotulá-lo, tratanda-o como pessoa e
como cidadão,
7) procurar tornar a PNE a mais produtiva, adaptada o o mais independente possível;
3) atender aos objetivos o às necessidades das famílias, tomando contato, observan
do, analisando o considerando as diferonças ontre elas do modo a alcançar os objotivos;
4) conhecer aspectos demográficos da realidade das familias para favorecer o doline-
amento do atendimento, de acordo com as necessidades e os recursos das mesmas;
5) levantar as caractorfsticas parentais (como ajustamento social o conjugal), os agon-
tes estressores, e como so estabelecem as intorações familiaros;
6) observar as intorações da pessoa com necessidades especiais com os outros
membros de sua família;
7) ter os pais como aliados no processo do ensino-aprondizagom o de reabilitação do
filho com NE, pois desta forma o seu progresso será positivo para toda a família;
8) facilitar o processo de adaptação dos pais à situaçáo-problema, para que possam
assumir este filho o com ele conviver de forma saudável;
9) acompanhar as etapas do desenvolvimento da criança, a necessidade dos pais e os
porlodos de crise o
10) identificar outros fatoros quo possam contribuir para a eficiência do atondimonto o
que devam variar de acordo com o objetivo do estudo.
Acredita-se, também, que um atendimento mais adequado a pais de uma pes
soa com NE deva ser composto dos seguintes elementos:
1) orientações o informações quanto à noccssidado cspocial do filho o/ou para o filho,
quando possível e necessário;
2) espaço físico, para que os pais possam se encontrar para expressar e compartilhar
D ife re n te s m o d e lo s de a te n d im e n to
A seguir sorão apresentados 3 modelos de atendimentos a 16 famílias do pesso
as com deficiência montai e/ou com transtorno comportamontal e/ou psiquiátrico, com a
finalidade de capacitar familiares a manejar comportamentos inadequados e onsinar com
portamentos adequados aos seus filhos, por moio de 20 estratégias baseadas na análise
do comportamento, propostas por Grossi (2002:2003): a) utilizar tom de voz apropriado, b)
linguagem apropriada, c) expressão facial apropriada, d) incentivar/ elogiar/ dar atenção/ dar
autonomia, o) manter contato físico, f) conversar/ tratar como pessoa/ amigo, g) concentrar-
so nas habilidades, h) domonstrar interesso, i) reforçamento diferencial, j) reforçamento
natural, K) antecipar inadequados, I) redirecionar comportamento, m) oxtinção, n) estabele
cer contrato do contingências, o) estabelecer limites, p) persistir na instrução, q) aproveitar
as situações, r) manter-so relaxado, s) assegurar-se da alençao e t) utilizar ajuda graduada
para independência. O número de estratégias trabalhadas depondo das características de
cada família e da situação do aprendizagem.
P ro c e d im e n to s
Etapas do atendimento dom iciliar:
Contato Inicial com os Pais: com a finalidade do fazer o levantamento da rotina da
família, dos roforçadoros do filho o da situaçãoquoixa.
25 0 K r n .ili i Q r o s s i , A r n l r í i . i l ’ < ir r n t f J . i S i l v .i
Avaliação do Filho: o filho foi observado om situações do seu cotidiano, para que pudos-
se ser levantada quais os comportamentos adaptativos apresentava, bem como quais
os inadequados ocorriam nestas situações
Sondagem: foram realizadas observações om situação natural da situação- queixa
para levantar quais as habilidades os pais já possuíam o sua adoquação, bem como
idontificar a quoixa principal o o histórico dela.
Formulação das Hipóteses Funcionais o Propostas de Alterações Ambientais: momento
em que organizou-se todas as informações para que, a partir delas, formular as hipóte
ses funcionais, quanto aos controles ambientais dos comportamentos dos pais c do filho
na situação-queixa e possíveis reestruturações ambientais que pudessem auxiliar no
processo ensino-aprendizagem do filho e no manejo dos comportamento inadequados.
Reostruturaçõo da Rotina: altorações ambiontais o metodológicas foram discutidas
com a família o com os profissionais que atendoramm os filhos e foram consistente-
mente implantadas.
Intervenção: as sessões de intervenção foram realizadas de acordo com a rotina da família,
nas atividades do cotidiano e em situação natural como na casa e na comunidade.
Os pais foram treinados por meio de demonstração, quando o profissional
troinava o filho o a família observava; do supervisão, quando a família treinava o filho e o
profissional obsorvava o orientava e de instrução verbal, quando o profissional explica
va oralmente como a família deveria proceder , nas seguintes fases:
Fase 1. Ênfase nos Comportamentos Adequados do Filho: auxiliar os pais a identifica
rem o potencial do filho, prestando atenção nos comportamentos adequados;
Faso 2. Ênfaso na Situação-Quoixa: onsinar os pais a lidarom com os comportamentos
do filho nas situaçóes-quoixa;
Fase 3. Aperfeiçoamento das Habilidades: discutir e esclarecer as habilidades que
ainda faltavam ser aprimoradas
Foram roalizadas sessõos somanais, proviamonto olaboradas, com duração
módia de 2 horas, as quais foram assim estruturadas:
1. retomada/avaliação das orientações transmitidas oralmente, por meio de video-
feedbck;
2. levantamento/discussão das dificuldades da família;
3. intervenção o
4. orientação para a semana.
Família 2
Membros: uni adolescente de 13 anos com deficiência mental severa, com autismo e
com distúrbio de conduta, seu pai com 45 e com sua mãe de 42 anos do idade
Situaçõo de aprendizagem: A principal tarefa trabalhada com o pai foi descer e entrar no
carro e com a mãe foi preparar o suco, manejar comportamentos inadequados, como:
dar soco, chutar, cuspir, puxar a roupa do pai, por ambos.
Família 3
Membros: um pró adoloscente com 12 anos de idade, com autismo, com deficiência mental
moderada e com distúrbio de conduta, seu pai com 50 anos e sua mão com 31 anos.
Principais resultados, duas das Irês mãos participaram até a segunda etapa, aprenden
do a utilizar ostratógias do roforçamonto do comportamontos adequados, adquirindo
postura de voz mais apropriada para as situações de onsino, bem como utilizaram
ajuda graduada apropriada, mas nõo sendo possível avaliar se apresentariam as mes-
Avaliação do Filho: o filho foi observado om situaçóos do seu cotidiano, para que pudes
se ser levantado quais os comportamontos adaptativos aprosontava, bom como quais
os inadequados ocorriam nestas situações.
Registro das sessões: era rogistrado o dosempenho dos pais o dos filhos com deficiên
cia mental a cada sessáo
As sessões foram semanais, totalizando 12, ao longo de 4 meses, sendo 4 om
grupo (pais e filhos juntos), 4 sessões de grupo só com os filhos o 4 do grupo sé com
os pais, com duração do 2h cada uma, realizadas no Contro Comunitário dc um dos
distritos.
Participantes: Fizeram parto do estudo 3 famílias de nlvel sócio econômico baixo de dom
distritos rurais do interior do Paraná, cujos pais eram bóias-frias. Segue a composição
das famílias com os membros que participaram do grupo:
Família 1- 3 filhos adultos, sendo dois do sexo masculino com 21 o 31 anos de idade e
uma do sexo feminino com 24 anos com a doficiôncia mental moderada e sua mãe de
53 anos.
Família 2 - um adolescente do sexo masculino com 14 anos do idade com doficiôncia
mental leve e sua mãe com 31 anos de idade
Família 3 - uma adulta com 24 anos e deficiência mental leve e sua mãe com 43 anos
de idade
Considerações finais
A psicologia tem ampliado cada vez mais seu campo de atuação e aprimorando
suas práticas de atendimento. Procurou-se, então, demonstrar a possibilidade de dife
rentes modelos do atendimento às famílias de pessoas com necessidades ospeciais.
Como abordado por diferentes autores, o profissional tem que tomar alguns cuidados
para olaborar um programa do atendimento, podondo sor ostruturado do diforontos
formas, como os aqui apresentados: Atendimento Domiciliar, Atendimento Bimensal e
Atendimento em Grupo, mas procurando atendor as particularidades das famílias e do
profissional, para quo o trabalha soja efetivo.
Considerando a aplicação dos modelos aqui apresentados procurou-so traba
lhar metas comportamentais discutidas e estabelecidas com as famílias e muitas ve
zes com a própria pessoa com NE, com o objetivo de enfatizar o potencial do filho e
tentar atender à necessidade da família, favorecendo a interação entre os familiares,
buscando aumentar a adesão ao atendimento
Para estas metas comportamentais serem trabalhadas pelos familiares, pro
curou-se capacitá Jos quanto ao uso do ostratógias elaboradas com base na Análiso do
Comportamento, para que pudessem ensinar comportamentos adequados e manejar
os inadequados, em situação do cotidiano, às famílias, promovendo condição para que
usassem tais estratégias em outros contextos, levando à possível manutenção e gene
ralização dos comportamentos aprondidos, tanto por parto da PNE como dos familia
res.
Referências
260 An.» I’ri*cllii K .iIis K i, hntilfiinf A í s i * ( )liveir.i, I *ll>ci ilc M.ilos licno
sivos eram emitidos com alta frequência em casa e na escola. Ao passo quo, quando
seu pai não fazia uso abusivo de álcool e solicitava ajuda de Carlos em alguns afazeres,
olo aprosontava um padrão comportamontal considorado adoquado, roalizava suas
tarefas em casa, desenvolvia as atividades propostas pelas professoras e intoragia
bem com os colegas. Percebo-se al uma relaçào entre as variáveis ‘uso abusivo do
álcool', ‘comportamentos de xingar e bater' do pai o emissão do comportamentos agres
sivo e opositor por Carlos. Parece que as contingências aversivas presentes quando o
pai fazia uso do álcool e agredia os familiares eram intensas o suficiente para produzir
respostas emocionais quo passaram a interferir no repertório de adaptação social de
Carlos e isso se tornou o problema que o levou para a terapia.
O terapia comportamontal infantil entende que o comportamento da criança ó
função do múltiplos ovcntos ombiontais quo intoragom com aquolo sor único. Consido-
rando quo a família é o primeiro contexto social no qual a criança está inserida, uma
possível explicação para o comportamento dosvianto da criança so oncontra na inter-
relação comportamontal entre os membros do grupo. O comportamento destes contri
bui para o desvio que mantém o comportamento dos demais. Portanto, o comporta
mento desviante é uma resposta apropriada às contingências presentes no sistema
(Wahlor, 1976).
Do acordo com Wober (2008), a partir do entendimento do desenvolvimonto
como um processo dinâmico e funcional, percebe-se a importância da influência dos
papéis parentais sobre o comportamento dos filhos. Assim, os pais, para cumprirom o
papel de agentes de socialização, utilizam várias estratégias o técnicas para orientar os
comportamentos das crianças.
A partir disso, no prosonto caso optou so por verificar quais as práticas oducativas
que o pai utilizava para oriontar o comportamento de Carlos e estabelecer uma relação
com os comportamentos do cliente. Assim, foi aplicado o Inventário do Estilos Parentais
Paterno - IEP-Paterno (Gomide, 2003). No geral, os resultados apontaram para um
Indice de estilo parental negativo: -19, situado num percentual de 1 a 25, interpretado
como Estilo Parental de Risco, ou seja, com prevalência do práticas parentais negati
vas. As práticas educativas classificadas como sondo do risco foram: 1) monitoria posi
tiva - controlo por contingências positivas, o que so mostrou deficitário e, nesse caso,
pode propiciar comportamentos anti-sociais; 2) punição inconsistente - controle incon
sistente, não-contingonte ao comportamento; 3) negligência - ausência de reforçamento,
acompanhamento, o que pode acarretar aumento do comportamento anti-social, vio
lência, engajamento em grupos desviantes; 4) abuso físico - controle por meio da puni
ção física, podendo acarretar aumento de comportamento anti-social, violência; vanda
lismo; 5) disciplina relaxada - relaxamento das regras estabelecidas, o quo podo acar
retar em aumento de comportamento agressivo dos filhos, engajamento em grupos
desviantes e filhos que não aprendem a respeitar regras e autoridade As práticas com
Índico roferonto a estilo parontal rogular, porém abaixo da média foram: 1) comporta
mento moral - controlo por contingências positivas (imitação e modelação), o quo se
mostrou deficitário e, nosse caso, também podo propiciar comportamentos anti-soci-
ais; 2) monitoria nogativa controle por coorção, o que pode acarretar relação tonsa/
hostil entre pais e filhos, aumento do comportamento anti-social Esses resultados
parocem apontar para uma relaçào entre alcoolismo paterno, estilo parontal do risco o
comportamonto agrossivo o opositor do filho.
Dados semelhantes foram encontrados no estudo realizado por Batista (2009), o
qual teve como objetivo investigar as práticas oducativas utilizadas por pais alcoolistas.
Nesse estudo, foi aplicado, individualmente, o Inventário de Estilos Parentais Paterno
262 A tw 1’ riw il.i H.itml.i, h n tlc .m c l ostu Assis O Iiv c im , I sII mv Je M .tlo s liem»
2001; Salvador, 2007). Por exemplo, de acordo com Salvador (2007) pesquisas nacio
nais e intornacionais indicam que adolescentes e univorsitários com elevada auto-
estima descrevem relações com os pais com maiores índices de envolvimonto e afeto,
uso do reforçamento positivo o abertura ao diálogo, enquanto adolescentes com baixa
auto-estima relatam pais que utilizavam punições inadequadas e comunicação nogati-
va com maior frcquôncia. Portanto, os estudos quo procuram avaliar o impacto das
ustratógias utilizadas poios pais no desenvolvimento do ser humano indicam a rolaçao
do estilo parental tanto com processos normativos do desenvolvimento quanto com a
etiologia de aspoctos psicopatológicos. Cada estilo de educação imposto pelo pai o/ ou
pela máe contribui para determinar o desenvolvimento e socialização de crianças e
adolescontos que formarão um reportório comportamental quo lovam para o resto da
vida. As pesquisas internacionais e longitudinais revelam quo as influências começam
muito cedo c continuam na adolescência e que o estilo parental não muda no decorrer
dos anos (Weber, Selig, Bornardi & Salvador, 2006).
Estos dados sugerem quo adultos que apresentem déficits ou excessos
comportamentais característicos de alguns transtornos psicológicos podem relatar uma
história do práticas educativas parentais negativas durante sua infância e adolescên
cia. Neste sentido, este trabalho teve como objetivo: 1) Verificar o estilo parental e as
práticas educativas do pais de clientes adultos com queixas de transtornos psicológi
cos, 2) Discutir a influência das práticas educativas parentais, como parto da história
ontogenótica, no desenvolvimento de transtornos psicológicos.
Para isso, aplicou-se o Invontário de Estilos Parentais - IEP (Gomido, 2006) em
três clientes adultos (módia de 27 anos), de ambos os sexos, com queixas variadas,
tais como transtorno do pânico, depressão, fobia social e estrosso. Pediu-se que estos
clientes respondossem ao invontário avaliando as atitudes do sous pais em relação à
educação deles no poríodo da adolescência.
A soguir, encontra-se uma tabela apresentando os resultados do Inventário do
Estilos Parentais - IEP de cada um dos clientes. Podo-se observar que dos sois pais,
quatro aprosontam, na visão dos filhos, índice de Estilo Parontal Nogatívo (pai Podro,
pai Valória, Pai o Mãe Magali). Estos dados sugerem, portanto, uma prevalência na
utilização de práticas educativas nogativas destes pais durante a adoloscência dos
cliontes, em detrimonto da utilização de práticas educativas positivas. Mosmo o índice
dos pais que não aprosontam Estilo Parental Nogativo, está aquém do osporado, indi
cando um Estilo Parontal Regular abaixo da módia.
Com relação às práticas educativas específicas, na mesma tabela pode-so
observar aquelas que situaram-se na faixa de risco, segundo as normas do IEP, desta
cadas em cinza Dostaca-se a ausência de atenção, afeto e de condições que promo
vam o desenvolvimento adequado de comportamentos morais por parte dos pais de
Pedro, Valória e Magali, além do mesmo ocorrer também com a mãe desta última. Além
disso, as práticas quo envolvem punição inconsistente, negligência e abuso físico es
tão bom presentes nesta amostra de pais, situando-so, na sua maioria na faixa do risco
ou abaixo da módia.
Portanto, os dados encontrados mostraram uma predominância de Indico do
Estilo Parontal Negativo. Este fator indica uma prevalência do práticas parentais noga
tivas, sendo as mais significativas do punição inconsistente, negligência o abuso físico.
Realizando-so uma análise funcional dos comportamentos problema atuais
do cada cliente, também se observa a possível contribuição de atitudes dos pais na
instalação e manutenção dos mesmos. A seguir, sorá discutido especificamente o caso
Podro, relacionando os resultados do IEP com as queixas apresentadas por cio.
Portanto, estes resultados nos lovam a pensar que um adulto com queixas de
excesso ou dóficit comportamental, ou ainda de algum dos denominados Transtornos
Psicológicos, pode ter sido exposto a práticas parentais negativas na infância e/ou
adolescência.
No entanto, existem limites claros nos dados apresentados dovido ao poqueno
tamanho da amostra o ao fato de que as respostas ao IEP foram percepções e lembran
ças dos clientes om relação às interações com seus pais na adolescência. Apesar
destas limitações, o trabalho aqui apresentado, confirma os dados encontrados na
literatura sobro Práticas Parentais e demonstra a necessidado de trabalhos do prevon-
Sobrf C r L ogmvik’
“(...) eu sempre vou com uns amigos de carona e minha máe nem sabe e nem pode
saber (...) a gente bebeu, ficou um pouquinho alegre, sô que na volta o M. queria
pegar o carro pnj dirigir, nossa, foi muito sério, quase que ele bate o carro, foi
horrível (...)".
“(...) A gente indo pra festa, eles (amigos de Ana) queriam fumar maconha, dai a
gente fumou, eu experimentei (...) a gente tava no melo da ma e tava até conversan
do com uma puta, ela quis experimentar tambóm (. ..) a gente saiu com uns amigos
da F., a gente fica na pracinha, ele ô meio quo Irnflcnnte nssim, nè ( ) E a gente
sal com esse cara, mas ele nôo faz nada, assim, sabe?"
dal aconteceu, eles foram là buscar a gente, pegou de carro e levou pro
apartamento do F., só que a gente nào subiu porque os avós deles ostavam dor
mindo lá, tipo, fui multo puta assim, sabe? Pega de carro e depois devolve, assim,
me senti multo mal"
Referências
270 Am.i PrinciKi I m ilciin r l utl.t A s* i* O liv riM , I »llicr ilc M .tlo » lien o
Salvador, A P V (2007) Análise da relação entre práticas educativas parentais, envolvimento com
tarefas escolares, depressôo e desempenho académico Dissertação d» Mestrado. Programa de
Pós-Graduaçâo em Educação Universidade Federal do Paraná Curitiba-PR
Weber, L N D., Brandenburg, O J & Viez/er, A P (2003) A relação entre o estilo parental e o
otimismo da criança PSICO-USF, 8(1), 71*79
Weber, L N D , Vle/zer, P & Brandenburg, O .1 (2004) O uso de palmadas « surras como prática
educativa Estudos de Psicologia, 9(2), 227-238
Weber, L N D , Selig, G. A , Bernardi, M G & Salvador, A P V (2006) Continuidade dos estilos
parentais através das gerações: transmissão intergeracional de estilos parentais Paidóia (Riboirào
Preto), 16 (35)
Weber, L. N D (2008) Interações entre família e desenvolvimento Em: Weber, L N D (Org )
Família o dosonvolvimonto: visòos intordisclplinaros Curitiba: Juruá.
A ntom o Kcnto A lv f * dc M u i.tf», i/u itiiv o S ittolo Rolirn, A ilm o n I ui/ l ostii Jumoi
vel familiaridade com estos fenômenos não é tâo exata e nem que estes conceitos são
tão distintos ou fáceis de serem entendidos.
Sob a perspectiva da psicologia da saúde, percebe-se quo os modelos
explicativos mais recentes começam a explorar uma suposta relação funcional entre o
indivíduo, a dor o o sofrimento, incluindo a participação do fatoros sociais e psicológi
cos, além daqueles biológicos A tendência de relacionar a dor como uma condição
associada a uma multiplicidade de fatores ó coerente com a evolução dos modelos
toórico-filosóficos da ároa de saúde. Se, inicialmonte, predominava um discurso bioló
gico ou anátomo-fisiológico, a crescente inserção das ciências humanas no campo da
saúde vem possibilitando uma nova concepção da relação mente-corpo, considoran-
do-se a intoração contínua do indivíduo com o ambiente, ao longo de seu curso de vida,
sob uma perspectiva mais sistêmica (Martins, 2001; Ogden, 1996).
Perspectiva cornportamental
De um ponto de vista comportamontal a dor e o sofrimento são respostas do
indivíduo aprendidas em um dado contexto, sendo a observação sistemática o a descri
ção desta interação o objeto de estudo do analista do comportamento. A análise do
comportamento em situação clínica devo compreender as respostas verbais de dor e
sofrimento, as quais podem ser descritas como ansiedade, depressão,
íncontrolabilidade, entre outras. Esses comportamentos, que indicam dor e sofrimento,
devem ser entendidos no processo de adaptação do indivíduo às situações cotidianas
do vida.
Rachlin (1985) propõe quo a dor tem duas características: a "sonsorial", cuja
274 Antomo Bento Alves Je M omo*, C/inl.ivo S.illolo Kolmi, Ailerson I ui/ l. osl.i lumoi
intensidade ó função de vários estímulos eliciadores, e a "psicológica", cuja intensida
de ó modificável por fatores ambientais, tais como o contexto sócio-cultural. Desta ma
neira, a análise da dor deve considerar a correlação entre eventos dolorosos da história
da pessoa e os eventos presentes (eventos passados afetam o comportamento como
um conjunto, náo como acontecimentos instantâneos).
A dor podo desempenhar diferentes relações de controlo, ou soja, sor (1) uma
sensaçáo, atuar como (2) um estímulo discriminativo, (3) um evento roforçador/punitivo,
ou (4) uma operaçáo ostabelecodora.
A dor como uma sensação sc refero à dor “scnsorial”, uma resposta
neurofisiológica a um estímulo conhecido. Exomplos dosta relação incluem bater o
dedo do pé na porta, quoimar a mão em água quente, cortar-se com uma faca. quebrar
a poma, ter dor do dento ou nas costas, entre outros. Em situações como estas, muitas
vezes, a pessoa apresontará um número variado de respostas como gomor, tremer,
chorar, tensionar a musculatura da face, reclamar, gritar, etc..
Cada pessoa, ao longo do seu curso de vida, aprenderá a esquivar-se de
situações potencialmente dolorosas o apresentar respostas que atenuam a dor senti
da. Desta manoira, a pessoa aprende a lidar com a própria dor e a identificar a dor do
outro. A observação de respostas em outra pessoa, como gomor ou gritar, constituem
exemplos de estímulos discriminativos para a emissão de respostas por outra possoa
(ou pelo próprio sujeito) que visem a eliminação ou atenuação da estimulação dolorosa
(o das respostas de dor).
Outras respostas de dor como buscar auxílio médico, roclamar, tomar medica
mento (para alívio da dor), também são mantidas por consoqüôncias roforçadoras. De
um modo bem simplos, as pessoas podem ganhar atonção e cuidados que mantém o
comportamento de falar sobro sua dor e relatar suas experiências. Segundo Fordyce
(1988) estes seriam denominados como comportamentos do dor. Este mesmo autor
afirma que quando estos comportamontos persistem sem sinais do lesão ou injúria,
devem ser modificados por outros padrões de respostas, que não o de dor o sofrimonto.
A dor também inclui uma funçáo do operação ostabelecodora. Michael, em
1993, definiu operaçáo estabelecedora como eventos ambientais, operaçoes, ou con
dições do estimulo que: (1) estabelecem momentaneamente ou potencializam a
efetividade do reforço; (2) evocam comportamentos relevantes para aqueles eventos
reforçadores; e (3) aumentam da efetividade evocativa dos estímulos discriminativos
(SD) (Miguel, 2UÜÜ; Doughor & Hackbert, 2000).
Desde os trabalhos de Kantor, em 1959, até o artigo de Michael em 1993 foram
identificadas três classes de eventos que desempenhariam a função de operação
estabelocedora. As condições fisiológicas, como fome o sode, resultados da privação
ou a saciação, as condições de doença ou saúde, o repouso ou uso de drogas são
exemplos mais básicos deste processo. A duração de eventos, como barulhos, tompo-
raturas ou exigências da situação de trabalho, se referem à segunda classo identificada,
o por último, as histórias comportamentais do interação familiar avorsiva ou ostimulaçáo
dolorosa seriam condições que afetam o comportamento (Douqher & Hackbert, 2000).
Quando se consideram eventos aversivos (dor) como operações
estabolocodoras, isso significa que estes alteram a sonsibilidade do organismo a
certas (outras) contingências; quando isso ocorre, entende-se quo acontocou uma alte
ração no poder evocativo do um estimulo discriminativo (SD) c na freqüência da respos
ta. Por exemplo: um arranjo de contingências relacionadas à dor afota outras relações
quanto altera a sonsibilidade a contingências sociais relacionadas ao lazer, rolaçóos
Implicações terapêuticas
A psicoterapia è um espaço para aumentar a auto-observaçào do cliente e
trazer à "consciência" uma parcela maior daquilo que afeta o comportamento e as
razõos pelas quais o afeta (Skinner, 2003; Costa, 2003) Para que isso possa ocorrer, o
psicotorapouta deve auxiliar o cliente a conhocor suas manifostações emocionais e as
conseqüências que estas produzem em seu ambiente e criar condições para que se
perceba capaz de falar de si mesmo em um ambiente terapêutico não punitivo e livre de
sanções sociais. Dadas as condições da análise das respostas de dor e sofrimento, o
analista do comportamento busca a instalação de novos repertórios do enfrentamento,
mais eficientes, às situações adversas.
A função do psicólogo/torapouta, sogundo Rachlin (1985), 6 idontificar as ros-
postas de dor, os eventos dolorosos na história do sujeito e os eventos presentes, ê
ampliando o foco da pesquisa entre eventos ambientais e respostas explícitas, cadi
276 A n to n io Konto A lv o * ilo M omo», l/ust.ivo Sottolo Rolim, Ailerson I wi/ I o*t,i lunioi
vez mais afastadas no tompo, quo será possível analisar o comportamento humano. O
comportamento não pode ser compreendido focalizando a atenção apenas em ovontos
presentes do momento. Rachlin crítica a proposta de que o controle comportamental
está relacionado aos ovontos instantâneos apenas, em que a contiguidade entre o
estímulo e a resposta e entro a resposta e sua conseqüência são imprescindíveis para
o aprendizado de respostas. Tal proposta foi denominada como visão molocular e, em
substituição, o autor propôs a análiso molar do comportamonto.
Na perspectiva molar, o comportamento dependo não só de eventos prosentos,
mas tambóm de muitos ovontos passados. Os ovontos passados afetam o comporta
mento como um conjunto, não como acontecimentos instantâneos. Uma pessoa quo
evita determinadas comidas, tais como alimentos gordurosos, relaciona-as as conse
qüências comportamentais e físicas adversas ocorridas ao longo de tempo. A pessoa
pode ter engordado ou desenvolvido um transtorno alimentar, porém estas conseqüên
cias não acontecoram num momento particular no tempo, sào resultados
comportamentais que afetam o estado físico o social desta possoa. Da mosma manei
ra, o modo como uma possoa so comporta quando sente dor, ou quando sofro, dove sor
avaliado segundo a história comportamental que o sujeito apresenta verbalmente e as
resposlas presenles.
Segundo Rachlin (1985), um princípio da teoria molar, ó quo as unidades de
comportamento estendem-se no tempo. Ou seja, o comportamento deve ser observado
na situação presonto, bom como também em outros momentos. Um exemplo interes
sante se refere a um ator que convence completamento a platoia de que está sentindo
dor no palco, porém, a platéia sabe que ele estava apenas ropresentando. Somonto ó
possível afirmar com segurança quo alguém ostá com dor so o comportamento do dor,
ou o de sofrimento, ocorrer em taxa alta e consistento. Sogundo Baum, estar com dor é
simplesmente domonstrar comportamentos de dor freqüentemente e nos mais diver
sos ambientes sociais (Baum, 1999).
Rachlin argumenta quo é impossível sentir dor e nào demonstrá-la. Este ó
ponto principal de sua proposta. A dor é um comportamonto público c uma possoa não
podo estar com dor sem expressá-la, seja para outros, seja para si mesmo. Pode-se
inferir que a dor nào é somonte o quo a possoa sente dopois de se ferir, mas tambóm
o quo a possoa faz para evitar outros ferimentos (Hayes & Smith, 2005). O sofrimonto
tambóm é um produto da aprendizagem nos mais diversos ambientes de interação.
Existem dores do difícil remissão por medicamontos, como também rospostas que
evitam eventos dolorosos, que podem ser respostas de sofrimento. A dor é um compor
tamento, assim como o sofrimonto.
Algumas questões adicionais: a dor tem um valor de sobrevivência bom claro,
ó um aviso para o organismo que algo está errado ou que ele está em perigo. No
entanto, qual é o valor de sobrevivência para a resposta do sofrimento? O sofrimonto
enquanto uma rusposta verbal, pública ou privada, é mantido por diversas contingênci
as ambientais; porém, qual a importância quo esta tem om cada contoxto?
A resposta de sofrer é importante para o indivíduo e para o grupo. Por exemplo,
uma criança quo sofre mutilações em seu corpo, um pai quo perdo sou filho num aciden
te, uma garota que é estuprada. Existem respostas de sofrimento com propriedades
físicas o culturais Sào respostas a situações, de dor, de perda, do violência, em que a
pessoa so enconlra vulnerável, ou soja, percebe-se como impotente diante da situação
ou evento adverso. Nestas situações, comportamento de sofrer é altamente provável e
suas implicações podem resultar om diversos padrões do respostas quo denominamos
de ansiedade ou depressão, como também em padrões de cuidado e vínculo.
Subir (.'omportiimcnto c l
Considerações finais
Qual o valor do sobrovivência de uma rosposta quo muitas vozes limita ou
incapacita a pessoa de comportar-se? Segundo Hordyce (1988), a possoa que têm algo
melhor para fazer não sofre tanto e o papel do terapeuta ó modificar estas respostas,
isto ó, fazer com quo o cliente ou paciente compreonda as razões de seu sofrimonto o
mobilize seus esforços para a aquisição de novas respostas diferentos do padrão atual
do sofrer.
Os terapeutas devom entender as implicaçõos das experiências o oxpoctativas
dos paciontos e do impacto do reforçamento sobre a persistência do dor o sofrimento.
Isso significa que os clínicos que lidam com dor e sofrimonto devom considerar duas
questões: o que eu estou ensinando aos meus pacientes através do que eu digo e
faço? E o que meu paciente está aprendendo?
Referências
Baum, W (1999) Compreender o behaviorismo Porto Alegre Artmed
Goníca, J J., Loeser, J D , Chapman, C. R & Fordyce, W E (1990) The management of pain.
Philadelphia Loa & Febiger
Carnevale, F A. (2009) A conceptual and moral analysis of suffering Nursinu ethics. 16 (2): 1/3-183.
Costa, N (2003) Terapia: Sofrimento necessário Revista Brasileira de Teroola ComoorUmiental e
Cuonitiva 11-10.
Cunha, R N & Isidro-M^rinho, G. (200b) Operações estabelecedoras Um conceito de motivação
Em J Abreu-Rodrigues e M R Ribeiro Análise do comportamento: Pesauisa. teoria aollcacau.
Porto Alegre Artmed
Dougher, M J & Hackbert, L (2000) Establishing operations, cognition, and emotion The Behavior
AnalvsL. 2.1 (1) n-24
Edwards, S D (2003) Three concepts of suffering Medicine. Health Care and Philosophy. 6: 59-66
Fordyce, W E (1990) l earned pain Pain as behavior In Bonica, J J (1990) The management of
pain pp 291-299 Philadelphia: Lea & Febiger
Fordyce. W E. (1988) Pain and suffering' A reappraisal American Psychologist. 43 (4): 276-283
Guimarães, S S. (1999) Introdução ao estudo da dor Em M M M J de Carvalho fora.). Dor: Um
estudo multidisciplinar São Paulo' Summus editorial
Hayes, S C A Smith S. (2005). Get out vour mind and Into vour life The new acceptance and
commitment therapy. Oakland- New Harbinger
Holm, J E , Lamberty, K , McSherry, W C & Davis, P A (1997). The stress response in headache
sufferers: Physiological and psychological reactivity Headache. 37 221-227
Martins, B M. (2001). A Comunlcacáo no contexto de reabilitação: o encontro entre enfermeiro a
paciente em uma unidade da assistência aos lesados medulares Dissertação de Mestrado,
Universidade de Brasilia, Brasilia
Miguel, C F. (2000) O conceito de operação estabelocedora na análise do comportamento Pbicoluoia:
Teoila e Pesüuiaa 16 (3) 259-267
Ogden, J (1996) Health psychology - a taxtbook Buckingham Open University Press
A iito m o Heiilo A l v r t ilo M ot.te*, l/u s l.iv o S itlo lo R ohm , A Jc r s o n I ui/ l o*l.t lunioi
Rachlin, H (1985) Pain and behavior, The Behavioral and Brain Science. 8:43-93
Skinner, F B (20Q3> Questões recentes na análise du comourtamenlo Tradução A I Neri Campinas'
Papirus
van Hooft, S (1998) Suffering and the goals of medicine. Medicine Health Care and Philosophy 1'
125-131
van Hooft, S (2000) The suffering body Health (London) 4 179-195
Estudo de caso
Skinner (1953/1998) afirma quo produzir conhecimonto científico ó um tipo do
comportamento, portanto uma relação entro um indivíduo e sou ambiente - paros,
agências financiadoras, alunos, sociedade. É um conjunto de respostas quo ocorro om
uma determinada situação e estão suscetíveis às suas conseqüências. Assim como
qualquer rosposta, ela está sujeita a modificação em sua probabilidade de ocorrência
devido a essas conseqüências.
Quando olhamos para a produção de conhecimento científico, podemos obser
var de que maneira essas conseqüências modelam o comportamonto do cientista.
Uma parte fundamental do que entendemos como produção de conhecimento é a
exposição de tal produto, se não há exposição não há conhecimonto produzido Isso
significa que a cada novo dado produzido, método desenvolvido ou relação demonstra
da procisa-se da aprovação de uma comunidade científica que o valida de maneira a
torná-lo um conhecimonto científico.
Nesse sistema é que se constituem os métodos de pesquisa e por métodos
entendemos ‘qual a sistemática adotada para a produção do conhocimonto om detor-
minada área de conhecimento'. Exposição após oxposição, debate após debate forma
mos, ao longo de quase um século, a ciôncia da Análiso do Comportamonto.
Então, essa produção, sondo histórica, possui um momonto inicial, um mo
mento om quo uma potencial descoberta é colocada sob discussão e avaliação da
comunidade científica e, a partir disso, construirá ou não conhecimento novo Nesse
ponto que o estudo de caso parece ter algum valor.
Relato de caso
Ao caracterizar a história do caso como os passos preliminares do uma ciência,
Skinner (1953) dostaca outros usos dessa “espócie do biografia";
“Estas narrativas tem seus usos Alargam o hori/onte daquelas quo não tiveram
em primeira mão oxperiôncias com dados similaros /.../ quando contamos uma
história para reforçar um argumento, ou rolatamos a história de um caso para
exemplificar um principio, sugerimos uma regra geral “ (pg 16)
Noste trecho fica clara uma dupla função: a de (1) permitir acesso a informa-
çõos rostritas o (2) oxompliíicar um principio (ou uma regra gorai), osta segunda função
o a importante para nós nesso momento. Nela fica evidente sua importância didática,
sua possível utilização no ensino do conceitos, princípios etc. Como vimos anterior
mente, parece quo ao produzir conhecimento, partimos de exomplos particulares bus
cando regras gerais o, ao onsinar ou "reforçar um argumento", utilizamos ossos casos
particulares para exemplificar a regra geral.
Dostacamos anteriormente quo o rolato do caso paroco corresponder a duas
funções. A primeira delas, (1) ilustrar ou exemplificar conceitos, paroce corresponder ao
que Skinnor (1953, pg 16) descreve como exemplificar um princípio sugerindo uma
regra geral. Na prática didática ao apresentar conceitos como ‘ roforçamonto", "discrimi
nação por estímulos” etc recorremos a inúmeros exemplos que os sugerem como
regra geral.
Sem dúvida alguma os exemplos utilizados variam de acordo com a experiên
cia do próprio professor que os utiliza. Em oscala crosconto a docência vem sendo
cxorcida por professores que oxorcom a prática clínica, o quo tem tornado os oxemplos
didáticos também referentes aos elementos observados nesse contexto
Neste caso 6 importante notar a diferença entre os dois tipos de relato do caso
sugerido aqui. A exemplificação de um conceito por meio do relato clínico tom como
objetivo a exemplificação do conceito O caso clínico é relatado com o objetivo de ilus
Referências
Alves Mazzotl, A J (2006) Usos e Abusos dos Estudos de Caso Cadutnos do Posqulsa, v 36,
n°129, p 637-651 set/dez 2006
Luna, S.V (1997) O terapeuta é um cientista?, fem Banaco, R A (org) Sobre Comportanionto o
Cognição: aspectos teóricos, metodológicos e de formação ein análise docomportamentoe
terapia cognitivista Santo André: Arbytes, cap 31, pp. 305 - 313
Silvares, E FM., e Banaco, R A (2008) O Estudo de Caso Clinico Comportamental Eiri Silvares,
E.FM Estudos de Caso em Psicologia Clinica Comportamental Infantil 5"ed Campinas - SP:
Papirus
Skinner, B.F. (2000) Ciência e Comportamento Humano Trad João Cláudio Todorov e Rodolpho
Az/i Sâo Paulo: Ed Martins Fontes (trabalho originalmente publicado em 1953)
Skinner, B F (1956) A Case in History of Scientific Method Em B.F, Skinner Cumulative Record: a
selection of papers. 3'ed. Now York: ACC.
M a u r ic io d o s S a n to s M nto*
IM W
Religiosidade e espiritualidade
Para aprofundar a discussão sobre os dois tormos em epígrafe, é necessário
quo se faça, primoiramento, uma caracterização do cada um dos tormos, do forma a
reconhecer aspectos om comum c outros que os diforonciam. Nossa diroção, Kocnlg
286 M yriiii 1 líofl.t* C. o elh o-M .ilo» , I Livw A m lrcssii liim o c rh i M . h u u i , M .iu ricio tios N in los M.iloi
(2001) afirma que religiosidade é um conjunto de práticas e rituais quo facilitam a
aproximação do indivíduo com aquilo que elo considera sagrado, configurando-se como
uma prática socializada, vinculada a uma doutrina colotivomonto compartilhada o prati
cada A espiritualidade, por sua vez, é a tentativa de encontrar respostas, no nível pesso
al, om relação ao significado da vida, caracterizando-se, segundo o autor, como práticas
mais subjetivas, individuais e não institucionais.
A partir do observações dos comportamentos do clientes e unindo as duas
classes citadas por Koenig (2001), pode-se descrever alguns comportamentos a se
rem considerados como parte das classes do comportamentos religiosos e espirituais
como, por exomplo: a escolha de uma religião; a prática de comparecimento à institui
ção escolhida; leituras sobre temas espirituais; preces o oraçõos; estudos da Bíblia/
Escrituras Sagradas; músicas religiosas; participaçõos om grupos do apoio; o traba
lhos voluntários (atividades de ajuda ao próximo).
Ao analisar os efeitos dessas classes de comportamentos na vida do cliente, é
necessário que se considero tanto os efeitos positivos como os negativos produzidos
pelas mnsmas, o que permite identificar o seu caráter saudável ou nocivo Pode-se
classificar as práticas religiosas e espirituais como saudáveis, quando estas exercem
efeitos positivamente reforçadores sobre os comportamentos do indivíduo, enquanto
que tais práticas são consideradas nocivas quando fazem parte de um repertório
comportamental predominante de fuga/esquiva, no qual há maior controlo por contin
gências de reforço negativo e puniçào. Nos itens a seguir sào relacionados alguns
argumentos comumonto observados que sustentam visões negativas o positivas so
bre a religião em relação à saúdo montai das pessoas. No entanto, ó de fundamontal
importância que tais argumentos não sejam tomados como verdades absolutas, do
forma a caracterizar uma dicotomia na relação entre religião e saúde. Essa visão
dicotômica é ingênua, pois desconsidera a complexidade e a multiplicidade de concei
tos de saúde mental e de práticas religiosas, concebondo-os, equivocadamente, como
sistemas simples, únicos e homogêneos.
M y m .i (. l o c llio-M .ito*. H.ívui Atnlrcs*.i Itiinocclu M iirucci, M a u ríc io ‘los Santos M.itu«
Nosto sentido, oxisto uma variedade de estudos quo fazem relação positiva
entre religiosidade/espiritualidade e saúde mental. Panzini e Bandeira (2007) realiza
ram uma revisão bibliográfica nas principais bases de dados e concluíram quo a mai
oria das pesquisas encontradas indicava que crenças e práticas religiosas estavam
associadas com melhoros índices de saúde física e mental. Das 850 pesquisas que
examinavam a rolação entro saúde mental e roligião, no poríodo entro 1979 o 2006, a
maior parte demonstrava que o envolvimento religioso estava associado a maiores
níveis de satisfação com a vida, esperança, otimismo, estabilidade nos casamentos, e
a menores índices do ansiedade, depressão, abuso de substâncias e comportamen
tos sexuais do risco.
O coping religioso-espiritual
Muitos estudos que se propõem a estudar a influência dos aspectos espirituais
na saúde e na qualidado de vida das pessoas utilizam o conccito de coping religioso-
espiritual. Coping, palavra inglesa sem tradução literal em português, podendo signifi
car “lidar com", “manejar", "enfrentar" ou “adaptar-se a”, pode ser entendido como o
conjunto de estratégias cognitivas o comportamontais, utilizadas pelos indivíduos para
lidar com uma ameaça iminente (Lazarus, 1966). Este se processa mediante a
mobilização de recursos naturais, para a administração de situaçóos estrossoras, con
sistindo de interação entre o organismo e o ambiente. As estratégias de coping utiliza
das podem intluenciar a resiliència do individuo e tornar-se um fator de proteção contra
futuros prejuízos psicológicos. Quando são utilizadas estratégias relacionadas a cren
ças o/ou roligião para lidar com o estrosso de acontocimontos negativos, ocorro o
chamado coping religioso-espiritual. Deste modo, Koenig et al. (1998) definem coping
religioso como "o uso do crenças o comportamentos roligiosos para facilitar a resolu
ção de problemas e prevenir ou avaliar consequências emocionais negativas", ou seja,
o coping religioso descrevo o modo como os indivíduos utilizam sua fé para lidar com o
estresse e os problemas de vida. Neste sentido, diversas pesquisas tôm demonstrado
que a religiosidade atua como um fator de proteção contra distúrbios psicológicos
diante do diagnósticos c tratamentos invasivos do doenças crônicas, como câncer,
cardiopatias e doenças degenerativas. (Gonçalves, Gíglio & Ferraz, 2005; Panzini, 2004).
Entretanto, do acordo com Pargament et al (1998), a religiosidado pode cons
tituir ajuda ou obstáculo ao alcance de resultados adaptativos no processo de
enfrentamento. Um modelo desenvolvido por estos autores identificou padrõos positi
vos o negativos de coping religioso, examinando suas implicações para a saúde. En
tende-se como coping religioso-espiritual positivo aquele que abrange estratégias que
proporcionem efeito benéfico ao praticante, como procurar amor e proteção de Deus,
encontrar ajuda e conforto na literatura religiosa, buscar perdoar e ser perdoado, orar
pelo bem estar dos outros, resolver problemas em colaboração com Deus e redefinir o
estressor como benéfico. Já o coping religioso-espiritual negativo caracteriza-se por
envolver estratégias que geram consequências prejudiciais ao indivíduo, como questi
onar a existência, amor ou atos de Deus, delegar a Deus a resolução total dos proble
mas, sentir insatisfação ou descontentamento em relação a Deus ou a frequentadores
de instituições religiosas e redefinir o estressor como punição divina ou forças do mal
(Panzini & Bandeira, 2007). As estratégias de coping religioso-espiritual positivo são
consideravelmente mais utilizadas quo as do caráter negativo o há uma significativa
associação entre sintomas de ansiedade o estratégias de coping negativo o entro
autoostima, satisfação com a vida e percopção positiva da qualidado de vida e um
padrão positivo de enfrentamento religioso (Harrison et al.. 2001).
290 M y iiiii l li.itf.is L o c lh o -M .ilo * , M.ivui A iu lrc ís ,! I .im ovclu M .u u c c i, M .iu n u o tlut S^n los M .ilo»
ças religiosas. Da mesma forma, Shoonfeld (1993) destaca que a religião, por estar
ligada à vida humana, trata-se do um setor válido do comportamento humano, e que,
portanto, deve ser observado e analisado em todas as suas particularidades. Shafranske
(1996, citado por Poros, Simáo e Nasello, 2007) afirma que explorar crenças religiosas
ó necessário e favorável ao procosso terapôutico e ressalta que o psicoterapeuta tem o
dever ótico de rospoitar as opiniões o crenças do seu cliente c rccobô*las de forma
ompática, ainda que náo compartilhe das mesmas. O mesmo autor destaca que as
informações coletadas durante a sessão com o cliente devem ser relevantes para o
processo terapôutico e abordadas com ótica o cuidado, buscando manter a neutralida
de do terapeuta.
Apesar do todas estas evidências a favor do uma maior aproximação ontro a
psicologia e a religiosidade, muitos psicoterapeutas ainda se esquivam de invostigar
os aspectos espirituais durante o atendimento clínico, ou ainda, reagem com
incompreensão ou banalização quando o paciente relata espontaneamente suas cren
ças relativas á roligiosidado. Lima (2001) adverte que a postura de alguns terapeutas,
no sentido de ignorar ou rotular patologicamente a religiosidade de seus clientes, pode
gerar nestes a sensação de não ser compreendido e aceito, o que prejudica, conside
ravelmente, a relação terapêutica. Esta autora ressalta, ainda, que o psicólogo devo
atuar no sentido do assegurar a manutenção dos valoros ossonciais para o clionto.
No entanto, abordar as dimensões espirituais e religiosas dos clientes durante
a psicotornpia nocossita do profissionalismo ótico o habilidade para utilizar tais infor
mações para o benefício do processo terapôutico. Pensando nisto, a Associação Psi
quiátrica Americana (Tho American Psychiatric Association) apresontou, om 2006, um
guia para o abordagom da “ospiritualidado” o "religiosidade" na prática clínica, no qual
recomenda os seguintes procedimentos: identificar se variáveis roligiosas o espirituais
sào características clínicas relevantes às quoixas o aos sintomas apresentados,
pesquisar o papel da religião e da espiritualidade na aquisição e manutonçào de regras
e utilizar procedimento de entrevista para acessar o histórico sobre religiosidade (Poros
et al., 2007).
Enfim, a prática clinica tom demonstrado que, ao abordar assuntos ospirituais,
é necessário que o torapouta esteja desprovido de preconceitos e so comporte como
uma audiência não punitiva, por meio da empatia e do atitudos do compreensão e
respoito. O terapeuta deve atontar aos aspoctos espirituais rolatados, do forma somo-
Ihante a que realiza com as demais verbalizações do cliento. Alóm disso, é essencial
que haja competência para entender a espiritualidade c a religiosidade como classes
comportamentais adquiridas, analisar a aquisição e a manutenção das crenças, assim
como compreender as regras envolvidas e a variáveis controladoras destes comporta
mentos. Assim, todo direcionamento da terapia que aborde temas religiosos e espiritu
ais, tambóm deve ser feito de forma a auxiliar o cliente a traduzir suas práticas om
comportamontos oporantos que sejam fonte, primordialmente, de retorçadoros positi
vos. Portanto, quando se considera a dimensão espiritual, a terapia não ó menos cien
tífica, o sim mais integral e humana.
Referências
Gonçalves, M , Giglio, J S & Ferraz, M P T (2005) A religiosidade como fator de proteção contra
depressão em pacientes r.om neoplasia mamária Arquivos Bmsilfíims da PsiqtiiHtnn, Nnumlngúi
C n f n p o r t i m m n l f l l C lI n l c a E - m a ll n n n iM íM g P g m a U c ix n
2 . 2 „ D u t ilo r a r K la w n P u lco tu g la P ru fctM o ra 1)0 Da|>nrOiiiit*iU> ütt P iio o to g m n d o P r o g r a m a d o P A * G m d u a ç â o o m PnicoioyiM L a l u ü c n & u d a
l ’ < H iU !lc la U n tv a f « k la d e C a ló k c a d«* ü o í A » , m ttntbfo<k> N iid n o r io PtHK|iuiua A t i ç a d a n n i In tn r v a o ç ò « * * C lin ic a * « C o m u rillA M M » ■ N I JP A I C C o
<Ih A n s o d u ç A o B m i l N t a d n P»k:<rtnrapia n C o n i|K > r tn m n r iln l ■ A B P M C E m a l l g ir i« l) iK H K ) p « l< J tio ( iim ll ro tn
Disfunção sexual
Discute-se que vários podem ser os aspectos da história de vida que interfe
rem em uma resposta sexual natural. Dentre as causas de comportamentos sexuais
desadaptados estão fatores de ordens orgânicas e psicológicas. Como causadores
orgânicos destacam-se problemas endócrinos, neurológicos o vasculares, dentre ou
tros. Sob o aspecto psicológico leva-se em conta fatores relacionados à história de
interação e aprendizagem do indivíduo (rolacionamonto com pais; idéias errôneas so
bre soxualidado; educação sexual castrativa; primeiras relações soxuais traumáticas;
pouco roportório comportamental do ajuda mútua na experiência orgásmiea; ansioda
do rosultanto da falta do informação complota e segura sobro a anatomia e fisiologia
das relações sexuais; qualidade e tipos do relacionamentos om ároas não sexuais, om
especial com o parcoiro, rebaixamento do sentimento de auto-estima; dificuldades
interpessoais e sentimentos do medo, raiva, mágoa o falta do desejo, produzidos por
contingências aversivas). Além de aspectos da atualidade do indivíduo tais como
estresse, depressão, relacionamentos atuais e fatoros mantonodores do probloma:
Objetivo
Este estudo objetivou identificar as variáveis ambientais e comportamentais,
responsáveis por desencadear, manter e controlar a disfunção sexual, do tipo Erótil, em
um participante do 28 anos. Objetivou, ainda, avaliar se a intervenção comportamental
cognitiva proposta ao participante favoreceria a extinção de sua problemática sexual,
Método
Participante
J. C., 28 anos à ópoca do ostudo, soparado, torcoiro filho do uma prolo do sois,
vondodor ambulanto, onsino môdio comploto, nlvol sociooconômico baixo, rosidindo
com sua irmã mais nova.
Materiais e ambiente
O processo terapêutico ocorruu em um consultório padrão da Clinica Escola de
Psicologia - CEPSI. Foram utilizados materiais didáticos e pedagógicos, e instrumen
tos avaliativos como: Questionário de História Vital de Lazarus (1975/1980), a fim de
obter um maior entendimento da história de vida do participante; com o intuito de inves
tigar os (ndices de ansiedade foi utilizado o Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), com
escores classificados em; mfnimo (0 a 10); levo (11 a 19); modorado (20 a 30); o grave
(31 a 63). O Inventário de Depressão de Beck (BDI) foi aplicado para avaliar a deprossão
cujos escores são classificados em: mínimo (0 a 11); leve (12 a 19); moderado (20 a
35); e grave (36 a 63). A Escala de Desesperança de Bock (BHS) foi aplicada para avaliar
a desesperança, sondo classificada em níveis: mínimo (0 a 4); leve (5 a 8); moderado (9
a 13); o gravo (14 a 20). A Escala do Ideação Suicida (BSI) foi utilizada para avaliar o
desejo dc morto (Cunha, 2001); c Diários do Registro do Comportamentos, com a
função de ensiná-lo a registrar seus próprios comportamentos, tanto de ordem pública
como privada, para auxiliar o processo terapêutico quanto à monitoração dos mesmos
e, posterior, dosenvolvimento do automonitoramento pelo próprio participante (Bueno &
Brltto, 2003).
Procedimento
As sessões, conduzidas em dois encontros semanais o tiveram duração de 50
minutos. O processo terapêutico foi dividido em cinco fases: I inha de Base; Intorvençáo
I; Avaliação Pós-Férias; Intervenção II; e Avaliação Final
Linha do Baso: foi realizada ontro a 1“ o 7* sossõos Nola foram levantadas queixas o
nocossidades do participante, objetivos a serem alcançados quanto aos comporta-
mentos-alvo para intervenção. Também foram apresentados dados importantos a res-
poito da Terapia Comportamental Cognitiva e sua estrutura do trabalho, além de evidon-
ciadas as funções de cada membro da díade terapêutica, assim como o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE, o qual foi lido, consensuado e assinado por
ambos, e assim obtida a permissão para divulgação dos dados deste estudo em even
tos científicos, de forma oral ou impressa, inclusive, pola mídia científica. Foi dada,
ainda, instruções e treinamento de como devoria ocorrer o preenchimento dos: (a)
Questionário de História Vital de Lazarus (1975/1980); o (b) Diários de Registro de
Comportamentos, quo foram utilizados durante todas as fases do procosso terapêutico
(Bueno & Britto, 2003). Ocorreu também a aplicação do Invontário do Ansiodado de Bock
(BAI), do Inventário de Deprossão de Beck (BDI), da Escala de Desesperança do Bock
(BHS) © da Escala do Ideaçáo Suicida (BSI) (Cunha, 2001).
Intervenção I: esta etapa abrangeu da 8* à 11a sossõos o foram utilizadas as seguintos
técnicas: Diários do Registro dc Comportamentos (Bueno & Britto, 2003), Hipcrvcntilação
que consistiu em acelerar as respostas do Sistema Nervoso Autônomo Simpático
Resultados
Os dados, ora aprosentados, foram coletados a partir da pnmeira sessào, através de
observações diretas e avaliações quantitativas e qualitativas no setting terapêutico, ao longo
de todo o processo roalizado em cinco momentos: Faso I - Linha do Base; Fase II - Intervenção
I; Fase III - Avaliação Pós-Férias, Fase IV - Intervenção II e Fase V - Avaliação Final.
-* -L B
-*-A . P. F.
-ÉrA . F
Manejo da Ansiedade
Esso procodimonto foi aplicado duranto as trôs fases posterioros à Linha de
Baso e anteriores à Avaliação Final. j
Inicialmente, o participante encontrou dificuldade na realização do Controle
Respiratório: “(...) não consigo me sentir bem com o exercício. Não sei fazô-lo ". Esse
era um momento de nível de ansiedade relevante ao participante, ratificado pela Figura
1, em que no BAI recebeu classificação de nível moderado (28). Com o objetivo de uma
melhor compreensão de suas respostas ansiosas, para possibilitar a adesão ao Con*
trole Respiratório, a Análise Funcional foi utilizada.
^ la tò r ia è s tim u lo E s ta d o s C o m p o rt « n e n t o C o n s e q u ê n c ia
d * V/idj A nt » c a d e n te E m o c io n a is
D rfla id a ij* » d» Enconfro cnm Ansiadade Irw in e no ato Parda oa
m anutançéo da a paroelrs a n te o p e tó ie sexual. e r a ç io
e teç á o am todas os para relaciona- re z a para
te u s relaciona- m ento sexual ooree-gur manter
mentea a e fe ç fc
Mlatóría E É id o i C o m p o rta m a n io C o n ta q u é n o ia
d a V id a A n ta c a d a n la a E m o o io n a i»
C o m p ro m it l o Eneorifro com Tranquilo, « a m RalaçAo S a *u a l M a n u ta r ç fo d a
com ■ tarapia; um a paroaua axigir-*a qua araçâo. ra la ç ã o
■n« Md ad« avantual avança««« no «ato telór la.
confcoiada. M a tia g tn i * comporta mamo autoo&nflança
aufcxeçfflfc cariutat •« x u a l. i n » qua
a d a p ta tfc m , aroticak apana»
hatxltòad» n a m o ra M a .
iflKual
Discussão
É notável, tanto nos relatos obtidos duranto as sessões quanto em análises
funcionais realizadas, a oxacerbada ansiedade bem como a inabilidade social de J. C.
para lidar com eventos em seu cotidiano, como salientam Carey e colaboradores (1993/
1999) e Kaplan (1974/1977). Consequentemente tais fenômenos mostraram-se pre-
sontcs em sua queixa principal, funcionando como potencializadoros de seu probloma.
Mediante esta constatação, a intervenção iniciou-se com o Manejo da Ansiedade (Mundim
& Buono, 2006),
A resistência inicial do J. C. em executar o Controle Respiratório (Bueno et al.,
2008), ocorreu por motivos de dificuldade do próprio participante em roalizá-la: alegava
não dar conta de praticar a mesma, em função do seu alto nível de ansiedado quanto a
falhar nessa tarefa. Porém, ao ter sido utilizada da Análise Funcional (Staats, 1996), de
sou responder ansioso (ver Tabela 2) para favorecer-lhe a reaplioação do Controle
Rospiratório, conforme domonstra a Tabela 3, ocorreu a adesão do participante ao
procedimento. Quando, houve uma diminuição de suas respostas ansiosas diante de
situaçóes aversivas que geravam-lhe ansiedade exacerbada, tal como encontrar-se
com a ex-esposa, O que proporcionou ao participante a ocorrência do uma ereção
completa por 30 minutos, fato que anteriormente, em situação semelhante, seria impro
vável.
Como salientam Baptistussi (2003), Cavalcanti e Lopes (2005) e Ellis, (1980/
1982) os aspectos psicológicos causadores da Disfunção Erétil estão prosentes no
processo de aprendizagem e interação do indivíduo. A partir dos resultados da Figura 2
ó possível aferir que os dados da história de vida do participante demonstram conso
nância com a teoria ao apontarem1educação sexual castrativa; iniciação sexual inade
quada - primeiras relações sexuais traumáticas; ansiedade resultante da falta do infor
mação completa e segura sobre a anatomia e fisiologia do comportamento sexual;
presença de idéias errôneas sobre sexualidade; rebaixamento do sentimento de auto-
estima; dificuldades interpessoais e sentimentos de medo, raiva, mágoa e falta de
desejo, produzidos por contingências aversivas. Para que muitos desses processos de
aprendizagem e interação fossem reformulados, a Educação sobre Anatomia e Fisiolo
gia Sexuais, aliados à Reestruturação Cognitiva parecem ter sido instrumentos impor
tantes para a adequação do comportamento sexual do participante (Carey, 2003/2007;
Cavalcanti & Cavalcanti, 2006).
Tambórn foi possível observar neste estudo que, mesmo com iniciação soxual
traumática o a postorior ocorrência do um ovcnto de perda do oroção com 14 anos, J. C. j
só apresontou a dificuldade continuada da manutenção da ereção anos mais tarde: j
após casar-so. No entanto, todas ossas variáveis compõem a história de vida do par-
Abdo, C H N., Oliveira Júnior, W M., Scanavlno, M T., & Martins, F. G (2006) Disfunção erétil •
resultados do estudo da vida sexual do brasileiro Revista da Associação Módica Brasileira,
52(6), 424-429
Associação Americana de Psiquiatria (2003) Manual Diagnóstico e Estatístico do Transtornos
Montais - DSM-IV-TR Tradução organizada por C. Dornelles 4*Ediçáo Porto Alegre: Aries Médicas
(Trabalho original publicado em 2000).
Baptistussl, M C. (2003) Disfunções Sexuais e Classes de Respostas Relacionadas Em M Z. S
Brandão, F. C. S. Conte, F S Brandão, Y K Ingberman, C B Moura, V M Silva & S . M Oliane
(Orgs ), Sobre Comportamento o Cognição• clínica, pesquisa e aplicação (Vol 12, pp 162-163)
Santo André' ESETec Editores Associados
Bueno, G. N , & Britto, I G. S. (2003). Graus de ansiedade no exercício do penaar, sentir e agir em
contextos terapêuticos. Em: M Z. Brandão, F C. Conte, F. S. Brandão, Y. K Ingberman, C. B Moura
& V M Oliane (Orgs ), Sobre Comportamento o Cognição: clinica, pesquisa e aplicação (Vol 12,
pp 169-179) Santo André ESETec Editores Associados
Bueno, G. N , Ribeiro, A R R, Oliveira, I J S., Alves, J C., & Marcon, R M. (2008) Tempos Modernos
versus Ansiedade: aprenda a controlar sua ansiedade Em: W C M P Silva (Org), Sobra
Compoitamonto o Cognição análiso comportamontal aplicada (Vol. 21, pp 341-351) Santo
André: ESETec Editores Associados
Caballo, V E., & Buela-Casal, G. (2007) Técnicas Diversas em Terapia Comportamental Em: V. E.
Caballo (Org ), Manual do Técnicas de Terapia e Modificação do Comportamento (pp 685-718)
Tradução organizada por M D Claudino 1* Edição. São Paulo Santos. (Trabalho original publicado
em 1996)
Carey, M P.Winc/e, J P.&Meisler, A W (1999) Disfurrçdo Sexual TranstornoFrétll Masculino Fm D
H Burlow (Ory), Munuul Clinico dos Tiunstomos Psicológicos (pp 493- 533). Tradução orgunizuda
porM R D Osório 2* Edição Porto Alegre Artmed (Trabalho original publicado ern 1993)
Carey, M P (2007) Tratamento Cognitivo-Comportamenta) das Ülsfunçóes Sexuais trn V E Caballo
(Org ), Manual para o Tratamento Cognitivo-Comportamental dos Transtornos Psicológicos:
transtornos do ansiedade, sexuais, atetivos e psicóticos (pp 267-298) 1 radução organl/ada por
M L Pedro 1* Edição São Paulo Santos (Trabalho original publicado em 2003)
Cavalcanti, R C., & Lopes, G P (2005). Tratamento Psicológico da Disfunção Erótil: Manual
prático do orientação clinica 1* Edição São Paulo Ponto
Cavalcanti, R , & Cavalcanti, M (2006). Tratamento Clínico das Inadequaçóos Sexuais. 3* Edição.
São Paulo- ROCA
Costa, M (2005) Quando o sexo è mais répldo quo o prazer: como lidar com a ejaculação rápida
1a Edlçflo Rio de Janeiro: Prestigio.
Cunha, J A (2001) Manual de versão em português das escalas do Beck. São Paulo: Casa do
Psicólogo Livraria e Editora.
Di Denedetto, C (2003) Algumas prelações sobro r sexualidade humana Em M Z S ürandào, F
C. S Conte, F S Brandão, V K Ingberman, C B Moura, V M Silva & S M Oliane (Orgs ), Sobra
Comportamento e Cognição: clinica, pesquisa e aplicação (Vol 12. pp 149 153) Sanlo André:
ESETec Editores Associados
Fllls, A (1982) Iratamento da Disfunção brètil Em' S R Leiblum M A Pervin (Orgs ). Prtncipios
o Práticas do Terapia Sexual (pp 321-349). Tradução organizada por A Cabral Rio de Janeiro:
Zahar Editores (Trabalho original publicado em 1980)
1Piirto do TCC do |X>t ymdiMiçAo Inln aon.vi o iti Psicofuilologiii Sutaidioa (uirii ti Alintçúo Cllntui du |MliiK)lrii uutor hoIi orlontaçflu du sogiwfc {
3 1 2 f n i c f M .i r g i t f i i l .i S o , i r f * e llir u i A C / o u L ir l J c S o u / ,t H n tto
Tabela 1 Fragmentos de Sessão
P.: (em situação do choro)... Não sei mais o que fazer... Minha mão briga comigo "todo"
dia, ou "tô" endividada o ondividoi a minha máo tambóm... Nosso dinhoiro não sobra, ó
tudo para pagar conta no banco.
T.: Isso acontocou dopois de que?
R: Tudo começou quando entrei na faculdadee dopois quevoltei pra casa e minhairmã
tinha morrido num acidonte de carro. Comecei a namorar um rapaz lá da minha cidade,
minha mão não gosta dolo, fala que olo 6 drogado o cachacoiro...
T.: E vocô? O quo pensa a respeito?
P.. Eu sei que minha mão tem razão, elebebe demais e usa drogas, por causa dele em
estou endividada e minha mão tamhém
T.: Como por causa dele?
P.: É que eu pago tudo para ele, quando a gento sai, ou pago as contas, emprosto
dinheiro pra ele sabendo que ele não vai pagar. Soi quo não está certo, minha mãe tom
razão, mas eu tenho muito modo...
T.: Vocô tom modo do quô? Espocificamonto.
P.: Soi lá... Acho quo tenho modo dele me deixar so ou não fizer isso.,.
T.: O que te faz acreditar nisso?
P.: Sabo... É que eu acho que eu sou muito foia, e burra também. Todas as moninas que
eu vejo são mais bonitas e inteligentes quo ou...
T.. Então vocô está me dizendo, que vocô faz tudo isso para olo não to deixar?
P.: É, ou gasto mais de cem roais em cartão por môs, ligando pra olo, olo nunca tem
cartão... E ou prociso saber onde ele está...
T.: Por que motivo vocô ponsa que ele está com vocô?
P; Sei lá, ...penso que é porque eu sou boa pra ele, porque bonita ou não sou,.. Ele fala
quo gosta do mim, mas eu não acredito.
T.: É, então, talvez ele tenha te escolhido por vocô ser a mais feia que ele já encontrou...
Ele precisa tirar proveitos disso... Não ó mesmo?
P.: (Dopois do uma pausa) Sabe quo ou nunca tinha pensado nisso...!
T.: Que bom quo vocô vai começar a pensar a partir do agora.
levado a fazer descrições claras de seu comportamento para quo possa identificar e
controlar as variáveis que o controlam, e assim, possa entrar em contato com as suas
consoquôncias naturais.
Diante de uma nova condição que envolve a descrição das contingências a quo
responde e a formulação de novas regras e suas eventuais consoquôncias, o paciente
poderá entrar em contato com contingências que poderão ser reforçadoras ou não de
suas novas regras Mas, no mínimo poderão possibilitar uma nova descrição das con-
R e fe rê n c ia s
Este trabalho tom por objotivo a troca de experiências no quo se refere à porda
do cliontos por terapeutas. Serão apresontados dois casos, dos quais um desistiu da
psicoterapia ü outro retornou após faltas. A avaliação dos terapeutas são relacionadas
ao caso (possíveis esquivas) e relativas ao terapeuta (questões referentes à relação
torapôutica e à falta de habilidades). Participarão três terapeutas com tempos do expe
riência e formação em contextos diferentes compartilhando suas "dores" quando o
cliente abandona o processo terapêutico e o terapeuta tem moios do sabor ou não,
através do próprio cliente, o que ocorreu. Trata-se de um procosso de auto-avaliação
pessoal o das condições para o cliente pormanocer na terapia.
Muitas são as questões que permeiam a reflexão do profissional terapeuta
quando o tema a ser discutido ó porque o cliente não voltou. A psicoterapia como pro
cesso é em primeiro lugar uma relação interpessoal, e como tal, sofre a interferência de
ostímulos internos o extornos ao setting terapêutico. Quando nos relacionamos com o
outro sofremos todas as reações naturais frento a um estimulo, o sujoito ostá envolvido
no processo, oxposto a estimulação decorrente de associações o aprendizagens
anteriores que podem trazer reações favoráveis ou desfavoráveis ao processo
terapêutico. Na relação terapêutica, aprendizagens anterioros aparecem como estímu
los favorecedores das relações entre eventos fortalecidas na história do vida do qual-
quor dos participes. Este processo poderá ocorrer como um dificultador na relação
torapôutica e como conseqüência um operante de esquiva do onfrentamento de situa
ções aversivas.
Oulra questão pertinente ao processo são as características pessoais do
terapeuta (Rangó, 1995, Meyer,2001). O papol do afil terapeuta exige algumas compe
tências interpessoais que muitas vezos a formação como psicólogo não contempla, j
Alguns profissionais psicólogos, tiveram om suas vidas, histórias felizes do aprendiza*
3 16 Aim I M.iycr, M.tri.tiw S.ilv.ulon S.ittor, Roseli Pcoltml.i l l.iuet, Y,h ,i Kupm lem Intfbctiniin
gem, com oportunidades de vivenciar relações intorpessoais afetuosas, do empatia, de
capacidade sincera de ouvir, de expressar sentimentos e serem acolhidos e compreen
didos em suas colocações, desenvolveram a capacidade de resolver problemas, de
viverem em harmonia com suas vidas em enfrontamontos bem sucedidos, assim pro
vavelmente terao maior facilidade de, frente ao sujeito, cliente, terom maior facilidade de
conduzir o processo terapôutico. Terapeutas que não vivenciaram estas condições em
suas histórias pessoais do vida provavelmente terào, maior dificuldade em conduzir o
processo terapôutico, c como conscqüôncia, colaborando para a osquiva do clionto no
processo da terapia. Uma formação tócnica bom fundamentada, o treino adoquado sào
importantes nos dois casos.
Outro fator a ser considerado são as características do cliente As questões que
são abordadas na terapia podem ser, para o cliente, questões extremamente difíceis e
pessoais. Ele pode acreditar que seus problemas sejam únicos e que não existe nin
guém capaz do entendô-los. Deve-se levar também em consideração a história anterior
de auto exposição e suas consequências Muitas vezes o comportamento de esquiva
impodo o ostabclocimonto do vínculo nocossário para a rolação torapôutica podondo
ser um fator para o abandono do processo.
Os históricos de vida do terapeuta e do cliente devem, portanto, ser considera
dos quando realizamos o quostionamento de porque o cliente não voltou.
Dentro da relação terapêutica devemos considerar também comportamentos
verbais o não verbais que podem estar prosontos na sessão o quo impedem o vínculo
necessário para o estabelecimento da rolação torapôutica. Estes podem ser relaciona
dos com o momento em que se dá a sessão.
A psicotorapia pode ser compreendida como uma agência controladora da
cultura.(Skinner, 2003/1953) Na relação terapôutica, o terapeuta tem o poder de reforçar
ou punir, do manipular variáveis e, portanto, é parle do um sistoma social, marcado com
toda a história cultural de ambos os sujeitos presos temporariamente naquolo modelo
do relação. A tarefa do terapeuta não é fácil. Dar conta do todas ostas variáveis realizar
análise funcional e ao mesmo tempo ser incondicionalmente acolhedor e empático.
A psicoterapia devo ser como um processo de exposição de comportamentos
proviamonto punidos para que o paciente desenvolva novos repertórios e se sinta bem
consigo mosmo o no ambionto relacional.
Estar na sessão não é fácil para o cliente, este precisará aprender a discriminar
e descrever sua história como determinante de seus padrões de comportamento atuais.
A tarefa do terapeuta é estar atento ao comportamento de ambos. O poder do
terapeuta, no início do vinculo terapêutico, não é muito grande o tempo é pequeno e
precisa assegurar o retorno do cliente, fornecendo uma audiência não punitiva, dar
informações ou utilizar recursos técnicos o ainda identificar possívois transtornos psi
quiátricos.
A tarefa de reeducação que o terapeuta deve promover implica na possibilidade
da mudança, om rover a postura do hoje o olhar para o amanhã com a adoção do um
novo modelo de enfrentamento para a resolução dos seus problemas Isto requer um
tempo que e o cliente precisa aceitar que vai existir e que talvez algum sofrimento seja
necessário. O terapeuta precisa sabor também saber esperar, com paciência e cautela
o processo do cliente
Os passos devem ser pequenos, mas na direção do reconhocimento do clionto
enquanto pessoa, de sua queixa, de sua historia, de sua dor o do seu sofrimonto.
C asol
O prímoiro caso ó roferonto a uma moça soltoíra, com 23 anos do idade, que
morava com os pais, tinha um irmão mais velho o iniciou a terapia um abril do 2007 e
mantém-se até o momento da escrita desse artigo. As queixas aprosentadas por ela
oram1 depressão e quo se sentia “gorda"
Fm rolação à queixa de deprossão verifica-se quo o histórico de vida de Fncan-
tada1contribuiu muito para o desenvolvimento desse quadro. De acordo com o modolo
de depressão de incontrolabilidado do Seligman, os indivíduos dopressivos comumente
apresentam uma história de exposição a eventos incontroláveis, ou seja, de que 0
responder 6 indopondento do roforço, o quo goro uma rodução generalizada no respon
der, por acreditar que toda ação é inútil, bem como um baixo nível de reforçamento
positivo (Seligman. 1975).
Alguns fatos comprovam esse modolo de incontrolabilidado do Seligman como;
o abuso sexual sofrido diversas vezes quando era criança, as humilhações que sofria
dos alunos o professores na escola, a pessoa por quem era apaixonada na adolescên
cia casou-se com outra mulher, a descoberta que o pai tinha outra família e filhos. A partir
de todos esses eventos em sua vida, a cliente passou a acreditar que seu caso nào
toria mais solução e que nenhum médico e psicólogo poderiam ajudá-la, por esse
mosmo motivo demorou muito a procurar ajuda. Uma frase da própria clionte que
exemplifica o momento quo estava vivendo era: "nada do que eu faço consigo, até Deus
está contra mim"
Outro modelo que pretende explicar a depressão é o do Fester (1973). Neste
modelo, segundo Fester, ocorre uma baixa taxa de comportamentos sociais reforçados
positivamonto e existo uma elevada taxa de comportamentos do esquiva e fuga. Exem
plo de situações de vida que são explicadas por esse modolo é a cliente apresentar
318 A n .t l\uil,i I. M .i y c i Siilv.ulon S.irloi, R m cli P co lim i.i I l.iuct, V.u.i K uperstein In^bcimun
uma história de negligência por parle dos pais, baixo repertório social e ausência de
atividades, que faziam com que a cliente permanecesse a maior parto do seu tempo em
casa sem atividades e sem comportamentos reforçados positivamente.
Está frase exemplifica a perda do reforçadores da cliente: "Fu passei por muita
coisa difícil nossa vida....Eu pordi a vontade de lutar de querer ser alguém...Eu aprendi
a vivor disfarçando minha tristeza a todos, mas na verdade ou vejo meu mundo muito
cinza, fcu nunca tive invoja om relaçáo a bens materiais... tu sinto inveja om ver pessoas
saindo, se divertindo, sorrindo, trabalhando, entrando em uma loja...”.
A outra queixa da cliente ora de quo scntia*sc gorda, mesmo a terapeuta tendo
observado que o corpo dela era adoquado a altura. Em relação ao histórico do poso do
Encantada, quando ela era criança, foi obesa, o que fazia sofrer diversas humilhações
na oscola O peso de Encantada era o único comportamento quo ela consiguia ter
controlo nesse momento da vida e isto estava funcionando como uma osquiva para
superar ponsamentos e sentimentos aversivos resultantos da exposição traumática do
abuso sexual.
Em um primeiro momento que ocorreram as faltas, elas eram justificadas nas
sossões seguintes pela cliente, dizendo que tinha algumas atividades rotineiras quo
precisava fazer, por não estar sentindo-se bem e por acreditar quo seu caso não teria
solução, ou seja, isso fica claro nas palavras de Encantada: "o quo o terapeuta poderá
fazer por mim se o que me aconteceu no passado não teria mais solução".
Já do ponto do vista da terapeuta, as faltas nesse momento, poderiam estar
acontecendo devido a cliente ter dificuldado do expressar-se, de a terapeuta quoror
planejar a vida da cliente, de as sessões serem muito dirocionadas, de a terapeuta
estar preocupada com o próprio desemponho, pois a terapeuta era o único contato
social da clionte e a única pessoa neste moinonto quo poderia ajudar Encantada a
melhorar.
Após algumas mudanças na condução da terapia, como não dirocionar tanto
as sessões e ligar para a clionto todas as vozes quo faltava, a cliente revelou em uma
sessão que tinha bulimia o logo após quo foi vitima de abuso sexual
A partir dossas revelações a terapeuta passou aprosentar maior ompatia com
a clionto, mas mesmo assim, a cliente continuava a aprosentar faltas. As faltas neste
momonto ocorriam em função de crises depressivas da cliente e por ter dificuldado de
falar para a terapeuta sobre as revelações que havia feito. Isso pode ser confirmado na
frase da cliente: “E como machuca por dentro ter que mexer em tudo isso".
Mesmo com essas dificuldades, a cliente retoma a terapia e após algumas
sessões, já no final do ano, comoça a faltar novamente. Após o período de férias, a
secretária (az contato com a cliente e esta retorna a psicoterapia. A cliente oslava vivendo
um momento de estar fazendo alguns cursos e de busca de emprego, além disso, a
teropouta podo autorização para aprosentar sou caso cm um congrosso o também
contrata com a cliento que as faltas passariam a sor cobradas.
Após isso, as faltas que a cliente apresentava passaram a ser justificadas.
Como por exemplo, ela ligou para a terapeuta precisando interromper a psicoterapia,
pois os pais acreditavam quo a torapia não funcionava e que ela precisaria ser interna
da novamente. Após algumas somanas, ela retoma a psicoterapia, pois o irmão passa
a pagar as sossóos.
A clionto passou a alimentar-se adequadamente, a fazer cursos, a buscar em-
progos o aumentar seu repertório social. Uma das conclusões que a clionte chegou ora
C aso 2
O segundo caso a ser descrito refere-se a um atendimento psicoterápico que
teve duração de oito meses com atendimentos realizados em freqüência semanal. A
cliente, de 21 anos, veio encaminhada para psícoterapia pela Psiquiatra que a estava
acompanhando. Anteriormonte a este tratamento, ela já havia iniciado outros dois aten
dimentos psiquiátricos sem concluí-los.
Joana2 era casada, tinha uma filha de quatro meses, cursava faculdade e
trabalhava na área financeira. Era a filha mais velha do casal, sendo que a diferença
para os outros dois irmãos era de alguns anos. A profissão do pai exigia constantes
viagens, o que lhe mantinha bastante ausente do convívio familiar, já a mãe desempe
nhava suas atividades profissionais em casa, como autónoma. Estas contingências
familiares, parecem ter determinado alguns aspectos da interação entre a mãe e clien
te, como por exemplo, o fato da mãe estar disponível a executar muitas atividades por
ela. Desta forma Joana teve pouca exposição a contingências que pudessem gerar
sentimentos de frustração.
Outro ovento relevante de sua história do vida loi que ongravidou proposital-
monte após um ano do namoro para que o namorado se casasse com ela. Relatou ter
agido por impulso o por achar que de outra forma ele não se casaria com ela.
Sondo assim, as queixas iniciais relatadas pela cliente e as possíveis contin
gências envolvidas estão descritas a seguir:
r m i t v f o í n a ».oca
a c rv n p a ^ h o da i* no m v id n
consta n trm tn te
4 «?*
2 N o in e R c lId o
Estratégias terapêuticas
Inicialmente, as sessões foram conduzidas seguindo um conjunto de estraté
gias com objetivos específicos.
Ana 1'iiulii I. M jyci, M.iruwni S.ilv,ulon S.trtot, Roseli Dculmihi I IcHier, Y hm Kupcislcm Ingbcrmtin
Na semana seguinte a cliente compareceu à sessão comunicando que já tinha
tomado a decisão de parar com a terapia. Já o marido havia sido orientado, pela terapeuta
dele, a continuar o atendimento individual delo mesmo com a desistência da osposa O
principal objotivo ora ajudá-lo a discriminar controlos dela sobro o comportamento dolo,
como por exemplo, o medo que ele tinha dela fazer algo "insano". Porém ele comparo-
ccu somonto om mais um atendimento individual, o também desistiu da terapia, dizen
do que não aguentava a pressão que a osposa fazia sobre ele.
A análise das variáveis relacionadas à terapeuta quo possam ter contribuído
para o abandono da terapia apontaram para alguns fatores como; falta de habilidades
de enfrenlainento para mostrar a necessidade das mudanças para que a cliente conti
nuasse no tratamento o falta do repertório, doixando a cliente argumentar muito antos
da intervenção e quando houve intorvenção deu margem para continuar no mesmo
pensamento, favorecendo o comportamento do osquiva da cliente, t finalmento a
terapeuta reconheceu que devido à várias tentativas do intervenção ao longo dos oito
meses de psicotorapia, no momento em que a clionte desistiu do processo, o senti
mento da terapeuta era de que nenhuma estratégia poderia ser eficaz.
Referências
I iiétciii A b ie u V ascoucclo*, S iuiw M im ih I.i Humctt, A iil.i leres.i ilos V uito s Hrito
com a participação das crianças; (2) Devolução dos dados obtidos nesto processo
inicial de análise - as análises funcionais descritivas e experimontais; (3) programação
da intervenção, visando alcançar o fenômeno da generalização operante e respondente
(Gadelha, 2003; Gadelha & Vasconcelos, 2005); (4) implomentação o avaliação da intor-
vençâu, (5) retirada gradual do tratamento ou intervenção e (6) seguimento, após a
suspensão do tratamento (ver Watson & Grosham, 1997/1998). Em alguns casos, ape
nas os pais participam do processo terapêutico, om outros, os pais e as crianças. Em
intervenções preventivas os pais têm atuado efetivamente sem que o analista do com
portamento atenda dirotamonto a criança na clinica psicológica.
Hipóteses diagnósticas
■ Ni n t - r o ik c ito »
3 3 0 I .if r c iii A b re u V,i*concTlo*, Niiuri.i M ir > n n i.i Hurncll, A i J . i Icrcso dos S in lo s HnUi
comportamontos considerados como próprios da idade, ou relacionados primariamen
te com fatores ambientais sociais poderão ser identificados como manifestações de
um fenótipo comportamental, ou seja, de um conjunto de características observadas
em uma síndromo ou doença, que podem ser modificadas polo ambiente. Exageros no
diagnóstico com prejuízos para a criança e a família sào frequentes, mas deixar de
diagnosticar o tratar corrotamente as desordens psiquiátricas quo se apresentam na
infância o adolescência constitui, tambóm, um orro gravo, quo podo gerar pordas
irreparáveis (Burnett, 2007).
O Brasil se encontra diante de um dilema: acabar ou nào com os hospitais
psiquiátricos. Se estes hospitais não sâo a soluçáo, o número do loitos nos hospitais
gerais para atender pacientes durante crises agudas quo requerem internação tam
bóm não ó suficiente. E ainda, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), não tôm
sido identificados como preparados para reabilitar pacientes que apresentam crises
repetidas ou que bravamente experimentam as limitações causadas por uma crise
prolongada (Toixoira, 2007). Assim, ó possível resolver os problomas sociais gorados
pela incidência crescente de doentes psiquiátricos com a prevenção de crises graves
que, ao longo dos anos podem acarretar deterioração emocional o cognitiva irreversível,
com limitações que terminam om incapacidade do indivíduo lidar com sua própria
doença e dependência da família e da sociedade.
Como podemos prevenir incapacidados graves nas doenças psiquiátricas?
Por meio do reconhecimento das manifostaçõos, principalmente do transtorno bipolar,
da depressão, da opilopsia temporal e da esquizofrenia na infância e adolescência o
oferecendo tratamonto apropriado (Burnott, 2010). Experiências adversas (fatores do
risco) podem trazor prejuízos ao desenvolvimonto da criança o agravar manifestações
emocionais, enquanto quo oxporiôncias ou trocas favoráveis (fatores de protoção) po
dem colaborar para o desenvolvimento geral do indivíduo. Mesmo sendo portador de
um defeito gônico elo podorá transcender a doença e isto mostra a necessidade do
uma ampla avaliação dos contextos nos quais a criança atua
Valo rossaltar quo om um detorminado momento tratar pode limitar-so a orion-
tar a família e a escola. E ainda, nenhum programa do tratamonto que envolve a preven
ção do dosordens psiquiátricas graves poderá ser levado à fronte som a participação da
família. No momonto em quo se está aponas acompanhando o desenvolvimento do
uma criança e oferecendo orientações quo objotivam molhorar comportamentos e favo-
recor o dosonvolvimonto, não ó prudente dizer que a criança tem uma doonça. Entrotan-
to, quando os comportamentos inadequados porsistem, causando prejuízos à criança
o à família e quando já se tem um diagnóstico, os nomos das desordens dovom ser
apresentados aos pais pela equipe especializada, evitando que tais informações se
jam obtidas por meio de outras fontes.
O atendimento do crianças o adoloscentes com desordens psiquiátricas no
Brasil necessita passar por mudanças profundas. Há nocessidade dos profissionais
se unirom em busca do conhecimentos novos e começarem a trabalhar om conjunto
para promovorom tais mudanças. Segundo Grignard (2008), o mundo mudou e a
rolação entre as neuroses e demais desordens tambóm mudou No passado, a inci
dência das nourosos na criança ora mais olovada om rolaçào às domais dosordons.
Mas hojo, o quo mais se aprosonta para anâliso são "as demais dosordons" o os
profissionais não sabem o que fazer com a criança e sua família, porque olos não
conhecem o suficiente as desordons emocionais que se apresentam na infância.
Portanto, ó necossário haver um trabalho interdisciplinar quo envolva: (1) maior
aproximação entre o módico e o psicólogo, com trocas efetivas - o médico aprende
d o » k iib k ^ W H iH i U * M H i i i ié d R x ^ u fN M H ir tN h i» lít^ ) d k it i; m M > » w v w J H ,« in iy tH w l* M M U lM ii< ^ » t» m k ilU i» u x n lt » < » < > lii) iilM l| x ) » - liM iiih H lK ;i» u u d«
(HilTM r M itir tU M ( x v t K i o t f * n » k K m NiTi (T in o n fltg u r m l | x m < t x « « q i i l / o f f w i M T r n tH - n n d n u n i w x n f M x b ii n o r i k ) d n r im * ) - « o r n o < 4 > M r v « J o
'itiiiiMlift&jfciKxxikHXXilUxtKxifufcitxjrKitiLifiiiMiMiifcmfNUljurtNrimjiiMftMtil uutikKlu.ik.MXiwiiiMHfesLK^VinKHXMymvc.iHiiuitixxlurúiifeuftar
rin <1*i In te r u ç A n « c x x ii o * i>a l» « n t w a x i t o x t o » d « * * o o t a • < k i t r a l x M t o
(diiprimliflrtr il.i
Fmi:k»i;itlri;ji1u Mcifc ujflo*. p,mi fv tn f crtruru,
( rK ia u lw « grwtdaaa • rapa-lo da«cM»s, da ptleolanpta ia Indlc adu (quaatõaa
qual Ida0«do *atamantoa daraoléncia) a rm rio n a ltn io d l ata manto
rit(j[fftt«4a<u>im u
mai>«(âo. M c riia id a ia iw a n a itto ,
iirtf«« * ^rvlrtjrli1-. fldl BB _____
mento social); participação nos trabalhos escolares; realização do atividados quo bus
cam melhorar as deficiências neuropsicológicas (memória, atenção, organização e
planejamento) e prevenção de crises. Crianças e adolescentes com dosordem psiqui
átrica somente alcançarão seu potencial emocional e cognitivo se forem bem cuidadas
pela família e bem recebidas na oscola. Para isso, família, escola e profissionais da
saúde devem trabalhar juntos.
Grande parte das escolas com alunos com desordens psiquiátricas não são
corretamonte orientadas e mesmo quando orientadas, os professores mantém nor
mas rígidas, muitas vezes fundamentadas em leis que já foram alteradas Por isso, a
escola tem deixado de cumprir seu papel na reabilitação cognitiva, omocional e social
de crianças e adolescentes que evoluem com perdas, muitas vezes temporárias.
Quanto às medicações, olas podem ser necessárias e se bem indicadas pe
los módicos podem proteger 0 cérebro de degenerações precoces com perdas
3 3 4 I iictciii Al>n*u Viiwonccl«»*, Viuim M u .m il.i Humctt, A u la Icrcfci »los S.tnlo» Hiifo
profissionais nunca podem perder a noção de que, pais, màes e irmàos tôm limites que
devem ser respoitados.
O modelo proposto tom por objetivo tratar crianças o adolescentes com altora-
ções do comportamento omocional relacionadas com desordens psiquiátricas. As alte
rações comportamentais nào rolacionadas com doença, não requerem acompanha
mento psiquiátrico e uso de medicações Exageros no diagnóstico o uso incorreto de
drogas causam prejuízos à criança e à família.
Referências
Angst, J ; Sellaro, R (200U). Historical perspective and natural history ot bipolar disorder Biological
Psychiatry, 4ft (6), 445-457
Araújo, L. G. (2007) Diagnosticar: urna questão aluai na análise comportamental aplicada ao corilexto
clínico Em: E N. Cillo, & M R Santos (Orgs), Ciência do comportamento: Conhecer e avançar,
(pp 88 -92) Santo André Esetec
Dahls, S C. (2002) Aspectos clínicos da depressáo em crianças e adolescentes Jornal do Pediatria,
78 (5)
Behrens, Marilda Aparecida (2000) Projetos de aprendizagem colaborativa num paradigma emergente
In: MORAN, J M ; MASETTO, M ; BEHRENS, M Novas tecnologias e mediação pedagógica
Campinas Papirus
Behrens, M (2005) O paradigma omergonte e a prática pedagógico Petrópolis, RJ: Vozes
Bezerra, K C (2001) Hegistro alimentar o automonitoramento' uma contribuição pata o controlo
da obesidade Dissertação de Mestrado náo publicada, Universidade de Brasília
Birmaher, B (2004) Crianças e Adolescentes com transtorno bipolar guia referenciado e acessível
para pais Porto Alegre Artmed
Barcellos, A B , A Haydn, V B (1995) História da psicoterapia comportamental Em B Range (Org ),
Psicoterapia comportamental u cognitiva Pesquisa, prática, aplicações o problemas (pp 43-
53) São Paulo: Editorial Psy
Bosch, S., & Fuqua, R. W (2001) Behavioral cusps A model for selecting target behaviors Journal
of Applied Bohavior Analysis, 34, 123-125
Bromet, E J. ; Fennig, S (1999) Epidemiology and natural history of schizophrenia Biological
Psychiatry, 46 (7), 871-881
Burnett, S M (2007) História Natural e Princípios do Tratamento das Desordens do Comportamento
Emocional, XIV Jornada de Psiquiatria do Centro-Oeste, Brasilia
Burnett, S M (2010) Desordens do Comportamento Emocional novas perspectivas de tratamento
[manuscrito não publicado)
Cavalcante, S N (1999) Análise funcional na terapia comportamental Uma discussão das
recomendações do behaviorismo contextualista Dissertação de mestrado nâo publicada,
Universidade Federal do Pará, Belém
Cavalcante, S N., & Tourlnho, E 2 (1998) Classificação o Diagnóstico na clínica: Possibilidades de
um modelo analltico-Comportamental Psicologia: Teoria e Pesquisa, 14 (2), 139-147
336 I it ire i.i A b rc u NAiiconcclos, Stu rw M iu in il.i Hurnctt, A iik i Icrcw J o * S.m los Knlo
issues raised by applied behavior analysis Behaviorism, 2, 1-84
Grlgnard, F 0 (2008). Psicanalista e a criança Conferência na AssociaçãoMédica de Brasilia
Hayes, S. C., & Wilson, K. J (1993). Some applied implications of a contemporary behavior-analytic
account of verbal events The Behavior Analyst, 16, 283-301.
Hayes, S. C., & Wilson, K G. (1994) Acceptance and Commitment Therapy:Altering the verbal
support for experiential avoidance The Behavior Analyst, 17, 289-303
Hübner, M M , & Murinotti, M (2004) Ruvisitando diagnósticos clássicos relutivos às Dificuldades de
Aprendizagem Em: M M Hübner, & M Marinotti (Orgs ), Análise do Comportamento para a
Educação: Contribuições Recentes Santo André Esetec.
Instituto António Houaiss (2001/2002) Dicionário eletrônico Houaiss da lingua portuguesa (Versão
1.0.5) [Software] Rio de Janeiro Editora Objetiva
Instituto de Psicologia (2010) Projeto Politico Pedagógico do Curso de Graduação em Psicologia
Brasilia. Autor
Klein, S. D.; Schive, K (1996) Delivering difficult news. The Exceptional Parents August 1
Klein, S. D.; Schive, K (2001). You Will Dream Now Dreams: inspiring personal stories by parents
of children with disabilities New York: Kensington Books.
Kohlenberg, R. J., & Tsai, M. (1994) Improving cognitive therapy for depression with functional
analytic psychoterapy Theory and case study. The Behavior Analyst. 17, 305-319
Ueberman, J. A (2006) Neurobiology and natural history of schizophrenia Journal of Clinical
Psychiatry, 67 (10), e14
Lipp, M E N (2001) Dicotomias no processo terapêutico' Equívocos conceituais: psiquiátrico ou
psicológico Em: M Delitti (Org ), Sobre Comportamento e Cogniçôo - A prática da análise do
comportamento e da terapia cognitivo comportamental (V 2, pp. 121- 124) Santo André: Esetec.
Martins, A I A (2009) O sistema único de saúde• contingências e metacontingências nas l eis
Orgânicas da Saúde Dissertação não publicada, Universidade de Brasilia
Martins, G. T (2010) Atendimento domiciliar a pacientes autistas e quadros assemelhados Em A K
C. R de-Farias & Cols., Análise comportamental Clinica Aspectos teóricos e estudos de casot
(pp 153-167). Porto Alegre'Artmed
Mnsla, C L , & Chase, P N (1997) Vicarious learning revisited' A contemporary behiivior analytic
Interpretation Journal of Behavior Therapy and Experimental Psychiatric, 28, 41-51
Matos, E. G (2001) Considerações criticas sobre a importância e as limitações do uso do DSM-IV
por profissionais de saúde mental Em- H J Guilhardi; P P Queiroz, & M C Seoz (Orgs ), Sobro
Comportamento e Cognição - expondo a variabilidade, (V 8, pp. 124-133). Santo André: Esetec
Ministério da Educaçáo - MEC (1996) Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, São Paulo'
Editora do Brasil
Ministério da Educação - MEC/SEESP (2001) Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na
Educuçôu Búsica. Brasilia: Autor
Naves, A R C X (2008) Contingências e metacontingôncias: Um estudo exploratório Dissertação
não publicada, Universidade de Brasília
Naves, A R C X ; Vasconcelos, L A (2009) O estudo da familia Contingências e metacontingéncios,
Rovista Brasileira de Análise do Comportamento, 4, 13-25
Regra, J A G. (1997) Depressão Infantil: aspectos teóricos e atuação clinica Em' M Delitti (Org ),
Sobro comportamento o cognição: a prática da análise do comportamonto o da torapia cognitivo-
comportamental, (V 2, pp 155-164) Santo André' Editora ESETec
Rockhlll, C.; Kodish, I ; DiBattisto, C ; Macias, M ; Vartey, C., A Ryan, S (2010) Anxiety disorders in
children and adolescents Current Problems in Pediatric Health Care, 40 (4), 66-99
3 3 8 I .lórciii A ln c u V iisco m clo s, S.turiii M im m l.i Humctt, A i J . i I ores»» J o s S.m tus Unlo
Capítulo 30
Análise funcional de casos clínicos
fazendo uso de diagrama
Sii/rtiK* S c Im m Jlm l.ó h r
U n iv e rsid ad e Federal do Parana (U F P A )
t l c i o A n t o n io lo flflia tto
Secretaria M u n icip al dc Saúde da Prefeitura M u n ic ip a l de C uritiba
M a n u e la C h i ís*l l.em o:*
C en tro C o n v iv e r
I h a is o L o h r
U n iv e rsid a d e fe d e ral de São C arlo s (U F S C A R )
3 4 0 su/itnc Sclim íillin I óhr, Hcu> A ntunu» I oggiiitto, M>murl>i C lifinl I orno», llw in e I õIm
de forma cuidadosa e incluía o maior número de classes de comportamentos do cliente
com os quais o terapeuta teve contato (direto ou via comportamento verbal), percebia-se
que nAo someníe o diagnóstico era facilitado, o diagrama fornecia também i/ma imagem
geral e sintética da história de aprendizagem do cliente, apontando variáveis do controlo
do comportamento passadas e presentes. Acrescentamos entáo uma linha do tempo
na margom osquorda do diagrama, que permitisse acompanhar o poriodo om que
dada classe de comportamentos era emitida. Percebemos que algumas classes de
comportamentos mantinham esquemas de retro-alimentação, que precisavam ser
apontados. Passamos a construir recursos simbólicos que pormitissem identificar estes
pontos
A junção do tríplicos relações dc contingências realizadas tomando por base os
antecedentes, respostas e comportamentos emitidos, associados ao modolo
diagramático do fcvans adaptado, passaram a fundamentar a prática do graduandos e
psicólogos om processo de supervisão cfínica comportamental A possibilidade de
visualizar o caso como um todo, dava melhores condições para identificar os aspectos
em que as intervenções teriam maior probabilidade de sucesso e quais deveriam ser
os alvos do processo terapêutico a cada momonto. O uso da análise funcional
diagramática adaptada por parte do formando (seja graduando ou pós-graduando)
fornocia maior segurança no momento de conduzir o processo terapêutico, pois permitia
um panorama geral do caso, de interesse tanto para o diagnóstico quanto para a
intervençáo, al#m de constituir uma ferramenta do avaliaçáo do processo.
Pode-se dizer quo a macro-analise funcional diagramática ao fornecer uma
imagem visual do caso, possibilita perceber aspoctos centrais da história de
aprondizagom o verificar aquelos que continuam influenciando no presente, agindo
como fatores mantnnodores atuais dos comportamontos problema trazidos pelo cliente
Para a construção da macro-análise funcional diagramática sugorc-se ao
profissional quo acompanha o caso que levante todos os comportamontos relevantos
trazidos pelo cliente, assim como os aspectos do ambiento quo possam estar
relacionados ao comportamonto. Neste momento o terapouta procisará buscar aspectos
que constituam aglutinadores dos segmentos de história do aprendizagem identificados.
Agrupá-los quanto á funcionalidade, cuidando de respeitar a cronologia de emissão
das diforontos classes de comportamentos, constitui uma forma de trabalho Quando
dois conjuntos do classes de comportamentos parecem convergir para uma mosma
resposta, ó necessário tê>los próximos, pois provavelmente estamos diante do
hierarquias cruzadas e o diagrama precisa representar a multidctorminaçào do
comportamento aqui evidenciada Ao finalizar a representação das diversas hierarquias
levantadas na história do cliente, tem-se um panorama geral do caso, como se fosse
um mapa, que permite ao terapouta, em uma imagem, ter todos os dados do cliente,
desde a sua história de aprendizagem, comportamentos trazidos para a clínica, fatores
mantenedores no passado o atuais. O panorama geral elaborado pela análise funcional
diagramática facilita ao profissional nào só compreender do forma mais integrada os
dados do caso, como permito definir com maior segurança o(s) alvo(s) do procosso
terapêutico. É importante lembrar que nem sempre a queixa principal trazida pelo cliente
é o alvo primário de mudança e que mudanças em uma classe de comportamentos
podem alterar/influenciar outras classes.
Para melhor compreensão do como ocorre o processo de construção do macro-
análise funcional diagramática, far-se-á a descrição de um caso em que a mesma foi
empregada. Dados que permitam identificar o cliente foram alterados, para quo a
identidade do mesmo seja preservada
ANSIEDADE E STRESS
INSv!>n ia
F ig u r a 1
Su/.m e Sch m ullm I oh», H cio A n lo m o lotfflw tlo, M a n u e l,! c Ixisl I em os, I li.ime I õlti
descreve forte tondôncia a aventuras. A figura 3 destaca esta parte da análise. O cliente
frequentemente colocava-se em situações de risco como beber excessivamente e dirigir
alcoolizado, manteve um caso com uma pessoa próxima (uma funcionária) - evento
que foi seguido de tentativa do assassinato, supostamente planejada pelo pai da amante,
além de precipitar a separação conjugal. Após a separação J. continua mantendo o
padrão do "viver perigosamente” mantondo relacionamento com a amante em segredo
e mantondo relação com outra mulher, traindo agora a amante. A educação da (ilha que
antos era uma tarefa vista pela esposa, por solicitação dele em permanecer com a
guarda da criariça, passou a ser uma tarefa sob sua responsabilidade, mas para a qual
ele nâo tem o treino e a experiência necessária, o que gora preocupação e precipita
rospostas do ansiedade.
Figura 3
Referências
3 4 4 I A breu Witcornrlot, Sttund Mtrjn<l,t H um rtt, AúLt lcr<r»,i Jos S.m/«« Hrtlo
Capítulo 31
Estudo analítico-comparativo: cinco
modelos de treinamento de pais
publicados na literatura científica nacional
M a r c o A n t ô n io A m a r a l C h e q u e i'
Jo ã o C a r lo s M u n i / M tirtin e lli*
U n iv e rsid a d e V a le do R io P o c e ( U N I V A I .D
M a r i a l e i t e L a g e d e A lm e i d a '
Clinica particular
R el*eca C â m a r a d e M a g a lh ã e s^
Instituto Krasiliense de A n á lis e do C om portam en to (IH A C )
N a t a l ia H e r in g e r M e d e ir o s d a C u n h a *
U n iv e rsid a d e V a le do R io D oce (V /N IV A I F)
Introdução
O treinamento do pais-(TP) está inserido numa das áreas mais estudadas da
Psicologia: práticas educativas parentais que, sofrendo interferência direta dos estilos
parentais, roferom-se às estratégias utilizadas por pais para socializar, educar o contro
lar o comportamonto de seus filhos. Mussem et al. (1988) e Newcombe (1999) avalizam
tal ontondimonto, ao definir práticas educativas como as estratégias utilizadas poios
pais, objotivando suprimir e eliminar certos comportamentos da criança considerados
inadequados, bem como incentivar ou favorecer a ocorrência do comportamentos ade
quados. Já Alvarenga (2001) vê as práticas educativas como comportamentos dos pais
reforçados por modificações no comportamento dos filhos
Vê-se que tais definições sào complemontares, mas importantes de ressaltar,
pois, de certa forma, introduzom a importância do Treinamento de Pais - o fato é que,
muitas vozos, as estratégias educativas são utilizadas sem que os pais tenham noçào
de suas consequências sobre o comportamento da criança e, também, de que outros
comportamentos emitidos por ela são derivados de práticas educativas parentais que
os antecederam.
1P r o fe M o r A m I» Iw iIii n a U n lv fK ik in d fi VWti (lo Rk> D o c o (IJN IV A L E ) P<ta<|ulaad<y d o N ú d e o d o E a k id o « * ft i AriAlhm d o C orn |> o r1iim u n lo n
Prállc.n C u ltu ra l (A C P C ) M o stro o in P s ic o l o g i a C U im :a n u P U C C A M P I N A S Tol ( 3 3 ) 3 2 7 0 5 9 5 0 E muM
lu u u ii m rlintilktPuol n u ii h i nuirünnllkfllunlvilhi.bt
Método
Com base em seu caráter essencialmente teórico, pois pautado oxclusivamen-
to cm pesquisa bibliográfica, e tondo cm vista seu perfil unalitico-comparativo, adotou*
so, noste estudo, o método da pesquisa qualitativa. Os dados coletados tiveram origem
M orco A n lò m o A m iir.il (. Iiequci, kwo l .irlo* M u n i/ M .itlm e lli, fvViil.i I cile I .i^c de AlmeiiL,
Rcl>ecii (.limcir.t de M .ijj.illijc s , N d l.ili.i I Icruitfei M a lc iio s d<i L unlni
multivariada: Sites de busca na internet, materiais impressos (livros, periódicos e
monografias). A pesquisa foi roalizada em bases digitais de dados (SCIELO) Recorre
mos, também, às bibliografias dos artigos pesquisados para obter fontes do referência
em torno do tema.
A coleta do dados nas bases digitais foi realizada de setombro de 2007 a
novembro dc 2008 c os procodimontos do consulta diroto nas biblíotocas ocorreram do
outubro de 2007 a agosto do 2008.
Para a busca nas bases do dados foram utilizadas palavras-chave: treinamen
to do pais, práticas parentais, educaçào do pais, empatia entre pais e filhos, estilos
parentais, treinamento de habilidades sociais para pais, grupo de pais. Os artigos
encontrados foram examinados o selecionados, conformo os seguintes critérios dc
inclusão:
• Estudos relacionados à psicologia comportamental;
• Periódicos nacionais indexados, na revista brasileira de análise do comportamento
• Artigos inseridos na Coleção Comportamento e Cognição
O material selecionado, a partir dos critérios relacionados acima, foi analisado
tendo como estratégia, para o ostudo do cada modelo de treinamento do pais, a descri
ção dos objotivos o procedimentos do cada um. E para a comparação ontro olos, foram
utilizadas as seguintes categorias: Objetivo geral, objetivos específicos, número de
sessões o instrumento de avaliação.
Resultados
Os resultados serào apresentados em dois momentos: (1) na descrição dos
cinco modelos com enfoque na conceituaçào o modelo de proposta do Treinamento do
Pais; (2) na análise dos modelos com base em seus aspectos estruturais apresenta
dos om um Anexo comparativo, enfatizando semelhanças e divergências ontre si.
P ro g ra m a s de tre in a m e n to do p a is
A identificação de habilidades sociais como um fator de proteção no curso do
desenvolvimonto humano tem estimulado intervenções para a aprendizagem dessas
habilidados entre grupos e contextos distintos, com populações clínicas e não clínicas.
De acordo com seus objetivos, tais intervenções podem sor agrupadas em prevenção
primária, provenção secundária e prevenção terciária (Murta, 2005).
Lõhr et al. (2007) rossaltam a importância da prevenção do problemas, uma
das áreas de estudo e de atuação para a qual a Psicologia tem se voltado cada voz
mais, por duas razões fundamentais: resultados mais positivos em longo prazo o me
nores custos que a remediação Para ações preventivas, faz-se necessário dolimitar
latoros desencadeantes de problemas futuros e a intervenção possível em tais fatoros
Noste sontido, Lõhr (2003, p. 170) enfatiza "a formação do psicólogo como profissional
que deveria atuar na prevenção, [sendo] comproensível a ênfase da atuação psicológi
ca visando treinos e programas de desenvolvimento do habilidades sociais".
O TP pode atuar tanto no aspecto preventivo como interventivo , podendo ser
definido, segundo Kazdin (1985), como um enfoque para o tratamento do problomas do
comportamento, quo utiliza:
M i í f r w A n U in t o A m i t r . t l C h e q u e i loCio L u r lu t M u n i t M . i r í m c J l í , M * t i h J a lc I <tgc J c A lm t iJ t ,
R cb ccit vlc M d fld lh iíc s , N.ildli<i I Icrintfci M c J c iru t d.i (. unlnt
uma campanha de motivação da população, cujo alvo sào os pais; (b) dois níveis rela
tivos a consultas brevos de atenção primária, focados nos problemas loves de compor
tamento; e (c) dois níveis relativos a contatos mais intensos de treinamento de pais para
intervenções familiares, voltado para crianças e pró-adolescentos com risco de proble
mas comportamentais de maior gravidade.
Segundo Sandors (2005, p. 388), "a autorogulação das habilidades parentais
constitui o conceito central do programa", que trata de determinar o nível apropriado de
intervenção requerido dos pais para afastar uma criança ou pró-adolescento de uma
trajetória para problemas mais graves. A utilização de modalidados flexíveis do ações
do treinamento (incluindo procedimentos individuais frente a frente, de grupo, com apoio
tolofônico o autodirigido) visa, justamente, adaptar a potôncia da intervenção aos roquo-
rimentos de cada família. Já o perfil multidisciplinar, preventivo e comunitário do progra
ma proporclona*lhe um grande alcance, pormitindo-lhe alcançar pontos de acesso
dosostigmatizados, por meio dos serviços do atonção primária às famílias relutantes
em participar do mesmo e, consequentemente, em desenvolver habilidades parentais.
No entendimento de Sanders (2005, p. 388), "a intervenção familiar é definida,
de forma ampla, como um processo terapêutico que ajuda a modificar o mal-estar
psicológico dos indivíduos, tondo como objetivo suas relações interpessoais dontro da
família”. O autor sublinha que, normalmente, as intervenções familiares tentam mudar
os aspectos do funcionamento familiar relacionados com a etiologia, manutenção, re
caída ou oxarcobaçào do funcionamento do um indivíduo, incluindo, dosde as tontativas
para roduzir os problemas comportamentais ou emocionais do mombros da familia ató
as relações entre eles (pai, mãe, filhos, irmãos) e as relações entre a família o a comu-
nidado. O onfoquo ó notadamonto educacional, onfatizando a rociprocidado ontro os
membros da familia
A partir desse prisma, o programa incorpora as intervenções de treinamento do
pais focadas na melhora das relações pai-filho e as intervenções conjugais locadas na
melhora do relacionamento a dois, com o apoio de terapias familiares tradicionais A
opção pela expressão "intervenção familiar", em lugar do "terapia familiar", so dá pelo
fato da mosma abranger estudos de provenção e de tratamento. Assim, conclui Sandors
(2005), em vnz do so constituir numa simples modalidade torapêutico-homogôneo-
unitária, a intorvenção familiar enfatiza a importância das relações familiares e suas
interaçõos com o mal-estar psicológico.
O quadro 3, aprosenta os cinco nívois do intorvonção que constituem o Progra
ma Parental Positivo.
Sanders (2005) reconhece que tal estratégia graduada multinível considera os
diferentes níveis de disfunção e perturbação comportamentais comuns às crianças o
pró-adoloscentes, e as diferentes necessidades e desejos dos pais, com relação ao
tipo, intonsidado o modo do assistência que poderiam demandar.
Segundo o autor, a ostratógia multinível foi projetada para maximizar a eficácia,
contor os custos, evitar o despordício do tempo o sorviços, o garantir quo o programa
tenha amplo alcance na comunidade. A natureza multidisciplinar do programa implica,
também, uma melhor utilização dos rocursos profissionais oxistontos para a tarofa do
estimular a oducação parental competente (Sandors, 2005).
Os vários resultados alcançados com o programa Triplo P, segundo Sanders
(2005), mostram as evidências dc quo a intervenção fam iliar ó um recurso
psicoterapôutico poderoso, pois alcança uma variada gama de problemas de saúde
mental infantil Mas para quo o modelo funcione, ó necessário atender as seguintes
3 5 4 M ‘llco A n lò iito A m »iMl C l)cquci, liwo C'j i I o * M u m / M .u tm c lli, M jr t .i I eile I dpc >lo Almridd,
Rcbccii LdHicHri Je Mdgiilliitc«, N iitiilid I Icrinflcr M cdciio s dd C unli.i
bilita a inclusõo em um mesmo grupo do pais do crianças o pró-adoloscentes com
diforentes problemas do comportamento (MARINHO, 2005, p 418)
Para ser eficaz a intervenção com pais requer três exigências: (a) aquisição de
habilidades e modificação do comportamento dos pais; (b) mudanças no comporta-
monto das crianças; o (c) mudanças generalizadas e mantidas. Embora concordando
que diforontes modelos de tratamento que cumpriram tais exigências alcançaram êxito
no tratamento do uma ampla gama de problemas infantis, como desobediência,
agressividade, comportamento antissocial etc., as limitações da sua eficácia são roco-
nhecidas.
Neste sentido, tem-se a constatação de que a orientação aos pais não é uma
intorvenção eficaz com todas as famílias. Há pais que não se beneficiam com o trata
mento e outros que costumam abandoná-lo promaturamente. Geralmente essos pais
pertencom a famílias que apresentam um perfil caracterizado por fatores
desestabilizadores, como: desvantagem socioeconômica, inadequação ao grupo soci
al predominante, residência inadequada, situações de estresse constantes, proble
mas conjugais, pais depressivos, isolamento parental, màes solteiras, mães jovens,
apenas um dos pais, pai ou màe nao biológicos, práticas negativas no cuidado da
criança, comportamento antissocial do pai ou da mãe, falta de apoio social, baixo nível
intelectual e comportamento antissocial da criança-probloma (Marinho, 2005).
E foi considerando a incidência de um alto número de famílias de risco que
normalmente compõem a clientela que demanda tratamento de problemas
comportamentais de seus filhos, que se incluiu no PICGP estratégias para a prevenção
do abandono prematuro do tratamento e da perda dos seus benefícios, visando a seyu-
rança de sua eficácia para a maioria das famílias (Marinho, 2005).
Em linhas gerais, o PICGP podo ser realizado om 12 semanas, com sessões
de avaliação e intervenção, ostas últimas, incluindo sessõos do grupo e individuais.
Uma variação do programa inclui sessões semanais ou quinzenais com grupos de
crianças. No quadro 4 e 4.1, ó apresentado um resumo do treinamento dos pais.
As sessões com as crianças participantes do treinamento dos pais, realizada
simultaneamente, tom por objetivo uma melhora dos resultados. Tal grupo de terapia
infantil deverá ser dirigido por outra dupla do terapeutas, e estará condicionado á parti
cipação dos pais, até mesmo nos dias em que seu grupo participar de treinamento.
Dentre os objetivos específicos da terapia infantil está o desenvolvimento do comporta
mento pró-social pela aplicação de procodimentos visando à aquisição de habilidades
sociais. Estratégias para solução de comportamentos específicos também deverão
fazer parte dos procedimentos Durante a terapia, as crianças poderão ser observadas
pelos terapeutas e pais através de um espelho unidirecional ou por fitas de vídeo com
gravação das sessões A finalidade é discutir os comportamentos observados (Mari
nho, 2005)
Sobro as ostratégias para a manutenção dos benoficios terapêuticos, sugero-
se a realização do sessões do grupo do pais depois de um, três e seis meses contados
a partir da última sessão de treinamento. Depois de um mês de sua finalização, o
terapeuta entrega aos pais um registro do informações denominado: “Recordações de
Apoio", contendo os principais elementos discutidos nas sossõos do grupo, escritos
om linguagem acessível, para que os pais possam consultar quando desejarem. As
sessões de acompanhamento visam manter o compromisso dos pais com a continui
dade dos comportamentos aprondidos, de manoira a inseri-los, naturalmente, no seu
padrão do comportamento (Marinho, 2005).
.
ofljnwo Piopoala d»
S
Sj
Aumento da Proposta da ima Dfferançaa dê
O'
í
GERAL nfvei de motWaçío doi estiat+gia da ettratéola» perspectiva» da
dlscmnlnaçio pak para mudai, mtervtnçâo para a pato • crlançeo
do» paw da aiudando-os a comportemental prevençlodo determinada*.
«M pròpito» abandonar em abandono pilM & utrm rA »,
comportamento certos nfveis múltiplo* prematuro, pelo« »«tugir* e
ad it u n ç ío co m p o rtam e n to * para a pelos pais, d o« ta r e fa s
d a»» a * em nagativm na p r e v a n ç Jo a p ro g ra m a i de especifica» a
re lu çfc) «o c rla ç lo da a c u a tratamento dotí tre in am e n to cada f a i e d *
L o rri> o r1w n «rto fllhoa. p ro b lw m w voltado» para u davan volvirn u rito
c fi* ft/fio* a da forte m e n te com p o fte m e rtfate t fits m * nto do»
rrtd u ftn çia d e ligado* à s s u a * d * criança« a problema« de
a lt e r a ç io d « s e im a g e m p ré co m p o rtam e n to
comportamento panoat# a ao adolescentes do» fllhoa
m oao como
fo ra m educados
f o n t e O n g in e í d a a ta p e « c M s a
Ouadro 0 t Estudo comparativo do» otij*1fvo« e*pecfltco» d* Iodos os programa* J» treinamento de pais
M d r c o A n t ó n i o A n i d f d l C lie q u c r , lo d o C d i l o * M u n i / M d r lm e lt i, M d itd I c it e I d ^ c d o A lm r id d ,
K cbccd C d ii id r d d e M d B d l b d c » , N d td lid I le r m t j c i M e d e i r o s J> i L u n l i d
Quadro 6 2 Estudo cornp*»r«|ívo do número de em óe» de todo« os programa* d» treinamento d« pia**
NUMERO DE
S K S S O ÍS H encontro« I6 « * * * 6 e » 10 « •••d e i lO m iÒ H
«em an« a c r e * c ld a * d e ••m aneta
1 «e*« 6 o ccm
a * crtençae.
F o n te O rig in a l d e s ta p e » q u l« a
ijm d ro 8 J f.tlurto comparrtrvo tínt nrintnenio* d# mnumçto rte *r>rto» cm program** de teénummlo do p*w.
IK T W W M ÍtH fO " N o úlfim o N a u k rn a P or • • (rafar cie 0 p ro c e ta o A a v a li a ç io f
01 «nco nlro, é « e t t i o , 6 farta program e avaliativo do re alizada unia
a v a u a ç Ao falta u m * um a r t v t t i o do autodirigW o, o P lC O P * c o m p o « to «em ana ap6»
a v a lia ç lo final que o< p m irrttm rn e n to de t r ê f tam po« (») ence rram ento
atravé« do aprend eram a avallaUvo de entrevieta Iniciai do treinam ento
preenchim ento um a avaliação re w lta d c » w (centrad a rws p e lo T P H 8 ,
da Ficha de do alcance de constttul de ume queixas dos psfc e num en c o n tio
A v a lla ç lo Final •o u « o bp trvos a u to a v a tia (io n a v «ua feotivo, dividido
(FAF), pM ?oaM com o com portam ental dtoponiw ildade de em dua t
com pnata d» 3 TP Atravé« de doa p a n partic ip a r do p a rtM ,
perguntes urn teedtMK-A, apreee nled« ao p ro g rtm a ), (b) atenden do eu*
abertas co nd uzido p«io te ra p e u ta no a vallaçá o parental eogulnte» fln«
(ponto« tera peuta, o * ulbm o encontro (ce n tra d a na (1) breves
pcwitivo». p a u talam do grupo N w ta a v a lia ç é o d o n iv e i concicteratôe«,
ponto» • o fira o que o* a v a lia d o , o de estre«««, p e lo terapeuta,
negativo« a •lu d o u m a M i« tera p e u ta deve d e p r e * * lo e incentivando o«
e u g e itó e * ) • 9 o q u e o* e«tar atento ao « a tie fa fé o com ugei paU a
perguntas a judou m enoe, (ato de que dos pale), \c ) contin uarem
fechada« e«tafceiecendo. em bora o a valiaçã o do utilizand o o«
(obietw o, a p artir ao p ro g ia m a com portam ento procedim e ntos
conteúdo, aprendizado » utodirtgK Jo i*)» in fa n til (centrad a na »prendido«, (2)
m ate rial adq iJrido, « e t* e tic a z c o m a v a tla ç io dos pai? a p lic a f ic de
didático, pon tos forte« e a ig u m w e da próprta que&tionano
particip ação fta c o # em fam lH*». » w n crlunça ), « (d) pó« tAKt* e
no« encontros. ralaçôo ao efeito« obse rvaçã o do te a llz a ç lo de
d u r a jio , c o m poitam ento pod eriam t e r p a d iio d a entrevi «ta«
lntere«ee«, a««uml<Jo na m elhorado« in tereçéo paie- individuais
aplicabilidade e d u c e ç io do« co m evlratégias nihoa (e tn tru d a na gravadas, p a ia
o expectativa« filh o s d * m c m tiv o ao« o b s e rv a d o , peio p o s te rio r
atingidas). p *te paru tera peuta, do «nrtlm« pelo
a w tjm ire m o com porta m en to tera peuta
controle do dos pais com teu*
p r o te s to de filh os, d u ia n le 30
aprendizagem m inuto», depol« de
D al, «eu deixá-lo« a «d» em
cuidado em um a «ata. através
observar as da um «‘ tp a lto
llm ltayÓ M dos u n ld re c lo n a l ou ‘te
PM« p rv w n te ? film a g e m em
e m «u m vid eo)
autoavaH aíóe»
f A«Í4iÍmmI sita
Referências
Alvarenga, P (2001) Prática» educativas parentais como forma cie prevenção da problemas de
comportamento Em H J Guilhardi; M B B P Madl; P P Queiro/, M C Scoz (Orgs ) Sobre
comportamento e cognição Santo André ESETec v 8 p 49-54
Bolsonl-Sllva, A. T.; Marturano, E M (2004) Habilidades sociais educativas parentais e problemas
de comportamento' algumas relações Em M Z S BrandAo; F C S Conte; F S Brandão; Y K
Ingbergman; C. B. Moura; V. M Silva. S M, Oliane, (Orgs.) Sobre Comportamento e Cognição.
Santo André: ESETec, v 14 p. 251-280.
Del Prette, 2 A P.; Del Prette, A (2004) Treinamento de habilidades sociais com crianças: como
utilizar o método vivencial Em C. E. Costa; J. C. Luzia, H H N, Sant'anna (Orgs.) Hrimeiros passos
em análise do comportamento e cogniçèo. Santo André-SP: ESETec, v 2, p 111-118
Freitas, M G , Del Prette, Z. A P., Del Prette, A. (2007). Melhorando as habilidades sociais de crianças
com deficiência visual: um programa de Intervenção para màes Disponível ern: <200.156.28.71
NucleuslmedialcommonlNossos_Moios_RBC_RevAgo2007_Artigo3 doc> . Acosso em: 23 fev
2009
Haase, V. G ; Freitas, P M., Natale, L L.; Pinheiro, M I S. (2002) Treinamento comporlamenlal de
pais: uma modalidade de Intervenção em neuropsicologia do desenvolvimento Em A. M S Teixeira
& CoI (Oiq ) Clôncia do comportamento: conhecer e avançar Santo André ESETec, v 1 p 73-69.
Hübnet, M M C (2002) A importância da participação dos pais no desempenho escolar dos filhou:
ajudando sem atrapalhar Em M Z. S Brandão; F C S Conte; S M B Mezzarobo (Orgs )
Comportamento Humano Santo André' ESETec, v t p 139-146
Marco António Aniiirtil Clicqucr, lo.u> (. «ulo* Muni/ Miirlmolli, M.iil.i I eilc I ii#i' Jc AlnifiJii,
Rcbccu CSmiUii Je Mdjjdlluie*, Ndtdlui I Icrnujei Mcilcno* d,i L'unl)>i
Capítulo 32
Discutindo o a t e n t a r como
comportamento precorrente na clínica
analítico-comportamental: extendendo a
avaliação funcional
N iu x k im » B o ite s
Universidade São UkKis KkIcu (WSJD
N údco Paradigma
Unidade de comportamento
De Rose (1999) apresenta uma discussão dedicada a explorar o conceito de
comportamento, bem como algumas de suas implicações. Nola, encontra-se a seguinte
passagem.
O comportamento de qualquer organismo è continuo, um fluxo de atividades qu•
nunca cesse Nesse comportamento tomado em sentido genérico, distinguimos
Estudo de caso
É possível clarificar essas relações entre comportamentos precorrentes e cor-
rentos por meio da análise de um caso clínico. Todavia, valo ressaltar que aqui se dará
maior ônfase à avaliação funcional om detrimento à intervenção e aos resultados docor-
rentes dessa avaliação. A preferência se deu por acreditar que, nesse momento, o
importante é a discussão sobre a ferramenta do avaliação do clínico analítico-
comportamontal.
João (nomo fictício), um rapaz alto e bonito de 28 anos. chega ao consultório se
queixando de como se sente em relação a si mesmo: "me sinto um lixo, uma fraude,
faço tudo errado e sofro muito com isso" (sic).
Ao iniciar o levantamento de informações para a construção da avaliação funci
onal, verifica-se que João se formou em uma universidade do oxcelôncia em sua área,
os(á noivo "de uma linda mulher" (segundo suas palavras), mora com os pais, mas tem
seu próprio apartamento praticamente mobiliado (aguarda apenas o casamento), tem
inuitos conhecidos e alguns amigos, bem como exerce cargo de liderança em um
tradicional cscritório. Quostionado sobro o porquô dc sc sentir um "lixo", relata quo as
pessoas náo sabem quem ele ó e que caso soubessem veriam a "fraude" quo ó, quo
não sabo como as pessoas não se dão conta disso e que, às vezes, acredita que elas
notam, mas não falam nada por compaixão.
Solicitado a descrever algumas situações em que se sente dessa maneira,
relata as seguintes:
• “Sempre qim tenho que participar de uma munifin, sinto muiln modo, trnmn, suo,
fico muito preocupado, erro palavras, acredita qtte os outros não estào gostando,
etc“ (sic). Porém, quando quostionado sobre os resultados das reuniões, diz quo
foram satisfatórios, no sentido que o negócio foi fechado ou o cliente ficou satisfeito
• "Quando estou com minha namorada sinto que ela nAo gosta de mim, pois ela
olha para os outros na rua, aposar dola nogar tor olhado Eu nõo a moroço, pois ola
è linda e merece um cara lindo Não sei o que ola vô em mim“ (sic) Perguntado se
ele já a questionou sobre seus interesses nele, o cliente relata que sua namorada
diz amà-lo, que ele ó uma pessoa boa. bonita, inteligente e que nòo hú nada que o
desabonasse, pelo menos que ela saiba.
• Com os amigos: “sinto-me sempre Incomodado, inclusive jà pensei em me afas
tar deles, mas acho que fícaria pior Gosto deles e vou sair com eles enquanto eles
mo acoitarem. . Todos são bem sucedidos o intoligontos, diforonto do mim... Sem
pre me divirto com eles... Eles nào vôem ou fingem nào ver que às vezos eu dou
umas gafes“ (sic). Após uma melhor investigação, supõe-se que os amigos não
tôm queixas sobro seus comportamentos e quo, se as tivessem, as relatariam ou
se afastariam dele, como jà fizeram com outras pessoas.
A partir dessas descrições, de modo geral, é possível quo o clínico se questione
sobre qual será o probloma desse cliente. Afinal, não se verifica nenhuma relação que
aparenta controle aversivo ou que haja perda do reforçadoros — sendo essas as rota
ções quo podem gorar sofrimento e geralmente levam alguém a procurar um clinico.
Contudo, na porspectiva analítico-comportamental, deve-se considerar a
idiossincrasia do indivíduo e, se o cliente se queixa de sofrimento de fato devem existir
relações vivenciadas por ele como aversivas, cabendo ao clínico idontificá-las.
Uma análise mais cuidadosa permite verificar que o cliente apresenta uma
descrição de si e de suas experiências que não correspondem a de outras pessoas do
seu convívio, ou seja, ele se observa do um modo diferente do que os outros o vêem —
inclusivo o próprio clinico. Além disso, olo doscrovo as situações enfatizando aspoctos
que, para outros, teriam menor significância. Nesse caso, esse é o comportamento que
o clínico deve focar, ou melhor, será osso o comportamento clinicamonto relevante quo
será alvo da intervenção
Numa porspectiva montalista o/ou intornalista, o problema seria doscrito como
"distorção cognitiva", "baixa auto-ostima", probloma do "autoconfiança", otc. Contudo,
como bem aponta Skinner (1974/2002) "expressões desse tipo simplesmonte atribu
em a imaginários processos interiores aquilo que cumpre encontrar na dotação gené
tica e na história pessoal" (p. 67). É na história vivida (ontogenética) e/ou na dotação
genética (história filogonética) do indivíduo quo se encontrará explicação para o prestar
atenção de um indivíduo. Esse modo de responder do cliente é afetado por duas condi
Considerações finais
É papel do clinico analítico-comportamental avaliar o comportamento do seu
cliente sem recorrer a julgamento de valores ou explicações internalistas (Borges, 2009).
Desse modo, nào faz parte de sua prática atribuir às cognições ou porsonalidade a
determinação do comportamento do cliente de atentar a certos eventos e não a outros.
Todavia, o clínico analítico-comportamental não precisa restringir suas inter
venções a comportamentos clinicamente relevante abertos (quo sejam de fácil acesso
público à comunidade). Muitas vezes, esse profissional se depara com clientes que
apresentam queixas "existenciais”, ‘'internas" (problemas comportamentais que a co
munidade nào tem acesso direto ou que parecem nào ter rolaçào com eventos do
ambiento), como foi o caso de João.
A Análiso do Comportamento ó uma abordagem que ostuda todo c qualquer
comportamento, tendo ele elementos abertos ou encobertos, “manifestos" ou "laten-
tos”, "cognitivos" ou "existenciais”, filogonóticos, ontogonéticos ou culturais. Enfim, o
analista do comportamento delimita sua unidade do análise a partir dos sous objetivos,
Referências
Anüery, M A P A ., Micheletto, N , A Sério, T M A P (2001) Análise Funcional na Análise óo
Comportamento In H J Guilhardi, M B B P. Madl, P P Queiroz, & M C Scoz (Orgs ) Sobro
comportamento e cognlçào: expondo a variabilidade, v 8, (pp 148-157) Santo André, SP Esetec
Baer, D.; Wolf, M J Rsley, T (1968) Some current dimensions of applied behavior analysis Journal
of Applied Behavior Analysis, 1, 91-97
Borges, N B (2009) Terapia Analltlco-Comportamental da teoria à prática clinica Em R Wielenska
(Org ). Sobro comportamento e cognlçõo: desafios, soluções o questionamentos, v. 24, (pp. 231-
239) Santo André, SP: Esetec
Carr, E. G, Langdon, N A , & Yarbrough, S C. (1999) Hypothesis-Based Intervention for severe problem
behavior In A C Repp & R H Horner (Orgs ) Functional analysis of pmblom bohavior from offoctivo
assessment to effective supfxrt (pp 09-31) Belmont, CA Wadsworth Publishing Company
De Rose, J C C (1999) O que é comportamento? In R A Banaco (Org ). Sobre Comportamento o
Cognlçào: aspectos teóricos, metodológicos e de formação em Análise do Comportamento e
Terapia Cognltlvista (pp 79-81) Santo André. SP Esetec
Follette, W C., Nauglo, A E,,H Linnerooth, P J (1999) Functional alternatives to traditional assess
ment and diagnosis In M J Dougher (Org ). Clinical Behavior Analysis, (pp 99-125) Reno,
Nevada Context Press
Kohlenberg, R. J , & Tsai, M (2001) Psicoterapia Analítica Funcional: criando relações terapêuticas
intensas e curativas. Trad R R Kerbauy (Org ). Santo André, SP Esetec (Trabalho original
3 7 H Niroticm os Hiitist.i
Capítulo 33
"Momentos estou aqui: triste... Momentos
estou ali: alegre... Momentos: Onde quero
estar e por quê?": considerações teóricas e
intervenções práticas no Transtorno Bipolar.
N i o n e Torres
Institu to d e A n á lis e d o C o m p o rta m e n to e m L s tu d o s e P sic o te ra p ia ( IA C L P )
1. C o n s id e ra ç õ e s g e ra is
O Transtorno Bipolar (TB) ó caracterizado como um distúrbio gravo, recorrente e
incapacitante em que o indivíduo apresenta episódios de depressão e mania durante
os quais é possível identificar mudanças acentuadas o oxtromas, tanto om seus com
portamentos observáveis (ações) quanto nos comportamontos encobertos (sentimen
tos, emoções, idóias, pensamentos).
Estudos com famílias, gêmeos e adotivos sugerem um componente genético
no TB. Ressalta-se, porém, que tal hordabilidade ó considerada como “uma
vulnerabilidade passível ou nào de se apresentar no cotidiano psicossocial do indivíduo
biologicamente predisposto" (Andrade e Lotufo citado por Lipp et al., 2003, p. 155).
Nosto sontido, Voor (2008) assinala quo pesquisas têm domonstrado quo o
fator biológico no TB não o doterminará, mas tornará a pessoa mais suscetível a deter
minadas contingências quo vivência no dia a dia de sua vida.
Dessa forma, compreende-se quo o TB ostá relacionado a aspoctos
multifatoriais e que a eclosào de um episódio, ou maníaco ou doprossivo, estará vincu
lado a aspectos tais como, conflitos interpessoais (déficits comportamentaís), transi
ção ou mudança de papéis, Igto e/ou separação, dificuldades ocupacionais, questóos
spcioculturais, médicas e intrapsicológicas. Segundo estudos de Gitlin et al. (1995,
citado por Andrade & Lotufo Noto, 2003), as crises doprossivas so correlacionam cm
grande parto às disfunções de ordem familiar e social, enquanto pacientes que apre
sentam um bom desompenho prolissional tendem a recuperar-se mais rapidamente
dos eventos afotivos.
De fato, as pesquisas aliadas à prática clínica sinalizam quo tais fatores são
considerados como evontos do alto nível de aversidade o irão contribuir para a
vulnerabilidade à doença, assim como a resposta ao tratamento (Andrade & Lotufo
Neto, 2003).
Nosto sentido, Klerman et al (1984), também citado por Andrade e Lotufo Neto
(2003), sinalizam, a partir do estudos sobro eventos vitais o deprossivos, quo os ovon-
tos deflagradores do stress geralmente estão caracterizados em quatro grupos. São
eles: luto, disputas ou conflitos, mudanças de papel ou outras mudanças e déficits
380 N um e lorrp»
fisiológicas, ao partilhar do processo de interação com o ambiente, irá apresentar um
acentuado estado de desamparo, o que, por sua vez, poderá propiciar um stress exa
cerbado e, por fim, todo esse conjunto pode produzir uma susceptibilidade desse orga
nismo ao se comportar, e que assim o fará de maneira tão específica.
Tondo em vista todo osso contexto, a eficácia da psicoterapia analítico-
comportamental em combinação com a terapia farmacológica tem sido demonstrada
através de estudos sistematizados, embora mais pesquisas com objetivos precisos o
uma metodologia homogênea ainda se façam necessárias.
Assim, o presente ostudo visa demonstrar uma intervenção terapêutica dc um
caso clínico, num processo analítico comportamontal já na fase de manutenção do
tratamento do TB, após os objetivos terapêuticos, relacionados a seguir, já terem sido
alcançados: (1) Educação do indivíduo diagnosticado e de possoas importantes do seu
contexto do vida, sobre o transtorno, sou tratamento e as freqüentes dificuldades asso
ciadas ao mesmo (as chamadas estratégias psicoeducacionais); (2) Desenvolvimento
junto ao cliente de métodos para registro de ocorrência, gravidade e conseqüências
dos comportamentos maníacos e depressivos, possibilitando ao cliente uma interven
ção precoce, caso a situação se agrave (aqui, as estratégias de auto-observação com
monitoramento); (3) Estabelecimento de contingências que facilitem a adesão à medi
cação prescrita (discussão, com exemplo, da oficácia medicamentosa para facilitar a
adesão); (4) Desenvolvimento do estratégias terapêuticas para o enfrentamento de
oventos om quo os comportamontos maníacos o doprossivos so aprosontom (proson-
tos aqui intorvenções relacionadas à expressão do sentimentos e pensamentos,
assertividade, exercícios de auto-observação e observação do ambiente); e (5) Ensino
do habilidados para o onfrentamonto do evontos doflagradoros tanto dos episódios
depressivos quanto dos maníacos
Tal intervenção partiu do embasamento teórico da Análise do Comportamento,
uma vez que o papel da aprendizagem dos princípios comportamontais (reforçamento,
modelagem, discriminação e generalização) está na ênfase das estratégias
implementadas. Ao mesmo tempo, buscou-so o rospaldo da abordagem terapêutica
proposta por Wiíson (1984, citado por Hayes, 1985), a chamada Terapia de Aceitação o
Compromisso, notadamente no quo tange levar o cliente ao compromisso com a sua
melhora, questionando-o acerca do que quer e do que é importante para sua vida o,
portanto, a direção que se quer seguir, embora não tenha como escolher acerca do
seus sentimontos.
Foi objetivo, portanto, dessa fase terapêutica identificar e propor alternativas de
resolução de problemas para contingências e eventos que se apresentam àquela pes
soa como estressores em potencial. Aqui, um aspecto importante: não é suficiente
apenas aliviar os estressores, já que outros eventos ou estressores surgirão, sem
dúvida, no futuro. A proposta é desenvolver estratégias para enfrentar contingências e
eventos estressores vitais.
4. D e s e n v o lv im e n to da in te rv e n ç ã o
A intervenção, após a confecção do cartaz, foi realizada a partir dos passos:
1 Identificação e definição, com o cliente, dos possíveis eventos e/ou contingências
negativas apontados em cada área específica e exploração e discussão dos comporta
mentos encobertos que tais ovontos provocavam no cliente;
2. Listagem, sempre com o auxilio do cliente, das soluções om potencial, sern avaliar a
qualidade ou a viabilidade das mesmas;
3. Discussão de tais soluções observando vantagens e desvantagens, adequadas ou
inadequadas, eliminando as monos viáveis; verificando, assim, as mais desejáveis e/
ou razoáveis que poderiam ter maior probabilidade de sucesso,
4. Especificação do como, quando e quem poderá contar com suporte na busca das
soluçõos mais prováveis; e
5. Inserção pela Terapeuta de algumas técnicas do comunicação eficaz, além de exer
cícios de empatia e assertividade, motivando, assim, a expressão adequada de senti
mentos e pensamentos do cliente, além da sua auto-observação.
3 8 2 Nionc lorrc*
Ainda dando continuidade a esta intervenção, foi solicitado ao cliento que ex
pressasse, om uma folha de papol, o que estava sentindo naquele momento, com o
objetivo do sedimentar/explorar um pouco mais o que ali estava sendo trabalhado.
O resultado foi a seguinte poesia:
"Momentos estou aqui alegro
Momentos estou ali• triste
Momentos■onde quero estar e porquê?
Imporia sabor?
...Sim, porque imporia viver!
. Momentos do viver o quô?
Viver tudo, às vezes, com medo, às veios sem medu: - a alegria .. a tristeza..- a
felicidudo. . a dor... o prazot... o desprazer... Sou ou!!! Ser humano!
Foi possível constatar após estas intervenções que o cliente estava mais moti
vado e, principalmonto, mais disposto emocionalmente falando. Sua autoconfiança,
sua expressão de pensamontos e sentimento,s alóm da aceitação dos seus estados
de humor e do próprio transtorno, apresentaram-se num nível bastante satisfatório,
inclusivesentia-se apto o encorajado a retomar suas atividades acadêmicas e sociais.
5. C o n s id e ra ç õ e s fin a is
Compreender um transtorno como o TB, com efeitos tão dovastadoros para a
vida da pessoa (e para os seus), parece sor uma tarefa inacabada Neste trabalho,
tentou-se unificar algumas quostòes: o vivonciar do oventos vitais que possam gorar a
incontrolabilidade (estado de desamparo) propiciando stress exacerbado e como o
organismo suscoptívol biológica e psicologicamente cortamonto reagirá.
Tornam-se necessárias mais e mais pesquisas para quo se possa, entre ou
tros achados, determinar quo ações interventivas (por exemplo, no tocante nos aspec
tos psicossociais) podem propiciar realmente resultados eficazes, no sentido do auxi
liar as pessoas com diagnóstico do TB a tornarem suas vidas mais funcionais, a partir
de um contexto de maior cuidado de saúde emocional.
R e fe rê n c ia s
Andrade, A C F; Lotufo Neto, F (2003) Stress e transtorno bipolar Ein M E N Lipp (Org ) Mecanismos
neuiopslcafisiolôglcos do stress: teoria e aplicações clinicas Sâo Paulo Casa do Psicólogo,
cap 26, p 155-160
Hayes, S C (1987) A contextual approach to therapeutic chang Em N S Jacobson (ed ) Psychothera
pists in clinical practice: cognitive and behavioral perspectives New York' Guilford, p 327-387
Andiade.A C F; Lotufo N ,F (2003) Stress h Transtorno RÍ|h>Ihí Fmlipp. M F N (Oiy ) Mecanismos
neuropsicofisiológicos do stress: teoria e aplicações clinicas (p 155-165) Sao Paulo: Casa do
Psicólogo
384 N io n r ío rr«
Capítulo 34
Luto: a dor que se perde com o tempo
(... Ou não se perde?)
N io n e lo r iv s
I A C L P - Institu to do A n á l is e d o C o m p o rta m e n to e m L stu d o * e 1’ M coterapin
Nionc lorrcs
a tristeza que emergem com a perda e, por fim, auxiliá-lo a promover um rearranjo de
contingências ambientais. Além disso, é também seu papel epsinar ao cliente habilida-
des comportamentais, com o objetivo de ajustá-lo novamente ao contoxto de sua vida,
no qual a pessoa importante não mais se encontra, e a reinvestir em seu repertório
cornportamental em novas relações.
Em tal processo, som dúvida, náç se propõe uma forma correta de viver o luto. Ela
não existo. O que realmente existe ó um ser humano único, com uma história única, que
portanto, expressará sua perda tão somente a partir dessa sua história (Worden, 1998).
A seguir, apresontar-se-á um caso clínico com ênfase na intervenção terapêuti
ca no processo de luto, com a tentativa de ilustrar o que aqui foi colocado.
Queixa
A cliente buscou terapia afirmando que seria para auxiliá-la a encerrar um rela
cionamento afetivo de quase 3 anos em que sentia "ter acabado o amor" pela pessoa;
sentia modo de gerar muito sofrimento emocional na outra pessoa, do sontir-se só, de
mudar muito sua vida. Percebia-se muito ansiosa e, ás vezes, bastante deprimida.
Apresentava comportamentos de impotência e desamparo diante de contingências
tidas por ela como aversivas, tensão no corpo, dificuldades para conciliar o sono, pesa
delos, sentimentos de culpa, sensação de não existir um futuro, inabilidade afetiva.
Histórico
M é a filha mais velha de três irmãs Nasceu e cresceu numa pequena cidado do
interior, passou uma infância e uma adolescência significativamente “feliz, cheia de sur
presas agradáveis" (festas de aniversário, viagens maravilhosas), relacionamento muito
tranqüilo com os pais. Estes, segundo a cliente, "eram bastante carinhosos o preocupa
dos com o bem-estar das filhas, além de muito presentes na vida de cada uma" (relato
literal da cliente). Pouco antes dela complotar 18 anos, seus pais morreram de forma
trágica numa viagem a passeio, cabendo a M., além da responsabilidade de assumir e
gerenciar os negócios e patrimônio da família, a responsabilidade de cuidar de suas
irmãs mais novas com auxílio da avó materna. Seus pais eram filhos únicos.
Pouco antes de ocorrer a morte dos pais, M. já tinha iniciado o namoro com
essa pessoa por quem agora sentia apenas um sentimento do amizade. Três meses
após a morte deles, passaram a morar juntos, a pedido dela, pois queria ter uma
companhia junto a ela o tempo todo, uma vez que se sentia insegura e com medo de
ficar sozinha.
Retomou todas as suas atividades (sociais e acadêmicas) uma semana de
pois do trágico evento Procurou, na sequência, psicoterapia As idas à sua cidade natal,
onde moravam suas irmãs e avó e onde estavam os negócios não eram mais tão
frequentes.
Análise
Ê possível constatar quo M. perdeu, com a morte de seus pais, talvez sua maior
fonte de reforçamento. Ao mosmo tempo, perdeu-se o vínculo que, sem dúvida, ó um
grando gerador de repertório comportamental para a pessoa, no sentido de promover
seu desenvolvimento afetivo-emocional, que não mais poderia ser rotroalimentado.
Assirn, a perda dos seus entes queridos, mesmo vivenciada com comporta
mentos de dor e tristoza, também provocou em M. comportamentos de dificuldade exa-
gorada em lidar com mudanças (significativas ou não) om sua vida, modo de viver
sozinha o, junto, um sentimento do ser incapaz de sobreviver ao passar por qualquer
outra perda.
Tais comportamentos indicam que M. estava num processo de luto denomina
do “luto complicado" (ou patológico) ou. especificamente falando, o ‘‘luto retardado ou
ausente", segundo Gonzáles (1997, citado por Freitas, 2000).
Para estes autores, a pessoa enlutada pode ter apresentado comportamentos
emocionais condizentes com o evento traumático, porém tais comportamentos não se
demonstraram suficientes para que a pessoa conseguisse superar a perda. Então,
ocorrendo outro evento que pressupõe um luto, ela expressa emoções excessivas e
desadaptadas para a perda atual, o quo podo significar uma reação, na verdade, ao luto
anterior por ela não vivenciado de forma saudável.
Nosto sontido, ó possivol constatar quo os comportamontos quo auxiliam osso
não "vivencíar a perda" são comportamentos característicos encontrados num quadro
de stress pós-traumático (evidenciado no caso em pauta). E entre os vários comporta
mentos apresentados, estão os comportamontos de esquiva bastante acentuados que
ola domonstrava, por oxomplo, quando da apresentação do algum ostímulo (na sessão
o fora dela) que pudesse associar aos pais (tanto quando em vida, quanto pós-porda)
e que, portanto, propiciasse o experienciar a dor da perda (aqui, claramente, observado
o condicionamento operante produzido).
üosso modo, como ó sabido, cada sor humano vivenciará sua dor a partir de
sua história. No contexto das intervenções terapêuticas, a evocação do “vivenciar a dor,
390 N io n c lurrc*
o posar, a tristeza da perda” deverá ser estimulada, bloquoando, assim, a esquiva
emocional bastante significativa no caso aqui apresontado. Assim, a intervenção clinica
foi realizada de forma indireta, ou seja, através de recursos terapêuticos como músicas,
poesias, exercícios e vivências.
Na 5* sessão, a Terapeuta apresentou a música "A Lista” (Osvaldo Montenogro)
com o “objetivo” de M. ficar mais consciente de seu padráo cornportamental diante do
enfrontamonto das contingências de sua vida. No vorso quo onunciava ”... quantas
canções quo voct3 nôo contava.,. hojo vocõ assovia para sobroviver...", a clionte aponta
a música “Aquarola" (Toquinho) no seguinto vorso: “o futuro ó uma astronavo quo tonta-
mos pilotar Não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar. Sem pedir licença
muda nossa vida o dopois convida a rir ou chorar... Nessa estrada nào nos cabe conhe
cer ou ver o que virá. O fim dela ninguôm sabe bem ao certo onde vai dar...".
Exatamonto nosse momento, M. "deixou acontecer” sua dor, domonstrando atra
vés do um choro intonso sua raiva "do destino”, sua rovolta pela "peça quo a vida lho
progou”, dosesporo, lamontaçâo o pena. Culminando no seu medo de lidar com mudanças
em sua vida (aqui, analisou, de pronto, a razão de não conseguir encerrar o seu namoro).
Na seqüência, na outra sessão, um trechu de outra música (agora indicada
pela torapeuta com a permissão da cliente) foi introduzida - Podaço do mim (Chico
Buarque): "... Oh! Pedaço do mim, oh! metade do mim, lova o vulto tou quo a saudade 6
o revôs do um parto. A saudado é arrumar o quarto do filho que já morreu. Oh, podaço do
mim, oh, metade amputada de mim, leva o que há em ti quo a saudade já dói latejada.
Ê assim como uma fisgada no membro quo já pordi... ”
A partir dal, M. permitiu novas intervençõos com relação à sua dor; ou soja, a
Terapeuta não tinha mais necessidade de bloquear esquivas, mesmo porquo pratica-
monto nào mais ocorriam Assim, gradativa o soquoncialmonto foram roalizadas, nas
sessõos, exercícios vivenciais, exercícios através do colagom do figuras, dosonhos e
poomas que pudessem levá-la a exporienciar sua perda, seu luto. enfim. Agora, com a
clionte aprosentando baixa freqüência de choros o baixa labilidade afetiva.
Um mês após estas inlervenções, M. trouxe para Ierapia a análise quo, por
iniciativa própria, fez da música "Tocando em frente". Disse também quo já havia con
versado com o namorado, mostrando nitidamente sua intenção do oncorrar o namoro
(o que foz uma semanas depois, com muito cuidado). Todos estes aspectos fazem
pensar que o luto complicado quo a clionte experionciava o que trazia como conseqüên
cias comportamentos do imobilização para vida (comportamentos de esquiva impedi
am-na do rearranjar contingências no sentido de construir um novo repertório
cornportamental para aceitar mudanças em si própria e nos eventos vitais) parecia
estar chegando ao fim.
Seus comportamentos, a partir de então, denotavam mais confiança, mais auto
nomia o independência, monos dificuldades na resolução do problemas o tomada do
docisõos, ao mesmo tompo quo comoçou novos vínculos, ampliaram-so também suas
porspoctivas para vida o comoçou novamonto a tor sonhos, principalmonto com relação
ao futuro.
R e fe re n c ia s
a) Separação
Terapeutas do casais, com bastanto froquència, são solicitados a ajudar par
ceiros em suas tomadas de decisões sobre continuar ou interromper seus relaciona
mentos em virtude de divergências importantes existentes entre eles. Várias vezes
parceiros procuram por psicoterapia para ajudá-los a 'doscohrir' algum jeito de mudar
a ‘qualidado' do relacionamento existento entro eles, ou mesmo procuram uma ‘fórmu
la mágica’ para mudar o outro e assim ‘viverem felizes'. O desenrolar dessas ontrevis-
• Joana relatava que conheceu a pessoa com quem se onvolveu de modo casual,
mas que se envolveu emocionalmente porque recebia atençõos como
tolefonomas e afagos que já não aconteciam no seu casamonto. Vitor rolatava
que sexualmente eram muito compatíveis, Joana concordava, embora para
ela isso não fosse garantia de que ele não tivesse relações fora do casamento;
ele afirma que a dúvida dela não procedia. Cada um preso à sua verdade não
conseguia sair de seu ponto de vista e olhar sob a perspectiva do outro e
afastar-se de suas certezas. O trabalho do terapeuta foi trabalhar com as
verdades individuais que não permitiam a cada um sair de sua posição e
verificar que existem diferentes pontos de vista sobre uma dada situação.
Nos casamentos mais abertos, assim como nos mais estritos, a traiçào não é
no campo sexual em si, mas sim na quebra do acordo. Seja qual tenha sido o acordo
estabelecido e aceito por ambos os parceiros no casamonto, como por exemplo: acei
tação de comportamento homossexual fora do casamento, mas não aceitação de outro
relacionamento heterossexual; ‘fazer’ sexo fora do casamento quando tiverem quo ficar
separados por um tempo ou pela distância; sexo fora do casamento só com o conheci-
monto ou a prosonça do parceiro O que é importante ó quo o acordo seja cumprido.
• Isto foi o que ocorreu com Vitor que ficava o tempo todo imaginando ondo Joana
estaria quando se domorava, o que fazia com que a vigiasse e losso agressivo
quando as explicações não o satisfaziam, levando-os à soparação.
Pittman III, F.S., Wagers,T.P.(1995) descrevem um conjunto de mitos acerca da
infidolidade, que estào presentes em nossa cultura o podem aparecer como regras de
um dos parceiros quando ocorrem casos do infidelidade:
• No caso dc Joana c Vitor elo já vinha desconfiando dc que algo nào ostava bem
porquo Joana saía muito e muitas vozes, olo ligava e ela nào atendia ao
telefone. Vitor ficou sabendo e a encontrou com o outro homem.
A revelação gerou a crise aguda e uma possível necessidade de procurar tera
pia. Coube ao terapeuta criar um lugar seguro para a necessária exploração do proble
ma que procedeu o trabalho terapêutico.
• Vitor estava muito mal, com ansiedade intensa, pensando o tempo todo no que
ocorrera, mostrando-se desorientado quanto ao seguimento de sua vida
conjugal. Tentava proteger os filhos da situação o que o impedia de sair de
casa ató que nào suportou a tensão e saiu. No entanto mantinha contato com
os filhos o com Joana o que permitiu que continuassem convorsando.
Nesta situação os tomas, em ge^al, giram em torno: a) das circunstâncias da
descoberta da relação extraconjugal; b) das reações de comportamento que se se
guem à descoberta, c) do manejo dos sintomas de stress; d) uma analise do período
precedente á doscoberta
• Em outro caso o clionto, homem do 50 anos, quo tinha uma rolaçáo extraconjugal,
estava avaliando se contava ou não para a parcoira; elo estava deprimido e
ansioso. Foi discutida a necessidado de contar para a parceira; ele temia
contar-lhe achando quo o casamonto terminaria. Ao mosmo tompo não
conseguia ficar tranquilo porquo so sontia orrado mosmo já tondo terminado
o relacionamento extraconjugal. Foram analisados os aspectos que levaram
ao caso. Como olo era cliente individual, decidiu que nao contaria para sua
parceira e quo tentaria recuperar a relação. A terapia prosseguiu nesta direção
através da análise dos ciclos do coerção entro ole o a osposa o a quobra
destes, assim como também ocorreu a melhora da comunicação entre eles.
• No caso de José, 8 anos, este contou para a màe ter visto o pai com a vizinha.
Logo após, os pais so separam e o pai foi morar com a vizinha. Pedro foi
trazido para terapia porque ficou agressivo na escola. Achava que era o
causador da separação por ter revelado para a mão a proximidade do pai com
a vizinha, o pai reagiu dosfavoravelmento afastando-se da família. Na
intervenção com a criança foi necessário abordar seu sentimento de
responsabilidado pela soparaçâo dos pais
• O homem que não revelou sua infidelidade assumiu que poderia viver com a
escolha e avaliou que, uma vez tomada a decisão, nào considerava que isso
estava mais influindo em sua relação com a esposa.
• Vitor escolheu a família e aceitou Joana exigindo para isso que ela
escolhesse deixar o amante. A terapeuta nâo soube se a opçáo dela foi
pela família ou pela relaçáo Como não falavam abertamente de suas
escolhas podem vir a ter problemas no futuro.
Considerações finais
Embora o objetivo primeiro da TC seja lidar com a rolaçào do casal é funda
mental que, cada um dos parceiros como pessoa possa: a) identificar a influôncia dc
seus comportamentos na interação oxistente entro elos; b) identificar suas característi-
Referências
AABPMC fez dezoito anos Duranto osso período organizou congressos e reu
niu pesquisadores, professores o alunos. Publicou a Revista Brasileira de Terapia
Comportomental o Cognitiva o a coloção do livros: Sobro o Comportamento o Cognição
que se mantóm com o trabalho constante e as inquietações teóricas e metodológicas
de seus sócios. É uma realização ponderável que demonstra, atravós dos anos, os
caminhos porcorridos o os problemas abordados, resolvidos ou não. Discutimos com
portamento e os princípios fundamentais da ciência comportamental e cognitiva o suas
aplicações. Tomos hojo um dosenvolvimonto om todo o país.
Quando solicitaram um assunto para uma conforôncia om 2009, no XVIII Con-
grosso, realizado em Campinas e organizado por Patrícia Piazon, pensei em um tema
sempre presente em meu trabalho e provavolmonto de muitos de nós. É toma antigo e
estudado por filósofos que procuram ver as rolaçõos entre o fazer e os pensamentos e
emoções suscitados em divorsas condições. Está presente quando levamos uma vida
quo procura ser saudável, convivomos com a família, amigos ou nas rolaçóos do traba
lho. Esse tema está, pelo efeito produzido, nas situações terapêuticas e varia o contoúdo
e a colocação da problemática, do acordo com o referencial teórico. Também o papel das
emoções e como lidar com elas, assume dimensões diferentes em grupos o ópocas.
Dc fato, emoções 6 tema difícil, com história c ponto de vista próprios. Foi
capitulo obrigatório de livros de psicologia, e até Skinner om Ciência e comportamento
humano (1953/1967) tem o capitulo X, emoção. Rotoma o tema em vários livros.sendo
o capitulol, o lugar do sentimento na análise do comportamento, em Questões recen
tes na analiso do comportamento (1989/1991), uma escrita esclarecedora sobro com o
que o comportamentalista estuda e trabalha. Destaca que a história genética e pessoal
são responsáveis pelas condições corporais o o fisiologista as estuda. As contingênci
as de reforçamento e as contingências verbais mostram como as coisas são vistas e
descritas polo analista comportamontal que olha a história das pessoas, osclaroce o
ambiente passado e presonte.
As controvérsias teóricas e metodológicas, resolvidas ou om discussão, conti
nuam prosentos no trabalho clínico. Nem sempre os achados clínicos são suficicntc-
monte fortes para dirimir as controvérsias e muitas teorias clínicas atuais náo tem
estudos experimentais para comprovar suas afirmações. São oficazos em muitos ca
sos e empregadas pelos clínicos que buscam manoiras do ajudar seus clientes. Con-
O papel do psicólogo.
Uma maneira de enriquecer os trabalhos e quo emprego com freqüência ao
preparar conferências ou cursos, é porguntar ou conversar com lorapoutas oxporiontos
o organizar os dados. Agradoço a oles, pois orros, so houvor, são meus.
Conversei com cinco terapeutas, com mais de vinte anos de consultório.
Claro quo a primeira questão é se consideram que suas emoções interferem na
sessão. A resposta foi afirmativa. Consideravam quo as omoções intorforom na sessão o
fornecem pistas. Por exemplo, incrodulidado diante de catástrofes excessivas, larnbém
S u b ie C o m p o r l.im r n li) c C
problemas semelhantes do terapeuta e cliente podem prejudicar a isençáo necessária,
como por exemplo, problemas conjugais, dificuldade para emagrecer, procrastinação, es
pecialmente com os mesmos detalhes.
As emoções do terapeuta foram também consideradas pistas e recursos
torapôuticos. No entanto o terapeuta raramente expressa raiva, por exemplo, cruamente.
Pode ser substituída por preocupação ou uma tarefa para observação a ser realizada até a
próxima sessão. Dicas do variáveis para observar podem sor fornecidas, baseadas na
experiência pessoal do terapeuta com o problema, mas sem fazor osse destaque. Salien
tam colher os próprios dados, fazendo observação, tanto com o cliente como com o terapeuta
atento a si mesmo.Tambóm ênfase em como os dados permitem analisar melhor o que
acontece. Há torapeutas que destacam não relatar ou domonstrar emoções parecidas,
pois ó o cíiente que está em terapia e elo aprendeu a separar sua vida particular e ficar
atento para nao interfenr.
As emoções positivas como ternura e alegria sào mais facilmonte expressas e
consequonciadas na sessão. No entanto, os torapeutas ficam atentos para quo o efionto
não fique sob controle dessas conseqüências e procurem não contar eventos
desabonadores ou desagradáveis posteriormente.
Eu pessoalmente, procuro analisar, devido minha oxperiôncia pessoal, com baixa
liberação de reforçadores pela comunidade, o papel de evontos aversivos na produção de
respostas agressivas, baseada no efeito de extinção descrita pela literatura. Explico isto e
analiso a liberaçáo de reforçadores pelo cliente e suas ironias, especialmente se esse
comportamento ó freqüente e reforçado como humor. É muito interessante ver os relatos e
descobrir como a agressão provavelmente foi aprendida o está sendo mantida. Valeria um
estudo, inclusive de frases "agressivas-polidas " liboradas pela comunidade e que sao
relatadas pelos clientes como " imagine que..." som destaque para as emoções provocadas.
Acho com Ferster, que quem foi criado em esquemas aversivos discrimina mais facilmente
"as punições engraçadinhas" ou as “gentilezas". Um antropólogo, Roberto da Matta, om
escritos em jornais, é mostro em descrever comportamentos desrospertosos em inúme
ras situações e as vezes terminar com um paralelo sobre a situação do pais. Foi antológico
seu artigo agora dia 24 de março, no Estadão, analisando a falta do lugares para sentar no
aeroporto e os dois lugares próximos ocupados com bolsas e pacotes Soube que pode
acontecer em ônibus também. Pessoas om pé e alguém com sacola no lugar a seu lado.
Gostei de uma pergunta assertiva de uma passageira de ônibus:"a sra pagou dois luga
res?" Diante da resposta negativa solicitou a retirada da sacola para ela poder sentar...
As emoções sào sutis, as nossas, como terapeutas e as do cliente. Conhecê-las
e as respostas culturais, que parecem ser uma coisa e sào outra, para quem sabe analisá-
las, produzem sessões antológicas e desvendam as maneiras como são ensinadas e as
conseqüências no comportamento atual. Realmonte aceito a análise de depressão da
Ferster, como um marco que a análise do comportamento produziu. Portanto, verifico sem
pre que possível a relação entre reforçadores positivos e aversivos no cotidiano do cliente.
No trabalho, os exemplos sáo infinitos. Pequenos, e por isso pouco analisados, ou entáo,
do situaçóos quo "não podem" sor comontadas, mos são vistas o claro , sontidas...Olhomos
o contoxto. Obsorvomos os "assaltos" vorbais... o roais...( som duplo sontido...)
Referencias
José (nome fictício), dentista, 45 anos, casado há 20 anos, era pai de uma
jovem do 14 anos o do um rapaz do 17 (esto, adotado logo após o nascimento). Estava
em terapia do abordagem analítico-comportamental e farmacoterapia há três anos.
Referências
Consultório [Mrtiaihir
424 l h ru tu n i W ie lc ritk .i
Após a consulta, os alunos preparam o relatório, a ser ontroguo á supervisora
na semana subseqüente. Uma semana depois, ao início das atividades do dia, rece
bem o relatório comentado por escrito e com eventuais correções da supervisora. Este
procedimento pedagógico ó entendido como uma forma de reforçamento diferenciai,
com critérios móveis, progressivamente mais refinados, para definir as respostas que
so ospcra dos alunos (analisar o caso cm termos práticos o teóricos, incluindo o pró
prio desempenho e o do colega). Cada dupla segue seu próprio ritmo, e ajustes são
feitos em casos especiais.
As sessões são registradas em áudio, com consentimento dos clientes. Junto
com o rolatório anteriormente mencionado, as duplas entregam a transcrição dos quin
ze minutos mais relevantes da sessão, sejam eles contínuos ou intervalados, é interes
sante comentar que alguns alunos chegaram a transcrever a sessão toda em "momen
tos criticos", o que nos sugere que o procedimento de transcrever provou-se uma ins
tância pedagógica bastante útil. Essa tarefa foi proposta pela Prof* Rachel Rodrigues
Kerbauy desde o início do curso, porque suas pesquisas sobre processos de mudança
clínica demonstravam a imensidão de análises que podo obter com base no material
extraído das sessões. Em cada transcrição entregue pela dupla, o supervisor faz co
mentários por escrito sobro o comportamento do cliente ou dos terapeutas na sessáo,
conforme haja interesse clínico ou pedagógico.
Transcrever a sessão e fazer relatório semanal são atividades que permitem
aos alunos refinar análises de contingências’ eles identificam do forma cada vez mais
precisa os prováveis controlos das respostas emitidas pelos trôs participantes, soja na
sessão ou no contexto fora das paredes do consultório Além de a supervisora reforçar
diferencialmente, por meio de comontários escritos, as respostas emitidas pelos alu
nos, há perguntas quo funcionam como estímulos discriminativos para novas análises.
Resulta dai que os alunos, além de revelarem com procisâo crescente os controlos
comportamentais, passam também a identificar seus ontraves na aprendizagem o pro
blemas de funcionamento, tanto da dupla como individuais. Ter que ouvir a fita inteira,
para escolher trechos a transcrever, leva os alunos ao reexame do seu modo de traba
lhar, beneficiando-se de um corto distanciamento no tempo e espaço, o isto facilita o
conhecimonto sobro cada estilo do atuação.
Em suma. por meio do relatório, do tipo do recorte que se faz ao transcrover o da
discussão em grupo dos casos, o supervisor é informado sobro o porcurso dos
terapeutas e sua interação com o cliente e pode desenvolver ações educativas individu
ais e coletivas.
Referências
Hayes, S C., Strusatil, K D., & Wilson, K G (1999) Acceptance and Commitment Thetapy an
experiential Approach to Behavior Change New York Guilford
Kohlenberg, R J., & Tsai, M (2001) Pslcoterapin analitlca funcional: criando relações intonsas e
curativas (Trad Rachel R Kerbauy e cols ) Santo André, SP ESETec (Edição original ern Inglês
de 1991).
Histórico
Ao longo dos anos, os portadores de transtornos mentais graves ou persisten
tes foram sendo atendidos com base em diferontes concepçõos e por diferentes for
mas de tratamento (Feruerworker, 2003). No Brasil, até os anos 80 do sec XX, estas
pessoas ficavam intornadas om manicômios sendo isolados da comunidade, por po-
ríodos longos de tompo.
As políticas atuais de saúde pública têm priorizado olhar o sujeito em detrimento
da doença, considerando a pessoa e seu potencial, dentro do uma proposta de reabilita
ção que deve ser um suporte para a vida, envolvondo, do preferência todas as pessoas
que fazem parte da vida o/ou do cotidiano da possoa com transtorno psiquiátrico.
A roalização das I e II Conferências Nacionais de Saúde Mental (1987 o 1992),
levou a estruturação do Sistema Único de Saúde (SUS), a partir de 1990, com
consequente fechamento dos leitos manicomiais. A proposta de intervenção/tratamen
to dá ênfase na cidadania e na inclusão social, sondo confirmada polo Relatório Final
da III Conferência Nacional do Saúde Mental, o quo levou à regulamentação e à
normatização específica para o funcionamento dos Centros do Atenção Psicossociais
(CAPS), por meio da Portaria n. 336/02, surgindo com o objotivo de substituir os hospi
tais psiquiátricos (Feruerwerker, 2003).
Acompanhamento Terapêutico
Através do Acompanhamento terapêutico, o AT vai ató o ambiento natural do
indivíduo intervir diretamente no comportamento probloma do paciente, como uma for
ma do intervenção do um tratamento multidisciplinar (Vianna & Sampaio, 2003).
O atendimento psicotorapêutico, roalizado dentro do consultório, pode nos oforo-
cer dados para uma análise funcional, quo pode mostrar o que desencadeia e mantêm
determinado comportamonto, a partir da qual podo-se elaborar um projeto torapôutico.
Mesmo assim, não obtemos, em consultório, a certeza de que as metas estabelecidas
entre terapeuta e paciente sejam alcançadas e comportamentos disfuncionais sejam
modificados. O atendimonto torapôutico pode favorecer o contato com as contingências
mantenedoras do um comportamento dito como disfuncional polo paciento, bem como
permito quo contingências artificiais, obtidas om consultório, mantenham-se em ambien
te natural, por moio das relaçóes de contingências com a qual o indivíduo convive no seu
cotidiano, complementando o atendimento do consultório.
Dentro do trabalho do acompanhamonto terapêutico ó fundamental quo so levo
om conta a formação o a supervisão constante, para que haja maior possibilidade da
modificação do um comportamento ou a manutenção e a aprondizagom do um novo
comportamento mais funcional. Para o sucesso de um tratamento é importante que o AT
4 3 2 Rcmt.i l/roMt
a oportunidade de colocar em prática parte do conhecimento adquirido na universidade,
numa atividade supervisionada e muitas vezes remunerada (Zamignani &
Wielenska, 1999; Oliveira 2000).
Segundo Zamignani o Wielenska (1999), existe um conhecimonto mínimo que
o AT procisa adquirir o que um curso de formação dovo contemplar, tais como: treina-
monto em observação; conceitos básicos da Análise do Comportamento; tócnica do
entrevista; relação terapêutica; conhecimentos sobro a aplicação das técnicas; conhe
cimento das atribuições do AT, seu papel dentro da equipo mulhdisciplinar e sua aluaçào
na família do pacionto; como realizar uma análiso funcional e noções básicas de
psicopalologia o psicofarmacoterapia (Zamignani & Wielenska, 1999; Zamignani, D. R.;
Kovas, R. e Vermos, J.S. ,2007 & Vianna & Sampaio, 2003).
O presente capitulo tem como objetivo descrever um Programa de Capacitação
para Profissionais que atuam ou desejam atuar com pessoas com doficiôncia mental,
saúde mental e distúrbio de conduta, com a finalidade de preparar o aluno ou profissi
onal a participar do um Projoto Psicoeducacional Individualizado (PPI) como Acompa
nhante terapêutico, levando em conta três aspectos; formação teórica, habilidades quo
o AT tem ou deve aprender e prática supervisionada (Zamignani & Wielenska,1999 A
Zamignani, D R.; Kovas, R e Vermes, J.S. ,2007). A proposta apresentada procura
atender ostas etapas que serão descritas na sequência. A capacitação tem duração do
12 moses, com 6 horas semanais, sondo 2 toóricas e 4 práticas, dividida om 7 etapas;
Conteúdo teórlo-explicativo, ministrado em 4 moses, com aulas expositivas, dinâmi
cas e trabalhos acadêmicos e atividades práticas do obsorvação o estudo de caso;
Apresentaçóo e discussão das parles que compõem um PPI por meio de estudos e
análiso de projetos psicoeducaionais aplicados em outros casos;
Escolha do(s) participanto(s\\ o profissional entra em contato com possível(eis) partici-
pantos do PPI, quo vai olaborar o roalizar a avaliação inicial com olos;
Elaboração do PPI; formulação de hipóteses iniciais de intervenção, estabelecimento
de metas comportamentais com as possíveis estratégias de ensino o de manejo a
Postura
Nesta categoria foram agrupadas aquelas respostas que tinham como função
favorocor a apresentação de um comportamento desejado o do controlar a ocorrência
daqueles indesejados por parte do cliente, de modo não punitivo, utilizando apenas
recursos de comunicação primários, para isto o acompanhante terapêutico deve:
434 Ken.ilit
Reforçamento
Compõem esta categoria aquelas estratégias que, ao serem utilizadas, au-
montam a probabilidade do cliente apresentar comportamentos adoquados se envol
vendo-se na realização das tareias a serem ensinadas, para isto o acompanhante
terapêutico deve:
M a n te i C o n ta to H s lc o . D e fin iç A o : to c a r o c lie n te .»
E x e m p lo non m o m e n to s d e tro c a d e c a rin h o s , c o m a b ra ç o s o b e ijo s o u d u ra n te oh
e n s in a m e n to s d a s ta re fa s , p o n d o a m A o n o o m b io , p e g a r na m A o d u ia n te um
p a s s e io , po is m o s tra u m a re la ç A o d e a ju d a e c o n fia n ç a d o a c o m p a n h a n te te ra p A u tic o
fre n te a o e m p e n h o d o c lie n te
D e fin iç ã o : a p r e s e n ta r r e fo rç n d o re » ( c o m o c o n v e rs a r , d a r n to n ç fio , o lo g la r,
U tlll/a r R e fo rç o
In c e n tiv a r, m a n te r c o n ta to f ís ic o ) p a re a q u e le s c o m p o r ta m e n to s a s o rn m
D ife re n c ia l a d q u irid o s p e lo c lla n te e nAo re fo rç a r o s In a d e q u a d o s , Isto A, a p re s e n ta r re fo rç o
p a ra c o m p o r ta m e n to s e s p e c ífic o s q u e s e q u e r e n s in a r em d e tr im e n to d e
o u tro s •
E xem plo: e x is te m dois m o m e n to s para «e u tiliza r anta hatillld a d a, o p rlm airo è
q u a n d o o c lie n te e s tá r e a liz a n d o u m a a tiv id a d e e o a c o m p a n h a n te te ra p A u tlc o
r e fo r ç a q u a n d o e le e s tá e n v o lv id o n a m e s m a e o Ig n o r a q u a n d o e s tá
a p re s e n ta n d o a lg u m c o m p o rta m e n to In a d e q u a d o A o u tra s itu a ç A o , a té m a is
e fic ie n te d o q u e n p rim e ir a , A g u a n d o , ju n to c o m o u tr a s p e s a o « » , o c lie n te A
r e fo rç a d o q u a n d o e s tá e n v o lv id o n u m a a tiv id a d e , m a s q u a n d o a p r e s e n ta
a lg u m c o m p o r ta m e n to in a d e q u a d o o a c o m p a n h a n te te ra p A u tic o re to rç a os
c o m p o rta m e n to s a d e q u a d o s d a s o u tra s p e s s o a s , q u e e s tA o e n v o lv id a s na
a tiv id a d e a s e r r e a liz a d a
U tiliz a i d e R e fo rç o
N a tu ra l: D e fln lç A o : p e rm itir q u e o c lie n te e x p e riê n c ia as c o n s e q u A n c la s q u e o c o rre m
c o m o re s u lta d o d e s o u c o m p o rta m e n to , a s q u o ls p o d e m s o r p ra z o lro s a s ,
is to A, s e m p re q u e p o s s ív e l, u tiliz a r o s re fo rç o s n a tu ra is , q u e sA o e v e n to s
d is p o n ív e is no m u n d o re a l c o m o re s u lta d o d o c o m p o rta m e n to •
E x e m p lo q u a n d o o c lie n te c o lo c a u m a b lu s a e m d ia frio , to m a b a n h o
q u M iid o es tA & u ddo e o p ió p ilu p iu /e r e m c o im e g u ii ih h I i/ h i u iiih Ih ih Ih h shi
ú til, p o d e te r fu n ç A o r e fo rç a d o ra , a o InvAs d e u tiliz a re m r e fo rç o s a rtific ia is ,
c o m o p o r e x e m p lo , a c o m id a Q u a n d o nA o fo r p o s s ív e l o u fo r d lflc ll u tiliz a r
o s r e fo rç a d o re s n a tu ia ls , p io c u r a r e s ta b e le c e r " p ie m la ç A e s ” , q u n e s te )a m
d ire ta m e n te re la c io n a d a s c o m a s itu a ç A o d e a p re n d iz a g e m o u de
ralo rça d ora a sonial», co m o oa cltado» a cim a: atoQio, tncaotlvo, co nta to
fís ic o , a te n ç A o
Manejo de Inadequado
Para esta categoria, foram agrupadas aquelas respostas que o acompanhan
te terapêutico deveria utilizar com a função de controlar, isto é, mudar a frequência ou a
probabilidade da ocorrência de comportamentos inadequados, lovando-os à diminui
ção ou à extinção, para isto os acompanhantes terapêuticos devem
U tiliz a r n E x tin ç ã o :
L omporliimcnlo e I oriiíçíio
E n s in a r R e s o lu ç A o dn D e fin iç A o : d ia n te d e s itu a ç õ e s c o n s id e ra d a s d ifíc e is p a ra a p e s s o a e s p e c ia l,
P ro b le m a s e n s in á -la a lte rn a tiv a s d e c o m o e n fre n ta r e d n c o m o re s o lv e r o s p ro b le m a s , p o r
e x e m p lo : q u a n d o a g re d ir, s a b e r p e d ir d e s c u lp a s : s e nAo "dA c o n ta " d e r e a liz a i u m a
d e te rm in a d a In ro fn p o r d lflc u ld a d o s o o p o c lflc a s , c o m o b n ru lh o , c o n tn to c o m
p e s s o a s , o c lie n te d e v e r * s e fa z e r e n te n d e r e d e m o n s tra r Is s o , p o r m e io de
c o m p o rta m e n to s a d e q u a d o s e a c e ito s no s e u g iu p o s o c ia l a o InvAs d e a p ie s e n ta i
c o m p o rta m e n to a g re s s iv o s .
Favorecimento da Aprendizagem
As estratégias desta categoria tinham como funçáo favorecer a aprendizagem
do cliente de modo sistematizado e ao mesmo tempo aproveitando as situações natu
rais em que os comportamentos adequados deveriam ocorror, para isto os acompa
nhantes terapêuticos devem:
•
P e rs is tir n a s D e fin iç A o a p r e s e n ta i, v e ib a lm tm tH , u m a In n tiu ç A o h d a i um to in p o , c o n lrtn d o
In s tru ç õ e s atA h (As v e / e s atA 1(1), p a ra q u e o c lie n te s e m a n ife s te e d e c id a s e g u ir n
in s tru ç A o . U rna v e z d a d a a In s tru ç A o , o a c o m p a n h a n te te ra p A u tlc o d e v e s e g u ir
atA o tA rm ln o e m (|u e o c lie n te o b e d e ç a •
E x e m p lo a p re s e n ta -s e a s ltu a ç A o ; "V a m o s a lm o ç a r? “ , c o n ta -s e atA 10 e c a s o
e le nAo e m ita n e n h u m c o m p o rta m e n to , o a c o m p a n h a n te te ia p A u tlc o In s is te : “ JA
sA o m e lo d ia , e s to u c o m fo m e , v a m o s a lm o ç a r? S e nA o se fa z Is to , o s c lie n te s
a p re n d e m la p id a m e n te q u e nA o c o n s e g u e m fa z e r o q u e o a c o m p a n h a n te
te ia p A u tlc o lh e p e d iu lo g o na p rim e ira in s tru ç ã o , a s s im d e v e -s e a p rn s e n ta r a
m e s m a In s tru ç A o d e d ife re n te s fo rm a s , atA q u e o c lie n te re a liz e a la ie fa . Se
nAo A p o s s ív e l s e g u ir atA o tA rm in o A m e lh o r n u n c a lh e s dar a In s tru ç A o O
a c o m p a n h a n te te ra p A u tlc o d e v e te r c u id a d o p a ra nA o d a r m a is d n urna
In s tru ç A o , p o r e x e m p lo "F a g o ra n ó s v a m o s tro c a r d e ro u p a p a ia sa ir, q u e tal
v o c ê c o m e ç a r tira n d o a c a m is e ta ? C o m o o c lie n te d e m o ia a tira i a c a m is e ta ,
lo g o e m s e g u id a o a c o m p a n h a n te te ia p A u tlc o p e d e " t n t A o tira o s h o rts !" e
m u lta s v e z e s o c lie n te nAo fa z n e n h u m d o s d o is p a s s o s d a ta re fa e a in d a
a p re s e n ta c o m p o rta m e n to s in a d e q u a d o s . D ia n te d is s o , o a c o m p a n h a n te
te ra p A u tlc o d e v e p la n e ja r c u id a d o s a m e n te u m a In s tru ç A o , p a ra e v ita r o
fra c a s s o e, c o n s e q u e n te m e n te , a o c o rrê n c ia d o s in a d e q u a d o s
4 3 8 K oiut.i i/iossi
E x e m p lo : tra b a lh a r q u a n tid a d e c o m o c lie n te , e n q u a n to p re p a ra m um b o lo .
D u ra n te a ta re fa p o d e -s e tra b a lh a r ta n to o u n u m « r u i* c o m o n re s p e c tiv a
q u a n tid a d e
A s s e g u rn r-s e dn
D e fin iç ã o : a s s e g u ia r - s e d n q u e te m m a te n ç A o d o c lie n te a n te s d n p a s a a i um
A te n ç A o
c o n te ú d o •
F x e m p lo v ira r e s e g u ra r o r o s to d o c lie n te na d lre ç A o e p ró x im o a o s e u ou
p a ra n a tiv id a d e o u p e d ir, v e rb a lm e n te , q u a o lh a p a ra v o c ê o u p a ra a ta re fa
QUADRO A Nlv/ttis de ajudn oíwttudos ao client« na realizarão dos passos das Uirefas, «laborados
por Grossi (1998) (com base no Projeto More (Lent, Keilitz, Foster & McLean, 1974); no Projeto How
to do More (Lent, 1978); no Currículo Funcional (LeBlanc & Mayo, 1990;1992) e Grossi & Almeida
(1996))'
• a c o m p a n h a r o s m o v im e n to s d o c lie n te na re a llz a ç A o d o s p a s s o s d a s la re fa s ,
S n y tiit </w (unto
c o m a (s ) m A o (s ) s o b re p o s ta á (s ) d o c lie n te , m a s s e m e n c o s ta r, c o m o se fo s s e
u m a s o m b ra d o s e u m o v im e n to
Reorganização Ambiental
Reestruturação Metodológica
Selecionar monitores: Definição' sempre que possível nomear um monitor para auxiliar na
tarefa da turma,sempre com critérios e objetivos previamente
estabelecidos Exemplo' esta função pode Ter função de prêmio quando
o cliente vem conseguindo se auto-controlar e por Isso é nomeado
monitor ou para antecipar, previnir, um comportamento Inadequado o
acompanhante terapêutico ocupa a pessoa, envolvendo-a na atividade
e a mantém próxima, de modo que consiga ser mais fácil monitorá-la.
assim, antes que a pessoa apresente comportamentos Inadequados
o acompanhante terapêutico o nomeia monitor para ajudar o cliente a
se auto controlar, estando perto dele
Criar regras com a Definirão para o bom funcionamento do grupo é fundamentai qun o
participação do grupo: acompanhante terapêutico crie oportunidade para que o grupo elabore
e determine as regras do grupo de modo, claro e exequível, não
deixando de estabelecer, também as regras da instituição ou da farnilia,
especificando, claramente as consequência para o cumprimento e
para o não cumprimento das mesmas. Estas regras devem ser
compatíveis com cada grupo, no entanto tem itens que devem ser
respeitados por todos os clientes e em diferentes situações Exemplo:
não gritar, não bater, não quebrar ou destruir as coisas e não xingar,
além de ensinar qual comportamento apresentar no lugar
Referências
442 Rcn.il.i
Zamignani, D R (1997) O trabalho de acompanhamento terapêutico a prática de um analista do
comportamento Taubaté, Revista Biocióncias, 3(1):77-90
Zamignani, D R & Wielenska, R C, (1999) Redefinindo o papel do acompanhante terapêutico. Em
R R Kerbouy (org ), Sobro Cnmportamonto o Cogniçòo' psicologia comportamontnl o cognitiva
- do reflexão teórica à díversidado no oplicoçôo {pp 156-163) , vol 4 Sunto André: Èsetec
Editores Associados
Zamignani, D R (1999). Qual o lugar do AT numa equipe multiprolisslonal? fcrrr R R Kerbauy&R C
Wielenska (orgs ), Sobre Comportamento e Cogniçòo (pp 157-165), Santo André: Esetec Editores
Associados
Zamignani, D R.; Kovas, R. e Vermes, J S. (2007) A clinica de portas abertas: experiências e
fundamentação do acompanhamento terapêutico e da prática clinica em ambientes extraconsultório
São Paulo: Paradigma p413
A pesquisa
Inicialmente o objetivo da atual posquisa era invostigas as intervenções pro
postas pela análise do comportamento para quadros categorizados como depressivos.
Porém, no decorrer da pesquisa foi identificado, por meios de relato dos participantes,
uma aparente distância entre a prática clínica e as pesquisas experimentais, a partir daí
a posquisa voltou-se para tal foco, tendo como objetivo investigar a interface entre o
laboratório experimental c a prática clínica na análise do comportamento.
446 R ilit vlc L ú s íiit 1’o n lr 1’ miIo, P cn isc ilc I mm O Iiv c im V iL is Kims
Método
O trabalho foi unia pesquisa exploratória. Os participantes foram cinco
psicólogos, que relataram atuar como terapeuta analítico-comportamenlal. Três dos parti
cipantes eram mestres, um doutor e um graduado. Os critérios de inclusão utilizados
foram: ser psicólogo, relatar trabalhar com a abordagom analitico-comportamontal, atuar
na ároa clínica o ostar atondondo ou já tor atendido pacientes com quadro doprossivo
O instrumento utilizado na realização da pesquisa foi a ontrovista parcialmonto
estruturada e a técnica utilizada para avaliar os dados foi a análiso do contoúdo.
Resultados
As entrevistas foram transcritas e os relatos foram agrupados, em função do
conteúdo apresentado, é importante salientar que a análiso realizada ó baseado no é
basoada no relato verbal do participante, o que, segundo Rose (1999), pode lovar a uma
análise menos precisa, pois é preferível observar diretamento o comportamento. Nes
sa pesquisa, realizar uma observação dirota seria obsorvar o terapeuta atendendo um
cliente diagnosticado como depressivo. No ontanto, o próprio autor saliente que em
algumas circunstâncias essa observação não ó possível.
Nestn momento, serão discutidas apenas as categorias quo estão relaciona
das com o objetivo deste texto, ou seja, sobre a interlocução entro o laboratório o a
clínica analítico-comportamental.
A primeira hipótese apresentada, a partir dos relatos dos participantes, é o
desconhecimento dos modelos experimentais pelos terapeutas. Nenhum dos 5 partici
pantes descreveu os três dos principais modolos experimentais análogos á depressão
descritos na literatura analítico comportamental. Os participantes I o V citaram dois
modelos, os participantes III e IV citaram apenas um modelo e o participante II não
mencionou nonhum modelo. O participante II afirmou não conhecer o nom trabalhar
com os modolos oxporimontais
Eu não conheço nonhum, nenhum, essa parle desses modelos oxporimontais, eu
relativa, eu particularmente, eu sou totalmonto distante desse tipo de pesquisa.
Enfim nunca me interessei nesse tipo de pesquisa. (P-ll)
Uma sogunda hipóteso lovantada ó quo os terapeutas utilizam os conhecimon-
tos obtidos por meio dos modelos experimentais para descrever e explicar o quadro,
porém, desconhecem a origem de tal conhecimento. Nos relatos dos participantos da
pesquisa observou-se que muito de suas falas, ao descreverem o quadro, advêm
do conhecimento produzido nas pesquisas experimentais. No entanto, olos não rela
taram essa relação oxistonte entre a pesquisa experimental o a clínica
O participante II, por exemplo que afirmou catogoricamente não conhecer e
nom trabalhar com os modelos experimentais, ao descrever o quadro depressivo foz
um rolato com base no modelo experimental do soparação.
"Ruptura nas possibilidados do ucosso a roforçadoros Era umu pausou quo
tinha ligado, tinha posto a vida dela à disposição do cônjuge, o slmplesmonto um
dia o cara disse: olha, nôo dá mais, nôo rola " (P-ll)
A separação social resulta em depressão quando o sujeito perde alguma coisa
significant*} e, além disso, não há nada que possa recuperar essa porda, estando o
sujeito incapaz de alterar essa situação com sua própria ação. (Suomi & Harlow, 1977)
Discussão
Os modelos animais de "psicopatologia" permitem a obtenção de exemplos
comportamentais mais bem definidos e controláveis. Tais pesquisas têm influenciado
o desenvolvimento de tócnicas do tratamento para comportamontos humanos, o gran
de parte dos concoitos omprogados por terapoutas analitico-comportamontais
freqüentemonte têm origem em pesquisas de laboratório (Overmier & Burke, 1992).
A partir dos dados da atual pesquisa podo-so iniciar uma discussão onfocando
que importantes resultados obtidos por meios de experimentos de laboratório não
estão sendo aproveitados pelos terapeutas analítico-comportamentais, demonstrando
um distanciamento entre o laboratório e a clínica.
O desconhecimento poios terapoutas dos modelos experimontais podo sugo-
rir quo as pesquisas realizadas em laboratório náo estáo sendo acessadas pelos
terapoutas analítico-comportamentais. É importante destacar que outras pesquisas
são necessárias para confirmar essa hipótese, por exemplo, para identificar o número
de publicaçõos do artigos do posquisas quo doscrovem modolos oxporimentais do
psicopatologia; artigos que discutem a interação laboratório e clínica o; artigos que
descrevem intervenções clínicas baseadas nos modolos experimentais.
Conclusão
Essa pesquisa foi uma primeira pesquisa exploratória, quo não pode gerar
dados conclusivos, inclusive em funçáo do baixo número do participantes (5). é neces
sária a realização de outras pesquisas para que os pontos lovantados nesse primeiro
momento sejam confirmados ou não.
É importante destacar que as pesquisas de laboratório que investigam os
modelos oxporimontais de distúrbios comportamentais em humanos são fundamen
tais para a atuação do terapouta analítico-comportamental e, além disso, as quostões
levantadas por esse profissional devem ser objeto de estudo dos posquisadores no
laboratório. Isso possibilitaria uma maior integração entre laboratório o clínica, o que
lovaria a uma atuação mais efetiva do terapeuta analítico comportamental.
Referências
Abramson, L Y & Seligman, M E P (1977) Modeling psycopathology in the laboratory hlstoriy and
rationale In J P Maser e M E. P Seligman (ed ), Psychopathology experimental models. San
Francisco Freeman (p 1-26)
Amorim, C. & Andery, M A P A (2002) Quando esperar (ou nao) pela correspondência entre
comportamento e comportamento verbal e comportamento nâo-verbal Em H J Guilhardi, M Madl,
P Queiroz e M Scoz (Orgs), Sobre comportamento e cogniçòo: contribuições para a construção
da teoria do comportamento Vol 10 Santo André- ESETec
450 Rild Je C.issiii I’unle I ’m i Io, U erm c ile I m u O liv e n .i V i Kis Boii*
Capítulo 41
Olhares sobre a comunicação não verbal
nas H abilidades Sociais
P a u la A l m e i d a d e O liv e ir a
A n n C a r o lin a B ra /
A l m i r D el P retle
/ i l d a A p a r e c i d a P e re ira D e l P relle
455^ r.iut.i A lm oul.i de C)liv c u .i, A n .i l .trolm.i Km /, A lm u Dol IV IIo , /iM .t A . IY io im Dol 1’rollo
toxto, o termo não-verbal, está sendo utilizado para comportamentos motores não vo
cais (em particular o olhar e o contato visual) na comunicação com o interlocutor. De
acordo com Z. Del Prette e Del Prette (1999) esses comportamentos estão presentes
em todas as relações face-a-face, com ou sem o concurso da fala.
Dentre as diforontes formas de comunicação não-verbal, o olhar dosomponha
um papol do dostaque na interação entre organismo e ambiente, em particular com o
ambiento social, ou seja, com as demais pessoas. Pesquisas desenvolvidas a partir
da década de 70 por Argyle tôm apresentado o olhar como o componente focalizado
com maior freqüência nos estudos sobre habilidades sociais, e entre os estudos quo
investigam os componentes comportamentais a prevalência é de 78%.
• Resposta a outro olhar, por exomplo, B deseja mostrar que aceita a interação
ou então, B rejeita o pedido de interação feito por A olhando com irritação o depois
desviando inteiramente o olhar.
454 r.iu lj A lm ciil.1 ilf OltveiM, A iw C.irolm.i Hm/, A lm ii I>cl 1’rcllc, /ilil.i A. IVrcu.i Del IV Itc
visão, mas sim a uma forma mais primitiva do reflexo para a atenção. Por exemplo,
quando um observador busca, com o olhar, por um objeto que desapareceu do seu
campo visual periférico.
Fm concordância com Argyle, Hinde (1972) ressalta a importância da comuni
cação não-vorbal nas pesquisas a partir da década do 60, principalmente por etologistas
que fizeram estudos com primatas o utilizaram variáveis como inclinação de cabeça,
olhar fixo, movimento do mãos, postura corporal, etc, na relação desses com homons.
456 I\hiI.i Alm onl.1 ilf ( )lrvrir.i, A ii.i L.irolin.i Km/, A lrnir |)cl 1'rcllc, /ild .t A. IV rfii.i I >cl 1’ ictlc
Alóm do caracterizarem os componentes nào verbais o paralingulsticos das ha
bilidades sociais, Z. Del Prette e Del Prette (2009) destacam esses componentes como
fatores da Competência Social: o reconhecimento e a regulação dos componentes nào-
verbais e paralingulsticos pode aumentar a competência social. Para tanto, recomendam
que o planejamento de programas de Treinamento de Habilidades Sociais considere a
análise o a avaliação desses componentes, a influência de variáveis contextuais e cultu
rais sobre suas características e o peso dessos componentes sobre a efetividade das
interações sociais e da competência social. No estudo referido (Z. Dol Prette & Del Prette,
2009), discutem a relação entre funcionalidade e topografia dos componentes não ver
bais c paralingulsticos sobro a compctôncia social, destacando o fato de que pequonas
variações na topografia podem resultar em classes funcionais diferentes de comporta
mento social no âmbito das relações interpessoais.
Adicionalmente, ao avaliar os componentes não-verbais das habilidades sociais
e da competência social, é necessário recorrer a análises topográficas e funcionais, de
modo a identificar, respectivamente, os componentes nào-verbais e o impacto do desem
penho desses componentes sobre as interações sociais. A vantagem do utilizar esse
mótodo combinado de avaliação é que se obtém uma avaliação mais precisa e coeronte
com o contexto e a cultura e, ao mesmo tempo, evitam-se inferências de traços de perso-
nalidado a partir de dimensões desses componentes (freqüência, intensidade, duração,
por exemplo).
C o n s id e ra ç õ e s fin a is
Partindo da obra de Aryyle sobre o papel do olhar nas relações interpessoais,
de Hinde sobro a comunicação náo-verbal nos relacionamentos sociais, Ekman sobro
a expressão facial do emoções, CabaJlo sobro o olhar enquanto comportamento, e Z.
Dol Protto o Del Prette sohre o olhar como um componente não-verbal das habilidades
sociais e da competência social, noste trabalho foram apresentados diversos referenciais
para a comunicação nào-verbal, bom como os seus componentos e sua contribuição
para a comunicação interpessoal, também para as habilidados sociais e a competên
cia social. Em relação ao olhar, analisar essas obras possibilita compreender a quo
funções, na comunicação não-verbal, o olhar atendo.
Desse modo, ó possível identificar o olhar onquanto compononto não verbal
das habilidades sociais, o que evidencia a importância da comunicaçao náo-verbal
para a expressão de emoções e, consequentemente, relações sociais Por fim, convém
rossaltar que embora estudos sobre comunicação não-verbal na população brasileira
tenham relevância social e científica, dada a influência da cultura sobre esse repertório,
ainda são escassas as pesquisas teóricas e práticas nessa área. Adicionalmento,
sugere-se a investigação do papel do olhar - enquanto componente não-verbal das
habilidades sociais - por moio de análise de produções artísticas, tais como músicas,
artos, cinema e literatura, quo refletem a expressão de emoção em relações
interpessoais situadas em diversos contextos e culturas.
R e fe rê n c ia s
Andrew, R J (1972) Th« information potentially available In mammal displays Em R A Hlnde (org )
Noii-vtirhnl Cnmmtinicntinn, 1a ErílçAo, pp 179-203 I nndorv Cambridge University Press
.
Subre I om potl.im cnto p l. o i j i i i ç 1ü 457
Argyle, M (1972) The Psychology of interpersonal behavior New York: Harmondsworth Penguin
Books
Argylo, M (1974) Comunlcaçõo e dinâmico de grupo - bases psicológicas. Sflo Paulo: IBRASA
Caballo, V E (2002) Manual do evaluación y entrenamiento de las habilidades sociales, 1a
Edição, Madrid: Siglo Veintlnuno
Camras, L., Oster, H ., Campos, J., Miyake, K & Bradshaw, 0 (2005) Japanese and American
Infants’ Responses to Arm Restraint. Em P Ekman & E Rosemberg (orgs ) What the face reveals:
Basic and applied studies of spontaneous expression using the facial action coding system
(FACS), 2a Edição, pp 289-299 New York: Oxford University Press
DhI PreUtt, Z A P., & Del Pratt», A (1999) Psicologia das h a b ilid a d e s s o c ia ls ' twapia e educa^Ao
Petrópolis: Vozes
Del Prette, Z A P, & Del Prette, A (2009) Psicologia das habilidades sociais: diversidade teórica
e suas implicações Petrópolis Vozes
Ekman, P, Friesen, W V & O'Sullivan. M (2005) Smiles when Lying Em P Ekman & E. Rosembery
(orgs.) What the face reveals: Basic and applied studies of spontaneous expression using the
facial action coding system (FACS), 2a. Ediçáo, pp 201-214 New York Oxford University Press
Ekman, P & Rosenberg, E L (2005) Whnt the face reveals: Basic and applied studies of spontane
ous expression using the facial action coding systom (FACS), 2a Edição, pp 201-214 New York:
Oxford University Press
Hinde, R A (1972) Non-verbal Communication, 1a. Edição London: Cambridge University Press.
McKay, D M (1972). Formal Analysis of communicative processes. Em R A Hinde (org ) Non-verbal
Communication, 1a Edição, pp 3-26. London Cambridge University Press
4 5 8 t\»uU Almcuta Oltvctu, Ana C .hoI uu Alum Del IV U i, /iM .t A I’m iu P?l IVWc
Nosso pais está entrando em sintonia com os tratam entos praticados
no restante do mundo, passando a oferecer alternativas confiáveis às
pslcoterapias de orientação psicodinâm ica e mesmo aos tratam entos
psicofarm acoiógicos. Gradatlvamente assistim os a uma maior
aceitação de nosso trabalho em muitas áreas da saúde. Consequência
disso é o crescente número de matérias veiculadas na midia
enaltecendo as terapias baseadas em evidência, sejam elas
com portam entais ou cognitivas. É possivel dizer que hoje existe no
Brasil, seja na pesquisa ou na aplicação, o mesmo vig o r entusiástico
do que aquele apresentado pelos nossos colegas em outros paises.
ESETec
ISBN 978-85-7918-016-3 www.esetec.com.br