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Comunicação entre neurônios /

músculos

Transmissão de sinais no sistema


nervoso

Sinapse / junção neuromuscular

Biofísica – Vet. 2019 - FCAV/UNESP


Transmissão de sinais em um neurônio

Fases:

Estímulo alteração da polaridade da célula


(potencial de membrana em repouso) ativação de
canais iônicos voltagem-dependentes (Na) geração
de potencial de ação (despolarização) propagação
da alteração (PA) até as terminações do neurônio
(ativação dos botões terminais – liberação de
neurotransmissor).
Transmissão de sinais entre neurônios -
Sinapses

Cadeia neuronal
Sinapse
Local de contato entre um terminal axônico e uma
célula nervosa, muscular ou glandular

1014 – 100 quadrilhões de sinapses no SNC


Relações sinápticas

A – sinapse axodendrítica

B – sinapse axosomática

C - sinapse axoaxônica
TIPOS DE SINAPSE

a) Sinapse elétrica b) Sinapse química


Sinapses elétricas • Informações são transferidas
entre as células por acoplamento
iônico direto
• condução muito rápida
• Ausência de retardo sináptico

• Ocorre no Músculo cardíaco e


Músculo liso (bexiga e útero).

Consequência:

1) Tecido ativado a um só
tempo.

2) Contração rápida e
coordenada.
Sinapses elétricas – músculo cardíaco
Sinapses elétricas – musculatura
endometrial

Contrações uterinas

Útero relaxado Útero contraído


Anatomia
funcional da
sinapse
química
Sinapse química
Mecanismo de liberação de neurotransmissores

Axônio do neurônio pré-


sináptico
• Condução unidirecional Canais de
cálcio
voltagem
• Retardo sináptico (0,5 ms) dependentes

Vesículas sinápticas

Fenda
sináptica

Receptores

Membrana pós-sináptica
Sinapse química

Moléculas NT menores Moléculas NT maiores


Transmissão rápida

Receptores
ionotrópicos

(canais iônicos
associados)
Transmissão lenta

Receptores
metabotrópicos

(associados a
segundos
mensageiros)
Mecanismo da neurotransmissão química

1. Chegada do impulso
nervoso ao terminal.

2. Abertura de canais de
Ca voltagem
dependentes.

3. Influxo de Ca.

4. Exocitose dos NT.

5. Interação NT -
receptor pós-sinaptico
causando abertura de
canais iônicos NT
dependentes.

6. Os NT são degradados
por enzimas.
Exocitose dos neurotransmissores
Potenciais pós
sinápticos

Alterações elétricas
pós sinápticas

Excitação e inibição
pós-sinápticas
Excitação e inibição pós-sinápticas

Natureza química dos neurotransmissores

Neurotransmissores excitatórios: Acetilcolina,


norepinefrina, epinefrina, dopamina, glutamato e
serotonina.

Neurotransmissores inibitórios: Ácido gama-


aminobutírico (GABA) e glicina.
Potencial pós sináptico excitatório (PPSE)
Potencial pós sináptico inibitório (PPSI)
a) PPSE

O NT é EXCITATÓRIO.
Causa despolarização na membrana pós-sináptica
(entrada de Na+).

b) PPSI

O NT é INIBITÓRIO.
Causa hiperpolarização na membrana pós-sináptica
(entrada de Cl- e/ou saída de K+).
Despolarização Hiperpolarização
Integração neuronal

Somação espacial
Duas ou mais entradas pré-
sinápticas chegam à célula
pós sináptica ao mesmo
tempo

Somação temporal
Uma entrada pré-sináptica
chega à célula pós sináptica
em rápida sucessão de
estímulos (Somação)
Interação PPSE + PPSI
Tipos de sinapses

Neurotransmissores,
doenças neurológicas e
drogas
Modificação da transmissão sináptica por drogas ou doenças

A – perda de NT para o citoplasma e


degradação enzimática

B – aumento da liberação de NT na
fenda sináptica

C – bloqueio da liberação do NT

D – inibição da síntese do NT
E – bloqueio da recaptação do NT

F - bloqueio das enzimas


metabolizadoras na fenda

G - bloqueio da ligação do NT na
membrana pós sináptica
(antagonista) ou reprodução da
ação do NT (agonista)

H - inibição ou facilitação da
atividade de segundo mensageiros
na célula pós sináptica
Sinapse colinérgica (+)
Doença de Alzheimer

A causa mais comum de demência senil é a deterioração


mental progressiva. As lesões cerebrais se desenvolvem por
depósito de uma proteína insolúvel – beta amiloide – e
degeneração de fibras nervosas.

Ocorre perda de neurônios colinérgicos que terminam no


hipocampo e córtex (área de estoque de memória).

Os tratamentos de Alzheimer incluem o uso de inibidores


colinesterásicos (aumentar a transmissão colinérgica) e
vitamina E / outros antioxidantes (limitar o estresse
oxidativo causado pelos radicais livres – dano neural)
Sinapse adrenérgica / noradrenérgica (+)
Adrenalina (epinefrina)

Predomina no sistema nervoso autônomo

Associada a alerta máxima do sistema nervoso

Hormônio vasoativo

Aumenta a taxa cardíaca e a pressão sanguínea

Tende a se esgotar no estresse e aumentar no exercício


físico
Noradrenalina / norepinefrina

Predomina no sistema nervoso autônomo

Associada a alerta máxima do sistema nervoso

Hormônio vasoativo

Aumenta a taxa cardíaca e a pressão sanguínea

Importante na formação da memória


Sinapse dopaminérgica (+)
Dopamina

Bomba de
Recaptaçâo

Receptor
dopaminérgico
Dopamina

Produzida por neurônios do sistema límbico, córtex


cerebral, gânglios e hipotálamo

Associada a mecanismos de recompensa do sistema


nervoso

Controla os sentimentos

Drogas como cocaína, heroína, nicotina e o álcool


potenciam seus efeitos

Excesso de dopamina – esquizofrenia

Falta de dopamina - Parkinson


Ação da COCAÍNA:
Impede a recaptaçâo da dopamina e
prolonga a sua ação pós-sináptica
Sinapse serotoninérgica (+)
Serotonina

Associada a emoção e estado de ânimo

Controle do sono

Diminuição de serotonina – depressão, ira, desordem


obsessiva-compulsiva, aumento de apetite saciado por
carboidratos
Sinapse glutaminérgica (+)
Glutamato

A esclerosa lateral amiotrópica (ELA) – enfermidade de


Charcot ou Lou Gehrig - provocada por excesso de
glutamato (tóxico para os neurônios).

Degeneração progressiva de
neurônios motores.
Apenas os músculos de contração
voluntária são afetados.
Paciente mantem as funções do
coração, intestino e bexiga normais.
Os sentidos (tato, paladar, olfato,
visão e audição) também não sofrem
alterações.
Portador de ELA geralmente não Stephen Hawking
apresenta demência ou outras
dificuldades cognitivas.
Sinapse gabaérgica (-)
GABA – ácido gama-aminobutírico
Ácido gama-aminobutírico (GABA)
O principal neurotransmissor inibitório do SNC.

GABA - hiperpolariza a membrana dos neurônios, fazendo


com que a despolarização torne-se mais difícil, dificultando a
propagação do impulso nervoso.

Atua como inibidor de neurotransmissores excitatórios que


causam ansiedade.

Pessoas com pouco GABA tendem apresentar transtornos de


ansiedade. Medicamentos como Valium aumentam os efeitos
do GABA.

Ausência de GABA em algumas regiões do cérebro causa


epilepsia.

Importante na percepção da dor.


Outros distúrbios associados a defeitos
de neurotransmissão

Botulismo – Inibição de liberação de ACH dos neurônios motores


pela toxina do Clostridium botulinum.

Por cogumelo - Amanita muscaria: contém ácido ibotênico (efeitos


similares aos do glutamato) e um metabólito similar ao muscimol
(efeitos similares aos do GABA).

Por organofosforados - Inibição irreversível da acetilcolinesterase e


aumento marcante dos níveis de acetilcolina na fenda sináptica.

Pelo veneno da cobra Bungarus multicinctus (cobra de Taiwan) -


Bloqueia os receptores de acetilcolina na junção neuromuscular pela
toxina alfa da Bungarus.
JUNÇÃO NEUROMUSCULAR
Sinapse entre o axônio do neurônio motor e a fibra muscular

Motoneurônio  neurônio que inerva fibras musculares

Neurônio motor e as fibras musculares que ele inerva


constituem uma UNIDADE MOTORA
Unidade
motora
JUNÇÃO NEUROMUSCULAR
Sequência de etapas na transmissão neuromuscular

1. PA se propaga até terminação pré-sináptica.


2. Abre canais de Ca voltagem dependentes. Influxo de cálcio.
3. Exocitose da Ach.
4. Ach se fixa a seus receptores na placa motora.
5. Abertura dos canais de Na+ e K+ na placa motora.
6. Despolarização da placa motora. PA na fibra muscular.
7. Degradação da Ach.
Miastenia gravis

O sistema imune produz anticorpos que atacam os receptores


da acetilcolina no músculo, na junção neuromuscular.
Os anticorpos ligam-se a esses receptores e impedem a transmissão do
estímulo nervoso na região afetada e dificultam a contração muscular.
Sinapses e junção neuromuscular

Correlação clínica: Miastenia grave

História
Trata-se de um cão Shepherd alemão, fêmea, 5 anos. O dono
relata que o cão torna-se progressivamente fraco com exercício. Além
disso, recentemente, após comer, o animal começou a vomitar a comida
em bolos de forma cilíndrica.

Exame Clínico
Todas as anormalidades observadas no exame clínico se
referiam ao sistema neuromuscular. Após repouso, o exame neurológico
do cão era normal, mas, mesmo com exercício moderado, o animal
tornava-se progressivamente fraco, particularmente nas patas
dianteiras. A injeção intravenosa de um inibidor de acetilcolinesterase
(Tensilon) eliminava os sinais clínicos de fraqueza. Radiografias do tórax
revelavam esôfago e timo aumentados.
Comentários

A história, o esôfago aumentado e a resposta ao Tensilon confirmam


o diagnóstico de miastenia grave (forte fraqueza muscular). Ela é causada
por uma falha de transmissão ao nível da sinapse neuromuscular. A falha
de transmissão é devido à presença de anticorpos produzidos pelo corpo
contra os próprios receptores da acetilcolina. Os receptores ligados aos
anticorpos anormais não podem causar a despolarização da membrana pós-
sináptica, no tempo em que a acetilcolina deve atuar. Os inibidores de
acetilcolinesterase permitem que a acetilcolina permaneça na sinapse,
facilitando a transmissão normal.
A grande quantidade de músculo presente no esôfago do cão explica
o aumento e a paralisia. Sem contrações, o bolo permanece no canal
esofágico, e o paciente vomita a comida em bolos esféricos, logo após comer.
A miastenia grave está sempre associada a massas mediastínicas,
principalmente do timo, que pode ser a fonte de anticorpos antireceptor.

Tratamento

Remissões espontâneas são comuns. Até então, inibidores


anticolinesterásicos orais devem ser dados diariamente.
Exemplos de alterações associadas à miastenia grave em cães:

• megaesôfago e atrofia muscular da cabeça


Pastor Alemão. Adoção Especial

Nas redes sociais .......

Este é o Prabhu, cachorrinho do meu pai. Por motivos de força maior (óbito na família), meu pai terá
que se mudar para um apartamento com urgência. O Prabhu tem 6 anos, é dócil e esperto. Há dois
anos, foi diagnosticado com Miastenia gravis:

“a miastenia gravis consome em 33 dias 3 caixas de 60 comprimidos de Mestinon por mês (cerca de R$27,00
cada caixa), e a gente tem de ter o Lábeu (cloridrato de ranitidina) à mão quando começa com crises de
vômito (pouco frequentes). Além do suporte da vasilha de ração ter de ficar a 30 cm do chão. São três doses
diárias de 1 comprimido e 3/4 que são colocados junto à sua ração.”

Com a medicação, ele é um cão absolutamente normal, faz a guarda, brinca, é carinhoso e
atende comandos de adestramento. Estou muito angustiada na busca por um novo lar para ele. Não é
possível que ele fique em abrigo ou instituições por causa da saúde dele. Na impossibilidade de
conseguir um novo lar, talvez ele tenha até que ser sacrificado.
Caso você possa, ou saiba quem possa adotá-lo, por favor, entre em contato comigo. Me ajude
também repassando essa mensagem. Obrigada.

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