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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - CCB


CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS (108)
Aluno: Vitor Lauro Zanelatto (​21105417) | E-mail: v.zanelatto@grad.ufsc.br
Disciplina: Biologia Celular - BEG 7012 | Professora: Luciane M Perazzolo

Tarefa 1

1) Explique o princípio da coloração de Gram para diferenciar bactérias Gram-positivas e


Gram-negativas, baseado na composição da parede celular.

O princípio deste tratamento laboratorial consiste na aplicação de dois diferentes tipos de


corantes e um solvente na amostra de cultura bacteriana, que pode reagir de duas diferentes
formas, de acordo com a composição da parede celular das bactérias.

Após cobrir a lâmina contendo o esfregaço do material celular com solução cristal violeta, ele
é retirado com água destilada. O próximo passo é aplicar o lugol, que também é retirado com
água destilada. O álcool-acetona entra na sequência, e precede a aplicação de fucsina de
Gram na lâmina. Após uma última lavagem, e se respeitados os tempos indicados pelo
protocolo do experimento, o resultado poderá ser facilmente observado.

Serão consideradas Gram-positivas as células bacterianas com uma camada espessa de


peptidoglicano, por apresentar uma coloração violeta escuro ao final do exame. Já se a
camada for fina de peptideoglicano, sobre a qual se encontra uma camada composta por
fosfolipídios, lipopolissacarídeos e proteínas, ela será considerada Gram-negativa, o resultado
será constatado através da coloração vermelho ou rosa claro do material celular.

2) A coloração de Gram funciona apenas para procariontes do Domínio Bacteria e não para o
Domínio Archaea. Qual o motivo?

No domínio Archaea os táxons apresentam parede celular de composição variável, sem a


presença de peptideoglicano. Essa é uma das grandes diferenças entre Bacteria e Archaea, e
impossibilita a classificação em Gram positivo ou Gram negativo.

3) Estimulando sua criatividade:


Crie uma situação hipotética em que você, biólogo contratado por um Laboratório de Análises
Clínicas, utilizará o Teste de Gram para identificar uma provável doença bacteriana em um
animal (ou humano) a partir de amostras frescas fornecidas para a análise laboratorial.
Descreva os procedimentos e informe a origem da amostra (humana ou animal- qual animal),
a provável doença bacteriana e a provável bactéria(s) responsável(s), o resultado obtido e os
procedimentos a serem feitos. OBS.: Teste de Gram não identifica a espécie bacteriana,
somente a presença de bactérias G+ e/ou G-.

Uma equipe do ICMBio contratou em regime de urgência um laboratório de análises clínicas


especializado em espécies silvestres, para analisar amostras de fluído corporal de um jovem
peixe-boi marinho, do sexo feminino. (Trichechus manatus), mamífero marinho ameaçado de
extinção. O indivíduo foi encontrado debilitado no litoral do Maranhão, com desnutrição e
pequenos ferimentos no dorso, e transferido para um cativeiro. Não houve respostas positivas
do organismo ao tratamento, aplicado por veterinários para bactérias patogênicas à espécie e
que poderiam justificar a desnutrição e ferimentos.

Após receber o material recém coletado dos ferimentos e com o estudo prévio dos possíveis
agentes patogênicos indicados pela literatura para a espécie, aplicou-se com rapidez o teste
da Coloração de Gram, objetivando com o resultado excluir parte das bactérias que poderiam
causar a enfermidade, enquanto exames mais complexos seriam desenvolvidos.

Na sala de análises, foi utilizado um swab para fazer o esfregaço do material biológico
fornecido em uma lâmina, previamente limpa, seca e com uma solução salina fisiológica
aplicada, para facilitar a aderência. O material foi secado no calor da chama do bico de
Bunsen. Com a lâmina preparada, o teste em si foi executado.

A lâmina foi coberta por um minuto com a solução cristal violeta e lavada rapidamente com
água destilada após este período. Por igual período do corante, a lâmina foi coberta com lugol,
também retirado através de uma rápida lavagem. A aplicação de gotas de álcool absoluto
proporcionou um contato de 30 segundos com o material, antes de uma terceira lavagem
rápida. A última aplicação foi com fucsina, por 30 segundos, que precederam uma outra rápida
lavagem da lâmina e posterior secagem suave na chama do bico de Bunsen.

A amostra apresentou coloração rosa, firmando o resultado Gran negativo, possibilitando


descartar os Staphylococcus. Com os resultados de exames complexos, confirmou-se que se
tratava de uma infecção de Salmonella spp., muito resistente aos antibióticos.
Referências:

ATTADEMO, Fernanda Loffler Niemeyer et al. Doenças infecciosas e não infecciosas nos
peixes-boi do Brasil. 48. ed. Acta Scientiae Veterinariae, 2020.

KAYSER, Melissa. Coloração GRAM. Disponível em:


https://www.laborclin.com.br/wp-content/uploads/2019/06/GRAM-8.pdf. Acesso em: 12 nov.
2021.

LUNA, Fábia de Oliveira et al. Distribuição do peixe-boi marinho, Trichechus manatus


manatus, no litoral norte do Brasil. Labomar, Fortaleza, 2010.

MORALES, Pedro Serrão. Microbiologia: em que consiste, características e utilidade da


coloração de Gram. Disponível em:
https://pebmed.com.br/microbiologia-em-que-consiste-caracteristicas-e-utilidade-da-coloraca
o-de-gram/. Acesso em: 12 nov. 2021.

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