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Implementação do PE: Ação Estratégica Versus Ação Real
Revisão Textual:
Profa. Ms. Claudio Brites
Implementação do PE: Ação Estratégica
Versus Ação Real
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Unidade: Implementação do PE: Ação Estratégica Versus Ação Real
Contextualização
Nos últimos cinco anos, a Racional Engenharia, do empresário paulista Newton Simões, percorreu
uma trajetória bem distinta da maior parte das companhias do setor de construção civil. Nesse
período, a Racional passou seu faturamento de R$770 milhões, em 2009, para R$ 2,1 bilhões, em
2013, a uma taxa média de 28% ao ano.
É o caso do novo datacenter, que está sendo construído pelo banco Itaú, em Mogi Mirim, com um
investimento de R$ 2,3 bilhões. Com projetos próprios, como um centro logístico em Viracopos,
no qual vai investir R$ 150 milhões, Simões está se preparando para uma redução nas receitas
neste ano. “Nosso negócio tem ciclos de alta e baixa e deve haver uma retração”, afirma. Por isso,
a Racional não cogita abrir o capital. “Vai tentar explicar para os investidores que a empresa deve
crescer menos neste ano”.
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Gestão Estratégica e Política de Negócios
Planejamento
Gestores
Planejador
estratégicos
Planos
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Unidade: Implementação do PE: Ação Estratégica Versus Ação Real
Como se pode observar na Figura 3, a fase de execução gerencial pode ser dividida em duas
funções básicas: a organização da ação estratégica e a direção e a liderança para sua aplicação
no ambiente de tarefas da empresa.
Organização
Execução
Direção
É fato que o imperativo de buscar os melhores resultados possíveis dirige a gestão estratégica
em direção aos objetivos empresariais.
Ora, uma vez estabelecidos os objetivos estratégicos, a questão relevante é: como se dará,
então, a tradução desses direcionadores sob a forma de uma expressão quantitativa – coordenada
e integrada – composta de metas e indicadores pró-forma, os quais, por sua vez, possibilitam a
avaliação da ação organizacional de forma objetiva?
Na etapa anterior do PE – a formulação da estratégia –, apresentamos as personas do estrategista,
do planejador e do planificador; todos esses como mentores do planejamento estratégico.
Por seu turno, o gestor estratégico pode ser definido como aquele agente que organiza e
aplica os planos operacionais, dirigindo e verificando instantaneamente os resultados, além de
gerenciar as dificuldades e adaptações necessárias de forma imediata e restrita à abrangência
dos planos estipulados.
Já a Gestão ou Administração Estratégica pode ser entendida como um processo que visa
manter a organização funcionando a partir de um conjunto institucional unívoco e integrado,
formado por: uma super-estrutura, pelos processos gerenciais e pela estratégia escolhida.
Ela é formada por um método aplicado e ferramental de técnicas que buscam, de maneira
permanente, ajustar um alinhamento organizacional apropriado e benéfico com seu ambiente.
Ela se propõe a coordenar, orientar e integrar as atividades das diversas áreas funcionais de
uma empresa com o intuito de atingir, de forma sustentável, os objetivos organizacionais de
longo prazo.
Sendo em parte planejada e em parte não-planejada, a Gestão Estratégica corresponde
ao mais alto nível de atividade gerencial e está intimamente relacionada ao campo de estudos
da Teoria Organizacional, por conta das considerações sobre estrutura e sobre processos
gerenciais que essa contempla; contudo, ela vai além, e se ocupa também da coerência e
consistência estratégicas necessárias para que a conduta da organização busque insistentemente
o alinhamento estratégico adequado entre ela e seu ambiente.
Assim, agora respondendo àquela questão elementar acima – sobre a tradução da estratégia
em números –, ocorre que a execução da Gestão Estratégica e sua capilaridade se dão a partir
da definição da chamada Política de Negócios da empresa.
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A política de negócios estabelece as diretrizes desenvolvidas por uma organização a fim de
governar suas ações, partindo dessa noção orientadora do nível institucional e se estendendo aos
níveis intermediário e operacional. Ela corresponde ao estudo das funções e das responsabilidades
da gestão estratégica num nível superior, tratando das questões significativas que envolvem o
sucesso organizacional e das decisões que afetam a organização a longo prazo, ao mesmo
tempo em que estabelece as rotinas, os objetivos operacionais e as metas que deverão mover
os recursos e as capabilidades da empresa.
É através dela que são definidos os limites dentro dos quais devem ser tomadas as decisões
empresariais pelos níveis intermediário e operacional – a formulação e aplicação das estratégias
gerenciais e operacionais/técnicas, enfim. É a partir dela que são delimitados o âmbito e a
extensão na qual as deliberações e as decisões devem acontecer, permitindo um gerenciamento
de menor nível para lidar com problemas e questões de aplicação – sem que se faça necessária
a consulta constante aos quadros superiores para cada decisão subordinada.
Você Sabia ?
A política de negócios também lida com a aquisição de recursos através dos quais os objetivos
organizacionais podem ser alcançados, devendo ela ser específica, uniforme, estável – embora
flexível –, de amplo alcance e clara em suas disposições, para eu possa imprimir uma dinâmica
apropriadamente autônoma para os agentes executores do PE da empresa.
Por fim, deve-se perceber a diferença entre as noções de estratégia e de política de negócio:
enquanto a primeira é tratada pelo nível institucional da empresa e dá origem a decisões de
longo prazo, a última se coordena por meio de atividades diárias, da rotina de caráter tático e
operacional – sendo a política de negócio essencial para que o gestor estratégico possa abordar
eficaz e eficientemente o direcionamento do negócio.
Como exposto acima, a política de negócios é a ponte pela qual os direcionadores estratégicos
percorrem seu caminho em direção à ação real. É, em suma, o link que operacionaliza as diretrizes
emanadas pelo nível institucional da empresa, permitindo sua tradução em números e metas.
Tal intenção estratégica é orientada por aquele objetivo organizacional pré-determinado e
identificada como uma sequência de documentos de caráter estratégico capazes de embasar a
ação pretendida. Esses documentos, em seu conteúdo, “explicam” as intenções e as políticas
– divisionais e departamentais – do negócio em termos tanto qualitativos – nas declarações de
intenção, por exemplo – como quantitativos – através das chamadas peças orçamentárias ou,
denominando de forma mais adequada, do orçamento integrado empresarial.
Desse modo, visto como uma sequência, o processo de planejamento estratégico envolve
uma série de diferentes documentos e atividades que permeiam os três níveis da empresa e
determinam sua conduta estratégica e seu comportamento organizacional.
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Unidade: Implementação do PE: Ação Estratégica Versus Ação Real
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Planos Financeiros: Planificação, Planos e Ação
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Unidade: Implementação do PE: Ação Estratégica Versus Ação Real
Por seu turno, no nível técnico, os planos operacionais correspondem à planificação executiva
de curto prazo – tratando-se aqui, já, do plano de ação empresarial direta –, à aplicação da ação
estratégica e de sua eficaz viabilização no mundo real.
Uma vez que, para a função financeira, os diferentes prazos são tão determinantes quanto o
nível de liquidez e de crédito, podemos distinguir aspectos financeiros também neles.
As decisões de captação de recursos se impõem como uma escolha ponderada sobre usar
capital próprio e/ou de terceiros, incluindo as consequentes e necessárias políticas de dividendos
trazidas pela eventualidade da primeira escolha.
Por seu turno, a atividade e as decisões estratégicas de investimento a longo prazo focalizam
a maximização dos retornos e se ocupam da mais eficaz alocação dos recursos financeiros,
estando, portanto, permanentemente ligadas às táticas gerenciais e operacionais – tanto no nível
empresarial quanto no da unidade de negócio.
Com relação às decisões financeiras de curto prazo, essas abrangem não só a administração
do caixa, mas também se referem ao planejamento e à execução da gestão de contas de créditos
a receber e de débitos a pagar.
As decisões financeiras de curtíssimo prazo são tomadas pela tesouraria da empresa, conforme
disposto nas diretrizes emanadas pelo padrão de Governança Corporativa estabelecido na
organização. Essas decisões ocorrem durante o curso imediato da ação financeira e dizem
respeito também àquele momento instantâneo em que passado e futuro se encontram no
presente, àquele fugidio período no qual a ação estratégica planejada concorre com a ação real,
efetiva, aplicada e da qual será obtida a ação resultante.
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Os Orçamentos (budgets) e sua Integração Financeira na Organização
Um curso de ação pode ser considerado como um caminho em aberto, uma linha a seguir,
o tapete que pavimenta a ação dinâmica em direção ao objetivo. Ele constrói um padrão de
comportamento, ou uma linha de conduta, tendo em vista qualquer decisão de engajamento.
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos definiu curso de ação como o produto de
um Sistema Integrado de Planejamento e Execução para Operações Conjuntas, sendo tal roteiro
delineado ainda durante a fase conceitual de formulação e desenvolvimento das ações táticas.
O curso de ação, na integração funcional, diz respeito a qualquer sequência de atividades
desempenhadas pelas diversas funções gerenciais e técnicas, e tem por contexto um dado
arranjo organizacional sistematizado.
Ele se expressa como um subsistema-funcional da entidade que opera organicamente
integrado, podendo ser desenhado pelo seu conjunto estrutura/processos gerenciais. Trata-se de
um fenômeno que “acontece” e se processa tanto na dimensão da empresa quanto da unidade
de negócio – e, até mesmo, na do indivíduo.
De fato, é o curso de ação que dá sentido tático aos planos gerenciais e operacionais,
esquematizando as ações organizacionais nos termos do negócio e, ainda, apresentando o
método a ser usado para atingir uma meta pré-especificada.
Metas podem ser definidas como resultados mensuráveis a serem atingidos num prazo
predeterminado, elas são constituídas e apresentadas tanto sob a forma qualitativa quanto quantitativa.
São metas qualitativas, por exemplo, melhorar as relações com a sociedade – a responsabilidade
social da organização – ou mesmo desenvolver um padrão de qualidade superior para o produto
ou serviço, de acordo com a percepção das preferências do consumidor.
Já as metas quantitativas envolvem a apresentação, apreciação e fixação dos objetivos
específicos diretamente por meio de números e valores monetários. Portanto, é também através
do paradigma objetivo-estratégia-táticas e dos registros mantidos pela contabilidade que as metas
quantitativas podem ser transformadas em valores monetários, e esses em variáveis financeiras
que estendem sua aplicação até o âmbito do plano financeiro, tornando possível a confecção das
peças orçamentárias, as quais se integram a fim de compor o orçamento geral da empresa.
É nesse conjunto de documentos de expressão financeira que as intenções estratégicas
podem ser projetadas e estimadas sob a forma de metas quantitativas, transformando-se em
metas orçamentárias
Em termos gerais, um orçamento pode ser tomado como um documento estratégico
composto por planos integrados que são traduzidos em metas orçamentárias. Com efeito, a
função orçamentária é exercida basicamente através de um sistema de planejamento e controle.
Desse modo, veremos na próxima unidade, VI, como se dá a organização do orçamento geral
integrado de uma empresa, suas principais peças constitutivas e sua utilização central na última
etapa do PE, o controle estratégico.
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Exemplos Unidade V
Continuando a sequência de exemplos iniciados na unidade de ensino IV, vamos agora calcular
a estimativa para a evolução da estrutura patrimonial da ABC – lembrando que essa análise se
dá em termos incrementais em função da possível aquisição de uma nova unidade de negócio, a
terceira da empresa.
Antes, com o objetivo de chegar ao balanço patrimonial pró-forma do segundo ano, deveremos
proceder com alguns cálculos intermediários, os quais serão apresentados nos exemplos a seguir.
Resolução:
E[AC(2)] = E[AC(1)] * (1 + 0,5)
E[AC(2)] = $65 * (1,5)
E[AC(2)] = $65 * (1,5)
E[AC(2)] = R$ 97,5 milhões.
Resposta: O saldo dos ativos circulantes da unidade de negócio 3 da ABC para o Ano 2
está estimado em R$ 97,5 milhões.
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Exemplo 4: Valor monetário da variação do ativo total entre os Ano 1 e o Ano 2 (∆$AT)
Resolução:
Tendo em vista o cálculo da variação monetária dos ativos operacionais da ABC entre os Ano
1 e o Ano 2, podemos observar que:
∆$AT = E[$AT(2)] - E[$AT(1)]
∆$AT = $292,5 - $260
∆$AT = R$ 32,5 milhões.
Resposta: Portanto, e obviamente, o valor da variação monetária no ativo total representa
exatamente o valor de R$ 32,5 milhões pelo qual variou o ativo circulante.
Logo, o total do valor esperado para a necessidade incremental de capital da ABC – tendo
em vista sua mudança de política comercial para o Ano 2 – será um valor que, obviamente,
também é idêntico àquela variação do ativo total.
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Unidade: Implementação do PE: Ação Estratégica Versus Ação Real
O valor monetário do financiamento via capital de terceiros para o Ano 2 deverá ser de R$
8,8 milhões.
BP R$ Mi
AC 97,5
AF 195
AT 292,5
PC 39
PNC 117
PT 164,8
PL 127,7
PT + PL 292,5
Conclusão
Para fixação: E[AC(2)] – valor monetário esperado para o AC no Ano 2; ∆$AC – variação
monetária do ativo circulante; $NFG – valor monetário da necessidade de financiamento geral;
$NFP – necessidade de financiamento via capital próprio; $NFT – necessidade de financiamento
via capital de terceiros.
O que vimos: análises vertical e horizontal como ferramentas orçamentárias; ação
estratégica; ação real; curso de ação; planos financeiros; orçamentos integrados; orçamento de
capital; estrutura de capital; peças orçamentárias; demonstrativos financeiros pró-forma.
O que veremos: na próxima unidade, VI, estudaremos a quinta e última etapa do PE, o
controle estratégico, e a análise de feedback entre o planejado e o realizado na gestão financeira.
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Material Complementar
Planejamento estratégico de longo prazo tem de passar por reavaliações a cada ano.
Em 2011, a Empresa Stefanini criou o plano 2020, que passa por ajustes todos os anos.
As propostas partem de um comitê, formado por dez membros da alta gestão e que tem um
guardião. Como parte das decisões desse comitê, a companhia decidiu entrar num novo negócio
em 2012, a processadora de cartões de crédito Orbitall.
Especialistas em planejamento estratégico afirmam que a visão de longo prazo precisa de
ajustes de tempo em tempo. No caso da Stefanini, essa tarefa está nas mãos de Ailton Nascimento,
vice-presidente de desenvolvimento de negócios globais da empresa. Ele é conhecido como
“guardião” do planejamento, responsável tanto por aproximá-lo da realidade da empresa
quanto por adaptá-lo se preciso. “As revisões não podem ser muito frequentes para não mudar
seus princípios”, afirma Jean-Claude Ramirez, da consultoria estratégica Bain. “Mas, para quem
quer prever o futuro, é fundamental ser capaz de se adaptar a suas mudanças”.
Para complementar os conhecimentos adquiridos nesta unidade, reflita sobre a situação da
empresa Stefanini apresentada acima e seu processo de implementação estratégica.
Explore
Site interessante para pesquisa:
http://www.sebraepr.com.br/sites/PortalSebrae/programas/Elabore-um-plano-de-
a%C3%A7%C3%A3o-estrat%C3%A9gico-para-sua-empresa
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Unidade: Implementação do PE: Ação Estratégica Versus Ação Real
Referências
BARNEY, J. B. Gaining and sustaining competitive advantage. 2. ed. New Jersey: Prentice
Hall, 2002.
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CLAYMAN, Michelle R. Corporate finance: a practical approach. New Jersey: John Wiley
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FERREIRA, Ademir A.; REIS, Ana Carla F.; PEREIRA, Maria Isabel. Gestão empresarial
de Taylor aos nossos dias: evolução e tendências da moderna administração de
empresas. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 1997.
GWARTNEY, James D. STROUP, Richard L. Economics Private and Public Choice. 17 ed.
Florida: The Dryden Press, 1995.
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RIMOLI, C. A.; ESTEVES, L. R. Administração estratégica: conceito. São Paulo: Atlas, 2000.
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Unidade: Implementação do PE: Ação Estratégica Versus Ação Real
Anotações
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www.cruzeirodosulvirtual.com.br
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CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil
Tel: (55 11) 3385-3000