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Curso Técnico em Eletromecânica

Manutenção Mecânica
Armando de Queiroz Monteiro Neto
Presidente da Confederação Nacional da Indústria

José Manuel de Aguiar Martins


Diretor do Departamento Nacional do SENAI

Regina Maria de Fátima Torres


Diretora de Operações do Departamento Nacional do SENAI

Alcantaro Corrêa
Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina

Sérgio Roberto Arruda


Diretor Regional do SENAI/SC

Antônio José Carradore


Diretor de Educação e Tecnologia do SENAI/SC

Marco Antônio Dociatti


Diretor de Desenvolvimento Organizacional do SENAI/SC
Confederação Nacional das Indústrias
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

Curso Técnico em Eletromecânica

Manutenção Mecânica

Maurício José Bechtold

Florianópolis/SC
2010
É proibida a reprodução total ou parcial deste material por qualquer meio ou sistema sem o prévio
consentimento do editor. Material em conformidade com a nova ortografia da língua portuguesa.

Equipe técnica que participou da elaboração desta obra

Coordenação de Educação a Distância Design Educacional, Ilustração,


Beth Schirmer Projeto Gráfico Editorial, Diagramação
Equipe de Recursos Didáticos
Revisão Ortográfica e Normatização SENAI/SC em Florianópolis
FabriCO
Autor
Coordenação Projetos EaD Maurício José Bechtold
Maristela de Lourdes Alves

Ficha catalográfica elaborada por Kátia Regina Bento dos Santos - CRB 14/693 - Biblioteca do SENAI/SC
Florianópolis.

B392m
Bechtold, Maurício José
Manutenção mecânica / Maurício José Bechtold – Florianópolis : SENAI/SC,
2010.
73 p. : il. color ; 28 cm.

Inclui bibliografias.

1. Manutenção. 2. Projetos mecânicos. I. SENAI. Departamento Regional de


Santa Catarina. II. Título.

CDU 62-7

SENAI/SC — Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial


Rodovia Admar Gonzaga, 2.765 – Itacorubi – Florianópolis/SC
CEP: 88034-001
Fone: (48) 0800 48 12 12
www.sc.senai.br
Prefácio
Você faz parte da maior instituição de educação profissional do estado.
Uma rede de Educação e Tecnologia, formada por 35 unidades conecta-
das e estrategicamente instaladas em todas as regiões de Santa Catarina.

No SENAI, o conhecimento a mais é realidade. A proximidade com as


necessidades da indústria, a infraestrutura de primeira linha e as aulas
teóricas, e realmente práticas, são a essência de um modelo de Educação
por Competências que possibilita ao aluno adquirir conhecimentos, de-
senvolver habilidade e garantir seu espaço no mercado de trabalho.

Com acesso livre a uma eficiente estrutura laboratorial, com o que existe
de mais moderno no mundo da tecnologia, você está construindo o seu
futuro profissional em uma instituição que, desde 1954, se preocupa em
oferecer um modelo de educação atual e de qualidade.

Estruturado com o objetivo de atualizar constantemente os métodos de


ensino-aprendizagem da instituição, o Programa Educação em Movi-
mento promove a discussão, a revisão e o aprimoramento dos processos
de educação do SENAI. Buscando manter o alinhamento com as neces-
sidades do mercado, ampliar as possibilidades do processo educacional,
oferecer recursos didáticos de excelência e consolidar o modelo de Edu-
cação por Competências, em todos os seus cursos.

É nesse contexto que este livro foi produzido e chega às suas mãos.
Todos os materiais didáticos do SENAI Santa Catarina são produções
colaborativas dos professores mais qualificados e experientes, e contam
com ambiente virtual, mini-aulas e apresentações, muitas com anima-
ções, tornando a aula mais interativa e atraente.

Mais de 1,6 milhões de alunos já escolheram o SENAI. Você faz parte


deste universo. Seja bem-vindo e aproveite por completo a Indústria
do Conhecimento.
Sumário
51 Seção 3 - Recuperação de
Conteúdo Formativo 9 34 Unidade de estudo 3 mancais
Técnicas de 52 Seção 4 - Recuperação de
Apresentação 11 Desmontagem Engrenagens
e Montagem de 52 Seção 5 - Recuperação de
Acessórios e Equi- roscas
12 Unidade de estudo 1 pamentos
Introdução à
54 Unidade de estudo 6
Manutenção
35 Seção 1 - Cuidados prelimi- Manutenção de
nares Sistemas Hidráuli-
13 Seção 1 - Introdução 36 Seção 2 - Etapas para des- cos e Pneumáticos
montagem de conjuntos
14 Seção 2 - Um breve histórico mecânicos
14 Seção 3 - Evolução da manu- 37 Seção 3 - Etapas para monta- 55 Seção 1 - Manutenção de
tenção gem de conjuntos mecânicos sistemas hidráulicos
18 Seção 4 - Manutenção estra-
tégica 58 Seção 2 - Manutenção de
sistemas pneumáticos
20 Seção 5 - Produtos da manu- 38 Unidade de estudo 4
tenção
Ferramentas e
21 Seção 6 - Gestão estratégica 60 Unidade de estudo 7
Dispositivos para
da manutenção
a Execução da Lubrificantes
Manutenção
22 Unidade de estudo 2
61 Seção 1 - Conceito
Sistema de 39 Seção 1 - Introdução
Manutenção 62 Seção 2 - Tipos de lubrifi-
39 Seção 2 - Ferramentas de cantes
encaixe externo
62 Seção 3 - Lubrificantes líqui-
43 Seção 3 - Ferramentas de dos (óleos)
23 Seção 1 - Sistemas de manu- encaixe interno
tenção 64 Seção 4 - Lubrificantes pas-
44 Seção 4 - Alicates tosos (graxas)
25 Seção 2 - Manutenção cor-
retiva 45 Seção 5 - Ferramentas 65 Seção 5 - Lubrificantes sóli-
especiais dos e gasosos
26 Seção 3 - Manutenção pre-
ventiva 66 Seção 6 - Aditivos

Seção 4 - Manutenção pre- 66 Seção 7 - Sistemas de lubri-


28
ditiva
48 Unidade de estudo 5 ficação
29 Seção 5 - Manutenção Técnicas de 67 Seção 8 - Generalidades
detectiva Recuperação de
30 Seção 6 - Administração da Peças
manutenção Finalizando 71
31 Seção 7 - Planejamento e
programação da manuten- 49 Seção 1 - Análise situacional
Referências 73
ção (PCM) 49 Seção 2 - Recuperação de
eixos
8 CURSOS TÉCNICOS SENAI
Conteúdo Formativo
Carga horária da dedicação

Carga horária: 90 horas

Competências

Planejar, executar e controlar a manutenção de sistemas mecânicos.

Conhecimentos
▪▪ Manutenção (definição, tipos, aplicação e planos de manutenção), lubrificação,
técnicas de montagem e desmontagem de acessórios e equipamentos, ferramen-
tas e dispositivos para a execução da manutenção, técnicas de recuperação de
peças, manutenção de sistemas hidráulicos e pneumáticos

Habilidades

▪▪ Ler, interpretar e aplicar manuais, catálogos e tabelas técnicas;


▪▪ Elaborar planos de manutenção e lubrificação;
▪▪ Definir e aplicar as técnicas de manutenção;
▪▪ Aplicar normas técnicas de saúde, segurança e meio ambiente;
▪▪ Aplicar planilhas de custo de manutenção, considerando a relação custo-benefí-
cio;
▪▪ Utilizar recursos informatizados para planejamento da manutenção;
▪▪ Executar os planos de manutenção e lubrificação de máquinas e equipamentos;
▪▪ Diagnosticar problemas relacionados ao funcionamento de máquinas e equipa-
mentos em geral;
▪▪ Coletar dados específicos para o planejamento e a execução da manutenção de
sistemas mecânicos;
▪▪ Elaborar lista de componentes (check list) mecânicos para a manutenção;
▪▪ Elaborar relatórios de atividades de manutenção;
▪▪ Identificar, selecionar e substituir elementos de máquinas;
▪▪ Utilizar ferramentas de coleta e controle de dados no equipamento.

Atitudes

▪▪ Assiduidade;
▪▪ Proatividade;
▪▪ Relacionamento interpessoal;
▪▪ Trabalho em equipe;

MANUTENÇÃO MECÂNICA 9
▪▪ Cumprimento de prazos;
▪▪ Zelo com os equipamentos;
▪▪ Adoção de normas técnicas, de saúde e segurança do trabalho;
▪▪ Responsabilidade ambiental.

10 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Apresentação
Atualmente o mercado de traba- Maurício José Bechtold
lho não se satisfaz apenas com o
profissional que tenha o conhe- Maurício José Bechtold
cimento prático das coisas que Técnico Mecânico, pelo SENAI/SC, em Blumenau, acadêmico do curso
acontecem no dia a dia. Ele quer superior de Tecnologia em Fabricação Mecânica. É colaborador do SE-
NAI/SC há dois anos, atuando como instrutor de ensino industrial na
cada vez mais profissionais que
área da metalmecânica. Tem vasta experiência em manutenção indus-
tenham aliado ao conhecimento trial, tento atuado vários anos nas empresas Coteminas /Artex e Cia.
prático o conhecimento teórico Hering, como Mecânico de Manutenção.
e, principalmente, a capacidade
de efetuar a análise da solução
mais adequada e indicada para o
problema. Espera-se que o pro-
blema, além de ser resolvido na-
quele momento, não ocorra mais,
ou, se prestes a ocorrer, possa ser
previsto e solucionado, gerando
economia no processo produtivo
e, principalmente, na manutenção
da vida útil do equipamento.
Este material tem como objetivo
principal servir de apoio a você,
estudante da disciplina de Manu-
tenção Mecânica, para a elabo-
ração de planos de manutenção
adequados à sua realidade fabril
assegurando-lhe o saber necessá-
rio e utilizando-se das ferramen-
tas adequadas de identificação,
análise e solução de problemas de
manutenção.
Você terá contato com o que há
de melhor na atualidade para o
desenvolvimento e a preparação
de relatórios e planos de manu-
tenção preventiva, bem como
para analisar falhas na necessidade
de manutenções corretivas.
Desejamos a você um bom estudo
e aproveitamento deste material!
Marcelo Deschamps e Maurício
José Bechtold

MANUTENÇÃO MECÂNICA 11
Unidade de
estudo 1
Seções de estudo

Seção 1 – Introdução
Seção 2 – Um breve histórico
Seção 3 – Evolução da manutenção
Seção 4 – Manutenção estratégica
Seção 5 – Produtos da manutenção
Seção 6 – Gestão estratégica da manu-
tenção
Introdução à Manutenção

Seção 1
Introdução
Os últimos 25 anos têm se ca- Há, aproximadamente 10 anos,
racterizado pela globalização da eu trabalho em uma empresa de Otimização: No sentido de
economia com a queda constante injeção de plásticos e uma das redução.
das barreiras econômicas e co- máquinas produzia baldes de 8
merciais. Dessa forma, a busca litros de capacidade. Baldes são
da qualidade total de serviços e os produtos mais simples de se-
produtos, bem como a crescen- rem produzidos em injeção, pois
te preocupação com os aspec- a fabricação de moldes é relativa-
tos ambientais, passou a ser uma mente barata e simples. Pois bem,
constante nas empresas. Sendo para que eu venha a manter meus
assim, a grande questão que vem clientes e conquistar outros pre-
tomando corpo nas organizações cisarei retirar o máximo de rendi-
é definir o papel da manutenção mento de minhas máquinas para
no contexto da competitividade oferecer baldes “bons, bonitos e
das organizações no mercado em baratos”.
que atuam. Neste sentido, os cronogramas de
A manutenção, direta ou indire- fabricação e de entrega dos meus
tamente, faz parte desse contex- produtos devem ser cumpridos
to, principalmente porque não se de forma perfeita não sendo per-
permite mais a existência de uma mitido, neste tipo de mercado,
organização competitiva sem que qualquer falha, principalmente
seja otimizada a disponibilida- de perda de prazo de entrega.
de de máquinas, a maximização Pergunta: com toda essa pressão,
da lucratividade, a satisfação dos máquina produzindo no máximo
clientes e a confiabilidade dos de sua capacidade, otimização
produtos traduzidas no conceito de tempo de produção, é aceitável
dos seis sigma (ou defeito zero). eu não ter implantado na empresa
um programa de manutenção pe-
riódica de minhas máquinas e que
Saiba Mais eu sempre esteja somente focado
em tirar “110%” do rendimento
Saiba o que significa o concei- delas?
to Seis Sigma acessando o link
abaixo. Vamos! Acesse logo!
http://www.softexpert.com.
br/norma-seis-sigma.php

MANUTENÇÃO MECÂNICA 13
Não existe pensamento mais er- vos baseados nesses sistemas de
rado e que dê mais prejuízo que
Seção 2 produção, aproveitou a oportuni-
esse. Máquinas se desgastam Um breve histórico dade para adotar, pelos recursos
com o tempo, peças sofrem de- escassos disponíveis, programas
sajustes periódicos e máquinas “Manutenção é isto: quando tudo efetivos de manutenção com o
não são “seres” inanimados que vai bem, objetivo de prolongar ao máximo
ficam livres de cargas dinâmicas. ninguém lembra que existe. a utilização de seus equipamentos,
Se eu não tiver um bom progra- Quando algo vai mal, dizem que dentro de padrões cada vez mais
ma de manutenção, os prejuízos não existe. exigentes de produção.
serão inevitáveis, pois máquinas
com defeitos ou quebradas são Quando é para gastar, acha-se que
as causadoras da diminuição ou não é preciso que exista. Essa visão parte do pressuposto
Porém, quando realmente não principal de que máquina parada
interrupção da produção, o que
gera atrasos das entregas e per- existe, todos concordam que de- por quebras imprevistas é prejuízo
das financeiras. Além disso, se as veria existir.” completo no processo produtivo,
máquinas não operam de forma podendo levar, em alguns casos, à
ajustada aumentam os custos de falência de algumas empresas.
A manutenção que conhecemos
produção, pois gastam mais ener- hoje se iniciou com o surgimento
gia e recursos e os produtos têm dos primeiros relógios mecânicos, Imagine se um alto-forno de uma
grandes possibilidades de apre- por volta do século XVI. Antes empresa siderúrgica, por falta de
sentar defeitos de fabricação. disto era despercebida. Com a manutenção em seus sistemas,
Tudo isso junto gera a insatisfação criação dos primeiros relógios, foi apresentar uma fissura, mínima
dos clientes e a consequente per- criado um plano de manutenção que seja, que obrigue a empresa
da de mercado que em situações para essas máquinas, chamado de a interromper seu processo pro-
extremas pode levar a empresa à programa de revisões, que garan- dutivo. Só para constar: para des-
falência. tisse o perfeito funcionamento ligar um alto-forno é necessária
Sendo assim, para evitar esse fim dos relógios. uma semana de operações e para
desastroso, é condição obrigatória Com o surgimento das máquinas, religá-lo e colocá-lo em funciona-
estabelecer e manter um rigoroso principalmente durante a Revo- mento pleno são necessárias mais
programa de manutenção preven- lução Industrial, tornou-se cada duas semanas de operação.
tiva para garantir que os produtos vez mais necessário seu uso, tanto Com o passar dos anos, a comple-
da empresa sejam produzidos na para garantir o seu funcionamen- xidade de máquinas e equipamen-
quantidade correta e com a qua- to, como também para prevenir tos fez do setor de manutenção
lidade requerida pelo mercado possíveis quebras. um forte aliado do setor produti-
sempre prevendo a maximização Durante a Segunda Guerra Mun- vo, no qual cada minuto é trans-
da vida útil de minhas máquinas e dial o monitoramento no proces- formado em dinheiro, precisando
equipamentos. so produtivo tornou-se quase que cada vez mais de uma atuação
Todos esses aspectos mostram totalitário por necessidade de um rápida e eficaz do setor de manu-
a importância que se deve dar à perfeito funcionamento de armas tenção.
manutenção de minhas máqui- e munições durante as batalhas. Com a evolução das tecnologias
nas, equipamentos, ferramentas e Para isso acontecer as máquinas empregadas nas máquinas, a ma-
pessoal. Sim, pessoal! Porque não deviam estar bem reguladas e mo- nutenção também evoluiu, a qual
adianta nada eu ter o melhor pro- nitoradas. se refere ao: gerenciamento, fer-
grama de manutenção sem levar Já no princípio da reconstrução ramental e instrumental.
em conta que, para realizar esse pós-guerra, Inglaterra, Alemanha, Vejamos, a seguir, um pouco so-
programa de manutenção de for- Itália e, principalmente, Japão bre essa evolução histórica.
ma adequada, eu preciso ter pes- alicerçaram seu desempenho in-
soal capacitado e treinado, tanto dustrial nas bases da engenharia e
para a execução da manutenção, da manutenção. Destaque funda-
quanto para a operação das má- mental para o Japão que, por estar
quinas. sob o domínio dos Estados Uni-
dos e ter seus processos produti-

14 CURSOS TÉCNICOS SENAI


cada de 1970): No setor indus- ▪▪ operação até a falha;
Seção 3 trial circulava uma tendência ▪▪ manutenção baseada em
Evolução da manuten- mundial às mudanças, tanto na períodos;
ção área gerencial como também na
▪▪ manutenção planejada;
comportamental. Nas indústrias,
Desde a década de 1930, a evo- começou-se a usar ferramentas de ▪▪ manutenção baseada em con-
lução da manutenção pode ser gerenciamento, como just in time dição;
dividida em três gerações. Não e kanban, que pregavam a dou- ▪▪ manutenção proativa ou de-
se pode necessariamente afirmar trina do estoque zero. As horas tectiva.
que cada uma delas teve início e que as máquinas ficavam paradas
fim bem definidos visto que, em para manutenção começaram a
Discorreremos, agora, sobre cada
alguns casos, pode-se afirmar que prejudicar a produtividade, mui-
uma das fases descritas. Acompa-
muitas empresas ainda estão de- tas aguardavam longos períodos
nhe!
sempenhando suas funções sob paradas à espera das peças de
a ótica de uma ou outra geração, reposição. A partir dessas situa-
ou ainda num misto entre elas. ções começou no setor de manu- Operação até a falha
Porém, de modo geral, pode-se tenção uma revolução no modo
de pensar dos responsáveis pela O equipamento é posto em opera-
descrevê-las da seguinte forma: ção não tendo sobre ele nenhum
manutenção: a partir de dados co-
letados pela manutenção forma- acompanhamento com o objetivo
Divisão das gerações ram-se bancos de dados referen- de manter suas condições opera-
tes a cada máquina e equipamento cionais que preservem ou aumen-
por períodos
com o intuito de prever a próxi- tem a sua vida útil.
Primeira Geração (antes da Se- ma quebra e se antecipar a ela. A É o quebra-conserta. Esse mode-
gunda Guerra Mundial): Caracte- palavra análise então começou a lo de manutenção durou, como
rizou-se pela pouca utilização das circular no meio da manutenção estratégia única, até o fim da dé-
máquinas, pelo seu superdimen- através da análise de vibrações, cada de 1940, e as ocorrências de
sionamento e pela simplicidade análise de ruído, análise de óleos falhas nos equipamentos ficavam
dessas máquinas. A manutenção e lubrificação (ferrógrafo), entre sujeitas a impactar o processo
era efetuada basicamente no siste- outras. Também a preocupação produtivo.
ma quebra-conserta (manutenção com o meio ambiente fica cada Nesse período, o grau de meca-
corretiva). vez mais evidente. nização não era alto e as quebras
Segunda Geração (depois da Se- então não causavam impactos
gunda Guerra Mundial até a déca- relevantes na produção. Da mes-
da de 1960): Caracterizou-se pelo Na Terceira Geração reforçou- ma maneira, era menor o grau de
aumento da demanda de produtos se o conceito de uma manu- complexidade dos equipamentos,
industrializados, com a escassez tenção preditiva. Ou seja, ga- não demandando serviços siste-
de mão de obra, principalmente rantia-se que o equipamento máticos e de rotina tais como lu-
a masculina uma vez que a indús- correria mínimos riscos de brificação e limpeza.
tria buscava cada vez mais a me- falha.
canização de seus parques fabris.
Controles de peças, de defeitos e
de tempo eram manuscritos para
posterior análise, início da manu- Sendo assim, considerando-se de
tenção preventiva. forma esquemática, mas não dife-
rente, a evolução da manutenção
Terceira Geração (depois da dé-
passa pelas seguintes fases:

MANUTENÇÃO MECÂNICA 15
Manutenção baseada em períodos
O equipamento sofre troca periódica de componentes, independente-
mente de sua condição, eliminando previamente as possibilidades de
falhas que o equipamento poderia apresentar, minimizando assim os
impactos no processo produtivo.
Esse modelo teve início na década de 1950, após a Segunda Guerra
Mundial, quando se verificou um processo de mecanização mais intenso
nas indústrias.

Manutenção planejada
A partir da década de 1960, inicia-se uma estratégia de manutenção com
base em planejamento de atividades, com visão voltada para a prevenção
de falhas através da elaboração de planos sistemáticos de manutenção,
a partir da tomada de consciência das perdas devido às falhas de manu-
tenção. Como as máquinas vão ficando mais complexas, o seu custo de
aquisição e sua vida útil passam a ter muita importância, face ao custo
do capital investido.
Nessa época os custos de manutenção começaram a crescer e a se des-
tacar dentre os custos de operação, provocando a necessidade de se
medirem tais custos, acompanhando-os frequentemente, na tentativa de
mantê-los sob controle.

Dá-se início então ao planejamento e à programação de manutenção.

Manutenção baseada em condição


Inicia-se na década de 1980, sendo uma estratégia de manutenção ba-
seada em técnicas de monitoramento das condições dos equipamentos,
visando detectar sinais de falha iminente.
Dessa forma é possível acompanhar os estágios de desgaste nas máqui-
nas e aumentar o grau de previsibilidade do momento de ocorrências
indesejáveis, antecipando ações antes da falha. Permite eliminar também
trocas desnecessárias como acontece no caso da manutenção baseada
em períodos, vista anteriormente.
Esse tipo de manutenção, corretamente empregada, permite a redução
dos pesados custos ligados à troca sistemática, gerando um melhor apro-
veitamento das partes e componentes dos equipamentos.

Manutenção proativa ou detectiva


Forma sofisticada de manutenção baseada também no acompanhamen-
to das condições das máquinas, na qual o controle do equipamento é de-
terminado por múltiplas medidas interpretadas por sistemas inteligentes,
computadores, instrumentos de medição, frequentemente acoplados aos
equipamentos.

16 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Nesse tipo de manutenção existe o objetivo claro de prolongar a vida
útil do equipamento, através da avaliação dos seus componentes, mini- Implantação de um sistema:
mizando a necessidade de fazer manutenção, através da engenharia de Projeto, fabricação, instala-
manutenção e da aplicação de várias tecnologias. ção e manutenção.
Nos últimos anos, cada vez mais se agregam aos aspectos tradicionais
de manutenção os aspectos relativos a segurança e meio ambiente como
fatores críticos de sucesso, nos quais os complexos parques industriais
devem ser gerenciados com alta confiabilidade.
A interação entre as fases de implantação de um sistema e a dispo-
nibilidade/confiabilidade torna-se cada vez mais evidente e necessária
para o bom desempenho da indústria.

A interação entre as fases


Como vimos anteriormente, a evolução da manutenção ao longo dos
anos, fez com que cada uma das fases da existência de uma máquina e/
ou equipamento assumisse um papel com importância crescente nos
processos de fabricação. Sendo assim, da correta realização, do apro-
fundamento e do domínio de cada fase – projeto, fabricação, instalação,
operação e manutenção – dependem a maximização da disponibilidade
e a total confiabilidade do sistema.
Já da interação correta entre as fases, pode-se afirmar com toda a certeza
que a disponibilidade e a confiabilidade dos sistemas tendem a trazer
maiores retornos financeiros e de produtividade para as empresas. A
figura a seguir ilustra de forma esquemática essa relação. Observe-a.

PROJETO + FABRICAÇÃO + INSTALAÇÃO + MANUTENÇÃO + OPERAÇÃO

DISPONIBILIDADE / CONFIABILIDADE

Figura 1 – Interação entre as fases


Fonte: Kardec e Xavier, 2002.

No quadro que segue, apresentamos um resumo dos principais pontos


das diferentes gerações da manutenção. Veja!

MANUTENÇÃO MECÂNICA 17
Primeira Geração Segunda Geração Terceira Geração

Períodos
Depois da 2ª Guerra Mundial até a
Antes da 2ª Guerra Mundial década de 1960 Depois da década de 1970

Características
Maior disponibilidade e
confiabilidade
Maior disponibilidade
Quebra-Conserta
Análise de riscos
Controles manuais
Manutenção Corretiva
Maior produtividade
Início da manutenção preventiva
Início da manutenção preditiva
Quadro 1 – Gerações por períodos

Com a aplicação dessas ferramen- ▪▪ clientes exigem cada vez mais


Seção 4 tas é possível ter reflexo direto no com melhor qualidade e rapidez
Manutenção estratégica resultado da empresa ou do setor, na entrega, com preços mais
aumentando: acessíveis de aquisição.
A manutenção existe para que não ▪▪ disponibilidade;
haja manutenção, este é o concei- Os acionistas, por sua vez, para
to moderno da manutenção em ▪▪ faturamento e lucro; apostar em um negócio exigem
que a satisfação do cliente vem ▪▪ segurança pessoal e das insta- retorno do investimento compatí-
em primeiro lugar, não se paga lações; vel com o grau de risco envolvido,
mais por serviços, mas sim pela ▪▪ preservação ambiental. exigindo geração de valor em cada
solução do problema. No setor de E reduzindo: empreendimento.
manutenção o cliente pode ser o A comunidade exige melhores
setor ao qual ele dá apoio (setor ▪▪ demanda de serviços;
práticas de convivência, em que
produtivo). ▪▪ lucro cessante; o respeito pelo meio ambiente e
Para que esse conceito vire rea- ▪▪ custos. a responsabilidade social estejam
lidade, o pessoal da manutenção inseridos fortemente na visão das
tem de estar cada vez mais qualifi- empresas.
cado e o setor mais equipado. No É importante frisar que, às É nesse contexto de confiabilida-
que se refere ao mantenedor, ele vezes, muitos gerentes usam de operacional que a manutenção
deverá se atualizar tecnicamente essas ferramentas de modo se insere para garantir a condição
para se equiparar mercado, estar exagerado obtendo resulta-
para que as empresas entreguem
aberto às mudanças quando ele dos desastrosos. Mas o uso
correto dessas ferramentas
seus produtos com a qualidade
passará de simples trocador de requerida, no tempo exigido, com
pode apresentar ótimos re-
peças para especialista em manu- boas práticas de saúde, segurança
sultados para a organização.
tenção. e meio ambiente.
Para aplicar este conceito o geren- Os clientes cada vez mais querem
te da área deverá ser o principal operar no modelo just in time, ou
Sendo assim:
responsável pela disseminação e seja, sem estoques em suas plan-
aplicação das diversas ferramen- ▪▪ busca-se atualmente cada vez tas, e isso passa a exigir altíssima
tas gerenciais aplicáveis à manu- mais eficiência; confiabilidade, com demanda de
tenção, tais como: CCQ, GQT, ▪▪ nenhum setor está fora do efetividade direta na gestão da
TPM, terceirização e reengenharia ciclo de competitividade; manutenção.
em outros.

18 CURSOS TÉCNICOS SENAI


É parte fundamental dessa es- Doenças graves das or-
tratégia a construção dos planos
Esquematicamente: assim, é
mestres de manutenção que se
ganizações
razoável deduzir que a manu-
tenção passa a ter, cada vez constituem nas listas das ordens ▪▪ Perda de conhecimento
mais, uma função estratégi- de serviços específicas (OSs) para – A perda de conhecimento,
ca no contexto empresarial, cada máquina. ou mesmo a não aquisição de
como alavanca na competiti- conhecimentos que suportem
vidade dos negócios em que
Para a formatação das ordens de o futuro, tem levado à perda de
está inserida.
serviços e seus procedimentos de competitividade. Fala-se muito
execução, deverão ser levados em em depreciação do hard, mas
consideração os seguintes fatores, muito pouco sobre a depreciação
Uma boa estratégia de manuten- como fontes de informações para do conhecimento.
ção deve conter os seguintes pon- obtenção de pleno êxito na elabo- ▪▪ Satisfação dos colaborado-
tos importantes: ração dos planos de manutenção: res – Se a “saúde” dos colabo-
radores não está bem, pode-se
esperar que haverá perda grave
▪▪ contexto operacional do ▪▪ requisitos técnicos previs-
de competitividade.
negócio em que está inserida, tos nos manuais das máquinas,
considerando fortemente os de- fornecidos pelos fabricantes dos ▪▪ Visão crítica da comu-
equipamentos; nidade – A maneira como a
sejos do cliente final da empresa,
sociedade vê as empresas e sua
os requisitos das instalações em ▪▪ experiência técnica dos pro-
contribuição para a “saúde” do
confiabilidade para atender a esse fissionais da própria empresa
planeta é, hoje, outro fator crítico
mercado; adquirida ao longo de anos de
de sucesso empresarial. Não vai
▪▪ visão de curto, médio e longo convivência com os tipos de
existir empresa excelente empre-
prazo para as práticas de manu- equipamentos;
sarialmente se não for, também,
tenção; ▪▪ histórico de máquinas existen- excelente em questões de saú-
▪▪ práticas de saúde, segurança e tes, similares às máquinas para as de, meio ambiente e segurança
meio ambiente adequadas, para quais se está pretendendo montar (SMS).
assegurar o desenvolvimento sus- um plano mestre de manutenção.
tentado das práticas operacionais;
▪▪ identificação seletiva nas Reunidos todos esses requisitos, é paradigma do passado:
possível iniciar um gerenciamen- “o homem de manutenção
instalações, determinando qual a
to estratégico, girando o ciclo dos sente-se bem quando execu-
importância de cada equipamen- ta um bom reparo”.
to do ponto de vista operacional processos do sistema de manuten-
paradigma moderno:
(impacto na produção) e práti- ção, que se constitui em PLANE-
“o homem de manutenção
cas de saúde, segurança e meio JAMENTO, PROGRAMAÇÃO,
sente-se bem quando conse-
ambiente; EXECUÇÃO e GERÊNCIA gue evitar todas as falhas não
DE DESEMPENHO, sendo este previstas”.
▪▪ definição do tipo de manuten- último o índice de controle para
ção aplicada em cada equipamen- avaliação dos resultados de con-
to e sua respectiva confiabilidade fiabilidade e custos, validando a
requerida: qualidade da estratégia implantada
▪▪ preventiva/preditiva; e considerando as metas estabele-
▪▪ preventiva/sistemática; cidas para as instalações.
▪▪ corretiva.

MANUTENÇÃO MECÂNICA 19
O resultado positivo apresentado Com todos esses dados em mãos
Funcionalidade da máqui- pelas empresas passa, necessaria- e realizando uma reflexão mais
na: Mesmo que se conheça mente, pela simples relação entre aprofundada, podemos nos ar-
a real causa da quebra não é o faturamento e os custos apre- riscar a desenvolver um conceito
feito nada para resolver defi- sentados pelas organizações. Essa moderno de manutenção.
nitivamente o problema, so- relação é denominada produtivi-
mente troca-se a peça dani- dade, e quanto mais elevada é a
ficada e fica por isso mesmo. Manutenção é garantir a disponibi-
produtividade, maior a competiti-
lidade da função dos equipamentos
vidade apresentada pela empresa,
uma relação simples mas que deve e instalações de modo a atender
ser perseguida constantemente a um processo de produção ou de
pelas empresas. serviço, com confiabilidade, segu-
rança, preservação do meio am-
O papel do Departamento de Ma-
nutenção nesse contexto é de fun- biente e custos adequados.
damental importância visto que é
ele que dará as condições ideais, Redução da demanda
através dos planos de manutenção
de disponibilidade, confiabilidade
de serviços
e qualidade dos equipamentos. Pode ser dividida nos seguintes
tópicos.

Seção 5
▪▪ Qualidade da manutenção
Produtos da Tem como ponto principal a qua-
manutenção lidade do trabalho. Por outro lado,
a sua falta provocará um retraba-
A produção é, de maneira básica, lho (falha prematura).
composta pelas atividades de ope-
ração, manutenção e engenharia.
▪▪ Qualidade da operação
Tem como principal ponto a qua-
Existem outras atividades que dão lidade da operação. Do mesmo
suporte à produção: suprimentos, modo, uma má qualidade na ope-
inspeção de equipamentos, se- ração do equipamento também
gurança industrial, entre outros. pode provocar uma falha prema-
Mas, em suma, as três primeiras tura e a imediata perda de produ-
são a base de qualquer processo ção.
produtivo.
Sendo assim, pode-se afirmar que ▪▪ Problemas crônicos
essas atividades básicas são e sem- Problemas decorrentes do pró-
pre serão complementares entre si prio equipamento e do projeto de
e que a falha de uma delas acarre- instalação podem levar a falhas e
tará no colapso de todo o sistema defeitos crônicos. Às vezes, por se
produtivo da empresa. tratar de um problema conhecido,
não se dá a devida importância.
Dessa forma, e levando em con- Simplesmente é feito o restabe-
sideração as atividades de supor- lecimento da funcionalidade da
te da produção, pode-se concluir máquina.
que o principal produto da ma-
nutenção é fornecer MAIOR
DISPONIBILIDADE CONFI-
ÁVEL AO MENOR CUSTO.

20 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Esse tipo de atitude reflete muito Nesse sentido, o Departamento recapacitação ou mesmo a sua
bem a cultura conservadora que de Manutenção atualmente passa substituição;
certos mantenedores teimam em a ter papel estratégico e de vital ▪▪ Rever, continuamente, os
fazer, cultura esta que precisa ser importância nas organizações, programas de manutenção pre-
mudada. não sendo mais o lugar onde se ventiva, visando à otimização de
encontram profissionais sem ca- sua frequência, considerando as
▪▪ Problemas tecnológicos
pacitação técnica para se tornar novas tecnologias de manutenção
Repete exatamente o conceito an-
um ambiente onde todo o pro- preditiva que são normalmente
terior, mudando somente o que
fissional tem de ter capacidade mais vantajosas;
diz respeito à solução, pois, nes-
técnica para identificar, analisar
se caso, a causa do defeito é re-
e resolver problemas, garantindo ▪▪ Implantar um programa de
almente desconhecida, havendo desativação de equipamentos e
que não se realize apenas um con-
necessidade de uma ação tecno- sistemas inoperantes, desde que
serto, mas se eliminem problemas
lógica mais aprofundada sobre a a análise de custo-benefício se
presentes e futuros.
causa do defeito, possibilitando mostre adequada; é o sistema 5S
melhorias nos sistemas e equipa- na instalação industrial;
mentos. Na GQT, diversos outros instru-
▪▪ Rever a metodologia de inspe-
mentos têm se revelado impor-
▪▪ Serviços desnecessários ção e procurar aumentar o tempo
tantes para sistematizar e profis-
O homem de manutenção ou de campanha das unidades ou
sionalizar cada vez mais o setor de
mantenedor, muitas vezes por sistemas, evitando ocorrências
manutenção. Quais sejam:
inexperiência ou medo, realiza a não planejadas;
manutenção preventiva em exces- ▪▪ gerência da rotina; ▪▪ Evitar operar equipamen-
so, sem considerar o histórico de ▪▪ padronização; tos fora das suas condições de
defeito da máquina aumentando projeto, a menos que os resul-
▪▪ 5 S;
muito o custo-benefício do equi- tados empresariais mostrem ser
pamento. ▪▪ TPM; vantajoso;
▪▪ ISO 9000; ▪▪ Incrementar o acompanha-
▪▪ CCQ. mento de parâmetros preditivos,
Seção 6 visando trabalhar mais próximo
Gestão estratégica da dos limites estabelecidos e, com
manutenção Fatores adicionais im-
isso, aumentar o tempo de cam-
panha com confiabilidade;
Na gestão estratégica da manu-
portantes num sistema es- ▪▪ Estudar métodos para aumen-
tenção, várias ferramentas da ges- tratégico de manutenção. tar a previsibilidade das inspeções
tão pela qualidade total (GQT) antes das paradas das unidades,
▪▪ Implantar uma sistemática inclusive com as novas tecnolo-
têm se mostrado bastante eficazes
orçamental para os serviços de
quando aplicadas corretamente, gias de inspeção;
manutenção;
levando a uma grande melhoria ▪▪ Aumentar o uso de métodos
dos resultados. Dessa forma, é ▪▪ Alocar aos solicitantes os cus- de manutenção com o equipa-
comum atualmente não se falar tos dos serviços de manutenção
mento ou sistema em operação.
apenas em planos de manutenção, correspondentes;
mas sim em sistemas de manu- ▪▪ Reavaliar a frequência de Nessa primeira unidade de estu-
tenção, focados na engenharia da problemas em equipamentos e dos, você teve uma noção introdu-
manutenção, que é uma evolução decidir, com base na análise do tória do que vem a ser a manuten-
dos processos até hoje utilizados custo-benefício, sobre a viabili- ção a partir de uma compreensão
nas indústrias para definir o setor dade da sua substituição; histórica de seu desenvolvimento.
de manutenção.
▪▪ Identificar equipamentos que Prepare-se, agora, para conhecer
estejam operando fora de suas os sistemas de manutenção e as
condições de projeto, gerando estratégias empregadas em cada
elevada demanda de serviços, e item de manutenção. Vamos lá!
analisar a conveniência de sua

MANUTENÇÃO MECÂNICA 21
Unidade de
estudo 2
Seções de estudo

Seção 1 – Sistemas de manutenção


Seção 2 – Manutenção corretiva
Seção 3 – Manutenção preventiva
Seção 4 – Manutenção preditiva
Seção 5 – Manutenção detectiva
Seção 6 – Administração da manuten-
ção
Seção 7 – Planejamento e programação
da manutenção (PCM)
Sistema de Manutenção

Seção 1
Sistemas de
manutenção
Dessa forma, a definição da estra- Nesse ponto é definido o tipo de
Um sistema de manutenção para tégia a ser adotada e seguida, no manutenção que deverá ser segui-
uma planta ou uma unidade in- que se refere ao tipo de manuten- do prioritariamente no sistema, de
dustrial específica compreende ção, é de vital importância para o acordo com o grau de importân-
toda a formulação de estratégias bom funcionamento do sistema. cia e/ou prioridade que o equipa-
para cada item de manutenção A figura anterior mostra os passos mento tem no processo produtivo
e os respectivos planos mestres a serem seguidos no estabeleci- da fábrica, além do custo-benefí-
contendo as ordens de serviços mento da estrutura de um sistema cio apresentado para se efetuar ou
necessárias para a garantia do de manutenção em uma indústria não sua manutenção, conserto ou
desempenho desejado na formu- ou setor da fábrica. simplesmente troca.
lação da estratégia. Além disso,
um sistema deve contemplar as O plano mestre de manutenção é
ferramentas de análise e solução o conjunto de ordens de serviço
de problemas aliadas às técnicas necessárias para cada equipamen-
de análises de dados históricos de to a fim de cumprir seu programa
problemas e soluções, realizadas de manutenção, onde devem ser
com o intuito de abastecer o sis- definidas as atividades que serão
tema de informações suficientes desenvolvidas, a carga de horas
para auxiliar na tomada de deci- homens previstas, a frequência
sões de novos investimentos em com que a atividade deve ser exe-
máquinas e equipamentos, bem cutada e assim por diante.
como a otimização da utilização
dos recursos necessários para o
bom funcionamento de uma in-
dústria ou setor.

Figura 2 – Estrutura de um plano mestre de manutenção


Fonte: Kardec e Xavier, 2002.

MANUTENÇÃO MECÂNICA 23
Manutenção Corretiva Manutenção Preventiva

Sistemática Preditiva

 Estratégia de atuação do tipo


quebra-conserta;  Atuação em intervalos Baseada no
 Altos custos de reparo; regulares; acompanhamento da condição
 Baixa confiabilidade;  Pode apresentar custos altos da máquina possibilitando
 Grandes esforços de recursos devido a trocas desnecessárias intervenções mais precisas.
para resolver falhas. (prematuras).

Figura 3 – Tipos de manutenção


Fonte: Kardec e Xavier, 2002.

Quando construímos uma estratégia para um sistema de manutenção,


temos a nosso dispor três possibilidades para escolher a que melhor
atende as nossas condições de performance em custo, qualidade, segurança
e meio ambiente. No momento da escolha devemos fazer os seguintes
questionamentos:

1. Que requisitos de confiabilidade as instalações requerem?

2. Qual é o melhor tipo de manutenção para cada equipamento?

3. Como definir esta estratégia ao melhor custo?

4. Que critérios estabelecer para cada caso?

Manutenção Sistemática
APLICAÇÕES

Manutenção Corretiva Manutenção Sistemática Manutenção Preditiva

- Onde existe equipamentos - Onde o controle por tempo é eficaz; - Máquinas críticas (Custo de reparo
em Stand By; -A monitoração da condição não é Alto/tempo de reparo longo)
-Onde não é possível prevenir falha; possível. -A falha tem alto impacto de produção,
-O impacto da quebra é quase nulo; segurança e meio ambiente.
-O custo do reparo é baixo.

Figura 4 - Aplicações dos tipos de manutenção


Fonte: Kardec e Xavier, 2002.

24 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Vale ressaltar ainda, que no comparativo para a definição de qual sistema ▪▪ baixo índice de utilização de
utilizar e a auxiliar a responder a pergunta dois, a tabela abaixo pode ser máquinas e equipamentos visto
decisiva no processo de definição. Nele é apresentado o custo por uni- que, com o passar do tempo, o
dade de potência instalada por ano para cada sistema de manutenção e é rendimento destes passa a ser
importante ressaltar o quão caro é o custo da adoção do conceito: “Nos- muito inferior ao projetado pelo
sa fábrica não pode parar para efetuar manutenção. Quando quebrar, fabricante, devido principalmente
arrumamos”... e, quem sabe, poderíamos completar com a expressão: ao desgaste excessivo dos com-
“ou quebramos junto com a máquina”. ponentes;
▪▪ diminuição da vida útil de
TIPO DE MANUTENÇÃO Custo R$/(HP/ano) equipamentos, máquinas e insta-
lações visto que, ao se optar pela
Corretiva não planejada 34 a 36
não parada periódica para a veri-
Preventiva 22 a 26 ficação e ajustes necessários, os
Preditiva e corretiva planejada 14 a 18 componentes vão se desgastando
Tabela 1 – Tabela comparativa de custos de manutenção e desajustando cada vez mais e
Fonte: Kardec E Nassif (2006). transmitindo esses desajustes a
outros componentes, iniciando
um efeito “cascata” de desgastes
Seção 2 e desajustes que levam em de-
Manutenção corretiva terminado momento ao colapso
de um componente que pode ter
A sistemática da manutenção corretiva se caracteriza pelo ciclo “quebra- prejudicado outros;
conserta”. Além disso, a manutenção corretiva pode ser dividida em dois ▪▪ paradas aleatórias e nem sem-
tipos: pre no melhor momento. Aliás,
quase sempre no pior momento
e – mais grave ainda – de forma
a. CORRETIVA PROGRAMADA – Aquela em que a falha apresen- totalmente imprevisível em todos
tada pelo equipamento não faz com que este sofra uma parada obri- os sentidos, seja para a preserva-
gatória nem apresente prejuízos importantes no rendimento da má- ção da máquina ou equipamento,
quina. São os casos de fissuras em carcaças de motores ou pequenas seja para a segurança do opera-
folgas em determinados componentes da máquina. Nesses casos, dor;
o conserto pode ser efetuado no momento em que o equipamento ▪▪ ao optar por esse tipo de ma-
apresentar uma parada por falta de produção ou por não funciona- nutenção não são analisados os
mento em determinado turno ou período. defeitos gerados para se verificar
se podem estar sendo causados
b. CORRETIVA NÃO PROGRAMADA – É o tipo de falha mais co-
por falhas na operação ou por fa-
mumente conhecido e se caracteriza pela falha completa do equi-
lhas no projeto do próprio equi-
pamento, pela quebra ou falha de um componente que impede seu
pamento, o que leva ao desperdí-
funcionamento total ou parcialmente. São as quebras de rolamentos,
cio financeiro para a empresa que
mancais, correntes, etc. Nesses casos, a parada é imediata e a necessi-
utiliza esses equipamentos;
dade de manutenção é imperativa. Ou seja, não há escolha: ou se faz
o conserto ou o equipamento simplesmente não funciona. ▪▪ finalmente, mas não menos
importante principalmente nos
dias atuais, nesse tipo de manu-
A manutenção corretiva, independentemente do tipo que acontecer é a tenção os riscos à segurança dos
forma mais cara de manutenção, visto que se caracteriza principalmente operários é imenso. Os defeitos
pela utilização dos componentes até seu limite extremo, não levando em podem acarretar sérios danos aos
consideração seu funcionamento, nem os efeitos colaterais que seu de- operadores e, até mesmo, às ins-
sempenho fora da especificação pode levar a outras partes da máquina. talações físicas da empresa. Além
disso, equipamentos sem a devida
Seus principais efeitos são: manutenção podem ser sérios
contribuintes à poluição do meio

MANUTENÇÃO MECÂNICA 25
ambiente pela liberação de gases, O estado do equipamento
TMEF: Tempo médio entre partículas ou componentes noci- baseia-se na consideração de vá-
falhas. vos ao ecossistema, gerando uma rios aspectos visuais e em infor-
imagem antipática à comunidade mações obtidas durante a vida
na qual se encontra inserida. de funcionamento da máquina.
As condições gerais apresentadas
CEP: Controle estatístico do
processo. pelo equipamento vão determinar
maior ou menor atenção no mo-
Seção 3 mento das paradas para as verifi-
Manutenção preventiva cações de rotina.
Dados fornecidos pelo fa-
bricante: Condições ótimas
de funcionamento, pontos O local da instalação é um dos
e periodicidade de lubrifica- Esse tipo de manutenção se ba- principais fatores a serem con-
ção, etc. seia na prevenção de defeitos que siderados quando da utilização
possam originar a parada ou o bai- dessa metodologia de manuten-
xo rendimento dos equipamentos ção, vistas as condições externas
em operação. É feita, basicamen- ao funcionamento. A temperatura
te, levando-se em consideração a do local da instalação e os conta-
análise de: minantes, como poeira, umidade,
gases tóxicos (ácidos ou básicos),
determinarão o nível de insalubri-
▪▪ estudos estatísticos; dade do ambiente e interferem de
▪▪ estado do equipamento; forma direta na definição da vida
útil de utilização dos equipamen-
▪▪ local de instalação;
tos.
▪▪ dados fornecidos pelo fa-
bricante (condições ótimas de
funcionamento, pontos e periodi- Exemplos bastante comuns são
cidade de lubrificação, etc.) os equipamentos que trabalham
numa linha de fiação da indústria
têxtil. As felpas em suspensão no
Nos estudos estatísticos, são ambiente podem acarretar um
considerados todos os históricos acúmulo de poeira nos sistemas
levantados do equipamento, com de refrigeração de motores e pro-
base em indicadores de manuten- vocar o superaquecimento destes,
ção que serão vistos mais adiante. diminuindo, em muito, a vida útil
Exemplos desses indicadores são dos rotores, além de contaminar
o TMEF apresentado pelo equi- as graxas de lubrificação de man-
pamento para que determinada cais e rolamentos. Podem ocasio-
peça entre em colapso ou perca nar também queda de rendimento
seu rendimento ideal e aceitável. significativa no funcionamento
dos motores pelo esforço adicio-
Aqui entra também a possibili- nal necessário para a movimenta-
dade de se utilizar a ferramenta ção dos eixos de transmissão.
CEP para se realizar a análise dos
dados coletados no equipamento, Finalmente, e talvez a informação
para se determinar se os compo- de maior importância, os dados
nentes estão trabalhando dentro fornecidos pelo fabricante são
de um regime aceitável de tole- invariavelmente o ponto de parti-
rância de variação de rendimento. da para se estabelecer o primeiro
ciclo de manutenção preventiva
no equipamento.

26 CURSOS TÉCNICOS SENAI


As informações são importantes para colocar fora de operação os
para, em conjunto com outras sistemas e para religá-los. Sistemas complexos: Exem-
informações de instalação e de plo típico desses tipos de sis-
dados estatísticos de equipamen- As principais vantagens da ado- temas são as siderúrgicas e
tos semelhantes, determinarem ção de uma sistemática de manu- as indústrias petroquímicas.
o tempo, os tipos de materiais a tenção preventiva são:
serem aplicados, bem como os
custos envolvidos nessa operação.
▪▪ a mínima intervenção correti-
va, porque as paradas programa-
Alguns fatores devem ser levados
das diminuem consideravelmente
em consideração para se determi-
os riscos de quebras inesperadas
nar a adoção desse tipo de ma-
e imprevistas;
nutenção. Dentre eles, podemos
destacar os seguintes: ▪▪ a possibilidade de planejamen-
to das paradas para momentos
oportunos, evitando que nos mo-
▪▪ a possibilidade da implementa- mentos de maior necessidade do
ção de uma sistemática de manu- equipamento ele se torne indis-
tenção preditiva se mostra muito ponível por quebras indesejadas;
onerosa em relação aos benefí- ▪▪ o aumento da taxa de utiliza-
cios trazidos, não justificando tal ção do sistema de produção devi-
investimento pelo posicionamen- do à possibilidade da otimização
to estratégico do equipamento na do uso do equipamento pela
produção; vantagem de se saber quando ele
▪▪ os aspectos relacionados à se- estará disponível para a produção
gurança pessoal ou da instalação e pela redução da necessidade
tornam obrigatória a intervenção, de paradas para manutenções
normalmente para substituição corretivas.
de componentes;
▪▪ a necessidade de se programar Alguns pontos negativos, porém,
a retirada de produção de equi- devem ser levados em considera-
pamentos que vitais ao processo, ção quando da adoção da siste-
mas que não justificam a adoção mática da manutenção preventiva.
da sistemática preditiva, e que Dentre eles podemos destacar:
não podem ser utilizados de
forma a adotar uma sistemática
de manutenção corretiva; ▪▪ falha humana, pois as inter-
venções e verificações serão
▪▪ os riscos de agressão ao meio mais constantes e a utilização de
ambiente por problemas no ajus-
mão de obra inadequadamente
te e na regulagem do equipamen-
preparada pode acarretar ajus-
to que fazem com que este emita
tes errados que podem causar
poluentes de forma indesejada,
desgastes prematuros e quebras
gerando, além dos danos ambien-
indesejadas;
tais, danos à imagem da empresa
junto à comunidade onde está ▪▪ falha de sobressalentes, prin-
inserida e aos seus clientes; cipalmente quando se utilizam
peças de reposição diferentes
▪▪ em sistemas complexos ou do original recomendado pelo
de operação contínua, em que as
fabricante;
paradas devem ser rigorosamente
programadas por utilizarem sis- ▪▪ contaminações introduzidas
temas que exigem muito tempo no sistema de lubrificação pelo

MANUTENÇÃO MECÂNICA 27
manejo inadequado de produtos É considerada uma grande evo-
Programa de acompanha- e do óleo, permitindo a inserção lução e uma quebra de paradigma
mento, análise e diagnósti- de contaminantes; na manutenção por levar em con-
co sistematizado.: Emprego ▪▪ danos durante as partidas e sideração o estado real do equi-
de mão de obra qualificada
paradas dos equipamentos; pamento para prevenir as falhas e
em análise e formulação de atuar na troca ou no ajuste, per-
diagnósticos e de resolução ▪▪ falhas dos procedimentos de mitindo a operação contínua do
de problemas. manutenção devido à elaboração equipamento pelo maior tempo
por pessoal despreparado ou pela possível.
utilização por pessoal que não
siga rigorosamente as instruções
contidas nesses procedimentos. A manutenção preditiva está li-
gada ao conceito de predição da
As condições básicas para a ado- ocorrência de um fato ou falha
ção de uma sistemática de manu- no equipamento. Ou seja, esse
tenção preventiva devem levar em tipo de sistemática de manuten-
consideração se o equipamento ção privilegia a maximização da
permite algum tipo de monitora- disponibilidade do equipamento à
mento e se a avaliação custo-be- medida que não promove a inter-
nefício é favorável à adoção de tal venção visto que o monitoramen-
sistemática. Outro aspecto impor- to e as medições são efetuadas
tante a ser considerado é a pos- com o equipamento em operação.
sibilidade de se realizar a análise A monitoração e os procedimen-
das falhas que permita rastrear as tos determinados em consequên-
causas originais, dando condições cia dessa monitoração são uma
adequadas de elimina-las e de se das formas mais eficientes e mais
adotar ações corretivas que eli- baratas de estratégia de manuten-
minem definitivamente eventuais ção em unidades industriais nas
problemas através do estabeleci- quais o custo da falha gera prejuí-
mento de programa de acompa- zos e perdas consideráveis.
nhamento, análise e diagnósti- As condições básicas para a ado-
co sistematizado. ção de uma sistemática de manu-
tenção preditiva passam pelos se-
guintes pontos:
Seção 4
Manutenção preditiva ▪▪ o equipamento ou sistema
deve aceitar algum tipo de mo-
A manutenção preditiva é o tipo nitoramento a custos aceitáveis
de manutenção que é realizada e com tecnologia acessível e de
levando-se em consideração as fácil utilização;
modificações encontradas na con-
dição e no desempenho do equi- ▪▪ o equipamento deve ser consi-
pamento, cujo acompanhamento derado estratégico a tal ponto de
no tempo obedece a parâmetros compensar os custos-benefícios
de aceitabilidade previamente es- envolvidos;
tabelecidos.

28 CURSOS TÉCNICOS SENAI


▪▪ as falhas devem poder ser mo- A manutenção detectiva caminha
nitoradas, avaliadas e mensuradas
Seção 5 junto com a evolução de equipa-
de maneira correta e fidedigna; Manutenção detectiva mentos, instrumentos e automati-
▪▪ as equipes envolvidas em tal zação dessas máquinas no âmbi-
sistemática devem ter capacidade São geralmente dispositivos ou to industrial, criando sistemas de
de montar uma sistemática de sistemas integrados de proteção monitoramento individuais e in-
acompanhamento, análise e diag- que detectam automaticamente terligados, utilizados para assegu-
nóstico sistematizado das falhas. falhas imperceptíveis ao operador rar a integridade da máquina, do
e ao mantenedor. operador e do ambiente, forçando
cada vez mais a garantirem a con-
Ao se analisar a viabilidade da ado-
Um exemplo clássico é o circuito fiabilidade e segurança do sistema
ção de um sistema de manutenção
que comanda a entrada em fun- e da unidade industrial.
preditiva, devem-se levar em con-
sideração os aspectos de segu- cionamento de um gerador de
rança pessoal e operacional, visto hospital. Se houver falta de ener- Vale salientar que esses sistemas de
que a falta de um monitoramento gia e o circuito tiver uma falha, o monitoramento são independentes
do estado do equipamento pode gerador não entrará em funciona- e têm por finalidade garantir que o
acarretar sérios danos à saúde mento. Este tipo de falha é inad- sistema não venha a ter falhas du-
do pessoal envolvido, bem como missível, visto que vidas depen- rante o processo.
longos períodos do equipamento dem do perfeito funcionamento
fora de produção. Além disso, o desse sistema. A identificação de
acompanhamento constante das falhas ocultas é primordial para Segundo Kardec e Nassif (2006,
condições do equipamento deve garantir a confiabilidade. Em sis- p. 45), para escolher qual o tipo de
levar em consideração a redu- temas complexos, essas ações só manutenção será utilizada, a deci-
ção dos custos, evitando paradas podem ser operacionalizadas por são será focada na confiabilidade.
desnecessárias, e que é o grande pessoal especializado e devida- Para a adoção de um sistema de
diferencial entre esse tipo de sis- mente treinado. manutenção detectiva, devem ser
temática de manutenção e o de levadas em consideração certas
manutenção preventiva. Um dos particularidades que assim eles
A principal diferença entre esse descrevem:
grandes fatores da análise é tam- tipo de sistema e o sistema de ma-
bém a possibilidade de maximi- nutenção preditiva é que o nível
zação do tempo de equipamento de permissão de atuação automa-
em operação sem paradas para in- tizado deve ser elevado, permitin-
tervenções, o que aumenta signi- do ao usuário leituras constantes
ficativamente a produtividade do e em tempo real da situação dos
equipamento. sistemas. Ou seja, enquanto que
na manutenção preditiva os dados
são colhidos e analisados após o
acontecimento, na manutenção
Um fator extremamente im- detectiva são lidos em tempo real,
portante para a adoção desse apresentando o comportamento
tipo de manutenção é que o
do sistema no momento em que
pessoal envolvido na opera-
ele ocorre, possibilitando corrigir
ção deve ser muito bem trei-
nado em análise, diagnóstico o problema assim que ele é detec-
e solução de problemas. A tado.
análise dos dados coletados
é fator essencial para o bom
funcionamento deste tipo de
sistema.

MANUTENÇÃO MECÂNICA 29
[...] Os sistemas de trip ou ções. Na cadeia produtiva é fator Todo o processo de desenvolvi-
shut-down são a última fron- de confiabilidade e de melhorias mento das pessoas, desde a corre-
teira entre a integridade e a na produtividade, cumprindo sua ta seleção, passando pelo consis-
falha. Graças a eles as máqui- função de confiabilidade, manten- tente programa de treinamento e
nas, equipamentos, instalações do as condições ideais dos equipa- desenvolvimento, gerando opor-
e até mesmo plantas inteiras
mentos, modernizando e/ou oti- tunidades de carreiras, cresci-
estão protegidos contra falhas
mizando as instalações industriais. mento profissional e a geração de
e suas consequências meno-
res, maiores ou catastróficas; Assim, a gestão ou administração um clima de trabalho harmônico,
da manutenção passa a ser foco deve ser o primeiro foco de um
Esses sistemas são proje- de destaque das empresas, refle- gerente de manutenção.
tados para atuar automa- tindo nas estruturas hierárquicas,
ticamente na iminência de em que há uma variação enorme
desvios que possam compro- na forma ou tipo de manutenção
meter as máquinas, a produ- a se inserir. DICA
ção, a segurança no seu aspec- Portanto, equipe motivada,
to global ou o meio ambiente; bem treinada, valorizada e
De qualquer maneira, cada vez conhecedora de sua missão
Os componentes dos sistemas mais a hierarquia fica menos im- gera resultados de alto de-
de trip ou shut-down, como portante e a manutenção deve ser sempenho.
qualquer componente, tam- flexível e veloz o bastante para
bém apresentam falhas e es- atender às exigências a que está
tas podem acarretar em dois
submetida. Para uma administra-
tipos de situação, quais sejam:
ção eficaz, velocidade e flexibili- O segundo aspecto é o desenvol-
o sistema não atua ou atua de
forma indevida. Em ambos, os dade são palavras-chave, para uma vimento de um modelo de gestão,
problemas gerados podem ser gestão focada em resultados. compreendendo o processo de
de efeitos indesejáveis (KAR- planejar, programar, executar e
DEC E NASSIF, 2006, p. 45). controlar o desempenho, no qual
A manutenção deve refletir na
maneira de sua gestão a visão dos esteja clara, e seja do conhecimen-
Nesse tipo de manutenção, o resultados finais do negócio em to de todos, a forma como o de-
grande diferencial está na capa- que está inserida, não sendo um sempenho será medido e avaliado.
cidade de verificação do sistema fim em si mesmos, ou seja, suas
sem retirá-lo de operação, pela prioridades são as prioridades do
sua capacidade de detectar e iden- negócio para o qual ela trabalha.
DICA
tificar a falha oculta no sistema e
possibilitar a sua correção man- Uma estrutura de relaciona-
O primeiro ponto que deve ser
tendo o equipamento ainda em mento flexível e fácil, sem
enfatizado é a gestão do princi- barreiras administrativas,
pleno funcionamento. pal ativo de qualquer empresa dará sustentação a um mo-
ou área de trabalho, que são as derno modelo de gestão com
pessoas que formam o time da alto desempenho e assertivi-
manutenção e que produzem os dade.
Seção 6 resultados auferidos pela empre-
Administração da ma- sa. Essas equipes devem estar ali-
nhadas com a visão e os conceitos
nutenção de administração da manutenção A gestão do desempenho, no caso
e deverão ser os grandes pratican- da manutenção, é formada basica-
A manutenção industrial tem sido tes no dia a dia de uma filosofia mente por um ciclo que pode ser:
vista cada vez mais, nas indústrias moderna de manutenção.
de ponta ou nos grandes conglo-
merados industriais, como estraté- ▪▪ virtuoso;
gica e um pilar fundamental para ▪▪ vicioso.
a competitividade das organiza-

30 CURSOS TÉCNICOS SENAI


No ciclo virtuoso: mento dos recursos nas melhores tos, agregado a uma visão de con-
condições possíveis. fiabilidade, segurança, meio am-
▪▪ cada pilar gera um resultado biente e atendimento ao cliente.
positivo crescente que se fecha A qualidade do planejamento
de tal forma que existe uma influ- pode variar bastante e disso de-
ência em cadeia, gerando uma pende do que se busca em termos O planejamento deve ser a lo-
melhoria crescente nos demais comotiva que puxa, com seu
de resultado e da competência das
índices e assim por diante; esforço, todos os recursos ao
pessoas que estão desenvolvendo
melhor ponto para o melhor
▪▪ uma manutenção que possua essa ferramenta. desempenho da manutenção
forte pilar de planejamento e e, consequentemente, do ne-
programação gera boas condi- Em toda boa estratégia de manu- gócio.
ções para se fazer a intervenção tenção, o custo e a qualidade são
com qualidade, garantindo menor objetivos primordiais a serem al-
nível de intervenções não progra- cançados nos melhores padrões. Os objetivos gerais do planeja-
madas, reduzindo a ocorrência de Quando se fala em manutenção mento da manutenção passam
horas extras e liberando a equipe de classe mundial, esses objeti- necessariamente pelos seguintes
para fazer melhor planejamento e vos se somam a: baixo número de pontos, que são fundamentais
programação, reforçando nova- horas extras, zero acidentes e au- para o sucesso da implantação:
mente o ciclo. sência de impactos ambientais nas
instalações.
a. redução/otimização de custos;
No ciclo vicioso: Para a otimização dos custos e a b. eficiência do uso da mão de
elevação do padrão de performance obra e otimização dos tempos
▪▪ são necessárias estruturas da manutenção, temos de pensar
grandes, para atender grandes de execução;
em um sistema de manutenção es-
manutenções não planejadas, pecífico para cada instalação. c. revisão contínua do sistema de
aumentando os custos em todos
manutenção (reduzir/eliminar
os sentidos;
Qualquer planta industrial pos- ou aumentar a necessidade de
▪▪ deve-se ter em mente que os fazer manutenção);
sui uma necessidade própria com
índices são consequência de uma
características muito particulares
boa política de manutenção e a d. garantia da confiabilidade;
e, portanto, exige uma estratégia
base para a obtenção de resulta-
inteiramente específica para cada
dos consistentes é possuir uma e. redução de estoques de manu-
caso. Para cumprir seus objetivos,
equipe motivada e uma direção tenção e peças reservas;
é necessário montar uma estraté-
clara em termos de estratégia
gia com base em suas necessida-
geral para a busca de resultados f. excelência das práticas de qua-
des de confiabilidade, porém, para
duradouros. lidade, saúde, segurança e meio
cada estratégia, existe uma con-
ambiente;
junção onde se encontra o melhor
Seção 7 (ou menor) custo da manutenção. g. busca constante de padrões de
Esse ponto denominamos de
Planejamento e Pro- ponto ideal de manutenção.
classe mundial.
gramação da Manuten-
ção (PCM) Devemos, com o planejamento, Para um bom planejamento da
garantir a eficiência da gestão da manutenção é necessário que a
mão de obra, da gestão dos ser- equipe, ou as pessoas responsá-
viços terceirizados, do foco dos veis pela implementação e opera-
O processo de planejamento é cionalização do sistema/progra-
de fundamental valor para lograr equipamentos que representam
os maiores custos de manutenção, ma de manutenção, efetue várias
êxito e atingir metas propostas atividades iniciais e de acompa-
de forma estruturada e segura, objetivando o nível ótimo de cus-
nhamento contínuo que envolve:
garantindo o melhor aproveita-

MANUTENÇÃO MECÂNICA 31
a. planejamento das atividades;

b. planejamento de tempos e movimentos;

c. planejamento de custos/orçamentos;

d. planejamento de pessoal;

e. planejamento de recursos de apoio;

f. planejamento de serviços externos;

g. criação e desenvolvimento de procedimentos operacionais de alta


qualidade;

h. engenharia de manutenção.

Esses planejamentos, quando bem efetuados, subsidiam os administra-


dores de forma efetiva para analisar a viabilidade e a importância de se
manter sistemas de manutenção em vigor dentro das empresas.

A título de informação, vamos nos ater ao planejamento de custos/orça-


mentos e fazer algumas considerações. Os custos de manutenção podem
ser divididos em três grandes famílias: custos diretos, custos de perda de
produção e custos indiretos.

32 CURSOS TÉCNICOS SENAI


▪▪ Custos Diretos – Como o próprio nome já diz, é aquele que reflete
diretamente sobre a funcionalidade dos equipamentos. Inclui gastos
com peças de reposição, manutenção, mão de obra, etc.
▪▪ Custos de Perda de Produção – Causados pela parada da má-
quina. Máquina parada não produz e, geralmente, o custo é de hora
máquina.
▪▪ Custos Indiretos – Geralmente incluídos pela área de apoio como
a administrativa e a tecnológica. Exemplo: gastos com análise de defei-
to ou melhorias no sistema.

Podemos concluir, então, que para termos uma indústria ou produto


competitivo no mercado temos de ter um planejamento adequado e de-
talhado da manutenção, considerando-a área estratégica da empresa.

Visto tudo isso, que tal agora conhecermos as técnicas de desmontagem


e montagem de acessórios e equipamentos? Vamos juntos!

MANUTENÇÃO MECÂNICA 33
Unidade de
estudo 3
Seções de estudo

Seção 1 – Cuidados preliminares


Seção 2 – Etapas para desmontagem de
conjuntos mecânicos
Seção 3 – Etapas para montagem de
conjuntos mecânicos
Técnicas de Desmontagem e Monta-
gem de Acessórios e Equipamentos

▪▪ na observação dos instrumen- ▪▪ consultar o manual técnico da


Seção 1 tos de controle da própria máqui- máquina, a fim de identificar as
Cuidados preliminares na ou realizar teste na máquina peças, a correta remoção delas e
para verificar a real importância conseguir uma boa visualização
da desmontagem. das peças inacessíveis.
Primeiramente temos de ter em ▪▪ remover as carenagens, como:
mente que qualquer máquina ou Ex.: proteções externas e acessórios.
equipamento instalado correta- 1-Verificar se a rotação do motor ▪▪ efetuar a limpeza da máquina
mente e funcionando conforme está dentro da normalidade com com pincéis, estopas, desengra-
as recomendações do fabricante, um tacógrafo. xantes, etc. Deixar a máquina
como pontos de lubrificação, uso 2- Utilizar o manômetro para ve- limpa, sem possíveis contami-
de lubrificante recomendado, ma- rificar se a pressão da rede de ar- nantes, como areia, barro, graxas
nutenções e revisões periódicas comprimido está dentro das espe- contaminadas com partículas
sempre em dia, é capaz de fun- cificações técnicas do fabricante. sólidas, cavacos de metal, etc.
cionar bem por um longo perío- 3- Através do multímetro, verifi-
do, sem a necessidade de grandes ▪▪ retirar os fluidos, óleo de
car se a tensão da rede de abaste-
intervenções. caixas, líquido de arrefecimento,
cimento da máquina está correta.
etc., evitando assim acidentes,
como o derramamento de óleo
Temos de considerar, porém, que Verificando que realmente é ne- no piso ou em circuitos elétricos.
qualquer máquina ou equipamen- cessária a desmontagem, o man-
to está sujeito a quebras. E ao ▪▪ remover a fiação elétrica e
tenedor deverá obedecer a uma seus circuitos melhora a limpe-
ocorrer essas paradas teremos de sequência de procedimentos que
efetuar a desmontagem a fim de za. Devem ser levados ao setor
irão garantir sua saúde e seu tra- de manutenção elétrica a fim de
realizar a manutenção. Para isto, balho:
devemos seguir um cronograma serem testados.
de análise do problema antes de ▪▪ remover mangueiras, manípu-
iniciar a desmontagem propria- ▪▪ primeira providência: desligar los, volantes, alavancas e man-
mente. a fonte de energia e circuitos gueiras.
elétricos em geral. ▪▪ colocar calços apropriados
Deverá ser baseada nos seguintes em peças pesadas que possam se
pontos: soltar ou danificar outras peças.
Observação – Colocar uma Desse modo você evita inconve-
placa avisando o motivo do nientes como empenamento de
desligamento (EM MANU-
▪▪ primeiro, pelo relato do eixos, por estarem ainda fixos a
TENÇÃO) ou uma trava para
operador, então pelo histórico essas peças, e acidentes.
que não haja o risco de reli-
da máquina tipo de operação gamento da energia evita aci-
que estava sendo efetuada pela dentes. Obedecida essa sequência, o man-
máquina. tenedor deverá prosseguir a opera-
ção de desmontagem.

MANUTENÇÃO MECÂNICA 35
das peças, deixando-as limpas,
Seção 2 utilizando para isso a máquina de
Croqui: Esboço.
Etapas para desmon- lavar peça com produtos desen-
tagem de conjuntos graxantes e pincel. Esse procedi-
mento é muito importante para
mecânicos verificar possíveis defeitos ou
falhas.
▪▪ Retirada dos parafusos. Para
parafusos travados, deve-se
colocar óleo desoxidante. Esse Procedimentos para a cor-
micro-óleo penetra entre a rosca reta lavagem das peças
e o parafuso atuando sobre a fer-
rugem. Não sendo suficiente para ▪▪ Sempre que utilizar a máquina
soltar o parafuso, o mantenedor de lavar peça, utilizar os E.P.I.
pode aquecer o parafuso a fim obrigatórios, que são os seguin-
de queimar alguma cola que, por tes: óculos de proteção e luvas.
ventura, esteja inserida na rosca. ▪▪ Colocar as peças na máquina
Usa-se normalmente uma chama de lavar, utilizando desengraxan-
oxiacetilênica ou um maçarico a tes específicos para a limpeza de
gás GLP. peças, evitando o uso de gasoli-
▪▪ Procure saber no manual na, solventes, álcool automotivo
do equipamento a sequência ou diesel, pois esses produtos
de aberto dos parafusos. Para podem causar irritações e até
soltá-los, é só seguir a sequência doenças de pele.
contrária. Observação – Mui- ▪▪ Utilizar pincel de cerdas duras
tos manuais trazem somente a para auxiliar a limpeza e no esgui-
sequência de aberto e torque dos cho fazer a lavagem final.
parafusos.
▪▪ Secagem das peças. Retirar as
Verifique a posição e o local dos
peças da máquina e, por alguns
componentes da máquina antes
minutos, deixá-los escorrer
de desmontar. Se não possuir o
em um recipiente limpo. Usar
manual com foto ou sequência,
ar-comprimido para terminar a
fazer um croqui ou tirar uma foto
secagem das peças
da parte da máquina a ser des-
montada.
▪▪ Retirar as peças e colocá-las de Cuidados ao utilizar o ar-
forma ordenada sobre a bancada comprimido na secagem das
facilita a montagem. peças
▪▪ Efetuar marcações que re- ▪▪ Utilizar pressão baixa, em
gistrem informações úteis para
torno de 4 bar.
posterior montagem;
▪▪ Utilizar sempre óculos de
▪▪ Retirar sobras de cola, junta proteção.
ou outros elementos de vedação
do conjunto desmontado, dei- ▪▪ Não usar o jato de ar-compri-
xando as superfícies de contato mido no corpo, pode provocar
bem limpas, sem poeira, óleo ou a entrada de pequenas partículas
resíduos da junta antiga. Caso nos poros da pele;
isso não seja feito poderá haver ▪▪ Após a limpeza, resguardar
vazamento após a montagem. (proteger) conjuntos mecânicos
▪▪ Retirar a graxa ou sujeira expostos, conexões, aberturas
para lubrificação, etc.;

36 CURSOS TÉCNICOS SENAI


▪▪ Separação das peças em lotes, desmontados e com as peças lim- Montagem não seria-
conforme o estado em que se en- pas e separadas conforme o grau
contram. Essa separação se dará de defeito, inicia-se a etapa de re-
da
conforme o grau de reaproveita- cuperação das peças que têm pos- Após a conclusão das etapas de
mento da peça. Exemplo: sibilidade de recuperação e substi- desmontagem e limpeza das pe-
tuição de peças ou conjuntos. ças, o passo seguinte é a monta-
gem das peças e dos conjuntos. O
1. peças reaproveitáveis, que não principal objetivo é restabelecer
possuem defeitos; a funcionalidade da máquina ou
Itens a serem verificados
antes da montagem equipamento, lembrando que o
2. peças com defeito com possi-
mantenedor é o principal respon-
bilidade de recuperação; ▪▪ ajuste e usinagem de novas sável pelo perfeito desempenho
peças ou parte delas; da máquina após a montagem,
3. peças com defeito sem possibi-
▪▪ recuperação de roscas exter- devendo ele ter atenção redobra-
lidade de reaproveitamento;
nas ou internas; da nesse momento, focando sua
4. peças que deverão ser analisa- atenção:
▪▪ troca de elementos de fixação
das no laboratório. danificados; ▪▪ na sequência correta das pe-
▪▪ substituição de peças ou ças, acompanhando pelo manual
conjuntos sem condições de técnico a ordem de montagem na
Normalmente as máquinas ou
utilização; seção de desenhos de conjunto;
equipamentos possuem manuais
técnicos informando: a sua devida ▪▪ verificação da limpeza das ▪▪ na verificação da qualidade
utilização, o modo de instalação, peças; das peças novas ou recuperadas a
os circuitos elétricos, hidráulicos serem utilizadas, principalmente
▪▪ aplicação de uma fina cama- o dimensional;
e pneumáticos, fotos ou desenhos
da de óleo nas peças antes da
de peças e conjuntos, sequência ▪▪ na verificação da limpeza das
montagem;
de montagem, plano de lubrifica- peças e do local da montagem;
ção, plano de manutenção e espe-
▪▪ no exame de todas as peças
cificações técnicas. Seção 3 antes da montagem, verificando
Etapas para montagem suas posições nos conjuntos a
Pode acontecer, também – até de- serem montados;
mais da conta –, falta de manual
de conjuntos mecânicos
▪▪ na verificação de marcações
ou manual incompleto, de inter- ou referências que ajudem a loca-
Existem dois tipos de montagem
pretação difícil, escrito em língua lizar o lado correto das peças que
no ambiente industrial.
estrangeira, adverso à compreen- serão montadas, tendo o cuidado
são do operador ou mantenedor. 1. Montagem em série – Uti- de não inverter a posição da peça;
Muitas vezes isso acontece por se lizada nas indústrias em que
tratar de maquinário antigo ou por
▪▪ em efetuar teste de funcio-
ocorre a montagem seriada de namento dos subconjuntos e
falta de conhecimento do pessoal peças em conjuntos mecâni- conjuntos, de acordo com o
da área de compras das leis do co- cos. andamento da montagem, verifi-
mércio internacional que obriga
cando o perfeito funcionamento
o fabricante de qualquer máquina 2. Montagem não seriada – É
das partes.
ou equipamento a fornecer o ma- a montagem realizada na ban-
nual com todas as informações na cada, peça a peça, feita pelo
língua do comprador, isto na hora mantenedor. É a que vamos A nossa discussão, agora, tem
da compra do equipamento novo. abordar neste capítulo. como foco o estudo das ferra-
Falta então um pouco de cons- mentas e dos dispositivos para a
cientização e cobrança pelo com- execução da manutenção. Conti-
prador na hora da compra deste nue antenado!
item tão importante para o pesso-
al da manutenção e da produção.
Com os conjuntos mecânicos já

MANUTENÇÃO MECÂNICA 37
Unidade de
estudo 4
Seções de estudo

Seção 1 – Introdução
Seção 2 – Ferramentas de encaixe externo
Seção 3 – Ferramentas de encaixe interno
Seção 4 – Alicates
Seção 5 – Ferramentas especiais
Seção 6 – Recomendações finais
Ferramentas e Dispositivos para
Execução da Manutenção

O uso correto das ferramentas


Seção 1 assegura seu longo e perfeito fun-
Introdução DICA cionamento e também dos ele-
É importante você pedir ao mentos de fixação nos quais serão
Vimos até o momento alguns professor que mostre essas utilizadas.
conceitos básicos de manutenção ferramentas e que o deixe Modo adequado de utilização e
e também os diferentes tipos de praticar um pouco com al- armazenamento das ferramentas
manutenção que existem e que gumas delas a fim de se fa-
podem ser aplicados na empresa. miliarizar com seu manuseio ▪▪ Ao utilizar uma ferramenta
Além disso, vimos também que, e cuidados na sua utilização, de encaixe, deve-se observar se
dependendo da necessidade da conservação e guarda. realmente esta encaixou perfeita-
empresa, um sistema de manu- mente até o fundo e perpendicu-
tenção pode e deve inserir vários larmente ao parafuso.
tipos de manutenção em seu pla- ▪▪ Para facilitar a retirada de um
nejamento. parafuso, deve-se utilizar toda a
Seção 2 extensão da ferramenta a fim de
Outro fator importante que foi Ferramentas de encaixe aproveitar ao máximo o torque
que o cabo da ferramenta pode
abordado, e que veremos com externo produzir, sem o uso de prolon-
mais detalhes na unidade de estu-
do referente à construção de um gadores.
É comum na manutenção o uso
plano mestre de manutenção, é a de ferramentas para aperto e de- ▪▪ Toda ferramenta é produzida
necessidade de se realizar o plane- saperto. Normalmente utilizadas de acordo com sua utilização,
jamento detalhado do sistema de em porcas e parafusos, suas medi- não devendo o usuário utilizar
manutenção a ser implementado das são padronizadas. artifícios para prolongar o cabo a
na organização, que se refletirá de fim de aumentar a força (torque).
forma direta nos custos envolvi- Esse tipo de procedimento pode
dos na operação do processo. Observação – Todo parafuso acarretar danos às ferramentas, à
ou porca ao ser produzido peça e pôr em risco a segurança
segue uma norma internacio- do mecânico.
A partir de agora, antes de en-
nal de construção. Para tanto, ▪▪ Toda a ferramenta danificada
trar nos tipos de manutenção e
também as ferramentas se- deverá ser descartada, a fim de
de componentes de manutenção,
guem essa padronização.
devemos conhecer algumas das não provocar acidentes.
ferramentas mais utilizadas no ▪▪ É dever do mecânico, deixar a
desenvolvimento da manutenção. caixa de ferramentas limpa e or-
O bom mantenedor deve saber ganizada. Ao finalizar um serviço,
que para retirar ou colocar um deverá limpar suas ferramentas e
parafuso com medidas em pole- guardá-las.
gadas deverá utilizar uma ferra-
menta também com medidas em
polegadas, evitando com isso o
espanamento da cabeça do para-
fuso.

MANUTENÇÃO MECÂNICA 39
Tipos de ferramentas de encaixe externo Chave combinada
Combina a chave de boca fixa
Chave de boca fixa com a chave estrela. É a chave
ideal para o mecânico, pois a mes-
Tem como finalidade o aperto e o afrouxamento de parafusos e porcas
ma ferramenta propicia a rapidez
com geometria definida (perfil sextavado ou quadrado). Sua principal
do encaixe da chave de boca e a
característica é a rapidez com que é feito o encaixe. Não é aconselhado
segurança da chave estrela para
seu uso em locais em que é necessário um maior esforço.
situações que necessitem mais
força.

Figura 5 – Chave fixa


Fonte: Penteado (1997).

Chave estrela
Utilizada em porcas e parafusos que necessitam de um esforço maior
no aperto ou na retirada. Por ser totalmente fechada garante uma distri-
buição mais equilibrada da força envolvida, concentrando o esforço em
um ponto central. Muitas vezes é utilizada em conjunto com a chave de
boca, para dar o aperto final ou no começo da retirada. Apresenta uma
grande variedade de tipos e aplicações.

Figura 6 – Chave estrela


Fonte: Penteado (1997).

40 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Na linha profissional, em que se
encontram as máquinas elétricas
e pneumática, deve-se utilizar so-
quetes específicos para altas ro-
tações e impactos causados por
essas máquinas. Os soquetes de
impacto são os ideais para essas
situações por apresentarem uma
geometria perfeita (concentrici-
dade), que evitam vibrações, e
paredes reforçadas, que garantem
segurança contra os esforços tan-
genciais.

Figura 7 – Chave combinada


Fonte: Penteado (1997).

Chave de bater
Em situações que necessitem o emprego de mais força para a retirada
ou o aperto de porcas ou parafusos, deve-se utilizar equipamentos mais
robustos como as chaves de bater. Especialmente projetada para levar
pancadas na extremidade do cabo reforçado, esta chaves é usada em
conjunto com martelos ou marretas.

Figura 8 – Chave de bater


Fonte: Penteado (1997).

Soquetes
Vendidos separadamente ou em conjunto, se tornou uma ferramenta
muito versátil. Apresenta uma vasta lista de acessórios que a tornam prá-
tica, conforme a necessidade de profundidade, perfil, força, mobilidade
e encaixe. Adapta-se facilmente a máquinas elétricas ou pneumáticas e
manuais como, manivelas, prolongadores, torquímetros, catracas e jun-
tas universais.

MANUTENÇÃO MECÂNICA 41
Figura 9 – Soquetes, catracas e extensores
Fonte: Penteado (1997). Figura 11 – Chave de boca ajustável
Fonte: Penteado (1997).

Chave tipo biela Chave para tubos e canos


Também conhecida como chave L, pode ser maciça, com dois lados (Griff)
sextavados, ou com um lado com furo passante, permitindo a saída de
Como o próprio nome diz, é utili-
parafusos com comprimento maior. Muito utilizada em parafusos e por-
zada para aperto ou afrouxamen-
cas alojadas em rebaixos.
to de tubos de flanges em sistemas
hidráulicos. Conhecida também
pelo nome de chave Griff.
É uma ferramenta projetada para
realizar serviços em peças com
geometria circular, como tubula-
ções. Por esse motivo não deve-
mos utilizar essa ferramenta em
porcas ou parafusos com geome-
tria sextava ou quadrada.

Figura 10 – Chave tipo biela


Fonte: Ferramentas... (2010).

Chave de boca ajustável Figura 12 – Chave para tubos


A chave de boca de encaixe externo ajustável tem a boca ajustável con- Fonte: Ferramentas... (2010).
forme a medida da cabeça do parafuso ou da porca. É conhecida tam-
bém como chave inglesa. É fornecida em diversos tipos e tamanhos.

42 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Figura 14 – Chave Allen
Fonte: Ferramentas... (2010).

Figura 13 – Modo de utilização da chave para tubos


Fonte: Ferramentas... (2010).
Chave de fenda simples e
cruzada
Seção 3 A chave de fenda é geralmente
constituída de um cabo em uma
Ferramentas de encaixe interno extremidade de uma haste e na
outra extremidade uma ponta que
São utilizadas em parafusos que apresentam na cabeça ou no corpo do pode ser simples ou cruzada. É
parafuso encaixe específico para essas ferramentas. utilizada para aperto ou desaperto
de parafusos que não necessitem
Tipos de ferramentas para encaixe interno de muita força de aperto, como
parafusos de fenda simples ou
cruzada.
Chave hexagonal ou chave Allen
O tipo de chave Allen mais conhecido apresenta o perfil do corpo em
Cuidados com as chaves de fen-
L, o que possibilita o efeito de alavanca durante o aperto ou desaperto
das
de parafusos. É utilizada em parafusos com encaixe interno sextavado.
O encaixe deverá ser perfeito sem folga. Limpe bem o encaixe interno
do parafuso, retirando todo e qualquer tipo de sujeira. Uma chave mal ▪▪ Não utilizá-las como talhadei-
encaixada pode escapar e causar um acidente ao mantenedor. ra.
▪▪ A ponta da ferramenta deverá
Não se esqueça de que para parafuso com bitola em milímetros a chave ter o mesmo comprimento da
também deverá ser em milímetros. Exemplo: em parafusos M5, usar fenda da cabeça do parafuso.
uma chave 4 de mm. Em parafusos com bitola em polegadas, a chave ▪▪ Não esmerilhar a ponta da
também deverá ser em polegadas. Exemplo: em parafusos BSW 3/8”, chave de fenda para não haver
usar uma chave 1/4”. perda das propriedades mecâni-
cas do metal por aquecimento.
▪▪ Se houver a necessidade de
refazer a ponta da ferramenta
proceda conforme a seguinte
recomendação:

MANUTENÇÃO MECÂNICA 43
1. Refaça a geometria da ponta da ferramenta no esmeril. Essa geome-
tria deverá ter linhas retas formando um retângulo na ponta.
Seção 4
Alicates
2. Agora, você deverá fazer um tratamento térmico nessa ponta. Aque-
ça a ponta com um maçarico até que atinja a temperatura de 880 °C Ferramenta composta de dois bra-
(coloração vermelho-amarelada), mergulhe a ponta bruscamente no ços unidos por um pino forman-
óleo, resfriando-a. do uma articulação. Na extremi-
dade de cada braço encontram-se
3. A seguir, você deverá fazer o revenimento dessa têmpera. Se não for pontas apropriadas para segurar,
feito, a ponta torna-se quebradiça. Aqueça novamente a ponta até dobrar, cortar, etc.
uma temperatura de 300 °C (cor azulada). Deixe resfriar na tempera- Existem várias derivações desse
tura ambiente. modelo, abrangendo um amplo e
diversificado seguimento de fer-
ramentas para muitas operações
específicas.

Alicate universal
São os mais conhecidos e usados.
São encontrados no mercado em
vários tipos e variam principal-
mente no acabamento e no for-
mato da cabeça e dos braços, que
podem ser plastificados ou não.

Figura 15 – Chaves de fenda simples e cruzadas


Fonte: Ferramentas... (2010).

Chave tipo Torx


Chave parecida com a chave Allen, porém com as extremidades diferen-
tes. São utilizadas em parafusos tipo Torx.

Figura 16 – Extremidade da chave tipo Torx


Fonte: Ferramentas... (2010).

44 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Figura 19 – Alicate para anéis elásticos
Fonte: Ferramentas... (2010).
Figura 17 – Alicate universal
Fonte: Adaptado de Ferramentas... (2010).

Seção 5
Ferramentas especiais
Alicate de pressão
Ferramenta destinada a segurar/prender objetos, tem diversas formas
e utilizações como soltar parafusos com o sextavado espanado, segurar Torquímetro
chapas para unir com solda em trabalhos leves, sendo utilizada como Ferramenta utilizada para medir
uma morsa. o torque de aperto de parafusos
e porcas. Os fabricantes de con-
juntos mecânicos informam nos
manuais o torque de aperto dos
parafusos que necessitam de con-
trole na força de aperto de para-
fusos ou porcas de travamento.
Esse controle evita tensões e de-
formações das peças.

Existem no mercado diversos ti-


pos de torquímetros, com varia-
ções de tamanho, capacidade de
Figura 18 – Alicate de pressão medição, utilização e unidade de
Fonte: Ferramentas... (2010). medida. Normalmente os torquí-
metros vêm em três tipos de uni-
dades de medida: o newton metro
Alicates para anéis de segmento interno e externo (N.m), o quilograma-força metro
(kgf.m) e a libra-força polegada
Ferramenta utilizada na remoção e na colocação de anéis elásticos em (lbf.in).
eixos, segmento externo ou carcaças (exemplo: sede de rolamento), seg-
mento interno.

O mantenedor deverá ter muito cuidado ao utilizar esse alicate, pois du-
rante a operação de retirada ou colocação dos anéis elásticos vai tracio-
nar ou comprimir o anel, o qual poderá se soltar bruscamente, podendo
ocasionar um acidente ou a perda do anel.

MANUTENÇÃO MECÂNICA 45
Cuidados a serem tomados pelo usuário
▪▪ Nunca desapertar parafusos ou porcas com o torquímetro.
▪▪ Verificar antes de iniciar a operação se o torquímetro tem a capaci-
dade de medição.
▪▪ Evitar choques bruscos durante o uso.
▪▪ Depois do uso, guardar o equipamento limpo e em local protegido.

Figura 20 – Torquímetro de escala graduada


Fonte: Penteado (1997).

Figura 21 – Torquímetro com relógio


Fonte: Penteado (1997).

Figura 22 – Torquímetro de estalo


Fonte: Penteado (1997).

46 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Saca-polias ou extrator Cuidados especiais
São ferramentas utilizadas para ▪▪ Lembre-se de que a ferramen-
a desmontagem de polias, rodas ta é seu instrumento de trabalho.
dentadas, rolamentos, engrena- Mantenha-a sempre limpa e em
gens de eixos ou carcaças. Para perfeitas condições de uso.
cada tipo de operação existe um
tipo de sacador que pode ser in- ▪▪ Evite acidentes! Sempre que
terno ou externo. for usar uma ferramenta para
apertar ou soltar um parafuso
aplique a força sempre em sua
Os extratores podem ser defini- direção, nunca ao contrário.
dos como, mecânicos, hidráulicos
▪▪ Ferramentas danificadas de-
ou pela forma e disposição das
vem ser descartadas.
garras e utilização.

Com isso, concluímos mais uma


unidade de estudos. Prepare-se
agora para conhecer as técnicas
de recuperação de peças. Conti-
nue conosco!

Figura 23 – Saca-polias
Fonte: Ferramentas... (2010).

MANUTENÇÃO MECÂNICA 47
Unidade de
estudo 5
Seções de estudo

Seção 1 – Análise preliminar


Seção 2 – Recuperação de eixos
Seção 3 – Recuperação de mancais
Seção 4 – Recuperação de engrenagens
Seção 5 – Recuperação de roscas
Técnicas de Recuperação de
Peças

▪▪ Quinto: separar os elementos Com essas informações coletadas,


Seção 1 que serão aproveitados. que dizem respeito às caracterís-
Análise preliminar Depois dessa eliminação de fato- ticas de solicitações e do trabalho
res, com a relação das peças que executado, você pode dar conti-
Para a recuperação de peças ou serão recuperadas em mãos, é nuidade ao processo de recupera-
componentes de máquinas e equi- feita a recuperação, utilizando-se ção do eixo.
pamentos, é necessário que sejam processos específicos para cada A próxima etapa consiste em de-
utilizadas técnicas específicas para defeito apresentado. Veremos a terminar o material que será uti-
cada elemento. Porém, de maneira seguir os procedimentos adequa- lizado na recuperação e qual o
geral, antes de qualquer atuação, dos para cada tipo de defeito e sua processo, que poderá ser de duas
deve-se realizar uma análise deta- solução. Fique antenado! maneiras:
lhada do tipo de falha.
▪▪ usinando um eixo novo; ou
Antes de iniciar a desmontagem, Seção 2 ▪▪ recuperando o eixo danificado.
o mecânico deverá analisar com Recuperação de eixos
cuidado todo o conjunto mecâni-
co para que tenha certeza da real Eixos são elementos de apoio
necessidade da desmontagem do muito solicitados em um conjun-
conjunto. to mecânico, tanto estaticamente
como dinamicamente. Conhecer
a solicitação do eixo é a primeira
Essa decisão é muito impor- coisa a se fazer antes de sua re-
tante porque, sempre que cuperação, saber se ele é um eixo
possível, deve-se evitar a fixo que suporta uma carga gi-
desmontagem de um equipa- ratória ou se é um eixo giratório
mento. Os riscos de ocorrer com uma carga fixa.
uma regulagem inadequada
A seguir, veja as recomendações
após a remontagem são mui-
to grandes. que ajudarão na escolha do pro-
cesso mais adequado de recupera-
ção de um eixo danificado.
Fatores que podem influenciar as ▪▪ Verificação do emprego do
decisões a serem tomadas eixo, sua real utilização na má-
quina.
▪▪ Primeiro: efetuar uma análise
de todo conjunto. ▪▪ Verificar a RPM do eixo em
ordem de trabalho.
▪▪ Segundo: efetuar uma análise
individual de cada componente, ▪▪ Verificar se local onde ele se
verificando partes com desgastes. encontra é agressivo.
▪▪ Terceiro: verificar a procedên- ▪▪ Verificar se há lubrificação e se
cia das avarias. o sistema é eficiente.
▪▪ Quarto: verificar a gravidade
do desgaste das peças avariadas.

MANUTENÇÃO MECÂNICA 49
Usinando um eixo Modo de execução
Usinagem: Torneiro. novo ▪▪ Trinca ou quebra
▪▪ Localizar no eixo a trin-
ca, ou a quebra.
Nas empresas, esse processo é
Mecânico: Ajustador mecâ- feito, geralmente, pelo pessoal da ▪▪ Limpar a superfície
nico usinagem, terceirizado ou pelo retirando restos de tinta,
próprio mecânico. Para tanto, o óleo, água, qualquer tipo de
pessoal da manutenção tem de impureza que poderá con-
passar as informações necessárias taminar a solda interferindo
para a sua confecção. na sua qualidade.
▪▪ Preparar as juntas em
Inicialmente é feito um croqui eixos partidos, realizando
do eixo, contento suas medidas o chanfro e a limpeza do
originais e o tipo de material a material fadigado.
ser empregado, seguindo as es- ▪▪ Caso haja a necessidade
pecificações técnicas do projeto de inserção de um pino guia
da máquina. Normalmente, eixos no eixo partido, deverá ser
sofrem algum tipo de tratamento realizada uma pré-usinagem
térmico no processo de sua fabri- nas duas extremidades onde
cação, portanto, registre também serão colocados, com uma
essa informação no croqui, pois tolerância dimensional na
ele deverá ser usinado com um faixa de H7 e H6. Esse guia
sobremetal para permitir o pro- deverá ser feito com o mes-
cesso de acabamento após o tra- mo tipo de material do eixo
tamento térmico. ou de aço ABNT 1045.
▪▪ Realizar a goivagem no
local da trinca ou abrir um
pouco mais a largura da
Recuperando o eixo trinca com disco de corte
danificado e fazer um furo em cada
Após verificar a possibilidade de extremidade a fim de evitar
recuperação do eixo, que pode ser o prolongamento da trinca.
total ou parcial, dependendo do ▪▪ O processo de soldagem
defeito, utilizam-se basicamente mais adequado para a solda
dois tipos ou formas de recupe- de manutenção é o elétri-
ração: co com uso de eletrodo
revestido.
▪▪ Escolher o metal de
▪▪ por soldagem; ou
adição, levando em consi-
▪▪ por deposição metálica. deração que ele deverá ter
elevada resistência mecânica
e que o metal base (eletro-
Recuperação de eixo pelo do) deverá ter características
processo de soldagem superiores às do eixo.
Inicialmente verifica-se o tipo de ▪▪ Preparar um dispositi-
solda que será feito. Por exemplo, vo pelo qual o eixo possa
se for uma trinca (rachadura), ou girar durante o processo de
quebra, ou se for um preenchi- soldagem. Obs.: depois de
mento em área desgastada. ponteados.

50 CURSOS TÉCNICOS SENAI


▪▪ Efetuar a solda. A solda ▪▪ Efetuar o tratamento No processo que utiliza a eletró-
deverá ser realizada por térmico quando necessário, lise, a superfície deve ser usinada
profissionais da área da pela especificação técnica da antes de ser submetida ao pro-
soldagem. Por se tratar de peça. Exemplo: normatiza- cesso, de acordo com a espessura
uma peça que necessita de ção, cementação, têmpera, da camada a ser depositada, com
responsabilidade técnica, o revenimento. acabamento perfeito. Exemplo de
soldador deverá ser qualifi- aplicação: cromagem.
cado. A recuperação por deposição a
▪▪ Fazer a limpeza da área Recuperação de eixos por frio, sem a utilização de fonte de
soldada. deposição metálica calor, dá-se através da reação da
▪▪ Realizar a usinagem efe- massa metálica com o reagente
tuando o dimensionamento que endurece a mistura. Por ser
Processo de metalização
da peça. aplicada manualmente, após a
Trata-se de um processo pelo qual aplicação,deverá ser submetida ao
▪▪ Efetuar as medições, um material, que pode ser metá- processo de usinagem, para regu-
conferindo-as com as espe- lico, polimérico ou cerâmico, é larizar a superfície e o dimensio-
cificações técnicas forneci- depositado sob a peça na forma namento da peça.
das pelo fabricante. fundida ou semifundida com a
Informações que devem ser leva- utilização de uma fonte de calor
das em consideração no processo ou sem a adição de temperatura. Seção 3
de recuperação de eixos pelo pro- É o revestimento dado à superfí-
cesso de soldagem. cie da peça com o intuito de pre- Recuperação de
▪▪ Efetuar a montagem,
enchimento de áreas desgastadas mancais
ou de propiciar uma proteção su-
observando a concentricida-
perficial a mais na peça. Essa de- A recuperação de mancais de des-
de do eixo.
posição pode ser classificada em: lizamento se caracteriza pelo em-
▪▪ Dependendo do material buchamento da área que está em
base, deverá ser feito um ▪▪ deposição metálica a quente;
contato com o eixo.
pré-aquecimento. ▪▪ deposição metálica a frio;
▪▪ Ao efetuar a solda, o ▪▪ deposição metálica por eletró- Basicamente são realizadas as se-
soldador deverá controlar lise. guintes operações:
a temperatura da peça, a
fim de evitar o superaque- As deposições metálicas a quente
cimento que provocará e por eletrólise necessitam geral-
deformações pelo aumento mente de equipamentos especiais.
das áreas com concentra- A deposição a frio tem sua aplica-
ção de tensões na estrutura ção manual, feita geralmente com
molecular do aço. espátula. Em todas as ocasiões, é
▪▪ Após a solda, a peça necessária uma preparação da su-
deverá esfriar lentamente, perfície a ser recuperada.
a fim de aliviar as tensões, No processo por deposição a
evitando o choque térmico. quente, o mais utilizado é o pro-
▪▪ Caso haja empenamento cesso Chama-Pó que consiste na
da peça, não é aconselhado utilização de uma chama oxiace-
o seu endireitamento em tilênica e da injeção de ar compri-
prensas, pois aumentará mido, em que o pó metálico, ce-
consideravelmente as áreas râmico ou polimérico é projetado
com concentração de ten- sobre a superfície da peça. Para
sões, fragilizando a estrutu- esse processo é necessário que a
ra molecular da peça. superfície da peça esteja livre de
impurezas, óleos e que seja pré-
usinada com acabamento adequa-
do.

MANUTENÇÃO MECÂNICA 51
Casquilho: Material anti- ▪▪ colocação do casquilho; da engrenagem exigindo cuidado
fricção com espessura fina. ▪▪ colocação de buchas, que principalmente no dimensional.
podem ser bipartidas, com canais
de lubrificação e geralmente são
peças de reposição;
DICA
▪▪ na maioria das vezes a manu-
Verifique cuidadosamente,
tenção consiste em trocar os ele- observando se não há fa-
mentos deteriorados por novos. lhas no engrenamento da
▪▪ em casos específicos, a recu- engrenagem recuperada
peração poderá ser feita com a com as outras do conjunto
utilização do rasquete, ferramenta mecânico. Faça os ajustes
necessários até obter um
manual de acabamento que tem a
engrenamento suave sem in-
finalidade de diminuir a rugosida-
terferências.
de superficial da peça.

Seção 4
Recuperação de engre- Seção 5
nagens Recuperação de roscas
A recuperação de engrenagens só As roscas são amplamente utiliza-
é recomendada em casos especiais das nas máquinas e equipamentos
de quebra de dentes: industriais como elementos de fi-
xação e de transmissão. Por esse
alto emprego, é normal nos de-
▪▪ quando a construção de uma pararmos com problemas nesses
nova não for viável; elementos.
▪▪ quando a falha apresentada for
pequena e de fácil recuperação; Os mais comuns são o espana-
▪▪ em situações em que a RPM mento e a quebra por cisalha-
for baixa, não exigindo muito da mento.
engrenagem;
▪▪ em cremalheiras. Na quebra do parafuso por cisa-
lhamento, as possibilidades e so-
Para evitar danos maiores ao con- luções são as seguintes:
junto, é aconselhável trocar as en-
grenagens quebradas ou desgasta-
das por novas. ▪▪ caso a quebra seja acima da
linha da superfície da peça, verifi-
car a possibilidade de soldar uma
Há casos, porém, por exemplo, de extensão na parte quebrada ou
dentes quebrados, que a recupe- cortar uma fenda na extremidade
ração pode ser feita por enxertia superior;
de um novo dente pelo processo
de soldagem. Nesse caso deve-se ▪▪ caso a quebra seja rente à su-
ter cuidado com o acúmulo de perfície da peça, há três maneiras
tensão no local da solda o que po- mais comuns de efetuarmos a
derá ocasionar uma nova quebra. retirada da parte quebrada.
A usinagem do novo dente tem
de ser idêntica à de outros dentes 1. Utilizando um punção de bico.
Fazer uma marcação na extre-

52 CURSOS TÉCNICOS SENAI


midade do parafuso quebrado, batendo com um martelo, inclinando- Ao se deparar com uma rosca in-
o na direção do sentido de retirada do parafuso. terna espanada, o mecânico tem
as seguintes possibilidades de efe-
2. Com o auxílio de uma furadeira de bancada. Realizar um furo, ini- tuar o reparo:
cialmente com uma broca de centro, exatamente no centro do que
sobrou do parafuso quebrado. Posteriormente realizar a furação com
a broca com o diâmetro recomendado, para a confecção da rosca 1. caso seja possível, cortar ou-
original. Depois dessa operação deve-se passar o macho novamente tra rosca com uma bitola acima
para limpar a rosca definitivamente. da espanada. Exemplo: um M4
espanado cortar um M5 em
3. Com a utilização de extratores apropriados para isso. Modo de uti- cima.
lização (figura 24): primeiro realiza-se um furo de diâmetro menor
que o diâmetro da rosca, de preferência a metade do seu diâmetro. 2. alargar o furo da rosca espana-
Introduzir nesse furo o extrator girando-o no sentido de retirada do da e colocar nele um pino com
parafuso quebrado. Por possuir rosca especial, à esquerda, força a rosca travando com solda ou
retirada do parafuso quebrado. Esses extratores geralmente são ven- chaveta. Furar e cortar a rosca
didos em estojos com diversos diâmetros. na medida original.

3. o mais recomendável, porém


é a utilização de insertos, que
substituem a rosca original. In-
sertos mais conhecido são:

▪▪ KELOX – Bucha roscada pro-


vida de dois rasgos com chaveta,
próprios para o travamento da
rosca externa. (Figura 25)

Figura 24 – Extrator de parafusos danificados


Fonte: Penteado (1997). ▪▪ HELI-COIL – Trata-se de
uma espiral de arame com alta
resistência mecânica, com forma
romboidal (como uma rosca).
Nesse caso, é necessário o uso
de um macho especial para esse
inserto e uma ferramenta especial
para colocá-lo no furo roscado.

Estamos caminhando para o final


desta unidade curricular. Mas não
pense que acabou! Ainda há mui-
tas descobertas pela frente.

Figura 25 – Utilização do Kelox


Fonte: Penteado (1997).
MANUTENÇÃO MECÂNICA 53
Unidade de
estudo 6
Seções de estudo

Seção 1 – Manutenção em sistemas


hidráulicos
Seção 2 – Manutenção de sistemas
pneumáticos
Manutenção de Sistemas
Hidráulicos e Pneumáticos

Esta unidade é dividida em duas ▪▪ navios; d. O óleo que está no sistema,


partes distintas. Primeiramente, ▪▪ aviões; agora se encontra com pressão
estudaremos os fundamentos da e baixa vazão, passando pelas
manutenção em sistemas hidráu- ▪▪ motoniveladoras; válvulas direcionais, que, por
licos e, na sequência, falaremos da ▪▪ basculantes, etc. sua vez, comandarão o avanço
manutenção em sistemas pneu- dos atuadores e também o seu
máticos. retorno.
Aqui serão tratadas informações Circuito de trabalho in-
específicas sobre como devem
funcionar e quais os procedimen-
dustrial hidráulico
tos mais indicados para se realizar Um circuito hidráulico é compos-
a manutenção de tais sistemas. to geralmente de:

Seção 1 ▪▪ reservatório;
Manutenção de siste- ▪▪ bomba;
mas hidráulicos ▪▪ válvula de alívio;
▪▪ válvula de controle de vazão;
No estudo de sistemas hidráulicos ▪▪ válvula direcional;
e, para fins didáticos, considerare-
mos que a hidráulica divide-se em
▪▪ atuadores lineares ou rotativos.
dois ramos.
Seu funcionamento obedece à se-
A hidráulica industrial, que com-
guinte sequência básica.
preende máquinas e sistemas hi-
dráulicos utilizados nas indústrias,
tais como:
a. O óleo que está no reserva-
tório é succionado por uma
▪▪ máquinas injetoras; bomba que o injeta no sistema.
▪▪ prensas; b. Ao entrar no sistema, sofre
▪▪ retíficas; uma redução de vazão o que
▪▪ fresas; resulta no aumento da pressão.
▪▪ tornos, etc. c. Quando esse óleo atinge deter-
E a hidráulica móbil que trabalha minada pressão, entra em ação
com os mecanismos hidráulicos a válvula de alívio, também
existentes nos sistemas de trans- conhecida como válvula de se-
portes e de cargas como: gurança, que transfere para o
▪▪ caminhões; reservatório o óleo excedente,
deixando o sistema protegido
▪▪ automóveis;
de sobrecargas.
▪▪ locomotivas;

MANUTENÇÃO MECÂNICA 55
Autoimplodindo: Efeito die-
sel.

Figura 26 – Sistema hidráulico


Fonte: Penteado (1997).

Manutenção de circuitos hidráulicos


O princípio da manutenção de sistemas hidráulicos passa basicamente
pelos seguintes procedimentos:

▪▪ verificar e analisar através do manual de instalação ou no próprio


local o funcionamento do circuito;
▪▪ ouvir o sistema trabalhando;
▪▪ verificar a pressão de trabalho nos manômetros;
▪▪ analisar todas as válvulas, verificando seu estado e funcionamento;
▪▪ acompanhar toda a tubulação verificando a presença de vazamentos;
▪▪ no reservatório de óleo, verificar a presença de impurezas ou partí-
culas que possam denunciar uma falha.

Principais defeitos que podem ocorrer

Cavitação
Cavitação é a formação temporária de espaços vazios ou bolhas no inte-
rior da tubulação. Ocorre devido à queda de pressão no circuito e a sua
retomada. Esses vazios ou bolhas provocam a vaporização do óleo que,
em alta pressão, se desfazem rapidamente se autoimplodindo.

Essas microexplosões provocam desgastes em toda a superfície interna


da tubulação e, principalmente, nas bombas. Tem como característica

56 CURSOS TÉCNICOS SENAI


principal o estalo metálico, pare- Cuidados na instalação de Para sua utilização, é preciso estar
cido com o da pipoca estourando bombas em circuitos hidráu- atento a certas situações. Entre
na panela. licos elas, podemos destacar:

Em todo equipamento elétrico ou


Possíveis pontos formadores da mecânico devem-se tomar medi- ▪▪ não misturar dois fluidos de
cavitação: das e cuidados antes de sua ins- marcas diferentes, pois pode ha-
talação. Com as bombas não é di- ver uma reação entre os aditivos
ferente, pois requerem uma série deteriorando-os;
▪▪ reservatório; verificar filtros,
de cuidados que irão garantir uma ▪▪ limpar todo o sistema na
respiros e limpeza.
vida útil mais longa. troca de óleo;
▪▪ óleo; viscosidade recomenda- Para isso acontecer, devemos ali-
da pelo fabricante da máquina. ▪▪ verificar a validade do óleo e
nhar corretamente o eixo do mo-
realizar as trocas periódicas;
▪▪ dimensionamento incorreto da tor de acionamento da bomba em
tubulação. relação à bomba em si, destacan- ▪▪ caso a máquina fique parada
do que esse alinhamento deverá por mais de dois meses, é reco-
▪▪ bomba desgastada, fornecen-
ser feito em todas as direções, no mendável trocar o fluido hidráuli-
do pressão abaixo da especificada
sentido axial, radial e angular. Dê co do reservatório;
pelo fabricante.
preferência no uso de acoplamen- ▪▪ usar vasilhames limpos e com
tos flexíveis que ajudam a corrigir boa vedação para guardar os
Aeração erros de alinhamento, diminuindo óleos;
as vibrações. ▪▪ os reservatórios devem ficar
Esse fenômeno é muito similar ao
da cavitação, assim como os seus bem fechados;
efeitos. Sua detecção se dá pelo ▪▪ para determinar com precisão
ruído metálico muito elevado. Sua É fundamental o alinhamento a real condição de um óleo, deve-
causa, no entanto, é bem distinta de eixos, evitando ao máximo se retirar uma pequena amostra
em relação à cavitação, pois ocor- a ocorrência de vibrações no
do óleo e enviá-la ao laboratório
sistema e, portanto, a quebra
re em razão da entrada de ar na para realizar os testes necessários;
prematura. Existem no mer-
linha de sucção, bem diferente da cado diversos equipamentos ▪▪ separar o óleo da água ab-
cavitação que ocorre por causa da que auxiliam o mecânico na sorvida pelo ar no reservatório,
evaporação. tarefa de alinhamento de ei- através do uso de aditivos e da
xos. drenagem;
Possíveis pontos formadores da ▪▪ manter sempre limpos os
aeração: filtros.
Verificar com cuidado o sentido
▪▪ vedações ineficientes nas liga-
de rotação da bomba. Geralmen-
ções dos componentes da linha
te uma flecha impressa na carcaça
de sucção; Para a sua utilização, porém, o
da bomba indica o sentido corre-
▪▪ falta de óleo no reservatório; to da rotação, pois sua instalação óleo hidráulico exige a instalação-
incorreta acarretaria na sua inuti- de filtros na linha de sucção e de
▪▪ retorno do óleo ao reserva-
lização pelo aquecimento gerado retorno.
tório, formando bolhas de ar no
óleo. por falta de óleo.

Defeitos em atuadores hi-


Cuidados com o óleo hidráu- dráulicos
Principais defeitos em lico Os atuadores hidráulicos são re-
equipamentos do sistema presentados por dois grandes
O óleo hidráulico apresenta diver-
hidráulico grupos de equipamentos ou com-
sas propriedades mecânicas e ter-
modinâmicas importantes para o ponentes: motores hidráulicos e
funcionamento do sistema. cilindros lineares.

MANUTENÇÃO MECÂNICA 57
Sua manutenção consiste em:
Eixo: Carretel.
Seção 2
Manutenção de
▪▪ substituir o motor, se apresen-
tar desgaste e falta de potência;
sistemas pneumáticos
▪▪ trocar as vedações caso haja A pneumática contribui com as
vazamentos. atividades desenvolvidas pelo ho-
mem, reduzindo o emprego da
força física e propiciando a obten-
Defeitos em cilindros hidráu- ção de bens em grandes quantida-
licos des. Ela substitui o trabalho hu-
Basta trocar as guarnições (veda- mano repetitivo e cansativo nos
ções) e conexões avariadas. processos industriais. Além disso,
outra vantagem da pneumática é
que ela pode atuar quando outros
tipos de energia são desvantajo-
Defeitos em válvulas hidráu-
sos.
licas
Nas válvulas direcionais, é co-
O elemento utilizado para a gera-
mum a apresentação de engripa-
ção de força nos sistemas pneu-
mento do eixo por acúmulo de
máticos é o ar atmosférico. A
sujeira ou quebra do setor de acio-
energia utilizada nas redes de dis-
namento, por fadiga ou acúmulo
tribuição é proveniente do arma-
de resíduos.
zenamento e da compressão do
ar, por meio dos compressores.
Nas válvulas de bloqueio, os de-
feitos mais comum são a sede da
válvula gasta e o óleo contamina- Manutenção em com-
do com impurezas, que também pressores
afetam seu perfeito funcionamen-
to. ▪▪ Compressores de pistão
– Nesse tipo de compressor
são fundamentais os seguintes
Os principais defeitos apresenta- cuidados:
dos pelas válvulas estão relaciona-
dos com:
▪▪ manter os filtros de suc-
ção limpos e respeitar a data
▪▪ óleo contaminado com água da troca;
ou sujeira; ▪▪ verificar se os sistemas
▪▪ guarnições desgastadas; de eliminação de água estão
▪▪ fadiga das molas; atuando;
▪▪ desgaste das sedes de assenta- ▪▪ manter o nível de óleo
mento. sempre completo;
▪▪ verificar o sistema de
arrefecimento e completar
nível de água;
▪▪ evitar vazamentos nas
conexões;
▪▪ eliminar folgas excessivas
nas correias;

58 CURSOS TÉCNICOS SENAI


▪▪ verificar sempre se a ▪▪ a realização da drenagem da ▪▪ Válvula de pressão (segu-
válvula de segurança está água diariamente ou de hora em rança) – Sua manutenção é mui-
funcionando. Essa válvu- hora, conforme o ambiente em to importante para a segurança
la libera o ar quando este que a rede capta o ar exterior das instalações, por isso, deve ser
atinge uma pressão prede- (por exemplo, quando em am- feito um plano de manutenção
terminada. bientes próximos a rios ou muito semestral para realizar a manu-
próximos ao nível do mar, o ar tenção preventiva, envolvendo a
tende a ser mais úmido, ou seja, limpeza e a troca das guarnições
▪▪ Compressores de parafuso –
ter uma umidade relativa maior); e da mola de retenção.
Por apresentarem poucas peças
móveis, quase não há manuten- ▪▪ a análise para verificar se está
ção a ser feita, apenas certos cui- tudo em ordem no conjunto Chegamos à última unidade de es-
dados na instalação. Piso nivelado filtro, regulador e lubrificador, de tudos desta unidade curricular, na
e instalação distante da parede já instalação obrigatória na entrada qual estudaremos sobre os lubrifi-
são suficientes para uma longa de todas as máquinas pneumáti- cantes. Prossiga!
vida útil. cas.

▪▪ Compressores centrífugos
radiais e axiais – Esses com- Manutenção em atua-
pressores trabalham sempre em dores pneumáticos
altas rotações, por esse motivo é
necessário um plano de manu- Para efetuar essa manutenção, o
tenção bem definido que con- mecânico deverá ter em mãos o
temple as seguintes tarefas: catálogo técnico do fabricante
do atuador, pois é nos catálogos
que o mantenedor encontrará as
▪▪ limpezas periódicas; informações necessárias para a re-
▪▪ manutenção preditiva em cuperação da peça.
rolamentos;
▪▪ limpeza dos filtros e sua
troca no período determina-
Manutenções em vál-
do pelo fornecedor;
vulas de controle pneumá-
▪▪ ao se deparar com
tico
barulho e ruídos anormais,
recomenda-se a parada ime-
diata do compressor.
▪▪ Válvulas direcionais – Sua
manutenção consiste em uma
boa limpeza, troca de vedações e
Manutenção da rede guarnições e lubrificação.
de ar comprimido ▪▪ Válvulas de bloqueio – Sua
manutenção consiste em uma
A manutenção da rede de ar com-
boa limpeza, troca de vedações e
primido deve estar inserida no
guarnições e lubrificação.
plano de verificação diária dos sis-
temas existentes de manutenção. ▪▪ Válvulas de controle de
Essas atividades devem incluir: fluxo – O defeito mais comum é
a não vedação da sede de fecha-
mento e das guarnições.
▪▪ a verificação das conexões
para localizar possíveis vazamen-
tos;

MANUTENÇÃO MECÂNICA 59
Unidade de
estudo 7
Seções de estudo

Seção 1 – Conceito
Seção 2 – Tipos de lubrificantes
Seção 3 – Lubrificantes líquidos (óleos)
Seção 4 – Lubrificantes pastosos (gra-
xas)
Seção 5 – Lubrificantes sólidos e gaso-
sos
Seção 6 – Aditivos
Seção 7 – Sistemas de lubrificação
Seção 8 – Generalidades
Lubrificantes

Seção 1
Conceito
Antes de falarmos sobre o con- uma película entre as duas
ceito de lubrificação, é convenien- superfícies, movendo-se na Redução da temperatura:
te fazermos a seguinte pergunta: mesma direção com veloci- Lubrificante também refri-
qual é a função da lubrificação? dade diferente. gera.
Redução do atrito é a resposta
correta. Então falaremos um pou- Os principais efeitos do atrito são
co sobre esse item pelo qual se o aumento da temperatura e o
fundamenta a lubrificação. desgaste.
Para minimizar esses efeitos, se
faz necessário o uso de lubrifican-
Atrito
tes.
O atrito é a força contrária a
um movimento. Sempre ocorrer
quando uma superfície se movi- Lubrificação
menta em relação à outra. Esse Ato ou efeito de introduzir uma
atrito pode ser sólido ou fluido, substância, que pode ser líquida,
dependendo da superfície de con- pastosa ou sólida, entre super-
tado. fícies sólidas, em contato e com
▪▪ Atrito sólido – Ocorre movimento relativo entre si.
quando as duas superfícies em Essa substância normalmente é
contato são sólidas, tendo como um óleo, uma graxa ou um lubrifi-
principal causa a rugosidade das cante sólido ou gasoso que impe-
superfícies. de o contato direto entre as super-
Tipos de atritos sólidos: fícies, substituindo o atrito sólido
pelo atrito fluido e reduzindo o
▪▪ atrito de deslizamen- desgaste das superfícies.
to: ocorre quando uma
superfície se movimenta
diretamente sobre outra Os principais objetivos da lubrifi-
superfície. cação são:
▪▪ atrito de rolamento:
ocorre quando são colo- ▪▪ redução do atrito entre as
cadas peças cilíndricas ou superfícies;
esféricas entre duas super-
fícies em movimento, dimi- ▪▪ menor dissipação de energia
nuindo a área de contato e, na forma de calor;
consequentemente, dimi- ▪▪ redução da temperatura;
nuindo o atrito. ▪▪ redução da corrosão;
▪▪ atrito fluido: ocorre ▪▪ redução de vibrações e ruídos;
quando se introduz um
fluido entre duas superfícies
▪▪ redução do desgaste.
deslizantes. O fluido forma

MANUTENÇÃO MECÂNICA 61
Formas básicas de lubrificação
Seção 3
Lubrificantes líquidos
▪▪ Hidrodinâmica – É a forma pela qual somente ocorre o atrito
fluido, na qual um filme de fluido se desenvolve entre as superfícies,
(óleos)
separando-as completamente.
Os lubrificantes líquidos são os
▪▪ Hidrostática – Nessa forma, o óleo é injetado com pressão entre mais empregados por penetrarem
as superfícies com a finalidade de separá-las. Esse tipo é necessário entre as superfícies móveis com
quando as cargas aplicadas são elevadas. maior facilidade, pela ação hi-
▪▪ Limítrofe – É a condição de lubrificação mais difícil de ser satis- dráulica, mantendo as superfícies
feita, sendo o atrito decorrente minimizado apenas por alguns tipos separadas e atuando como remo-
de aditivos. É aquela na qual as cargas são muito elevadas, e baixas vedor de calor. Vejamos alguns ti-
velocidades ou operações intermitentes impedem a formação de uma pos de lubrificantes líquidos.
película fluida entre as superfícies.
▪▪ Elastoidrodinâmica – É a forma de lubrificação pela qual a pe- Óleos minerais
lícula de fluido é formada entre superfícies com elevada elasticidade
através da cooperação entre a deformação elástica das superfícies sob São os mais empregados, obtidos
carga e o aumento da viscosidade do lubrificante com a pressão. a partir do petróleo e, portanto,
recebem as propriedades relacio-
nadas com o óleo cru que lhe deu
Seção 2 origem e do processo de refino
Tipos de lubrificantes que é submetido.

As mais variadas substâncias são utilizadas como lubrificantes. Para tan- Na sua maioria são compostos,
to, são classificados conforme seu estado físico. fundamentalmente, de carbono
e hidrogênio, sob forma de hi-
drocarbonetos. Dependendo das
Classificação dos lubrificantes ligações atômicas desses compos-
tos os óleos se dividem em dois
▪▪ gasosos – Ar ou outro tipo de gás inerte;
tipos: com base naftênicas e com
▪▪ líquidos – Óleos em geral; base parafínicas.
▪▪ semissólidos – Graxas;
▪▪ sólido – Grafite, talco, mica, etc. Esses dois tipos de base apre-
sentam propriedades peculiares a
Os mais utilizados são os líquidos e semissólidos, ou seja, os óleos e as cada tipo, o que os indicam para
graxas, respectivamente. determinadas aplicações. Não é
correto afirmar que um óleo com
base naftênica é melhor ou pior
que o com base parafínica. Veja a
seguir o quadro de características
de cada um.

62 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Óleos com base
Óleos com base
CARACTERÍSTICAS
NAFTÊNICA PARAFÍNICA
GRANDE Emulsibilidade PEQUENO
BAIXO Índice de Viscosidade ALTO
BAIXO Ponto de Fluidez ALTO
PEQUENO Resíduo de Carbono GRANDE
PEQUENA Resistência à Oxidação GRANDE
GRANDE Oleosidade PEQUENA
Quadro 2 – Características dos óleos naftênicos e dos óleos parafínicos.

Esses óleos básicos parafínicos, naftênicos ou mistos são convenien- jato, óleos hidráulicos especiais,
temente misturados com aditivos ou óleos graxos e demais elementos etc.
lubrificantes a fim de proporcionar um lubrificante adequado para as ▪▪ os ésteres de organofosfa-
mais variadas finalidades. to – Alto poder lubrificante, não
é inflamável, baixa volatilização,
boa resistência à oxidação, sua
Óleos graxos
estabilidade só é satisfatória até
São os óleos de origem orgânica, vegetal ou animal. Foram os primei- os 150°C. Emprego: fluidos hi-
ros lubrificantes utilizados pelo homem. Hoje, na indústria moderna são dráulicos e lubrificantes de baixa
pouco utilizados, substituídos quase na sua maioria por óleos minerais temperatura.
por não sofrerem hidrólise nem se tornarem ácidos ou corrosivos com ▪▪ os ésteres de silicato – Boa
o passar do tempo. Têm como principal vantagem a sua capacidade de relação viscosidade e tempera-
aderência nas superfícies. Sua principal desvantagem é a sua baixa resis- tura, uma das melhores entre os
tência à oxidação, tornando-se rançosos com o passar do tempo. óleos sintéticos, baixa volatiliza-
ção. Deixa a desejar, porém, na
Óleos compostos sua estabilidade térmica e hidro-
lítica. Quando contaminado com
São óleos compostos, na sua maioria, por óleos minerais e óleos graxos. água, os silicatos se decompõe,
Geralmente essa mistura se dá na ordem de 3% a 30% de óleo graxo formando depósitos abrasivos de
misturado ao óleo mineral. Tem como objetivo conferir ao lubrificante sílica. Emprego: fluidos hidráu-
maior facilidade de emulsão em presença de vapor de água e em locais licos de alta temperatura, fluidos
sujeitos a um grande esforço ou carga. de transferência de calor e em
graxas especiais.
Óleos sintéticos ▪▪ os silicones – Volatilidade
baixa, alta resistência à oxidação,
Devido às necessidades industriais e às elevadas exigências dos equipa- boa estabilidade térmica e hidro-
mentos militares, houve a necessidade de se criarem lubrificantes cada lítica, mínima variação da viscosi-
vez mais aptos a suportar as mais severas e adversas condições possíveis. dade com a temperatura. Empre-
Essas necessidades forçaram a indústria química a criar ou melhorar cer- go: locais onde a temperatura não
tas substâncias lubrificantes, conhecidas como produtos sintéticos. pode influenciar na viscosidade
do lubrificante.
Os óleos sintéticos são classificados geralmente em cinco grupos, que ▪▪ os compostos de ésteres de
são: poliglicol – Excelente relação
viscosidade-temperatura, estabi-
lidade térmica, baixa volatilidade,
▪▪ os ésteres de ácido dibásico – Alto poder de lubrificação, compa- resistência à inflamação e alto po-
rado aos melhores lubrificantes minerais, estabilidade térmica e resis- der lubrificante, pouca resistên-
tência à oxidação; tem grande efeito solvente, principalmente sobre cia à oxidação, porém pode ser
vernizes, plásticos e borrachas. Emprego: lubrificação de motores a melhorado com aditivo antioxi-

MANUTENÇÃO MECÂNICA 63
Viscosidade: Viscoso. dante. Emprego: lubrificante em ▪▪ Índice de Viscosidade – É a
diversas aplicações e como fluido relação entre a viscosidade de um
hidráulico. óleo e a temperatura, em valores
numéricos.
Propriedades dos óle- ▪▪ Ponto de Fluidez – Também
Tempo: Segundos. chamado de ponto de congela-
os
mento ou ponto de gota, é mar-
▪▪ Viscosidade – Fundamental cado pela temperatura mínima da
na lubrificação hidrodinâmica. A fluidez.
viscosidade de um fluido é o va- ▪▪ Ponto de Fulgor – É a me-
lor de sua resistência ao cisalha- nor temperatura pela qual há um
mento. Faz-se presente através da desprendimento de vapor e este
interação molecular do fluido. se inflama, momentaneamente,
formando um lampejo. Através
Popularmente, a viscosidade é o desse teste é possível avaliar até
campo do lubrificante. Um óleo que temperatura o óleo poderá
com grande viscosidade tem di- trabalhar.
ficuldade de fluir, já um óleo com ▪▪ Densidade – O valor da
baixa viscosidade, é fino, fluindo densidade como fator de especifi-
facilmente. cação de um lubrificante é muito
reduzido. Normalmente é medida
Podemos então garantir que a pelo grau API.
viscosidade de um óleo é inversa- ▪▪ Ponto de Combustão – Tem-
mente proporcional à sua fluidez. peratura mínima pela qual o óleo
Geralmente é medida com apare- se sustenta sem iniciar a queima.
lhos chamados de viscosímetros e
é expressa em relação ao tempo
no escoamento que se dá através Seção 4
de um tubo metálico específico. Lubrificantes pastosos
(graxas)
Principais fatores para a escolha
do óleo lubrificante em relação à Esse tipo de lubrificante compre-
viscosidade ende as graxas e as composições
betuminosas.
▪▪ Velocidade – Quanto maior
a velocidade, menor deve ser a Composições betumi-
viscosidade. nosas
▪▪ Pressão – Quanto maior for
São lubrificantes de elevada resis-
a carga, maior deve ser o grau de
tência e aderência feitos à base de
viscosidade.
óleos minerais misturados com
▪▪ Temperatura – Quanto maior asfalto. Necessitam de aqueci-
a temperatura, maior deve ser a mento prévio para serem aplica-
viscosidade. dos ou diluídos em solventes não
▪▪ Folgas – Quanto menor a fol- inflamáveis. Exemplo de empre-
ga, menor deve ser a viscosidade. go: em engrenagens expostas e
▪▪ Acabamento – Quanto maior em cabos de aço.
o acabamento das peças, menor
pode ser a viscosidade do óleo
lubrificante.

64 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Graxas ▪▪ de ADESIVIDADE: que de-
termina a capacidade de aderên-
São compostos pastosos à temperatura ambiente, que proporcionam, cia da graxa;
porém, uma lubrificação fluida. São compostas, basicamente, por óleo ▪▪ do PONTO DE FUSÃO
mineral (65% a 90%), sabão (10% a 35%) e agentes estabilizantes, como OU GOTEJO: que é a tempera-
ácidos graxos, glicerina e água. tura na qual a graxa passa para o
Dependendo do sabão empregado na mistura, alguns aspectos da graxa estado líquido.
podem variar, como:
▪▪ a textura: fibrosa, untuosa ou amanteigada; Precauções na utiliza-
▪▪ a propriedade adesiva; ção
▪▪ a resistência ao calor; Caso a temperatura de trabalho
▪▪ a resistência à água. seja alta, os períodos de renova-
ção e troca das graxas devem ser
Em relação ao óleo empregado na mistura: mais curtos.
É conveniente remover a graxa
▪▪ a viscosidade do óleo básico; fator predominante na formação da velha na hora da relubrificação.
película lubrificante;
Nunca preencha todo o espaço
▪▪ a cor da graxa; cabe aqui esclarecer que a cor da graxa não influi no com graxa, no máximo até a me-
seu desempenho. tade.
Seu emprego é dado principalmente pela facilidade da aplicação, por sua
retenção no local de aplicação e em locais onde o fluido líquido prova-
velmente escaparia.
Seção 5
À base de:
Qualidades
Recomendações: Lubrificantes sólidos e
recomendadas para:
Não usar para altas
gasosos
Peças em contato com
CÁLCIO rotações e nem altas
água ou umidade. Algumas substâncias sólidas apre-
temperaturas até 77°C.
Proteção contra a Não usar em locais onde
sentam características peculiares
ALUMÍNIO oxidação, boa aderência. a temperatura possa que permitem a sua utilização
Resistente a água ultrapassar 71°C. como lubrificantes, em condições
Temperatura até 180°C,
especiais de serviço. Dentre estas
SÓDIO Não resistente à água características, podemos destacar:
altas velocidades e cargas.
Insolúvel em água, altas Não tolera excesso de
LÍTIO ou BÁRIO velocidades e cargas, alta lubrificação. Preencher
▪▪ baixa resistência ao cisalha-
temperatura até 150°C. somente 1/3 do espaço.
mento;
Graxas mistas à base de Usada em locais que
MISTA sódio-alumínio, sódio- exigem a qualidade dos ▪▪ forte aderência a metais;
cálcio, etc. dois tipos. ▪▪ quimicamente inertes;
Quadro 3 – Tipos de graxas e suas utilizações
▪▪ estabilidade a temperaturas
elevadas;
Para determinar as propriedades das graxas, são realizados os seguintes ▪▪ elevado limite de elasticidade;
ensaios:
▪▪ alto índice de transmissão de
calor;
▪▪ de CONSISTÊNCIA: que determina a dureza relativa e a resistên- ▪▪ ausência de impurezas abra-
cia à penetração; sivas.
▪▪ da ESTRUTURA: que determina a aparência e o sentido no tato;
▪▪ de FILAMENTAÇÃO: onde se estabelece a capacidade de a graxa
formar fios e/ou filamentos;

MANUTENÇÃO MECÂNICA 65
Podem ser classificados em com- esterilização. São usados o nitro-
postos orgânicos e sólidos lami- gênio, o ar atmosférico e os gases
Seção 7
nares. halogenados. Sistemas de lubrificação
Escolher o método mais eficiente
▪▪ Compostos Orgânicos – de lubrificação depende dos se-
grupo formado pelas ceras, para-
finas, constituídos de gordura e
Seção 6 guintes fatores:

sabão. Emprego: estampagem e Aditivos ▪▪ tipo de lubrificante;


trefilação. ▪▪ grau de viscosidade;
▪▪ Sólidos Laminares – seu Aditivos são substâncias que en- ▪▪ quantidade;
sistema estrutural é composto em tram na formulação de óleos e
graxas para conferir-lhes cer- ▪▪ custo do dispositivo de lubri-
camadas, com alto ligamento mo- ficação.
lecular na mesma camada e fraco tas propriedades específicas que
ligamento entre as camadas. aperfeiçoam o desempenho, a
durabilidade e a resistência desses No quadro a seguir, você verá a
lubrificantes. comparação entre os tipos de lu-
Pertencem a essa categoria a gra- brificantes pastosos (graxas) e lí-
fita, o dissulfeto de molibdênio, quidos (óleos). Observe!
a mica, o talco, o dissulfeto de São alguns dos aditivos mais uti-
tungstênio, o bórax e o sulfato de lizados nos lubrificantes para as
prata. indústrias:

▪▪ Grafita – Lubrificante sólido ▪▪ agentes antidesgastes;


mais usado. É constituída de ▪▪ inibidores de oxidação;
carbono na forma cristalina e
▪▪ inibidores de corrosão (inibe
permite a moagem em granu-
compostos ácidos);
lometria fina. Sua obtenção é a
partir do carvão antracitoso e do ▪▪ dispersantes;
coque de petróleo. ▪▪ detergentes;
▪▪ emulsificantes;
Propriedades: uso em tempera- ▪▪ agentes de oleosidade;
turas até 370°C; usada também
como carga em graxas para alta ▪▪ agentes de aderência;
temperatura. ▪▪ melhoradores do índice de
viscosidade;

▪▪ Dissulfeto de Molibdênio ▪▪ abaixadores do ponto de


fluidez;
(MoS2) – Extraído da molibde-
nita. Pó preto brilhante que atua ▪▪ antissépticos;
bem até uma temperatura de ▪▪ diluentes;
400 °C e tem grande capacidade
▪▪ controladores de odor;
de aderência. É usado em locais
onde há extrema pressão. ▪▪ repelentes de água.

Lubrificantes gasosos
Utilizados em casos especiais,
onde não é possível usar os de-
mais tipos de lubrificantes, muitas
vezes por questão de limpeza e

66 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Item Lubrificação a Óleo Lubrificação a Graxa

Velocidade (RPM) Altas Rotações Limitada

Sistema de vedação e alojamento Complexa Simplificada

Resfriamento (efeito) Bom Não tem


Fluidez Muito Bom Inferior

Substituição do lubrificante Fácil Complexo


Filtragem (impurezas) Fácil Difícil
Inadequada para locais onde não
Vazamentos Reduzido índice de vazamentos
possam ocorrer
Quadro 4 – Comparativo graxa/óleo

A lubrificação das peças pode ser feita:

▪▪ manualmente – Com o uso de almotolias;


▪▪ por copo – A lubrificação é feita através de varetas ou agulhas metá- Seção 8
licas, pavio (cordão) ou por gotejamento; Generalidades
▪▪ por anel ou colar – Muito difundida. A peça a receber a lubrifi-
cação é provida de um anel ou colar que fica mergulhado no óleo do Existe, atualmente, um número
reservatório, ao girar leva consigo um pouco de óleo que escorrerá considerável de máquinas-ferra-
sobre as demais peças. menta dos mais variados tipos e
modelos, desde as mais simples e
▪▪ por banho de óleo – A peça fica total ou parcialmente mergulhada
clássicas até as mais desenvolvidas
no reservatório de óleo.
tecnologicamente, que utilizam
▪▪ por salpicos ou borrifos – Nesse sistema, o lubrificante está con- sistemas de ponta.
tido em um reservatório, de onde é borrifado ou salpicado por meio
de uma ou mais peças móveis que giram em alta velocidade, atingindo
todas as partes móveis dentro do invólucro. Esse sistema é muito co-
mum, principalmente em pequenos motores. DICA
▪▪ por névoa de óleo – Esse sistema consiste em pulverizar o óleo Desta forma, o mais reco-
em geral por um sistema do tipo Venturi. Sua distribuição é através de mendável a ser feito é, após
tubulações. Produz excelentes resultados quando quantidades pequenas a leitura atenta do manual
de óleo são requeridas. do fabricante do equipamen-
to, tomar atenção especial às
▪▪ por sistemas circulatórios – Podem ser por gravidade, bomba
indicações para a lubrificação
única ou múltipla ou por ação mecânica.
a ser adotada e aos produtos
recomendados.

MANUTENÇÃO MECÂNICA 67
Por outro lado, para equipamentos mais antigos, é comum não se dispor
Lubrificantes: Uso inadequa- de informações precisas e claras sobre os tipos de lubrificação a serem
do de certos lubrificantes. adotados nem os tipos de lubrificantes que devem ser utilizados. O mé-
todo vai se valer dos conhecimentos da equipe técnica de manutenção
com o auxílio dos tecnólogos, engenheiros e projetistas, para determinar
o tipo de lubrificante a ser utilizado. De modo geral, pode-se obedecer às
seguintes indicações genéricas, de acordo com o método de lubrificação
ou tipo de conjunto utilizado:

▪▪ todos os elementos de apoio que têm movimento devem ser lubrifi-


cados (rolamentos, mancais, guias);
▪▪ todos os elementos de transmissão de contato direto devem receber
lubrificação (engrenagens, fusos);
▪▪ todas as peças móveis em contato com peças fixas ou em movimen-
to contrário devem ser lubrificadas (pistões de motores). Salvo em caso
especiais.

A existência de um programa organizado e contínuo de lubrificação, e


sua correta implementação e constante aplicação, influencia de manei-
ra direta os custos industriais, seja pela redução do número de paradas
imprevistas para manutenção, seja pela diminuição das despesas com

68 CURSOS TÉCNICOS SENAI


lubrificantes e pelo aumento da produção. Sem contar com a melhora
das condições de segurança do próprio serviço de lubrificação.

Não é nosso objetivo, nesta unidade curricular, ensinar quais os passos


para a elaboração de um plano de lubrificação, visto ser esta uma ativida-
de que deve ser assumida pelo departamento de engenharia da empresa.
Caso na sua empresa não disponha de um plano de manutenção, ele
deverá ser solicitado.

Nesse plano deverão constar os pontos de lubrificação, tipo de lubrifi-


cante, quantidade, o lubrificador e a frequência de lubrificação para cada
máquina. Um bom programa de gestão da manutenção contém essas
informações.

Com isso, finalizamos esta unidade curricular. Esperamos que você, de-
pois dessa travessia, sinta-se verdadeiramente preparado para enfrentar
o mercado de trabalho com todos os desafios que ele apresenta.
Mantenha-se firme em seus estudos e, sucessos em sua caminhada!

MANUTENÇÃO MECÂNICA 69
Finalizando

Caro aluno! Parabéns pelo termino de mais esta Unidade Curricular.


Espero que este material tenha contribuído para seu aperfeiçoamento profissional e que seja
o inicio ou a continuidade de seus estudos em relação à Manutenção Mecânica (Manutenção
Industrial).
Você pode tornar está unidade curricular o inicio de uma profissão, vai encontrar uma gran-
de área para atuar, nos diversos seguimentos industrial, pois toda empresa tem uma área de
manutenção, basta somente especializar-se (Alimentícias, Cerâmica, Metalmecânica, Têxteis,
etc.).
A Manutenção Mecânica é uma atividade importante para o crescimento das empresas, em
geral, e consequentemente para o país, pois manter a funcionalidade das máquinas e equipa-
mentos é prioritário para que haja lucratividade, por tanto, se você desejar atuar na área da
manutenção mecânica, especialize-se.

MANUTENÇÃO MECÂNICA 71
Referências
▪▪ CUNHA, Lauro Salles. Manual prático do mecânico. 7. ed. São Paulo: Hemus, 1972.

▪▪ CURSO de Informação sobre Lubrificantes e Lubrificação. Rio de Janeiro – RJ: Institu-


to Brasileiro do Petróleo, 1976. v. 1 (Apostila).

▪▪ FERRAMENTAS GEDORE DO BRASIL S/A. Catálogo de Produtos (on line). São


Leopoldo, RS: 2009. Disponível em: <http://www.gedore.com.br/index.php>. Acesso
em: 20 abr. 2010.

▪▪ KARDEC, Alan; XAVIER, Júlio Aquino Nascif. Manutenção: função estratégica. 2.


ed. Rio de Janeiro, RJ: Qualitymark, 2002.

▪▪ MANUTENÇÃO. São Paulo: Globo, 1999. 1 fita de vídeoVHS/NTSC: son., color.:


Telecurso 2000. Profissionalizante.

▪▪ PENTEADO, Branca Manassés (Org.) Mecânica: manutenção. São Paulo, SP: Globo,
c1997. 288 p. (Telecurso 2000. Profissionalizante).

▪▪ SANTOS, Valdir Aparecido dos. Manual prático da manutenção industrial. São Pau-
lo, SP: Ícone, c1999.

▪▪ SEIS SIGMA. Disponível em: <http://www.softexpert.com.br/norma-seis-sigma.


php>. Acesso em: 30 jun. 2010.

MANUTENÇÃO MECÂNICA 73

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