UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

ARIANE DE OLIVEIRA TOSTA

Análise do filme “Mentes Perigosas” a partir do texto “O trabalho do Antropólogo” de

Roberto Cardoso de Oliveira.

Sócio- Antropologia

Profº Denis

Noturno

ARARAQUARA

2021
 O filme “Mentes Perigosas” conta a história de uma ex fuzileira naval, pois
abandonou sua carreira militar e decidiu ir lecionar, sem imaginar o que viria pela frente
nessa nova profissão. A professora de inglês Louhanne Johnson, ao ter um primeiro
contato com a escola, essa localizada no subúrbio de Brooklyn, após ouvir a proposta de
emprego se sente empolgada, até o momento em que entra e observa a sala, alunos
negros, asiáticos ou latinos de baixa renda sem disciplina, com problemas familiares e
considerados os piores do colégio, fazendo-a se sentir amedrontada por tal impacto.
Assim, a partir do texto “O trabalho do Antropólogo” ao dizer que o ato de
fazer antropologia é tentar entender um fenômeno no seu contexto social, em seus
próprios termos e ter uma postura e atitude epistêmica, a professora Louhanne Johnson
ao adquirir essa marca da antropologia e ter uma observação participante, passa a usar
métodos não convencionais para conquistar os estudantes e mudanças em suas
estratégias, desde a suas vestimentas, postura diante dos alunos e demonstração de
karatê, atraindo a atenção dos alunos.
Dessa forma, ao cativar os alunos, de início a professora sugere que os alunos
comecem aprendendo poesia, pois se soubessem ler e interpretar poderiam enfrentar os
obstáculos da vida, tendo o conhecimento como uma “arma intelectual” e para isso,
começariam apenas com um papel, lápis ou caneta. Após as leituras, a professora
Louhanne Johnson prossegue em suas estratégias, estudos com Bob Dylan e até
concursos com recompensas, como chocolate e concurso para que os alunos encontrem
aspectos semelhantes em poemas de Bob Dylan, fazendo com que pensem, relacionem e
interpretem os poemas, até o momento em que percebam que a maior recompensa está
na educação adquirida e não nos prêmios.
Logo, ao contextualizar com o texto, assim como um olhar do antropólogo em
um primeiro momento de sua pesquisa e participação da cultura, a professora de inglês
também teve que observar em que tipo de sala estava entrando, assim como também
teve que ouvir os alunos, entender suas questões, modo de vida e pensamento, sendo um
complemento ao olhar daquele contexto social desconhecido em que estava inserida.
Para isso, como no trabalho do antropólogo, a professora teve que absorver os
significados e sentidos que aqueles alunos davam a vida e intervir através de um olhar
cientista e alterar aquilo e o que se observa.
Por fim, é nítida a interação e relação que a professora cria ao longo do filme,
desde as visitas na casa dos alunos, onde o pré-conceito já começava por elas, na qual
muitos estudantes foram proibidos de frequentarem suas aulas, cuja realidade social e
econômica é gritante e fazem não terem escolha de qual caminho prosseguir, mesmo a
professora Louhanne Johnson dizendo que sim, há uma escolha e assim, ocorrendo à
evasão escolar. Também, com a informação dos fatos que vem ocorrendo com um de
seus alunos, a professora tenta avisar o corpo docente para evitar uma tragédia, mas
acaba sendo em vão, pois a própria direção escolar não soube ouvir, não tendo uma
interação etnográfica e resultando na morte de um aluno.
Em suma, todos esses fatos foram demais para a docente Louhanne Johnson, na
qual toma a decisão em desistir de lecionar, porém é impedida pelos alunos e encorajada
a não desistir, seguindo sua atitude quando a mesma não permitiu que os adolescentes
desistissem de suas vidas também, não caindo na cilada e armadilhas do etnocentrismo e
sim, se envolvendo na diferença e na relativização do ambiente.