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APOSTILA 2018
SÃO PAULO
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SUMÁRIO
01 Introdução à Anestesiologia 03
02 Legislação 07
03 Comportamento animal 10
04 Avaliação pré-anestésica 12
05 Medicação pré-anestésica 15
06 Circuitos Anestésicos 22
07 Farmacocinética e farmacodinâmica 26
08 Anestesia inalatória 32
09 Anestesia intravenosa 35
10 Anestessia dissociativa 44
11 Anestésicos locais 49
12 Monitoração 55
13 Exames laboratoriais: Hemograma 59
14 Exames laboratoriais: Bioquímicos 68
15 Fluidoterapia 74
16 Eletrofisiologia cardíaca 78
17 Arritmias cardíacas 81
18 Anestesia no paciente cardiopata 89
19 Fisiologia respiratória 92
20 Ventilação mecânica 97
21 Planos anestésicos 106
22 Anestesia e analgesia peridural 111
23 Introdução ao sistema nervoso autônomo 117
24 Inotrópicos e vasopressores 122
25 Transfusão sanguínea 131
26 Equilíbrio ácido-básico e distúrbios eletrolíticos 142
27 Bloqueadores neuromusculares 149
28 Sedação e analgesia na UTI 160
29 Reanimação Cardio-Pulmonar 162
30 Avaliação da dor 169
31 Fisiopatologia da dor e tratamento 178
32 Dor crônica 187
33 Anestesia em paciente pediátrico 202
34 Anestesia em paciente geriátrico 212
35 Anestesia no endocrinopata 221
36 Anestesia no paciente crítico 235
37 Anestesia na torção vólvulo gástrica 240
38 Anestesia no paciente com enfermidade neurológica 244
39 Anestesia no paciente com ruptura diafragmática 248
40 Anestesia no em cadelas e gatas com piometra 250
41 Anestesia em gestantes 253
42 Anestesia em felinos 260
43 Anestesia em cavalos 271
44 Anestesia em aves 279
45 Anestesia em suínos 282
46 Anestesia em coelhos e roedores 286
47 Anestesia de ruminantes 290
48 Anestesia de répteis 293
49 Anestesia ambulatorial e dissociativa 297
50 Técnicas de Anestesia Regional 309
51 Metodologia científica 323
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01.INTRODUÇÃO
Dr. Rodrigo Marucio
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as dores físicas, seria recomendável empregá-lo contra as dores cirúrgicas”. A medicina oficial
não tomou conhecimento da sugestão.
Henry Hill Hickman, médico e cirurgião inglês, avaliou em animais a ação do NO2, onde
verificou que, sob a ação deste gás, podia realizar pequenas operações nos animais, sem que
estes demonstrassem o menor sinal de dor. Tentou, sem êxito, obter autorização da Royal
Society e da Associação Médica de Londres para repetir suas experiências em seres humanos.
Sua petição foi recebida com frieza, a autorização negada e foi considerado um visionário.
Como última tentativa, escreveu ao rei da França, Carlos X, pedindo-lhe para submeter o seu
projeto à consideração da Academia de Paris. Em sessão de 28/9/1828, convocada
especialmente para esse fim, a Academia deu seu parecer contrário, com um único voto a favor,
do cirurgião Dominique Jean Larrey, que servira ao exército de Napoleão e conhecia o horror
dos ferimentos de guerra e das amputações.
Velpeau, um dos mais eminentes cirurgiões da França, declarou na ocasião que
considerava uma quimera a obtenção da insensibilidade dolorosa durante o ato cirúrgico.
Desiludido, Hickman faleceu dois anos depois, com apenas 29 anos de idade, sem ver realizado
o seu sonho da cirurgia sem dor.
Michael Faraday (1791-1867), físico inglês, estudando a liquefação dos gases e os
líquidos voláteis, descobrira que os vapores de éter possuíam efeitos inebriantes semelhantes
aos do dióxido de nitrogênio. Em uma nota publicada no Journal of Art and Sciences chamou
a atenção para o fato da inalação de éter produzir insensibilidade total. Novamente, essa
descoberta foi ignorada pelos meios médicos.
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DATA -1628
QUEM -William Harvey (1578-1647)
COMO -Para mostrar o caminho do sangue aos incrédulos, Harvey abria um porco vivo durante
suas palestras. Esse médico britânico dedicou a vida a estudar o funcionamento e a anatomia
do coração, veias e artérias. O resultado está em Exercitatio Anatomica de Motu Cordis et
Sanguinis in Animalibus, obra fundamental sobre a circulação sanguínea, que pôs por terra
conceitos errados que sobreviviam havia 14 séculos.
CONSEQÜÊNCIA -Avanços no estudo de doenças e técnicas cirúrgicas
5
COMO -O zoologista americano Harrison descobriu como cultivar células vivas em laboratório,
independentemente das plantas ou animais de onde vieram. A descoberta permitiu estudar
moléculas e células de organismos vivos, desenvolver vacinas contra poliomielite, sarampo,
caxumba e raiva, auxiliar na busca de indícios que ajudem a descobrir a causa do câncer e da
aids.
CONSEQÜÊNCIA - Revolução no estudo das doenças
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02. LEGISLAÇÃO
Responsabilidade Civil
Caso seja instaurada uma ação judicial, o ressarcimento do dano será determinado
somente se:
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1) Houver comprovação do dano
2) Houver culpa do profissional
3) Houver nexo de causalidade entre a suposta lesão e a conduta do médico veterinário
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4 - Confirmação de pós operatório: confirmar verbalmente medicações e cuidados pós-
operatórios e os responsáveis por cada função. Verificar necessidade da manutenção ou
reposição de algum equipamento ou fármaco.
Além do checklist, outras medidas que podem reduzir o risco anestésico são: estabilização do
paciente antes da indução anestésica, a pré-oxigenação, monitoração e terapia suporte no pré-
anestésico, trans e pós-anestésico e o conhecimento das principais interações medicamentosas
em anestesia.
Bibliografia complementar
MAKARY, A. M., DANIEL, M. Medical error—the third leading cause of death in the US.
BMJ 2016; 353:i 2139.
GIFONI, J. M. M. Cap. 112 - Erro Médico em Anestesia: O que pensam os Juízes de Direito?
Em: Medicina Perioperatória. CAVALCANTI, I. L.; CANTINHO, F. A. F.; ASSAD, A. Rio de Janeiro:
Sociedade de Anestesiologia do Estado do Rio de Janeiro, 2006.
BRODBELT, D. C.; BLISSITT, K. J.; HAMMOND, R. A.; NEATH, P.J.; YOUNG, L.E.; PFEIFFER,
D.U.; WOOD, J. L. The risk of death: the confidential enquiry into perioperative small animal
fatalities. Veterinary Anesthesia and Anagelsia, 35 (5): 365 – 73, 2008.
CARARETO, R.; ROCHA, L. S.; GUERRERO, S. N. H.; SOUSA, M. G.; NUNES, N.; DE PAULA, D.
P.; NISHIMORI, C. E. Estudo retrospectivo da morbidade e mortalidade associada com anestesia
geral inalatória em cães..Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 26, n. 4, p. 569-574, 2005.
BILLE, C.; AUVIGNE, V.; LIBERMANN, S.; BOMASSI, E.; DURIEUX, P.; RATTEZ, E. Risk of
anaesthetic mortality in dogs and cats: an observational cohort study of 3546 cases. Veterinary
Anesthesia and Anagelsia, 39(1):59-68, 2012.
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03. MANEJO COMPORTAMENTAL
Bruna Bons
A criação de vínculos cada vez mais fortes entre humanos e animais, aliado à falta de
conhecimento da natureza comportamental dos cães e gatos e suas necessidades básicas leva
ao surgimento de comportamentos aberrantes e anormais que podem causar problemas para
os animais, tutores e para a equipe veterinária ou até mesmo chegar ao trágico desfecho do
abandono. Uma correta socialização e manejo comportamental dos animais podem evitar
situações estressantes durante o atendimento. Quais são os benefícios no manejo
comportamental?
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Cães
- Caixa de transporte: A caixa de transporte pode servir para outras finalidades, como por
exemplo cama ou lugar de receber petiscos. Dessa forma, o animal pode se acostumar ao
ambiente e não ficar ansioso quando tiver que entrar na caixa para ser transportado.
- Transporte: a caixa seja fixada no carro com cinto de segurança para evitar acidentes.
- Focinheira: Os animais devem ser acostumados à focinheira. O treinamento pode ser feito
gradativamente e com petiscos.
- Feromônios: podem ser borrifados na caixa, na clínica, nos braços; D.A.P.- Dog Appeasing
Pheromone
- Brinquedos na recepção
Gatos
No consultório, é aconselhável colocar uma toalha sobre a mesa para evitar a sensação
tátil desagradável das patinhas em contato com a mesa gelada. É importante ressaltar
que a contenção manual bruta aumenta a probabilidade de luta. Gatos psicologicamente
saudáveis e equilibrados emitem sinais de desconforto, sinalizando que a aproximação não é
bem vinda. Caso a tentativa de captura continue, ele pode atacar. O animal sempre emite sinais
de fuga antes do ataque.
Bibliografia complementar
RODAN, I.; SUNDAHL, E.; CARNEY, H.; GAGNON, A. C.; HEATH, S.; LANDSBERG, G.; SEKSEL,
K.; YIN, S. AAFP and ISFM Feline-Friendly Handling Guidelines. Journal of Feline Medicine and
Surgery (2011) 13, 364–375
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04. AVALIAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA
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(Classificação ASA)
IDADE
ASA Até 6 meses 6 meses a 6 anos Mais de 6 anos
Hematócrito, proteína,
Hematócrito, proteína, Hematócrito, proteína
I e II função renal, ECG,
glicemia função renal
urinálise
Hemograma, glicemia,
Hemograma, ECG,
Hemograma, proteína, ECG, função renal, função
glicemia, função renal,
glicemia, função renal, hepática, eletrólitos (Na+,
III função hepática, pH,
pH, HCO3 e gases K+, Ca2+), pH, HCO3 e
HCO3 e gases
sanguíneos, urinálise1 gases sanguíneos,
sanguíneos, urinálise1
urinálise1
Hemograma, ECG,
Hemograma, ECG, Hemograma, ECG,
glicemia, função renal,
glicemia, função renal, glicemia, função renal,
função hepática,
função hepática, função hepática,
IV e V eletrólitos (Na+, K+,
eletrólitos (Na+, K+, Ca2+), eletrólitos (Na+, K+, Ca2+),
Ca2+), pH, HCO3 e
pH, HCO3 e gases pH, HCO3 e gases
gases sanguíneos,
sanguíneos, urinálise 1
sanguíneos, urinálise1
urinálise1
ECG = Eletrocardiograma; HCO3 = Bicarbonato
Observações: 1- A urinálise poderá ser requisitada apenas nos casos cujos sinais clínicos
envolvam o trato genitourinário. 2- Faz-se necessária a avaliação de cálcio nos animais
portadores de processos neoplásicos. Fonte: HOVET – FMVZ – USP
Devido ao diverso grau de importância dada aos padrões estéticos pelos tutores (no
caso de cães de exposição, por exemplo), é aconselhável avisar que será feita tricotomia da
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pata para cateterização e tricotomia para eventual bloqueio regional (ex: peridural). Isso pode
evitar a surpresa e descontentamento do tutor no momento da alta do animal.
Além disso, é importante lembrar e deixar claro para o tutor que todos os pacientes
submetidos à anestesia podem apresentar eventuais intercorrências, mesmo que estes
pacientes apresentem um baixo risco anestésico.
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05. MEDICAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA
ANTICOLINÉRGICOS
Mecanismo de ação:
Antagonistas competitivos de receptores colinérgicos muscarínicos
Indicações:
- Redução das secreções produzidas por alfa-2 agonistas e cetamina.
- Bradicardia transanestésica.
- Cirurgias oftálmicas.
No sistema cardiovascular:
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No sistema digestório:
o Reduz as secreções.
o Diminui a motilidade do trato gastrointestinal.
o Diminui o tônus do esfíncter esofágico e pequeno efeito sobre o pH gástrico resultando
em refluxo gastresofágico e esofagite em cães anestesiados.
No SNC:
Atropina
Escopolamina
Glicopirrolato
Dose: 0,01 mg/kg IV, IM, SC
TRANQUILIZANTES
Butirofenonas
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- Droperidol: dose: 0.5 – 1 mg/kg, duração até 3 horas
Ação antiemética 1000 vezes maior que a clorpromazina.
Fenotiazínicos:
Acepromazina, Clorpromazina e Levomepromazina.
Doses:
SEDATIVOS
Mecanismo de ação: ativam receptores α pré e pós-sinápticos a nível de SNC e periférico (SNP),
inibindo síntese e liberação de noradrenalina.
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Efeitos:
o Sedação.
o Analgesia.
o Relaxamento muscular.
o Redução de 40-70% a CAM dos halogenados.
o Potencialização da ação dos barbitúricos em 50-70% .
o Redução da secreção de ADH (vasopressina).
o Inibição da produção de insulina (efeito hipoinsulinemia e hiperglicemia).
o Redução da liberação de ACTH e cortisol.
o Redução da motilidade gastrointestinal e indução de vômito.
o Aumentam a salivação.
Atenção:
o São contraindicados no 1/3 final da gestação por induzir aborto (efeito ocitócito).
o Ruminantes são mais sensíveis.
o Podem causar timpanismo em bovinos
o Suínos são refratários, especialmente à xilazina.
o Pode ser absorvido por feridas e por mucosas.
o A dexmedetomidina está sendo utilizada recentemente em estudos com choque
séptico.
o Xilazina é contraindicada em cardiopatas e em pacientes em choque .
Xilazina
Possui duas fases de efeito distintas:
§ Primeiros 5 – 10 minutos: age em receptores α1 e α2 pós-sinápticos, causando
vasoconstrição, elevando a pressão arterial e levando a bradicardia reflexa.
§ Após atua em receptor α2 pré-sináptico, causando uma redução nos valores de pressão
arterial (hipotensão ou apenas retorno ao normal).
o Podem gerar Bloqueios Atrio-Ventriculares (BAV) de 1º ou 2º.
o Estes fármacos não posuem afinidade específica pelos receptores α2, ligando-se
também com os α1. A relação de afinidade encontra-se na tabela a seguir:
Xilazina:
Cães, gatos: 0,2 - 0,5 mg/kg
Equinos: 0,5 – 1 mg/kg
Bovino: 0,05 - 0,2 mg/kg IM
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Romifidina:
Cães e gatos: 0,1 mg/kg
Cavalos: 0,04 – 0.16 mg/kg
Detomidina:
Equinos: 0,01 – 0,04 mg/kg
Medetomidina:
Cães, gatos e Equinos: 0,01 – 0,04 mg/kg.
Antagonistas
Ioimbina: 0.1 – 0.2 mg/kg IV/IM
Atipamezole: 0.15 – 0.2 mg/kg IV/IM
BENZODIAZEPÍNICOS
Diazepam
Dose: 0,1 – 1 mg/kg IV
Composto cristalino, insolúvel em água, oleoso
Midazolam:
Dose: 0,2 – 0,5 mg/kg IV, IM
Hidrossolúvel
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Antagonista
Flumazenil
Dose: 0,05 mg/kg – IV
- Reverte o efeito em 2 a 4 min
- Período hábil : 60 min
Zoletil ou Telazol
OPIOIDES
Classificação:
Agonista total: Morfina, Meperidina, Oximorfina, Fentanila, Alfentanila, Sufentanila,
Remifentanila.
Agonista parcial : Buprenorfina.
Agonista-antagonista: Butorfanol, Nalbufina.
Antagonista: Naloxona.
Morfina
Dose: 0,05 – 2 mg/kg - SC, IM, IV (para animais agitados no pós cirúrgivo 0,5 mg/kg diluídos
em 5 mL de NaCl).
Latência: 5 – 10 min IM, 30 seg IV .
- Boa estabilidade cardiovascular, ótima analgesia.Entretanto, provoca náusea, vômito, pode
ocasionar prurido, reduz a motilidade do trato gastrointestinal, pode causar retenção urinária.
- Quando administrada pela via epidural, possui duração de 12 – 24h e pela via intratecal até
72h.
Metadona
Dose: 0,2 – 0,5 mg/kg SC, IM, IV
Latência: 5 – 10 minutos IM, 15 – 30 seg IV
- Sedativo, não induz vômito, baixa incidência de liberação de histamina, possui efeito
antagonista NMDA
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- Em doses de 0,5mg/kg provoca depressão cardiovascular, reduzindo o DC em 30-40%
Buprenorfina
Dose: 10 – 30 µg/kg SC, IM, IV
Meperidina
Dose: 0,4 – 4 mg/kg – SC, IM
Latência: 5 – 10 minutos IM
Evitar o uso IV.
Duração: 1h
- Efeito analgésico fraco, boa sedação, pode provocar liberação de histamina, não induz vômito.
- Contraindicada em mastocitomas ou outros pacientes que apresentem maior risco de choque
anafilático.
Tramadol
Dose: 1 – 4 mg/kg
Latência: 5 – 10 minutos IM
- Efeito analgésico moderado, atua também inibindo receptação de serotonina e norepinefrina,
sendo indicado para analgesia pós-operatória. Atualmente, sua eficácia e tempo de duração
em cães são discutidos no Guideline for Pain treatment da AHAA.
Fentanil
Dose: 1 - 5 µg/kg
Latência: 30 segundos IV
- Pode causar bradicardia, principalmente se aplicado rapidamente IV.
Butorfanol:
Dose: 0,1 – 0,4 mg/kg SC, IM, IV
ANTAGONISTAS:
Naloxona: 0.04 mg/kg
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06. SISTEMAS E CIRCUITOS ANESTÉSICOS
Dr. Adriano Carregaro
P1 X V1 = P2 X V2
P = pressão
V = volume
P1 X V1 = P2 X V2
150 x 5 = 1 x V2
750 = V2
Quantas horas de anestesia podemos ter supondo que usamos o fluxo de 1 L/min?
750 minutos = 12,5 horas.
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A válvula redutora de pressão mostra o quanto de pressão tem no cilindro e quanto de
pressão há na rede (no aparelho de anestesia). A pressão cilindro, pode ser, por exemplo 150
kgf/cm2.,, porém a pressão no sistema não pode passar de 4,5 kgf/cm2.. A válvula redutora de
pressão tem a função de diminuir a pressão do cilindro para o aparelho não ser danificado.
Também é possível utilizar o concentrador de oxigênio. Ele fornece acima de 90% de
oxigênio, é portátil e sem custo (de recarga de oxigênio). Porém, depende de eletricidade e
tem um fluxo muito baixo, no máximo 15 L/min, não sendo possível utilizar o ventilador com o
concentrador.
Por isso, ventiladores que funcionam somente a partir de oxigênio são altamente
custosos, sendo aconselhável utilizar o ar comprimido.
Quando a válvula redutora já vem acoplada ao cilindro, também não é possível fazer
ventilação, pois ela permite fluxo máximo 10 L/min.
Os fluxometros são aqueles que liberam o fluxo em uma maior escala, em litros/min; já
os rotâmetros possuem uma regulagem mais fina, liberando o fluxo em ml/min. Para verificar o
fluxo, regulamos a bailarina ou esfera de metal, sendo a primeira mais precisa.
UNIVERSAL: serve para todos os anestésicos inalatórios (exceto desflurano), não possui
mecanismos para compensar fluxo, temperatura ou pressão, não permite o cálculo da %
vaporizada, não possui limite de vaporização (pode alcançar valores de até 30%). Utilizado em
poucos lugares do mundo.
CALIBRADO: é específico para cada agente, pois considera a pressão de vapor do fármaco,
possui mecanismos para compensação de fluxo, temperatura e pressão, os pneumáticos são
formados por um sistema de bypass, onde o dial controla o fluxo. Os semieletrônicos e
eletrônicos não fazem bypass, a vaporização se dá em função da temperatura. Possui limite de
vaporização (isoflurano por exemplo chega até 5%).
Os circuitos possuem áreas em que não há troca gasosa. Essas áreas constituem o espaço-morto
mecânico:
A cal sodada que vai dentro do caníster é formada por: 95% de Ca(OH)2, 4% NaOH e 1% de
KOH. Sua umidade ideal é de 14 a 18%.
Os mamíferos produzem em média 3-5ml/kg/min de CO2, e 100g de cal sodada absorvem 20L
de CO2.
O recomendado é trocar a cal sodada quando ela mudar 75% de cor (ficando roxa).
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TIPOS DE SISTEMAS
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• Avalvulares Reinalatórios: conhecido como Sistema To-and-Fro ou Vai-e-vem.
Apresenta menor perda de umidade e calor, possui cal sodada.Utilizava-se em equinos.
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07. FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
Todo fármaco precisa de um receptor para agir, logo todos os fármacos que
conhecemos e utilizamos hoje em dia foram desenvolvidos a partir da observação da ação de
uma substância endógena em um receptor. Uma alteração química, por menor que seja, tanto
no receptor ou na substância química tem potencial para inativar toda a molécula
farmacológica, ou alterar seus efeitos. Lembrando sempre que nenhuma substância química
atua com total especificidade no organismo. Isso está frequentemente associado ao
aparecimento de efeitos colaterais não desejados.
Um medicamento não cria uma função no organismo, apenas modifica uma preexistente.
FARMACODINÂMICA
Receptores
Componente do organismo com o qual a substância interage
Alvos:
1) Enzimas (ex neostigmina inibindo a acetilcolinesterase)
2) Moléculas transportadores: contém um local de reconhecimento para identificar e
transportar moléculas para o interior do citoplasma. Alguns medicamentos agem bloqueando
esse sistema de transporte (cocaína impede captação de catecolaminas)
3) Receptores não ligados à proteína G
a) Ligados à tirosinacinase: fatores de crescimento e insulina
b) Reguladores da transcrição de ácido desoxirribonucleico: hormonios esteróides e
tireoideanos
4) Receptores celulares ligados à proteína G: transmissão de mensagem direta ou indireta
As proteínas G são mensageiro entre os receptores. São compostas de 3 subunidades.
Gs = estimulante de adenilatociclase
Gi = inibidora de adenilatociclase
Go= relacionada a canais iônicos
b) Sistema adenilatociclase/monofosfato de adenosina cíclico
Um proteína Gs é ativada e estimula a enzima adenilatociclase a produzir AMPc que é um
segundo mensageiro de várias funções
c) Sistema fosfolipase com fosfato de inositol
Sistema multirregulador e envolve vários mensageiros. A Gq ativa dois compostos celulares: IP3
e DAG. O Ip3 é hidrossúvel e entra no citoplasma para liberar Ca. O DAG é lipossolúvel e
permanece na membrana ativando a proteína cinase C.
d) regulação de canais iônicos: proteína Go interage com os canais iônicos, sem formar segundo
mensageiro. Ex: GABA e NMDA
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Interação medicamentosa: Sinergismo
a) por adição: efeito combinado de dois medicamentos é igual à soma dos efeitos isolados de
cada um (na figura abaixo representado por A+B)
b) por potenciação: efeito combinado é maior que a soma dos dois isolados. Nesse tipo de
efeito as substâncias geralmente atuam por dois mecanismo de ação diferentes (na figura
abaixo representado por A+C)
Antagonismo
Exemplo de opióides
agonistas puros,
agonistas parciais e
antagonistas.
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FARMACOCINÉTICA
Transporte
Barreiras
Mucosa gastrintestinal: formado por células justapostas. As substancias não passam entre as
células, passam através das membranas.
Pele, córnea e bexiga: Não passam entre as células. Só através delas. Exclusivo para subst.
apolares.
Capilar:
a) com máculas (músculos, vísceras, ossos) = apresentam zonas frouxas na junção das células e
substâncias saem dali para o meio EC
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b) fenestrados: (rins e gls salivares, pancreas, hipofise) = livre acesso de substancias
c) com bloqueio completo (barreira hematoencefálica) = somente através das células.
Volume de distribuição
Indica se o medicamento permanece mais tempo no sangue ou se distribui aos tecidos. É um
fenômeno no qual o medicamento após ter chegado no sangue, sai desse compartimento e vai
para o local de ação ou depósito.
Após ser absorvido, o medicamento pode ficar livre no sangue, se ligar a proteínas plasmáticas
ou ser sequestrado para depósito no organismo.
Somente o medicamento livre é distribuído para os tecidos.
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Meia-vida (t1/2): tempo para que a concentração plasmática de um fármaco se reduza à metade
Referência complementar
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SANO, .; NISHIMURA, R.; KANAZAWA, H.; IGARASH,I E.; NAGATA, Y.; MOCHIZUKI, M.;
SASAKI, N. Pharmacokinetics of fentanyl after single intravenous injection and constant rate
infusion indogs. Veterinay Anesthesia and Analgesia. 33(4):266-73, 2006.
RUDIN, A.; LUNDBERG, J. F.; HAMMARLUND-UDENAES, M.; FLISBERG, P.; WERNER MU.
Morphine metabolism after major liver surgery. Anesthesia and Analgesia. 104(6):1409-14, 2007.
DERSHWITZ, M.; HOKE, J. F.; ROSOW, C. E.; MICHAŁOWSKI, P.; CONNORS, P. M.; MUIR, K. T.;
DIENSTAG, J. L. Pharmacokinetics and pharmacodynamics of remifentanil in volunteer subjects
with severe liver disease. Anesthesiology. 84(4):812-20, 1996.
31
08. ANESTESIA INALATÓRIA
É a anestesia obtida por meio da absorção de um princípio ativo pela via respiratória,
passando para a corrente circulatória e atingindo o sistema nervoso central, produzindo
anestesia geral.
A anestesia inalatória possui como vantagens: mínima biotransformação pelo fígado,
eliminação pela expiração, permite controle dinâmico do plano anestésico, recuperação mais
rápida do que da anestesia total intravenosa, melhora da oxigenação (administração com O2.).
Entretanto, necessita de aparelhos específicos e de profissionais especializados para sua
realização, além de constante monitoração.
Ela deve promover: amnésia (perda da memória), inconsciência (falta de resposta a um
estímulo não doloroso), imobilidade (perda dos movimentos em resposta a um estímulo
doloroso) e Inibição da resposta autonômica simpática.
1- Teoria lipídica (dissolviam a membrana lipídica dos neurônios, alterando sua excitabilidade)
2 - Ativação ou inibição de diferentes alvos moleculares: Canais iônicos (GABA, glicina,
glutamato, serotonina, acetilcolina, canais de K+)
32
Características físico-químicas
33
5) Concentração alveolar mínima (CAM): concentração alveolar mínima necessária para prevenir
movimento em 50% dos pacientes após estímulo doloroso ao nível do mar
CAM (V%) ao nível mar = CAM (V%) local x pressão local/pressão ao nível do mar
Fatores que diminuem a CAM: hipercapnia (PaCO2 > 45 mmHg), acidose metabólica, hipóxia (PaO2 < 60
mmHg), hipotensão, hipotermia, gravidez, sedativos, tranquilizantes, opioides, anestésicos locais e gerais
O anestésico ideal deve ser estável sem conservantes, não inflamável, facilmente vaporizado em
temperatura ambiente, ter baixo coeficiente de solubilidade sangue/gás (indução e recuperação rápida),
ser potente (promover anestesia com baixa concentração inspirada),não ser irritante das vias aéreas,
promover baixa depressão cardiovascular, não sensibilizar o miocárdio às catecolaminas, não ser
biotransformado pelo fígado, ter baixo custo, ausência de toxicidade renal e hepática e ser
compatível com vaporizadores existentes.
Efeitos fisiológicos:
1) Depressão respiratória dose-dependente.
Diminui a resposta ventilatória à hipercapnia pela inibição dos quimiorreceptores de CO2 e O2 e
pode levar à apneia.
2) Depressão cardiovascular dose-dependente.
Diminuição de frequência cardíaca e da resistência vascular periférica e consequente queda do
débito cardíaco.
3) Hipotermia.
4) Aumento da pressão intracraniana.
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09. ANESTESIA INTRAVENOSA
Obs.: Para atingir a concentração plasmática terapêutica só com infusão contínua, necessitaria
de 4 a 5 tempos de meia-vida plasmática do fármaco, pois as doses são reduzidas.
A maioria dos fármacos necessitam de bolus inicial antes de começar a infusão contínua.
Uma exceção a essa regra é o remifentanil que não necessita de bolus inicial devido a sua
farmacocinética.
Para evitar - se o acúmulo de drogas e a recuperação prolongada pode se fazer a
administração intravenosa realizada com redução na taxa de infusão com o passar do tempo
(TVI) e o modo TCI – Target Controlled Infusion.
35
Na TVI a concentração do fármaco administrada ao longo do tempo vai diminuindo:
v BARBITÚRICOS
TIOPENTAL
Caracteristicas físico químicas
Sal sódico (ácido fraco/base forte)
pKa: 7.6
pH: >10
Uso exclusivo IV
36
corporal (redistribuição muito rápida), baixa concentração sérica de albumina, além de
deficiência no metabolismo hepático (enzima p450), o que pode promover uma recuperação
com excitação.
As contra indicações são: obstrução intestinal, torção gástrica, piometra e qualquer
quadro de choque endotoxêmico ou de acidose, pois nessa situação há um aumento da fração
livre ativa do tiopental.
Farmacodinâmica:
Sistema cardiovascular: provoca depressão cardiorrespiratória, do centro vasomotor,
reduz a contratilidade cardíaca,
SNC: reduz consumo de O2 cerebral, fluxo sanguíneo cerebral, pressão intracraniana e
causa depressão do centro termorregulador.
Sistema urinário: redução do fluxo sanguíneo renal – FSR, taxa de filtração glomerular
– TFG e do volume urinário = DU.
Sistema respiratório: depressão do centro bulbar – apneia, redução do volume minuto,
redução da frequência respiratória, redução da sensibilidade à hipoxia e hipercapnia e
hipercapnia e acidose respiratória.
Útero : redução do tônus uterino, depressão fetal.
Olho: midríase inicial, seguida de miose e redução da pressão intraocular.
Doses:
Canino: 7 – 12,5 mg/kg
Felino e Equino: 4 – 5 mg/kg
v COMPOSTOS IMIDAZÓLICOS
37
Farmacodinâmica:
Ação depressora semelhante ao GABA.
Dose:
Caninos e felinos: 0.5 – 2 mg/kg
Obs.: Associar com benzodiazepínico, fentanil e/ou lidocaína.
v ALQUIFENÓIS
O propofol é o representante desta classe mais utilizado, portanto as características
descritas referem-se a este fármaco.
È uma emulsão aquosa a 1%: - 10% de óleo de soja - 2,25% de glicerol - 1,2% de
fosfolipídeo de ovo purificado.
Propriedades fisico quimicas: pH: 7.0, baixa solubilidade em água e de aspecto leitoso.
Farmacodinâmica:
Sistema cardiovascular: redução da sensibilidade barorreflexa a queda da PA, redução da
pressão arterial, redução da frequência cardíaca, redução da resistência vascular periférica,
redução do débito cardíaco (venodilatação) em 40 a 60%.
Em doses equipotentes comparado ao tiopental: maior depressão, não causa arritmias,
intensifica arritmias causadas por adrenalina, aumenta fluxo sanguíneo coronariano
(vasodilatação coronariana) e reduz consumo de oxigênio miocárdico.
38
SNC: potencialização do GABA, redução do fluxo sanguíneo cerebral , redução da pressão
intra-craniana e efeito miorrelaxante.
Sistema respiratório: apnéia velocidade-dependente, redução da frequência respiratória,
hipercapnia com acidose respiratória e redução da PaO2 = hipoxemia.
Conservação: Cuidado! frasco após aberto deve ser descartado por conta da contaminação.
Doses:
Cão e Gato: 2 – 5 mg/kg com MPA e 6 – 8 mg/kg sem MPA.
*Apenas o Propofol, sem coadjuvante.
Promovem a anestesia dissociativa que consiste em: catalepsia (perda do tônus com
rigidez muscular), incapacidade de responder a estímulos, manutenção dos reflexos,
inconsciência total ou parcial e analgesia.
CETAMINA
Mistura racêmica R e S.
O enantiômero S produz mais analgesia e tem o clearence mais elevado.
Farmacocinética: Sofre biotransformação hepático gerando metabólitos norquetamina (ativo)
e hidrocetamina (inativo) e eliminação renal (80% na forma inalterada em felinos, sendo contra
indicado seu uso em nefropatas e felinos com obstrução uretral) e biliar.
39
Biodisponibilidade:
Via intramuscular – 93%
Via oral – 20%
Via intranasal – 50%
Via retal 30%
Doses:
Caninos: 2 – 4 mg/kg IV; 5 – 8 mg/kg IM.
Felinos: 2 – 3 mg/kg IV; 7 – 10 mg/kg IM e 20 – 40 mg/kg VO.
Farmacodinâmica:
SNC: aumento da PIC e a vasodiltação cerebral, inibe recaptação de norepinefrina, estimula o
sistema nervoso simpático.
Portanto é contraindicado para: Traumas cranianos, cirurgias de SNC e epiléticos.
CÃO e GATO
0,5 mg/kg, IV bolus.
0,6 mg/kg/h = (10ug/kg/min) IV, infusão contínua.
40
muscular, importante em algumas cirurgias. Utilização de acepromazina na MPA normalmente
propricia uma recuperação mais suave.
Definições:
PIVA associações:
41
TIVA - Total Intravenous Anesthesia ou Anestesia Total Intravenosa.
Cão:
• Propofol - 0,2– 0,4 mg/kg/min com:
o Remifentanil 0,15 – 0,3 µg/kg/min.
ou
o Fentanil 20 - 30 µg/kg/h.
e/ou
o Cetamina 10 µg/kg/min.
e/ou
o Lidocaína 50 ug/kg/min (desligar 30 minutos antes do término do
procedimento).
42
Exemplo de Protocolos para Gatos:
1) Gatos tranquilos/calmos:
MPA - metadona 0,3mg/kg + acepram 0,05 mg/kg
Indução Propofol 2 mg/kg + cetamina 1mg/kg
Manutenção PROPOFOL 0,2 mg/kg/min primeiros 15 min 0,1 mg/kg/min por 10
min 0,05 mg/kg/min até o final.
Analgesia cetamina infusão 10 ug/kg/min.
Suplementação de oxigênio
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10. ANESTESIA DISSOCIATIVA
Características clínicas:
- Estado cataléptico.
- Excitação.
- Analgesia.
- Movimentos involuntários não associados a dor.
- Hipertonicidade.
- Manutenção dos olhos abertos.
- Respiração apneustica.
- Aumento das secreções, FC, PAM, PIO e PIC.
Indicações:
• Procedimentos cirúrgicos menos complexos associado à anestesia local (ex. castração de
equinos machos).
• Contenção química de animais domésticos e selvagens.
• Parte do protocolo de indução e manutenção anestésica.
• Analgesia.
Vantagens:
• Fácil de realizar (aceitável em campanhas de castração de cães e gatos).
• Custo reduzido: não há necessidade de aparelhos específicos.
• Pode-se realizar procedimentos a campo, associado à anestesia local (ex: castração equinos).
• Não deprime tanto o sistema cardiovascular.
• Alto índice respiratório.
• Recuperação de melhor qualidade do que anestesia inalatória em equinos (< 1 hora).
• Não há exposição do anestesista aos anestésicos inalatórios.
Desvantagens:
• Efeito cumulativo – recuperação com delírio.
• O controle do plano anestésico é mais difícil.
• Administração suplementar de O2 é mais difícil a campo.
• Depende de metabolismo hepático.
Ação no SNC:
Depressão direta do córtex e tálamo.
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Incapacidade receber\processar informações sensoriais.
Estimulação do sistema límbico e hipocampo.
Mecanismo de ação:
- Antagonismo NMDA .
- Agonista de receptores opioides.
- Antagonismo muscarínico.
- Ação gabaérgica.
- Bloqueio da recaptação de catecolaminas.
- Bloqueio de canais de sódio e potássio.
- Agonista opioide sigma.
Características farmacológicas
- Alta lipossolubilidade.
- Boa absorção pelas vias IM, SC, IN, VO e retal.
- Rápida distribuição.
- Metabolismo hepático.
- Produz norcetamina – metabólito ativo, com potência semelhante à cetamina e pode provocar
recuperação prolongada.
Apresentações da cetamina:
- Cetamina Racêmica: Solução: 50% S(+) + 50% R(-) .
- Cetamina (S+): menores efeitos colaterais, 2X mais potente.
Clearence: 35% mais elevado.
Volume de distribuição semelhante.
Maior efeito analgésico.
Maior afinidade receptores NMDA.
Menos efeitos adversos.
Metabolismo mais rápido.
Eliminação e recuperação mais rápidas.
Recuperação mais tranquila.
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Latência:
Depende da via: 0,5 até 5 minutos
Efeitos Farmacológicos
SNC:
- Inconsciência/catalepsia em dose alta.
- Ativação do sistema límbico (excitação).
- Analgesia (melhor somática ).
- Ação anestésica local (potencializa efeito dos anestésicos locais).
- Provoca vasodilatação cerebral + hipertensão.
- ↑ fluxo sanguíneo cerebral (FSC).
- ↑ pressão intracraniana (PIC) (hipercapnia).
- ↑ Pressão intraocular (PIO).
- Ação anticonvulsivante em discussão.
- Delírio pós-anestésico.
- Ataxia.
- Aumento de atividade muscular.
- Sensibilidade ao toque.
- Possíveis recuperações violentas.
Sistema Cardiovascular:
- Efeitos dose-dependentes.
- Efeito estimulante diminuído quando associado com a MPA.
- Efeito simpaticomimético central (pode induzir arritmias indiretamente).
- Bloqueia a recaptação de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina).
- Efeito inotrópico positivo.
- ↑ Frequência cardíaca.
- ↑ Débito cardíaco.
- ↑ Pressão arterial.
Sistema Respiratório:
- Não inibe quimiorreceptores de O2.
- Aumento das secreções respiratórias/ broncodilatação.
- Respiração apnêustica (altas doses).
- Dificilmente causa apneia.
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Sistemas Hepático e Renal:
- Evitar em animais com disfunção hepática e renal.
- Recuperação rápida após bolus IV (redistribuição para rim, fígado, gorduras e pulmão).
Sistema Digestório:
- Não altera a motilidade.
- Aumento de salivação.
Temperatura:
- Hipotermia (associações com relaxante muscular).
- Hipertermia (Cetamina pura).
Reflexos Protetores:
- Manutenção dos reflexos de deglutição, tosse, palpebral, corneal, anal e laringotraqueal.
Cetamina:
- É um fármaco versátil com alto índico terapêutico.
- Utilizado em diversas espécies domésticas e selvagens.
- Apresenta latência e duração curtas.
- Pode ser utilizada em bolus ou infusão contínua.
- As características que indicam um plano anestésico superficial para a anestesia total
intravenosa são: nistagmo fraco ou forte, lacrimejamento, reflexo palpebral, reflexo anal, piscar
voluntário, pressão arterial, frequência respiratória.
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Tiletamina:
- Sempre associada ao zolazepam em partes iguais.
- Apresenta alto índice terapêutico e reduz a dose dos anestésicos inalatórios.
- Apresenta duração em média 3 vezes maior que da cetamina.
Associações Anestésicas:
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11. ANESTÉSICOS LOCAIS
Definição:
Toda substância que, aplicada em concentração adequada, produz bloqueio reversível na
condução nervosa (sensibilidade, motricidade e função autonômica) em alguma parte do corpo.
Uso clínico:
Anestesias locais ou regionais, analgesias, anestesias intratecal e epidural, bloqueios periféricos
para membros, aplicações tópicas e intravenosas, manuseio das vias aéreas, manipulações
oculares e da pele, e no controle de arritmias cardíacas. O uso de infusão contínua de lidocaína
foi relatado com eficácia para o controle da resposta simpática promovida por estímulos
nociceptivos.
Características ideais:
Ação reversível e sem sequelas, período de latência curto, longa duração de bloqueio neuronal,
seletividade sensitivo-motora, não ser irritante ou tóxico, ser estável, solúvel em água,
compatível com vasopressores e apresentar custo razoável.
Mecanismo de ação:
Os anestésicos locais promovem o bloqueio da condução do impulso nervoso, impedindo a
entrada rápida de sódio para o interior dos axônios, evento responsável pela despolarização da
membrana celular. Ocorre a ligação dos anestésicos locais ao sítio hidrofílico do canal de sódio
presente na superfície interna da membrana celular, bloqueando a sua ativação. Para atravessar
a membrana celular, o fármaco deve estar em sua forma não ionizada, e uma vez dentro da
célula, se torna ionizada e assim consegue se ligar ao receptor.
Os anestésicos locais atuam na membrana nervosa, e como esta é composta basicamente por
lipídios, a potência dos fármacos está diretamente relacionada à sua lipossolubilidade. Quanto
maior a afinidade pelos lipídeos, menor a concentração necessária de um agente para atingir o
mesmo bloqueio neuronal. A duração de ação está relacionada à ligação com proteínas
plasmáticas, potência do anestésico local, dose administrada, associação a vasoconstritores,
vascularização tecidual e taxa de biotransformação. Atuam em todas as 4 vias da dor:
transdução, transmissão, modulação e nocicepção.
GRUPO AROMÁTICO
• Derivados do ácido benzoico (cocaína, benzocaína), PABA (procaína, tetracaína) ou
xilidina (lidocaína, bupivacaína).
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GRUPO AMINA: Porção hidrofílica (ionizável)
• É a porção que vai sofrer a influência do pH do meio, determinando assim a velocidade
de ação do anestésico.
• Para aumentar a solubilidade, são encontradas no comércio sob a forma de sal e
resultam da reação de uma amina e o HCl, compondo um sal de ácido forte (cloridrato).
• O pH dos anestésicos locais é baixo (3,5 a 5,5).
Bloqueio Anestésico:
Ocorre de maneira sequencial:
• Expansão da membrana pela base.
• Ligação do cátion ao local receptor (canal de Na+).
• Bloqueio do canal do sódio.
• Diminuição da condutância ao Na+.
• Depressão da intensidade da despolarização elétrica.
• Os bloqueios seletivos entre fibras sensitivas e motoras são de importante consideração
clínica. A seletividade está relacionada à concentração do fármaco, mas também pode estar
relacionada aos seus pKa e lipossolubilidade.
OBS: As fibras nervosas de menor calibre tendem a possuir maior sensibilidade aos anestésicos
locais comparadas às fibras maiores, assim como as fibras mielínicas são bloqueadas mais
rapidamente que as amielínicas. Dessa forma, as fibras C autonômicas e nociceptivas (mais finas
e amielínicas), as B e Aδ (mielínicas), são bloqueadas antes das fibras sensoriais e motoras Aα,
Aβ e Aγ (mielínicas e maiores).
50
Farmacocinética:
O período de latência de um anestésico local é inversamente proporcional ao seu grau de
ionização. Este é depende do pKa do fármaco e do pH do meio em que se encontra dissolvido.
Como o pKa é constante para cada agente, o pH do meio é determinante na proporção entre
as frações ionizada e não ionizada.
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CONCENTRAÇÃO DO ANESTÉSICO LOCAL:
- Quanto maior a diluição mais lenta a absorção.
Propriedades físico-químicas:
Ionização dos fármacos:
Efeitos Sistêmicos:
SISTEMA CARDIOVASCULAR:
• Antiarrítmico Ib à vasodilatação arterial (causa hipotensão).
• Redução na excitabilidade elétrica, condução e força contrátil.
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• Bupivacaína é 70 vezes mais tóxica do que a lidocaína, pois, assim como ocorre no
nervo, o AL se liga à fibra miocárdica quando os canais estão inativados (na diástole).
• Durante a diástole deve haver tempo suficiente para que o AL se libere do canal da
fibra.
• Como o padrão da bupivacaína é a entrada rápida e a saída lenta, o intervalo diastólico
não é suficiente para permitir sua liberação.
• A lidocaína possui entrada e saída rápidas, e, se a FC estiver menor do que 150-200
bpm, o tempo diastólico é suficiente para liberar os canais.
• Taquicardia, acidose e hipóxia pioram o quadro, pois promovem mais ciclos cardíacos
e fornecem mais canais inativados.
• A acidose local retém o anestésico dentro da fibra miocárdica.
Analgesia por infusão contínua à supressão dos neurônios nociceptivos da medula espinhal,
estabilização das membranas excitatórias (no sistema simpático e fibras periféricas).
• Intoxicação ¦ 1ª fase= depressão das vias inibitórias (excitação) e 2ª fase = depressão
generalizada do SNC.
• De maneira crescente, temos: Dormência, torpor, tremores musculares, perda da
consciência, convulsões, coma e apneia.
• Ocorre um predomínio da depressão de fibras e centros inibitórios do SNC,
desencadeando uma excessiva atividade excitatória.
• Se utilizarmos depressores dos circuitos excitatórios do SNC, agravamos o quadro de
intoxicação.
• As convulsões são causadas pelo bloqueio de receptores GABA.
OBS: Fantoni et al. não recomenda o uso de BDZs ou barbitúricos para as convulsões, já
Massone et al. recomenda barbitúricos de ação ultracurta ou moderada, suficiente para
antagonizar os sintomas de excitação.
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Complicações
POR COMPRESSÃO:
• Síndrome de Horner: Compressão medular de T1 – T3.
• Causas: volume elevado, administração rápida, administração subdural, mudanças
anatômicas e associado à depressão hemodinâmica (similar ao tempo de bloqueio).
POR TRAUMA:
• Relacionadas à administração: Intraneurais (epineuro) e Intrafasciculares (baixa pressão, alta
pressão).
• Minimizar riscos: agulhas com diminuto calibre, agulhas com pontas rombas, administração
lenta e técnicas guiadas.
LIDOCAÍNA
• Duração moderada (40 a 120 minutos).
• Período de latência: 5-10 minutos.
• Produzir bloqueios periféricos e centrais.
• Antiarrítmico (1 a 2 mg/kg) – Controle de arritmias ventriculares.
• Convulsão é o principal sintoma de intoxicação (doses de 20 mg/kg).
• Dose máxima: 6 – 7 mg/kg.
BUPIVACAÍNA
• Ação duradoura ( 6 a 10 horas).
• Período de latência: cerca de 20 minutos.
• 4 vezes mais potente do que a lidocaína.
• Dose máxima: 4 mg/kg.
ROPIVACAÍNA
• Longa duração (180 a 480 minutos).
• Latência: 10 minutos.
• Menos cardiotóxica do que a bupivacaína
• Muito eficiente para anestesia epidural
• Dependendo da dose, podemos ter um bloqueio da dor mais pronunciado do que em
bloqueio motor.
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12. MONITORAÇÃO
Atenção:
- Quanto mais parâmetros, mais itens para interpretar.
- Saber o que é normal e o que é fisiológico para cada paciente, e buscar as causas
dessas alterações (saber limites e valores de referência).
- Existe um método “padrão ouro” e outros métodos indiretos para uma mesma
variável.
ECG
É a reprodução gráfica da atividade elétrica do coração durante o seu
funcionamento. Não dá informação da função cardíaca.
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Temperatura
Delta Tº = diferença entre a temperatura central – a periférica o resultado varia de 6
a 8.
O delta T mais próximo a 10 significa vasoconstrição (desvia o sangue da pele
para o centro, ex. 38 – 28), e menor que 5 significa vasodilatação.
Consequências da hipotermia: arritmias, ausência de reflexos e resposta a dor,
depressão do SNC e miocárdio, distúrbios de coagulação.
Oxigenação/Ventilação
- Oximetria de pulso.
- Capnografia.
- Volume inspirado/expirado.
- Complacência.
- ETCO2.
- FR.
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Oximetria de pulso: Monitores com a onda pletismográfica, dá várias informações:
- Altura da onda= Relacionada com
contratilidade.
- Onda dicrótica= Fechamento da válvula aórtica.
* Quando não tem essa onda é sugestivo de vasodilatação
- Área da onda= Relacionada com o volume de sangue escaneado pelo
transdutor.
- Distância da base = Relacionada com volume sistólico.
PA = Pressão Arterial
- Invasiva (método direto): cateter contra o fluxo, coluna de água tem que estar na
altura do coração.
- Não-invasiva (indireto): Com auxílio de aparelhos.
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A ventilação diminui o RV e o VS e gera essa diferença transitória. Desta forma, Só pode ser
avaliado com pressão arterial de forma invasiva e ventilação mecânica (sem movimentos
espontâneos), além de ritmo cardíaco regular, para permitir o enchimento ventricular.
Capnografia:
Débito Cardíaco:
58
13. EXAMES LABORATORIAIS: HEMOGRAMA
HEMATOPOIESE
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ERITROGRAMA
Série Vermelha
*Animais com problemas crônicos podem ter linfopenia (estresse, corticoidoterapia), sem
indicar quadro infeccioso.
*Animais com 10 mil plaquetas podem não ter clínica nenhuma de sangramento, hematomas,
petéquias.
60
*Saber o histórico do animal e o tempo de instalação do processo. Ex: anemia com baixo
reticulócitos, pode ser regenerativa mas ainda não deu tempo da medula responder leva 48-
72h pra produzir reticulócitos.
*Saber o que é causa e o que é consequência em cada caso para direcionar melhor o
tratamento,
*Anemia por hemólise intravascular: regeneração marcante com produção alta de reticulócitos.
*Todo processo infeccioso na fase aguda cursa com trombocitopenia! Consequência de várias
causas! Tratar a causa e não a trombocitopenia.
*Aparecimento de inclusões, corpúsculos de Heinz, esferócitos, esquistócitos, etc... observar
histórico, anamnese, medicação, alimentação.
61
Anemia: diminuição no número de hemácias. As hemácias têm meia vida de 140 dias, sendo
que a queda diária natural do hematócrito é de 0,7% aproximadamente, sendo esse também
o valor da sua produção natural.
62
Lembrando que devemos sempre levar em consideração as alterações de raça. Em
poodles, quando comparados aos valores normais são normalmente macrocíticos, enquanto os
akitas são microcíticas. Pode também ocorrer anisocitose que se caracteriza pela presença de
hemácias de diversos tamanhos referentes à assincronia na maturação nuclear e citoplasmática.
Anemia Regenerativa
Policromasia
Reticulocitose com anisocitose e RDW
Macrocitose ( VCM) e hipocromasia (↓de HCM e CHCM) associado com
reticulocitose
Pontilhado basofílico em ruminantes
MO hipercelular com a diminução da relação M:E devido a hiperplasia eritroide
Anemia Hemolítica
Reticulócitos
Percentual de Rt Corrigido (PRC): PRC = Rt % (Ht paciente / Ht normal) Cão -1% Gato: >0,4%
63
Hemólise extra-vascular
Ocorre quando as hemácias são destruídas no baço. A característica clínica mais clara
é a esplenomegalia. Também pode ocorrer atividade fagocítica exacerbada, síndrome
hemofagocítica – histiocitose maligna. Na hemólise extra-vascular imunomediada, são
mediadas por IgG e/ou Complemento, agentes infecciosos: FeLV, AIE, Mycoplasma haemofelis,
E. Cani; fármacos: penicilina, sulfa, cefalosporinas; neoplasias linfoides, linfoma e mieloma de
plasmócitos; e outras causas: intoxicação por chumbo, neoplasias eritróides ou esplênicas.
Hemorragia Aguda
No caso de grande perda sanguínea durante as cirurgias há queda do Ht, mas as
diferenças laboratoriais cronológicas ocorrem da seguinte forma; até 12 horas Ht normal, 12-
24 horas queda do hematócrito, 24-48 horas pico da queda. A regeneração começa apenas 72
horas depois. Retorna ao basal 2-4 semanas. Em equinos 8 semanas.
Hemorragia Crônica
Ocorre de forma lenta e insidiosa e ocorre adaptação orgânica. Devemos tomar
cuidado quanto as indicações de repouso e exercício e tomar cuidado com estresse que podem
causar descompensação e óbito.
*Eritroblasto é uma célula nucleada que interfere na contagem de leucócitos totais - fazer
correção quando acima de 5% de eritroblasto (descontar dos LT)
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*Animal não anêmico com alta porcentagem de eritroblasto, sugere-se intoxicação por chumbo
(chumbinho, tinta de portão, jornal)
*Fe liberado na hemólise não sai do organismo, fica nos macrófagos. Nem toda anemia pede
suplementação de Fe!
LEUCOGRAMA
65
*O caminho dos leucócitos é determinado por citocinas responsáveis pela quimiotaxia
Contagem diferencial e morfologia celular - Diferenciar processo inflamatório agudo de
crônico, grave
NEUTRÓFILOS
Tempo de trânsito – 7 a 10 dias (¯ Inflamação- 2 a 3 dias)
Meia-vida na circulação (6-10 h)
Pool circulante e pool marginal¦ relação 1:1 no cão e de 1:2 no gato (por isso é mais
evidente no gato)
Inflamação Aguda
Estágio inicial –neutrofilia (N. maduros)
Depleção do pool de maturação e reserva – Desvio à esquerda.
Dias após: hiperplasia medular ↑ da produção de neutrófilos e ¯ o desvio. Estabilização
da inflamação – neutrófilos maduros
Inflamação Aguda Grave
Neutropenia – incapacidade de resposta medular adequada
Desvio a Esquerda – depleção da reserva de neutrófilos
Linfopenia – estresse
Monocitose – Necrose tecidual; demanda por fagocitose.
Prognóstico – Mau a reservado
Inflamação Crônica
Hiperglobulinemia
Anemia do Proc. Inflamatório Crônico
Número de neutrófilos discretamente elevado + balanço entre demanda e produção.
Linfócitos – normais, ↓ ou ↑ - balanço entre efeito do estresse e estimulação antigênica.
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Indicadores de Toxicidade Sistêmica
Alt. Nucleares: hipersegmentação ou hiposegmentação
Tamanho ou forma: neutrófilos gigantes
Corpúsculos de Döhle
Basofilia citoplasmática
Granulações tóxicas
Vacuolização
Alterações nucleares
Células gigantes
Vacuolização citoplasmica
Tumefação nuclear-perda do padrão de cromatina
Neutropenia:
Diminuição da produção medular por dano tóxico severo ( estrógeno, fenilbutazona,
cloranfenicol, griseofulvina)
Agentes infecciosos – Ehrlichia sp., parvovirus, VLF
Granulocitopoiese ineficaz
Outras causas não relacionadas à produção: marginalização (endotoxemia, anafilaxia)
Eosinofilia:
Alergia (HS tipo I)
Parasitas
Inflamação granulomatosa
Neoplasias
Síndrome hipereosinofílica
Leucemia eosinofílica
Hipoadrenocorticismo
Pode ser normal em alguns indivíduos (Infecções agudas, hipercortisolemia e liberação
de adrenalina por medo ou exercício extremo)
LINFÓCITOS
Circulação sangue - tecidos
Tempo de trânsito: 8 a 12 horas
Tempo de sobrevida: meses a anos
67
Linfopenia:
Doenças virais
Lesão direta do tecido linfóide
Redistribuição linfática devido ao estresse ou exposição ao antígeno
Cinomose, HIC, enterite por parvovirus, enterite por coronavirus
Corticoide exógeno ou endógeno
Fase precoce de doença aguda e grave
Perda de linfa
Alteração da circulação linfática
Linfocitose:
Transitória – leucocitose fisiológica (15-30’)
Linfocitose persistente – forte estimulação imune
Infecção crônica
Viremia
Doença imunemediada
Imunização recente
Leucemia linfática: Anemia não regenerativa, trombocitopenia e neutropenia;
linfoblastos
MONÓCITOS
Fagocitose
Liberação de mediadores: fatores quimiotáticos, prostaglandinas
Apresentação de antígeno
Participação na regulação da reserva corpórea de ferro
68
14. EXAMES LABORATORIAS: BIOQUÍMICOS HEPÁTICOS E RENAIS
Mitika Hagiwara
Urinálise:
Staphylo ou Proteus: transformam a ureia em amônia¦ pH tende a ficar mais alcalino.
Animal com êmese e densidade urinária baixa¦ sem concentração da urina, apesar da
desidratação¦ lesão renal
Diferenciar hemorragia de infecção urinária pela presença de leucócitos na urina, na
mesma quantidade de hemácias.
Bactéria na urina deve-se diferenciar de contaminação na hora da coleta ¦
presença de leucócitos, histórico, contaminação também no processamento da amostra.
Urinálise dá indícios de lesão renal mais recente ¦ relação ptna/creatinina urinária. O
rim substitui a proteína urinária a cada 24 horas. A rel PrUr /CrUr de cães e gatos deve ser <
0,4.
> 3 leucócitos / x 400 – interfere na relação
A densidade urinária também fornece informação mais significativa sobre a função
renal: peso da urina em comparação com o peso da água, reflete o número de solutos e seu
peso (moléculas maiores ↑ dens. urinária). Densidade normal: 1,001 a 1,080.
Albumina plasmática pode estar normal, pois o fígado compensa ou o animal pode estar
hemoconcentrado.
Triagem de animais: hemograma + urinálise simples
69
Avaliação da função glomerular:
Taxa de filtração glomerular
Relação direta com massa renal funcional
Avaliação da progressão da doença renal
BUN (uréia sanguínea) e creatinina sérica – AZOTEMIA
* Ureia e creatinina normais não excluem doença renal
* Creatinina sérica só aumenta com mais de 75% de lesão renal
Depuração renal:
Importante saber o débito/fluxo urinário influencia excreção de solutos e dos próprios
anestésicos.
Volume de plasma filtrado/min. (quantidade de uma substância na urina /min.)
Depuração renal de creatinina (não é secretado nem absorvido na urina = TFG)
Depuração normal = 2 a 5 mL/min/kg
↑ Conc.sérica de P >85 % de néfrons afuncionantes
EXPLORANDO O FÍGADO
70
Captação, metabolismo e excreção de substâncias exógenas
Testes Laboratoriais:
1) Lesão hepática: injúria ou necrose de hepatócitos
Aumento da atividade sérica de ALT, AST, SDH (enzimas de extravasamento)
71
Equinos e ruminantes: GGT > sensível e específica FA na colestase; alta
atividade de GGT no colostro; GGT sérica de bezerros (3 dias)= 200X adulto, e com 30
dias tem valores do adulto
72
* Ureia tem relação com o fígado e o rim.
* Saída de ALT/AST do hepatócito nem sempre indica morte celular, pode ter aumento da
permeabilidade da membrana do hepatócito com liberação dessas enzimas, como na
congestão ou estase venosa. Nesse caso sem ruptura é mais comum o aumento apenas de
ALT, pois a AST está presente na mitocôndria do hepatócito.
73
15. FLUIDOTERAPIA
Dr. Francisco Teixeira Neto
VOLUME SANGUÍNEO
• Canino: 8 – 9% do peso ideal
• Felino: 6% do peso ideal
• Equino: 7 – 8% do peso ideal
• Bovino: 6% do peso ideal
As células possuem uma barreira seletiva para eletrólitos, e o interstício (endotélio vascular)
permite a passagem de íons, mas não de proteínas. A água possui passagem livre tanto no
interstício como na célula. A composição do plasma e do interstício difere, e está demonstrada
na tabela abaixo com valores aproximados:
74
A água movimenta-se livremente entre os compartimentos intracelular, plasmático e
intersticial visando manter o correto equilibrio desses compartimentos. As três variáveis que
interferem na movimentação da água no organismo são: a osmolaridade, a pressão oncótica e
a pressão hidrostática. A osmolaridade é relacionada com a concentração dos íons nos
compartimentos, a pressão oncótica é dada pela concentração de macromoléculas,
principalmente pela albumina (responsável por 80% da pressão oncótica) no plasma. A pressão
hidrostática corresponde a pressão que o sangue exerce contra a parede do capilar. A pressão
hidrostática intersticial é negativa, empurrando a água para o capilar. Esses fatores influenciam
no movimento da água e também na perfusão celular. O coeficiente de perfusão é determinado
pela justaposição e pela permeabilidade das células.
75
Um ponto essencial para a implementação de fluidoterapia em qualquer paciente é a
obtenção do acesso através do que a solução será administrada. Os cateteres podem ser
alados, como os butters, guiados como os cateteres de longa duração, ou cateteres venosos
simples. O tamanho do cateter deve ser sempre o maior possível para que a administração de
fluidos aconteça com volume, velocidade e fluxo adequados. A via intraóssea é uma opção para
animais de pequeno porte e silvestres, mas a punção e a administração são doloridas. A assepsia
prévia a colocação do cateter é fundamental para evitar flebites.
O objetivo da fluidoterapia é repor volume perdido ou realizar expansão volêmica. A
expansão volêmica visa aumentar a pré-carga, aumentando o volume sistólico e o débito
cardíaco. Para a escolha do fluido a ser utilizado, dois parâmetros auxiliam muito na escolha:
Hematócrito e Albumina sérica. Se ambos os valores estiverem altos, o fluido de escolha é um
cristaloide. Se o hematócrito estiver normal, mas a albumina baixa a escolha será entre
cristaloides ou coloides, ou uma combinação de ambos. Se tanto o hematócrito quanto a
albumina estiverem abaixo dos valores normais para a espécie, o mais recomendado é a
administração de hemoderivados. Um paciente com hematócrito normal, mas desidratado,
estará provavelmente anêmico. Além da desidratação, o hematócrito também pode apresentar
valores elevados em casos de hipoxemia crônica, policitemia vera, ou estresse na hora da coleta.
A escolha do fluido também deve considerar o distúrbio a ser tratado. Pacientes com
vômito costumam apresentar valores de potássio e cloro baixos, pacientes com diarreia
apresentam valores de bicarbonato baixos, pacientes com insuficiência renal crônica possuem
hipocalemia e os cardiopatas hiponatremia normalmente.
As soluções cristaloides são compostas por eletrólitos e pequenas moléculas que se
difundem facilmente entre os compartimentos intravascular e intersticial. Elas podem ser
balanceadas ou não-balanceadas. As não balanceadas são a solução de cloreto de sódio a 0.9%,
a 7%, e a solução glicosada, cujas composições aproximadas estão na tabela abaixo.
Se utilizada por muito tempo, a solução de NaCl 0.9% pode levar a acidose
hipercloremica. A solução glicosada é muito hipotônica em comparação com o plasma, sendo
indicada para controle de diabetes e de hipernatremia aguda. A correção de hipernatremia
crônica deve ser feito de modo lento, de no máximo 10 – 15 mEq por dia, não ultrapassando a
taxa de 0.5 mEq por hora. A solução de NaCl 7% induz a liberação endógena de vasopressina,
sendo indicada para choque hemorrágico, sepse e trauma crânio encefálico; deve ser evitada
em pacientes desidratados.
As soluções balanceadas utilizadas no Brasil são o Ringer Simples e o Ringer com
lactato. O ringer com lactato é contraindicado para neoplasias (particularmente o linfoma),
76
alcalose metabólica hipoclorêmica, trauma crânio encefálico e em pacientes hepatopatas. A
ultima contraindicação ainda permanece controversa.
Monitoração
Fluidoterapia em Anestesia
- Empregar sempre Ringer lactato ou Ringer acetato.
- Solução fisiológica causa acidose metabólica.
- Solução hipertônica de NaCl apenas quando sangramento for controlado e sobretudo no TCE.
- Plasma indicado apenas em distúrbio de coagulação.
Conclusões:
- Monitoração contínua dos parâmetros hemodinâmicos.
- A volemia deve ser reavaliada continuamente.
- A escolha do tipo de fluido deve ser realizada individualmente.
77
16. ELETROFISIOLOGIA CARDÍACA
Na fase 0 ocorre a despolarização por entrada de Na+ para o meio intracelular através
de canais rápidos. A fase 1 corresponde a saida de K+ das células e entrada de cloro. A fase 2,
também conhecida como fase de platô, ocorre com a entrada de Ca++, mantendo a
despolarização por um tempo maior do que em uma célula de músculo esquelético. A fase 3 é
a repolarização, com saída de K+ e fechamento dos canais de cálcio, e por fim, a fase 4 é a fase
de repouso. Se na fase 2, não ocorrer a entrada de cálcio, ocorre a dissociação eletromecânica
(que equivale a atividade elétrica sem pulso). O potencial de ação cardíaco tem uma duração
maior.
As células dos nodos tem capacidade de automaticidade, assim como algumas células
do miocárdio dos ventrículos também podem gerar impulsos, levando a formação das
chamadas contrações ventriculares prematuras ou VPC’s. O potencial de despolarização dos
nodos está representado na figura abaixo:
78
A automaticidade cardíaca é dada por uma inclinação na fase 0, devido a canais lentos
de cálcio e sódio. Na fase 4, após a despolarização, entra em ação a bomba Na/K dependente
de ATP para restabelecer as concentrações de sódio e potássio entre os meios intra e
extracelular. Uma fase 0 inclinada, ao invés de vertical, pode resultar em um QRS alargado,
significando uma velocidade de condução mais lenta que o normal. As células de condução
apresentam um período refratário menor do que as de contração.
Na figura abaixo, há um exemplo de eletrocardiograma normal:
R R
P T P T
Q Q
S S
Figura 3: Representação gráfica de duas ondas de ECG normais
MAE
DI aVF
MAD MAD MAE
MPE MPE
Figura 4: Triangulo de Einthoven. MAD: membro anterior direito; MAE: membro anterior
esquerdo; MPE: membro posterior esquerdo; D: derivação.
79
Ao juntar todos os eixos em sobreposição, temos a seguinte orientação:
aVR aVL
DI
80
17. ARRITMIAS CARDÍACAS
Dr. Kaleizu Rosa
Como apresentado no capítulo anterior, a função do coração é manter o débito cardíaco. Pelo
fato da despolarização ser dependente de íons, desequilíbrios eletrolíticos propiciam o
aparecimento de arritmias cardíacas, visto que a permeabilidade dos íons pela membrana é
relacionada com a diferença do gradiente de concentração dentro e fora da célula. O ritmo
cardíaco depende de três fatores: sítio de formação, frequência e regularidade. Alterações em
algum desses fatores levam as arritmias. Bradicardia e taquicardia são arritmias de frequência,
mas podem ter formação e regularidade normais. Uma variação de até 10% no intervalo RR é
considerado um ritmo normal.
As arritmias cardíacas podem ter diversas causas, e a decisão de tratamento
farmacológico deve ser tomada apenas após analisar os quatro fatores a seguir:
1.Presença de repercussão hemodinâmica.
2.Relação da arritmia com alta mortalidade.
3.Presença de causa base.
4.Riscos da terapia.
O ritmo é chamado de Ritmo Sinusal, quando: tem presença de onda P, toda P é seguida de
um QRS, frequência cardíaca e o ritmo são normais.
Segue o traçado ilustrando o ritmo sinusal:
Se houver apenas uma arritmia, mas a frequência e a associação QRS com P forem
normais, é a chamada Arritmia Sinusal representada na figura abaixo. A arritmia sinusal
normalmente é associada com o ciclo respiratório, onde na inspiração há um predomínio da
atividade simpática, e na expiração da parassimpática.
81
Na arritmia sinusal pode haver a presença do Sinus Arrest ou Parada Sinusal, ilustrada
na figura abaixo. Se houver, um comprometimento hemodinâmico é mais provável.
v BRADIARRITMIAS
As bradiarritmais são classificadas em: bradicardia sinusal, bloqueio átrio ventricular de primeiro
grau, bloqueio átrio ventricular de segundo grau, bloqueio átrio ventricular de terceiro grau,
parada atrial e síndrome do seio doente.
Bradicardia Sinusal
§ Todo QRS é precedido de P
§ Toda P gera um QRS
§ Ondas com formato normal
§ Frequência mais baixa que o normal para espécie e raça
Mobitz tipo I
Associado com fenômeno de Wenkebach, há um prolongamento progressivo do intervalo PR
até que ocorre um bloqueio completo em que uma P não gera um QRS.
É responsivo a atropina, mas nem sempre há necessidade de tratamento
82
Figura 5: Traçado eletrocardiográfico com presença de bloqueio atrioventricular de segundo
grau Mobitz tipo I.
Mobitz tipo II
O intervalo PR é mantido constante.
Pode apresentar batimentos de escape entre as P’s.
Associado com doença no feixe de His ou nos ramos direito ou esquerdo.
Geralmente não responde a atropina, responsivo a isoproterenol, e pode necessitar de implante
de marcapasso.
São necessárias de duas a três ondas P para que uma gere um QRS.
Figura 6: Traçado eletrocardiográfico com presença de bloqueio de segundo grau Mobitz tipo
II.
Parada Atrial
§ Ausência de onda P
§ Pode ser reversível ou irreversivel
§ A irreversivel tem causas genéticas
§ Pode estar associada com hipercalemia, em que o miocárdio do átrio não despolariza,
e/ou com insuficiencia renal
83
Figura 8: Traçado eletrocardiográfico com presença de parada atrial.
v TAQUIARRITMIAS
Taquicardia Sinusal
§ Não responde a manobra vagal
§ O impulso é gerado no nodo sinoatrial
§ FC > 160 em cães médio porte, >180 raças toys, >140 raças gigantes, >220 em
filhotes, >240 em gatos.
§ Causas importantes: Hipotensão, Sepse
84
§ Pode entrar em taquicardia supraventricular paroxistica, caracterizado por períodos de
APC’s com todos os P’s invertidos, ou sustentada. Nesse caso, o tratamento é com
bloqueadores de canais de cálcio e digitálicos
Fibrilação Atrial
§ O estimulo tem uma origem única, mas fica recirculando no átrio.
§ O QRS é normal.
§ Normalmente não necessita de tratamento.
§ Ritmo irregular, FC alta.
§ QRS não tem P, não há P’s.
§ Associada com dilatação atrial (sobrecarga de volume).
§ Tratamento: Digoxina, Amiodarone.
85
Taquicardia Ventricular
§ Vários VPC’s em sequência.
§ QRS com morfologia bizarre.
§ Tratamento lidocaína, amiodarona ou sotalol.
Fibrilação Ventricular
§ Não se consegue identificar nenhum complexo.
§ Ritmo caótico.
§ Ocorrem circuitos de reentrada, havendo maior chance de acontecer se o VPC ocorrer
logo após a onda T.
Bigeminismo
§ Há uma alternância entre complexos normais e VPC’s
86
v BLOQUEIOS DE RAMO
Os bloqueios de ramo são distúrbios de condução, e não arritmias.
Ritmo juncional
o Toda P tem QRS e todo QRS tem P, mas QRS bizarro.
o Pode ser arritmia sinusal com bloqueio de ramo e marca-passo migratório.
o Pode ter complexos QRS não precedidos de onda P
Batimentos de Escape
o São batimentos originados no ventrículo, portanto tem a morfologia de VPC.
o Ocorrem em frequências cardíacas baixas.
o Sempre são precedidos de uma pausa.
o É um mecanismo de segurança para manutenção do débito cardíaco se a FC está muito
baixa.
87
CARDIOVERSÃO DESFIBRILAÇÃO
• A descarga ocorre 0.1ms após o • Descarga de energia em
pico da onda R, ou seja após a qualquer momento do ciclo
sístole ventricular, quando o cardíaco
miocárdio está no período • Objetivo: parar o coração
refratário absoluto para que nodo sinoatrial
• O aparelho tem monitor acoplado
• Indicado para taquicardia
X assuma
• Indicada para fibrilação ou
supraventricular como fibrilação taquicardia ventricular sem
ou flutter atrial, ou fibrilação pulso
ventricular com pulso
Os desfibriladores podem ser monofásicos ou bifásicos. Nos bifásicos, a corrente vai e volta,
havendo maior chance de queimadura; a carga inicial utilizada é de 2 – 4 J/kg. Os monofásicos
tem menor chance de causar queimura, e a carga inicial é de 4 – 6 J/Kg. A partir da segunda
descarga, deve-se aumentar a carga em 50%.
88
18. ANESTESIA EM CÃES E GATOS CARDIOPATAS
Elisabeth Carvalho
Movimento anula de mitral (MAM ou MAPSE) e tricúspide (TAPSE): avaliam a função das
fibras longitudinais, as quais degeneram se antes das radiais, é uma variável mais precoce de
disfunção do que a FS. È de simples execução e não requer equipamentos sofisticados. Permite
avaliar a função diastólica do ventrículo direito e esquerdo.
Strains e strain rate: permitem uma melhor avaliação, entretanto necessitam de equipamento
específico.
Avaliação da função diastólica: 4 fases, relaxamento isovolumétrico, enchimento rápido,
enchimento lento e contração atrial.
Os três principais elementos do enchimento ventricular são: relaxamento ventricular,
complacência ventricular e frequência cardíaca.
Onda E “ early diastole”: ejeção do átrio para o ventrículo por diferença de pressão.
Onda A “atrial kick”: menor do que a onda E, pois corresponde a 30% do volume de
sangue que vai para o ventrículo na contração atrial.
Disfunção diastólica
Fase I: inicial, onda A se torna maior que a onda E.
Fase II: as ondas voltam ao tamanho “normal”.
Fase III: disfunção diastólica, esses pacientes precisam de estabilização antes da anestesia.
A razão E/A do fluxo trans mitral maior que 2 indica congestão atrioventricular esquerda
severa. O uso do doppler tecidual ( e,’ a‘ ) é imprescindível para a correta graduação da
disfunção diastólica.
89
A presença de remodelamento cardíaco indica a presença de repercussão
hemodinâmica. A ausência de remodelamento cardíaco em um animal acordado não descarta
a possibilidade de complicações anestésicas atribuíveis à cardiopatia.
Síndrome cardio renal: importante fazer a monitoração do débito cardíaco no trans cirúrgico.
Para a anestesia:
90
Hipotensão transoperatória
Suspensão das medicações no pré operatório: ainda não há um consenso, porém devido a
chance de efeito rebote de hipertensão pela suspensão no enalapril, essa medicação deve ser
mantida. Diuréticos não indica se a suspensão também, já os betabloqueadores podem ser
suspensos.
Ventilação mecânica para CMD: Se houver disfunção do lado direito do coração o uso da PEEP
pode ser prejudicial. Já se houver alterações somente do lado esquerdo é indicado.
91
19. FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA
Msc. Jéssica Corrêa Rodrigues
A principal função do pulmão é a troca gasosa. Com isso ocorre a oxigenação do sangue
arterial, cujo objetivo é suprir a demanda tecidual de oxigênio, e a remoção de CO2 produzido.
Outras funções exercidas são a regulação da pressão arterial, pela conversão da angiotensina I
em II, a regulação da temperatura corpórea, principalmente em espécies com sudorese limitada,
e a metabolização e eliminação de fármacos. A manutenção da oferta de oxigênio (DO2) é o
objetivo dos sistemas cardiovascular e respiratório.
• PaO2 = fração livre de oxigênio no sangue; se estiver maior que 60mmHg, é suficiente
para manter a saturação da hemoglobina acima de 90%
Na indução anestésica pode haver uma queda na DO2, mas em fase inicial essa queda
é compensada por um aumento da extração pela célula, o que leva a uma redução no valor
venoso de oxigênio. A queda da oferta não é acompanhada por queda de consumo, isso só
ocorre quando o limiar de extração for atingido. Porém, abaixo de um valor crítico de DO2,
inicia-se o metabolismo anaeróbico (aumentando o lactato sérico), reduzindo o consumo
também.
92
o V. residual = volume que permanece nos pulmões após uma expiração forçada
o Capacidade inspiratória = volume máximo que pode ser inspirado a partir da posição
expiratória de repouso, é a soma do volume corrente com o volume de reserva inspiratória
o Capacidade residual funcional (FRC) = é a soma do V. residual com o V. expiratório
reserva
o Capacidade vital = volume possível expulsar durante uma expiração forçada
consecutiva a inspiração máxima; é o maior volume de ar que pode ser movimentado em um
único ciclo respiratório e compreende a soma de volume corrente, volume reserva inspiratório
e expiratório
o Capacidade pulmonar total (TLP) = volume máximo que os pulmões podem ser
expandidos com o maior esforço respiratório possível, é a capacidade vital mais o volume
residual.
93
v Equação do gás alveolar – para calcular a pressão parcial de oxigênio no alvéolo (PAO2)
PAO2 = [FiO2 X (Patm - PH2O)] – (PaCO2/ 0.8)
Onde 0.8 é o coeficiente respiratório (taxa de produção de CO2 em relação ao consumo de O2)
Em mmHg Pv PA Pa
CO2 45 40 35 – 45
O2 40 105 80 – 100
A diferença entre a PaO2 e a PAO2 deve ser menor que 20, indicando uma transferência normal
de oxigênio.
HIPOVENTILAÇÃO PA Pa
CO2 70 70
O2 75 65
v Relação Ventilação / Perfusão (V/Q): indica a relação das áreas ventiladas (V) com as
áreas perfundidas (Q). É necessário que um alvéolo seja ventilado e perfundido para que a troca
gasosa ocorra. O Shunt funcional corresponde a alvéolos colabados, atelectásicos, mas que são
perfundidos.
94
Zona II – provável que tenha melhor relação V/Q
Zona I – alto volume, mas baixa perfusão – espaço morto alveolar (Q = 0), não influencia a
hipoxemia
Zona III – baixo volume, mas alta perfusão – shunt (V = 0), alta diferença entre PA e Pa de
oxigênio
• Causas espaço morto alveolar: baixo débito cardíaco, choque, uso de PEEP elevada,
embolismo pulmonar.
• Espaço morto – alta diferença entre PaCO2 e ETCO2, diretamente proporcional e baixa
perfusão pulmonar.
v Capnografia:
95
Um aumento na inclinação da fase II indica um aumento da resistência das vias aéreas,
que pode ser causada por obstrução de sonda ou intubação seletiva. São também chamadas
de sharpwaves.
Os analisadores podem ser tipo sidestream ou mainstream. Os sidestream aspiram cerca de
200ml/min de gás e pode diluir o gás expirado com o gás fresco. Existem os chamados
microstream, que aspiram 50ml/min, de forma a reduzir o risco de diluição da amostra.
A anestesia pode, portanto, levar a hipoxemia, visto que induz a hipoventilação e a uma redução
na relação V/Q (ambas podem ser corrigidas com uso de oxigênio a 100%), e também por
induzirem shunt, que pode ou não ser corrigido pelo uso de 100% de oxigênio.
Na ocorrência de shunt pulmonar, o sangue chega ao ventrículo esquerdo sem ter sido ventilado
pelo alvéolo. Essa situação ocorre em atelectasia, edema, consolidação pulmonar e tumor
pulmonar. Há um aumento na diferença da pressão alveolar de oxigênio da pressão arterial,
diretamente proporcional porcentagem de sangue que passa por áreas atelectásicas. O normal
dessa diferença é menor ou igual a 20mmHg. Hérnia diafragmática, e decúbito prolongado em
grandes animais também são causas comuns de shunt. O aumento da ventilação alveolar
normaliza a PaCO2, mas nem sempre a PaO2. Uma PaO2 menor que 60mmHg com FiO2 de
100%, indica 50% de shunt.
Dois conceitos importantes para a compreensão da fisiologia pulmonar são o de complacência
e elastância:
96
20. VENTILAÇÃO MECÂNICA
Msc. Jéssica Corrêa Rodrigues
Introdução
97
O Ventilador Mecânico:
98
FLUXO F Rapidez com que mL ou L/ s ou min
inspiração é entregue
TEMPO INSPIRATÓRIO Ti Tempo para completar s
uma inspiração
TEMPO EXPIRATÓRIO Te Tempo para completar s
uma expiração
PRESSÃO DA VIA Paw Pressão medida na cmH20
AÉREA boca ou no nariz. É
zero (atmosférico) se
não for aplicada
pressão.
PRESSÃO PLEURAL Ppl Pressão dentro do cmH20
espaço pleural. Pode
ser obtida pela
medição da pressão
esofágica. Na
respiração espontânea
é negativa -5cmH2O
na inspiração e
positiva na expiração
10cmH2O.
99
PRESSÃO DE PLATÔ PPLAT É a pressão proximal cmH20
da via aérea, isto é, a
pressão na boca
medida durante uma
pausa inspiratória.
É uma estimativa da
PA usada para calcular
a Csr estática.
100
circundantes. Varia
conforeme a
viscosidade e
densidade do gás e do
diâmetro da sonda
endotraqueal. Raw=
P/F
Modos ventilatórios:
Definido alguns dos principais conceitos, os modos ventilatórios serão então esclarecidos:
101
Cabe ressaltar, que mesmo nesse modo é permitido adicionar um trigger, e caso o paciente
apresente um esforço respiratório detectado pelo ventilador, esse ciclo será então assistido pelo
aparelho.
102
Modalidades ventilatórias:
Ventilação com Volume Controlado (VCV):
Nessa modalidade o VT é selecionado pelo operador, portanto é constante, assim como o F. A
entrega desse VT é o que marca o fim da inspiração (Ti). Em alguns modelos de ventiladores é
possível limitar uma PPICO. Adicionando-se pausa inspiratória, temos a PPLAT, permitindo
assim o cálculo da CSTAT.
103
Ventilação com Pressão Controlada (PCV):
104
Uma das melhores formas de avaliar a ventilação pulmonar é a tomografia de impedância
elétrica, entretanto é um método que exige aparelhos específicos. Outra forma é calcular a relação
FiO2: PaO2, que deve fornecer um valor maior que 300. Se o valor estiver menor que 300 pode indicar
injúria pulmonar aguda, e se menor que 200 pode ser indicativo de SARA, ou atelectasia. A forma
mais utilizada para monitoração da ventilação mecânica é a capnografia, conforme ilustrado abaixo:
105
Quando a PaO2 está baixa significa hipoxemia, que pode ser devido a hipoventilação
ou a um desequilíbrio na relação V/Q. Quando este quadro acontece, algumas medidas podem
ser tomadas na tentativa de aumentar esse valor, como:
• Aumentar a FiO2
• Ventilação controlada ZEEP
• Ventilação Controlada PEEP
• Aumentar o DC (com inotrópicos)
Entretanto, o uso de oxigênio a 100% por tempo prolongado é deletério, visto que leva
à atelectasia alveolar. Portanto, deve-se utilizar a menor FiO2 possível. Para tentar tornar um
alvéolo colabado viável novamente, utilizam-se as manobras de recrutamento.
O recrutamento é uma ventilação temporária em altas pressões e é indicado em
cirurgias prolongadas (acima de 4 horas), cirurgias cardiotorácicas, animais obesos, distensão
abdominal e doenças pulmonares com redução na complacência. Atualmente as manobras de
recrutamento mais utilizadas são aquelas que se valem do emprego de PEEP titulada. Ela pode
ser feita de forma manual, com um aumento da pressão de pico de 20, 30, 40 cmH2O por 10
segundos cada. Outra forma é com o uso da ventilação mecânica com PEEP progressiva em 5,
10 e 15 cmH2O, deixando que ocorra 5 movimentos respiratórios em cada degrau da PEEP, e
sempre mantendo o ΔP (Ppico – PEEP) constante.
As principais vantagens do recrutamento são promover a abertura dos alvéolos
colapsados, melhorar a oxigenação, e proteger contra a lesão induzida pelo ventilador (com o
uso da PEEP). Como desvantagens há um risco de barotrauma, e uma queda no DC e no retorno
venoso. Essas manobras são contraindicadas em pacientes hipovolêmicos.
O recrutamento alveolar sem o emprego de PEEP, tende a abrir os alvéolos mas a não
sustentar essa abertura logo eles colabam novamente. A PEEP aumenta a capacidade residual
funcional pulmonar, aumenta a reservar de oxigênio e aumenta a resistência à apneia. Reduz a
área de shunt, melhorando as trocas gasosas e protege o pulmão contra injúrias causadas pelo
ventilador associada ao recrutamento intermitente.
A complacência nada mais é do que a medida da distensibilidade, expressa em
ml/cmH2O. Ela é dividida em estática e dinâmica. A Complacência Dinâmica é a soma da
complacência pulmonar com a da caixa torácica. Sua medida é expressa em um gráfico de
Volume X Pressão, onde há a curva formada é um looping. O recrutamento alveolar também
melhora a complacência dinâmica. Nela, o fluxo inspiratório é variável.
A Complacência Estática consiste de pontos da curva da Dinâmica. Há uma interrupção
temporária do fluxo inspiratório e expiratório, chamado Pausa Inspiratória, na qual o fluxo
inspiratório é zero. Há uma hipótese de que ela pode ser utilizada para determinar a PEEP ideal
para o paciente através do Lower Inflection Point, ou seja o momento da curva em que não há
subida retilínea (momento em que os alvéolos ainda estão colabados). A partir desse ponto, os
alvéolos foram recrutados.
Outro método para determinar a PEEP ideal para o recrutamento é através da utilização
de um tomógrafo de impedância.
A ventilação controlada deprime o sistema cardiovascular e reduz o retorno venoso pela
compressão da veia cava e de todas as estruturas intratorácicas. Além disso temos um aumento
da pós-carga pela compressão das artérias pulmonares e aorta. Como principais vantagens, sua
106
utilização propicia uma maior estabilidade de plano anestésico com o uso de anestesia inalatória
e reduz o trabalho respiratório do paciente. Se a normocapnia for mantida, não há liberação de
catecolaminas endógenas, que estimulam o sistema cardiovascular, como ocorre quando há um
aumento na ETCO2. Suas principais contraindicações são: hipovolemia, instabilidade circulatória
e pneumotórax.
107
21. PLANOS ANESTÉSICOS
Msc. Jéssica Corrêa Rodrigues
CONSIDERAÇÕES GERAIS
• Os planos de Guedel a seguir não são válidos na anestesia dissociativa e nem na
neuroleptoanalgesia
• A anestesia inalatória é a melhor forma de controlar os planos anestésicos
• Avaliar sensibilidade individual Considerar peso (obesos precisam de mais
anestésico, ao contrário de animais debilitados), MPA, tipo de cirurgia (dor)
REFLEXOS
• Avaliar os reflexos antes da anestesia, como controle
PUPILAR
• Estágio ideal miose discreta
• A pupila começa em miose e vai se dilatando enquanto se aprofunda a anestesia
PALPEBRAL
• Toca-se a comissura nasal da pálpebra
• CÃES: Plano ideal se dá quando não há reflexo palpebral
• GATOS: A falta de reflexo se dá quando a anestesia está moderadamente profunda
(3ª fase do estágio III)
GLOBO OCULAR
• Centralização ou rotação
• CÃES: Globo rotacionado indica um bom plano (2ª fase do estágio III)
• GATOS: Quando centraliza está moderadamente profunda (3ª fase do estágio III)
INTERDIGITAL
• Pressão da membrana interdigital
• Sua ausência indica a entrada na 2ª fase do estágio III
108
ESTÁGIOS ANESTÉSICOS
ESTÁGIO I
• Início da administração do fármaco até a perda da consciência
• Início da analgesia, animal acordado
• Comportamentos heterogêneos em função do temperamento, desorientação, leve
taquicardia e taquipneia
• Ocorrem respostas a reflexos somáticos e dolorosos
ESTÁGIO II
• Excitação ou delírio
• Hiper reflexia, hiperalgesia, hiperventilação
• Reações anormais a estímulos externos
• Causado pela depressão dos centros inibitórios do SNC, que ocorrem antes da
depressão dos centros excitatórios
• Uma MPA bem feita auxilia na redução do tempo no estágio 2, podendo até mesmo
preveni-lo
ESTÁGIO III
• Anestesia cirúrgica
• Perda da consciência e depressão progressiva do SNC
FASE 1 (1º PLANO)
• Normalização da respiração (queda na FR e aumento na amplitude respiratória)
• Miose
• Reflexo laringotraqueal ainda presente
• Reflexo interdigital presente
• Felinos podem apresentar gemidos nesta fase
FASE 2 (2º PLANO)
• Rotação do globo ocular no início, centralização no final da fase 2
• Respiração abdominocostal profunda e rítmica
• Perda dos reflexos interdigital e palpebral (exceto felinos)
• Queda na PA e tônus muscular
• Aumento do PCO2 e redução de secreções
FASE 3 (3º PLANO)
• Início de midríase, ausência de secreções, córnea seca
• Felinos perdem reflexos laringotraqueal e palpebral
• Queda na FR, centralização total do globo ocular
• Já é uma anestesia profunda, utilizada quando há abertura de cavidades torácica ou
abdominal
FASE 4 (4º PLANO)
• Depressão bulbar
• Aumento acentuado da PCO2
• Apneia
• Paralisia muscular
• Queda acentuada da PA
ESTÁGIO IV
• Choque bulbar
109
• Parada respiratória e cardíaca
• Midríase acentuada
• Hipotermia
• Morte
CÃES
GATOS
Plano Palpebral Tônus Reflexo Reflexo Rotação globo Pupila
muscular traqueal/ corneal ocular
esofágico
Superficial Presente Presente Presente/ Presente Centralizado/ Midríase
(1) ausente Semirrotacionado
Anestésico Ausente Ausente Ausente Presente/ Centralizado Miose
(2) ausente
Anestésico Ausente Ausente Ausente Ausente Centralizado Miose
profundo filiforme
(3)
Depressão Ausente Ausente Ausente Ausente Centralizado Miose
bulbar (4) filiforme/
Midríase
110
22. ANESTESIA E ANALGESIA PERIDURAL EM CÃES E GATOS
Dr. Rodrigo Marucio
Introdução
A analgesia peridural (epidural ou extradural) consiste na administração de um ou mais
fármacos, com características analgésicas ou anestésicas, no espaço peridural, com o intuito
de promover uma analgesia potente e duradoura em diversas situações de presença da dor,
como por exemplo: traumas, procedimentos cirúrgicos, dores neoplásicas e neuropatias.
Promove uma analgesia preemptiva por inibição sensitiva central (“wind-up”) e bloqueio da via
aferente do corno dorsal da medula, reduzindo a dor e o requerimento de analgésicos durante
o período pós-operatório. Em 2003, Block et al. (JAMA. 2003; 290:2455-2463) publicaram uma
meta análise sobre a analgesia peridural pós-operatória. Os trabalhos incluídos no estudo
demonstraram que a analgesia peridural promoveu melhor analgesia pós-operatória
comparada ao uso de opioides administrados pela via parenteral em todos os tipos de cirurgia,
exceto em cirurgias torácicas.
O sucesso da analgesia peridural depende da localização correta do espaço peridural,
preferencialmente no espaço sacrococcígeo (S3 – COX1). O animal pode ser posicionado em
decúbito lateral ou esternal. A analgesia peridural pode ser feita com o animal consciente,
tranqüilizado ou preferencialmente anestesiado, depende da situação e da índole do paciente.
Deve ser realizada tricotomia ampla e antissepsia da área. O uso de pano de campo e
luvas estéreis também é importante. As agulhas devem ser de preferência de ponta romba -
agulhas de Tuohy ou Weiss. A mesma deve atravessar a pele, subcutâneo, o ligamento supra-
espinhoso, intervertebral e o amarelo (crepitando ao passar por esta última camada), chegando
finalmente ao espaço peridural.
A administração da solução deve ser no espaço compreendido entre a dura-máter e o
canal vertebral. Deve-se acoplar uma seringa, de preferência de vidro, contendo ar ou solução
salina à agulha. Outra técnica muito utilizada é a aspiração de uma gota de anestésico
depositado no canhão da agulha pela pressão negativa do espaço peridural. A velocidade de
administração deve ser em torno de 30 segundos a 1 minuto. Durante a realização da técnica
pode ocorrer punção do espaço intratecal ou de vaso sanguíneo, nesses casos deve-se remover
a agulha e repetir o procedimento.
A figura abaixo demonstra a localização para punção peridural no espaço lombosacro
(entre L7 e S1).
111
A confirmação da entrada no espaço epidural pode ser feira através da detecção do
ligamento amarelo, presença de pressão negativa com a seringa, relaxamento do esfíncter anal
e dos membros posteriores (bloqueio motor) após a administração, respiração intercostal e
perda do reflexo interdigital (bloqueio sensitivo).
Complicações:
Os medicamentos administrados por via epidural podem sofrer absorção por três vias:
absorção sistêmica, sequestro pelo tecido gorduroso espinhal e absorção dentro do LCR e da
medula espinhal.
VOLUME
Membro posterior: tem sido recomendado 0,2 mL/kg, não ultrapassando 6 mL para animais
com peso superior a 30 Kg (Valverde, 2008).
Em cães: 0,26 mL/kg se espalhou entre T11-T13
* O limite de 6 mL de volume total é baseado no pressuposto de que o canal vertebral não é
proporcionalmente maior em relação ao seu peso, porém isso não foi confirmado
cientificamente.
112
VOLUME X TAMANHO DE COLUNA
- 0,05 mL/cm de coluna: sobe de 30-35% do comprimento da coluna
- 0,1 mL/cm = 60%
- 0,15 mL/cm = 70-75%
Analgesia Peridural:
A administração de analgésicos pelo espaço peridural é vantajosa pela proximidade desta via
com os receptores analgésicos localizados na coluna espinhal, fornecendo uma analgesia mais
potente, com menores efeitos colaterais e maior duração quando comparado à administração
sistêmica. A administração peridural isolada de opióides promove alívio da dor visceral e
somática, por bloqueio seletivo de impulsos nociceptivos, sem interferir com a função sensorial
e motora e sem deprimir o SNC.
*Todos os opióides tem efeito sistêmico e espinhal, quando administrado via epidural: 5 a 10
min= sistêmico (absorção vascular); 20 min=espinhal (absorção líquor).
MORFINA:
Local de ação é provavelmente no núcleo espinhal.
Cães: 0,1mg/kg início de ação 20 a 60 min e duração de 12 a 24 h.
Complicações: Retenção urinária, vômito, náusea e pruridos.
METADONA:
Cães: 0,1 - 0,2 mg/kg.
Duração: 6 a 12 horas.
TRAMADOL:
Qualidade da Analgesia Peridural semelhante à parenteral.
Duração da analgesia maior quando comparado a via sistêmica: 4 - 8 horas.
Poucos efeitos colaterais.
Dose: 2 - 4 mg/kg.
113
FENTANIL:
Duração semelhante à parenteral.
Efeitos colaterais semelhantes à via parenteral.
Quando associado aos anestésicos locais: efeito mais cranial.
Lipossolúvel Período de latência curto: 5 min.
Duração: 30 min – 5h.
Dose: 2 –5 μg/kg.
BUPRENORFINA
Em cães: duração de 12 a 24 horas.
Efeitos colaterais semelhantes à via parenteral.
Latência: 40 min.
Dose: 10 –30 μg/kg.
BUTORFANOL
Dose: 0,2 –0,4 mg/kg.
CAM Isoflurano ↓ em 30%.
Duração: 1 a 2 horas.
Ausência de Depressão cardiovascular.
Lipossolúvel.
FÁRMACOS ADJUVANTES
1. Neostigmina - 1 -5 micrograma/kg.
2. Magnésio.
3. Cetamina - 0,5 mg/kg.
4. Agonistas adrenérgicos alfa- 2.
Anestesia Peridural:
Sequência do bloqueio (de acordo com diâmetro): B (simpático), C (dor e temperatura), A-delta
(sensitiva), A-alfa (motora).
Atenção!
*Acima de 20Kg manter 6ml ou subir 1ml a cada 10kg extras.
114
Lembrar que existe analgesia residual dos AL! Em um procedimento de ortopedia, vale
mais a pena usar Bupivacaína ¦ bloqueio até 4h e analgesia dura até 8h.
- A diluição dos AL pode comprometer o bloqueio (eficácia e tempo de bloqueio) pois diminui
a concentração do fármaco.
- Não diluir o volume entre Lidocaina e Bupivacaina
Sequência do bloqueio
1º bloqueio sensitivo
2º bloqueio motor
Sequência do retorno
1º bloqueio motor
2º bloqueio sensitivo
LIDOCAINA BUPIVACAINA
Cão 5-10% 5%
Gato 5-10% 5%
Observações
Gatos e cães pequenos: punção no espaço lombossacro pode pegar no saco dural, mas a
medula espinhal termina em L5.
No espaço espinhal tem vascularização e absorção de medicamentos
Ex: Morfina tem latência de 20 a 40 min para analgesia sistêmica (fraca na dose de epidural),
mas promove analgesia espinhal cuja potência e eficácia na modulação da dor são maiores.
115
Fármacos lipofílicos e hidrofílicos
Ação anestésica dos fármacos lipofílicos é mais segmentar, pela baixa migração do fármaco,
pois ultrapassa rapidamente as barreiras. Já os fármacos hidrofílicos migram mais cranialmente,
pois demoram mais para serem absorvidos, mas sua ação dura mais tempo.
Associação Fentanil + Morfina pela via epidural: dura até 5 horas de conforto analgésico.
*O Fentanil é lipofílico e Morfina é hidrofílica
- A solução administrada por via epidural leva 5 minutos para se dispersar através dos forames
medulares.
- A baricidade do AL só importa pela administração intratecal.
- Quanto maior o volume, maior o bloqueio (mais cranial) e maiores as complicações. O AL
pode chegar num local sem agir e causar efeito neste local, mas sim abaixo dele. No local de
administração o volume sempre será maior e o bloqueio mais efetivo.
116
23. INTRODUÇÃO AO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO
Prof. Dr. Francisco Teixeira Neto
FUNÇÕES BÁSICAS
Função Integradora => Coordenação das funções de vários órgãos (↑Pressão arterial→↑Filtração
Renal e ↓Freq. Respirat.)
1 - DIFERENÇAS ANATÔMICAS
117
1.2 - QUANTO A POSIÇÃO DO NEURONIO PÓS-GANGLIONAR
SIMPÁTICO - em gânglios próximos da medula
PARASSIMPÁTICO - em gânglios da parede visceral ou muito próximos a esta.
2 - DIFERENÇAS FUNCIONAIS
IMPORTANTE => A maioria dos órgãos recebem inervação de ambos (SNS e SNP) com exceção
da medula da supra-renal, músculos piloeretores, glândulas sudoríparas e a maioria dos vasos
sanguíneos, nestes casos a inervação é somente simpática. E diferentemente das outras
situações o neurotransmissor da fibra pós-ganglionar (com exceção da medula da adrenal) é a
Acetilcolina.
Os mediadores químicos são os responsáveis pela condução dos impulsos nervosos entre as
fibras nervosas e neurônios pré e pós-ganglionares através da geração de potenciais de ação.
São liberados através da exocitose, que é um processo cálcio-dependente da liberação dos
neurotransmissores nas fendas sinápticas.
118
A Acetilcolina é o neurotransmissor de:
• Todos os neurônios pré-ganglionares simpáticos ou parassimpáticos
• Todos os neurônios pós-ganglionares do Parassimpático.
• Nos neurônios pós-ganglionares simpáticos dos vasos sanguíneos do músculo esquelético e
nas glândulas sudoríparas écrinas da superfície corporal de humanos e do coxim plantar dos
cães.
• Podem produzir uma resposta excitatória ou inibitória, de acordo com os receptores
envolvidos.
• É hidrolisada pela acetilcolinesterase, encontrada na junção neuromuscular.
• Atua nos receptores nicotínicos, que se localizam nas junções neuromusculares e sinapses
ganglionares.
• Também atua nos receptores muscarínicos: M1 – localizados nos gânglios autônomos, SNC;
M2 – miocárdio (excitação), musculatura lisa e terminações pré-sinápticas colinérgicas
(inibição); M3 – glândulas secretoras do músculo liso e SNC; M4 – pulmões; M5 – glândulas
salivares, íris e músculo ciliar
MEDULA ADRENAL
A medula adrenal recebe inervação direta pelos neurônios pré-ganglionares simpáticos
colinérgicos que fazem sinapses com neurônios pós-ganglionares adrenérgicos rudimentares
que compõem as células secretoras medulares adrenais. Estes neurônios secretam sua substância
transmissora diretamente no sangue circulante, agindo em todo o organismo.
RECEPTORES PÓS-GANGLIONARES
119
RECEPTORES ADRENÉRGICOS => ALFA e BETA
Efeito da estimulação
Órgão Efeito da estimulação simpática
parassimpática
Olho
Músculo da Íris => pupila Dilatada (Visão de longe) Contraída
Músculo ciliar Relaxamento) Constrição (Visão de perto)
Membrana nictitante Retração Nenhum
Glândulas Sudação
Nenhum
Sudoríparas Vasoconstrição e Constrição Secreção e vasodilatação
Salivar Mioepitelial Estimulação de secreção
Gastrointestinais
Vasoconstrição
Coração: músculo
Atividade aumentada Diminuição da atividade
(miocárdio)
Vasos sanguíneos
Abdominal Constrição Nenhum
Músculo esquelético Dilatação Nenhum
Pele e mucosa Constrição Nenhum
Coronárias Dilatação ou contração Nenhum
Pulmões: brônquios Dilatação Constrição
Tubo digestivo
Aumento do tônus e
Luz Dimin. do tônus e da peristalse
peristaltismo
Esfíncteres
Músculo piloeretor Contração Nenhum
120
OS PARES DE NERVOS CRANIANOS ( S = Sensitivo Mo = Motor Mi = Misto)
III - OCULOMOTOR (Mo) = Músculos Extrínsecos do olho (Elevador da pálpebra, reto superior,
inferior e medial, obliquo inferior). = Fibras eferentes somáticas
VII - FACIAL (Mi) = Masseter, Pterigóide, milo-hióide - Ë responsável pela sensibilidade da pele
da face e fronte, conjuntiva ocular, dentes e por 2/3 da língua.
121
24. INOTRÓPICOS E VASOPRESSORES
Prof. Dr. Francisco Teixeira Neto
Definições:
Inotropismo: Termo se refere a força de contração do miocárdio durante a sístole
Inotrópicos positivos: Fármacos que aumentam a força de contração cardíaca
Vasopressores/Vasoconstrictores: Fármacos que aumentam o tônus da musculatura
vascular, elevando a pressão arterial
Receptores α adrenérgicos:
Receptor α-1: Responsável pela vasoconstrição da musculatura lisa, aumenta o
tônus dos esfíncters gastrointestinais, aumento da glicogenólise ¦ Vasoconstrição
Receptor α-2: inibição pré sináptica da liberação de norepinefrina. ¦
Necessidade de “desmame”.
Receptores β adrenérgicos:
Receptor β-1: Efeito inotrópico e cronotrópico positivo¦ Inotropísmo +
Receptor β-2: Vasodilatação e broncodilatação ¦ Vasodilatação
Receptores Dopamina
Receptor D1: Vasodilatação renal, mesentérica, coronariana e do SNC ¦
Discreta redução da RVS
122
Receptor D2 Adrenérgico: inibição pré sináptica da liberação de norepinefrina
¦ Necessidade de “desmame”
123
Qual classe de fármaco é minha primeira escolha: inotrópico/vasopressor ou de ação mista?
Por que não ir direto para vasopressores?
Pode haver hipovolemia ¦ mascarada por drogas¦ piora lesão em miocárdio
Avaliação da Função Renal¦ O uso de vasopressores em pacientes hipovolêmicos
causa azotemia e em pacientes hipovolêmicos e endotoxêmicos reduz mais de 70% o clearence
de creatinina
O uso de vasoconstritores potentes como primeira opção pode “sacrificar” a perfusão
tanto de tecidos não críticos como muscular e renal quanto críticos como musculatura cardíaca
e tecido neural.
124
Uso de Inotrópicos e Vasopressores em Cães
DOPAMINA:
Os efeitos da dopamina são diretamente relacionados às doses administradas.
Promove inotropismo positivo e possui efeito vasopressor.
Dose inotrópica: 5 – 7,5 mcg/kg/min
Dose vasopressora: 10 – 15 mcg/kg/min
Vasodilatação Mediada por ação em receptores Dopa 1
10 ml a 50mg/ml
DOBUTAMINA:
Apesar do efeito inotrópico positivo, a redução na RSV resulta em discreto aumento da
pressão arterial mesmo em doses crescentes
Discreto efeito na Pressão Arterial
Redução da RVS¦ Efeito vasodilatador
Efeito Inotrópico Positivo Marcante
Melhor eficácia no tratamento da hipotensão quando a causa primária for ↓DC
(insuficientes cardíacos, cardiomiopatia dilatada...)
EFEDRINA:
Efeito Inotrópico Positivo
Melhora da DO2
Aumento rápido e fugaz da PA (5-15 min)
Efeito de curta duração e efeito variável na FC (observação pessoal)
Procedimentos de curta duração e em situações emergenciais (uso em bolus)
0,05-0,2 mg/kg (no máximo 3 bolus – perde o efeito após esses bolus)
125
NOREPINEFRINA
A norepinefrina promove ação vasoconstritora marcante sem alterar o DC, por
promover um aumento na força de contração e uma redução da FC. Entretanto, em pacientes
hipovolêmicos pode ocorrer redução do fluxo esplâncnico e renal à insuficiência renal.
VASOPRESSINA
A vasopressina causa vasoconstrição marcante com redução considerável do débito
cardíaco. Usar com muita cautela (pode causar necrose de extremidades)
Aumento da RVS ¦ vasoconstrição
Marcante redução do IC
126
REMIFENTANIL
Causa vasoconstrição importante (está associado à liberação de vasopressina) com
redução do DC por diminuição da FC, sem alterar PA de maneira significativa. Usar com cautela
em paciente com bradicardia, parada sinusal e em pacientes que não suportam aumento da
pós-carga.
Aumento da RVS é dose dependente ¦ vasoconstrição
DEXMEDETOMIDINA
Diminui a FC e o índice cardíaco
Aumenta significativamente a RVS e a PA
DOBUTAMINA
A Dobutamina é um inotrópico positivo em gatos com efeito vasodilatador e pouca
ação na PA em gatos com DC normal. Não ultrapassar a dose de 10ug/kg/min em decorrência
do seu tempo de metabolização nesta espécie. Aumento do VS e diminuição da RVS
*Tem efeito cumulativo em gatos ¦ dose máxima = 8µg/kg/min
DOPAMINA
A Dopamina em gatos tem efeito inotrópico positivo, mas sem alterar a resistência em
doses clinicamente seguras, podendo gerar taquicardia excessiva acima de 20ug/kg/min
Aumento do VS sem alterar muito a RVS
ADRENALINA
Adrenalina apresenta efeito inotrópico positivo. Em gatos não tem efeito
vasoconstritor. Causa aumento na concentração sérica de lactato (↑consumo de O2 pelo
miocárdio).
*O efeito cronotrópico positivo o torna fármaco interessante em pacientes neonatos e
pediátricos (não deve ser a 1ª opção, mas trocar a norepinefrina se não funcionar).
FENILEFRINA
A fenilefrina em gatos tem efeito vasoconstritor com pouca interferência no débito
cardíaco e na FC ¦ melhor escolha em gatos para efeito vasoconstritor (age nos vasos
sanguíneos sem causar arritmias)
Pouca alteração no índice cardíaco
Vasoconstrição por efeito α-1
127
Doppler
A mensuração da pressão arterial através do doppler nos fornece uma análise qualitativa
de perfusão periférica. A ausência do som no doppler nos indica uma hipoperfusão severa
(PAS > 60 mmHg). O aumento sucessivo no volume do doppler nos guia em uma ressuscitação
volêmica. Quando o volume não aumenta mais e a PA não sobe é hora de pensar nos
vasopressores.
DOBUTAMINA
Aumento do Débito Cardíaco ¦ inotrópico positivo
Não altera a RVS
Aumento da PA
Diluição mais fácil e menos custosa e alta taxa de sucesso no tratamento da hipotensão
(1 ampola em 500ml)
*1ª escolha em equinos
DOPAMINA
128
Efeito inotrópico positivo
Efeito vasopressor dose dependente
Aumento da PA
Diluição mais trabalhosa e mais cara
NOREPINEFRINA
A norepinefrina promove ação vasoconstritora marcante, com pouca alteração do DC,
apesar de promover aumento na força de contração e redução compensatória da FC. Esse
efeito pode não ocorrer em pacientes vasodilatados.
Aumento da RVS via efeito α-1
Discreta alteração no IC
Aumento da PA
Aumento do VS
FENILEFRINA
A fenilefrina em equino tem efeito vasoconstritor, com redução do DC.
Aumento da RVS
OBSERVAÇÕES:
NORADRENALINA/NOREPINEFRINA: deve-se fazer desmame progressivo para a pressão não
cair drasticamente. Bolus em 15 minutos ou em infusão contínua. Dura cerca de uma hora.
Pacientes jovens com menos de 2 meses, melhor usar Adrenalina em infusão contínua.
129
130
131
25. TRANSFUSÃO SANGUÍNEA
Simone Gonçalves
Caninos
Os tipos sangüíneos da espécie canina são estudados por diversos grupos de
pesquisadores de diferentes países. Os tipos sangüíneos desta espécie são designados pela
sigla DEA (dog erythrocyte antigen). O cão apresenta cinco grupos sanguíneos compostos
por sete determinantes antigênicos, ou seja, DEAs 1 (subgrupos 1.1, 1.2 e 1.3), 3, 4, 5, 7.
Felinos
O sistema de grupos sanguíneos em felinos possui três tipos: A, B e AB, sendo que
este último é muito raro. Entretanto, os antígenos de superfície eritrocitária deste sistema são
diferentes daqueles do sistema ABO humano. Os felinos apresentam anticorpos de ocorrência
natural (também conhecidos como aloanticorpos) contra o antígeno do tipo sangüíneo que não
possuem.O teste de compatibilidade e a tipagem sanguínea se tornam muito importantes na
prevenção de reações transfusionais na prática da clínica veterinária. Apenas o felino tipo AB
132
não possui anticorpos de ocorrência natural, portanto pode receber sangue de todos os tipos
do sistema e é conhecido como receptor universal entre os felinos. A incompatibilidade
sanguínea pode causar reações potencialmente fatais sob duas circunstâncias. A primeira é a
reação hemolítica transfusional, especialmente quando um gato tipo B recebe sangue tipo A.
A meia-vida dos eritrócitos transfundidos entre gatos compatíveis (isto é, tipo A para
tipo A ou tipo B para tipo B) é de 29 a 39 dias. A transfusão de sangue tipo A em um gato tipo
B resulta em uma rápida destruição do sangue do doador (meia-vida de 1,3 horas) com severos
sinais clínicos (hipotensão, defecção, vômitos, hemoglobinemia, depressão neurológica) e até a
morte. A transfusão de sangue tipo B em um gato tipo A produz sinais clínicos leves, a meia-
vida dos eritrócitos transfundidos é de 2,1 dias. Devido à presença destes anticorpos de
ocorrência natural, a prova de compatibilidade sanguínea deve ser realizada antes da primeira
transfusão.
A segunda reação de incompatibilidade é a isoeritrólise neonatal felina, que ocorre
durante a fase de amamentação de filhotes tipo A ou AB, nascidos de uma fêmea tipo B. A
reação de incompatibilidade é causada pelos aloanticorpos anti-A da fêmea que são
transferidos aos filhotes pelo colostro ou pelo leite durante o primeiro dia de vida e que
destroem os eritrócitos tipo A ou AB. Os filhotes podem morrer dentro de poucos dias.
É essencial que se faça um teste de compatibilidade entre doador e receptor antes da
primeira transfusão em felinos.
O doador canino ideal deve ter idade entre 1 a 8 anos, aproximadamente, pesar acima
de 27 kg (cães menores podem doar um volume menor), ter temperamento dócil e apresentar
vacinação e vermifugação atualizadas. Devem ser negativos para Erlichia canis, Lyme,
dirofilariose, leishmaniose e brucelose. Em cães, 15 a 20% do volume sangüíneo pode ser
doado.
133
Calcula-se o volume sangüíneo estimado com a seguinte fórmula:
ou seja, o máximo a ser doado é 16 a 18 mL/kg. Os cães podem doar a cada 3 a 4 semanas,
desde que recebam nutrição balanceada em quantidade adequada.
O doador felino ideal deve ter idade entre 1 e 6 anos, pesar acima de 4 kg, ter hematócrito
mínimo de 35% e vacinação e vermifugação atualizadas. O animal deve ser negativo para FIV e
FeLV, Mycoplasma hemofelis e Toxoplasma gondii.
Em felinos, o volume máximo em cada doação é de 11 a 13 mL/kg a cada 3-4 semanas. Segue
a fórmula:
CONCEITOS
A veia jugular é o vaso sangüíneo de eleição para a coleta do sangue e o animal geralmente é
colocado em decúbito lateral. Antes da doação aconselha-se palpar a veia e em seguida realizar
a assepsia do local. Durante a doação, o bem-estar do doador deve ser constantemente
monitorado (coloração das mucosas, pulso, freqüência respiratória). O comportamento também
é um importante indicador de potenciais problemas que possam ocorrer durante o
procedimento. A bolsa de sangue deve ser freqüentemente e cuidadosamente homogeneizada
durante a doação para evitar a formação de coágulos e possibilitar a continuidade do
procedimento. A doação dura em torno de 3 a 10 minutos com vácuo e 5 a 15 sem vácuo em
cães, e aproximadamente de 3 a 5 minutos sem a utilização de vácuo em felinos. A hipotensão
é um problema freqüentemente observado em gatos, portanto deve-se ter mais cuidado
durante a coleta de sangue nesta espécie.
134
O sangue total e seus subprodutos
Transfusão é a palavra que define a terapia intravenosa com sangue total ou seus subprodutos.
Os subprodutos do sangue incluem seus componentes e derivados. Os componentes
sangüíneos são seus subprodutos obtidos através de centrifugação, ou, menos comumente,
através de aférese (equipamentos especializados que permitem a separação de apenas um
componente do sangue do doador, devolvendo-lhe o restante). O uso dos componentes
sangüíneos permite que mais de um paciente possa se beneficiar de apenas um doador e reduz
os riscos de uma reação transfusional contra os outros componentes desnecessários, pois muitas
vezes o paciente que requer uma transfusão precisa de apenas um componente sangüíneo
específico.
Os principais componentes sangüíneos são: concentrado de eritrócitos, plasma (e seus
subtipos), concentrado de plaquetas e crioprecipitado.
Ambos, sangue total e seus componentes podem ser utilizados logo após a coleta (produtos
frescos) ou após o armazenamento (produtos armazenados/estocados).
Sangue total
O sangue total pode ser fresco (preserva todas as suas propriedades até 8 horas após a colheita)
ou estocado sob refrigeração (2 - 6ºC) por 35 dias.
Indicações: Anemia, coagulopatia, trombocitopenia (com anemia concomitante).
Contraindicações:
- Pacientes normovolêmicos.
- Pacientes trombocitopênicos não anêmicos (fresco).
Desvantagens:
Concentrado de eritrócito
135
Dose: 10 mL/Kg para elevar 10% o Ht
O Ht da bolsa é em torno de 75-80%.
Reconstituição com NaCl 0,9% (10 mL para 30-40 mL de CH).
Validade: 21 dias (2 - 6ºC).
Gatilho transfusional
O “trigger” ou gatilho transfusional foi algo extremamente estudado nas últimas décadas, com
intuito de definir qual o momento adequado para se indicar a transfusão, basear metas e
protocolos adequados.
No cão:
No gato:
CRITÉRIOS TRANSFUSIONAIS
Parâmetros fisiológicos
•Taquicardia.
•Distrição respiratória.
136
Parâmetros laboratoriais
Procedimento cirúrgico
• Cardiovasculares.
• Trauma.
• Neoplasias.
OBJETIVO
• Benefício temporário (meia vida das hemácias curtas).
• Manutenção de uma condição clínica estável.
INDICAÇÃO
Marcadores:
LACTATO
• ↑[ Lactato] sanguíneo→ produção do lactato dos tecidos com hipóxia excedem a produção
de lactato do organismo
137
Plasma fresco congelado e produtos relacionados
Plasma
Este produto deve ser separado por centrifugação em até de 6 a 8 horas após a doação. Se o
armazenamento é interrompido por mais de 30 minutos, deve-se utilizar dentro de 24 horas. O
armazenamento deste produto depende do tipo de plasma, que pode ser líquido fresco
(utilizado logo após sua obtenção), líquido refrigerado (1 a 6oC por 3 meses), fresco congelado
(PFC: -30 a 18oC por 1 ano). Quando o produto foi separado acima de 6 horas após a doação
e então congelado, ou quando o PFC expira sua validade de 1 ano, ele é chamado de plasma
congelado (PC: -30 a 18oC por 5 anos). Não é recomendada a estocagem de sangue felino (ou
de outra espécie animal) que tenha sido coletado através de seringa, devido à contaminação
bacteriana. As principais indicações são: pressão oncótica plasmática reduzida (efusão pleural
severa, edema pulmonar), pacientes sob anestesia em que exista risco de hipotensão ou
alteração da ligação da droga com as proteínas, hemorragia devido à intoxicação por
antagonistas da vitamina K, deficiência de vitamina K e hemofilia B. O armazenamento do
plasma prejudica a manutenção de níveis adequados do fator VIII e do fator de von Willebrand.
Observações importantes:
Todo plasma deve ser reaquecido somente antes da tranfusão, utilizando um banho-maria entre
30 e 37oC por 20 a 30 minutos.
Crioprecipitado
Este produto pode ser definido como um precipitado do plasma fresco congelado, e também
é conhecido como fator antihemofílico crioprecipitado ou CRYO. Este produto contém 50% de
fator VIII, 20% de fibrinogênio e porcentagens variadas dos fatores XIII, von Willebrand e VIII
(procoagulante). Este produto deve ser congelado (-30 a -18 oC) e é válido por até um ano após
a data da doação. As principais indicações são: hemofilia A (incomum) e doença de von
Willebrand (mais comum).
Observações importantes:
O crioprecipitado e o criosobrenadante devem ser reaquecidos antes da tranfusão utilizando
um banho-maria entre 30 e 37oC por 5 a 10 minutos. Após este procedimento, estes produtos
podem ser deixados a temperatura ambiente (20 a 24oC) e devem ser transfundidos dentro de
6 horas.
138
Plasma rico em plaquetas e concentrado de plaquetas
Estes compostos fazem parte dos chamados produtos plaquetários. O seu armazenamento é
diferenciado dos outros, pois deve passar por repouso por 1 hora seguido de agitação
constante a temperatura ambiente (20 a 24oC) por 3 a 5 dias. As principais indicações são:
hemorragia por trombocitopenia e trombocitopatia. São eficazes em trombocitopenias
causadas por redução da produção (leucemias, anemia aplásica). Menos eficazes nas causadas
por aumento do consumo (coagulação intravascular disseminada), seqüestro (esplenomegalia)
e destruição (trombocitopenia imunomediada).
Administração
Indicações
- Coagulopatias hereditárias (Hemofilia A e B).
- Controle de sangramento.
- Profilaxia pré operatório.
- Doença de vonWillebrand.
- Coagulopatias adquiridas.
- Hepatopatias.
- Neoplasias.
- Intoxicações por dicumarínicos (II, VII, IX e X).
139
- Acidentes com animais peçonhentos.
- CID.
- Cirurgias.
• Hipotermia
Aumento do tempo de sangramento.
- Diminuição da função plaquetária.
- Diminuição da atividade enzimática (cascata da coagulação comprometida).
- Aumento da fibrinólise.
Contraindicações
• Expansor volêmico.
• Hipovolemias agudas (com ou sem hipoalbuminemia).
• Sangramentos sem coagulopatia.
• Imunodeficiências.
• Septicemias.
• Grandes queimados.
• Manutenção da pressão oncótica.
Administração
Dose: 10 a 30 ml/kg (repetir se necessário a cd 8-12 horas).
Administração: em torno de 1 hora (equipo sem látex).
Descongelar em banho-maria antes do uso (envoltório plástico protegendo a bolsa).
Heparina
Componente: Heparina 1000UI/mL.
Uso: 5 a 12,5 UI/mL de sangue.
Para emergências em gatos: colocar 300 a 750 UI (0,3 a 0,75 mL) em seringa de 60 mL.
Tempo máximo (T. máx.) de estocagem de sangue total: 2 dias (cães e gatos).
140
Citrato de sódio
Uso: solução de 3,8% para bolsa de 500 mL ou manipulado (1 mL de solução 3,8% para 9 mL
de sangue ou 0,5 g para 100 mL de sangue.
Para emergências em gatos: 6 mL em uma seringa de 60 mL.
Tempo máximo de estocagem de sangue total: 5 dias (cães).
CPD (Citrato fosfato dextrose) – ácido cítrico, citrato de sódio, fosfato e dextrose.
Uso: 0,14 mL para 1 mL de sangue.
Para emergências em gatos: 7,5 mL em uma seringa de 60 mL.
Tempo máximo de estocagem de sangue total: 4 semanas (cães, gatos).
CPDA1 (Citrato fosfato dextrose adenina1) – ácido cítrico, citrato de sódio, fosfato e dextrose.
Uso: 0,14 mL para 1 mL de sangue.
Para emergências em gatos: 7,5 mL em uma seringa de 60 mL.
Tempo máximo de estocagem de sangue total: 5 semanas (cães, gatos).
Tempo máximo de estocagem de concentrado de eritrócitos: 3 semanas (cães, gatos).
Comentários: bolsas com 63 mL para 450 mL de sangue e de 70 mL para 500 mL de sangue.
Uso: bolsas pré-fabricadas para 450 mL de sangue (bolsa primária com 63 mL de CPD/ CPD2/
CPDA1 e bolsa satélite com 100 mL da solução aditiva).
Para emergências em gatos: 10 mL em uma seringa de 60 mL.
Tempo máximo de estocagem de sangue total: não aplicável
Tempo máximo de estocagem de concentrado de eritrócitos: 5-6 semanas (cães), 6 semanas
(gatos).
Comentários: devem ser adicionadas aos eritrócitos dentro de 72 horas após a coleta.
Monitoração
O paciente que recebe transfusão deve ser ter o hematócrito avaliado 15 minutos e 24 horas
após a transfusão sanguínea para detecção de hemólise tardia ou perda sanguínea.
A vida média das hemácias transfundidas para cães é de 21 dias e para gatos é de 35 dias.
Reações transfusionais
As reações transfusionais podem ser classificadas como imunológicas e não imunológicas e
como agudas e tardias.
Sinais não específicos que podem ocorrer durante uma reação transfusional imunológica
aguda, como:
• Fraqueza, depressão, decúbito.
• Tremores musculares, agitação, vocalização.
• Polipnéia, dispneia.
• Taquicardia, bradicardia (felinos), arritmias, mucosas pálidas, pulso fraco (hipotensão).
• Parada cardiopulmonar (pode ser o único sinal presente durante a anestesia).
• Salivação (e outros sinais de náusea), vômitos, diarreia.
• Micção.
• Convulsões, coma.
141
• Angioedema e urticária.
142
26. EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO E DISTÚRBIOS ELETROLÍTICOS
Msc.Jéssica Corrêa Rodrigues
pH = - log10 [H+]
HA à H+ + A- ou H+ + A- à HA
A- à base conjugada
143
pH que a substância tampão é mais eficiente, ou o pH no qual seu sal (A-) tem a mesma
concentração do seu ácido fraco. O sistema bicarbonato-ácido carbônico é um dos mais
dinâmicos do organismo, e está representado abaixo, sendo ambas as reações são realizadas
pela enzima anidrase carbônica:
A manutenção do pH é feita através destes sistemas, que utilizam dos pulmões e dos
rins para excretar o excesso de hidrogênio. Os rins também reabsorvem os íons HCO3- quando
necessário. As respostas ventilatórias para regular o pH ocorrem rapidamente após a alteração
da concentração de hidrogênio, resultando em alterações na frequência respiratória que
aumentam ou diminuem a excreção de gás carbônico. A resposta renal ocorre apenas após
algumas horas.
VENTILAÇÃO ALVEOLAR:
144
No fim do capítulo encontra-se uma tabela com os valores de referência dos principais
cátions e ânions no plasma sanguíneo em diferentes espécies. Mas, de uma forma simples, os
principais cátions do organismo são o sódio e o potássio, e os principais ânions são o íon cloreto
e o HCO3- , entretanto, a soma desses quatro elementos não corresponde a zero. Essa diferença
é determinada Ânion Gap, que corresponde aos ânions não mensuráveis, mas que fazem parte
do organismo para que a lei da eletroneutralidade ocorra. Exemplificando:
ÂNION GAP:
145
Para os distúrbios metabólicos, outra forma de verificação da compensação é através das
equações de Winters:
A acidose metabólica pode ocorrer por adição de ácidos fortes (ex.: acidose diabética,
azotemia), ou por perda de bicarbonato. Ela pode ser Normoclorêmica, em que os valores de
cloro estão normais, mas os do ânion gap aumentados. Isso indica um excesso de algum dos
ânions não mensuráveis. As principais causas deste tipo de acidose são:
• Acidose láctica: Alterações no metabolismo da glicose. Na falta de O2, o
metabolismo aeróbico passa a ser anaeróbico, e é causada pelo aporte deficiente
de O2 aos tecidos ou incapacidade de utilizar o O2.
• Cetoacidose diabética: Acúmulo de cetoácidos na diabetes, aumento na glicemia
e lipólise.
• Intoxicação por salicilato: Ingestão acidental ou iatrogênica de ácido acetilsalicílico
(aspirina). O salicilato é um ânion não mensurado.
• Acidose urêmica: Acúmulo de fosfatos e sulfatos pela incapacidade dos rins de
secretá-los.
A Acidose Metabólica Hiperclorêmica ocorre com valores de cloro altos, e normais para o
ânion gap. A causa mais comum é a diarréia, visto que há uma grande perda de bicarbonato
nessa situação. Com a queda nos níveis de bicarbonato, há um aumento compensatório dos
íons cloreto (ambos são íons mensuráveis no ânion gap).
O tratamento para as acidoses metabólicas deve ser fundamentado em dosagens seriadas
de hemogasometria e eletrólitos sanguíneos, e deve ser feita de forma lenta. O principal
146
objetivo deve ser tratar a causa do distúrbio, normalizar inicialmente o volume e a perfusão
tecidual.
Tratamentos preconizados:
• Em caso de desidratação ou choque hipovolêmico: Reposição de fluidos (Ringer
Lactato: 15 a 20 ml/kg) para normalizar a perfusão tecidual.
• Em caso de diabetes: Insulinoterapia para normalizar a glicemia e o metabolismo
da glicose. Estes indivíduos podem estar também desidratados.
O Ringer Lactato é uma solução alcalinizante, pois os íons lactato “sequestram” os íons H+.
Além disso possui níveis baixos de íons cloreto.
Em animais com acidose metabólica severa (pH > 7,2), cujo distúrbio primário não pode ser
resolvido rapidamente, pode ser necessária a administração de bicarbonato. O déficit de
bicarbonato é calculado através da seguinte fórmula:
Um terço do déficit calculado pode ser administrado via infusão intravenosa lentamente
durante 15 a 30 minutos e o status ácido-básico é reavaliado. O restante pode ser adicionado
ao fluido intravenoso do paciente e administrado durante horas, se necessário. Importante
manter um suporte ventilatório ao paciente, pois os valores de PACO2 aumentam durante essa
reposição de bicarbonato.
A alcalose metabólica pode ocorrer por perda de ácido forte (ex.: vômitos, diarréia crônica,
diuréticos), ou por ganho de bicarbonato (ex.: infusão de bicarbonato). O tratamento da
alcalose metabólica é bem mais difícil do que da acidose, e, como normalmente cursam com
valores baixos de cloreto e potássio, é feito com reposição de cloretos e em alguns casos com
acetazolamida.
Nos casos de alcalose metabólica ocorre um aumento compensatório da PCO2, para
compensar o aumento do HCO3- e queda de H+. A queda de H+ diminui os estímulos aos
quimiorreceptores centrais e periféricos, diminuindo a ventilação alveolar.
Alcalose Metabólica Hipoclorêmica: Causada por administração excessiva de HCO3- ou
perda excessiva de íons Cl- (vômito). O suco gástrico é rico em H+ e Cl- e o HCO3- é formado ao
mesmo tempo no líquido extracelular. Esse HCO3- é secretado no duodeno através do suco
pancreático, titulado pelo H+ estomacal. Já o Cl- é reabsorvido no intestino. Com o vômito, o
HCO3- não é mais titulado pelo H+ que se perdeu e o HCO3- é reabsorvido no lugar do Cl-. O
tratamento consiste na remoção da causa dos vômitos e fluidoterapia com NaCl a 0,9%
(acidificante rico em Cl-). Além da hipocloremia, os vômitos causam hipocalemia, logo, deve-se
repor também o K+.
A alcalose respiratória raramente cursa com pH 7.55, logo não apresenta grandes
repercussões sistêmicas. Pode ser aguda devido a estimulação do centro respiratório bulbar
por encefalites, hipoxemia, febre, ou por estimulação de receptores torácicos (atelectasia,
pneumopatias agudas); ou crônica. O tratamento é basicamente focado em combater a
hiperventilação.
A acidose respiratória por outro lado é frequentemente uma urgência com risco de óbito
elevado. Pode ser aguda por comprometimento do SNC (intoxicações, traumas), por
147
comprometimento anatômico ou funcional da caixa torácica ou vias respiratórias; ou crônica por
lesões pulmonares. O tratamento deve visar uma ventilação e oxigenação adequadas.
HIPERCAPNIA
EFEITOS FISIOLÓGICOS
RESPOSTA FISIOLÓGICA
148
TRATAMENTO
• REMOÇÃO DA CAUSA
• Oxigenoterapia de emergência na hipóxia (cianose, dispneia, coma) à intubar
se necessário
• Anestésicos e opioides são responsáveis por deprimir o centro respiratório
bulbar, por isso animais são intubados e recebem O2 puro (FiO2 > 90%)
• Cuidado na recuperação anestésica após eliminar o O2 puro e voltar ao O2
ambiente à fazer um desmame sempre que puder
These reference ranges were established in our laboratory using the radiometer ABL-600 and
are only valid for this instrumentation using heparinized venous blood samples that are
maintained anaerobically (in a capped syringe or green top tube).
pCO2* 27 - 50 28 - 50 - - - -
pO2** - - - - - -
HCO3 17 - 28 16 - 23 26 - 32 24 - 34 - -
TCO2 18 - 29 17 - 24 27 - 33 25 - 35 - -
AG 11 - 20 13 - 20 9 - 16 14 - 21 - -
Ionized Calcium (R800) 1.16 - 1.40 1.11 - 1.38 1.40 - 1.72 1.16 - 1.33 1.03-1.32 -
149
27. BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES
Dr. Rodrigo Marucio
I – INTRODUÇÃO
Esses agentes apresentam sinomínias como miorrelaxantes de ação periférica,
paralisantes musculares de ação periférica, antagonistas nicotínicos, relaxantes musculares de
ação periférica e curares.
São utilizados como adjuvantes em procedimentos anestésicos, uma vez que promovem
adequado relaxamento muscular esquelético, sendo indicados em procedimentos cirúrgicos
torácicos, abdominais, ortopédicos, oftálmicos e de coluna vertebral. Nenhum dos anestésicos
conhecidos produz um grau de relaxamento muscular tão intenso quanto os obtidos por estes
medicamentos.
O conhecimento destas substâncias ocorreu quando houve a descoberta da América
do Sul.Os observadores europeus interessaram-se por um determinado veneno utilizados pelos
índios da Bacia Amazônica que, colocado na extremidade da flecha, tinha poder de paralisar e
matar por asfixia o animal caçado. A técnica de preparo de curare pelos índios foi durante muito
tempo envolvida em um grande mistério, sendo os ingredientes do veneno conhecidos
somente pelos pajés e as preparações dos curares identificadas apenas conforme o recipiente
no qual eram amarzenados e transportados, assim havia o curare de bambu, o curare de pote
e o curare de cabaça. Após os trabalhos iniciais desenvolvidos pelo pesquisador Von Humboldt
no início do século XIX, definiu-se que as primeiras espécies botânicas de onde se obtinha o
curare eram do gênero Strychnos e Chondodendron. Posteriormente, estudos conduzidos por
Claude Bernard (1856) demonstraram que o efeito do curare devia-se ao fato de substância
impedir a condução do impulso nervoso na a junção nervosa e muscular, não possuindo ação
no sistema nervoso central (SNC). A partir deste estudo pioneiro, seguiram inúmeras pesquisas,
até que em 1935, King isolou o principio ativo, a d-tubocurarina, o que permitiu que se chegasse
à purificação desta substância e sua posterior obtenção através de síntese laboratorial. Em
1948, a galamina foi desenvolvida e utilizada na França. Posteriormente foram desenvolvidos o
alcurônio, e em 1968 o pancurônio foi introduzido. Na medicina veterinária, o primeiro relato
de utilização clínica foi em 1952 por Hall que desenvolveu o conceito de anestesia balanceada,
que consiste em narcose, analgesia e relaxamento muscular. Em 1980, dois novos bloqueadores
potentes foram desenvolvidos, o atracúrio e o vecurônio. Na atualidade inúmeros bloqueadores
foram introduzidos, entre eles o rocurônio, o doxacurio e o mivacurio (LUMB&JONES, 1996).
Os bloqueadores neuromusculares são fármacos que, por diferentes mecanismos de
ação, impedem a transmissão do impulso nervoso gerado a partir do terminal motor colinérgico
até a estrutura efetora (fibra muscular esquelética). É importante ressaltar que estes agentes
não possuem efeitos anestésicos, analgésicos e hipnóticos. E, devido ao fato de atuarem
paralisando a musculatura envolvida no processo da ventilação, torna-se indispensável o
suporte ventilatório artificial. Os nervos comunicam-se entre si e com outras células do
organismo, como o músculo ou as células excretoras. Tal comunicação ocorre entre as células
nas junções especializadas chamadas sinapses, palavra originada da palavra grega para
“junção” ou “ligar fortemente”. A transmissão sináptica entre as células pode ser elétrica ou
química. Nas sinapses elétricas, a corrente iônica flui entre as células pré e pós sinápticas como
o mediador para a transmissão. Mais comumente, a transmissão sináptica é mediada por um
150
mensageiro químico, liberado da célula pré sináptica ou pré-juncional com a chegada do
potencial de ação, este mensageiro químico difunde-se para a membrana celular pós-sináptica
ou pós-juncional, onde se liga a um receptor, iniciando então a mudança de potencial pós
sináptico. A mais conhecida dessas sinapses é a neuromuscular (CUNNINGHAM, 1999).
O terminal nervoso motor é um grande sintetizador, armazenador e liberador de
acetilcolina (ACh). Este neurotransmissor é produzido através da reação entre colina e acetato,
a qual é catalisada pela colina–acetiltransferase, enzima encontrada em alta concentração na
terminação nervosa. Após ser produzida, a ACh é estocada em pequenas vesículas, também
chamadas de “quanta” (calcula-se que cada vesícula contenha mil ou mais moléculas de ACh).
Quando ocorre um estimulo nervoso motor, há um influxo de íons de cálcio, promovendo a
mobilização da vesícula em direção a membrana celular e a imediata liberação de ACh na fenda
sináptica. Este neurotransmissor alcança então os receptores colinérgicos nicotínicos,
localizados na membrana da fibra muscular, ligam-se a eles determinando aumento da
permeabilidade da membrana pós-juncional ao íon sódio, ocasionado a despolarização da
célula muscular e a conseqüente contração. O período de ocupação dos receptores pela ACh
é extremamente fugaz, sendo esta molécula rapidamente quebrada pela acetilcolinesterase
(AChE), a qual esta localizada em invaginações do terminal nervoso. Os produtos obtidos da
quebra da Ach são recaptados e usados novamente para a síntese de ACh (GÓRNIAK, 1999).
Após a administração observa-se uma seqüência de instalação do bloqueio. A sequencia do
bloqueio neuromuscular em cães é a seguinte:
• 1º face e cauda
• 2º extremidades de membros e cervical
• 3º terço proximal dos membros
• 4º músculos fonadores
• 5º abdomen
• 6º músculos intercostais
• 7º diafragma
O término do bloqueio dá-se na ordem inversa da instalação deste (GÓRNIAK, 1999). Como
o diafragma é praticamente o ultimo músculo esquelético a ser bloqueado requer doses mais
altas para tal bloqueio.
A liberação de histamina pode ocorrer na administração de alguns bloqueadores
neuromusculares, principalmente em altas doses. Os sinais da liberação de histamina em
humanos são reações locais na pele, incluindo eritema, hipotensão e taquicardia. O pré-
tratamento com anti-histamínicos diminui ou elimina a possibilidade de ocorrência.O potencial
de liberação de histamina em humanos é na seguinte ordem decrescente: d-tubocurarina,
atracúrio, alcurônio, succinilcolina, vecurônio e pancurônio. O mivacúrio libera pouca histamina,
e o doxacúrio e pipecurônio praticamente não ocorrem liberação. A d-tubocurarina pode causar
liberação de histamina e hipotensão em cães, já o atracúrio libera pouca quantidade, mas
broncoconstrição e hipotensão associado com o uso de atracúrio são atribuídos a liberação de
histamina em cães (LUMB&JONES, 1996).
151
Por serem fármacos altamente ionizáveis e por possuírem propriedades lipofílicas, os
bloqueadores neuromusculares dificilmente ultrapassam a barreira transplacentária. Em
pacientes humanos submetidos a cesariana não ocorreu evidências de efeitos adversos nos
fetos atribuídos ao uso do atracúrio, vecurônio ou pancurônio. Com o uso de doses
recomendadas de atracúrio, os metabólitos, incluindo laudanosine, não mostrou efeitos
adversos nos recém nascidos (LUMB&JONES, 1996).
Não-desporalizantes ou competitivos
Também conhecidos como “curarizantes verdeiros”, atuam por competição
(obedecendo à lei de ação das massas) com a ACh pelos receptores colinérgicos nicotínicos da
placa motora, impossibilitando que o neurotransmissor determine um aumento da
permeabilidade da membrana pós-juncional ao sódio, mecanismo este que caracteriza o
relaxamento muscular.
A d-tubocurarina é o protótipo deste tipo de relaxante muscular. Estruturalmente estes
fármacos são moléculas complexas e parcialmente rígidas, apresentam agrupamentos de
amônio quaternário, tendo caráter altamente hidrofílico. Apresentam como principal
característica o aparecimento lento de efeitos e a ausência de fasciculações. Reversão do seu
efeito com anticolinesterásicos.
Despolarizantes ou não-competitivos
O mecanismo de ação se faz através de suas ações em receptores colinérgicos
nicotínicos, causando como a Ach, a despolarização da fibra muscular, entretanto, ao contrario
deste neurotransmissor, o tempo de ação destes bloqueadores é longo, assim, a fibra muscular
permanece desporalizada pelo tempo em que a molécula do bloqueador permanece ligada ao
receptor.
Os fármacos despolarizantes podem determinar duplo bloqueio, isto é, fase I e fase II.
A fase I é caracterizada por uma despolarização mantida ou sustentada, com possibilidade de
surgirem fasciculações logo apos sua administração, com duração média de 5 a 30 segundos.
Subseqüentemente a esse período, áreas das membranas pós-juncionais tornam-se não-
excitáveis e um número crescente de receptores inativos, configurando um estado de
acomodação da placa motora, traduzindo-se por bloqueio da transmissão neuromuscular e
caracterizando clinicamente o relaxamento da fibra muscular estriada esquelética. A fase II pode
ser vista em situações de sobredose, infusões contínuas e repiques de fármaco, sendo uma fase
não desejada, assemelha-se farmacologicamente a um bloqueio competitivo. Essa
dessensibilização ocorre devido ao longo período de permanência do agente nos receptores
de placa, determinando diminuição da afinidade desses receptores à Ach e fazendo com que a
placa se torne refratária à despolarização.
152
FÁRMACOS
DESPORALIZANTES
1- Decametônio
O decametônio é de pouca importância clínica.
2- Suxametônio
O suxametônio (succinilcolina) é o representante clássico deste grupo dos
desporalizantes. Devido ao seu curto período de latência, está indicado para procedimentos
que requeiram intubação orotraqueal precoce. (FILHO, 2002).
A succinilcolina é um éster da dicolina do ácido succínico, sendo hidrolizado pela
butirilcolinesterase do fígado e do plasma, formando colina e ácido succínico (GÓRNIAK, 1999).
Espécies animais com baixos níveis plasmáticos de colinesterase, como ruminantes, são muito
sensíveis à succinilcolina, sendo a margem de segurança relacionada com o comprometimento
do músculo diafragmático, muito pequeno ou inexistente, portanto não se recomenda o uso
deste agente nestas espécies. Deve-se evitar o uso desta substância quando se empregar, por
um período de até um mês antes, medicamentos que reduzam o nível de colinesterase, como
o organofosforado e outros agentes antiparasitários. É necessário ainda levar em consideração
que, como a colinesterase é sintetizada no fígado, indivíduos com dano hepático severo,
caquéticos e mal nutridos, podem apresentar prolongamento da duração dos efeitos da
succinilcolina (GÓRNIAK, 1999). Apresenta excreção renal, em que 5 a 10% estão sob forma
ativa (PADDLEFORD, 1988).
Quanto ao sistema respiratório não apresenta efeitos diretos sobre o centro respiratório
bulbar, porém, em doses maciças, pode levar à sua depressão. Produz aumento das secreções
brônquicas (HALL, 1953). Quanto ao sistema cardiovascular pode-se observar bradicardia
sinusal devido ao efeito muscarínico cardíaco (OLIVEIRA, 1994). Sua utilização com barbitúricos
poderá ocasionar distúrbio de ritmo cardíaco, como bloqueio atrioventriculares, taquicardia,
complexos ventriculares prematuros e inversão de onda T (TAVERNOR, 1970).
A pressão arterial não sofre alterações significativas quando administrado em doses
terapêuticas. As sobredoses podem justificar aumento da pressão arterial por ativação
ganglionar simpática (OLIVEIRA, 1994), e, paradoxalmente, quadros hipotensivos são relatados,
estando estes relacionados à liberação de histamina que este agente pode promover (MUIR,
1996).
Em equinos a succinilcolina aumenta a pressão arterial e a freqüência cardíaca,
acompanhada de arritmias. Estes efeitos podem ser pela hipercalemia, efeitos cardíacos diretos,
estimulação simpática, hipercapnia ou hipóxia. Quando associada ao halotano, ocorre aumento
da freqüência cardíaca, mas não da pressão (LUMB&JONES, 1996).
Aumenta a pressão intracraniana, intraocular e intragástrica.e é contra indicada em pacientes
com hipercalemia (LUMB&JONES, 1996). A administração em bolus pode causar fasciculações
musculares, a intensidade é determinada pela dose e pela velocidade de injeção. O pré-
tratamento com diazepam preveni ou reduz as fasciculações (LUMB&JONES, 1996).
153
NÃO-DESPORALIZANTES OU COMPETITIVOS
1- PIPECURÔNIO
É um bloqueador de longa duração, sendo um análogo do pancurônio com potência
aumentada. Sua excreção é 77% renal e 5% pela bile, mas se a renal estiver prejudicada aumenta
a excreção pela bile Em cães a eliminação biliar hepática é bem menos importante que o
pancurônio e vecurônio.
2- DOXACÚRIO
O doxacúrio é um novo relaxante não despolarizante de longa ação. É mais potente
que o pipecurônio. Sua eliminação é renal e pela bile, e em humanos com nefropatia e/ou
hepatopatias sua duração é prolongada (LUMB&JONES, 1996).
3- MIVACÚRIO
É um novo relaxante muscular com metade da potência do atracúrio. É de curta duração
e é hidrolisado pela pseudocolinesterase. Excreção renal e hepática com mínimos efeitos
adversos (LUMB&JONES, 1996).
4- ROCURÔNIO
O rocurônio (Org 9426) é derivado do vecurônio e é em torno de 10 vezes menos
potente. Tem rápida ação e uma duração similar ao vecurônio em cães, é o mais recente
bloqueador utilizado na medicina humana.
Dugdale, 2002, verificou que na dose de 0,4 mg/kg, todos os cães deste estudo (n=23)
tiveram a resposta do train-of-four abolidas, com período de latência de 98 segundos e duração
de 32 minutos. Os efeitos do rocurônio foi antagonizado facilmente pela neostigmina. Três cães
apresentaram pequeno aumento da pressão arterial após a administração.
Estudo recente do rocurônio em cães anestesiados, verificou que na dose de 0,1 mg/kg ocorreu
centralização do globo ocular por 20 minutos com mínimos efeitos adversos (AUER, 2002).
O rocurônio é um novo BNM adespolarizante que foi recentemente introduzido para
uso na rotina clínica. Sua principal vantagem sobre os outros é seu período de latência curto, o
que o leva a ser o agente de escolha. Diferentemente dos outros BNM adespolarizantes
aminoesteroidais, o rocurônio não produz metabólitos ativos (ALVARÉZ-GOMÉZ, 1997). Sua
biotransformação é hepática e a excreção é predominantemente biliar (60-70%) e
secundariamente renal (20-30%) (MARTINS; MARTINS, 1997). Trata-se também de composto
monoquaternário, não induz a degranulação de mastócitos, não tem efeitos cardiovasculares e
é de intermediária duração de ação (15 a 40 minutos) (AMARAL; RODRIGUES, 1996).
A potência do rocurônio é cinco vezes menor que a do vecurônio, e a sua meia-vida no
seu local de ação é mais curta. A seletividade para o sistema de músculos laringeais é
importante, possivelmente explicada pelo curto tempo de início de ação observado. A
estabilidade hemodinâmica, junto com a ausência de liberação de histamina mesmo em doses
superiores a 4 ou 5 vezes ED95, permite que este agente seja utilizado em pacientes de alto
risco (ALVARÉZ-GOMÉZ, 1997).
154
O rocurônio é prontamente revertido com doses convencionais de drogas inibidoras da
colinesterase. Possui um perfil cardiovascular bastante estável, e pode ser utilizado para
seqüência rápida de intubação sem atrasos inaceitáveis na recuperação espontânea da função
neuromuscular (WICKS, 1994).
O rocurônio na dose de 0,6 mg/kg, durante cirurgias cardíacas utilizando circulação
extra corpórea, não altera a freqüência cardíaca, a pressão arterial sistêmica (sistólica, diastólica
e média) e pressão capilar pulmonar, podendo ser utilizado em pacientes cardiopatas (HUDSON
et al., 1998).
Em 1994, McCoy e colaboradores concluíram que o rocurônio pode ser utilizado em
infusão contínua para obtenção de um bloqueio neuromuscular estável (MCCOY et al., 1994).
Isso é possível principalmente porque este agente não apresenta metabólitos com
propriedades relaxantes musculares (BRAGA; POTÉRIO, 2003).
Em 1998, Wulf et al. concluiu que a interação entre rocurônio e anestésicos voláteis resulta em
aumento da intensidade do bloqueio neuromuscular, mas não resulta em efeitos significantes
na duração ou na recuperação do bloqueio.
O uso do rocurônio foi descrito em cães sob condições clínicas com dose adicional para
manutenção do bloqueio e por infusão e, em humanos, com dose adicional e infusões
(ALDERSON, 2007).
Em 2007, foi descrito por ALDERSON et al. um protocolo de administração de rocurônio
que foi considerado ser efetivo em cães. Administrou-se uma dose intravenosa em bolus de
0,5mg/kg de rocurônio, e uma infusão de 0,2mg/kg foi iniciada imediatamente.
A administração intravenosa de rocurônio na dose de 0,1mg/kg a cães causa centralização do
globo ocular, mas mínimo prejuízo aos parâmetros de ventilação, conforme constatou Auer et
al. em 2007.
155
60%-80% de bloqueio, e se apenas uma resposta é perceptível, o bloqueio atinge 90%- 95%.
Ausência de qualquer resposta significa 100% de bloqueio. O inverso também é verdadeiro:
durante a recuperação do bloqueio o reaparecimento de uma adução do polegar significa 90%-
95% de bloqueio, de duas 80% e de três 70%- 80% (AMARAL; RODRIGUES, 1996).
A monitorização da transmissão neuromuscular faz-se intermitente. Os intervalos de
avaliação são determinados pela farmacocinética do agente escolhido. Para adaptação à
ventilação artificial a abolição de duas ou três respostas do train-of-four (entre 60% e 90% de
bloqueio) é suficiente. A irresponsividade total deve ser evitada. Ela indica sobredose e sugere
omissão da próxima injeção ou interrupção da infusão até o retorno da primeira contração.
Neste momento, ajusta-se a dose seguinte ou a velocidade da injeção contínua (AMARAL;
RODRIGUES, 1996).
Devido ao grande risco de curarização residual no período pós-operatório, a reversão
no final da cirurgia é obrigatória principalmente quando se utiliza BNM adespolarizante de
longa duração (MARTINS; MARTINS, 1997).
A duração de ação dos BNM competitivos é determinada pelo tempo necessário para
as concentrações plasmáticas diminuírem abaixo de um nível crítico. A recuperação do efeito
dos relaxantes musculares ocorre espontaneamente através do seu metabolismo, da sua
excreção e/ou da sua redistribuição. Ela pode ser acelerada por meio da administração de
antagonistas farmacológicos (MILLER, 1995). Basicamente, o objetivo da reversão é
restabelecer a força muscular para que o paciente seja capaz de ventilar adequadamente, além
da proteção da via aérea contra a aspiração e obstrução (GOUDSOUZIAN, 1989, 1993;
MIRAKHUR, 1995).
REVERSÃO DO BLOQUEIO
Também conhecida como descurarização, consiste na reversão do bloqueio, onde se
intensiona aumentar a concentração de ACh na placa motora por meio da administração de
agentes anticolinesterásicos. A administração desses agentes implica uma liberação maciça do
neurotransmissor (ACh), o qual acarreta efeito colaterais muscarínicos, como bradicardia,
aumento de secreções salivares e brônquicas, cólicas abdominais, espasmos brônquicos e
micção, estes efeitos colaterais ocorrem pois este aumento de ACh atinge tanto receptores
nicotínicos como muscarínicos. Dessa forma, para prevenir estes efeitos, faz-se necessária a
administração de um antimuscarínico como sulfato de atropina ou glicopirrolato (FANTONI,
2002).
156
CUIDADOS E COMPLICAÇÕES:
Lidocaína e Procaína
Ambos os anestésicos locais prolongam o bloqueio neuromuscular determinado pela
succinilcolina, devido a inibição da acetilcolinesterase.
Fenotiazínicos
São tranqüilizantes com efeitos anticolinesterásicos que em uso comitante com a
succinilcolina promovem exacerbação do bloqueio neuromuscular, no entanto, ao se utilizar
bloqueadores neuromusculares competitivos, observa-se redução do período destes agentes,
provavelmente devido à ação anticolinesterásica dos fenotiazínicos.
Lesões hepáticas
Em pacientes portadores de lesões hepáticas os efeitos do bloqueador podem ser
prolongados, pois a pseudocolinesterase é sintetizada no fígado.
Níveis de Potássio
Nas situações em que se observa aumentos dos níveis séricos de potássio, como na
insuficiência renal crônica, insuficiência renal aguda, oligúria, obstrução uretral, ruptura de
bexiga, doença de Addeson, cetoacidose, acidoses metabólicas e respiratórias,
tromboembolismo, acidentes ofídicos, infecções extensas, politraumatizados e queimaduras
graves, deve-se evitar o uso da succinilcolina por elevar a calemia (por manterem abertos os
canais de potássio localizados na membrana, ocasionando a saída deste íon para o meio extra-
celular). A hiperpotassemia, nestas situações, podem levar a um quadro de cardiotoxicidade,
como por exemplo, ritmo sinoventricular, fibrilazação ventricular, assistolia ventricular, parada
cardíaca em diástole.
Gestação
Em pacientes gestantes o bloqueio determinado pela succinilcolina tende a ser
prolongado devido a redução dos níveis de pseudocolinsterase. É importante lembrar que,
157
devido ao alto grau de ionização dos bloqueadores neuromusculares despolarizantes e
competitivos, esses agentes posuem dificuldades em atravessar as barreiras biológicas, entre
elas a placentária, podendo serem utilizados em protocolos anestésicos nesses pacientes.
Desnutrição
Na desnutrição o efeito do bloqueio pode ser prolongado devido ao aumento da
succinilcolina em sua forma livre no plasma pela diminuição dos níveis de proteínas plasmáticas.
Além disso, pacientes desnutridos tornam-se privados na síntese protéica, por falta de
aminoácidos disponíveis em seu organismo, logo apresentará reflexo direto na síntese da
colinesterase plasmática.
Temperatura
Sabe-se que, para uma atividade enzimática ideal, faz-se necessária uma temperatura
corpórea dentro dos limites fisiológicos. Portanto, na hipotermia haverá prolongamento do
bloqueio pela succinilcolina devido a diminuição da atividade da pseudocolinesterase, porém,
com relação aos competitivos, existem observações que a hipotermia pode determinar
diminuição do seu efeito, devido principalmente à atividade reduzida da acetilcolinesterase.
Miastenia Grave
Trata-se de uma afecção de caráter auto-imune, em que ocorre a produção de
anticorpos antireceptores nicotínicos de placa. Esse estado patológico causa desarranjos
estruturais da placa motora, como diminuição dos receptores nicotínicos de placa, largamente
da fenda sinaptíca e diminuição das dobras da membrana pós-juncional. Devido a estes fatores,
é importante salientar que o paciente miastênico torna-se refratário ao bloqueio neuromuscular
pelo agente despolarizante e apresenta grande sensibilidade aos competitivos.
Desequilíbrio eletrolítico
A deficiência de íons sódio, cálcio e potássio levam a diminuição da despolarização da
placa motora, potencializando os efeitos dos bloqueadores competitivos. Não obstante, o
excesso do íon magnésio diminui a liberação da acetilcolina na placa motora e aumenta os
efeitos dos agentes competitivos.
158
Antimicrobianos
Os aminoglicosídeos determinam inibição na liberação de ACh a partir do terminal
nervoso motor colinérgico (bloqueio pré-sináptico) e, também, pela diminuição da sensibilidade
dos receptores colinérgicos nicotínicos de placa ao agonista ACh. Dessa forma, observa-se uma
potencialização do bloqueio competitivo no uso desses antimicrobianos.Com relação a
polimixinas, clindamicinas e lincomicinas acarretam aumento do bloqueio dos agentes
competitivos por diminuírem a liberação de ACh pelo terminal nervoso.
Anestésicos Gerais
Os anestésicos inalatórios halogenados potencializam os efeitos dos bloqueadores
devido a depressão no sistema nervoso central e à diminuição de ACh na placa motora. Os
anestésicos intravenosos, como a quetamina potencializam os bloqueadores por inibição do
neurônio colinérgico e da liberação de ACh (FANTONI, 2002).
CONCLUSÃO
Os bloqueadores neuromusculares, desde que usados corretamente, só tendem a
causar benefícios tanto para o anestesista, como para o cirurgião e para o próprio paciente.
Ao cirurgião causam benefícios, pois, promovem um relaxamento muscular intenso, facilitando
em procedimento onde tal relaxamento é requerido, por exemplo, em cirurgias ortopédicas,
causam também centralização do globo ocular, facilitando inúmeros procedimentos oftálmicos.
Em cirurgias torácicas facilitam a manipulação e diminuem o risco de lesões iatrogênicas.
O benefício ao anestesista é o controle total da respiração do paciente, melhorando
assim a sua ventilação.
Talvez a falta de familiaridade com os fármacos bloqueadores neuromusculares seja uma
das justificativas pelo o seu não uso rotineiro na prática veterinária. Mas, conhecendo melhor
sua farmacologia, e com a introdução de novos fármacos, com pouco ou nenhum efeito
colateral, a utilização destes tendem a aumentar, principalmente em procedimentos onde são
indicados.
Hoje, a anestesia balanceada, comprova a qualidade da anestesia e a competência do
anestesista.
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PADDLEFORD, R. R. Manual of small animal anesthesia. New York: Churchill Livingstone, 1998,
p.292-3.
160
28. SEDAÇÃO E ANALGESIA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
Dra.Suzane Lilian Beier
Justificativa para analgesia sedação na UTI: Dor x Medo x Ansiedade: maioria dos pacientes
internados, portanto para a redução estresse, desmame precoce do ventilador e conforto.
Patologias: traumas, pós-operatório, queimaduras, neoplasias, pacientes terminais,
pancreatites, peritonites e trombose.
Procedimentos: Punção de tórax, punção venosa e arterial, sondas e drenos, curativos,
higienização e decúbitos.
Tratamento Farmacológico:
- Tratar primeiro a DOR de forma individualizada.
- Sedar o mais superficial possível e sempre fazer avaliação continua do paciente.
Pacientes com reserva fisiológica limitada = capacidade reduzida para responder às alterações
fisiológicas produzidas pela dor = maior necessidade de tratamento analgésico = high priority.
Fármacos
Opióides:
- Morfina, Metadona, Fentanil e Tramadol.
Cetamina:
- Redução alodinia e hiperalgesia.
* Infusão 0,3 – 1,0 mg/kg seguido de 10 -50 ug/kg/min ou dose única de 0,3 a 0,5
mg/kg SC cada 6-8h.
* Aumenta FC, DC, PAM.
Lidocaína:
- Ação canais de Na / Redução mediadores inflamatórios.
- Infusão: 1,5-2,0 mg/kg seguido de 25 -75ug/kg/min.
Propofol:
- Infusão: 0,1 – 0,3mg/kg/min.
- Efeitos –Reduz PA, RVP, DC, VM, FR, metabolismo cerebral, PIC, PIO – Recuperação
rápida uso isolado.
161
Midazolam:
- Dose de 0,5 mg/kg/h.
- Efeitos ansiolítiucos, hipnóticos, miorelaxante e amnésia.
- Pode causar redução PA,Reduz RVP e > potência hipnótica.
- Não possui metabólito ativo.
Dexmedetomidina:
- Bolus 2ug/kg
- Analgesia, relaxamento muscular e sedação – intensa depressão cardiovascular –
Bradicardia e hipotensão.
- Peritonite: Fentanil IC 5,0 – 20 ug/kg/h e TAP Block bupivacaína – 1,5 mg/kg / BID
Associações:
162
29. REANIMAÇÃO CARDIO-PULMONAR
Dr.Rodrigo Rabelo
Sala de Emergência
Ambientes de urgência são locais onde se realizam procedimentos muitas vezes indispensáveis
à manutenção da vida do paciente. Em virtude dessa urgência existe a chance de que alguns
cuidados básicos de biossegurança não sejam seguidos, expondo dessa forma, equipe,
paciente a uma serie de agentes de risco.
O correto treinamento da equipe é um fator determinante no bom funcionamento do serviço
de emergência. Além da grande variedade de casos que passam pelo serviço de urgência,
variando desde sepse a traumas agudos, a grande quantidade de fármacos, dispositivos e
equipamentos médicos utilizados em ambientes de urgência requer que toda equipe esteja
familiarizada com eles. Todo o material deve estar disposto de forma adequada, em local de
fácil acesso, e corretamente identificados.
A grande variação de tamanho e peso entre as espécies e até mesmo entre animais de mesma
espécie requer que se utilize material compatível a cada paciente. Assim é fundamental que o
estoque seja organizado e controlado, provendo os insumos necessários e permitindo acesso
fácil aos mesmos. Os equipamentos devem passar por manutenção periódica e possuir uma
etiqueta com as datas de manutenção e o nome do telefone do técnico responsável. Manuais
de funcionamento devem estar disponíveis para consulta.
Os fármacos devem estar adequadamente acondicionados, identificados e com a data de
validade, inclusive, após a diluição, devidamente anotada, para poder ser conferida antes de
cada utilização. Cuidado especial deve ser dado na utilização de medicamentos em frascos de
múltiplas doses, a fim de evitar contaminação. Medicamentos sujeito a controle especial devem
estar registrados no livro de controle.
Toda equipe deve utilizar corretamente os equipamentos de proteção individual (EPIs).
Recipientes para descarte de material perfurocortante, bem como para coleta de lixo hospitalar
devem estar disponíveis.
Enfim, ambientes de urgências e emergência veterinários são locais críticos, onde
biossegurança e as boas práticas operacionais devem ser praticadas de forma intensa, conforme
a Resolução do CFMV N. 923, de 13 de novembro de 2009.
Reanimação Cardio-Cerebro-Pulmonar
163
A parada cardiorrespiratória é um evento súbito e inesperado, porém podemos antever a
parada em caso de taquicardia progressiva e persistente, bradicardia persistente,
irregularidades no pulso e eletrocardiograma, pulso fraco, hipotensão, choque e alteração no
padrão respiratório. Os sinais de parada na anestesia incluem a queda rápida na pressão arterial,
queda rápida na capnografia ocasionada pela redução no débito cardíaco, ausência de pulso
por hipovolemia ou hipotensão, ausência de sons cardíacos, midríase, assistolia ou fibrilação no
eletrocardiograma.
ECG mostrando uma linha isoelétrica demonstrando ausência total de atividade elétrica no
coração durante a assistolia
Taquicardia ventricular sem pulso: Há atividade elétrica, de forma ritmada, durante mais de 30
segundos. No entanto os batimentos são gerados nos ventrículos e, devido à alta frequência
cardíaca, as câmaras cardíacas não conseguem se encher com sangue suficiente para gerar um
débito cardíaco que gere pulso. Ocasiona também isquemia miocárdica, hipotensão, síncopes,
crises convulsivas, choque e morte.
164
Atividade elétrica ritmada, frequência cardíaca alta, complexos QRS bizarros e ausência de
ondas p visíveis, típicas da taquicardia ventricular.
Atividade elétrica sem pulso: Quando ocorre um impulso elétrico que não gera contração
miocárdica correspondente. Ao ECG, o impulso pode parecer normal ou com variações nos
intervalos P-QRS, QRS largo e bizarro e FC diminuída.
Ritmo sinusal normal no ECG. No entanto esse traçado apenas mostra que a atividade elétrica
está normal, não mostra a função miocárdica comprometida e o baixo débito cardíaco ou sua
ausência.
Para a maioria dos cães, as compressões são recomendadas na porção mais alta do tórax, para
maximizar o emprego da teoria da bomba torácica. Essa teoria postula que os ventrículos são
165
diretamente comprimidos entre as costelas localizadas logo abaixo do coração e promovem
melhor retorno venoso pelas veias cavas e menor pressão na artéria aorta, maximizando o
débito cardíaco promovido pela massagem. Já em cães com tórax em formato de quilha ou
estreito, como os Greyhounds, as compressões devem ser feitas exatamente acima do coração.
Técnica de compressão torácica para cães de raças com tórax estreito, como os Greyhounds
(Retirado de RECOVER 2012)
166
Realize compressões torácicas de 100 a 120 movimentos por minuto, tanto em cães quanto em
gatos. O uso do desfibrilador é indicado nas taquicardias ventriculares (TV) e fibrilações
ventriculares (FV), pois despolariza todas as células do miocárdio ao mesmo tempo, cessando a
atividade elétrica descoordenada destas duas arritmias. Em casos de TV ou FV resistentes à
desfibrilação, é recomendada a amiodarona na dose de 2,5 a 5 mg/kg (IV), pois tem sido
associada à diminuição do limiar de desfibrilação (mais detalhes sobre a desfibrilação ao final
deste capítulo). Também se recomenda a realização simultânea da ventilação durante a
reanimação, ou seja, inflar o tórax mesmo quando estiver comprimido. Essa manobra tem por
objetivo separar o controle das vias aéreas da massagem torácica, evitando perda de
compressões ao longo de cada minuto. Entretanto é necessário muita experiência e uma bolsa
de reanimação manual de silicone, que permite a sensação de tato mais apurada e mais
controlada pelo responsável pela ventilação, impedindo assim um aumento de pressão
intrapleural e intratorácica que diminuiria o retorno venoso, o fluxo coronariano e o débito
cardiaco.
Deve-se cuidar para que a pessoa responsável pela ventilação não exceda a frequência de
movimentos respiratórios (ideal: 10 movimentos por minuto, volume minuto de 10 mL/kg e
tempo inspiratório de 1 segundo) ao tentar acompanhar o reanimador nas massagens cardíacas
e com isso mantenha altas pressões intratorácicas, impedindo o enchimento cardíaco completo.
Se o tórax estiver aberto, o reanimador deve clampear a aorta descendente na sua porção
imediatamente cauda à base do coração. A manobra é realizada utilizando-se uma sonda ou
tubo (silicone, PVC) passando ao redor da aorta e com auxílio de uma pinça hemostática
realizando o clampeamento parcial da artéria. Este não deve passar de cinco minutos, devendo
suspender por cerca de três minutos e retomar a manobra para evitar a hipoperfusão acentuada
dos órgãos abdominais.
Vasopressores eficientes (adrenalina, vasopressina) devem ser utilizados para aumentar a rigidez
dos vasos e elevar a resistência vascular total. A dose de adrenalina preconizada é de 0,01
mg/kg em bólus intravenoso. Doses de até 0,1 mg/kg eram utilizadas e associadas com maior
índice de reanimação, porém não estavam associadas com maiores taxas de sobrevivência e de
alta hospitalar. Outra alternativa é fazer epinefrina pela via intra-traqueal, com doses até 10
vezes acima do padrão (0,1 mg/kg – enquanto o padrão atualmente é de 0,01 mg/kg por via
intravenosa) através de um extensor/sonda uretral longa por dentro da sonda endotraqueal.
Vasopressina na dose de 0,8UI/Kg/IV preferencialmente administrada em veias de grosso calibre
(jugular, cava), está indicada sempre que a primeira dose de adrenalina não for suficiente, ou
nos casos de assistolia.
A Dopamina é uma catecolamina que tem sido empregada com sucesso para estimular o
coração na parada cardíaca. Contudo, tanto a adrenalina como a dopamina podem induzir
arritmias incluindo fibrilação ventricular. Hipóxia, acidose, uso de halotano ou outros anestésicos
e traumatismo miocárdico facilitam o desenvolvimento de arritmias induzidas por
catecolaminas. É indicada nos quadros de bradicardia e hipotensão, após a restauração do fluxo
sanguíneo espontâneo. Seus diferentes efeitos são dose-dependentes, produzindo ação em
receptores dopaminérgicos, α e ß-adrenérgicos. São sempre administradas na forma de infusão
contínua, doses menores que 2mg/kg/min atuam predominantemente nos receptores
dopaminérgicos enquanto doses entre 2 e 5 mg/kg/min atuam em receptores ß1, aumentando
a frequência cardíaca, o débito cardíaco e a contratilidade do miocárdio. A interação da
167
dopamina com os diferentes tipos de receptores, de acordo com a dose utilizada, poderá levar
a sua escolha como possível agente que assegure melhor perfusão esplênica, não só pelo
aumento do débito cardíaco, mas também pela vasodilatação promovida pelos receptores
dopaminérgicos.
Há poucos estudos sobre o uso de anticolinérgicos na parada cardiorrespiratória, mas segundo
o consenso RECOVER podem ser utilizados no início da RCP em animais com atividade elétrica
sem pulso ou assistolia, pois a patofisiologia destes tipos de parada envolvem um tônus vagal
acentuado. A dose recomendada é de 0,04 mg/kg IV a cada 3-5 minutos.
A lidocaína é o fármaco de escolha nos casos de arritmias ventriculares, bloqueando os canais
de sódio. Exerce maior efeito nos tecidos despolarizados (isquêmicos) e/ou nos tecidos de
impulso rápido. A lidocaína não é útil nas arritmias atriais, provavelmente porque os potenciais
de ação nestas são tão curtos que os canais de sódio estão inativados apenas por um breve
momento, e os períodos diastólicos são relativamente longos. Utiliza-se a dose de 2mg/kg em
cães, podendo ser repetida duas a três vezes, se necessário. Em gatos, doses menores devem
ser utilizadas para evitar toxicidade (0,25 a 0,5 mg/kg como dose inicial)
O bicarbonato de sódio geralmente não é necessário a não ser que o déficit de bases alterado
esteja presente antes da parada. Esse fármaco definitivamente não deve ser utilizado naqueles
pacientes que não estão devidamente ventilados, nos quais a hipóxia é a principal causa da
acidose. A hemogasometria venosa e arterial é recomendada para se determinar com eficiência
o quanto de bicarbonato está sendo requerido.
Corticoides não tem sido comprovados cientificamente benéficos na parada cardiorrespiratória.
A desfibrilação elétrica deve ser realizada quando o paciente apresentar fibrilação. Em humanos
a sobrevida diminui em 10% a cada minuto que a desfibrilação deixa de ser realizada. As
recomendações atuais sugerem a desfibrilação rápida durante a fibrilação ventricular mesmo
que a via aérea não esteja patente. Os desfibriladores elétricos automáticos (DEA) são unidades
portáteis simples de operar e podem estar à disposição de várias categorias de reanimadores.
Assim que há confirmação de inconsciência do paciente, a ventilação e massagem torácica
devem ser iniciadas até que o DEA esteja disponível. A unidade é conectada avo paciente e
pode reconhecer a fibrilação após 20 a 60 segundos, descarregando um choque elétrico
bifásico. Este processo poderá ser reiniciado, de acordo com a necessidade, por até três vezes.
A desfibrilação elétrica envolve a passagem de uma ligeira carga elétrica de alta energia através
do miocárdio com objetivo de despolarizar a maior área possível, para que o ritmo normal seja
restabelecido. Colocam-se eletrodos no sexto espaço intercostal esquerdo, na junção
costocondral, e no lado direito, no terceiro ou quarto espaço intercostal, na mesma altura. No
início, usam-se níveis de energia mais baixos, caso não se obtenha êxito aplica-se choques
repetidos com níveis progressivamente mais altos de energia. De modo geral, quanto mais
tempo o animal tenha estado em fibrilação ventricular maior à energia necessária para
desfibrilação e menor a chance de consegui-la. Níveis excessivos de energia podem causar lesão
cardíaca. O bom contato cutâneo com toda a extensão da placa é importante para maximizar
a distribuição do choque e a eficiência da desfibrilação e para minimizar lesão dos tecidos. Usa-
se uma pasta de contato para favorecer a condução da corrente elétrica para o corpo assim
como também podem ser empregados géis comerciais de ECG ou gel lubrificante a base de
agua. Deve-se ter cuidado para que as placas não se toquem e a pasta de contato (ou outro
material condutor) sobre a pele não forme uma conexão entre elas. Não se deve usar álcool
168
para aumentar o contato entre a pele e as placas, pois ele inflamável. A quantidade de energia
recomendada de início baseia-se no tamanho do paciente: 2J/kg para animais com menos de
7kg, 5 J/kg para aqueles com 8 a 40kg e 5 a 10 J/kg para cães muito grandes. Antes de
descarregar a carga, todos devem afasta-se do animal, do aparelho de ECG, da mesa e do
desfibrilador.
A desfibrilação interna é realizada com placas internas estéreis que podem ser cobertas com
compressas de gaze embebidas em solução salina. As placas são orientadas nos lados opostos
do coração e colocadas sobre suas superfícies de contato, com a corrente fluindo pela maior
parte possível do miocárdio. A quantidade de energia recomendada para desfibrilação interna
é de 0,2 a 0,4J/kg (até 2J/kg).
Se o ambiente hospitalar não possuir desfibrilador, está indicado o uso do soco pré cordial,
ciente dos riscos que essa técnica envolve.
169
30. AVALIAÇÃO DA DOR
Dr.Stelio Pacca Luna
Está entre os cinco sinais vitais: Pulso periférico, frequência cardíaca, temperatura, frequência
respiratória e DOR.
Estes cinco sinais devem ser avaliados em qualquer atendimento clínico e a dor deve ser
quantificada e tratada.
Muitas das razões encontradas para que o manejo da dor não ocorra da forma correta
se originaram em conceitos arcaicos e errados que foram arrastados ao longo de muitos séculos.
Historicamente o homem foi habituado a encarar a dor como um evento que deveria ser
tolerado e superado, demonstrando que o indivíduo estaria apto a resistir a desafios e a se
resignar com os fatos corriqueiros da vida. Em diversas civilizações os indivíduos do sexo
masculino provavam que eram fortes e destemidos superando a dor ao serem submetidos às
mais atrozes situações. Várias provações, desde a dor do parto até a transição da infância para
a adolescência eram acompanhadas de eventos que envolviam dor.
Em animais o processo foi mais difícil. Vários filósofos e estudiosos contribuíram de
alguma forma para que os animais não recebessem o devido tratamento para a dor. Os animais
foram submetidos a todo o tipo de intervenções com o sentido de elucidar os fenômenos
fisiológicos que aconteciam no homem. Estas intervenções foram realizadas desde a
antiguidade e, por mais que vários avanços da medicina sejam creditadas a elas, a dor era
completamente desprezada.
Com a evolução da medicina, a dor foi encarada como parte do processo de cura, sendo a
melhora do paciente abalizada de acordo com a melhora na sintomatologia dolorosa.
Hoje em dia, na avaliação inicial de qualquer indivíduo, a dor deve ser diagnosticada,
quantificada e tratada prontamente da mesma maneira como se administra um antitérmico em
casos de febre.
170
Observação: Não devemos nos guiar APENAS pela lesão, pois diferentes indivíduos
respondem de formas diferentes.
A dor é uma experiência única e pessoal. Não há linguagem ou comportamento padrão que
descreva a dor do paciente, variando de um animal para o outro, mesmo quando se trata da
mesma enfermidade. Fatores emocionais e comportamentais podem alterar a percepção da
dor. Com a finalidade de minimizar as diferenças entre os observadores e fazer o processo de
avaliação mais criteriosa possível, foram propostas diversas escalas para seu reconhecimento.
Escala analógica visual (EAV): Esta escala é unidirecional e consiste em uma linha de 10 cm
de comprimento, com seus extremos rotulados. O zero é a ausência de dor e 100 é a pior dor
possível. Os tutores ou cuidadores são instruídos a marcar na linha uma indicação da gravidade
da dor experimentada de acordo com o conhecimento prévio do comportamento do animal.
Em humanos, um estudo demonstrou que o escore deve se mover no mínimo 13 mm ao longo
da escala de 100 mm para que uma mudança significativa na dor seja mensurável. Em animais
a EAV possui limitações e não tem estudos suficientes para avaliação correta da dor.
171
Escala de dor de Melbourne: Escala multidirecional, pois possui seis categorias e cada uma
contém descritores de vários comportamentos. Por possuir observações comportamentais, a
pontuação pode ser diferente entre dois avaliadores. O resgate analgésico deve ser realizado
quando o total de pontos for igual ou maior do que 9.
172
Escala de dor de Colorado: Escala descritiva simples, com múltiplas categorias e definições
descritivas de comportamentos relacionados com a experiência dolorosa. Induz o observador
a avaliar certos aspectos que poderiam passar despercebidos, gerando uma avaliação mais
completa do paciente.
173
Escala de contagem variável (Unesp-Botucatu): Escala utilizada para gatos, mais completa,
podemos avaliar critérios comportamentais, de inquietude, dor local, postura, conforto,
atividade, apetite, parâmetros fisiológicos, dentre outros. O resgate analgésico deve ser
realizado caso o resultado seja igual ou maior do que 8.
174
175
Escala de dor de Glasgow: Escala multifatorial e multidimensional para avaliação de dor em
cães. O resgate analgésico deve ser feito quando o escore for igual ou acima de 6.
176
Dor e sua relação com a afecção ou procedimentos realizados
Esta seção serve como um auxílio a mais na avaliação da dor e contribui para selecionar o
protocolo analgésico a ser empregado. Muitas afecções podem mudar de categoria conforme
a extensão da lesão, o dano nos tecidos envolvidos, de espécie para espécie e de animal para
animal dentro da mesma espécie.
177
distensão de órgão cavitário, torção mesentérica, gástrica, testicular e outras, obstrução de
uretra, ureter e biliar, toracotomia, laparotomia, oniectomia, reparação de hérnia diafragmática
(associada a extensão da lesão de tecidos), politraumatismos, doença de disco toracolombar,
ablação total de canal auditivo, reaquecimento após hipotermia acidental, congelamento, dor
oncogênica, mucosite após terapia de radiação, trombose ou isquemia (arterial ou venosa),
trombose aórtica, osteodistrofia hipertrófica, pan-osteíte, ulceração ou abrasão corneal,
glaucoma e uveíte, mastite.
DOR INTENSA OU EXCRUCIANTE: Dor neuropática, incluindo encarceramento de nervo,
herniação de disco intervertebral cervical, inflamação extensa, dor pós-operatória quando a
lesão tecidual é extensa ou existe inflamação, reparação de múltiplas fraturas quando há injúria
tecidual de tecidos moles ou pinçamento por implante ortopédico em tecido neuronal,
pancreatite e cistite necrosante, fratura patológica, neoplasia óssea (especialmente pós-
biópsia), meningite.
178
31. FISIOPATOLOGIA E TRATAMENTO DA DOR
Dr.Stelio Pacca Luna
Definição
A dor pode ser considerada juntamente com a pressão arterial, a frequência cardíaca,
a temperatura e a respiração, como o quinto sinal vital, e é definida como uma experiência
sensorial e emocional desagradável. Pode ser classificada em nociceptiva (somática ou visceral),
neuropática e psicogênica. A dor nociceptiva é a clássica dor aguda, já a dor neuropática, na
maioria das vezes, origina-se a partir da dor aguda não tratada ou tratada de forma insuficiente,
passando a ser crônica. Neste caso, a dor passa de sinal, no caso da dor nociceptiva, à própria
doença. A dor neuropática é gerada por uma deformação plástica das membranas nervosas,
reorganização da neuroanatomia, alteração genética da medula espinhal e morte dos
neurônios inibitórios da dor.
A alodinia é a dor frente ao estímulo não-doloroso, a hiperalgesia é uma dor
exacerbada frente a um estímulo doloroso de baixa intensidade e com aumento da área
afetada (hiperalgesia secundária). A somação é o aumento progressivo da dor frente a um
mesmo estímulo repetido e o brotamento é a ativação e multiplicação de receptores dolorosos,
exacerbando ainda mais a dor. A sensibilização periférica causa aumento da sensibilidade dos
neurônios sensitivos de nociceptores de alto limiar, estimulados por mediadores inflamatórios,
e diminuição do limiar dos nociceptores (sensibilização central) em que ocorre alteração da
excitabilidade dos neurônios da medula espinhal, e os neurônios do corno dorsal passam a
responder à estímulos inócuos, fibras A beta passam a transmitir impulsos dolorosos, as células
do corno dorsal respondem a áreas periféricas mais amplas e a resposta à dor torna-se mais
longa e prolongada. As implicações da sensibilização são que a dor passa a ser deflagrada pela
atividade dos nociceptores e torna-se auto permanente.
A dor é uma experiência que envolve um componente objetivo (físico – nocicepção),
relacionado à percepção e resposta ao estímulo nociceptivo e um componente subjetivo,
relacionado à dimensão afetiva e emocional, ou seja, o sofrimento. Os três pilares da dor são
o sensorial-discriminativo, relacionado às propriedades mecânicas, térmicas e espaciais, ou
seja, a localização e qualificação da dor, o cognitivo-avaliativo, relacionada às experiências
prévias que podem modificar a resposta ao estímulo doloroso e o motivacional-efetivo, que
envolve o sofrimento, medo, tensão e ansiedade que relacionados à dor, as respostas
neurovegetativas e alterações comportamentais. Portanto a dor é uma experiência multifatorial
que envolve o sensorial (físico-nociceptivo), o afetivo/emocional, que expressa o que aquele
animal em particular sente e o funcional, por exemplo, o quanto as suas funções ficam
prejudicadas.
A dor é biologicamente danosa, por dificultar a cura de lesões, devido à resposta de
estresse; causar emagrecimento, tanto pela redução do apetite, como pelo aumento do
consumo de energia; risco de automutilação; possibilidade de se tornar crônica; depressão da
função imune e em casos de pós-cirúrgico, aumento do tempo de recuperação e maior risco
de complicações pós-operatórias.
O desenvolvimento de estratégias efetivas para o manejo da dor requer conhecimento
básico de sua fisiopatologia, incluindo: vias neurais envolvidas no processamento do estímulo
179
nocivo, resposta do sistema nervoso aos estímulos e as consequências sistêmicas dos processos
dolorosos.
Fisiopatologia
A detecção de estímulos nocivos é iniciada pela transformação dos estímulos
ambientais físicos ou químicos em sinais elétricos (potenciais de ação) que, das fibras nervosas
periféricas, são transferidos do sistema nervoso periférico (SNP) para o SNC. A partir de um
potencial gerado nos nociceptores – sejam eles viscerais, osteoarticulares, musculoesqueléticos
ou tegumentares – o estímulo seguirá pelas fibras aferentes primárias até a medula espinhal e,
através das vias ascendentes, será projetado no córtex, onde ocorre a percepção consciente da
dor após conexões com estruturas como o tálamo e formação reticular.
Após a injúria tecidual ocorre um processo inflamatório que resulta em profundas
alterações no ambiente químico dos nociceptores. A liberação de várias substâncias
denominadas algogênicas é responsável pela chamada hiperalgesia (sensibilidade exacerbada)
termomecânica e pela vasodilatação observada em lesões traumáticas, inflamatórias e
isquêmicas. Quando ocorrem processos inflamatórios, diversos receptores que se encontram
silenciosos em condições normais são ativados, especialmente os relacionados às fibras C,
podendo ocorrer dor persistente ou aumento da resposta diante de determinados estímulos.
A nocicepção ocorre mesmo com o paciente inconsciente, mas a dor não é percebida
se o paciente estiver inconsciente ou anestesiado.
180
As fibras aferentes primárias são classificadas em três classes, de acordo com a
dimensão do corpo celular e seus axônios:
Sensibilização central
A sensibilização central é baseada no desequilíbrio da relação entre estímulo doloroso
e sua resposta. Quando há estimulação persistente de nociceptores, há redução do limiar de
sua sensibilidade, gerando os fenômenos de alodinia (dor ante estímulos não dolorosos) e
hiperalgesia, os quais persistem mesmo após a resolução da lesão tissular. A ativação dos
aferentes periféricos resulta na liberação de substâncias (substância P, neurocinina-A, glutamato,
aspartato), as quais levam a alterações na medula espinal. Estímulos repetidos nas fibras C
causam aumento na atividade de neurônios na medula espinhal, liberação de peptídeos e
neurotransmissores em grande quantidade e por períodos prolongados. Como consequência
há ativação de receptores como o NMDA, o que culmina com a hiperexcitabilidade de
neurônios do SNC, denominada sensibilização central, também chamada de wind-up.
181
A substância P tem papel importante neste processo, pois causa redução do limiar de
excitabilidade da sinapse, com ativação de sinapses anteriormente silenciosas, além de causar
sensibilização de neurônios a distância, com aumento da extensão da dor. A interação entre a
substância P e o receptor NMDA tem suma importância no processo de hipersensibilização. A
ativação do NMDA leva à entrada de cálcio nos neurônios, os quais podem, então, produzir
outros mediadores mediante a estimulação da atividade enzimática. Essas alterações resultam
em dor de maior intensidade e mais prolongada. A sensibilização central é importante
componente na evolução da dor aguda para a dor crônica.
Classificação da dor
A dor pode ser classificada quanto a origem e quanto a sua duração e etiopatogenia.
Quanto a origem:
• Somática: Tecidos superficiais (pele) e profundos (ligamentos, ossos, músculos,
fáscia, periósteo, articulações, etc)
• Visceral: Órgãos internos do tórax e abdômen (intestino, estômago, pulmões,
etc)
Dor neuropática
Conceitualmente, a dor neuropática deriva de uma lesão de nervo periférico, com
aumento da excitabilidade neuronal resultando na sensibilização. É uma condição neurológica
causada como consequência direta de lesão ou injúria afetando o sistema somatossensorial –
cérebro, nervos cranianos, raízes dorsais, encéfalo (vias sensitivas, núcleos sensitivos, tálamo,
córtex sensitivo) ou medula espinhal. Ela se refere a uma síndrome dolorosa específica
182
caracterizada por dor e anormalidades sensoriais em partes do corpo que tenham sofrido perda
de sua inervação periférica normal ou representação sensorial no sistema nervoso central (SNC).
Para que isso aconteça é necessário ocorrerem alterações profundas nas células (neurônios do
sistema nociceptivo da medula espinhal e estruturas supraespinhais) como resultado da ativação
continuada do sistema nociceptivo. Geralmente é uma condição crônica, de diagnóstico
complexo, associada a comprometimento da qualidade de vida do paciente e de difícil
tratamento, já que analgésicos convencionais nem sempre promovem alívio deste tipo de dor.
As causas potenciais de dor neuropática são: procedimentos cirúrgicos,
aprisionamento/encarceramento/compressão de nervos, secção completa de nervos, lesões
traumáticas em nervos periféricos, avulsão de plexo braquial, lesão lombossacra, estenose
lombossacra degenerativa ou síndrome da cauda equina, lesão na medula espinhal por trauma,
isquemia, hemorragia ou compressão extradural. Podemos citar também as causas metabólicas,
como a diabetes mellitus; de origem visceral, como a cistite intersticial felina, doença intestinal
inflamatória e pancreatite crônica; de origem osteomuscular, como a osteoartrose, além de
outras, como neoplasias de várias origens.
Avaliação da dor
O comportamento é o componente principal na avaliação. Nesta avaliação deve-se
conhecer o comportamento normal da espécie e frente a situações de dor, bem como do
animal a ser avaliado. Deve-se levar em conta a variabilidade interindividual tanto de tolerância
a dor, como da resposta aos analgésicos.
Dentre os fatores que dificultam a avaliação da dor em animais estão as alterações
fisiológicas e comportamentais que não são específicas da dor, algumas alterações de
comportamento indicativas de dor não são óbvias, a falta de experiência do observador, a
descrição verbal da intensidade e a qualidade da dor sentida pelo individuo são importantes
para o diagnóstico da dor e nos animais isto não é possível e a experiência da dor é subjetiva,
complexa e multidimensional.
As alterações comportamentais mais óbvias de dor em cães e gatos são agressão,
vocalização e inquietude. Alguns animais se escondem e relutam em se levantar e movimentar.
Andam, sentam-se ou deitam-se de forma anormal e com dificuldade. Ficam desinteressados
do ambiente, “rígidos” e com tremores. Os cães e gatos apresentam dorso arqueado e tensão
da musculatura abdominal, posicionam o rabo entre as pernas e abaixam a cabeça, protegem
a área afetada, lambem e olham para o local afetado. A dor nos membros causa claudicação e
pode haver automutilação. Os cães não abanam a cauda e os gatos a movimentam muito. Os
gatos não se lambem e não praticam a autolimpeza.
Para uma avaliação mais abrangente da dor, as alterações comportamentais devem ser
complementadas com a observação das alterações fisiológicas. As alterações fisiológicas
relacionadas à dor se caracterizam por estímulo do sistema nervoso simpático, com aumento
da frequência cardíaca, respiratória e da pressão arterial, dilatação da pupila, sudorese no
coxim. Adicionalmente ocorre ativação do metabolismo com aumento da secreção de
hormônios do catabolismo.
Os diferentes métodos para avaliar a dor estão localizados no capítulo correspondente
desta apostila.
183
Tratamento da dor aguda
Dentre os analgésicos disponíveis, como métodos de analgesia preventiva periférica,
pode se lançar mão de anestésicos locais que previnem o estímulo nocivo, AINES que reduzem
a produção de prostaglandina e a sensibilização das terminações nervosas e opioides
periféricos (ex: articulações), que reduzem o efeito de neuropeptídeos locais. Para se realizar a
analgesia preventiva central, pode-se utilizar opióides que agem na pré e pós-sinapse,
reduzindo a liberação de neurotransmissores e causando hiperpolarização da membrana do
núcleo dorsal da rafe. Adicionalmente têm-se os antagonistas de NMDA na medula espinhal
(ex: cetamina) que previnem a excitação induzida pelo glutamato e os agonistas alfa-2
adrenérgicos, que agem em receptores da medula espinhal. Outras formas de tratamento da
dor incluem antidepressivos, a acupuntura e os métodos físicos, como a fisioterapia.
Em situações cirúrgicas, ou dor aguda, o tripé da dor é composto de opioides, AINES
e anestesia local, ou seja, na medida do possível, todos os animais submetidos à cirurgia
deveriam receber estes três tratamentos.
OPIOIDES
Os opioides reduzem os efeitos psicológicos da dor, causam leve sedação, depressão
respiratória, diminuem a motilidade gastrointestinal e podem provocar náusea e vomito. São
utilizados para prover analgesia na dor aguda no pré, trans e pós-operatório, bem como na dor
crônica em associação a outros analgésicos, na neuroleptoanalgesia, para obtenção do
sinergismo entre os fármacos utilizados, para reduzir a CAM dos anestésicos inalatórios, para
potencializar a anestesia intravenosa, nas técnicas de anestesia e analgesia
balanceada/multimodal e analgesia espinhal. Promovem analgesia supraespinhal, espinhal,
periférica e em tecidos inflamados. O mecanismo de analgesia ocorre por prevenção da
sensibilização central do corno dorsal da medula, tanto pelo efeito pre-sináptico, pela
prevenção da liberação de glutamato, como pós-sináptico, por hiperpolarização das
membranas. Causam efeitos no cérebro, com inibição descendente e redução de efeitos
psicológicos da dor. No sistema cardiovascular inibem o tônus simpático cardíaco em cães e
gatos, o que deflagra bradicardia vago-mediada e hipotensão arterial. Pode ocorrer
vasodilatação e hipotensão por liberação de histamina. Apesar dos opioides causarem
depressão respiratória central dose-dependente, este efeito é mais importante para os
opioides de curta duração, como o fentanila, sufentanila, alfentanila e remifentanila. No sistema
digestório aumentam o tônus da musculatura lisa e esfíncter anal, reduzem o peristaltismo e
causam náusea e vômito (efeito central).
Estes fármacos são classificados em:
Agonistas puros: apresentam alta afinidade e atividade em seus receptores e,
portanto, máxima eficácia; Os agonistas puros são representados por exemplo pela
morfina, metadona, meperidina, fentanila. Conferem analgesia potente, sem efeito
teto, entretanto causam os clássicos efeitos adversos.
Agonistas parciais: apresentam afinidade e atividade por alguns receptores,
com eficácia menor que os puros (efeito teto); Os agonistas parciais, representados
184
principalmente pela buprenorfina, causam analgesia menos profunda, com efeito teto
e menor eficácia.
Agonistas-antagonistas: apresentam afinidade e atividade em um certo tipo de
receptor e antagonismo em outro tipo e antagonistas, que se caracterizam por
afinidade sem atividade intrínseca. Como exemplo temos o butorfanol, que produz
analgesia menos intensa do que o agonista puro.
185
AINES
Os AINES são inibidores da enzima ciclooxigenase COX, que é responsável por funções
homeostásicas, tais como proteção gástrica, proteção renal, contribuindo para autorregulação
do fluxo sanguíneo renal, e função plaquetária. Quando estes fármacos são utilizados, além de
reduzirem a inflamação, também afetam os efeitos homeostásicos. Seu efeito periférico se dá
por inibição da COX com diminuição da síntese de prostaglandina e redução da excitabilidade
das fibras nervosas, levando a um efeito anti-inflamatório. Centralmente atuam no hipotálamo,
apresentando efeito antipirético e fraca ação analgésica. Seus efeitos adversos pela inibição da
prostaglandina ocorrem no trato GI, induzindo úlceras e vômito; no rim, causam perda da
autorregulação do fluxo sanguíneo renal, insuficiência renal e necrose papilar; no fígado,
podem levar a toxicidade parenquimatosa; e no sangue, podendo causar discrasias sanguíneas
como o aumento do tempo de sangramento.
Em relação ao uso clínico, é importante lembrar que a eficácia e a toxicidade de um
AINEs variam individualmente e a monitoração dos efeitos colaterais é obrigatória. Animais
que necessitem do tratamento prolongado, nos casos de dor crônica, as doses e intervalos de
administração devem ser ajustadas até que a menor dose com o maior benefício possa ser
alcançada. Alguns AINES podem atravessar a barreira placentária em animais gestantes e se
concentrar nos tecidos fetais.
Em razão do seu mecanismo de ação, os antiinflamatórios são contraindicados em
casos de lesão hepática ou renal, depleção do volume sanguíneo (animais desidratados,
hipovolêmicos, choque séptico ou hipovolêmico), insuficiência renal, coagulopatias, como nos
casos de erliquiose, em animais com histórico de doença gastrintestinal, ou intolerância ao uso
de antiinflamatórios. Além disso, exceto pelo meloxicam e carprofeno, os AINES estão restritos
ao uso pós-operatório. Além disso deve-se evitar em animais com menos de seis semanas e
pacientes geriátricos devido à imaturidade do sistema hepático e alterações no metabolismo,
respectivamente.
186
tepoxalina), pois inibem ambas as vias da inflamação. O uso em Medicina Veterinária de
inibidores preferenciais e seletivos de COX-2 aumentou a margem de segurança terapêutica e
resultou na diminuição dos efeitos colaterais quando comparados aos inibidores não seletivos,
mas mesmo estes fármacos podem causar úlceras gastrointestinais, principalmente quando
doses e intervalos adequados não são respeitados, ou ainda, quando o AINES é associado ao
uso de corticóides. Provavelmente, isto se deve aos efeitos colaterais serem relacionados a
outros tipos de mecanismos de ação e não só apenas à inibição das PGs.
OUTROS FÁRMACOS
A Cetamina promove seu efeito analgésico por meio de vários mecanismos, como:
anestésico local, antagonista não competitivo de receptores NMDA, opioide, possível antagonista
muscarínico e também por agir em receptores monoaminérgicos. Pode-se realizar infusão no trans
e pós-operatório de 2-10 µg/kg/hr causando analgesia pós-operatória prolongada.
Os anestésicos locais (lidocaina, bupivacaina e ropivacaina) interrompem a condução
elétrica de nervos periféricos, prevenindo a propagação do impulso para o corno dorsal da medula
e sensibilização central. Causam bloqueio regional, podendo ser usados no pré, trans ou pós-
operatório. Dentre os mecanismos de analgesia produzidos pela lidocaina estão a supressão dos
neurônios nociceptivos da medula espinhal, redução da descarga nervosa das fibras nervosas
periféricas e depressão cortical, podendo reduzir a CAM dos anestésicos inalatórios em 40 a 70%,
potencializando a anestesia intravenosa e produzindo analgesia pós-operatória de 5 a 18 horas.
Normalmente usam-se bolus de 1,5 mg/kg, seguido de infusão de 0,25 mg/kg/min.
Os Agonistas alfa-2 adrenérgicos (xilazina, medetomidina, dexmedetomidina) atuam no
corno dorsal da medula, nas vias adrenérgicas descendentes, com efeito analgésico sistêmico.
Produzem maior analgesia visceral que somática.
187
32. DOR CRÔNICA
Dra Nadia Crosignani
Dor neuropática é de difícil tratamento, geralmente não responde (ou responde precariamente)
ao uso isolado de analgésicos clássicos como AINEs e Opióides à Associação de fármacos
analgésicos com adjuvantes analgésicos.
188
OPIOIDES
Agonistas puros:
Alta afinidade e atividade em seus receptores
Máxima eficácia
Agonistas OP3 (µ) puros: MORFINA, metadona, meperidina, fentanila
Analgesia potente.
§ Sem efeito teto.
§ Efeitos adversos clássicos.
Agonistas parciais:
Afinidade e atividade por alguns receptores.
Eficácia menor que os puros (efeito teto).
Agonistas OP3 (µ) parciais: BUPRENORFINA.
Analgesia menos profunda.
Agonistas-antagonistas:
Afinidade e atividade em um certo tipo de receptor e antagonismo de outro tipo.
Agonistas OP2 (κ)/antagonistas OP3 (µ): BUTORFANOL
§ Analgesia menos intensa (κ) do que o puro
§ Antagonista agonista µ
Antagonistas
Afinidade sem atividade intrínseca
189
§ Neuroleptoanalgesia, para obtenção do sinergismo entre os
fármacos utilizados.
§ Redução da CAM. Exceto em equinos.
§ Potencialização da anestesia intravenosa Anestesia e analgesia
balanceada/multimodal Técnicas de analgesia espinhal.
Sedação
Excitação pode ocorrer em animais desprovidos de dor, principalmente equinos e felinos; em
equinos com dor, os opióides possuem efeito sedativo.
Analgesia: supraespinhal, espinhal, periférica, em tecidos inflamados.
Previnem sensibilização central do corno dorsal da medula
§ Pre-sináptico: previne liberação de glutamato
§ Pós-sináptico: hiperpolariza as membranas
Efeitos no cérebro: inibição descendente, redução efeitos psicológicos Inibem o tônus
simpático cardíaco em cães e gatos
§ Bradicardia vago-mediada
§ Hipotensão arterial
Pode ocorrer vasodilatação e hipotensão por liberação de histamina.
Em equinos desprovidos de dor pode ocorrer estímulo do sistema cardiovascular.
• Aumento de ADH
190
Adesivos de Fentanil
Início lento – garantir analgesia durante o período de latência.
Latência: 12 horas para gatos e 24 horas para cães.
Duração: 72 horas – cães e 96 horas – gatos.
Indicado para trauma.
Técnica de colocação: tricotomia, não limpar com álcool ou éter e não usar
adesivo (cola pode interferir na membrana e alterar a absorção).
Não usar em animais abaixo de 3 kg.
Calor ou febre pode aumentar a absorção.
Efeitos adversos: depressão respiratória, bradicardia, rigidez muscular.
191
Opioides no tratamento da dor crônica
Codeína (0,5-1 mg/kg a cada 4-6 h).
Tramadol (2-5 mg/kg BID ou TID).
192
AINES
Grupo de ácidos orgânicos fracos, derivados dos ácidos carboxílico e dos ácidos
enólicos, com propriedades anti-inflamatórias, por inibirem componentes da cascata
inflamatória, analgésicas (central e periférica) e antipiréticas (central).
Homeostase da COX:
– Proteção gástrica.
– Proteção renal.
– Função plaquetária.
193
Inibidores de COX e 5-lipooxigenase
- Liclofelone e tepoxalina
Biotransformação e excreção
Biotransformação hepática: oxidação, redução e hidrólise, seguida de conjugação para
formação de compostos inativos, ou alguns ativos
(fenilbutazona);
Felinos: deficiência de enzimas da família glucoroniltransferase meia vida prolongada
e riscos de intoxicação
194
Firocoxib (5 mg/kg SID): Eficaz na osteoartrite, incidência de vômito e diarréia de 5%; em
gatos promove inibição de COX-2 da mesma forma que o meloxicam.
Carprofeno: Gato (4 mg/kg/24hs, seguido de 1,33 mg/kg por 6 dias) ¦bem tolerado, sem
alterações hematológicas, bioquímicas e gastroscópicas, boa disponibilidade; Cão ¦ menor
efeito gastrointestinal quando comparado ao etodolac, meloxicam, flunixim e Cetoprofeno
quando usado por três meses em cães.
Meloxicam: Incidência de vômito e diarreia em cão – 12%, e 4% de efeitos gastrointestinais
adversos nos gatos.
Robenacoxibe: Seguro em gatos (2, 6, 10 mg/kg); Cães (1-2 mg/kg SC).
Tepoxalina: Inibição predominante de COX-1 (maior risco).
Mavacoxibe: 2-4 mg/kg VO; tratamento a cada 2-4 semanas, não há estudos em gatos.
195
Dipirona/Metimazol: derivado pirazolônico hidrossolúvel; analgésico, antipirético e
antiespasmódico; Efeitos antinociceptivo periférico ¦ pequeno efeito antiinflamatório pela
baixa ligação à proteínas plasmáticas; Efeito antinoceptivo central ¦ atua nas fibras nervosas
aferentes, medulla espinhal e substância cinzenta periaquedutal, interferindo na formação das
prostaglandinas, e inibe a isoenzima da COX-3.
Qual AINE?
Carprofeno (4 mg/kg): Perioperatório e tratamento prolongado.
Firocoxibe (5 mg/kg): Perioperatório e tratamento prolongado.
Meloxicam: boa analgesia para tratamento prolongado.
CÃO: 0.1 mg/kg/dia.
GATO: 0,01-0,03 mg/kg – melhor opção para uso prolongado.
Cetoprofeno (2 mg/kg por 3 dias): boa analgesia, tratamento curto; avaliar efeito de
doses baixas – uso prolongado.
Corticoides
Indicações:
Estenose lombossacra degenerativa
Melhora a função neurológica em casos de compressão crônica
↓ edema vasogênico
Evita toxicidade do glutamato
196
Previnem sensibilização central.
Bloqueios, epidural, infiltrativa, intumescência.
Uso pré/trans/pós-operatório.
Infusão sistêmica – Lidocaína.
Lidocaína
Mecanismos de analgesia:
- Supressão dos neurônios nociceptivos da medula espinhal.
- Redução da descarga nervosa das fibras nervosas periféricas - Depressão
cortical.
Efeitos:
- Redução da CAM 40 a 70%.
- Potencialização da anestesia intravenosa - Analgesia pós-operatória de
5 a 18 horas.
- Infusão sistêmica – Lidocaína: 1,5 mg/kg bolus + 0,25 mg/kg/min.
- Capacidade de suprimir descargas ectópicas espontâneas sem bloquear a
condução nervosa.
Agonistas Alfa - 2
- Atuam no corno dorsal da medula; vias adrenérgicas descendentes.
- Efeito analgésico com uso sistêmico.
- Epidural: analgesia sem perda de toda sensibilidade e controle motor Maior
analgesia visceral que somática.
Antagonistas NMDA
Cetamina
Antagonista de receptor NMDA.
Previne a despolarização de acumulação para liberação de glutamato.
Doses sub-anestésicas produzem analgesia.
Usada para indução de anestesia.
Infusão no trans e pós-operatório (2-10 μg/kg/hr).
197
Usada no trauma.
Cetamina somente bloqueia o receptor NMDA após ele ter sido aberto por
uma estimulação nociceptiva prévia.
Sedação.
Aumento inicial no limiar térmico.
Hiperalgesia e alodínea.
Amantadina
3-5 mg/kg VO - SID - cão e gato.
Osteoartrite: + meloxicam (21 dias) em cães ¦ efeito superior ao meloxicam
isolado.
Adjuvante analgésico em cães com osteosarcoma.
Antidepressivos Tricíclicos
Amitriptilina: 0,5-2 mg/kg cão e gato–VO SID
Ação central - impede a recaptação de serotonina e nordrenalina (evitar associar com
tramadol).
Ativação do sistema inibitório descendente.
Inibe canal de sódio.
Dose analgésica inferior a anti-depressiva.
Início de ação lento.
Pode causar: sonolência (<10%) e ganho de peso.
Neuropatia sensorial de trigêmio: 1,3 mg/kg BID.
Lombalgia: 1,1 mg/kg BID.
Gabaérgicos
Pregabalina
Gabapentina
5-10 mg/kg BID ou 2-40 mg/kg SID VO – cão e gato.
Estrutura química similar ao GABA.
Bloqueio de canais de cálcio: inibe a liberação de neurotransmissores
excitatórios das fibras nervosas aferentes primárias.
Efeitos adversos: letargia e incoordenação motora.
Não há estudos em osteoartrite.
Câncer: osteossarcoma.
198
Não há evidência científica, apenas clínica
Sulfato de condroitina:
15 mg/kg VO (SID ou BID).
Antiinflamatório e analgésico.
Melhor efeito em gatos que em cães.
Hidrocloridrato de glucosamina
Omega 3
Controle de Peso
- 11 a 18% de redução do peso.
- Reduz severidade de claudicação.
- Redução de 25% do consumo de alimento.
- Atraso na incidência de doenças crônicas, incluindo osteoartrite.
Fisioterapia
Crioterapia ¦ Vasoconstricção e reduz condução nervosa.
30 min - 2-4 x ao dia.
Banho de água quente/toalha quente (40-45 oC)
15-20 min – 2-3 x ao dia.
Casos crônicos de OA.
Antes de atividade muscular.
Aumenta fluxo sanguíneo.
Reduz espasmo muscular.
Exercícios passivos
Animais com ausência de controle motor.
Dor sem usar o membro.
10-15 x 2-3 x ao dia Alongamento.
10-30 seg X 10 vezes ao dia.
Exercícios de equilíbrio e propriocepção.
Massagem.
Ritmo e frequência lentos.
Pressão leve a moderada.
199
10 a 20 min a cada 48 hs Ultrassom, Laser, TENS.
Acupuntura
Acupontos
Diferentes aspectos físico, fisiológico e histológico quando comparados com às
estruturas adjacentes.
Localizados em ramos superficiais de nervos periféricos (nervos radial, mediano e
ulnar).
Nervos emergem da fascia.
Emergência de foramens (nn. supraorbitário e infraorbitário).
Mecanismos de ação
Efeito no sistema nervoso central, autonômico e periférico.
Efeito humoral (endócrino).
Efeito anti-inflamatório.
Inibição de:
Transmissão nociceptiva.
Inflamação.
Tensão muscular e espasmo.
200
Melhora de:
Fluxo sanguíneo.
Propriocepção.
Dor neuropática.
Ativação de:
Fibras Aß.
Neurotransmissores e peptídeos.
Imunomodulação.
Outros efeitos:
↑ temperatura local.
201
Redução da produção de citocinas pro-inflamatórias.
O implante de ouro em acupontos apresenta analgesia efetiva e comprovada
cientificamente em osteoartrite.
Vantagens:
Baixo custo.
Não há depressão farmacológica e efeitos adversos.
Menor sangramento e cicatrização.
Recuperação imediata (paciente consciente após a cirurgia).
Menor complicação pós-operatória.
Reduz a CAM.
Desvantagens:
Manutenção difícil
- animal consciente
- reflexos de defesa
- percepção de tração de vísceras
Efeito individual.
Longo período de latência.
Presença de fios dos eletrodos da eletroacupuntura.
Não é possível intubação.
Saída de agulhas durante procedimento (repor com o eletrodo desligado!).
Necessidade de contenção.
Cirurgião precisa ser rápido e delicado.
Não há miorrelaxamento.
202
33. ANESTESIA PACIENTE NEONATO E PEDIATRICO
Dra.Silvia Cortopassi
Classificação:
Neonato: até 6 semanas - Imaturidade do sistema cardiovascular, respiratório.
Pediátrico: Cães e gatos: 6 a 12 semanas
Potros e bezerros: maturidade fisiológica com 4 a 6 semanas.
Emergência:
Fraturas, alterações congênitas, intussuscepção, ruptura de bexiga.
Características fisiológicas:
Maior relação superfície corpórea: peso
Sistema cardiovascular:
Valores de FC - cães
Neonatos:
Os barorreceptores são imaturos até 12 semanas. Além disso, a inervação simpática
está em desenvolvimento, portanto, o neonato não tem capacidade de aumentar a força
contrátil, o débito cardíaco é dependente da frequência cardíaca, sendo necessário mantê-la
acima de 150 bpm para que não haja queda da pressão arterial.
• Não responsivo aos anticolinérgicos
• Pouco responsivo ao estresse
203
O neonato possui um circuito de alto fluxo e baixa resistência:
Sistema respiratório:
Frequência Respiratória
204
ü VC: 10- 15 mL/Kg
ü Menor sensibilidade dos quimiorreceptores à hipóxia (ainda imaturos)
ü Indução da anestesia com agentes inalatórios
ü Ar ambiente x Oxigênio a 100%
ü Adequação de materiais - Sondas
A intubação traqueal é mais difícil devido a laringe e traqueia estreitas e cartilagem mais
rígida.
Atenção à suplementação de O2: realizar pré-oxigenação por máscara e oxigênio 100% durante
5 minutos.
- Indução da anestesia com agentes inalatórios
- Ventilação assistida ou mecânica
- Monitorar hipoxemia, hipercapnia e obstrução de vias aéreas!
Sistema hepático
• Desenvolvimento total das enzimas microssomais hepáticas ocorre aos 30 dias de vida
– Biotransformação prolongada
• Glicemia: adequada no neonato saudável
– Estresse e/ou jejum levam à hipoglicemia
• Hipoalbuminemia em cães até a 4ª semana
– Fármaco na forma livre
- 4 a 5 meses: baixa atividade enzimática do citocromo P-450 (metabolismo de fármacos está
reduzido)
Sistema renal
Termorregulação:
205
Neonatos e pediátricos são mais suscetíveis à hipotermia
- A superfície corporal é extensa em relação ao peso corporal
- Capacidade limitada promover vasoconstrição
- Isolamento térmico deficiente
- Incapacidade de produzir tremores
-Imaturidade do sistema de termorregulção
Considerações anestésicas:
- Peso - diluir fármacos para adequada titulação
-Tamanho do animal: intubação orotraqueal, cateterização, obtenção de monitoração
adequada.
- Exames pré-operatórios
- Jejum alimentar:
Pediátricos: alimentar 6 h e hídrico 2 h
Neonatos: alimentar 3 - 4 h, avaliação da glicemia
Fluidoterapia
Deve-se prestar atenção ao volume e velocidade da administração de fluidos, especialmente
devido ao aparecimento de edema pulmonar.
Vias de administração:
- Intravenosa: preferível
-Intra-óssea: fêmur ou úmero (agulha espinhal 18 ou 22G ou hipodérmica 40x10)
- Subcutânea: não é recomendada
Avaliação pré-anestésica
• Hidratação
– Posição bulbo ocular
– Coloração de urina / mucosas
– TPC
206
• Temperatura Corpórea
– 2 primeiras semanas: 35,5° – 36° C
– 1º mês: 37° C
207
Fármacos:
Evitar tranquilizantes e sedativos até 4 semanas de vida. Se necessário, reduzir a dose de ½ a
¼.
ANTICOLINÉRGICOS
< 14 dias – inervação vagal imatura DC é dependente FC utilizar atropina para ↑FC
↑ tônus vagal em braquicefálicos e em procedimentos cirúrgicos oftálmicos
Redução secreções trato respiratório
Sulfato de atropina: 0,044 mg/kg SC, IM, IV.
FENOTIAZÍNICOS
Evitar o uso em pacientes neonatos e pediátricos
BENZODIAZEPÍNICOS
Efeitos respiratórios e cardiovasculares mínimos
Diazepam ou Midazolam: 1/3 a ½ da dose
Amplamente empregados como adjuvantes na indução
OPIOIDES
Efeitos cardiovasculares mínimos
- Não deprimem contratilidade miocárdica
- Cuidado com bradicardia sinusal
Depressão respiratória pode ocorrer
- Intubação e administração de oxigênio podem ser necessários
- <4 semanas: morfina provoca maior depressão que fentanil
Atenção: avaliar o uso de agonista-antagonista e antagonista
AGENTES DISSOCIATIVOS
Evitar o uso nas primeiras 3 semanas (maior taxa de mortalidade)
Preservam DC e FC
208
Associar com benzodiazepínicos
- Melhora relaxamento muscular
- Reduz a incidência de excitação Redução dose clínica
Anestésicos injetáveis
PROPOFOL
Depressão cardiovascular e respiratória
- A administração deve ser lenta
Biotransformação: reação de conjugação
Dose: 2 a 4 mg/kg IV; 0,02 –0,04 mg/kg/min – infusão contínua
ETOMIDATO
Preserva a FC e o ritmo cardíaco, pressão arterial e contratilidade cardíaca
Pode causar mioclonias, náuseas, vômitos
Deve ser associado aos benzodiazepínicos ou opioides
Indução da anestesia
Fármacos injetáveis
- Não é recomendável em animais < 4 semanas
- Risco de regurgitação
- Observar sinais de dispneia e hipoxemia
Agentes inalatórios
- Máscara ou intubação nasotraqueal (potros)
- Seguida de intubação orotraqueal
Pediátricos: cães (opioides) e gatos (cetamina em doses baixas/bzd)
Intubação:
- Sondas com/sem balonete
- Observar:
1- Presença de secreções respiratórias
Aspirar a cada 30 min
2 - Comprimento da sonda
Observar intubação seletiva
3- Tentativas consevutivas
Edema ou espasmo da glote
209
- Odor pungente
- Irritação vias aéreas
ISOFLURANO
• Odor acre
• Náuseas e vômitos
• Indução e recuperação rápidas
• Biotransformação hepática: 0,2%
• < depressão miocárdio
• Vasodilatação periférica com diminuição da PA
SEVOFLURANO
• Indução e recuperação mais rápida
• Neonatos
– Indução: 2,1%
– Manutenção: 1,25%
• Biotransformação hepática: 2%
ANESTÉSICOS LOCAIS
Possuem pH ácido, o que pode provocar dor.
– Tamponar com bicarbonato de sódio (1mEq/ml)
• AL/bic = 20:1
– Aquecer
– Administrar lentamente
• Agulhas finas
• Dose máxima
– ½ dose adulto
210
Hipotermia:
Ocorre em 60% das anestesias. Há perda de 3 a 4°C por hora em média, no adulto submetido
à anestesia geral.
Na pediatria a redução é mais acentuada e ocorre em menor tempo de exposição. O tratamento
também é mais demorado.
Deve-se prestar atenção ao sistema sem reinalação - fluxo de gases frescos
- radiação (50%)
- convecção (15%)
- condução (5%)
- evaporação pele (14,5%)
- ar expirado (7,5%)
- aquecimento do ar inspirado (3,0%)
- liberação de CO2 (4%)
- urina e fezes (2%)
- suor - variável
Causas:
Temperatura da sala < 22 ºC
Fluidos frios empregados para irrigação de órgãos e cavidades
Superfície de contato fria
Grande parte da superfície corporal exposta
Ar inspirado não é umidificado ou aquecido
Anestésicos
Pode desencadear:
- arritmias
- diminuição da função renal
- diminuição da agregação plaquetária
211
-tremores e aumento do consumo de oxigênio
- acidose metabólica
-diminuição da biotransformação dos anestésicos
Recuperação mais tardia
Cuidados pós-operatórios
- Analgesia
- Ambiente tranquilo: sem barulho e sem luminosidade excessiva
- Alimentação
212
34. ANESTESIA NO PACIENTE GERIÁTRICO
Dra Silvia Cortopassi
Estima-se que o risco de morte em anestesia em pequenos animais seja 7 x maior nos
pacientes acima de 12 anos.
Geriatras são animais que tiverem alcançado 75% da expectativa de vida, de acordo
com o padrão racial.
- Raças de pequeno porte (até 9kg): 9–13 anos
- Raças de porte médio (9 – 23kg): 9–13 anos
- Raças de grande porte (23 – 41kg): 7,5–10,5 anos
- Raças gigantes (acima de 41kg): 6 – 9 anos
- Gatos (a maioria das raças): 10 - 12 anos
Objetivos:
ü Minimizar tempo de procedimento
ü Empregar fármacos que não alterem sistema cardiorrespiratório
ü Fármacos que possuam antagonistas, biotransformação rápida ou inexistente.
Manutenção função renal
ü Monitorar!
SISTEMA CARDIOVASCULAR
Incapacidade de compensar alterações cardiovasculares súbitas
Espessamento fibras elásticas e aumento colágeno e cálcio nas paredes das grandes artérias -
↑ RVS
213
Redução da atividade barorreflexa
214
- Superficialização do plano anestésico
- Fármacos vagolíticos
- Dor (↑ FC e ↑PA)
- Compensatória à hipotensão
Consequências:
- Hipóxia
- ↓ Tempo de diástole
- ↓ Perfusão miocárdica
- ↑ Consumo de O2 pelo miocárdio
Bradicardia Sinusal:
Causas possíveis
- Predominância do parassimpático
- Agentes anestésicos
- Hipotensão arterial associada
SISTEMA RESPIRATÓRIO
ü Perda de elasticidade pulmonar
ü Atrofia dos músculos intercostais
ü Diminuição da complacência da parede da caixa torácica
ü Degeneração do tecido parenquimatoso
ü Diminuição da força da musculatura respiratória;
ü Colapso dos septos alveolares
215
SISTEMA GASTRINTESTINAL
SISTEMA HEPÁTICA
SISTEMA RENAL
Disfunção Cognitiva:
Alterações degenerativas do sistema nervoso central associadas com a idade.
216
Atrofia generalizada da região cortical, degeneração da bainha de mielina, calcificação das
meninges, alterações vasculares, deposição de beta-amilóide e edema axonal.
Desorientação, esquecimento de comportamento previamente aprendido, diminuição da
interação com novas pessoas e aparecimento de novos medos e ansiedade
SISTEMA ENDÓCRINO
Hiperadrenocorticismo:
Fraqueza muscular; ↓volume de reserva expiratório; ↓elasticidade da parede torácica
Incapacidade de manter ventilação adequada.
Hipotireoidismo:
Pacientes susceptíveis à hipotermia;
Redução da capacidade de biotransformação;
Bradicardia;
Decréscimo da contratilidade miocárdica; Cardiomiopatias;
Maior susceptibilidade a depressão cardiovascular
Obesidade + decúbito:
↓ Volume corrente e volume minuto
Hipoventilação, hipercapnia e acidose respiratória.
Farmacocinética:
Aumento da proporção de tecido adiposo para tecido magro
Redução da água corporal total
Redução nos níveis de albumina plasmática
Redução da atividade enzimática fase I (citocromo P-450)
Redução do fluxo sanguíneo hepático
Efeitos mais evidentes – fármacos que dependem exclusivamente de biotransformação
Farmacodinâmica:
↓ CAM dos anestésicos inalatórios
↓ Requerimento agentes injetáveis e analgésicos
↓ Massa cerebral
↓ FSC
↓ Número e densidade neurônios e axônios no SNC e SNP Alterações na atividade neuronal
217
Considerações anestésicas Anamnese:
Afecções anteriores
Comorbidades atuais
Anestesias anteriores
Medicamentos atuais
Exame Físico
Exames Complementares:
Hemograma completo, função renal, função hepática, ECG, RX torácico
Fluidoterapia
Jejum hídrico
Reposição deve ser feita previamente ao procedimento
Escolher fluido mais adequado para a situação
Se não houver desidratação: 5 a 10 ml/kg/h
Medicação pré-anestésica
TRANQUILIZANTES
Fenotiazínicos
Doses reduzidas
Hipotensão arterial, depressão miocárdica, hipotermia
Biodegradação hepática
Acepromazina: 0,01 – 0,05mg/kg IM
*Evitar se o animal estiver recebendo inibidor ECA, bloqueador canal de cálcio ou pimobendan
Vasodilatação
Benzodiazepínicos
Diazepam
Ansiolítico
Relaxante muscular
Anticonvulsivante
Dep. Cardiopulmonar
Associação com opioides
Ligação às proteínas plasmáticas
Biotransformação hepática
Midazolam
Lipossolúvel, curta duração de ação, rápida meia-vida de eliminação.
Doses elevadas, IV: disforia em cães
Associação: opioides, injetáveis, inalatórios
218
Agonistas alfa 2 adrenérgicos
Sedação, relaxamento muscular, analgesia
Efeito dose-dependente
Efeitos depressores intensos
Bradicardia, BAV 2º
OPIOIDES
Analgesia, sedação
Depressão respiratória
Bradicardia
Potência e período hábil variados
Agonista, agonista-antagonista, antagonistas
AINE pré-operatório:
cuidado na reaplicação
verificar normotensão trans-operatória
ANESTÉSICOS INJETÁVEIS
Propofol
Não libera histamina
Etomidato
Depressão respiratória mínima
Hiperventilação
Estabilidade parâmetros cardiovasculares
Preserva atividade barorreceptores
Supressão adrenocortical transitória
Agentes Dissociativos
Respiração apnêustica
219
↓ FR
Preserva ação quimiorreceptores
Não deprime reflexos respiratórios protetores
Aumenta secreções
Ação broncodilatadora
Estimulação cardiovascular
Aumenta FC, PA, PVC
Cuidado: aumento consumo O2 miocárdio
Indução da anestesia
Pré-oxigenação com O2 a 100%: 3 a 5 min
Preenchimento CRF (capacidade residual funcional) pulmonar
Máscara com agente halogenado
Apenas com sedação prévia
Minimizar estresse – interromper caso o animal apresente desconforto extremo
Fibrose pulmonar: indução prolongada
Indução anestésica apenas com o paciente monitorizado
Manutenção
Isoflurano
Possui odor pungente
↑ Frequência cardíaca
↓ Resistência vascular sistêmica Hipotensão arterial
Apenas 0,17% sofre biotransformação
Quantidade de metabólitos gerados é incapaz de causar problemas hepáticos ou renais
Valor da CAM Isso em cães idosos é menor
Há redução na quantidade de receptores NMDA e AMPA em regiões cerebrais dos cães velhos;
As mudanças nos receptores NMDA com o avançar da idade parecem ser associadas com o
aumento da sensibilidade para o anestésico inalatório.
Sevoflurano
Não irrita as vias aéreas e possui baixo coeficiente de partição sangue/gás proporciona boa
indução na máscara
Apenas 5% sofre biotransformação fluoretos inorgânicos são rapidamente excretados pela urina
Baixa possibilidade de ocasionar problemas hepáticos ou renais
Monitoração:
Cardiovascular: FC e ritmo cardíaco, PA
Respiratória: Oxigenação, SpO2, Ventilação, ETCO2
220
Riscos na anestesia de geriatras
Hipoxemia e hipercapnia
Desidratação, hipovolemia, hipotensão e perfusão tecidual inadequada
Arritmias cardíacas
Efeito prolongado ação dos fármacos
Reações adversas
Estresse
Considerações gerais
221
35. CUIDADOS PERIOPERATÓRIOS NO PACIENTE COM DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS
Dra. Silvia R. G. Cortopassi
TIREOIDE
- HIPOTIREOIDISMO
É uma doença multissistêmica caracterizada pelo decréscimo da produção de T4 e T3 pela
tireoide
Hipotireoidismo canino
Etiologia
• primário (90%)
– agenesia (raro)
– tireoidite linfocítica (+50% - destruição autoimune da tireoide)
– atrofia folicular idiopática
• secundário (hipofisário)
• terciário (hipotalâmico)
• outras causas: disormogênese, anomalias da conversão hormonal periférica, deficiênciade
iodo, drogas antitireoideanas
Predisposição
• Meia-idade
• Cães puros mais afetados: Golden Retriever, Dobermann Pinscher, Labrador, Cocker Spaniel,
Schnauzer miniatura, Teckel, Setter Irlandês, Boxer, Beagle, Dogue-alemão
• Sem predisposição sexual
Hipotireoidismo Felino
• Raro
• Pós-tratamento radioativo com iodo
• Pós-tireoidectomia
• Sinais clínicos
– Letargia
– Ganho de peso
222
Achados Laboratoriais
• anemia normocítica/normocrômica,
arregenerativa
• hipercolesteronemia/trigliceremia
– Aterosclerose vasos sanguíneos
• aumento importante de FA, ALT e AST
• Hipercalcemia e hipoglicemia
Diagnóstico
• Anamnese
• Exame físico
• Exames laboratoriais
– Determinações hormonais de T4 total
Anestesia
• Ideal
– Tratamento prévio aos procedimentos eletivos
– Gatos: analisar risco de doença renal
Exame Pré-anestésico
• Exame físico
– Obeso
• Hipoventilação: diminuição da complacência torácica e atelectasia por compressão
– Sistema cardiovascular
• Bradiarritmias: BS, BAV 1 e 2º
• Pulso fraco
• Perfusão orgânica inadequada
223
• Anestesia locorreginal
– Cuidado se houver neuropatia
– Déficits neurológicos podem ser exacerbados
• Tricotomia
– Informar que o pelo pode demorar a crescer/ não crescer
Anestesia
Diminuição do requerimento de anestésicos
• recuperação prolongada
– Devido diminuição da taxa metabólica e da temperatura corporal è retarda a depuração de
fármacos anestésicos
• Mais susceptíveis à hipotensão induzida pela anestesia
– Devido ao sistema cardiovascular hipodinâmico (diminuição do volume sistólico e da
frequência cardíaca)
– disfunção do barorreceptor
– regulação negativa do receptor β-adrenérgico
Monitoração
• Hipotensão arterial
• Bradiarritmias
• diminuição da contratilidade miocárdica
• Hipotermia
• Hipercapnia/hipoxemia
Recuperação da Anestesia
• Prolongada
– Biotransformação/excreção diminuídas
• Regurgitação conteúdo esofágico
– Aspirar antes da recuperação
• Manter suplemento de O2 na sala de recuperação (máscara, cateter nasal...)
SaO2 <94%
HIPERTIREOIDISMO
Hipertireoidismo Felino
É uma doença sistêmica caracterizada pela atividade anormal da glândula tireoide – produção
excessiva dos hormônios tireoidianos (triiodotironina e tiroxina)
224
Hipertireoidismo Canino
• Incomum
• Causas
– Carcinoma
– Administração excessiva de levotiroxina
• > 8 anos
Achados Laboratoriais
• leucocitose, eosinopenia e linfopenia
– em resposta ao estresse causado pela doença
• aumento do hematócrito
– Eritrocitose que resulta da ação dos hormônios tireoidianos diretamente sobre a medula
óssea e também sobre a produção excessiva de
• aumento de enzimas hepáticas
– ALT, FA e AST
– 90% dos casos.
– má nutrição, da insuficiência cardíaca congestiva, da anóxia hepática e do efeito tóxico
direto dos hormônios tireoidianos no fígado
• hiperfosfatemia
• azotemia
– aumento da pressão do capilar glomerular e da proteinúria em gatos com hipertireoidismo
pode contribuir para a progressão da doença renal
Radiografia torácica
– Cardiomiopatia
– Efusão pleural
225
Diagnóstico
• Histórico
• Identificação dos sintomas
• Avaliação clínica laboratorial
• Exploração funcional dos lobos tireoidianos
– Testes específicos
– Palpação lobos tireoidianos
Tratamento
• Tireoidectomia
• Terapia radioativa com iodo
Anestesia
• Exame físico
– Perda de peso
– Caquexia
• Avaliação laboratorial
– Corrigir alterações antes do procedimento
• Manutenção medicamento até o dia da anestesia
– Meia-vida curta
• Animais não tratados
• aumento da taxa metabólica, DC e hipertermia
• Alteração na farmacocinética/dinâmica dos agentes anestésicos
• Evitar
– Fármacos vagolíticos/simpatomiméticos
• Anticolinérgicos
• Agentes dissociativos
• Pancurônio
• efedrina, norepinefrina, epinefrina
• Com restrição
– Fenotiazínico
Monitoração
• Manutenção plano de anestesia
– prevenindo excessiva depressão SNC, cardiovascular
e respiratória
• Sistema cardiovascular
– Frequência e ritmo cardíacos, PA
226
• CVPs, taquicardia supraventricular
• Hipo ou hipertensão arterial
• Temperatura retal
– Gatos anestesiados tendem a perder temperatura
– Necessidade de aquecimento
Fluidoterapia
– Solução balanceada
– Gatos: atenção para doença renal
Concomitante
ADRENAL
A adrenal é dividida em duas partes principais: o córtex e a medula O cortéx é composto por:
1- Zona glomerulosa: mais externa, responsável pela secreção de mineralcorticóides
(aldosterona)
2- Zona fasciculosa: camada média, responsável pela secreção de glicocorticoides (cortisol)
3- Zona reticulada: mais interna, secreta diversos hormônios sexuais
HIPOADRENOCORTICISMO
Rara em cães e gatos
• Incidência
– Baixa: 1 a cada 2000 cães
– Fêmeas: 70%
– Idade: 1 a 14 anos (jovens a meia-idade)
Classificação
– Primária
• Destruição imunomediada do córtex adrenal
– Deficiência na secreção de glicocorticoide e
mineralocorticoide
– Secundária
• êProdução ou secreção ACTH
– Déficit na produção de glicocorticoides
Manifestações clínicas
• No hipoadrenocorticismo primário, a maioria das manifestações clínicas é atribuída à
deficiência de aldosterona e cortisol.
• Na insuficiência adrenal secundária, a deficiência na secreção do ACTH resulta,
na maioria das vezes, apenas em inadequada produção de glicocorticoide
Deficiência de cortisol
– letargia, fraqueza, tolerância reduzida ao estresse e alterações gastrintestinais, como
anorexia, vômito, diarréia, dor abdominal e perda de peso
227
Aldosterona
– responsável pela absorção de sódio e excreção de potássio pelos rins
– Deficiência de aldosterona
• aumento da concentração de K+ no LEC levando à rápida perda de Na+, Cl- e H2O è
redução volume total
– hipovolemia com diminuição de DC e consequente diminuição da perfusão renal e de outros
tecidos
Alterações laboratoriais
• Anemia normocítica normocrômica, eosinofilia e linfocitose absoluta
• Azotemia pré-renal
– aumento dos níveis ureia e creatinina
– Hiperfosfatemia
• Hipoglicemia
• Hipoalbuminemia
• Hipercalcemia
• aumento dos níveis ALT, AST e FA
• Acidose metabólica
• Hiponatremia
• Hipocloremia
• Hipercalemia
• diminuição da relação (sódio/potássio)
– Valores normais: variam entre 27:1 a 40:1
• Valores<15 apresentam boa correlação com diagnóstico de hipoadrenocorticismo
Tratamento
• Restabelecimento da volemia
– administração de solução de NaCl a 0,9%
• Após correção dos valores de sódio: solução de Ringer com lactato
• Correção da hipoglicemia
– Solução a 2,5 ou 5% de glicose
• Correção da hipercalemia
– Solução de NaCl a 0,9%
– Administração de glicose concomitante ou não à utilização de insulina
• Bolus: 1 a 2 ml/kg de glicose a 25%
228
Anestesia
• Atenção
– Hiponatremia
– Hipercalemia
• arritmias cardíacas
– Hipovolemia e hipotensão
– Hipoglicemia
– Azotemia pré-renal
– Origem endógena
– Origem exógena (iatrogênica)
3 - HAC iatrogênico
- Secundário à administração crônica e excessiva de glicocorticoides exógenos
Hiperadrenocorticismo Canino
• Uma das mais comuns endocrinopatias em cães
• Idade
– meia-idade a idoso (11 anos)
• Raças
– Poodles, Terriers, Beagles, Daschunds
Hiperadrenocorticismo Felino
• Raro em gatos
• HAC iatrogênico
• Meia-idade a idosos
• Sem predisposição sexual
229
Alterações Laboratoriais
• Discreta eritocitose
• Leucocitose por neutrofilia sem desvio à esquerda
• Linfopenia
• Eosinopenia
• Monocitose
• Trombocitose
• Urinálise
– Densidade < 1,020
– ITU: leucocitúria e bacteriúria
• Bioquímica sérica
– aumento de FA e da ALT
– Hipercolesterolemia
– Hipertrigliceridemia
– Hiperglicemia discreta
• Hipercoagulabilidade
– aumento dos fatores coagulação II, V, VII, IX, X e XII
–diminuição da produção de antitrombina III
Pode levar a doença tromboembólica
Diagnóstico
• Anamnese
• Exame físico
• Exames complementares
– Hemograma
– Urinálise
– Glicemia
– Dosagem sérica de colesterol, triglicérides, ALT, FA
– US abdominal
– Testes hormonais: para confirmação
Tratamento
• Terapia cirúrgica e medicamentosa
– HAC hipofisário: tratamento cirúrgico ou medicamentoso
230
• milotano ou trilostano
– HAC adrenocortical
• remoção cirúrgica: adrenalectomia
• Tumores inoperáveis: milotano
• Trilostano
– esteróide sintético que atua como inibidor competitvo e reversível da enzima 3-beta
hidroxiesteroide desidrogenase
– interfere na síntese de mineralocorticoides, glicocorticoides* e esteroides sexuais
– Atua por inibição competitiva
– ótima segurança terapêutica
• Basta interromper a sua administração para o retorno da produção dos corticosteroides
endógenos
Exames pré-operatórios
– Hemograma
– Perfil bioquímico
– Urinálise
• Avaliar grau de hidratação
– Corrigir previamente
Anestesia
• Hipertensão arterial
– 50 a 86% - cães
• Hiperinsulinismo: espessamento do endotélio vascular e rigidez vaso
• Cortisol: diminuição do NO endotelial: vasoconstrição/ aumento de RVS
• Hipercolesterolemia/hipertrigliceridemia: deposição placas ateromas
Adrenalectomia
• Trilostano
– Interromper um dia antes do procedimento
• Aumentar níveris de cortisol
• Clopidrogel
– Antiplaquetário
– Interrupção prévia
231
Transoperatório
• Desequilíbrio níveis glicocorticoides
– Complicações
• Hipoglicemia
• Hipotensão arterial
– Pós-indução: dexametasona (0,15 a 0,2mg/kg)
– infusão de dexametasona (0,05 a 0,1 mg/kg (diuído no soro) ; depois 2 a 3x, via sc até que
possa receber medicação via oral
– A administração por via parenteral pode ser interrompida após 24 a 72 horas
– Via oral: prednisona na dose de 0,25 a 1 mg/kg (dose maior para cães de pequeno porte, e
dose menor para cães de grande porte).
» Redução gradativa ao longo de 3 a 6 meses
– Reposição de mineralocorticóides
» avaliar eletrólitos dos pacientes a cada sete dias
DIABETES MELLITUS
É uma síndrome que abrange uma série de doenças de etiologias diferentes e clinicamente
heterogêneas que se caracterizam pela hiperglicemia, decorrente da falta de insulina ou de sua
incapacidade em exercer adequadamente seus efeitos metabólicos
Etiologia
Cães
• predisposição genética
• distúrbios imunemediados
• pancreatite
• fatores de resistência à insulina: diestro, obesidade, infecções ...
Gatos
• amiloidose das ilhotas pancreáticas
• intolerância à glicose decorrente de obesidade
Incidência
DM tipo I em cães: 1/100
DM tipo II em gatos: 1/500
Diagnóstico
• Cães/gatos
– demonstração de hiperglicemia (> 250 mg/dL)
– glicosúria persistentes associadas a manifestações clínicas apropriadas
• poliúria, polidipsia, polifagia e perda de peso
Procedimentos cirúrgicos
Cirurgia eletiva
• Catarata, remoção de tumores cutâneos e tratamento periodontal devem aguardar o
232
bom controle glicêmico.
• Exceção
– OSH em cadelas em diestro ou cirurgia corretiva de um fator de resistência insulínica
Exames pré-operatórios
- Hemograma
- Função renal e hepática
- Triglicérides e colesterol
- Frutosamina
- Glicemia
- β-OHB
- Hemogasometria
- Eletrólitos (Na+, Cl-, K+)
Exame Físico
• Paciente idoso
- Doenças intercorrentes
- Período de jejum
- Administração de insulina
- Mensuração da glicemia
- Manter a glicemia entre 100 - 25- mg/dL
• < 100 mg/dL: não administrar insulina e a realizar infusão de fluidos glicosados
• 100 – 250 mg/dL: administrar ¼ da dose de insulina regular e realizar infusão de fluidos
glicosados
• > 250 mg/dl: ½ da dose de insulina regular e infusão de solução fisiológica 0,9%
Diminuir a glicemia para inibir cetogênese, evitar acidose metabólica, deslocar o K+ para
dentro da célula
Anestesia
As complicações mais comuns em cães diabéticos são hipoglicemia e cetoacidose
diabética
Hipoglicemia
233
Importante: anestesia pode mascarar
- Tremores
- Desorientação
- Dificuldade deambulatória
- Convulsão
- Coma
Cetoacidose diabética
- Deficiência de insulina, hiperglicemia, aumento da produção de corpos cetônicos;
- Apatia, depressão, anorexia, êmese, desidratação, perda de peso, taquipnéia,
hiperglicemia, glicosúria;
Hipocalemia
• Fraqueza muscular, arritmias, paralisia, letargia
• Atraso da repolarização ventricular. Aumento do potencial de repouso da membrana celular,
com acréscimo da duração do potencial de ação e período refratário.
• Prolongamento intervalo PR, onda P maior e mais larga
• Agravamento da hipopotassemia – alargamento do QRS, infradesnivelamento do segmento
S, inversão da onda T
Agentes anestésicos
• afetam a homeostase da glicose no período perioperatório em pacientes diabéticos
• Indiretamente: diminuindo a secreção de hormônios catabólicos
• Diretamente: alterando a secreção de Insulina
Medicação pré-anestésica
• Fármacos que podem causar êmese ou náusea devem ser evitados, retardam o retorno do
apetite após cirurgia
Indução e manutenção
• Etomidato – bloqueia a esteroidogenese e, consequentemente, a síntese de cortisol pelas
adrenais, por sua ação na β-hidroxilase e enzimas da divisão do colesterol e,
portanto, reduz a resposta hiperglicêmica à cirurgia em indivíduos não-diabéticos
• Benzodiazepínicos – diminuem a produção de cortisol, reduzindo a secreção do ACTH,
quando usado em doses altas durante cirurgia
– reduzem a estimulação simpática
– efeitos são mínimos quando midazolam é utilizado em doses sedativas habituais
234
• Propofol – Animais diabéticos podem ter uma habilidade reduzida para remover lipídios da
circulação, principalmente aqueles que apresentem outros distúrbios
concomitantes, como hiperlipidemia ou hipotiroidismo
– Essa complicação é improvável quando o propofol é utilizado como agente de
indução ou em procedimentos anestésicos curtos
• Cetamina – pode causar elevação discreta da glicemia
Pós-operatório
- Manutenção da glicemia em concentrações seguras
- Cuidado com jejum prolongado
- Administração de insulina
- Controle da dor
Importante
Considerações Finais
• Conhecer a fisiopatologia da afecção
• Priorizar tratamento prévio e estabilização
• Avaliação pré-operatória
• Monitorar a anestesia
• Acompanhar recuperação atentando estabilidade hemodinâmica, hidroeletrolítica, glicema
235
36. ANESTESIA DO PACIENTE CRÍTICO
Dr. Andre Shih
Basicamente há sete parâmetros essenciais que devem ser monitorados no paciente crítico:
1) Pressão Arterial
2) Capnografia
3) Débito Urinário
4) Débito Cardíaco
5) Índice de Perfusão capilar
6) Δ lactato
7) Saturação Venosa Central
A pressão arterial pode ser monitorada pelo método invasivo ou não-invasivo. Nos
métodos não-invasivos, dispositivos como o Pet Map são fidedignos para valores de
normotensão, raramente observados em pacientes críticos. Os métodos oscilométricos de
aparelhos multiparamétricos podem ser usados, desde que o aparelho seja específico para cães
e gatos. O sistema de ultrassom do doppler é um método não invasivo que costuma funcionar
quando os outros falham, entretanto, fornece apenas o valor da pressão arterial sistólica. Por
outro lado, ele fornece um som, permitindo uma avaliação subjetiva do pulso.
A pressão arterial invasiva é considerada o padrão ouro para mensuração da pressão
arterial. Ela também fornece um índice da pré-carga do paciente através da análise de onda.
Quando ocorre o fenômeno chamado alternância de pulso, é um indicativo de falta de volume
sanguíneo, ocorrendo ondas de altura menor na inspiração e de altura maior na expiração. Esse
é o chamado ΔPP, e para sua avaliação, o paciente deve obrigatoriamente estar em ventilação
mecânica. O valor de corte para este índice ainda não foi estabelecido cientificamente, mas
podem-se utilizar valores de 13%. Valores maiores que isso indicam que provavelmente se o
paciente apresentar quadro de hipotensão, ele será responsivo a reposição de volume. Outros
valores que também podem ser utilizados são o ΔPAS, cujo valor de corte utilizado é de 20%,
e o Δplet, que corresponde a diferença dos picos das ondas da pletismografia, quando o
paciente está em ventilação mecânica. Da mesma forma, esses valores podem servir para
decisão de gatilho transfusional.
Outro parâmetro utilizado para monitorar a pré carga é a Pressão Venosa Central,
mensurada através de um cateter venosos central acoplado a uma coluna de água. Esse método
estima a pressão do átrio direito, sendo o valor normal de 0 a 12 cmH2O, entretanto, estudos
recentes indicam que esse índice de responsividade está errado em 49% dos casos.
Para monitoração do débito cardíaco, há atualmente quatro métodos, em que todos
usam uma curva de diluição: Swan-Ganz, LiDCO, COstatus, PiCCO. O método mais utilizado é
o SwanGanz, que consiste em uma curva de termodiluição de solução salina injetada em uma
temperatura de 4ºC. O cateter de Swan-Ganz é inserido pela jugular, passa pelo átrio direito,
pelo ventrículo direito e é por fim posicionado na artéria pulmonar. Uma onda com uma altura
muito elevada (formato espiculado) indica um débito cardíaco aumentado, já aquele com pico
236
menor e queda progressiva indica um débito cardíaco reduzido, pois a solução está
termodiluindo mais lentamente. As principais desvantagens do Swan-Ganz são o risco de
perfuração de vasos, tromboembolismo, hemorragia pulmonar, dano direto ao miocárdio e
limitações pelo tamanho do paciente.
O LiDCO utiliza sensor na artéria periféria, mas utiliza lítio como agente de diluição, já
o Costatus utiliza também uma artéria periférica, mas com solução salina. Outro recurso para
aferição do débito cardíaco é o ecocardiograma transesofágico, que além do débito, fornece
ideia sobre pré-carga.
A capnografia fornece informações não somente da respiração do paciente, mas
também do seu estado hemodinâmico. Valores baixos de CO2 são indicativos de baixo
metabolismo celular, e podem ser causados por hipotermia, baixo débito cardíaco, e/ou baixa
perfusão pulmonar, como nos casos de hiperadrenocorticismo, feocromocitoma, anemia
hemolítica, tromboembolismo pulmonar, e hipertensão pulmonar. Valores elevados de CO2
podem ser indicativos de hipertermia.
Se essas alterações de valores de capnografia forem observadas durante a anestesia,
valores baixos podem indicar coágulo ou queda no débito cardíaco; já valores elevados estão
mais comumente relacionados com hipoventilação (podendo ter sido causada por sobredose
de opióides ou propofol, por exemplo). Durante a anestesia, uma ausência de onda de
capnografia indica apnéia, obstrução total do tubo endotraqueal, desconexão do circuito ou
parada cardíaca.
Durante a RCP, o capnografo deve ser um dos principais parâmetros a ser monitorados,
visto que indica a perfusão pulmonar, e consequentemente a eficiência da massagem cardíaca.
Outra importante situação em que o uso do capnografo é de grande valia, é na decisão de
desmame em pacientes em coma induzido na UTI. Quando o intensivista pretende retirar o
paciente do ventilador, ele pode parar todas as infusões e observar a capnografia, se os valores
de CO2 tornarem-se elevados, o paciente ainda não está apto ara ser retirado da ventilação.
Todos os quadros citados acima são mais relacionados com a pós-carga, o que interfere na
passagem de oxigênio não somente a nível celular, mas a nível mitocondrial também. Conforme
as necessidades do organismo ocorrem naturalmente os chamados shunts venosos, que
desviam o sangue para áreas de maior prioridade, como por exemplo, durante os quadros de
choque em que o sangue é desviado da periferia para órgaos centrais.
De uma forma bem simplista, a hipotensão consiste em um ‘problema’ na artéria. A
hipoperfusão é um problema com o que ou quanto chega na mitocôndria. Na hipovolemia a
capacidade venosa que está reduzida. E por fim, a desidratação é relacionada com a célula.
Estes quatro quadros apresentam-se de formas diferentes nos diferentes tipos de choque:
• Choque cardiogênico: paciente apresenta-se hipotenso, pois débito cardíaco está baixo, com
hipoperfusão também. Mas não apresenta hipovolemia (lactato estará aumentado, pressão
arterial reduzida, e ΔPP normal)
• Choque Obstrutivo: hipotenso, hipoperfundido, hipovolemia. A resistência está aumentada mas
o débito cardíaco não sofre alteração primária.
237
• Choque hipovolêmico: subdividido em duas fases. A primeira resposta fisiológica é o
fechamento dos shunts venosos para otimizar a perfusão das mitocondrias. Na segunda fase
apresenta-se hipotenso, hipoperfundido e hipovolemico.
• Choque distributivo: hipoperfusão, a volemia é mantida, mas o shunt venoso está dilatado, logo
as mitocondrias estão hipoperfundidas. Primeiramente o paciente encontra-se normotenso,
normovolemico e hipoperfundido. Após algum tempo células liberam mediadores inflamatórios
que provocam vasodilatação, levando a hipotensão e hipoperfusão. A estagnação sanguinea
leva ao edema.
Para pacientes felinos hipotérmicos e hipotensos, a reposição volêmica deve ser feita
de forma muito cuidados, pois há uma alta tendência a indução de edema pulmonar.
238
v HIPERTENSÃO ARTERIAL E PULMONAR
A hipertensão pulmonar pode ter três causas: idiopática, pulmonar ou cardíaca. A Idiopática
acomete mais comumente cães da raça West Whitehigh Terrier e causa fibrose pulmonar. As
causas pulmonares incluem hipoxemia crônica, que causa vasoconstrição para manutenção da
relação V/Q; causas intersticiais pulmonares como carcinomas, ou vasculites pulmonares. Dentre
as causas cardíacas, destacam-se a insuficiência pulmonar, regurgitação de mitral e o
tromboembolismo. A hipertensão pulmonar leva a hipertrofia do miocárdio do ventrículo
direito, pois aumenta a resistência para o ventrículo direito ejetar o sangue, reduzindo seu
débito cardíaco. Defeitos congênitos como PDA, que causam shunt da esquerda para direita
também causam hipertensão pulmonar porque aumentam a fração de ejeção do ventrículo
direito.
O diagnóstico da hipertensão pulmonar pode ser feito através de raio-x, em que o aumento
do átrio direito é sugestivo de, e também pode-se visualizar alterações em artérias e veias
pulmonares; através do ecocardiograma, em que se visualiza a regurgitação da tricuspide; ou
através do cateter Swan-Ganz, pela pressão de oclusão da artéria pulmonar. E através do
ecocardiograma.
O tratamento é feito com betabloqueadores, inibidores de angiotensina ou inibidores de
fosfoetilesterase 5 como o sildenafil. Pacientes em crises são tratados com oxigenioterapia,
inibidores de fosfoetilesterase 5 e, principalmente, tratamento da causa base. Alguns
tratamentos experimentais incluem o uso de substancias que aumentem a produção de NO
como o tadelafil, inibidores de proteinas kinases C, agonistas de prostaciclinas PGI2, e
antagonistas de endotelina.
Para a anestesia em um paciente com hipertensão os cuidados essenciais são: prover
suplementação de oxigênio; considerar utilização de broncodilatadores e vasodilatadores
pulmonares como terbutalina e albuterol (atentar para arritmias); suporte inotrópico como
pimobendam; e ventilação, devendo utilizar valores reduzidos de pressão de pico e de PEEP
para hipertensão pulmonar por fatores pulmonares; para motivos cardíacos, a ventilação
utilizada deve ter PEEP alta, pois um aumento de pressão intra-alveolar irá reduzir o edema.
Em relação à hipertensão arterial, as quatro principais causas são: dor, doença renal, origem
endócrina (cushing, feocromocitoma, diabetes), gravidez. A manutenção de uma pressão
arterial acima dos valores fisiológicos normais acaba lesando o induzindo a hipertrofia do
ventrículo esquerdo e queda do débito cardíaco. Na anestesia destes pacientes, devem-se
evitar fármacos que estimulem o sistema simpático e ter um controle minuciosos da dor. Em
casos de emergência, pode-se utilizar nitroprussiato, mas ele é um potente vasodilatador de
forma generalizada, e não é recomendado para casos de hipertensão pulmonar.
239
Dois casos que comumente ocorrem em unidades de emergência e terapia intensiva são o
colapso de traqueia e os traumas cranio-encefálicos ou medulares. No primeiro caso, o sistema
acometido é o trato respiratório superior, portanto a relação I:E deve ser maior. Já nos casos de
trauma ocorre uma hipoventilação de origem central, não raramente, o paciente também
apresenta uma redução na complacência pulmonar por contusão, logo para estes pacientes a
ventilação deve ser com PEEP e baixo volume corrente. Em casos de pneumonia aspirativa,
recomenda-se o uso de recrutamento alveolar e PEEP, visto que os pacientes usualmente
apresentam baixo volume e baixa complacência.
240
37. ANESTESIA DO PACIENTE TORÇÃO GÁSTRICA VÓLVULO GÁSTRICA
Definição:
Há uma distensão abdominal aguda com rotação horária 180 – 360, obstruindo cárdia e piloro.
Devido ao ligamento gastroesplênico há rotação do baço também, e com isso lesão em vários
vasos sanguíneos.
Mortalidade:
A mortalidade esta relacionada ao intervalo até o início do tratamento, já que há
comprometimento de vários órgãos, e arritmias.
Fisiopatologia:
Estômago
- ↑ Pressão interna ( até 80mmHg)
- Compressão mecânica
- ↓ Pressão de perfusão
- Trombose
- Isquemia
- Necrose
Baço
- Avulsão da artéria esplênica
- Hemorragia
- ↓ sangue no baço e estômago
- Trombose
- Isquemia
- Necrose
*Esplenectomia compromete a sobrevida em médio prazo e influencia na mortalidade dessa
síndrome.
Hemodinâmica
Compressão mecânica:
- ↓ Retorno venoso
- Hipotensão
- ↓ Débito cardíaco
- ↓ Tempo de reperfusão capilar - Taquicardia compensatória
↓ Consumo de O2 miocárdio gerando hipóxia e arritmias cardíacas
- Acidose metabólica
- CHOQUE HIPOVOLÊMICO
*Síndrome de reperfusão: translocação de bactérias pela permeabilidade da parede intestinal.
Pulmões
Compressão mecânica:
- ↓ Complacência pulmonar
- ↓ FR
- Desequilíbrio V/Q
- Hipóxia e hipercapnia
Acidose metabólica (frequente)
241
Alcalose metabólica (ocasional)
*A lavagem estomacal pode promover alcalose metabólica, por perda de HCl.
Lesões Sistêmicas
Perfuração gástrica
- Translocação de bactérias e LPS: Debilidade hepática:
- ↓ Inativação tóxica
Elevada produção de iNOS*
ENDOTOXEMIA
Óxido nítrico: endotoxemia libera radicais livres que causam vasodilatação periférica na
tentativa fisiológica de melhorar o aporte sanguíneo tecidual.
Como está o paciente com TVG?
Apresenta histórico agudo de distensão abdominal
Respiração ortopneica e acelerada causando hipoxemia
Ansiedade seguida de decúbito e coma
Choque hipovolêmico : Pulso fraco, taquicardia, ↑TPC, palidez de mucosas
Choque endotoxêmico: Congestão de mucosas
Exames:
Laboratorial
Hemoconcentração
Leucopenia ou leucocitose
Trombocitopenia
↑ Enzimas hepáticas
↑ Enzimas renais
Hiperbilirrubinemia
Hipocalemia
Outros índices
Lactato: indicador de perfusão e oxigenação tecidual, realizar antes da fluidoterapia e a cada
6h
Troponina: indicador de lesão miocárdica aguda
Hemogasometria: indicador de distúrbios ácido-base e eletrolíticos, antes da fluidoterapia e a
cada 1-2h.
242
- pH ≥ 7,25 – segue fluidoterapia
- pH ≤ 7,25 – repor HCO3 » 50% (BEx 0,3 x kg), 15-20 min
Monitoração:
Em especial a pressão arterial e ECG
Hipotensão:
- Dopamina (1 - 10 μg/kg/min)
- Dobutamina (5 - 15 μg/kg/min)
- Vasopressina* (1 - 4 mU/kg/min) (associada)
*Vasopressina atua nos receptores específicos, que não sofrem ação do NO e por isso
funcionam em casos de sepse. Usar associada à Dopamina ou Dobutamina.
Arritmias ventriculares:
- Lidocaína (1 – 8 mg/kg IV, + 25 - 75 μg/kg/min)
- Quinidina (6 – 10 mg/kg IM)
- Procaínamida (8 – 10 mg/kg IV)
Suporte:
Opioides
Corticoides
Antioxidantes como a Desferroxamina, Alopurinol, Dimetilsulfóxido
Oxigenoterapia
Antibioticoterapia
MPA:
Benzodiazepínicos + opioides
Acepromazina – Evitar
Agonistas α2 – PROIBIDO!
Depressão, torpor Opioide isolado
Indução:
Propofol (doses mínimas); Cetamina + Diazepam ; Propofol + Cetamina ;Propofol + Diazepam
e Etomidato
Na máscara (inalatória) barbitúricos não indicado!
Manutenção:
Isofluorano ou sevofluorano
Ventilação Pressão Positiva Intermitente (VPPI) 20 a 30 cmH2O
243
Infusão contínua:
Fentanil (2 μg/kg + 0,1 μg/kg/min)
Remifentanil (0,5 μg/kg + 0,25 μg/kg/min)
Sufentanil (5 μg/kg + 0,1 μg/kg/min)
Alfentanil (15 - 30 μg/kg + 5 μg/kg/min)
Cetamina (1 mg/kg + 50 – 100 μg/kg/min)
Lidocaína (1 - 8 mg/kg + 25 - 75 μg/kg/min) - Analgesia e antiarrítmico
244
38. ANESTESIA E ANALGESIA DO PACIENTE COM ENFERMIDADE NEUROLÓGICA
Dra Suzane Lilian Beier
Objetivos: fármacos e técnicas que causam mínima alteração na PIC, recuperação rápida da
anestesia. Em caso de craniotomia, a anestesia deve ser conduzida com ênfase na estabilidade
hemodinâmica e na Pressão de Perfusão Cerebral – PPC.
245
Alterações cardiorrespiratórias:
Cuidados: Vias respiratórias intubação devido ao aumento da PIC, não pressionar a região
cervical; não obstruir as veias jugulares; manter o paciente com a cabeça elevada 30 graus.
Fluidoterapia Emergencial
Colóide – 10-20 ml/kg.
Voluven 6%: Não ultrapassa BHE.
Salina Hipertônica – 7,5% : Aumenta a contratilidade e o DC , redução do teor hídrico cerebral
e restauração a PA sistêmica.
Cristalóide: 40 – 50ml/kg agrava o edema cerebral.
Protocolo Anestésico
Alterações fisiopatogenia do trauma, impacto do protocolo anestésico
Mais se o paciente apresentar: Hipotensão, Hipercapnia, Hipoxemia, Hipertensão intracraniana
e Arritmias = Aumenta ainda mais a PIC, agravar a isquemia, prolonga o edema e a herniação
encefálica
246
MPA
Contra Indicado:
- Fenotiazínicos pois diminui a sicronização do encefalograma predispondo a convulsão.
- Alfa 2 agonistas por conta da instabilidade hemodinâmica – redução do DC e PA e arritmias
e vômito.
Indicados:
Opióides: metadona 0,5 mg/kg; butorfanol 0,2mg/kg; Opioides + midazolam 0,25-0,5mg/kg.
CUIDADO: Morfina pode causar vomito (aumento da PIC) e liberar histamina causando
vasodilatação e hipotensão.
Protocolo indicado: Fentanil + midazolam (2,5-5,0 ug/kg + 0.25 – 0,5 mg/kg somente deve
atentar-se para a depressão respiratória.
Indução anestésica:
Tiopental:
Indicado porque reduz a PIC e bom relaxamento.
Não mantem a PA e consequente redução da PPC portanto somente deve ser utilizado em
pacientes hemodinamicamente estáveis.
Propofol:
Indicado porque reduz a PIC e bom relaxamento muscular.
Efeito Neuroprotetor.
Não mantem a PA e consequente redução da PPC.
Deve ser empregado em associação com opiódes para diminuir se a dose: Propofol 2-3 mg/kg
+ Fentanil 2,5ug/kg.
Etomidato:
Indicado porque reduz a PIC e o metabolismo, mantém a PA e consequente manutenção da
PPC , efeito neuroprotetor, Recuperação Rápida e por conta das mioclonias deve se associar
com benzodiazepínicos. Etomidato 0,5-1,0 mg/kg + Midazolam ou diazepam 0,25mg/kg.
247
Contra Indicado: Cetamina, aumento da PIC, aumenta a taxa metabólica cerebral, aumenta o
fluxo sanguíneo cerebral e reduz a pressão de perfusão cerebral.
Manutenção
Contraindicado: Halotano por conta da v asodilatação cerebral, aumento o fluxo sanguíneo
encefálico, aumento da PIC e podem causar hérnia cerebral ou cerebelar.
Isoflurano é o agente de escolha no TCE pois diminui a taxa metabólica cerebral e casua
mínimos efeitos sobre o FSC.
Monitoração básica:
ECG, saturação e pressão não invasiva com doppler e oscilométrico.
Monitoração ideal:
Pressão arterial invasiva; hiperventilação leve (PaCO2 de 28 -35mmHg) e hemogasometria.
248
39. ANESTESIA NO PACIENTE COM RUPTURA DIAFRAGMÁTICA
Dra Suzane Lilian Beier
Lesões possíveis pós- trauma: contusões pulmonares, estômago repleto (pelo risco de
êmese à pneumonia por aspiração), fraturas ósseas e trauma crânio encefálico.
Órgãos herniados : Fígado – 67%/Intestino – 56%/Estômago – 49%/Baço – 40%
Taxa de mortalidade / 17,6% em felinos /16,0% em HDT crônica /Década 1970 – 34,6%
incluindo antes da cirurgia /Década 1980 – 48,2% incluindo todo o período
Agúda - < 15 dias - 75%
Crônica – até 10 anos 25%
Fisiopatogenia
Há dispneia em 72% doas casos devido a perda da função do diafragma e lesão
pulmonar, além da compressão mecânica dos órgãos viscerais. Pode haver derrame pleural e
choque hipovolêmico.
A hipoventilação devido a atelectasia e o desequilíbrio V/Q, além do edema intersticial
causado pela contusão pulmonar causa a HIPOXEMIA.
Por conta do deslocamento dos órgãos, pode haver compressão da veia cava caudal,
redução do RV e DC, hemorragia, hipotensão, redução DC. O trauma pode acarretar em uma
lesão do miocárdio predispondo a arritmias.
Ventilação mecânica
VPPI/ VCV/ VCP/ SIMV –V com pressão de suporte de 12cmH2O/SIMV –P
Frequências respiratórias mais altas (18-20)
Baixos volumes correntes – (8-10ml/kg)
Ppico inspiratório – máximo de 16cmH2O
Acompanhar curva de complacência ÷ 1 a 1,5 ml/kg/cmH2O e Resistência
Monitoração
Hemogasometria : Manter PCO2 – 35 -45 mmHg; SaTO2 > 95% ;Relação FiO2/PaO2 >
300 mmHg; avaliar Ventilação do espaço morto
PaCO2 medido (gaso) – ETCO2/ PaCO2 medido (gaso) Diferença de 5-7mmHg
Hipotensão
Especificamente durante a cirurgia à órgãos abdominais são recuperados a partir da
cavidade torácica à vasodilatação nos órgãos abdominais
Bolus de fluido cristalóide não é aconselhável à induzir ao edema pulmonar
Indicada IC de agente vasoativo (dobutamina 5-7 µ/kg/min ou efedrina 0,06 mg/kg de
bolus IV
249
Agentes anticolinérgicos: devem ser evitados em pacientes com contusões pulmonares
e do miocárdio para evitar os batimentos cardíacos aumentados e potenciação de arritmias
ventriculares.
Protocolo anestésico
MPA: Morfina, metadonoa, butorfanola e tramadol
Indução anestésica: fentanil + benzodiazepínicos, fentanil + propofol; propofol isolado;
etomidato + benzodiazepínico
benzodiazepínico+ cetamina = CUIDADO! FC – contusão do miocárdio
Manutenção: isoflurano ou sevoflurano
Analgesia pós: bloqueio interpleural com lidocaína 2% 1,5 mg/kg ou bupivacaina 0,5%
1,5 mg/kg, opióide ou AINE.
Complicação: edema pulmonar se desenvolve quando ventilações fortes durante a
anestesia são usadas para expandir rapidamente pulmão que está colabado por 12 horas ou
mais, a liberação de citocinas altera a permeabilidade capilar levando ao dema pulmonar.
Prevenção: não realizar nenhum esforço específico para reexpandir o pulmão. O
pulmão irá progressivamente reexpandir com o tempo
Suplementação de oxigênio no pré, trans e pós-anestésico ainda por horas.
250
40. ANESTESIA EM CADELAS E GATAS COM PIOMETRA
Dra. Sandra Matrocinque
• Fisiopatologia e implicações.
• Abordagem inicial do paciente.
• Plano anestésico e cuidados perioperatórios.
Diagnóstico do choque: quatro ou mais parâmetros; pressão arterial sistólica < 120 mmHg;
FC > 140 bpm (cão) / eqüino > 50 bpm ; FR > 30 bpm; TPC > 2 segundos; membranas mucosas
pálidas, cinzas ou cor de tijolo ; extremidades frias/ temp > 40C < 38C.
251
Choque séptico: diminui a pré-carga: hipovolemia absoluta e relativa diminui a pós-carga =
disfunção endotelial lesão celular direta – microorganismos, toxinas citocinas = NOS.
252
ANTIBIÓTICOS E CONTROLE DO FOCO antibióticos endovenosos, de largo espectro, após
obtenção de culturas (Recomendação Forte).
TRATAMENTO DA HIPOTENSÃO ARTERIAL reposição volêmica agressiva e repetitiva
(Recomendação Forte). Metas: PVC 8 - 12 mmHgSVO2 > 70% débito urinário > 0,5mL/kg/h e
normalização do lactato.
VASOPRESSORES na presença de hipotensão se reposição na presença de hipotensão se reposição
volêmica não corrigir a hipotensão arterial. Meta PAM 60mmHg (Recomendação Forte).
Inotrópicos e vasopressores:
• Efedrina 0,03 a 0,2 mg/kg em bolus.
• Norepinefrina (séptico) 0,05 a 0,1µg/kg/min.
• Vasopressina minimiza altas doses de NE.
• Dopamina, devido a estudos clínicos em humanos não se emprega mais na medicina por
conta de relação com maior mortalidade e arritmias Critical are medicine2012
Mar;40(3):725-30.
Choque séptico X Corticóides resultados conflitantes com sobrevida aumentada somente em curto
prazo.
Baixa dose de corticódes: hidrocortisona IV 200-300mg/dia 7 dias, no choque séptico refratário à
adequada reposição volêmica e terapia vasopressora com < 90mmHg por mais de uma hora.
Anestesia:
• Definir estratégia.
• Organizar centro cirúrgico.
• Fármacos de emergência a mão.
• Induzir no centro.
• Monitorização completa e oxigenação.
MPA: Metadona.
Indução: Evitar propofol isolado (devido aRVS); fentanil + propofol; benzodiazepínicos + cetamina
(sem lesão renal grave) e etomidato.
Manutenção da anestesia: isofluorano (com opioides); remifentanil, com meta de manutenção da
PA.
Ventilação controlada,menores volumes correntes.
Recuperação:
• Analgesia.
• Temperatura.
• Fluidoterapia.
• Antibioticoterapia.
• Suporte nutricional.
Conclusões
Estabilizar é a chave do sucesso.
Pacientes em sepse x sobrevida.
Pacote de 6 horas e marcadores de perfusão.
253
41. ANESTESIA EM PACIENTES GESTANTES
Dr. Stelio Pacca Luna
Sistema digestório:
Aumento:
– Níveis de gastrina (produzida pela placenta).
– Enzimas gástricas.
– Pressão intra-gástrica.
Redução:
– PH da secreção gástrica.
– Motilidade gástrica.
– Tempo de esvaziamento gástrico - deslocamento cranial do
estômago.
– Tônus do esfíncter esofágico.
– Apetite no período prodrômico do parto.
Sistema respiratório:
Aumento:
– Consumo de O2 (20%).
– Volume minuto (70%) maior sensibilidade do centro respiratório ao
CO2.
– Frequência respiratória (15%).
– Volume corrente (40%).
– Ventilação pulmonar (70%) dor, ansiedade e desconforto durante o
trabalho de parto.
Redução:
– PaCO2.
– Capacidade residual funcional (20%).
– Volume de reserva expiratório (20%).
– Volume corrente.
254
– Resistência pulmonar - relaxamento da musculatura brônquica.
– Vasodilatação pulmonar com maior susceptibilidade a edema
pulmonar.
Sistema cardiovascular:
Aumento:
– Volume sanguíneo e plasmático (30 a 40%).
– Frequência cardíaca: dor, com liberação de catecolaminas.
Redução:
– Reserva cardíaca e menor possibilidade de compensação das
modificações impostas pela anestesia.
– Redução da resistência vascular periférica.
Pouca alteração de PA e PVC .
Progesterona: estabilização da membrana muscular lisa – vasodilatação.
No parto há aumento de 10-30 mmHg na PA.
Menor sensibilidade de receptores de catecolaminas, devido ao aumento de prostaciclina.
Síndrome supina: compressão da veia cava posterior e artéria aorta: redução do retorno
venoso, débito cardíaco e pressão arterial.
255
Figura 2: Ilustração da compressão da veia cava em cadela gestante
Sistema urinário:
Aumento do fluxo sanguíneo renal e filtração glomerular em 60%.
Redução da ureia e creatinina.
Hematologia:
- Volume sanguíneo aumenta 40%, mas há redução no hematócrito (30-40%), na hemoglobina
(< 14 mg/dl), nas proteínas plasmáticas e no nº de hemácias.
- Aumenta o nº de plaquetas e os fatores de coagulação, hipercoagulação com maior risco de
tromboembolismo; o fibrinogênio aumenta em cerca de 2 a 3 vezes.
- Liberação de catecolaminas e cortisol: marginação de leucócitos oriundos do revestimento
endotelial do sistema vascular.
Útero:
- O fluxo sanguíneo uterino não é autorregulado, dependente da pressão de perfusão e é
inversamente proporcional à resistência vascular uterina.
- Ocitocina aumenta a resistência vascular uterina.
- Desidratação, choque hemorrágico, anestesia epidural e hipotensão causada por anestésicos
e redução da perfusão placentária = hipóxia e acidose fetal.
Caninos (16,1%)
Felinos (13,2%)
Ovinos (11,4%)
Mulher (5,7%)
Equinos (10-12%)
*compressão abdominal e venosa
Estresse fetal
Viabilidade fetal: parto normal x cesariana
256
Do ponto de vista do fármaco:
Farmacocinética: transferência placentária.
Placenta:
- Aposição de membranas fetais e tecidos maternos.
- Íntimo contato entre mãe e feto + troca de nutrientes.
- Barreira contra fármacos.
- Classificação - número de camadas e forma; decídua e adecídua.
Grau de ionização:
permeável - moléculas apolares (não ionizadas) ácidos ou bases fracas depende do pH e da
constante de dissociação (pka) pka = pH 50% ionizada e 50% não ionizada pH sangue fetal é
mais baixo (> [ ] no feto de fármacos alcalinos como benzodiazepínicos e opioides).
Peso molecular:
250 - 500 D: atravessam facilmente a placenta (depende da lipossolubilidade e do grau de
ionização) 500 - 1000 D: maior dificuldade acima de 1000 D: não atravessam.
Anestésicos, analgésicos e sedativos: possuem baixo peso molecular, baixo grau de ionização,
alta lipossolubilidade, baixo grau de ligação às proteínas plasmáticas. Enquanto os
bloqueadores neuromusculares apresentam baixa lipossolubilidade e alto grau de ionização.
Anestesia na Cesariana:
Cuidados:
Jejum.
Fluidoterapia.
Período gestacional.
Pressão arterial e oxigenação.
257
Seleção da técnica anestésica:
Conhecer farmacologia
• Avaliar o estado da paciente.
• Oferecer conforto e segurança para a gestante.
• Manter viabilidade dos fetos: menor depressão possível e remoção dos fetos o mais
rápido possível (reduzir exposição a anestésicos inalatórios).
• Familiaridade com a técnica anestésica.
• Uso de antieméticos ou fármacos que possuam este efeito.
Risco anestésico:
1º terço: evitar anestesiar: teratogenicidade: incidência de anomalias congênitas em fetos
expostos a anestesia durante a gestação é similar a aqueles não expostos.
2º terço: menor risco para o desenvolvimento fetal; outros fatores envolvidos: pressão arterial,
oxigenação, alterações da homeostasia.
Alterações da gestação farmacodinâmica
“Síndrome supina”
Quadro clínico do animal
Fármacos utilizados:
MPA:
- Fenotiazinas: hipotensão materna, redução do fluxo sanguíneo uterino, hipóxia fetal,
atingem circulação fetal em 2 minutos, 4 a 5 minutos para o equilíbrio.
- Benzodiazepínicos: hipotonia fetal, hipotermia fetal, depressão respiratória: NÃO
UTILIZAR
- Agonistas alfa2: êmese, aumento da resistência vascular uterina, redução do fluxo
sanguíneo uterino, bradicardia fetal, aborto em ruminantes com xilazina: NÃO
UTILIZAR.
258
- Detomidina: não foi observado efeito úterotônico, pode reduzir contrações do miométrio
(0,06 mg/kg), produz ↓ na FC e DC fetal, na perfusão placentária e oxigenação fetal; detomidina
e xilazina podem ser utilizadas em doses baixas em éguas.
Indução Anestésica:
- Tiobarbitúricos: faz redistribuição, doses baixas (< 4mg/kg), aguardar 10 minutos para
remoção dos fetos; produz depressão respiratória (ausência de respiração espontânea).
- Cetamina: depressão cardiovascular mínima, vasoconstricção uterina, mínima depressão
cardiovascular, não altera o fluxo sanguíneo uterino, tônus nem o estado dos neonatos;
redução da possibilidade de respiração espontânea nos neonatos após cesárea.
- Propofol: Concentração materna 3X > que nos fetos após bolus e 6-9X > após 1h de
infusão contínua; feto: tempo de meia vida 2X > que materna; Depressão respiratória,
vasodilatação, efeito neonatos; depressão respiratória e reflexos neurológicos
adequados.
- Etomidato: menor depressão respiratória.
- EGG: pequena transferência placentária, mínima depressão cardiovascular, indução
suave.
Manutenção Anestésica:
Epidural/Peridural: reduzir para 30% do volume (engurgitamento dos vasos e redução do
espaço peridural), maior sensibilidade das fibras nervosas aos anestésicos locais, facilitação de
difusão para os receptores de membrana.
Inalatória: redução da CAM de 40% para o isofluorano (na cadela e ovelha), redução do tempo
de indução em 20 a 25% (progesterona, opioides endógenos), evitar uso de N2O (teratogênico
quando usado no primeiro terço de gestação), hipóxia fetal , eguas devem ter respiração
assistida ou controlada.
*Equino:
MPA: 0,05 mg/kg/IM acepromazina e 30 min depois 0,02 mg/kg/IV detomidina.
Indução: 2 mg/kg/IV cetamina.
Manutenção: em 500 ml de fisiológica EGG (50 g - 100 mg/ml - 100 mg/kg/h) + detomidina
(20 mg-2 mL 1%-0,04 mg/mL-0,04 mg/kg/h) + cetamina (2 g - 20 mL 10% - 4 mg/mL – 4
mg/kg/h).
• TAXA DE INFUSÃO: 1 ml/kg/h 1ª hora, 0,6 ml/kg/h 2ª hora.
259
Fatores que aumentam a probabilidade de sobrevivência:
Não emergência.
Fêmea não braquiocefálica.
Crias com 4 ou menos neonatos.
Ausência de animais nascidos de parto normal ou com deformidade.
Vocalização espontânea de pelo menos um neonato.
Ausência do uso de Xilazina.
Rápida intubação.
Síndrome supina: decúbito dorso-lateral esquerdo.
Ventilação: não hiperventilar: hipocapnia: vasoconstricção dos vasos uterinos e maior afinidade
da hemoglobina por O2.
Reduzir a concentração anestésica 5 minutos antes da retirada dos fetos .
260
42. ANESTESIA EM FELINOS
Dra. Natache Garofalo
Introdução:
CEPSAF (Confidential Enquiry into Perioperative Small Animal Fatalities)
Inquérito sobre fatalidades anestésicas em gatos ¦ 79.178 procedimentos.
Sedação/Anestesia geral.
Risco de mortalidade associada à anestesia = 0,11% (2017).
Período de até 48 hs.
Fatores de risco:
Classificação ASA.
Condição clínica do paciente.
Idade avançada.
Pesos extremos.
Caquexia e obesidade.
Urgência e complexidade do procedimento.
Intubação orotraqueal.
Fluidoterapia.
Gatos apresentam uma maior mortalidade relacionada à anestesia que cães. A principal
causa de mortalidade é a depressão cardiorrespiratória.
Monitoração peri-operatória:
Reduz o risco de morte.
Facilita o reconhecimento das complicações.
Maiores riscos:
Falta de conhecimento das particularidades.
Utilização de informações de outras espécies.
O gato NÃO é um cão pequeno!
Segurança do ato anestésico.
Equipamentos e fármacos adequados.
Monitoração constante.
Profissional especializado.
Considerações pré-anestésicas:
Tamanho reduzido ¦ Relação massa/superfície corpórea, margem de erro reduzida.
Cuidados ¦ Perdas sanguíneas e fluido excessiva.
Predisposição ¦ Hipotermia severa.
Hipotermia:
Relação massa / superfície corpórea
261
Efeitos dos fármacos:
Redução da produção de calor.
Depressão do centro termorregulador.
Vasodilatação.
Fatores importantes:
Temperatura ambiente.
Duração do procedimento.
Abertura de cavidades abdominal ou torácica.
Consequências da hipotermia:
Redução da taxa metabólica
Recuperação prolongada
Maior predisposição aos efeitos depressores dos agentes anestésicos
¦ Necessidade de menores doses
Tremores ¦ Aumento do consumo de O2 pelo miocárdio
*Manutenção da temperatura é essencial
Comportamento da espécie
Temperamentais ¦ Cada gato é único!
Ágeis e rápidos.
Inteligentes.
Facilmente estressáveis.
262
Defesa ¦ dentes e unhas.
Animais dóceis:
Evitar ao máximo o estresse.
Caixa de transporte aberta.
Manter na caixa após MPA.
Evitar barulho (máquina tosa).
Silêncio.
Animais agressivos:
Caixa de contenção.
Caixa de indução/oxigenação.
Jejum
Adultos: 6-8 horas
Pacientes pediátricos: 1-2 hs
Pacientes neonatos: não realizar jejum
Água ad libitum
Fluidoterapia:
Acesso venoso delicado.
Cuidado com sobrecarga de fluidos.
Administração precisa ¦ bomba de infusão.
263
Discrasias Sanguíneas:
Maior susceptibilidade à oxidação da hemoglobina
- Oxidação do grupo heme.
-Metahemoglobina ¦ Incapaz de carrear oxigênio, paracetamol.
Injúria oxidativa:
Facilidade de formação de corpúsculos de Heinz ¦ Dipirona, Propofol.
Biotransformação Hepática:
Níveis reduzidos de glucoronil-transferase.
Limitação na biotransformação:
Opioides (morfina em metabólito ativo).
Propofol (Compostos fenólicos).
AINE (carprofeno, dipirona, salicilatos).
Fase I:
Medicamento original ¦ hidrólise, oxidação ou redução ¦ Metabólito ativo ou inativo.
Envolvimento do sistema microssomal hepático.
Citocromo P450 ¦ oxidação ¦ sistema monoxigenase.
Felinos possuem baixa atividade monoxigenase.
Fase II:
Ligação do medicamento ou metabólito à substrato endógeno.
Ácido glucurônico.
Principal via de conjugação.
Metabólitos ativos convertidos em metabólitos inativos (hidrossolúveis).
Deficiência relativa na conjugação ao ácido glucurônico.
Baixas [ ] ou deficiência de enzimas da família glucoronil-transferase.
Medicação Pré-anestésica:
Protocolo adequado.
Facilidade na indução e na manipulação = redução da dose.
Evitar estresse, agressividade, dor, recuperação agitada ou prolongada.
264
• Fenotiazínicos:
Animais saudáveis.
Efeitos variáveis:
- Tranquilização discreta
- Protrusão terceira pálpebra
- Predisposição à hipotermia e hipotensão
- Prolonga e potencializa opioides
- Recuperação anestésica mais tranquila
Acepromazina: 0,03-0,1 mg/kg IM
• Alfa 2 agonistas:
Animais jovens e saudáveis.
- Sedação profunda, emese, hipertensão inicial, bradicardia reflexa.
- Analgesia visceral.
- Associação com Cetamina ¦ contenção química.
• Benzodiazepínicos:
Felinos saudáveis
• OPIOIDES:
Medo de excitação, disforia ¦ estudos com doses elevadas em animais sem dor.
Conhecimento da espécie e dos fármacos.
Dor comportamento diferenciado:
- Fogem ou se escondem.
- Agressividade.
- Inapetência.
265
- Mudanças de atividades.
- Perda hábito higiene.
- Ronronar.
Uso seguro: animais com dor e doses adequadas à espécie.
266
Buprenorfina: 0.02-0,04 mg/kg IM, IV.
Analgésico de escolha em felinos.
Eficácia analgésica superior à morfina, meperidina, oximorfona.
Buprenorfina mostrou-se melhor que Morfina e Butorfanol na OSH em alguns estudos, e produz
de maior duração que o Butorfanol Não usar por via SC.
Tramadol:
Analgesia satisfatória em castração, sem efeitos adversos.
Indutores:
Propofol:
Conjugação glucurônica.
- Metabolização mais lenta.
- Recuperação prolongada após infusão contínua.
- Reduzida conjugação fenol.
- Lesão oxidativa de eritrócitos.
- Recuperação tranquila após bolus único.
- Espirros e esfregar das patas no focinho durante indução.
- Produz maior depressão respiratória quando comparado ao Alfaxalone.
Vias aéreas:
Laringe e traqueia ¦ Pequenas e delicadas.
Manipulação cuidadosa ¦ evitar traumatismos.
Obstrução parcial ou completa: Saliva, secreções, sangue
Consequências: hipoxemia, hipercapnia, apneia
267
Intubação orotraqueal:
PREDISPOSIÇÃO À LARINGOESPASMO!
NÃO APOIAR NA GLOTE!
ABAIXAR A BASE DA LÍNGUA!
Dificuldade de intubação pode estar relacionada a plano anestésico inadequado.
Usar lidocaína:
Laringoespasmo:
Confirmação ¦ tentar sonda menor.
Parar de estimular!
Aprofundar plano anestésico.
Máscara de O2.
Lidocaína.
Utilizar bloqueador neuromuscular (BNM).
Cateter percutâneo ou até traqueostomia.
Extubação:
Reflexos protetores levemente presentes.
Reflexo de orelha, tônus de língua, deglutição.
Não aguardar tanto quanto em cães.
Recuperação assistida ¦ risco de obstrução de vias aéreas, edema de glote e laringoespasmo.
Abridor de boca:
Abertura máxima da boca ¦ alterações no fluxo sanguíneo.
Risco potencial de isquemia cerebral e cegueira.
268
Máscara laríngea:
Alternativa à intubação ¦ maior facilidade de inserção, menores alterações na orofaringe.
Fator limitante ¦ Regurgitação de conteúdo gastroesofágico (risco de aspiração pulmonar).
Circuito anestésico
Agentes Halogenados:
Isofluorano ¦ CAM 1,6 -1,9.
Anestesia Local:
Maior risco de intoxicação.
Lidocaína: dose máxima= 2-6 mg/kg ¦ 1-1,5 h de analgesia.
Bupivacaína: dose máxima= 2 mg/kg ¦ 4-5 horas de analgesia. Associação
com anestesia inalatória.
Anestesia Peridural:
Medula espinhal mais longa, chegando a L7-S3.
Espaço sacrococcígeo ou lombossacro.
Realização sob anestesia inalatória.
Volume lombossacro:
1mL/4-5 kg (máximo 1,5 mL/gato).
269
Bloqueio do nervo pudendo: 0,15 mL/kg em cada lado.
AINES (Anti-inflamatórios Não-esteroidais)
Deficiência nas vias de glucuronização
- Lento metabolismo (fenólicos).
- Duração e efeitos prolongados.
- Risco de efeito cumulativo e toxicidade.
Doses reduzidas
Intervalos maiores ou administração única
Meloxicam (metabolismo oxidativo) ¦ 0,1 mg/kg (dia 1) seguido de 0,05 mg/kg
Carprofeno ¦ 4 mg/kg Dose única!
Monitorização:
PANI (pressão arterial não invasiva).
Oscilométrico:
Não indicado animais < 7 kg.
Subestima PA.
Inacurácia na hipotensão grave.
Menos eficiente que Doppler em gatos anestesiados.
Manguito #3 acima do tarso apresenta melhor concordância com PAI, sendo recomendado
para uso clínico; subestima PAS em aproximadamente 11 mmHg.
Capnografia:
Sidestream ¦ alterado pelo fluxo diluente.
Mainstream.
Oximetria de pulso:
Melhor lugar para colocar o sensor é no coxim plantar (depois orelha, coxim palmar, língua e
lábio)
Eletrocardiograma.
Temperatura.
270
Recuperação Anestésica:
Remoção da sonda: quando apresentar reflexo de orelha e/ou tônus de língua.
Manter animal aquecido.
Quando possível, permitir que o animal fique dentro de sua caixa de transporte.
271
43. ANESTESIA EM EQUINOS
Dr. Antonio Araujo Aguiar
272
Em relação ao local, o risco de óbito é maior na baia de recuperação, seguido pelo
centro cirúrgico e por fim nas baias (após o procedimento).
Tranquilizantes
Indicação: controle de estresse (embarque, transporte, adaptação a um novo ambiente,
ferrageamento, lavagem de prepúcio e tosa); procedimentos clínicos ou diagnósticos, sem
estímulo nociceptivo
o Acepromazina
§ Dose: 0,05 – 0,1 mg/kg IV, IM
§ Latencia: 15 min IV, 40 min IM
§ Duração: 1- 4 horas
Agonistas alfa-2
Indicação: comportamento insubmisso, paciente estressado
Controle de estresse no transporte
Procedimentos clínicos ou diagnósticos mais complexos - maior manipulação (cavidade oral,
membros, palpação retal, radiografias, endoscopia)
Controle de dor visceral nas cólicas, facilitando o exame clínico e palpação retal
Sedação e imobilização, prévias a procedimentos anestésicos locais (cirurgias simples)
Medicação pré-anestésica
o Xilazina
§ Dose: 0,5 – 1,0 mg/kg IV, IM
§ Potente analgesia visceral
§ Latencia: 5 min
§ Duração: 20 – 50 min
§ Efeito dose-dependente
§ Depressão da motilidade intestinal (evitar doses repetidas)
§ Reduz DC e volume sistólico
273
o Romifidina
§ Dose: 0,05 - 0,12 mg/kg IV, IM
§ Latencia 5 minutos
§ Duração 40 – 80 minutos
o Detomidina
§ Dose 0,01-0,02 mg/kg IV, 0,01-0,04 mg/kg IM
§ Pode ser aplicada IM
§ Latencia 3 minutos
§ Duração 70 – 90 minutos
§ É mais lipossolúvel que a xilazina
o Medetomidina
§ Dose 0,0035-0,01 mg/kg IV
o Dexmedetomidina
§ Dose 0,003-0,005 mg/kg IV
Opioides
Analgesia: cavalos com sinais de dor/desconforto (traumas, fraturas, lesões osteoarticulares, dor
visceral)
Sedação profunda: associados à acepromazine ou agonistas alfa-2 produzem sedação intensa
(efeito potencializador)
Medicação pré-anestésica na anestesia geral: associados com acepromazina e agonistas alfa-2
(cirurgias ortopédicas)
Medicação pré-anestésica na anestesia local/regional: associados com acepromazine e
agonistas alfa-2 (cirurgias em posição quadrupedal).
274
• JEJUM
o Aumenta em até 30% capacidade residual funcional pulmonar
o Diminui risco de hipoxemia e hipercapnia
o Melhora a ventilação e oxigenação
o Se não for realizado, o decúbito pode levar a ruptura estomacal
o Recomenda-se jejum alimentar de 12 horas e jejum hídrico de 2-4 horas
• PESO
o Essencial para o cálculo dos fármacos a serem utilizados
o No campo pode ser realizada uma estimativa com uma fita posta após a cernelha (erro de
aproximadamente 5-10%)
o
• CATETERIZAÇÃO VENOSA
o Essencial para manutenção anestésica, fluidoterapia e administração de fármacos de
emergência.
275
• EGG + thiopental
o MPA: acepromazina (0,05 mg/kg IV) ou xilazina (0,5 mg/kg IV)
o EGG 10% (50 – 100 mg/kg IV)
o Tiopental (5 – 6 mg/kg IV)
o Infusão rápida - ataxia
1) Triple Drip
o EGG (100 mg/mL - 500 mL)
o Cetamina (2 mg/mL - 1 g)
o Xilazina (1 mg/mL - 500 mg) ou detomidina (1 mg/mL- 10 mg)
o Taxa de infusão: 1 ml/kg/h
v ANESTESIA LOCAL
o Bloqueios de cabeça
o Bloqueio de membros
276
o Epidural
• Xilazina
o Dose 0,17mg/kg diluída em 6-10 mL de NaCl 0.9%
o Latência de 15-30 minutos
o Duração 165-180 min
Analgesia epidural
• Morfina: 0,05 – 0,1 mg/kg
• Tramadol: 0,5 – 1 mg/kg
• Detomidina: 10 – 30 µg/kg
• Xilazina: 0,17 mg/kg
v ANESTESIA INALATÓRIA
Após a administração dos fármacos indutores, o cavalo é intubado e recebe oxigênio no fluxo
de 8-10 L/min juntamente com o agente anestésico inalatório. No caso do isofluorano,
inicialmente é utilizada uma concentração mais elevada (2-3% de 5 a 10 minutos)
O objetivo da anestesia geral é promover hipnose adequada e analgesia.
277
Tabela de Planos Anestésicos - Parâmetros de avaliação
Parâmetros Superficial Adequado Profundo
< 70
PAM (mmHg) > 80 60 - 80
< 50 50 - 70 > 70
PaCO2 (mmHg)
+ ± -
Reflexo Palpebral
+ + ±
Reflexo Corneal
+ - -
Movimentação
+ ± -
Lacrimenjamento
ANALGESIA
Lidocaína
• Efeito analgésico e potencializador
• Efeito sedativo: recuperação prolongada e tranquila
• Redução da CAM do isofluorano em até 40%
• Redução dose-dependente da CAM: bolus inicial de 2 mg/kg seguido de 50 μg/kg/min levam
a redução de 25% e seguido de 100 μg/kg/min levam a redução de 50%.
• Interrupção 30 minutos antes do final da anestesia melhora qualidade de recuperação e reduz
ataxia
Agonistas alfa-2
• Redução da CAM de 20-35%
Xilazina - 35 µg/kg/min
Detomidina - 0,18 µg/kg/min
Medetomidina - 3,5 a 5 µg/kg/min
Cetamina
• Cetamina 3 mg/kg/h + lidocaína 66 µg/kg/min (redução da CAM 60 - 80%)
• Cetamina 3 mg/kg/h + lidocaína 66 µg/kg/min + xilazina 1 mg/kg/h ou medetomidina 3,5
µg/kg/min (redução da CAM 80 - 90%)
278
Complicaçãoes
o Equinos submetidos a anestesia geral tem uma alta tendência a apresentar hipotensão sistêmica
(PAM < 70 mmHg), reduzindo a perfusão tecidual e predispondo a miopatias
§ Além do ajuste de plano anestésico e da fluidoterapia, drogas inotrópicas e vasopressoras
podem fazer-se necessárias:
• Dobutamina: 1 – 5 µg/kg/min IV
• Norepinefrina: 0,05 – 0,4 µg/kg/min IV
• Efedrina: 0,03 – 0,06 mg/kg (bolus IV, IM)
o Gluconato de cálcio 20%: 0,25- 0,5 mL/kg/h - potencialização de agentes inotrópicos.
A recuperação anestésica também é uma fase crítica, em que tanto o paciente quanto
a equipe podem sofrer sérias injúrias. Há basicamente três formas de recuperação: a livre, em
que o animal desperta e levanta sozinho, a controlada, em que o anestesista permanece com o
animal durante toda a recuperação, e a assistida em que o paciente é auxiliado a levantar-se
através de cordas na cola e no cabresto. Atualmente outros métodos como o colchão de ar,
suportes mecânicos e as piscinas vem sendo empregados em grandes centros mundiais, mas
seu uso requer discernimento e profissionais capacitados.
279
44. ANESTESIA EM AVES
Dr. André Escobar
O tórax e o abdome não são separados por um diafragma e não há diferença de pressão
entre as cavidades. Ao contrário dos mamíferos, os músculos respiratórios são ativos tanto na
inspiração quanto na inspiração.
A ventilação nas aves tem dois ciclos. Inicialmente o ar inspirado vai diretamente aos
sacos aéreos abdominais. Durante a primeira expiração o ar sai dos sacos aéreos abdominais e
passa pelo pulmão. No segundo ciclo ventilatório o ar é inspirado dos pulmões para os sacos
aéreos craniais e finalmente expirado para o ambiente. Este mecanismo permite rapidez e
eficiência na troca gasosa.
O pulmão das aves é parabrônquico e é comparativamente menor que o dos mamíferos,
porém a área de troca gasosa é de 2 a 10 vezes maior que um pulmão alveolar. Não existem
alvéolos como observado nos mamíferos, mas nos parabrônquios existem tubos extremamente
finos contendo ar, onde ocorrem as trocas gasosas. A troca gasosa ocorre por um sistema
denominado Contra-Corrente, ilustrado na figura abaixo. Os parabrônquios possuem uma
maior área de contato com os vasos sanguíneos, aumentando a capacidade de troca.
280
As aves possuem um sistema cardiovascular de alta performance. O coração é maior
proporcionalmente comparado ao dos mamíferos e a frequência cardíaca pode atingir valores
incontáveis à auscultação.
Uma característica importante é a presença do sistema porta-renal, que possui
inervação colinérgica e adrenérgica. Esse sistema é capaz de desviar até 2/3 do fluxo sanguíneo
posterior do corpo diretamente para os rins, de forma a serem eliminados sem passar para a
grande circulação. A função deste sistema ainda não foi bem definida, mas devido à presença
dele, a aplicação de fármacos pela via intramuscular nas aves não devem ser feita nos membros
posteriores, dando-se preferência para a musculatura peitoral como local de aplicação.
A anamnese e o exame físico são fundamentais antes do procedimento anestésico.
Entretanto, deve-se ter um cuidado especial na contenção física, pois algumas aves são muito
suscetíveis ao estresse. Animais mais estressados devem ser levados à inconsciência, mesmo
para procedimentos simples, antes da instrumentação para o ato cirúrgico.
Inicialmente, a ave deve ser observada dentro da gaiola. Devem ser observados o nível de
consciência, postura do animal, ambiente e substrato e a frequência respiratória. O exame físico
deve ser realizado com a ave contida para evitar traumas à equipe e ao animal. Deve-se realizar
inspeção da cavidade oral e coanas, da agudez da quilha, das penas, auscultação cardíaca e
pulmonar e hidratação.
O jejum das aves de rapina deve ser de 24 horas e das demais aves de 0 a 4 horas.
A medicação pré-anestésica é comumente realizada com benzodiazepínicos, opioides
ou agonistas α2 adrenérgicos. O midazolam é muito utilizado por instilação intranasal (2 mg/kg).
Para anestesia geral, a anestesia inalatória é a mais utilizada em aves. A anestesia inalatória
apresenta algumas vantagens como: rápida indução e recuperação, mínima biotransformação,
menor depressão do miocárdio e ajusta dinâmico do plano anestésico.
Os fármacos mais utilizados para a anestesia injetável são a cetamina, propofol,
benzodiazepínicos e agonistas α2 adrenérgicos. A anestesia injetável pode ser usada em
situações onde a anestesia inalatória não esteja disponível, porém apresenta desvantagens
importantes como: baixo índice terapêutico, recuperação prolongada, falta de alguns
antagonistas, necessidade de saber o peso correto devido à variação individual de doses.
A intubação orotraqual pode ser facilmente realizada e recomenda-se pré-oxigenar
sempre que possível antes da indução anestésica, pois as aves não possuem capacidade residual
funcional pulmonar, sendo mais sensíveis à apneia. Os fármacos mais utilizados para a anestesia
281
injetável são a cetamina, propofol, benzodiazepínicos e agonistas α2 adrenérgicos. O acesso
venoso muitas vezes é de difícil obtenção em aves pequenas e a via intraóssea é uma alternativa.
Entretanto, vale lembrar que a punção intraóssea causa dor e que alguns ossos como fêmur e
úmero são pneumáticos, não sendo indicados para essa modalidade. A ulna é uma opção para
punção intraóssea.
Devido ao alto metabolismo e uma superfície corpórea, as aves possuem uma
propensão a hipotermia quando submetidas a anestesia geral. A hipotermia deve ser evitada e
tratada desde o início do procedimento e constitui-se de uma das maiores complicações na
anestesia em aves.
Durante o procedimento a fluidoterapia deve ser realizada na taxa de 5 a 10 ml/kg/h.
Uma recomendação é a administração de 10 ml/kg SC 2 horas antes do início do procedimento.
Como em qualquer espécie, a monitoração é mandatória durante a anestesia em aves.
A frequência cardíaca é o principal parâmetro para monitorar a profundidade anestésica. A
bradicardia é um indicativo de plano anestésico profundo. Para a mensuração da pressão
arterial invasiva, as artérias braquial ou metatarsiana podem ser canuladas. Para utilização de
métodos não invasivos, o doppler pode ser utilizado no membro pélvico, com o manguito
medindo de 40 – 50% da circunferência, sendo que a PAS tem boa correlação com a PAM.
Os valores de SpO2 não são confiáveis, pois o sensor foi desenvolvido para mamíferos
e as aves possuem hemácias diferenciadas (nucleadas e com outra conformação estrutural).
Os valores de ETCO2 encontram-se entre 25 – 40 mmHg. Os quimiorreceptores de gás
carbônico das aves são ativados com valores inferiores de CO2 para evitar a alcalose respiratória.
Devido a esses valores, o pH das aves também costuma ser um pouco mais elevado, sendo o
valor normal aproximadamente de 7.54. Para a ventilação, recomenda-se a utilização de uma
pressão de pico de 4 a 15 cmH2O.
Bibliografia complementares:
PAVEZ, J. C.; HAWKINS, M. G.; PASCOE, P. J.; KNYCH, H. K.; KASS, P. H. Effect of fentanyl
target-controlled infusions on isoflurane minimum anaesthetic concentration and cardiovascular
function in red-tailed hawks (Buteo jamaicensis). Veterinary Anesthesia and Analgesia. 38(4):344-
51, 2011.
ESCOBAR, A.; DA ROCHA, R. W.; PYPENDOP, B. H.; ZANGIROLAMI, F. D.; SOUSA, S. S.;
VALADÃO, C. A. Effects of Methadone on the Minimum Anesthetic Concentration of Isoflurane,
and Its Effects on Heart Rate, Blood Pressure and Ventilation during Isoflurane Anesthesia in
Hens (Gallus gallus domesticus). PLoS One. 28;11(3), 2016.
282
45. ANESTESIA EM SUÍNOS
Msc. Carolina Hagy
Contenção Física:
- Geralmente são contidos com cordas ou laços na região atrás dos caninos.
- Animais pequenos fácil contenção.
• Estabilização do paciente.
CUIDADOS PRÉ-ANESTÉSICOS
Cuidado com manipulação excessiva! Local adequado
Locais de injeção:
SC- Flancos e face lateral do pescoço
IM- Região lombar, caudal a orelha e membros pélvicos*
IV- AURICULAR, cefálica, safena, jugular* e veia cava.
MEDICAÇÃO PRÉ-ANESTÉSICA
Anticolinérgicos:
Fenotiazínicos:
- Não são efetivos em suínos.
- Necessário doses elevadas.
- Choque hipotensivo.
Acepromazina: 0,1-0,45 mg/kg/IM.
283
Agonista alfa2-Adrenérgicos:
• Pouco efeito sedativo.
• Sempre associado.
• Peridural – 3-4 horas associada a lidocaína.
• Efeitos revertidos com Ioimbina.
Xilazina: 1-2 mg/kg/IM ou IV.
Detomidina e Medetomidina: 80 ug/kg/IM. Dexmedetomidina: 20 ug/kg Ioimbina: 0,15-0,2
mg/kg/IV.
Atipamezol: 200-300 ug/kg/IM.
Butirofenonas:
• Doses baixas promovem sedação e ataxia
• Doses maiores sedação intensa e decúbito
• Hipotensão arterial.
Azaperone: 0,5-2 mg/kg/IM ou IV Máximo de 8 mg/kg.
Associações anestésicas
1 - Éter gliceril guaiacol + cetamina + Xilazina (Triple Drip):
- 2 mg de cetamina e 1 mg de xilazina para cada ml de EGG 5%.
- Indução 1 ml/kg da mistura e manutenção 2,2 ml/kg
Recuperação rápida 30-40 minutos.
Efeitos satisfatórios para anestesia de até 2 hrs.
3- Cetamina + Diazepam:
- Bom relaxamento muscular
- Boa recuperação anestésica, porém doses altas de diazepam podem prolongar a recuperação.
Cetamina 10 mg/kg Diazepam 0,1 a 2 mg/kg ou Midazolam 0,25 mg/kg
Propofol:
- Não induz hipertemia maligna em suínos susceptíveis.
- Seguro para uso em leitões
- Redução de 25% da PAM, independente da dose.
Infusão Contínua: 4-10 mg/kg/h
Barbitúricos:
- A dose de anestesia cirúrgica muito próxima a dose que induz apnéia.
- Recuperação lenta com doses elevadas ou IC.
Tiopental: 3-6 mg/kg/IV
284
MANUTENÇÃO
Anestesia inalatória
- Seguro para suínos exceto aqueles predispostos a hipertermia maligna.
- Inibem a vasoconstrição hipóxica.
- Isoflurano
- Sevoflurano
Principais complicações:
- Hipoventilação, hipotensão e hipotermia.
- Reflexos pupilares e oculares não são fidedignos em suínos.
HIPERTERMIA MALIGNA
Descoberta em 1970
- Síndrome Soft Watery Pork ou PSE (pálido, mole e exudativo).
- Presente em cães, equinos, gatos, pássaros, espécies selvagens...
- Anomalia genética (HYH1).
Deteriorização dos músculos estriados.
Ocorre com maior frequência em nas raças: Pietran Landrace Large White e Hampshire
• Incidência menor: Duroc
Alterações Clínicas:
- Aumento da FC, Hipertermia, rigidez muscular
- Taquipnéia
- Aumento rápido do CO2 expirado.
285
Prevenção e Tratamento
-Dantrium (2 a 5 mg/kg/IV) Relaxante muscular e antipirético.
- 8 horas antes da cirurgia, imediatamente antes e após.
- Tratamento sintomático, interrupção da anestesia inalatória.
- Tiopental, propofol, anestesia epidural (menor possibilidade, mas também podem
desencadear hipertermia
Cesárea:
Lidocaína 2%: 1 ml para cada 4,5 kg (animais até 50 kg)
10ml/100 kg, 15 ml/200 kg, 20 ml/300 kg
Recuperação
Lugar tranquilo e temperatura amena.
- Monitorar pelo período máximo possível.
- Animal mantido separado dos demais.
286
46. ANESTESIA EM ROEDORES E COELHOS
Msc. Carolina Hagy
Existe uma diversidade muito grande de roedores divididos em 29 famílias, 426 gêneros e mais
de 2000 espécies.
Anatomia e fisiologia:
•Alta taxa metabólica.
•Consumo de oxigênio elevado.
•Hipotermia.
•Hipertermia.
Menor reserva de glicogênio hepático, susceptíveis a hipoglicemia.
Mais sensíveis a hipóxia, danos mais rápidos ao SNC.
Pequenos roedores – peso/superfície corpórea.
Grandes roedores – pequena quantidade de glândulas sudoríparas.
Vias de administração:
• Intravenosa (IV) = 5 ml/kg.
• Intraperitoneal (IP) = máximo de 10 ml/kg.
• Intramuscular (IM) = 0,05 ml/kg (sítio de aplicação).
• Subcutânea (SC) = 5 ml/kg (sítio de aplicação).
• Intraóssea (IO).
Anticolinérgicos:
- Atropina: Duranção de 30 minutos em ratos.
- Glicopirrolato: Duração 240 minutos em ratos.
*Atropinase em coelhos.
287
Acepromazina:
- Coleta de sangue (efeito vasodilatador).
- Uso limitado para animais saudáveis.
- Em coelhos reduz a produção de lágrima.
Em gerbils pode reduzir o limiar convulsivo.
Benzodiazepínicos:
• Diazepam: Administração SC e IM. Preferencialmente IV.
Agonistas alfa2-adrenérgicos:
• Xilazina, medetomidina, Dexmedetomidina.
- Efeitos cardiovasculares significativos, bradiarritmias, depressão respiratória.
Fármacos passíveis de reversão! Em ratos a Ioimbina por vi IP causou uma alta taxa de
mortalidade (22%).
Opioides:
- Dor moderada a grave.
- Depressão respiratória e cardíaca.
- Constipação e hipomotilidade!!!
- Naloxona reversão total.
- Nalbufina/Butorfanol reversão parcial.
Medicação pré-anestésica:
Morfina:
- Dor moderada a grave.
- Um dos principais fármacos utilizados.
Sedação profunda em furões!
Coelhos 0,5-2 mg/kg/SC, IM (4hrs) ratos, chinchilas 2-5 mg/kg/SC, IM (4hrs).
288
Fentanil:
- Curto período de ação – 30 min.
- Infusão contínua.
- Depressão respiratória.
Butorfanol:
- Não produz depressão respiratória dose dependente.
- Menor alteração em motilidade intestinal.
- Ação de 1,5-3 horas.
Butorfanol: 0,2-2 mg/ kg.
Tramadol:
- Sua ação depende da biotransformação.
- Alteração em motilidade intestinal.
- Concentrações plasmáticas ainda não estabelecidas.
Tramadol: Coelhos mg/ kg, Ratos 5-20 mg/kg.
Anestésicos injetáveis:
- Cetamina/Xilazina e Tiletamina/Zolazepam: 8-10 minutos para indução, duração de 15-20
min em porquinhos-da-índia.
- Cetamina/Benzodiazepínico: menor depressão cardiovascular e analgesia. Bom relaxamento
muscular.
Propofol:
- Indução e manutenção.
- Dose efeito!
Pequenos roedores: Taxas de 2,5 a 20 mg/kg/min.
Intubação:
Relacionada diretamente a segurança anestésica!
Permite VPP, oferta mais efetiva dos anestésicos inalatórios, reduz o espaço morto.
Maior resistência na via aérea, trauma na traquéia.
Tubo de com raio de 5mm – 3mm aumenta em 7x, 3mm – 1mm 80x
Máscara laríngea:
Desenvolvida para humanos.
Projetada para cobrir a entrada da laringe.
289
Posicionamento.
Associada a timpanismo.
Refluxo gastroesofágico.
Monitoração:
Oximetria de pulso
- Confiável patas, orelha, mucosa, vulva, prepúcio, cauda e língua.
Cuidado com uso do oxímetro de pulso na língua com uso da Máscara laríngea!
Anestésicos Locais:
- Lidocaína: 4 mg/Kg - Duração de 20-30 min.
- Bupivacaína: 2 mg/kg - Duração de 20-30 min em ratos!
Cuidados na recuperação:
-TEMPERATURA.
-Glicemia.
-Obstrução da via aérea.
-Avaliação da motilidade (fezes, controle do peso, alimentação).
290
47. ANESTESIA EM RUMINANTES
Msc. Jéssica Corrêa Rodrigues
291
Anestesia local para laparotomias
Posição quadrupedal
Ruminotomia
Deslocamento do abomaso
Obstrução de TGI
Cesariana
Ovariectomia
Bloqueio do L invertido
Infiltrativo
Agulha de 10-15 cm
SC e musculatura
80-100 mL de AL
Nervos: iliohipogástrico, ilioinguinal e genitofemoral
Bloqueio Paravertebral
292
Anestesia do períneo
Indicações: Fetotomia
Partos distócicos
Prolapsos cérvico-vaginais
Cauda, períneo, ânus, reto
293
Anestesia regional intravenosa Técnica de Beier
MPA
Acepromazina 0,05-0,1 mg/kg IV –pouco efeito, não causa decúbito
Xilazina* (2% apenas) -mais sensíveis que equinos, usar dose mais baixas!
(0,02-0,05 mg/kg IV) > 0,05 maior chance de vir a decúbito
Sensibilidade: Caprinos > Bovinos > Ovinos
Hipercapnia, hipoxemia e edema pulmonar (degranulaçãode mastócitos)
Efeito semelhante a ocitocina no útero –aborto –detomidinaé mais segura
294
REVERTER: Ioimbina 0,1 –0,2 mg/lgIV
Doxapram1 mg/kg IV pode ajudar na reversão
Benzodiazepínicos
Midazolam/ Diazepam(0,25-0,5 mg/kg) sedação em pediátricos
Indução
Associações de cetamina3-4 mg/kg + midazolam/diazepam0,1 mg/kg
EGG 5-10% (50-100 mg/kg)
Intubação
- Obrigatório
- Regurgitação
295
48. ANESTESIA EM RÉPTEIS
Msc. Fabrício Rassy
296
Sobre a via intramuscular, onde deve-se sempre preferir o terço anterior do corpo para
aplicação (devido a discussão sobre o sistema porta-renal). A via intravenosa é muito utilizada.
Em serpentes o acesso pode ser na veia caudal (ventral), ou na jugular. Em jabutis, o acesso é
feito normalmente na jugular, e em quelônios, na jugular ou no seio subcarapacial. Crocodilianos
tem a veia caudal de fácil acesso, ou o seio occiptal.
As doses dos fármacos devem ser pesquisados especificamente para a espécie. Livros
especializados podem fornecer doses atuais de analgésicos e anestésicos.
Ao optar-se pela anestesia inalatória na indução pode-se utilizar a caixa fechada, porém
deve-se salientar que os répteis são capazes de fazer apneia voluntária e a indução pode ser
muito demorada.
A intubação de répteis é facilitada pela abertura da glote e de estruturas mais proximais,
sendo essa também uma possibilidade para indução.
Em quelônios, uma estratégia analgésica muito utilizada é a peridural. A punção é
realizada entre o segundo e o terceiro terço da cauda, podendo a abordagem ser realizada pelo
dorso ou ventre da cauda. O volume a ser administrado de lidocaína 2% sem vasoconstritor é
de 0.1ml para cada 5cm de comprimento curvilíneo de carapaça para bloqueio baixo (somente
clocaca), e 0,2ml para cada 5 cm de carapaça para bloqueio alto (membros pélvicos). A
velocidade máxima é de 1 mL por minuto.
Recuperação
Somente extubar quando o animal estiver em respiração espontânea e em movimento.
297
49. ANESTESIA AMBULATORIAL E DISSOCIATIVA
Dra. Natache Garofalo
Procedimentos ambulatoriais não são simples e isentos de risco, portanto o anestesista deve
sempre preparar bem seu paciente e fazer uma avaliação criteriosa do tipo de procedimento a
ser realizado, do protocolo anestésico e dos aspectos inerentes ao paciente. A princípio os
procedimentos são rápidos e minimamente invasivos, mas é fundamental estar sempre
preparado para qualquer circunstância não planejada.
298
Procedimentos Diagnósticos e Terapêuticos
Paciente ASA I ou II e dócil, estável e com dor discreta:
Tramadol: 4 mg/kg IM,IV
Meperidina: 4 mg/kg IM
Butorfanol: 0,2-0,4 mg/kg IM/IV
Criocirurgia
Pacientes idosos, animais submetidos à quimioterapia, alterações sistêmicas.
Tempo de procedimento depende da extensão da lesão.
Protocolo anestésico:
299
Opioides.
Anestesia intravenosa de curta duração/Anestesia inalatória Anestesia local.
Exames de Imagem:
Tomografia Computadorizada
Condição clínica do paciente: Neoplasias, alterações neurológicas, alterações
cardiorrespiratórias.
Administração de contraste TC ¦ Risco de anafilaxia.
Realizar exames pré-operatórios de acordo com o paciente.
Protocolo anestésico:
Opioide
Fenotiazínico
Propofol/Tiopental
Benzodiazepínico
Lidocaína
Isofluorano
Ventilação e Monitoração.
Suplementação de oxigênio.
Possíveis complicações: recuperação prolongada, convulsões, depressão
cardiorrespiratória, hipotensão, hipoventilação, anafilaxia.
Ressonância Magnética:
Realizar exames pré-operatórios de acordo com o paciente.
Autorregulação cerebral ¦ PAM 50-160 mmHg.
FSC = (PAM – PIC) ¦ Tríade de Cushing
RVC
Acúmulo CO2 = acidose = vasodilatação cerebral.
Condição clínica do paciente: alterações neurológicas.
Contraste RM ¦ eliminação renal prolongada (função renal deve estar OK).
Monitorização:
Protocolo anestésico:
MPA: Benzodiazepínicos + Opioides.
Indução: Tiopental/Propofol.
Manutenção: Isofluorano.
300
Monitoração completa:
Pressão arterial.
ECG.
Capnografia.
Oximetria de pulso.
Ventilação controlada.
Monitoração completa:
Pressão arterial.
ECG.
Capnografia.
Oximetria de pulso.
Ventilação controlada.
Protocolo anestésico:
Opioide
Propofol
Isoflurano
Possíveis complicações: hipoxemia, recuperação prolongada
Urgências e Emergências
Hérnia diafragmática, Pneumotórax, Cardiopatias, Efusão pleural.
301
Possíveis complicações: Hipoxemia/Cianose, Hipo/hiperventilação,
Hiper/hipocapnia, Redução DC/ Hipotensão
Cardiopatas:
Morfina 0,5-1,0 mg/kg IM ¦ mínima depressão cardiorrespiratória e sedação adequada para
radiografia, etc.
Drenagem efusão pleural / ascite.
Associada a anestesia local ¦ bloqueio intercostal e local da punção com lidocaína ou
Bupivacaína.
Hérnia Diafragmática:
Condição clínica do paciente: Hipoxemia severa, Dispnéia, Redução do DC.
Risco de PCCR súbita ¦ Contenção / Estresse ¦ Aumento do consumo de O2.
Posicionamento adequado e cuidadoso para radiografias, coleta de sangue, etc.
Exames pré-anestésicos:
VG/PT.
Hemogasometria.
Pneumotórax:
Condição clínica do paciente: Distrição respiratória, hipoxemia, cianose, redução do
DC, hipotensão.
Exames pré-anestésicos: VG/PT, hemogasometria.
Possíveis complicações: Hipoxemia severa, acidose metabólica, PCCR súbita.
Pré-oxigenação.
Monitoração completa: oximetria de pulso para monitorar saturação durante a
drenagem.
Trauma torácico:
Condição clínica do paciente: Hipotensão, dispneia, cianose.
Pré-oxigenação.
302
Indução direta com:
Tamponamento cardíaco:
Condição clínica do paciente: dispneia, hipotensão, hipocapnia, arritmias, extremidades frias.
Raio X ¦ efusão pleural e pericárdica.
Estabilização:
Fluidoterapia: NaCl 0,9% ou RL.
Cistocentese.
Correção do desequilíbrio hidro-eletrolítico: Reduzir K+ abaixo de 6,0 mmol/L
antes da indução ¦ Solução glicosada + Insulina para levar o K de volta para a célula
¦ Insulina: 0,5 UI/kg SC e Glicose: 2 gramas IV p/ cada UI de insulina.
Aquecimento.
Acompanhamento ECG.
*Acidose metabólica severa (pH< 7,2 /BE< -10) ¦ Corrigir acidose repondo
Bicarbonato.
*Hipercalemia severa (K+ > 8,0).
Protocolo anestésico:
Butorfanol 0,2-0,4 mg/kg IM/IV.
*Em caso de uretrostomia, complementar analgesia.
Acepromazina: se estável hemodinamicamente.
Indução: Propofol
303
A escolha para manutenção entre a utilização de anestesia peridural ou anestesia
inalatória depende da condição clínica do paciente.
Estabilização:
Reposição de K+ (Taxa máxima de 0,5 mEq/kg/h).
Estabilização hemodinâmica: fluidoterapia de reposição ¦ Cristalóides.
Colóides; inotrópicos / vasopressores.
Protocolo anestésico:
Opioide
Butorfanol: 0,2-0,4 mg/kg IM
Metadona: 0,2-0,5 mg/kg IM
Morfina: 0,2-0,3 mg/kg IM
Indução: Propofol.
Manutenção: Isofluorano.
Pré-oxigenação e monitoração completa.
Possíveis complicações: sonda mal colocada, regurgitação e aspiração, recuperação
prolongada, hipocalemia, hipoglicemia, hipotensão, hipotermia.
Contenção Química
Animais hemodinamicamente estáveis, estressados e com dor.
Protocolo anestésico:
Metadona 0,2 mg/kg IM.
Midazolam 0,25 mg/kg IM.
Cetamina 8 mg/kg IM.
Acepromazina 0,05 mg/kg IM.
ANESTESIA DISSOCIATIVA
A anestesia dissociativa é caracterizada por:
Estado de catalepsia ¦ Rigidez muscular com perda do tônus postural.
304
Amnésia e analgesia.
Incapacidade de responder a estímulos.
Manutenção de reflexos protetores ¦ Palpebral, laringo-traqueal...
Ação no SNC:
Depressão direta do córtex e tálamo.
Incapacidade receber\processar informações sensoriais.
Estimulação do sistema límbico e hipocampo.
Mecanismo de ação:
Bloqueio da condução dolorosa ao tálamo e áreas corticais ¦ Interação com receptores
opioides.
Atua em receptores nicotínicos e muscarínicos ¦ pode potencializar efeitos
gabaérgicos.
Antagonismo NMDA:
-Efeitos analgésico, anestésico e simpatomimético.
- Receptores NMDA (glutamato) na medula espinhal, cerebelo, tálamo,
gânglios da base, sistema límbico, corte.
Bloqueia canais Na+ periféricos e do SNC.
Efeito anestésico:
- Antagonismo NMDA.
- Agonismo de receptores opioides.
- Interação canais de Na+ .
*Doses para bloqueio de receptores NMDA são inferiores às doses anestesia cirúrgica
¦ ANALGESIA = DOSES SUB-ANESTÉSICAS
Metabolismo:
Norcetamina
- Metabólito ativo.
- Potência semelhante à cetamina.
- Recuperação prolongada.
Apresentações:
CETAMINA RACÊMICA = CETAMINA R(-) + CETAMINA S(+)
Solução: 50% S(+) + 50% R(-) .
Concentração 5 ou 10% .
Solução pH ácido (3,5): irritação muscular.
Rápido efeito.
305
Gato: 80% excretada sob a forma inalterada.
Meia vida plasmática.
CETAMINA S+
Potência analgésica: 3 a 4 x maior.
Clearence: 35% mais elevado.
Volume de distribuição semelhante.
Maior efeito analgésico.
Maior afinidade receptores NMDA.
Menos efeitos adversos.
Metabolismo mais rápido.
Eliminação e recuperação mais rápidas.
Recuperação mais tranquila.
Em cães 50% de redução da dose não promove efeitos equipotentes.
- Relação R(-):S(+) é de 1:1,29
Analgesia:
Doses subanestésicas:
- Bolus: 2 mg/kg IM.
- Bolus: 1 mg/kg IV ou epidural.
- Infusão contínua: ≤ 20 μg/kg/min.
Cetamina como antagonista NMDA ajuda a prevenir ou reverter a sensibilização
central, reduzindo a dor pós-operatória.
Não recomendada como analgésico isolado em cães.
Analgesia efetiva, porém de curta duração.
Administração preemptiva pode ter maiores benefícios.
Farmacodinâmica:
SNC:
Estimulação SNC (incidência de convulsão)
- Serotoninérgica e dopaminérgica.
- Redução da atividade gabaérgica.
Ativação do sistema límbico ¦ Excitação.
Alucinação, hiperreflexia e hiperexcitabilidade.
Analgesia somática ¦ Antagonismo N-metil-D-aspartato.
306
CÉREBRO
↑ fluxo sanguíneo cerebral.
↑ pressão intracraniana (PIC).
↑ pressão do líquido cerebroespinhal (LCE).
↑ Pressão intraocular (PIO).
SISTEMA CARDIOVASCULAR
Estímulo indireto:
↑ Frequência cardíaca.
↑ Débito cardíaco.
↑ Pressão arterial.
SISTEMA RESPIRATÓRIO
Pouco efeito.
Aumento das secreções respiratórias.
Manutenção do reflexo laringo-traqueal.
Respiração apnêustica.
SISTEMA DIGESTÓRIO
Salivação.
Indicações:
Contenção química
Associação com miorrelaxantes:
- Benzodiazepínicos.
- Agonistas alfa-2 adrenérgicos Animais silvestres.
- Margem de segurança.
Função cardiovascular comprometida:
- Desidratação / Hipovolemia.
- Indução anestésica no choque hemorrágico ¦ efeitos estimulantes
cardiovasculares: FC, PVC, PAP, PAM e DC.
Contraindicações:
Trauma crânio-encefálico.
Afecções com aumento da PIC.
Afecções com aumento da PIO.
Cardiopatias, hipertensão, arritmias.
Epilepsia / estados convulsivos.
307
Felinos - Nefropatias / DTUIF.
Eficácia:
Depende:
- Velocidade de infusão.
- Dose inicial.
- Associação a um opioide ideal.
- Bolus + IC doses reduzidas ¦ 1-10 μg/kg/min.
- Efeito anti-hiperalgésico.
- Adjuvante eficaz em associação com opioide.
Status epileticus
Redução de receptores GABA pode causar menor eficiência de fármacos como BZD, Tiopental
e PPF quando aumenta a duração do status epileticus.
Expressão de receptores NMDA excitatórios aumenta nos status epileticus prolongados e sua
estimulação pelo glutamato pode propagar a atividade convulsiva Indicação: status epileticus
não completamente refratários.
Tiletamina/Zolazepam
Tiletamina em relação à Cetamina apresenta maior:
- Potência, duração, efeito analgésico e período de recuperação Associado ao
zolazepam somente:
- Dose: 6 mg/kg IV e 10 mg/kg IM.
308
- Potencializa o miorrelaxamento.
- Prolonga a duração.
- Inibe a excitação na indução e recuperação.
- Causa poucas alterações cardiorrespiratórias.
- Reduz salivação.
- Associar a um opioide.
- Anestesia de 30 min (sem fenotiazínico) a 90 min (com fenotiazínico).
Cães:
MPA (IM):
• ACEPROMAZINA 0,01-0,05 mg/kg.
+ MORFINA 0,5 mg/kg (ou outro opioide).
+ XILAZINA 0,1-0,5 mg/kg.
309
50. TÉCNICAS DE ANESTESIA LOCAL
Dr.Pablo Otero
Definição:
Deposição de anestésico local próximo a um nervo ou plexo.
Anestesia perineural ¦ AL no tecido conjuntivo que circunda um nervo.
Perda da sensibilidade (bloqueio de nervo sensitivo) e/ou paralisia (bloqueio de nervo
motor).
Cabeça:
Divisão oftálmica do trigêmeo (lacrimal, zigomático e oftálmico): olho e órbita.
Nervo Infra-orbitário: lábio superior, focinho, teto da cavidade nasal e pele, prémolar,
canino e incisivos ipsilaterais.
310
Abordagem intraoral:
Nervo palatino rostral: osso e tecidos moles dos palatos mole e duro, ipsilateral.
311
Nervo Mandibular: mandíbula, dentes inferiores, pele e mucosas da região, lábio inferior.
Abordagem extraoral:
Abordagem intraoral:
Bloqueio Retrobulbar:
312
Splash block na enucleação:
Bloqueio Peribulbar:
313
Bloqueio Auriculopalpebral:
Tronco
Bloqueio intercostal: Promove analgesia durante e após toracotomia, drenagem pleural,
fratura de costelas. Para efeito adequado bloquear 2 espaços anteriores, e 2 posteriores, e um
no local da incisão.
Complicações: pneumotórax e toxicidade sistêmica.
¦ AL injetado no espaço subcostal, acesso através da borda caudal da costela,
próximo ao forame intervertebral.
0,25-1 ml de bupivacaína em cada ponto.
Analgesia pós-operatória por até 6 horas.
314
TAP block: É uma técnica de bloqueio, guiado por US, indicado para analgesia da parede
abdominal. O objetivo é infundir anestésico local ao redor dos nervos que inervam os músculos
abdominais. Pode ser realizada uma única aplicação ou colocação de cateter para múltiplas
315
administrações. Deve ser feito bilateralmente se o objetivo for atingir a linha média abdominal.
Promove uma analgesia residual longa. Os pontos de bloqueio são atrás da última costela e
em frente à crista ilíaca, trançando-se uma linha paralela à coluna, na altura da axila do animal.
A agulha é inserida e avança através dos músculos abdominais oblíquos externos e internos e
no plano fascial que se sobrepõe ao músculo abdominal transverso, e neste espaço é onde
deve ser injetado o AL, cerca de 0,2 a 0,3 ml/kg em cada ponto.
Opções de Fármacos:
Bupivacaína 0,125% - 0,25%, não ultrapassando 4mg/kg.
Ropivacaína 0,125% - 0,25%.
Levobupivacaína 0,125% - 0,25%.
Membro torácico
Plexo braquial:
O plexo se divide em importantes nervos que fornecem inervação sensitiva e motora
para o m. torácico. As raízes de C6 e C7 formam os nervos Supraescapular,
Subescapular e Axilar; as raízes de C7 e C8 forma o nervo músculocutâneo; e as raízes
de C8 e T1 formam os nervos Radial, Ulnar e Medial.
316
Técnica da obstrução de fluxo sangüíneo:
- Animal em decúbito lateral.
- Localizar artéria axilar.
- Pressão sobre a artéria axilar no vazio torácico.
- Desaparecimento do pulso.
- Introdução da agulha próximo a polpa digital que obstrui o
fluxo.
317
Raíz nervosa Resposta motora à eletroestimulação
C6 rotação interna e externa do ombro
C7 contração do bíceps, rotação externa e interna do braquial,
contração do tríceps, extensão do carpo
C8 contração do tríceps, extensão do cotovelo, carpo e dígitos
T1 Flexão de carpo e dígitos
1) veia jugular
2) borda cranial da tuberosidade maior
3) acrômio
4) 1ª costela
5) localização dos nervos
318
Abordagem posterior:
319
Bloqueio dos nervos ulnar, musculocutâneo e mediano ¦ bloqueio medial
Estimulação nervo Resposta muscular Região a ser bloqueada
periférico
Mediano e ulnar Contração do flexor radial do carpo Aspecto caudal do antebraço,
(flexiona carpo), pronador redondo superfície palmar da pata e
(antebraço pronado), e pronador superfície palmar do quinto
quadrado (pata pronada) dígito
Musculocutâneo Contração do grupo bíceps (flexão e Antebraço Medial
supinação do cotovelo)
320
Membro pélvico
Bloqueio do nervo femoral: Este nervo emerge da porção cranial do plexo lombar e é
formado pelas raízes ventrais dos nervos espinhais L4, L5 e L6, que se unem e progridem
caudalmente através do centro do músculo íleopsoas e segue até o triângulo femoral, se
dividindo depois desse ponto nos nervos cutâneo e raízes musculares do nervo safeno. No
triângulo femoral o nervo está cranialmente à artéria e veia femoral. O bloqueio deste nervo
é realizado com a ajuda de um estimulador de nervos periféricos.
- Abordagem paravertebral: infusão de anestésico nas 3 raízes nervosas.
321
- Abordagem lateral pré-ilíaca: consiste na localização do extremo cranial da
crista ilíaca.
Bloqueio do Nervo Ciático/Isquiático: O nervo ciático é formado pelas raízes nervosas dos
nervos espinhais de L6, L7 e S1, que se unem e passam através dos músculos glúteos e sai da
pelve através da incisura isquiática. O nervo ciático desce entre o trocânter maior do fêmur e
do ísquio, nesta região o nervo ciático dá origem aos ramos musculares que suprem os
músculos caudais da coxa. O nervo ciático fica entre o músculo bíceps femoral lateral e o
músculo semimembranoso. O nervo ciático em seguida divide-se em seus dois ramos, o nervo
tibial medial e do nervo fibular.
- Abordagem lateral: consiste na injeção de 0,1ml/kg de anestésico
local, com a agulha entrando perpendicularmente entre o terço cranial e médio do
espaço formado entre o trocânter maior do fêmur e a tuberosidade isquiática. Existe
ainda a abordagem parassacral e transgluteal.
322
Trasnglutea
l
Parassacral
Lateral
323
51. METODOLOGIA CIENTÍFICA
Dr. Stelio Pacca Luna
“SMART”
S = eSpecífico: Tema da monografia
M = Mensurável: diretrizes (ex: x animais, $, seringas, agulhas, planejamento, etc)
A = Alcançável: objetivo
R = Relevante: diferencial (por que o tema da sua monografia é importante?)
T = Tempo: dosar o tempo, cronograma (“90% do trabalho você faz em 10% do tempo”)
Elementos da monografia
Capítulo I: O PROBLEMA
• Introdução
• Problema do tema
• Justificativa
• Hipóteses
• Objetivos gerais
• Objetivos específicos
• Definição de termos e avaliações
324
Capítulo IV: RESULTADOS
Capítulo V: DISCUSSÃO, CONCLUSÕES E SUGESTOES
Capítulo VI: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Capítulo VII: ANEXOS
ESTRUTURA DA MONOGRAFIA
A monografia deve ser entregue de acordo com os elementos a seguir:
ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS
• Capa: Nome da instituição, nome do autor, título do trabalho, cidade e ano de
conclusão do projeto (OBRIGATÓRIO)
• Folha de rosto: Nome do autor, título do trabalho, natureza do trabalho, orientador(a),
cidade e ano de conclusão do projeto (OBRIGATÓRIO)
• Dedicatória: “Ao meu amado Gabriel e papai e mamãe” (OPCIONAL)
• Agradecimentos: “Ao meu orientador Fulano de Tal pelos saberes divididos, aos meus
amigos de curso”, etc. Interessante colocar os agradecimentos como etiqueta e
educação. (OPCIONAL)
• Epígrafe: Uma frase, uma citação na qual o autor se identifica (OPCIONAL)
• Resumo: Resumir todo o trabalho de forma sucinta e em poucas linhas, em português
e inglês. (OBRIGATÓRIO)
• Índice com os assuntos e as respectivas páginas, lista de figuras e lista de tabelas.
(OBRIGATÓRIO)
ELEMENTOS TEXTUAIS
• Síncrese: “brainstorming” (como foi escolhido o tema, como será feito o trabalho, etc)
• Análise
• Síntese: Comentar as idéias essenciais e os principais resultados, a fim de que no futuro
possam ser estudados pelo próprio autor ou por outros
- Por quê?
• Justificativa da importância do tema
• Razões de ordem teórica e/ou prática que justificam a realização da pesquisa ou da
revisão
• Hipótese (tem que ser afirmativa)
- Para que?
• Objetivos
• O que se pretende com o desenvolvimento da pesquisa/revisão e quais resultados se
procura alcançar
• Problematizar e fazer avaliações acerca do tema
325
- Como elaborar um projeto?
• Planejamento
• Revisão bibliográfica
• Como fazer (etapas, recursos, métodos, material de consumo, equipamentos, custo,
cronograma)
REVISÃO DE LITERATURA
• Familiaridade do autor com os estudos
• O que os outros autores observaram?
• Demonstra a necessidade ou não da realização da pesquisa ou revisão
Internet
• DeCS: Descritores em ciências da saúde (http://decs.bvs.br)
• BIREME: Informação científico-técnica em saúde (http://www.bireme.org) e metanálises
(http://www.cochrane.bireme.br)
• CAPES: (http://www.periodicos.capes.gov.br ou http://www.capes.gov.br
• Wiley online library: http://onlinelibrary.wiley.com/
• Medline: Base de dados bibliográfica criada pela Biblioteca Nacional de Medicina dos
Estados Unidos, nas áreas de medicina, enfermagem, odontologia, medicina
veterinária, saúde pública e áreas básicas como fisiologia, anatomia, bioquímica, etc
(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/PubMed)
• Web Of Science: Periódicos em todas as áreas do conhecimento
(http://www.webofscience.com)
• Scielo: Scientific Electronic Library Online, biblioteca virtual composta por periódicos
científicos brasileiros (http://www.scielo.org)
• SciHub: Site russo que oferece gratuitamente milhares de artigos científicos que seriam
pagos através de outros sites. Seu endereço está sempre mudando, pois são acusados
de fazer pirataria. Pode ser encontrado no endereço http://80.82.77.83/ pois esse link
vai direto ao servidor do site sem a necessidade de colocar o domínio.
326
Encontramos alguns tipos de fontes bibliográficas para isso:
• Fontes primárias: São os trabalhos originais sobre o assunto, encontrados em revistas
científicas, bibliotecas, anais de congressos, teses universitárias e relatórios técnicos.
• Fontes secundárias: Trabalhos não-originais, mas que citam, revisam e interpretam
trabalhos originais, livros-texto, tratados, enciclopédias, artigos de divulgação.
• Fontes terciárias: Índices categorizados de trabalhos primários e secundários, com ou
sem resumo, bases de dados bibliográficos, índices e listas bibliográficas.
3. Aprofundamento e refinamento
• Determinar as palavras-chave e autores relevantes
• Utilizar função “artigos relacionados”
• Começar do mais geral e ir ao mais específico
• Começar do ano mais recente e retroceder
• Examinar listas de citações de cada artigo
4. Seleção de referências
• Eliminar duplicações, revistas difíceis de achar, trabalhos muito similares dos mesmos
autores
• Ler os títulos e resumos e eliminar as referências pouco relevantes
• Marcar importância ou prioridade de leitura
5. Localização e obtenção
• Formas de obtenção: Artigo completo online, revista/livro disponível em biblioteca,
empréstimo inter-bibliotecas (comut), separata com colega ou orientador, solicitar
separata ao autor, pedido online
• Leitura do resumo vs. Texto original
327
6. Leitura e redação
• Leitura por ordem de prioridade : do mais recente para o mais antigo
• Anotações suplementares de leitura, para futura redação
• Redigir a pesquisa bibliográfica com base numa lista de tópicos
METODOLOGIA
Existem três modelos de estudo para a compilação da metodologia em uma monografia:
• Retrospectivo: Estudo longitudinal no qual as informações de interesse estão contidas
em registros anteriores, em arquivos de dados como, por exemplo, em prontuários
hospitalares.
• Prospectivo: Um exemplo é a estimação da evolução do quadro clínico de um paciente
a partir do momento da adoção de um determinado tratamento.
• Experimental: Tem a finalidade de descobrir algo desconhecido ou testar uma hipótese.
A descrição da amostra deve ser feita através da seleção dos sujeitos (idade, sexo, raça, estado
de saúde, peso, etc), tomando cuidados e selecionando critérios para a seleção (exames
clínicos, laboratoriais, etc).
Os instrumentos utilizados são feitos através de teses, questionários, entrevistas, etc.
RESULTADOS
É sempre interessante utilizar tabelas e figuras autoexplicativas independentes do texto, títulos
e numerações bem exemplificados e ênfase nos resultados mais significativos e sua relevância
estatística. OBS: Não interpretar os resultados!
DISCUSSÃO
Considerada como “a alma do trabalho”, é a contribuição do autor à ciência, através de
apontamentos de divergências e convergências do seu estudo ou análise crítica com a literatura.
Todas as colocações devem estar relacionadas aos seus achados, com análise crítica, incluindo
as próprias falhas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Todos, e somente os autores citados no texto devem aparecer nas referências bibliográficas e
vice-versa (conferir antes da impressão). O material consultado e que não foi utilizado no texto
pode ser colocado como bibliografia suplementar.
As referências devem estar colocadas de duas maneiras, ou em ordem alfabética ou ordem de
citação no texto.
328
CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Escritos de acordo com os objetivos e resultados obtidos. Não se pode concluir o que não faz
parte dos objetivos e resultados e devem responder o problema de pesquisa (explicado mais
adiante).
ANEXOS
Tabelas com dados suplementares (dados individualizados), citações muito longas, leis,
pareceres, cartas com informações consultadas e textos originais raros.
PROBLEMAS DE PESQUISA
Abrangência: Alguns temas são muito abrangentes e devemos especificar mais. Exemplo: Uso
de opioides em animais Uso da morfina em equinos: prós e contras
VARIÁVEIS
Elementos com valores (conceitos ou constructos). As variáveis podem ser:
• Independentes: É aquela que é fator determinante para que ocorra um determinado
resultado; é a condição ou causa para um determinado efeito ou conseqüência; é o
estímulo que condiciona uma resposta.
• Dependentes: É aquele fator ou propriedade que é efeito, resultado, conseqüência ou
resposta de algo que foi estimulado; não é manipulada, mas é o efeito observado como
resultado da manipulação da variável independente.
• Variáveis de controle: É aquele fator ou propriedade que poderia afetar a variável
dependente, mas que é neutralizado ou anulado, através de sua manipulação
deliberada, para não interferir na relação entre a variável independente e a
dependente.
329
HIPÓTESE(S)
É um enunciado das relações entre duas ou mais variáveis. Deve(m) implicar a verificação
empírica das relações enunciadas.
• Semelhantes aos problemas
– problemas são sentenças interrogativas
– hipóteses são sentenças afirmativas (mais específicas)
• Problema: a mortalidade relacionada à anestesia depende da classificação ASA do
paciente?
• Hipótese: se os animais apresentarem ASA I, a mortalidade durante a anestesia será
menor (Se..., então...)
Inferencial:
Exemplos:
• Amostras dependentes: o isofluorano causa hipotensão ao longo do tempo?
• Amostras independentes: o isofluorano causa mais hipotensão em boxer do que em
dálmata?
Exemplo: Há diferença na hipotensão produzida pelo isofluorano entre dálmata, boxer e dog
alemão?
330
CORRELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS
EPÍLOGO
• Planejamento
• Embasamento
• Redação
• Apresentação
331