Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Economista e historiador suíço nascido em Genebra, cujas pesquisas foram marcadas por sua denúncia
dos perigos que considerava inerentes ao processo de industrialização e ao desenvolvimento
descontrolado do sistema capitalista. Filho de um pastor protestante e em conseqüência dos distúrbios
que se seguiram à revolução francesa (1789), mudou-se com a família primeiro na Inglaterra e logo
depois para a região italiana de Toscana. De volta a Genebra (1800), publicou Tableau de l'agriculture
toscane (1801) e La Richesse commerciale (1803). Sob a influência de por Adam Smith, nos anos
seguintes dedicou-se à elaboração de Histoire des républiques italiennes du moyen âge (1809-1818),
uma obra em 16 volumes que inspirou os líderes do Risorgimento italiano por situar na Itália medieval a
origem da Europa moderna. Em suas numerosas viagens pela Europa, em particular pelo Reino Unido,
fez suas observações sobre o desenvolvimento industrial que o conduziram à crítica do liberalismo
econômico, exposta em Nouveaux Principes d'économie politique (1819). Com teses pioneiras no estudo
da natureza das crises econômicas e históricas do capitalismo, defendeu o combate às crises
econômicas com maior participação dos trabalhadores nos benefícios do crescimento econômico e com
o estímulo à pequena propriedade privada. Pregou a regulamentação da concorrência econômica pelo
governo e o equilíbrio entre a produção e o consumo e previu um crescente conflito entre a burguesia e
as classes trabalhadoras e sugeriu reformas sociais para melhorar as condições de vida dos
trabalhadores. Suas teses exerceram influência sobre economistas da estatura de Karl Marx e John
Maynard Keynes. Nos seus últimos anos de atividade profissional escreveu a monumental Histoire des
français (1821-1844) e morreu em Chêne, próximo a Genebra.
“O objetivo da sociedade deve ser o progresso das pessoas, não o progresso das
coisas. Ou será que a riqueza é tudo e os homens não são absolutamente nada?”
(Jean Charles de Sismondi).
Tudo quanto ocorre hoje na economia internacional faz com que lembremos as
advertências de Sismondi. Jean Charles de Sismondi (1773-1842) foi quem cunhou o
termo “proletário” para aquele cuja prole provê mão-de-obra barata, algo como
pagamento em espécie, nos dias de hoje. Foi também quem exigiu do Estado que
pusesse um freio à cobiça capitalista e melhorasse a renda dos assalariados; porque
sem poder aquisitivo dos trabalhadores, disse, a riqueza concentra-se, não há
mercado nacional, a produção vai para o exterior e a miséria explode em uma luta de
classes. Sismondi —diferentemente de Marx, mais tarde— não falou em destruir o
capitalismo, mas de normatizá-lo para melhorar o nível de vida geral.
Esse dinheiro inorgânico foi entregue, nos anos 1970, para empresas agro-industriais,
xeques árabes ou transnacionais petroleiras, que o depositaram nos grandes centros
financeiros. Como sem investimento não há lucro, os banqueiros saíram para
emprestar esse dinheiro, percorrendo o Terceiro Mundo: do coração da África até as
alturas dos Andes. Ofereceram juros baixos e poucas garantias, em ambientes que se
destacavam pela corrupção pública e pela placidez empresarial: uma combinação
perigosíssima. Em poucos anos essa dívida entrou em crise. O FMI e o Banco Mundial
correram para salvar a banca privada com fundos públicos, emprestando aos países
devedores — com exigências draconianas — para que pagassem seu dinheiro perdido
aos financistas imprudentes.
Igual ao que acontece agora. A emissão de dólares sem fundos paga o déficit fiscal e
comercial dos Estados Unidos, enche os bolsos dos mesmos de sempre e volta para o
ambiente financeiro. Ali são inventados “produtos” que são vendidos nas diversas
bolsas do mundo. Com o curioso nome de SIV - Structured Investment Vehicles -
apareceram pacotes de hipotecas imobiliárias inflacionadas que garantiam os
créditos de pessoas com pouca liquidez. Esses pacotes-bomba foram adquiridos pelos
bancos de investimento, cujos bem remunerados executivos diziam —seriamente—
que esse “instrumento” repartia e equilibrava o risco; como se acumular
empréstimos de risco não os tornasse mais voláteis. Esses créditos estão assegurados
com outros “produtos” revendidos para não se sabe quem; mas vamos saber quando
estourarem em algum lugar. Tudo isto sob o olhar cúmplice do FED dos Estados
Unidos, que no final das contas não é um Banco Central, mas uma entidade política
do setor financeiro norte-americano.
O proletário que paga
É um fato que o preço dos produtos agrícolas subiu no último semestre e, com isso,
aumentou o preço da comida. A versão preferida pelas agências de notícias atribui o
aumento ao consumo de cereais para produzir etanol e a que os chineses estão
comendo melhor. Como ambos os fatos ocorreram gradualmente, a explicação não é
adequada para um aumento súbito. Parece mais a costumeira desinformação que
oculta especulações.
Podemos apontar —e poucos analistas fazem isto— que o súbito aumento de preços
em produtos agrícolas, petróleo e matérias-primas coincide com o súbito colapso do
dólar, e que esses produtos são cotados internacionalmente em dólares. Em um ano,
o preço global de alimentos subiu 40% em dólares, o dólar caiu 28% com respeito ao
euro e 130% com respeito ao ouro (+$900/onça). Existe uma relação aqui?
Vejamos alguns exemplos de quem sofre com esta desordem. Eis aqui algumas notas:
“Aumento dos fertilizantes afeta o agro” diz ainda Prensa Libre (27/03/08). Informa
que segundo o Sr. Oswaldo Macz —diretor comercial da Yara, na Guatemala— o
fosfato marroquino subiu 547% porque a demanda de fertilizantes na China, Índia e
Brasil cresceu por igual: 10%. Também pudemos ler que a Câmara do Agro não tem
posição a esse respeito, mas está contra um subsídio. É consolador ler ali que “A
previsão é que o impacto seja em produtos agrícolas pouco lucrativos, como os de
subsistência, e não irá afetar outros com alta demanda, como a cana-de-açúcar e a
palma africana” Sim, a subsistência é pouco lucrativa: nutre apenas os pobres!
As coisas vão melhor nos Estados Unidos. No Minneapolis Star Tribune (27/03/08),
Matt McKinney diz que a renda média das granjas em Minnesota aumentou 73% —para
105 mil— graças à demanda de milho, leite, trigo e soja. Depois diz “essa bonança
agrícola vem enquanto o Congresso termina sua lei Agrícola (Farm Bill), que com
certeza vai continuar com os enormes subsídios à agricultura, sem importar o quanto
as colheitas atuais serão lucrativas.” A reportagem fala dos custos para produtores
nos Estados Unidos, que também aumentaram: “sementes 20%, químicos 10% e
fertilizantes 50%”. Caramba. Muito menos que na Guatemala.
Conclusões
O aumento de todos os preços cotados em dólares implica duas coisas:
a) grande desconfiança no dólar como moeda, aumentada pela crise de Wall Street e
seus investimentos financeiros. Isso explica uma fuga para a compra a futuro de bens
primários não perecíveis, como ouro, petróleo, cereais, etc.
Tirar comida das pessoas para alimentar veículos é absurdo; mas é lucrativo para
quem recebe subsídios, produz veículos ou vende combustível, por exemplo.
Recomendação
Abandonar, o quanto antes, o dólar como padrão de preços internacionais e assumir o
euro, enquanto se negocia uma moeda internacional estável: O velho bancor de
Keynes?
Bancor: No pós-guerra, Keynes propôs a criação da "Clearing Union", uma espécie de
Banco Central dos bancos centrais. A "Clearing Union" emitiria uma moeda bancária,
o "bancor", destinada exclusivamente a liquidar posições entre os bancos centrais. Os
negócios privados seriam realizados nas moedas nacionais que, por sua vez, estariam
referidas ao bancor mediante um sistema de taxas de câmbio fixas, mas ajustáveis.
Richard Cantillon (1680-1734): reconhecido por muitos historiadores como o primeiro grande teórico da economia, é uma figura
obscura. Isto é tudo o que é sabido sobre ele: era um irlandês com um nome espanhol que vivia na França e fez fortuna de cerca
de vinte milhões de libras em um esquema junto com John Law antes de se mudar para a Inglaterra. (Nota da IHU On-Line