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r O Evangelho

,,., Segundo
JOAO
O Autor O autor deste Evangelho foi, provavel- res concluíram que uma fé ideal não tem interesse em milagres. O
mente, um judeu. Ele exibe um profundo conheci- problema com esta conclusão é duplo. Primeiro, se a fé resultante
mento dos costumes. festas e crenças judaicas. Seu de milagres não é boa, por que Jesus realiza milagres? Segundo,
conhecimento geográfico detalhado sugere que era por que João relaciona estes sinais à fé em Cristo (20.31 )?
natural da Palestina e parece que foi uma testemunha ocular de Crer em Jesus significa não somente reconhecer sua capaci-
muitos dos acontecimentos registrados no seu Evangelho (19.35). dade de realizar milagres. mas também aceitar o que aqueles mila-
Embora a obra não registre o nome do autor, contém alguns in- gres, como "sinais", revelam sobre sua pessoa e sua obra. O
dícios a respeito da autoria. Este é o único Evangelho que se refere evangelista indica que o registro escrito dos sinais de Jesus é tes-
a um dos apóstolos com a expressão "a quem Jesus amava" temunho suficiente para aqueles que não são testemunhas ocula-
(13.23) em lugar do seu nome. Esse discípulo é aquele identificado res. Esta forma de pensar está implícita no que Jesus disse a Tomé:
como a testemunha ocular que "dá testemunho a respeito destas "Bem-aventurados os que não viram e creram" (20.29). Paulo apre-
coisas e que as escreveu" (21.24). Além do mais, qualquer leitor senta uma relação semelhante entre o ver e o crer: "Andamos por
cuidadoso observaria que João, filho de Zebedeu. um dos mais fé, não pelo que vemos" (2Co 5.7; cf. Rm 8.24-25).
destacados discípulos, não é mencionado pelo nome no Evange- A fé pode ser produzida e encorajada pelos sinais que Jesus
lho. É difícil explicar esta omissão, a não ser que se admita que o realizou. Mas o objetivo desta fé é compreender Jesus em sua to-
Evangelho foi escrito por João e que ele evitou identificar-se. talidade, não meramente como um operador de milagres. Jesus é
A tradição da Igreja primitiva, tal como os textos de lrineu no revelado por seus "sinais" como a eterna Palavra de Deus. um em
século li, atribui este Evangelho de forma constante e explícita ao glória com o Pai e o Espírito. Não é necessário ser testemunha ocu-
apóstolo João. As dúvidas modernas sobre a confiabilidade daque- lar dos sinais: o seu registro é suficiente para transmitir seu poder
la tradição levaram muitos estudiosos a rejeitar a autoria joanina do para descobrirmos e fortalecermos a nossa fé em Jesus como o
livro, mas nenhuma outra opinião oferece uma explicação satisfa- Messias. o Filho de Deus.
tória dos fatos.

~4il Data e Ocasião A tmdição d' lgre1' ~im<i~


1.--
1
-l I
Características e Temas Os ensinamen-
tos de Jesus registrados em João tendem a ser longas
, 1. ..... ~
va sugere que João escreveu o Evangelho beirando o I considerações de um simples tema, em contraste
~ -~ final de sua vida, em torno do ano 90 d.C. Alguns eru- - - - J com os ditos piedosos. no esfilo de provérbios, en-
- - -:==:_...,-_ ditos do final do século XIX e início do século XX, ao contrados nos outros três Evangelhos. O material de ensino é fre-
abandonarem a autoria de João, argumentavam que o Evangelho qüentemente embutido nas conversações. na medida em que
não era anterior à segunda metade do século li. As descobertas Jesus interage em debates com pessoas ou grupos. Quase não há
dos papiros de Rylands (um fragmento manuscrito datado de apro- parábolas neste Evangelho.
ximadamente 125 d.C., contendo algumas poucas linhas de Jo 18) A interação de Jesus com aqueles que não o recebiam embo-
e dos rolos dos Manuscritos do Mar Morto (que melhoraram nossa ra fossem "seus" (1.11) é um enfoque importante do ministério pú-
compreensão da Palestina no século!) levaram a maioria dos estu- blico (caps. 1-12). Jesus aparece freqüentemente em Jerusalém
diosos a retornar à data tradicional do Evangelho. Alguns especia- por ocasião das festas judaicas. Estas festas têm especial impor-
listas foram além e o dataram antes de 70 d.C. tância por causa do modo como Jesus relaciona a sua própria obra
Opróprio autor descreve seu propósito ao escrever: "para que com o que elas significam (7 .37-39). Apesar deste ministério. sua
creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. e para que, crendo, te- nação não o recebeu, um fato que João explica como resultado do

·: 114
nhais vida em seu nome" (20.31 ). pecado humano. Jesus é rejeitado não porque ele é um estranho.
mas porque as pessoas amam mais as trevas do que a luz.
Dificuldades de Interpretação Um OEvangelho de João faz uso de contrastes bem marcados: luz
1 desafio especial para os intérpretes do Evangelho de
_ e trevas (1.4-9). amor e ódio (15.17-18). de cima e de baixo (8.23).
1 ,S João é a relação entre ver "sinais" e crer. Oautor dá vida e morte (6.57-58). verdade e falsidade (8.32-47). Outros tra-
'---=- - - grande ênfase ao significado singular dos milagres de ços distintivos aparecem no tema da má compreensão (2.21;
Jesus por revelarem muito sobre sua pessoa e obra (20.30-31). 6.51-58, notas). no uso de duplo sentido (3.14; 6.62, notas) e no
Mas algumas passagens parecem sugerir que a fé baseada exclu- papel dos ditos "Eu sou" (6.35, nota).
sivamente no fato de se ter pessoalmente visto os sinais não é algo João destaca de vários modos a realidade do pecado, mas es-
bom. Em 4.48, por exemplo, Jesus repreende seus ouvintes: "Se, pecialmente pela ênfase na nossa total dependência de Deus para
porventura, não virdes sinais e prodígios, de modo nenhum crere- a salvação. Assim como nosso nascimento físico não foi o resulta-
is". Esta passagem traz à mente a afirmação de Tomé em 20.25: do de nosso próprio esforço ou desejo, também nosso nascimento
"Se eu não vir. .. de modo algum acreditarei". Portanto, muitos leito- espiritual não depende de nós. mas da vontade de Deus e do poder
1227 JOÃO
de seu Espírito (1.12-13; 3.5-8). Homens e mulheres pecadores Prólogo (1.1-18) que apresenta Jesus como o eterno Logos, ou Pa-
são incapazes de chegar à salvação em Jesus se não forem atraí- lavra, aquele que revela o Pai. Cristo revela o Pai porque comparti-
dos pelo Pai (6.44). Mas quando vêm a Jesus, eles têm "vida eter- lha da divindade do Pai. Ele é quem criou o universo (1.3). Ele
na, e não entram em juízo" (5.24); pertencem ao Pai, e ele não os satisfez as necessidades dos israelitas no deserto e agora oferece
deixará morrer (10.27-29). o pão e a água espirituais (4.13-14; 6.35). Em resumo, ele é um
Uma das características mais marcantes deste Evangelho é o com o Pai, o "Eu Sou" (5.18; 8.58; 10.30-33; cf. Êx 3.14).

Esboço de .João .~':~~~J


1. Prólogo (1.1-18) 2. ÉJesus o Messias? (7.14-52) -/1'';!:-;;7_
li. Ministério público (1.19-12.50) 3. A mulher surpreendida em adl.lltério fl~f1) -
A. Otestemunho de João Batista (1.19·34) 4. Jesus testifica sobre si mesmo j8. t2•l
B. Ochamado dos primeiros discípulos (1.35-51 ) M. A cura de um cego de nascença (cap'. 9J-
e. oprimeiro milagre: transformação de água em vinho N. Odiscurso do bom pastor (10.1-21)
em Caná (2.1-12) O. Jesus assiste ã Festa de Dedicação em Jtmisalél_n
O. Apurificação do templo em Jerusalém (2.13-25) (10.22-39) - i • -

E. Nicodemos (3.1-21) P. Oministério além do Jordão ( 10~40-42)


F. Otestemunho de João Batista (3.22-36) a. A ressurreiçãO de Lázaro (1 l.1-54)
G. Jesus em Samaria (4.1-42) R. Término do ministério público (11 .55c-:-12.50)
1. Viagem a Sicar (4.1-6) 1.Aunção em~nia (11.55-12.11)
2. A mulher samaritana à beira do poço (4.7-30) 2. A entrada triunfal (12.12-19)
3. O alimento espiritual (4.31-38) 3. Gentios vêm a Jesus (12.20~3~l
1

4. Fé samaritana (4.39-42) 4._A incredullda$tdos judeusft2;37-~t


H. Cura do filho do oficial em Caná da Galiléia (4.43·54) Ili. A semana da~ (caps. 13'"""""11
1. Visita a Jerusalém (cap. 5) A. Oministério privado de JesÚS 'para 1:1s~os
1. Cura no tanque de Betesda (5.1-15) (caps. 13-11) __ ·
2. Jesus e o Pai {5;16-47) - 1. Olava-pés: traição predita (cap. 131 ' .
J. OQnviado pelo Pai {cap. 6) 2. Discurso _de despedida (caps· 1~16f
1. Alimentando cinco mil (6.1-15) 3•. Oração intercessória (cap.1'f)
2. Jesus caminhasollre a água (6.16-21) B,. Prisão e julgamento (cap. 18) _.·-- •'
3. Exposição e controvérsia: Jesus, o pão da vida C. CrucificaçãO, morte e sepultam!llJtói (~p.19)
(6.22-71) IV. A ressurreição (°'P· 20) · ·
L. Jesus assiste à Festa dos Tabernáculos em Jerusalém V. Epílogo icap. 21 )
(caps. 7-8) A•. A pesca milagrosa (21.1-14)
1. Viagem a Jerusalém (7 .1-13) B. Pedro reintegl:ado (21.15-25)
JOÃO 1 1228
A encarnação do Verbo foi feito por intermédio dele, mas Po mundo não o conheceu.
No princípio ªera o Verbo, e o bVerbo estava e com Deus, 11 qVeio para 3 o que era seu, e 4 os seus não o receberam.
1 e o Verbo era dDeus. 2 e Ele estava no princípio com 12 Mas, ra todos quantos o receberam, deu-lhes o 5 poder de
Deus. 3/Todas as coisas foram feitas por intermédio dele e serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu
sem ele, nada do que foi feito se fez. 4 g Avida estava nele ~ h ~ nome; 13 5 os quais não nasceram do sangue, nem da vontade
vida era a luz dos homens. s i A luz resplandece nas trevas, e da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. 14 1E o
as trevas não 1 prevaleceram contra ela. Verbo "se fez vcarne e habitou entre nós, xcheio de graça e de
6 Houve um ihomem enviado por Deus cujo nome era verdade, e 2 vimos a sua glória, glória como do unigênito do
João. 7 Este veio como 1testemunha para que testificasse a Pai.
respeito da luz, a fim de todos virem a mcrer por intermédio
dele. 8 Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da O testemunho de João Batista
n1uz, 9 ºa saber, 2 a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilu· 15 ªJoão testemunha a respeito dele e exclama: Este é o de
mina a todo homem. 10 O Verbo estava no mundo, o mundo quem eu disse: bo que vem depois de mim 6 tem, contudo, a

.CAPÍTULO! 1 ª1Jo1.1 bAp19.13C(Jo175]d[1Jo5~0] zeGn1.1 3/[Cll.16-17] 4g11Jo511]hJo8.12;9.5;12.46 Si[Jo


3.19] 1Ou a contiveram 6 iMt 3.1-17 7 f Jo 3.25-36; 5.33-35 m [Jo 3.16] 8 n Is 92; 49.6 9 o Is 49.6 20u a verdadeira luz que ilumina a
todo que vem ao mundo 1O P Hb 1 2 11 q [Lc 19.14] 3 Suas próprias coisas ou domínio 4 Seu próprio povo 12 rGI 3.26 5 autorida-
de 13S[1Pe1.231 14IAp19.13 UGl4.4vHb2.11X[Jo832;14.6; 1837] zJs40.5 15 aJo3.32 b[Mt3.11] 6Littornou-seantes
de mim. ou precede-me (em honra)
•1.1-18 Este "Prólogo" ao Evangelho é um prefácio à narrativa que começa no •1. 11 e os seus não o receberam. O ministério público de Jesus foi rejeitado
V. 19. pelo "seu próprio povo". Ver nota textual.
•1.1 o Verbo. Otermo "verbo" (grego fogos) designa Deus, o Filho, referindo-se •1. 12 Ver nota textual. Os seres humanos decaídos não são filhos de Deus por
à sua divindade; ':Jesus" e "Cristo" referem-se à sua encarnação e obra salvífica. natureza; este é um privilégio só daqueles que têm fé, urna fé gerada neles pela
Durante os primeiros três séculos, as doutrinas a respeito da Pessoa de Cristo in- soberana ação de Deus (v 13) Ver '/\dação", em GI 4.5.
cidiram intensamente sobre sua posição como o Logos. Na filosofia grega, o Lo- •1. 13 os quais não nasceram. As primeiras versões latinas entenderam isto
gos era a "razão" ou a "lógica", como força abstrata que trazia ordem e harmonia como descrevendo o nascimento virginal de Cristo. Contudo, o verbo "nasceram",
ao universo. Porém, nos escritos de João, tais qualidades do Logos estão unidas no plural, mostra que este versículo se refere ao novo nascimento dos crentes
na Pessoa de Cristo. Na filosofia neoplatónica e na heresia gnóstica (séculos li e Ili cristãos (cf. 3.3,5,7-8) Este novo nascimento tem lugar pela ação do Espírito que
d.C.), o Logos era visto como um dos muitos poderes intermediários entre Deus e dá vida àqueles que estavam mortos em delitos e pecados (Ef 2.1 ). O novo nasci-
o mundo. Tais noções estão bem longe da simplicidade do Evangelho de João. mento, freqüentemente chamado de "regeneração", é e~\)\icado mais plenamen-
Neste v. 1, João afirma expressamente que o Verbo é Deus. "No princípio" te em 3.1-21 . Paulo usa a metáfora da ressurreição de mortos no pecado mais do
(uma clara referência às palavras de abertura da Bíblia), o Logos já existia, e esta que a figura de um novo nascimento (Rm 6.4-6; Ef 2.5-6; CI 2.13; 3.1; cf. Jo 5.24).
é uma maneira de afirmar a eternidade que só Deus possui. João afirma clara- A obra de salvação que Deus realiza é totalmente soberana e graciosa, mas a rea-
mente que "o Verbo era Deus". Alguns têm observado que a palavra traduzida lidade da resposta humana em crer e receber nunca é revogada. Ver "Eleição e
"Deus", aqui, não é precedida do artigo definido e. com base nisto, dizem que a Reprovação", em Rm 9 18.
expressão significa "um deus", mais do que propriamente "Deus". Éum erro en- •1.14 E o Verbo se fez carne. Nesta afirmação o Prólogo atinge o seu clímax.
tender assim. Oartigo é omitido por causa da ordem da palavra na sentença gre- Para alguns contemporâneos de João, o espírito e o divino erarn totalmente opos-
ga (o predicado "Deus" foi colocado antes para ser enfatizado). O Novo tos à matéria e à carne. Outros pensavam que os deuses visitavam a terra disfar-
Testamento nunca sustenta a idéia de "um deus", expressão que implica politeís- çados de seres humanos (At 14.11 ). Mas aqui um abismo é transposto: o Verbo
mo e entraria em conflito com o constante monoteísmo da Bíblia. No Novo Testa- Eterno de Deus não só parece urn ser humano, mas realmente tornou-se carne.
mento, a palavra grega para "Deus" ocorre freqüentemente sem o artigo definido, Tomou sobre si a plena e genuína natureza humana. Ver nota teológica 'jesus
dependendo da exigência da gramática grega. Cristo, Deus e Homem"
A expressão "o Verbo estava com Deus" indica uma distinção de Pessoas, e habitou entre nós. "Habitou" significa "armou sua tenda" Isto não só indica a
dentro da unidade da Trindade. Pai, Filho e Espírito Santo não são formas sucessi- natureza temporária da existência terrena de Jesus, mas o faz de um modo que
vas de aparecimento de uma Pessoa, mas são Pessoas eternas presentes desde recorda o antigo tabernáculo de Israel, onde Deus podia ser encontrado (Êx
"o princípio" (v 2). A preposição "corn" sugere uma relação de estreita intimidade 4034-35)
pessoal. Ver "Um e Três: A Trindade", em Is 44.6 cheio de graça e de verdade. Estas palavras correspondem aos termos do
•1.3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele. Este versículo tam- Antigo Testamento que descrevem a aliança da graça de Deus (Gn 24.27; SI
bém dá ênfase à divindade do Verbo, uma vez que a criação é obra só de Deus. 25.1 O; Pv 16.6; cf. Êx 34.6; SI 26.3). OVerbo feito carne rnani\es\-a µ\en-arnen-
Vertambém v. 1O; CI 1.16-17; "Deus o Criador", no SI 148.5. te a realização graciosa da aliança e o caráter de Deus como guardador da ali-
ança.
•1.4 A vida estava nele. Outra afirmação de divindade: o Filho, bem como o Pai,
"tem vida em si mesmo" (5 26). vimos a sua glória. "Sua glória" é vista mesmo quando era a glória de Deus no
deserto (Êx 16.1-1 O; 33.18-23), no tabernáculo (Êx 40.34-35) e, depois, no tem-
•1.5 e as trevas não prevaleceram contra ela. Ver nota textual. Écaracterís- plo (1 Rs 8.1-11 ). Pode haver também uma referência à transfiguração, uma vez
tica do estilo deste Evangelho dar ênfase a conceitos contrastantes (Ver Introdu- que João foi testemunha dela (Mt 17.1-5). Otermo "glória" aplica-se de modo su-
ção). O enredo deste Evangelho pode ser visto em termos de uma luta entre as premo a Deus, que é o Criador e Governador do universo, diante de quem todo jo-
forças da fé e as da descrença. elho se curvará. O Filho tem a glória divina por direito (17.5) Os Reformadores
•1. 7-9 todos ... todo homem. A relevância universal do evangelho é afirmada (v. declararam sua fé com o lema Soli Oeo Gloria ("glória só a Deus").
7) tanto quanto a iluminadora atividade da graça comum de Deus (v. 9). A ativida- como do unigênito. Essa expressão traduz uma única palavra grega e refere-se
de salvadora de Deus não se restringe a nenhum povo em particular. explicitamente à geração eterna do Filho na Trindade. Étambém possível traduzir
•1.9 a verdadeira luz. Neste Evangelho, "verdade" e "verdadeiro(a)" são ter- a palavra por "Filho único", sem a idéia de geração, mas referindo-se à singulari-
mos empregados freqüentemente para significar aquilo que é eterno ou celestial dade do Filho.
ern oposição ao meramente temporal ou terreno. Ver notas sobre 4.24; 6.32. "A •1. 15 O ministério de João Batista precedeu o ministério público de Jesus (Mt
Culpa da Humanidade e o Conhecimento de Deus", em Rm 1.1 9. 3), ainda que o Verbo, sendo eterno, existisse antes de João (cf. 8.58).
,
1229 JOÃO 1

JESUS CRISTO, DEUS·E HOMEM


Jo 1.14 ·
A Trindade e aEnca111ação estão mutuamente integradas. A doutrina da Trindade declara quecfisto é verdadeir.amente di-
vino; a doutrinada~ declara que o mesmo Cristo é também plenamente humano.Juntas, euas dOutrinas procla-
mam a plena realld@e do Salvador revelada no Novo Testamento, o Filho que veio da parte .do Pai e, pela vO!ltade do Pai,
tomou-se o substittito dopecadorna cmz (Mt 20.28; 26.36-46; Jo 1.29; 3.13-17; Rm 5.8; 8.32; 2Co 5.19-21; 8.9;Fp 2.~-8).
A doutrina daTrindadefói definida no Concílio de Nícéia (325 d.C.), quando a Igreja se opôs à idéia ariana dequéJesus era
a primeira e a mais nobre criatura de Deus; a igreja afirmou que Jesus era da mesma "substância" ou "essincia" do Pai..Adis-
tinção entre Pai e t=ilho está dentro da unidade divina, de modo que o Filho é Deus da mesma maneira. que o Pai'o á. Ao dizer
que o Filho e o Pai SãO de "uma única e mesma substância" e que o Filho "é gerado, não feito" {ecoandó o "unioêmto" em Jo
1.14, 18; 3.16,18), o Credo Niceno reconhece, inequivocamente, a divindade de Jesus Cristo. · ·· ·
A confissão que a lgreia faz da doutrina da Encarnação foi expressa no Concílio de Calcedônia (em 451 d.C.J, onde a Igreja
se opôs à idéia nestoriana de que Jesus era duas "pessoas" e não uma, eà idéia eutiquiana de que a divindade tfe Jesus havia
absorvido sua humanidade. Rejeitando ambas as idéias, o Concílio afirmou que Jesus é uma só pessoa com duas naturezas
(isto é, com dois conjuntos de capacidades para a experiência, expressão e ação). As duas naturezas estão unidas nele, sem
mistura é sem confusão, sem separação ou divisão, e cada natureza retém seus próprios atributos. Em outras palavras, tudo o
que está em nós, como tudo o que está em Deus, está esempre estará verdadeira e distintivamente presente no único Cristo.
Desse modo, a fórmula da Calcedônia afirma vigorosamente a plena humanidade do Senhor.
A Encarnação, o misterioso milagre no âmago do Cristianismo histórico, éfato central no testemunho do Novo Testamento,
Jesus veio primeiro para os judeus, cuja afirmação central de fé é de que há um só Deus. Os apóstolos eram israelitas, e, con-
tudo, eles e os escritores do NovoTestamento ensinaram que Jesus, o Messias, devia ser cultuado e devia-se crer nele. Isso
quer dizer que ele é Deus não menos do que ele é homem. Éespantoso que esse testemunho pudesse prevalecer entre eles.
O Evangelho de João (l.14; 19,35; 21.24) abre suas narrativas de testemunha ocular com a declara~ de QU8Jesus é o
eterno Logos divino; agente dà criação e fonte da vida e da luz (vs. 1-5,9). Tornando-se came, o Logosfói.reílelado como o Fi-
lho de Deus e a fonte da "graça e da verdade", o "unigênito do Pai" (vs. 14, 18). OEvangelho está pontilhado~omaexpressão
"Eu Sou", que tem relevância especial porque "Eu Sou" era a expressão usada como nome divino, devido à~~ do
Êx 3.14; quando.t®orevela Jesus como "Eu Sou", a reivindicação de sua divindade está explícita. Exemplos disn.temíiHm
Jo 8.28,58 e em sete declarações de Jesus como: (a) o pão da vida, alimento espiritual (6.35,48,51 ); (b) a luz do mundo ba-
nindo as trevas (8.12; 9.5); (c) a porta das ovelhas, que dá acesso a Deus (10.7,9); (d) o bom pastor, que protege dos perigos
(10.11, 14); (e) a ressurreição e a\lida sobrepu}ando a morte (11.25); (f) o caminho, a verdade e a vida, que leva ao Pai (14.6);
(g) a videira verdadeira, em quem podemos dar frutos (15.1,5). No clímax de sua fé, Tomé cultuou a Jesus, dizendo: "Senhor
meu e Deus meu" (20.28). Jesus pronuncia sua bênção sobre todos os que crêem a exemplo de Tomé (20.29-31 ).
Paulo diz a respeito de Jesus que "nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade" (CI 2.9; cf. 1.19). Paulo acla-
ma Jesus, o Filho, como. a imagem do Pai e como seu agente na criação .e conservação de todas as coisas (CI 1.15-17). Paulo
declara que ele éo"Sl!l'lhor", a quem se deve orar pedindo salvação, do.mesmo modo pelo qual se invoca Javé (JI 2.32; Rm
10.9-13). Jesus.é "sobre todos, Deus bendito" (Rm 9.5), "nosso grande Deus e Salvador" (Tt 2.13). Paulo.pra a Jesus pessoal-
mente (2Co 12.8-9reoconsidera como afonte da graça divina (2Co 13.14). Otestemunho é explícito: à fêna divindade de Je-
sus é fundamental na teologia e religião de Paulo.
.Oautor da.Carta aos Hebreus, revelando a perfeição do sumo sacerdócio de Cristo, declara a plena divindaqe e singular dig-
nidade do filho de fhms (Hb 1.3,6,8-12). Em seguida, celebra a plena humanidade de Cristo (cap. 2). Osumo sacerdócio que
ele descreve COfllí> ~ercido por Cristo depende da conjunção de uma Vida divina sem fim· e infalível, com uma experiência
ple~efü1mamí~etentaçãoe~imento (Hb 2.14-17; 4.14-5.2;}.1~~28; 12.2-3). ONovo Testamento proíbe o culto a
li! . . .. . .• · ~.&:~};;porém ~cultuar aJeirus. De mo~o ~~nt , ele apresenta oSalvador divino-humano como
o ~datá; -a esperança edo amor. uma n~liQ.iã.l)·~" . não pode ser Cristianismo.
~"'!f:;H:J,i("l~7/, '"'

primazia, cporquanto já existia antes de mim. 16 7 Porque


to- a gverdade vieram por meio de Jesus Cristo. 18 hNinguém ja-
dos nós temos recebido da sua d plenitude e graça sobre graça. mais viu a Deus; ;o 8 Deus unigênito, que está no seio do Pai,
17 Porque ea lei foi dada por intermédio de Moisés; aigraça e é quem o revelou .

• C[CI 117] 16 d[CI 119; 2.9] 7Cl.NU TR e ME 17 e [Êx 20.1]/[Rrn 5.21; 6.14] g[Jo 832; 14 6; 1837] 18 hÊx 33.20 i1Jo 4.9 Bcf.
NU; TR e M Filho
•1.16 graça. Esta palavra, freqüente nas epístolas de Paulo, aparece nos escri- ração. A graça e a verdade de fato existiram nos dias de Moisés, mas foram
tos de João só nesta passagem e como saudação costumeira em Ap 1.4; 22.21. plenamente reveladas com a vinda de Cristo.
Ela acentua que a salvação é um dom. A Reforma expressou isto com o lema Sola
•1.18 Ninguém jamais viu a Deus. Éfundamental que Deus seja invisível e
Gratia ("Só pela Graça"). sem forma (1Trn 6.16). Contudo. Cristo revela Deus. Em si ele une o invisível e o
•1.17 Moisés... Jesus Cristo. Há aqui tanto um contraste corno urna campa- visível, e isto de um modo sem paralelo nem analogia.
JOÃO 1 1230
João Batista repete o seu testemunho se passaram sem 1 Betânia, do outro lado do Jordão, onde
19 Este foi io testemunho de João, quando os judeus lhe João estava batizando.
enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para lhe pergunta-
rem: Quem és tu? 20 1Ele confessou e não negou; confessou: João Batista toma a repetir o seu testemunho
Eu não sou o Cristo. 21 Então, lhe perguntaram: Quem és 29 No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e
pois? És tu Elias? Ele disse: Não sou. És tu mo profeta? Res'. disse: Eis 1o Cordeiro de Deus, uque tira o pecado do mundo!
pondeu: Não. 22 Disseram-lhe, pois: Declara-nos quem és, 30 É este a favor de quem eu disse: após mim vem um varão
para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que dizes que 2 tem a primazia, porque já existia antes de mim. 31 Eu
a respeito de ti mesmo? 23 Então, ele respondeu: mesmo não o conhecia, mas, a fim de que ele fosse manifesta·
nEu sou ºa voz do que clama no deserto: Endireitai oca- do a Israel, vim, vpor isso, batizando com água.
minho do Senhor,
como disse o profeta Isaías. O batismo de Jesus
24 Ora, os que haviam sido enviados eram de entre os fari- 32 xE João testemunhou, dizendo: Vi o Espírito descer do
seus. 25 E perguntaram-lhe: Então, por que batizas, se não és céu como pomba e pousar sobre ele. 33 Eu não o conhecia;
o Cristo, nem Elias, nem o profeta? 26 Respondeu-lhes João: aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse:
PEu batizo com água; qmas, no meio de vós, está quem vós Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, 2 esse é o
não conheceis, 27 ro qual vem após mim, ºdo qual não sou que batiza com o Espírito Santo. 34 Pois eu, de fato, vi e tenho
digno de desatar-lhe as correias das sandálias. 28 Estas coisas testificado que ele é o ªFilho de Deus .

• t9jJo5.33 201Lc3.15 2tmDt18.15,18 23nMt3.3º1s40.3 26PMt3.11qMl3.1 27TAt19.49Cf.NU;TReM


acrescentam que me precede; NU omite 28 s Jz 7.24 1 Cf. NU e M; TR Betaraba 29 t Ap 5.6-14 u [1Pe224] 30 2Lit tornou-se antes
de mim, ou precede-melem honra) 31 VMt 3.6 32 X Me 1.10 33 zMt 3.11 34 ªJo 11.27
•1.19 testemunho de João. O testemunho de João Batista àqueles que o "profeta ... semelhante a mim", que Moisés anunciou em Dt 18. 15. Aqui sacerdo-
questionaram revela que seu papel era o de preparar o mundo para Cristo. tes e levitas querem saber se João se considera ser aquele profeta.
•1,21 És tu Elias. Em Mt 11.14, Jesus claramente se refere a MI 4.5 e diz à •1.23 Ao citar Is 40.3, João aplica a Cristo aquilo que é dito de Javé naquela pas-
multidão que João "é Elias, que estava para vir" João Batista vem "no espíri- sagem. A mesma verdade aparece mais claramente ainda em Me 1. 1-3.
to e poder de Elias" llc 1.17), mas o Batista aqui afirma que ele próprio não é •1.29 Eis o Cordeiro de Deus. Compare o v. 36. Se "o Cordeiro" é o cordeiro da
Elias. Páscoa ou se é o cordeiro Servo de Is 53. 7, não pode ser facilmente determinado.
o profeta. Havia diferentes expectativas entre os judeus do século 1a respeito do Há alguma evidência de que as duas figuras toram combinadas bem cedo no pen-
samento cristão.
? Locahzação incerta que tira o pecado do mundo. O"mundo" significa a humanidade em sua hosti-

Mar
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40mi
lidade contra Deus, como ocorre em outra parte deste Evangelho. Ainda que to-
das as pessoas indiscriminadamente não serão salvas, o sacrifício é a única
expiação para o pecado humano, e sua eficácia não é limitada por tempo ou lugar
(3.16, nota).
40km •1.31 não o conhecia. Ainda que João Batista possa ter tido contato pessoal
Mediterrâneo anterior com Jesus (cf Lc 1.39-45), ele não sabia quem era Jesus lo Cordeiro e
Filho de Deus), até que o Espírito o identificou lv 32). Ver "O Batismo de Jesus",
em Me 1.9.
•1.33 que batiza com o Espírito Santo. OAntigo Testamento previu o tempo
de redenção como o tempo quando o Espírito seria derramado sobre o povo de
Deus. Paulo se refere a Jesus como o segundo Adão, que veio como "espírito vivi-
ficante" 11 Co 15.45, nota). Édepois de seu retorno ao céu que Jesus envia este
Ajudador Celestial, para habitar com o seu povo sobre a terra 114.26; 167). OBa-
"'\ _,,,,__ ...
:.
tismo no Espírito Santo ocorre com o novo nascimento, que faz de pecadores de-
samparados filhos e filhas de Deus lvs 12-13; 1Co 12. 13) Esse batismo também
lhes dá poder para o serviço cristão (Lc 24.49; At 1.8).
•1.34 ele é o Filho de Deus. Este é o modo de João referir-se à voz celestial
que acompanhou o Espírito enviado do céu, como é registrado em Mt 3.17,
"Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo" Embora a expressão "Fi-
lho de Deus" fosse usada diferentemente por judeus l2Sm 7.14; SI 2.7) e genti-
PERÉIA os !Me 15 39, nota), o testemunho de João Batista, que é o último dos profetas
da antiga ordem IMt 11. 11-14) é claro. Jesus é o Filho de Deus, o "unigênito do
Pai" lv 14).

.Maquero t Batismo e tentação


-N- Jesus veio de Nazaré da Galiléia para ser batizado por João Ba-
JUDÉIA
...~. 1 tista. Apesar de João batizar no rio Jordão próximo a Enom e Salim
(Jo 3.23). o local preciso do batismo de Jesus é incerto. Logo após o
\ batismo, Jesus foi levado pelo Espírito Santo ao deserto da Judéia,
abaixo de Jericó. Em seguida à tentação, Jesus voltou à Galiléia.
1231 JOÃO 1, 2
Dois discípulos de João Batista seguemfesus Vem e vê. 47Jesus viu Natanael aproximar-se e disse a seu
35 No dia seguinte, estava João outra vez na companhia de respeito: Eis ºum verdadeiro israelita, em quem não há dolo!
dois dos seus discípulos 36 e, vendo Jesus passar, disse: bEis o 48 Perguntou-lhe Natanael: Donde me conheces? Respondeu-
Cordeiro de Deus! 37 Os dois discípulos, ouvindo-o dizer isto, lhe Jesus: Antes de Filipe te chamar, eu te vi, quando estavas
e seguiram Jesus. 38 EJesus, voltando-se e vendo que o segui- debaixo da figueira. 49 Então, exclamou Natanael: Mestre,
am, disse-lhes: Que buscais? Disseram-lhe: Rabi (que quer di- Ptu és o Filho de Deus, tu és qo Rei de Israel! so Ao que Jesus
zer Mestre), onde assistes? 39 Respondeu-lhes: Vinde e vede. lhe respondeu: Porque te disse que te vi debaixo da figueira,
Foram, pois, e viram onde Jesus estava morando; e ficaram crês? Pois maiores coisas do que estas verás. 51 E acrescen-
com ele aquele dia, sendo mais ou menos a hora décima. tou: Em verdade, em verdade vos digo rque 6 vereis o céu
40 Era d André, o irmão de Simão Pedro, um dos dois que ti- aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho
nham ouvido o testemunho de João e seguido Jesus. 41 Ele do Homem.
achou primeiro o seu próprio irmão, Simão, a quem disse:
Achamos o 3 Messias (que quer dizer Cristo), 42 e o levou a Je- As bodas em Caná da Galiléia
sus. Olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, o filho de Três dias depois, houve um ªcasamento em bCaná da
4 João; etu serás chamado Cefas (que quer dizer 5 Pedro). 2 Galiléia, achando-se ali a cmãe de Jesus. Jesus também
foi convidado, com os seus discípulos, para o casamento.
2

Filipe e Natanael 3 Tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não
43 No dia imediato, resolveu Jesus partir para a Galiléia e têm mais vinho. 4 Mas Jesus lhe disse: dMulher, e que tenho
encontrou a !Filipe, a quem disse: Segue-me. 44 Ora, gFilipe eu contigo? f Ainda não é chegada a minha hora. 5 Então, ela
era de Betsaida, cidade de André e de Pedro. 45 Filipe encon- falou aos serventes: Fazei tudo o que ele vos disser. 6 Estavam
trou a hNatanael e disse-lhe: Achamos aquele de quem iMoi- ali seis talhas de pedra, gque os judeus usavam para as purifi-
sés escreveu na lei, e a quem se referiram os /profetas: Jesus, cações, e cada uma levava duas ou três metretas. 7 Jesus lhes
1o Nazareno, mmho de José. 4ó Perguntou-lhe Natanael: nDe disse: Enchei de água as talhas. E eles as encheram totalmen·
Nazaré pode sair alguma coisa boa? Respondeu-lhe Filipe: te. 8 Então, lhes determinou: Tirai agora e levai ao mestre-

• 36 b Jo 1 29 37 e Mt 4 20,22 40 d Mt 4 18 41 3 Lit, em Hebr. e Gr., respectivamente, Ungido ~2


e Mtrn:;s 4 Cf. NU; TR e M
Jonas 5Gr.Petros, geralmente traduzido como Pedro 43/Jo6.5; 12.21-22; 14.8-9 44gJo 12.21 45 hJo21.2 iLc24.27 /[Zc6.12] i[Mt
2.23] m Lc 3.23 46 n Jo 7.41-42,52 47 o SI 32.2; 73.1 49 P Mt 14.33 q Mt 21.5 51 TGn 28.12 ô Cf. NU; TR e M acrescentam daqui
em diante; NU omite
CAPÍTULO 2 1 ª[Hb 13.4] bJo 4.46 CJo 19.25 4dJo19.26 e2Sm 16 10/Jo 76,8,30; 8 20 6 gMt 15.2; [Me 7 3; Lc 11.39]; Jo 3.25
•1.35-51 Jesus chama seus primeiros discípulos. Desde que os apóstolos tive- Entrada Triunfal de Jerusalém (12 13), semelhante à anunciação dos magos (Mt
ram autoridade ímpar de Cristo para dar o testemunho sobre o qual a Igreja se 2.2) e à inscrição sobre a cruz (19.19).
estabeleceria (Ef 2.20), era necessário que eles fossem particularmente identi- •1.50 maiores coisas do que estas. Os milagres terrenos de Jesus são sinais
ficados como tendo sido escolhidos pelo próprio Cristo (cf. 15.16). de seu poder e da sua obra redentora. Eles devem ser apreciados não meramente
•1.37 seguiram Jesus. Tradicionalmente, os alunos de um rabino judeu anda- por si mesmos, mas pelas realidades redentoras que prometem. Maior do que
vam atrás dele. Os discípulos de Jesus o seguiram fisicamente, mas não se trata essas obras é a salvação que Cristo traz (v. 51).
só disso. "Seguiram a Jesus" adquire níveis mais profundos de significado ao lon- •1.51 vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo. Este
go deste Evangelho (13.36-38; cf. 2115-22). versículo alude à visão de Jacó de uma escada, cujo topo atingia o céu e por onde
•1.45 de quem Moisés... se referiram os profetas. Felipe reconhece que os anjos subiam e desciam (Gn 28.12). Jesus se apresenta como a realidade para
todo o Antigo Testamento, tanto a Lei como os Profetas, previu uma grande obra a qual a escada apontava. Jacó viu num sonho a reunião do céu e da terra e Cristo
redentora de Deus, que seria realizada por um Ungido especial. A antecipação de transformou-o em realidade.
Cristo e sua obra, no Antigo Testamento, foi afirmada pelo próprio Cristo (Lc Filho do Homem. Jesus aplica este nome freqüentemente a si mesmo. Ele dá
24 25-27,44-47) e foi central na pregação dos apóstolos (AI 2.29-32; 3.18,21,24; ênfase à sua natureza humana, que o capacita a morrer por seu povo. Refere-se
7.52-53; 8.30-35; 26.22-23; 28.23). também à figura messiânica celestial conhecida em Daniel (7.13; ver Mt 8.20,
filho de José. Isto não implica numa negação do nascimento virginal do qual Fili- nota)
pe, em todo caso. pode não ter tido ciência; é simplesmente uma referência que •2.1-11 O primeiro sinal de Jesus: transformou a água em vinho em Caná. Este
identifica Jesus por sua cidade e família (Mt 1.24). milagre significa a transformação da velha ordem (simbolizada pelos jarros de pe-
•1.46 De Nazaré pode sair alguma coisa boa. Natanael aparentemente ex- dra para água, usados no cerimonial de purificação v. 6) na nova ordem (o vinho
pressa um ceticismo contemporâneo, negando que um profeta poderia surgir da que simboliza a vida eterna no reino de Deus) através de Jesus Cristo (cf. 2Co
Galiléia (7 .52). Nazaré era uma aldeia insignificante não mencionada no Antigo 5.17) Ver Is 25.6-9 para a imagem da salvação como um banquete.
Testamento ou em qualquer outra literatura judaica da época. •2.3 vinho. Este é o termo normal empregado no Novo Testamento para a bebi-
•1.47 Eis um verdadeiro israelita. A frase talvez queira chamar a atenção so- da fermentada. Paulo o usa quando diz: "não vos embriagueis com vinho" (Ef
bre Israel como povo de Deus, a quem o Messias foi prometido. Esta frase tam- 518)
bém alude aos vs. 50-51, onde é prometida a Natanael uma experiência •2.4 Mulher. Este é um modo respeitoso de dirigir-se a uma mulher. naquela cul-
semelhante àquela da primeira pessoa chamada Israel (Gn 28.12; 32.28), cujo ca- tura, e é como Jesus normalmente se dirige às mulheres (4.21; 810)
ráter enganoso foi transformado por Deus. que tenho eu contigo. Jesus atende ao pedido de Maria, não por ser ela sua
•1.49 Mestre, tu és o Filho de Deus. A confissão de Natanael parece uma re- mãe, mas o faz como parte de sua obra messiânica. Isto indica que o papel espe-
ação exagerada ao conhecimento sobrenatural de Jesus. Porém Filipe já tinha in- cial de Maria, como mãe de Jesus, não lhe dá autoridade para intervir na carreira
dicado a Natanael que Jesus era aquele previsto pela Lei e os Profetas (v. 45). de Cristo - este é um forte argumento contra fazer-se oração a Maria.
Natanael foi a Jesus buscando razões para crer ou descrer, e achou o conheci- a minha hora. Geralmente, a "hora" de Jesus refere-se ao tempo do seu sofri-
mento de Jesus convincente. mento e morte (12.27). Aqui, Jesus está afirmando que ele, e não Maria, deve
Rei de Israel. Este é o título para Messias usado nas expressões de louvor, na determinar a agenda de seu ministério terreno.
JOÃO 2. 3 1232
sala. Eles o fizeram. 9 Tendo o mestre-sala provado ha água ts Perguntaram-lhe, pois, os judeus: 'Que sinal nos mostras,
transformada em vinho (não sabendo donde viera, se bem para fazeres estas coisas? 19 Jesus lhes respondeu: 8 Destruí este
que o sabiam os serventes que haviam tirado a água), chamou santuário, e em três dias o reconstruirei. 20 Replicaram os ju-
o noivo to e lhe disse: Todos costumam pôr primeiro o bom deus: Em quarenta e seis anos foi edificado este santuário, e tu,
vinho e, quando já beberam fartamente, servem o inferior; tu, em três dias, o levantarás? 21 Ele, porém, se referia 1ao santuá-
porém, guardaste o bom vinho até agora. 11 Com este, deu Je- rio do seu corpo. 22 Quando, pois, Jesus ressuscitou dentre os
sus iprincípio a seus sinais em Caná da Galiléia; imanifestou 1 mortos, "lembraram-se os seus discípulos de que ele dissera
a sua glória, e os seus discípulos creram nele. isto; 4 e creram na Escritura e na palavra de Jesus.
12 Depois disto, desceu ele para 1Cafarnaum, com sua
mãe, rnseus irmãos e seus discípulos; e ficaram ali não muitos Muitos crêem em]esus
dias. 23 Estando ele em Jerusalém, durante a Festa da Páscoa,
muitos, vendo os vsinais que ele fazia, creram no seu nome;
Jesus purifica o templo 24 mas o próprio Jesus não se confiava a eles, porque os x co-
13 "Estando próxima a Páscoa dos judeus, subiu Jesus para nhecia a todos. 2s E não precisava de que alguém lhe desse
Jerusalém. 14 ºE encontrou no templo os que vendiam bois, testemunho a respeito do homem, porque zele mesmo sabia
ovelhas e pombas e também os cambistas assentados; 15 ten- o que era a natureza humana.
do feito um 2 azorrague de cordas, expulsou todos do templo,
bem como as ovelhas e os bois, derramou pelo chão o dinhei- Nicodemos visita a Jesus
ro dos cambistas, virou as mesas 16 e disse aos que vendiam Havia, entre os fariseus, um homem chamado Nicode-
as pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da Pcasa de 3
mos, um dos principais dos judeus. 2 ªEste, de noite, foi
meu Pai casa de negócio. 17 Lembraram-se os seus discípulos ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és Mestre vindo
de que está escrito: da parte de Deus; porque bninguém pode fazer estes sinais
qo zelo da tua casa me 3 consumirá. que tu fazes, se e Deus não estiver com ele. J A isto, respondeu
~~~~~~~~~~~~
~ 9 h Jo 4.46 11 i Jo 4.54 i [Jo 1.14] 1revelou 12 IMt 4.13; Jo 4.46 m Mt 12.46; 13.55 13 n Êx 12.14; Dt 16.1-6; Jo 5.1; 6.4; 11.55
°
14 MI 3.1; Mt 21.12; Me 11.15, 17; Lc 19.45 15 2 chicote ló P Lc 2.49 17 qSI 69.9 3TR tem consumido 18 'Mt 12.38; Jo 6.30
19 8 Mt 26.61; 27.40; [Me 14 58; 15.29]; Lc 24.46; At 6.14; 10.40; 1Co15.4 21 1[1Co3.16; 6.19; 2Co 6.16; CI 2.9; Hb 8.2] 22 u Lc 24.8;
Jo 2.) 7; 12.16; 14.26 4TR acrescenta para eles 23 v [Jo 5.36; At 2.22] 24 x Ap 2.23 25 zMt 9.4
CAPITULO 3 2 a Jo 7.50; 19.39 b Jo 9.16,33 C[At 10.38]
•2.11 manifestou a sua glória. Otema da glória de Cristo já tinha sido introdu- não acabou até o reinado de Herodes Agripa (em 63 d.C.), o que indica que ela es-
zido (1.14, nota). No Antigo Testamento, Deus manifestou sua glória em vários tava em andamento no tempo de Jesus.
eventos miraculosos, e o comentário de João indica que ele quer que seus leito- e tu, em três dias, o levantarás. Os judeus (e os discípulos, v. 22) entenderam
res reconheçam a divindade de Jesus. mal a ambígua afirmação de Jesus. Uma tal má compreensão inicial é comum no
e os seus discípulos creram nele. Ver também v. 23; 20.31, onde se revela o Evangelho de João (p. ex .. 3.4; 6.52). Os que recebem Jesus (1.12) são levados à
propósito de João ao escrever este livro. plena compreensão, mas aqueles que o rejeitam permanecem no nível da com-
•2.12-23 Jesus é a expressão final e plena daquilo que era apenas uma sombra pleta má compreensão (1.5).
no Antigo Testamento (Hb 10.1). Aqui, João indica que Deus está presente em •2.22 lembraram-se os seus discípulos. Durante a instrução final dada a
Cristo. Otemplo de Jerusalém podia ser destruído, mas não o templo que Jesus seus discípulos, antes de sua prisão, Jesus prometeu que aquilo que lhes havia
reconstruiria em três dias: seu próprio corpo que ressurgiria dentre os mortos. O ensinado seria trazido à lembrança deles pelo Espírito Santo (14.25-26). A capaci-
registro feito por João da purificação do templo imediatamente depois do milagre dade para prever eventos, de outro modo não conhecíveis, é evidência da autori-
em Caná (vs. 1.11, nota) oferece uma importante chave para todo o ministério de dade divina. Isto aplica-se às profecias do Antigo Testamento e às predições
Jesus. Nestes eventos é assinalada a substituição da antiga ordem (água para a feitas por Jesus, especialmente a respeito de sua ressurreição.
purificação cerimonial, o templo de Herodes) pela nova ordem (vinho da salvação, •2.23 creram no seu nome. Nos tempos bíblicos, o "nome" sumariava o cará-
Is 25.6-9, o Cordeiro ressurreto como o novo templo, Ap 21.22). ter, a atividade e o lugar de uma pessoa no propósito de Deus. A fé que tinham
aqueles que são mencionados aqui permaneceu superficial, porque eles chega-
Mateus, Marcos e Lucas registram a purificação do templo como tendo ocor-
ram a ela somente por causa dos sinais que viram !ver Introdução: Dificuldades
rido na semana da crucificação de Jesus. Apesar de algumas semelhanças, es-
sas purificaçóes serão melhor vistas como incidentes diferentes (Me 11.15, de Interpretação). Por essa razão, ':.Jesus não se confiava a eles" (v. 24).
nota). Deve-se observar que a afirmação de Jesus a respeito da destruição do •2.24-25 Embora Jesus não exercesse a divina onisciência nos dias da sua carne
templo, registrada por João (v. 19), talvez tenha sido a base para a acusação por (11.34; Me 13 32), ele, freqüentemente, revelava conhecimento sobrenatural,
parte das falsas testemunhas contra Cristo (Mt 26.61; Me 14.58) e ainda para o importante para a sua obra redentora, que indicava o divino endosso de suas rei-
comentário zombeteiro de alguns espectadores na cena da crucificação (Mt vindicações e missão (1.48; Mt 9.4; 17.27; Me 11.2-4; 14.13-16).
27.40; Me 15.29). Os três primeiros Evangelhos confirmam o caráter histórico da •3.1-21 Este é o primeiro dos muitos discursos para instrução registrados por
narrativa de João. Um eco do mesmo pensamento é encontrado na acusação João. De modo típico, ao ser questionado, Jesus responde de maneira a conduzir
contra Estêvão (At 6.14) o debate para uma área mais profunda, freqüentemente por meio de equívocos
que são esclarecidos para os que se tornam verdadeiros discípulos. A nova com-
•2.12 seus irmãos. Ver Mt 12.46.
preensão revela Jesus mais plenamente.
•2.15 azorrague de cordas. Jesus cumpre a profecia de MI 3.1-4. Ele entra re- •3.2 de noite. Isso pode denunciar o temor de ser visto, ou poderia ser um sinal
pentinamente no templo e purifica os filhos de Levi, numa demonstração do seu de deferência a Jesus, um mestre que não devia ser incomodado durante o dia.
zelo por Deus e por manter santas as ordenanças de Deus. Entendido simbolicamente, Nicodemos era uma pessoa que vivia nas trevas des-
•2.20 quarenta e seis anos. A frase, em si mesma, não indica se o templo es- te mundo, e que agora encontra a luz (8.12; cf. 9.4; 11.10; 13.30).
tava acabado ou se ainda estava em construção após estes anos de construção. Mestre... da parte de Deus. Nicodemos entende que Deus credencia os seus
Ohistoriador judeu do século 1, Josefa (Antigüidades, 15.380). diz que a constru- mensageiros, concedendo-lhes poder para realizar milagres, mas este modo de
ção começou no déc'lmo 0·1tavo ano de Herodes, o Grande (cerca de 19 a.C.). e entender está longe de alcançar a verdadeira identidade de Jesus.
1233 JOÃO 3
\REGENERAÇÃO: o NO_V_O_N_A_S_C_IM_E_N_T_O
1 Jo 3.3
Regeneração é o ato realizado só por Deus, no qual ele renova o coração humano, fazendo-o reviver depois de estar morto.
Na regeneração, Deus age no âmago, no ponto mais fundamental da pessoa humana. Isso significa que não há preparação
nem disposição precedente da parte do pecador que solicite ou contribua para a nova vida que lhe é dada por Deus.
A regeneração é necessária porque todos os descendentes de Adão e Eva herdaram o pecado deles e são moralmente in-
capazes de fazer o que é bom. Paulo escreveu aos efésios que as pessoas estão mortas em seus delitos e pecados. Nesse es-
tado, estão sem Deus e sem esperança no mundo. Não como recompensa ao mérito deles, mas livremente e em amor. Deus
pronuncia a palavra que faz o morto reviver.
Os versículos clássicos de Jo 3, que usam a linguagem do "novo nascimento" ou "nascer de cima", dão ao perfil da regene-
ração seus pormenores mais nítidos. Jesus diz que, a menos que se nasça de novo, não se pode ver o Reino do céu. Sem a
graça de Deus, os pecadores não podem encontrar a porta, muito menos entrar por ela. Em outro lugar, Jesus disse: "Sem
mim nada podeis fazer"; e, em se tratando da salvação, "sem Deus nada é possível''.
Jesus mostrou-se surpreso pelo fato de Nicodemos ficar perplexo com a exigência de um novo nascimento. Nicodemos
devia ter compreendido, com base no Antigo Testamento, que ele era um pecador e necessitava de uma nova vida; e ele deve
ter conhecido os profetas, que prometeram que Deus haveria de remover os corações de carne e substituí-los por corações
prontos para fazer a vontade de Deus. Deus ressuscitaria os mortos, daria vista aos cegos e pregaria as boas-novas àqueles
que não podiam salvar-se a si mesmos.
A regeneração é o dom da graça de Deus; é a obra imediata, sobrenatural do Espírito Santo, realizada em nós. Seu efeito é
fazer com que nós, da morte espiritual, passemos à vida espiritual. Muda a disposição de nossa alma, inclinando nosso cora-
ção para Deus. Ofruto da regeneração é a fé. A regeneração antecede a fé.
As crianças podem nascer de novo, ainda que a fé, exercida por elas, não possa ser tão visível como a dos adultos. Para
muitos cristãos, o momento em que nasceram de novo é claramente conhecido; porém, para outros, não, especialmente se
receberam o novo nascimento na infância. Somos responsáveis por saber se somos espiritualmente renascidos, não porco-
nhecer a ocasião e o lugar em que nascemos de novo.

Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, dse alguém não lhe perguntou Nicodemos: hComo pode suceder isto? Acudiu
nascer 1 de novo, não pode ver o reino de Deus. 4 Pergun- Jesus: to Tu és mestre em Israel e não compreendes estas coi-
tou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo sas? 11 iEm verdade, em verdade te digo que nós dizemos o
velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer que sabemos e testificamos o que temos visto; contudo, inão
segunda vez? 5 Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te aceitais o nosso testemunho. 12 Se, tratando de coisas terre-
digo: e quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar nas, não me credes, como crereis, se vos falar das celestiais?
no reino de Deus. 6 O que é nascido da carne é f carne; e o 13 Ora, 1ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá des-
que é nascido do Espírito é espírito. 7 Não te admires de eu te ceu, a saber, o Filho do Homem 2 [que está no céu]. 14 mE do
dizer: importa-vos nascer de novo. 8 gO vento sopra onde modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim
quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para nimporta que o Filho do Homem seja levantado, 15 para que
onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito. 9 Então, todo o que nele ºcrê 3 Ptenha a vida eterna .

• 3d[We123] IQud;alto 5e[At238] 6f1Co1550 8eEc1L5 - 9hJ0652,60 11 i[Mt1127]iJo332;814 131Ef4.9


2Conteúdo dos colchetes conforme TR e M; NU omite 14 mNm 21.9 nJo 8.28; 12.34; 19.18 15 ºJo 6.47 PJo 3.36 3Cf. NU; TR e M
acrescentam não pereça, mas; NU omite
•3.3 não nascer de novo. Ver nota textual. A tradução "mas nascer de cima" fundo à reprovação que Jesus faz a Nicodemos lv. 1O): como "mestre em Israel'',
concorda bem com o debate das coisas "da terra" e "do céu", no v. 12, e com a ele deveria ter entendido.
discussão do subir e descer, no v. 13. Este é o sentido do advérbio grego em ou- •3.6-8 Esta passagem dá ênfase à prioridade e à soberania de Deus na obra da
tros lugares neste Evangelho llc 19.11,23). Nicodemos, aparentemente, enten- redenção, e isto não exclui a realidade da resposta humana através do arrependi-
deu que ele significava nascer "uma segunda vez" É possível que ambos os mento e da fé.
sentidos sejam pretendidos - um novo nascimento, que é um nascimento de •3.11 te digo... não aceitais o nosso testemunho. O"te" é singular (e se re-
cima. Ver nota teológica "Regeneração: O Novo Nascimento". fere a Nicodemos); o "vós" é plural lese refere a Nicodemos e àqueles que ele re-
•3.5 nascer da água e do Espírito. Alguns entendem que a "água" é a libera- presenta).
ção do fluido que acompanha o nascimento físico, mas considerações lingüísticas •3.13 o Filho do Homem. Ver nota em Mt 8.20.
apontam para o entendimento de que "água" e "Espírito" se referem a um único que está no céu. Poderia ser dito que Cristo, em sua natureza divina, continuava
nascimento espiritual. Muitos intérpretes entendem "água", aqui, como água do a habitar no céu, mesmo durante a sua vida na terra. Oponto é que ele tem auto-
batismo, mas uma tal referência - antes que o batismo cristão fosse instituído ridade para falar das coisas celestiais. Posteriormente, no Evangelho, a origem
- teria sido sem sentido para Nicodemos. Outros acham que é uma referência "celestial" de Jesus se torna a principal matéria de disputa 16.41-42)
ao batismo de João, mas Jesus, em parte alguma, faz do batismo de João uma •3.14 Moisés. Nm 21.4-9 registra a história dos Israelitas rebeldes que murmu-
exigência para a salvação. A afirmação se refere, provavelmente, a passagens do ravam e queixavam-se. Deus enviou serpentes abrasadoras para o meio deles,
Antigo Testamento nas quais "água" e "espírito" estão ligadas para expressar o para puni-los. Então Deus disse a Moisés para colocar uma serpente de bronze
derramamento do Espírito de Deus no fim dos tempos lls 32.15; 44.3; Ez numa haste com a promessa de que os que olhassem para ela viveriam.
36 25-27). A presença de uma imagem tão rica do Antigo Testamento serve de importa... seja levantado. Aqui está um termo chave neste Evangelho 18.28;
JOÃ03 1234
A missão do Filho ra da Judéia; ali permaneceu com eles z e batizava. 23 Ora,
16 qPorque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu João estava também batizando em Enom, perto de ªSalim,
o seu rFilho unigênito, para que todo o que nele crê não pere- porque havia ali muitas águas, be para lá concorria o povo
ça, mas tenha a vida eterna. 17 5 Porquanto Deus enviou o seu e era batizado. 24 Pois cJoão ainda não tinha sido encarce-
Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para rado.
que o mundo fosse salvo por ele. 18 10uem nele crê não é jul- 25 Ora, entre os discípulos de João e um judeu suscitou-se
gado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no uma contenda com respeito à purificação. 26 E foram ter com
nome do unigênito Filho de Deus. 19Q julgamento é este: João e lhe disseram: Mestre, aquele que estava contigo além
uque a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as tre- do Jordão, d do qual tens dado testemunho, está batizando, e
vas do que a luz; porque as suas obras eram más. 20 Pois todos e1he saem ao encontro. 27 Respondeu João: !O homem
vtodo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada.
para a luz, a fim de não serem argüidas as suas obras. 28Vós mesmos sois testemunhas de que vos disse: geu não
21 Quem pratica a verdade aproxima-se da luz, a fim de que sou o Cristo, mas hfui enviado como seu precursor. 29 iQ que
as suas obras sejam manifestas, porque Xfeitas em Deus. tem a noiva é o noivo; jo amigo do noivo que está presente e
o ouve muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta
Outro testemunho de João Batista alegria já se cumpriu em mim. 30 1Convém que ele cresça e
22 Depois disto, foi]esus com seus discípulos para a ter- que eu diminua.
a~~~~~~~~~~~
16qRm5.8f[ls9.6] J7Slc9.56 181Jo5.24;6.40,47;20.31 19U[Jo1.4,9-11] 20VEf5.11,13 2tx1Co15.10 22ZJo
4.1-2 23 a 1Sm 9.4 b Mt 3.5-6 24 e Mt 4.12; 14.3 26 d Jo 1.7, 15,27,34 e Me 2.2; 3.10; 5.24 27f1 Co 3.5-6; 4.7 28 g Jo
1.19-27 h MI 3.1 29 i[2Co 11 2] j Ct 5.1 30 1[Is 9. 7]
12.32,34). que traz um duplo sentido: o da crucificação e o da exaltação. A morte •3.22-36 Há três seções aqui: Nos vs. 22-24 somos informados de que Jesus e
de Cristo na cruz, sua ressurreição e sua glorificação, juntas revelam a glória de seus discípulos foram para a Judéia, onde João Batista estava; nos vs. 25-30, o
Deus. A palavra "importa" leva-nos a atentar para o soberano propósito de Deus. Batista afirma uma vez mais que todo o seu papel era o de preparar o caminho
A crucificação foi a chave do eterno plano de Deus para salvar o seu povo (At para Cristo; os vs. 31-36 parecem ser a continuação das palavras do Batista, ou
4.27-28). possivelmente, um comentário do autor do Evangelho.
•3.16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira. Alguns insistem na •3.24 João ainda não tinha sido encarcerado. Ver Mt 14.3-12; Me 6.17-29.
idéia de que Deus enviou Jesus com o propósito de conceder salvação a todos, •3.26 batizando. Ver "O Batismo", em Rm 6.3.
sem exceção, mas somente como uma possibilidade. Contudo, Jesus deixa bem
claro que a salvação daqueles que "o Pai me dá" - e somente destes - não é •3.27 O homem não pode receber. Deus é o Autor de tudo aquilo que recebe-
uma mera possibilidade, mas certeza absoluta. E "o que vem a mim" (6.37-40; mos (1 Co 47).
10.14-18; 17.19) "de modo nenhum o lançarei fora". A verdade expressa pela pa-
lavra "mundo" é que a obra salvífica de Cristo não é limitada a tempo e lugar, po-
rém aplica-se aos eleitos de todas as partes do mundo. Os que não recebem o t DECÁPOLIS
remédio que Deus providenciou em Cristo perecerão. Permanece como verdadei- -N-
ro que aquele que crê não morrerá (não será separado de Deus). mas viverá na
presença de Deus para sempre. Ver "Deus é Amor: Bondade e Fidelidade Divi-
1
nas", no SI 136.1.
.samaria
•3.17 não para que julgasse o mundo. Jesus, em outra parte, diz que o julga-
mento acompanha a sua vinda ao mundo (9.39) Seu ponto não é que ele não jul-
gará, mas que o tempo do juízo ainda não é chegado. O mundo esteve sempre .. ·-........;-···-.._,._
sob ameaça de juízo, antes que ele viesse, mas com a sua vinda, a salvação tor- SAMARIA
nou-se uma realidade oferecida a um mundo hostil (Mt 23.37; Rm 5.8).
•3.18 A descrença não é a única base para a condenação, mas constitui o clímax
da rebelião que resiste mesmo à graciosa oferta divina da salvação em Cristo. Je- .eetel
sus veio a um mundo que já está condenado por causa de sua rejeição da auto- Jericó
revelação de Deus (Rm 1.18-32). Jerusalém • Betanl;
•3.19 os homens amaram mais as trevas do que a luz. Jesus dá a razão
para a sua rejeição por parte do mundo: Ele é a luz que revela se a pessoa é justa
ou não.
•3.21 Quem pratica a verdade aproxima-se da luz. Jesus fala em "praticar"'
a verdade e isto significa que a verdade é matéria tanto de pensamento quanto de JUDÉIA
prática. Viver pela verdade contrasta-se com fazer o que é mau (v 20)

A região de João Batista \


Pouco se sabe a respeito da vida de João Batista até aparecer ? LôCalização incerta Masada•
pregando no deserto da Judéia. Éprovável que ele tenha tido algum
\~.··__,...-···'-···___/'
contato com os grupos essênios, tal como a comunidade de Oum-
ran. Ele batizava no rio Jordão, nas proximidades de Enom e Salim \ IDUM~.IA,
(Jo 3.23), bem como numa cidade chamada Betânia (Jo 1.28). A o 30mi
pregação de João contra Herodes Antipas resultou na sua prisão em
o 30km
Maquerunte.
1235 JOÃO 3, 4
O Filho em relação ao mundo sou mulher samaritana (porque os djudeus não se dão com os
3\ mouem vem das alturas certamente nestá acima de to- e samaritanos)? to Replicou-lhe Jesus: Se conheceras o /dom
dos; 0 quem vem da terra é terreno e fala da terra; P quem veio de Deus e quem é o que te pede: dá-me de beber, tu lhe pedi-
do céu está acima de todos 32 e testifica o q que tem visto e ou- rias, e ele te daria gágua viva. 11 Respondeu-lhe ela: Senhor,
vido; contudo, ninguém aceita o seu testemunho. 33 Quem, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens
todavia, lhe aceita o testemunho, por sua vez, 'certifica que a água viva? 12 És tu, porventura, maior do que Jacó, o nosso
Deus é verdadeiro. 34 5 Pois o enviado de Deus fala as palavras pai, que nos deu o poço, do qual ele mesmo bebeu, e, bem as-
dele, porque Deus não dá o Espírito tpor medida. 35 °0 Pai sim, seus filhos, e seu gado? 13 Afirmou-lhe Jesus: Quem be-
ama ao Filho, e todas as coisas tem confiado às suas mãos. ber desta água tornará a ter sede; 14 haquele, porém, que
36 Por isso, vquem crê no Filho tem a vida eterna; o que, toda- beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo con-
via, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas so- trário, a água que eu lhe der iserá nele uma fonte a jorrar para
bre ele permanece a xira de Deus. a vida eterna. 15 iDisse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa
água para que eu não mais tenha sede, nem precise vir aqui
A mulher de Samaria buscá-la. 16 Disse-lhe Jesus: Vai, chama teu marido e vem cá;
Quando, pois, o Senhor veio a saber que os fariseus ti- 11 ao que lhe respondeu a mulher: Não tenho marido. Re-
4 nham ouvido dizer que ele, Jesus, fazia e ªbatizava mais
discípulos que João (se bem que Jesus mesmo não batizava,
2
plicou-lhe Jesus: Bem disseste, não tenho marido; 18 porque
cinco maridos já tiveste, e esse que agora tens não é teu mari-
e sim os seus discípulos), 3 deixou a Judéia, retirando-se outra do; isto disseste com verdade.
vez para a Galiléia. 4 E era·lhe necessário atravessar a provín-
cia de Samaria. 5 Chegou, pois, a uma cidade samaritana, A verdadeira adoração
chamada Sicar, perto das terras que bJacó e dera a seu filho 19 Senhor, disse-lhe a mulher, 1vejo que tu és profeta.
José. 6 Estava ali a fonte de Jacó. Cansado da viagem, assen- 20 Nossos pais adoravam mneste monte; vós, entretanto, di·
tara-se Jesus junto à fonte, por volta da hora sexta. zeis que em nJerusalém é o lugar onde se deve adorar. 21 Disse-
7 Nisto, veio uma mulher samaritana tirar água. Disse-lhe lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, ºquando
Jesus: Dá-me de beber. 8 Pois seus discípulos tinham ido à ci- nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. 22 Vós
dade para comprar alimentos. 9 Então, lhe disse a mulher sa· adorais Po que não conheceis; nós adoramos o que conhece-

·-31
maritana: Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que mos, porque a qsalvação vem dos judeus. 23 Mas vem a hora

mJci31;; 8.23
316-17; 6.47XRm 1.18
n~t 2818~1Co 15~;P~o 6.33 ~-;-QJo3-11:-1~ 15 33 ;~~~ ~;~ SJ~ 1~ ~· -;~-
7 16 U[Hb ;8] 36 v.;~
CAPÍTULO 4 1 a Jo 3.22,26 5 bGn 3319 cGn 48.22 9 d At 10.28 e 2Rs 17.24; Mt 10.5-6; Lc 9.52; 10.33; 17.16; Jo 8.48 1Of[Rm
5 15] g1s 12.3; 44.3; Jr 2.13; Zc 13.1; 14.8; Jo 7.38 14 h [Jo 6.35,58] i Jo 7.37-38 15 j Jo 6.34-35; 17.2-3; [Rm 6.23; 1Jo 5.20] 19 IMt
21 11; Lc 7 16,39; 24.19; Jo 6.14; 7.40; 9.17 20 mGn 12.68; 33.18,20; Jz 9 7 n Dt 12.5, 11; 1Rs 9.3; 2Cr 7.12; SI 122.1-9 21 º[MI 1 111;
1Tm 2.8 22 P [2Rs 1728-41] q [Is 2.3; Lc 24.47; Rm 31; 9.4-5]
•3.31 Ouem vem das alturas. Jesus se distingue de todos os seres humanos, referindo-se à legislação que proíbe aos judeus comer ou beber com os samarita-
que são da terra lv. 13, nota). nos, que eram mais relaxados na sua maneira de entender o ritual da purificação.
•3.32 ninguém aceita o seu testemunho. João repete a idéia de 1.10-11, A surpresa não foi tanto pelo fato de Jesus estar falando com a samaritana. mas
idéia de que nem a sua própria nação nem o mundo em geral estavam prontos pelo fato de ele beber !água) de um recipiente samaritano.
para receber a Cristo. A barreira é o pecado e a cegueira que só Deus pode pene- •4.1 Oo dom de Deus. Esta expressão dá ênfase ao fato de que a salvação não
trar lv. 3; 1 5) é merecida, mas dada IEf 2.8). Opróprio Jesus é o dom de Deus 13.16; GI 2 20; Ef
•3.33 Quem ... aceita o testemunho. O mundo recusou a luz, porém João, 525)
imediatamente, menciona aqueles que estão vindo para a luz, especialmente água viva. No Antigo Testamento, água viva ou corrente era empregada figurati-
ele próprio como o primeiro expoente da verdade. A pregação de João é a cul- vamente como referência à atividade divina (Jr 2.13; Zc 14.8. Ver também v. 14;
minância do Antigo Testamento e o começo do Novo Testamento 11.15; Mt 7.37-39)
11.11)
•4.11 Como os judeus e Nicodemos antes dela, a mulher samaritana não com-
•3.34 Deus não dá o Espírito por medida. Estas palavras podiam certamente
preendeu os termos-chaves que Jesus usa (v. 15; 2.19-21; 33-10).
ser aplicados ao Espírito que dotou de poder o ministério terreno de Jesus (Lc
3.22; 4.1 ). Mas é também possível que esses versículos se refiram à plenitude do •4.13 tornará a ter sede. Jesus contrasta a satisfação transitória com a satis-
Espírito, que Jesus dá àqueles que o servem, e alguns estudiosos antigos e mo- fação eterna, ensinando que todos os prazeres terrenos, mesmo quando legíti-
dernos têm entendido o texto deste modo. Posteriormente, Jesus é o agente que mos, se desvanecem.
envia o Espírito (15.26). •4.14 Aqui, "eu lhe der" expressa a origem divina da bênção, "uma fonte a 1orrar"
•3.35 O Pai ama ao Filho. Ver 5.20. se refere à sua grande abundância; "para a vida eterna" significa duração sem
•4.1-42 Opano de fundo deste incidente é o profundo desprezo que os judeus e fim.
os samaritanos sentiam uns pelos outros lv. 9). Não é surpresa que os samarita- •4.18 cinco maridos já tiveste. Oconhecimento da vida anterior da mulher sa-
nos respondessem com inimizade aos judeus. Quando viajavam entre a Galiléia e maritana é idêntico ao conhecimento que Jesus revelou a respeito de Natanael
a Judéia, muitos judeus preferiam atravessavam o Jordão a passar por Samaria. 1148)
Jesus não seguiu esta prática llc 9.52) •4.20 Nossos pais adoravam neste monte. Algum tempo depois de o reino
•4.6 Cansado. Jesus sentiu fadiga e mesmo exaustão, por causa de sua nature- do Norte cair sob a Assíria 1721 a.C.), uma ruptura surgiu entre os judeus, em
za humana (Mt 8 24). Ver "A Humanidade de Jesus", em 2Jo 7. Jerusalém, e os israelitas que viviam em Samaria. Estes samaritanos, posterior-
hora sexta. Meio-dia. mente, construíram um templo no Monte Gerizim, que foi destruído em cerca
•4.9 os judeus não se dão com os samaritanos. Esta frase poderia ser tradu- de 130 a.C. Eles continuam a cultuar no Monte Gerizim, mesmo nos tempos
zida também como "os judeus não usam nada em comum com os samaritanos", modernos.
JOÃ04 1236
e já chegou, em que os verdadeiros adoradores 'adorarão o virtude do testemunho da mulher, que anunciara: Ele medis-
Pai em 5 espírito 1e em verdade; porque são estes que o Pai se tuó.o quante> tenho feito. 40 Vindo, pois, os samaritanos ter
procura para seus adoradores. 24 uoeus é espírito; e importa com Jesus, pediam-lhe que permanecesse com eles; e ficou ali
que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. dois dias. 41 Muitos outros creram nele, por causa da sua 1pa-
25 Eu sei, respondeu a mulher, que vhá de vir o Messias, cha- lavra, 42 e diziam à mulher: Já agora não é pelo que disseste
mado Cristo; quando ele vier, xnos anunciará todas as coisas. que nós cremos; mas porque mnós mesmos temos ouvido e
26 Disse-lhe Jesus: 'Eu o sou, eu que falo contigo. 27 Neste sabemos que este é verdadeiramente 1 o Salvador do mundo.
ponto, chegaram os seus discípulos e se admiraram de que es-
tivesse falando com uma mulher; todavia, nenhum lhe disse: Jesus volta à Galiléia
Que perguntas? Ou: Por que falas com ela? 28 Quanto à mu- 43 Passados dois dias, partiu dali para a Galiléia. 44 Porque
lher, deixou o seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles ho- o mesmo "Jesus testemunhou que um profeta não tem hon-
mens: 29Vinde comigo e vede um homem ªque me disse ras na sua própria terra. 45 Assim, quando chegou à Galiléia,
tudo quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo?! os galileus o receberam, porque ºviram todas as coisas que
30 Saíram, pois, da cidade e vieram ter com ele. ele fizera em Jerusalém, por ocasião da festa, Pà qual eles tam-
bém tinham comparecido.
A ceifa e os ceifeiros
31 Nesse ínterim, os discípulos lhe rogavam, dizendo: A cura do filho de um oficial do rei
Mestre, come! 32 Mas ele lhes disse: Uma comida tenho para 46 Dirigiu-se, de novo, a Caná da Galiléia, qonde da água
comer, que vós não conheceis. 33 Diziam, então, os discípulos fizera vinho. Ora, havia um oficial do rei, cujo filho estava do-
uns aos outros: Ter-lhe-ia, porventura, alguém trazido o que ente em Cafarnaum. 47 Tendo ouvido dizer que Jesus viera da
comer? 34 Disse-lhes Jesus: b A minha comida consiste em fa- Judéia para a Galiléia, foi ter com ele e lhe rogou que descesse
zer a vontade daquele que me enviou e crealizar a sua obra. para curar seu filho, que estava à morte. 48 Então, Jesus lhe
35 Não dizeis vós que ainda há quatro meses até dà ceifa? Eu, disse: 'Se, porventura, não virdes sinais e prodígios, de modo
porém, vos digo: erguei os olhos e vede os campos, epois já nenhum crereis. 49 Rogou-lhe o oficial: Senhor, desce, antes
branquejam para a ceifa. 3610 ceifeiro recebe desde já a re- que meu filho morra. sovai, disse-lhe Jesus; teu filho vive. O
compensa e entesoura o seu fruto para a vida eterna; e, des- homem creu na palavra de Jesus e partiu. 51 Já ele descia,
sarte, 8se alegram tanto o semeador como o ceifeiro. 37 Pois, quando os seus servos lhe vieram ao encontro, anunciando-
no caso, é verdadeiro o ditado: hLJm é o semeador, e outro é o lhe que o seu filho vivia. 52 Então, indagou deles a que hora o
ceifeiro. 38 Eu vos enviei para ceifar o que não semeastes; ;ou- seu filho se sentira melhor. Informaram: Ontem, à hora séti-
tros trabalharam, e VÓS entrastes no seu trabalho. ma a febre o deixou. 53 Com isto, reconheceu o pai ser aquela
precisamente a hora em que Jesus lhe dissera: Teu filho vive;
Muitos samaritanos crêem em jesus e creu ele e toda a sua casa. 54 Foi este o segundo sinal que fez
39 Muitos samaritanos daquela cidade creram nele, iem Jesus, depois de vir da Judéia para a Galiléia.
e~~~~
23 'Mt 18.20; [Hb 13.10-14] SFp 3.3 t[Jo 1.17] 24 u2co 3.17 25 VOt 18 15 XJo 4.29,39 26 zon 9.25; Mt 26.63-64; Me 14.61-62
29 a Jo 4.25 34 b SI 40.7-8; Hb 10.9 e Já 23.12; [Jo 6.38; 17.4; 19.30] 35 d Gn 8.22 e Mt 9.37; Lc 10.2 36 /Dn 12.3; Rm 6 22g1Ts
2.19 37h1Co3.5-9 38iJr44.4;[1Pe1.12] 39/Jo4.29 411Lc4.32;[Jo6.63] 42mJ017.8;1Jo4.141Cf.NU;TReM
acrescentam o Cristo; NU omite 44 n Mt 13.57; Me 6.4; Lc 4.24 45 o Jo 2.13,23; 3.2 PDt 16.16 46 q Jo 2.1, 11 48 r Jo 6.30; Rm
15.19; 1Co 122; 2Co 12.12; [2Ts 2 9]; Hb 2.4
•4.23 vem a hora e já chegou. Ver 6.25. Logo virá otempo em que as divisões cípulos têm uma responsabilidade diferente da sua. Eles colherão o que Jesus
entre judeus e samaritanos serão removidas lv. 21) e o culto do templo será subs- semeou. Afrase pode antecipar deliberadamente o que ocorre em 12.23-24.
tituído. Otempo "já chegou", porque Jesus está presente e começou a obra que •4.42 o Salvador do mundo. Eles reconheceram que Jesus era mais do que
conduz à presença do Espírito Santo na igreja 17.39; 20.22) um profeta (vs. 19,29,39); ele é o Salvador (1 Jo 4.14)
•4.24 importa que... o adorem em espírito e em verdade. O"verdadeiro" •4.44 um profeta não tem honras na sua própria terra. "Sua própria terra"
culto é contrastado com o culto regulado pelas disposições temporárias da lei. é, provavelmente, a Galiléia mais do que a Judéia lcf. v. 3). AGaliléia é considera-
especialmente a separação entre judeus e gentios e as exigências do culto no da como sendo olugar de origem de Jesus. neste Evangelho (1.46; Z.1; 7.42,52).
templo de Jerusalém. Os aspectos cerimonial e sacrificial da lei não eram falsos; Ainda que os galileus otenham recebido (v. 45). otexto indica que Jesus foi des-
eram temporários e provisórios. Oculto "em espírito" é o culto no Espírito Santo. prezado por eles. porque tinham necessidade de ver"sinais e prodígios", para crer
Ele continua a obra começada por Jesus (14.16-18; At 2.33). Marcas proeminen- (v. 48; ver Introdução: Dificuldades de Interpretação).
tes da era do Espírito são a remoção da barreira entre judeus e gentios e a capaci- •4.46 oficial do rei. Um oficial a serviço de Herodes Antipas, tetrarca da Galiléia
dade de os cristãos adorarem sem necessidade de templo de qualquer espécie. (cf. Mt 14.1-12; Lc 23.7).
•4.26 Eu o sou. Esta é uma ocasião antes do seu julgamento, quando Jesus é •4.50 teu filho vive. Esta foi uma expressão de poder para curar e não mera-
citado apresentando-se como o Messias. Talvez insinuações políticas associadas mente uma profecia de que ele se recuperaria.
a este titulo desaconselhassem Jesus a empregá-lo com mais freqüência (cf. •4.52 à hora sétima. Uma hora da tarde.
6.14-15). •4.54 segundo sinal. Embora Jesus tenha realizado muitos outros sinais 12.23),
•4.27 se admiraram. Aatitude dos discípulos reflete tanto o desprezo dos ju- este é o segundo que teve lugar em Caná da Galiléia lcf. 2.11). Arepetição, por
deus pelos samaritanos como ochauvinismo machista que considerava o ensinar três vezes, da expressão "teu filho vive" (vs. 50-51,53) mostra o propósito do si-
a uma mulher como perda de tempo. nal, que é revelar que Jesus tem poder para dar a vida. Correspondendo a esta re-
•4.30 Sairam. Otestemunho da mulher foi mais eficiente do que a visita dos petição está a progressão da fé no oficial (vs. 48,50,53). Este enfoque sobre a
doze apóstolos. vida através do poder da palavra de Jesus prepara o leitor para o discurso seguin-
•4.37 Um é o semeador, e outro é o ceifeiro. Jesus torna claro que seus dis- te sobre a vida através do Filho (5.19-30).
1237 JOÃO 5
A cura de um paralítico 1
ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente viola-
Passadas ªestas coisas, havia uma festa dos judeus, e Je- va o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai,
5 sus bsubiu para Jerusalém.
2 Ora, existe ali, e junto à Porta das Ovelhas, um tanque,
mfazendo-se igual a Deus.

chamado em hebraico 1 Betesda, o qual tem cinco pavilhões. Jesus explica a sua missão
3 Nestes, jazia uma multidão de enfermos, cegos, coxos, para- 19 Então, lhes falou Jesus: Em verdade, em verdade vos
líticos 4 2 [esperando que se movesse a água. Porquanto um digo que no Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somen-
anjo descia em certo tempo, agitando-a; e o primeiro que en- te aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o Fi-
trava no tanque, uma vez agitada a água, sarava de qualquer lho também semelhantemente o faz. 20 Porque ºo Pai ama ao
doença que tivesse]. 5 Estava ali um homem enfermo havia Filho, e Plhe mostra tudo o que faz, e maiores obras do que
trinta e oito anos. 6 Jesus, vendo-o deitado e sabendo que es· estas lhe mostrará, para que vos maravilheis. 21 Pois assim
tava assim há muito tempo, perguntou-lhe: Queres ser cura- como o Pai ressuscita e vivifica os mortos, q assim também o
do? 7 Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não tenho ninguém Filho vivifica aqueles a quem quer. 22 E o Pai a ninguém julga,
que me ponha no tanque, quando a água é agitada; pois, en- mas ao Filho rconfiou todo julgamento, 23 a fim de que todos
quanto eu vou, desce outro antes de mim. 8 Então, lhe disse honrem o Filho do modo por que honram o Pai. 5 Quem não
Jesus: d Levanta-te, toma o teu leito e anda. 9 Imediatamente, honra o Filho não honra o Pai que o enviou. 24 Em verdade,
o homem se viu curado e, tomando o leito, pôs-se a andar. E em verdade vos digo: 1quem ouve a minha palavra e crê na-
e aquele dia era sábado. to Por isso, disseram os judeus ao que quele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo,
fora curado: Hoje é sábado, e !não te é lícito carregar o leito. ªmas passou da morte para a vida. 25 Em verdade, em verda-
11 Ao que ele lhes respondeu: O mesmo que me curou medis· de vos digo que vem a hora e já chegou, em que vos mortos
se: Toma o teu leito e anda. 12 Perguntaram-lhe eles: Quem é o ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão.
homem que te disse: Toma o teu leito e anda? 13 Mas o que 26 Porque xassim como o Pai tem vida em si mesmo, também
fora g curado não sabia quem era; porque Jesus se havia retira- concedeu ao Filho ter zvida em si mesmo. 27 E lhe ªdeu auto-
do, por haver muita gente naquele lugar. 14 Mais tarde, Jesus ridade para julgar, bporque é o Filho do Homem. 28 Não vos
o encontrou no templo e lhe disse: Olha que já estás curado; maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se
hnão peques mais, para que não te suceda coisa pior. 15 O ho- acham nos túmulos e ouvirão a sua voz de sairão: 29 eos que
mem retirou-se e disse aos judeus que fora Jesus quem o ha- tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tive-
via curado. 16 E os judeus iperseguiam Jesus, 3 porque fazia rem praticado o mal, para a ressurreição do juízo.
estas coisas no sábado. 17 Mas ele lhes disse: iMeu Pai trabalha 30/Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma por que
até agora, e eu trabalho também. 18 Por isso, pois, os judeus ouço, julgo. O meu juízo é justo, porque gnão procuro a minha

· - CAPÍTULO 5 1 aLv 23.2; Dt 16.16 bJo 2.13 2 CNe 3.1,32; 12.39 1Cf. TR e M; NU Betzatá, Gr. Bethzatha 4 2Conteúdo dos colchetes
conforme TR e M; NU omite; texto correspondente ao final do v. 3 e todo o v. 4 no NTG 8 dLc 5.24 9 e Jo 9 14 1OIJr17.21-22 13 gLc
13.14; 22.51 14hJo 8.11 16 iJo 8.37; 10.393Cf NU; TR e M acrescentam e procuravam matá-lo, NU omite 17) [Jo 9.4; 17.41
181 Jo 7.1,19 m Jo 10.30 19 n Jo 5.30; 6.38; 8.28; 12.49; 14.10 20 o Mt 3.17 P [Mt 11.27] 21 q [Jo 11.25] 22 r [At 17.31]
23 s 1Jo 2.23 24 t Jo 3.16, 18; 6.47 u [1Jo 314] 25 V[CI 2.13] 26 xs136.9z1 Co 15.45 27 a [At 10.42; 17.31 J bDn 7.13 28 C(1Ts
415-17]dls2619 29eDn122 30/Jo5.19gMt26.39
•5.1 festa dos judeus. Provavelmente uma das festas de peregrinação que ele mesmo, porque está apenas fazendo aquilo que o Pai faz. Os judeus entende-
eram observadas em Jerusalém: dos Tabernáculos, Páscoa ou Pentecostes. ram o que Jesus disse e por isso o acusaram de fazer-se igual a Deus (v. 18).
•5.5 um homem enfermo. A doença exata não é especificada, mas o evento •5. 18 fazendo-se igual a Deus. Jesus se apresentava como aquele que tem
indica que a doença impedia-o de mover-se e andar. sobre o sábado a mesma autoridade que tem o Autor do sábado (Lc 6.5), que foi
dado não só no Sinai, mas na própria ordem da criação.
•5.8 toma o teu leito. A tradição judaica tinha interpretado a proibição do traba-
lho no sábado para proibir que se carregasse peso. Jeremias protestou contra o •5.19 o Filho nada pode fazer. Isto não expressa incapacidade pessoal, mas
carregar e descarregar no sábado (Jr 17 21-22). dá ênfase à completa unidade de propósito e ação na Trindade. Ver nota teológica
"A Humilde Obediência de Cristo"
•5.9 o homem se viu curado. Não se afirma que a fé em Jesus foi exigida do
homem, como ocorreu em muitos milagres de Jesus (Mt 9.22; 13.58; Me 6.5-6). •5.20 e maiores obras do que estas. Há uma obra maior do que a de curar um
Oenfoque aqui é sobre o poder de Jesus. doente. Esta obra, segundo o v. 21, é ressuscitar um morto.
•5.14 coisa pior. A "coisa pior" é deixada indefinida. A razão da admoestação •5.21 o Pai ressuscita ... os mortos. Uma clara afirmação daquilo que está ex-
não é, necessariamente, que o homem tivesse ficado doente por causa de algum presso menos claramente no Antigo Testamento. Jesus concorda com os fariseus
pecado específico. Alguns pecados podem levar Deus a juízos físicos e temporais contra os saduceus, que negam a ressurreição (Mt 22.23). Fazer os mortos res-
11Co11.28-32), mas a doença não está necessariamente relacionada com algum suscitarem só é possível a Deus, contudo Jesus reivindica esse poder para si
mesmo (v 25).
· pecado específico (9.3).
•5.23 honra. Aqui "honrar" é o santo temor a Deus despertado pelo conheci-
•5.17-47 Jesus debate com os judeus o seu relacionamento com o sábado e
mento do juízo vindouro (v 22). OFilho, não menos do que o Pai, é Um a quem to-
com Deus. Jesus não argumenta com seus oponentes a respeito de se eles en-
dos deverão prestar contas.
tendem a legislação do sábado corretamente. Seu interesse é saber se eles enten-
dem quem Jesus é. Jesus reivindica ser Deus, indicando algumas de suas •5.24 vida eterna. A salvação não é apenas um objeto de esperança para o fu-
prerrogativas divinas (vs. 17-30), e mostra a base de sua reivindicação (vs. turo, mas uma presente realidade para o crente; pois aquele que crê "passou da
31-47) morte para a vida" (cf 6.47).
•5.17 Meu Pai ... e eu trabalho também. Jesus não discute com os judeus se •5.26 vida em si mesmo. Ver "A Auto-Existência de Deus", no SI 90.2.
eles estão certos em criticar o paralítico. Ele nega que os judeus possam criticar a •5.29 ressurreição. Ver "Ressurreição e Glorificação", em 1Co 15.21.
JOÃO 5 1238 ------ ---------------
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A HUMILDE OBEDIÊNCIA DE CRISTO


Jo 5.19
Humildade, nas Escrituras, não significa passar por inútil e recusar posições de responsabilidade, mas conhecer e guardar
o lugar que Deus determinou para alguém. Ser humilde é uma questão de aceitar o plano de Deus, quer signifique ocupar um
lugar de alta posição de liderança (Moisés foi humilde como líder, Nm 12.3), quer signifique ocupar um lugar obscuro de ser-
vo. Quando Jesus disse que era "humilde de coração" (Mt 11.29), quis dizer que estava seguindo o plano do Pai para a sua
vida terrena.
As três Pessoas da Trindade são eternas e auto-existentes, tendo igualmente todos os aspectos e atributos da Divindade, e
atuam sempre juntas. Porém as Pessoas são distintas em seus mútuos relacionamentos. Algo do que isso significa é revelado
na humilde submissão de Cristo à vontade do Pai e, também, pelo modo como o Espírito Santo é enviado pelo Pai e o Filho
para confirmar a obra de salvação nos corações humanos.
A vontade do Pai para Cristo é, às vezes, chamada de aliança de redenção. Échamada de "aliança" porque é um acordo en-
tre duas partes. A Gonfissão de Westminster resume esse acordo (o propósito do Pai aceito pelo Filho) da seguinte maneira:
"Aprouve a Deus, em seu eterno propósito, escolher e ordenar o Senhor Jesus Cristo, seu Filho unigênito, para ser o
Mediador entre Deus e o homem, o Profeta, Sacerdote e Rei, o Cabeça e Salvador de sua Igreja, o Herdeiro de todas
as coisas e Juiz do mundo; e deu-lhe, desde toda a eternidade, um povo para ser a sua semente e para, no tempo
devido, ser por ele remido, chamado, justificado, santificado e glorificado" (Confissão de Westminster, Vlll.1 ).
Cristo cumpriu essa aliança através de dois estágios chamados de sua "humilhação" e sua "exaltação". Em sua humilha-
ção, ele deixou para trás a glória eterna que era sua, assumindo uma perfeita e completa natureza humana: corpo, alma e es-
pírito. Na sua Encarnação, ele teve uma vida de pobreza e sofrimento. Foi rejeitado pelo seu povo, para, finalmente, morrer a
vergonhosa morte de um criminoso comum (2Co 8.9; GI 3.13; Fp 2.6-8).
Em sua exaltação, Cristo ressurgiu dentre os mortos, ascendeu aos céus e reina como Rei sobre o mundo e a Igreja. Junto
com o Pai, ele enviou o Espírito Santo para completar a obra de redenção que realizou por nós.
A obediência redentóra de Cristo teve dois lados, chamados de "ativo" e "passivo". Em sua obediência ativa, Cristo cum-
priu os mandamentos positivos de Deus em favor do seu povo, servindo a Deus e fazendo o bem. Essa justiça positiva é asse-
gurada como um dom concedido aos crentes através da fé, garantindo para eles uma posição de justos diante de Deus. Em
sua obediência passiva, Cristo pagou a penalidade que os pecadores deviam a Deus. Fez isso sofrendo a morte de cruz. "Pas-
sivo" significa "permitir" ou "consentir", não ser inativo, neutro ou insensível. Jesus veio para fazer a vontade do Pai, não para
evitá-la, e seu coração estava inteiramente obediente a ela.

própria vontade, e sim a daquele que me enviou. 31 h Se eu tes- ouvido a sua voz, rnem visto a sua forma. 38 Também não ten-
tifico a respeito de mim mesmo, o meu testemunho não é des a sua palavra permanente em vós, porque não credes na-
4verdadeiro. 32 iüutro é o que testifica a meu respeito, e sei quele a quem ele enviou. 39 5 Examinais as Escrituras, porque
que é verdadeiro o testemunho que ele dá de mim. 33 Mandas- julgais ter nelas a vida eterna, e são 1elas mesmas que testifi-
tes mensageiros a João, ie ele deu testemunho da verdade. cam de mim. 40 "Contudo, não quereis vir a mim para terdes
34 Eu, porém, não aceito humano testemunho; digo-vos, entre- vida. 41 vEu não aceito glória que vem dos homens; 42 sei, en-
tanto, estas coisas para que sejais salvos. 35 Ele era a lâmpada tretanto, que não tendes em vós o amor de Deus. 43 Eu vim
que ardia e 1alumiava, e mvós quisestes, por algum tempo, ale- em nome de meu Pai, e não me recebeis; se outro vier em seu
grar-vos com a sua luz. 36 Mas n eu tenho maior testemunho próprio nome, certamente, o recebereis. 44 xcomo podeis crer,
do que o de João; porque ºas obras que o Pai me confiou para vós os que aceitais glória uns dos outros e, contudo, não pro-
que eu as realizasse, Pessas que eu faço testemunham a meu curais za glória que vem do Deus único? 45 Não penseis que
respeito de que o Pai me enviou. 37 O Pai, que me enviou, esse eu vos acusarei perante o Pai; ªquem vos acusa é Moisés, em
mesmo qé que tem dado testemunho de mim. Jamais tendes quem tendes firmado a vossa confiança. 46 Porque, se, de fato,

• 31 h Jo 8.14 4 válido como testemunho 32 i [Mt 3.17] 33 i [Jo 1.15, 19,27,32] 35 12Pe l _19 m Me 6.20 36 n 1Jo 5.9 o Jo 3.2;
10.25; 17.4 P Jo 9.16; 10.38 37 q Mt 3.17 r Jo 4.12 39 s Is 8.20; 34_16 t Lc 24_27 40 u [Jo 1.11; 3.19] 41 v 1Ts 2.6 44 x Jo
12.43Z [Rm 2.29] 45 a Rm 2. 12
•5.31-47 Jesus apresenta quatro tipos de testemunho que afirmam as suas rei- (10.25,38), ainda que nem toda obra maravilhosa seja um milagre neste sentido
vindicações: Otestemunho de João Batista, o das próprias obras de Jesus. o de (Êx 7.11-12; Mt 7.22-23; 24.24; Ap 13.13).
Deus Pai e o das Escrituras, especialmente Moisés. •5.37-38 sua voz... sua palavra. Estes termos se relerem, provavelmente, às
Escrituras, que são a "voz" e a "palavra" de Deus, mas que os descrentes não re-
•5.31 o meu testemunho não é verdadeiro. Otestemunho de Jesus não se-
ceberam.
ria falso, mesmo que ele talasse isoladamente_ Pela expressão "não é verdadeiro"
Jesus quer significar que esse testemunho não seria permitido no tribunal de •5.39 as Escrituras... testificam de mim. Jesus concorda que o Antigo Testa-
acordo com a lei Mosaica (Dt 17_6; 19.15; ver nota textual). mento conduz à vida eterna (cf. 2T m 3.15), revelando que esta vida está nele, o
Autor da vida eterna. A busca daqueles que se recusam a encontrar Cristo nas
•5.36 essas que eu faço. Este é o princípio reconhecido por Nicodemos (3.2). Escrituras é fútil, porque lhes falta a iluminação do Espírito Santo \2Co 3.6).
O poder dado por Deus para operar milagres é um sinal da aprovação divina •5.45 quem vos acusa. Moisés acusará aqueles que não crêem em Cristo, por-
1239 .JOÃO 5, 6
crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; bporquanto ele vam para vir com o intuito de arrebatá-lo para o proclamarem
escreveu a meu respeito. 47 Se, porém, e não credes nos seus 1rei, retirou-se novamente, sozinho, para o monte.

escritos, como crereis nas minhas palavras?


Jesus anda por sobre o mar
A multiplicação de pães e peixes 16 m Ao descambar o dia, os seus discípulos desceram para
Depois ªdestas coisas, atravessou Jesus o mar da Galiléia, o mar. 17 E, tomando um barco, passaram para o outro lado,
6 que é o de bTiberíades. 2 Seguia-o numerosa multidão,
porque tinham visto os sinais que ele fazia na cura dos e enfer-
rumo a Cafarnaum. Já se fazia escuro, e Jesus ainda não viera
ter com eles. 18 E o mar começava a empolar-se, agitado por
mos. 3 Então, subiu Jesus ao monte e assentou-se ali com os vento rijo que soprava. 19 Tendo navegado uns 2vinte e cinco
seus discípulos. 4 dQra, a Páscoa, festa dos judeus, estava pró- a trinta estádios, eis que viram Jesus andando por sobre o mar,
xima. 5 e Então, Jesus, erguendo os olhos e vendo que grande aproximando-se do barco; e ficaram possuídos de ntemor.
multidão vinha ter com ele, disse a !Filipe: Onde comprare- 20 Mas Jesus lhes disse: ºSou eu. Não temais! 21 Então, eles,
mos pães para lhes dar a comer? 6 Mas dizia isto para o expe- de bom grado, o receberam, e logo o barco chegou ao seu
rimentar; porque ele bem sabia o que estava para fazer. destino.
7 Respondeu-lhe Filipe: gNão lhes bastariam duzentos denári-
os de pão, para receber cada um o seu pedaço. 8 Um de seus Jesus, o pão da vida
discípulos, chamado h André, irmão de Simão Pedro, infor- 22 No dia seguinte, a multidão que ficara do outro lado do
mou a Jesus: 9 Está aí um rapaz que tem cinco pães de cevada mar notou que ali não havia senão 3 um pequeno barco 4 e
e dois peixinhos; imas isto que é para tanta gente? 10 Disse Je- que Jesus não embarcara nele com seus discípulos, tendo es-
sus: Fazei o povo assentar-se; pois havia naquele lugar muita tes partido sós. 23 Entretanto, outros barquinhos chegaram
relva. Assentaram-se, pois, os homens em número de quase de Tiberíades, perto do lugar onde comeram o pão, tendo o
cinco mil. li Então, Jesus tomou os pães e, tendo dado gra- Senhor dado graças. 24Quando, pois, viu a multidão que Je-
ças, distribuiu-os 1 entre eles; e também igualmente os peixes, sus não estava ali nem os seus discípulos, tomaram os barcos
quanto queriam. 12 E, quando já estavam fartos, disse Jesus e partiram para Cafarnaum Pà sua procura. 25 E, tendo-o en-
aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobraram, para contrado no outro lado do mar, lhe perguntaram: Mestre,
que nada se perca. 13 Assim, pois, o fizeram e encheram doze quando chegaste aqui? 26 Respondeu-lhes Jesus: Em verdade,
cestos de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobraram em verdade vos digo: vós me procurais, não porque vistes si-
aos que haviam comido. 14 Vendo, pois, os homens o sinal nais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes. 27 qTraba-
que Jesus fizera, disseram: Este é, verdadeiramente, lo profe- lhai, não pela comida que perece, mas rpela que subsiste para
ta que devia vir ao mundo. 15 Sabendo, pois, Jesus que esta- a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; 5 porque

• 46 bOt 1815.~18~4~7~C~16~2~9~.3~1~~~~~~~~~~~ ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~


CAPÍTULO 6 t a Me 6.32 b Jo 6.23; 21.1 2 e Mt 4.23; 8.16; 9.35; 14.36; 15.30; 19.2 4 dOt 16.1 5 e Mt 14.14/Jo 1.43 7 gNm
11.21-22 8 h Jo 1.40 9 i2Rs 4.43 11 1 TR e M acrescentam aos discípulos e os discípulos; NU omite; ARA interpreta entre eles 14 iGn
49.1 O 15 l[Jo 18.36] 16 m Mt 14.23 19 n Mt 17.6 2 Entre 5 a 6 km 20 oIs 43.1-2 22 3 Cf. NU; TR e M acrescentam aquele; NU
omite 4 Cf. NU; TR e M acrescentam no qual seus discípulos tinham embarcado os seus discípulos e; NU omite 24 P Lc 4.42 27 q Mt
6.19 r Jo 4.14 s At 2.22
que Moisés escreveu a respeito dele. Jesus não se refere a nenhum texto de uma comparação entre Jesus e Moisés, que subiu ao Monte Sinai (v. 14, nota).
Moisés (tais como Dt 18 15). mas àquilo que Moisés "escreveu" (v. 46). de ma- •6.5-15 A alimentação dos cinco mil. Jesus alimenta a multidão. como Moisés
neira geral. Isto é semelhante ao que Jesus disse, depois da ressurreição. aos fez no deserto (Nm 11).
discípulos a caminho de Emaús (Lc 24.27.44-46). bem como à pregação dos •6.5 para lhes dar a comer. Reminiscência de Nm 11.13. onde Moisés faz uma
apóstolos (At 3 18; 17.2-3; 18.28; 26.22-23; 28.23). pergunta semelhante.
•6.1-71 Este capítulo é o ponto crucial dos caps. 2-12. Revela a identidade de •6. 7 duzentos denários. Um denário correspondia ao pagamento de um dia de
Jesus como Aquele enviado do Pai (vs. 38.44.46.50-51,57); de maneira figurada. trabalho (Mt 20 2)
distingue entre a fé e a descrença através da ilustração do comer e do beber a •6.10 cinco mil. O número não incluía mulheres e crianças (Mt 14.21; cf. 2Rs
carne e o sangue de Jesus (vs. 53-58); narra a crescente rejeição, motivada pela 4.42-44)
descrença com que Jesus se defrontou (vs 41-42,60-66). Os sinais, neste capí- •6.14 o profeta. Isto é, profeta semelhante a Moisés (Dt 18.15).
tulo, recordam os correspondentes eventos salvíficos na história de Israel. Indi- •6.15 para o proclamarem rei. Oreinado do Messias devia ser espiritual e não
cam que Jesus cumpre a tipologia da Páscoa, do êxodo e da provisão de alimento político. Conquanto aceitasse o título de "Rei de Israel" (1.49). Jesus recusou a
no deserto. oferta de Satanás (Mt 4.8-9; Lc 4.5-6) e os esforços mal orientados do povo.
•6.1-4 Jesus deixa Jerusalém e vai para a margem oposta do mar da Galiléia, já •6.16-21 Este milagre é registrado em Mt 14.22-33 e em Me 6.47-51. Não deve
perto da Páscoa. Esta festa foi estabelecida em Êx 12.43-51 para come~orar o ser confundido com a tempestade acalmada, em Mt 8.23-27; Me 4.36-41 e Lc
modo como Deus "passou por cima" dos israelitas e matou os egípcios. Eprová- 8.22-25.
vel que as passagens do Antigo Testamento lidas durante a Páscoa, nos tempos •6.21 logo. Alguns entendem este episódio como sendo um milagre adicional;
de Jesus. incluíssem Gn 1-8; Êx 11-16 e Nm 6-14. Há fortes semelhanças outros entendem que. depois de Jesus entrar no barco, nenhuma outra dificulda-
entre estes textos e os comentários de Jesus. neste discurso. de foi encontrada.
•6.1 Tiberíades. É um outro nome do mar da Galiléia, dado em homenagem à •6.26 não porque vistes sinais. Ainda que tivessem visto o milagre da multipli-
cidade de Tibérias. construída por Herodes entre os anos 20-30 d.C. cação de pães e peixes, não o reconheceram como um sinal que identificasse Je-
•6.2 os sinais que ele fazia. João registra só uma cura na Galiléia, a do filho do sus como o Messias. Foi meramente como uma oportunidade de refeição para
oficial do rei (4.46-54). Jesus deve ter feito outros sinais miraculosos ali (cf. 21.25). eles.
•6.3 subiu Jesus ao monte. Este detalhe pode ter tido a intenção de sugerir •6.27 Jesus aponta para o significado espiritual do milagre. que é estabelecer o
JOÃ06 1240
Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo. 28 Dirigiram-se, lho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no úl-
pois, a ele, perguntando: Que faremos para realizar as obras timo dia.
de Deus? 29 Respondeu-lhes Jesus: 1A obra de Deus é esta:
que creiais naquele que por ele foi enviado. 30 Então, lhe dis· A murmuração dos judeus
seram eles: "Oue sinal fazes para que o vejamos e creiamos 41 Murmuravam, pois, dele os judeus, porque dissera: Eu
em ti? Quais são os teus feitos? 31 vNossos pais comeram o sou o pão que desceu do céu. 42 E diziam: nNão é este Jesus,
maná no deserto, como está escrito: o filho de José? Acaso, não lhe conhecemos o pai e a mãe?
xDeu-lhes a comer pão do céu. Como, pois, agora diz: Desci do céu? 43 Respondeu-lhes Je-
32 Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: sus: Não murmureis entre vós. 44 ºNinguém pode vir a mim
não foi Moisés quem vos deu o pão do céu; o verdadeiro pão se o Pai, que me enviou, não o Ptrouxer; e eu o ressuscitarei
do céu é 2 meu Pai quem vos dá. 33 Porque o pão de Deus é o no último dia. 45 Está escrito nos profetas:
que desce do céu e dá vida ao mundo. 34 ªEntão, lhe disse- qE serão todos ensinados por Deus.
ram: Senhor, dá-nos sempre desse pão. 35 Declarou-lhes, pois, rportanto, todo aquele que da parte do Pai 6 tem ouvido e
Jesus: bEu sou o pão da vida; co que vem a mim jamais terá aprendido, esse vem a mim. 46 5 Não que alguém tenha visto
fome; e o que crê em mim jamais terá d sede. 36 e porém eu já o Pai, 1salvo aquele que vem de Deus; este o tem visto. 47 Em
vos disse que, embora me tenhais visto, !não credes. 37 gTodo verdade, em verdade vos digo: "quem crê 7 em mim tem a
aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e h o que vem a vida eterna. 48 vEu sou o pão da vida. 49xVossos pais come-
mim, 5 de modo nenhum o lançarei fora. 38 Porque eu desci ram o maná no deserto e morreram. 50 2 Este é o pão que des-
do céu, inão para fazer a minha própria vontade, ie sim a ce do céu, para que todo o que dele comer não pereça. 51 Eu
vontade daquele que me enviou. 39 E a vontade de quem sou o pão vivo ªque desceu do céu; se alguém dele comer, vi-
me enviou é esta: 1que nenhum eu perca de todos os que me verá eternamente; e bo pão que eu darei pela vida do mundo
deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. 40 De é a minha carne.
fato, a vontade de meu Pai é mque todo homem que vir o Fi- 52 cDisputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como

.~ 29t[1Jo3.23] 30UMt12.38;161 31 VÊx16.15XÊx16.4,15;Ne9.15;Sl78.24 32ZJo3.13,16 34ªJo4.15 35 bJo6.48,58CJo


4.14; 7.37 dJs 55.1-2 36 e Jo 626,64; 1524/Jo 1026 37 g Jo 6.45 h 2Tm 2.19 5certamente não 38 iMt 26.39 I Jo 4.34 39 1Jo
10.28; 17.12; 18.9 40 m Jo 3.15-16; 4.14; 6.27,47,54 42 n Mt 13.55 44 o Ct 1.4 P [Fp 1.29; 2.12-13] 45 q Is 54 13 r Jo 6.37 ô M
ouve e tem aprendido 46 s Jo 1.18 t Mt 11.27 47 u [Jo 3.16, 18] 7NLJ omite em mim 48 v Jo 6.33,35 49 x Jo 6.31,58 50 z Jo
6.51,58 51ªJo3.13bHb10.5 52 CJo 7.43; 9.16; 10.19
selo de Deus como aprovação de seu ministério e identificá-lo como o Filho do raelitas no deserto, que murmuravam contra Moisés e Arão (Êx 16. 7; 17.3; Nm
Homem, o Messias prometido. 111)
•6.31 Eles esperavam que a vinda do Messias fosse marcada por um milagre tão que desceu do céu. A origem de Jesus estabelece sua identidade como Messi-
grande ou maior do que a dádiva do maná no deserto. as e Filho de Deus (vs 29,33,38; 1.1-2, 14, 18,45-46; 3.2, 13, 17,31; 5.36-38). Os
•6,32 o verdadeiro pão do céu. A palavra "verdadeiro" tem um sentido especi- que são confrontados com esta revelação devem responder, ou crendo ou rejei-
al. Jesus se refere ao que é eterno em contraste com o que é meramente repre- tando. Não há meio-termo.
sentativo. O pão que Deus providenciou através de Moisés (Êx 16, Nm 11) era •6.44 se o Pai, que me enviou, não o trouxer. Jesus ensina que ninguém
apenas material e temporal, e não espiritual e eterno. Ver nota em 4.24. pode responder positivamente à sua advertência ou ao seu convite sem a atua-
•6.33 o que desce do céu. Este é Jesus Cristo, cuja encarnação é descrita ção do Pai em guiar o indivíduo a Jesus. O coração é naturalmente duro e não
como "descida do céu" (vs. 38,41-42,50-51,58; 3.13,31; Ef 4.9-1 O) aceitará o convite de Deus, a menos que uma obra especial da graça de Deus
e dá vida ao mundo. Cristo provê vida eterna para aqueles que estão mortos em aconteça (v. 65). Ver "Vocação Eficaz e Conversão", em 2Ts 2.14.
delitos e pecados (Ef 21 ). Estes são escolhidos não somente dentre os judeus, •6.45 E serão todos ensinados por Deus. Em seu contexto original, Is 54.13 é
mas dentre os de todo o mundo. Jesus não ensina aqui a salvação universal, mas uma promessa de redenção final. Jesus, na próxima frase, indica que os que par-
a relevância e o apelo universais de sua obra salvadora (3.16, nota). ticipam desta redenção são os que vêm a ele, identificando-se, portanto, com
•6.34 dá-nos sempre desse pão, Eles entenderam mal as afirmações de Je- aquele em quem a redenção final se realiza.
sus, tornando-as em sentido puramente físico, como Nicodemos (3.4) e como a tem ouvido ... vem a mim. Todo aquele que deseja pode vir e vem porque
mulher samaritana (4.15) tinham feito. "aprenderam do Pai", que os traz (v. 44).
•6.35 Eu sou o pão da vida. Esta é a primeira das sete expressões "Eu sou", di- •6.51-58 Os ouvintes de Jesus continuam a entender mal suas afirmações, to-
tas nest~ Evangelho (8.12; 9.5; 10.7,9, 11, 14; 11.25; 14.6; 15.1,5). A expressão mando-as em sentido puramente físico (cf. v. 34). Entendido literalmente. aquilo
recorda Ex 3.14 e é uma implícita reivindicação de divindade (8.58-59 e notas) que Jesus disse seria altamente objetável, uma vez que envolveria ·canibalismo e
•6.37 Todo aquele que o Pai me dá, Deus conduz à fé todos aqueles que esco- uso de sangue, o que era severamente proibido pela lei (Gn 9.4; Lv 7.26-27;
lheu redimir. A redenção do eleito é certa. O Filho promete aceitar qualquer um 17.10-14; Dt 1223-24). Jesus emprega a linguagem do comer e do beber para ilus-
que crê verdadeiramente. trar a intimidade da união entre Cristo e o crente Esta união espiritual pela qual Cris-
•6.38 não para fazer a minha própria vontade. A vontade do Filho e a vonta- to infunde nova vida ao crente é retratada posteriormente, no Evangelho, como a
de do Pai concordam plenamente; não há competição ou desacordo. A submis- união entre a vinha e seus ramos (15.1-8). Esta união é, às vezes, chamada "união
são de Jesus ao Pai mostra esta harmonia. mística" e é um tema bastante repetido nas cartas de Paulo (GI 2.20; EI 1.3-14).
•6.39 que nenhum eu perca ... eu o ressuscitarei. A vontade do Pai não é Ainda que alguns vejam aqui uma referência à Ceia do Senhor, uma menção a
apenas o oferecimento de uma alerta, realizada pelo próprio Jesus em benefício este :Oacramento, neste ponto, teria sido incompreensível aos ouvintes de Jesus.
dos pecadores perdidos. Ele, finalmente, ressuscitará a todos os que o Pai lhe deu Esta passagem é melhor entendida como apontando para a realidade espiritual
e não deixará perder-se nem um só deles. Deus graciosamente os faz perseverar que a Ceia do Senhor também significa -a união com Cristo e todos os benelíci-
como verdadeiros crentes, assegurando sua salvação final. Ver "A Perseverança os da salvação recebidos através dele.
dos Santos", em Rm 8.30. •6.51 pão vivo. Ver nota no v. 32.
•6.41 Murmuravam, pois, dele os judeus. Esta atitude é semelhante à dos is- do mundo. Ver nota em 4.42.
1241 JOÃO 6, 7
-çiode este dar-nos a comer a sua própria carne? 53 Respon- Muitos discípulos se retiram
deu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: dse não co- 66 r À vista disso, muitos dos seus discípulos o 3 abando-
merdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu naram e já não andavam com ele. 67 Então, perguntou Jesus
sangue, não tendes vida em vós mesmos. 54 eouem comer a aos doze: Porventura, quereis também vós outros retirar-
minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o vos? 68 Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem ire-
ressuscitarei no último dia. 55 Pois a minha carne é 8 verdadeira mos? Tu tens 5 as palavras da vida eterna; 69 1e nós temos cri-
comida, e o meu sangue é 9 verdadeira bebida. 56 Quem co- do e conhecido que tu és o 4 Santo de Deus. 10 Replicou-
mer a minha carne e beber o meu sangue /permanece em lhes Jesus: ºNão vos escolhi eu em número de doze? Contu-
mim, e eu, nele. 57 Assim como o Pai, que vive, me enviou, e do, vum de vós é diabo. 71 Referia-se ele a xJudas, filho de Si-
igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de mim se ali- mão Iscariotes; porque era quem estava para ztraí-lo, sendo
menta por mim viverá. S8 gEste é o pão que desceu do céu, um dos doze.
em nada hsemelhante àquele que os vossos pais comeram e,
contudo, morreram; quem comer este pão viverá eternamen- A incredulidade dos irmãos de Jesus
te. 59 Estas coisas disse Jesus, quando ensinava na sinagoga
de Cafarnaum. 7 Passadas estas coisas, Jesus andava pela Galiléia, porque
não desejava percorrer a Judéia, ªvisto que os 1 judeus
procuravam matá-lo. 2 büra, a festa dos judeus, chamada de
Os discípulos escandalizados Festa dos Tabernáculos, estava próxima. 3 cDirigiram-se,
60 ;Muitos dos seus discípulos, tendo ouvido tais palavras, pois, a ele os seus irmãos e lhe disseram: Deixa este lugar e
disseram: 1 Duro é este discurso; quem o pode ouvir? 61 Mas vai para a Judéia, para que também os teus discípulos vejam
Jesus, sabendo por si mesmo que eles murmuravam a respei- as obras que fazes. 4 Porque ninguém há que procure ser co-
to de suas palavras, interpelou-os: Isto vos 2 escandaliza? nhecido em público e, contudo, realize os seus feitos em
62/Que será, pois, se virdes o Filho do Homem subir para o oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo. 5 Pois
lugar onde primeiro estava? 63 10 espírito é o que vivifica; a dnem mesmo os seus eirmãos criam nele. 6 Disse-lhes, pois,
mcarne para nada aproveita; as npalavras que eu vos tenho Jesus: O /meu tempo ainda não chegou, mas o vosso sempre
dito são espírito e são vida. 64 Contudo, ºhá descrentes entre está presente. 7 gNão pode o mundo odiar-vos, mas a mim
vós. Pois PJesus sabia, desde o princípio, quais eram os que me odeia, hporque eu dou testemunho a seu respeito de que
não criam e quem o havia de trair. 65 E prosseguiu: Por causa as suas obras são más. 8 Subi vós outros à festa; eu, 2 por en-
disto, qé que vos tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, quanto, não subo, iporque o meu tempo ainda não está cum-
pelo Pai, não lhe for concedido . prido. 9 Disse-lhes Jesus estas coisas e continuou na Galiléia.

• . 53 d Mt 26.26 5~ e Jo -4.14; 6.27,40 55 8 C;. NU; TR e Mutilizam advérbio verdadeiramente comida 9 Cf N-U; TR e Mutilizam advérbio
verdadeiramente bebida 56/[1Jo 3.24; 4.15-16] 58 g Jo 6.49-51 h Êx 16.14-35 60 i Jo 6.66 1 Difícil 61 2faz tropeçar 62/ At
1.9; 2.32-33 63 12Co 3.6 mJo 3.6 n [Jo 6.68; 14 24] 64 o Jo 6.36 PJo 2.24-25; 13.11 65 q Jo 6.37,44-45 66 rLc 9.62 3 Ou foram
embora, lit. foram para trás 68 sLc 5.20 69 ILc 920 4Cf. NU; TR e MCristo, oFilho do Deus vivente 70 °Lc 6.13V[Jo13.27] 71 xJo
12.4; 13.2,26 ZMt 26.14-16
CAPÍTULO 7 1 a Jo 5.18; 7.19,25; 8.37,40 1As autoridades regentes 2 b Lv 23.34 3 cMt 12.46 5 d SI 69.8 e Me 3.21 61Jo2.4;
8.20 7 g [Jo 15.19] h Jo 3.19 8 i Jo 8.20 2 NU omite por enquanto
•6.53 se não comerdes ... e não beberdes. Fora da união pessoal com o Sal- los, que permaneceram fiéis (como mostra a confissão de Pedro), aprofundaram
vador, não há salvação. Ver "A Ceia do Senhor", em 1Co 11.23. sua fé nele.
•6.60 Muitos dos seus discípulos. Estes discípulos se ofenderam com as pa- •6.67 quereis... retirar-vos. A pergunta de Jesus enseja a firme resposta de
lavras de Jesus, recusaram-se a ouvir a sua explicação e não quiseram aceitar a Pedro, que fala pelos Doze. Uma situação paralela é encontrada em Mt 16.13-20;
mensagem da salvação pela graça. Me 8.27-29; Lc 9.18-20.
•6.61,64,70 Três exemplos de conhecimento sobrenatural [cf. 2.24-25) • 7.2 Festa dos Tabernáculos. Era a festa mais longa do ano judaico (durava
•6.62 virdes o Filho do Homem subir. Do mesmo modo que "levantar" (3.14, sete dias) e seguia-se ao Ano Novo Judaico e ao Dia da Expiação (Yom Kippur, Lv
nota), "subir", aqui, provavelmente se refira aos eventos que se iniciam com o 23; Dt 16). Era uma celebração da graciosa provisão de Deus para os israelitas no
"ser levantado" na cruz, culminando na sua exaltação à mão direita do Pai. Se deserto, ao término da colheita do ano. Havia um cerimonial de água corrente
muitos de seus discípulos murmuravam diante de suas palavras nos vs. 53-58, (comemorando a provisão de água no deserto. Nm 20.2-13) e o ritual de acender
como reagiriam ao escândalo da crucificação? Ver "A Ascensão de Jesus", em Lc lâmpadas. Aprimeira destas cerimônias oferece base para a proclamação de Je-
24.51. sus nos vs. 37-38 e a segunda deu fundamento à sua afirmação em 8. 12.
para o lugar onde primeiro estava. Uma referência à preexistência da Palavra •7.3,5,10 seus irmãos. Cf. 2.12; Mt 12.46. Alguns dos irmãos posteriormente
viva [1.1-3). creram em Jesus [At 1.14)
•6.63 Oespírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita. Esta expres- •7.6 O meu tempo. Ver vs. 8,30; 2.4; 8.20; 12.23; 13.1, 17.1; Mt 26.18; Me
são torna claro que entender as palavras de Jesus em sentido meramente físico é 14.41 Tais passagens mostram a preocupação de Jesus em conformar-se ao
absolutamente errado. Notar a estreita cooperação entre o Pai (vs. 37-40. plano de Deus.
44-46,57,65), o Filho e o Espírito Santo lv. 63) mostrada nesta passagem. •7.7 o mundo. Ahumanidade em sua oposição a Deus e a seu propósito.
•6.65 ninguém poderá vir a mim, se. Éimpossível a qualquer pessoa ir a Cris- más. Os que praticam o mal se ressentem de serem desmascarados pelo bem
to sem a chamada eficaz de Deus. Aincapacidade moral do pecador para esco- (319-20).
lher Cristo precisa ser sobrepuiada pelo poder gracioso e soberano do Espírito •7 .8 eu, por enquanto, não subo. Jesus, na verdade, depois vai à festa.
(35-21). Seus irmãos pediram-lhe que se apresentasse abertamente às multidões. Je-
•6.66-71 Um ponto crucial neste Evangelho. Muitos de seus discípulos, juntos sus, no entanto. assevera que ainda não está pronto para manifestar-se publi-
com a multidão, rejeitaram a Cristo em sua descrença, enquanto os seus discípu- camente.
JoÃo7 1242
jesus na Festa dos Tabernáculos do, ao todo, um homem? 24 dNão julgueis segundo a aparên-
to Mas, depois que seus irmãos subiram para a festa, en- cia, e sim pela reta justiça.
tão, subiu ele também, não publicamente, mas em oculto.
li Ora, los judeus o procuravam na festa e perguntavam: Os guardas mandados para prenderJesus
Onde estará ele? 12 E 1havia grande murmuração a seu respei- 25 Diziam alguns de Jerusalém: Não é este aquele a quem
to entre as multidões. muns diziam: Ele é bom. E outros: procuram e matar? 26 Eis que ele fala abertamente, e nada lhe
Não, antes, engana o povo. 13 Entretanto, ninguém falava dizem. !Porventura, reconhecem verdadeiramente as autori-
dele abertamente, npor ter medo dos judeus. dades que este é, 4 de fato, o Cristo? 27 gNós, todavia, sabemos
donde este é; quando, porém, vier o Cristo, ninguém saberá
A contro11érsia entre Jesus e os judeus donde ele é. 28 Jesus, pois, enquanto ensinava no templo, cla-
14 Corria já em meio a festa, e Jesus subiu ao templo e ºen- mou, dizendo: hVós não somente me conheceis, mas também
sinava. 15 PEntão, os judeus se maravilhavam e diziam: sabeis donde eu sou; e inão vim porque eu, de mim mesmo, o
Como sabe este letras, sem ter estudado? 16 3 Respondeu-lhes quisesse, mas aquele que me enviou fé verdadeiro, 1aquele a
Jesus: qO meu ensino não é meu, e sim daquele que me envi- quem vós não conheceis. 29 mEu 5 o conheço, porque venho
ou. 17 rse alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a da parte dele e fui por ele enviado. 30 Então, nprocuravam
respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim prendê-lo; mas ºninguém lhe pôs a mão, porque ainda não era
mesmo. 18 5 Quem fala por si mesmo está procurando a sua chegada a sua hora. 31 E, contudo, Pmuitos de entre a multi-
própria glória; mas o que 1procura a glória de quem o enviou, dão creram nele e diziam: Quando vier o Cristo, fará, porven-
esse é verdadeiro, e unele não há injustiça. 19 vNão vos deu tura, maiores sinais do que este homem tem feito?
Moisés a lei? Contudo, ninguém dentre vós a observa. xpor 32 Os fariseus, ouvindo a multidão murmurar estas coisas
que procurais matar-me? 20 Respondeu a multidão: 2 Tens de- a respeito dele, juntamente com os principais sacerdotes en-
mônio. Quem é que procura matar-te? 21 Replicou-lhes Jesus: viaram guardas para o prenderem. 33 Disse-lhes 6 Jesus: q Ain-
Um só feito realizei, e todos vos admirais. 22 ªPelo motivo de da por um pouco de tempo estou convosco e depois rirei para
que Moisés vos deu a circuncisão (se bem que ela não vem junto daquele que me enviou. 34 5 Haveis de procurar-me e
dele, bmas dos patriarcas), no sábado circuncidais um ho- não me achareis; também aonde eu estou, vós 1não podeis ir.
mem. 23 E, se o homem pode ser circuncidado em dia de sá- 35 Disseram, pois, os judeus uns aos outros: Para onde irá este
bado, para que a lei de Moisés não seja violada, por que vos que não o possamos achar? Irá, porventura, para u a Dispersão
indignais contra mim, pelo fato de ceu ter curado, num sába- entre os gregos, com o fim de os ensinar? 36Que significa, de

·~-; /J~-~~6-~~ 1~~16; ~Lc~ 1019 13n[Jo922;12.42; 19.38] 14 ºMc~34 15P~t1;54 16 qJo;11 NUe _ _---
M acrescentam Assim, TR omite 17 r Jo 3.21, 8.43 18 s Jo 5.41 t Jo 8.50 u [2Co 5.21] 19 v Dt 33.4 x Mt 12.14 20 z Jo 8.48,52
3-CU~;
22ªLv 12.3 bGn 17.9-14 23 CJo 5.8-9,16 24 dPv24.23 25 eMt21.38; 26.4 26/Jo 7.48 4NU omite de fato 278Lc 4.22
28 h Jo 8.14 i Jo 5.43 f Rm 3.4 1Jo 1.18; 8.55 29 m Mt 11.27 5 Cf. NU e M; TR acrescenta Mas, NU e M omitem 30 n Me 11.18 o Jo
7.32,44; 8.20; 10.39 31 P Mt 12.23 33 q Jo 13.33 r [1 Pe 3.22] 6 NU e M omitem lhes 34 s Os 5.6 l[Mt 5.20] 35 u Tg 1.1
•7, 13 por ter medo dos judeus. Esta não é uma referência a todos aqueles que mas foi previamente instituída por Deus nos dias de Abraão (Gn 17 10-14) A
eram descendentes naturais de Abraão. Mais do que isso, o termo se refere aos regulamentação de que ela tinha de ser realizada no oitavo dia era comumente
líderes e oficiais que eram hostis a Jesus. considerada como tendo precedência à lei do descanso, no sábado.
•7 .15 sem ter estudado. Jesus não era conhecido por ter sido ensinado por al- • 7.23 curado, num sábado, ao todo. Jesus chama a atenção para a incon-
gum rabino, contudo seu conhecimento e sabedoria pasmavam aqueles que o sistência de seus acusadores. Havia um número de atividades permitidas no
ouviam (cf. 3.2; Mt 7.28; Lc 2.47) sábado, inclusive a circuncisão. Ele compara estas atividades com a obra de
•7.16 e sim daquele que me enviou. Jesus indica a fonte do seu ensino. Sua cura.
mensagem não se origina nele mesmo, mas vem de seu Pai. • 7.27 todavia, sabemos donde este é. Opovo sabia que Jesus era da Galiléia
•7.17 conhecerá. A verdadeira percepção da natureza do ensino divino de Cris- (vs 41,52) e isto parecia ir contra o ponto de vista prevalecente de que o Messias
to é assegurada àqueles que diligentemente anseiam fazer a vontade de Deus (SI viria de Belém (v. 42; Mt 2 5-6) ou que sua origem seria desconhecida. Jesus, em
2514) resposta, prefere apontar para a sua origem divina do que para uma localidade
•7.18 por si mesmo. Um contraste é estabelecido entre os mensageiros por si terrena. Ao falharem em reconhecer sua missão divina, o povo mostrou sua igno-
mesmos e Jesus, cujo princípio orientador é ser leal à sua missão (12.49). Ver rância do plano de Deus, apesar dos milagres, que eram prova da aprovação divi-
1.14, 17; 14.6; 18.37; 2Co 11.1 O; Ap 3.7, 14; 19.11 ~passagens onde Cristo e na (v. 31)
sua mensagem são identificados com a verdade. Isto também é dito a respeito de •7.30 Então, procuravam prendê-lo. Os complôs contra a vida de Cristo não
Deus Pai (7.28; 8.26; 17.3; SI 31.5; Is 65.16; Rm 3.4; 1Ts 1.9; 1Jo 5.20; Ap 6.1 O; podiam ser bem sucedidos, enquanto o tempo de Deus não chegasse.
15.3; 16.7) e do Santo Espírito (1417; 15.26; 1613; 1Jo 4.6; 5.6). O mesmo se
•7.34 Haveis de procurar-me e não me achareis. Isto não está em contradi-
aplica às Escrituras e à pregação apostólica (17.17; SI 119.30,43, 138, 142, 151,
ção com Mt 7. 7. Ali Jesus está falando a respeito de uma sede de conhecer a
160; Ef 1. 13; CI 1.5; 2Tm 2. 15; Tg 1 18) Este é um forte contraste com Satanás,
Deus (cf. v. 37), que só o Espírito Santo cria em alguém; mas, aqui, ele está se re-
que é "mentiroso" (8.44).
ferindo a um esforço por encontrá-lo geograficamente, um esforço que seria fútil,
•7 .19 Moisés a lei. A bênção de ter recebido a lei como a revelação da vontade uma vez que ele estaria no céu. Notar o contraste entre descrentes (v. 34) e cren-
de Deus (cf. SI 103.7; Rm 3.2; 9.4) torna-se uma ruína através da desobediência tes (14.3).
(Rm 7.7-12).
•7.35 Para onde irá este que não o possamos achar. Os judeus estavam
•7.20 tens demônio. Compare 8.48-52; 1019-20; Mt 12.24. perplexos quanto à origem de Cristo e. por isso. não podiam entender o seu desti-
•7.21 Um só feito realizei. Jesus se refere a um feito que ele realizou em sua no, que era o céu. Eles o entendiam em sentido meramente geográfico e não lhes
região, a cura de um paralítico (5.1-15). agradava o pensamento de que ele exerceria o seu ministério entre os gregos,
•7.22 circuncisão. A circuncisão foi preceituada na lei de Moisés (Lv 12.3), pagãos que eles desprezavam.
1243 JOÃO 7, 8
fato, o que ele diz: Haveis de procurar-me e não me achareis; a esta plebe que nada sabe da lei, é maldita. 50 Nicodemos,
também aonde eu estou, vós não podeis ir? um deles, 1que 1 antes fora ter com 2 Jesus, perguntou-lhes:
51 m Acaso, a nossa lei julga um homem, sem primeiro ouvi-lo
jesus, afonte da água ma e saber o que ele fez? 52 Responderam eles: Dar-se-á o caso de
37 vNo último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus que também tu és da Galiléia? Examina e verás que nda Gali-
e exclamou: xse alguém tem sede, venha a mim e beba. léia 3 não se levanta profeta. 53 4 [E cada um foi para sua casa.
38 zouem crer em mim, como diz a Escritura, ªdo seu interi-
or fluirão rios de água viva. 39 b!sto ele disse com respeito ao A mulher adúltera
Espírito que haviam de receber os 7 que nele cressem; pois o Jesus, entretanto, foi para o monte das Oliveiras. 2 1 De
8 Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus

não havia sido ainda e glorificado.


8 madrugada, voltou novamente para o templo, e todo o
povo ia ter com ele; e, assentado, os ªensinava. 3 Os escribas
40 Então, 9 os que dentre o povo tinham ouvido estas pa- e fariseus trouxeram à sua presença uma mulher surpreendi-
lavras diziam: Este é verdadeiramente do profeta; 41 outros da em adultério e, fazendo-a ficar de pé no meio de todos,
diziam: Ele é eo Cristo; outros, porém, perguntavam: Por- 4 disseram a Jesus: Mestre, 2 esta mulher foi apanhada em fla-
ventura, o Cristo virá da Galiléia? 42/Não diz a Escritura que grante badultério. 5 cE 3 na lei nos mandou Moisés 4que tais
o Cristo vem da descendência de Davi e da aldeia de Belém, mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes? 5 6 Isto dizi-
gdonde era Davi? 43 Assim, hhouve uma dissensão entre o am eles tentando-o, para dterem de que o acusar. Mas Jesus,
povo por causa dele; 44 ;alguns dentre eles queriam prendê- inclinando-se, escrevia na terra com o dedo. 6 7 Como insistis-
lo, mas ninguém lhe pôs as mãos. sem na pergunta, Jesus 7 se levantou e lhes disse: eAquele que
dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire
Os guardas 11oltam sem Jesus pedra. 8 E, tornando a inclinar-se, continuou a escrever no
45 Voltaram, pois, os guardas à presença dos principais sa- chão. 9 Mas, ouvindo eles esta resposta e lacusados 8 pela pró-
cerdotes e fariseus, e estes lhes perguntaram: Por que não o pria consciência, foram-se retirando um por um, a começar
trouxestes? 46 Responderam eles: iJamais alguém falou como pelos mais velhos até aos últimos, ficando só Jesus e a mulher
este homem. 47 Replicaram-lhes, pois, os fariseus: Será que no meio onde estava. lOfüguendo-se Jesus e 9não vendo a
também vós fostes enganados? 48 Porventura, creu nele al- ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde
guém dentre as autoridades ou algum dos fariseus? 49 Quanto estão aqueles 1 teus acusadores? Ninguém te condenou?
~~~~~~~~~~~~
~ 37 Vlv 23.36 X[ls 55.1] 38zot18.15•Is12.3; 43.20; 44.3; 55.1 39 bis 44.3CJo12.16; 13.31; 17.5 7Cf. NU;TA e Mquecrêemnele 8Cf.
NU; TA e M acrescentam Santo; NU omite 40 d Dt 18.15, 18 9 Cf. NU; TA e M muitos 41 e Jo 4.42; 6.69 42 /Mq 5.281 Sm 16.1 A
43 h Jo 7.12 44 iJo 7.30 46ilc 4.22 50 1Jo 3.1-2; 19.39 1 Cf. NU; TA e M de noite 2Ut. ele 51 mot 1.16-17; 19.15 52 n [Is
9.1-2] 3 Cf. NU; TA e M nenhum profeta surgiu 53 4 Os vs. 7.53-8.11 possivelmente não faziam parte do texto original. Encontram-se,
porél)1, em mais de 900 mss. de João ,
CAPITULO 8 2 aJo 8.20; 18.20 1M Muito cedo, de manhã 4 bEx 20.14 2 M apanhamos essa mulher 5 eLv 20.1 O3 M em nossa lei,
Moisés mandou 4Cf. TA; NU e M apedrejar tais mulheres 5M acrescenta quanto a ela 6 dMt 22.15 óCf. NU e M; TA acrescenta como senão
escutasse; NU e M omitem 7 e Dt 17.7 7M levantou o olhar 9 /Am 2.22 8 NU e M omitem acusados pela própria consciência 10 9 NU
omite não vendo a ninguém mais além da mulher 1 NU omite teus
• 7.37-38 No clímax da Festa, Jesus repetiu dramaticamente a mensagem que •7 .41-43 A disputa sobre a identidade de Jesus continua a questionar a sua ori-
pregara à mulher samaritana (4.10-14), tornando claro que ir a ele significava crer gem (cf. vs. 25-36 e notas). Oquestionamento do povo continua preso dentro dos
nele. limites deste mundo (3.1-15; 4.1-26).
•7.45-52 Oforte preconceito dos principais sacerdotes e fariseus se torna claro
•7 .38 como diz a Escritura. Oque se segue não é uma exata citação do Antigo
ao condenarem os guardas do templo (vs. 47-48), a multidão (v. 49), e mesmo Ni-
Testamento, mas há várias passagens do Antigo Testamento que vinculam a
codemos, que era um deles (v. 52).
água com o dom do Espírito nos últimos tempos (p. ex., Is 44.3; Ez 36.25-27) e as
bênçãos da presente era (messiânica), p. ex., Is 12.3; 58.11. Jesus cumpre o sig- •7.52 A Galiléia era desprezada pelo Sinédrio como uma região de raças mistas,
nificado da Festa dos Tabernáculos (v. 2, nota). onde a lei não era zelosamente observada.
•7 .53-8.11 Estes versículos não constam de alguns manuscritos gregos e, em
rios. Isto implica grande abundância, que beneficia não somente os crentes, mas outros, aparecem em lugares diferentes, tal como depois de 7.36 ou mesmo em
também aqueles que estão ao redor deles. Lucas.
•7 .39 o Espírito até aquele momento não fora dado. Jesus está se referindo •8.5 na lei. A punição que a lei preceitua para o adultério é a morte (Lv 20.1 O; Dt
à bênção do Pentecostes. Naturalmente, o Espírito Santo estava presente no pe- 22.22). Oapedrejamento não era especificado exceto num caso (Dt 22.24).
ríodo do Antigo Testamento, mas no Pentecostes ele entrou mais intimamente no •8.6 tentando-o. Se Jesus lhes dissesse que levassem adiante o apedrejamen-
relacionamento com os crentes (14.17; 1Co 6.19). Este é o dom do Messias ao to, violaria a lei romana pela qual os Romanos se reservavam para si mesmos a
seu povo: ele batiza com o Espírito (Mt 3.11; Me 1.8: Lc 3.16), mas esta bênção, execução da pena de morte em terras ocupadas (18.31 ). Se Jesus lhes dissesse
em sua plena medida e glória, deve esperar a ascensão de Cristo, que derramará que liberassem a mulher, daria a impressão de tolerar o adultério, e violaria a lei de
o Espírito do céu sobre o seu povo (16.7; cf. Ef 4.8). Moisés.
•7 .40 o profeta. Uma referência a Dt 18.15. Éinteressante observar o testemu- escrevia. Esta é a única passagem onde se diz que Jesus escreveu. Nada é dito
nho dos que estavam fora do grupo dos discípulos, que não eram cegados pelo a respeito do que ele escreveu.
preconceito. Eles entenderam que Jesus podia ser o "profeta" prometido por •8. 7 Odesafio de Jesus mostrou que os acusadores da mulher estavam desqua-
Moisés. Sabiam que seus milagres eram dignos do Messias que esperavam (v. lificados como juízes. O propósito deles não era fazer valer a lei de Moisés, mas
31 ). Alguns o chamaram de "o Cristo" (v. 41) e testificaram que nenhum homem armar uma cilada para Jesus, e usaram esta mulher como um joguete para con-
jamais falou como ele (v. 46). seguir seu ímpio desígnio.
JOÃ08 1244
11Respondeu ela: Ninguém, Senhor! Então, lhe disse Jesus: onde eu vou vós não podeis ir. 22 Então, diziam os judeus:
gNem eu tampouco te condeno; vai 2 e hnão peques mais.] Terá ele, acaso, a intenção de suicidar-se? Porque diz: Para
onde eu vou vós não podeis ir. 23 E prosseguiu: bVós sois cá
Jesus, a luz do mundo de baixo, eu sou Já de cima; cvós sois deste mundo, eu deste
12 De novo, lhes falava Jesus, dizendo: ;Eu sou a luz do mundo não sou. 24 dPor isso, eu vos disse que morrereis nos
mundo; quem me isegue não andará nas trevas; pelo contrá- vossos pecados; eporque, se não crerdes que Eu Sou, morre-
rio, terá a luz da vida. 13 Então, lhe objetaram os fariseus: 1Tu reis nos vossos pecados. 25 Então, lhe perguntaram: Quem és
dás testemunho de ti mesmo; logo, o teu testemunho não é tu? Respondeu-lhes Jesus: Que é que !desde o princípio vos
3 verdadeiro. 14 Respondeu Jesus e disse-lhes: Posto que eu tes- tenho dito? 26 Muitas coisas tenho para dizer a vosso respeito
tifico de mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro, porque e vos julgar; porém gaquele que me enviou é verdadeiro, de
sei donde vim e para onde vou; mas mvós não sabeis donde ve- modo que has coisas que dele tenho ouvido, essas digo ao
nho, nem para onde vou. 15 nvós julgais segundo a carne, ºeu mundo. 27 Eles, porém, não atinaram que lhes falava do Pai.
a ninguém julgo. 16 Se eu julgo, o meu juízo é verdadeiro, por- 28 Disse-lhes, pois, Jesus: Quando iJevantardes 4 o Filho do
que Pnão sou eu só, porém eu e aquele que me enviou. Homem, ientão, sabereis que Eu Sou e 1que nada faço por
17 qTambém na vossa lei está escrito que o testemunho de mim mesmo; mas mfalo como o Pai me ensinou. 29 E naquele
duas pessoas é verdadeiro. 18 Eu testifico de mim mesmo, e ro que me enviou está comigo, ºnão me deixou só, Pporque eu
Pai, que me enviou, também testifica de mim. 19 Então, eles faço sempre o que lhe agrada. 30 Ditas estas coisas, qmuitos
lhe perguntaram: Onde está teu Pai? Respondeu Jesus: 5 Não creram nele.
me conheceis a mim nem a meu Pai; 1se conhecêsseis a mim, 31 Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se
também conheceríeis a meu Pai. 20 Proferiu ele estas palavras vós rpermanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente
no u1ugar do gazofilácio, quando ensinava no templo; e vnin- meus discípulos; 32 e conhecereis a 5 Verdade, e 1a verdade
guém o prendeu, porque xnão era ainda chegada a sua hora. vos libertará. 33 Responderam-lhe: usamos descendência de
Abraão e jamais fomos escravos de alguém; como dizes tu:
Jesus defende a sua missão e autoridade Sereis livres? 34 Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade
21 De outra feita, lhes falou, dizendo: Vou retirar-me, e vos digo: vtodo o que comete pecado é escravo do pecado.
zvós me procurareis, mas ªperecereis no vosso pecado; para 35 xo escravo não fica sempre na casa; o filho, sim, para
e~
11g[Jo317] h [Jo 514] 2 NU e M acrescentam de agora em diante 12; Jo 1.4; 9.5; 12_35j 1Ts 5.5 13 1Jo 5.31 3 válido como
testemunha 14mJ07.28;9.29 1snJ07.24º[Jo3.17;12.47;18.36] 16PJo16.32 17qDt17.6;1915 18rJo5.37 19SJo
16JIJo14.7 2ouMc12.41,43VJo2.4;7.30XJo7.8 21ZJo7.34;13.33ªJo8.24 23bJo3.31CJJo4.5 24dJo8.21e[Mc
16.16] 25 f Jo 4.26 26 g Jo 7.28 h Jo 3.32; 15.15 28 ; Jo 3.14; 12.32; 19.18 j[Rm 1.4] 1Jo 5.19,30 m Jo 3.11 4crucificardes 29 n Jo
14 10 o Jo 8.16; 16.32 P Jo 4.34; 5.30; 6.38 30 q Jo 731; 10.42; 11.45 31 r [Jo 14.15,23] 32 s [Jo 1.14, 17; 14.6] l[Rm 614,18,22]
33 u[Mt3.9] 34 V2Pe2.19 35XG14.30
•8.11 condeno. Este é um termo legal que se refere à sentença de um tribunal. perecereis no vosso pecado. Jesus afirma claramente dois destinos da huma-
Jesus indica que nenhum procedimento legal foi observado e. portanto, não há nidade. Nem todos serão salvos; alguns não podem ir aonde Jesus está indo. O
base para a pena capital proposta. Jesus admoestou a mulher para que não pe- único caminho da salvação é crer lv. 24; 3.16, 18).
casse mais. •8.24,28 Eu Sou. Aqui Jesus aplica a si mesmo a linguagem do Antigo Testa-
•8.12 Eu sou a luz do mundo. Nos tempos de Jesus, os candeeiros eram usa- mento que trata de Javé IÊx 3.14; Is 43.1 O), uma identificação que se torna clara
dos como parte da celebração da Festa dos Tabernáculos. Durante esta Festa, a no v. 58.
rocha da qual jorrou água no deserto e a coluna de fogo que propiciava luz e servia
de guia eram lembradas (Êx 1321 ). A rocha apontava para Jesus (1Co10.4) e ele •8.28 levantardes. Ver nota em 3.14.
também é a luz que a coluna de fogo prefigurava, como um tipo. Visto que Deus é •8.30 muitos creram nele. Daquilo que disseram posteriormente lvs.
luz (1 Jo 1.5). as palavras de Jesus redundam em reivindicação de divindade. Ou- 33,37,39) infere-se que sua profissão de fé era superficial. Os verdadeiros cren-
tra vez o "Eu sou" relembra Êx 3.14 (6.35, nota). tes são aqueles que permanecem em sua palavra (v. 31). A perseverança dis-
•8.13 o teu testemunho não é verdadeiro. Ver nota textual. Esse debate, que tingue aqueles que verdadeiramente são nascidos de Deus 115.2,6; 1Jo 2.19).
continua no v. 19, dá ênfase à questão do testemunho válido. Os fariseus dizem •8.32 e conhecereis a verdade. Sustentar o ensino de Cristo - que é a ver-
que o testemunho de Jesus não era legalmente aceitável, porque lhe falta corro- dade (14.6) - conduz à verdade que torna urna pessoa livre da escravidão do
boração (Dt 17.6; 19.15) pecado. A salvação não é obtida por meio de conhecimento intelectual, como
•8.14 sei donde vim. Uma vez que Jesus sabe de onde veio (do céu), ele sabe imaginavam os gnósticos, mas por meio de um relacionamento vital com Jesus
que o seu testemunho é válido e verdadeiro. A origem de Jesus é outra vez o pon- Cristo e do compromisso com a verdade que ele revelou (18.37).
to de conflito (7.41-43,52 e notas) •8.33 e jamais fomos escravos. Os judeus tinham sido escravos no Egito e,
•8.16 porque não sou eu só. Desde que o Pai é sua testemunha, o testemunho posteriormente, foram governados pelos filisteus, pelos assírios e outros. Uma
de Cristo é legalmente aceitável. Em qualquer caso, aquele que tem o testemu- vez que dificilmente podiam negar isto, eles, provavelmente, estariam dizendo
nho de Deus não precisa de mais nada. que tinham sido uma nação governada por Deus desde o êxodo, não importando
•8.19 Os fariseus entenderam mal a reivindicação de Jesus, pois a entenderam o que lhes tivesse acontecido. Épossível também que eles estivessem falando a
corno uma referência a seu pai físico ou natural, e podiam estar ansiosos para respeito do tempo dos romanos, quando gozavam de certas liberdades, inclusive
desafiá-lo como um filho alegadamente ilegítimo. Ao falar de seu Pai, contudo, do reconhecimento oficial de sua religião.
Jesus não está falando a respeito de José, mas a respeito de Deus. O conheci- •8.34 todo o que comete pecado é escravo do pecado. Jesus descreve a
mento do Pai vem através do Filho (1. 18; 14.9; 1Jo 5.20). A cegueira dos fariseus gravidade do pecado e a situação dilícil da humanidade sob o \)ecado. Seus ou-
quanto a Jesus mostra que o conhecimento técnico que eles tinham da lei não vintes não entenderam a liberdade que ele lhes ofereceu, assim como não enten-
lhes deu o conhecimento de Deus. diam a escravidão sob a qual viviam. Ver "Liberdade e Escravidão da Vontade",
•8.21 Vou retirar-me. Jesus fala de sua morte, ressurreição e ascensão. em Jr 17.9.
1245 JOÃ08
sempre. 3ó zse, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente se- eu digo a verdade, não me credes. 46 Quem dentre vós me
reis livres. 37 Bem sei que sois descendência de Abraão; con- convence de pecado? Se vos digo a verdade, por que razão não
tudo, ªprocurais matar-me, porque a minha palavra não está me credes? 47 qQuem é de Deus ouve as palavras de Deus; por
em vós. 38 bEu falo das coisas que vi junto de meu Pai; vós, isso, não me dais ouvidos, porque não sois de Deus.
porém, fazeis o que 5 vistes em vosso pai. 48 Responderam, pois, os judeus e lhe disseram: Porventu-
39 Então, lhe responderam: e Nosso pai é Abraão. Disse-lhes ra, não temos razão em dizer que és samaritano e rtens demô-
Jesus: dSe sois filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão. nio? 49 Replicou Jesus: Eu não tenho demônio; pelo contrário,
40 e Mas agora procurais matar-me, a mim que vos tenho falado honro a meu Pai, e 5vós me desonrais. so 1Eu não procuro a mi-
a verdade !que ouvi de Deus; assim não procedeu Abraão. nha própria glória; há quem a busque e julgue. 51 Em verdade,
41 Vós fazeis as obras de vosso pai. Disseram-lhe eles: Nós não em verdade vos digo: "se alguém guardar a minha palavra, não
somos bastardos; gtemos um pai, que é Deus. 42 Replicou-lhes verá a morte, eternamente. 52 Disseram-lhe os judeus: Agora,
Jesus: hSe Deus fosse, de fato, vosso pai, certamente, me havíeis estamos certos de que vtens demônio. x Abraão morreu, e tam-
de amar; porque ieu vim de Deus e aqui estou; pois inão vim bém os profetas, e tu dizes: Se alguém guardar a minha pala-
de mim mesmo, mas ele me enviou. 43 1Qual a razão por que vra, não provará a morte, eternamente. 53 És maior do que
não compreendeis a minha linguagem? É porque sois incapa- Abraão, o nosso pai, que morreu? Também os profetas morre-
zes de ouvir a minha palavra. 44 mvós sois do diabo, que é vos- ram. zouem, pois, te fazes ser? 54 Respondeu Jesus: ªSe eu me
so pai, e quereis nsatisfazer-lhe os ºdesejos. Ele foi homicida glorifico a mim mesmo, a minha glória nada é; bquem me glo-
desde o princípio e jamais Pse firmou na verdade, porque nele rifica é meu Pai, o qual vós dizeis que é 6 vosso Deus. 55 Entre-
não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é tanto, cvós não o tendes conhecido; eu, porém, o conheço. Se
próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. 45 Mas, porque eu disser que não o conheço, serei como vós: mentiroso; mas

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36 ZGI 5.1 37 •Jo 7.19 38 b[Jo 3.32; 5.19,30; 14.10,24] 5NU ouvistes de 39 cMt 3.9 d[Rm 2.28] 40 eJo 8.37 /Jo 8.26 41 g1s
63.16 42h1Jo 5.1 i Jo 16.27; 17.8,25 iGI 4.4 43 i[Jo 717] 44 m Mt 13.38 n [1Jo 3.8-10,15] o 1Jo 2.16-17 P [Jd 6] 4H 1Jo 4.6
48 r Jo 7.20; 10.20 49 sJo 5.41 50 tJo 5.41; 7.18 51uJo5.24; 11.26 52 vJo 7.20; 10.20xzc1.5 53ZJo10.33; 19.7 54 ªJo
5.31-32 bAt 3.13 ó NU e M nosso 55 eJo 7.28-29
•8.36 Sa ... o Filho vos libartar. A regeneração lo novo nascimento) éa obra do brenatural da graça pode redirecionar a vontade de uma pessoa e levá-la a
Espírito Santo 13.3-8). realizada com base na morte e ressurreição de Cristo em desejar o bem.
nosso favor 13.14-16). Ele foi homicida ... nela não há verdada. Entre todos os pecados que poderi-
vardadairamanta sarais livras. Jesus não está falando de liberdade política, am ser mencionados como características de Satanás, o assassinato e a mentira
nem meramente de uma liberdade que nos torna livres de uma escravidão física. são destacados: a mentira porque é diretamente oposta à verdade, que é a ênfa-
A verdadeira liberdade consiste em servir a Deus e cumprir os propósitos dos que se central desta seção lvs. 32-47); o assassinato, porque eles desejam matar a
foram especialmente criados à imagem de Deus. D pecado priva-nos desta reali- Jesus lv. 40). Satanás contrasta-se vivamente com Jesus, que é a "verdade e a
zação porque perturba nossas mentes. degrada nossos sentimentos e escraviza vida" 114.6) e o doador da vida (10.10,28).
nossa vontade. E isto que os Reformadores chamaram de "depravação total", e •8.46 Quem dentre vós me convence de pecado. Ninguém pode convencer
seu único remédio é a graça de Deus através do novo nascimento espiritual 13.3). Jesus de pecado ou provar qualquer acusação contra ele. Jesus está livre de todo
Ver "A Liberdade Cristã", em GI 5.1. pecado 12Co 5.21 ), "santo. inculpável. sem mácula, separado dos pecadores"
•8.37 dascandincia da Abraão. Deus está interessado mais em descendên- (Hb 7.26). fazendo sempre aquilo que agrada ao Pai (v. 29).
cia espiritual do que em linhagem física. Não importa quão bons tenham sido os •8.47 não me dais ouvidos. Opecado paralisa nossos sentidos espirituais. Só
antepassados de uma pessoa, se ela está trilhando o caminho da desobediência um ato da graça capacita o pecador a ouvir a voz de Deus (cf. v. 43; 10.3-4, 16,27).
IEz 18). Do mesmo modo, não importa quão maus tenham sido os antepassados •8.48 és samaritano. Um termo insultuoso, provavelmente implicando que Je-
de uma pessoa, se ela é renovada pelo Espírito de Deus e anda no caminho da fé. sus era nascido fora do relacionamento do casamento lv. 41, nota).
•8.40 assim não procadau Abraão. Abraão foi obediente à orientação de e tens demônio. Quando encurralados pela verdade, os inimigos de Jesus se
Deus, mesmo quando isto foi doloroso para ele. Os ouvintes de Jesus reivindica- voltam para a blasfêmia IMt 12.24,31 ).
ram ser descendentes de Abraão, mas Jesus lhes mostra que eles não são se- •8.49 Eu não tenho demônio. A conduta de Jesus em honrar ao Pai e não bus-
melhantes ao seu antepassado na matéria essencial de obediência. Overdadeiro car a própria glória é oposta àquilo que uma pessoa endemoninhada faria. Jesus
filho não se define em termos biológicos, mas em termos de obediência. não tem medo de entregar o assunto ao juízo de Deus (cf. 17.4).
•8.41 não somos bastardos. Esta pode ter sido uma sugestão sarcástica de •8.51 se alguém guardar a minha palavra, não verá a morte. A morte,
que Jesus seria filho ilegítimo. como separação eterna da comunhão com Deus, é a punição judicial do pecado
(Rm 6.23). Uma vez que Jesus morreu como substituto de seu povo. os que per-
pai ... Daus. Os judeus raramente se dirigiam a Deus como "Pai". A paternidade tencem a ele estão livres da penalidade do pecado, porque Cristo pagou a penali-
de Deus é uma característica dominante do ensino de Cristo. Deus é Pai dos que dade por eles.
são salvos e recebidos na sua casa por adoção. Deus é o Pai do Filho num sentido
aternamenta. Ao estender a promessa para além desta vida, Jesus reivindica
incomparável 11.14, nota; 3.16; 20.17).
uma prerrogativa divina. Os judeus entenderam a afirmação como uma promessa
•8.42 cartamanta, ma havíeis da amar. A unidade entre o Pai e o Filho é tão de que a morte física seria evitada (v. 52). Afirmações anteriores tornam claro o
profunda que ninguém pode pertencer ao Pai e rejeitar o Filho. Outra vez a origem que Jesus quis dizer 15.24-29).
de Jesus é uma questão de contenda 17.41-43, nota). •8.53 És maior do qua Abraão, o nosso pai. Abraão e os profetas, grandes
•8.44 Vós sois do diabo, qua é vosso pai. A relação entre a verdade e a justi- como foram na história da redenção, não puderam vencer a morte. Só Cristo tri-
ça tem sido proeminente neste Evangelho. Opovo arna as trevas lo erro) rnais do unfou sobre a sepultura.
que a luz la verdade). porque suas obras são más 13.1 O). Um espantoso contraste •8.54 minha glória. Nos dias de seu ministério terreno, Jesus não buscou glória
aparece aqui; existem sarnente duas opções: Deus ou Satanás. Pela graça de ou honra. ainda que a glória pertencesse a ele como Filho de Deus. A glória de
Deus. Abraão andou nos caminhos da fé lvs. 39-41) e da obediência. Os que rejei- Cristo era visível àqueles que tinham olhos para ver 11.14). Essa glória apareceu
taram a Jesus estavam fazendo o oposto. na sua ressurreição e ascensão (1Tm 3.16) e será vista plenamente na sua se-
e quereis. Os pecadores desejam fazer aquilo que é mau. Somente um ato so- gunda vinda.
JOÃO 8, 9 1246
eu o conheço e d guardo a sua palavra. 56 Abraão, vosso pai, homem chamado Jesus fez lodo, untou-me os olhos e disse-
e alegrou-se por ver o meu dia, fviu·o e regozijou-se. 57 Pergun· me: Vai ao 4 tanque de Siloé e lava-te. Então, fui, lavei-me e
taram·lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinqüenta anos e vis· estou vendo. 12 Disseram-lhe, pois: Onde está ele? Respon-
te Abraão? 58 Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade deu: Não sei.
eu vos digo: g antes que Abraão existisse, h Eu Sou. 59 Então,
ipegaram em pedras para atirarem nele; mas Jesus se ocultou e Os fariseus interrogam o cego
saiu do templo. 7 13 Levaram, pois, aos fariseus o que dantes fora cego. 14 E
era sábado o dia em que Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos.
A cura de um cego de nascença 15 Então, os fariseus, por sua vez, lhe perguntaram como che·
Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença. gara a ver; ao que lhes respondeu: Aplicou lodo aos meus
9 2 E os seus discípulos perguntaram: Mestre, ªquem pe-
cou, este ou seus pais, para que nascesse cego? 3 Respondeu
olhos, lavei-me e estou vendo. 16 Por isso, alguns dos fariseus
diziam: Esse homem não é de Deus, porque não 5 guarda o sá·
Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais; bmas foi para que se bado. Diziam outros: iComo pode um homem pecador fazer
manifestem nele as obras de Deus. 4 cÉ necessário que 1 faça- tamanhos sinais? E 1houve dissensão entre eles. 17 De novo,
mos as obras daquele que me enviou, enquanto é d dia; a noi- perguntaram ao cego: Que dizes tu a respeito dele, visto que
te vem, quando ninguém pode trabalhar. 5 Enquanto estou te abriu os olhos? Que mé profeta, respondeu ele.
no mundo, e sou a luz do mundo. 6 Dito isso/cuspiu na terra 18 Não acreditaram os judeus que ele fora cego e que ago-
e, tendo feito lodo com a saliva, aplicou-o aos olhos do cego, ra via, enquanto não lhe chamaram os pais 19 e os interroga-
7 dizendo-lhe: Vai, lava· te gno tanque de Siloé (que quer dizer ram: É este o vosso filho, de quem dizeis que nasceu cego?
Enviado). hEle foi, lavou-se e voltou vendo. 8 Então, os vizi- Como, pois, vê agora? 20 Então, os pais responderam: Sabe-
nhos e os que dantes o conheciam de vista, como 2 mendigo, mos que este é nosso filho e que nasceu cego; 21 mas não sa·
perguntavam: Não é este o que estava assentado pedindo es- bemos como vê agora; ou quem lhe abriu os olhos também
molas? 9 Uns diziam: É ele. Outros: 3 Não, mas se parece com não sabemos. Perguntai a ele, idade tem; falará de si mesmo.
ele. Ele mesmo, porém, dizia: Sou eu. 10 Perguntaram-lhe, 22 Isto disseram seus pais porque nestavam com medo dos ju-
pois: Como te foram abertos os olhos? 11 Respondeu ele: 10 deus; pois estes já haviam assentado que, se alguém confes·

·-;;-[~o-15~ o~ 5~~~c -10 24/Hb 11. 13 - 58


e assim se retirou; NU omite
g~~~
2 h Ap 1 8 -5~ ;~;;-1031,
11 8 7Cf NU; TR~M a~rescentampassa~do
pelo mel; deles~;~~~
CAPÍTULO 9 2 ªJo 934 3 bJo 11.4 4 C[Jo 4.34; 5. 19,36; 174] dJo 11.9-10; 1235 1 Cf NU; TR e M faça S "[Jo 1.5,9; 3 19; 8.12;
12.35,46] 6/Mc 7.33; 8.23 7 g Ne 3.15; Is 8.6; Lc 134; Jo 9 11 h 2Rs 5. 14 8 2 Cf. NU; TR e M cego 9 3 Cf NU; TR e M Parece-se
com ele 11 i Jo 9.6-7 4 NU omite o tanque de 16 i Jo 3.2; 933 1Jo 7.12,43; 10.19 5 observa 17 m [Jo 4. 19; 6.14] 22 n Jo 7.13;
1242; 1938; At5.13
•8.56 Abraão ... viu-o e regozijou-se. Abraão viu o dia de Cristo quando abra- mente punitivos IMt 7.1). A questão colocada diante de Jesus apresenta um
çou, pela fé, as promessas que Deus lhe fez, promessas que exigiam a vinda de falso dilema. Só duas possibilidades foram dadas como razões para as aflições
Cristo para serem cumpridas. Uma vez que o contexto da discussão tinha sido Sa- do homem: seus próprios pecados ou o pecado de seus pais. Jesus oferece
tanás, como um assassino, e Jesus como aquele cuja morte livra da morte, pode uma terceira opção lv 3)
haver referência especial à provisão do carneiro por Deus, como substituto de Isa- •9.3 para que se manifestem nele as obras de Deus. Alguns dos nossos so-
que quando Abraão se preparava para sacrificá-lo. Esta afirmação mostra clara- frimentos, como os de Jó, são para a glória de Deus, pois ou resultam em nosso
mente que, mesmo nos tempos do Antigo Testamento, os crentes eram salvos próprio aperfeiçoamento ou em cura espetacular, como no caso presente. Opro-
por meio da fé em Cristo, que lhes foi prefigurado por Deus. para revelar seu plano pósito de Deus nem sempre nos é presentemente conhecido. mas temos acerte-
redentor lcl. At 4. 12). za de que seu propósito é bom IRm 8.28).
•8.57 não tens cinqüenta anos. Jesus estava mais perto dos trinta llc 3.23). •9.6 cuspiu na terra. Em Me 8.23-25, Jesus também usou saliva para curar. A
•8.58 antes que Abraão existisse, Eu Sou. Esta é uma clara referência à saliva não era um agente medicinal, mas ofereceu oportunidade para o homem
preexistência eterna de Jesus. Uma vez que este atributo pertence só a Deus. mostrar sua fé, obedecendo a ordem de Jesus (v. 7).
este texto é uma poderosa afirmação da divindade de Jesus. Otempo presente •9.9 se parece com ele. D milagre foi tão espantoso que os espectadores não
do verbo sugere o presente eterno da eternidade de Deus. "Eu sou" também podiam acreditar que era o mesmo homem.
relembra o nome de Deus em Êx 3.14 lvs. 24,28, nota). Ver 'jesus Cristo, Deus •9.12 Não sei. À medida que a história se desenvolve, o homem curado se
e Homem", em 1.14. move na direção do caminho da fé; aqui ele não sabe onde Jesus está; depois, ele
•8.59 pegaram em pedras. Os judeus não aceitaram a reivindicação de Cristo afirma que Jesus é um profeta lv. 17); pouco depois, ele levanta dúvidas a respei-
como Deus, mas a consideraram como blasfêmia. o que, segundo a lei, exigia to da acusação de que Jesus é um pecador lv. 25); finalmente, depois que ele en-
apedrejamento llv 24.16; cf. Jo 10.31; Mt 26.65). contra Jesus novamente. reconhece que Jesus é o Filho de Deus e o adora lvs.
•9.2 quem pecou. Muitos judeus, como os amigos de Já, acreditavam que 35-38). Estes passos da fé ilustram aquilo que o autor do Evangelho deseia para
cada má sorte temporal era punição de Deus por algum pecado específico. Com os seus leitores 120.31)
uma doença congênita. a explicação poderia ser que o pecado tivesse sido co- •9.16 sábado. Ao invés de agradecerem esta obra sobrenatural da graça de
metido no útero, ou pelos pais, cujo ato pecaminoso vitimasse seu filho. Jesus Deus, os fariseus começam a discutir a respeito da obseivância do sábado. Sua
descarta estas idéias como explicações impróprias lv. 3). mas isto não nega preocupação girava especificamente em torno de sua interpretação tradicional
que certas provações sejam ordenadas por Deus. para punir ou corrigir certos daquilo que o quarto mandamento exigia. Nenhuma das ações envolvidas !cuspir.
pecados específicos lp. ex .. na vida de Davi. depois de seu adultério e assassi- aplicar lodo, ir tão longe como a Siloé, lavar o rosto, curar um homem cego) eram
nato, 2Sm 12-21). Nem ainda existe aqui uma negação, por parte de Cristo, proibidas pela lei. Ao invés de questionarem sua própria compreensão da lei. eles
da doutrina bíblica do pecado original (Rm 5.12-21). que ensina que todo sofri- rejeitaram Jesus e seu ministério.
mento é conseqüência de nosso pecado coletivo e da rebelião de Adão. Mas •9.18-23 Uma pergunta aos pais do homem cego confirma a realidade de sua
não é sábio nem caridoso julgar que os sofrimentos de outros sejam especifica- cegueira e da cura.
1247 JOÃO 9, 10
sasse ser Jesus o Cristo, ºfosse expulso da sinagoga. 23 Por lhe disse: Já o tens visto, e dé o que fala contigo. 38 Então, afir-
isso, é que disseram os pais: Ele idade tem, interrogai-o. mou ele: Creio, Senhor; e o e adorou. 39 Prosseguiu Jesus: !Eu
24 Então, chamaram, pela segunda vez, o homem que fora vim a este mundo para juízo, ga fim de que os que não vêem
cego e lhe disseram: PDá glória a Deus; qnós sabemos que vejam, e os que vêem se tomem cegos. 40 Alguns dentre os fa-
esse homem é pecador. 25 Ele retrucou: Se é pecador, não sei; riseus que estavam perto dele hperguntaram-lhe: Acaso, tam-
uma coisa sei: eu era cego e agora vejo. 26 Perguntaram-lhe, bém nós somos cegos? 41 Respondeu-lhes Jesus: iSe fôsseis
pois: Que te fez ele? como te abriu os olhos? 27 Ele lhes res- cegos, não teríeis pecado algum; mas, porque agora dizeis: Nós
pondeu: Já vo-lo disse, e não atendestes; por que quereis ou- vemos, subsiste o vosso pecado.
vir outra vez? Porventura, quereis vós também tornar-vos
seus discípulos? 28 Então, o injuriaram e lhe disseram: Discí- Jesus, o bom pastor
pulo dele és tu; mas nós somos discípulos de Moisés. 29 Sabe- Em verdade, em verdade vos digo: o que não entra
mos que Deus rfalou a 5 Moisés; mas este tnem sabemos
donde é. 30 Respondeu-lhes o homem: "Nisto é de estranhar
1O pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra
parte, esse é ladrão e salteador. 2 Aquele, porém, que entra
que vós não saibais donde ele é, e, contudo, me abriu os pela porta, esse é o pastor das ovelhas. 3 Para este o porteiro
olhos. 31 Sabemos que vDeus não atende a pecadores; mas, abre, as ovelhas ouvem a sua voz, ele chama pelo ªnome as
pelo contrário, se alguém teme a Deus e pratica a sua vonta- suas próprias ovelhas e as conduz para fora. 4 Depois de fazer
de, a este atende. 32 Desde que há mundo, jamais se ouviu sair todas as que lhe pertencem, vai adiante delas, e elas o se-
que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. guem, porque lhe reconhecem a voz; 5 mas de modo ne-
33 xse este homem não fosse de Deus, nada poderia ter feito. nhum seguirão o bestranho; antes, fugirão dele, porque não
34 Mas eles retrucaram: zru és nascido todo em pecado e nos conhecem a voz dos estranhos. 6 Jesus lhes propôs esta pará-
ensinas a nós? E o 6 expulsaram. bola, mas eles não compreenderam o sentido daquilo que
lhes falava.
Jesus re11ela-se ao cego 7 Jesus, pois, lhes afirmou de novo: Em verdade, em ver-
35 Ouvindo Jesus que o tinham expulsado, ªencontrando-o, dade vos digo: eu sou a porta das ovelhas. 8 Todos quantos vie-
lhe perguntou: bCrês tu cno Filho 7 do Homem? 36 Ele respon- ram 1antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas
deu e disse: Quem é, Senhor, para que eu nele creia? 37 EJesus não lhes deram ouvido. 9 e Eu sou a porta. Se alguém entrar

• o Jo ;~2 ~ l~o
24 P Js 719, ;;m 6.5; E;1O11, Ap 11 13 Jo 9 16 29 rÊx 19 19-20; 33.11; 34 29; Nm 12.6-8 s 5.45-47] I Jo 7.27-28;
8.14 30 UJo3.10 31 vJó 27.9; 35.12; SI 18.41; Pv 1.28; 15.29; 28 9; Is 1.15; Jr 11.11; 14.12; Ez 8.18; Mq 3.4; Zc 7.13; [Tg 516] 33 xJo
3.2; 9.16 34 zs151.5; Jo 9.2 ô excomungaram 35 ªJo 5.14 bJo 1 7; 16.31 CM! 14.33; 16.16; Me 1.1; Jo 10.36; 1Jo 5.13 7Cf. NU; TR e
M de Deus 37 d Jo 4.26 38 e Mt 8.2 39 /[Jo 3.17; 5.22,27; 12.47] g Mt 13.13; 15.14 40 h [Rm 2.19] 41 i Jo 15.22,24
CAPÍTULO 10 3 a Jo 20.16 5 b [2Co 11.13-15] 8 1 M omite antes de mim 9 C[Jo 14.6; Ef 2.18]
•9.24-34 Uma segunda investigação com o homem curado não traz nenhum fato aprisco. Um lugar cercado com uma única entrada. Ladrões ou predadores podi-
novo à luz, mas a posição dos investigadores é endurecida. Os fariseus chamam am escalar a cerca para roubar ou, mesmo, para matar as ovelhas lvs. 8-1 O).
Jesus de "pecador" lv. 24) cuja origem é desconhecida lv. 29) e excomungam o •10.2 entra pela porta. O pastor não precisa escalar a cerca, mas é admitido
homem cujas respostas só os irritam lvs. 27,30). Suas respostas são contunden- pelo guarda. A linguagem aqui implica que vários rebanhos são guardados num
tes: o homem nascido cego tinha sido curado e "Deus não atende a pecadores" único aprisco, e que cada pastor encarregado atende ao seu próprio rebanho.
lv. 31). •10.3 as ovelhas ouvem. Opastor conhece a sua ovelha "pelo nome" e a ove-
•9.35-38 Neste segundo encontro com Jesus, o homem curado mostra que sua lha reconhece a voz do seu pastor e vern a ele. Esta é urna imagem viva de como
fé avança de uma confiança geral na missão divina de Jesus para uma alegre Deus tern marcado algumas pessoas para serem suas no meio da humanidade
aceitação dele como o Messias, digno de adoração. caída.
•3.39-41 Neste epílogo, Jesus traz à luz o impacto de sua vinda: os que falsa- •10.4 lhe reconhecem a voz. A graça que elege é também graça eficaz: Je-
mente imaginam terem especial intuição nas coisas de Deus, tornam-se cegos sus, que conhece as ovelhas, revela-se a elas de tal modo que elas lhe responde-
oponentes dos caminhos de Deus; e os que parecem menos informados são ca- rão. Ele não as força a segui-lo, rnas através da obra da regeneração ele desperta
pazes de ver, quando o Espírito de Deus abre seus olhos e os conduz à fé. a vontade delas.
•9.39 Eu vim a este mundo para juízo. A primeira vinda de Cristo não trouxe o
•10.5 de modo nenhum seguirão o estranho. Esta promessa confortadora
Juízo Final 13.17; 12.47). mas ele fez o povo defrontar-se corn a obrigação de de-
não exclui a necessidade de advertir os crentes contra mestres enganosos !Me
cidir-se a favor ou contra ele IMt 12.30; Lc 11 23). Até a segunda vinda de Cristo,
13.22-23; 2Tm 3.5; 4.2-5; 1Jo 226)
esta é ainda a época da redenção, durante a qual o cego pode ver e os mortos ern
delitos e pecados podem receber a nova vida IEf 2.4). •10.6 eles não compreenderam. Ern alguns casos os próprios discípulos não
compreenderam o que Jesus lhes estava ensinando IMt 13.10-17,36; 15.15).
•9.41 Nós vemos. Aos oponentes faltava a humildade elementar de reconhece-
rem que eram pecadores. •10.7 eu sou a porta. Jesus muda a metáfora de "pastor" para "porta". Como a
•10.1-42 Este capítulo é dividido em três seções: o discurso sobre o bom pastor "porta das ovelhas", Jesus é o único através de quem a vida eterna é recebida lcf.
14.6; Mt 7.13-14). A frase "eu sou", aqui, continua a série dessas sete expres-
lvs. 1-21). o debate com os judeus na Festa da Dedicação lvs. 22-38) e a seção
que encerra o capítulo lvs. 39-42). Ocapítulo é unido pelo ensino sobre o caráter sões, neste Evangelho 16.35, nota)
seguro da atividade salvífica de Cristo. •10.8 ladrões e salteadores. Isto não se refere aos profetas do Antigo Testa-
•10.1 Para Deus como Pastor de seu povo, ver Gn 48.15; 49.24; SI 23.1; 28.9; mento enviados por Deus IMt 21.34-36; 23,29-36). mas a qualquer que, falsa-
78.52; 80.1; Is 40.11; Jr 31.1 O; Ez 34.11-16. Uma profecia em Zc 13.7 concer- mente, se apresentava como o Messias.
nente ao "Pastor de Israel" foi aplicada por Jesus a si mesmo IMt 26.31 ). Jesus •10.9 Se alguém entrar por mim, será salvo. Isto garante que a salvação é
aqui apresenta o seu ministério como a obra de um pastor. Em outras partes do dada àqueles que confiam em Cristo IAt 16.31, Rm 10.9-10) Ern 14.6 torna-se
Novo Testamento, Jesus é referido como "o grande Pastor" IHb 13.20) e "Supre- plenamente claro que só estes são salvos. Cristo é necessário e suficiente para a
mo Pastor" 11 Pe 5.4) Ern Ap 7.17 se diz que "o Cordeiro. .. os apascentará". salvação 13.36)
JOÃO 10 1248

REDENÇÃO LIMITADA
Jo 10.15 °',
Redenção limitada, também a de redenção "particular" ou" expiação \ími@da", é a doutrina histórica Reformada a
respeito da intenção do Deus trin e de Cristó. Sem questionar o valor infinito do sacrifício de Cristo ou a genuinidade,
do sincero convite de Deus a todos o evangelho (Ap 22.17), essa d~na afirma que Cristo, na sua morte, tencio-
nava realizar aquilo que realizou: tirar , ., , , os dos eleitos de Deus e asseg~l',ar que todos eles alcancem a fé através da re-
generação e pela fé sejam preservacJos para a glória. CriSto não pretendeu morrer por todos dessa mesma maneira eficaz. A
prova disso, como as Escrituras el experiência nos ensinam, é que nem todos são salvos.
Ao debater a expiação, alguns dizem que Cristo morreu por todos e que todos, sem exceção, serão salvos. Este é o univer-
saHsmo real. Uma segunda doutrina ensina que Cristo morreu por todos, mas que sua morte não tem efeito salvador sem a
adição da fé e do arrependimento, não, previstos na sua morte. Em outras palavras, ele morreu com o propósito geral de tomar
a salvação possível, mas a salvação'de indivíduos específicos não estava incluída na sua morte. Isso é um univ~ismo hi-
potético. A terceira doutrina é aquelaque ensina que, ainda que amorte de Cristo tenha sido infinita no seu valor, ela só visava
,sa!V8f alguns - aqueles que foram conhecidos de antemão. Isso é a expiação limitada ou definida.
As Escrituras não ensinam que todos serão salvos, o que exclui o universalismó real. Os outros dois pontos de vista não di-
ferem entre si sobre quantos serão salvos, mas a respeito do propósito pelo qual Cristo morreu. As Escritl)ras tratam dessa
·questão. ONovo Testamento ensina que, Deus escolheu para a salvação um grande número dentre os da raça decaída e enviou
·•um
Cristoao mundo para salvá-los (Jo 6,37-40; 10.27-29; 11.51-52; Rm 8.28-39; Ef 1.3-14; 1Pe1.20). Diz-se que Cristo morreu
povo específico, com a clara implicação de que sua morte assegurou a salvação dele (Jo 10.15-18,27-29; Rm 5.8-10;
S.32fOl2.20; 3.13-14; 4.4-5; 1Jo 4.9-10; Ap 1.4-6; 5.9-10). Antes de morrer, Cristo orou por aqueles que o Pai lhe tinha dado e
nãQ pelo mundo (Jo 17 .9,201. A oração dà Jesus animou aqueles por quem ia morrer, e ele prometeu-lhes que jamais deixaria
de salvá-los. Tais passagens apresentam a idéia de uma expiação limitada. OAntigo Testamento, com sua &nfase sobre a elei-
~ n' ça, oferece gra~de apoio a essa doutrina.
', · ,, oferta do Evangl:llho e a ordem de pregar as boas-novas em todà parte não são incoerentes com ,o ensino d!!I que
Cri. fhí:lrreu por seu povo eleito. Tod0$ os que se chegam a Cristo encontrarão misericórdia (Jo 6.35.41-51;~4.57; Rm ,f .16;
: ,10~!M'$~~ Oevangelho oferece Cristo, (jue conhece suas ovelhas; ele morreu por elas; chama-as pelo nomé, e êlaa ouvem a
lüavoz. Este é o evangelho que ele or,denou fosse pregado por seus discípulos em todo o mundo, para salvar pecadores.

por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem. 10 O cem a mim, 1s h assim como o Pai me conhece a mim, e eu
ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim conheço o Pai; ie dou a minha vida pelas ovelhas. 16 Ainda te-
para que tenham vida e a tenham em abundância. 11 dEu sou nho Joutras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém
o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. 12 O conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; 1então, haverá um re-
2mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as banho e um pastor. 17Por isso, o Pai me mama, nporque eu
ovelhas, vê vir o lobo, e abandona as ovelhas e foge; então, o dou a minha vida para a reassumir. 18 Ninguém a tira de
lobo as arrebata e dispersa. 13 O mercenário foge, porque é mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. ºTenho au-
mercenário e não tem cuidado com as ovelhas. 14 Eu sou o toridade para a entregar e também para reavê-la. PEste man-
bom pastor; /conheço as minhas ovelhas, e elas gme conhe- dato recebi de meu Pai .

• lldls40,11 12eZc1L16-172assa/ariado 14/2Tm2,1982TmU2 1ShMt11,27i[Jo15,13;19,30] 16/ls42,6;56,81Ef


2, 13-18 17 m Jo 5,20 n [Hb 2 9] 18 o [Jo 2, 19; 526] P [Jo 6.38; 14,31; 17A; At 2,24,32]
entrará, e sairá. As ovelhas entram no aprisco para terem segurança e saem locado em paralelo com a intimidade que há entre o Pai e o Filho (v, 15; cf,
para a pastagem sob os cuidados de seu pastor, 1721-23), E claro que "conhecer". aqui, como freqüentemente nas Escrituras,
•10.1 Opara que tenham vida ... em abundância. A vida que Jesus dá é única significa mais do que entender mentalmente; inclui uma compreensão pessoal e
porque é eterna, e ele dá esta vida em crescente abundância aos seus redimidos, um compromisso da vontade, Dizer que Deus "conhece" uma pessoa, neste sen-
•10.11 bom pastor. Jesus agora retorna à ilustração com a qual começou oca- tido, refere-se ao seu gracioso compromisso de redimir essa pessoa,
pítulo lvs, 2-5), •10.15 Ver nota teológica "Redenção Limitada",
dá a vida. Jesus. como o Pastor, faz mais do que arriscar a sua vida ld 1Sm •10.16 outras ovelhas. O evangelho não é confinado só a Israel, mas esten-
17.34-36): ele dá a sua vida, suportando a morte no lugar dos pecadores, Isto fica de-se ao resto do mundo,
subentendido no nome "o Cordeiro de Deus" declarado por João Batista 11,29) e •10.17 o Pai me ama. Oauto-sacrifício do Filho é um ato de amor obediente ao
em outras afirmações do próprio Jesus 12, 19; 3, 14; 6.51) Pai, que revela o amor entre as três Pessoas da Trindade,
pelas ovelhas. Este sacrifício é "pelas ovelhas", Épara aqueles que o Pai lhe deu •10.17-18 para a reassumir. A ressurreição de Cristo é descrita como o ato de
(17,2,6,24), os eleitos, São eles que. através da morte de Jesus Cristo em seu lu- cada uma das três Pessoas da Trindade: o Filho. o Pai (At 2,32; 3, 15; 4.1 O; GI 1, 1).
gar. serão justificados e desfrutarão da comunhão com Deus, e o Espírito Santo IRm 8, 10-11 ),
•10.12 Omercenário. Jesus torna mais nítida a figura, contrastando seu servi- •10.18 Ninguém a tira de mim... eu espontaneamente a dou. Esta é uma
ço sacrificial com o covarde abandono das ovelhas por aqueles que são motiva- reivindicação de divindade, como seus próprios inimigos entenderam (v, 331, por-
dos por interesse próprio, Ladrões roubam as ovelhas; o mercenário abandona as que só Deus é o autor e doador da vida, D versículo também sublinha que Cristo
ovelhas; Cristo dá a sua vida pelas ovelhas, não foi uma vítima, mas ofereceu-se voluntariamente pelos pecadores, Ver "A
•10.14 conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim. Isto é co- Humilde Obediência de Cristo", em 5, 19,
1249 JOÃO 10
Nova dissensão entre os judeus rar. 32 Disse-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras
\l)Por causa dessas palavras, qrompeu nova dissensão en- boas da parte do Pai; por qual delas me apedrejais? 33 Respon-
tre os judeus. 20 Muitos deles diziam: rEJe tem demônio e deram-lhe os judeus: Não é por obra boa que te apedrejamos,
3 enlouqueceu; por que o ouvis? 21 Outros diziam: Este modo e sim por causa da !blasfêmia, pois, sendo tu homem, te ifa-
de falar não é de endemoninhado; 5 pode, porventura, um de- zes Deus a ti mesmo. 34 Replicou-lhes Jesus: Não está escrito
mônio 1 abrir os olhos aos cegos? na vossa lei:
h Eu disse: sois deuses?
A Festa da Dedicação. Jesus é interrogado 35 Se ele chamou deuses iàqueles a quem foi dirigida a pa-
22 Celebrava-se em Jerusalém a Festa da Dedicação. Era in- lavra de Deus, e a Escritura !não pode falhar, 36 então, daque-
verno. 23 Jesus passeava no templo, uno Pórtico de Salomão. le 1a quem o Pai santificou e menviou ao mundo, dizeis: Tu
24 Rodearam-no, pois, os judeus e o interpelaram: Até quando blasfemas; "porque declarei: sou ºFilho de Deus? 37 PSe não
nos deixarás 4 a mente em suspenso? Se tu és o Cristo, dize-o faço as obras de meu Pai, não me acrediteis; 38 mas, se faço, e
francamente. 25 Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo disse, e não cre- não me credes, q crede nas obras; para que possais saber e
des. vAs obras que eu faço em nome de meu Pai xtestificam a 6 compreender 'que o Pai está em mim, e eu estou no Pai.

meu respeito. 26 Mas 2 vós não credes, porque não sois das mi- 39 sNesse ponto, procuravam, outra vez, prendê-lo; mas ele
nhas ovelhas. 5 27 ªAs minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu se livrou das suas mãos.
as conheço, e elas me seguem. 28 Eu lhes dou a vida eterna; ja- 40 Novamente, se retirou para além do Jordão, para o lu-
mais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. gar 1onde João batizava no princípio; e ali permaneceu. 41 E
29 Aquilo que bmeu Pai cme deu é maior do que tudo; e da iam muitos ter com ele e diziam: Realmente, João não fez ne-
mão do Pai ninguém pode arrebatar. 30 dEu e o Pai somos um. nhum sinal, uporém tudo quanto disse a respeito deste era
31 Novamente, epegaram os judeus em pedras para lhe ati- verdade. 42 E muitos ali creram nele.

·-~9 x 7~~; q Jo 916 2~~o 3e;Jfo~a d~~,-~-1


7 20 s[Êx 4 IJo 9 1~] 6-;,3~33
- 23 u;t·;·;;; 51;---;-;~na ~Ú~ida 2;-:~o
ª
10.38 Mt 11.4 26 z [Jo 8.47] 5 Cf. NU; TR e M acrescentam como vos disse; NU omite 27 Jo 10.4, 14 29 b Jo 14.28 e [Jo
;36; .

172.6,12,24] 30dJo17.11,21-24 31 eJo8.59 33/Mt9JgJo5.18 34hSl82.6 3SiMt5.17-18i1Pe1.25 361Jo6.27mJo


3 17 n Jo 5.17-18 o Lc 1.35 37 P Jo 10.25, 15.24 38 q Jo 536 r Jo 14.10-11 6 Cf. NU; TR e M crer 39 5 Jo 7.30.44 40 t Jo 1.28
41 u [Jo 1.29,36; 3.28-36; 5.33]
•10.19 dissensão. Ver 7.43; 9.16. lação àqueles que ele salvou lcl. 1Jo2.19) Ver "A Perseverança dos Santos", em
•10.20 Ver 720 Rm 8.30.
•10.22 Festa da Dedicação. Esta Festa, agora chamada Hanukkah. é celebra- •10.29 e da mão do Pai. A mão do Pastor é também a mão do Pai e o supremo
da em dezembro. Comemora a restauração do templo nos tempos de Judas Ma- poder de Deus é a garantia final da segurança das ovelhas.
cabeus e a revolta judaica contra Antíoco Epifânio l 164 a C1 • 10.30 um. Não são Pessoas idênticas. mas uma em essência la palavra grega
•10.23 Pórtico de Salomão. Éum pórtico com teto, suportado por colunas no traduzida "um" é neutra). O Pai, o Filho e o Espírito Santo possuem igualmente a
lado leste do pátio dos gentios no templo de Herodes IAt 3.11; 5 12) plenitude da natureza divina. Esta unidade essencial subjaz à sua unidade no pro-
•10.24 Se tu és o Cristo. Esta era a questão chave que surgiu no ministério de pósito redentor Este versículo indica mais do que unidade de propósito.
Jesus Os discípulos tinham chegado àquela conclusão (6.69; Mt 16.16; Me 8.29; •10.31-33Os1udeus entenderam a reivindicação de divindade feita por Jesus e
Lc 9.20). A questão será novamente levantada no julgamento de Jesus e o sumo estavam se preparando para apedrejá-lo por blasfêmia 18.59).
sacerdote considerará a resposta de Jesus como blasfêmia IMt 26.63-65; Me
14 61-64; Lc 22 67-71 ). •10.34-38 No Antigo Testamento. os Juízes humanos lver nota textual no SI
•10.25 Já vo-lo disse. Jesus tinha afirmado isto à mulher samaritana 14.26) e 82.6) podiam ser chamados "deuses", porque eram considerados como agindo
no lugar de Deus, ao fazerem justiça. A palavra hebraica 'e/ohim é usada não só
ao cego de nascença 19.37) e tinha aceitado a confissão dos discípulos lv. 24,
nota; 1.49) Na sua discussão com as autoridades judaicas. ele tinha dado a en- para referir ao único Deus verdadeiro. mas também para denotar deuses falsos,
anjos e. muito raramente, homens exercendo funções divinas. O argumento de
tender a mesma coisa 18 28,58). Aqui, outra vez, ele afirma sua identidade mes-
Jesus pode ser entendido como segue: ''Ao invés de ofender-se porque esta pala-
siânica de forma absoluta.
vra é aplicada a mim, devíeis examinar as minhas credenciais que provam que
As obras. Jesus tinha se referido às suas obras como evidência da fidedignidade
meu Pai me enviou a este mundo"
de sua reivindicação 15.36) e ele tinha acentuado este ponto, posteriormente, di-
ante dos discípulos 114.11; 15.24). O cego de nascença tinha raciocinado do •10.34 na vossa lei. A citação é encontrada no SI 82.6. O termo "lei" não se
mesmo modo (932-33). restringia ao Pentateuco ou Torá, mas se releria a qualquer parte do Antigo Testa-
•10.26 vós não credes. Eles fecharam seus olhos à clara evidência. mento, como tendo autoridade legal (15.25)
porque não sois das minhas ovelhas. Só os que são de Cristo, aqueles que o •10.35 àqueles a quem foi dirigida a palavra de Deus. Esta não é uma refe-
Pai lhe deu, é que vêm à fé. Os outros são tão cegos por causa de seu preconceito rência ao que está escrito nas Escrituras. mas à nomeação divina dos juízes.
pecaminoso que se recusam a crer. Só os regenerados, que nasceram de novo e a Escritura não pode falhar. Uma forte afirmação da autoridade das Escritu-
(3 3.7). crêem ras. Nesta séria confrontação que iria até o fim. na sua morte. Jesus não hesitou
•10.27 minhas ovelhas. Elas ouvem Jesus (vs. 3-5) e o seguem (v. 4) Estes em basear todo seu argumento n_uma só palavra de um dos menores Salmos de
crentes mostram-se renovados na nova orientação e compromisso de suas vi- Asale. Ver "A Autoridade das Escrituras", em 2Tm 3.16.
das •10.37 as obras de meu Pai. Os milagres e todo o curso de sua vida atestavam
•10.28 O Senhor dá às suas ovelhas a vida eterna de comunhão com Deus a correção da reivindicação de Jesus da sua origem e missão celestiais. Ver "Mi-
(17 .2-3) Ele as protege dos perigos de acordo com a infalibilidade da graça divi- lagres", em 1Rs 17.22.
na; e não permite que ninguém as arrebate de suas mãos. Os santos perseveram
porque Deus os preserva. As ovelhas não podem se arrebatar das mãos de Deus. •10.38 o Pai está em mim, e eu estou no Pai. Esta mútua interioridade entre
porque o divino Pastor guardará suas verdadeiras ovelhas, impedindo que elas se Pai e Filho é característica dos relacionamentos dentro da Trindade.
percam eternamente lcf. 17.12). As solenes advertências das Escrituras contra a •10.39 ele se livrou. João não nos dá detalhes. mas torna claro que nada pode-
apostasia não visam provocar dúvidas a respeito da perseverança de Deus em re- ria acontecer a Jesus até que Deus determinasse a hora 17.44; 8.59).
JOÃO 11 1250
A ressurreição de Lázaro quatro dias. 18 Ora, Betânia estava cerca de 1 quinze estádios
Estava enfermo Lázaro, de Betânia, da aldeia de perto de Jerusalém. 19 Muitos dentre os judeus tinham vindo
11 ªMaria e de sua irmã Marta. bEsta Maria, cujo
2
mão Lázaro estava enfermo, era a mesma que ungiu com bál-
ir- ter com Marta e Maria, para as consolar a respeito de seu ir-
mão. 20 Marta, quando soube que vinha Jesus, saiu ao seu en-
samo o Senhor e lhe enxugou os pés com os seus cabelos. contro; Maria, porém, ficou sentada em casa. 21 Disse, pois,
3 Mandaram, pois, as irmãs de Lázaro dizer a Jesus: Senhor, Marta a Jesus: Senhor, se estiveras aqui, não teria morrido
está enfermo aquele a quem amas. 4 Ao receber a notícia, disse meu irmão. 22 Mas também sei que, mesmo agora, itudo
Jesus: Esta enfermidade não é para morte, e sim para a glória quanto pedires a Deus, Deus to concederá. 23 Declarou-lhe
de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja por ela glorificado. Jesus: Teu irmão há de ressurgir. 24 1Eu sei, replicou Marta,
s Ora, amava Jesus a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro. 6 Quan- que ele há de ressurgir na ressurreição, no último dia. 2s Dis-
do, pois, soube que Lázaro estava doente, e ainda se demorou se-lhe Jesus: Eu sou ma ressurreição e a vida. nQuem crê em
dois dias no lugar onde estava. 7 Depois, disse aos seus discípu- mim, ainda que ºmorra, viverá; 26 e todo o que vive e crê em
los: Vamos outra vez para a Judéia. a Disseram-lhe os discípulos: mim não morrerá, eternamente. Crês isto? 27 Sim, Senhor,
Mestre, ainda agora os judeus procuravam dapedrejar-te, e respondeu ela, Peu tenho crido que tu és o Cristo, o Filho de
voltas para lá? 9 Respondeu Jesus: Não são doze as horas do Deus que devia vir ao mundo.
dia? •se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a fluz 28 Tendo dito isto, retirou-se e chamou Maria, sua irmã, e
deste mundo; 10 mas, gse andar de noite, tropeça, porque lhe disse em particular: O Mestre chegou e te chama. 29 Ela,
nele não há luz. 11 Isto dizia e depois lhes acrescentou: Nosso ouvindo isto, levantou-se depressa e foi ter com ele, 30 pois Je-
amigo Lázaro hadormeceu, mas vou para despertá-lo. 12 Dis- sus ainda não tinha entrado na aldeia, mas 2 permanecia onde
seram-lhe, pois, os discípulos: Senhor, se dorme, estará salvo. Marta se avistara com ele. 31 qOs judeus que estavam com
13 Jesus, porém, falara com respeito à morte de Lázaro; mas Maria em casa e a consolavam, vendo-a levantar-se depressa e
eles supunham que tivesse falado do repouso do sono. sair, seguiram-na, 3 supondo que ela ia ao túmulo para chorar.
14 Então, Jesus lhes disse claramente: Lázaro morreu; ts e por 32 Quando Maria chegou ao lugar onde estava Jesus, ao vê-lo,
vossa causa me alegro de que lá não estivesse, para que possais 'lançou-se-lhe aos pés, dizendo: ssenhor, se estiveras aqui,
crer; mas vamos ter com ele. 16 Então, 1Tomé, chamado Dídi- meu irmão não teria morrido. 33 Jesus, vendo-a chorar, e bem
mo, disse aos condiscípulos: Vamos também nós para morrer- assim os judeus que a acompanhavam, agitou-se no espírito e
mos com ele. comoveu-se. 34 E perguntou: Onde o sepultastes? Eles lhe
17 Chegando Jesus, encontrou Lázaro já sepultado, havia responderam: Senhor, vem e vê! 3S 1Jesus chorou. 36 Então,

•~~~~~~~~~~=
CAPITULO 11 1 a Lc 10.38-39; Ja 11.5, 19 2 bMt 26.7 6 cJa 10.40 8 Jo 8.59; 10.31 9 e Lc 13.33; Ja 9.4; 12.35 /is 9.2 10 Jo
d g
12.35 11 h Dt 31.16; [Dn 12.2]; Mt 9.24; At 7.60; [1 Ca 15.18,51] 16 iMt 10.3; Me 3.18; Lc 6.15; Ja 14.5; 20.26-18; At 1.13 18 1Pouca
menos de 3 km 22 i[Ja 9.31; 11.41] 24 i[Lc 14.14; Ja 5.29] 25 mJa 5.21; 6.39-40.44; [Ap 1.18] nJa 3.16,36; 1Ja 5.10 o1Ca15.22; [Hb
9.27] 27 PMt 16.16; Lc 2.11; Ja 4.42; 6.14,69 30 2 Cf. NU ainda estava; TR e M estava 31 qJo 11.19,33 3 NU supondo que ela estava
indo; TR e M dizendo: Vai 32 rMc 5.22; 7.25; Ap 1.17 s Ja 11.21 JS t Lc 19.41
•11.1·54 Dmilagre da ressurreição de Lázaro dentre as martas é a clímax de to- salém resultaria na morte de Jesus. Se eles não pudessem dissuadi-lo de ir a
das as sinais precedentes que revelaram a glória de Deus através de Jesus Crista. Jerusalém, pela menos se dispõem a morrer com ele.
Aqui, a própria morte, a inimiga final da humanidade, é confrontada com sucesso •11.17 havia quatro dias. Esta referência ao tempo que Lázaro permaneceu na
por alguém que é, ele mesma, a ressurreição e a vida. Contudo, mesma este glo- túmulo, repetida na v. 39, visa a mostrar que Lázaro estava realmente marta, e
riosa sinal divide aquele que a testemunham. Os que rejeitam a glória revelada, não meramente doente.
eles mesmas se encarregam de procurar a morte de Jesus (vs. 46-50).
•11.21 se estiveras aqui. A primeira afirmação de cada irmã (cf. v. 32).
•11.1 Lázaro. Não a Lázaro de Lc 16.20. Este Lázaro é referida somente na
•11.22 mesmo agora. Marta ainda esperava algum milagre, ainda que pare-
Evangelho de João.
cesse que seu irmão estava além da possibilidade de recuperação. Quando Jesus
•11.2 Esta Maria. A unção de Jesus por Maria é relatada em 12.1-8. fala de ressurreição, ela relaciona essa idéia com a futura distante, a "última dia"
•11.3 está enfermo aquele a quem amas. Este foi um pedido de socorra, (v. 24). A fé que Marta demonstrava era melhor informada do que a dos saduce-
aparentemente enviado pouco antes de Lázaro morrer. us, que diziam não haver ressurreição (Mt 22.23).
•11.4 Esta enfermidade não á para morte. Ao falar assim. Jesus não está ne- •11.25 Eu sou a ressurreição e a vida. Isto é repetida em parte em 14.6 (At
gando que Lázaro estará morto par quatro dias, mas está negando que a morte 3.15; Hb 7.16). Avida, para a crente, não termina com a morte, mas continua
triunfará finalmente. eternamente, como uma vida sem fim de comunhão com Deus. Esta é uma ver-
•11.6 ainda se demorou dois dias. Um atraso que as irmãs de Lázaro teriam dade para aqueles que, cama Lázaro, estavam na sepultura, tanto quanta para
dificuldade para entender. aqueles que ainda vivem. Ver nota sobre 6.35.
•11.8 ainda agora os judeus procuravam apedrajar-te. A morte de Jesus •11.27 tu ás o Cristo. A conversação provoca, da parte de Marta, uma confis-
não aconteceu par acidente ou par erra de cálculo; foi para morrer que ele veia. são de fé que é paralela à de Pedro (Mt 16.16).
Jesus e seus discípulos sabiam que se ele fosse a Jerusalém, sua vida correria •11.28 O Mestre. Uma caracterização do ministério de Jesus. Jesus não des-
periga. denha de ensinar a uma mulher, cama faziam outras mestres (Lc 10.39.42).
•11.11 adormeceu. Na Nava Testamento. a morte éfreqüentemente represen- •11.33 agitou-se no espírito. A expressão exterior de tristeza não deixou Je-
tada coma um sana (At 7.60; 1Ca 15.51; 1Ts 4.13). Este é um moda comum de sus indiferente. Ele derramou lágrimas de compaixão pela morte de Lázaro (v. 35).
falar a respeito da morte, e nada diz a respeito da doutrina da "sano da alma" das •11.34 Onde o sepultastes. OEvangelho de João ensina tanto a divindade de
santas que partiram. As Escrituras são claras em dizer que a percepção conscien- Cristo (1.1, 18) quanto a sua plena humanidade. Como Mediador. Cristo atuou
te continua depois da morte. dentro dos limites de sua humanidade sem pecado e sem deixar de lado a sua di-
•11.16 para morrermos com ele. A hostilidade contra Jesus tinha atingida um vindade. Ele experimentou emoções humanas e podia expressar ignorância de fa-
ponto tal que as próprios discípulos se convenceram de que uma viagem a Jeru- tos. Ver "A Humanidade de Jesus", em 2Jo 7.
1251 JOÃO 11, 12
disseram os judeu~: Vede quanto o amava. 37 Mas alguns ob· sus estava para morrer pela nação 52 e ;não somente pela na-
jetaram: Não podfa ele, "que abriu os olhos ao cego, fazer que ção, mas itambém para reunir em um só corpo os filhos de
este não morresse? 38 Jesus, agitando-se novamente em si Deus, que andam dispersos. 53 Desde aquele dia, resolveram
mesmo, encaminhou-se para o túmulo; era este uma gruta a 'matá-lo. S4 moe sorte que Jesus já não andava publicamente
cuja entrada tinharoviosto uma vpedra. 39 Então, ordenou Je· entre os judeus, mas retirou-se para uma região vizinha ao de-
sus: Tirai a pedra. Dll;se·lhe Marta, irmã do morto: Senhor, já serto, para uma cidade chamada nEfraim; e ali permaneceu
cheira mal, porque j~é de quatro dias. 40 Respondeu· lhe Je· com os discípulos.
sus: Não te disse eu que, se creres, xverás a glória de Deus? 55 ºEstava próxima a Páscoa dos judeus; e muitos daquela
41 Tiraram, então, a pedra. 4 EJesus, levantando os olhos para região subiram para Jerusalém antes da Páscoa, para Pse puri-
o céu, disse: Pai, graças te dou porque me ouviste. 42 Aliás, eu ficarem. 56 qLá, procuravam Jesus e, estando eles no templo,
sabia que sempre me ouves, mas assim falei 2 por causa da diziam uns aos outros: Que vos parece? Não virá ele à festa?
multidão presente, para que creiam que tu me enviaste. 43 E, 57 Ora, os principais sacerdotes e os fariseus tinham dado or-
tendo dito isto, clamou em alta voz: Lázaro, vem para fora! dem para, se alguém soubesse onde ele estava, denunciá-lo, a
44 Saiu aquele que estivera morto, tendo os pés e as mãos liga· fim de o rprenderem.
dos com ªataduras e o brosto envolto num lenço. Então, lhes
ordenou Jesus: Desatai-o e deixai-o ir. Jesus ungido por Maria em Betânia
45 Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo visitar Seis dias antes da Páscoa, foi Jesus para Betânia,
Maria, e vendo o que fizera Jesus, creram nele. 4ó Outros, po·
rém, foram ter com os fariseus e lhes dcontaram dos feitos
12 onde ªestava Lázaro, / a quem ele ressuscitara den-
tre os mortos. 2 bOeram-lhe, pois, ali, uma ceia; Marta ser-
que Jesus realizara. via, sendo Lázaro um dos que estavam com ele à mesa.
3 Então, cMaria, tomando uma libra de bálsamo de dnardo
O plano para tirar a 1/ida de Jesus puro, mui precioso, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com
47 eEntão, os principais sacerdotes e os fariseus convoca- os seus cabelos; e encheu-se toda a casa com o perfume do
ramo Sinédrio; e disseram: /Que estamos fazendo, uma vez bálsamo. 4 Mas e Judas lscariotes, um dos seus discípulos, o
que este homem opera muitos sinais? 48 Se o deixarmos as- que estava para traí-lo, disse: s Por que não se vendeu este
sim, todos crerão nele; depois, virão os romanos e tomarão perfume por 2 trezentos denários e não se deu aos pobres?
não só o nosso lugar, mas a própria nação. 49 !?Caifás, porém, 6 Isto disse ele, não porque tivesse cuidado dos pobres; mas
um dentre eles, sumo sacerdote naquele ano, advertiu-os, di- porque era ladrão e, !tendo a bolsa, tirava o que nela se lan-
zendo: Vós nada sabeis, so hnem considerais que 5 vos con- çava. 7 Jesus, entretanto, disse: Deixa-a! 3Que ela guarde
vém que morra um só homem pelo povo e que não venha a isto para o dia em que me embalsamarem; 8porque gos po-
perecer toda a nação. s1 Ora, ele não disse isto de si mesmo; bres, sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre
mas, sendo sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Je- me tendes .

• ;-uJo~-;;:7 ~8-VMt27 60,66~~c ;546~Lc-24 2~ 4~X[~o 1~-4.23] ~t 4C~~~.


- 2; Jo TR eM
jazia,NUomite 42ZJo12.30;17.21 44ªJo19.40bJo20.7 45cJ0223;10.42;12.11,18 46dJo5.15 47es12.2/At4.16
acre-scentam·;;;;;:garon;eomort;~ -

49 nc 3.2 50 h Jo 18.14 5Cf. NU; TR e M nos 52 ils 49 6 /[Ef 2 14-17] 53 iMt 26.4 54 mJo 4.1,3; 7.1 n 2Cr 13.19 55 °Jo
2 13; 5.1, 6.4 P Nm 9.10, 13; 31.19-20 56 q Jo 7.11 57 rMt 26.14-16
CAPÍTULO 12 t a Jo 11.1.43 l Cf. NU; TR e M acrescentam o que estivera morto, NU omite 2 b Me 14.3; Lc 10.38-41 3 e Jo 11.2 d Ct
1.12 4eJo13.26 5 2Aproximadamente o salário de um ano de um trabalhador 6/Jo 13.29 7 3Cf. NU; TR e ME/aguardou 8gMc14.7
•11.37 Não podia ele. As questões levantadas são a respeito de que espécie eia. Seria uma bênção Jesus morrer porque sua morte era necessária à salvação
de poder Jesus tem e quando ele decide usá-lo. Lázaro morreu e as irmãs prante- não só dos 1udeus. mas dos eleitos de todo o mundo
aram para que a glória de Deus fosse manifestada (v. 4; 9.3). A cura do cego é •11.54-57 A crescente hostilidade dos líderes 1udeus levou Jesus a retirar-se por
lembrada como claramente sobrenatural. uns tempos de Jerusalém.
•11.41 Pai, graças te dou. Jesus dá graças pela resposta à sua oração. Ele tem •12.1-11 A unção de Jesus relatada em Lc 7.36-50 é um incidente diferente
o cuidado de relacionar este milagre à sua missão como Messias desta unção feita por Maria, que é relatada também em Mt 26.6-12eMe14.3-9.
•11.43 Lázaro, vem para fora. O morto não pode ouvir, porém Jesus quis que •12.3 mui precioso. Judas avaliou isto em termos do salário de um ano de tra-
os presentes vissem que a voz de Deus pode ressuscitar o morto (5.28-29). Esta balho (v. 5). quase três vezes tanto quanto Judas aceitou para trair a Jesus.
chamada divina que dá vida ao morto ilustra vividamente a chamada de Deus diri- ungiu os pés de Jesus. Mateus e Marcos indicam que ela derramou algum per-
gida aos mortos espirituais, que os faz ress.urgir para a vida espiritual (Ef 25) fume sobre a cabeça de Jesus, que seria a prática comum. Ungir seus pés e en-
•11.45-47 Esta obra de Deus teve um duplo resultado: fé para alguns e resistên- xugá-los com seus cabelos era um tributo de humildade e devoção.
cia e descrença para outros (cf. 2Co 3.15-16). •12.4-6 Judas le os outros discípulos, Mt 26.8) objetou fortemente, consideran-
•11.48 O Sinédrio, que tinha suprema autoridade religiosa no país, temeu que o do o ato um desperdício de dinheiro. Suas recriminações foram uma desconside-
ministério de Jesus provocasse um levante popular. que os romanos esmagariam ração para com Jesus e cruéis para com Maria. O interesse para com o pobre é
pela força das armas. desmascarado como artificial.
•11.49 Caifás. Ele era um saduceu e genro de Anás, que tinha sido deposto •12.7 Deixa-a. Jesus defende Maria, aludindo que ela o fizera como uma prepa-
como sumo sacerdote pelos romanos, mas que tinha considerável influência so- ração para sua morte próxima. Para este ponto crucial da obra redentora de Deus,
bre os líderes religiosos 11813) nenhum gasto é muito grande.
•11.50 Caifás insensivelmente sugere que executar uma pessoa inocente pode •12.8 sempre ... nem sempre. Sempre haverá pobreza num mundo caído junto
ser desculpável, se esse procedimento assegura vantagem para a nação. Ele ti- com as responsabilidades de ministrar ao pobre como uma expressão do amor de
nha esquecido a mensagem de Pv 17 .15 Deus. A oportunidade de estar presente com Jesus e servi-lo durante sua perma-
•11.51 profetizou. Nos propósitos de Deus, Caifás, sem o saber, fez uma prole- nência na terra não se repetiria.
JOÃO 12 1252
O plano para tirar a \lida de Lázaro entre si: 1Vede que nada aproveitais! Eis aí vai o mundo após
9 Soube numerosa multidão dos judeus que Jesus estava ele.
ali, e lá foram não só por causa dele, mas também para verem
Lázaro, ha quem e\eressuscitara dentre os mortos. 10 1Mas os Alguns gregos desejam ver Jesus
principais sacerdotes resolveram matar também Lázaro; 20Qra, entre os "que subiram para adorar durante a fosta,
11 iporque muitos dos judeus, por causa dele, voltavam cren- vhavia alguns gregos; 21 estes, pois, se dirigiram a Filipe, xque era
do em Jesus. de Betsaida da Galiléia, e lhe rogaram: Senhor, queremos ver Je-
sus. 22 Filipe foi dizê-lo a André, e André e Filipe o comunicaram
A entrada triunfal de jesus emferusalém a Jesus. 23 Respondeu-lhes Jesus: zÉ chegada a hora de ser glori-
12 1No dia seguinte, a numerosa multidão que viera à fes· ficado o Filho do Homem. 24 Em verdade, em verdade vos digo:
ta, tendo ouvido que Jesus estava de caminho para Jerusalém, ªse o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas,
13 tomou ramos de palmeiras e saiu ao seu encontro, claman- se morrer, produz muito fruto. 25 bQuem ama a sua vida perde-a;
do: Hosana! mBendito o que vem em nome do Senhor e que mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para
é Rei de Israel! 14 n E Jesus, tendo conseguido um jumenti- a vida eterna. 26 Se alguém me serve, esiga- me, e, donde eu es-
nho, montou-o, segundo está escrito: tou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai
15 ºNão temas, filha de Sião, eis que o teu Rei aí vem, o homará. Z1 eAgora, está angustiada a minha alma, e que direi
montado em um filho de jumenta. eu? Pai, salva-me desta hora? !Mas precisamente com este pro-
16 PSeus discípulos a princípio não compreenderam isto; pósito vim para esta hora. 28 Pai, glorifica o teu nome. gEntão,
qquando, porém, Jesus foi glorificado, rentão, eles se lem- veio uma voz do céu: Eu já o glorifiquei e ainda o glorificarei.
braram de que estas coisas estavam escritas a respeito dele e 29 A multidão, pois, que ali estava, tendo ouvido a voz, dizia ter
também de que isso lhe fizeram. 17 Dava, pois, testemunho havido um trovão. Outros diziam: Foi um anjo que lhe falou.
disto a multidão que estivera com ele, quando chamara a Lá- 30 Então, explicou Jesus: hNão foi por mim que veio esta voz,
zaro do túmulo e o levantara dentre os mortos. 18 5 Por causa e sim por vossa causa. 31 Chegou o momento de ser julgado
disso, também, a multidão lhe saiu ao encontro, pois ouviu este mundo, e agora io seu príncipe será expulso. 32 E eu,
que ele fizera este sinal. 19 De sorte que os fariseus disseram !quando for 4 levantado da terra, atrairei 1todos a mim mesmo.

·~ Jo-1143-4~-1~ ~e
h 16;1 ~ 1/Jo11~5;1218~ IM;;-~·~-9; ~~ ;:1~; ~e
11 19353;-;-3
15 ºls40.9; Zc 9.9 16PLc 18.34 QJo739; 12.23 r[Jo 1426] 18SJo 12.11 19 tJo 11.47-48 2ourns 8.41-42; At8.27 VMc
m~l 118;5~2~ ~~t-;-1;
14 -

7.26; At 17.4 21 x Jo 1.43-44; 14.8-11 23 ZMt 26.18.45; Jo 1332; At 3.13 24 a [Rm 14.9); 1Cr 1536 25 bMt 1039; Me 8.35; Lc
9.24 26 e [Mt 16 24] dJo 14.3; 17.24; [1Ts 4.17] 27 e [Mt 2638-39]; Me 14.34; Lc 12.50; Jo 11.33 !Lc 22.53; Jo 18.37 28 gMt 3.17;
17.5; Me 1.11; 9.7; Lc 3.22; 9.35 30 h Jo 11.42 31 iMt 12.29; Lc 10.18; [At 26.18; 2Co 4.4] 32 i Jo 3.14; 8.28 l[Rm 5.18; Hb
2.9] 4 crucificado
•12.9-10 Ao invés de reconhecer a mão de Deus na ressurreição de Lázaro, os uma explicação de sua própria obra. Sua morte, que ocorrerá num certo tempo e
principais sacerdotes conspiravam para matar Jesus e Lázaro. lugar, abrirá as portas da salvação para o povo de todas as eras e nações.
•12.11 muitos dos judeus. Os lideres religiosos estavam perdendo popularida- •12.25 Quem ama sua vida. Os que estão assoberbados pelos interesses da
de. Nicodemos parecia ter desertado 17 .50-52); alguns judeus tinham crido em vida sobre a terra encontrarão a ruína, enquanto os que são desprendidos desses
Cristo, ainda que superficialmente 18.30, nota); alguns estavam impressionados interesses obterão a vida eterna através da obra de Cristo IMt 10.39; Lc 1733) É
com a cura do cego de nascença 110.21); Jesus parecia estar ganhando seguido- no serviço de Cristo e na união com ele que a verdade desta afirmação é experi-
res além do Jordão 110.41-42); e agora a ressurreição de Lázaro estava conduzin- mentada lcap. 14)
do outros à fé nele (vs 17-18; 11.45). Tudo isto foi uma preparação para a •12.27 Agora, está angustiada a minha alma. Jesus está perturbado diante
aclamação que Jesus receberia em sua entrada triunfal, que levaria os fariseus a da perspectiva de suportar o juízo de seu Pai santo no lugar dos pecadores. Não
dizerem: "Eis aí vai o mundo após ele" lv. 19) obstante, ele aceita seu papel e reafirma seu compromisso para com ele.
•12.13 Hosana. A saudação foi emprestada, em parte, do SI 118.25-26, à qual •12.28 veio uma voz do céu. Em três lugares nos Evangelhos o Pai fala direta-
foi acrescentada a referência ao "Rei de Israel" Isto era particularmente inquieta- mente, do céu, a respeito de Jesus: no seu batismo IMt 3.17), na transfiguração
dor aos líderes judeus, que temiam um levante popular sob a liderança de Jesus. (Mt 17.5) e aqui. Para benefício dos discípulos lv 30), o Pai coloca seu selo de
•12.14-15 As circunstâncias exatas tinham sido profetizadas por Zc 9.9. Esta aprovação sobre a obra salvadora de Jesus.
profecia é anotada também por Mateus e foi entendida em retrospectiva pelos •12.29 A multidão... tendo ouvido a voz. Uma situação semelhante à das cir-
discípulos. cunstâncias da conversão de Paulo, onde aqueles que o acompanhavam ouviram
um som, mas não distinguiram as palavras IAt 9.7; 22.9).
•12.20 alguns gregos. Uma nota de rodapé irônica à afirmação dos fariseus no v. •12.31 Chegou o momento de ser julgado este mundo. Pela sua morte
19. Provavelmente estes "gregos" não fossem judeus da dispersão la palavra grega que se aproxima, Jesus porá fim ao poder do pecado sobre a raça de Adão, jul-
é diferente da que é traduzida por "helenistas", em At 6.1 ). Ao invés disso, eles gando-o e condenando-o.
eram talvez prosélitos ou, mais provavelmente, gentios "tementes a Deus" !como seu príncipe será expulso. Satanás lcf. 14.30; 16.11; 2Co 4.4; Ef 2.2; 1Jo 4.4;
eram chamados), que participavam do culto na Sinagoga, mas que não se subme- 5.19). Satanás tem poder de fato, mas não de direito. Quando Deus destrói o po-
teram à circuncisão e à plena recepção à religião judaica IAt 8.27; 13.26; 17.4). der de Satanás, não está violando seus direitos ou quebrando qualquer acordo fei-
•12.23 Échegada a hora. Em contraste com afirmações anteriores de que sua to com ele.
hora não tinha chegado ainda 12.4; 7.6,8,30; 8.20), esta é a primeira de um núme- •12.32 quando for levantado. Isto se refere à crucificação lv. 33), mas tam-
ro de afirmações de que a morte e a ressurreição de Cristo estão próximas lv. 27; bém à glorificação de Cristo. Como "Mediador" ele será levantado à mão direita
13.1; 16.32; 17.1). A cruz e o sepultamento são descritos em outro lugar como de Deus 13.14, nota)
sua humilhação (Fp 2.8). Esta humilhação é o caminho pelo qual Cristo, o Media- atrairei todos a mim mesmo. A cruz exerce uma atração universal, e povos de
dor, seguindo os dias de sua ressurreição ainda sobre esta terra, deve entrar na todas as nacionalidades, gentios bem como judeus, serão salvos através dela.
glória de sua ascensão para a mão direita do Pai 113.31-32; cf. Fp 2.8-9). "Todos" significa toda espécie de pessoa, sem distinção, e não todos os mem-
•12.24 o grão de trigo. Jesus usa a figura do crescimento do grão de trigo como bros da raça humana sem exceção.
1253 JOÃO 12, 13
:n misto dizia, significando de que gênero de morte estava para O resumo do ensino de jesus
morrer. 34 Replicou-lhe, pois, a multidão: nNós temos ouvido 44 EJesus clamou, dizendo: 'Ouem crê em mim d crê, não
da lei que o Cristo permanece para sempre, e como dizes tu ser em mim, e mas naquele que me enviou. 45 E / quem me vê a
necessário que o Filho do Homem seja levantado? Quem é mim vê aquele que me enviou. 46 gEu vim como luz para o
esse Filho do Homem? 35 Respondeu-lhes Jesus: Ainda por um mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não per-
pouco ºa luz está convosco. PAndai enquanto tendes a luz, maneça nas trevas. 47 Se alguém ouvir as minhas palavras e
para que as trevas não vos apanhem; e q quem anda nas trevas não as 6 guardar, h eu não o julgo; porque ;eu não vim para jul-
não sabe para onde vai. 36 Enquanto tendes a luz, crede na luz, gar o mundo, e sim para salvá-lo. 48iQuem me rejeita e não
para que vos tomeis rfilhos da luz. Jesus disse estas coisas e, re- recebe as minhas palavras tem quem o julgue; 1a própria pala·
tirando-se, 5 ocultou·se deles. vra que tenho proferido, essa o julgará no último dia. 49 Por-
que meu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que
A explicação da incredulidade dos judeus me enviou, esse me tem prescrito no que dizer e o que anun·
37 E, embora tivesse feito tantos 1sinais na sua presença, ciar. 50 Esei que o seu mandamento é a vida eterna. As coisas,
não creram nele, 38 para se cumprir a palavra do profeta Isaías, pois, que eu falo, como o Pai mo tem dito, assim ºfalo.
que diz:
11 Senhor, quem creu em nossa pregação? E a quem foi re- jesus lava os pés aos discípulos
Ora, ªantes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que
velado o braço do Senhor?
39 Por isso, não podiam crer, porque Isaías disse ainda:
40 "Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração,
13 era chegada a bsua hora de passar deste mundo para
o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, camou-
xpara que não vejam com os olhos, nem entendam com os até ao fim. 2 1 Durante a ceia, d tendo já o diabo posto no
o coração, e se convertam, e sejam por mim curados. coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que traísse a Je-
41 "Isto disse Isaías 5 porque viu a glória dele e falou a seu sus, 3 sabendo este e que o Pai tudo confiara às suas mãos, e
respeito. 42 Contudo, muitos dentre as próprias autoridades que ele !viera de Deus, e gvoltava para Deus, 4 hlevantou-se
creram nele, mas, ªpor causa dos fariseus, não o confessa· da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha,
vam, para não serem expulsos da sinagoga; 43 bporque ama- cingiu se com ela. 5 Depois, deitou água na bacia e passou a
ram mais a glória dos homens do que a glória de Deus. lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com

·-~3 rn Jo~832~~119 34 ns1 8936-37; Is 9.6-7; Mq 4.7 35 o [Jo 1.9; 733, 8.12] PJr 13.16; [GI 6.10]; Ef 5.8qJo11.10; [1Jo
36 rLc 16 8; Jo 8 12 sJo 8.59 37 tJo 11.47 38 111s 53.1; Rm 10.16 40 "Is 6.9-10 XMt 13.14 41 2 1s6 1 5Cf. NU; TR e Mquando
2~1]--
42ªJo713;922 43bJo5.41.44 44CMc937d[Jo3.16,18,36;112526]e[Jo524] 45/[Jo149] 46gJo1.4-5;8.12;
1235-36 47 h Jo 5.45 i Jo 3.17 ô Cf. NU; TR e M crer 48 i [Lc 1O16] IDt 18.18-19 49 rn Jo 8.38 n Dt 18. 18 50 Jo 5.19; 8.28 °
CAPÍTULO 13 1 ªMt 26.2 b Jo 12.23; 17. 1 e Jo 15 9 2 dLc 223 1Cf NU; TR e ME, acabada a ceia 3 eAt 236/Jo 8.42; 16.28 g Jo
17. 11, 20. 17 4 h [lc 22 27]
•12.34 da lei. Um dos termos usados para toda a Escritura do Antigo Testamen- ção de Cristo fosse a salvação dos seus e não a condenação daqueles que não
to (1034; 15.25). Esta é uma possível referência a SI 89.36; 110.4; Is 9 7; Ez crêem.
37.25; Dn 7.14; Mq 5.2. •12.48 palavra que tenho proferido. Ver "O Ensino de Jesus", em Mt 7.28.
0 Filho do Homem. Entenderam este título como uma re1vind1cação de ser o •13.1-17.26 Estes cinco capítulos relatam o ministério de Jesus aos seus dis-
Messias prometido. cípulos no cenáculo, acompanhado de uma refeição. Os outros Evangelhos indi-
seja levantado. Entenderam isto como ser suspenso ou crucificado, à base de cam que a Ceia do Senhor foi instituída nesta ocasião. porém João não diz isto,
textos tais como SI 8936-37, e eles não podiam conciliar a morte de Cristo com o talvez porque ele considerasse a instituição da Ceia suficientemente abordada
conceito que tinham sobre o Messias. pelos três Evangelhos Sinóticos: Mateus, Marcos e Lucas. A relação entre a nar-
rativa dos Sinót1cos e o Evangelho de João tem sido extensamente discutida por
•12.35 a luz. Jesus é a "luz" lv 46. 14-9; 8. 12; 9.5). Sua morte iminente trará
muitos estudiosos. Os Evangelhos Sinóticos. todos, afirmam que a refeição referi-
um período de trevas. da em 132, era a refeição da Páscoa (Mt 26.17-30; Me 14.12-26; Lc 22 7-23).
•12.38 para se cumprir a palavra do profeta Isaías. O ministério público e João, por outro lado, implica que essa refeição teve lugar na véspera da Páscoa, e
terreno de Jesus era o cumprimento da profecia de Isaías. que era. em grande que Jesus morreu no tempo exato, quando os cordeiros pascais estavam sendo
parte, um ministério de juízo do Israel incrédulo. Jesus pronuncia o juízo previa- imolados (13. 1,29; 18.28; 19. 14,31.42) Entre os estudiosos que aceitam a fide-
mente anunciado por Isaías, que deve preceder o reino vindouro. dignidade de João e dos Evangelhos Sinóticos. diversas soluções possíveis têm
•12.39 não podiam crer. Ninguém poderá crer verdadeiramente a menos que sido propostas. Ver notas em 19.14; Mt 26.17.
Deus abra o entendimento do indivíduo mediante a obra sobrenatural do Espírito •13.1 amou-os até ao fim. Grande ênfase é dada nos caps. 13-17 ao amor
(33-7) de Cristo. Este amor é ilustrado na comovente cena do lava-pés, na qual o Filho de
•12.41 porque viu a glória dele. Isaías tinha recebido uma visão da glória do Deus não desdenha realizar o mais humilde trabalho de um servo (Fp 2.7-8).
Deus entronizado (Is 6. 1) e profetizou a respeito do divino Servo Sofredor (Is •13.2 Um contraste vivo entre Judas que se serve a si mesmo e Jesus, que se dá
52 13-53.12) a si mesmo.
•12.42 muitos ... creram nele. O juízo anunciado por Isaías cumpriu-se, mas •13.3 sabendo este. A humilde conduta de Jesus não foi porque ele tivesse es-
mesmo alguns líderes (p. ex .. José de Arimatéia e Nicodemos. 1938-40) creram quecido a sua condição de Filho encarnado de Deus. Seu ato demonstra que con-
apesar da ameaça de excomunhão da parte de seus pares descrentes. dição superior e privilégio não são razão para a arrogância, porém. são altas
•12.44 Ouem crê em mim crê ... naquele que me enviou. Oestreito relacio- credenciais para o serviço.
namento de Jesus com o Pai (cf. 17.21-23) é ressaltado em três aspectos: crer •13.5 lavar os pés aos discípulos. Olava-pés era um elemento comum de
em Cristo é crer no Pai, ver Cristo é ver o Pai (v. 45). ouvir a Cristo é ouvir ao Pai (v. hospitalidade num país poeirento, onde as pessoas usavam sandálias (cf. Lc
50). Por outro lado, rejeitar a Cristo e suas palavras é rejeitar o Pai e suas palavras. 7.44). Esta tarefa era geralmente realizada pelo membro mais humilde da
Esta rejeição resulta em condenação, ainda que o propósito básico da encarna- casa.
.JOÃO 13 1254
que estava cingido. 6 Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, e do acontecer, creiais que Eu Sou. 20 ªEm verdade, em verda-
este lhe disse: ;Senhor, tu me lavas os pés a mim? 7 Respondeu· de vos digo: quem recebe aquele que eu enviar, a mim me re-
lhe Jesus: O que eu faço inão o sabes agora; 1compreendê- cebe; e quem me recebe recebe aquele que me enviou.
lo-ás depois. 8 Disse· lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Res-
pondeu-lhe Jesus: mse eu não te lavar, não tens parte comigo. O traidor indicado
9 Então, Pedro lhe pediu: Senhor, não somente os pés, mas 21 bDitas estas coisas, cangustiou·se Jesus em espírito e
também as mãos e a cabeça. 10 Declarou-lhe Jesus: Quem já afirmou: Em verdade, em verdade vos digo que dum dentre
se banhou não necessita de lavar senão os pés; quanto ao vós me trairá. 22 Então, os discípulos olharam uns para os ou·
mais, está todo limpo. Ora, "vós estais limpos, mas não todos. tros, sem saber a quem ele se referia. 23 Ora, e ali estava 4 con-
II Pois ºele sabia quem era o traidor. Foi por isso que disse: chegado a Jesus um dos seus discípulos, aquele a quem ele
Nem todos estais limpos. amava; 24 a esse fez Simão Pedro sinal, dizendo-lhe: Pergunta
a quem ele se refere. 25 Então, aquele discípulo, 5 reclinando·
Uma lição de humildade se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe: Senhor, quem é?
12 Depois de lhes ter lavado os pés, tomou as vestes e, vol- 26 Respondeu Jesus: É aquele a quem eu der o pedaço de pão
tando à mesa, perguntou-lhes: 2 Compreendeis o que vos fiz? molhado. Tomou, pois, um pedaço de pão e, tendo-o molha-
13 PVós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; por- do, deu-o afJudas, filho de Simão Iscariotes. 27 gE, após o bo-
que eu o sou. 14 Ora, qse eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos cado, imediatamente, entrou nele Satanás. Então, disse Jesus:
lavei os pés, rtambém vós deveis lavar os pés uns dos outros. O que pretendes fazer, faze-o depressa. 28 Nenhum, porém,
15 Porque seu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, dos que estavam à mesa percebeu a que fim lhe dissera isto.
façais vós também. 16 1Em verdade, em verdade vos digo que 29 Pois, como hJudas era quem trazia a bolsa, pensaram al·
o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior guns que Jesus lhe dissera: Compra o que precisamos para a
do que aquele que o enviou. 17 Ora, "se sabeis estas coisas, festa ou lhe ordenara que desse alguma coisa aos pobres.
bem-aventurados sois se as praticardes. 18 Não falo a respeito 30 Ele, tendo recebido o bocado, saiu logo. E era noite.
de todos vós, pois eu conheço aqueles que escolhi; é, antes,
para vque se cumpra a Escritura: O novo mandamento
x Aquele que come 3 do meu pão levantou contra mim 31 Quando ele saiu, disse Jesus: 1Agora, foi glorificado o Fi·
seu calcanhar. lho do Homem, e !Deus foi glorificado nele; 32 se Deus foi
19 2 Desde já vos digo, antes que aconteça, para que, quan- glorificado nele, também Deus o glorificará nele mesmo; e

• 6 iM~314 7 i Jo 1216; 1612 IJo 1319 ,;,l1Co S 10 n ~11] [J~


153]--l-l o Jo 664; 18-;~
Sabeis 13 P
14 Qlc 22.27 r[Rm 12.10] 15 s [1Pe 2.21-24] 16 IMt 10.24 17 u [Tg 125] 18 v Jo 15.25; 17.12 XSI 4193 Cf NU; TR e Mo pão
M~238,1~-~~
comigo 19ZJo1429;16.4 20ªMt10.40 21 bLc22.21 CJo12.27d1Jo2.19 2JeJo19.26;20.2;21.7,204reclinado 2S5NLJe
M acrescentam assim 26/Jo 6.70-71; 12.4 27 glc 22.3 29 hJo 12.6 31 i Jo 12.23 /[1Pe 411]
•13.6-10 Pedro, com sua habitual impulsividade (Lc 5.8; Mt 16.22; At 10.14). fez Eu Sou. Reivindica divindade, como em Êx 3.14.
objeção à atitude de Jesus de lavar-lhe os pés. Ele não podia entender a humilda- •13.21 angustiou-se Jesus em espírito. Compare 11.33; 12.27. Desde oco-
de de Cristo. Jesus responde que quaisquer que possam ser as expectativas de meço, Jesus sabia o que Judas ia fazer, mas sua alma antevia os sofrimentos fu-
Pedro, ele precisa aceitar Jesus de acordo com o caminho que Deus traçou para o turos, à medida que o tempo se aproximava.
Messias seguir lls 55.7-9; Mt 16.23)
•13.22 sem saber a quem ele se referia. Judas tinha ocultado seu propósito
•13.11 ala sabia. João acentua que a traição por Judas não era um conheci- traidor tão cuidadosamente que os outros discípulos nada perceberam. Cada dis·
mento imprevisível, mas que Jesus estava plenamente consciente dos eventos cípulo começou a temer que ele pudesse ser o elo fraco (Mt 26.22). Judas tam-
que se aproximavam e do papel de Judas neles. A ação de Judas foi de sua pró- bém formulou a pergunta (Mt 26.25), mas os discípulos, aparentemente, não
pria decisão, livre e responsável, contudo foi levada a efeito de acordo com o pla- ouviram a resposta de Jesus.
no de Deus.
•13.23 ali estava conchegado a Jesus. Num banquete formal, as pessoas
•13. 13 o Mestra e o Senhor. Este título duplo dá especial significação à reivin-
não ficavam sentadas. mas reclinadas à mesa (Lc 22.14, nota). A posição de
dicação de Cristo sobre a vida dos discípulos. Posteriormente, eles o chamarão
João não era incomum numa tal ocasião.
Senhor em reconhecimento de sua divindade (20.28).
•13.15 eu vos dai o exemplo. A humildade de Cristo é um padrão para seus aquele a quem ale amava. Esta referência aparece em 19.26; 20.2; 21.7,20, e
discípulos. Ao invés de aspirar a dominar, eles devem estar ávidos a servir (Mt geralmente tem sido entendida como se referindo a João, o autor do Evangelho.
20.26-28; Fp 2.5-8; 1Pe2.21 ). A observação não implica uma falta de amor para com os outros discípulos, mas
indica uma especial afinidade com João (19.26-27).
•13.17 se as praticardes. A percepção intelectual não é suficiente, mas preci-
sa estar apoiada por um compromisso de vida. Isto não significa que nossas obras •13.26 o pedaço de pão. Este era aparentemente um favor reservado ao hós·
sejam a base da nossa aceitação da parte de Deus, mas significa que elas são a pede de honra.
evidência da verdadeira fé Confiança e obediência são inseparáveis. •13.27 entrou nele Satanás. A recusa de Judas em responder ao apelo de Je·
•13.18 Não ... todos vós. Jesus escolheu Judas para ser um dos Doze, mas não sus abriu o seu coração para o controle de Satanás. Judas era ainda um agente
o conduziu à salvação. Judas não era um dos eleitos (Mt 26.24), contudo de responsável, mas submetera-se ao domínio do mal (cf. 8.34).
modo algum ele foi coagido a trair. faze-o depressa. Jesus continua no controle dos acontecimentos e não faz
se cumpra. Jesus destaca o cumprimento das Escrituras em muitos detalhes de mais nenhum esforço para refrear Judas no seu propósito fatal.
sua vida. A citação do SI 41.9 é uma possível referência à traição por Aitofel (2Sm •13.31-32 glorificado. Overbo é repetido cinco vezes. Podia-se esperar a pala-
15.31). vra oposta ("humilhado"), porque, na linguagem de Paulo, Jesus desceu ao último
•13.19 antes que aconteça. A veracidade de uma predição anterior era a mar- degrau de sua profunda "humilhação", sendo pendurado na cruz sob a maldição
ca de um verdadeiro profeta, e a falsa predição era o caminho seguro para discer- divina (GI 3.13). Porém João faz o foco de luz incidir sobre a glória de Deus através
nir o falso profeta (Dt 18 18-22). de Cristo, para mostrar a glória de Deus revelada especialmente na cruz.
1255 JOÃO 13, 14
'glorificá-lo-á imediatamente. 33 Filhinhos, ainda por mum gar, cvoltarei e vos receberei para mim mesmo, para que,
pouco estou convosco; buscar-me-eis, ne o que eu disse aos donde eu estou, estejais vós também. 4 E vós sabeis o cami-
judeus também agora vos digo a vós outros: para onde eu nho para onde eu vou. 5 e Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabe-
vou, vós não podeis ir. 34 ºNovo mandamento vos dou: que mos para onde vais; como saber o caminho? 6 Respondeu-
vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que tam- lhe Jesus: Eu sou !o caminho, e 8a verdade, e havida; 'nin-
bém vos ameis uns aos outros. 35 PNisto conhecerão todos guém vem ao Pai isenão por mim. 7 1Se vós me tivésseis co-
que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros. nhecido, conheceríeis também a meu Pai. Desde agora o
conheceis e o tendes visto. B Replicou-lhe Filipe: Senhor,
Pedro é a\lisado mostra-nos o Pai, e isso nos basta. 9 Disse-lhe Jesus: Filipe,
36 Perguntou-lhe Simão Pedro: Senhor, para onde vais? há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido?
Respondeu Jesus: Para onde qvou, não me podes seguir ago- mouem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o
ra; mais tarde, porém, 'me seguirás. 37 Replicou Pedro: Se- Pai? 10 Não crês que neu estou no Pai e que o Pai está em
nhor, por que não posso seguir-te agora? Por ti s darei a própria mim? As palavras que eu vos digo ºnão as digo por mim
vida. 38 Respondeu Jesus: Darás a vida por mim? Em verda- mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas
de, em verdade te digo que jamais 1cantará o galo antes que obras. 11 Crede-me que estou no Pai, e o Pai, em mim; Pcre-
me negues três vezes. de ao menos por causa das mesmas obras. 12 qEm verdade,
em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará tam-
Jesus conforta os discípulos bém as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu
ªNão se turbe o vosso coração; credes em Deus, cre- vou para junto do Pai. 13 'E tudo quanto pedirdes em meu
14 de também em mim. 2 Na casa de meu Pai há mui-
tas 1 moradas. Se assim não fora, 2 eu vo-lo teria dito. Pois
nome, isso farei, a fim de que o Pai seja 5 glorificado no Filho.
14 Se 3 me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.
bvou preparar-vos lugar. 3 E, quando eu for e vos preparar lu- 15 1Se me amais, 4 guardareis os meus mandamentos.

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~ J21Jo12.23 33mJ012.35;14.19;16.16-19n[Jo7.34;8.21] 34º1Ts4.9 35P1Jo2.5 36QJo13.33;14.2;16.5'2Pe1.14
37 sMc 14.29-31 38IJo18.25-17
CAPÍTULO 14 1 a [Jo 14.27; 16.22.24] 2 bJo 13.33,36 I habitações 2Cf. NU; TR e Meu vos teria dito, vou 3 C[At 1.11] d[Jo 12.26]
5 e Mt 10.3 6/[Hb 9.8; 10.19-20] g[Jo 1.14, 17; 8.32; 18.37] h [Jo 11.25] i 1Tm 2.5 i[Jo 107-9] 7 1Jo 8.19 9 m CI 1.15 10 n Jo
10.38; 14.11,20 oJo 5.19; 14.24 11 PJo 5.36; 10.38 12 Qlc 10.17 13 'Mt 77 5 Jo 13.31 14 3Cf. NU; TR e Mpedirdes 15 11Jo
5.3 4 Cf. NU; TR e M guardais
•13.33 buscar-me-eis. Esta restrição é temporária. No devido tempo, seus discí- senão por mim. Esta é uma forte afirmação de que só Cristo é o caminho da sal-
pulos estariam onde Jesus está, depois que tiver preparado lugar para eles 114.2). vação. Imaginar e proclamar que há outros caminhos é enganar o povo e esque-
•13.34 Novo mandamento. Nada há de novo a respeito do mandamento do cer a necessidade de sua vinda e redenção IAt 4.12; Rm 10.14-15; 1Jo 5.12).
amor, uma vez que Lv 19.18 ensina a "amar o próximo como a si mesmo". Onovo •14. 7 Se vós me tivésseis conhecido. Todas as bênçãos previamente no-
elemento é a mudança de "próximo" para "uns aos outros" e a mudança de "a si meadas são resumidas no conhecimento de Deus, que é mais do que um apa-
mesmo" para "como eu vos amei" Oamor cristão tem o amor sacrificial de Cristo nhado mental, uma vez que envolve o compromisso de todo o coração.
como seu modelo e a comunidade de crentes como o primeiro lugar !ainda que •14.8 mostra-nos o Pai. Opedido de Filipe mostra má compreensão, um tema
certamente não exclusivo) onde esse amor se expressa lcf. Mt 25.40; GI 6.1 O; Ef que percorre todo o Evangelho 12.21, nota), mas abre o caminho para o que vem a
525). Ver"Amor", em 1Co 13.13. seguir
•13.36 mais tarde, porém, me seguirás. Esta é uma profecia a respeito do •14.9 vê o Pai. Jesus não está negando a distinção de Pessoas em Deus, mas
martírio de Pedro 121.18-19). está lembrando a Filipe que ele é aquele que revela o Pai.
•13.37 Por ti darei a própria vida. Pedro foi indubitavelmente sincero, mas não •14.1 Oeu estou no Pai... o Pai está em mim. Esta mútua vivência anunciada
se conhecia a si mesmo. em 10.38 é desenvolvida aqui, também no v. 20 e outra vez em 17.21. Três gran-
•13.38 jamais cantará o galo. A expressão "duas vezes", como registrada em des unidades são proclamadas nas Escrituras: A Unidade das Três Pessoas na
Me 14.30, refere-se à mesma confirmação da negação de Pedro. Trindade; a unidade da natureza divina e humana de Cristo e a unidade de Cristo e
•14.1 Não se turbe o vosso coração. Esta passagem de supremo conforto é seu povo na redenção.
oferecida por Jesus numa hora enegrecida pela sombra da traição de Judas e •14.11 Ver"Milagres", em 1Rs 17.22.
pela negação de Pedro, apenas algumas horas antes da agonia do Getsêmani e •14.12 e outras maiores fará. A história prova que Jesus não está afirmando
da morte na cruz 113.21 ). Contudo, a afirmação transmite um sentido de sublime que cada crente operará maiores milagres do que ele operou. A obra da igreja, no
paz e visa ministrar aos temores dos discípulos, ao invés das próprias necessida- poder do Espírito Santo, será "maior" do que a obra de Jesus, em números e terri-
des de Jesus. tório.
•14.2 muitas moradas. Ver nota textual. Enquanto o caminho que conduz à •14.13 tudo quanto pedirdes em meu nome. Isto não garante que Deus
vida é estreito e a porta, apertada IMt 7.14). é também verdade que o número fará tudo o que pedirmos só pelo fato de adicionarfllos à nossa oração as pala-
dos filhos de Abraão é tão grande como a areia da praia e como as estrelas do céu vras "em nome de Cristo". Orar em nome de Cristo é identificar-se com os pro-
(Gn 22.17), "multidão tão grande, que ninguém podia enumerar" IAp 7.9). pósitos de Cristo na proporção em que nossa vontade tiver se tornado
Pois vou preparar-vos lugar. Cristo prepara o lugar no céu para os seus, e o identificada com a vontade de Deus 11 Jo 5.14). Aqueles que não obtêm aquilo
Espírito Santo prepara os redimidos na terra, para seu lugar nos céus. Ver "O que pedem especificamente, freqüentemente são surpreendidos por uma res-
Céu", em Ap 21.1. posta diferente -porém melhor O"não" é, às vezes, a melhor resposta. Ver "A
•14.3 e vos receberei para mim mesmo. Em 1.51, Jesus se comparou a uma Oração", em Lc 11.2.
escada entre o céu e a terra. Aqui ele se apresenta como Aquele que leva seu a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Oestreito relacionamento entre
povo para o céu. as Pessoas da Trindade é mostrado no ensino de Jesus sobre a oração.
•14.6 e a vida. Não a existência como tal, mas a existência em cumprimento ao •14.15 guardareis. A prova de amor a Cristo não é uma profissão oral, mas uma
desígnio de Deus, de sermos seu templo vivo 11.4). obediência viva.
JOÃO 14 1256
io-Es-PtRITOSANTo
Jo 14.26
Antes de sua morte, Jesus prometeu que ele e o Pai enviariam aos seus discípulos "outro Consolador" (Jo 14.16,26; 15.26;
16.7). A palavra grega traduzida por "Consolador" é parakletos e significa advogado ou assistente em questões jurídicas.
Num contexto mais amplo, significa uma pessoa que provê encorajamento, conselho e força. Jesus enviará "outro" Consola-
dor, alguém como ele mesmo que, depois dele, continuará o ensino e o testemunho que ele começou (Jo 16.7-15).
A obra desse Consolador é realizada por um Ser pessoal. OAntigo Testamento revela muito a respeito da atividade do Espí-
rito na criação (Gn 1.2; SI 33.6), na revelação (Is 61.1-3; Mq 3.8), na concessão de poder(Êx 31.2-6; Jz 15.14-15; Is 11.2) e na
renovação interior (SI 51.10-12; Ez 36.25-27). Porém coube ao Novo Testamento revelar claramente o Espírito como uma dis-
tinta Pessoa da Divindade, coigual com o Pai e o Filho. Do Espírito se diz que ele fala (At 1.16; 8.29; 10.19; 13.2), ensina (Jo
14.26), testemunha (Jo 15.26), perscruta (1 Co 2.1 O). quer (1Co 12.11) e intercede (Rm 8.26-27). Todos esses atos são própri-
os de uma Pessoa.
A divindade do Espírito aparece quando o Pai, o Filho e o Espírito Santo são nomeados juntos nas bênçãos (2Co 13.13; Ap
1.4-6) e na fórmula batismal (Mt 28.19). Mentir ao Espírito é mentir a Deus \At 5.3-4). O Espírito é chamado de "sete Espíritosª
em Ap 1.4; 3.1; 4.5; 5.6, como uma expressão de sua plenitude e da diversidade de sua obra na Igreja em muitos lugares, re-
presentados pelas sete igrejas da Ásia (Ap 1.11-20). Essa perfeição divina foi prefigurada em Zc 3.9; 4.2, 1O; o número "sete"
expressa a perfeição do único Espírito. OEspírito é a terceira Pessoa da Trindade, igual ao Pai e ao Filho em glória e, como eles,
digno de culto, amor e obediência. ·
A obra do Espírito é glorificar a Jesus Cristo, mostrando aos seus discípulos quem é Jesus (Jo 16.7-15) e o que Jesus signi-
fica para eles (Rm 8.15-17; GI 4.6). O Espírito ilumina (Ef 1.17-18), regenera (Jo 3.5-8), santifica (GI 5.16-18) e transforma
(2Co 3.18; GI 5.22-23). Ele dá ao povo de Deus aquilo de que esse povo precisa para servir ao Senhor \ 1Co 12.4-11 ).
O pleno ministério do Espírito começou no Pentecostes, depois da ascensão de Jesus ao céu (At 2.1-4). João Batista pre-
disse que Jesus batizaria no Espírito (Me 1.8; Jo 1.33), como o cumprimento de uma promessa feita no Antigo Testamento e
repetida por Jesus (Jr 31.31-34; JI 2.28-32; At 1.4-5). O Pentecostes marcou o início da era final da história do mundo, que
terminará quando Jesus voltar.
No momento em que nascem de novo, os crentes em Jesus recebem o Espírito, segundo a totalidade do Novo Testamento
(At 2.28; Rm 8.9; 1Co 12.13). Todos os dons para a vida de serviço que aparecem subseqüentemente na vida dos cristãos fluem
1 dess_e batismo inici~_no_ E51>írito, porque P~_rneio desse batismo o pecador es~á unido ao Cristo ressurreto.__ ___

Jesus promete outro Consolador vós, em mim, e eu, em vós. 21 rAquele que tem os meus man-
16 E eu rogareiao Pai, e "ele vos dará outros Consolador, a damentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me
fim de que esteja para sempre convosco, 17 vo Espírito da ver- ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me
6
dade, xque o mundo não pode receber, porque não no vê, manifestarei a ele. 2 2 gDisse-lhe Judas, não o Jscariotes:
nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco Donde procede, Senhor, que estás para manifestar-te a nós e
ze estará em vós. não ao mundo? 23 Respondeu Jesus: Se alguém me ama,
18 ªNão vos deixarei órfãos, bvoltarei para vós outros. guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e hviremos
19 Ainda por um pouco, e o mundo não me verá mais; rvós, para ele e faremos nele morada. 24 Quem não me ama não
porém, me vereis; <lporque eu vivo, vós também vivereis. guarda as minhas palavras; e ia palavra que estais ouvindo
20 Naquele dia, vós conhecereis que eeu estou em meu Pai, e não é minha, mas do Pai, que me enviou.

·-16~ 815~Co;,ortado-;Gr
Rm
16.16.22 d [1 Co 15.20]
Parakletos- 17V[1Jo 4-;~
5.7] x[lCo-214] Z[lJo 227] 18~lMt
2820) b-fJo 14.3.28]
20 e Jo 10.38; 14 11 2111 Jo 2.5 6 revelarei 22 g Lc 6 16 23 h Ap 3.20; 21.3 24 i Jo 5.19
19 e Jo ~
•14.16 eu rogarei ao Pai, e ele vos dará. Tanto o Pai como o Filho são ativos •14.18 voltarei para vós outros. Jesus se refere primariamente à vinda do
em enviar o Espírtto Santo. Ele é o Espírito de Deus. o Espírito do Pai (Gn 1.2; Is Espírito Santo, no Pentecostes, uma vez que a mútua convivência "vós, em mim,
11.2; Mt 10.20). e o Espírito de Cristo, o Filho (Rm 8 9; GI 4.6; Fp 1.19; 1Pe1.11) e eu. em vós" (v. 20) não esperará a segunda vinda de Cristo. Mas estas palavras
ou1ro Consolador. Ver nota textual. A palavra grega traduzida por "Consolador" são também apropriadas para a esperança da igreja. Jesus voltará para levar com
ou ':tluxiliador" era usada em linguagem jurídica para o advogado de defesa (1 Jo ele os redimidos lvs 3.19,28; At 1.11).
2.1) e, de modo mais geral, por alguém de quem se pedia ajuda Jesus foi um tal •14.19 porque eu vivo, vós também vivereis. Isto dá ênfase outra vez à ver-
ajudador para os discípulos; e depois de sua ascensão, o Espírito Santo tomaria dade de 11.25-26. A vida só pode ser encontrada em Jesus Cristo lv. 6; 1.4).
para si esta tarefa. Otemia dá ênfase à personalidade do Espírito Santo como dis-
•14.20 eu estou em meu Pai. Ver notas no v. 1Oe 10.38. A mútua vivência na
tinto do Pai e do Filho, e também à sua unidade com eles na obra da redenção.
Trindade é paralela à mútua vivência de Cristo e o crente.
•14.17 o Espírito da verdade. Aqui também o Espírito está em igualdade com
o Pai (Is 65.16) e com o Filho (v. 6). O "Espírito da verdade" é a autoridade que •14.21 aquele que me ama será amado. Do mesmo modo que há vivência re-
está por trás da Bíblia. Ver "A Autenticação das Escrituras", em 2Co 4.6. cíproca, há também a mais profunda mutualidade de amor lv. 15, nota).
o mundo. A humanidade pecadora como contrastada com o povo redimido de •14.22 a nós e não ao mundo. D d1scipulo entendeu Jesus corretamente, mas
Deus 115 18-19; 17.9; 1Jo 2.15-17: 4 5; 5.4-5, 19) talvez esperasse também um triunfo político, que se1ia ~is\~e\ a todos.
habita convosco e estará em vós. D Espírito vive nos crentes 11 Co 3.16-17; •14.23 faremos nele morada. Como o Espírito Santo habita no crente, domes-
619; 2Co 6.16; Ef 2.21) mo modo o fazem o Pai e o Filho IRm 8.9-11; Ap 3.20).
1257 JOÃO 14, 15
25 Isto vostenho dito, estando ainda convosco; 26 mas Jo ele o 1 corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza
7 Consolador, o ispíúto Santo, a quem o Pai 1enviará em meu bmais fruto ainda. 3 cvós já estais limpos pela palavra que vos
nome, messe vos ensinará todas as coisas e vos fará n1embrar tenho falado; 4 dpermanecei em mim, e eu permanecerei em
de tudo o que vos tenho dito. 27 ºDeixo-vos a paz, a minha vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se
paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se
o vosso coração, nem se atemorize. 28 Ouvistes que eu vos não permanecerdes em mim. 5 Eu sou a videira, vós, os ra-
Pdisse: vou e volto para junto de vós. Se me amásseis, alegrar- mos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito
vos-íeis de que qeu 8 vá para o Pai, pois o rpai é maior do que e fruto; porque sem mim !nada podeis fazer. 6 Se alguém não
eu. 29 Disse-vos sagora, antes que aconteça, para que, quan- permanecer em mim, gserá lançado fora, à semelhança do
do acontecer, vós creiais. 30 Já não falarei muito convosco, ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam.
1porque aí vem o príncipe do mundo; e ele "nada tem em 7 Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras hperma-
mim; 31 contudo, assim procedo para que o mundo saiba que necerem em 'vós, 2 pedireis o que quiserdes, e vos será feito.
eu amo o Pai e que faço vcomo o Pai me ordenou. Levantai- 8JNisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e 'as-
vos, vamo-nos daqui. sim vos tornareis meus discípulos. 9 Como o Pai me mamou,
também eu vos amei; permanecei no meu amor. 10 "Se guar-
A 1/ideira e os ramos dardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor;
Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. assim como também eu tenho guardado os mandamentos de
15 2 ªTodo ramo que, estando em mim, não der fruto, meu Pai e no seu amor permaneço. 11 Tenho-vos dito estas
..,-.~~~~~~~~~~~
~ °
2Mlc 24.49IJo15.26m1Co 2.13 nJo 2.22; 12.16 7Confortador, Gr Parakletos 27 [Fp 4.7] 28 PJo 143.18 QJo 16.16 r[Fp 2.6] BCf.
NU; TR e M acrescentam eu disse. NU omite 29 s Jo 13.19 30 l[Jo 12.31] u [Hb 4.15] 31 v Jo 10.18
CAPÍTULO 15 2 a Mt 15.13 b [Mt 13.12] 1 Ou arranca 3 C(Jo 13.1 O; 1717] 4 d [CI 1 23] 5 e Os 14.8 f2Co 3.5 6 g Mt 3.1 O
7 h 1Jo 2.14 i Jo 14.13; 16.23 2 NU pedis 8 J[Mt 5 16] I Jo 8.31 9 m Jo 5.20; 17.26 10 n Jo 14.15
•14.26 o Espírito Santo, a quem o Pai enviará. Em 15.26, é o Filho que envia dim; (c) João dispôs o seu material mais tematicamente do que cronologicamen-
o Espírito. O Pai e o Filho concordam neste envio. Ver nota teológica "O Espírito te; (d) a afirmação de Jesus foi mais um desafio para enfrentar Satanás do que
Santo". um sinal para deixar o lugar (isto é, "levantemo-nos então e vamos encontrar o
inimigo").
esse vos ensinará todas as coisas. Todas as coisas de que eles necessitas-
sem saber para sua missão (16.13). •15.1-17 A união de Cristo, o Mediador, com seu povo redimido é retratada nas
Escrituras de vários modos. Estes vários modos operam juntos na explicação da
e vos fará lembrar de tudo. Esta afirmação mostra a divina intenção na obra do natureza deste relacionamento. Aí temos: (a) o fundamento de uma construção
ensino do Espírito Santo: o ensino do Espírito concorda com o ensino do próprio (1 Co 3.11; Ef 2.20-22); (b) a vinha e seus ramos (15.1-17; Rm 6.5); (c) a cabeça e
Jesus. Ele assegurará que as palavras de Jesus sejam preservadas para a instru- o corpo (1Co 615,19; 12.12; Ef 1.22-23; 4.15-16); (d) marido e esposa (Rm 7.4;
ção da igreja (Mt 24.35). Estas promessas feitas aos apóstolos foram cumpridas Ef 5.31-32; Ap 19.7); (e) Adão e seus descendentes (Rm 5.12,18-21; 1Co
na pregação apostólica e na composição final das Escrituras do Novo Testamen- 15.22,45,49). A comparação com a vinha e seus ramos indica uma união orgâni-
to. Elas continuam a ser cumpridas à medida que o povo de Deus aprende das ca e um relacionamento de completa dependência
Escrituras inspiradas.
• 15.1 Eu sou a videira verdadeira. Como em outros lugares neste Evangelho,
•14.27 paz. Esta era uma saudação hebraica comum usada em um cumprimento "verdadeira" significa "genuína". Jesus é a "videira" final e real. quando compara-
ou despedida. Jesus lhe dá um mais profundo sentido, que reaparece nas sauda- do a Israel, que era um tipo que prefigurava a realidade. Israel é chamado a "videi-
ções das cartas do Novo Testamento. A paz de Jesus é verdadeira reconciliação ra" de Deus ou "vinha" no Antigo Testamento (SI 80.8-16; Jr 2.21 ). Israel é julgado
com Deus, alcançada por sua morte (At 10.36; Rm 5.1; 14.17; Ef 2.14-17; Fp 4.7; CI por não produzir frutos. enquanto Jesus é e faz aquilo que o tipo significa. Este é o
3.15) Éo supremo remédio de todos os temores (v. 1) e o legado de Jesus deixado último dos "Eu Sou" no Evangelho (635. nota).
a seus herdeiros. •15.2 não der fruto. Nenhum ramo que está em Cristo pode ser totalmente in-
•14.28 alegrar-vos-íeis. A partida e o retorno de Jesus são necessários para frutífero. Porém. todo ramo que pertence a Cristo produzirá fruto e sofrerá a poda
completar sua obra mediadora (v. 3); elas são o fim de sua humilhação e a revela- necessária para aumentar. A falta de fruto descrita no SI 80, ls 5.1 e Jr 2.21 é de-
ção de sua glória. vida à falta de obediência a Deus. Estas considerações, no Antigo Testamento. da
vinha e seus frutos, combinadas com a ordem de Cristo a respeito do amor. neste
o Pai é maior do que eu. Esta afirmação deve ser entendida à luz do testemu-
nho deste Evangelho quanto à plena divindade do Filho, sua igualdade e unicidade capítulo, indicam que o fruto se refere a uma vida como a de Cristo, produzida
pelo Espírito Santo (GI 5.22-23), mais do que o número de pessoas convertidas
com o Pai (v. 9; 1.1; 10.30). OFilho voluntariamente encobriu a sua glória para se-
guir o caminho de sua humilde obediência (Fp 2.6-11 ). sob o ministério do crente.
•15.4 permanecei em mim. Jesus dá ênfase à permanência e constância em
•14.29 Disse-vos agora. Ocumprimento das profecias de Jesus será uma pro- seu relacionamento com os discípulos. Overbo "permanecer" é repetido dez ve-
va convincente de que ele foi enviado por Deus. zes nos vs. 4-1 O. A metáfora da vinha ilustra o ponto. Somente quando os nutrien-
•14.30 o príncipe do mundo. Satanás (cf. 12.31; 16.11 ). Esta afirmação apon- tes fluem livremente para os ramos é que os frutos aparecem.
ta para o grande conflito espiritual entre Cristo e Satanás. na cruz. •15.5 sem mim nada podeis fazer. A total incapacidade do pecador não rege-
ele nada tem em mim. Esta é uma reafirmação da impecabilidade de Jesus (v. nerado torna a graça salvadora absolutamente necessária para o começo, desen-
31; 8.29-46; 2Co 5.21; Hb 7.26-27). Cristo é o único membro da raça humana de volvimento e finalização da salvação.
quem se pode dizer isto. •15.6 Se alguém não permanecer em mim. Os que não permanecem
•14.31 Levantai-vos, vamo-nos daqui. Estas palavras pareceriam indicar que mostram que nunca tiveram um relacionamento salvador com Cristo. Seu
Jesus e seus discípulos deixaram o cenáculo, mas parece que os caps. 15-17 destino é descrito com a linguagem da perdição (cf. Mt 3.12; 25.41; Jd 7; Ap
ainda têm lugar no cenáculo. Algumas opções são possíveis: (a) Jesus deu o si- 20.14).
nal. mas algum tempo deve ter passado antes de eles deixarem o lugar; (b) eles o •15.8 e assim vos tornareis meus discípulos. As obras referidas não são a
deixaram imediatamente, mas Jesus continuou o seu discurso a caminho de Get- base da nossa aceitação por parte de Deus. mas são o resultado da união salvífica
sêmani. Isto traria à oração do cap. 17. um vivo contraste com a agonia no Jar- com Cristo. recebida através da graça e não do mérito.
JOÃO 15, 16 1258
coisas para que o meu gozo esteja em vós, ºe o vosso gozo seu pecado. 23 hQuem me odeia odeia também a meu Pai.
seja completo. 24 Se eu não tivesse feito entre eles ;tais obras, quais nenhum
12 O meu Pmandamento é q este: que vos ameis uns aos outro fez, pecado não teriam; mas, agora, não somente têm
outros, assim como eu vos amei. 13 'Ninguém tem maior eles jvisto, mas também odiado, tanto a mim como a meu
amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos Pai. 25 Isto, porém, é para que se cumpra a palavra escrita na
seus amigos. 14 5 Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos sua lei:
mando. 15 Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe IQdiaram-me sem motivo.
o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, tpor- 26 mQuando, porém, vier o 3 Consolador, que eu vos envia-
que tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer. rei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede,
16 uNão fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, nesse dará testemunho de mim; 27 e ºvós também testemu-
eu vos escolhi a vós outros e vos vdesignei para que vades e nhareis, porque Pestais comigo desde o princípio.
deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quan-
to pedirdes ao Pai xem meu nome, elevo-lo conceda. 17 Isto A missão do Consolador
vos mando: que vos ameis uns aos outros. } ÓTenho-vos dito estas coisas para que ªnão vos escan-
18 2 Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a dalizeis. 2 bEJes vos expulsarão das sinagogas; mas
vós outros, me odiou a mim. 19 ªSe vós fôsseis do mundo, o vem a hora cem que todo o que vos matar julgará com isso tri-
mundo amaria o que era seu; bcomo, todavia, não sois do butar culto a Deus. 3 disto 1farão porque não conhecem o
mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo Pai, nem a mim. 4 Ora, estas coisas vos tenho dito para que,
vos odeia. 20 Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: cnão é quando a 2 hora chegar, vos recordeis de que eu vo-las disse.
o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, Não vo-las disse desde o princípio, porque eu estava convos-
também perseguirão a vós outros; dse guardaram a minha pa- co. 5 Mas, agora, evou para junto daquele que me enviou, e
lavra, também guardarão a vossa. 21 eTudo isto, porém, vos nenhum de vós me pergunta: Para onde vais? 6 Pelo contrá-
farão por causa do meu nome, porquanto não conhecem rio, porque vos tenho dito estas coisas, a /tristeza encheu o
aquele que me enviou. 22/Se eu não viera, nem lhes houvera vosso coração. 7 Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que
falado, pecado não teriam; &mas, agora, não têm desculpa do eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós

• 11 º1~o ~~~-;~m ~ ~-1J~;~-;- 1;~~~3~~ ~l~t ~- 250~282;]- tG~ 1;1~--;-~ 6;O,~1~;~~ ~~ v~~~l ~~~-
2.9 1; 15 u Jo
14.13; 1623-24 18Z1Jo3.13 19ª1Jo4.5bJo17.14 2ocJ013.16dEz3.7 21eMt1022;24.9 22/Jo9.41;15.24&[Tg417]
23 h 1Jo 2.23 24 i Jo 3.2 j Jo 14.9 25 1SI 35.19; 69.4; 109.3-5 26 m Lc 24.49 n 1Jo 5.6 3 Confottador, Gr. Parakletos 27 o Lc
24.48 P Lc 12
CAPÍTULO 16 1 aMt 11.6 2 bJo 9.22 eAt 8.1 3 d Jo 8.19; 15.21 / Cf. NU e M; TR acrescenta vos; NU e M omitem 4 2NU hora de-
las 5 eJo 7.33; 13.33; 14.28; 17.11 6/[Jo 16.20,22]
•15.11 meu gozo. Muitos imaginam que a obediência a Cristo é algo extrema- tudo quanto pedirdes ... ele vo-lo conceda. A oração eficaz é acompanhada
mente pesado, porque exige submissão sacrificial e serviço (Rm 12.1-2). Jesus por obediência e identificação com a vontade de Deus (14.13, nota; SI 66.18)
ensina o oposto, associando a obediência à alegria. •15.17 que vos ameis uns aos outros. Repetida pela terceira vez neste episó-
•15.12 O meu mandamento. Ver nota em 13.34. dio (v. 12; 13.34).
•15.13 de dar alguém a própria vida. Rm 5.7-8 descreve o surpreendente •15.18 o mundo. A oposição entre o mundo e os eleitos de Deus é afirmada nos
auto-sacrifício de Cristo não pelos justos, mas pelos pecadores, que estão em mais fortes termos (14.17). Oódio do mundo não se deve àquilo que os discípulos
inimizade com Deus. fazem de errado, mas àquilo que eles fazem de certo.
•15.14 meus amigos. O teste da amizade com Cristo é a obediência.
•15.22 pecado não teriam. O pecado aqui é o pecado específico do ódio a Je-
•15.15 Já não vos chamo servos. Não há nenhum registro anterior de Jesus sus e àqueles que lhe pertencem, e não pecado no sentido geral (v. 24).
chamando seus discípulos de "servos", exceto possivelmente 12.26. Contudo,
•15.25 na sua lei. Os que receberam a lei são condenados por ela. Esta citação
Jesus tinha o direito de fazer isto, como ele tinha o direito de ser chamado "Se-
é dos Salmos; "lei" refere-se ao Antigo Testamento em geral, mais do que exata-
nhor" (13.13). "Amigos" sugere um estreito relacionamento e a linguagem de fra-
mente ao Pentateuco (10.34, nota).
ternidade é mais estreita ainda (Hb 2.10-11 ).
tudo ... vos tenho dado a conhecer. Cristo não tinha uma revelação mais subli- •15.26 o Consolador. Ver nota em 14.16.
me reservada a um grupo íntimo, mas revelou-se aos discípulos indistintamente. vos enviarei. Isto se refere à obra do Espírito Santo no plano da redenção e não
•15.16 Não fostes vós que me escolhestes a mim ... eu vos escolhi a vós. ao seu relacionamento eterno dentro da Trindade.
Jesus não quer dizer que seus discípulos não exerceram vontade própria; real- •15.27 porque estais comigo desde o princípio. Os apóstolos foram teste-
mente escolheram segui-lo. Mais do que isso, ele está indicando que a primeira munhas oculares e, através da operação do Espírito Santo, eles proveriam o tes-
iniciativa, a escolha original e salvadora, foi sua. Se ele não. os tivesse escolhido, temunho fundamental e autorizado de Cristo para a igreja (Lc 24.48; At 1.21-22,
eles não o teriam escolhido. A referência imediata é para o serviço como apósto- Ef 2.20). Seguindo-se a conclusão de sua obra única, não pode haver mais após-
los, porém o princípio se aplica a muitos outros aspectos, incluindo a eleição para tolos e o atual testemunho da igreja ern relação a Jesus Cristo depende do teste-
a salvação (Ef 1.4, 11 ). munho apostólico conforme está registrado no Novo Testamento e iluminado
e vos designei. Isto também dá ênfase à atividade soberana de Deus, exercida pelo Espírito Santo.
sem violação do ato humano de decisão. •16.5 e nenhum de vós me pergunta. Embora Pedro tenha perguntado isto
vades. Este verbo marca a direção do serviço cristão, corno em Mt 28.19 e formalmente e Tomé tenha feito praticamente o mesmo (13.36; 14.5), suas per-
At 1.8. guntas tinham sido estimuladas mais pela perspectiva da partida de Jesus do que
fruto. A figura se refere à santificação individual (GI 5 22-23) e à eficácia na evan- pelo desejo de saber a natureza e o significado do destino de Jesus (v. 6).
gelização (Mt 13.3-8; Rm 113). •16.7 se eu não for. Ainda que as notícias da partida de Jesus perturbassem os
fruto permaneça. Uma característica distintiva do serviço cristão é que seus re- discípulos, ela era necessária para que eles desfrutassem da permanente presen-
sultados têm significação eterna. ça do Espírito.
1259 JOÃO 16, 17
outros; gse, porém, eu for, eu vo-lo enviarei. 8Quando ele zvosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá
hvier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: tirar. 23 Naquele dia, nada me perguntareis. ªEm verdade,
9 ;do pecado, porque não crêem em mim; 10 ida justiça, 1por- em verdade vos digo: se pedirdes alguma coisa ao Pai, e1e
que vou para o Pai, e não me vereis mais; li mdo juízo, por- vo-la concederá em meu nome. 24 Até agora nada tendes pe-
que no príncipe deste mundo já está julgado. 12 Tenho ainda dido em meu nome; pedi e recebereis, bpara que a vossa ale-
muito que vos dizer, ºmas vós não o podeis suportar agora; gria seja e completa.
13 quando vier, porém, Po Espírito da verdade, qele vos guia-
rá a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá Pala\ll'as de despedida
tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de 25 Estas coisas vos tenho dito por meio de figuras; vem a
vir. 14 'Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu hora em que não vos falarei por meio de comparações, mas vos
e vo-lo há de anunciar. 15 5 Tudo quanto o Pai tem é meu; por falarei d claramente a respeito do Pai. 26 Naquele dia, pedireis
isso é que vos disse que 3 há de receber do que é meu e vo-lo em meu nome; e não vos digo que rogarei ao Pai por vós.
há de anunciar. 27 eporque o próprio Pai vos ama, visto que me tendes amado
16 Um 1pouco, e não mais me vereis; outra vez um pouco, e !tendes crido que eu vim da parte de Deus. 28 gVun do Pai e
e ver-me-eis. 17 Então, alguns dos seus discípulos disseram entrei no mundo; todavia, deixo o mundo e vou para o Pai.
uns aos outros: Que vem a ser isto que nos diz: Um pouco, e 29 Disseram os seus discípulos: Agora é que falas clara-
não mais me vereis, e outra vez um pouco, e ver-me-eis; e: mente e não empregas nenhuma figura. 30 Agora, vemos que
Vou para o Pai? 18 Diziam, pois: Que vem a ser esse - um hsabes todas as coisas e não precisas de que alguém te per-
pouco? Não compreendemos o que quer dizer. 19 Perceben- gunte; por isso, ;cremos que, de fato, vieste de Deus. 31 Res-
do Jesus que desejavam interrogá-lo, perguntou-lhes: Indaga- pondeu-lhes Jesus: Credes agora? 32iEis que vem a hora e já é
is entre vós a respeito disto que vos disse: Um pouco, e não chegada, em que sereis dispersos, 1cada um para 4 sua casa, e
me vereis, e outra vez um pouco, e ver-me-eis? 20 Em verda- me deixareis só; mcontudo, não estou só, porque o Pai está
de, em verdade eu vos digo que chorareis e vos "lamentareis, comigo. 33 Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz
e o mundo se alegrará; vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza "em mim. ºNo mundo, 5 passais por aflições; mas tende bom
se converterá em valegria. 21 x A mulher, quando está para dar ânimo; Peu venci o mundo.
à luz, tem tristeza, porque a sua hora é chegada; mas, depois
de nascido o menino, já não se lembra da aflição, pelo prazer A oração sacerdotal de Jesus
que tem de ter nascido ao mundo um homem. 22 Assim tam-
bém agora vós tendes tristeza; mas outra vez vos verei; o 17 Tendo Jesus faiado estas coisas, levantou os olhos ao
céu e disse: Pai, ªé chegada a hora; glorifica a teu Filho,
~~~~~~~~~~~~
~ 7 gAt 2.33 8 hAt 1.8; 2.1-4,37 9 iAt 2.22 10 i At 2.32 IJo 5.32 11 mAt 26.18n[Lc1O18] 12 ºMe 4.33 13 P[Jo 14.17] qJo
14.26 14 rJo 15.26 15 s Mt 11.27 3 NU e M recebe 16 t Jo 7.33; 12.35; 13.33; 14.19; 19.40-42; 20.19 20 uMe 16.1 O; Lc 23.48;
24.17 Vlc 24.32,41 21 xGn 3.16; Is 13.8; 26.17; 42.14; 1Ts 5.3 22 Zlc 24.41; Jo 14.1,27; 20.20; At 2.46; 13.52; 1Pe 1.8 23 ªMt 7.7;
[Jo14.13;15.16] 24bJo17.13CJo15.11 25dJo7.13 27"[Jo14.21,23]/Jo3.13 28gJo13.1,3;16.5,10,17 30hJo
21.17 i Jo 17.8 3VZc 13.7; Mt 26.31,56; Me 14.27,50; At 8.1 IJo 20.10 mJo 8.29 4os seus bens 33 n [Is 9.6; Rm 5.1; Ef 2.14] º2Tm
3.12 PRm 8.37; [1Jo 4.4] 5NLJ e M tendes; TA tereis; ARA interpreta passais por
CAPÍTULO 17 1 a Jo 12.23
•16.8 convencerá o mundo do pecado. Esta é, provavelmente, não uma refe- e a vossa alegria ninguém poderá tirar. As bênçãos da redenção por Deus
rência à convicção que leva ao arrependimento e à salvação, mas ao desmasca- não podem ser canceladas por nenhum poder, humano ou satânico. O gracioso
ramento da inescusável culpa da humanidade. Ver "Iluminação e Convicção", em propósito de Deus assegura a continuação da alegria da salvação já neste mundo
1Co 2.10. 110.28; Fp 1.6).
•16.9 do pecado. A incredulidade é um pecado especialmente sério. •16.23 perguntareis ... se pedirdes. Depois da ascensão, os discípulos rece-
•16.11 do juízo. Satanás e todos os que ele governa serão finalmente condena- berão a verdade revelada através do Espírito Santo. As orações serão dirigidas
dos pela justiça divina, cujo veredito já foi apresentado. principalmente ao Pai, em nome de Cristo (num espírito de completo acordo com
•16.13 ele vos guiará a toda verdade. Isto se refere à verdade a respeito de a vontade e propósitos de Cristo). Ver "A Oração", em Lc 11.2.
Deus, e não ao conhecimento temporal de todas as espécies. OEspírito guiou os •16.24 Até agora. Suas orações eram demasiadamente tímidas à luz da salva-
escritores do Novo Testamento que prepararam a nova revelação escrita, que to- ção que eles iam logo conhecer.
maria o seu lugar ao lado do Antigo Testamento. O Espírito lembrará os escritores •16.26 e não vos digo que rogarei ao Pai por vós. Jesus não está dizendo
do passado (14.26; os Evangelhos), interpretará o evangelho para o presente que cessará de orar por eles (Rm 8.34; Hb 7.25; 1Jo 2.1 ). Ele está dizendo que os
(14.26; 15.26; Atos e Epístolas) e revelará coisas que ainda virão a acontecer (Ap discípulos terão alcançado uma certa maturidade na oração, de modo que ele não
119) necessitará de orar em lugar deles.
•16.14 Ele me glorificará. Desde que o plano da redenção está centrado em •16.27 o próprio Pai vos ama. As Três Pessoas da Trindade estão unidas em
Cristo, este é o tema sobre o qual o Espírito concentrará o seu ensino (15.26). seu amor pelos crentes (3.16). Os crentes respondem com fé e amor às três Pes-
•16.16 Um pouco ... um pouco. A primeira expressão refere-se indubitavel- soas da Trindade.
mente à crucificação, que tiraria Jesus de entre eles; a segunda, pode referir-se à •16.30 sabes todas as coisas. Só Deus é onisciente; os discípulos reconhe-
ressurreição. à vinda do Espírito ou à segunda vinda de Cristo. A ressurreição se cem a origem e a divindade de Cristo.
adapta melhor ao tempo imediato da profecia, a segunda vinda ajusta-se melhor •16.32 não estou só. Na maior parte de seus sofrimentos, Cristo não estava so-
ao pleno escopo da alegria referida. zinho. Mas seu clamor de dor "Deus meu, Deus meu, por que me desamparas-
•16.17 Vou para o Pai. Os discípulos ligaram aquilo que Jesus disse no v. 1O te?" (Mt 27.46; Me 15.34) torna claro que Jesus suportou uma real separação do
com a afirmação do v. 16, e isso tornou mais difícil entender o sentido pretendido Pai. Este foi o clímax daquilo que ele suportou como portador do nosso pecado.
por Cristo. visto que uma afirmação se refere à ascensão e a outra à crucificação. •17. 1 Pai. Esta palavra ocorre mais de uma centena de vezes no Evangelho de
•16.22 mas outra vez vos verei. Ver nota no v. 16. João. Na oração do cap. 17 ela é encontrada seis vezes.
JOÃO 17 1260
para que o Filho te glorifique a ti, 2 bassim como lhe conferis- to ora, todas as minhas coisas são tuas, e as 5 tuas coisas são mi-
te autoridade sobre toda a carne, a fim de 1 que ele conceda a nhas; e, neles, eu sou glorificado. 11 1Já não estou no mundo,
vida eterna catodos os que lhe deste. 3 E advida eterna é esta: mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto
que te conheçam a ti, eo único Deus verdadeiro, e a Jesus Cris- de ti. Pai santo, "guarda-os 4 em teu nome, que me deste, para
to/a quem enviaste. 4 gEu te glorifiquei na terra, li consuman- que eles sejam um, vassim como nós. 12 Quando eu estava
do a obra ;que me confiaste para fazer; se, agora, glorifica-me, com eles,5 xguardava-os 6 no teu nome, que me deste, e prote-
ó Pai, 2 contigo mesmo, com a glória !que eu tive junto de ti, gi-os, e 2 nenhum deles se 7 perdeu, ªexceto o filho da 8 perdi-
antes que houvesse mundo. 6 1Manifestei3 o teu nome aos ho- ção, bpara que se cumprisse a Escritura. 13 Mas, agora, vou
mens mque me deste do mundo. "Eram teus, tu mos confiaste, para junto de ti e isto falo no mundo para que eles tenham o
e eles têm guardado a tua palavra. 7Agora, eles reconhecem meu gozo completo em si mesmos. 14 Eu lhes tenho dado a tua
que todas as coisas que me tens dado provêm de ti; 8 porque eu palavra, 'e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo,
lhes tenho transmitido as palavras ºque me deste, e eles as re- d como também eu não sou. 15 Não peço que os tires do mundo,
ceberam, Pe verdadeiramente conheceram que saí de ti, e cre- ee sim que os guardes do mal. 16 Eles não são do mundo, como
ram que otu me enviaste. 9 É por eles que eu rogo; rnão rogo também eu não sou. 171Santifica-os 9 na verdade; a Btua pala-
pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus; vra é a verdade. 18 h Assim como tu me enviaste ao mundo,
,,,&~-
~ 2 bDn 7.14; Mt 11.27; Jo 3.35; [Fp 2.1 O; Hb 2.8] e Jo 6.37,39; 17.6,9,24 IM que ele concederá 3 d Jr 9.23-24 e 1Co 8.4 f Jo 3.34 4 g Jo
13.31 h Jo 4.34; 19.30 i Jo 14.31 S / Fp 262Lit1untamente com 6 1SI 22.22 m Jo 6.37 n Ez 18-4 3 Revelei 8 ° Jo 8-28 P Jo 8.42;
16-27,30 qDt 18.15, 18 9 T[1Jo 5 19] 10 sJo 16.15 11 1Jo13.1 u 11Pe1 5] v Jo 10.30 4Cf. NU e M; TR guarda em teu nome aqueles
que me deste 12 x Hb 2.13 z 1Jo 2.19 a Jo 6.70 b SI 41.9; 109.8 5 Cf. NU; TR e Macrescentam no mundo, NU omite 6 Cf_ NU; TR em
teu nome. Aqueles que me deste eu os tenho guardado 7 destrwu 8 destruição 14 e Jo 15.19 d Jo 8.23 1S e 1Jo 5.18 17 f [Ef
5 26] gSI 119.9, 142, 151 9 Separa-os 18 h Jo 4.38; 20.21
é chegada a hora. Jesus estava plenamente consciente do que estava para quando comparados com a majestade de Deus. Contudo, pessoas como Eliú, no
acontecer. Livro de Já, rnostrarn que os seres humanos podem dar glória a Deus, e Paulo afir-
ma isto das atividades mais comuns dos seres humanos, tais como o comer e o
glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti. A perfeita vida do Fi-
beber l1Co 10.31)
lho, em sua encarnação, dá glória à divindade. OFilho é glorificado ern sua crucifi-
cação, ressurreição e entronizamento à mão direita de Deus - estes eventos •17.11 Pai santo. Esta maneira de dirigir-se a Deus só aparece aqui, no Novo
são vistos como uma unidade composta neste Evangelho. Ver notas ern 12.23; Testamento_
13.31 que eles sejam um, assim como nós. A unidade das Pessoas na Trindade é
•17 .2 lhe conferiste. Este verbo é usado dezesseis vezes nesta oração, no gre- o exemplo de unidade dos crentes uns com os outros, através de sua união com
go. Em português, "conceder" e "conferir" aparecem como sinônimos de "dar" Cristo 114 1O, nota) Há urna unidade de propósito e de essência na igreja invisí-
vel, o Corpo de Cristo_ Esta perfeita unidade IEf 4.12-16). que será manifestada
vida eterna. Ver nota em 3.16. no Dia de Cristo, já forma e molda o "povo de Deus" a fim de que o "mundo creia"
a todos os que lhe deste. Nesta expressão dá-se ênfase à escolha soberana de lv 21 ). A unidade organizada não substitui a unidade espiritual, ainda que as di-
Deus (usada outras vezes nos vs. 6.9,24; cf. 6.44; 10-29). visões organizacionais e as separações entre os cristãos constituam, indubita-
•17 .3 que te conheçam a ti... e a Jesus Cristo. A vida consiste na comunhão velmente, um testemunho negativo perante o mundo 11 Co 1.10-13; 12.25; GI
com Deus "que nos criou para ele mesmo, de modo que nossas almas não des- 5 20)
cansam até que descansem nele", como disse Agostinho. Conhecimento, aqui, •17 .12 o filho da perdição. Ver nota textual. O mesmo termo é empregado
como freqüentemente nas Escrituras, significa mais do que uma percepção inte- para denotar o Anticristo, em 2Ts 2.3. Isto cumpre o SI 41.9 A traição de Judas
lectual; envolve afeição e compromisso também_ Ao colocar-se 1unto com o Pai era necessária para o curnprirnento de muitas outras passagens das Escrituras
como fonte da vida eterna, Cristo afirma a sua própria divindade. Ver "O Verdadei- que descrevem o sofrimento de nosso Senhor. Jesus entendia muitas passagens
ro Conhecimento de Deus", em Jr 9-24_ das Escrituras como contendo anúncios proféticos de vários detalhes de sua car-
•17.4 consumando a obra. Isto antecipa o grito de vitória sobre a cruz: "Está reira messiânica. Ele acentua que todas estas seriam cumpridas, porque eram a
consumado" 119.30) Palavra de Deus.
•17. 14 Eu lhes tenho dado a tua palavra. Isto se refere ao ensino de Jesus_
•17 .5 glorifica-me... com a glória. Jesus afirma, corno parte de sua petição,
que sua glória existiu antes de o mundo existir, significando que ele é preexistente porque eles não são do mundo. Onovo nascimento implica numa divisão radi-
e não criado. Em segundo lugar, ele se refere a uma espécie de glória de que ele cal na humanidade_ Os crentes continuam a viver no mundo, mas não pertencem
participou na eternidade. Por toda a Bíblia, esta é a glória que está sempre asso- realmente a ele lv. 16)_
ciada com o único Deus Vivo e Verdadeiro •17 .15 que os guardes do mal. Jesus sabe que o mundo odiará os seus discí-
pulos como odiou a ele, rnas ele não pede que seus discípulos sejam protegidos
•17.6 Manifestei o teu nome. Aqui, "nome" denota Deus na beleza de sua per-
do sofrimento, mas que eles sejam guardados do mal. Não é das aflições físicas
feição, como revelada à humanidade.
ou sociais do mundo que Jesus deseja que seus discípulos sejam guardados, mas
Eram teus. lUdo e todos pertencem a Deus em virtude da criação, mas aqui está de sua corrupção moral. Ver "Os Cristãos no Mundo", em CI 2.20.
ern vista a possessão pela redenção. Deus deu os eleitos ao Redentor: "tu mos •17 .17 Santifica-os. Jesus não pede pelo bem estar temporal de seus discípu-
confiaste" lcf_ Hb 2.10-13)_ los, mas por sua santificação. Ele deseja, acima de tudo, que eles sejam santos. A
•17.9 não rogo pelo mundo. A obra de redenção realizada por Jesus refere-se verdade é meio pelo qual a santidade é alcançada_ Oerro e o engano são próprios
particularmente aos eleitos - aqueles que o Par lhe deu 110.14-15,27-29). Este do mal, e a verdade é básica para a piedade_
versículo apóia fortemente a doutrina da redenção definida: a oração de Jesus, a tua palavra é a verdade. Este testemunho se refere imediatamente ao Anti-
antes de sua morte sacrificial, especifica o seu propósito ao morrer. Em outros go Testamento, que os discípulos possuíam_ Estende-se também ao ensino de
contextos, onde o propósito específico do oferecimento de Jesus não é o foco Jesus, chamado "palavra" de Deus lv. 14). e vem incluir os livros do cânon do
preciso, Jesus ora por seus inimigos, como nós também devemos fazer IMt 5-44; Novo Testamento (v_ 20; Lc 8.11-15,21, 1128; At 4.31; 6.7; 8.14,25; 1Ts 2.13)
Lc 23-34/_ Ver "Redenção Limitada", em 10.15. Esta é urna poderosa afirmação da autoridade e origem divina das Escrituras_ Ver
•17.10 e, neles, eu sou glorificado. Ésurpreendente que a glória de Deus pos- "A Autoridade das Escrituras", 2Tm 3.16.
sa estar associada com as ações de seres humanos, que são tão insignificantes •17 .18 Assim como tu me enviaste ... também eu os enviei. Compare
1261 JOÃO 17, 18
também eu os enviei ao mundo. 19 E ia favor deles eu me san- drom, onde havia um jardim; e aí entrou com eles. 2 EJudas,
tifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados o traidor, também conhecia aquele lugar, cporque Jesus ali
na verdade. 20 Não rogo somente por estes, mas também por estivera muitas vezes com seus discípulos. 3 dTendo, pois, Ju-
aqueles que 1vierem a crer em mim, por intermédio da sua das recebido a escolta e, dos principais sacerdotes e dos fari-
palavra; 21 ia fim de que todos sejam um; e como és 1tu, ó Pai, seus, alguns guardas, chegou a este lugar com lanternas,
em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o tochas e armas. 4 e sabendo, pois, Jesus todas as coisas que so-
mundo creia que tu me enviaste. 22 Eu lhes tenho transmiti- bre ele haviam de vir, adiantou-se e perguntou-lhes: A quem
do a mg1ória que me tens dado, npara que sejam um, como buscais? s Responderam-lhe: A !Jesus, 1 o Nazareno. Então,
nós o somos; 23 eu neles, e tu em mim, 0 a fim de que sejam Jesus lhes disse: Sou eu. Ora, Judas, o gtraidor, estava tam-
aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu bém com eles. 6 Quando, pois, Jesus lhes disse: Sou eu, recua-
me enviaste e os amaste, como também amaste a mim. ram e caíram por terra. 7 Jesus, de novo, lhes perguntou: A
24 PPai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam tam- quem buscais? Responderam: A Jesus, o Nazareno. a Então,
bém comigo os que me deste, para que vejam a minha glória lhes disse Jesus: Já vos declarei que sou eu; se é a mim, pois,
que me conferiste, qporque me amaste antes da fundação do que buscais, deixai ir estes; 9 para se cumprir a palavra que
mundo. 25 Pai justo, ro mundo não te conheceu; eu, porém, dissera: hNão perdi nenhum dos que me deste. to 1Então, Si-
5 te conheci, e também 1estes compreenderam que tu me en- mão Pedro puxou da espada que trazia e feriu o servo do
viaste. 26 "Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei co- sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita; e o nome do ser-
nhecer, a fim de que o amor vcom que me amaste esteja vo eraMalco. 11 Mas Jesus disse a Pedro: Mete a espada na bai-
neles, e eu neles esteja. nha; não beberei, porventura, io cálice que o Pai me deu?

Jesus no Getsêmani Jesus perante Anás


Tendo Jesus dito estas palavras, ªsaiu juntamente 12 Assim, a escolta, o comandante e os guardas dos judeus
18 com seus discípulos para o outro lado bdo ribeiro Ce· prenderam Jesus, manietaram-no 13 e o 1conduziram primei·

• 19i[Hb10.10] 20lcrêem 2ti[Gl3.28]1Jo10.38;17.11,23 22m1Jo13n[2Co3.18] 23°[Cl3.14] 24P[1Ts4.17]QJo17.5


25 r Jo 15.21 s Jo 7.29; 8.55; 10.15 t Jo 3.17; 17.3,8, 18,21,23 26 u Jo 17.6 v Jo 15 9
CAPÍTULO 18 ta Me 14.26,32 b 2Sm 15.23 2 e Lc 21.37; 22.39 3 d Lc 22.47-53 4 e Jo 6.64; 13.1,3; 19.28 5 /Mt 21.11 g SI
41.9 1 Lit de Nazaré 9 h [Jo 6.39; 17.12] 10 iMt 26.51; Me 14.47; Lc 22.49-50 l tiMt 20.22; 26.39; Me 14.36; Lc 22.42 13 IMt
26.57
20.21. Jesus é o exemplo supremo para as missões cristãs. Todo verdadeiro cris- toda essa ocasião: unidade, conhecimento, missão e amor. Este é o clímax ade-
tão é um "missionário" enviado ao mundo para dar testemunho de Cristo, para al- quado ao ensino de Jesus em todo o Evangelho.
cançar os perdidos onde possam ser encontrados e conduzi-los ao Salvador. •18.1-40 Este capítulo tem três seções: a prisão de Jesus é registrada nos vs.
ao mundo. Notar os termos: não "do" mundo lvs. 14, 16), nem "fora" do mundo 1-18; o julgamento diante de Anás, nos vs. 19-27; e o julgamento diante de Pila-
lv. 15), mas "ao" mundo e "no" mundo 116.33). tos, nos vs. 28-40.
•17 .19 eu me santifico a mim mesmo. Jesus, sendo absolutamente santo, As narrativas dos quatro Evangelhos cobrem os maiores eventos da prisão, jul-
não tem necessidade de melhoramento moral IHb 7.26-27). Como Sumo Sacer- gamento, execução e ressurreição de Jesus. Embora algumas dificuldades surgiam
dote, ele se consagra a si mesmo IÊx 28.41) à sua tarefa sagrada, especialmente na correlação de detalhes, os principais elementos estão em completa harmonia.
a seu supremo sacrifício. Jesus foi preso à noite. Seu julgamento diante das autoridades judaicas teve, pelo
•17 .20 por aqueles que vierem a crer. Numa sublime mudança de pensa- menos, duas fases e durante esta parte do julgamento, Pedro negou Jesus três ve-
mento, o Senhor agora abrange, em sua oração, todo o corpo de crentes, mesmo zes. Ojulgamento diante de autoridades seculares teve três fases e Jesus foi exe-
aqueles que chegariam à fé nas gerações futuras. Todo verdadeiro cristão pode cutado pelos soldados de Pilatos. Ele foi sepultado no túmulo de José de Arimatéia,
estar certo de ser incluído nesta oração. e no primeiro dia da semana ressurgiu dentre os mortos, e foi visto vivo em várias
•17 .21 para que o mundo creia que tu me enviaste. Esta oração pela unida- ocasiões, pelos seus discípulos. Nenhuma dificuldade na correlação de detalhes é
de não é meramente por uma unidade "espiritual" ou invisível, mas por unidade insuperável. Em um número de casos, mais do que uma explicação é possível e, na
visível ao mundo, "para que o mundo creia". Ver nota no v. 11. ausência de dados mais completos, é difícil escolher entre eles.
•17.23 sejam aperfeiçoados na unidade. Há um padrão de unidade que ca- •18.1 ribeiro Cedrom. No vale do Cedrom, a leste da cidade.
racteriza o relacionamento entre o Pai e o Filho, e entre o Filho e os cristãos. Ver •18.3 a escolta e, dos principais sacerdotes e dos fariseus. Estes eram,
nota em 14.10. provavelmente, os mesmos guardas do templo, referidos em 7.32,45. Eles, obvi-
Pai ao Filho Filho ao crente amente, esperavam resistência à prisão, tanto por parte de Jesus como dos dis-
Unidade vs. 21-23 VS. 21,23,26 cípulos.
Glória vs. 22.24 V. 22 •18.4 sabendo ... todas as coisas ... adiantou-se e perguntou-lhes. Notar,
Amor vs. 23-24,26 vs. 23,26; 13.1 aqui e nos vs. 7, 11, que Jesus estava pronto para ser preso e interrogado. Não
Missão vs. 18,23,25 V. 18 esboçou nenhuma tentativa de escapar àquilo que viera fazer.
Conhecimento V. 25 vs. 3,8,25-26 •18.5-7 Sou eu. Aqui pode ser uma simples identificação, mas, mesmo assim, a
e os amaste, como também amaste a mim. Esta afirmação traz à luz o amor resposta de Jesus coincide com o nome solene de Deus IEU Sou), usado na tra-
de Deus, o Pai, pelos redimidos 13.16), às vezes passado por alto por causa da ên- dução grega do Antigo Testamento, em Êx 3.14 16.35, nota).
fase ao amor de Cristo por eles. •18.8 deixai ir estes. Mesmo nesta hora crucial, Jesus estava preocupado
•17 .24 para que vejam a minha glória. Jesus não pede prosperidade tempo- com os seus discípulos 117 .12).
ral, nem para os discípulos nem para a igreja; ao invés disso, ele ora por santidade •18.1 OPedro ... feriu o servo do sumo sacerdote. Um mau concebido ato de
e unidade sobre a terra e pela reunião de seus santos no céu. Estar com Cristo é o resistência. Só João registra que Pedro carregava uma espada e que Malco era o
supremo anseio do cristão IFp 1.23; 1Ts 4.17). nome do servo; somente Lucas registra que Jesus o curou (Lc 22.51).
•17 .26 A oração termina fazendo ressoar, de novo, alguma das notas ouvidas por •18.11 Mete a espada na bainha. A repreensão de Jesus nada tem a ver com
JOÃO 18 1262
ramente a m Anás; pois era sogro de n Caifás, sumo sacerdote dentro. 17 Então, a criada, encarregada da porta, perguntou a Pe·
naquele ano. 14 ºOra, Caifás era quem havia declarado aos ju- dro: Não és tu também um dos discípulos deste homem? 5 Não
deus ser 2 conveniente morrer um homem pelo povo. sou, respondeu ele. 18 Ora, os servos e os guardas estavam ali,
tendo acendido um braseiro, por causa do frio, e aquentavam-se.
Pedro nega a]esus Pedro estava no meio deles, aquentando-se também.
15 PSimão Pedro e ooutro 3 discípulo seguiam a Jesus. Sendo
este discípulo conhecido do sumo sacerdote, entrou para o pátio Anás interroga a jesus
deste com Jesus. 16 'Pedro, porém, ficou de fora, junto à porta. 19 Então, o sumo sacerdote interrogou a Jesus acerca dos
Saindo, pois, o outro discípulo, que era conhecido do sumo sa· seus discípulos e da sua doutrina. 20 Declarou-lhe Jesus: tEu
cerdote, falou com a encarregada da porta e levou a Pedro para tenho falado francamente ao mundo; ensinei continuamente

·--~Lc3.2; 2~ 6~Mt Jo 18 At 4 ;63; Jo


16 rMt 26.69; Me 14.66-68; Lc 22.55-57
11~9,5~~º-Jo
17 SMt 26.34
11502vantajoso 15 P-Mt 26.58;
20 !Mt 26.55; Lc 4.15; Jo 8.26
~~4.54~~~22.54 q Jo 20.2-5 ~Mo outro---- . -

a possibilidade da autodefesa ou da resistência civil; a questão é que Jesus veio três mais chegados a Jesus (Pedro, Tiago e João), ele é o único que não é menci-
para dar a sua vida em resgate de muitos e ele não devia ser dissuadido desta ta- onado pelo nome no Evangelho.
refa (cf. Mt 1621-23) conhecido do sumo sacerdote. Ele foi admitido ao palácio e até mesmo se lhe
não beberei ... o cálice. Esse "cálice" é o cálice do vinho da ira de Deus (SI permitiu convidar um hóspede (v. 16).
75.8; Is 51.17; Jr 25 15-17,27-38). D "cálice" que Jesus escolheu bebernão é •18.17 A narrativa da negação de Pedro é interrompida no Evangelho de João
meramente a morte, mas a ira de Deus sobre o pecado (cf. Mt 20.22; Me por uma parte do processo de julgamento (vs. 19-24). Pareceria que houve três
10.38) ocasiões da negação, ao invés de três declarações diferentes de Pedro. Isto é o
•18.13 Anás. Um dos mais influentes líderes judeus da época. Ainda que depos- que alguém poderia esperar com várias pessoas indo e vindo para aquecer-se
to do ofício de sumo s~cerdote pelos romanos, ele era ainda conhecido por este junto ao fogo. Pode haver diferentes modos legítimos de distinguir as ocasiões
título entre os judeus. Edifícil determinar se este versículo e os vs. 19-24 repre- para demonstrar a figura das três negações preditas por Jesus (13.38). Todos os
sentam uma ou duas fases de um julgamento diante das autoridades judaicas. quatro Evangelhos concordam que a primeira negação foi em resposta a uma per-
Mateus, Marcos e Lucas se referem a uma fase adicional diante do Sinédrio. A gunta de "uma serva", em outras palavras, de uma pessoa inofensiva, sem gran-
julgar pela descrição das regras para julgamento encontradas no Mishnah de uns de importância na casa.
dois séculos depois, os procedimentos aqui foram marcados por sérias irregulari- Não sou. A negação de Pedro mostra que, quando Jesus suportou o castigo divi-
dades e violações da lei judaica. D Sinédrio não podia reunir-se à noite; a pena de no contra o pecado, ele o fez sem o conforto ou consolação. A negação de Pedro
morte não podia ser declarada no dia do julgamento; aí foram usadas falsas evi- é predita em Zc 13.6-7. A solidão de Jesus em seu sofrimento é antecipada no SI
dências e falsos testemunhos (Mt 26.59-60). Jesus foi esbofeteado pelos guar- 69.20.
das durante o julgamento (v. 22; Me 14.65) Em acréscimo a tudo isto, era ilegal o •18.19 Então, o sumo sacerdote interrogou. Este pode ter sido Anás ou
Sinédrio reunir-se para um processo capital na véspera de um sábado ou do dia Caifás na casa de Anás (v. 24) Um acusado não podia ser interrogado até que
de festa. Estas violações mostram que a condenação de Jesus, pelas autoridades uma testemunha tivesse, primeiro, estabelecido uma base para fundamentar
judaicas, foi uma caricatura grotesca de justiça. a culpa. Por esta razão, alguns chamam isto uma audiência, e não um julga-
•18.15 e outro discípulo. Éprovável que este fosse João, uma vez que, dos mento.

IMPÉRIO

Tarso
O domínio romano
da Palestina
no tempo de Cristo
Após uma campanha mi- '•">
E&atana•
litar bem sucedida contra os
selêucidas em 64 a.e .. Pom-
peu direcionou os exércitos
romanos para o sul e tomou o .susã
controle de Jerusalém-~m 63
a.e. Inicialmente o exército
romano foi convidado por al-
guns judeus para protegê-los
dos nabateus. Uma vez esta- ARÁBIA
belecidos na Palestina. os ro- t
manos nunca a deixaram. 200 mi -N-
apesar de repetidas revoltas ---~ .........
200krn
judaicas contra o domínio ro- \
mano.
1263 JOÃO 18, 19
tanto unas sinagogas como vno templo, onde os jude-4 todos 32 hpara
que se cumprisse a palavra de Jesus, ;significando o
us se reúnem, e nada disse em oculto. 21 Por que me interro- modo por que havia de morrer.
gas? Pergunta xaos que ouviram o que lhes falei; bem sabem
eles o que eu disse. 22 Dizendo ele isto, um dos guardas que Pilatos interroga afesus
ali estavam zdeu uma bofetada em Jesus, dizendo: É assim 33iTornou Pilatos a entrar no 7 pretório, chamou Jesus e
que falas ao sumo sacerdote? 23 Replicou-lhe Jesus: Se falei perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus? 34 Respondeu Jesus:
mal, dá testemunho do mal; mas, se falei bem, por que me fe- Vem de ti mesmo esta pergunta ou to disseram outros a meu
res? 24 ªEntão, Anás o enviou, manietado, à presença de DCai- respeito? 35 Replicou Pilatos: Porventura, sou judeu? A tua
fás, o sumo sacerdote. própria gente e os principais sacerdotes é que te entregaram a
mim. Que fizeste? 36 1RespondeuJesus: O mmeu reino não é
De novo, Pedro nega afesus deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus mi-
25 Lá estava Simão Pedro, aquentando-se. cPergunta· nistros se empenhariam por mim, para que não fosse eu en-
ram-lhe, pois: És tu, porventura, um dos discípulos dele? Ele tregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.
negou e disse: Não sou. 26 Um dos servos do sumo sacerdote, 37 Então, lhe disse Pilatos: Logo, tu és rei? Respondeu Jesus:
parente daquele a quem Pedro tinha decepado a orelha, per- Tu dizes que sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao
guntou: Não te vi eu no jardim com ele? 27 De novo, Pedro o mundo, na fim de dar ºtestemunho da verdade. Todo aquele
negou, e, dno mesmo instante, cantou o galo. que Pé da verdade qouve a minha voz. 38 Perguntou-lhe Pila-
tos: Que é a verdade?
Jesus perante Pilatos Tendo dito isto, voltou aos judeus e lhes disse: rEu não
28 eoepois, levaram Jesus da casa de Caifás para o 5 pretório. acho nele crime algum. 39 5 É costume entre vós que eu vos
Era cedo de manhã. !Eles não entraram no pretório para não solte alguém por ocasião da Páscoa; quereis, pois, que vos sol-
se contaminarem, mas poderem comer a Páscoa. 29 gEntão, te o rei dos judeus? 40 1Então, gritaram todos, novamente:
Pilatos saiu para lhes falar e lhes disse: Que acusação trazeis Não este, mas Barrabás! uora, Barrabás era salteador.
contra este homem? 30 Responderam-lhe: Se este não fosse
ó malfeitor, não to entregaríamos. 31 Replicou-lhes, pois, Pila-
19 Então, por isso, ªPilatos tomou a Jesus e mandou
açoitá-lo. 2 Os soldados, tendo tecido uma coroa de
tos: Tomai-o vós outros e julgai-o segundo a vossa lei. Respon- espinhos, puseram-lha na cabeça e vestiram-no com um man-
deram-lhe os judeus: A nós não nos é lícito matar ninguém; to de púrpura. 3 1 Chegavam-se a ele e diziam: Salve, rei dos

· - uJo 6 59 V Me 14.49; Jo 7 14,28 4Cf. NU; TR e M os1ud~~ss~mprese


reúnem .. 21x~c12.37
22 zJó 16.10, Is 50.6; Jr20.2; Lm 3.30; At
23.2 24 ªMt 26.57; Lc 3.2; At 4.6 bJo 11.49 25 cMt 26.71-75; Me 14.69-72; Lc 22.58-62 27 dMt 26.74; Me 14.72; Lc 22.60; Jo 13.38
28 e Mt 27.2; Me 15.1; Lc 23.1; At 3.13 I Jo 11.55; At 10.28; 11.3 5Q palácio do governador romano 29 gMt 27.11-14; Me 15.2-5; Lc 23.2-3
30 6 cnminoso 32 h Mt 20.17-19; 26.2; Me 10.33; Lc 18.32 i Jo 3.14; 8.28; 12.32-33 33 i Mt 27.11 7 O palácio do governador romano
36 l H m 6.13 m [On 2.44; 7.14]; Lc 12.14; Jo 6.15; 8.15 37 n [Mt 5.17; 20.28; Lc 4.43; 12.49; 19.1 O; Jo 3.17; 9.39; 10.10; 12.47] 0 1s 55.4; Ap
1.5 p [Jo 14.6] q Jo 8.47; 10.27; [1 Jo 3.19; 4 6] 38 ris 53.9; Mt 27.24; Lc 23.4; Jo 19.4,6; 1Pe 2.22-24 39 s Mt 27.15-26; Me 15.6-15; Lc
23.17-25 4011s53.3;At3.14Ulc23.19
CAPÍTULO 19 1 a Mt 20.19; 27.26; Me 15.15; Lc 18.33 31 Cf. NU; TR e M Então diziam
•18.22 um dos guardas ... deu uma bofetada em Jesus. Isto, obviamen- apedrejamento era o método judeu de punição capital. Enforcamento ou
te, era altamente irregular, especialmente quando o prisioneiro estava amar- crucificação, como implicado nas palavras "for levantado", eram usados pelos ro-
rado lv 24) manos. Isto mostra o controle divino sobre todo aquele procedimento jurídico,
•18.26 parente. Uma pergunta feita por este colocou Pedro em maior perigo do mesmo que tenha sido marcado por flagrante injustiça.
que as perguntas anteriores, uma vez que o interlocutor podia estar querendo vin- •18.33 rei dos judeus. Jesus não era o "rei dos judeus" no sentido de promover
gar Malco. sedição contra Roma, como o acusaram os líderes judeus llc 23.2), mas era o rei
•18.28 o pretório. Ver nota textual. Ojulgamento romano de Jesus parece ter dos judeus no sentido messiânico 112.13; Mt 2.2; Lc 1.32-33; 19.38).
tido três fases: levado diante de Pilatos lvs 28-38); levado diante de Herodes llc •18.36 Omeu reino não é deste mundo. Jesus é um rei, mas não estabelece-
23.5-12); e levado segunda vez diante de Pilatos 118.39-19.16) João descreve rá o seu reino pela força. Isto confundiu grandemente a Pilatos. Ver "O Reino Ce-
somente a primeira e terceira partes, porém com mais detalhes do que os outros lestial de Jesus", em At 7.55.
Evangelhos. •18.37 Tu dizes que sou rei. A pergunta de Pilatos enseja a maravilhosa resposta
não entraram no pretório para não se contaminarem. O pretório romano de Jesus, cujo reino e missão são fundados na verdade 11.8, 14, 17; 8.32; 14.6).
era um lugar de hostilidade entre os romanos e os judeus, e um lugar imundo para
•18.38 Que é a verdade. A verdade não importa para aqueles que, como Pila-
os 1udeus. Extraordinariamente, é o lugar onde eles colaboraram para levar Jesus
tos, são motivados por oportunismo. Do mesmo modo, a verdade não importa
à morte. Ver nota sobre caps. 13-17.
para os céticos, que perderam a esperança de conhecê-la.
•18.29 Que acusação. Os judeus não tinham acusação que seria reconhecida
num tribunal romano, não importando se fosse considerada por eles como uma Eu não acho nele crime algum. Pilatos não encontra crime em Jesus e está re-
lutante em condenar Jesus à morte. Ironicamente, é um governador romano pa-
pena capital.
gão, que tenta soltar Jesus, enquanto "os seus" 11.11) querem matá-lo.
•18.31 Tomai-o vós outros e julgai-o. Uma resposta lógica. O argumento de
Pilatos é que se eles não estavam querendo especificar as acusações, não devi- •18.39 Écostume entre vós. Ocostume de perdoar um criminoso na Páscoa é
am esperar que Pilatos conduzisse o julgamento. relevante em relação à própria festa, que comemora a ação de Deus em poupar
os israelitas da morte.
A nós não nos é lícito matar ninguém. Esta era uma disposição usual nos
países ocupados por Roma, talvez para proteger aqueles que apoiavam Roma. •18.40 Barrabás. Onome significa "filho do pai" Ao invés dele, foi o verdadeiro
Os judeus nem sempre eram tão obedientes: veja-se a morte de Estêvão IAt Filho do Pai que morreu.
757-60) •19.1 e mandou açoitá-lo. Oaçoite romano era cruel e, às vezes, fatal. Ochico-
•18.32 significando o modo por que havia de morrer. Ver 3.14; 12.32-34. O te tinha fragmentos de metal ou de ossos para lacerar a carne.
JOÃO 19 1264
judeus! E bdavam-lhe bofetadas. 4 Outra vez saiu Pilatos e tos estas palavras, trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribu-
lhes disse: Eis que eu vo-lo apresento, cpara que saibais que nal, no lugar chamado Pavimento, no hebraico Gabatá. 14 E
eu não acho nele crime algum. 5 Saiu, pois, Jesus trazendo a mera a parasceve pascal, cerca da hora sexta; e disse aos jude-
coroa de espinhos e o manto de púrpura. Disse-lhes Pilatos: us: Eis aqui o vosso rei. 15 Eles, porém, clamavam: Fora! Fora!
Eis o homem! 6 d Ao verem-no, os principais sacerdotes e os Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso rei?
seus guardas gritaram: Crucifica-o! Crucifica-o! Disse-lhes Pi- Responderam os principais sacerdotes: nNão temos rei, senão
latos: Tomai-o vós outros e crucificai-o; porque eu não acho César! 16 ºEntão, Pilatos o entregou para ser crucificado.
nele crime algum. 7 Responderam-lhe os judeus: eremos
uma lei, e, de conformidade com 2 a lei, ele deve morrer, por- A crucificação
que la si mesmo se fez Filho de Deus. 8 Pilatos, ouvindo tal 17Tomaram eles, pois, a Jesus; 4 e ele próprio, Pcarregan-
declaração, ainda mais atemorizado ficou, 9 e, tornando a en- do a sua cruz, qsaiu para o lugar chamado Calvário, Gólgota
trar no pretório, perguntou a Jesus: Donde és tu? gMas Jesus em hebraico, 18 onde o crucificaram e com ele outros rdois,
não lhe deu resposta. 10 Então, Pilatos o advertiu: Não me um de cada lado, e Jesus no meio. 19 5 Pilatos escreveu tam-
respondes? Não sabes que tenho 3 autoridade para te soltar e bém um título e o colocou no cimo da cruz; o que estava es-
autoridade para te crucificar? 11 Respondeu Jesus: hNenhu- crito era: JESUS NAZARENO, o REI DOS JUDEUS. 20 Muitos
ma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada; judeus leram este título, porque o lugar em que Jesus fora cru-
por isso, 1quem me entregou a ti maior pecado tem. cificado era perto da cidade; e estava escrito em hebraico, la-
12 A partir deste momento, Pilatos procurava soltá-lo, mas tim e grego. 21 Os principais sacerdotes diziam a Pilatos: Não
os judeus clamavam: Se soltas a este, não és amigo de César! escrevas: Rei dos judeus, e sim que ele disse: Sou o rei dos ju-
!Todo aquele que se faz rei é contra César! 13 10uvindo Pila- deus. 22 Respondeu Pilatos: O que escrevi escrevi.
~~~~~~~~~~~~
~ bis 50.6 4 eis 53.9; Jo 18.33,38; 1Pe2.22-24 6 dAt 3.13 7 eLv 24.16/Mt 26.63-66; Jo 5.18; 10.33 2Cf. NU; TR e Ma nossa lei 9 gls
53.7; Mt 27.12, 14; Lc 23.9 1O 3poder 11 h Jo 3.27; Rm 13.1 i[Lc 22.53]; Jo 7.30 12 ilc 23.2; Jo 18.33; At 17.7 13 IDt 1.17; 1Sm
15.24; Pv 29.25; Is 51.12; At 4.19 14 m Mt 27.62; Jo 19.31.42 15 n [Gn 49.10] 16 o Mt 27.26,31; Me 15.15; Lc 23.24 17 P Mt
27.31,33; Me 15.21-22; Lc 23.26,33 QNm 15.36; Hb 13.12 4Cf. NU; TR e M acrescentam e o levaram; NU omite; ARA início do v. 17, NTG final
do v. 16 18 rs1 22.16-18; Is 53.12; Mt 20.19; 26.2 19 s Mt 27.37; Me 15.26; Lc 23.38
•19.5 Eis o homem. Um modo natural de Pilatos apresentar o acusado, mas parece conflitar com o registro dos três Evangelhos Sinóticos, onde a crucificação
providencialmente uma afirmação significativa. Jesus éo último Adão, que suma- de Jesus ocorre na sexta-feira. Provavelmente, a referência aqui seja à sexta-
riza tudo aquilo que a humanidade poderia e deveria ser. feira, como Dia da Preparação antes do sábado semanal.
•19.6 os principais sacerdotes ... gritaram. Em seu ódio contra Jesus, os Eis aqui o vosso rei. No fim, Pilatos refere-se a Jesus como o "rei dos judeus".
principais sacerdotes tornam-se os líderes da turba. Pode ser que este tenha sido o último esforço de Pilatos para abrandar os judeus,
eu não acho nele crime algum. Pela terceira vez, Pilatos proclama a inocência mas se foi esta a sua intenção, ele fracassou. Mais tarde Pilatos mandou afixar
de Jesus 118.38; 19.4; cf. Lc 23.4,14,22). este título na cruz lv. 19).
•19.7 ele deve morrer. Oapelo é para acusação de blasfêmia, um delito capital •19.15 Não temos rei, senão César. Eles ignoraram ou não se lembraram de
na lei judaica llv 24 16) que Deus era o seu Rei.
•19.9 Mas Jesus não lhe deu resposta. A submissão de Jesus à prisão e ao •19.18 onde o crucificaram. Ver Mt 27.32-37.
julgamento é a parte de sua entrega de si mesmo como sacrifício. e com ele outros dois. Dois criminosos foram crucificados ao mesmo tempo
•19.11 Nenhuma autoridade terias sobre mim. Jesus sabe que o plano so- que Jesus, em cumprimento à profecia (Is 53.12; Lc 22.37). Isto deu a Cristo a
berano de Deus inclui mesmo a impiedade de seus acusadores e a covardia de Pi- oportunidade de mostrar seu poder salvador, alcançando e resgatando um ho-
latos. Ver também as palavras de Pedro IAt 2.23) e da Igreja Primitiva IAt 4.28). mem à beira da eternidade.
•19.12 não és amigo de César. "Amigo de César" era um título reconhecido para •19.19 escrito era. Os quatro Evangelhos registram a inscrição de Pilatos com
os apoiadores políticos do imperador. Os judeus ameaçam Pilatos com a sugestão pequenas diferenças, talvez porque a inscrição era em três línguas. A forma de
de que ele será considerado traidor de Roma, se soltasse alguém que se diz rei. João, com o nome de 'Jesus Nazareno" tem um sabor semítico. Era costume afi-
•19.14 parasceve pascal. Isto é entendido como sendo a quinta-feira antes da xar uma inscrição, dando a razão para a execução. Ao mesmo tempo, o letreiro de
Páscoa IMt 27 .17, nota) Se é assim, João retrata Jesus como sendo crucificado Pilatos era um anúncio público da realeza de Cristo.
no mesmo tempo em que o eram os cordeiros pascais lcaps 13-17, nota). Isto •19.21 ·22 Os principais sacerdotes diziam. Eles consideraram a inscrição

1 A morte de Jesus (19.42)


r ·~~~~~~~~~ ~~~~~~~~--c--~~~~~~~~----1

Os judeus encararam a
1
morte de Jesus como
uma infâmia. A Igreja Anunciada por ele mesmo (18.32; ver 3.14)

ti . il•:si~.'.'".'~"vo
entendeu sua morte Em lu"'a.·•• •. ;i. '...... vv
como o cumprimento
1

das profecias do Antigo Com malfeitores (19.18) Is 53.12


Testamento Em í1'l~~n<;i~
>º'" ' \
~
!HM>)' '}''"'~
ls53.9
Crucificado ( 19.18) SI 22.16
Sepultâdó àmf~ílgo de l'ic.o t19.38·4i> Js 53.~.
-~~~~~ ~~~~~~~~~--'--~---'-~~~. -~~~~~
1265 JOÃO 19, 20
Os soldados deitam sortes como vissem que já estava morto, não lhe quebraram as per-
23 10s soldados, pois, quando crucificaram Jesus, toma- nas. 34 Mas um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança,
ram-lhe as vestes e fizeram quatro partes, para cada soldado e logo saiu ;sangue e água. 35 Aquele que isto viu testificou,
uma parte; e pegaram também a túnica. A túnica, porém, era sendo iverdadeiro o seu testemunho; e ele sabe que diz a ver-
sem costura, toda tecida de alto a baixo. 24 Disseram, pois, dade, para que também vós 'creiais. 3ó E isto aconteceu para
uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre se cumprir a Escritura:
ela para ver a quem caberá - para se cumprir a Escritura: mNenhum dos seus ossos será quebrado.
u Repartiram entre si as minhas vestes e sobre a minha tú- 37 E outra vez diz a Escritura:
nica lançaram sortes. nEles verão aquele a quem traspassaram.
Assim, pois, o fizeram os soldados.
25 vE junto à cruz estavam a mãe de Jesus, e a irmã dela, e O sepultamento de Jesus
Maria, mulher de xclopas, e Maria Madalena. 26 Vendo Jesus 38 ºDepois disto, José de Arimatéia, que era discípulo de Je-
sua mãe e junto a ela zo discípulo amado, disse: ªMulher, eis sus, ainda que ocultamente Ppelo receio que tinha dos judeus,
aí teu filho. 27 Depois, disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. Des- rogou a Pilatos lhe permitisse tirar o corpo de Jesus. Pilatos lho
sa hora em diante, o discípulo a tomou bpara casa. permitiu. Então, foi José de Arimatéia e retirou o corpo de Je-
sus. 39 E também qNicodemos, aquele que anteriormente vie-
A morte de Jesus ra ter com Jesus à noite, foi, levando cerca de cem libras de um
28 Depois, 5vendo Jesus que tudo já estava consumado, composto de 'mirra e aloés. 40 Tomaram, pois, o corpo de Jesus
cpara se cumprir a Escritura, disse: Tenho sede! 29 Estava ali e o senvolveram em lençóis com os aromas, como é de uso en-
um vaso cheio de vinagre. dEmbeberam de vinagre uma es- tre os judeus na preparação para o sepulcro. 41 No lugar onde
ponja e, fixando-a num caniço de hissopo, lha chegaram à Jesus fora crucificado, havia um jardim, e neste, um sepulcro
boca. 30 Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse: e Está novo, no qual ninguém tinha sido ainda posto. 42 1Ali, pois,
consumado! E, inclinando a cabeça, rendeu o espírito. "por causa da preparação dos judeus e por estar perto o túmu-
lo, depositaram o corpo de Jesus.
Um soldado abre o lado de jesus com uma lança
31 Então, os judeus, /para que no sábado não ficassem os A ressurreição de Jesus
corpos na cruz, visto como era a gpreparação, pois era hgran- No ªprimeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao
de o dia daquele sábado, rogaram a Pilatos que se lhes que-
brassem as pernas, e fossem tirados. 32 Os soldados foram e
2O sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu
que a bpedra estava revolvida. 2 Então, correu e foi ter com
quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que com ele ti- Simão Pedro e com o e outro discípulo, da quem Jesus amava,
nham sido crucificados; 33 chegando-se, porém, a Jesus, e disse-lhes: Tiraram do sepulcro o Senhor, e não sabemos
------~-------~~--~-----.------ - - ..
23 t Mt 27.35; Me 15.24; Lc 23.34 24 u SI 22.18 25 v Mt 27.55; Me 15.40; Lc 2.35; 23.49 x Lc 24.18 26 z Jo 13.23; 20.2;
217,20,24 a Jo 2.4 27 b Lc 18 28; Jo 1.11; 16.32; At 21.6 28 e SI 22.15 5 Cf. M; TR e NU, sabendo 29 dMt 27.48.50 30 e Jo 17.4
31 /Dt 21.238Mc 15.42 h Êx 12.16 34 i[1Jo 5.6.8] 35 i Jo 21.24 l[Jo 20.31] 36 m [Ex 12.46; Nm 9.12]; SI 34.20 37 nzc 12.10;
13.6 38 o Lc 23.50-56 P [Jo 7 13; 9 22; 12.42] 39 q Jo 3.1-2; 7.50 'Mt 2.11 40 s Jo 20.5,7 42 l Is 53.9 u Jo 19.14.31
CAPÍTULO 20 1 a Mt 28.1-8 b Mt 27.60,66; 28.2 2 e Jo 21.23-24 d Jo 13.23; 19.26; 21.7.20.24
como uma ofensa à sua nação, e Pilatos pode ter pretendido isso mesmo, mas re- que se lhes quebrassem as pernas. Respirar era tão difícil a um crucificado,
cusou-se a mudar. que se as pernas não ajudassem a manter o tronco suspenso, a morte ocorreria
•19.23 túnica. Tais túnicas não eram incomuns no mundo antigo. A questão im- rapidamente.
portante não é o valor da túnica. porém a profunda humil~ação de Jesus, de •19.34 lhe abriu o lado com uma lança. Este ato prova que Jesus não estava
quem tudo foi tirado, quando ele se ofereceu a si mesmo. Etambém o cumpri- em coma. mas estava morto, como mostram as preparações para o sepultamen-
mento do SI 22.18. to (vs 39-40) e a especificação de um determinado túmulo (v. 41). Tanto a pre-
•19.25 E junto à cruz. Este pode ser o mesmo Cleopas mencionado em Lc servação de seus ossos intactos (v. 33) como o ferimento do seu lado cumprem
24.18. A coragem das quatro mulheres é digna de nota. Algumas delas estão pre- as Escrituras do Antigo Testamento (vs. 36-37; SI 34.20; Zc 12.10).
sentes novamente no sepultamento de Jesus IMt 27.61; Me 15.47) e na ressur- sangue e água. João dá ênfase a esta evidência física de que Jesus era real-
reição 120.1-18; Mt 28.1; Me 16.1). mente um ser humano e que ele estava morto. Tem sido sugerido que a ruptura
•19.26 Mulher, eis aí teu filho. "Mulher" não é uma forma grosseira de tratar. do coração, causada pela extrema agonia, é indicada aqui. mas recentes pesqui-
em aramaico 12.4. nota). Mesmo no meio da morte, na cruz. como o Mediador da sas médicas têm mostrado que um tal trauma só ocorre quando o coração Já está
nova aliança, Jesus cumpre seu dever como Filho de Maria, num esplêndido comprometido por doença. Outros vêem um significado simbólico relacionado
exemplo de obediência à letra e ao espírito do quinto mandamento. Num momen- com 1Jo 5.6-8.
to de intenso sofrimento físico e angústia mental. o Senhor pensou nos outros. •19.38 José de Arimatéia. Um apoiador secreto de Jesus mencionado em to-
como é mostrado nas primeiras declarações da cruz llc 23.34,43). dos os quatro Evangelhos em conexão com o sepultamento de Jesus. mas em
•19.28-30 Está consumado. A pior prova. a de suportar no lugar de seu povo o nenhum outro lugar no Novo Testamento. Ver nota em Lc 23.50-51.
juízo de Deus contra o pecado (Mt 27.46; Me 15.34). parece estar superada.
•20.1-31 Os quatro Evangelhos têm o registro de vários aparecimentos depois
•19.31 não ficassem os corpos na cruz. Isto, cerimonialmente. contaminaria
da ressurreição; junto com At 1.3-8 e 1Co15 5-8. há o registro de doze aparições:
a terra (Dt 21 23). Este é um forte exemplo que revela a insensibilidade depravada
as primeiras seis ocorreram em Jerusalém. quatro na Galiléia, uma no monte das
deles. que reuniam forças para cometer um assassinato e, ao mesmo tempo. es-
Oliveiras e uma no caminho de Damasco.
tavam cheios de cuidados meticulosos com relação ao cumprimento da lei ceri-
monial. •20.2 Simão Pedro ... outro discípulo. Pedro e João. Ver nota em 13.23.
a preparação. Ver nota no v. 14. e não sabemos. D plural indica que algumas mulheres estavam ali. como regis-
JOÃO 20 1266
onde o puseram. 3 esaiu, pois, Pedro e o outro discípulo e fo- 15 Perguntou-lhe Jesus: Mulher, por que choras? A quem pro-
ram ao sepulcro. 4 Ambos corriam juntos, mas o outro discí- curas? Ela, supondo ser ele o jardineiro, respondeu: Senhor,
pulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao se tu o tiraste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei. 16 Disse-
sepulcro; se, abaixando-se, viu los lençóis de linho; todavia, lhe Jesus: nMaria! Ela, voltando-se, lhe disse, 2em hebraico:
não entrou. 6 Então, Simão Pedro, seguindo-o, chegou e en- Raboni (que quer dizer Mestre)! 17Recomendou-lhe Jesus:
trou no sepulcro. Ele também viu os lençóis, 7 ego 1 lenço Não me detenhas; porque ainda não ºsubi para meu Pai, mas
que estivera sobre a cabeça de Jesus, e que não estava com os vai ter com os Pmeus irmãos e dize-lhes: qSubo para meu Pai
lençóis, mas deixado num lugar à parte. B Então, entrou tam- e vosso Pai, para rmeu Deus e vosso Deus. 18 5 Então, saiu
bém o houtro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e Maria Madalena anunciando aos 3 discípulos: Vi o Senhor! E
viu, e creu. 9 Pois ainda não tinham compreendido a iEscritu- contava que ele lhe dissera estas coisas.
ra, que era necessário ressuscitar ele dentre os mortos. to E
voltaram os discípulos outra vez para casa. Jesus aparece aos discípulos
19 1Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana,
Jesus aparece a Maria Madalena trancadas as portas da casa onde estavam 4 os discípulos com
11 !Maria, entretanto, permanecia junto à entrada do tú- umedo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes:
mulo, chorando. Enquanto chorava, abaixou-se, e olhou para vpaz seja convosco! 20 E, dizendo isto, lhes xmostrou as mãos
dentro do túmulo, 12 e viu dois anjos vestidos de branco, sen- e o lado. z Alegraram-se, portanto, os discípulos ao verem o
tados onde o corpo de Jesus fora posto, um à cabeceira e ou- Senhor. 21 Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convos-
tro aos pés. 13 Então, eles lhe perguntaram: Mulher, por que co! ªAssim como o Pai me enviou, eu também vos envio.
choras? Ela lhes respondeu: Porque levaram o meu Senhor, e 22 E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Rece-
não sei onde o puseram. 14 1Tendo dito isto, voltou-se para bei o Espírito Santo. 23 bSe de alguns perdoardes os pecados,
trás e viu Jesus em pé, mas mnão reconheceu que era Jesus. são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos .

• JeLc24.12 S/Jo19.40 7gJ011.441/ençoderosto 8hJo21.23-24 9íSl16.10 11/Mt16.5 141Mt28.9mJo21.4


16nJo10.3 2Cf. NU; TR e M omitem em hebraico 17 ºHb 4.14 PHb 2.11 oJo 16.28; 17.11 rEf 1.17 18 sLc 24.10.23 3Cf NU; TR e M
discípulos que viram o Senhor 19 ILc 24.36 uJo 9.22; 19.38 vJo 14.27; 16.33 4 Cf. NU; TR e M acrescentam reunidos; NU omite 20 x At
1.3 zJo 16.20,22 21aJo17.18-19 23bMt16.19; 18.18
trado nos outros Evangelhos. Eram as mesmas mulheres que estiveram ao pé da Maria que ele não tinha simplesmente se recuperado, mas tinha ressuscitado. Ela
cruz, talvez com exceção de Maria, mãe de Jesus, que não é mencionada. não precisava abraçar Jesus como um ser terreno que tinha sido curado; pelo
onde o puseram. Nem Maria nem os discípulos esperavam a ressurreição, ape- contrário, ela devia reconhecê-lo como Aquele cuja ressurreição o distingue
sar daquilo que Jesus lhes tinha dito (cf. v. 9) como Senhor e Cristo. A espécie de relacionamento que tinha sido desfrutada por
•20.5-8 Ele também viu os lençóis. João deu a primeira olhadela, e viu que só seus amigos até agora, não pode continuar nos mesmos moldes. Há uma íntima
os panos do sepultamento estavam ali. Pedro e João. então, fizeram um exame comunhão, sem dúvida, mas não da mesma forma anterior. Não há razão para su-
mais acurado. Os panos do sepultamento estavam em boa ordem (v. 7). Se al- por que Jesus ascendeu ao Pai entre seus encontros com Maria e Tomé. Ver 'A
Ascensão de Jesus", em Lc 24.51.
guém tivesse violado a sepultura e removido o cadáver, os lençóis de linho não es-
tariam tão bem arranjados e o lenço (ver nota textual) do mesmo modo não meus irmãos. Os discípulos de Jesus; a mesma linguagem é usada em Mt 28.1 O.
estaria dobrado. meu Pai e vosso Pai... meu Deus e vosso Deus. Jesus distingue com preci-
•20.9 não tinham compreendido a Escritura. Mais tarde, como resultado da são sua filiação única da filiação dos discípulos. Orelacionamento de Jesus com a
instrução de Jesus, eles entenderam a ressurreição como um cumprimento ne- divindade é diferente da dos humanos redimidos; Ele é o Senhor dos céus (1.18;
cessário das profecias (Lc 24.26-27,44-47; At 2.25-32; 13.35-37). Claramente, 313,31)
os discípulos não esperavam a ressurreição, nem tentaram inventar uma, para •20.19 trancadas as portas da casa. A impressão é a de que Jesus ressurre-
encaixar-se na sua própria idéia religiosa. Ver 'A Ressurreição de Jesus", em Lc to passou através das portas da casa (também v. 26). e não que elas estivessem
24.2. sido abertas de algum modo (compare At 12.1 O). Isto mostra a transformação
•20.12 dois anjos vestidos de branco. Mt 28.2 registra "um anjo"; Me 16.5 re- envolvida no corpo ressurreto (1Co 15.35-49).
fere "um jovem"; e Lc 24.4 "dois homens" (chamada "uma visão de anjos", em Lc os discípulos. Talvez inclua mais do que os dez apóstolos (doze menos Judas e
24.23). Não há necessariamente contradição, uma vez que os anjos devem ter apa- Tomé). Em At 1.14, as mulheres, a mãe e os irmãos de Jesus e, provavelmente,
recido em forma humana e um deles pode ter se destacado por ser o que falava. O outros (At 1.23) estavam juntos no cenáculo, depois da ascensão de Jesus
que Maria viu pode diferir daquilo que as outras mulheres viram, uma vez que ela Paz seja convosco. Palavras de todo dia, porém a mais bem vinda saudação.
permaneceu sozinha diante do túmulo, depois que Pedro e João se retiraram. uma vez que eles podiam estar esperando uma repreensão, por terem abandona-
•20.14 e viu Jesus em pé. Mateus revela que Jesus já tinha aparecido uma vez do Jesus por ocasião de sua prisão.
a um grupo de mulheres, quando iam para Jerusalém, para contar as novas do tú- •20.20 mostrou as mãos e o lado. As marcas de seus ferimentos identificari-
mulo vazio (Mt 28.8-10). am Jesus, e provariam também que ele não era um fantasma.
mas não reconheceu que era Jesus. Jesus, com freqüência, não era imedia- •20.21 Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. Esta é uma
tamente reconhecível depois da ressurreição (v 20; 21.4). Em algumas ocasiões, breve afirmação da comissão que Jesus deu aos seus discípulos. Uma declara-
isto pode ter sido devido ao ceticismo ou ao desgosto; em Lucas é, às vezes, de- ção mais completa é encontrada em Mt 28.18-20 e em Lc 24.44-53. Jesus é o
vido a um impedimento sobrenatural (Lc 24.16,31). Além disso, a ressurreição supremo exemplo de evangelismo e missão. Ver nota teológica "A Missão da
envolve uma mudança na aparência (1 Co 15.35-49) Igreja no Mundo"
•20.16 Raboni. A voz de Jesus, chamando Maria, revelou claramente que era •20.22 Recebei o Espírito Santo. Odom é essencial para a realização da tare-
ele. "Raboni" é uma forma extensa de "Rabi", ocorrendo apenas uma outra vez no fa dada aos discípulos. A ocasião é uma prefiguração da plenitude do Espírito, que
Novo Testamento (Me 10.51) seria dado à igreja no Pentecostes.
•20.17 Não me detenhas. Não há impropiiedade em tocar um corpo ressurre- •20.23 Se de alguns perdoardes os pecados. Os apóstolos, como fundado-
to; no v. 27, Jesus diz a Tomé para tocá-lo (ver também Mt 28.9). Jesus lembra a res da igreja e agindo por ela, receberam a autoridade para declarar o juízo de
1267 .JOÃO 20, 21

A MISSÃO DA IGREJA NO MUNDO


.Jo 20.21
"Missão" vem de uma palavra latina que significa "enviar". Jesus ordenou aos seus primeiros discípulos, como representan-
tes daqueles que os seguiriam - "Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio" (Jo 20.21; cf. 17 .18). Essa missão é ain-
da válida: a Igreja universal, incluindo cada igreja local e cada cristão, é enviada ao mundo para cumprir uma tarefa específica.
A tarefa dada à Igreja tem duas partes. Primeiro e fundamentalmente, é obra de testemunho perante todo o mundo, fazendo
discípulos e plantando igrejas (Mt 24.14; 28.19-20; Me 13.10; Lc 24.47-48). A Igreja proclama Jesus Cristo por toda parte,
como Deus encarnado, Senhor e Salvador, e anuncia o convite de Deus aos pecadores para que entrem na vida, voltando-se
para Cristo por meio do arrependimento e da fé (Mt 22.1-1 O; At 17 .30). O ministério de Paulo como plantador de igrejas e
evangelista por todo o mundo, tanto quanto possível, é um modelo para se levar adiante essa tarefa primária (Rm 1.14;
15.17-29; 1Co 9.19-23; CI 1.28-29).
Em segundo lugar. todos os cristãos são chamados para realizar obras de misericórdia e compaixão. Confiando no manda-
mento de Deus para amar ao próximo, os cristãos devem responder com generosidade e compaixão a todas as formas de ne-
1 cessidades humanas (Mt 25.34-40; Lc 10.25-37; Rm 12.20-21 ). Jesus curou doentes, alimentou famintos e ensinou a
ignorantes (Mt 15.32; 20.34; Me 1.41; 10.1 ). e os que são novas criaturas em Cristo devem pôr em prática a mesma compai-
' xão. Ao agirem assim, darão credibilidade ao evangelho que pregam a respeito de um Salvador cujo amor transforma pecado-
' res naqueles que amam a Deus e ao próximo (Mt 5.16; cf. 1Pe 2.11-12).
Embora Jesus tenha previsto a missão aos gentios (Mt 24.14; Jo 10.16; 12.32), seu ministério terreno foi dirigido às "ove-
lhas perdidas da casa de Israel" (Mt 15.24). Paulo, o apóstolo aos gentios, sempre ia primeiro aos judeus, quando pregava (At
13.42-48; 14.1; 17.1-4, 10; 18.4-7, 19). Porque o direito dos judeus em ouvir primeiro o evangelho era determinação divina (At
3.26; 13.46; Rm 1.16), é importante para os cristãos continuarem testemunhando aos judeus. Como Paulo disse, foi de Israel,
, segundo a carne, que Cristo veio para ser o Salvador do mundo (Rm 9.5).
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A incredulidade de Tomé O objetivo deste Evangelho


24 Ora, Tomé, um dos doze, echamado Dídimo, não estava 30 Na gverdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos ou-
com eles quando veio Jesus. 25 Disseram-lhe, então, os outros tros sinais que não estão escritos neste livro. 31 hEstes, porém,
discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele respondeu: Se eu não vir foram registrados para que ;creiais que Jesus ié o Cristo, o Filho
nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não de Deus, 1e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.
puser a mão no seu lado, de modo algum acreditarei.
Jesus aparece a sete discípulos
Jesus aparece novamente aos discípulos Depois disto, tornou Jesus a manifestar-se aos discí-
26 Passados oito dias, estavam outra vez ali reunidos os
seus discípulos, e Tomé, com eles. Estando as portas tranca-
21 pulos junto do ªmar de Tiberíades; e foi assim que ele
se manifestou: 2 estavam juntos Simão Pedro, bTomé, chama-
das, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convos- do Dídimo, cNatanael, que era de dCaná da Galiléia, eos fi-
co! 27 E logo disse a Tomé: Põe aqui o dedo e vê as minhas lhos de Zebedeu e mais dois dos seus discípulos. 3 Disse-lhes
mãos; d chega também a mão e põe-na no meu lado; não sejas Simão Pedro: Vou pescar. Disseram-lhe os outros: Também
e incrédulo, mas crente. 28 Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu nós vamos contigo. Saíram, e 1 entraram no barco, e, naquela
e Deus meu! 29 Disse-lhe Jesus: 5 Porque me viste, creste? noite, nada apanharam.


!Bem-aventurados os que não viram e creram . 4 Mas, ao clarear da madrugada, estava Jesus na praia; toda-

24 e Jo 11.16 27 d SI 22.16; Zc 12.10; 13.6; 1Jo 1.1 e Me 16.14 29 f2Co 5.7; 1Pe1.8 5 Cf. NU e M; TR acrescenta Tomé; NU omite
30 g Jo 21 25 31 h Lc 1.4 ; Jo 19.35; 1Jo 5.13 i Lc 2.11; 1Jo 5.1 1Jo 3.15-16; 5.24; [1 Pe 1.8-9]
CAPÍTULO 21 1 a Mt 26.32; Me 14.28; Jo 6.1 2 b Jo 20.24 e Jo 1.45-51 d Jo 2.1 e Mt 4.21; Me 1.19; Lc 5.1 O 3 1 Cf. NU; TR e M
acrescentam imediatamente; NU omite
Deus sobre os pecados. Fundamentalmente. a declaração é feita na pregação do completo ou estritamente cronológico, tal como ocorre numa biografia moderna
evangelho. Ver "Disciplina Eclesiástica e Excomunhão", em Mt 18.15. (cf. 21.25). Ver "Introdução a Mateus: Dificuldades de Interpretação"
•20.28 Senhor meu e Deus meu. Esta é, provavelmente. a mais clara e sim- •20.31 Estes... foram registrados para que creiais. Esta expressão afirma o
ples confissão da divindade de Cristo encontrada no Novo Testamento. As duas propósito deste Evangelho. Através dos sinais narrados. o leitor virá à fé em Je-
mais elevadas palavras, "Senhor" (usada na tradução grega do Antigo Testa- sus. como mais do que um operador de milagres. Ele é o Cristo, a Palavra encar-
mento para o nome divino ''.Javé"). e "Deus" estão juntas e dirigidas a Jesus, em nada, com o Pai e o Espírito, como Deus Triúno. Através da fé, encontramos vida
reconhecimento de sua glória. Jesus aceita este culto sem hesitação. Este é nele, que é a fonte da vida 16.32-58)
um forte contraste com os anios que foram erradamente cultuados em Ap •21.1-25 Este capítulo parece ser um pós-escrito preparado pelo mesmo autor,
19.1 O; 22.9. como o resto do Evangelho, com a possível exceção dos vs. 24-25.
•20.29 Bem-aventurados os que não viram e creram. Conquanto aceitasse •21.3 Vou pescar. Talvez Pedro, por ter negado o Senhor. tenha pensado que ti-
a fé que Tomé demonstrava. Jesus abençoa aqueles que virão a crer pelo teste- vesse perdido o privilégio de ser uma testemunha da ressurreição de Jesus.
munho dos discípulos (17.20; cf. 1Pe1.8-9). Esta bênção apresenta a razão para o e, naquela noite, nada apanharam. Pescar à noite não era incomum. As cir-
Evangelho ser escrito (vs. 30-31). cunstâncias são uma reminiscência da pesca maravilhosa registrada em Lc
•20.30 muitos outros sinais. Nenhum dos Evangelhos procura dar um registro 5.4-11 e associada com a chamada de Pedro e outros discípulos.
JOÃO 21 1268
via, os discípulos !não reconheceram que era ele. s Perguntou· Jesus: Pastoreia as minhas ºovelhas. 17 Pela terceira vez Jesus
lhes gJesus: Filhos, tendes aí alguma coisa de comer? Responde· lhe perguntou: Simão, filho de 6João, tu 7 me amas? Pedro en-
ram·lhe: Não. 6 Então, lhes disse: hLançai a rede à direita do bar· tristeceu-se por ele lhe ter dito, pela terceira vez: Tu 7 me
co e achareis. Assim fizeram e já não podiam puxar a rede, tão amas? E respondeu-lhe: Senhor, Ptu sabes todas as coisas, tu
grande era a quantidade de peixes. 7 iAquele discípulo a quem sabes que eu te amo. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas
Jesus amava disse a Pedro: É o Senhor! Simão Pedro, ouvindo ovelhas. 18 qEm verdade, em verdade te digo que, quando
que era o Senhor, cingiu-se com sua veste, porque se havia des· eras mais moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por onde
pido, e lançou-se ao mar; 8 mas os outros discípulos vieram no querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e
barquinho puxando a rede com os peixes; porque não estavam outro te cingirá e te levará para onde não queres. 19 Disse isto
distantes da terra senão quase duzentos côvados. para significar 'com que gênero de morte Pedro havia de glo-
9 Ao saltarem em terra, viram ali umas brasas e, em cima, rificar a Deus. Depois de assim falar, acrescentou-lhe: 5 Segue·
peixes; e havia também pão. 10 Disse-lhes Jesus: Trazei al- me. 20 Então, Pedro, voltando-se, viu que também o ia se-
guns dos peixes que acabastes de apanhar. 11 Simão Pedro en- guindo o discípulo 1a quem Jesus amava, "o qual na ceia se
trou no barco e arrastou a rede para a terra, cheia de cento e reclinara sobre o peito de Jesus e perguntara: Senhor, quem é
cinqüenta e três grandes peixes; e, não obstante serem tan- o traidor? 21 Vendo-o, pois, Pedro perguntou a Jesus: E quan-
tos, a rede não se rompeu. 12 Disse-lhes Jesus: iVlnde, comei. to a este? 22 Respondeu-lhe Jesus: Se eu 8 quero que ele perma-
Nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? neça vaté que eu venha, que te importa? Quanto a ti, segue-
Porque sabiam que era o Senhor. 13 Veio Jesus, tomou o pão, me. 23 Então, se tornou corrente entre os irmãos o dito de
e lhes deu, e, de igual modo, o peixe. 14 E já era esta 1a tercei- que aquele discípulo não morreria. Ora, Jesus não dissera que
ra vez que Jesus se manifestava aos discípulos, depois deres- tal discípulo não morreria, mas: Se eu quero que ele perma-
suscitado dentre os mortos. neça até que eu venha, que te importa?

Pedro é interrogado O testemunho de João


15 Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pe- 24 Este é o discípulo que xdá testemunho a respeito destas
dro: Simão, filho de 2 João, amas-me mais do que estes ou- coisas e que as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é
tros? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que 3 te amo. Ele lhe verdadeiro.
disse: m Apascenta os meus cordeiros. 16 Tomou a perguntar-lhe 2s zttá, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez.
pela segunda vez: Simão, filho de 4 João, tu me amas? Ele lhe Se todas elas fossem relatadas uma por uma, ªcreio eu que
respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que 5 te amo. nDisse-lhe nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos .

• 4flc 2416; Jo 20 14 Hlc 24.41 ó hLc54,6-7 7 iJo 13.23; 20.~-


121At10.41 14 IJo 2019,26 15 mAt 20.28; 1Tm 4.6;
1Pe 5.2 2 NU; TR e M Jonas 3 tenho afeição por ti 16 n Mt 2.6; At 20.28; Hb 13.20; 1Pe 2.25; 5.2,4 o SI 79.13; Mt 10.16; 15.24; 25.33;
26.31 4Cf. NU; TR e M Jonas Stenho afeição parti 17 PJo 2.24-25; 16.30 óCf. NU; TR e MJonas 1Tensafeição por mim 18 q Jo 13.36;
At 12.3-4 19 r2Pe 1.13-14 s [Mt 4.19; 16.24]; Jo 21.22 20 t Jo 13.23; 20.2 u Jo 13.25 22 V [Mt 16.27-28; 25.31, 1Co 4.5; 11.26; Ap
2.25; 3.11; 227,20] Bdesejo 24 x Jo 19.35; 3Jo 12 25 z Jo 20.30 a Am 7.10
•21.4 os discípulos não reconheceram que era ele. Ver nota em 20.14. a "pastorear o rebanho de Deus, que está entre vós", aparentemente tendo leva-
•21.7 Aquele discípulo a quem Jesus amava. Ver nota em 13.23. Ele foi rápi- do a sério as palavras de Jesus.
do em reconhecer Jesus. •21.17 Pela terceira vez. Pedro ficou triste, não por causa da mudança de pala-
cingiu-se com sua veste. Isto pode parecer estranho para alguém que estava vras nesta última pergunta, mas porque Jesus repetiu amesma pergunta três ve-
para pular na água. Parece ser um gesto de reverência para com Jesus, diante de zes. Talvez Pedro se tivesse lembrado das três vezes em que negou a Cristo
quem Pedro não queria aparecer despido. 113.38; 18 27) Se Jesus pretendeu lembrar ou não aquele episódio, ele estava
•21.14 a terceira vez. Não o terceiro aparecimento absolutamente, mas a ter- dando a Pedro uma oportunidade de confessar o seu amor e reafirmar sua voca-
ceira a um grupo de apóstolos lcl. 20.19-23,24-28). ção para seguir a Cristo. Com este conhecimento, Pedro chama a Jesus de "Su-
•21.15 Simão, filho de João. Jesus usou este nome no começo de sua solene premo Pastor" (1 Pe 5.4).
declaração, em resposta à confissão de Pedro IMt 16.17) •21.19 que gênero de morte. Uma tradição antiga diz que Pedro foi martiriza-
amas-me mais do que estes outros. Épossível construir esta pergunta de vá- do, sendo crucificado de cabeça para baixo.
rios modos: ''Amas-me mais do que estes outros me amam?" "Amas-me mais do Segue-me. Isto é como a chamada original feita por Jesus a seus apóstolos (Mt
que amas a estes outros?" ''Amas-me mais do que amas a esta rede e à pesca?" 4.19; Lc 5.27; cf. Jo 21.22). Todo este incidente restaura Pedro ao seu lugar como
lcf. v. 3, nota). Overbo grego traduzido "amas-me", na pergunta de Jesus muda um apóstolo, lugar que a sua negação ameaçou tirar dele.
quando a pergunta é feita pela terceira vez lv. 17, nota textual), e a resposta de
•21.20 o discípulo a quem Jesus amava. Esta adicional referência, combina-
Pedro tem este segundo verbo em todas as suas respostas. Alguns têm pensado
da com 13.23-25, deixa pouca dúvida de que este discípulo era João, filho de Ze-
que há uma diferença intencional no uso destes dois verbos. Épossível, mas não
bedeu.
necessário, por duas razões: João alterna estes dois verbos em outras partes de
seu Evangelho; em segundo lugar, outras diferenças de palavras nesta conversa- •21.24 o discípulo que dá testemunho. Ver v. 20; 13.23 e notas.
ção não parece indicar uma diferença de propósito. Por exemplo: "apascenta os e sabemos. Esta é a confirmação de um contemporâneo que estava em condi-
meus cordeiros", "pastoreia as minhas ovelhas", "apascenta as minhas ovelhas", ções de conhecer João pessoalmente. Portanto, todo o Evangelho, incluindo o
são todas expressões equivalentes. cap. 21, foi aceito imediatamente pela Igreja Primitiva.
Apascenta os meus cordeiros. "Apascenta" ou "alimenta". "Minhas ovelhas" •21.25 nem no mundo inteiro caberiam. Oautor usa hipérbole (exagero) para
e "meus cordeiros" correspondem a "minha Igreja" 110.14,26-27; Mt 18.18). acentuar o fato de que os escritores dos Evangelhos tinham de ser seletivos em
Quando Pedro escreve a seus companheiros presbíteros 11 Pe 5.1-2), ele os incita relação aos fatos e detalhes incluídos em suas narrativas.

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