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Gruda, Mateus Pranzetti Paul. Breves considerações, comentários e ideias acerca de uma Psicologia
Social Crítica

Breves considerações, comentários e ideias acerca de uma Psicologia Social


Crítica

Brief considerations, commentaries and ideas about Critical Social


Psychology

Breves consideraciones, comentarios e ideas sobre Psicología Social Crítica

Mateus Pranzetti Paul Gruda1

Resumo

Neste breve ensaio teórico, discutimos e comentamos ideias do que constituiria uma Psicologia que possa ser
entendida como uma Psicologia Social Crítica. Para tal, sistematizamos apontamentos feitos pelos psicólogos
ingleses Ian Parker e Erica Burman, os quais detêm ampla produção teórica acerca da chamada Psicologia
Crítica, que ainda se encontra pouco difundida em território brasileiro, bastando pesquisar para constatar a
incipiência de textos de ambos vertidos para o português. Para delinear uma perspectiva de Psicologia Social
Crítica, portanto, arrolamos características principais associadas a ela, além de argumentarmos contra as críticas
e/ou acusações comumente imputadas a essa perspectiva Social e Crítica em Psicologia.

Palavras-chave: Psicologia Social; Teoria psicológica; Revisão.

Abstract

In this brief theoretical essay, we discuss and comment ideas about what would constitute a Psychology that
could be understand as a Critical Social Psychology. For that, we systematise some notes written mainly by Ian
Parker and Erica Burman, both English psychologists, which have a wide theoretical production regarding
Critical Psychology, but it is not widespread so much in Brazil yet, since it is rare to find texts of them translated
to Brazilian Portuguese. Hence, to draft a Critical Social Psychology perspective, we list principal features
associated with that, besides arguing against criticisms and/or common accusations directed for this Critical and
Social perspective in Psychology.

Keywords: Social Psychology; Psychological Theory; Review.

Resumen

En ese breve ensayo teórico, discutimos y comentamos ideas de que constituiría una Psicología que puede ser
comprendida como una Psicología Social Crítica. Para eso, sistematizamos apuntamientos hechos,
especialmente, por los psicólogos ingleses Ian Parker y Erica Burman, que tienen una vasta producción teórica
sobre la llamada Psicología Crítica, la cual, sin embargo, no está muy difundida en Brasil todavía, una vez que
prácticamente no existen textos de ambos traducidos para el portugués brasileño. Para redactar una perspectiva
de Psicología Social Crítica, por lo tanto, enumeramos características principales que son asociadas a ella,
además de argumentamos contra las críticas y/o más comunes acusaciones hechas a esa perspectiva Social y
Crítica en Psicología.

Palabras clave: Psicología Social; Teoría psicológica; Revisión.

1
Faculdade de Ciências e Letras de Assis, Universidade Estadual Paulista. Bacharel, Mestre e doutorando em
Psicologia pela Unesp/Assis. Bolsista de doutorado pela Fapesp.

Pesquisas e Práticas Psicossociais, 11(2), São João del-Rei, julho a dezembro 2016.
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Gruda, Mateus Pranzetti Paul. Breves considerações, comentários e ideias acerca de uma Psicologia
Social Crítica

Este ensaio intenta discutir e tecer questionamento da homogeneização das


algumas considerações acerca de uma diferenças sociais defendida pelas
Psicologia que possa ser caracterizada perspectivas biológica (na qual as
como Social e Crítica. Tal perspectiva em predisposições internas do organismo
Psicologia é consequência da chamada explicam os comportamentos e
“crise” da Psicologia Social vivenciada manifestações psicológicas do indivíduo) e
entre o final da década de 1960 e início da cognitiva (em que as predisposições
década de 1970, sendo também usualmente internas do aparelho cognitivo explicam os
nomeada tão somente por “Psicologia comportamentos e manifestações
Crítica”. Antes de pontuarmos no que esta psicológicos do indivíduo) da Psicologia
consiste, daremos um passo para trás e Social dominante e convencional
comentaremos sobre essa “crise” que (Almeida, 2012; Farr, 1999). Além de
proporcionou a emersão dessa assumir “[...] uma postura crítica frente ao
possibilidade em Psicologia Social. positivismo científico, ao isolacionismo e
A crise se deu a partir da ao atomismo metodológico das ciências”
estruturação das correntes sociológicas da (Lima, 2012a, p. 219), tão característicos à
Psicologia Social, tal como denominado e Psicologia Social dominante daquela
categorizado por Farr (1999), quais sejam: época.
a teoria das representações sociais, o Na América Latina, esse
interacionismo simbólico, a Psicologia movimento de críticas à Psicologia Social
discursiva, entre outras. Essas correntes dominante “[...] culminam em 1979 (SIP –
abriram uma fissura na perspectiva Lima, Peru)2 com propostas concretas de
hegemônica de Psicologia Social uma Psicologia Social em bases
psicológica e, em meados da década de materialista-históricas e voltadas para
1960, diversas críticas começam a ser trabalhos comunitários” (Lane, 1985, p.
tecidas e dirigidas à Psicologia Social 11). Assim, emerge uma Psicologia Social
dominante, tanto na França, com as implicada e fundada no “compromisso
formulações de Moscovici, como “na social” (Bock, Ferreira, Gonçalves &
Inglaterra onde Israel e Täifell analisam a Furtado, 2007). Para tanto, as principais
‘crise’ sob o ponto de vista epistemológico indicações e críticas que a Psicologia
com os diferentes pressupostos que Social de base materialista-histórica seguia
embasam o conhecimento científico – é a buscava superar a individualização
crítica ao positivismo, que em nome da desmedida e a divisão dicotômica entre
objetividade perde o ser humano” (Lane, indivíduo e sociedade. Daí advém as ideias
1985, p. 11). Desse modo, se iniciou o chaves para tal perspectiva crítica em
período chamado por “crise” da Psicologia Psicologia Social, quais sejam: a) o
Social (Almeida, 2012; Farr, 1999; Ibáñez, indivíduo não está separado do social (e
1990; Parker, 1989; Parker & Shotter, vice-versa, ou seja, o social também não
1990). está apartado do indivíduo); b) o sujeito é
Conforme Parker e Shotter (1990), produto e produtor da história. Para chegar
a crise decorre das discussões teóricas que a essa segunda assertiva, que é quase um
passaram a enxergar o conhecimento como mote para ideia de uma Psicologia Social
algo construído, além de que “novas” de cunho crítico, ancorada no materialismo
relações no mundo e discursos ganhavam histórico-dialético, a Psicologia Social
força, passando a circularem mais deveria “recuperar o indivíduo na
fortemente e serem visibilizadas – tal como
o é o caso do feminismo. Essa perspectiva, 2
por assim dizer contra hegemônica, XVII Congreso Interamericano de Psicología, o
qual fora promovida pela Sociedade Interamericana
fundamentalmente promove então o de Psicologia em 1979 na cidade de Lima, no Peru.

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intersecção de sua história com a história determinações sociais. (Bock et al., 2007, p.
de sua sociedade – [pois] apenas este 50)
conhecimento nos permitiria compreender
o homem [o ser humano] enquanto Conforme Martín-Baró (2005), o
produtor da história” (Lane, 1985, p. 13). método dialético inserido na Psicologia
Ao focalizar as condições sociais e Social indica que, ao estudar os problemas,
históricas, a Psicologia Social rejeita as parte-se do pressuposto de que indivíduo e
naturalizações e propaladas leis/valores sociedade não apenas interagem como algo
universais, entendendo a sociedade e os constituído separadamente, mas que se
indivíduos como produtos histórico- constroem mutuamente e, por
dialéticos. Em outros termos, não há consequência, ao se negarem se afirmam
natureza humana, mas processos mediados como tais. Assim, o indivíduo só pode
pela ideologia e construídos por meio das existir pela existência da sociedade (não
relações. Inclusive individual) e, concomitantemente, a
sociedade só pode existir por haver a
[...] quando as ciências humanas se atêm existência de indivíduos (negação da
apenas na descrição, seja macro ou sociedade). Ainda para esse autor, em cada
microssocial, das relações entre os homens e uma das ações concretas (que são
das instituições sociais, sem considerar a ideológicas), se traduzem e configuram
sociedade como produto histórico-dialético,
elas não conseguem captar a mediação
ambas as realidades (individual e social)
ideológica e a reproduzem como fatos em um produzir e ser produzido, tal como
inerentes à ‘natureza’ do homem. (Lane, delineamos anteriormente ser um dos
1985, p. 13) motes dessa perspectiva crítica em
Psicologia Social.
Assim, na perspectiva de uma Portanto, e de um modo geral,
Psicologia Social crítica que é
fundamentalmente baseada no Social constructionist and discourse-analytic
materialismo histórico e dialético, as approaches made it possible to conceptualise
visões acerca do conhecimento e de ser human psychology as something culturally-
located and historically-specific, and they
humano que estão aqui presentes apontam have even served as a warrant for renewed
para a constituição de seres históricos e de discussion of Marxist accounts of the
uma relação dialética envolvida entre os individual subject as an `ensemble of social
falsos polos indivíduo-sociedade. Falsos, relations` (Parker and Spears, 1996).
pois estando em relação dialética um não (Parker, 2000, p. 31)
anula ou nega o outro, tampouco há
deslocamento de preponderância para um Seguindo com ideias similares que
dos lados. Ambos se complementam pelas enfatizam e desdobram outros aspectos, a
e nas oposições existentes. Além disso, há Psicologia Crítica basicamente se
a ideia central de um “movimento caracteriza, como já referenciamos, pelo
[dialético e constante] de transformação da entendimento de que todo o conhecimento
realidade” (Bock et al., 2007, p. 50), por é construído (Parker & Shotter, 1990), mas
conseguinte, evidentemente, igualmente por inserir e se voltar para o
estudo e, principalmente, à análise dos
O objetivo [desta psicologia social] era discursos que, conforme Parker (2015, p.
compreender o indivíduo em relação 3), “[...] marks a conceptual break from
dialética com a sociedade; a constituição behavioural and cognitive models of
histórica e social do indivíduo e os language as expressions of response to
elementos que explicam os processos de
consciência e alienação; e as possibilidades
stimuli or as communication of ideas from
de ação dos indivíduos frente às inside the head of an individual to others.”.
Além disso, seguindo a ideia desse autor

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(Parker, 2015), o discurso é compreendido Aspectos fundamentais para a Psicologia


como “critical discursive practice” (prática Social Crítica
discursiva crítica), o que é importante para
os psicólogos associados à Psicologia Para nos aprofundarmos naquilo em
Crítica, pois implica que “[...] it enables us que consiste uma Psicologia Social Crítica,
to turn around and treat our own discipline tomemos os quatros aspectos e questões
as a collection of texts susceptible to fundamentais que a caracterizam, tal qual
deconstruction (Parker, 2002)” (Parker, Parker e Burman (2008) formulam de
2015, p. 6). modo abreviado, alertando que tal
Outro aspecto candente e sistematização foi realizada com a ciência
nevrálgico é de que a Psicologia Social de que poderiam parecer presunçosos, dada
Crítica se contrapõe frontalmente à às particularidades sócio-históricas de cada
chamada Psicologia Tradicional ou contexto, o que consequentemente afeta
Hegemônica, sendo que as principais diretamente na noção daquilo que é e
características da Psicologia daquilo que não é uma abordagem Social e
Tradicional/Hegemônica a serem Crítica em Psicologia. Ainda assim,
questionadas constantemente nessa entendemos que tais pontos enunciados
perspectiva Social e Crítica seriam aquelas pelos autores ingleses são extremamente
elencadas por Parker (2009b), quais sejam: pertinentes a essa perspectiva teórica
o individualismo, o essencialismo e a dentro da grande área de conhecimento
normalização. Analisando detidamente abrangida pela Psicologia.
cada um desses aspectos, o autor inglês nos A primeira ideia que caracteriza
diz que o individualismo nos aparta do uma Psicologia Social Crítica diz respeito
contexto relacional/social em que estamos a esse analisar e interrogar como as teorias
inseridos, criando a falsa ilusão de que as e práticas da Psicologia Tradicional
experiências singulares da existência não operam de modo ideológico e em sintonia
são produzidas de modo sócio-histórico; o com a ordem vigente/dominante e com os
essencialismo promove a separação poderes instituídos ao privilegiarem
intrínseca das características humanas, o determinadas variáveis em detrimento de
que possibilita à Psicologia Tradicional outras. Um exemplo para essa assertiva são
categorizar e propor aperfeiçoamentos as dinâmicas de grupo promovidas pela
nestas ao indicar como as pessoas devem Psicologia Organizacional/Psicologia do
agir e pensar; por fim, a normalização é Trabalho (ou até mesmo da Psicologia
fruto da propagação de modelos universais, Industrial, como fora comumente
os quais usualmente estão em sintonia com denominada) no ambiente das empresas
a cultura dominante em que a Psicologia em meio aos conhecidos “processos de
Hegemônica se respalda e reforça como recrutamento e seleção de pessoal”, por
superior às outras. Portanto, para Parker meio dos quais se procuram aqueles
(2009b), tais aspectos constituiriam o que sujeitos que possam ser considerados os
pode ser denominado por psicologização mais aptos (ou que mais facilmente se
que, ao mesmo tempo em que reflete a adaptam) para integrar o corpo de
ordem desigual vigente, reforça-a de modo funcionários ou desempenhar determinadas
sub-reptício e ideológico. Como de modo funções (Cascio, 1998) – inclusive,
preciso resume Lacerda Jr (2009, p. 1): “A enfatizemos que Codo (1985) já
força fundamental por trás da Psicologia é problematizava criticamente isso nos anos
a psicologização, isto é, a conversão de 1980. Nesse tipo de prática, amplamente
condições sociais e históricas de alienação utilizada segundo pressupostos
em questões individuais e psicológicas”. psicológicos tradicionais, as técnicas
utilizadas implicam em uma compreensão

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individualista e essencialista de que os Tradicional. Os autores pontuam


sujeitos podem ser classificados em função dialeticamente – e ecoando Foucault
de suas chamadas pré-disposições internas (1995) – de que a existência do poder
(Gatewood & Field, 1998; Muchinsky, pressupõe a sua coexistência com formas
1997), as quais são igualmente supostas de resistência a ele. Assim, as práticas e as
pela própria Psicologia que está teorias da Psicologia Tradicional
embasando tal procedimento. conseguem se valer com muita argúcia
Entretanto, de forma ideológica,3 o dessa condição dialética, uma vez que os
resultado bem-sucedido ou de fracasso mesmos parâmetros de classificação
obtido por meio dessas práticas é atribuído podem servir para finalidades
exclusivamente ao sujeito-participante, ao diametralmente opostas. Parker e Burman
responsabilizá-lo e fazer com que creia que (2008) citam o caso de testes psicológicos
quaisquer resultados obtidos (o sujeito está que, em um dado momento, podem servir
apto/inapto para exercer determinada para, de um ponto de vista cognitivo e
função; pode ser contratado ou descartado relativo à aprendizagem, estigmatizar
do processo de contratação) decorrem de crianças, enquanto para noutras ocasiões
suas capacidades ou incapacidades servem para retirar essas mesmas crianças
intrínsecas. Por tal processo ideológico, das chamadas escolas especiais. Outro
advém o ocultamento e dissimulação da exemplo que podemos dar é de como as
dimensão de reificação dos padrões de intervenções guiadas por certa Psicologia
conduta preestabelecidos como aceitáveis, Comunitária podem contribuir tão somente
que as dinâmicas de grupo tradicional para a adaptabilidade às desigualdades
aplicada no contexto sofridas e vivenciadas sob o manto de
empresarial/organizacional carregam. estarem colaborando na construção de uma
Igualmente se dá com a própria construção pretensa autonomia por parte dos sujeitos
daquilo que é entendido por capacidades e participantes. Destarte, os supracitados
incapacidades individuais. Além de essas autores reforçam que o mais importante à
práticas psicológicas ignorarem, por vezes, Psicologia Social Crítica é atentar não
o fato de que tais procedimentos mesuram exatamente para a verdade oculta por
coisas somente ali onde estão sendo detrás das práticas e teorias da Psicologia
aplicadas (vale enfatizar que os testes de Tradicional, mas sim esmiuçar como as
inteligência seguem essa mesmíssima linha relações políticas e ideológicas de
e lógica), em outros termos, não abarcam a dominação estão funcionando por
complexidade do sujeito como um sujeito intermédio dessas práticas e teorias.
constituído pelos processos sócio- A Psicologia Social Crítica situa o
históricos e culturais. saber psicológico em geral como uma
Outro ponto formulado por Parker e forma de entender, guiar e regular a vida
Burman (2008) é de que a Psicologia cotidiana, procurando compreender e
Social Crítica compreende que todas as explicitar quais são os meios pelos quais
psicologias são exatamente constructos uma “cultura psicológica” (Parker &
sócio-históricos, buscando então apreender Burman, 2008) é difundida e instituída,
especialmente os diferentes modos pelos sendo instalada para além do
quais as alternativas propostas pela conhecimento acadêmico teórico e da
Psicologia Social Crítica se relacionam prática profissional em Psicologia. Esse
com os modelos hegemônicos processo, Parker (2009b), entre outros
sedimentados e difundidos pela Psicologia autores, caracteriza como a chamada
psicologização da vida. Os exemplos mais
evidentes, e talvez mais estarrecedores, da
3
Para um aprofundamento na questão da ideologia, psicologização no mundo contemporâneo
ver: Guareschi (2012) e Žižek (1996).

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são os livros de autoajuda e os manuais de ideológicas os saberes e as práticas


como “amar”, “conquistar”, “vencer”, psicológicas dominantes se constituem
“melhor se alimentar”, etc., que inundam o torna possível que intervenhamos nos
mercado editorial ao redor do globo, além efeitos e resultados que aquelas
dos programas nos meios de comunicação (concepções e bases) e estas (saberes e
em que se discutem e se propõem as práticas psicológicas) promovem, pois,
melhores formas de se apresentar e se uma vez mais, entender o funcionamento
portar em uma entrevista de emprego, em disso tudo implica na possibilidade de
como conseguir seduzir efetivamente o desconstruir os discursos e ideias que são
parceiro ou a parceira, entre outras propagadas acriticamente pela Psicologia
“dicas/conselhos” envolvendo os mesmos Tradicional.
tópicos apresentados nos livros e manuais Seja na constante luta pela
citados anteriormente. Assim, Parker e hegemonia – entendendo esta pela chave
Burman (2008, p. 102), seguindo a conceitual de Gramsci (1976) – ou pela
perspectiva de uma Psicologia Social tentativa de garantir a produção e difusão
Crítica, dizem que, por vivermos em um de outros discursos possíveis que não
mundo altamente psicologizado, “[…] we somente os amplamente disseminados por
need to study the way psychology recruits parte da Psicologia
all of us into psychological culture”. Tradicional/Convencional, a Psicologia
Um último ponto fundamental diz Crítica parte, mormente, da desconstrução
respeito a arguir o substrato que faz e do movimento crítico constante das
emergir e estruturar as teorias psicológicas, práticas e teorias que materializam ou dão
o qual, embora seja naturalizado pela substrato aos saberes psicológicos e, desse
Psicologia Tradicional, se assenta na modo, a perspectiva crítica em Psicologia
cultura, na vida cotidiana e nas condições não pretende implementar e sedimentar
sócio-históricas. Portanto, “part of the de- verdades outras e, por assim dizer,
construction of psychology is the study of “novas”. Aquilo que é proposto pela
the way ideology in society is the Psicologia Social Crítica vai ao encontro
‘condition of possibility' for psychology to de determinada cosmovisão que não é
exist” (Parker & Burman, 2008, p. 102). ocultada e/ou dissimulada pelos processos
Nessa esteira de ideias, podemos afirmar, ideológicos; ao contrário disso, as posições
exemplificando, ainda que de maneira políticas, os compromissos e implicações
razoavelmente generalista, que por conta sociais subjacentes e a visão de mundo são
de um contexto como o vivenciado por deliberadamente engajados e explícitos.
Sigmund Freud (1856-1939) no final do A partir desses últimos
século XIX, em que a organização social apontamentos, podemos também propor
se assentava fundamentalmente no uma brevíssima reflexão relacionando o
patriarcado e machismo extremados, que fora discutido na pesquisa acadêmica.
tratava-se de um tempo em que a opressão Segundo a Psicologia Social Crítica, as
às mulheres era algo bastante forte e propaladas neutralidade e objetividade
presente na estrutura social, sendo essas científicas se demonstram como
dimensões relevantes para tornar possível possibilidades falsas, pois o objetivismo na
o surgimento de alguns dos mais ciência é, ao contrário do que está
importantes conceitos psicanalíticos, tais amplamente posto, algo ancorado no
como o complexo de Édipo, a histeria, o próprio subjetivismo,4 ou tal como descrito
complexo de castração feminina.
Em outros termos, conforme Parker
(2007) e Parker e Burman (2008), 4
Ideia apresentada por Erica Burman e Ian Parker
interrogar sobre quais concepções e bases durante o curso “Discourse Analysis and Critical
Psychology”, ministrado no dia 15 de julho de 2013

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por Spink (1995, p. 129): “[...] a sobremaneira referenciamos ao longo deste


objetividade é produto do consenso sócio- ensaio (Parker, 2007; Parker & Burman,
cultural e histórico da comunidade 2008), bem como a contra-argumentação
científica, regida, portanto, pelo signo da para esses pontos, a fim de fortalecermos o
intersubjetividade”. Como um exemplo substrato dessa perspectiva teórica em
metonímico e ilustrativo disso, temos o Psicologia.
próprio ato da escrita científica que se faz A primeira e principal deturpação a
na terceira pessoa ou, fundamental e que nos ateremos aponta que a Psicologia
preferencialmente, por meio do sujeito Social Crítica leva em conta tão somente a
indeterminado (“neste trabalho de pesquisa dimensão social da Psicologia. Todavia,
se encontrou tais resultados”; “como nessa perspectiva teórica, não há desprezo
referencial teórico tem-se os seguintes pelas teorias cognitivistas que se fundam
autores”) e dificilmente na primeira pessoa em um essencialismo dos processos
– seja do singular ou do plural – (Greimas, mentais (Farr, 1999). A Psicologia Social
1976), ação que, se goste ou não, é de fato Crítica compreende e enfatiza que esses
uma escolha – ideológica, inclusive – por arcabouços teórico-práticos (teorias
parte do pesquisador, ainda que se possa cognitivistas) também estão imbricados e
discutir se deliberada ou inconsciente. construídos a partir das relações sociais e
Já a neutralidade é algo inatingível, discursivas e que se manifestam e tomam
uma vez que “[...] o pesquisador-produto- forma por meio da constituição do
histórico parte de uma visão de mundo e de pensamento, da linguagem e dos vínculos
homem necessariamente comprometida e, sociais (Íbañez & Iñiguez, 1997; Parker,
nesse sentido, não há possibilidade de se 2002, 2015; Parker & Shotter, 1990;
gerar um conhecimento ‘neutro’, nem um Traverso-Yépez, 1999).
conhecimento do outro que não interfira na Outra acusação frequentemente
sua existência” (Lane, 1985, p. 18), ou, utilizada formula que a Psicologia Social
como aponta Bock (2002). Negarmos a Crítica transforma tudo em questões
naturalidade dos processos e afirmarmos políticas. Para Parker (2007, p. 5), tal
posições intencionais direcionadas faz com raciocínio está incorreto em sua base, pois
que superemos a pretensa e enganosa desconsidera que, tal como já afiançara
neutralidade pretendida, mas inatingível, Gramsci (1978), absolutamente tudo é
empreendida tanto pela Psicologia, como político, até mesmo “[on] the way we form
acresceríamos nós, pela própria prática e relationships and live our lives at the most
discurso científico-cientificistas intimate level”. Inclusive, é impossível não
tradicionais. conectar tal ideia ao conhecido poema “O
Analfabeto Político” de Bertolt Brecht
Equívocos e deturpações relacionadas à (1898-1956), poeta e dramaturgo alemão,
Psicologia Social Crítica no qual o autor critica ferinamente que o
pior analfabeto existente é o analfabeto
Ao intentarmos tecer considerações político, pois este se orgulha de não
e apontamentos relativos a uma entender nada de política, embora esta
perspectiva de Psicologia Social Crítica, influencie e guie tudo o que referencia
arrolaremos adiante alguns dos principais indistintamente a vida de todas e todos.
equívocos e acusações contrárias Mais uma interpelação é a assertiva
relacionadas a essa corrente de pensamento de que a Psicologia Social Crítica
em Psicologia levantados pelos textos que pretenderia se tornar uma “alternativa
coerente” (Parker & Burman, 2008) à
Psicologia Tradicional e/ou Hegemônica.
como uma das atividades do XXXIV Congresso O erro aqui consiste em acreditar que a
Interamericano de Psicologia.

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Psicologia Social Crítica seria eterna construção e questionamento das


caracterizada da mesma forma que a práticas e teorias psicológicas. Nas
Psicologia Tradicional. Ao contrário disso, palavras de Parker (1999, p. 12), em outro
as palavras de ordem da Psicologia Social de seus textos: “critical psychology does
Crítica, conforme Parker e Burman (2008) not pretend to end the fragmentation of the
colocam, são fragmentação e subversão. discipline, but tries to understand how the
Em outros termos, a própria Psicologia discipline functions in different places in
Social Crítica não tenciona ou busca uma contradictory theories and practices”.
unidade completa em suas concepções, e Outro ponto que trata de
para demonstrar tais características deslegitimar a Psicologia Social Crítica é a
inerentes à Psicologia Crítica, os autores asseveração de que esta supostamente se
citam duas linhas dentro dessa perspectiva: preocupa tão somente com as análises e
1. A Cyber-Psicologia (Gordo-López & formulações teóricas, relegando por
Parker, 1999), que estuda questões completo, ou não tendo contribuição
cognitivas e das relações sociais em alguma a dar do ponto de vista
ambientes virtuais que dificilmente são metodológico. Essa afirmação é rebatida
apreendidas pela Psicologia Tradicional, por Parker e Burman (2008) ao
que busca relacioná-los de forma recuperarem a ideia de que o método é o
apriorística com categorias já existentes, único aspecto que permite unificar a
embora não se encaixem nesse contexto Psicologia como um saber prático-teórico;
virtualizado e tecnológico; e 2. A Teoria assim sendo, seria impossível à Psicologia
Queer (Butler, 1990), que rejeita Social Crítica ignorar tão importante
radicalmente a dicotomização de gênero, questão como essa. Inclusive, muitos dos
questionando as divisões e diferenciações psicólogos que se vinculam à Psicologia
relacionadas à identidade sexual, além de Social Crítica se propõem a reflexivamente
propor em se pensar em termos de conjugar aparatos teórico-metodológicos
performance da sexualidade, o que cria oriundos de outros campos de
uma confusão tremenda para as teorias conhecimento ao rol de opções
psicológicas dominantes, que usualmente metodológicas concernentes às pesquisas
trabalham as questões de sexualidade em Psicologia. Como um exemplo disso,
exclusivamente a partir do binarismo temos o caso da Análise do Discurso, que
homem-mulher. “[...] trata el mundo social como um texto,
Os exemplos rapidamente o más bien como um sistema de textos, que
pincelados apontam para quão pueden ser ‘leídos’ sistemáticamente por
multifacetada e heterogênea é a um investigador para expor los procesos
constituição humana, que, pelo seu alto psicológicos que hay en su interior”
grau de complexidade, é de difícil (Parker, 2004, p. 121) e reúne ideias acerca
apreensão por toda ou qualquer Psicologia, da construção da linguagem como um
“so, critical psychology is not a positive instrumento de propagação e reificação das
programme for improving or substituting estruturas de poder ideológicas, ou de
new ideas for old in the discipline, and it resistência a essas mesmas estruturas.
does not draw on existing political A próxima deturpação defende que
programmes to build an alternative a Psicologia Social Crítica evita todos e
psychology” (Parker & Burman, 2008, p. quaisquer métodos quantitativos. Parker
104). Assim, a Psicologia Social Crítica (2004, 2007) concorda que, de fato, há
não tem pretensão alguma de se tornar a uma resistência por parte dos
nova Psicologia dominante, ou de fazer pesquisadores da Psicologia Crítica em se
com que a Psicologia Tradicional funcione valer de dados estatísticos em seus estudos,
melhor; ao contrário disso, ela busca a entretanto, afirma haver outros modos de

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se utilizar da quantificação numérica, Quanto ao argumento de que esse


como ao analisá-la como uma campo da Psicologia não lida com o
representação de pessoas reais, não sofrimento psíquico ou não teria algo a
simplesmente coisas contáveis. Além oferecer para mitigá-lo, os supracitados
disso, o autor inglês reforça que os dados psicólogos ingleses discordam ao
por si só são apenas uma fração dentro da apresentarem uma experiência de pesquisa
complexidade que é o ato de interpretar o em Psicologia Social Crítica realizada na
mundo. década de 1990, na Inglaterra, envolvendo
As últimas acusações rebatidas por a Manchester Metropolitan University e a
Parker (2007) e Parker e Burman (2008) associação “Hearing Voice Network”
são de que a Psicologia Social Crítica não (Parker & Burman, 2008). Por este se
tem nada para oferecer às pessoas em tratar de um grupo que problematiza e
sofrimento psíquico e de que ela seria um relativiza o ato de se ouvir vozes como
fenômeno exclusivamente europeu. Para algo patológico, docentes da citada
desarmar essa última assertiva, basta universidade realizaram discussões e
percorremos dois números específicos da eventos para questionar e ressignificar tal
publicação inglesa Annual Review of fenômeno a partir de uma visão guiada
Critical Psychology (2006, 2013) – editada pela Psicologia Social Crítica, desse modo
pela “Discourse Unit”, centro de pesquisa ancorada em pressupostos diametralmente
fundado em 1990 e liderado pelos autores opostos aos da Psicologia Tradicional que
de referência deste ensaio, Erica Burman e apenas psicologiza ao reforçar estigmas
Ian Parker – para notarmos a amplitude de relacionados a comportamentos e ações
disseminação global de estudos diversos daquilo que está previamente
envolvendo a Psicologia Social Crítica estabelecido como padrão (Parker, 2009a).
(estão presentes nesses dois números Segundo Parker, isso demonstra uma
referenciados da Annual Review of Critical forma da Psicologia Social Crítica,
Psychology autores de países como: Nova repensar caminhos e possibilidades para o
Zelândia, China, Colômbia, Cuba, fazer psicológico, até porque, diz o autor
Dinamarca, Romênia, Tanzânia, Sri Lanka em que estamos maiormente nos
Nigéria, Turquia, para citarmos somente respaldando e referenciando: “There are
alguns dos tantos países espalhados pelo better things psychologists could be doing
planeta que têm estudos figurando no than implementing ‘psychology’” (Parker,
referenciado periódico científico), bem 2007, p. 10).
como de trabalhos que se dedicam a Em outros termos, seria a própria
desenvolver e avançar as discussões Psicologia Tradicional que não teria nada
teóricas e metodológicas em Psicologia para, de fato, oferecer às pessoas em
Social Crítica. Para além disso, sofrimento psíquico, uma vez que apenas
focalizando a produção teórica e científica repete cegamente fórmulas fundadas em
especificamente em nosso país, vale conceitos e práticas que, majoritariamente,
citarmos a recente obra Psicologia Social separam as dimensões internas e externas
Crítica: paralaxes do contemporâneo5 ao sujeito, limando o entendimento de que
organizada por Aluísio Lima (2012b), em os processos psíquicos e de subjetivação
que é possível entrarmos em contato com são e estão diretamente influenciados pelos
estudos realizados no Brasil sob uma contextos sócio-históricos em que se
perspectiva da Psicologia Social Crítica. inserem e, dessa forma, igualmente são
produtos desses diferentes tempos e
organizações sociais. Assim sendo, uma
psicologia baseada em uma ordem
5
Para uma visão panorâmica acerca dos textos que individualizada, desigual e verticalizada,
compõem essa obra, ver Gruda (2013).

Pesquisas e Práticas Psicossociais, 11(2), São João del-Rei, julho a dezembro 2016.
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Gruda, Mateus Pranzetti Paul. Breves considerações, comentários e ideias acerca de uma Psicologia
Social Crítica

intentará reforçar tão somente padrões percorridos por esse campo do


comportamentais e psicológicos que sigam conhecimento em território brasileiro.
tais características, ao indicar aos sujeitos Sem deixarmos de atentar, vale a
os modos “corretos” que estes devem ressalva, para o que apontou Parker (2003)
seguir em suas vidas. em fala proferida na International
Além disso, como afirma Ibáñez Conference on Critical Psychology em
(1997), a Psicologia Social Crítica tem por 2003, na cidade inglesa de Bath. Disse o
preocupação sim ser instrumento no autor: a Psicologia Social Crítica já detém,
auxílio ao combate dos problemas da vida inclusive, a possibilidade de um espaço
cotidiana e social, tais como os para existir dentro da ordem do capitalismo
preconceitos, as discriminações, neoliberal contemporâneo, todavia tal
transpassando a mera produção de garantia de existência se configura como
conhecimento teórico. Ainda que, segundo algo altamente perigoso à própria
o próprio Ibáñez (1997), por vezes ao Psicologia Crítica, uma vez que isto pode
longo da história, tal implicação não tenha torná-la “[...] another commodity in the
se efetivado e, ao contrário disso, academic marketplace or it could make
conhecimentos práticos e teóricos em those conditions its own object of study so
Psicologia Social Crítica tenham servido that it analyses them from a position that
ao reforço e manutenção do status quo, o will also change them.”, e, por conta disso,
que exigiria que essas práticas o autor conclama que: “That is what I
consideradas críticas em Psicologia, mean when I say that psychology is so
contudo inócuas, passassem por um critical, only Marxism can save us now”
processo de reflexão crítica a fim de (Parker, 2003, sem paginação).
apontar outros modos que se conectassem De todos os modos, a Psicologia
realmente com uma perspectiva em que não se permite sequer repensar suas
Psicologia Social Crítica. práticas, discursos e teorias, bem como não
busca jamais interrogar aquilo que subjaz a
Considerações finais tais dimensões – como a Psicologia Social
Crítica propõe continuamente, inclusive,
Para finalizarmos o texto, para si mesma – não tem capacidade de
pontuamos que a Psicologia Social Crítica colaborar com os processos de
descrita e enunciada neste breve ensaio emancipação e de combate às
trata-se fundamentalmente de uma desigualdades vigentes que produzem
Psicologia que se vincula ao pensamento mormente sofrimento físico e psíquico.
do materialismo histórico-dialético De uma maneira ampla e sintética
propagado pelas ideias marxistas (Parker, para encerramos, de fato, nosso texto, a
2003, 2009a) e por um entendimento de Psicologia Social Crítica se constitui no
que o sujeito é constituído e se constitui de questionamento e na reflexão sobre os
modo sócio-histórico (Abrantes, Silva & lugares-comuns e ideias dominantes
Martins, 2005; Lane, 1985) e por meio dos propagadas pela chamada Psicologia
tensionamentos e contradições ao se Tradicional e/ou Hegemônica, visando
relacionar com os outros (Guareschi, assim construir outras formas de se
2012), com a cultura e com a linguagem estruturar o saber e prática psicológicos.
(Íbañez & Iñiguez, 1997; Parker, 2015). Tendo como alicerce principal a ideia de
Destarte, a Psicologia Social ancorada no que a crítica e o pensamento crítico
materialismo histórico-dialético pode ser indicam “[...] que todas as ações e todos os
considerada como um dos “braços” da fenômenos possuem ao menos dois lados;
Psicologia Crítica, tal como assinala em outras palavras, que nada é absoluto,
Lacerda Jr (2013), ao refazer os trajetos tudo contém sua contradição; a realidade

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Gruda, Mateus Pranzetti Paul. Breves considerações, comentários e ideias acerca de uma Psicologia
Social Crítica

de um fato ou fenômeno não se resume a Cascio, W. F. (1998). Applied psychology


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Recebido em 30/03/2014
Aprovado em 31/03/2016

Pesquisas e Práticas Psicossociais, 11(2), São João del-Rei, julho a dezembro 2016.

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