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Claude Lévi-Strauss e Clifford Geertz

Strauss

É um antropólogo francês que viveu mais de um século, 1908-2009, cuja obra


exerceu a maior influência no século XX, através da corrente denominada
Antropologia estrutural ou Cultura como sistemas estruturais.

Cultura como distintivo das sociedades humanas;

Mapa que orienta o comportamento dos indivíduos em sua vida social

Refuta a abordagem evolucionista de que as sociedades simples dispõem de um


pensamento mágico que antecede o científico e que, portanto, lhe é inferior. Magia,
Religião e Ciência são sistemas simultâneos e não sucessivos na história da
humanidade.

Tudo que se detectava no mundo primitivo, tinha seu correspondente no mundo dito
moderno. Neste sentido, a idéia de culturas superiores, mais desenvolvidas e menos
desenvolvidas foi duramente criticada por Strauss.

Geertz

Antropólogo americano, 1926 - 2006, pioneiro no desenvolvimento da antropologia


"interpretativa".

Contribuiu para uma forma menos autoritária e superior de lidar com os sujeitos e
culturais que nos propomos pesquisar.

Devemos procurar descrever o mundo do ponto de vista do nativo. Todos nos somos
nativos. Crítica a autoridade etnográfica.

Acreditava que o antropólogo deveria escrever junto ao sujeito de estudo sobre sua
cultura.

O papel da antropologia é chegar o mais próximo possível dos aspectos culturais a


partir da descrição densa do fenômeno estudado.

Neste sentido, Geertz nos alerta sobre os perigos que envolvem o processo de
tradução de uma cultura. Toda tradução distorce em algum ponto o que está sendo
traduzido, justamente pela impossibilidade do pensamento (ou seja, o que a gente
constrói mentalmente) não ser idêntico a realidade que lhe é exterior, ou a mensagem
que a gente externiza.
Cultura

Ser humano pode estar tão envolvido com onde ele está, quem ele é e no que ele
acredita, que é inseparável deles – Geertz;

Essa afirmação é uma crítica a idéia do ser humano independente de seu tempo, lugar
e circunstância, de um indivíduo uniforme – Critica a idéia de ser humano separado de
seu espaço social, do que ele representa e de suas crenças ou visão de mundo.

O processo de surgimento da cultura foi lento, gradual e constante, inseparável do


desenvolvimento biológico do ser humano – Geertz;

Não existem seres humanos não-modificados pelos costumes de lugares particulares.

Cultura é um universo de regras. Remete a noção de variação, de particularidades –


Strauss;

Mais uma vez a noção de que é a diferença que faz e dá sentido as coisas e as nossas
relações.

Em toda parte onde se manifesta uma regra podemos ter certeza de estarmos numa
etapa da cultura.

A cultura surgiu no momento em que o homem convencionou a primeira regra, a


primeira norma, no caso, a proibição do incesto, padrão este de comportamento
comum a todas as sociedades humanas – Strauss;

Natureza

Para Strauss, é na ausência de regra que podemos distinguir o que consideramos


como natural e cultural.

Ou seja, é na condição idealizada (ou seja, por que é algo impossível ao nível das
relações sociais) de ausência de regras e de padrões de comportamento, que podemos
distinguir o que consideramos como natural e cultural.

Aquilo que é reconhecido como universal, constante em todos os seres humanos,


escapa do domínio dos costumes, da noção de cultura – Strauss.

Escapa da noção de diversidade, da produção de diferenças entre as coisas, que é o


princípio básico da produção cultural para Strauss;

Não dirigido por padrões culturais, o comportamento humano seria um simples caos
de atos sem sentido. Sua experiência não teria praticamente qualquer forma –
Geertz;
Para Geertz, cultura é o estabelecimento de mecanismos de controle

Natureza e cultura

Não existe natureza humana independente da cultura – Geertz

Os nossos diversos modos de lidar uns com os outros foi e é decisivo no processo de
modificação e reconfiguração de nosso sistema nervoso central. Nesse sentido, bio-
psiquico-culturais. A cultura nos modelou como espécie única – Geertz;

É extremamente difícil traçar uma linha entre o que é universal (natureza) e o que é
convencional (cultura) – Geertz;

O ser humano é um ser biológico, ao mesmo tempo que um indivíduo social – Strauss

É no processo de distinção que formulamos entre natureza e cultura, que


descobriremos o sentido de ambas essas categorias de pensamento. A diferença faz
o sentido – Teoria Binária – Strauss;

Lógica binária - a existência de cada termo supõe a de outro que lhe é oposto. É nesta
diferenciação que surge a definição de cada termo, em uma relação infinita de
classificação.

De acordo com Strauss, natureza de cultura não estão separadas. Porém pode-se
estabelecer distinções entre estes aspectos.

De acordo com Geertz, o que separa, diferencia os seres considerados humanos dos
animais ou proto-homens, não é, aparentemente a forma corpórea total, mas a
complexidade da organização nervosa, neural. E essa organização neural não poderia
ter chegado ao o que ela é hoje, somente através de processos biológicos, mas
também culturais, aspectos estes inseparáveis.

Em Strauss, a proibição do incesto é universal (aspecto mais concentrado a idéia de


natureza) e tem caráter de regra, de lei (aspecto mais relacionado a idéia de cultura).

Contribuição da antropologia na reflexão da “condição humana”

São nas particularidades culturais dos povos, que encontradas algumas das
revelações mais instrutivas sobre o que é ser genericamente humano. Neste sentido,
a antropologia como ciência pode contribuir para o conceito de ser humano,
mostrando como refletir ou como procurar pistas significativas sobre esse ser –
Geertz;
Para Geertz, o que os seres humanos são, acima de tudo, é variado. Por que ser
humano não é ser qualquer indivíduo/pessoa - é ser uma espécie particular de
indivíduo.

E é na compreensão dessa variedade, que chegaremos a construir um conceito de


natureza humana.

Literalmente, o ser humano criou a si próprio.

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