Você está na página 1de 4

CARDEAL CAETANO

COMENTÁRIO AO SUMA TEOLÓGICA

ÀS CINCO VIAS
I. No título, ocorre imediatamente uma dúvida a partir do I Poster. Nenhuma
ciência prova o seu sujeito: e, como diz Averróis no II Physic., comment. XXVI, nem
a pariori nem a posteriori: mas supõe que aquele é ou per se conhecido ao sentido ou
ao intelecto, ou o aceita por outro lugar. Mas nesta ciência o sujeito é Deus, como foi
dito na primeira questão. Portanto, aqui não deve ser provado que Deus é. Contra,
portanto, este artigo é movido.
A isto é dito, que nenhuma ciência per se falando prova que o seu sujeito é:
no entanto, não é inconveniente que alguma ciência prove per accidens o seu sujeito.
Assim, no entanto, está na proposição, visto que ocorre aqui um duplo acidente, por
conta do qual esta ciência prova que Deus é. O primeiro é a participação imperfeita
daquela em nós. Pois se participássemos plenamente do lume divino, constatar-se-ia
imediatamente que Deus é. O segundo é a condição do médio, a saber, que é como
que estranho. Pois ainda que nenhuma ciência prove a partir simplesmente dos seus
meios próprios o seu sujeito, ainda assim pode prova-lo a partir de meios estranhos
que foram apropriados, se são eles mais conhecidos a nós que o ser daquele sujeito.
Assim, no entanto, acontece na proposição, já que a teologia, não a partir de seus
meios próprios simplesmente, mas a partir dos seus meios próprios ministerialmente,
a saber, pelos conhecidos pelo lume natural, que são absolutamente estranhos, como
dissemos, prova que Deus é, como será evidenciado no decurso da questão.
II. No corpo há a conclusão responsiva afirmativa buscada, a saber: Deus é. –
E é proposta a ser provada por cinco vias: as quais não é necessário formar, já que
tanto aqui, como no I Contra Gentiles, e no Qu. De Potentia, e no Qu. De Veritate, e
no I Sententiarum são tomadas.
III. Acerca destas razões em comum, deve ser advertido diligentemente que
podem ser referidas a duas coisas. Primeiro, a concluir aquele ente incorpóreo,
imaterial, eterno, sumo, imutável, primeiro, perfeitíssimo, etc., que e qual é Deus. E
assim, estas razões têm uma pluralidade de disputas, por conta de que a primeira via,
como é dito no I Contra Gent., cap. XIII, não conduz a um motor mais imóvel que
seria a alma intelectiva; a segunda, como diz Averróis, como conduz senão ao corpo
celeste e seu motor; e também nenhuma das restantes parece levar a algo alguém. E a
este intento não se referem neste ligar estas razões, como agora se provará. –
Segundo, podem ser referidas a concluir que alguns predicados são vistos na natureza
das coisas, os quais, segundo a verdade, são próprios de Deus: não se preocupando
como e de que modo são, etc. E a este intento se referem aqui: e são as que quase
nada de dificuldade têm segundo a filosofia.
E para que melhor seja entendido o que dizemos, é dito, explicando uma por
uma, que para a primeira via, da parte do movimento, basta o que seja inferido,
“portando é dado um primeiro movente imóvel”, não se preocupando se ele é a alma
do céu ou do mundo: pois isto é questionado na questão seguinte. E à segunda via,
também, da parte da causa eficiente, basta que conduza à primeira eficiente, não se
preocupando se ela é corpórea ou incorpórea: pois isto será também questionando na
questão seguinte. E à terceira via, da parte dos necessárias, basta que conduza ao
primeiro necessário não por outro, não se preocupando se é um ou muitos: pois isto é
questionado na questão XI. E também à quarta via, dos graus das coisas, basta
conduzir ao máximo ente, vero, bom, nobre, pelo qual há todas as participações. E
semelhantemente a quinta via, do governo, basta conduzir ao primeiro ente que
governa pelo intelecto, qualquer que seja ele. Pois todos estes predicados, a saber,
movente imóvel, primeiro eficiente, necessário não por outro, máximo ente e
primeiro governante pela inteligência, são em verdade próprios a Deus: e, por isso,
concluindo que estes são encontrados na natureza das coisas, é concluído
diretamente, como que per accidens, que Deus é, isto é, Deus, não enquanto Deus,
mas enquanto o que tem tal condição, é; e cosnequentemente o mesmo substrato, a
saber, Deus enquanto Deus, é.
A partir destas coisas é evidente que nem as razões de Averróis contra
Avicena, nem as de Aurélio contra estas razões, são contra o intento deste artigo, a
não ser a objeção contra a última e às proposições assumidas.
IV. Donde deve ser sabido em segundo lugar, que na primeira razão, que é
assumida a partir do VII e VIII Physic.; há duas proposições objetadas. Uma é, nada
move primeiramente a si mesmo. Pois contra esta Escoto argumenta tocante os
pesados e leves, e da vontade, etc. E já que isto seria escapar aos nossos limites, será
sobre esta questão em especial.
A outra é, a primeira é causa do médio: pois esta é assumida tanto na
primeira quanto na segunda e terceira razão para provar que não se procede ao
infinito. E contra ela, ainda que seja expressamente de Aristóteles no II Metaphys. e
no VIII Physic., é argumentado assim: o motor ou causa média, se necessariamente
dependesse de um motor ou causa primeira, ou tem isto porque é média, ou porque é
causa, ou porque é causa média: mas não é nenhum destes: portanto, não é necessário
que a causa média dependa da primeira. – O assumido é evidente por uma distinção
suficiente. A destruição dos singulares é provada. E primeiro, que não pela razão do
médio. Porque o médio é dito com respeito a duas coisas: e não necessariamente com
respeito à primeira e à última, como é evidente nas partes médias proporcionais do
círculo. Segundo, que não por razão da causa. Porque a causa, enquanto causa,
respeita o efeito; e não a dependência ao anterior e primeiro, como evidente.
Terceiro, que não pela razão composta. Porque a causa média enquanto tal não exige
nada senão que medeie ao causar: mas isto, a saber, mediar ao causar, é
suficientemente mantido se houve alguma causalidade média entre uma causa
anterior e o efeito: portanto, a causa média, em razão pela qual é causa, não exige
dependência à primeira causa, mas a uma anterior. E é confirmado: porque segundo
tu, esta condicional é verdadeira: se se procedesse em infinitas causas, todas as
causas seriam causas médias. Portanto, não é requerido para a razão da causa média
a dependência a primeira, mas a uma anterior, com respeito à qual seja chamada de
média do posterior.
V. A isto é brevemente dito que a causa média, pelo fato de que é causa
média, necessariamente depende da primeira. E para cuja evidência, convém
relembrar que eficácia pertence à razão da causa: pois a menos que a causa faça algo,
não pode ser chamada de causa em ato, sobre a qual é a doutrina. Pois, de fato, a
eficácia da causa consiste na causalidade atual dela: e além disso, a menos que a
causalidade fosse completada, nem seria garantida a causa em ato, nem qualquer
eficácia, ou eficiência. Portanto, é necessário a isto que seja garantida a razão da
causa para que seja completada a causalidade: e através disto, tudo que repugna ao
complemento da causalidade de qualquer causa, repugna à causa. Portanto, já que a
causa média é verdadeiramente causa, é necessário que a mesma tenha a causalidade
própria completa.
Assim, assim. Não pode haver complemento da causalidade da causa média
sem a dependência da causa primeira: portanto, a causa média, enquanto é causa
média, depende da primeira. Portanto, otimamente diz Aristóteles, e é tomado no
texto, que o primeiro é causa do médio. – A consequência é conhecida, e a
antecedente é provada. Se fosse removida a causa primeira de modo que não
houvesse outra causa antes de toda causa, nunca seria perfeita a causalidade destas
causas essencialmente dependentes: portanto, o complemento das medias depende da
primeira. A condicional é clara: porque a infinidade da descida e da ascensão repugna
ao complemento. A consequência é evidente: porque consta que o complemento da
causa média depende de alguma antecedente; e não somente de uma anterior, como é
evidente pela condicional, portanto de uma primeira.
VI. À objeção na oposição, quando é dito a causa média não exige nada
senão que medeie ao causar, é concedido: mas quando é subassumido que isto é
garantido com respeito à causa anterior, é negado. Porque é impossível que a
causalidade media seja feita, a menos que seja sustentada na primeira: pois se
depender de infinitas causas anteriores, nunca poderá ser feita.
Para a confirmação, porém, é negado que aquela condicional, a saber, se as
causas essencialmente ordenadas fossem infinitas, todas as causas seriam médias
seria de Aristóteles ou simplesmente nossa: mas pertence ao homem que põe a
infinidade nas causas deste tipo. Pois, de fato, para nós se segue optimamente que, já
que todas são postuladas causas, e nenhuma é primeira, portanto, todas são médias.
Mas segundo a verdade, a partir daquela antecedente, procede-se ao infinito nas
causas, se segue: portanto, nenhuma é causa, como Aristóteles e São Tomás
deduzem: porque se segue, portanto não há a primeira: logo, nem a média; já que a
primeira é causa da média, como foi provado.
VII. Acerca daquela proposição assumida na quarta via, a saber, o máximo tal
em algum gênero é a causa de todos os quais são daquele gênero, já que é
impugnada por Aureolo, note três termos. Primeiro, que uma coisa é ser o máximo
tal em algum gênero, e outra é ser a primeira e perfeitíssima espécie de algum gênero.
Donde não é assumido aqui que a espécie perfeitíssima é a causa das outras: mas que
o máximo tal, etc. Segundo, que se toma o ser causa na proposição de dupla maneira:
a saber, propriamente efetiva, ou exemplar. Neste lugar, é assumido confusamente
que é causa: já que não importa ao propósito por qual causalidade o máximo ente,
bom e vero é causa do ser, da bondade e da verdade dos outros; pois é próprio de
Deus ser causa quer exemplar destes todos, quer efetiva. Terceiro, que as outras
coisas daquele gênero pode ser tomado duplamente: a saber, absolutamente, ou seja,
segundo o tudo aquilo que são; e podem ser tomadas segundo a razão daquele gênero.
No propósito, não são tomadas absolutamente, mas segundo que têm a razão daquele:
pois não dizemos que o cálido ao máximo é causa dos outros cálidos segundo a
substância e tudo o que são, mas somente enquanto são cálidos. – De modo que o
sentido da proposição assumida é: O que tem ao máximo alguma razão formal é
causa, quer exemplar, que efetiva, de todos os outros que têm a mesma razão formal,
enquanto tal.
Portanto, é evidente que a instância de Aureolo sobre a brancura com respeito
às cores nada vale. Tanto porque a brancura não é a máxima cor; tanto porque, se
fosse a máxima cor, não seria necessário que causasse absolutamente as outras
espécies de cor além da mesma, mas somente quanto à razão da cor; quanto porque
dizer que a brancura é causa exemplar das outras cores à medida em que são cores
não é de nenhum modo inconveniente: já que os mais perfeitos são naturalmente
exemplares dos mais imperfeitos enquanto tais; e todas as cores, quanto mais se
aproximam da brancura, tanto mais possuem de luz, e consequentemente de perfeição
pela razão da cor.
VIII. Acerca da quinta via, há a instância de Aureolo, a qual, ainda assim,
antes excluiu São Tomás, III Contra Gent., cap. LXIV: a saber, que as quididades das
coisas são naturalmente causas suficientes dos efeitos, os quais naturalmente
aparentam bem ordenados etc. no universo. Vide ibidem, tanto no Qu. De Ver., qu. V,
art. 2, tanto descubras que a razão da insuficiência é a unidade da ordem, as unidades
mútuas, as conexões dos contrários, etc.: além daquela que é posta em resposta a 2,
porque, a saber, a natureza age por causa de um fim, II Physic.; portanto, ou dirigida
por, ou por outro que intende o conceito.

Você também pode gostar