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Caso prático DIP – Aula de 05/01

A primeira coisa que o Prof. Disse sobre o caso prático é que pretendia que lhe respondêssemos
segundo uma determinada lógica/sequência:

1º - Identificar que tipo de problema/ilicitude nos apresenta o caso falando nos seus
pressupostos

2º - Definir quem tem responsabilidade

3º - Verificar se existe alguma causa de exclusão de ilicitude

4º - Apurar se há dano e que tipo de reparação é possível

1º Ponto – Trata-se de um caso de Responsabilidade do Estado por facto internacionalmente


ilícito, previsto no PARI (para quem ainda está confuso com este projeto de artigos, encontra-se
na coletânea a partir da página 57).

O primeiro artigo que podemos tocar poderá ser o Art. 8 que regula o comportamento de um
grupo sobre a direção ou controlo de um Estado e que deve ser articulado com o critério do
controlo efetivo que resultou da jurisprudência do caso Nicarágua.

Neste caso o enunciado remete-nos de imediato para isso ao afirmar que há um movimento de
insurreição a decorrer no Estado A que é apoiado pelo Estado B.

Sendo assim temos que verificar se os pressupostos relativos à existência de um facto


internacionalmente ilícito estão todos verificados:

1 – Conduta – Neste caso a conduta seria o apoio do Estado B ao grupo de insurretos

2 – Ilicitude – Violação da soberania do Estado A

3 – Imputação – Ao Estado B

4 – Dano – Apoio ao grupo de insurretos/Avião civil abatido


5 – Nexo de causalidade entre a conduta e o dano – O Estado B apoiou o grupo de insurretos e,
deste ponto é responsável (á semelhança dos EUA no caso Nicarágua, quando se apurou que
esse Estado havia armado e dado treino militar (apoio logístico), bem como apoiando na
identificação de alvos…). O que não se consegue depreender do enunciado é se o Estado B é
diretamente responsável pelo abate do avião. No entanto, só pelo primeiro ponto, há nexo de
causalidade.

2º Ponto - Pode, portanto, concluir-se que os pressupostos estão todos verificados e que, de
facto, estamos perante uma conduta internacionalmente ilícita por parte do Estado B, justificada
pelo Art. 8.

3º Ponto – Neste caso não parece existir nenhum pressuposto de afastamento de ilicitude uma
vez que a situação não se enquadra nem nos pressupostos do consentimento (Art. 20), nem da
legitima defesa (Art. 21), nem da adoção de contramedidas (Art. 22), nem da existência de força
maior (Art. 23), perigo extremo (Art. 24) ou estado de necessidade (Art. 25).

Sendo assim conclui-se que o Estado B incorre, de facto em responsabilidade por facto
internacionalmente ilícito, sem qualquer motivo que o justifique ou o possa afastar.

4º Ponto – Desta conduta do Estado B, direta ou indiretamente, decorre um dano. E é necessário


perceber se poderá ser alvo de reparação.

Não se aplica a restituição (Art. 35) porque seria impossível reestabelecer a situação que existia
antes do facto internacionalmente ilícito ter sido cometido, já que falamos aqui da morte de 200
pessoas.

A indemnização seria a possibilidade mais lógica uma vez que cobre todo o dano suscetível de
avaliação financeira, inclusive o dano emergente e o lucro cessante, apesar de no caso de
privação de vidas humanas isso ser bastante difícil de calcular.

Já agora nunca poderia tratar-se de uma reparação por satisfação, porque esta se refere a danos
morais e não materiais. No entanto, e na medida que o Estado B podia reconhecer a violação e
até fazer um pedido de desculpas formais ou emanar uma expressão de arrependimento, a
satisfação viria complementar a indemnização (já que uma forma de reparação nunca exclui as
outras).

Todas as outras considerações que foram surgindo durante a discussão do caso prático foram o
avançar de hipóteses e possibilidades, que têm relevância académica, mas que creio que só
confundiriam a resolução do caso e por isso não as vou referir.

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