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Aula Prática de Administrativo – 07/04/2022

Caso 2.6.
1º parágrafo: só de contexto, para se ter em consideração
2º parágrafo: Delegação de poderes da Ministra da Agricultura
3º parágrafo: Decisão de abate do PCM
b) Ato da Ministra (ordem)
5) Nova decisão de abate da Ministra
6) Pedido de indemnização (é verdade que há uma decisão mas é uma
reação a uma pretensão que é o centro do que temos de analisar)

Delegação de poderes da Ministra da Agricultura


A ministra pode delegar a competência?
Temos de ver na LOG quem é o Ministro responsável pelo setor pecuário –
ver art.31º. Podia, tem essa competência.
Quais as consequências de não haver lei de habilitação?
Os requisitos quanto ao conteúdo são requisitos de validade – a falta de um
deles torna o ato de delegação inválido – ou seja, a falta de norma
habilitante implica a invalidade do ato de delegação.
Atos praticados são inválidos (ao abrigo de tal delegação): Incompetência.
Vicio: violação de lei; Desvalor: anulabilidade (163º)

Decisão de abate do PCM


A competência do PCM – aqui já abrangemos tudo (não precisamos de
subdividir questões relativas à delegação)
A delegação de competências leva à anulabilidade – continua a produzir
efeitos se não ocorrer a anulação – mas isso não significava que os atos
praticados pelo PCM não seriam viciados (poderiam ser apagados
posteriormente com a anulação). Quanto ao PCM: incompetência absoluta
porque o órgão do PCM pertence ao Município e a outra pessoa coletiva é
o Estado.
Consequência de ausência de parecer
Uma coisa é a lei dizer que tem de haver parecer – aí é vinculativo – é
quando disser que tem de haver parecer favorável etc. Em regra os
pareceres não são vinculativos.
Saber se existe algum problema tendo em conta os motivos que
levaram à decisão (questão de imparcialidade ou inobservância do que
tem de ter sido em conta)
69º/1/b). – este não se aplica pois a palavra afilhado no enunciado é
utilizada no sentido religioso. – dificilmente há um caso de impedimento –
o afilhado não é interessado naquele procedimento. Se for uma situação mt
gritante – 73º (é exemplificativo) - teria de ser uma situação de completa
inimizade.
O que há aqui é um desvio de poder para fins de interesse privado. – ato
nulo – 161º/2/e).
Pressupostos de facto: Saber se a não verificação do surto constitui um
problema; temos de verificar até que ponto se pode utilizar esta lei para
praticar este ato – a inexistência do surto coloca algum problema?
N estão verificados os pressupostos para uso deste poder. O ato n podia ter
sido praticado porque as condições da lei não o permitiam. Violação do p
proporcionalidade de excesso – provoca o vicio material – violação de lei.

(ficamos aqui)
Ato da Ministra (ordem)
Saber se a decisão da ministra é adequada. (questão do principio da
proporcionalidade – sempre que perguntam se é adequado)
Ocorreu uma violação do principio da proporcionalidade/adequação:
Este principio tem 3 vertentes – a proibição do excesso (a medida da
minha decisão não pode ir para além daquilo que é necessário); o principio
da atuação – a ideia tem que ser idónea ao propósito; principio da
razoabilidade – a AP deve procurar obter o máximo de vantagens com o
mínimo de custos.
Principio da atuação: a vacinação não é adequada ao propósito
Saber se era competente;
Saber se podia ter decidido contra o parecer;
Saber se existe problema por não ter havido audiência prévia.

Nova decisão de abate da Ministra


Competência da Ministra;
A questão da eventual falta de parecer e de audiência dos interessados;
A questão da eventual violação do principio da proporcionalidade;
Será que a Ministra podia alterar a decisão anterior? (revogar)

Pedido de indemnização
Os proprietários têm legitimidade para fazer o pedido?
Tinham direito a uma indemnização? (ver os pressupostos e tipos de
indemnização; ver se algum deles está aqui previsto ou não e quais são os
pressupostos)
O Ministro era competente?
A nulidade do ato impedia o pagamento da indemnização?

Matéria de responsabilidade civil extracontratual do Estado – será que um


particular tem direito a uma indemnização por força das entidades
públicas? O diploma que trata da resposta a esta pergunta – ver página 919
da coletânea do CPA. – lei 67/2007.
Ex. de uma entidade privada que atua com poderes públicos:
concessionário Brisa. O facto de poderem barrar o acesso é um poder
público.
Temos 3 grandes títulos ao abrigo dos quais o Estado ou outras
entidades públicas têm de indemnizar:
- Responsabilidade por atos ilícitos;
- Responsabilidade por risco;
- Responsabilidade por atos lícitos.
Indemnização por ato lícito
A questão não é saber se está verificado o interesse público ou não – temos
de saber se o dano foi especial e anormal – art.2º daquele diploma.
Indemnização por fato ilícito: depende da verificação de 5 pressupostos:
Ver pressupostos da resp civil.
Ilicitude: ilegalidade mas um pouco mais do que isto; ver noção do art.9º.
Culpa: há culpa quando há dolo ou negligência.
Tem de haver uma relação de causalidade adequada entre a ação e o
prejuízo – o prejuízo tem de resultar da ação. Mas a causalidade tem de ser
adequada.
Ex: prego uma rasteira a A e ele parte uma perna. Vem uma ambulância e,
no trajeto para o hospital, há um acidente: A ainda se parte mais. Há uma
relação de causalidade entre a rasteira que preguei e o prejuízo posterior?
Neste caso não há causalidade adequada – só em relação a um deles.
Outro ex: há muitos anos atrás havia muitos casos de sida; existe uma
categoria de pessoas que têm de receber várias transfusões de sangue.
Quando os hospitais compravam o sangue não havia grande registo; os pt
compraram sangue que vinha contaminado com o vírus de HIV; n havia
registo de quem é que tinha recebido aquele sangue naqueles dias mas
sabia-se que o hospital de Évora tinha recebido aquele sangue. Não se
conseguia provar que x pessoas foram infetadas; havia indemnização por
ato ilícito ou não? Sem nexo de causalidade não há indemnização. À luz
das regras jurídicas não era possível indemnizar mas tinham de arranjar
forma de indemnizar – critérios de equidade (justiça material). O tribunal
arbitral foi ver se era razoável.
Na responsabilidade por ato ilícito a lei permite que haja uma ação
solidária – contra a pessoa e contra a entidade publica – isto acontece
quando tenha havido dolo ou negligencia grave.
Havendo ilicitude presume-se a existência de culpa – a entidade publica é
que tem de provar que n teve culpa.
3 titulo de responsabilidade – pelo risco – é apenas para situações onde
exista uma atividade perigosa – está em causa atividades como, por ex,
armazenamentos explosivos
Aula de 29/04/2022
Nova decisão de abate da Ministra
Competência da Ministra;

A questão da eventual falta de parecer e de audiência dos interessados;


Não havia parecer – resulta de “ato imediato” – parece que foi tomada
quase como parecer. O parecer anterior não serve para isto – pois este é um
procedimento diferente.
Falta de audiência dos interessados – divergência doutrinária – Otero refere
que havia dever nulidade pq afeita o núcleo essencial dos direitos
fundamentais dos particulares; outra parte refere que é vicio de forma – daí
ser anulabilidade.
Qual seria o direito fundamental? 267º/5 – direitos, liberdades e garantias
(há uns dispersos pela CRP e este é um deles).
CPA – n é que não exista audiência; ela pode ser dispensada – mas para
isso tem que haver uma decisão a dispensá-la. Há falta da audiência dos
interessados porque não houve dispensa.
A questão da eventual violação do principio da proporcionalidade;
Vicio material, vicio de violação de lei: a lei só permite que estas medidas
sejam adotadas em relação aos animais contaminados – não precisamos de
ir a esse principio – que é destinado a controlar o exercício da
discricionariedade. Aqui não há discricionariedade.
Se fosse para qualquer animal e n para os contaminados – aqui havia uma
discricionariedade para os animais que seriam objeto das medidas e podia
colocar-se a questão da proporcionalidade. Discricionariedade significa que
a AP é livre de decidir. – o prof considera que seria na vertente de
proporcionalidade s.s. – se houvesse violação o vicio também seria de
violação de lei.
Será que a Ministra podia alterar a decisão anterior? (revogar)
Temos uma primeira decisão de vacinação e uma segunda de abate; um
deles anula/substitui/revoga o outro? Não sei.
Se dissermos que são atos diferentes, que nenhum vem substituir o anterior
– podemos dizer isto, que n houve um ato revogatório. Mas se admitirmos
que existe um ato que faz cessar os efeitos do anterior – seria uma anulação
ou revogação? A revogação não é livre – se fosse todos os atos podiam
constantemente ser revogados – os atos constitutivos de direitos não são
livremente revogáveis, há limites. Mas será mesmo um ato constitutivo de
direitos? N atribui um direito, confere uma posição de vantagem (não
termos abatido os animais) – 162º?. É defensável que se diga que há uma
posição de vantagem (é mt difícil) – mas este é evidentemente um ato
precário – ato destinado a vigorar temporariamente, destinado a lidar com
um problema fixado no tempo. Quando a lei diz vacinação ou abate está a
querer modelar as alternativas em função do tempo em que está a pensar
aplicá-las.
Se acharmos que é um ato constitutivo de direitos – só pode ser revogado
em circunstâncias especiais – a única que faria sentido aqui seria a do
167º/2/c) – superveniência de conhecimentos técnicos.
Aula de 2 de maio
Pedido de indemnização
Os proprietários têm legitimidade para fazer o pedido?
Este pedido é feito perante a AP ou perante o tribunal? Perante a AP –
vemos o CPA; se fosse perante o tribunal seria o CPTA. – art.68º do CPA.
Tinham direito a uma indemnização? (ver os pressupostos e tipos de
indemnização; ver se algum deles está aqui previsto ou não e quais são os
pressupostos)
A decisão de abate – havia ou não uma ilegalidade? Sim, abateu todos e
não apenas os contaminados (violação de lei – anulabilidade) e pq n houve
audiência dos interessados (vicio de forma – anulabilidade). Isto dá origem
ao direito a ser indemnizado?
O dano será especial e anormal se - art.2º da lei 67/2007. Isto foi um dano
que afetou especialmente uma categoria de cidadãos? Está a exigir mais a
estes cidadãos do que aquilo que é o normal?
Pode haver responsabilidade licito? Talvez mas teríamos que demonstrar o
que está no paragrafo anterior.
Houve facto? O abate. Houve ato ilícito. Há culpa? Há presunção de culpa;
se houve ou não negligência há dúvidas. Houve dano e nexo de causalidade
– o dano resulta da decisão de abate.
Na vida real há uma lei especial que trata do assunto.
O Ministro era competente?
Não era. Dentro da PC Estado quando são diferentes ministérios tb há
nulidade – por terem atribuições diferentes – embora sejam da mesma PC –
161º/1/b) do CPA.
Quem tem competência para o setor pecuário etc. é a Ministra da
Agricultura – LOG.
A nulidade do ato impedia o pagamento da indemnização?
Um ato nulo ilegal pode dar origem a uma indemnização – é obvio que sim
até pq a ilicitude é um dos pressupostos da responsabilidade ilícita. Produz
efeitos de facto.

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