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FREUD: Alguns elementos de sua Psicanálise

O ambiente cultural em que emerge a Psicanálise é rico e variado.


Nesse mundo ávido de respostas às muitas questões que pululavam a mente
humana, a revolução copernicana vai deslocar o homem do centro do universo;
a teoria darwinista vai descender a espécie humana dos macacos, e a
Psicanálise vai fazer o inconsciente prevalecer à consciência; nas palavras de
Freud: o homem não é mais “senhor em sua própria casa” (FREUD, 1917).
São esses conhecimentos, e alguns demandados da psicanálise, que
trouxe à cultura a perspectiva investigativa dos processos psíquicos
inconscientes pertinentes às variadas contingências humanas; com isso, o
tratamento do sofrimento psicológico humano.
Nesse universo, a Psicanálise vai se desenvolver como algo que, de
certa forma, desestabiliza o que aparentemente se encontra estável, revelando
um homem não harmônico e insatisfeito no contexto da civilização.
No correr desta civilização surge o fundador da Psicanálise, Sigmund
Freud (1856 – 1939), tal figura, a qual muitos não atribui genialidade, muito
menos a capacidade de gerar uma teoria a partir do nada, vai falar das “forças
motivadoras do inconsciente, os conflitos entre essas forças e o efeito desses
conflitos no comportamento”. (SCHULTZ & SCHULTZ, 2017).
Justamente esse fundador que construiu sua base teórica, em parte, das
suas experiências pessoais, mas também, desde o início, suas reflexões
compuseram elevado grau de abstração, em um contexto distanciado da
experiência empírica.
No afã de construir suas teorias, o neurologista vai observar os
fenômenos psicológicos em seus pacientes, amigos e familiares, e talvez,
primeiramente, em si mesmo. E tais observações, a partir de análises de sua
própria vida psíquica, vai consolidar alguma formulação teórica em vias de
elaboração.
Nesse processo criativo, o ávido pesquisador austríaco, escreve no ano
de 1900, um dos principais livros de sua extensa obra, “A interpretação dos
Sonhos”, que pela primeira vez, traz a público, um amplo modelo sobre a
estrutura e o funcionamento da psique humana em geral.
O mesmo vale para o célebre conceito do complexo de Édipo, o qual
contextualiza conteúdos referentes à sexualidade infantil, e faz menção à
tragédia grega de Sófocles que conta a história de “Édipo-Rei”, sobre o destino
do rei de Tebas.
Nesse ano, Freud vai esboçar boa parte do alicerce fundamental da
psicanálise, o que atualmente é motivo de muitas discussões, mas, é certo, que
pesquisadores buscam levar a sério estas teorias freudianas que são
verdadeiras peculiaridades epistemológicas da psicanálise. Assim falam.
Tal alicerce, construído a partir das experiências pessoais e das
relações médicas com pacientes, é fruto do seu amadurecimento; Freud vai
propor as noções de inconsciente, sua pedra angular; repressão, sexualidade
infantil; também vai relacionar sintomas neuróticos e fenômenos da vida
psíquica, e não menos importante, diretrizes básicas do tratamento
psicanalítico.
São conceitos que, de algum modo, nos remete ao homem concebido
por Freud, como aquele clivado, em permanente conflito interno, incapaz de se
conhecer, ou mesmo, reconhecer-se. Nas palavras de Freud, o “Eu” que não é
senhor nem mesmo em sua própria casa.
Nesse entendimento, pode-se dizer que Freud elaborou, reavaliou, e
ampliou as ideias que lhes eram pertinentes às teorias criadas e, somente a ele
e seus afins, estariam qualificados a julgar o valor científico de seu trabalho.
Por isso, pode-se dizer que a psicanálise é sem dúvidas o sistema freudiano;
somente dele.
Freud diz que a compreensão METAPSICOLÓGICA de um
fenômeno requer que ele seja abordado simultaneamente sob
três dimensões ou pontos de vista. A dimensão tópica refere-se
aos lugares ou instâncias que compõem o aparelho psíquico
(topos=lugar); a dinâmica diz respeito ao jogo de forças em
conflito; e a economia refere-se à distribuição e modalidade das
quantidades de energia psíquica em circulação no aparelho.
(VILELA e outros, 2013, p.425).

Verifica-se em seu falar, a dimensão mais teórica da teoria. Pois as


noções e hipóteses metapsicológicas são construídas a partir de articulações a
arquitetar modelos para o entendimento dos fenômenos psíquicos que povoam
a clínica e a vida quotidiana.
Convém ressaltar, que tais articulações revelam o sistema de Freud
como o que vai abordar questões não compreendidas, ou mesmo, não
explorada por outros psicólogos, as quais se podem dizer das forças
motivadoras do inconsciente e tudo o que conflita essas forças; bem como, o
efeito desses conflitos no comportamento.
É justamente o comportamento, aquele que expressa o comer, beber, ou
mesmo o relacionamento sexual, reduzidos ou removidos pela ação do instinto,
será entendido por Freud como fonte de estimulação inerente ao corpo.
Esta estimulação, o instinto, compreende representações mentais dos
estímulos internos, no caso, a fome, ou mesmo a sede, e caracterizam o que
motiva a personalidade e o comportamento.
Esse pensamento permitiu Freud categorizar o conceito de instinto em
duas condições gerais, a saber: o instinto de vida, e o instinto de morte. Aquele
ao se relacionar à preservação da vida como espécie, uma energia, da qual,
manifestam-se os instintos de vida, que podemos chamar libido.
O instinto de morte se entende como o que motiva o individuo ao
masoquismo ou suicídio, como força oriunda do interior do ser; a energia
exteriorizada, e seriam a manifestação do ódio ou agressão, esses, de certo
modo, seriam a externalização de uma energia comparada com a sexual no
contexto do comportamento humano.
Ainda pensando no comportamento humano e seus níveis de
personalidade, os primeiros trabalhos de Freud vão sugerir uma divisão mental,
utilizando-se da teoria do iceberg, Freud elege um consciente, que é a parte
emersa, e o inconsciente que é a parte imersa do iceberg.
Em um segundo trabalho, ele vai propor os conceitos de id, ego, e
superego. O id corresponderia à noção inicial de inconsciente, a parte mais
primitiva e menos acessível da personalidade. Nela, os instintos do sexo e da
agressividade.
Ao contrario da paixão insistente e irracional do id, o ego vai servir de
mediador e facilitador da interação entre o id e as circunstâncias do mundo
externo. O id é o que se pode chamar de o representante da razão ou
racionalidade.
Outro aspecto dessa estrutura da personalidade além do id e do ego é o
que se desenvolve desde o inicio da vida humana, quando a criança assimila
as regras sociais e dos seus cuidadores, dentro de um contexto de
recompensas e punições. Tal aspecto é o superego. Ele representa de certa
forma a moralidade.
Assim, podemos dizer que essas são as três estruturas da
personalidade definida por Freud, e grosso modo, esses sistemas de
personalidade podem ser resumidos assim: o Id é o instinto tudo que
desejamos fazer; o Superego é o responsável por nos enquadrar às normas
sociais, e o Ego teria como função manter o equilíbrio do aparelho psíquico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREUD-SIGMUND. Esboço de Psicanálise (J.O.A. Abreu, trad) Em J.


Salomão (org) Edição standard brasileira de obras completas de Sigmund
Freud (vol XXIII) Rio de janeiro: Imago (original publicado em 1940)

JACÓ-VILELLA, A. M & Outros. História da Psicologia: Rumos e Percursos.


3. ed. Rio de Janeiro: NAU, 2013.

SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. História da Psicologia Moderna. São


Paulo: Cengage Learning, 2014.

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