10ºAno
Tópicos
abordados:
-‐ Estado,
direito
e
jus=ça
-‐ A
jus=ça
como
equidade
-‐
teoria
de
Rawls
-‐ Razão
e
fé:
o
problema
da
existência
de
Deus
-‐ Posições
acerca
da
existência
de
Deus
-‐ Argumentos
a
favor
da
existência
de
Deus
-‐ O
argumento
ontológico
-‐ O
argumento
cosmológico
-‐ O
argumento
teleológico
ou
do
desígnio
-‐ O
problema
do
mal
-‐ A
aposta
de
Pascal
Se
pretendes
saber
mais
sobre
o
tópico
“Estado,
direito
e
jus=ça”
segue
o
seguinte
link:
hUp://pt.scribd.com/doc/51602933/Filosofia-‐Teste-‐Opcional
1. Estado,
direito
e
jus=ça
Como
já
sabes,
Rawls
destacou-‐se
por
esta
teoria
na
tenta=va
de
resposta
ao
problema
da
jus.ça,
ou
seja,
como
deve
ser
feita
a
distribuição
da
jus=ça.
Tal
como
no
problema
da
jus=ficação
do
estado
Locke
e
Hobbes
realizaram
experiências
mentais
para
concluir
algo,
Rawls
também
fez
uma
experiência
mental.
Este
imaginou
a
única
forma
das
pessoas
serem
imparciais
em
relação
à
distribuição
da
riqueza.
Por
exemplo:
se
perguntarmos
a
uma
pessoa
rica
se
acha
que
os
ricos
devem
pagar
mais
impostos,
esta
acha
que
não,
mas
se
perguntarmos
a
um
pobre
ele
diz
que
sim,
que
acha
que
os
ricos
devem
pagar
mais
impostos.
Como
resolver
isto?
Rawls
imaginou
um
cenário,
onde
os
membros
de
uma
sociedade
começavam
num
local,
chamado
posição
original
e
terminavam
noutro
local
que
seria
a
sua
vida
na
sociedade.
No
entanto
era
impossível
ver
entre
estes
dois
locais
devido
à
presença
de
um
véu
da
ignorância.
Assim
o
grupo
de
pessoas
que
inicia
a
experiência
não
sabe
qual
a
sua
posição
futura
na
sociedade
mas
tem
que
decidir
quais
os
melhores
critérios
para
distribuir
a
riqueza.
A
par=r
desta
“experiência”
Rawls
concluiu
que
os
critérios
fundamentais
podem
ser
reunidos
em
3
princípios:
-‐ Princípio
da
igual
liberdade
-‐
todos
são
livres
do
mesmo
modo;
-‐ Princípio
da
igualdade
de
oportunidades
-‐
todos
devem
ter
as
mesmas
oportunidades;
-‐ Princípio
da
diferença
-‐
as
desigualdades
sociais
só
são
admissíveis
se
beneficiarem
os
mais
desfavorecidos.
Ao
longo
dos
séculos
os
filósofos
têm-‐se
perguntados:
Como
é
que
podemos
(se
for
possível)
interligar
a
razão
e
a
fé?
Uma
resposta
inicial
seria
provar
a
existência
de
Deus.
Mas
que
Deus?
Existem
várias
visões
de
Deus:
-‐ Teísmo
-‐
esta
posição
afirma
que
Deus
criou
o
Universo
e
desde
então
que
tem
guiado
os
homens,
sem
negar
o
seu
livre-‐arbítrio,
mas
dando-‐lhes
conselhos
sobre
a
Moral
e
os
Valores.
Segundo
o
teísmo
Deus
é
um
ser
sumamente
bom,
omnipotente
(capaz
de
fazer
tudo
dentro
das
suas
possibilidades)
e
omnisciente
(sabe
tudo).
-‐ Deísmo
-‐
esta
posição
defende
a
existência
de
um
Deus
que
criou
o
mundo,
mas
que
desde
então,
apesar
de
exis=r,
não
interage
de
qualquer
forma
com
ele.
As
caracterís=cas
teístas
de
Deus
também
se
aplicam
a
esta
posição,
no
entanto
é
necessário
realçar
uma
caracterís=ca
importante:
a
sua
eternidade.
Para
um
deísta
as
preces
a
orações
são
inúteis,
visto
que
Deus
nunca
intervirá
jamais
no
mundo.
-‐ Panteísmo
-‐
esta
posição
revela
a
infinidade
divina,
mas
não
aceita
a
en=dade
divina
como
criadora
do
Universo.
Porquê?
Porque
se
Deus
=vesse
criado
o
Universo,
Ele
criaria
algo
exterior
a
si
mesmo,
o
que
seria
acrescentar
algo
à
sua
infinidade,
ora
não
se
pode
acrescentar
nada
ao
Infinito,
logo
Deus
para
ser
infinito
não
pode
ter
criado
o
Universo.
-‐ Ateísmo
-‐
esta
posição
refere
que
Deus
não
existe
visto
que
não
existem
provas
racionais
que
o
jus=fiquem;
Deus
é
apenas
uma
ilusão
humana.
Argumentos
a
favor
da
existência
de
Deus
1) Argumento
ontológico
O
argumento
ontológico
é
considerado
um
argumento
a
priori
(não
é
baseado
em
informação
empírica)
foi
apresentado
por
Santo
Anselmo
e
=nha
três
premissas
e
uma
conclusão.
Estas
são:
1) Deus
é
o
ser
maior
do
que
o
qual
nada
pode
ser
pensado.
2) Deus
só
existe
no
pensamento
3) Se
Deus
só
existe
no
pensamento
então
poderíamos
criar
algo
maior
na
realidade.
Conclusão)
Deus
existe
na
realidade.
Este
argumento
teve
várias
crí=cas
ao
longo
dos
séculos,
mas
a
mais
relevante
foi
a
de
Kant.
Segundo
Kant,
o
facto
que
uma
coisa
ser
real,
ou
seja,
a
própria
existência
não
é
um
atributo
de
uma
coisa,
mas
sim
apenas
um
facto.
Por
exemplo,
nós
conseguimos
pensar
na
ilha
perfeita
na
nossa
mente,
mas
ela
pode
não
exis=r,
isto
significa
que
todas
as
ilhas
que
existam
são
por
isso
mais
perfeitas
que
a
ilha
em
que
pensamos,
o
que
não
se
verifica
verdade.
Ou
seja,
segundo
Kant
a
existência
por
si
só
não
é
uma
caracterís=ca,
logo
não
podemos
dizer
que
por
Deus
exis=r
no
pensamento
também
existe
na
realidade.
2) Argumento cosmológico
Vamos
analisar
o
argumento
segundo
São
Tomás
de
Aquino,
algumas
coisas
são
causadas,
mas
nem
todas,
podem
exis=r
coisas
que
não
são
causadas
por
nada;
mas
ele
diz
também
que
nada
é
causa
de
si
mesmo,
ou
seja,
tudo
é
causado
por
outra
coisa;
diz
ainda
também
que
se
não
podemos
regredir
infinitamente
nas
cadeias
causais
então
tem
de
exis=r
uma
primeira
causa,
caso
contrário
a
regressão
seria
até
ao
infinito.
São
Tomás
de
Aquino
deu
o
nome
de
Deus
à
primeira
causa.
Logo
Deus
existe.
Este
argumento
sofre
crí=cas
principalmente
a
nível
das
premissas
2,
5
e
6.
A
premissa
2
diz
que
“Nenhuma
coisa
é
causa
de
si
mesma.”
enquanto
que
a
premissa
5
já
diz
“Se
(4)
é
verdadeira,
então
tem
de
exis=r
uma
primeira
causa,
causada
por
si
mesma.”,
mas
isto
não
é
uma
contradição?
Se
nenhuma
causa
é
causa
de
si
mesmo,
como
é
que
algo
pode
ser?
Para
a
premissa
2
ser
falsa
basta
encontrar
apenas
uma
coisa
que
seja
causa
de
si
mesma,
que
segundo
a
6
é
Deus!
Este
argumento
está
mal
estruturado.
Para
além
desta
crí=ca
ainda
podíamos
fazer
outra.
São
Tomás
de
Aquino
deu
o
nome
de
Deus
à
primeira
causa,
mas
esta
também
pode
ser
chamada
de
Big
Bang
e
não
é
por
isso
que
deixa
de
ser
menos
correcto.
Este
argumento
dá-‐nos
apenas
uma
ou
duas
caracterís=ca
de
Deus
que
é
a
sua
infinidade
e
possivelmente
a
sua
omnipotência,
mas
não
explica
as
outras
caracterís=cas
como
o
facto
de
este
ser
sumamente
bom.
Provavelmente
quanto
à
primeira
crí=ca
São
Tomás
de
Aquino
responderia
da
seguinte
forma:
“No
premissa
2
o
referente
era
o
mundo
natural
e
Deus
não
pertence
ao
mundo
natural,
logo
não
o
poderíamos
incluir
neste
grupo.
Isto
para
mim
era
uma
noção
básica,
logo
não
a
inclui
no
argumento
que
formulei.”.
E
este
é
o
argumento
cosmológico
porque
aborda
a
criação
do
Universo
como
forma
de
explicar
Deus.
Este
argumento
foi
formulado
por
William
Paley
e
é
um
argumento
a
posteriori
(recorre
à
informação
empírica)
cons=tuído
por
duas
premissas
e
uma
conclusão.
Este
argumento
é
considerado
ainda
uma
argumento
por
analogia
visto
que
u=liza
uma
comparação
relevante
para
referir
semelhanças
entre
dois
elementos
e
concluir
que
um
é
semelhante
a
outro
num
ou
mais
aspecto(s).
O
argumento
teleológico
é
o
seguinte:
1) Um
relógio
é
o
artefacto
complexo
em
que
todas
as
peças
encaixam
de
forma
harmoniosa.
O
seu
criador
tem
que
ser
inteligente
para
ter
engendrado
tal
artefacto,
um
relojoeiro.
2) Tal
como
um
relógio,
o
Universo
também
é
complexo
e
harmonioso.
Conclusão)
O
Universo
também
teve
de
ter
um
criador
inteligente,
que
é
Deus.
A
principal
crí=ca
ao
argumento
de
Paley
reside
na
comparação
realizada
entre
Deus
e
o
relógio.
Podemos
comparar
a
complexidade
do
Universo
à
complexidade
de
um
relógio?
Para
além
disso
o
criador
não
tem
que
ser
Deus,
só
tem
que
ser
alguém
engenhoso
e
todo-‐poderoso
o
que
não
define
Deus
na
totalidade.
O
problema
do
mal
consiste
em
saber
se
podemos
compa=bilizar
as
quatro
afirmações
referidas:
1) Deus
é
omnipotente.
2) Deus
é
omnisciente.
3) Deus
é
sumamente
bom.
4) O
mal
existe
Antes
de
verificarmos
se
é
possível
a
compa=bilização
temos
que
des=nguir
vários
=pos
de
mal.
Assim
podemos
ter:
-‐ Mal
natural
-‐
causado
por
catástrofes
naturais
impossíveis
de
evitar;
-‐ Mal
humano
-‐
causado
pelos
homens:
-‐ Mal
necessário
-‐
causado
pelos
homens
por
necessidade;
-‐ Mal
desnecessário
-‐
causado
pelos
homens
sem
necessidade.
O
principal
problema
é
dis=nguir
mal
desnecessário
de
necessário,
visto
que
o
mal
natural
tem
a
ver
com
a
natureza.
Se
todo
o
mal
do
mundo
for
necessário,
então
podemos
compa=bilizar
todas
as
afirmações,
mas
caso
contrário
temos
um
problema.
Se
nem
todo
o
mal
do
mundo
for
necessário,
então
isto
significa
que
Deus
não
é
omnipotente,
caso
contrário
conseguiria
impedir
este
mal.
Alguém
que
tentasse
ripostar
este
argumento
diria
que
Deus
deu
livre-‐arbítrio
aos
homens
para
estes
poderem
escolherem
o
que
querem.
No
entanto
nesse
caso
Deus
não
seria
sumamente
bom,
visto
que
não
estaria
a
proteger
os
homens
do
mal.
Resumindo:
Se
Deus
exis.sse
não
haveria
mal
desnecessário
no
mundo.
Há
mal
desnecessário
no
mundo Não
há
nenhum
mal
desnecessário
no
mundo
Para
ripostar
o
argumento
é
necessário
mostrar
que
todo
o
mal
do
mundo
é
necessário.
Para
defender
o
argumento
é
necessário
demonstrar
que
nem
todo
o
mal
do
mundo
é
necessário.
Pascal
foi
um
filósofo
que
disse
que
seria
impossível
jus=ficar
a
crença
em
Deus
através
da
razão,
logo
teríamos
que
“apostar”
no
que
seria
mais
provável.
Ele
deu-‐nos
duas
hipóteses:
-‐ Aposto
que
Deus
existe.
Esta
hipótese
é
a
melhor
nos
dois
sen=dos,
porque
se
ganhar
ganho
tudo,
mas
se
perder
os
danos
são
mínimos.
Se
Deus
na
realidade
exis=r,
eu
vivi
de
acordo
com
as
suas
regras
morais,
logo
Ele
dar-‐me-‐à
a
felicidade
e
vida
eterna.
Mas
se
Deus
não
exis=r
na
realidade,
não
perderei
muito
porque
apesar
de
não
exis=r
eu
levei
uma
vida
moralmente
correcta
e
isso
compensa
o
facto
de
não
ganhar
a
vida
ou
felicidade
eterna.
É
uma
situação
de
ganho-‐ganho.
-‐ Aposto
que
Deus
não
existe.
Esta
situação
já
é
mais
complicada.
Se
Deus
não
exis=r,
terei
vivido
a
minha
vida
como
eu
quis
sem
me
preocupar
com
as
consequências,
o
que
não
me
traz
nem
grande
ganho,
nem
grande
prejuízo.
Mas
se
Deus
na
verdade
exis=r,
então
serei
privado
da
vida
e
felicidade
eterna
e
isso
seria
uma
perda
infinita.
Ou
seja,
nesta
situação
tanto
posso
ficar
indiferente
como
perder
tudo.
É
uma
situação
indiferença-‐
perda
infinita.