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Autismo

AUTISMO

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Sumário
Autismo......................................................................................................................... 3
Etiologia ........................................................................................................................ 3
Incidência ..................................................................................................................... 3
Fisioterapia ................................................................................................................... 8
Terapias .................................................................................................................... 9
Método de doman ..................................................................................................... 9
Holding terapy ......................................................................................................... 10
Hipoterapia .............................................................................................................. 12
Musicoterapia .......................................................................................................... 12
Transtorno autista ................................................................................................... 14
Prevalência ............................................................................................................. 15
Distribuição por sexo ............................................................................................... 15
Etiologia e patogênese ............................................................................................ 15
Fatores psicossociais e familiares ........................................................................... 15
Fatores biológicos ................................................................................................... 16
Fatores genéticos .................................................................................................... 16
Fatores imunológicos .............................................................................................. 16
Fatores perinatais ................................................................................................... 17
Fatores neuroanatômicos ........................................................................................ 17
Fatores bioquímicos ................................................................................................ 17
Caracteristicas fisicas.............................................................................................. 18
Caracteristicas comportamentais ............................................................................ 18
Comportamentos esteriotipado ............................................................................... 19
Sintomas comportamentais associados .................................................................. 19
Doença fisica associada .......................................................................................... 20
Funcionamento intelectual....................................................................................... 20
Diagnóstico diferencial ............................................................................................ 20
Retardo mental com sintomas comportamentais ..................................................... 21
Aasia adquirida com convulsão ............................................................................... 21
Surdez congênita ou prejuizo auditivo grave ........................................................... 21
Curso e prognóstico ................................................................................................ 22
Tratamento .............................................................................................................. 22
Histórico da exclusão .............................................................................................. 23
Conceito de exclusão .............................................................................................. 27
Inclusão da criança autista .................................................................................. 30
Referências bibliográfica...................................................................................... 37

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AUTISMO

A palavra autismo se origina do grego "auto” que significa "próprio". A criança

autista parece em si mesma, pouco reagindo ou respondendo ao mundo que a

rodeia. O autismo significa que o mundo não faz sentido. O mundo não forma os

padrões necessários de símbolos interligados que torna a vida compreendida

para essas crianças. As experiências sensoriais chegam à sua mente a toda

hora como uma língua estranha que ela nunca ouviu.

ETIOLOGIA

A etiologia é desconhecida, mas acredita-se em alteração

orgânica metabólica.

INCIDÊNCIA

De 10.000 crianças há de 4 à 5 casos com menos de 12 ou 15 anos. Com retardo

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mental severo, a taxa pode subir para 20 casos em 10.000 crianças. E é 4 vezes

mais comum em meninos do que em meninas; porém as meninas são mais

seriamente acometidas.

Definição

O autismo é uma síndrome de etiologia puramente orgânica, para qual existem,

presentemente, três definições que podemos considerar como adequadas:

A da ASA - American Society for Autism (Associação Americana deAutismo)

A da Organização Mundial de Saúde, contida na CIS-10 (10a. Classificação

Internacional de Doenças) de19991;

A do DSM-IV - diagnostic and Statistical Manual of Mental disorders (Manual

Diagnóstico e estatístico dos distúrbios Mentais), da Associação Americana de

Psiquiatria.

A definição da ASA desenvolvida e aprovada em 1997, por uma equipe de

profissionais conhecidos pela comunidade científica mundial, por seus trabalhos,

estudos, pesquisas na área do autismo é resumidamente, a seguinte:

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- “O autismo é uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de

maneira grave por toda a vida. Acomete cerca de vinte entre cada dez mil

nascidos eéquatro vezes mais comum entre meninos do que em meninas. Não

se conseguiu até agora provar nenhuma causa psicológica, no meio ambiente

destas crianças, que possa causar a doença”.

Os sintomas, causados por disfunções físicas do cérebro, são verificados pela

anamnese ou presentes no exame ou entrevista com o individuo. Incluem:

1o - Distúrbios no ritmo de aparecimentos de habilidades físicas, sociais e

lingüísticas.

2o - Reações anormais às sensações. As funções ou áreas mais afetadas são:

visão, audição, tato, dor, equilíbrio, olfato, gustação e maneira de manter o corpo.

3o - Fala ou linguagem ausentes ou atrasados. Certas áreas específicas do

pensar, presentes ou não. Ritmo imaturo da fala, restrita compreensão de

idéias. Uso de palavras sem associação com o significado.

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4o - Relacionamento anormal com os objetos, eventos e pessoas.

Respostas não apropriadas a adultos ou crianças. “Uso inadequado de objeto e

brinquedos.”

- Segundo a CID-10, é classificado como F84-0, como "Um transtorno invasivo

de desenvolvimento, definido pela presença de desenvolvimento anormal e/ou

comprometimento que se manifesta antes da idade de 3 anos e pelo tipo

característico de funcionamento anormal em todas as três áreas: de interação

social, comunicação e comportamento restrito e receptivo. O transtorno ocorre

três a quatro vezes mais freqüentemente em garotos do que em meninas. "

- O DSM-IV apresenta o seguinte critério de diagnóstico:

Se enquadrar em um total de seis (ou mais) dos seguintes itens:

Comprometimento qualitativo em interação social, com pelo menos duas das

seguintes características:

Acentuado comprometimento no uso de múltiplos comportamentos não verbais

que regulam a interação social, tais como contato olho a olho, expressões faciais,

posturas corporais e gestos;

Falha no desenvolvimento de relações interpessoais apropriadas à idade;

Ausência da busca espontânea em compartilhar de divertimentos, interesses e

empreendimentos com outras pessoas

Comprometimento qualitativo na comunicação, em pelo menos um dos

seguintes itens:

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Atraso ou ausência total no desenvolvimento da fala (sem a tentativa de

compensá-la por meio de comunicação por gestos ou mímicas);

Acentuado comprometimento na habilidade de iniciar e manter uma

conversação, naqueles que conseguem falar;

Linguagem estereotipada, repetitiva ou idiossincrática;

Ausência de capacidade, adequada à idade, de realizar jogos de faz-de-conta

ou imitativos.

Padrões de comportamento, interesse ou atividades repetitivas ou

estereotipadas, em pelo menos um dos seguintes aspectos:

Preocupação circunscrita a um ou mais padrões de interesse

estereotipados e restritos, anormalmente, tanto em intensidade quanto no foco;

Fixação aparentemente inflexível em rotinas ou ritual não funcional;

Movimentos repetitivos e estereotipados.

Preocupação persistente com partes de objetos.

Atraso ou funcionamento anormal, antes dos três anos, em pelo menos uma das

seguintes áreas: interação social, linguagem de comunicação social e jogos

simbólicos ou imaginativos.O distúrbio não se enquadra na síndrome de

Rett ou no Distúrbio Desintegrativo da Criança.

O Autismo pode ocorrer isoladamente ou em associação com outros distúrbios

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que afetam o funcionamento do cérebro, tais como Síndrome de Down e

epilepsia. Os sintomas mudam e alguns podem até desaparecer com a idade.

O Q.I de crianças autistas, em aproximadamente 60% dos casos, mostram

resultados abaixo dos 50,20% entre 50 e 70 e apenas 20% tem inteligência maior

do que 70pontos.

O Portador de Autismo tem uma expectativa de vida normal.

Formas mais grave podem apresentar comportamento destrutivo, auto agressão

e comportamento agressivo, que podem ser muito resistentes às mudanças.

O Autismo jamais ocorre por bloqueios ou razões emocionais, como insistiam os

psicanalistas. As causas são múltiplas. Algumas já têm sido relacionadas, como:

fenilcetonúria não tratada, viroses durante a gestação, principalmente durante os

três primeiros meses (inclusive citomegalo virus), toxoplasmose, rubéola, anoxia

e traumatismos no parto, patrimônio genético, etc. Ultimamente, pesquisas

mostram evidências de aparecimento do autismo após aplicações da vacina

tríplice.

FISIOTERAPIA

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A atuação fisioterápica só é dada as crianças autistas com atraso motor, onde

são trabalhadas todas as fazes motoras até a marcha livre, estimulando as

etapas do desenvolvimento normal, prevenindo deformidades e dando

orientação familiar. Caso contrário existe algumas terapias na qual a criança

deve se identificar.

TERAPIAS

MÉTODO DE DOMAN

A forma de trabalhar uma criança pode seguir muitos métodos distintos. O

método adequado depende muito do terapeuta e também das condições e

capacitações da criança.

Uma observação inicial que pode ser feita é que assim como a flor nasce, o peixe

nada e os pássaros cantam, a criança deve engatinhar andar e falar, nesta

seqüência. São seus impulsos naturais. Quando ela falha no seu

desenvolvimento está também deve ser a seqüência a ser seguida no seu

trabalho terapêutico, segundo apreciação do Dr. Doman, notável

especialista americano, que depois de trabalhar, durante anos, com crianças

deficientes, segundo os métodos então tradicionais, chegou a uma conclusão

absolutamente espantosa: "As crianças que tinham permanecido sem

tratamento estavam incomparavelmente melhores do que as tratadas por nós".

Buscando razões deste fracasso,através da observação,que as mães que não

lhe deram ensejo de imobilizar os filhos pelo tratamento, levaram-nos para casa,

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puseram- nos no chão e permitirá que eles fizessem o que lhes aprouvesse.

Estas crianças, por instinto, passaram a rastejar, engatinhar, obtendo melhoras

consideráveis.

O seu método nasceu daí e visa estimular a evolução natural da criança. Este

método tem muito seguidores no Brasil, prevê um programa de exercícios que

chega a ser extenuante, mas que tem se revelado eficaz.

HOLDING TERAPY

A terapia do abraço vem sendo empregada e defendida com crescente

entusiasmo por um grupo bastante numeroso. A revista Communication da

National Autistic Society de junho de 89 apresentou um artigo de Michele

Zappella (Psiquiatra) e John Richer (Pediatra) que resumimos a seguir.

O holding é uma forma de intervenção intrusiva cujo objetivo é reduzir o

isolamento social, aumentar a comunicabilidade e desenvolver laços de união.

O holding deve ser sempre parte de um pacote maior de terapias, mas parece

ser uma eficiente terapia para desenvolver as condições da maioria das crianças

autistas e de remover comportamentos indesejáveis. Welch desenvolveu esta

forma de terapia como parte de uma ampla abordagem.

Ainda não está claro como o Holding atua, porque a eficácia depende de quem

a aplica e qual a inter-relação com as demais terapias aplicadas

simultaneamente. O fatoé que se obtêm resultados, independente de gravidade

do autismo. Vamos dar um exemplo:

"Uma criança com 1 ano e meio foi diagnosticada como autista e colocado em

um programa de um hospital escola, onde ficava a maior parte do dia com outras
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crianças autistas. Depois de dois anos ela se apresentava seriamente retardada

e com comportamento fortemente autístico, com péssimo prognóstico. Foi

submetida então a tratamento envolvendo interações físicas

acentuadas, com Michele Zappella. Depois de 6 meses o comportamento social

da criança estava dentro da faixa normal da idade.

Este exemplo é uma ilustração e não pode, evidentemente, ser apresentado

como evidência."

Deve ser lembrado. Inicialmente, que existem muitas variações de terapia do

abraço. De um modo geral, porém são elementos comuns:

O adulto mantém a criança abraçada mesmo que ela se oponha e lute para se

livrar, até que ela se acalme e relaxe.

O adulto deve manter o controle da criança

Uma seção atípica apresenta os seguintes passos:

Inicialmente a criança pode ficar quieta, mas a seguir começa a se debater. Os

pais continuam a abraçá-la.A criança se debate mais e mais e ocasionalmente

começa a gritar. O pai mantém o abraço.

Os ciclos de luta, gritos e aquietamentos podem de estender até por mais de

uma hora.

Durante, em especial, as seções iniciais, a criança se enraivece mais, então

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soluça, depois relaxa e se amolda ao corpo dos pais. A partir de então a criança

se torna mais comunicativa, aconchegante e aberta.

A insistência em confrontar a criança é uma importante característica do

HOLDING. A intervenção é realizada mantendo a criança em contato estreito,

fixando- lhe o olhar, beijando-a e falando com ela (Alguns usam um fundo

musical).

Zappella aplicou a terapia a 50 crianças autistas, com idade de 3 a 15 anos,

envolvendo a família e tendo como base a terapia do abraço. Ela registra que

12% se normalizaram após dois anos, 18% perderam o comportamento autístico

e 44% apresentaram progressos moderados e 26% não demonstraram

resultados. J. Prekop, na Alemanha reportou resultados similares. Ela também

comparou o desenvolvimento destas crianças com outras que não tinham sido

submetidas ao HOLDING, concluindo que, relativamente, fizeram maior

progresso.

HIPOTERAPIA

Essa atividade ajuda a fornecer balanço e força e requer o uso de suas mãos,

portanto minimiza os movimentos estereotipados das mãos e aumenta o uso das

mesmas.

O autista ganha controle, trazendo confiança e satisfação.

MUSICOTERAPIA

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A musicoterapia é um método muito eficaz. A música promove o relacionamento

entre o paciente e o terapeuta, que aproveita, na terapia tudo que possa provocar

algum ruído, som, ou mesmo movimento.

A musicoterapia também utiliza o próprio corpo do paciente. No início, o

terapeuta espera que o autista se expresse de algum modo, um piscar de olhos,

um som, um gesto qualquer. O terapeuta, então, repete o gesto ou emite o

mesmo som, tentando estabelecer uma comunicação com o paciente. Ao

mesmo tempo, procura mostrar ao autista que ele será aceito, não importa a

maneira como aja.

Se o autista retribui a mensagem, a primeira comunicação está feita. Ele começa

a se comunicar com os outros. Ele, agora, vê o mundo e o compreende.

Crescimento da independência escolhendo músicas e atividades

Comunicação (atividades musicais através de símbolos).

Desenvolvimento da auto imagem e da autoestima.

Estimulação pelo contato expressivo dos olhos.

Desenvolvimento da vocalização através da música.

Aumento do uso proposital das mãos enquanto toca os instrumentos

Aumento da socialização através da participação

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A musicalidade induz ao relaxamento que facilita na liberdade de movimentos e

expressão.

Nem todo autista tem um atraso motor, mas o que tiver deve-se trabalha esse

atraso ate a marcha livre.

AUTISMO – VISÃO DA PSIQUIATRIA

TRANSTRONOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO

Os transtornos globais do desenvolvimento incluem um grupo de condições nas

quais há atraso ou desvio no desenvolvimento de habilidades sociais, linguagem,

comunicação e repertório comportamental.

Crianças afetadas exibem interesse intenso idiossincrático em uma estreita

gama de atividades, resistem à mudança e não respondem de maneira

adequada ao ambiente social. Esses fatores se manifestam cedo na vida e

causam disfunção pertinente.

TRANSTORNO AUTISTA

O transtorno Autista (historicamente chamado de autismo infantil precoce/

autismo da infância ou autismo de Kanner) é caracterizado por interação social

recíproca anormal, habilidades de comunicação atrasadas e disfuncionais e um

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repertório limitado de atividades e interesses.

PREVALÊNCIA

A taxa é de cinco casos por 10 mil crianças. O inicio do transtorno ocorre antes

dos 3 anos de idade, ainda que possa não ser reconhecido até a criança ser

muito mais velha.

DISTRIBUIÇÃO POR SEXO

É 4 a 5 vezes mais frequente em meninos do que em meninas. Meninas com

transtorno autista têm maior probabilidade de apresentar um retardo mental

grave.

ETIOLOGIA E PATOGÊNESE

Segundo Kanner poderia ser consequência de mães muito “geladeiras”, porém

não há validade de tal hipótese.

FATORES PSICOSSOCIAIS E FAMILIARES

Essas crianças podem responder com sintomas exacerbados a estressores

psicossociais, incluindo discórdia familiar, nascimento de um novo irmão ou

mudança familiar.

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FATORES BIOLÓGICOS

Cerca de 75% das crianças afetadas apresentam um retardo mental. Um terço

tem retardo mental leve a moderado e perto da metade tem retardo mental grave

ou profundo (essas crianças apresentam déficits mais importantes no raciocínio

abstrato no entendimento social e em tarefas verbais do que em tarefas de

desempenho).

Podem apresentar também:

▪ Convulsões

▪ Aumento ventricular;

▪ Anormalidades eletro encefalográficas.

FATORES GENÉTICOS

Entre 2 e 4% dos irmãos de crianças autistas também tinham transtorno autista,

uma taxa 50 vezes maior do que na população geral.

FATORES IMUNOLÓGICOS

Incompatibilidades imunológicas (anticorpos maternos transferidos ao feto)

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podem contribuir para o transtorno autista. Os linfócitos de algumas crianças

autistas reagem com anticorpos maternos, o que levanta a possibilidade de que

tecidos neurais embrionários ou extraembrionários possam ser danificados

durante agestação.

FATORES PERINATAIS

Uma incidência de complicações perinatais mais alta que o esperado parece

ocorrer em bebês mais tarde diagnosticados como autistas. Sangramento

materno após primeiro trimestre. No período neonatal, estas têm uma alta

incidência de síndrome de sofrimento respiratório e anemia neonatal.

FATORES NEUROANATÔMICOS

Estudos de RM comparando indivíduos autistas e controles normais

demonstraram que o volume cerebral total era maior entre os primeiros, embora

criança com um retardo mental grave em geral tenham cabeças menores. O

volume pode sugerir: neuro genese aumentada, morte neuronal diminuída e

produção aumentada de tecido cerebral não neuronal, como células gliais ou

vasos sanguíneos. Acredita se que o lobo temporal seja uma área crítica de

anormalidade cerebral no transtorno autista.

FATORES BIOQUÍMICOS

Em algumas crianças autistas, altas concentrações de ácido homovanílico

(principal metabólito da dopamina) no liquido cerebrospinal (LCS) estão

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associados a aumento do retraimento e estereotipias.

CARACTERISTICAS FISICAS

Crianças com transtorno autista costumam ser descritas como atraente e a

primeira vista, não apresentam nenhum sinal indicando o problema. Podem

apresentar malformações das orelhas, uma vez que a formação das orelhas se

dá quase ao mesmo tempo em que a formação de porções do cérebro. Também

apresentam uma incidência mais alta de demartoglifia anormal (impressões

digitais) do que a população em geral.

CARACTERISTICAS COMPORTAMENTAIS

Apresentam prejuízos qualitativos na interação social: não

apresentam sinais sutis com os pais e outras pessoas.

Não apresentam contato visual ou o mesmo é muito pobre.

Não reconhecem ou não diferenciam as pessoas mais importantes em sua

vida.Podem apresentar ansiedade extrema quando ocorre

alguma mudança em sua rotina. Há um déficit notável no brincar, seu

comportamento social pode ser desajeitado ou inadequado.

Incapazes de interpretar a intenção do outro (não desenvolvem a empatia).

TRANSTORNOS DA COMUNICAÇÃO E NA LINGUAGEM

Os autistas têm dificuldade marcante em formar frases significativas mesmo

quando dispõem de vocabulários amplos.

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COMPORTAMENTOS ESTERIOTIPADO

Em seus primeiros anos de vida não explora o ambiente (ou pouco).

Os brinquedos são manuseados de formas ritualísticas, com poucos aspectos

simbólicos.

Suas atividades tendem a ser rígidas, repetitivas e monótonas, muitas com

retardo mental grave, exibem anormalidades no movimento.

Costumam ser resistentes a transição e mudança.

SINTOMAS COMPORTAMENTAIS ASSOCIADOS

Hipercinesia é um problema de comportamento comum entre crianças autistas.

Agressão e acessos de raiva são observados, em geral induzidos por mudanças

e exigências.

Comportamento automutilador (inclui bater a cabeça, morder, arranhar e

puxar o cabelo).

Período de atenção curto Baixa capacidade de focalizar-se em uma tarefa.

Insônia.

Enurese.

Problemas de alimentação.

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DOENÇA FISICA ASSOCIADA

Tem uma incidência mais alta do que o esperado de infecções do trato

respiratório superior e de outras infecções menores.

Constipação e aumento do transito intestinal.

Convulsões febris.

FUNCIONAMENTO INTELECTUAL

Capacidades cognitivas ou Visio motoras incomuns ou precoces ocorrem em

algumas crianças autistas. São chamadas de funções fragmentadas ou ilhas de

precocidade.

Memórias de hábitos ou capacidades de cálculos muitas vezes superiores aos

seus pares normais Hiperlexia e boa leitura (embora não possam entender o que

lêem. Memorização e recitação, bem como capacidades musicais (cantar ou

tocar melodias e reconhecer notas musicais)).

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Os principais diagnósticos diferenciais são esquizofrenia com inicio na infância,

retardo mental com sintomas comportamentais, transtorno misto de linguagem

receptivo- expressiva, surdez congênita ou transtorno auditivo grave, privação

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psicossocial e psicose desintegrativa (regressivas).

RETARDO MENTAL COM SINTOMAS COMPORTAMENTAIS

Crianças com retardo mental tendem a relacionar-se com adultos e outras

crianças de acordo com sua idade mental, usam a linguagem que tem para

comunicar se e exibem um perfil de prejuízos relativamente uniforme, sem

funções fragmentadas.

AFASIA ADQUIRIDA COM CONVULSÃO

Afasia adquirida com convulsão é uma condição rara, às vezes difíceis de

diferenciar de um transtorno autista e transtorno desintegrativo na infância

SURDEZ CONGÊNITA OU PREJUIZO AUDITIVO GRAVE

Visto que crianças autistas com frequência são mudas ou apresentam um

desinteresse seletivo na linguagem falada, costumam ser julgada surda.

Os fatores de diferenciação incluem o seguinte: bebês autistas podem balbuciar

com pouca frequência, enquanto bebês surdos têm historia de balbucio

relativamente normal, que vai diminuindo e pode parar entre 6 meses e 1 ano de

idade.

Crianças surdas respondem a apenas sons altos, enquanto autistas podem

ignorar sons altos ou normais e responder a sons suaves ou baixos.

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As crianças mesmo surdas gostam de se relacionar com seus pais, buscam sua

afeição e gostam de ser seguradas enquanto bebês, diferentemente do autista.

CURSO E PROGNÓSTICO

O transtorno autista costuma se uma condição para toda a vida com um

prognóstico cauteloso. Crianças autistas com um QI acima de 70 e aquelas que

usam linguagem comunicativa nas idades de 5 a 7 anos tendem a ter melhores

prognósticos.

As áreas de sintoma que não parecem melhorar com o tempo foram àquelas

relacionadas a comportamentos ritualísticos e repetitivos.

Em geral, estudos do resultado em adultos indicam que cerca de dois trecos dos

adultos permanecem gravemente incapacitados e vivem em dependência

completa ou semi dependência com seus parentes ou em instituições de longo

prazo.

O prognóstico melhora quando o ambiente ou lar é sustentador e capaz de

satisfazer as necessidades extensivas dessas crianças. Embora os sintomas

diminuam em muitos casos, automutilação grave ou agressividade e regressão

podem desenvolver em outros.

TRATAMENTO

Os objetivos do tratamento de criança com transtorno autista são aumentar o

comportamento socialmente aceitável e pró-social, diminuir sintomas

comportamentais bizarros e melhorar a comunicação verbal e não verbal.

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Além disso, os pais muitas vezes confusos necessitam de apoio e

aconselhamento. No momento intervenções educacionais e comportamentais

são mais indicadas. Treinamento em sala de aula estruturada em combinação

com métodos comportamentais é o mais efetivo para muitas crianças autistas.

Não há medicamentos específicos para tratar os sintomas centrais do autista,

entretanto, a psicofarmacoterapia é um tratamento adjunto valioso para melhorar

sintomas comportamentais associados.

Foi relatado que ela atenua sintomas como agressividade, acesso de raiva

grave, comportamentos auto mutiladores, hiperatividade, comportamento

obsessivo compulsivo e esteriotipias. A administração de medicamentos

antipsicoticos pode reduzir o comportamento agressivo e automutilador.

HISTÓRICO DA EXCLUSÃO

Nos anos 60 e 70, a marginalidade era vista como pobreza, uma consequência

das migrações internas que esvaziavam o campo da região nordeste, do norte e

“incharam” as cidades como Rio de Janeiro e São Paulo. Entendia-se na época,

que os problemas urbanos de moradia (favelas), mendicância, delinquência etc.,

poderiam ter suas raízes nesses processos migratórios.

Inicia-se aí a exclusão, onde competidores teriam a mesma chance na luta pelo

espaço, sendo que os mais aptos ganhariam melhores posições nesse ambiente

construído e disso resultariam zonas segregadas, onde os mais pobres

excluíam-se dos anéis urbanos e imediatamente passariam para o próximo e

gradativamente, os melhores lugares estariam ocupados pelos “vencedores”.

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Nos anos 70, existia o dualismo: atrasado x moderno, não integrado x integrado,

rural x urbanos e os estudiosos passaram a ver as relações econômicas e

sociológicas inerentes ao capitalismo como constitutivas do sistema produtivo.

As populações marginais aparecem, nesse contexto, como consequência da

acumulação capitalista, um exercício industrial de reserva singular.

Nos anos 80, na chamada “década perdida”, ao contrário dos anos 60 e 70,

quando se chamava a atenção para os favelados e para a migração como figura

emblemática dos excluídos na cidade, pelo aumento da pobreza e da recessão

econômica, ao mesmo tempo em que se vivia a chamada “transição

democrática”, chama-se a atenção para a questão da democracia, da

segregação urbana (efeitos perversos da legislação urbanística), a importância

do território para a cidadania, a falência das ditas políticas sociais, os

movimentos sociais, as lutas sociais.

O componente territorial implica não só que seus habitantes devem ter acesso

aos bens e serviços indispensáveis, mas que haja uma adequada gestão deles,

assegurando indispensáveis, mas que haja uma adequada gestão deles,

assegurando tais benefícios à coletividade. Aponta que o terceiro mundo tem

“não cidadãos” (contraste entre massa de pobres e a concentração de riqueza),

porque se funda na sociedade do consumo, da mercantilização e na

monetarização. Em lugar do cidadão, surge o consumidor insatisfeito, em

alienação, em cidadania mutilada.

A cidadania é também o direito de permanecer no lugar, no seu território, o direito

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a espaço de memória. O capitalismo predatório e as políticas urbanas que

privilegiam interesses privados e o sistema de circulação acabaram por

descaracterizar bairros, expulsar moradores como favelados (remoção por obra

publica, reintegração de posse), encortiçados (despejos, remoção, demolições),

moradores de loteamento irregulares, sem teto, num nomadismo sem direito às

raízes.

Pedro Jacobi desenvolve seus trabalhos sobre a questão dos movimentos

sociais urbanos e as carências de habitação, equipamentos de saúde, escolas,

lazer, enfim, dos serviços urbanos. Assim a exclusão aparece como não acesso

aos benefícios da urbanização.

Nos anos 90 reeditam o conceito de exclusão como não cidadania,

principalmente a ideia de processo abrangente dinâmico e multidimensional.

O rótulo que parece empurrar as pessoas, os pobres, os fracos, para fora da

sociedade, para fora de suas melhores e mais justas corretas relações sociais,

privando- os dos direitos que dão sentido a essas relações.

Quando, de fato, esse movimento as está empurrando para dentro, para

condição subalterna de reprodutores mecânicos do sistema econômico,

reprodutores que não reivindicam nem protestam em face das privações,

injustiças e carências.

Neste caso o termo exclusão é concebido como expressão das contradições do

sistema capitalista e não como estado de fatalidade. Através do consumismo

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dirigido, gera-se uma sociedade dupla, de duas partes que se excluem

reciprocamente, mas parecidas por conterem as mesmas mercadorias e as

mesmas ideias individualistas e competitivas, só que as oportunidades não são

iguais, o valor dos bens é diferente, a ascensão social é bloqueada. Apesar

disso, um bloco de ideias falso, enganador e mercantilizado acena para o homem

“moderno colonizado”, que passa a imitar, mimetizar os ricos e a pensar que

nisso reside à igualdade.

“É a sociedade da imitação, da reprodutividade e

da vulgarização, no lugar da criação e do sonho”. SAWAIA(2009)

Atribui-se a René Lenoir, em 1974, a concepção da exclusão como um fenômeno

de ordem individual, mas social, cuja origem deveria ser buscada nos princípios

mesmos do funcionamento das sociedades modernas. Dentre suas caudas

destacava o rápido e desordenado processo de urbanização, a inadaptação e

uniformização do sistema escolar, o desenraizamento causado pela mobilidade

profissional, as desigualdades de renda e de acesso aos serviços. Não se trata

apenas de um fenômeno marginal, mas de um processo em curso que atinge

cada vez mais todas as camadassociais.

“E os pobres passam a desconfiar de si próprios, numa culpabilidade popular:

caminhando sobre o chão pavimentado pelo preconceito dos pobres contra os

pobres, as classes dominantes no Brasil começam a extravasar uma

subjetividade antipública que segrega, elabora pela comunicação imediática uma

ideologiantiestatal, fundada no grande desenvolvimento capitalista, na

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desindustrialização, na terceirização superior, da dilapidação financeira do

estado e da imagem de um Estado devedor”. SAWAIA (2009)

CONCEITO DE EXCLUSÃO

O tema exclusão está presente na mídia, no discurso político e nos planos e

programas governamentais, a noção de exclusão social tornou-se familiar no

cotidiano das mais diferentes sociedades. Não é apenas um fenômeno que

atinge os países pobres.

A concepção de exclusão continua ainda fluida como categoria analítica, difusa,

apesar dos estudos existentes, e provocadora de intensos debates. Muitas

situações são descritas como exclusão, que representam as mais variadas

formas e sentidos advindos da relação inclusão/ exclusão. Sob esse rótulo estão

contidos inúmeros processos e categorias, uma série de manifestações que

aparecem como fraturas e rupturas do vinculo social (pessoas idosas,

deficientes, desadaptados sociais, minorias étnicas ou de cor, desempregados

de longa duração, jovens impossibilitados de aceder ao mercado de trabalho,

etc.). Assim os estudiosos da questão concluem que do ponto de vista

epistemológico, o fenômeno da exclusão é tão vasto que é quase impossível

delimitá-lo.

... “Excluídos são todos aqueles que são rejeitados de nossos mercados

materiais ou simbólicos, de nossos valores” SAWAIA (2009).

A ruptura de carência, de precariedade, pode-se afirmar que toda situação de

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pobreza leva a formas de ruptura do vinculo social e representa, na maioria das

vezes, um acúmulo de déficit e precariedade. A pobreza não significa

necessariamente exclusão, ainda que possa ela conduzir.

A pobreza e a exclusão no Brasil são faces de uma mesma moeda. As altas

taxas de concentração de renda e desigualdade persistentes em nosso país

convivem como os efeitos perversos do fenômeno do desemprego estrutural. Se,

de um lado cresce cada vez mais a distancia entre os excluídos e os incluídos,

de outro, essa distancia nunca foi tão pequena, uma vez que os incluídos estão

ameaçados de perder direitos adquiridos.

A consolidação do processo de democratização, em nosso país, terá que passar

necessariamente pela desnaturalização das formas com que são encaradas as

práticas discriminatórias, portanto, geradoras de processo de exclusão.

De acordo com SAWAIA (2009), no livro as Artimanhas da Exclusão, a inclusão

é contraditória, onde a qualidade de conter em si a sua negação e não existir

sem ela, isto é, ser idêntico à inclusão (inserção social perversa). A sociedade

exclui para incluir e esta transmutação é condição da ordem social desigual, o

que implica o caráter ilusório da inclusão. Todos estamos inseridos de algum

modo, nem sempre decente e digno, no circuito reprodutivo das atividades

econômicas, sendo a grande maioria da humanidade inserida através da

insuficiência e das privações, que se desdobram para fora do econômico.

Portanto, em lugar da exclusão, o que se tem é a “dialética exclusão/ inclusão”.

A dialética inclusão/exclusão gesta subjetividade especificas que vão desde o

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sentir-se incluído até o sentir-se discriminado ou revoltado. Essas subjetividades

não podem ser explicadas unicamente pela discriminação econômica, elas

determinam e são determinadas por formas diferenciadas de legitimação social

e individual, e manifestam-se no cotidiano como identidade, sociabilidade,

afetividade, consciência e inconsciência.

“Em síntese, a exclusão é processo e multifacetado, uma configuração de

dimensões materiais, políticas, relacionais e subjetivas. É processo sutil e

dialético, pois só existe em relação à inclusão como parte constitutiva dela. Não

é uma coisa ou um estado, é processo que envolve o homem por inteiro e suas

relações com os outros. Não tem uma única forma e não é uma falha do sistema,

devendo ser combatida como algo que perturba a ordem social, ao contrário, ele

é produto do funcionamento do sistema” (SAWAIA, 2009).

SAWAIA (2009) aponta vários estudos acerca da exclusão e todos eles reforçam

a tese de que o excluído não está à margem da sociedade, mas repõe e sustenta

a ordem social, sofrendo muito neste processo de inclusão social, pois a

sociedade opera sobre o homem (social e o psicológico), de forma que o papel

de excluído engole o homem.

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INCLUSÃO DA CRIANÇA AUTISTA

Muito se tem falado sobre o processo de inclusão, e quase sempre com a

conotação de que inclusão e integração escolar seriam sinônimas. Na verdade,

a integração insere o sujeito na escola esperando uma adaptação deste ao

ambiente escolar já estruturado, enquanto que a inclusão escolar implica em

redimensionamento de estruturas físicas da escola, de atitudes e percepções

dos educadores, adaptações curriculares, dentre outros. A inclusão num sentido

mais amplo significa o direito ao exercício da cidadania, sendo a inclusão escolar

apenas uma pequena parcela do processo que precisamos percorrer.

Um processo de inclusão escolar consciente e responsável não acontece

somente no âmbito escolar e deve seguir alguns critérios. A família do indivíduo

portador de autismo possui um papel decisivo no sucesso da inclusão. Sabemos

que se trata de famílias que experimentam dores psíquicas em diversas fases

da vida, desde o momento da notícia da deficiência e durante as fases do

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desenvolvimento, quando a comparação com demais crianças é frequente.

O ambiente para o desenvolvimento da criança, tanto "normal" quanto

"deficiente", no que tange à organização de suas atividades de vida diária e ao

processo de estimulação, torna-se fundamental compreender como o ambiente

influencia o desenvolvimento das crianças, principalmente daquelas que

apresentam algum tipo de deficiência. Vygotsky (1994) afirma “que a influência

do ambiente sobre o desenvolvimento infantil, ao lado de outros tipos de

influências, também deve ser avaliada levando em consideração o grau de

entendimento, a consciência e o insight do que está acontecendo no ambiente

em questão”.

O micro sistema da família não é o único que precisa ser estudado. Há também

o ambiente da escola, que constitui mais um espaço de socialização para a

criança com autismo. Em relação a isso, muito se tem

discutido a respeito da inclusão da criança autista em ambiente coletivo,

mostrando a sua importância e necessidade.

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É importante ressaltar a necessidade de mais orientação para as famílias de

crianças autistas, as quais devem ser mais bem informadas sobre este tipo

transtorno e suas consequências para o desenvolvimento da criança, bem como

dos recursos necessários para favorecê-lo. Nesse contexto, as políticas públicas

têm um papel muito importante, especialmente para as famílias de baixa renda,

uma vez que o gasto com profissionais e com atendimento especializado torna-

se necessário.

O nascimento de um filho com algum tipo de deficiência ou doença, ou o

aparecimento de alguma condição excepcional, significa uma destruição de

todos os sonhos e expectativas que haviam sido gerados em função dele.

Durante a gravidez, e mesmo antes, os pais sonham com aquele “filho ideal” que

será bonito, saudável, inteligente, forte e superará todos os limites; aquele filho

que realizará tudo que eles não conseguiram alcançar em suas próprias

vidas. Além da decepção, o nascimento de um filho portador de deficiência

implica em reajustamento de expectativas, planos para o futuro e a vivência de

situações críticas e sentimentos difíceis de enfrentar.

Passado o período de luto simbólico, a forma como a família se posiciona frente

à deficiência pode ser determinante para o desenvolvimento do filho. Muitos pais,

porque não acreditam que seus filhos possuam potencialidades, deixam de

ensinar coisas elementares para o auto cuidado e para o desenvolvimento da

independência. Alguns optam pelo isolamento e outros por infantilizarem seus

filhos por toda a vida, esquecendo que eles não são eternos e que o portador de

necessidades especiais deve se tornar o mais autônomo possível.

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Quando se propõe a inclusão de crianças autistas devem-se respeitar as

características de sua natureza, visando à aquisição de comportamentos

sociais aceitáveis, porém, respeitando as necessidades especiais de cada

educando, e, sobretudo, trazendo os pais para um comportamento mais

realístico possível, evitando a fantasia da cura, tão presente em pais de crianças

especiais

A escola também pode colaborar dando sugestões aos familiares de como estes

podem agir em casa, de maneira que se tornem coautores do processo de

inclusão de seus filhos. Sendo assim, quando uma criança portadora de autismo

é incluída na escola regular, sua família também o é. Com efeito, é provável que

antes da inclusão escolar a convivência com os pais de outras crianças, o

planejamento de visitas de coleguinhas na casa da criança e a frequência a

festinhas de aniversário dos colegas de sala eram possibilidades muito distantes

para essas famílias. O objetivo da educação especial é o de reduzir os

obstáculos que impedem o indivíduo de desempenhar completas atividades e

participação plena na sociedade.

Promover a inclusão significa, sobretudo, uma mudança de postura e de olhar a

cerca do transtorno. Implica em quebra de paradigmas, em reformulação do

nosso sistema de ensino para a conquista de uma educação de qualidade, na

qual, o acesso, o atendimento adequado e a permanência sejam garantidos a

todos os alunos, independentemente de suas diferenças e necessidades.

A concepção da Educação Especial como serviço segrega e cria dois sistemas

separados de educação: o regular e o especial, eliminando todas as vantagens

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que a convivência com a diversidade pode nos oferecer.

É preciso ter claro que para a conquista do processo de inclusão de qualidade,

algumas reformulações no sistema educacional se fazem necessário. Seriam

elas adaptações curriculares, metodológicas e dos recursos tecnológicos, a

racionalização da terminalidade do ensino para aqueles que não puderem atingir

o nível exigido para a conclusão do Ensino Fundamental, em virtude das

necessidades especiais, a especialização dos professores e a preparação para

o trabalho, visando à efetivação da cidadania do portador de necessidades

especiais.

A escola, por sua vez, para promover a inclusão deve eliminar barreiras que vão

além das arquitetônicas, mas principalmente as atitudinais. São necessárias

algumas adaptações de grandes e pequenos portes, tais como a adaptação

curricular, a adaptação do sistema de avaliação da aprendizagem, de materiais

e equipamentos, a preparação dos recursos humanos e a preparação dos alunos

e pais de alunos que receberão o portador de necessidades especiais. Sem as

devidas adaptações, um processo de inclusão pode ser mais segregador que a

exclusão declarada, pois entendemos que a inclusão não pode se restringir à

convivência social, mas deve zelar pela aprendizagem da criança com

necessidades especiais. O atendimento educacional a crianças e jovens

portadoras de autismo tem sido realizado, em nosso país, em escolas especiais

ou ainda em clínicas-escolas, provavelmente porque educar uma criança autista

ainda se constitui em um grande desafio em função das características desta

população. Uma desordem aguda do desenvolvimento requer tratamento

especializado para o autista por toda a sua vida.

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É fato que a inclusão deve ser avaliada em seu custo-benefício para o aluno em

questão. Não podemos perder de vista que “a inclusão é um processo

permanente e contínuo, pois a inclusão sempre deve visar a

aprendizagem dos alunos com necessidades especiais e não simplesmente

o convívio social, habilidade que a criança pode adquirir em muitos espaços e

não necessariamente na escola.

O desenvolvimento fantástico das novas tecnologias, a maneira de se produzir

as coisas e a maneira de se executar os serviços sofreram uma transformação

profunda. Surge o fenômeno da automação, isto é, as novas tecnologias criam

instrumentos que substituem a mão-de-obra humana. Com isso multidões de

pessoas foram dispensadas de seus empregos, e as novas gerações nem

chegam a conseguir um local de trabalho.

As relações centrais que definem nossa sociedade não são mais apenas a

dominação e a exploração, como no modo de produção capitalista, pois são bem

menos agora os que podem ser dominados ou explorados.

A consequência do capitalismo é a competitividade, a qual exige a exclusão. É

o confronto, o choque entre interesses diferentes ou contrários, que vai fazer

com que as pessoas lutem, trabalhem, se esforcem para conseguir melhorar seu

bem-estar, sua qualidade de vida, sua ascensão.

Podemos tomar como exemplo o filme exibido em sala de aula - “Como as

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estrelas na terra, toda criança é especial”, onde Ishaan era rotulado de burro,

preguiçoso e desinteressado, pois não conseguia acompanhar as exigências do

pai, que era muito rígido. Ishaan não conseguia acompanhar os demais porque

era disléxico e por isso era excluído pela sociedade e pela própria família. Assim

também acontece com a criança autista.

Mas essa competitividade vai além da disputa de mercado, trata-se de uma

competitividade que se estabelece entre os seres humanos. O ser humano,

como ser isolado e egoísta, tem de competir para sobreviver, de um lado e de

outro lado, para trazer progresso.

“Mas essa competitividade entre os desiguais acaba por excluir os mais

fracos e manter a dominação dos mais fortes” (SAWAIA, 2009).

A educação de uma criança portadora de autismo representa, sem dúvida, um

desafio para todos os profissionais da Educação. A singularidade e a

insuficiência de conhecimento sobre a síndrome nos fazem percorrer caminhos

ainda desconhecidos e incertos sobre a melhor forma de ajudar essas crianças

e sobre o que podemos esperar de nossas intervenções. É necessário ter

humildade e cautela diante do tema, pois para compreender o autismo, é preciso

uma constante aprendizagem, uma contínua revisão sobre nossas crenças,

valores e conhecimento sobre o mundo, e, sobretudo, sobre nós mesmos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

JERUSALINSKY, A. Psicose e autismo na infância: Uma questão de

linguagem.

Psicose, 4 (9). Boletim da Associação Psicanalítica de Porto Alegre, RS, 1993.

KUPFER, M. C. M. Notas sobre o Diagnóstico Diferencial da Psicose e do

Autismo na Infância. Instituto de Psicologia da USP, Psicol. SP, vol.11, n.1,

São Paulo, 2000. Visualizado em 17/10/2010 no Site:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-

65642000000100006&lng=en&nrm=iso&tlng=pt

SAWAIA, B. As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da

desigualdade social. Petrópolis, Vozes,2009.

TAFURI, Maria Izabel. A análise com crianças autistas: uma inovação do

método psicanalítico clássico. 2005. Visualizado em 02/11/2010 no Site:

http://www.antroposmoderno.com/antro-articulo.php?id_articulo=103

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