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EXERCÍCIOS SOBRE MANUEL BANDEIRA

Questão 1- (UFMG) Leia o poema a seguir, da autoria de Manuel Bandeira:

Momento num café


Quando o enterro passou
Os homens que se achavam no café
Tiraram o chapéu maquinalmente
Saudavam o morto distraídos
Estavam todos voltados para a vida
Absortos na vida
Confiantes na vida.
Um no entanto se descobriu num gesto largo e demorado
Olhando o esquife longamente
Este sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade
Que a vida é traição
E saudava a matéria que passava
Liberta para sempre da alma extinta.
Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação INCORRETA:
a) A atitude do homem atento ao enterro reduplica a opinião do eu-lírico sobre a relação vida/morte.
b) O poema expressa uma visão materialista e irônica do mundo ao inverter a relação tradicional entre a alma e o corpo.
c) Um dos componentes estruturantes da lírica de Bandeira, presente no poema, é a percepção linear dos elementos do
mundo.
d) Um traço fundamental da lírica de Bandeira, presente no poema, é a abordagem de temas universais a partir de
elementos do quotidiano.

Questão 2- (ENEM)  Estrada

Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho,


Interessa mais que uma avenida urbana.
Nas cidades todas as pessoas se parecem.
Todo mundo é igual. Todo mundo é toda a gente.
Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma.
Cada criatura é única.
Até os cães.
Estes cães da roça parecem homens de negócios:
Andam sempre preocupados.
E quanta gente vem e vai!
E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar:
Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um bodezinho manhoso.
Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz dos símbolos,
Que a vida passa! que a vida passa!
E que a mocidade vai acabar.

BANDEIRA, M. O ritmo dissoluto. Rio de Janeiro: Aguilar, 1967.


A lírica de Manuel Bandeira é pautada na apreensão de significados profundos a partir de elementos do cotidiano. No
poema Estrada, o lirismo presente no contraste entre campo e cidade aponta para
a) o desejo do eu lírico de resgatar a movimentação dos centros urbanos, o que revela sua nostalgia com relação à
cidade.
b) a percepção do caráter efêmero da vida, possibilitada pela observação da aparente inércia da vida rural.
c) a opção do eu lírico pelo espaço bucólico como possibilidade de meditação sobre a sua juventude.
d)  a visão negativa da passagem do tempo, visto que esta gera insegurança.
e) a profunda sensação de medo gerada pela reflexão acerca da morte.

Questão 3- (FUVEST) Leia o poema de Manuel Bandeira para responder ao teste:

Não sei dançar

Uns tomam éter, outros cocaína.


Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria.
Tenho todos os motivos menos um de ser triste.
Mas o cálculo das probabilidades é uma pilhéria…
Sim, já perdi pai, mãe, irmãos.
Perdi a saúde também.
É por isso que sinto como ninguém o ritmo do jazz-band.
Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu tomo alegria!
Eis aí por que vim assistir a este baile de terça-feira gorda.(…)
(Libertinagem, Manuel Bandeira)

Sobre os versos transcritos, assinale a alternativa incorreta:


a) A melancolia do eu lírico é apenas aparente: interiormente ele se identifica com a atmosfera festiva do carnaval, como
se percebe no tom exclamativo de “Eu tomo alegria!”.
b) A perda dos familiares e da saúde são aspectos autobiográficos do autor presentes no texto. 
c) A alegria do carnaval é meio de evasão para eu lírico, que procura alienar-se de seu sofrimento.
d) O último verso transcrito associa-se ao título do poema, pois o eu lírico não participa, de fato, do baile de carnaval.
e) O eu lírico revela, em tom bem-humorado e descompromissado, ser uma pessoa exageradamente sensível. 

Questão 4- (FUVEST) Em Libertinagem, Manuel Bandeira manifesta profunda simpatia pelos marginalizados, que, por
razões históricas ou condição econômica, representam os desvalidos. Assinale a alternativa em que o poema indicado
não serve de exemplo para essa afirmação:
a) “ Irene no céu”.
b) “Camelôs”.
c) “ Mangue”.
d) “Profundamente”.
e) “Poema retirado de uma notícia de Jornal”.

Questão 5- (ENEM 2000) “Poética”, de Manuel Bandeira, é quase um manifesto do movimento modernista brasileiro de
1922. No poema, o autor elabora críticas e propostas que representam o pensamento estético predominante na época.
Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
[…]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
– Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de janeiro: José Aguilar, 1974)
Com base na leitura do poema, podemos afirmar corretamente que o poeta:
a) critica o lirismo louco do movimento modernista. 
b) critica todo e qualquer lirismo na literatura.
c) propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.
d) propõe o retorno do movimento romântico.
e) propõe a criação de um novo lirismo.

Questão 6- (FUVEST)  Macumba de Pai Zusé


Na macumba do Encantado
Nego véio pai de santo fez mandinga
No palacete de Botafogo
Sangue de branca virou água
Foram vê estava morta! (Libertinagem, Manuel Bandeira)

É correto afirmar que, neste poema de Manuel Bandeira,


a) emprega-se a modalidade do poema-piada, típica da década de 20, com o fim de satirizar os costumes populares.
b) usam-se os recursos sonoros (ritmo e metro regulares, redondilha menor) para representar a cultura branca, e os
recursos visuais (imagens, cores), para caracterizar a religião afro-brasileira.
c) mesclam-se duas variedades linguísticas: uma que se aproxima da língua escrita culta e outra que mimetiza uma
modalidade da língua oral, popular.
d) manifesta-se a contradição entre dois tipos de práticas religiosas, representadas pelas oposições negro x branco,
macumba x pai de santo, nego véio x Encantado.
e) expressa-se a tendência modernista de encarar a cultura popular como manifestação do atraso nacional, a ser
superado pela modernização.

Questão 7- (PUC-SP) 
Pensão Familiar
Jardim da pensãozinha burguesa.
Gatos espapaçados ao sol.
A tiririca sitia os canteiros chatos.
O sol acaba de crestar as boninas que murcharam.
Os girassóis
amarelo!
resistem.
E as dálias, rechonchudas, plebeias, dominicais.
Um gatinho faz pipi.
Com gestos de garçom de restaurante — Palace
Encobre cuidadosamente a mijadinha.
Sai vibrando com elegância a patinha direita:
— É a única criatura fina na pensãozinha burguesa.
O poema acima é de Manuel Bandeira e integra a obra Libertinagem. Do ponto de vista de sua construção, NÃO se pode
afirmar que:

a) é enfaticamente descritivo na primeira parte e caracteriza o cenário natural, valendo-se, principalmente de frases
nominais.
b) sugere atmosfera afetuosa e terna caracterizada pelo uso expressivo do diminutivo.
c) opera o procedimento narrativo de tal forma a conciliá-lo com o descritivo, sem, no entanto, reduzi-lo a um mero pano
de fundo.
d) carece de exploração visual e perde poeticidade em deslizes semânticos e sintáticos.
e) ilumina e colore o poema e a página, que se contaminam pela força invasora do amarelo.

Questão 8- (FUVEST) ORAÇÃO A TERESINHA DO MENINO JESUS


Perdi o jeito de sofrer.
Ora essa.
Não sinto mais aquele gosto cabotino da tristeza.
Quero alegria! Me dá alegria,
Santa Teresa!
Santa Teresa não, Teresinha…
Teresinha… Teresinha…
Teresinha do Menino Jesus.
(…)
(Manuel Bandeira, Libertinagem)

Sobre este trecho do poema, só NÃO é correto afirmar o que está em:
a) Ao preferir Teresinha a Santa Teresa, o eu-lírico manifesta um desejo de maior intimidade com o sagrado, traduzida,
por exemplo, no diminutivo e na omissão da palavra “Santa”.
b) O feitio de oração que caracteriza estes versos não é caso único em Libertinagem nem é raro na poesia de Bandeira.
c) Embora com feitio de oração, estes versos utilizam principalmente a variedade coloquial da linguagem.
d) Em “do Menino Jesus”, qualificativo de Teresinha, pode-se reconhecer um eco da predileção de Bandeira pelo tema
da infância, recorrente em Libertinagem e no conjunto de sua poesia.
e) Apesar de seu feitio de oração, estes versos manifestam intenção desrespeitosa e mesmo sacrílega em relação à
religião estabelecida.

Questão 9- (FUVEST) Teresa


A primeira vez que vi Teresa
Achei que ela tinha pernas estúpidas
Achei também que a cara parecia uma perna
Quando vi Teresa de novo
Achei que os olhos eram muito mais velhos que o resto do corpo
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que
[o resto do corpo nascesse) 
Da terceira vez não vi mais nada
Os céus se misturaram com a terra
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas.
(Libertinagem, Manuel Bandeira)
Em relação às imagens que compõem a figura feminina, no texto de Bandeira, só não se pode afirmar que:
a) acentuam realisticamente os aspectos grotescos da mulher.
b) destacam o estranhamento sentido pelo eu-lírico diante de uma visão surpreendente.
c) constituem deliberado deboche das imagens consagradas pela literatura tradicional.
d) dessacralizam o ideal de amor arrebatador.
e) podem ser atribuídas à postura iconoclasta dos modernistas de 22.

Questão 10- (UFMG) Leia o poema a seguir, da autoria de Manuel Bandeira:


Trem de Ferro
Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virge Maria que foi isso maquinista?
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
(trem de ferro, trem de ferro)
Oô…
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
Da ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!
Oô…
(café com pão é muito bom)
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá
Oô…
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matar minha sede
Oô…
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Oô…
[…]
Manuel Bandeira
Sobre o poema, ASSINALE a única alternativa INCORRETA:
a) a composição baseia-se em brincadeira popular, procedimento frequente na poesia de Manuel Bandeira.
b) O poema é construído a partir do ponto de vista de um observador que vê passar um trem de ferro.
c) O ritmo primordialmente binário do poema e a ocorrência de repetições recriam o funcionamento da locomotiva.
d) O uso intencional dos aspectos fônicos confere expressividade ao poema e reforça o sentido de seu título.

Gabarito das questões sobre Manuel Bandeira


Exercício resolvido da questão 1 –
Alternativa correta: d) Um traço fundamental da lírica de Bandeira, presente no poema, é a abordagem de temas
universais a partir de elementos do quotidiano.

Exercício resolvido da questão 2 –


Alternativa correta: b) a percepção do caráter efêmero da vida, possibilitada pela observação da aparente inércia da vida
rural.

Exercício resolvido da questão 3 –


Alternativa correta: a) A melancolia do eu lírico é apenas aparente: interiormente ele se identifica com a atmosfera festiva
do carnaval, como se percebe no tom exclamativo de “Eu tomo alegria!”.

Exercício resolvido da questão 4 –


Alternativa correta: d) “Profundamente”

Exercício resolvido da questão 5 –


Alternativa correta: e) propõe a criação de um novo lirismo.

Exercício resolvido da questão 6 –


Alternativa correta: c) mesclam-se duas variedades linguísticas: uma que se aproxima da língua escrita culta e outra que
mimetiza uma modalidade da língua oral, popular.

Exercício resolvido da questão 7 –


Alternativa correta: d) carece de exploração visual e perde poeticidade em deslizes semânticos e sintáticos.
 
Exercício resolvido da questão 8 – 
Alternativa correta: e) Apesar de seu feitio de oração, estes versos manifestam intenção desrespeitosa e mesmo
sacrílega em relação à religião estabelecida.

Exercício resolvido da questão 9 –


Alternativa correta: a) acentuam realisticamente os aspectos grotescos da mulher.

Exercício resolvido da questão 10 –


Alternativa correta: a) a composição baseia-se em brincadeira popular, procedimento frequente na poesia de Manuel
Bandeira.

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