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UNIDADE CURRICULAR: POLÍTICA SOCIAL

CÓDIGO: 41099

DOCENTE: Rosana Albuquerque

A preencher pela/o estudante

NOME: Manuel Almeida

N.º DE ESTUDANTE: 2002921

Nº DE TURMA: 10

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TRABALHO: (600 a 900 palavras)

Dimensão Social do Projeto


Europeu
Até as empresas internacionais e os grandes empresários - que
beneficiam economicamente do mercado livre comum europeu -
entenderam que o crescimento económico encontraria os seus limites
no não acompanhamento das estruturas sociais. De forma a garantir
a viabilidade do projeto de Mercado Comum Europeu, há que ser
constantemente reforçada a proteção social das populações dos
Estados-membros, sobretudo, a nível de proteção laboral e de
estruturas que combatam situações de pobreza extrema e de
exclusão social, ou seja, um aprofundamento do caráter social da
matriz social-liberal Europeia.
As estratégias “Europa 2020” e “Portugal 2030” são mais um passo
nessa direção, indo ao encontro dos objetivos sociais estabelecidos e
aprofundados ao longo do trajeto Europeu, como a Carta Social, o Ato
Único Europeu, o livro branco e verde, etc.

Um dos principais e mais antigos desafios do projeto europeu trata-se


de garantir o emprego, assim como condições dignas de trabalho -
falamos em igualdade de oportunidades de acesso ao mercado de
trabalho e condições de trabalho justas, aliás, como reforçado no
documento emitido em 2017 que determina o “Pilar Europeu dos
Direitos Sociais”. Embora, por razões de ordem económica que não
cabem no âmbito deste trabalho, o projeto europeu tenha
abandonado a ideia de pleno emprego, não deixou de expressar
preocupação face ao flagelo do desemprego excessivo que ameaça as
economias dos estados afetados, pelo que sempre se empenhou
neste combate, algo que transparece desde os tratados que
precederam a formação da CEE - como o Tratado de Paris, em 1951,

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que impõe uma estimulo à criação de emprego em nome da
produtividade -, até aos mais recentes - como o Tratado de
Amesterdão e os Conselhos Europeus de 2020, que visam, sobretudo,
uma maior exigência em termos de condições laborais.
A estratégia “Europa 2020” apresenta um claro objetivo de reforçar
esta componente do projeto europeu, pretendendo “Criar mais
emprego e assegurar melhores condições de vida.(...) gerar um
crescimento inteligente, sustentável e inclusivo.” (Estratégia Europa
2020, 2010: 2). A estratégia “Portugal 2030” acompanha esta linha,
pretendendo “Reduzir a incidência de fenómenos de exclusão,
incluindo do desemprego de longa duração, e pobreza e os
indicadores de desigualdade e de precariedade laboral nos adultos, e
especialmente nos jovens, convergindo para os níveis médios da
União Europeia.” (Estratégia Portugal 2030: Resumo, 2020: 2). É
notório o objetivo de aprofundar a dimensão social do projeto
europeu no que toca à proteção, tanto no emprego como no
desemprego, assim como o combate à exclusão, na senda dos
objetivos traçados aquando da formulação, em 1994, do Livro Verde
e Livro Branco da Política Social Europeia, que reforçavam a ideia de
que estes combates deveriam estar vinculados, numa relação mútua
com a produtividade e a estabilidade económica. A título de exemplo
desta relação, a Agenda 1 da estratégia “Portugal 2030” propõe o
reforço do sistema de saúde - o que é especialmente importante
devido à crise sanitária. Ou seja, o acesso à saúde é visto como um
apoio social, mas também deve ser considerado o seu impacto
económico, visto que, sem saúde, não é possível atingir a
maximização da produtividade de um trabalhador.

Não desligado do tema anterior, algo que está na base das


estratégias “Europa 2020” e “Portugal 2030”, através de expressões
como “crescimento inteligente” ou “Inovação e Qualificações como

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motor de desenvolvimento” (Agenda 2 do plano “Portugal 2030), é a
aposta no acesso e na qualidade da educação.
Analisando de uma perspectiva puramente económica, o investimento
em educação é, a longo prazo, dos investimentos com maior retorno
económico, em particular, no investimento nos mais novos - “for
every dollar invested, the program generated a societal benefit of
$6.30, according to Heckman”. A nível social, está também provado
que um maior investimento na educação é o melhor instrumento para
reduzir a criminalidade e a exclusão social.
A estratégia de Lisboa (2000) representou um importante marco da
política educativa europeia. Como continuação da política de
articulação entre o crescimento económico e o bem-estar social, a
União Europeia propõe uma “sociedade do conhecimento”, onde a
educação se torna um eixo central e indispensável ao progresso,
tanto económico como social. A economia e o bem-estar social estão
dependentes da existência de cidadãos cultos e informados e com
capacidade de inovação.
O projeto europeu reconhece que a educação é um importante
“motor de desenvolvimento”, algo que se reflete na agenda 2 do
plano “Portugal 2030”. Trata-se de um plano que reconhece o
entrave económico e social da falta de investimento, tanto na
educação diretamente (escolas) como em setores como o I&D, ambos
fatores fundamentais para o desenvolvimento e a inovação que
abrem portas ao desenvolvimento económico e ao progresso social.
Já a estratégia “Europa 2020”, concebida 10 anos antes, seguia esta
linha, propondo um “crescimento inteligente”, com destaque para as
seguintes propostas: “a Comissão propõe: – 3 % do PIB da UE deve
ser investido em I&D. – A taxa de abandono escolar precoce deve ser
inferior a 10 % e pelo menos 40 % da geração mais jovem deve
dispor de um diploma de ensino superior.” (Estratégia Europa 2020,
2010: 5)

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Todos estes elementos permitem concluir, ainda que com algumas
críticas face à sua ambiguidade, que a dimensão social do projeto
europeu tem sido reforçada ao longo da sua história. Não me
compete, neste trabalho, avaliar se essa dimensão social representa
uma preocupação genuína por parte dos dirigentes europeus ou
apenas uma obrigatoriedade atrelada à questão económica - o que, a
ser verdade, não retira a marca positiva dos efeitos práticos destas
medidas.

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Bibliografia

• Estratégia “Europa 2020” - Disponibilizado pela Universidade
Aberta no âmbito da disciplina de Política Social;

• Estratégia Portugal “2030” - Disponibilizado pela Universidade
Aberta no âmbito da disciplina de Política Social;

• Pilar Europeu dos Direitos Sociais - Disponibilizado pela
Universidade Aberta no âmbito da disciplina de Política Social.

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