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TECNOLOGIA E PRODUÇÃO ARTESANAL DE BANHA E TORRESMO

Apresentação: Pôster

Introdução
A suinocultura brasileira ocupa um lugar de destaque mundial, onde o Brasil é o
quarto maior produtor e exportador de carne suína. Essa proteína chega a mais de 70 países, é
reconhecida por seus altos parâmetros de qualidade por exigentes mercados e a cadeia
produtiva nacional é competitiva perante seus concorrentes.
No final dos anos de 1990 com o advento dos óleos vegetais e das novas gorduras
hidrogenadas, a ideia, nessa época era de que a gordura animal fosse prejudicial à saúde então
esse produto saiu da alimentação dos consumidores, os fatos, por sua vez, mostram o
contrário, a banha apresenta 39% de gordura saturada, 45% de gordura monoinsaturada e 11%
de gordura poli-insaturada (RONDÓ JUNIOR, 2011).
Com essas novas informações, o mercado passou a novamente trazer esse produto para
a mesa dos consumidores, procurando novas estratégias e fomentando a informação da
importância da gordura animal na alimentação humana.
A banha de porco está localizada nos tecidos gordurosos, como pele e barrigada dos
suínos, sendo obtida após sofrer um aquecimento prolongado sob baixa temperatura, de forma
que se torne fluido, se solidificando quando exposto à temperatura ambiente. Possui coloração
branca, além de conter sabor e odor bem característicos (PHILIPPI, 2003).
Um suíno produz, em média, 8 quilos de banha. No Brasil são produzidas anualmente
355 mil toneladas de graxa suína, proveniente de abatedouros e destinada principalmente à
produção de ração animal (BARROS & JARDINE, 2017).
No Brasil, a lei n° 13.680 de 14 de junho de 2018 altera a Lei n° 1.283, de 18 de
dezembro de 1950, para dispor sobre o processo de fiscalização de produtos alimentícios de
origem animal produzidos de forma artesanal (BRASIL, 2018).
Com isso, objetivou-se com este trabalho avaliar o rendimento do toucinho fresco e
produção de banha de porco produzidos artesanalmente.
Fundamentação Teórica
As gorduras de origem animal são as principais produtoras de ácidos graxos saturados,
a banha de porco possui grande quantidade de ácidos oléico e palmítico, correspondendo em
mais da metade de triacilgliceróis e cerca de 75% de seus ácidos graxos (BASSAGANYA-
RIERA, et al., 2001). O consumo de óleo de origem vegetal tem aumentado enquanto o de
origem animal se reduziu nos últimos anos, entre esses óleos vegetais estão o de canola, milho
e soja, definidos como poli-insaturados (MARTIN et al., 2007).
O fator positivo encontrado na banha de porco está no fato de conter grande
quantidade de ácido oleico (44%) capaz de reduzir os níveis de colesterol LDL e através do
ácido esteárico contribuindo de forma a não aumentar os níveis de colesterol no sangue
(LIMA et al., 2000).
O baixo teor de ácidos graxos poli-insaturados na gordura de porco a protege contra
rancificação e a torna bastante estável mesmo sob calor, é excelente para frituras. Alimentos
fritos em banha ganham mais crocância e absorvem menos gordura do que os fritos em óleo
vegetal (AZEVEDO, et al., 2017).
Metodologia
O toucinho utilizado foi proveniente de uma carcaça suína, obtido e elaborado na
secção de agroindústria, do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Ceará –
IFCE campus Crato. Utilizou-se 1.600g de toucinho refrigerado a 7°C, picados em cubinhos,
sem a capa de gordura externa e obteve-se um rendimento de 345g de torresmos salgados e
crocantes e 604g de banha de porco.
Para produção da banha de porco (gordura) e do torresmo (parte sólida que sobra da
fusão da gordura), o toucinho foi cortado em cubinhos, colocados em uma panela de aço inox
e levado para cocção ao fogo baixo em fogão industrial, por um tempo de em média 40
minutos, ao atingir o tempo determinado o toucinho foi retirado do fogo com o auxílio de uma
escumadeira para separar a parte líquida (banha) da parte sólida (torresmo). A banha passou
por um processo de resfriamento natural e em seguida foi colocada em recipiente plástico
estéril e acondicionada em temperatura ambiente. Os torresmos foram separados e adicionado
0,78g de bicarbonato de sódio e salgados na proporção de 20g/Kg de sal (cloreto de sódio),
em seguida foram levados ao fogo novamente por 10 minutos, para obter um produto com
característica crocante. Na sequência os produtos foram pesados em balança digital e
calculados quanto ao rendimento.
A banha foi conservada em recipientes cheios até a boca e muito bem fechados,
mantidos em locais frescos e escuros.
Resultados e Discussões
Obteve-se um rendimento total de 61,35%, sendo 37,75 de banha e 21,56 de torresmo
como mostra a (tabela 1), valor considerado conforme, segundo Bridi & Silva (2009), pois a
gordura presente no suíno pode variar dependendo da dieta do animal, podendo ser estimado
entre 30-50% do peso de sua carcaça. Cerca de 70% de sua gordura está localizada sobre a
pele e média de 20- 22% da gordura se concentra em meio ao músculo, o tornando assim mais
saboroso e macio (ROPPA, 1999).
Tabela 1: ingredientes utilizados para obtenção da banha, seus respectivos pesos e rendimento
Ingredientes Peso (g) Rendimento (%)
Toucinho 1.600 100

Banha 604 37,75

Torresmo 345 21,56

Bicarbonato de sódio 0,78 0,04

Sal (cloreto de sódio) 32 2

Fonte: própria (2019)

Desde a década de 70, o melhoramento genético de suínos tem produzido carcaças


com menor espessura de toucinho, diminuindo cada vez mais a oferta da banha, porém,
estudos recentes têm mostrado que o consumo de banha tem aumentado de forma significativa
por ser rica em ácidos graxos saturados (RONDÓ JUNIOR, 2011).
Conclusões
O rendimento da banha e torresmo a partir do toucinho fresco encontra-se satisfatório,
ressaltando que, as mudanças advindas do melhoramento genético contribuíram para a
diminuição da espessura do toucinho, que é a matéria prima para produção da banha, novas
demandas podem surgir a partir do conhecimento da importância desta na alimentação
humana.

Referências
AZEVEDO, C; H. et al. Óleo de Soja x Banha de Porco – Diferenças e Preferências. Revista
Pensar Gastronomia, v.3, n.2, Jul. 2017.

BARROS, T. D; JARDINE, J. G. Gordura animal. Agência Embrapa de informação


tecnológica. Disponível em:
http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/agroenergia/arvore/CONT000fj1om7kf02wyiv8
02hvm3jholyoom.html Acesso em: 30 ago. 2019.

BASSAGANYA-RIERA, J. et al. Effects of dietary conjugated linoleic acid in nursery pigs of


dirty and clean environments on grot, empty body composition, and immune competence.
Journal of Animal Science, v. 79, Issue 3, p. 714-721, 2001.

BRASIL, Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 13.680, de 14 de junho de 2018.


Brasília, 14 de junho de 2018.

BRIDI, AM; SILVA, C.A. Avaliação da carne suína, Midiograf, Londrina, Brasil, 2009.

LIMA, E.L.L.; MENEZES, T.N.; TAVARES, M.P.; SZARFARC, S.C.; FISBERG, R.M.
Ácidos graxos e doenças cardiovasculares. Revista de Nutrição, 2: 73-80. 2000.

MARTIN, C. A. et al. Trans fatty acid-forming process in foods: a review. Anais da


Academia Brasile de Ciências, v. 79, n. 2, p. 1-8, 2007.

PHILIPPI, Sônia Tucunduva. Nutrição e Técnica Dietética. São Paulo: Manole, 2003.

RONDÓ JUNIOR, WILSON. Sinal verde para a carne vermelha: uma nova luz sobre a
alimentação saudável. São Paulo: Gaia, 2011.

ROPPA, L. Atualização sobre os níveis de colesterol, gordura e calorias das carnes suínas.
Boletim técnico para funcionários e clientes na Nutron Alimentos. SUI News, 6:7. 1999.

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