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Escola de Comunicação e Artes

Departamento de Ciências da Informação

CURSO DE LICENCIATURA EM ARQUIVÍSTICA

IV ANO

Disciplina: Produção e registo de Conhecimento

Tema: BIBLIOTECA ESCOLAR COMO UM IMPERATIVO SOCIAL PARA A DEMÊNCIA


JUVENIL E O DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL EM MOÇAMBIQUE

Docente: Dr. Gildo Chilonjo

Discente: Alberto João Augusto Sevene

Maputo, Outubro de 2018


ALBERTO JOÃO AUGUSTO SEVENE

BIBLIOTECA ESCOLAR COMO UM IMPERATIVO SOCIAL PARA A DEMÊNCIA


JUVENIL E O DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL EM MOÇAMBIQUE

Trabalho para fins de avaliação pedagógica,


apresentado na disciplina de produção e registo de
conhecimento como prova material de habilidades
de pesquisa e produção de conhecimento.

Docente: Dr. Gildo Chilonjo

Maputo
2018

albertosevene7@hotmail.com
Alberto João Augusto Sevene
1
BIBLIOTECA ESCOLAR COMO UM IMPERATIVO SOCIAL PARA A DEMÊNCIA
JUVENIL E O DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL EM MOÇAMBIQUE

A televisão nacional tem transmitido debates interessantes e construtivos, que procuram


analisar factos preocupantes e recorrentes na sociedade moçambicana, nomeadamente violência
doméstica, violação e abuso de menores, abandono escolar, consumo de drogas e bebidas
alcoólicas nas escolas, casamentos prematuros, demência juvenil, etc.; debates estes, realizados
e transmitidos com vista à alertar à sociedade sobre a necessidade de tomada de atitude – prática
e moral – para dirimir-se os problemas enfrentados em Moçambique. Porém, dentre os assuntos
abordados destaca-se a demência juvenil, que realmente parece ser um cancro que a sociedade
moçambicana necessita desenraizar o mais rápido possível, pelo facto do mesmo tema ter sido
abordado mais de três vezes num programa televiso nacional.

Ora, este tema mereceu atenção, não simplesmente pelo facto de ter sido discutido na
televisão nacional, nem por ter sido analisado mais de três vezes, mas sim devido as ideias
apresentadas quer como razões do seu surgimento quer como soluções para o mesmo.

Assim, apontava-se primeiro como fonte deste problema, a falta de inserção social das
crianças, falta de acompanhamento dos pais e encarregados de educação das crianças nas suas
actividades escolares, suas amizades e o consumo de bebidas e drogas nas escolas. Segundo,
como solução foram apresentadas ideias como, controlo das amizades que as crianças fazem,
os pais devem passar a participar na vida dos seus filhos de forma a saberem o que eles fazem,
com quem andam e que rumo estão a tomar, para que possam tomar medidas preventivas à
demência.

No entanto, quando analisadas as ideias apresentadas entende-se que, pais e


encarregados de educação estão menos atentos e falham na educação dos seus filhos e
educandos e, em momento algum, apontou-se a biblioteca como uma das soluções. Por
conseguinte, apresenta-se neste trabalho a biblioteca como uma das saídas para os problemas
ligados a demência juvenil que, directa ou indirectamente, afectam o desenvolvimento
intelectual de adolescentes e desta forma o progresso de Moçambique; deixando claro que, a
biblioteca não se apresenta como uma fórmula mágica para curar esta patologia endógena –
demência – não, mas é apontada como um meio alternativo para distanciar adolescentes, alunos

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das escolas primárias e secundárias, do consumo de bebidas alcoólicas e drogas que, a curto e
longo prazo, vão causar problemas de saúde mental, pondo em causa à sua memória, sua
cognição, seu intelecto; e que a sociedade por sua vez, deve exigir que nas escolas primárias e
secundárias sejam instaladas bibliotecas escolares.

Portanto, se por um lado a biblioteca caracteriza-se por um conjunto de livros adquiridos,


organizados e dispostos por áreas temáticas para consulta pública ou restrita, incluindo obras
de referência, periódicos, guias, atlas, etc., ou seja, um lugar de busca do conhecimento para o
enquadramento social, principalmente escolar e académico, por intermedio do profissional da
informação que nela actua; e por outro lado, encontra-se Moçambique, cujo desenvolvimento
económica que tanto se anseia alcançar depende do seu capital humano, capital esse cuja razão
de ser se reflecte no seu intelecto, que neste momento encontra-se fragilizado pela demência
causada pelo consumo de drogas, assim, porquê não se pensar em bibliotecas escolares,
comunitárias e municipais como uma das soluções para demência e para o desenvolvimento
intelectual de adolescentes, futuro capital humano de Moçambique?

Entretanto, o presente trabalho, propoe-se a analisar a implatacao de bibliotecas


escolares nas escolas primárias e secundárias de Moçambique, priorização da biblioteca escolar
como uma função fundamental a ser considerada nas escolas, sem com isso tentar excluir a
função crucial que pais e encarregados de educação têm no processo de ensino e aprendizagem;
assim, introduz-se no desenrolar deste assunto a conceitualização dos termos chaves que
englobam o tema em epígrafe, precisamente, biblioteca e demência, sem deixar de lado os
termos correlatos ao tema, nomeadamente capital intelectual, capital humano, memórias e
drogas; salientando que o desenvolvimento deste tema só foi possível graças à pesquisa
bibliográfica, que permitiu o levantamento da bibliografia física e eletrónica disponível na
biblioteca e na internet e realçar também que, para o caso demência recorreu-se ao site de saúde
mental da Austrália e Organização Mundial para Saúde – OMS.

Portanto, segundo Faria e Pericão (1988) biblioteca é “ coleção organizada de livros e


de publicações em série e impressos ou de quaisquer outros documentos gráficos ou
audiovisuais, disponíveis para empréstimo ou para consulta” ou por outras “organismo ou
parte de uma organização cujo objectivos principal é organizar colecções, actualizá-las e
facilitar, através de pessoal especializado, o acesso à documentos que respondam às
necessidades dos utilizadores nos aspectos da informação, educação e lazer” (Ibidem); e
Freitas (1998, p.149) sustenta afirmando que “considera-se biblioteca, seja qual for a sua

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designação, toda a colecção organizada de livros e periódicos impressos ou de quaisquer
outros documentos, nomeadamente gráficos e audiovisuais, assim como os serviços do pessoal
que facilita a consulta destes documentos pelos utilizadores, com fins de informação,
investigação, educação ou recreio”

Assim, a biblioteca é vista sob duas perspectivas, primeiro enquanto instalações físicas
e segundo enquanto agrupamento de livros, assim por um lado, o termo biblioteca remete a um
lugar, edifício ou um estabelecimento, em que seja possível ter-se acesso à informação capaz
de satisfazer a demanda informacional do cidadão sem restrição da cor, género, cultura, etnia,
filiação partidária, grau social nem nacionalidade, muito menos a sua profissão; e por outro
lado, refere-se à um agrupamento de obras bibliográficas, obras de referência e periódicos,
organizados por áreas temáticas, suscetíveis para consulta, capazes de responder a demanda
informacional de qualquer que seja a pessoa.

Contudo, tal como áreas de estudo e de formação profissional existentes na sociedade


para a formação e especialização do cidadão, existem na sociedade diferentes tipos de
bibliotecas, estabelecidas em função à abrangência e a finalidade da sua actuação, existindo
assim Biblioteca Nacional, Biblioteca Pública, Biblioteca Municipal, Biblioteca Especializada,
Biblioteca Especial, Biblioteca Universitária, Biblioteca Escolar e Biblioteca Infantil. Porém,
uma vez que o presente trabalho propõe-se a apresentar a biblioteca como solução para o
combate à demência juvenil e recurso à mesma para o desenvolvimento do capital humano,
necessário para o crescimento do país, de que moçambique tanto se queixa e necessita; desta
maneira, a abordagem de biblioteca confinar-se-á à biblioteca escolar que é assumida desde já,
como categoria correspondente a fase de adolescência, pelo facto desta fase de crescimento
ocorrer de forma geral, em indivíduos que se encontram a frequentar nível primário e/ou
secundário do ensino escolar.

Deste modo, falar de uma biblioteca escolar é referir-se àquela que se encontra
estabelecida e instalada nas escolas do ensino primário e escolas do ensino secundário, com
vista a fornecer material didático necessário ao programa do ensino e assim, facilitar o processo
de ensino e aprendizagem; e segundo Pires (2017,p.9) “a biblioteca escolar assume, no
paradigma educacional do seculo XXI, a missão primordial de apoiar alunos e professores no
desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem, disponibilizando equipamento
diversificado e informação em diferentes formatos e suportes, promovendo a igualdade no
acesso e colaborando na planificação e dinamização de actividades de aprendizagem centradas

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no aluno e nas suas necessidades” que significa que “uma biblioteca escolar é mais do que uma
sala com livros e serviços, é uma função dentro da escola” (Lourense Das apud Pires, 2017)
que vai se encarregar de preparar os indivíduos para a aprendizagem ao longo da vida,
proporcionar o desenvolvimento do pensamento crítico e inovador, preestabelecendo-os para
viver como cidadãos responsáveis (IFLA, 2000 apud Costa, 2013), responsabilidade essa que
é crucial tanto para o seu crescimento individual e colectivo quanto para a sua conduta no meio
social.

Ora, para entender-se a relevância da intervenção da biblioteca escolar na formação de


um indivíduo que será capaz de responder aos anseios sociais distanciando-o da demência é
necessário antes de mais ter-se um entendimento sobre capital intelectual e capital humano, que
é destacado como fundamental para o desenvolvimento de uma organização, ora vejamos.

Segundo Stewart (1998,p.13) capital intelectual “constitui a matéria intelectual –


conhecimento, informação, propriedade intelectual, experiencia – que pode ser utilizada para
gerar riqueza. É a capacidade mental colectiva.” Que por sua vez, Pablos (2004) a firma que
“compreende todos recursos baseados no conhecimento que podem criar valor para a
organização, mas que não estão incluídos nas suas demonstrações financeiras”; e que Edvinsson
e Malone (1998) consideram como “ um capital não financeiro que representa a lacuna oculta
entre o valor de mercado e o valor contábil. Sendo, por conseguinte, a soma do capital humano
e do capital estrutural, capital esse que corresponde a toda capacidade, conhecimento,
habilidade e experiencia individuais dos empregados de uma organização para realizar as
tarefas [...] ”; o que de certa maneira, percebe-se que a essência do capital intelectual reside no
ser humano – capital humano – também denominado “activo humano”, que compreende todos
benefícios que podem ser proporcionados pelos indivíduos às organizações (SCHMIDT;
SANTO, 2002 Apud VAZ, et al, 2015) que é representado como Know-How, capacidades,
habilidades e especializações dos recursos humanos de uma organização (LYN, 2000;
EDVINSSON; MALONE, 1998 apud Ibidem), e resume-se na capacidade individual,
comprometimento e experiência pessoais do colaborador (MAYO, 2003 apud Ibidem).

Portanto, pode-se perceber que o desenvolvimento de qualquer que seja uma


organização, depende das habilidades intelectuais e técnicas dos seus colaboradores,
habilidades estas que permitem à sua organização criar mecanismos de sobrevivência as
mudanças de postura das organizações, impostas pelo mercado actual bastante competitivo,
bem como permitem que qualquer colaborador de qualquer organização cumpra com zelo as

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funções que lhe são encarregue, partindo do colaborador do nível mais baixo ao mais alto na
hierarquia da organização. Mas para que tal seja possível, é preciso haver uma grande aposta
na memória desse indivíduo do qual se exige habilidades intelectuais e técnicas.

Mas porquê aludir a memória no seio das habilidades intelectuais e habilidades técnicas?
Porquanto, na perspectiva de Izquierdo (2014) memória “significa aquisição, formação,
conservação e evocação de informações. Sendo que aquisição é aprendizado ou aprendizagem,
e só se grava aquilo que foi aprendido; e evocação é recordação, lembrança e recuperação; para
dizer que só se lembra daquilo que se gravou, aquilo que foi aprendido”. Grummint (2004)
salienta que a “memória consiste na compreensão, retenção e recordação; e está, tanto quanto
se saiba, baseada em diversos factores, nomeadamente colocar informações recebidas em
quadro de referência selecionados; compreender; começar por pôr em acção um traço de
memória bastante forte; e reforçar a informação regularmente”. Por isso, Izquierdo (2014)
afirma existir muitas classificações de memórias de acordo com sua função, tempo de duração
e de acordo com o seu conteúdo; fazendo referência aos tipos de memórias de um ser humano
que segundo sua função encontra-se memória de trabalho, e de acordo com o seu conteúdo
podem ser declarativas, que se subdividem em episódicas ou autobiográficas e semânticas; e
ainda no conteúdo identifica-se memórias procedurais ou memórias de procedimentos.

Porém, importa destacar que na óptica de Izquierdo (2014) falar de memória de trabalho
é referir-se àquela memória que permite gerenciar a realidade e determinar o contexto em que
diversos factos, acontecimentos ou outro tipo de informação ocorrem, se vale apena ou não
fazer uma nova memória disso ou se esse tipo de informação já consta dos arquivos; por sua
vez, memórias declarativas são aquelas que permitem registar factos, eventos ou conhecimentos,
porque pode-se afirmar que existem e pode-se relatar como foram adquiridos; e por fim, as
memórias procedurais ou memórias de procedimentos são as que estão relacionadas com
capacidades ou habilidades motoras e sensorias e o que comumente chama-se de hábito, são
que permitem qualquer indivíduo andar de bicicleta, nadar, saltar, soletrar.

Ora, fica claro que, para se ter um intelecto desenvolvido é preciso que se tenha uma
memória sã, e para isso é necessário que se evite o consumo de drogas que paulatinamente
reduzem a faculdade do adolescente reter informação e provocam-no problemas de saúde que
afectam o cérebro na região dos lobos frontais que são responsáveis pelo julgamento e
comportamento social, mas melhor antes de qualquer fundamento, entender-se um pouco sobre
as drogas.

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Doravante, droga será vista na perspectiva da organização mundial de saúde (OMS),
que é qualquer substância que, ingerida ou introduzida no organismo, interfere no seu
funcionamento, ou seja, são substâncias, sintéticas ou naturais, que introduzidas no organismo
de uma pessoa, provocam alterações nas suas funções; bem como pode se dizer que, “são
substâncias químicas que afectam o funcionamento normal do corpo em geral ou do cérebro” 1;
e a palavra droga é considerada como a de uma substância proibida, de uso ilegal e maléfica à
saúde de um indivíduo, modificando suas funções, sensações, humor e o comportamento. É de
origem holandesa “ droog” que significa folha seca, uma vez que, outrora quase que todos
medicamentos eram de origem vegetal, porém presentemente, existem drogas sintéticas, que
são as criadas em laboratórios. (ARCADIA NOVO, 2010,p.87).

Importa realçar que, nem todas drogas são ilícitas, a cafeína, encontrada no café, a
nicotina, no cigarro e o álcool por exemplo, são drogas tecnicamente lícitas; e os remédios
prescritos pelos médicos ou adquiridos nas farmácias são drogas lícitas que ajudam na
recuperação ou no combate à doenças. No entanto, não se pretende, neste ponto, falar de todos
tipos de drogas, muito menos de drogas ilícitas apenas, mas sim mencionar algumas drogas
lícitas e ilícitas susceptíveis de serem consumidas por adolescentes nas escolas, nomeadamente,
álcool, cannabis ou marijuana ou mesmo “suruma”, 2 Cocaína, crack ou pedra, ecstasy ou
pastilha, heroína ou mulher maravilha, e LSD ou papel, e por fim Metanfetamina ou tina.

Consequentemente, essas drogas quando consumidas, a curto e longo prazo, afectam o


sistema nervoso central, alterando as actividades psíquicas e o comportamento, e podem causar
problemas com a execução de tarefas físicas e intelectuais, como pensar logicamente, bem
como causar acidente vascular cerebral, hemorragia cerebral, insuficiência cardíaca, ataques
cardíacos, perda de memória, insónia; e para o caso particular do álcool, prejudica o sistema
nervoso central e periféricos, e a capacidade de julgamento.

Portanto, não restam dúvidas sobre o efeito colateral das drogas no cérebro, na
consciência, no intelecto, na memória de qualquer que seja o indivíduo e pior ainda quando se
trata de um adolescente cujo processo de evolução do cérebro não se consolidou ainda. Na
verdade, a partir deste ponto é possível fazer-se ideia dos prejuízos que um adolescente
estudante consumidor de drogas encarra no seu dia-a-dia, na escola. E mais do que claro, fica
a sua vulnerabilidade à doenças endógenas como a demência. E o que dizer do seu amanhã?

1 UNODC – United Nation Office for Drug Control and Crime Prevention. In: http://www.unodoc.org/drugs
2
Designação moçambicana à cannabis sativa.

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O que se pode esperar dele? Que contributo intelectual poderá esse adolescente dar ao seu país
amanhã? Que abnegação terá ao trabalho? Será capaz de empreender e inovar? Ou será um
simples consumidor? Que área profissional poderá abraçar? será medicina? Docência?
Engenharia civil? Engenharia informática? Engenharia mecânica? Engenharia química? Ou
talvez, poderá se encaixar nas ciências sociais, mas que área? Sociologia? Psicologia?
Antropologia? ciência política? Direito? Ciências da informação? Ou Marketing? Enfim,
enquanto se pensa nas respostas, melhor chegar-se a perceção da doença endógena a que um
adolescente consumidor de drogas é vulnerável – demência.

O que é isso? Como pode isso interferir na cognição, na memória, no intelecto de um


indivíduo, adolescente, um aluno? como poderá este mal prejudicar o seu futuro? com que idade
se pode ter esta doença?

Na verdade, afirma-se que demência trata-se de um “conjunto de sintomas que são


causados por distúrbios que afectam o cérebro, e por consequência, atinge o pensamento,
comportamento e a habilidade de executar tarefas do dia-a-dia, pois, o funcionamento do
cérebro é afectado de tal forma que interfere na vida social cotidiana e no trabalho do indivíduo;
sendo principalmente caracterizada por, inabilidade de executar tarefas cotidianas por causa da
redução da habilidade cognitiva; e nas funções cognitivas abrangidas podem incluir a memória,
linguagem, o entendimento de informações, noções de espaço, julgamento e atenção, por isso,
pessoas com demência podem ter dificuldade em resolver problemas e controlar suas emoções,
e podem também passar por mudança de personalidade.”3

Faz-se referência, que os sintomas exactos de uma pessoa com demência dependem das
áreas do cérebro que foram danificadas pela doença agente da demência, e esta patologia é
geralmente progressiva, que significa que, a doença se espalha gradualmente pelo cérebro e os
sintomas da pessoa pioram com o tempo e; tal como outras patologias, esta doença pode
acontecer com qualquer pessoa de qualquer idade, porém os riscos pioram com a idade. Mas,
aponta-se que, a maioria das pessoas que têm demência são mais velhas, mas salienta-se que a
maioria dos idosos não têm demência, não é uma fase normal do envelhecimento, mas é
resultado de doenças cerebrais, visto que, existem alguns tipos de demência que são hereditárias,
e outras que são causadas por alguns factores de saúde e estilo de vida tais como “doenças que
causam degeneração das células nervosas do cérebro, doenças que afectam os vasos sanguíneos,

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DEMENTIA AUSTRALIA. What is Dementia? : Dementia Australia, 2017. disponivel em: http://dementia.org.au

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o uso de substâncias tóxicas como álcool ou drogas, deficiências nutricionais, infecções, certos
tipos de hidrocefalia, traumas cerebrais, agudos ou crónicos, etc.,. E deixa-se bem claro que, há
mais de cinquenta causas conhecidas de demências, mas todas elas se desenvolvem quando
partes do cérebro que são responsáveis pelo aprendizado, memória ou linguagem são afectadas
por alguma doença ou pelo consumo de drogas.”4

“Tipos comuns de demência possíveis de ser diagnosticados nas pessoas são, Mal de
Alzheimer, Demência Vascular, Demência com corpo de Lewi e Demência frontotemporal.
contudo, como não se pretende aqui, fazer um estudo exaustivo sobre a demência, far-se-á à
descrição de um tipo de demência que vai de encontro aos problemas causados pelo consumo
de drogas, e desta maneira, vai-se descrever a Demência Frontotemporal, que envolve danos
progressivos causados nos lobos frontais e/ou temporais do cérebro. diz-se que os sintomas
começam quando a pessoa tem 50 ou 60 anos, mas esses sintomas podem ser apresentados por
indivíduos consumidores de drogas com idade inferior a essas.

Deste modo, identifica-se dois quadros principais da demência frontotemporal: frontal


– sintomas de mudança de comportamento e personalidade; e temporal - envolve deficiência
da linguagem, no entanto os dois podem ocorrer ao mesmo tempo. Como os lobos frontais do
cérebro controlam o julgamento e comportamento social, pessoas com demência
frontotemporal geralmente tem problemas para manter um comportamento social apropriado.
Elas podem ser rudes, descuidar-se de actividades diárias, serem compulsivas, repetitivas,
agressivas, demonstrar falta de inibição ou agir de maneira impulsiva.

E por fim, há dois tipos de variedade temporal e de linguagem da demência


frontotemporal. A demência semântica que envolve uma perda gradual do significado das
palavras, problemas para encontrar palavras e lembrar do nome de pessoas e dificuldades de
entender a língua. E, Afasia não fluente progressiva que é menos comum e afecta a habilidade
de falar fluentemente.”5

Posto isto, resta saber como uma biblioteca escolar vai evitar que adolescentes
enveredem nas drogas? Como uma biblioteca escolar vai conseguir controlar a vontade que um
adolescente tem de provar tudo que lhe aparece na vista? E geralmente, as drogas consumidas

4
http://www.abc.med.br/fmfiles/index.asp/:places:/abcmed/Demência-conceito,-causas,-fisiopatologia,-sintomas,-diagnostico,-tratamento,-
prevencao,-evolucao,-complicacoes
5
DEMENTIA AUSTRALIA. What is Dementia?: Dementia Australia, 2017. disponível em: http://dementia.org.au

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por adolescentes nas escolas são adquiridas fora do recinto escolar. Que mecanismos a
biblioteca vai adoptar para que qualquer adolescente aluno, diante das drogas, consiga dizer
não? Qual seria a vantagem de uma biblioteca escolar para Moçambique?

Em suma, como se viu anteriormente, um indivíduo consumidor de bebidas alcoólicas


e/ou drogas ilícitas, corre grandes riscos de contrair doenças que prejudicam à saúde,
principalmente à saúde psíquica que, directa ou indirectamente, e paulatinamente a curto e
longo prazo, põem em causa o funcionamento normal da memória, reduzindo a sua faculdade
de aquisição, desenvolvimento, conservação e evocação de informações; que em adolescentes
significa, enfrentar dificuldades relacionadas com a interpretação de textos, recordação de
assuntos estudados na sala de aulas, dificuldade de ter um raciocínio lógico de fenómenos ou
quaisquer situações que lhes aparecer no seu dia-a-dia; e falta de uma faculdade de
discernimento que os possibilite responder perguntas num teste ou exame escolar, bem como a
perceberem qual é a sua razão de ser e de estar na sociedade onde se encontram.

Porquanto, um adolescente com esse tipo de dificuldades, não estará em condições de


abraçar qualquer que seja área de formação profissional ou de especialização que exija grande
capacidade de reflexão, nem estará em condições de empreender, intraempreender, inovar, nem
tomar grandes decisões; resumir-se-á apenas, num indivíduo consumidor que vai nem sequer
dar importância ao trabalho quando for empregado.

No entanto, Moçambique deve ser vista na perspectiva macro de uma organização, cujo
desenvolvimento depende das habilidades intelectuais do seu capital humano, mas que para ter
um capital humano a altura de suas necessidades, precisa apostar no ensino primário e
secundário, porquanto são os níveis escolar fundamentais para a preparação de um indivíduo
para o mercado e para viver em sociedade, mas a aposta nesses ensinos não se deve limitar em
construir sala de aulas, distribuir livros gratuitamente e contratar professores apenas, deve se
pensar em incluir bibliotecas escolar também, em todas escolas primárias e secundárias de
Moçambique.

Por sua vez, a tarefa de educar e ensinar não deve recair somente ao professor, pais e
encarregados de educação, deve também responsabilizar-se a biblioteca escolar, que deve criar
mecanismos de inclusão informacional de todos adolescentes alunos nas escolas primárias e
secundárias.

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E por fim, para que se consiga distanciar um adolescente das experiências nocivas à sua
cognição, sua memória e ao seu intelecto, a biblioteca escolar deve criar programas de
conscientização sobre efeitos colaterais das drogas no organismo; criar mecanismos que
permitem que os alunos tenham acesso a informação não só a de apoio ao programa de ensino
escolar – livros das disciplinas de português, matemática, ciências, ofício, filosofia, história,
química, etc. – como também de lazer – estórias, conto, ficção etc., e criar programas de
incentivo a leitura e a arte precisamente música, poesia, teatro, pintura e empreendedorismo, a
fim de que a biblioteca escolar sirva de espaço privilegiado para desenvolver a aprendizagem e
as literacias e, permitir uma interação entre alunos e a comunidade onde a escola se encontra
inserida. Porque acima de tudo, quando uma indivíduo vai à escola é para que ele possa ter
habilidades de leitura, pesquisa, raciocínio lógico, imaginação e criatividade.

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conceito,-causas,-fisiopatologia,-sintomas,-diagnostico,-tratamento,-prevencao,-evolucao,-
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