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Anatomia dos Dentes Permanentes e Decíduos


da Teoria à Prática
Anatomia dos Dentes Permanentes e
Decíduos: da Teoria à Prática

1ª Edição

Selma Siessere
Luiz Gustavo de Sousa
Ligia Maria Napolitano Gonçalves
Fernando José Dias
Paulo Batista de Vasconcelos
Hermano Teixeira Machado
Chiarella Sforza
Gianluca Tartaglia
Marcelo Palinkas
Saulo Fabrin
Karina Fittipaldi Bombonato-Prado
Marisa Semprini
Simone Cecilio Hallak Regalo

Departamento de Biologia Básica e Oral da Faculdade de Odontologia de


Ribeirão Preto – FORP-USP

Ribeirão Preto
2020
Biografia dos Autores

Selma Siessere Graduada em Odontologia pela Universidade de São


Paulo (1991), Mestre e Doutora em Reabilitação Oral pela Universidade
de São Paulo (FORP/USP). Professora Associada 2 do Departamento de
Biologia Básica e Oral da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto
da Universidade de São Paulo (FORP/USP). Ribeirão Preto, Brasil.

Luiz Gustavo de Sousa Graduado em Ciências Biológicas pelo Centro


Universitário Barão de Mauá (1993). Especialista em Laboratório do
Departamento de Biologia Básica e Oral da Faculdade de Odontologia
de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FORP/USP). Ribeirão
Preto, Brasil.

Ligia Maria Napolitano Gonçalves Graduada em Odontologia pela


Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP - 1995), Mestre em
Odontopediatria (FORP/USP – 2012) e Doutora em Odontologia
Restauradora (FORP/USP - 2017). Pós-doutoranda do Departamento de
Biologia Básica e Oral da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto
da Universidade de São Paulo (FORP/USP). Ribeirão Preto, Brasil.

Fernando José Dias Graduado em Odontologia pela Universidade de


São Paulo (FORP/USP - 2006), Mestre em Biologia Oral pela
Universidade de São Paulo (FORP/USP - 2010) e Doutor em Ciências
Morfofuncionais pela Universidade de São Paulo (ICB/USP-2014).
Professor Associado do Departamento de Odontologia Integral Adultos
da Faculdade de Odontologia da Universidad de La Frontera (UFRO).
Temuco, Chile.
Paulo Batista de Vasconcelos Graduado em Ciências Biológicas pelo
Centro Universitário Barão de Mauá (1993). Especialista em
Laboratório do Departamento de Biologia Básica e Oral da Faculdade
de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
(FORP/USP). Ribeirão Preto, Brasil.

Hermano Teixeira Machado Trabalha como fotógrafo profissional


desde o ano de 1968, e no ano de 1982 foi contratado pela
Coordenadoria do Campus da USP em Ribeirão Preto, para atender
todas as unidades de ensino desse Campus, inclusive o Hospital das
Clínicas, na Seção de Documentação Científica. Em 1992 foi
transferido para a FORP-USP, local onde presta serviços de fotografia
e vídeo aos docentes dessa unidade.

Chiarella Sforza Graduada em Medicina - Università Degli Studi di


Milano (1986). Obteve seu Mestrado e Doutorado na Università degli
Studi di Milano (Itália –1986) e sua residência em Medicina do Esporte
pela mesma universidade (1989). Professora Titular de Anatomia
Humana no Departamento de Ciências Biomédicas da Saúde da
Università degli Studi di Milano, Itália.

Gianluca M. Tartaglia Graduado em Odontologia e Doutor em


Ciências Morfológicas pela Universidade de Milão (Itália – 1996).
Professor Adjunto em Odontologia no Departamento de Ciências
Biomédicas, Cirúrgicas e Odontológicas da Università degli Studi di
Milano, Itália.
Marcelo Palinkas Graduado em Odontologia pela Universidade de
Ribeirão Preto – UNAERP (1992), Mestrado em Biologia Oral
(FORP/USP), Doutorado em Odontologia Restauradora (FORP/USP).
Professor nível A da Faculdade Anhanguera de Ribeirão Preto e
Pesquisador Colaborador do Departamento de Biologia Básica e Oral
da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo (FORP/USP), Ribeirão Preto, Brasil.

Saulo Fabrin Graduado em Fisioterapia pelo Claretiano Centro


Universitário (2016), Mestre em Ciências pela Universidade de São
Paulo (FMRP/USP). Professor do Curso de Fisioterapia no Claretiano
Centro Universitário, Unifafibe e Especialização em Fisioterapia
Cardiorrespiratória da Unaerp. Doutorando do Departamento de
Biologia Básica e Oral da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto
da Universidade de São Paulo (FORP/USP). Batatais, Brasil.

Karina Fittipaldi Bombonato Prado Graduada em Odontologia pela


Universidade de São Paulo (1995), Mestre e Doutora em Reabilitação
Oral pela Universidade de São Paulo (FORP/USP). Professora
Associada 2 do Departamento de Biologia Básica e Oral da Faculdade
de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
(FORP/USP). Ribeirão Preto, Brasil.

Marisa Semprini Graduada em Odontologia pela Universidade


Júlio de Mesquita (1984), Mestre e Doutora em Reabilitação Oral
pela Universidade de São Paulo (FORP/USP). Professora Titular do
Departamento de Biologia Básica e Oral da Faculdade de
Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
(FORP/USP). Ribeirão Preto, Brasil.
Simone Cecilio Hallak Regalo Graduada em Odontologia pela
Universidade Estadual de Londrina (UEL - 1988), Mestre e Doutora
em Biologia e Patologia Buco-Dental (FOP/UNICAMP). Professora
Titular do Departamento de Biologia Básica e Oral da Faculdade de
Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
(FORP/USP). Ribeirão Preto, Brasil.

SIESSERE, Selma
Anatomia dos Dentes Permanentes e Decíduos: da Teoria à Prática
_____________________________________________________________
© Direitos reservados para os Autores - Ribeirão Preto, junho de 2020
Perse Portal de Publicação: www.perse.com.br

Projeto Gráfico: Equipe FORP/USP


Capa: Saulo Fabrin

Endereço dos Autores: Departamento de Biologia


Básica e Oral. Laboratório de Anatomia. Av.
Bandeirantes, 3900 - Monte Alegre Ribeirão Preto-SP,
Brasil.
E-mail: selmas@forp.usp.br

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Anatomia dos dentes permanentes e decíduos : da


teoria à prática / [organização] Selma
Siessere. – São Paulo : Perse, 2020.

Vários autores.
Bibliografia
ISBN 978-65-86045-58-1

1. Anatomia 2. Dentes. 3. Dentes – Cuidados dentários 4.


Dentes – Cuidados e higiene – Obras de divulgação 5. Dentes
decíduos – Anatomia 6. Odontologia I. Siessere, Selma.

20-38246
CDD-611.314
NLM-WU 101

Índices para catálogo sistemático:

1. Anatomia dentária : Ciências médicas 611.314


Maria Alice Ferreira - Bibliotecária – CRB-8/7964
Prefácio
Para o estudante de Odontologia a disciplina de Anatomia Dental é de
fundamental importância para o conhecimento das características
morfológicas do elemento dental e estruturas adjacentes. Devemos lembrar
que, para o estudo dos dentes, é importante observar as características
anatômicas gerais do grupo estudado e as características específicas de cada
dente, notando assim as semelhanças e diferenças entre eles. Isto facilita o
estudo da Anatomia Dental e consequentemente o reconhecimento ou a
identificação dos dentes.
Na prática, quanto maior o conhecimento da anatomia de cabeça e
pescoço maior será a habilidade do profissional quanto à utilização de
técnicas anestésicas, assim como no caso da Anatomia Dental, quanto mais
conhecimento se tem das características anatômicas dos dentes, maior será a
habilidade do profissional em devolver a função e estética do paciente. Assim,
na atividade clínica do cirurgião dentista, independente de sua especialidade,
este conhecimento faz-se necessário para realização de um bom diagnóstico
e tratamento de qualquer intervenção, desde a simples avulsão de um
elemento dental até a cirurgia para a colocação de implante ou ainda, de uma
simples restauração a uma reabilitação total da cavidade oral. Esses são
alguns dos argumentos que justificam a dedicação do aluno no estudo
morfológico destas estruturas.
Objetivando facilitar o reconhecimento e a diferenciação dos dentes,
bem como dos acidentes anatômicos, é que este livro foi elaborado. Este foi
redigido tendo por base os livros textos especializados na área, todos
referenciados ao final, mas de forma mais objetiva e com várias ilustrações
coloridas, tornando o estudo mais atraente para o estudante de Odontologia.
Agradecimentos

À Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de

São Paulo.

Agradecemos ao Fotógrafo Hermano Teixeira Machado por

fotografar todos os dentes que ilustraram esse livro.


Dedicatória

Dedicamos esse livro às nossas famílias, colegas e aos estudantes de

Odontologia.
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ....................................................................................... 13

1.1 TERMOS APLICADOS AO ESTUDO ANATÔMICO DOS DENTES............ 16


CAPÍTULO 2 - MORFOLOGIA DOS DENTES PERMANENTES ............................ 22

2.1 GENERALIDADES................................................................................................... 22
CAPÍTULO 3 - DENTES INCISIVOS PERMANENTES ............................................. 36

3.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS DENTES INCISIVOS ................................... 36


3.2 INCISIVO CENTRAL SUPERIOR ........................................................................... 44
3.3 INCISIVO LATERAL SUPERIOR ........................................................................... 51
3.4 INCISIVO CENTRAL INFERIOR ............................................................................ 56
3.5 INCISIVO LATERAL INFERIOR ............................................................................ 62
CAPÍTULO 4 - DENTES CANINOS PERMANENTES ............................................... 67

4.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS DENTES CANINOS..................................... 67


4.2 CANINO SUPERIOR ................................................................................................ 75
4.3 CANINO INFERIOR ................................................................................................. 79
CAPÍTULO 5 - DENTES PRÉ-MOLARES PERMANENTES .................................... 84

5.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS DENTES PRÉ-MOLARES........................... 84


5.2 PRIMEIRO PRÉ-MOLAR SUPERIOR ..................................................................... 91
5.3 SEGUNDO PRÉ-MOLAR SUPERIOR ..................................................................... 98
5.4 PRIMEIRO PRÉ-MOLAR INFERIOR.................................................................... 104
5.5 SEGUNDO PRÉ-MOLAR INFERIOR.................................................................... 109
CAPÍTULO 6 - DENTES MOLARES ........................................................................... 115

6.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS DENTES MOLARES PERMANENTES ... 115


6.2 MOLARES SUPERIORES – MORFOLOGIA GERAL.......................................... 116
6.3 PRIMEIRO MOLAR SUPERIOR ........................................................................... 123
6.4 SEGUNDO MOLAR SUPERIOR ........................................................................... 134
6.5. TERCEIRO MOLAR SUPERIOR .......................................................................... 140
6.6 MOLARES INFERIORES – MORFOLOGIA GERAL .......................................... 144
6.7 PRIMEIRO MOLAR INFERIOR ............................................................................ 150
6.8 SEGUNDO MOLAR INFERIOR ............................................................................ 159
6.9 TERCEIRO MOLAR INFERIOR ............................................................................ 163
CAPÍTULO 7 - DENTES DECÍDUOS .......................................................................... 168

7.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS DENTES DECÍDUOS ................................ 168


7.2 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS DENTES INCISIVOS DECÍDUOS............ 172
7.3 INCISIVO CENTRAL SUPERIOR DECÍDUO ...................................................... 177
7.4 INCISIVO LATERAL SUPERIOR DECÍDUO ...................................................... 184
7.5 INCISIVO CENTRAL INFERIOR DECÍDUO ....................................................... 187
7.6 INCISIVO LATERAL INFERIOR DECÍDUO ....................................................... 191
7.7 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS DENTES CANINOS DECÍDUOS.............. 194
7.8 CANINO SUPERIOR DECÍDUO ........................................................................... 198
7.9 CANINO INFERIOR DECÍDUO ............................................................................ 204
7.10 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS DENTES MOLARES DECÍDUOS .......... 209
7.11 PRIMEIRO MOLAR SUPERIOR DECÍDUO....................................................... 210
7.12 SEGUNDO MOLAR SUPERIOR DECÍDUO....................................................... 218
7.13 PRIMEIRO MOLAR INFERIOR DECÍDUO ....................................................... 219
7.14 SEGUNDO MOLAR INFERIOR DECÍDUO ....................................................... 227
CAPÍTULO 8 - CAVIDADE PULPAR .......................................................................... 230

8.1 GENERALIDADES................................................................................................. 230


8.2 CAVIDADES PULPARES DOS DENTES PERMANENTES ............................... 239
8.3 CAVIDADES PULPARES DOS DENTES DECÍDUOS ........................................ 248
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 250
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

Antes de iniciarmos o estudo dos dentes permanentes, devemos


definir o que significa dente e, além disso, dar algumas definições básicas
importantes para este estudo.
Os dentes são órgãos mineralizados, resistentes, esbranquiçados e
implantados em osso próprio, os ossos alveolares, anexados à maxila e à
mandíbula. Dispõem-se em duas fileiras harmônicas, superior e inferior,
formando as arcadas dentárias. Estas arcadas e os respectivos ossos suportes
separam a cavidade da boca em vestíbulo e cavidade da boca propriamente
dita.

Classificação por grupos de dentes


Dentição decídua:
• Incisivos
• Caninos
• Molares

Dentição permanente:
• Incisivos
• Caninos
• Pré-molares
• Molares

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Número de dentições
O Homem é difiodonte, ou seja, possui dois tipos de dentições, a
decídua e a permanente.
Número de dentes
Dentição decídua: 20 dentes e 3 grupos dentais (incisivos, caninos e
molares).
Dentição permanente - 32 dentes e 4 grupos dentais (incisivos,
caninos, pré-molares e molares).
Localização dos dentes
Os dentes são fixados nos alvéolos dos processos alveolares da
mandíbula no caso dos dentes inferiores, e da maxila nos dentes superiores
(Figuras 1.1 e 1.2). A articulação gonfose é um termo utilizado na anatomia
que significa a articulação específica entre os dentes e seus respectivos
alvéolos dentais.
Figura 1.1: Corte longitudinal dos dentes implantados em mandíbula
macerada.

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Figura 1.2: Corte transversal do processo alveolar em maxila
macerada.

Função dos dentes


As funções dos dentes são: apreensão, mastigação, proteção,
sustentação de tecidos moles, articulação das palavras e estética.
Notação dental
A notação dental é um sistema de código ou numeração para os dentes.
Para o registro dos dentes utilizamos o sistema de dois dígitos proposto pela
Federação Dentária Internacional (FDI). Este sistema consiste em linhas
gerais em numerar os dentes permanentes e decíduos, com dois algarismos
arábicos, os quais representam cada elemento de uma hemiarcada. Os dentes
permanentes correspondem às dezenas de 11 a 18 e de 21 a 28, para os dentes
superiores; de 31 a 38, e de 41 a 48, para os dentes inferiores. Os números
dispõem-se em forma de fração, correspondendo os numeradores aos dentes
superiores e os denominadores aos dentes inferiores (Figura 1.3).

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Figura 1.3: Notação dental por dois dígitos da dentição permanente.

Para os dentes decíduos, as dezenas iniciam-se em 51 e terminam em


85, assim distribuídos em cada hemiarcada (Figura 1.4):
Figura 1.4: Notação dental por dois dígitos da dentição decídua.

1.1 TERMOS APLICADOS AO ESTUDO ANATÔMICO DOS DENTES


Os termos aplicados ao estudo dos dentes, da mesma forma que os
acidentes anatômicos, permitem identificar e descrever o elemento dental e
também podem ser classificados em elevações ou depressões.
Cúspides: são elevações, que de forma geral, apresentam volume
variado e quanto mais próximas do plano medial mais volumosas serão. As
cúspides são denominadas de acordo com a relação que apresentam com as
faces proximais (mesias e distais) e livres (vestibulares e linguais ou
palatinas) (Figura 1.5).

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Figura 1.5: Cúspides mésio-palatina (MP); mésio-vestibular (MV); disto-
vestibular (DV) e disto palatina (DP) do primeiro molar superior
permanente.

Do ponto de vista geométrico as cúspides são comparáveis a uma


pirâmide de base quadrangular apresentando uma base voltada para cervical,
um ápice voltado para oclusal, quatro facetas ou vertentes (planos inclinados),
sendo duas voltadas para a face oclusal que fazem parte desta face
denominadas facetas ou vertentes triturantes ou oclusais e duas voltadas para
as faces livres das coroas e denominadas facetas livres ou lisas, localizando-
se no lado lingual/palatino ou vestibular. Em uma mesma cúspide, as facetas
triturantes são separadas das facetas livres pelas arestas transversais, de
direção mésio-distal, e as facetas livres e triturantes mesiais são separadas das

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suas homônimas distais pelas arestas axiais, de direção vestíbulo-lingual
(Figura 1.6).
Figura 1.6: Representação das facetas triturantes (T) e livres ou lisas (L),
arestas transversais (em preto) e axiais (em vermelho) da cúspide mésio-
vestibular do primeiro molar superior permanente.

Sulcos: São depressões lineares mais ou menos pronunciadas,


existentes nas faces das coroas dentais resultantes da fusão das cúspides ou
ainda como pequenas ranhuras nas facetas oclusais das cúspides. Dividem-se
em:
• Sulcos Principais: Se originam a partir da fusão de lóbulos ou
cúspides. São vestígios deixados por essas fusões. São de
comprimentos variáveis, apresentam-se de forma curvilínea ou
retilínea. Originam-se de uma fosseta principal e se dirigem a outra
fosseta principal ou secundária, pode ainda continuar-se pelas faces
livres.

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• Sulcos Secundários ou Acessórios: São depressões menos marcadas,
que partem das fossetas secundárias para delimitar bordas marginais
ou lóbulos. São de número variado e não apresentam denominações
específicas. Os sulcos encontrados na face oclusal podem continuar
pelas faces livres de todos os molares. Nas faces linguais dos
incisivos e caninos superiores se encontram sulcos que separam o
lóbulo e as cristas marginais da depressão lingual.

Fóssulas ou Fossetas: São depressões circunscritas à pequenas


regiões, situadas nos cruzamentos ou términos de sulcos principais.
Aparecem com maior frequência nas faces oclusais dos dentes posteriores e
faces vestibulares dos molares superiores. São denominadas de acordo com
as suas localizações em: fossetas ou fóssulas em forma de losango ou
triângulo mesial, distal, etc.
Fissuras ou Cicatrículas: Entende-se por fissuras, as depressões do
esmalte, existentes no fundo dos sulcos. Nesse caso, não há presença de
esmalte em sua parte profunda. Essa falha do esmalte é determinada pela falta
de coalescência dos prismas, nos locais de união dos lóbulos e cúspides.
Nesses locais a dentina fica exposta aos fluídos bucais e consequentemente,
facilmente acometida pelos processos cariosos.
Cristas Marginais: São elevações de secção triangular ou cilindroide,
que aparecem nas faces oclusais dos pré-molares e molares e faces linguais
dos incisivos e caninos. Nos dentes anteriores e posteriores as cristas
marginais se apresentam em número de duas e denominam-se cristas
marginais mesial e distal. Nada mais são que a união das arestas transversais
de cúspides opostas, constituindo um anel de esmalte que dá grande
resistência às faces oclusais ou às faces lingual/palatina.

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Ponte de Esmalte: São saliências de esmalte de secção transversal
triangular, resultantes da união de arestas longitudinais ou axiais de cúspides
opostas, V e L. Essas cristas chegam a interromper o sulco principal e
aparecem com maior frequência na face oclusal do 1° Molar Superior e face
oclusal do 1° Pré-molar Inferior.
Tubérculos: São saliências de esmalte que apresentam as mais
diversas localizações. Eles diferem das cúspides, por não possuírem formas
nem localizações constantes, ou seja, podem aparecer em qualquer face das
coroas dentais, ao contrário das cúspides que têm formas piramidais e se
localizam nas faces oclusais dos dentes posteriores. Estes tubérculos são
comuns nas cúspides mésio-palatinas dos primeiros molares superiores
permanentes e no terço cervical das faces vestibulares dos primeiros molares
inferiores decíduos.
Fossas: são depressões amplas, de profundidade variável, existentes
nas faces linguais dos incisivos, sendo estas delimitadas pelas cristas
marginais e cíngulo.
Cíngulos: São saliências do esmalte encontradas nos terços cervicais
das faces palatinas ou linguais dos dentes anteriores (incisivos e caninos).
Esses acidentes anatômicos representam cúspides em involução ou atrofia.
Os cíngulos podem aparecer divididos em duas ou três partes, por pequenos
sulcos secundários.
Periquimáceas: São pequenas ondulações horizontais localizadas nos
terços cervicais das faces vestibulares dos dentes anteriores. Ocorrem devido
às estrias de Retzius durante a formação do esmalte. São importantes na
refração da luz que incide sobre as coroas. Nos trabalhos artificiais essas
periquimáceas dão naturalidade aos trabalhos protéticos, principalmente.

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Ameias: São espaços em forma de pirâmides, localizadas entre dentes
do mesmo arco, visíveis por oclusal ou incisal. Estes espaços piramidais terão
suas bases voltadas para vestibular ou lingual, dependendo da ameia
considerada.
Espaços Interdentais: Denominam-se espaços interdentais, as áreas
situadas entre as faces proximais de dois dentes adjacentes, quando analisadas
no sentido cérvico-incisal ou cérvico-oclusal. Estes espaços têm forma
piramidal, de base cervical e em condições normais da cavidade oral acham-
se preenchidos pelas papilas gengivais.
Ponto de Contato: é o local onde as faces proximais de dois dentes
adjacentes de mesmo arco se tocam quando analisados no sentido (vertical).
Esses pontos se localizam nos ápices das pirâmides que representam o espaço
interdental. Com a mastigação e consequentemente abrasão das bordas
incisais e faces oclusais esses pontos sofrem pequenos desgastes,
transformando-se em pequenas áreas ou facetas de contato, com aspectos
ovoides. Essas pequenas áreas de contato têm fundamental importância na
manutenção da saúde gengival, protegendo as papilas do impacto dos
alimentos, além de manterem os dentes em equilíbrio nos arcos dentais.
Forame Cego: orifício com fundo cego, resultante do prolongamento
da porção superior da fossa palatina sob o cíngulo.
Bossa ou Tuberosidade: áreas elevadas com maior espessura de
esmalte localizadas no terço cervical das faces vestibulares e no terço
oclusal/incisal das faces proximais.

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CAPÍTULO 2 - MORFOLOGIA DOS DENTES PERMANENTES

2.1 GENERALIDADES
Do ponto de vista anatômico e descritivo, o dente é formado por três
porções distintas: a coroa, o colo, e a raiz ou raízes (Figura 2.1).

Figura 2.1: Porções de um dente.

Coroa
A coroa é a porção visível do dente quando implantado no alvéolo. A
sua superfície é lisa, polida e brilhante, propriedades advindas do esmalte
dental que, além do mais, lhe confere grande resistência.

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Esquematicamente, uma coroa qualquer pode ser comparada a um
cubo (Figura 2.2). Semelhante configuração francamente admissível para os
dentes molares, não deixa de ser verdadeira para os caninos e incisivos. A
disposição cuneiforme das coroas destes dentes invalidaria toda e qualquer
semelhança com as coroas cúbicas, se não se admitisse a atrofia do segmento
posterior ou lingual dos mesmos, representado apenas por um simples
tubérculo.
Figura 2.2: Conformação cuboide dos molares.

Os dentes, como todos os órgãos pares, são assimétricos. A assimetria


atinge não só o conjunto do dente, mas também todos os seus detalhes,
particularidades estas que permitem diferenciar com certeza, o lado a que

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pertence um dente, mas complicam infinitamente o estudo de sua morfologia.
Os dentes são formas biológicas e como tal exibem somente superfícies
curvas mais ou menos acentuadas, sendo impossível precisar os limites de
uma determinada face (faces: paredes da coroa dentária que se orientam de
maneira diferente; também recebem os nomes de faces os lados das raízes
dentárias); não se pode representar uma face qualquer, sem ao mesmo tempo
visualizarmos uma porção maior ou menor das faces vizinhas. Porém, a fim
de facilitar o estudo dos dentes, estes são descritos face por face, como se
estas fossem planas e se reunissem por arestas e ângulos vivos.
A comparação da coroa dental a um cubo permite definir nesta a
presença de seis faces, oito ângulos triedros (ângulo: união de duas ou três
superfícies dentárias), doze ângulos diedros (arestas ou margens – dispostas
entre duas faces contíguas).
São faces da coroa: vestibular, lingual, mesial, distal, oclusal/incisal e
cervical.
• Face vestibular: todos os dentes, anteriores ou posteriores, superiores
ou inferiores, têm uma superfície voltada sempre para o vestíbulo da
boca. Abreviadamente é designada pela letra V (Figura 2.3).
Figura 2.3: Face vestibular do incisivo central superior.

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• Face lingual/palatina: é a face oposta à face vestibular. Está sempre
voltada para a cavidade da boca propriamente dita. Para melhor
acentuar as relações desta face com as estruturas vizinhas, a maioria
dos autores utiliza os seguintes termos: face palatina para os dentes
superiores e face lingual para os dentes inferiores. Estas se abreviam
com as letras P e L respectivamente (Figuras 2.4 e 2.5).
Figura 2.4: Face palatina do incisivo central superior.

Figura 2.5: Face lingual do incisivo central inferior.

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• Faces proximais: corresponde ao conceito de faces que estão próximas
ou em contato na mesma arcada. As faces proximais são duas: mesial
e distal. A face mesial é a superfície de qualquer dente voltada para o
plano sagital mediano da face, que passa entre os incisivos centrais.
Este plano divide as arcadas dentárias em dois segmentos, direito e
esquerdo. Abrevia-se a face mesial com a letra M (Figura 2.6). A face
distal é a face que se opõe à face mesial, pois está mais distante do
plano mediano. Difere da mesial por ser mais convexa. Nesta relação
entre faces de contato mesial e distal temos como exceção os incisivos
centrais que mantêm contato entre si somente pelas faces mesiais, lado
a lado da linha sagital mediana, e os terceiros molares, cujas faces
distais são livres. Abrevia-se com a letra D (Figura 2.7).

Figura 2.6: Face mesial do incisivo central superior.

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Figura 2.7: Face distal do incisivo central superior.

• Face oclusal/incisal: é a que mantém relações diretas com as faces


semelhantes do arco oposto. As faces oclusais, as mais complexas de
todas, têm como correspondentes nos dentes anteriores, as margens
cortantes dos incisivos e caninos. Nestes dentes, a terminologia mais
condizente com suas funções é margem incisal. Abrevia-se face
oclusal com a letra O e incisal com a letra I (Figura 2.8).

Figura 2.8: Face distal do incisivo central superior.

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• Face cervical: é a que se opõe à face oclusal. É uma face virtual,
representada por um plano de secção passando pelo colo (zona
limítrofe entre a coroa e a raiz) do dente. Abrevia-se com a letra C
(Figura 2.9).

Figura 2.9: Face cervical do canino superior.

As faces mesial, distal, vestibular e lingual, apesar de diferentes nas várias


categorias de dentes, variam apenas pelas dimensões relativas dos elementos
que a constituem, e por alguns detalhes morfológicos. No entanto, quando
comparamos as coroas dos incisivos e caninos com as dos pré-molares
observa-se que elas são diferentes, particularmente por suas faces oclusais.
Esta face da coroa adaptada a um papel mecânico particular, modifica-se
consideravelmente na sua configuração. São, por isso, as faces oclusais, as
que sofrem as modificações mais profundas.
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Direção das faces das coroas
A direção das faces das coroas obedece a um plano geral de construção
geométrica que é a mesma em todos os dentes.
No sentido vertical as faces livres, vestibular ou palatina/ lingual
convergem em direção à margem incisal ou face oclusal (Figura 2.10).

Figura 2.10: Faces livres com convergência para a face oclusal.

No sentido horizontal ambas as faces livres, vestibular ou palatina/


lingual convergem em direção distal (Figura 2.11).

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Figura 2.11: Faces livres com convergência para a face distal.

No sentido vertical, as faces proximais (mesial e distal) convergem


em direção cervical. O maior diâmetro mésio-distal está no terço incisal ou
oclusal (ponto de contato) (Figura 2.12).

Figura 2.12: Faces proximais com convergência para a região cervical.

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No sentido horizontal: as faces de contato, mesial e distal convergem
para lingual/palatina (Figura 2.13).

Figura 2.13: Faces proximais com convergência para a face palatina.

Divisão das faces da coroa em terços


Qualquer das faces livres da coroa (vestibular e lingual) pode ser
dividida em terços, não só no sentido da altura (cérvico-oclusal) como
também no sentido da largura (mésio-distal). Deste modo, as faces vestibular
e lingual, no sentido vertical, apresentam os seguintes terços: terço oclusal
(incisal para os incisivos), terço mediano (ou inter-cérvico-oclusal) e terço
cervical (ou gengival). No sentido mésio-distal, isto é, na largura, estas faces
podem ainda ser divididas em terço mesial, terço inter-mésio-distal e terço
distal (Figura 2.14).

31
Figura 2.14: Divisão em terços da face vestibular.

As faces proximais (mesial e distal) recebem a mesma denominação


estabelecida para a face vestibular ou lingual e podem ser divididas na altura
em terço oclusal, terço mediano e terço cervical. No sentido da largura, isto
é, no sentido vestíbulo-lingual/palatino em terço vestibular, terço vestíbulo-
lingual/palatino e terço lingual/palatino (Figura 2.15).

32
Figura 2.15: Divisão em terços da face proximal.

As faces oclusais de pré-molares e molares podem ser divididas no


sentido mésio-distal em terço mesial, terço inter-mésio-distal e terço distal, e
no sentido vestíbulo-lingual/palatino em terço vestibular, terço inter-
vestíbulo-lingual/palatino e terço lingual/palatino (Figura 2.16).

33
Figura 2.16: Divisão em terços da face oclusal.

Colo
Como já citado anteriormente, o colo é a zona limítrofe entre a coroa
e a raiz. É uma linha convencional, onde tomam contato a substância própria
da coroa e da raiz. A linha de colo é uma linha sinuosa, de aspecto variável,
segundo o dente considerado. É muito acidentada nos incisivos, atenua-se
ligeiramente, a partir dos caninos, para tornar-se quase retilínea nos molares.

34
Raiz
Fixa o dente no seu osso alveolar. Sua conformação geralmente é
cônica, possui cor amarelada, sem brilho e encontra-se alojada em cavidade
própria no interior do osso. A raiz é mais longa que a coroa e sofre maior
número de variações morfológicas. A raiz nem sempre é única. De acordo
com o tipo de dente, ela pode ser dupla ou tripla, como acontece com os dentes
situados mais posteriormente nas arcadas dentárias. Também pode ser
dividida em terços: terço cervical ou basal (porção radicular correspondente
ao colo), terço médio (representado pelo corpo, ou seja, porção intermediária
entre a base e o vértice) e terço apical (é a porção do vértice ou ápice, ou seja,
extremidade da raiz) (Figura 2.17).
No ápice ou na sua proximidade há um orifício principal, o forame
apical, por onde passam vasos e nervos pulpares. Outros orifícios menores
também situados no terço apical da raiz são denominados de forames
acessórios. Nestes também passam vasos e nervos.

Figura 2.17: Divisão em terços da raiz.

35
CAPÍTULO 3 - DENTES INCISIVOS PERMANENTES

3.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS DENTES INCISIVOS


Os dentes incisivos estão situados na parte mediana dos arcos dentais.
Esta denominação deriva da palavra latina incidere que significa cortar, e que
bem caracteriza a função exercida por estes dentes. Além de cortar os
alimentos como duas lâminas de tesoura, os incisivos também têm por função
possibilitar a fala (pronúncia das consoantes dentais), ajudar no apoio dos
lábios mantendo uma aparência estética e ajudar a guiar a mandíbula
posteriormente durante a fase final de oclusão, imediatamente antes do
contato dos dentes posteriores.
Os incisivos são dentes simples e unirradiculares, em número de oito,
sendo quatro superiores (dois incisivos centrais e dois incisivos laterais) e
quatro inferiores (dois incisivos centrais e dois incisivos laterais). Geralmente
os incisivos centrais superiores possuem tamanhos maiores que os incisivos
laterais superiores e nos incisivos inferiores o inverso acontece, os incisivos
laterais inferiores são maiores que os incisivos centrais inferiores.
A forma geral da coroa dos incisivos é de uma cunha ou prisma
quadrangular, adaptada para a especial função de cortar os alimentos (Figura
3.1). A coroa apresenta seis faces. Cada uma destas faces é delimitada por
margens mais ou menos salientes, recebendo a mesma denominação das faces
que lhe estão mais próximas. O encontro de duas margens forma um ângulo
diedro, mais ou menos arredondado, segundo o dente em questão.

36
Figura 3.1: Vista mesial da coroa do Incisivo Superior.

A face vestibular é trapezoidal, com eixo vertical ligeiramente maior


que o transversal, de lados e ângulos arredondados e alarga-se perto da
margem incisal. É convexa tanto no sentido vertical como no sentido
transversal. Nesta encontramos sulcos de desenvolvimento que separam
lóbulos mais ou menos desenvolvidos. É limitada por quatro margens mais
ou menos arredondadas e mais ou menos nítidas: a margem cervical,
curvilínea, de convexidade voltada para a raiz; a margem oclusal retilínea ou
ondulada (denticulada), margens mesial e distal retilíneas, divergentes para a
margem incisal e mais ou menos arredondadas, continuam-se sem limites
precisos com as faces mesial e distal. No encontro das várias margens
formam-se ângulos diedros e triedros, sempre arredondados, dos quais o
ângulo distal e o mesial são os mais característicos (Figura 3.2).

37
Figura 3.2: Face vestibular do Incisivo Superior.

A face lingual/palatina é geralmente menor que a vestibular,


irregularmente quadrilátera ou trapezoidal e alargada junto à margem incisal.
É mais ou menos escavada e esta escavação seguida ou não de um
prolongamento em um fundo cego constitui respectivamente, a fossa lingual
e o forame cego. A fossa palatina/lingual é limitada do lado cervical e dos
lados proximais, por margens mais ou menos nítidas e é aberta ao nível da
margem incisal do dente onde ela se alarga (Figuras 3.3 e 3.4).
A face lingual/palatina é limitada por três pilares de reforço: as cristas
marginais mesial e distal que se unem ao nível da margem cervical a um
terceiro pilar, no ponto correspondente ao atrofiado lobo lingual, onde
formam o cíngulo, que é uma saliência um tanto acentuada na face
lingual/palatina dos dentes anteriores. O cíngulo pode apresentar-se sulcado
e dividido em duas metades ou com uma ou mais saliências que se prolongam
em toda a face lingual/palatina.

38
Também é limitada por quatro margens como a face vestibular
(Figuras 3.3 e 3.4).
Figura 3.3: Face palatina do Incisivo Superior.

39
Figura 3.4: Face lingual do Incisivo Superior.

As faces proximais são triangulares e mais ou menos convexas nos


sentidos longitudinal e transversal. As margens que as delimitam são
arredondadas e continuam-se com as faces vizinhas. Os ângulos são agudos e
arredondados. A margem cervical é em forma de V, de ápice voltado para a
margem incisal e sua angulação é um pouco maior que noventa graus (Figura
3.5).

40
Figura 3.5: Face mesial do Incisivo Superior.

A margem incisal é cortante nos dentes jovens ou com pouco desgaste.


Quando desgastada esta margem transforma-se em uma verdadeira face. Nos
primeiros anos de vida é provida de três pequenos tubérculos denominados
dentículos e estes são separados por dois sulcos (Figura 3.6). Com o tempo
de uso, os dentículos se desgastam e a margem incisal, de sinuosa e ondulada,
transforma-se numa pequena faceta plana.

Figura 3.6: Margem incisal do Incisivo Superior.

41
O colo dos dentes incisivos é representado por uma linha sinuosa
irregular que ao nível das faces vestibular e lingual, é semicircular, de
convexidade voltada para a raiz. Nas faces proximais, o colo configura um V
de abertura angular voltada para a raiz. A reunião destas várias porções forma
uma linha contínua denominada linha de colo (Figuras 3.7 a 3.10).

Figura 3.7: Face vestibular do Incisivo Superior.

Figura 3.8: Face palatina do Incisivo Superior.

42
Figura 3.9: Face mesial do Incisivo Superior.

Figura 3.10: Face distal do Incisivo Superior.

Os dentes incisivos são unirradiculares e raramente podem apresentar


duas raízes. As raízes apresentam geralmente uma forma cônica,
frequentemente achatadas no sentido mésio-distal, podendo conter sulcos,
mais ou menos profundos, indícios de sua divisão. O ápice (extremidade da
raiz) é quase sempre arredondado e inclina-se para o lado distal (Figura 3.11).

43
Na extremidade da raiz encontra-se um orifício principal, denominado forame
apical.
Figura 3.11: Vista vestibular da raiz do Incisivo Superior.

3.2 INCISIVO CENTRAL SUPERIOR


Coroa
É o mais característico e o maior do grupo dos incisivos, com coroa
volumosa. São em número de dois e estão dispostos lado a lado da linha
mediana.
Na cavidade da boca, quando observado no sentido vestíbulo-palatino,
a coroa deste dente mostra-se quase verticalmente disposta. Tem como os
demais, um aspecto cuneiforme quando observado por uma de suas faces
proximais (Figura 3.12).

44
Numa oclusão normal o incisivo central superior relaciona-se com o
incisivo central inferior e a metade mesial do incisivo lateral inferior.

Figura 3.12: Vista mesial do Incisivo Central Superior Direito (11).

Face Vestibular
É alargada, apresenta a forma de um trapézio onde o maior lado é
incisal e o menor lado é cervical. Esta face apresenta pouca desproporção
entre largura e altura. A face vestibular é convexa tanto no sentido vertical
como no sentido transversal, porém a convexidade é sempre mais acentuada
no sentido transversal. Esta convexidade não é uniforme, pois no sentido
longitudinal alcança o seu máximo junto ao terço cervical, determinando o

45
aparecimento de uma bossa vestibular. A convexidade diminui
progressivamente à medida que se aproxima da margem incisal, até tornar-se
plana. Disto resulta que a metade ou os dois terços incisais da face vestibular
mostram-se, muitas vezes, completamente planos (Figura 3.13).

Figura 3.13: Face vestibular do Incisivo Central Superior Direito (11).

Nos dentes recém-irrompidos observamos sulcos longitudinais,


denominados sulcos de desenvolvimento, que dividem a coroa em três
segmentos desiguais ou lóbulos denominados lóbulo mesial (maior volume),
lóbulo mediano (menor volume) e lóbulo distal (volume médio). Os sulcos e
lóbulos são mais bem visualizados na metade inferior da coroa,
desaparecendo à medida que se aproximam da margem cervical.
Quatro margens limitam a face vestibular: a margem cervical, bastante
curvilínea, cuja convexidade está voltada para a raiz; a margem distal oblíqua

46
e convergente para a raiz, mais inclinada e menor que a margem mesial;
margem mesial, igualmente oblíqua para a raiz, porém bem menos inclinada
que a margem distal; a margem incisal, mais ou menos retilínea nos dentes
jovens e que vai se tornando inclinada para o lado distal à medida que o dente
continua a sofrer a ação do desgaste. Estas margens continuam-se entre si
formando ângulos arredondados. O ângulo distal formado pelo encontro da
margem incisal com a distal é arredondado enquanto o mesial formado pelo
encontro da margem incisal com a mesial é mais aguçado, quase em ângulo
reto (Figura 3.14).

Figura 3.14: Face vestibular do Incisivo Central Superior Direito (11).

Face Palatina
Também pode ser inscrita num trapézio cujo lado maior é o incisal.
Apresenta-se bastante escavada nos 2/3 inferiores de sua extensão,
constituindo a fossa palatina. A fossa palatina é limitada superiormente pelo
cíngulo e lateralmente por duas cristas marginais discretas. O cíngulo pode
47
adotar diversos aspectos, indo desde a forma sulcada até os bipartidos ou
tripartidos que se prolongam na fossa palatina. As cristas marginais são largas
ao nível do cíngulo e vão se tornando estreitas à medida que se aproximam
da margem incisal. Em alguns casos, aparece o forame cego. Nesta face
também encontramos quatro margens e quatro ângulos (Figura 3.15).

Figura 3.15: Face palatina do Incisivo Central Superior Direito (11).

Face Mesial
Pode ser inscrita num triângulo de base cervical e ápice incisal.
Apresenta maior convexidade no terço incisal do dente, sendo que nos dois
terços restantes apresentam-se quase planas. É maior e mais plana que a face
distal (Figura 3.16).

48
Figura 3.16: Face mesial do Incisivo Central Superior Direito (11).

Três margens limitam esta face: margem vestibular, convexa no terço


cervical, plana e vertical no restante de sua extensão; a margem palatina,
côncavo-convexa, com a concavidade ocupando os dois terços incisais da
margem; a margem cervical é curvilínea e de concavidade voltada para a raiz
(Figura 3.17).

Figura 3.17: Face mesial do Incisivo Central Superior Direito (11).

49
Face Distal
A face distal repete a mesma configuração da precedente, porém é
menor e mais convexa em todos os sentidos.
Margem Incisal
Nos dentes jovens a margem incisal é provida de três dentículos e estes
são separados por dois sulcos. Com o tempo de uso, os dentículos se
desgastam e a margem incisal, de sinuosa e ondulada, transforma-se numa
pequena faceta plana e inclinada para distal.
Colo
É sinuoso e irregular. Semicircular de convexidade voltada para a raiz
nas faces vestibular e palatina. Apresenta-se conformado em V, de ápice
arredondado, nas faces proximais.
Raiz
A raiz é cônica, volumosa, relativamente curta, com um certo grau de
achatamento mésio-distal, apresentando aspecto triangular quando vista em
corte. Suas faces são em número de três: a face vestibular, convexa nos dois
sentidos; as faces mésio-palatina e disto-palatina, aproximadamente planas e
convergentes para o lado palatino. A raiz no sentido mésio-distal, na sua
grande maioria, inclina-se discretamente para o lado distal, enquanto no
sentido vestíbulo-palatino, inclina-se fortemente para o lado palatino (Figura
3.18).

50
Figura 3.18: Vista vestibular da raiz do Incisivo Central Superior Direito
(11).

3.3 INCISIVO LATERAL SUPERIOR


Coroa
São em número de dois e estão localizados do lado distal dos centrais e
mesial dos caninos. Na cavidade da boca, a face vestibular da coroa mostra-se menos
verticalizada quando comparada com o incisivo central. A coroa pode exibir aspectos
morfológicos diversos, porém as formas típicas apresentam coroa cuneiforme, com
uma tendência na sua extremidade distal de apresentar uma conformação de lança à
semelhança do canino (Figura 3.19).

51
Figura 3.19: Vista vestibular do Incisivo Lateral Superior Esquerdo (22).

Face Vestibular
Apresenta a forma de um trapézio cujo ângulo distal é bem mais arredondado
que o incisivo central. Os sulcos são mais rasos e os lóbulos menos proeminentes
quando comparados ao incisivo central. A convexidade geral da face é mais
acentuada que nos incisivos centrais devido às suas dimensões mais reduzidas
(Figura 3.20).
Figura 3.20: Face vestibular do Incisivo Lateral Superior Direito
(12).

52
Das margens que delimitam esta face, a cervical é a mais convexa por
apresentar um raio de curvatura menor; a incisal é bastante inclinada para cima e
para o lado distal, apresentando-se com dois segmentos: um mesial, pouco inclinado,
e um distal bem mais inclinado, dando a esta metade do dente o seu aspecto
tipicamente caniniforme. A margem distal é bastante inclinada e menor, enquanto a
mesial tende mais para vertical, ou seja, sua inclinação é discreta.
O ângulo mesial desta face é agudo, ligeiramente arredondado, diferindo do
ângulo mesial do incisivo central que é sempre mais vivo. O ângulo distal é muito
arredondado e obtuso (Figura 3.21).

Figura 3.21: Face vestibular do Incisivo Lateral Superior Direito (12).

53
Face Palatina
É acentuadamente côncava e muito irregular devido sua dimensão ser menor
que a face lingual do incisivo central. A fossa lingual é bastante profunda, bem
limitada pelas cristas marginais e pelo cíngulo proeminente. O cíngulo é de
conformação bastante variável como descrito para o incisivo central. O forame cego
é mais frequente que no incisivo central (Figura 3.22).
Figura 3.22: Face palatina do Incisivo Lateral Superior Direito (12).

Face Mesial
Apresenta forma triangular com lado e ângulos arredondados. A face mesial
é maior e menos inclinada que a distal, discretamente convexa em toda a sua
extensão, exceto junto ao colo, onde pode apresentar ligeira escavação (Figura 3.23).

54
Figura 3.23: Face mesial do Incisivo Lateral Superior Direito (12).

Face Distal
É semelhante à face mesial, porém é menor e mais convexa.
Margem Incisal
É muito reduzida nos dentes sem desgaste, configurando uma
verdadeira margem. Pode assemelhar-se à margem incisal do incisivo central.
Mas em outros dentes se parece com a do dente canino, devido à grande
inclinação do segmento distal desta margem. Quando isto acontece, notam-se
dois segmentos bem distintos: um mesial, quase horizontal, e um distal,
bastante inclinado, existindo entre ambos um ângulo arredondado.
Colo
É semelhante ao incisivo central, porém, com raios de curvaturas
menores, e com um maior achatamento no sentido mésio-distal.

55
Raiz
A raiz é relativamente mais longa que a do incisivo central superior,
porém, mais delgada e frequentemente achatada no sentido mésio-distal. Este
fato é bem evidenciado por meio do corte feito na parte média da raiz, que
assim assume a forma ovalar. Possui as faces mesial e distal que são
ligeiramente convexas e que apresentam sulcos laterais com maior frequência
que o incisivo central. O desvio distal do ápice radicular evidencia-se mais
neste dente. Algumas vezes, verifica-se o desvio disto-palatino da raiz (Figura
3.24).
Figura 3.24: Vista vestibular da raiz do Incisivo Lateral Superior Direito
(12).

3.4 INCISIVO CENTRAL INFERIOR


Coroa
São em número de dois e estão dispostos lado a lado da linha mediana,
correspondem aos incisivos centrais superiores, com os quais ocluem
inteiramente. Este é o menor dente humano, sendo bem mais simples e mais
simétrico que o seu homólogo do arco superior. A sua coroa é bastante

56
achatada no sentido vestíbulo-lingual e apresenta a forma de cinzel ou de
cunha.
Na cavidade da boca, quando observado no sentido vestíbulo-lingual,
a face vestibular da coroa deste dente é acentuadamente inclinada para o lado
lingual.
Face Vestibular
Apresenta a forma de um trapézio alongado de grande base incisal ou
de um triângulo isósceles. É ligeiramente convexa no sentido vestíbulo-
lingual e mésio-distal, possuindo também maior convexidade no terço
cervical, no qual se observa uma discreta bossa vestibular. A partir do terço
cervical, a superfície torna-se plana e inclinada para o lado lingual. Tal
inclinação faz com que, na oclusão dentária normal, as faces vestibulares
inferiores fiquem recobertas pelas faces palatinas dos dentes superiores. Esta
inclinação da face vestibular dos dentes inferiores para o lado lingual é
característica comum de todo e qualquer dente do arco inferior (Figura 3.25).
Figura 3.25: Face vestibular do Incisivo Central Inferior Direito (41).

Os sulcos de desenvolvimento e os lóbulos desta face são muito


discretos (Figura 3.26).

57
Figura 3.26: Face vestibular do Incisivo Central Inferior Esquerdo (31).

Das quatro margens que delimitam esta face, a cervical é semicircular,


de convexidade voltada para a raiz e de pequeno raio de curvatura. As
margens proximais são discretamente convergentes para a raiz, e a mesial é
menor que a distal (o inverso do que acontece com os outros dentes), em
virtude do desgaste ser mais acentuado nesta metade da margem incisal. No
dente sem desgaste, a margem incisal é quase retilínea. Os ângulos mesial e
distal desta face são sempre retos ou agudos, mesmo com o desgaste
acentuado da margem incisal, fato este que permite diferenciá-lo do incisivo
lateral inferior (Figura 3.27).

58
Figura 3.27: Face vestibular do Incisivo Central Inferior Direito (41).

Face Lingual
É semelhante à face vestibular, quase da mesma altura, porém mais
estreita. Nesta pode-se observar uma fossa lingual pouco profunda, limitada
por cristas marginais pouco salientes e por um cíngulo pouco desenvolvido,
praticamente nunca se constitui o forame cego. Os sulcos de desenvolvimento
e os lóbulos desta face são ainda mais discretos que os da face vestibular
(Figura 3.28).

59
Figura 3.28: Face lingual do Incisivo Central Inferior Direito (41).

Face Mesial
É triangular e alongada, de lados e ângulos arredondados e de base
muito larga voltada para o colo do dente. É plana no sentido vertical e convexa
no sentido transversal. Esta face é menor (pelo menos nos dentes desgastados)
e menos inclinada que a distal (Figura 3.29).

60
Figura 3.29: Face mesial do Incisivo Central Inferior Direito (41).

Face Distal
Apresenta as mesmas características que a face mesial, porém é mais
convexa e de configuração mais nítida.
Margem Incisal
É representada por uma simples margem retilínea nos dentes jovens e
com pouco desgaste. Transforma-se numa faceta plana e oblíqua para o lado
mesial no dente desgastado. Esta margem é biselada para o lado vestibular,
ao contrário do que acontece com os incisivos superiores onde o bisel aparece
do lado palatino. Este fato ocorre na normo oclusão dos arcos dentais.
Colo
É muito achatado no sentido mésio-distal, e de aspecto ovalar, quando
visto em secção transversal. Semelhante ao colo dos outros incisivos, o deste
dente mostra curvas mais fechadas, isto é, com raios de curvatura menores.

61
Raiz
É pequena, alargada no sentido vestíbulo-lingual, bastante achatada
no sentido mésio-distal e sulcada. Os sulcos mesial e distal são tão evidentes
que muitas vezes chegam a separar a raiz, parcial ou totalmente, em dois
segmentos, vestibular e lingual. Apresenta um discreto desvio distal (Figura
3.30).
Figura 3.30: Vista lingual da raiz do Incisivo Central Inferior Direito (41).

3.5 INCISIVO LATERAL INFERIOR


Coroa
São em número de dois e estão dispostos lateralmente aos centrais.
São maiores que os incisivos centrais e apresentam bastante semelhança com
estes. A sua coroa é maior que a do incisivo central e também apresenta a
forma de cinzel ou de cunha.

62
Na cavidade da boca, quando observado no sentido vestíbulo-lingual,
a face vestibular da coroa deste dente é pouco mais inclinada para o lado
lingual que a face correspondente do incisivo central.
Face Vestibular
É convexa no sentido mésio-distal, mais larga próximo à margem
incisal mostrando as mesmas características da face vestibular do incisivo
central inferior (Figura 3.31).
Figura 3.31: Face vestibular do Incisivo Lateral Inferior Direito (42).

É acentuadamente inclinada para lingual a partir do terço cervical.


Apresenta a sua metade distal semelhante ao segmento mesial do canino
inferior. Os sulcos de desenvolvimento e os lóbulos desta face são um pouco
mais evidentes que no incisivo central. Observa-se com nitidez, e isto
constitui seguro meio de diferenciação entre os dois incisivos inferiores, que
o ângulo distal da margem incisal é sempre arredondado e obtuso, enquanto
o mesial é reto. Das margens que delimitam esta face, a incisal apresenta dois

63
segmentos bem distintos: um mesial, quase horizontal, e um distal, menor e
bastante inclinado, existindo entre ambos uma ponta mais ou menos marcada
(Figura 3.32).

Figura 3.32: Face vestibular do Incisivo Lateral Inferior Direito (42).

Face Lingual
É ligeiramente mais escavada que a do incisivo central inferior, mas seus
detalhes são pouco nítidos (Figura 3.33).

64
Figura 3.33: Face lingual do Incisivo Lateral Inferior Direito (42).

Face Mesial
É triangular, de lados e ângulos arredondados. É maior e mais plana que a
face distal (Figura 3.34)

Figura 3.34: Face mesial do Incisivo Lateral Inferior Direito (42).

65
Face Distal
Também é triangular, de lados e ângulos arredondados. É menor e
mais convexa que a face mesial.
Margem Incisal
Esta margem cortante não é retilínea no dente jovem, porém, com o
desgaste progressivo, a inclinação distal vai aumentando a ponto de separá-la
em dois segmentos distintos, dando o formato de “V”, sendo o segmento
distal maior e mais inclinado que o mesial. Esta margem é um pouco mais
larga que a margem incisal do incisivo central inferior.
Colo
Apresenta um ligeiro aumento nos raios de curvatura da linha de colo
se comparado ao incisivo central inferior.
Raiz
É maior que a do incisivo central. Também é achatada no sentido
mésio-distal e sulcada lateralmente. O desvio distal é bem notado, ou seja, é
mais acentuado que no incisivo central inferior (Figura 3.35).
Figura 3.35: Vista lingual do Incisivo Lateral Inferior Direito (42).

66
CAPÍTULO 4 - DENTES CANINOS PERMANENTES

4.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS DENTES CANINOS


Os dentes caninos, superiores e inferiores, completam com os
incisivos o grupo dos dentes anteriores. Localizam-se distalmente ao incisivo
lateral e mesialmente ao primeiro pré-molar, ou seja, são os terceiros dentes
a partir da linha mediana. Sua denominação deriva da palavra latina canis que
significa cão, pela analogia que apresentam com os dentes pontiagudos deste
animal. Na espécie humana tem por função cortar alimentos que exijam
grande força mastigatória e esse trabalho é facilitado pela forma de sua coroa
que, com o ápice da margem incisal, atua como ponta aguda e dilacerante.
Além disso, juntamente com os incisivos ajudam a apoiar o lábio e os
músculos faciais. Os caninos atuam como indicadores importantes na
oclusão. Sua sobreposição vertical profunda serve como um mecanismo
protetor, aliviando os dentes posteriores das forças horizontais excessivas e
potencialmente prejudiciais durante os movimentos de lateralidade da
mandíbula (oclusão protegida pelos caninos).
São os dentes humanos mais longos. As pontas mais ou menos
aguçadas que se encontram em suas margens incisais, ultrapassam o plano
dos demais dentes, assim como sua raiz atinge tal volume que determina na
maxila e na mandíbula, saliências vestibulares nítidas, conhecidas por
eminência canina. São em número de quatro, sendo dois superiores e dois
inferiores. Os quatro caninos são, justificadamente, denominados de alicerces
dos arcos dentais, porque estão localizados nos cantos da boca ou dos arcos
dentais.
A forma geral da coroa dos caninos é de uma lança, quando vista pela
face vestibular ou lingual/palatina. A coroa pode ser alongada ou alargada,

67
segundo se trate de um dente superior ou inferior, assumindo no seu aspecto
geral a forma cônica (Figura 4.1). Como qualquer outro dente, a coroa
apresenta seis faces.
Figura 4.1: Vista vestibular do canino inferior.

A face vestibular é pentagonal e convexa em todos os sentidos


(Figuras 4.2 e 4.3).
Figura 4.2: Face vestibular do canino inferior.

68
Figura 4.3: Face vestibular do canino inferior.

Nesta encontramos sulcos de desenvolvimento bem evidentes que


separam três lóbulos de volume desigual, denominados mesial, mediano e
distal. Na parte mediana existe uma crista longitudinal que termina na ponta
da cúspide. A face vestibular é limitada por quatro margens, sendo as
proximais arredondadas e convergentes para a raiz, apresentando-se a distal
mais inclinada e menor. A margem cervical é curva, de convexidade voltada
para a raiz e a este nível a face vestibular é mais convexa que em qualquer
outro ponto. A margem incisal é dividida, por uma ponta mediana e aguçada,
em dois segmentos de comprimento desigual, denominadas arestas
transversais: a distal maior e mais inclinada e a mesial menor e menos
inclinada. O ângulo distal é muito arredondado e mais próximo da margem

69
cervical, enquanto o mesial é mais vivo e mais distante da margem cervical
(Figura 4.4).
Figura 4.4: Face vestibular do canino inferior.

A face palatina/lingual também tem forma pentagonal, discretamente


menor que a face vestibular e irregularmente convexa devido à presença dos
três lóbulos (saliências), que são separados por sulcos, dos quais o mediano é
o mais desenvolvido. As cristas marginais mesial e distal, confluem para o
cíngulo, que é bem volumoso. A face lingual apresenta o forame cego quando
o cíngulo é bem desenvolvido e destaca-se desta, deixando um
prolongamento em fundo cego. As margens proximais, arredondadas e pouco
salientes, convergem para o colo dental. A margem incisal é muito mais
arredondada e menor que a correspondente da face vestibular (Figura 4.5).

70
Figura 4.5: Face palatina do canino superior.

As faces proximais são de forma triangular, de lados e ângulos


arredondados, convexas no sentido vestíbulo-lingual que se acentua no terço
incisal. A face distal é menor e mais convexa que a face mesial,
particularmente ao nível do ângulo distal onde se desenvolve uma bossa
acentuada. A face mesial mostra-se mais plana, menos escavada no terço
cervical e com modelado mais discreto que o da face distal (Figura 4.6).
Figura 4.6: Face mesial do canino inferior.

71
A margem incisal tem aspecto de lança apresentando-se em forma de
V, com segmentos mesial e distal desiguais, sendo a porção distal maior e
mais inclinada, enquanto o segmento mesial é mais plano. A ponta na margem
incisal desaparece rapidamente devido ao desgaste natural destes dentes
(Figura 4.7).
Figura 4.7: Face vestibular do canino inferior.

O colo é curvo, formado por uma linha sinuosa e irregular, de


convexidade voltada para a raiz, ao nível das faces vestibular e lingual, em
forma de V, de ramos muito abertos, ao nível das faces proximais (Fig. 4.8 a
4.11).
Figura 4.8: Face vestibular do canino inferior.

72
Figura 4.9: Face lingual do canino inferior.

Figura 4.10: Face mesial do canino inferior.

73
Figura 4.11: Face distal do canino inferior.

A raiz do canino é a maior de todas as raízes dentárias. Seu volume é


tal que faz saliência bem acentuada na face vestibular do osso alveolar,
chegando às vezes, a perfurar a delgada camada compacta desse osso. É
cônica com discreto grau de achatamento mésio-distal (Figura 4.12). A raiz
apresenta sulcos mais ou menos profundos situados nas faces proximais.

Figura 4.12: Vista vestibular da raiz do canino inferior.

74
4.2 CANINO SUPERIOR
Coroa
Este dente possui a forma de lança e é o mais longo e mais robusto do
arco, ultrapassando os dentes vizinhos em altura, tanto pela coroa como pela
raiz. A implantação deste dente no processo alveolar determina na face
vestibular do osso, a formação de uma saliência chamada bossa canina. Situa-
se na boca, no sentido vestíbulo-lingual praticamente na posição vertical e a
raiz é fortemente inclinada para o lado palatino.
A coroa do canino, quando vista pela face vestibular, apresenta-se
com aspecto de lança, destinada a perfurar ou dilacerar os alimentos. O maior
diâmetro está na junção do terço médio com o terço cervical (Figura 4.13).
Figura 4.13: Vista vestibular do canino superior esquerdo.

75
Face Vestibular
A face vestibular é limitada por quatro margens.
A margem cervical, semicircular, de pequeno raio de curvatura, é de
convexidade voltada para raiz. A margem mesial divergente no sentido
oclusal, é convexa e desce até os três quartos da altura da coroa. A margem
distal, mais convexa mais divergente menos longa, desce até dois terços da
altura da coroa. A margem livre é em forma de V, bem aberto e desiguais
sendo a porção distal mais inclinada, deslocando a cúspide do dente para o
lado mesial. Os ângulos são arredondados e obtusos, sendo o distal mais
arredondado e mais próximo da margem cervical (Figura 4.14).
Figura 4.14: Face vestibular do canino superior esquerdo.

76
Face Palatina
A face palatina é ligeiramente menor que a face vestibular em virtude
da convergência das faces mesial e distal para a região palatina. Possui a
forma pentagonal, o cíngulo bem desenvolvido na região central do terço
cervical e as cristas marginais mesial e distal que convergem para o cíngulo.
Quanto às margens proximais, as observações são as mesmas que foi dito na
face oposta (Figura 4.15).
Figura 4.15: Face palatina do canino superior direito.

Face Mesial
A face mesial é triangular, de lados e ângulos arredondados, de base
voltada para o colo e convexa no sentido vestíbulo-lingual. O plano da face
mesial forma com o plano mesial da raiz um ângulo obtuso, de abertura

77
mesial. A borda cervical em forma de “V” possui abertura angular maior que
90 graus (Figura 4.16).
Figura 4.16: Face mesial do canino superior esquerdo.

Face Distal
É muito semelhante a face mesial, porém menor e mais convexa
particularmente ao nível do ângulo distal onde se desenvolve uma bossa mais
acentuada.
Margem Incisal
Esta face ou margem tem aspecto de lança, com forma em V e com
segmentos desiguais. A porção distal dessa margem é maior e mais inclinada,
enquanto o segmento mesial é mais plano.
Raiz
É a maior raiz dentária, seu volume é tal que faz saliência na face
vestibular do osso alveolar. É cônica com discreto grau de achatamento
mésio-distal, com discretos sulcos mesial e distal. Apresenta desvio distal e o
78
ângulo que se forma entre ela e a face distal da coroa torna-se fácil saber a
que lado o dente pertence. As faces vestibular e palatina são semelhantes e as
proximais são largas, planas e mais sulcadas (Figura 4.17).
Figura 4.17: Vista palatina da raiz do canino superior direito.

4.3 CANINO INFERIOR


Coroa
O canino inferior, de volume menor que o superior, apresenta forma
mais alongada devido à diferença ou falta de proporção entre as medidas da
coroa, sendo a distância mésio-distal bem menor que a do canino superior
enquanto a distância cérvico-incisal é quase igual (Figura 4.18).

79
Figura 4.18: Vista vestibular do canino inferior direito.

Face Vestibular
Como ocorre nos demais dentes inferiores, essa face apresenta uma
acentuada inclinação lingual. As características dessa face são semelhantes as
do canino superior onde a maior diferença está no aspecto mais alongado
dessa face, o qual facilita o diagnóstico diferencial entre os caninos superiores
e inferiores. Esta face é convexa nos dois sentidos, longitudinal e transversal,
sendo no nível cervical onde encontra-se sua maior convexidade (Figura
4.19).

80
Figura 4.19: Face vestibular do canino inferior direito.

Face lingual
Essa face difere muito pouco da face vestibular, sendo um pouco mais
estreita e os acidentes anatômicos mais discretos, porém verifica-se a
presença do cíngulo, das cristas marginais, da fossa lingual e dos sulcos de
desenvolvimento (os quais são pouco marcados). Guardadas as devidas
proporções, pode-se afirmar que a face lingual do canino inferior simula a
face lingual dos incisivos inferiores (Figura 4.20).

81
Figura 4.20: Face lingual do canino inferior direito.

Faces Proximais
Triangulares e ligeiramente convexas no terço incisal, são escavadas
no restante. O canino inferior apresenta a margem cervical mais baixa no lado
lingual que no lado vestibular (Figura 4.21).
Figura 4.21: Face mesial do canino inferior direito.

82
Margem Incisal
A margem incisal tem aspecto de V, porém o que a distingue da
margem incisal do canino superior é a grande inclinação para a face
vestibular, que é acentuada pelo desgaste observado na normo-oclusão.
Raiz
A raiz do canino inferior é menor e mais achatada que a do superior,
não raro verifica-se a existência de bifurcação do ápice radicular devido ao
maior grau de achatamento mésio–distal ou até mesmo duas raízes (Figura
4.22).

Figura 4.22: Vista lingual da raiz do canino inferior direito.

83
CAPÍTULO 5 - DENTES PRÉ-MOLARES PERMANENTES

5.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS DENTES PRÉ-MOLARES


Os dentes pré-molares ou bicuspidados estão situados atrás dos
caninos e à frente dos primeiros molares constituindo elementos de transição
entre os dentes anteriores unicuspidados e unirradiculares e os molares
multicuspidados e multirradiculares. Partindo da linha média para o lado
distal recebem a denominação de primeiro e segundo pré-molares. Os pré-
molares irrompem em substituição aos molares decíduos. Assim como os
molares, estes dentes têm por função a trituração dos alimentos e apoiar as
paredes laterais da boca (bochecha).
São em número de oito, sendo dois para cada hemiarcada. Dispõem-
se em volume decrescente no sentido mésio-distal para a arcada superior, e
em volume crescente no mesmo sentido para a arcada inferior, ou seja, os
primeiros pré-molares superiores são maiores em volume que os segundos
pré-molares superiores, na arcada inferior os primeiros pré-molares inferiores
são menores em volume que os segundos pré-molares inferiores.
A forma geral da coroa dos pré-molares é a resultante da fusão de dois
cones, um palatino e outro vestibular unidos pelas cristas marginais mesial e
distal (Figura 5.1). Apresentam forma cuboidal e como todos os outros dentes
também apresentam seis faces.

84
Figura 5.1: Vista proximal do pré-molar superior.

A face vestibular tem a forma de uma lança, é convexa e lisa,


semelhante à face vestibular do canino com sulcos de desenvolvimento e
lóbulos menos evidentes (Figura 5.2).
Figura 5.2: Vista vestibular do pré-molar superior.

85
É limitada por quatro margens arredondadas: a margem cervical,
curvilínea, de convexidade voltada para a raiz; a margem oclusal que
apresenta a forma de um V composta por dois segmentos desiguais, e as
margens mesial e distal que são divergentes para a margem oclusal (Figura
5.3).
Figura 5.3: Face vestibular do pré-molar superior.

A face lingual/palatina apresenta o formato de um pentágono, com


convexidade tanto no sentido transversal como no sentido longitudinal, sendo
mais acentuada no sentido transversal. As quatro margens que limitam esta
face são menos perceptíveis que as da face vestibular, por serem mais
arredondadas (Figura 5.4).

86
Figura 5.4: Face palatina do pré-molar superior.

As faces proximais apresentam formato quadrilátero, com lados e


ângulos arredondados, convexas próximo à margem oclusal e planas próximo
à margem cervical. Cada uma é limitada por quatro margens: cervical,
ligeiramente curva com concavidade voltada para a raiz; vestibular e lingual
côncavas, e a margem oclusal que é dividida em dois segmentos os quais
correspondem às cúspides vestibular e lingual. As faces proximais são
semelhantes, porém a face distal apresenta-se menor, mais convexa e com
características mais evidentes (Figura 5.5).
Figura 5.5: Face distal do pré-molar superior.

87
A face oclusal apresenta duas cúspides de volume variável de acordo
com o elemento considerado.
As cúspides desenvolvidas têm o formato de uma pirâmide
quadrangular com ápice (ponta da cúspide), base, arestas (transversais e
axiais) e planos inclinados. Separando as cúspides vestibular e lingual, há um
sulco principal, disposto no sentido mésio-distal com concavidade vestibular,
que pode apresentar-se retilíneo ou curvilíneo e mais ou menos profundo. Este
sulco termina junto das cristas marginais, determinando o aparecimento das
fossetas triangulares mesial e distal. Deste sulco principal partem sulcos
secundários superficiais que ou desaparecem próximo às margens das faces
proximais ou as invadem. As cristas marginais são bem evidentes e unem as
duas cúspides vestibular e lingual (Figura 5.6).
Figura 5.6: Face oclusal do pré-molar superior.

88
O colo dos dentes pré-molares é representado por uma linha irregular
curvilínea côncavo-convexa de acordo com as faces em questão e é mais
sinuoso que o dos molares. Nas faces vestibular e palatina/lingual é de
convexidade voltada para a raiz e nas faces proximais é de concavidade
voltada para a raiz (Figuras 5.7 a 5.10).
Figura 5.7: Face vestibular do pré-molar superior.

Figura 5.8: Face palatina do pré-molar superior.

89
Figura 5.9: Face mesial do pré-molar superior.

Figura 5.10: Face distal do pré-molar superior.

90
Os dentes pré-molares geralmente são unirradiculares, com raiz
geminada e muito achatada no sentido mésio-distal, com sulcos profundos
quando não bifurcadas.
Nos dentes superiores é comum a raiz apresentar-se bifurcada, sendo
uma delas palatina e a outra vestibular, e divergentes. A raiz apresenta-se
cônica e achatada no sentido mésio-distal e a secção transversal é ovalada,
em ambas as condições, simples ou bifurcada (Figura 5.11).
Figura 5.11: Vista proximal da raiz do pré-molar superior.

5.2 PRIMEIRO PRÉ-MOLAR SUPERIOR


Coroa
É o quarto dente do arco relacionando-se pela face mesial com o
canino e pela face distal com o segundo pré-molar.
É o mais volumoso do grupo dos pré-molares; sua coroa é achatada
no sentido mésio-distal, e como já foi dito anteriormente, com forma de um
cubo ou mesmo de um cilindro, devido à continuidade entre suas faces por
meio de suas arestas muito arredondadas. A coroa é mais larga próximo à

91
margem oclusal e mais estreita ao nível do colo (Figura 5.12). Suas faces
vestibular e palatina são praticamente paralelas e quando comparada com o
canino a face vestibular do pré-molar é cerca de 1/4 mais curta. Nas faces
proximais a maior convexidade encontra-se próximo da margem oclusal. Na
cavidade bucal, quando observado no sentido vestíbulo-palatino, a coroa
deste dente mostra-se verticalmente disposta. A cúspide vestibular apresenta-
se mais volumosa e mais alta que a palatina.
Figura 5.12: Vista vestibular do primeiro pré-molar superior direito (14).

Face Vestibular
É convexa tanto no sentido vertical como no sentido transversal,
porém a convexidade é sempre mais acentuada no sentido transversal.
Os sulcos de desenvolvimento, que dividem a coroa em lóbulos são
pouco visíveis, sendo o lóbulo mediano o de maior volume que se dirige do
colo à cúspide.
Quatro margens limitam a face vestibular: a margem cervical
curvilínea, cuja convexidade está voltada para a raiz; as margens distal e
mesial são arredondadas e divergentes em direção à margem oclusal; a

92
margem oclusal é dupla por apresentar-se dividida pela cúspide em dois
segmentos: o mesial (aresta transversal mesial) e o distal (aresta transversal
distal), o que deixa a face vestibular com formato pentagonal (Figura 5.13).

Figura 5.13: Face vestibular do primeiro pré-molar superior direito


(14).

Face Palatina
Comparada à face vestibular é menor, mais curta, mais estreita e por
apresentar-se lisa, sem sulcos e lóbulos, com cúspide arredondada e sem
limites com a face mesial e distal, mostra-se diferente daquela. Apresenta-se
bastante convexa nos dois sentidos, vertical e transversal. No terço cervical
apresenta uma bossa palatina; a partir desta saliência a face inclina-se para o
lado vestibular (Figura 5.14).

93
Figura 5.14: Face palatina do primeiro pré-molar superior direito (14).

Face Mesial
Pode ser inscrita num quadrilátero alongado no sentido vestíbulo-
lingual, convexa próximo da margem oclusal, achatada ou mesmo côncava
junto ao colo, onde se continua com o sulco da raiz. É mais larga do que alta.
Quatro margens limitam esta face: a margem vestibular, arredondada
e mais convexa no terço cervical; a margem palatina, mais baixa que a
margem vestibular, é curvilínea e mais convexa na região cervical; a margem
cervical é curvilínea e de concavidade voltada para a raiz; a margem oclusal
tem o formato de acento circunflexo de ápice cortado, por onde passa a crista
marginal (Figura 5.15).
Figura 5.15: Face mesial do primeiro pré-molar superior direito (14).

94
Face Distal
A face distal repete a mesma configuração da precedente, porém é
menor e mais convexa em todos os sentidos e apresenta uma bossa distal mais
pronunciada no terço oclusal (Figura 5.16).
Figura 5.16: Face distal do primeiro pré-molar superior direito (14).

Face Oclusal
Tem a forma de um trapézio, em consequência da convergência das
faces mesial e distal em direção à face palatina, com grande base vestibular e
pequena base palatina. Duas cúspides volumosas emergem dessa superfície,
e a sensação de desvio da cúspide palatina para o lado mesial, se deve ao fato
da face mesial ser menos convergente que a face distal no eixo vestíbulo-
palatino. Essas cúspides mostram-se cada uma como uma pirâmide de base
quadrangular, com planos inclinados, lados separados por arestas
arredondadas, ápice aguçado no dente jovem, sendo duas faces
necessariamente oclusais e as outras duas vestibulares ou linguais de acordo
com a cúspide observada. Cada cúspide apresenta quatro arestas: duas no

95
sentido vestíbulo-lingual (aresta axial vestibular ou palatina e aresta axial
oclusal) e duas no sentido mésio-distal (aresta transversal mesial e aresta
transversal distal). O sulco principal mésio-distal, retilíneo, que divide a
superfície oclusal apresenta-se em posição para-central, deslocado mais para
a face palatina, o que leva à diferença de tamanho das cúspides, vestibular
mais volumosa que a palatina. Olhando o dente por uma de suas faces
proximais observa-se que a cúspide vestibular é mais alta que a cúspide
palatina. Esse sulco principal tem início e término em duas fossetas
triangulares, a mesial e distal, e separando essas fossetas das faces proximais
temos as cristas marginais que nesse dente apresentam-se delgadas. Pode-se
ainda observar que, do sulco principal partem pequenos sulcos, que sobem
pelas faces oclusais das cúspides vestibular e palatina (Figuras 5.17 e 5.18).
Figura 5.17: Face oclusal do primeiro pré-molar superior direito (14).

96
Figura 5.18: Face oclusal do primeiro pré-molar superior direito (14).

Colo
É sinuoso e irregular, nos lados vestibular e palatino curva-se com
convexidade voltada para raiz, nos lados mesial e distal, curva-se mais
suavemente com concavidade voltada para a raiz.
Raiz
O primeiro pré-molar superior apresenta-se na maioria das vezes com
duas raízes. Raízes duplas ou triplas (às vezes duas raízes vestibulares), a
divisão não é completa, unidas ao nível da base constituem o bulbo radicular.
Quando única, é muito achatada no sentido mésio-distal, e sua secção é
ovalada, com as faces laterais marcadas por sulcos profundos. Quando a raiz
é bifurcada, muito mais frequente, apresenta formato cônico, muito larga no

97
sentido vestíbulo-palatino em seu terço cervical (bulbo), dividindo-se em raiz
vestibular e raiz palatina, sendo a palatina mais volumosa, mais cônica e com
forte inclinação para o lado palatino. A característica de bifurcação radicular
é o que diferencia o primeiro pré-molar superior do segundo pré-molar
superior. A raiz também pode aparecer trifurcada. Nestes casos, a raiz palatina
conserva-se cônica, enquanto as raízes mésio-vestibular e disto-vestibular
apresentam-se muito achatadas e delgadas (Figura 5.19).
Figura 5.19: Vista proximal das raízes do primeiro pré-molar superior
direito (14).

5.3 SEGUNDO PRÉ-MOLAR SUPERIOR


Coroa
O quinto dente do arco posiciona-se pelo lado distal do primeiro pré-
molar e mesial do primeiro molar.
Sua coroa, menor que a do primeiro pré-molar, é também achatada no
sentido mésio-distal, e com formato de cubo ou mesmo de cilindro, devido à
continuidade entre suas faces por meio de suas arestas muito arredondadas.

98
Muito semelhante ao primeiro pré-molar, além de mostrar-se menor, tem as
formas mais arredondadas e detalhes de anatomia menos nítidos que este,
lembrando que os pré-molares superiores têm volume decrescente no sentido
mésio-distal (Figura 5.20).
Na cavidade bucal, quando observado no sentido vestíbulo-palatino, a
coroa deste dente mostra-se verticalmente disposta, e com as cúspides
semelhantes em tamanho e aproximadamente na mesma altura. Observando-
se por uma das faces proximais, temos a visualização das cúspides num
mesmo plano, portanto, na mesma altura, e muito semelhantes inclusive em
tamanho.

Figura 5.20: Vista vestibular do segundo pré-molar superior direito (15).

99
Face Vestibular
Mesma conformação da face vestibular do primeiro pré-molar, porém
menor, menos convexa e com as margens mais arredondadas; a margem
oclusal apresenta a cúspide bem mais arredondada. Esta face é menos
convexa que a do primeiro pré-molar devido a menor saliência do lóbulo
mediano (Figura 5.21).

Figura 5.21: Face vestibular do segundo pré-molar superior direito (15).

100
Face Palatina
Apresenta altura quase igual à face vestibular, característica
importante, pois a ponta da cúspide palatina apresenta-se, na boca, mais baixa
que a cúspide vestibular pela inclinação do dente no alvéolo, porém a
distância cérvico-oclusal é praticamente igual para as duas cúspides. Bastante
convexa, principalmente no sentido transversal, essa face mostra-se lisa e sem
limites visíveis com as faces vizinhas (Figura 5.22).
Figura 5.22: Face palatina do segundo pré-molar superior direito
(15).

Face Distal
Apresenta a forma quadrilátera e é bastante convexa (Figura 5.23).

101
Figura 5.23: Face distal do segundo pré-molar superior direito (15).

Face Mesial
Também apresenta a forma quadrilátera. É menos convexa e maior
que a face distal. Junto ao colo esta face é côncava (Figura 5.24).
Figura 5.24: Face mesial do segundo pré-molar superior direito (15).

102
Face Oclusal
Muito semelhante à face oclusal do primeiro pré-molar, vale apontar
as diferenças entre esses dois elementos. O sulco principal mésio-distal, aqui
se apresenta também retilíneo, porém mais central, de tamanho menor e mais
irregular que o sulco principal do primeiro pré-molar. Estando mais central,
divide a face de modo que as cúspides tenham volume quase iguais e sejam
bem semelhantes, e sendo menor faz com que as cristas marginais sejam mais
espessas (Figura 5.25).
Figura 5.25: Face oclusal do segundo pré-molar superior direito (15).

103
Colo
É semelhante em tudo ao do primeiro pré-molar superior permanente.
Raiz
A raiz é simples na maioria dos segundos pré-molares, mas bem
sulcada, e achatada no sentido mésio-distal. Este fato é bem evidenciado por
meio do corte feito na parte média da raiz, que assim assume a forma elíptica
com o grande eixo no sentido vestíbulo-lingual. Em grande parte das vezes a
raiz é retilínea, porém pode apresentar variações com encurvamento distal,
mesial e até mesmo lingual (Figura 5.26).
Figura 5.26: Vista vestibular da raiz do segundo pré-molar superior direito
(15).

5.4 PRIMEIRO PRÉ-MOLAR INFERIOR


Coroa
Os pré-molares inferiores são bastante diferentes dos pré-molares
superiores pelo aspecto mais circular de sua coroa e pela diferença de volume
das cúspides. O primeiro pré-molar inferior é menor que o segundo pré-molar,

104
lembrando que a série é crescente no sentido mésio-distal na arcada inferior.
A coroa desse dente possui aspecto característico, com a face vestibular
mostrando-se fortemente inclinada para o lado lingual (Figura 5.27).

Figura 5.27: Vista vestibular do primeiro pré-molar inferior esquerdo (34).

Face Vestibular
A face vestibular pode ser inscrita num pentágono. A cúspide
vestibular é quase duas vezes mais volumosa que a cúspide lingual. No terço
cervical percebe-se uma bossa vestibular proeminente e a partir dela, a face
fica mais plana e muito inclinada para a lingual. Nessa face os sulcos, e os
segmentos ou lóbulos, são menos visíveis, mas ainda perceptíveis. Sendo
limitada por quatro margens, a cervical aparece bastante convexa para a raiz,
a distal mostra-se menor e mais inclinada que a mesial, e a margem oclusal
ou livre é formada por dois segmentos, sendo o distal maior e mais inclinado
(Figura 5.28).

105
Figura 5.28: Face vestibular do primeiro pré-molar inferior esquerdo (34).

Face Lingual
É convexa e bem menor que a vestibular, podendo atrofiar-se tanto
que chega a transformar-se num cíngulo, em semelhança ao dos dentes
anteriores, caracterizando a identificação do dente. Nessa face, a bossa lingual
localiza-se no terço médio (Figura 5.29).

Figura 5.29: Face lingual do primeiro pré-molar inferior esquerdo (34).

106
Faces Proximais
As faces mesial e distal podem ser inscritas num trapézio irregular
pela grande inclinação que as margens livres apresentam no sentido da face
lingual. Nessas faces a bossa fica no terço oclusal e apresentam-se muito
convergentes para a raiz (Figura 5.30).
Figura 5.30: Face mesial do primeiro pré-molar inferior esquerdo (34).

Face oclusal
Apresenta contorno circular, às vezes oval, com sulco principal mésio-
distal acentuadamente curvo, de concavidade voltada para o lado vestibular.
Em posição pára-central, separa a face oclusal em duas cúspides: uma
vestibular maior e mais nítida, e outra lingual menor, menos desenvolvida,
chegando a desaparecer, sendo nesses casos substituída por um tubérculo.
Observa-se com muita frequência a presença de uma ponte de esmalte bem
visível, unindo as duas cúspides na parte média, modificando o sulco
principal que se apresentará então como duas fossetas profundas triangulares
mesial e distal. A cúspide vestibular tem em média o dobro do volume da

107
cúspide lingual, o que coloca essa cúspide vestibular em forte inclinação para
lingual (Figura 5.31).
Figura 5.31: Face oclusal do primeiro pré-molar inferior esquerdo (34).

Raiz
Única na maioria das vezes, a raiz pode ser bífida ou dupla devido ao
achatamento no sentido mésio-distal, e à presença frequente dos dois sulcos,
mesial e distal (Figura 5.32). Em corte transversal a raiz apresenta-se com
formato oval.

108
Figura 5.32: Vista mesial da raiz do primeiro pré-molar inferior esquerdo
(34).

5.5 SEGUNDO PRÉ-MOLAR INFERIOR


Coroa
O segundo pré-molar inferior é mais volumoso do que o primeiro pré-
molar, com coroa maior. Apresenta menor inclinação da sua face oclusal em
sentido lingual pelo maior desenvolvimento da cúspide lingual. Sua face
oclusal apresenta variações devido à conservação dos restos de sua primitiva
molarização (Figura 5.33).

109
Figura 5.33: Vista vestibular do segundo pré-molar inferior esquerdo (35).

Face Vestibular
A face vestibular é muito semelhante à do primeiro pré-molar inferior,
porém mais larga e mais curta. Convexa em todos os sentidos, de forma
pentagonal, com a margem livre menos aguda e mais baixa (Figura 5.34).

Figura 5.34: Face vestibular do segundo pré-molar inferior esquerdo (35).

110
Face Lingual
A face lingual é menor e mais convexa que a vestibular, apresentando
variações de acordo com o número de cúspides, ou seja, uma ou duas cúspides
linguais. Quando esta face apresenta uma única cúspide, a margem livre
mostra uma única ponta muito arredondada. Quando apresenta duas cúspides,
a margem livre é subdividida por um pequeno sulco divisório originário da
face oclusal, em dois segmentos: mesial (mais volumoso) e distal (ou disto-
lingual). Apresenta a bossa lingual no terço médio (Figura 5.35).

Figura 5.35: Face lingual do segundo pré-molar inferior esquerdo (35).

111
Faces Proximais
As faces mesial e distal são quadriláteras, mais altas do que largas.
Apresentam-se convexas em todos os sentidos e côncavas junto ao colo.
Mostram bossa pronunciada próximo da face oclusal (Figura 5.36).

Figura 5.36: Face mesial do segundo pré-molar inferior esquerdo (35).

Face oclusal
Esta face apresenta um contorno circular (quando bicuspidados) ou
quadrilátero (dente tricuspidado). No conjunto essa face apresenta-se oblíqua
para baixo no sentido vestíbulo-lingual. O sulco principal mésio-distal é bem
visível, curvo ou em formato semilunar de concavidade voltada para o lado
vestibular. Apresenta-se em posição pára-central com início e término em

112
duas fossetas proximais triangulares, e se for único, o dente é bicuspidado
(Figura 5.37). Quando aparece outro sulco perpendicular a este em sentido à
face lingual do dente, este se torna tricuspidado (cúspides vestibular, mésio-
lingual e disto-lingual).
Figura 5.37: Face oclusal do segundo pré-molar inferior esquerdo
bicuspidado (35).

113
Raiz
Única, na maioria das vezes, achatada no sentido mésio-distal,
apresenta-se mais cônica e mais alargada que a raiz do primeiro pré-molar
inferior. Sulcos quando presentes são menos evidentes e divisões apicais são
raras (Figura 5.38).

Figura 5.38: Vista vestibular da raiz do segundo pré-molar inferior


esquerdo (35).

114
CAPÍTULO 6 - DENTES MOLARES

6.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS DENTES MOLARES


PERMANENTES
Os dentes molares são assim denominados devido a sua função, ou
seja, a de moer ou triturar os alimentos. Também possuem a função de apoiar
as paredes laterais da boca (bochecha).
São os dentes mais complexos, em número de doze, sendo seis para
cada arco. Situados ao lado distal dos pré-molares, são designados, segundo
o lugar que ocupam no arco, e no sentido mésio-distal, de primeiro, segundo
e terceiro molares, representando, respectivamente o sexto, sétimo e oitavo
dentes.
A coroa é volumosa tanto nos molares superiores quanto nos
inferiores, sendo que os molares superiores são suportados por três raízes e
os inferiores por duas. Nos molares superiores a coroa é alargada no sentido
vestíbulo-palatino; nos molares inferiores a coroa é alargada no sentido
mésio-distal (Figura 6.1). Na espécie humana, o volume dos molares é
decrescente no sentido mésio-distal.
Figura 6.1: Vista vestibular do molar superior.

115
6.2 MOLARES SUPERIORES – MORFOLOGIA GERAL
Os molares superiores são em número de seis, três para cada hemi-
arco. Apresentam volume decrescente no sentido mésio-distal, e distinguem-
se em primeiro, segundo e terceiro molares.
A forma da coroa é irregularmente cúbica e quando vista pela face
oclusal pode ser inscrita num paralelogramo. As margens mesial e distal são
quase paralelas. As dimensões da coroa são sempre maiores no sentido
vestíbulo-palatino do que no sentido mésio-distal. As faces proximais,
vestibular e palatina são bastante convergentes para a raiz, ocasionando um
maior estrangulamento do colo, ainda mais acentuado pela grande
divergência das raízes.
A face vestibular é trapezoidal cujo lado maior corresponde à margem
oclusal. Esta face é mais larga do que alta, quase duas vezes mais larga que
o pré-molar (Figura 6.2).
Figura 6.2: Face vestibular do molar superior.

116
É convexa tanto no sentido vertical como no sentido horizontal. Nesta
encontramos um sulco que separa a face em dois lóbulos, sendo o mésio-
vestibular o mais volumoso. É limitada por quatro margens mais ou menos
arredondadas e mais ou menos nítidas: a margem cervical, curvilínea, de
convexidade voltada para a raiz; a margem oclusal é em forma de V invertido,
as margens mesial e distal são divergentes para a margem oclusal, mais ou
menos arredondadas e continuam-se sem limites precisos com as faces mesial
e distal. No encontro das várias margens formam-se ângulos diedros e
triedros, sempre arredondados, dos quais o ângulo distal e o mesial são os
mais característicos (Figura 6.3).
Figura 6.3: Face vestibular do molar superior.

117
A face palatina tem conformação parecida com a face vestibular, mas
possui mais convexidade e tem dimensões menores. Esta regra somente não
é considerada para o primeiro molar superior, pois a face palatina deste dente
é maior que a vestibular. Possui um sulco curvilíneo chamado de palatino que
se estende da margem oclusal até o terço médio desta face não terminando
em fosseta triangular. Este sulco divide as cúspides mésio-palatina da disto-
palatina e divide a face palatina em duas porções com volumes diferentes das
quais a mesial é a mais volumosa. A margem cervical é curvilínea com
convexidade voltada para a raiz; a margem oclusal é mais irregular que a da
face vestibular, e dividida em duas porções pelo sulco palatino que
correspondem às duas cúspides palatinas (Figura 6.4); as margens proximais
são bastante parecidas com as da face vestibular convergindo sempre para a
raiz, podendo ser invadidas pelo sulco intercuspídico.
Figura 6.4: Face palatina do molar superior.

118
A face mesial é mais larga do que alta, convexa até a região do colo
onde se apresenta escavada. Possui a forma de um trapézio com base maior
voltada para a cervical (Figura 6.5). A margem cervical é a maior desta face,
apresentando dois segmentos curvos de concavidade radicular. A margem
vestibular é convexa, porém, não tanto quanto a margem palatina. A margem
oclusal é composta pela crista marginal e suas extremidades são as porções
proximais das cúspides vestibular e palatina
Figura 6.5: Face mesial do molar superior.

A face distal tem conformações parecidas com a face mesial, porém é


mais convexa e de dimensões menores (Figura 6.6).
Figura 6.6: Face distal do molar superior.

119
A face oclusal ou livre é a mais rica em detalhes anatômicos, as
margens proximais têm dimensões maiores que as margens vestibular e
palatina, com exceção do primeiro molar que tem a margem palatina maior
que as proximais. É composta de cúspides, sulcos principais e secundários,
fóssulas, arestas, cristas marginais e ponte de esmalte (Figura 6.7).

Cúspides
Alguns segundos e terceiros molares superiores possuem somente três
cúspides das quais duas se concentram na vestibular e uma na palatina, sendo
esta última simples. Mas os molares superiores em geral possuem quatro
cúspides, das quais duas são vestibulares e duas palatinas. Geralmente a
cúspide mésio-vestibular possui o maior volume das quatro. Cada cúspide
tem a forma de uma pirâmide quadrangular composta de quatro faces, um
ápice, quatro arestas, quatro ângulos triedros, e oito ângulos diedros. Sempre
dois dos planos inclinados que formam as faces da pirâmide são oclusais e os
outros dois se localizam nas faces vestibulares e palatinas. Ainda podemos
encontrar o tubérculo anômalo, cuja denominação antiga era “Tubérculo de
Carabelli”, desenvolvido a partir da cúspide mésio-palatina, comumente
encontrado no primeiro molar superior.

Fóssulas e sulcos
A união das cúspides lado a lado formam os sulcos e as fóssulas,
dependendo do posicionamento das cúspides é aonde vão se localizar os
sulcos e fóssulas. Mas como as cúspides têm uma disposição parecida nos
molares superiores os sulcos geralmente possuem o mesmo posicionamento
e conformação. Em média os primeiros molares possuem um sulco principal
mésio-distal que divide as cúspides vestibulares das palatinas, se estendendo

120
da crista marginal mesial até a crista marginal distal e suas extremidades são
marcadas por fóssulas. Os outros sulcos mais importantes partem deste sulco
principal e se dirigem ou para a face vestibular, como é o caso do sulco
vestíbulo-oclusal que divide as cúspides vestibulares percorrendo o trajeto
que parte de uma fóssula central, formada a partir do encontro destes dois
sulcos, e percorre quase retilineamente em direção à face vestibular se
estendendo até o terço médio desta face, e também o sulco disto-palatino que
se inicia em uma fóssula resultante da união deste sulco ao sulco principal e
percorre uma direção à face palatina sempre posicionada na porção distal da
face oclusal. Além destes sulcos percebemos a presença de sulcos secundários
e terciários.

Cristas marginais
As duas cristas marginais são dispostas nos extremos distais e mesiais
unindo as cúspides vestibulares às cúspides palatinas.

Ponte de esmalte
É uma formação resultante do encontro das arestas axiais e planos
inclinados das cúspides disto-vestibular e mésio-palatina ligeiramente
interrompida pelo sulco principal, geralmente disposta em diagonal. Em geral
está bastante marcada nos primeiros molares superiores em função do volume
mais acentuado e da evidência destas cúspides nestes dentes.

121
Figura 6.7: Face oclusal do molar superior.

Raízes
Geralmente os molares superiores possuem três raízes, divergentes ou
fusionadas. Duas raízes são localizadas na vestibular e uma das raízes é
localizada na região palatina. A raiz palatina é a mais volumosa e a mais longa
de todas, geralmente curvada para a vestibular, a raiz mésio-vestibular é a
mais volumosa das vestibulares e a que esta mais sujeita aos desvios e
curvaturas, a raiz disto-vestibular geralmente é a mais achatada, mais curta e
reta (Figuras 6.8 e 6.9).

122
Figura 6.8: Vista vestibular das raízes do molar superior.

Figura 6.9: Vista palatina das raízes do molar superior.

6.3 PRIMEIRO MOLAR SUPERIOR


A forma da coroa do primeiro molar superior é de um cubo com base
larga, portanto, a coroa deste dente tem as distâncias vestíbulo-palatina e
mésio-distal maiores que a distância cérvico-oclusal. Em média, é um dente
maior que o segundo molar adjacente a ele, inclusive é o mais volumoso do
arco superior (Figura 6.10).

123
Figura 6.10: Vista vestibular do primeiro molar superior direito (16).

Coroa
Face vestibular: Tem a forma que lembra um trapézio com a base mais
larga voltada para a oclusal, mas com todas as suas arestas convexas (Figura
6.11).
Figura 6.11: Face vestibular do primeiro molar superior direito (16).

Esta face é delimitada por quatro margens; uma margem cervical


formada por duas linhas curvadas suavemente com convexidade voltada para
a raiz do dente, originadas da divisão das duas raízes vestibulares; duas

124
margens proximais mesial e distal com direção bastante convergente para a
raiz, das quais a mesial é a maior e a menos inclinada; a margem oclusal que
tem a forma de dois picos em “V” cujas extremidades muitas vezes
pontiagudas são as porções vestibulares das cúspides vestibulares. Desta
forma, a porção oclusal desta face é dividida em dois lobos, o mesial maior
que o distal, e estes lobos são formados justamente pela existência de um
sulco vestibular que nunca atinge a margem cervical em extensão (Figura
6.12). Este dente possui mais uma particularidade que o torna único e
complexo, a sua face vestibular é menor em extensão que a face palatina,
conceito que contraria o princípio adotado em todos os outros dentes.

Figura 6.12: Face vestibular do primeiro molar superior direito (16).

125
Face Palatina: Esta face tem sua convexidade mais acentuada que a
face vestibular, mas também possui a forma de um trapézio com base mais
larga voltada para a oclusal. Também possui um sulco palatino que dá origem
a dois lobos, dos quais o lobo mesial é bem mais volumoso que o distal. As
margens proximais são convergentes para a raiz sendo a distal mais
arredondada e menor que a mesial (Figura 6.13). Esta face possui em sua
maioria a presença do tubérculo anômalo, que se localiza em altura no terço
médio desta face e em largura na direção da cúspide mesial (Figura 6.14).
Algumas vezes este tubérculo se reduz a uma simples depressão nesta região;
várias teorias foram lançadas com a finalidade de descobrir a causa da
formação deste tubérculo, mas o que se tem certeza é de que é uma formação
que favorece a mastigação por aumentar a área de contato da face oclusal e
que pelas mudanças nos hábitos alimentares dos seres humanos, pode ser que
ele desapareça da anatomia dos primeiros molares superiores.

Figura 6.13: Face palatina do primeiro molar superior direito (16).

126
Figura 6.14: Tubérculo anômalo na cúspide mésio-palatina do primeiro
molar superior direito (16).

Face mesial: irregularmente trapezoidal, é a face mais larga, tem a


margem oclusal marcada por uma concavidade central e a margem cervical
composta por duas linhas convexas para a oclusal das quais sua união é
originada pela separação das raízes vestibular e palatina. A margem vestibular
é mais plana no terço oclusal e no médio e convexa no terço cervical, já a
margem palatina é mais curva e convexa, de dimensões menores que a
vestibular (Figura 6.15).

127
Figura 6.15: Face mesial do primeiro molar superior direito (16).

Face distal: apresenta forma semelhante a da face mesial, porém é de


menor tamanho e mais convexa.
Face oclusal: Tem a forma um trapézio irregular, visto de frente esta
face apresenta a parte maior do trapézio voltada para o lado palatino, contrário
ao que acontece nos outros dentes (Figura 6.16).

128
Figura 6.16: Face oclusal do primeiro molar superior direito (16).

É formada por quatro cúspides, mésio-vestibular, mésio-palatina,


disto-vestibular e disto-palatina. A continuidade das cúspides mésio-palatina
e disto-vestibular constituem a ponte de esmalte. As cúspides do primeiro
molar superior possuem volumes variados, das quais a cúspide mésio-palatina
é a mais volumosa e por consequência a disto-palatina é a menor. A redução
da cúspide disto-palatina é um indício de evolução, pois em alguns casos ela
se reduz a um pequeno tubérculo, no segundo molar ela fica ainda menor e
no terceiro molar ela quase sempre não existe. Com exceção desta cúspide as
outras apresentam planos inclinados oclusais delimitados por arestas axiais
bem marcadas que têm origem nas pontas destas cúspides e se dirigem
obliquamente para os sulcos intercuspídicos. Na superfície dos planos ou

129
vertentes oclusais se encontram sulcos ou pelo menos depressões que
enriquecem ainda mais a anatomia desta face (Figura 6.17).

Figura 6.17: Face oclusal do primeiro molar superior direito (16).

Os sulcos intercúspidicos que separam as quatro cúspides do primeiro


molar superior apresentam a forma de um H muito irregular. O sulco
intercuspídico vestíbulo-oclusal separa as duas cúspides vestibulares, parte de
uma fosseta oclusal e termina em uma pequena fosseta vestibular no terço
oclusal da face vestibular do dente; o sulco mésio-central separa a cúspide
mésio-vestibular da mésio-palatina possui uma trajetória que se origina na
fosseta central e termina na fosseta triangular mesial. O sulco intercuspídico

130
vestíbulo-oclusal e o mésio-central constituem uma haste vertical do H. O
sulco intercuspídico disto-palatino apresenta uma curva de concavidade
distal. Este representa a outra haste vertical do H. Este sulco separa a cúspide
disto palatina da ponte de esmalte e se origina em uma fosseta triangular distal
e termina em direção oblíqua na face palatina. Outro sulco raso,
frequentemente pouco marcado, que é interrompido pela ponte de esmalte,
separa as fossetas central e distal, constitui a haste horizontal do H (Figura
6.18).
Figura 6.18: Face oclusal do primeiro molar superior direito (16).

131
Colo
Nas faces proximais é ligeiramente curvo com concavidade voltada
para a raiz e nas faces vestibular e palatina é aproximadamente horizontal
(Figuras. 6.19 e 6.20).

Figura 6.19: Face mesial do primeiro molar superior direito (16).

Figura 6.20: Face vestibular do primeiro molar superior direito (16).

132
Raízes
Como já citado anteriormente, este dente possui três raízes bem
distintas das quais duas são vestibulares e uma palatina. A raiz palatina é a
mais volumosa, tem forma cônica, secção transversal circular, e é inclinada
para a palatina. Já as raízes vestibulares são bem menos volumosas, possuem
um achatamento mésio-distal acentuado, das quais a raiz mésio-vestibular é
a mais volumosa e a mais achatada. As raízes vestibulares possuem forma de
triângulo e se ocorrerem desvios no trajeto de alguma das raízes, ele ocorre
com mais frequência nestas raízes vestibulares e são mais concentrados no
terço apical (Figuras. 6.21 e 6.22).

Figura 6.21: Vista palatina das raízes do primeiro molar superior direito
(16).

133
Figura 6.22: Vista vestibular das raízes do primeiro molar superior direito
(16).

6.4 SEGUNDO MOLAR SUPERIOR


Coroa
É um dente que possui variações de forma em função da evolução do
ser humano: algumas pessoas ainda possuem este dente com a forma idêntica
a do primeiro molar superior somente com variação do tamanho que é
diminuído; outras possuem uma das variações de forma deste dente que
consiste em ter três cúspides em função da eliminação da cúspide disto-
palatina; enquanto outras possuem ainda uma terceira variação que consiste
em um achatamento muito forte do sentido mésio-palatino para o sentido

134
disto-vestibular distorcendo a forma de um segundo molar típico (Figura
6.23).
Figura 6.23: Vista vestibular do segundo molar superior direito (17).

Face vestibular: Possui a mesma conformação da face vestibular do


primeiro molar superior, ou seja, apresenta forma trapezoidal com diminuição
nas dimensões e com convexidade um pouco mais acentuada (Figura 6.24).
Nas coroas mais achatadas ou de compressão, esta face não apresenta sulco
interlobar e sim uma saliência ou crista arredondada.
Figura 6.24: Face vestibular do segundo molar superior direito (17).

135
Face palatina: Também possui a mesma configuração da face palatina
do primeiro molar superior (forma de trapézio). A cúspide disto-palatina se
reduz a um pequeno tubérculo, possui convexidade bem mais acentuada que
a face palatina do primeiro molar superior. O tubérculo anômalo raramente
está presente nesta face do segundo molar superior (Figura 6.25).

Figura 6.25: Face palatina do segundo molar superior direito (17).

Faces proximais: possuem o mesmo modelo das faces proximais do


primeiro molar superior com algumas particularidades, sendo menores e mais
frequentemente invadidas pelo sulco oclusal principal (Figura 6.26).

136
Figura 6.26: Face mesial do segundo molar superior direito (17).

Face oclusal: tem o mesmo formato e anatomia do primeiro molar


superior, mas é modificada em função das variações que o segundo molar
sofre como já citadas anteriormente. A forma tricuspidada é a mais comum
de todas com incidência de 50% aproximadamente; nesta variação ocorre o
deslocamento para distal da cúspide mésio-palatina e a continuidade do sulco
oclusal principal da fosseta mesial para a fosseta distal. Na forma
tetracuspidada, com incidência de ocorrência de 30 a 40%, a forma da face
oclusal é idêntica a forma da face oclusal do primeiro molar superior, com
exceção da ponte de esmalte, que normalmente não está presente e do menor
volume da cúspide disto-palatina (Figura 6.27). Na forma achatada ou de
compressão, com incidência de 10%, torna confusa a interpretação da forma

137
das cúspides e do posicionamento dos sulcos. Em qualquer uma das formas
as cristas marginais estão sempre presentes e bem marcadas.

Figura 6.27: Face oclusal do segundo molar superior direito (17).

Colo
É semelhante ao do primeiro molar, porém mais achatado mésio-
distalmente.
Raízes
São parecidas com as do primeiro molar superior, mas tem menos
incidência de se inclinarem e se curvarem. Existe uma tendência à fusão das
raízes mésio-vestibular e palatina (Figuras 6.28 e 6.29).

138
Figura 6.28: Vista vestibular das raízes do segundo molar superior direito
(17).

Figura 6.29: Vista palatina das raízes do segundo molar superior direito
(17).

139
6.5. TERCEIRO MOLAR SUPERIOR
Coroa
Pode ser considerado o dente que mais apresenta variações de forma
de todos os outros. Encontra-se terceiros molares com até quatro cúspides
enquanto também é constante a presença de terceiros molares conoides, ou
seja, constituídos simplesmente por uma única cúspide (Figura 6.30).
Figura 6.30: Vista vestibular do terceiro molar superior direito (18).

Face vestibular: Possui as mesmas características das faces


vestibulares dos outros dois molares apresentados (forma de um trapézio de
maior lado para a oclusal) (Figura 6.31).
Figura 6.31: Face vestibular do terceiro molar superior direito (18).

140
Face palatina: É uma face bastante convexa, de tamanho menor que a
vestibular e possui as mesmas características da face palatina do segundo
molar (Figura 6.32).
Figura 6.32: Face palatina do terceiro molar superior direito (18).

Faces proximais: A face distal é bem menor e mais convexa que a


mesial, mas ambas têm as mesmas configurações das faces proximais dos
primeiros molares (forma trapezoidal) com redução de suas dimensões
(Figura 6.33).
Figura 6.33: Face mesial do terceiro molar superior direito (18).

141
Face oclusal: Apresenta grandes variações na sua forma, podendo ser:
como a face oclusal do primeiro molar; como as faces oclusais do segundo
molar (tetracuspidado com cúspide disto-palatina reduzida; tricuspidada ou
comprimida); bicuspidada como a face oclusal do pré-molar; achatada mésio-
distalmente com uma fosseta central, de onde partem inúmeros sulcos e, além
disso, pode ser cônica e pequena (Figura 6.34).

Figura 6.34: Face oclusal do terceiro molar superior direito (18).

142
Colo
É bastante achatado no sentido mésio-distal.
Raízes
Geralmente as raízes se apresentam fusionadas e o número pode variar
desde uma única raiz até cinco ou mais raízes. Também podem estar isoladas
(Figuras 6.35 e 6.36).

Figura 6.35: Vista vestibular das raízes do terceiro molar superior direito
(18).

143
6.6 MOLARES INFERIORES – MORFOLOGIA GERAL
São dentes que possuem uma coroa cúbica, mas irregular e varia esta
forma quando o dente apresenta anomalia, problema mais frequente nos
terceiros molares. A coroa destes dentes é mais larga no sentido mésio-distal
que no sentido vestíbulo-lingual (Figura 6.37).
Figura 6.37: Vista vestibular do molar inferior.

A face vestibular tem a forma de um trapézio irregular cujo lado maior


é o oclusal. Possui convexidade em todas as direções, mas com ênfase nesta
característica no terço cervical desta face (Figura 6.38).
Figura 6.38: Face vestibular do molar inferior.

144
É muito inclinada para a lingual e possui sulcos que se originam na
face oclusal e terminam no terço médio da face vestibular. A margem cervical
é muito semelhante a dos molares superiores, as margens proximais são
convergentes para a raiz e arredondadas, a margem oclusal também tem
morfologia semelhante à dos molares superiores apresentando duas incisuras,
ao invés de uma como no molar superior, no seu contorno para acompanhar
as arestas das três cúspides vestibulares (Figura 6.39).
Figura 6.39: Face vestibular do molar inferior.

A face lingual tem características bastante semelhantes à face


vestibular, porém é menor e bem mais convexa. Assim como a face
vestibular, esta face também é inclinada para a lingual, mas em menor grau.
A margem oclusal possui uma única incisura provocada pela invaginação do
sulco ocluso-lingual (Figura 6.40).

145
Figura 6.40: Face lingual do molar inferior.

As faces proximais são trapezoidais e têm como maior lado a região


cervical. São convexas em todos os sentidos, porém suavemente escavadas
próximo ao colo. A margem vestibular tem o terço cervical bastante convexo
e o terço oclusal e médio chegam a ser planos e bastante inclinados para a
lingual. A margem lingual é inclinada para a lingual e mais convexa que a
vestibular. A margem oclusal tem uma conformação de V com braços bem
abertos e as pontas deste “V” formam as extremidades proximais das cúspides
vestibulares e linguais. A face mesial é um pouco maior e menos convexa que
a face distal. Estas faces podem ser invadidas por sulcos principais ou
secundários originários da face oclusal (Figuras 6.41 e 6.42).

146
Figura 6.41: Face mesial do molar inferior.

Figura 6.42: Face mesial do molar inferior.

147
A face oclusal tem também a forma de um trapézio de grande lado
vestibular, mas sempre com as margens vestibular e lingual maiores que as
margens proximais (Figura 6.43).

Figura 6.43: Face oclusal do molar inferior.

Cúspides
São em número de quatro ou cinco cúspides, sendo a menor a disto-
vestibular. Quando o molar inferior possui cinco cúspides, três são voltadas
para a face vestibular e duas para a face lingual. Assim como descrito nos
molares superiores as cúspides formam os sulcos (Figura 6.44).
Sulcos e fóssulas
Este grupo de dentes também possui um sulco principal ou mésio-
distal que se inicia e termina em fóssulas triangulares mesiais e distais. Este
sulco é um pouco mais sinuoso em função do número de cúspides que este
dente possui, quanto maior o número de cúspides maior a sinuosidade deste
sulco. Deste sulco principal partem os sulcos que tomam direção para a
148
vestibular e que irão separar as cúspides vestibulares e os sulcos que tomam
direção para a lingual e que irão separar as cúspides linguais. No encontro
destes sulcos com o sulco principal se formam fóssulas triangulares que
também dão a característica topográfica da face oclusal deste dente (Figura
6.44).
Figura 6.44: Face oclusal do molar inferior.

Colo
O colo destes dentes apresenta as mesmas características dos molares
superiores.

149
Raízes
Estão em número de duas, uma posicionada na mesial e outra na distal.
São achatadas no sentido mésio-distal e alargadas no sentido vestíbulo-
lingual. A raiz distal é menos volumosa e elas podem ser retilíneas,
divergentes ou convergentes (Figura 6.45). Nas faces proximais são
observados sulcos mais ou menos profundos que podem conduzir até a
divisão da raiz.

Figura 6.45: Vista vestibular das raízes do molar inferior.

6.7 PRIMEIRO MOLAR INFERIOR


Coroa
É o dente mais volumoso da dentição humana, geralmente possui
cinco cúspides. É o dente com a anatomia coronária mais complexa, em

150
especial a face oclusal. A coroa deste dente tem a altura menor que a largura
vestíbulo-lingual e estas duas dimensões são menores que a largura mésio-
distal (Figura 6.46).
Figura 6.46: Vista vestibular do primeiro molar inferior esquerdo (36).

Face vestibular: Tem o formato de um trapézio com base maior


voltada para a oclusal (Figura 6.47).

Figura 6.47: Face vestibular do primeiro molar inferior esquerdo


(36).

O terço cervical desta face é o que apresenta maior nível de


convexidade, enquanto os outros dois terços apresentam pouca convexidade

151
tornando estas porções quase planas. Ela apresenta dois sulcos que dividem a
porção oclusal desta face em três porções; uma mesial a mais volumosa
formando o lobo mesial, uma média que recebe a denominação de lobo
mediano e uma distal, formando o lobo distal, com o menor volume das três.
O sulco mesial divide o lobo mesial do mediano, percorre a face vestibular
desde a margem oclusal até o terço médio da face vestibular terminando em
uma fóssula triangular. O sulco distal ou disto-vestibular que é bem menor
em extensão, menos profundo e nunca termina em fóssula como o sulco
mesial (Figura 6.48).
Figura 6.48: Face vestibular do primeiro molar inferior esquerdo (36).

152
Esta face é delimitada por quatro margens:
A margem oclusal ou livre é a mais complexa, pois recebe os
contornos das arestas vestibulares das três cúspides vestibulares que este
dente possui; a sua porção mesial é a maior em comprimento e se estende até
aproximadamente a porção mediana da face vestibular quando se fala do
sentido mésio-distal. Esta margem sofre incisura profunda de ambos os sulcos
vestíbulo-mesial e vestíbulo-distal.
A margem distal e mesial são praticamente planas até o terço oclusal
onde se tornam bastante convexas. Entre as duas margens proximais, a
margem mesial é maior que a distal.
A margem cervical é mais curta que a margem oclusal, possui
ondulações no seu contorno, é em semicírculo com concavidade voltada para
a coroa e possui um prolongamento na sua porção mediana que tende a se
estender para as raízes (Figura 6.49).
Figura 6.49: Face vestibular do primeiro molar inferior esquerdo (36).

153
Face lingual: É semelhante a face vestibular, de forma também
trapezoidal, mas possui convexidade maior e possui um sulco raso que se
origina da face oclusal e corta esta face, sem terminar em fóssula. É
delimitada por quatro margens: margem oclusal com o contorno das arestas
das duas cúspides linguais formando o limite superior dos dois lobos
existentes nesta face lingual e que dão corpo às cúspides linguais das quais a
mesial é a maior, a margem cervical é de contorno menos sinuoso que o
contorno desta margem da face vestibular e as margens proximais são bem
parecidas com estas mesmas margens da face vestibular (Figura 6.50).
Figura 6.50: Face lingual do primeiro molar inferior esquerdo (36).

Faces proximais: A face mesial é plana e ligeiramente côncava no


terço cervical, é muito convexa no terço oclusal. A margem oclusal que
delimita esta face tem a forma de um V com porção vestibular maior que a
lingual. A margem vestibular é quase plana no terço oclusal e muito convexa
no terço cervical. A margem lingual desta face é suavemente convexa em
154
quase toda sua extensão e inclinada para o lado lingual. A margem cervical é
curva de concavidade voltada para a raiz (Figura 6.51). A face distal possui
as mesmas características da mesial, mas com dimensões menores.
Figura 6.51: Face mesial do primeiro molar inferior esquerdo (36).

Face oclusal: Tem a forma de um trapézio de base maior voltada para


a vestibular, e a margem mesial tem maior extensão que a margem distal que
delimitam esta face (Figura 6.52).
Figura 6.52: Face oclusal do primeiro molar inferior esquerdo (36).

155
A margem vestibular é convexa para a vestibular e possui duas
depressões na sua extensão originadas pela continuidade dos sulcos oclusais
contidos nesta face. A margem lingual é convexa para a lingual e possui uma
convexidade na sua porção mediana que se originou do sulco oclusal que esta
face possui (Figura 6.53).

Figura 6.53: Face oclusal do primeiro molar inferior esquerdo (36).

Esta face possui em sua maioria cinco cúspides, três vestibulares e


duas linguais. A cúspide mésio-vestibular é a mais volumosa e apresenta
morfologia bem parecida com as cúspides dos outros molares. Existem casos
deste dente possuir somente quatro cúspides. Os sulcos são: intercuspídico
mésio-distal, ocluso-vestíbulo-mesial, ocluso-lingual e ocluso-vestíbulo-
distal. O sulco intercuspídico mésio-distal ou mais conhecido como sulco
principal separa as cúspides vestibulares das linguais, tem origem na fóssula

156
triangular mesial e termina na fóssula triangular distal percorrendo toda a
extensão da face oclusal com trajeto sinuoso, em forma de “W”. O sulco
intercuspídico ocluso-vestíbulo-mesial ou vestíbulo-central separa a cúspide
mésio-vestibular da cúspide vestíbulo-mediana, é perpendicular ao mésio-
distal e se estende da depressão triangular oclusal, localizada praticamente no
centro desta face, até o terço médio da face vestibular cortando a margem
vestibular da face oclusal com extremidade em forma de fossa triangular
localizada na face vestibular. O sulco disto-vestibular é localizado na distal
do sulco anterior e separa as cúspides vestíbulo-mediana da disto-vestibular.
O sulco ocluso-lingual é perpendicular ao sulco principal e se direciona para
a face lingual sem terminar em uma fossa triangular, separa as cúspides
mésio-lingual da disto-lingual (Figura 6.54).
Figura 6.54: Face oclusal do primeiro molar inferior esquerdo (36).

157
Colo
Nas faces proximais é ligeiramente curvo com concavidade voltada
para a raiz e nas faces vestibular e lingual é aproximadamente horizontal
(Figura 6.55).
Figura 6.55: Faces distal e vestibular do primeiro molar inferior esquerdo
(36).

Raízes
É um dente birradicular as quais estão posicionadas uma na mesial e
outra na distal. Elas são achatadas no sentido mésio-distal sendo que a raiz
mesial é mais larga e comprida que a distal (Figura 6.56). A raiz mesial é
curvada para a distal 84% dos casos e a raiz distal é reta em 73,5% dos casos.
Figura 6.56: Vista vestibular das raízes do primeiro molar inferior esquerdo
(36).

158
6.8 SEGUNDO MOLAR INFERIOR
É um dente menor que o primeiro, é tetracuspidado em grande parte
dos casos (Figura 6.57).
Figura 6.57: Vista vestibular do segundo molar inferior direito (47).

Coroa
Face vestibular: Tem forma de trapézio, formada por duas cúspides
das quais a maior é a mesial, possui um sulco vestibular que se origina na face
oclusal e que percorre a face vestibular terminando no terço médio desta face
em uma fóssula triangular. Na face vestibular o 1/3 oclusal inclina-se
fortemente para a lingual (Figura 6.58).
Figura 6.58: Face vestibular do segundo molar inferior direito (47).

159
As margens proximais são bastante convexas sendo que a distal é
menor e mais convexa que a mesial (Figura 6.59).

Figura 6.59: Face vestibular do segundo molar inferior direito (47).

Face lingual: é menor que a face vestibular, mas possui as mesmas


características com um pouco mais de convexidade. O sulco lingual é um
pouco menos marcado e não termina em fóssula triangular (Figura 6.60).

160
Figura 6.60: Face lingual do segundo molar inferior direito (47).

Faces proximais: Apresentam convexidade ao nível do terço oclusal e


são planas ou côncavas ao nível do terço cervical, podem ser invadidas pelo
sulco intercuspídico (Figura 6.61). A face distal é menor e mais convexa que
a mesial.
Figura 6.61: Face mesial do segundo molar inferior direito (47).

161
Face oclusal: Em geral é tetracuspidada; duas cúspides estão
localizadas na vestibular e duas na lingual. Em ordem decrescente de volume
temos: a cúspide mésio-lingual (mais volumosa) e em seguida as cúspides
mésio-vestibular, disto-vestibular e a disto-lingual (menos volumosa). Esta
face é marcada por duas fossetas triangulares, situadas na mesial e na distal e
uma fosseta no centro com formato de losango. Os sulcos presentes nesta face
são os sulcos mésio-distal e o vestíbulo-lingual que se cruzam
perpendicularmente (aspecto de cruz) (Figura 6.62).

Figura 6.62: Face oclusal do segundo molar inferior direito (47).

162
Colo
É semelhante ao do primeiro molar inferior.

Raízes
São semelhantes as do primeiro molar inferior, com a diferença que
são mais finas (Figura 6.63). A raiz mesial é curvada para distal em 53% dos
casos e a raiz distal é reta em 58% dos casos. Na figura 6.63 as raízes não
seguem este padrão.

Figura 6.63: Vista vestibular das raízes do segundo molar inferior direito
(47).

6.9 TERCEIRO MOLAR INFERIOR


São dentes com dimensões bastante variáveis. As modificações de
forma são bastante parecidas com as apresentadas no terceiro molar superior
(Figura 6.64). Muitas pessoas atualmente já possuem agenesia deste dente, e
a grande maioria da população possui este dente impactado. É um dente que

163
muitas vezes não irrompe por formação na direção contrária à da direção do
arco dental.

Figura 6.64: Vista vestibular do terceiro molar inferior esquerdo (38).

Coroa
Face vestibular: Apresenta a forma de um trapézio, podendo
apresentar um ou dois sulcos, dependendo do número de cúspides (Figura
6.65). Geralmente possui cinco cúspides se assemelhando bastante ao
primeiro molar. Também pode apresentar quatro cúspides se assemelhando
bastante ao segundo molar inferior.
Figura 6.65: Face vestibular do terceiro molar inferior esquerdo (38).

164
Face lingual: Semelhante à do primeiro e segundo molares inferiores,
com bastante convexidade (Figura 6.66).

Figura 6.66: Face lingual do terceiro molar inferior esquerdo (38).

Faces proximais: Apresentam convexidade ao nível do terço oclusal e


são planas ou côncavas ao nível do terço cervical (Figura 6.67).

Figura 6.67: Face mesial do terceiro molar inferior esquerdo (38).

165
Face oclusal: Possui as mesmas características de um segundo molar
inferior quando apresenta quatro cúspides e de um primeiro molar inferior
quando apresenta cinco cúspides, mas pode apresentar até oito cúspides. Os
sulcos são um pouco menos retilíneos que os dos primeiros e segundos
molares e os sulcos secundários são muito mais presentes (Figura 6.68).
Figura 6.68: Face oclusal do terceiro molar inferior esquerdo (38).

Colo
Apresenta-se semelhante ao do colo do primeiro molar inferior
quando é de forma típica.

Raízes
Geralmente as raízes apresentam-se reunidas em um único cone, mas
também podemos encontrá-las fusionadas parcialmente e até mesmo

166
completamente separadas. O desvio disto-lingual é bastante frequente bem
como as dilacerações (Figura 6.69).
Figura 6.69: Vista vestibular das raízes do terceiro molar inferior esquerdo
(38).

167
CAPÍTULO 7 - DENTES DECÍDUOS

7.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS DENTES DECÍDUOS


A denominação de dentes decíduos é originada do latim “decidere”
que significa cair, mas também são conhecidos como dentes de leite,
temporários, caducos ou da primeira infância e constituem a dentição da
criança.
A partir aproximadamente dos 5 meses de idade, a criança inicia a fase
da mastigação, assim os dentes começam a surgir devido esta necessidade
fisiológica e finalizam sua erupção aos 3 anos de idade, com um total de 10
dentes na arcada superior e 10 dentes na arcada inferior. Deste modo, a
criança totaliza 20 dentes até uns 6 anos de idade, onde se inicia a formação
do primeiro molar inferior permanente ou também conhecido como molar dos
6 anos, erupcionando posteriormente ao segundo molar decíduo.
Concomitante a este fato, inicia-se a troca dos dentes anteriores decíduos
pelos dentes permanentes, sendo que se finaliza a troca total dos decíduos aos
12 anos de idade, aproximadamente, com a erupção dos segundos molares
permanentes, faltando apenas a erupção dos terceiros molares permanentes
caso estes existam, pois atualmente estes dentes estão praticamente extintos
ou quando aparecem podem não estar presentes nos quatro quadrantes
existindo assim a anodontia (ausência) em algum dos arcos.
Os dentes decíduos possuem as mesmas denominações dos dentes
permanentes, isto é, são divididos em grupos de incisivos, caninos e molares.
Não existe o grupo dos pré-molares na dentição decídua. Mesmo com formas
semelhantes aos dentes permanentes, os decíduos apresentam o eixo
longitudinal, sentido cérvico-oclusal, menor do que o eixo transversal, sentido
mésio-distal.

168
A coloração branca azulada ou branca leitosa que ocorre devido a
menor mineralização destes dentes, é uma característica que lhe deu a
denominação popular de dentes de leite. A coroa destes dentes possui
coloração uniforme. Morfologicamente são muito semelhantes aos
permanentes no que se refere ao grupo de incisivos e caninos. O primeiro
molar decíduo não se assemelha a nenhum molar da arcada permanente, não
sendo o que ocorre com o segundo molar decíduo que possui as mesmas
características dos primeiros molares permanentes.
O dente decíduo apresenta-se menos mineralizado que o dente
permanente, menos duro, menos resistente, com menor porcentagem de cálcio
o que determina a tonalidade azulada exibida na coroa destes dentes.
Os dentes decíduos são menores que os permanentes e a relação
volumétrica entre eles faz com que o permanente seja 1/3 mais volumoso que
os decíduos (Figura 7.1).
Figura 7.1: Incisivo Central Superior Decíduo Direito (51) e Incisivo
Central Superior Permanente Esquerdo (21).

169
Estes dentes de leite apresentam um aspecto globoso da coroa, com
espessamento do esmalte cervical determinando um maior estrangulamento
ao nível do colo, conferindo a estes dentes um aspecto tosco característico. O
colo é muito estrangulado, pois o esmalte mantendo a mesma espessura que
possui nas faces laterais da coroa, termina de maneira brusca ao nível da linha
cervical, provocando a formação de uma saliência mais ou menos evidente,
um colar de esmalte, conferindo à coroa uma exuberância em sua face
vestibular (Figura 7.2).

Figura 7.2: Estrangulamento do colo (setas) do Incisivo Central Superior


Decíduo Direito (51).

Os dentes permanentes possuem maior sensibilidade aos estímulos do


que os dentes decíduos, isso devido a maior riqueza das terminações nervosas
existentes nos permanentes. Outra característica singular dos dentes decíduos
é a suscetibilidade frente às agressões de agentes infecciosos ou mesmo

170
terapêuticos. Nos dentes decíduos o processo carioso evolui muito mais
rapidamente podendo comprometer a integridade pulpar precocemente, fato
este que leva mais tempo nos dentes permanentes por causa de sua maior
mineralização e também por possuírem revestimento amelodentínico mais
espesso.
As raízes dos dentes temporários são proporcionalmente maiores que
as raízes dos dentes permanentes, mais delgadas e divergentes nos dentes
multirradiculares, possuindo em sua forma definitiva ápices pontiagudos e
orifícios radiculares puntiformes.
Quando os ápices radiculares começam a sofrer o processo de
reabsorção notam-se raízes irregulares determinando a formação de espículas
dentinárias características deste período da evolução dental.
Quanto à forma das raízes dos dentes decíduos, observa-se nos dentes
unirradiculares um ápice mais agudo e a raiz com desvio para a vestibular a
partir do terço apical e, às vezes, a partir do terço médio. Esta situação pode
ser explicada pelo posicionamento lingual/palatino e apical do germe do dente
permanente. Nos dentes multirradiculares, as raízes dos dentes decíduos são
mais planas e divergentes que os dentes permanentes, esta situação pode ser
explicada devido estas raízes alojarem os germes dos dentes permanentes
(Figura 7.3).
Outra característica importante nos decíduos é a ocorrência da
bifurcação radicular em pleno terço cervical, próximo ao colo, enquanto nos
dentes permanentes a bifurcação radicular ocorre na união do terço médio
com o cervical ou apenas no terço médio.

171
Figura 7.3: Divergência das raízes do Primeiro Molar Inferior Decíduo
Esquerdo (74).

Especificamente com relação ao posicionamento da raiz palatina, nos


dentes permanentes estas estão situadas praticamente no centro da face
palatina da coroa, o que não ocorre nos decíduos onde a raiz palatina situa-se
mais distalmente em relação à coroa.
As câmaras pulpares nos dentes decíduos apresentam-se maiores
proporcionalmente aos dentes permanentes, bem como um maior calibre de
seus canais radiculares.

7.2 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS DENTES INCISIVOS


DECÍDUOS
Os incisivos decíduos totalizam um número de oito com as mesmas
características morfológicas dos permanentes, sendo quatro incisivos
centrais, dois superiores e dois inferiores e quatro incisivos laterais, dois
superiores e dois inferiores.
172
A posição deste grupo de dentes no alvéolo é mais vertical se
comparada ao mesmo grupo dos permanentes. O incisivo central superior,
numa normo-oclusão, oclui com o incisivo central inferior e com a metade
mesial do incisivo lateral inferior. O incisivo lateral superior oclui com o seu
homônimo inferior e mais metade mesial do canino inferior.
Desta forma como ocorre nos dentes incisivos permanentes, os dentes
de leite superiores são mais volumosos e dispõem-se no arco dental de
maneira decrescente no sentido mésio-distal, enquanto os inferiores de modo
contrário, dispõem-se de maneira crescente, no mesmo sentido. A relação de
tamanho entre os incisivos superiores e inferiores mostra os decíduos
superiores mais volumosos que os decíduos inferiores.

Coroa
A coroa dos dentes incisivos decíduos possui aspecto cuneiforme
semelhante à coroa dos dentes incisivos permanentes, porém, a face vestibular
dos decíduos é mais larga do que alta, observando o inverso nos dentes
permanentes (Figura 7.4).
Figura 7.4: Coroa do Incisivo Central Superior Decíduo.

173
Face Vestibular
Esta face pode ser inscrita num trapézio de maior lado oclusal. A face
vestibular é lisa e convexa, com sulcos de desenvolvimento pouco acentuados
separando lóbulos discretamente e com a mesma disposição dos incisivos
permanentes (Figura 7.5).
Figura 7.5: Face vestibular do Incisivo Central Superior Decíduo.

Face Lingual/Palatina
Esta face também pode ser inscrita num trapézio de maior lado oclusal,
sendo côncava nos dois terços oclusais e limitada por cristas marginais bem salientes.
Os sulcos de desenvolvimento e a divisão lobular são altamente discretos (Figura
7.6).
Figura 7.6: Face palatina do Incisivo Central Superior Decíduo.

174
Faces Proximais
Estas faces possuem formato triangular, com lados e ângulos
arredondados, com maior convexidade no terço oclusal. As margens que a
delimitam são arredondadas e continuam de maneira discreta nas faces
vizinhas. A margem cervical possui a forma de um “V”, de abertura voltada
para a raiz (Figura 7.7).
Figura 7.7: Face proximal do Incisivo Central Superior Decíduo.

Margem Incisal
A margem incisal tem uma borda cortante nos dentes que ainda não
foram desgastados e transformam-se numa faceta retilínea e inclinada para a
distal nos dentes desgastados numa normo-oclusão (Figura 7.8).

175
Figura 7.8: Margem incisal do Incisivo Central Superior Decíduo.

Colo
O colo é bem delimitado e como o esmalte da coroa possui a mesma
espessura em toda sua face, termina abruptamente na linha cervical formando
um colar de esmalte, dependendo do dente considerado ou lado observado.
Raiz
A raiz é cônica de lados e ângulos arredondados, com sulcos
radiculares principalmente na face vestibular da raiz, semelhante ao
permanente. É característica comum a estes dentes a presença de um desvio
constante da raiz para o lado vestibular, verdadeiro acotovelamento do terço
apical devido a presença do folículo dental do germe do dente permanente
(Figura 7.9). O ápice radicular apresenta-se com um único forame, circular e
muito regular nos dentes em desenvolvimento ou já evoluídos, porém, nos
dentes em processo de reabsorção o ápice radicular apresenta-se cheio de
reentrâncias e saliências como verdadeiras espículas dentinárias.

176
Figura 7.9: Vista vestibular da raiz do Incisivo Central Superior Decíduo.

7.3 INCISIVO CENTRAL SUPERIOR DECÍDUO


O incisivo central superior decíduo é o primeiro dente a erupcionar no
arco superior, sendo o mais volumoso da série dos incisivos. Este dente é
muito parecido com o incisivo central superior permanente, apesar de seu
aspecto rústico.
Coroa
A coroa deste dente tem a forma de uma cunha, sendo mais larga do
que alta e bastante achatada no sentido vestíbulo-palatino (Figura 7.10).

177
Figura 7.10: Vista proximal do Incisivo Central Superior Decíduo Direito
(51).

Face vestibular
Esta face tem a forma de trapézio, de maior lado voltado para a
margem incisal, sendo muito convexa em todos os sentidos, principalmente
junto ao colo. Existem sulcos de desenvolvimento como nos dentes
permanentes, que dividem o dente em lóbulos (mesial, mediano e distal),
porém, estes são menos salientes apesar de mostrarem a mesma disposição e
volume proporcionais ao tamanho do dente decíduo.
Existem quatro margens que delimitam esta face: a margem cervical
curvilínea e muito bem delimitada com um colar de esmalte bem definido; a
margem incisal inicialmente retilínea nos dentes sem desgastes, possuindo

178
três dentículos separados por duas incisuras pouco profundas invadindo as
faces vestibular e lingual desaparecendo na altura do terço incisal; a margem
distal é muito curta e convexa formando um ângulo com a margem incisal
bastante arredondado; a margem mesial é mais reta e longa se comparada com
a distal (Figura 7.11).
Figura 7.11: Face vestibular do Incisivo Central Superior Decíduo Direito
(51).

Face Palatina
Esta face é menor que a vestibular com sulcos e lóbulos pouco nítidos;
apresenta-se na forma de um trapézio de maior lado voltado para a cervical,
sendo esta porção mais convexa, devido a presença do cíngulo, e seus outros
dois terços incisais possuem uma forma mais escavada. Nesta face, a margem
cervical merece destaque pelo grande desenvolvimento do colar de esmalte,

179
embora este seja em menor proporção que o da face vestibular (Figuras 7.12
e 7.13).
Figura 7.12: Face palatina do Incisivo Central Superior Decíduo Direito
(51).

Figura 7.13: Face palatina do Incisivo Central Superior Decíduo Direito


(51).

180
Faces proximais
Estas faces apresentam-se forma triangular com lados e ângulos
arredondados, são planas ou côncavas próximo ao colo e bastante convexas
no terço incisal. Suas margens apresentam as mesmas características dos
permanentes, exceto quanto a maior saliência do colar de esmalte no terço
cervical (Figura 7.14).

Figura 7.14: Face mesial do Incisivo Central Superior Decíduo Direito


(51).

Margem lncisal
A margem incisal em dentes jovens caracteriza-se por três dentículos,
separados por duas linhas pouco profundas delimitando os lóbulos dos dentes

181
em mesial, mediano e distal, tanto na face vestibular como na face palatina.
Com o desgaste fisiológico que acontece nos dentes, esta margem vai se
transformando em uma faceta retangular, biselada no sentido palatino e com
leve inclinação oblíqua para a face distal, tornado o ângulo distal muito
arredondado e o mesial agudo e vivo (Figura 7.15).

Figura 7.15: Margem incisal do Incisivo Central Superior Decíduo Direito


(51).

Colo
O colo é caracterizado por uma linha sinuosa côncavo-convexa muito
evidenciada nas faces vestibular e palatina, onde o colar do esmalte é muito
evidente. Nas faces proximais, o colo configura um V de abertura angular
voltada para a raiz (Figura 7.16).

182
Raiz
A raiz deste dente é única, cônica com ligeiro achatamento no sentido
vestíbulo-palatino. Numa vista vestibular, a raiz inclina-se ligeiramente para
o lado distal; numa vista proximal, a raiz mostra um acotovelamento do terço
apical voltada para o lado vestibular (Figura 7.16).
Figura 7.16: Vista mesial do Incisivo Central Superior Decíduo Direito
(51).

183
7.4 INCISIVO LATERAL SUPERIOR DECÍDUO
O incisivo lateral superior decíduo é o segundo dente do arco superior
e menos volumoso que o incisivo central superior decíduo. Situa-se
distalmente ao incisivo central e mesialmente ao canino superior decíduo.
Coroa
A coroa deste dente possui formato caniniforme, sendo mais alta do
que larga e com achatamento no sentido vestíbulo-palatino (Figura 7.17).
Face vestibular
A face vestibular do incisivo lateral superior decíduo possui lóbulos e
sulcos pouco nítidos em comparação ao incisivo central superior decíduo e
apresenta-se bastante convexa, com formato trapezoidal (Figura 7.17).
Figura 7.17: Face vestibular do Incisivo Lateral Superior Decíduo Direito
(52).

Face palatina
As cristas marginais deste dente são bem delimitadas tornando esta
face bastante estreita e escavada (Figura 7.18).

184
Figura 7.18: Face palatina do Incisivo Lateral Superior Decíduo Direito
(52).

Faces proximais
Estas faces se assemelham às faces dos incisivos centrais superiores,
porém possuem menores proporções (Figura 7.19).
Figura 7.19: Face mesial do Incisivo Lateral Superior Decíduo Direito (52).

185
Margem incisal
Esta margem pode apresentar dentículos como nos incisivos centrais
superiores decíduos, porém, em menores proporções e tem na sua porção
média, uma verdadeira cúspide que rapidamente se desgasta dando ao dente
um aspecto caniniforme. Com o desgaste fisiológico desta face, a margem
incisal torna-se uma faceta plana, inclinada obliquamente para a distal e
biselada no sentido palatino (Figura 7.20).

Figura 7.20: Margem incisal do Incisivo Lateral Superior Decíduo Direito


(52).

Colo
O colo é caracterizado por uma linha sinuosa côncavo-convexa muito
evidenciada nas faces vestibular e palatina, onde o colar de esmalte é muito
evidente, porém de dimensões menores que os incisivos centrais superiores
decíduos (Figura 7.21).

186
Figura 7.21: Linha de colo nas faces vestibular e mesial do Incisivo Lateral
Superior Decíduo Direito (52).

Raiz
A raiz é cônica e achatada mésio-distalmente, caracterizada pelo
desvio do terço apical para o lado vestibular e distal.

7.5 INCISIVO CENTRAL INFERIOR DECÍDUO


O incisivo central inferior decíduo, geralmente é o primeiro dente a
irromper na arcada dental de uma criança, ele é o menor do grupo dos
incisivos e o menos volumoso da série inferior. De maneira geral possui as
mesmas características do incisivo central inferior permanente, guardada as
devidas proporções de tamanho.
Este dente oclui apenas com o incisivo central superior decíduo, o qual
o recobre no terço incisal da face vestibular, na normo oclusão. Sua face
vestibular é quase vertical e no sentido vestíbulo-lingual a raiz inclina-se
ligeiramente para a distal.

187
Coroa
A coroa deste dente é muito alongada no sentido longitudinal e
achatada no sentido transversal, ou seja, mésio-distal.
Face vestibular
A forma desta face é de um trapézio bastante alongado, com pouca
convexidade em toda sua extensão, exceto ao nível do colo onde existe uma
maior convexidade em virtude do colar de esmalte (Figura 7.22).
Figura 7.22: Face vestibular do Incisivo Central Inferior Decíduo Esquerdo
(71).

Face lingual
A face lingual também possui um formato de um trapézio, porém
menor que a face precedente e apresenta-se mais escavada (Figura 7.23).

188
Figura 7.23: Face lingual do Incisivo Central Inferior Decíduo Esquerdo
(71).

Faces proximais
As faces proximais possuem forma triangular, de lados e ângulos
arredondados (Figura 7.24).

Figura 7.24: Face mesial do Incisivo Central Inferior Decíduo Esquerdo


(71).

189
Margem incisal
Esta margem pode apresentar dentículos como nos incisivos centrais
superiores, porém, em menores proporções. Com o desgaste fisiológico desta
face, a margem incisal apresenta um bisel na vestibular, pois o arco superior
envolve o inferior.
Colo
O colo é caracterizado por uma linha sinuosa côncavo-convexa muito
evidenciada nas faces vestibular e lingual e possui um forte achatamento no
sentido mésio-distal.

Raiz
A raiz é longa e achatada mésio-distalmente, sendo muito sulcada em
suas faces proximais. Sua secção transversal é oval e o seu terço apical é
muitas vezes desviado para o lado disto-vestibular (Figura 7.25).

Figura 7.25: Vista vestibular do Incisivo Central Inferior Decíduo Esquerdo


(71).

190
7.6 INCISIVO LATERAL INFERIOR DECÍDUO
O incisivo lateral inferior decíduo é mais volumoso que o incisivo
central inferior decíduo e localiza-se distalmente a este. Sua face vestibular é
ligeiramente inclinada para a região lingual e sua raiz desviada para a face
distal.
Coroa
A coroa deste dente é muito alongada no sentido longitudinal e
achatada no sentido mésio-distal, semelhante ao incisivo central inferior,
porém, possui um maior volume.
Numa vista vestibular, nota-se que as margens proximais são
divergentes para a margem incisal, característica diferencial entre este dente
e o seu antecessor, que apresenta estas margens mais paralelas.
Face vestibular
A forma desta face é de um trapézio bastante alongado, com pouca
convexidade em toda sua extensão, exceto ao nível do colo onde existe uma
maior convexidade em virtude do colar de esmalte (Figura 7.26).

Figura 7.26: Face vestibular do Incisivo Lateral Inferior Decíduo Direito


(82).

191
Face lingual
A face lingual também possui um formato de um trapézio, porém
menor que a face precedente e apresenta-se mais escavada (Figura 7.27).
Figura 7.27: Face lingual do Incisivo Lateral Inferior Decíduo
Direito (82).

Faces proximais
As faces proximais possuem forma triangular, de lados e ângulos
arredondados (Figura 7.28).
Figura 7.28: Face distal do Incisivo Lateral Inferior Decíduo Direito (82).

192
Margem incisal
A característica diferencial deste dente com o seu antecessor é o
arredondamento do ângulo distal da margem livre, apesar de ser bem menos
acentuado que o incisivo lateral superior decíduo (Figura 7.29).

Figura 7.29: Margem incisal (seta: arredondamento do ângulo distal) do


Incisivo Lateral Inferior Decíduo Direito (82).

Colo
O colo é caracterizado por uma linha sinuosa côncavo-convexa muito
evidenciada nas faces vestibular e lingual, onde o colar de esmalte é muito
evidente.

Raiz
A raiz é cônica e bastante achatada no sentido mésio-distal, com o
terço apical muitas vezes desviado para o lado vestíbulo-distal.

193
Figura 7.30: Vista vestibular da raiz reabsorvida do Incisivo Lateral
Inferior Decíduo Direito (82).

7.7 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS DENTES CANINOS


DECÍDUOS
Os caninos decíduos são os terceiros dentes do arco dental. Em
número de quatro, dois são implantados no arco superior e dois no arco
inferior. Localizam-se distalmente aos incisivos laterais e mesialmente aos
primeiros molares decíduos. O canino inferior decíduo oclui com o terço
mesial do canino superior decíduo.

194
Coroa
A coroa dos caninos decíduos apresenta-se com forma de lança e
bastante volumosa (Figura 7.31).

Face vestibular
A face vestibular dos caninos apresenta a forma de um pentágono de
lados e ângulos arredondados. Possui grande convexidade e uma saliência
bastante pronunciada ao nível do terço cervical o qual constitui o colar de
esmalte. As quatro margens que delimitam esta face são muito arredondadas.
A margem incisal apresenta dois sulcos muito curtos e visíveis que dividem
os três lóbulos desta face. No lóbulo mediano existe uma ponta aguçada que
se continua nas faces vestibular e lingual/palatina, sendo este o mais
volumoso de todos (Figura 7.31).

Figura 7.31: Face vestibular do Canino Superior Decíduo.

195
Face lingual/palatina
A face lingual/palatina é escavada nos dois terços incisais e é convexa
junto a região do colo. Apresenta um cíngulo desenvolvido na margem
cervical que pode ser bipartido (Figura 7.32).
Figura 7.32: Face palatina do Canino Superior Decíduo.

Faces proximais
As faces proximais apresentam a forma de um triângulo com lados e
ângulos arredondados, sendo a face distal menor e mais convexa (Figura
7.33).
Figura 7.33: Face proximal do Canino Superior Decíduo.

196
Margem incisal
A margem incisal é bem característica com uma ponta bastante
aguçada na porção central do lóbulo mediano que se desgasta facilmente com
o tempo (Figura 7.34).

Figura 7.34: Margem incisal do Canino Superior Decíduo.

Colo
O colo é representado por uma linha sinuosa de convexidade voltada
para a raiz ao nível da face vestibular e lingual/palatina e em forma de “V”
nas faces proximais, com abertura angular radicular.
Raiz
Quando seccionada transversalmente apresenta uma forma
prismático-triangular com bordas e ângulos arredondados apresentando três
faces: a mésio-lingual e a disto-lingual bastante sulcadas e a face vestibular
(Figura 7.35). A raiz deste dente normalmente apresenta-se voltada para o
lado distal e vestibular devido a pressão exercida pelo folículo do germe do
dente permanente.

197
Figura 7.35: Raiz sulcada do Canino Superior Decíduo.

7.8 CANINO SUPERIOR DECÍDUO

O canino superior é o terceiro dente do arco e o primeiro a se articular


com a maxila, totalizando dois se encontra um de cada lado do plano sagital
mediano. No sentido vestíbulo-palatino apresenta uma leve inclinação para a
face vestibular e no sentido mésio-distal inclina-se ligeiramente para a face
distal.

Coroa
A coroa do canino superior apresenta uma forma de lança, possuindo
uma mesma proporção em sua altura e largura, o que lhe confere um aspecto
abaulado, vista pela face vestibular (Figura 7.36).

198
Figura 7.36: Coroa em forma de lança do Canino Superior Decíduo Direito
(53).

Face vestibular
A face vestibular é convexa em todos os sentidos, principalmente no
terço cervical, onde se localiza uma bossa semelhante ao tubérculo dos
molares. Apresenta a forma de pentágono de lados e ângulos arredondados
(Figura 7.37). Os sulcos, apesar de pouco nítidos, dividem esta face em três
lóbulos, dos quais o mediano é o maior e onde está localizada a cúspide do
dente. A margem cervical é curva e convexa para a raiz; a margem incisal
possui forma de “V”, quando não desgastada, é a maior de todas, sendo
caracterizada por duas pequenas incisuras que dividem esta face em três
segmentos de tamanhos diferentes. A margem mesial é convexa, inclinada e
convergente para a raiz. A margem distal é mais curta, mais inclinada e
também mais convexa que a mesial (Figura 7.38).

199
Figura 7.37: Face vestibular do Canino Superior Decíduo Direito (53).

Figura 7.38: Margem incisal do Canino Superior Decíduo Direito


(53).

200
Face palatina
Esta face é semelhante a vestibular, porém de tamanho menor em
todos os sentidos. Junto ao terço cervical é a região onde se encontra a maior
convexidade, com o cíngulo proeminente. Nos outros dois terços incisais
verifica-se a presença de uma saliência mediana, e lateralmente a esta, dois
sulcos pouco nítidos. Apresenta inclinação para a face vestibular (Figura
7.39).

Figura 7.39: Face palatina do Canino Superior Decíduo Direito (53).

201
Faces proximais
As faces proximais apresentam maior largura do que altura e possuem
formato triangular, de lados e ângulos arredondados. A face distal é menor e
mais convexa (Figura 7.40).

Figura 7.40: Face mesial do Canino Superior Decíduo Direito (53).

Margem incisal
A margem incisal é bem característica com uma ponta bastante
aguçada na porção central do lóbulo mediano, que é um pouco deslocada para
a face distal, e que se desgasta facilmente com o tempo, tornando- se uma
faceta plana.

202
Figura 7.40: Margem incisal do Canino Superior Decíduo Direito (53).

Colo
O colo é observado como uma linha sinuosa de convexidade voltada
para a raiz nas faces vestibular e palatina e em forma de “V” nas faces
proximais com abertura angular radicular. A linha de colo neste dente é maior
se comparada a do grupo dos incisivos (Figura 7.41).

Figura 7.41: Linha de colo do Canino Superior Decíduo Direito (53).

203
Raiz
A raiz é frequentemente desviada ao nível do terço apical para o lado
vestibular. Esta ainda se apresenta cônica, com secção ovalar ou triangular e
suas faces proximais são sulcadas (Figura 7.42).
Figura 7.42: Raiz sulcada do Canino Superior Decíduo Direito (53).

7.9 CANINO INFERIOR DECÍDUO


O canino inferior apresenta menor volume quando comparado ao
canino superior decíduo. É o terceiro dente do arco, num total de dois, se
encontram um de cada lado do plano sagital mediano, sendo este implantado
na mandíbula. Este dente, no sentido vestíbulo-lingual, apresenta uma suave
inclinação para a face lingual.
Coroa
A coroa do canino inferior decíduo também apresenta uma forma de
lança, porém, ao contrário do canino superior decíduo, é mais alta do que
larga. A face vestibular apresenta suave inclinação para a face lingual. De um
modo geral, possui as mesmas características que o canino superior decíduo,
porém, menos acentuadas (Figura 7.43).

204
Figura 7.43: Coroa do Canino Inferior Decíduo Direito (83).

Face vestibular
A face vestibular possui convexidade em todos os sentidos e apresenta
a forma de pentágono de lados e ângulos arredondados, com os sulcos pouco
delimitados. O lóbulo mediano é o maior e onde está localizada a cúspide do
dente. As margens são arredondadas e curvilíneas, sendo a cervical curva de
convexidade voltada para a raiz; a livre com forma de “V” é a maior de todas;
a mesial é convexa, inclinada e convergente para a raiz e a distal é mais curta,
mais inclinada e também mais convexa que a mesial (Figura 7.44).

Figura 7.44: Face vestibular do Canino Inferior Decíduo Direito (83).

205
Face lingual
Esta face apresenta a mesma conformação que a vestibular, sendo
menor em todos os sentidos. Junto ao terço cervical é a região onde se
encontra mais convexa, com a presença do cíngulo, que é menos proeminente
que o do canino superior decíduo (Figura 7.45).
Figura 7.45: Face lingual do Canino Inferior Decíduo Direito (83).

Faces proximais
As faces proximais são mais altas do que largas, possuem formato
triangular, de lados e ângulos arredondados. A face distal é menor e mais
convexa (Figura 7.46.1).
Figura 7.46.1: Face mesial do Canino Inferior Decíduo Direito (83).

206
Margem incisal
A margem incisal é bem característica com uma ponta bastante
aguçada na porção central do lóbulo mediano que se desgasta facilmente com
o tempo, possuindo neste dente uma inclinação para a face lingual devido a
própria oclusão com os dentes superiores (Figura 7.46.2).
Figura 7.46.2: Margem incisal do Canino Inferior Decíduo Direito (83).

Colo
O colo é observado como uma linha sinuosa de convexidade voltada
para a raiz ao nível da face vestibular e lingual e em forma de “V” nas faces
proximais, mesial e distal, com abertura angular radicular (Figuras 7.47 e
7.48).
Figura 7.47: Linha de colo na face lingual do Canino Inferior Decíduo
Direito (83).

207
Figura 7.48: Linha de colo na face mesial do Canino Inferior Decíduo
Direito (83).

Raiz
A raiz do canino inferior é mais curta do que a do canino superior,
sempre única, achatada no sentido mésio-distal e frequentemente sulcada nas
faces proximais. O terço apical da raiz é desviado para o lado vestibular
(Figura 7.49).
Figura 7.49: Raiz sulcada do Canino Inferior Decíduo Direito (83).

208
7.10 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS DENTES MOLARES DECÍDUOS
Os molares decíduos são os maiores dentes da arcada da criança. Os
primeiros molares não possuem semelhanças com outros molares da arcada
permanente, como é o caso do segundo molar decíduo que se assemelha ao
primeiro molar permanente.
A posição destes dentes no arco dental é correspondente à localização
do primeiro e segundo pré-molares permanentes, encontrando-se na face
distal dos caninos. Os molares decíduos estão dispostos na arcada dental de
maneira crescente no sentido mésio-distal, inversamente ao que acontece nos
dentes permanentes.
Quanto à forma, os molares são irregularmente cúbicos, com a coroa
bastante alongada no sentido mésio-distal e de pouca altura no sentido
longitudinal (Figura 7.50).
Figura 7.50: Vista da face vestibular do Segundo Molar Inferior Decíduo
Esquerdo (75)

209
Nos molares superiores as raízes são dispostas como nos dentes
permanentes, em número de três sendo uma raiz palatina e duas vestibulares,
a mésio-vestibular e a disto-vestibular. Nos molares inferiores existe uma raiz
mesial e uma raiz distal.

7.11 PRIMEIRO MOLAR SUPERIOR DECÍDUO


O primeiro molar decíduo se encontra localizado distalmente ao
canino superior e mesialmente ao segundo molar superior decíduo, sendo o
quarto dente do arco dental e é menos volumoso que o segundo molar
decíduo.
A inclinação do primeiro molar superior decíduo, no sentido
vestíbulo-palatino é praticamente vertical. No sentido mésio-distal sua coroa
inclina-se discretamente para a face vestibular.
Em relação à oclusão normal deste dente, as cúspides vestibulares
ultrapassam as cúspides vestibulares dos primeiros molares inferiores.
Coroa
A coroa possui a forma de um cubo irregular, apresentando-se mais
larga no sentido mésio-distal. Sua face oclusal torna-se maior que a face
cervical devido ao grande estrangulamento do colo.
Face vestibular
A face vestibular pode ser inscrita num trapézio de maior base para a
oclusal, sendo irregularmente convexa (Figura 7.51). Quatro margens
delimitam este dente: a margem cervical apresenta-se ondulada e à medida
que transcorre para a face mesial se dirige obliquamente para cima, deixando
esta face mais alta que a distal (Figura 7.52). Todas as margens apresentam-
se convexas, porém, ao nível do ângulo triedro mésio-vestíbulo-cervical
existe uma maior convexidade onde se localiza o tubérculo molar,

210
característicos destes dentes (Figura 7.53). A margem distal desta face é
bastante convexa e menor que a margem mesial, sendo esta última mais alta
e menos convexa e ligeiramente inclinada para o lado distal. A margem
oclusal é bastante irregular e apresenta dois segmentos discretos que divide
esta face em mesial e distal, sendo a primeira maior que a segunda no sentido
transversal.
Figura 7.51: Face vestibular do Primeiro Molar Superior Decíduo Esquerdo
(64).

211
Figura 7.52: Margem cervical do Primeiro Molar Superior Decíduo
Esquerdo (64).

Figura 7.53: Tubérculo molar do Primeiro Molar Superior Decíduo


Esquerdo (64).

212
Face palatina
Esta face é menor e mais convexa que a face vestibular. Suas margens
são muito parecidas com as da face vestibular (Figura 7.54).
Figura 7.54: Face palatina do Primeiro Molar Superior Decíduo Esquerdo
(64).

Faces proximais
Apresentam-se com forma de trapézio sendo mais largas ao nível da
região cervical. A face distal é mais convexa e menor que a face mesial
(Figura 7.55).
Figura 7.55: Face distal do Primeiro Molar Superior Decíduo Esquerdo
(64).

213
Face oclusal
Esta face apresenta-se com formato de um trapézio de margens e
ângulos arredondados com a base maior voltada para a face vestibular.
Este dente apresenta três cúspides, duas voltadas para a face vestibular
e uma para a face palatina (Figura 7.56).

Figura 7.56: Face oclusal do Primeiro Molar Superior Decíduo Esquerdo


(64).

Cúspides
As cúspides do primeiro molar decíduo superior apresentam-se, como
já relatado anteriormente, em número de três, sendo a palatina a maior e mais
volumosa; a disto-vestibular é a menor e menos volumosa e a de dimensão
intermediária é a mésio-vestibular (Figura 7.57).

214
Figura 7.57: Cúspides do Primeiro Molar Superior Decíduo Esquerdo (64).

Fóssulas
No primeiro molar superior decíduo existem as fóssulas principais
triangulares e as acessórias, sendo as primeiras encontradas nas regiões
mesial e distal, e as segundas, nos pontos de cruzamento dos sulcos.
Sulcos
São observados sulcos principal e secundário. O principal encontra-se
no sentido mésio-distal, é para-central e retilíneo. Da fóssula distal, parte um
sulco em direção à face vestibular e este por ser raso, não termina em fóssula.
Com menor frequência, da fóssula mesial, pode partir um sulco, também em
direção à face vestibular. Os sulcos secundários são pouco profundos e muito
irregulares sendo evidenciados apenas logo após sua erupção, pois à medida
que começa a oclusão normal existe um desgaste dos mesmos e estes
praticamente desaparecem (Figura 7.58).

215
Figura 7.58: Sulcos e fóssulas do Primeiro Molar Superior Decíduo
Esquerdo (64).

Cristas marginais
Assim como ocorre nos dentes molares permanentes, a crista marginal
na porção mesial é mais volumosa que na porção distal. Estas também
apresentam maior volume na porção vestibular do que na porção palatina
(Figura 7.59).
Figura 7.59: Cristas marginais do Primeiro Molar Superior Decíduo
Esquerdo (64).

216
Colo
O colo é caracterizado por uma linha sinuosa, alargada no sentido
vestíbulo-palatino e achatada no sentido mésio-distal. Nas faces vestibular e
palatina possui convexidade voltada para a raiz e nas faces proximais possui
convexidade voltada para a face oclusal.
Raiz
Os primeiros molares superiores decíduos possuem três raízes longas,
delgadas e achatadas, sendo uma palatina (mais volumosa e voltada para o
lado distal) e duas vestibulares, uma mésio-vestibular (forma triangular e
maior que a distal) e outra disto-vestibular. As respectivas faces
interradiculares são profundamente sulcadas no sentido longitudinal (Figura
7.60).
Figura 7.60: Vista vestibular das raízes do Primeiro Molar Superior
Decíduo Esquerdo (64).

217
7.12 SEGUNDO MOLAR SUPERIOR DECÍDUO
O segundo molar superior decíduo é maior que o primeiro molar
superior decíduo e possui as mesmas características do primeiro molar
superior permanente. É o quinto dente do arco dental e o último da série dos
decíduos. No lugar dele irromperá o segundo pré-molar superior. Este dente
inclina-se suavemente para a vestibular no sentido mésio-distal. Na normo-
oclusão, oclui apenas com o segundo molar inferior decíduo, pelo menos até
a erupção do primeiro molar permanente.
Coroa
A coroa, em todas as faces, é cópia fiel do primeiro molar superior
permanente, guardada as devidas proporções de tamanho (Figura 7.61).

Figura 7.61: Vista oclusal da coroa do Segundo Molar Superior Decíduo


Esquerdo (65).

Colo
O colo é semelhante ao primeiro molar superior decíduo, com maiores
dimensões.

218
Raiz
As três raízes são longas e escavadas, assim como as do primeiro
molar superior decíduo. A raiz palatina e disto-vestibular são normalmente
unidas. Entre as três raízes forma-se uma verdadeira fossa que aloja o folículo
do segundo pré-molar permanente (Figura 7.62).
Figura 7.62: Vista palatina do Segundo Molar Superior Decíduo Esquerdo
(65).

7.13 PRIMEIRO MOLAR INFERIOR DECÍDUO


O primeiro molar inferior decíduo está localizado junto à face distal
do canino inferior decíduo e face mesial do segundo molar inferior decíduo,
sendo o primeiro molar inferior decíduo menos volumoso que o segundo
molar inferior decíduo.

219
Na boca, no sentido vestíbulo-lingual, sua face vestibular inclina-se
fortemente para o lado lingual, semelhante ao que ocorre com os
permanentes. No sentido mésio-distal a coroa se posiciona verticalmente.
Em normo-oclusão sua cúspide mésio-vestibular oclui com a metade
distal do canino superior e a cúspide disto-vestibular oclui com a cúspide
mésio-vestibular do primeiro molar superior.
Coroa
A coroa possui uma forma elíptica, com faces e margens
arredondadas, porém esta coroa é completamente diferente dos outros
molares (Figura 7.63).

Figura 7.63: Vista vestibular do Primeiro Molar Inferior Decíduo Esquerdo


(74).

220
Face vestibular
A face vestibular do primeiro molar inferior decíduo possui formato
irregularmente trapezoidal, com o seu maior lado voltado para a face oclusal
(Figura 7.64). Esta face é convexa tanto no sentido transversal como
longitudinal, apresentando próximo de sua parte média um sulco raso que a
divide em dois lóbulos, distal e mesial, sendo este último o mais volumoso.
Neste dente há uma importante convexidade próxima ao nível da margem
cervical, junto ao ângulo triedro vestíbulo-cérvico-mesial, chamada de
tubérculo molar (Tubérculo de Zuckerkandl) (Figura 7.65). A face vestibular
inclina-se consideravelmente, a partir do terço cervical, para a lingual. Em
relação às margens, a margem oclusal pode apresentar um sulco raso, que
separa as duas cúspides vestibulares em mésio-vestibular (maior) e disto
vestibular (menor). Um segundo sulco também pode existir na margem
oclusal. A margem cervical é ondulada, saliente e inclinada superiormente
para a distal. A margem distal é muito curta e convexa e a mesial é bastante
arredondada e quase vertical.
Figura 7.64: Face vestibular do Primeiro Molar Inferior Decíduo
Esquerdo (74).

221
Figura 7.65: Vista mesial do Primeiro Molar Inferior Decíduo Esquerdo
evidenciando o tubérculo molar na face vestibular (74).

Face lingual
Esta face é bem menor que a face vestibular e mais convexa, porém
com menor inclinação. Nesta face ainda se encontra um sulco mais profundo
no terço oclusal e que se torna raso ao nível do terço médio, dividindo esta
face em duas cúspides linguais, onde a mésio-lingual é maior que a disto-
lingual. A margem cervical é ondulada, discreta e com uma ponta que se
direciona para as raízes deste dente. As demais margens são parecidas com as
margens da face vestibular (Figura 7.66).

222
Figura 7.66: Face lingual do Primeiro Molar Inferior Decíduo Esquerdo
(74).

Faces proximais
As faces proximais são inclinadas em direção à região cervical e
possuem formas trapezoidal de maior lado voltado para a cervical. Tanto a
face mesial como a distal são convexas, porém na face distal a convexidade é
maior. Com relação às margens, a oclusal apresenta-se sulcada na porção
média; a cervical é curva de concavidade voltada para a raiz e mais alta do
lado lingual do que do vestibular; a lingual é convexa no terço mediano e
levemente inclinada para lingual; a vestibular, é convexa no terço oclusal, a
partir daí é retilínea e depois é bastante inclinada para o lado lingual (Figura
7.67).
223
Figura 7.67: Face mesial do Primeiro Molar Inferior Decíduo Esquerdo
(74).

Face oclusal
Esta face possui uma forma elíptica, sendo a porção vestibular mais
desenvolvida do que a lingual. Apresenta quatro cúspides, duas vestibulares
e duas linguais, cujo volume, em ordem decrescente é o seguinte: cúspide
mésio-lingual, mésio-vestibular, disto-vestibular e por fim a disto-lingual.
Existem duas fóssulas principais junto às cristas marginais mesial e distal,
sendo a crista marginal mesial mais saliente se assemelhando em alguns casos
a um tubérculo (Figura 7.68). Nesta face há três sulcos principais, o mésio-
distal, que separa as cúspides vestibulares das linguais e que algumas vezes é
interrompido por uma ponte de esmalte; o ocluso-vestibular e o ocluso-lingual
que é menos nítido (Figura 7.69).

224
Figura 7.68: Cristas marginais na face oclusal do Primeiro Molar Inferior
Decíduo Esquerdo (74).

Figura 7.69: Ponte de esmalte na face oclusal do Primeiro Molar Inferior


Decíduo Esquerdo (74).

225
Colo
O colo é caracterizado por uma linha sinuosa, alargado no sentido
vestíbulo-lingual e achatado no sentido mésio-distal. Nas faces vestibular e
lingual possui convexidade voltada para a raiz e nas faces proximais possui
convexidade voltada para a face oclusal (Figuras 7.70 e 7.71).
Raiz
O primeiro molar inferior decíduo apresenta duas raízes longas,
sulcadas e delgadas, sendo uma mesial, mais desenvolvida, e outra distal. São
geminadas e fortemente achatadas no sentido mésio-distal. As raízes
divergem fortemente a partir do bulbo e convergem no terço apical (Figuras
7.70 e 7.71).

Figura 7.70: Vista vestibular do Primeiro Molar Inferior Decíduo Esquerdo


(74).

226
Figura 7.71: Vista mesial do Primeiro Molar Inferior Decíduo Esquerdo
(74).

7.14 SEGUNDO MOLAR INFERIOR DECÍDUO


O segundo molar inferior decíduo é mais volumoso que o seu
antecessor, sendo o quinto dente do arco dental. Situa-se distalmente ao
primeiro molar inferior e é o último dente do arco decíduo.
Quanto a sua localização na cavidade bucal, possui no sentido
vestíbulo-lingual uma inclinação para a face lingual, já no sentido mésio-
distal apresenta-se praticamente vertical. Numa normo-oclusão a sua face
oclusal oclui com a porção distal do primeiro molar superior e toda a extensão
da face oclusal do segundo molar superior.
Coroa
A coroa deste dente é muito semelhante ao primeiro molar
permanente, guardada as devidas proporções de tamanho. No sentido mésio-
distal é alongada e é achatada no sentido vestíbulo-lingual (Figura 7.72). A

227
fundamental diferença deste dente para o primeiro molar permanente está na
presença do tubérculo molar (Figura 7.73).
Figura 7.72: Face vestibular do Segundo Molar Inferior Decíduo Esquerdo
(75).

Figura 7.73: Vista distal do Segundo Molar Inferior Decíduo Esquerdo


evidenciando o tubérculo molar na face vestibular (75).

228
Colo
O colo deste dente apresenta as mesmas características dos demais,
exceto na presença de uma saliência maior na linha cervical.
Raiz
As raízes também são semelhantes aos primeiros molares
permanentes, sendo uma mesial e outra distal. São de formato triangular,
longas e achatadas no sentido mésio-distal. Apresentam-se divergentes no
terço cervical e convergentes próximo ao terço apical.

229
CAPÍTULO 8 - CAVIDADE PULPAR

8.1 GENERALIDADES
A polpa dental, é o único tecido mole do dente, e está contido no
interior dos tecidos mineralizados numa cavidade denominada cavidade
pulpar. Guardada a devida proporção, a cavidade pulpar apresenta a
configuração da forma exterior do dente.
A cavidade pulpar é constituída pela dentina coronária e pela dentina
radicular, sendo dividida em duas partes: a câmara coronária e o canal
radicular, partes estas que apresentam continuidade (Figura 8.1).

Figura 8.1: Vista da cavidade pulpar em corte longitudinal do Incisivo


Central Inferior Esquerdo (31).

230
A cavidade pulpar comunica-se com a região externa por meio do
forame apical, que é um orifício localizado no ápice radicular. O forame
apical nem sempre se localiza no ápice da raiz, podendo ser deslocado, único
ou acompanhado de outros de menor calibre. Por meio dos forames apicais,
principal e acessórios é que penetram vasos e nervos que se dirigem para a
polpa.
Como citado anteriormente, uma das partes da câmara pulpar é a
câmara coronária e esta apresenta um teto, um assoalho e as paredes
vestibular, lingual/palatina, mesial e distal (Figuras 8.2 e 8.3).

Figura 8.2: Vista do teto da câmara coronária em corte transversal do


Segundo Molar Superior Direito (17).

231
Figura 8.3: Vista do assoalho da câmara coronária em corte transversal do
Segundo Molar Superior Direito (17).

O teto da câmara coronária por corresponder à face oclusal dos dentes


posteriores e à margem incisal dos dentes anteriores, apresenta elevações
correspondentes às cúspides ou às margens incisais, elevações estas
denominadas cornos pulpares (Figura 8.4).
O assoalho da câmara pulpar situa-se ao nível do colo. Neste origina-
se os prolongamentos radiculares da cavidade pulpar. No caso do dente ser de
uma única raiz, a abertura para o canal radicular é ampla, centralizada e de
fácil acesso. Nos dentes multirradiculares, existe dentina entre as várias
aberturas que dão entrada aos canais radiculares.
As outras paredes da câmara coronária recebem as mesmas
denominações das faces da coroa.

232
Figura 8.4: Vista das paredes da câmara coronária em corte longitudinal do
Terceiro Molar Inferior Direito (48).

O canal radicular continua-se com a câmara coronária, sendo a


cavidade contida no interior da raiz dentária, abrindo–se no ápice dental, por
meio do forame apical.
Nos dentes unirradiculares é único e nos multirradiculares é um canal
para cada raiz. Devido ao achatamento mésio-distal das raízes pode ocorrer
uma duplicidade de canais.

233
Podemos classificar os canais radiculares em seis tipos principais:
canal simples, bifurcado, fusionado, colateral ou paralelo, reticular ou
plexiforme e atrésico.
Canal principal: acompanha a direção da raiz e pode ser retilíneo ou
curvilíneo (Figura 8.5).
Figura 8.5: Desenho esquemático representativo do canal principal.

Canal bifurcado: é frequente nos dentes com achatamento da raiz. O


canal bifurcado pode ser completo ou incompleto. O completo apresenta a
divisão total do canal principal, e estes se abrem em dois orifícios
independentes (Figura 8.6). O incompleto é subdividido por dentina e o canal
apresenta-se irregular e de difícil acesso.

234
Figura 8.6: Desenho esquemático representativo de canal bifurcado
completo.

Canal fusionado: é representado pela união de dois canais radiculares,


sendo esta união total ou parcial. É frequente em dentes com fusão das raízes
ou com raízes achatadas mésio-distalmente.
Canal colateral: é um canal de menor diâmetro que o canal principal;
corre paralelamente a este e abre-se por meio de um forame apical
independente do forame apical principal ou une-se a este último antes do
término no ápice da raiz (Figura 8.7).
Canal reticular: apresenta vários canalículos que se comunicam além
dos canais paralelos que surgem ao lado do canal principal (Figura 8.7).

235
Figura 8.7: Desenho esquemático representativo de canal principal,
colateral e reticular.

Canal atrésico: é um canal que se estreitou devido à deposição de


dentina exagerada. Pode terminar em fundo cego ou num forame apical muito
estreito (Figura 8.8).
Além destes tipos principais, encontramos outros canalículos de
calibre bem menores, e muitas vezes numerosos, que são classificados em:
canal adventício, secundário, acessório, recorrente, intercanal e delta apical.
Canal adventício: se origina do principal no terço cervical ou médio
da raiz e abre-se em uma das paredes radiculares (Figura 8.8).
Canal secundário: se origina do principal, no terço apical, e abre-se
próximo ao ápice (Figura 8.8).
236
Canal acessório: se origina num canal secundário e abre-se no terço
apical da raiz, podendo ser simples ou bifurcado (Figura 8.8).
Intercanal: une o canal principal ao canal colateral (Figura 8.8).
Figura 8.8: Desenho esquemático representativo dos canais principal,
atrésico, adventício, secundário, acessório e intercanal.

Canal recorrente: se origina no canal principal, percorre certo trecho


da raiz e desemboca no mesmo canal principal (Figura 8.9).
Delta apical: são vários canalículos que partem do canal principal no
terço apical, originando a abertura de vários orifícios menores, em
substituição ao forame apical principal (Figura 8.9).

237
Figura 8.9: Desenho esquemático representativo de canal recorrente e delta
apical.

A morfologia dos canais radiculares é variada e complexa e estes


podem se apresentar cilíndricos, cônicos, achatados ou mesmo não
apresentarem nenhuma destas formas. Próximo ao ápice radicular, as paredes
do canal principal apresentam configuração variável: podem ser convergentes
até o forame apical, constringindo de maneira progressiva a luz do canal
radicular; podem ser paralelas, como por exemplo nos dentes jovens, sendo a
luz do canal igual em toda a sua extensão; podem também ser divergentes,

238
como por exemplo nos dentes jovens, ou em adultos incompletamente
desenvolvidos.
Imediatamente após a erupção do dente, o ápice radicular é amplo e
dilatado, porém com a aposição de dentina e cemento, ocorre o seu rápido
fechamento e a conversão num canal que permite a passagem do feixe
vásculo-nervoso.
Quanto à morfologia dos forames apicais, incluindo-se tanto o
principal como os acessórios, estes podem se apresentar circulares, elípticos,
ovais, semilunares, triangulares ou em fenda.

8.2 CAVIDADES PULPARES DOS DENTES PERMANENTES

Incisivo Central Superior


Câmara coronária: apresenta-se achatada no sentido vestíbulo-lingual
e alargada no sentido mésio-distal. Não há um limite nítido entre câmara
coronária e canal radicular devido à continuidade entre estas partes (Figura
8.10). Nos cortes de direção vestíbulo-lingual a câmara coronária é afilada na
extremidade incisal e próximo ao colo do dente é alargada devido à presença
do cíngulo.
Canal radicular: apresenta a forma cilíndrica ou cônica alongada,
diminuindo gradativamente até o forame apical (Figura 8.10). Devido à
grande percentagem de raízes retilíneas, o canal radicular deste dente é
facilmente acessado.

239
Figura 8.10: Vista da cavidade pulpar em corte longitudinal do Incisivo
Central Superior Direito (11).

Incisivo Lateral Superior


Câmara coronária: apresenta-se achatada no sentido vestíbulo-lingual
e alargada no sentido mésio-distal semelhante ao incisivo central superior,
porém com tamanho bem menor. Assim como no incisivo central superior,
não há um limite nítido entre câmara coronária e canal radicular. Nos cortes
de direção vestíbulo-lingual a câmara coronária é afilada na extremidade
incisal e próximo ao colo do dente é alargada devido à presença do cíngulo.
Canal radicular: apresenta a forma cônica e é achatado no sentido
mésio-distal. Muitas vezes o canal é retilíneo, com tendência para curvar-se
para a face distal.

240
Incisivo Central Inferior
Câmara coronária: apresenta-se semelhante ao incisivo central
superior. É larga no sentido vestíbulo-lingual, constituindo uma verdadeira
fenda e no sentido mésio-distal é estreita (Figura 8.11).
Canal radicular: é fortemente achatado no sentido mésio-distal e
alargado no sentido vestíbulo-lingual (Figura 8.11). Não é raro encontrar a
bifurcação do canal radicular que terminam em forames apicais diferentes.
Dependendo do grau de achatamento da raiz, em secção transversal, pode
apresentar a forma de um 8.
Figura 8.11: Vista da cavidade pulpar em corte longitudinal do Incisivo
Central Inferior Esquerdo (31).

Incisivo Lateral Inferior


Apresenta as mesmas características da câmara coronária e do conduto
radicular do incisivo central inferior.
Canino Superior
Câmara coronária: é ampla e única; separa-se do canal radicular por
um estrangulamento ao nível de colo (Figura 8.12).

241
Canal radicular: é o mais longo de todos os dentes e quase sempre é
retilíneo. É largo nos terços cervical e médio e afilado no terço apical (Figura
8.12). Na maioria dos casos é de secção transversal oval tornando-se
arredondado no terço apical.

Figura 8.12: Vista da cavidade pulpar do Canino Superior Direito (13).

Canino Inferior
Câmara coronária: é muito parecida com a do canino superior,
diferindo-se por se apresentar menos escavada na região do cíngulo.
Canal radicular: é menor que o canal radicular do canino superior. É
frequente a presença de duas raízes e, portanto, de dois canais radiculares
independentes devido ao maior grau de achatamento da raiz ou presença de
sulcos profundos nas faces mesial e distal da raiz. Pode apresentar a forma
ovalada, achatada lateralmente ou de 8, quando seccionado transversalmente.

242
Primeiro Pré-molar Superior
Câmara coronária: no sentido mésio-distal é irregularmente cúbica e
achatada. O teto apresenta uma convexidade na parte média (correspondendo
ao sulco principal mésio-distal da face oclusal) e dois prolongamentos junto
das margens laterais, sendo o prolongamento vestibular um pouco maior que
o palatino (Figuras 8.13 e 8.14). A presença de assoalho depende da presença
de mais de um canal principal, pois, quando unirradicular a câmara não possui
assoalho.
Canal radicular: na maioria das vezes são em número de dois.
Excepcionalmente são únicos ou triplos. Entre os dois canais, o vestibular é
sempre o menor. São sinuosos e com o ápice desviado para o lado distal
(Figuras 8.13 e 8.14). Apresenta a forma ovalada quando seccionado
transversalmente.

Figura 8.13: Vista da cavidade pulpar em corte longitudinal (terço mesial)


do Primeiro Pré-molar Superior Esquerdo (24).

243
Figura 8.14: Vista da cavidade pulpar em corte longitudinal (terço distal)
do Primeiro Pré-molar Superior Esquerdo (24).

Segundo Pré-molar Superior


Câmara coronária: é semelhante à câmara coronária do primeiro pré-
molar superior. Não apresenta assoalho pois se continua com um único canal
radicular.
Canal radicular: geralmente único, fortemente achatado no sentido
mésio-distal e bifurcado. Os ramos podem se unir ou se manterem bifurcados.
Em secção transversal os canais possuem a forma oval.

244
Primeiro Pré-molar Inferior
Câmara coronária: é irregularmente cúbica, possuindo seis faces.
Apresenta uma única fóssula no lado vestibular, devido ao pequeno
desenvolvimento da cúspide lingual. O teto é convexo e não há assoalho
devido à continuidade entre a câmara coronária e o canal radicular que é
único.
Canal radicular: é único, estreito tanto no sentido vestíbulo-lingual
como no sentido mésio-distal. Em secção transversal o canal possui a forma
oval.
Segundo Pré-molar Inferior
Câmara coronária: é bastante semelhante a do primeiro pré-molar
inferior, porém é maior e achatada no sentido mésio-distal. O teto apresenta
dois cornos: o vestibular e o lingual sendo este último menos acentuado.
Canal radicular: geralmente é único e achatado tanto no sentido
vestíbulo-lingual como no sentido mésio-distal. A presença de dois ou três
canais depende do número de raízes deste dente. O delta apical é frequente.
Em secção transversal o canal possui a forma oval.
Primeiro Molar Superior
Câmara coronária: é ampla e apresenta a forma de um cubo irregular
e por meio de um estrangulamento na região de colo delimita-se do canal
radicular. O teto é convexo, sendo o corno vestibular mais baixo e mais
pontiagudo que o palatino quando observado num corte vestíbulo-palatino. O
assoalho apresenta a forma de um trapézio e é menor que o teto. Também é
fortemente convexo na parte média e este apresenta ao nível dos ângulos
mesial, distal e palatino as aberturas de comunicação com os canais
radiculares.

245
Canais radiculares: são geralmente em número de três e apresentam-
se na forma de um triângulo isósceles com o ápice voltado para o lado palatino
e a base vestibular delimitada pelos dois canais vestíbulo-mesial e vestíbulo-
distal.
1 - Canal palatino: é bastante amplo, cilíndrico e muitas vezes
retilíneo. É ligeiramente inclinado para o lado distal e de fácil acesso.
2 - Canal vestíbulo-mesial: seu acesso é mais difícil devido ao seu
achatamento no sentido mésio-distal. Muitas vezes o canal mésio-vestibular
bifurca-se total ou parcialmente. Frequentemente apresenta curvatura de
concavidade mesial.
3 - Canal vestíbulo-distal: é delgado e curvo no sentido inverso ao
canal vestíbulo-mesial.
Segundo Molar Superior
Câmara coronária: quando apresenta quatro cúspides apresenta forma
semelhante à do primeiro molar superior. Quando apresenta três cúspides a
câmara coronária apresenta forma triangular. Quando o segundo molar se
apresenta achatado no sentido vestíbulo-palatino, sua câmara coronária
apresenta a forma de elipse. No corte vestibular apresenta pequeno corno
distal, enquanto o corno mesial é amplo e bastante baixo.
Canal radicular: apresentam-se semelhantes aos canais do primeiro
molar superior, sendo muito rara a bifurcação do canal mésio-vestibular.
Terceiro Molar Superior
Câmara coronária: devido à variação da sua morfologia apresenta uma
variada morfologia da câmara coronária sendo também mais ampla quando
comparada a dos outros molares.
Canal radicular: geralmente são únicos devido a bi ou trigeminação
das raízes, sendo bastante largos e de secção circular. Se os terceiros molares

246
apresentam raízes independentes os canais radiculares também o são,
podendo também apresentar anastomose entre si.
Primeiro Molar Inferior
Câmara coronária: apresenta um grande volume e forma cúbica. O
assoalho é convexo na parte média apresentando a abertura dos canais
radiculares com forma de um triângulo de ápice voltado para o lado distal.
Canal radicular: possui três canais, sendo um distal e dois mesiais. Às
vezes apresenta dois canais distais, totalizando quatro.
Canais mesiais: apresentam uma abertura muito pequena, são curvos
no sentido mésio-distal. Podem ter uma origem única e se tornarem
independentes. Quando independentes podem se unir próximo ao ápice
desembocando num forame apical comum.
Canal distal: é bastante achatado no sentido mésio-distal, curvo,
amplo e de fácil acesso.
Segundo Molar Inferior
Câmara coronária: apresenta uma câmara coronária mais ampla que o
primeiro molar inferior, porém bastante semelhante a este último. O assoalho
pode apresentar a abertura de dois ou três canais.
Canal radicular: geralmente em número de três, sendo dois mesiais e
um distal, formando um triângulo, mas o número pode variar. Os canais
mesiais podem estar fusionados, não havendo o triângulo, apenas duas
aberturas.
Terceiro Molar Inferior
Câmara coronária: quando o terceiro molar inferior apresenta
morfologia variada a câmara coronária também apresenta variação da
morfologia, caso contrário é semelhante à câmara coronária dos outros
molares (Figura 8.15).

247
Canal radicular: pode apresentar um, dois ou três canais (Figura 8.15).
Quanto maior o número de canais, menor a dimensão dos mesmos.
Figura 8.15: Vista da cavidade pulpar em corte longitudinal do Terceiro
Molar Inferior Direito (48).

8.3 CAVIDADES PULPARES DOS DENTES DECÍDUOS


A cavidade pulpar dos dentes decíduos apresenta morfologia
semelhante a dos dentes permanentes, porém, o canal radicular é de menor
calibre.
Dentes Anteriores
Apresentam canais de forma simples, com frequentes complicações
apicais e canais acessórios ou secundários. Nos incisivos inferiores é
frequente a bifurcação do canal radicular devido à presença de sulcos nas
faces mesial e distal da raiz.

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Dentes Molares
Apresentam canais variados, podendo haver ramificações apicais,
canais em fundo cego, ramificações colaterais e canais acessórios ou
secundários.
Tanto os molares superiores como os molares inferiores apresentam quatro
canais, sendo para o molar superior um canal palatino, um disto-vestibular e
dois canais na raiz mésio-vestibular, e para os molares inferiores dois canais
na raiz mésio-vestibular e dois canais na raiz disto-vestibular.

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REFERÊNCIAS

Della Serra, O; Ferreira, FV. Anatomia Dental. 3a. Ed. São Paulo: Artes
Médicas, 1981.
DuBrul, EL. Anatomia Oral de Sicher e DuBrul. Editora Artmed, 1991.
Figún, ME; Garino, RR. Anatomia Odontológica Funcional e Aplicada.
Editora Artmed, 2003.
Picosse, M. Anatomia Dentária. Editora Sarvier, 1979.
Sicher, H; Tandler, J. Anatomia para Dentistas. Editora Atheneu, 1981.

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