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DIREITOS E OBRIGAÇÕES

DO MINERADOR E DO PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL


MAIS PROPRIAMENTE A RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE ELES:

Primeiro de tudo, só relembrando que D. Civil, o superficiário é aquele que


detêm a posse ou a proprietário da área de superfície, em cujo terreno se localiza a
jazida.
Como já exposto, desde o Código de Mineração de 1934, a legislação já previa
a separação entre a titularidade da superfície do solo, da recursos minerais identificados
no subsolo. O art. 176 da CF de 1988, prevê que as jazidas em lavra ou não, e demais
recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica, constituem propriedade distintas
dos solos, para efeito de exploração ou aproveitamento e pertencem a União, garantido
ao concessionário, a propriedade do produto da lavra.
Assim, a União é a titular dos recursos minerais, e gestora do patrimônio
mineral brasileiro, como tal, impõe condições aos terceiros particulares, que exerceram
a atividade produtiva, tornando-se então o proprietário do produto da lavra.
Para o exercício de sua atividade, recaem ao minerador, alguns direitos e
obrigações.
 O direito do minerador, quanto ao bem mineral, é similar ao direito do
proprietário previsto no artigo 1228, do Código Civil, mas não idêntico, pois pode o
minerador usar, gozar, dispor e reavê-lo de quem o esbulhe, sendo mais próximo de um
direito de posse do recurso mineral, sempre que iniciada a lavra dele. 
O que se obtém é um diploma que permite desenvolver a atividade, o que é
diferente de ter o domínio, que continua a pertencer à União.
Quando o minerador tiver a devida autorização, este terá o direito garantido de
pesquisa e exploração dos recursos minerais.
Recai ao minerador alguns deveres quando se é concedida a autorização para
pesquisa, sob pena de sanções:

 Deverá iniciar os trabalhos de pesquisa dentro do prazo legal;


 Executar os trabalhos de pesquisa na área definida no Alvará;
 Respeitar os direitos de terceiros, ressarcindo os danos e prejuízos que
ocasionar
 Responder pelos danos causados ao meio ambiente;
 Fica obrigado a apresentar, no prazo de sua vigência, o relatório final dos
trabalhos realizados independentemente do resultado da pesquisa;
Cabe comentar que, tendo o minerador o direito de pesquisa, o proprietário
do imóvel fica obrigado a autorizar o uso do solo para que minerador, possuidor do
direito, possa realizar devidamente os seus trabalhos. 

Além dessas obrigações, o minerador, após ser aprovado o relatório final de


pesquisa, e, tendo a devida concessão de lavra, fica obrigado a cumprir alguns deveres,
conforme o artigo 47 do Código de Mineração.
Fazendo um apanhado, vemos que ele é obrigado:

 Executar os trabalhos de mineração com observância das normas


regulamentares;
 Proteger e conservar as fontes, bem como utilizar as águas segundo os
preceitos técnicos quando se tratar de lavra de jazida desta substância;
 Manter a mina em bom estado, no caso de suspensão temporária dos trabalhos
de lavra, de modo a permitir a retomada das operações;
 Recolher a CFEM – Contribuição Financeira pela Exploração dos Recursos
Minerais;
 Responder pelos danos causados ao meio ambiente. 

Sendo assim, o minerador deve observar os seus direitos, e, principalmente as


condicionantes recaídas a ele, a fim de assegurar o equilíbrio ambiental, social e
econômico das regiões exploradas, bem como prevenir e evitar acidentes graves
decorrentes da atividade.

Quanto ao proprietário do imóvel, qual é o seu destaque/papel nesse ramo?


Apesar de ter o minerador, o direito de pesquisa sobre a área. Os direitos do
proprietário do solo não se extinguem diante de um terceiro que possui alvará de
exploração e pesquisa de minerais. Ele ainda pode usufruir do terreno, desde que não
impeça o trabalho de exploração e pesquisa, assim, o proprietário do solo mantém todos
os seus direitos, como em qualquer outra circunstância. 
Assim, há alguns direitos que recaem a este, em relação ao uso de sua
propriedade durante o processo de pesquisa e exploração mineral:

 Renda pela ocupação do terreno a ser pesquisado ou lavrado (Art. 27 do CM);

Nesse ponto, vê-se que para que seja realizada a pesquisa na área são
necessárias intervenções que podem prejudicar o uso da propriedade para outros fins.
Portanto, quando o titular de autorização de pesquisa necessitar de realizar obras e
serviços auxiliares em terrenos de domínio público ou particular, abrangidos pela área
de pesquisa autorizada, deverá pagar aos proprietários ou posseiros uma renda pela
ocupação dos terrenos de acordo com o artigo 27, do CM.

 Indenização por danos e prejuízos (materiais ou morais) causados à propriedade


ou ao seu proprietário;
Caso ocorram danos à área, o titular de Alvará de Pesquisa deverá pagar ao
superficiário um valor a título de indenização, além da renda pela ocupação da área.

 Participação nos resultados da lavra;

Conforme disposto no artigo 11, §1º do Código de Mineração, a participação


do proprietário do solo será de cinquenta por cento do valor total devido aos Estados,
Distrito Federal, Municípios e órgãos da administração direta da União, a título de
CFEM.
Nesta lógica, o superficiário fará jus ao recebimento de indenização por
eventuais prejuízos causados pelos trabalhos de lavra e recebimento de renda mensal
pela ocupação da área, tendo em vista a necessidade de se constituir a servidão de mina
no imóvel onde será realizada a lavra. Para informação, as alíquotas da CFEM são
calculadas sobre o faturamento bruto da

 Garantia da recuperação da área lavrada (reabilitação para uso pós-mineração)

É possível constatar que é garantido ao superficiário que a área lavrada seja


recuperada e devolvida em condições de utilização para outros fins. Assim, a mineração
é considerada uma atividade de uso temporal ou transitório do solo, e, a fase de
recuperação tem como objetivo retornar a área afetada pela exploração à um nível de
estabilidade que permita o uso futuro do solo.
Vale frisar também que, acerca do valor da renda ao superficiário, no momento
da pesquisa, deverá ser definido entre as partes, em observância ao artigo 27 do Código
de Mineração, deve seguir alguns critérios. Já, quanto ao valor da indenização, o Código
de Mineração não estabelece um critério específico, sendo necessária perícia técnica
para avaliar a área e os danos causados.

Então em síntese, o minerador deverá pagar ao superficiário uma renda pela


ocupação do solo, e indenização pelos eventuais danos causados, além da participação
dos resultados da lavra, quando esta for implementada.
Diante de todo o exposto é de extrema importância que o proprietário do solo
esteja atento aos seus direitos durante toda a fase do procedimento minerário e de suas
obrigações, nesses campos da mineração.

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